Ross - A Teoria Das Ideias de Platao
Ross - A Teoria Das Ideias de Platao
Ross - A Teoria Das Ideias de Platao
V – O PARMÊNIDES E O TEETETO
Tradução:
Juliana e Cristiane
A
s variações nos números (2) e (5) mostram que não há nenhuma diferença de
significado na ordem das palavras, e que, em particular, é injustificável a distinção da
prótase em (1) de que, em (2) por supor que a primeira é a hipótese de que o universo
é um e segundo a hipótese de que o Uno existe. Além disso, é preciso lembrar que em todos
existiam apenas duas hipóteses, uma contraditória da outra. Agora, a forma ei mv eoti to en em
(5) e a forma en ei mv eotin, talla de to nevos na (7) e (8) mostram que a hipótese é existencial,
que o Uno não existe. A partir desses dois fatos segue-se que do (1) ao (4) a hipótese é de que
existe o Uno, ou seja, que não existe uma unidade muito abrangente, e que, do (5) ao (8) é
feito o oposto de tal pressuposto.
Os destaques em nosso texto não têm autoridade, uma vez que datam dos séculos uma hora
mais tarde do que Platão, mas ele pode ser notado que, no (1), deveríamos ler eoin, para
conformar com a nossa conclusão de que todas (ou melhor, ambas) as hipóteses são
existenciais. As conclusões da argumentação podem ser resumidas da seguinte forma:
1. Se existe o Uno, ele admite nem membro de muitos pares oposto de predicados, não existe,
não pode ser nomeado, conhecidamente falado, imaginário, ou julgado.
2. Se existe o Uno, ele admite ambos os membros dos mesmos pares predicados do lado
oposto, existe, podem ser nomeados e falados sobre, conhecidos, percebidos, e julgados
sobre.
3. Se existe o Uno, os outros são similares e contrários a um outro, o mesmo que e diferente
de um outro, e admite tanto membros de muitos pares de opostos predicados.
4. Se existe o Uno, os outros não são nem parecidos nem contrários, nem semelhantes ou
diferentes, é admitido nenhum membro dos mesmos pares de atributos opostos.
71
A Teoria das Idéias de Platão
5. Se não existir um Uno, é admitido cada membro dos pares de atributos opostos.
6. Se não existir um Uno, ele admite nenhum membro do mesmo par de atributos opostos.
7. Se não existir um Uno, os outros admitem de cada membro de muitos pares de atributos
opostos.
8. Se não existir um Uno, os outros nem admitirão membros do mesmo par de atributos
opostos.
l Começo com a interpretação "idealista" defendida por Taylor em seus artigos na Mente.3 De
acordo com esta (eu uso a linguagem4 do Sr. Hardie), o primeiro dos oito argumentos é a
refutação de uma abstrata e meramente heurística visão do "Uno". Extremo monismo é
reduzido ao absurdo pela identificação com que a negação da possibilidade de atribuições que
surge de uma dificuldade de reconhecer formas de intercomunicação. Mas a segunda e a
hipótese5 parecida contrasta com esta falsa visão, uma verdadeira e concreta noção da
unidade como um todo significativamente diferenciado.
72
A Teoria das Idéias de Platão
Esta opinião não tem de ser analisada minuciosamente, uma vez que mais tarde foi
descartada pelo seu autor, que pode ser o suficiente para apontar para uma ou duas sérias
objeções à mesma. (a) Tem o ponto em que o Sr. Hardie ressalta de forma muito eficaz, que
uma refutação do monismo abstrato é uma das últimas coisas que devemos esperar que
Platão tenha colocado na boca de Parmênides. (b) A atribuição indiscriminada dos atributos
opostos para o Uno e Múltiplo em que o segundo e os argumentos parecidos lideram é
realmente não mais satisfatório do que a negação indiscriminada em que o primeiro e os
argumentos parecidos os levam. (c) Não existe nenhum indício de que Platão diz para ficarmos
mais impressionados com o segundo argumento do que com primeiro. Ele realmente rejeita as
conclusões de que o primeiro argumento é certo, e, portanto na suposição monista e abstrata
que se segue: ‘Agora isto pode ser possível no caso do Uno? Acho que não’.1 Mas não há nada para
mostrar que a conclusão do segundo argumento é mais aceitável para Platão do que a do
primeiro, ou de que o terceiro seja mais aceitável do que o do quarto. O raciocínio em todos os
oito argumentos é da mesma ordem, muito engenhoso, em locais convincentes, em outros
permeada por falácias que parecem óbvias para nós e, algumas das quais devem ter sido
evidentes para Platão. (d) Com a conclusão final2, ele trata todos os argumentos que formam
um único argumento levando à conclusões completamente contraditórias.
73
A Teoria das Idéias de Platão
faz o mesmo tipo de erro que o primeiro. Isso levou o segundo argumento e os outros a
resultados positivos quanto mais seriamente foi entendido por Platão do que os primeiros e os
outros argumentos ‘negativos’. A presente interpretação salienta apenas os quatro primeiros
argumentos, que mostram as conseqüências paradoxais de crença no Uno, e ignora os últimos
quatro, que mostram as conseqüências paradoxais de negar a sua existência. Mas é claro que
Platão é imparcial como entre todos os oito argumentos. (“c) Outra característica do último
ponto de vista de Taylor é a sua interpretação sobre a segunda parte do Parmênides como ‘a.
muito agradável brincadeira filosófica’.1 A maioria dos leitores será inclinado a dizer: 'Nós não
nos divertimos’. A brincadeira pode ser feita a partir de argumentos, mas não trata-se de
humor, mas de virtuosismo, e isso vai por um longo caminho.
Encontre uma positiva sugestão metafísica ainda na primeira hipótese. Isto leva à hipótese de se referir
ao ‘Uno além do ser’ que pode ser caracterizado apenas negativamente, um derradeiro princípio da
unidade ‘além’ de outras formas, como a ‘Idéia do Bom' da República. A segunda hipótese trata do Uno
que é diferente, mas derivado, e considera unidade e existência conectadas como um dos aspectos
ligados ao inteligível: mundo. Mas a esfera do final não é definitiva ou auto-explicativa, que aponta
"para além do ser”.
Contra esta interpretação as seguintes acusações devem ser consideradas: (a) Afigura-
se a fazer o mesmo equívoco que as interpretações feitas anteriormente, recordando que de
um conjunto de
74
A Teoria das Idéias de Platão
argumentos (aqueles que levam à resultados negativos) - ou, pelo menos, o primeiro deles –
como declarado uma verdade mais profunda do que a outra. Se alguma coisa é clara, é claro
que Platão não faz essa distinção. Não só é a primeira hipótese que, no final de Platão diz
claramente que "isto não irá fazer”, mas na última frase do diálogo ele coloca expressamente
todas as "hipóteses" sobre o mesmo nível de eficácia.
(b) Taylor tem pouca dificuldade em mostrar1 'que a interpretação de Plotino das "hipóteses"
(de que a interpretação é derivável transcendentalista) é, em muitos dos seus detalhes
completamente injustificados; a perguntar se Plotino pode não estar certo que na realização
que Platão quis dizer no planejamento do que é mais completamente real um completamente
irreconhecível Uno, e os derivados a partir do Uno, que é um objeto de conhecimento. Talvez
em todas as suas obras, a que chega mais perto da passagem correspondente a este ponto de
vista é que, na República2 em que a Idéia do bem é dito ser mais exaltado do que o
conhecimento, mas parece-me que o que Platão entende por que é que ele não está
irreconhecível, mas que é um pressuposição de conhecimento, e que possa ser conhecida
apenas em parte, que em parte pode ser conhecida é dito na República propriamente dita.3
Pode acrescentar-se que o Uno que fala de Parmênides, na primeira “hipótese” é um resumo
da unidade completamente para a qual Deus e todos os outros atributos de valor não são
adequados e de que eles nunca são afirmados.
c) No quarto argumento Platão no que diz respeito aos “outras” conclusões correspondentes
aqueles no primeiro argumento em que ele faz considerações ao Uno. Podemos realmente
supor que ele tenha desdobrado ou insinuado uma teoria mística “os
outros", como Plotino supõe que ele desdobrado no primeiro argumento uma teoria mística
de um inefável irreconhecível Uno? E podemos supor ser um desdobramento de uma doutrina
mística no sexto e oitavo argumentos, que (como a primeira e quarta)
chega à negação indiscriminada - na sexta uma doutrina mística sobre o Uno na hipótese de
que não há Uno numa oitava doutrina mística sobre “os outros” sobre a mesma hipótese? É
claro que, no quarto, sexto, oitavo e argumentos
75
A Teoria das Idéias de Platão
Platão não expressa uma filosofia inefável, mas insensivelmente trabalha os resultados de
certo tipo de raciocínio aplicado a certas suposições, e se assim for, é mais improvável que,
primeiro ele esteja fazendo qualquer outra coisa.
(d) Nos Sofistas,1 em um diálogo provavelmente não muito mais velho que Parmênides,
encontramos uma crítica de extremo monismo no qual Platão reproduz brevemente o
argumento da "segunda hipótese”; ele mostra que para afirmar que apenas uma coisa existe é
necessário afirmar que existem duas realidades e singularidade, e, portanto,não apenas uma
coisa existe; em outras palavras, ele próprio refuta o monismo extremo. Ninguém, creio, tem
dúvidas que o argumento nos Sofistas expressa a própria visão de Platão, e que é difícil
conciliar com a teoria que no Parmênides é de extremo monismo para representar a mais
profunda verdade sobre o mundo.
4. Podemos considerar uma interpretação parecida apresentada do Sr. Hardie desde que ele
escreveu. Este é de Cornford. Suas principais interpretações são resumidas pelo Sr. Robinson:2
''a segunda parte do Parmênides não é paródia ou sofisma, mas uma séria e muito sutil análise.
Quase todas as conclusões de todas as hipóteses são verdadeiras e importantes. O que Platão
aqui analisa é a lógica de Parmênides, que ele mostra ser incorreta. A quinta hipótese, por
exemplo, “é uma brilhante refutação do dogma Eleático de que nada pode ser dito sobre “o
que não é”.3
Esta opinião é aberta para as seguintes acusações. (a) Há uma dificuldade de supor que
Platão tenha colocado na boca de Parmênides um anti-Eleatismo polêmico. (b) Existe a
dificuldade de que os últimos quatro argumentos, que começam supondo o contrário do
dogma Eleático, conduzem do mesmo tipo de lógica para a mesma espécie de conclusão
paradoxal como as quatro primeiras, que começam a partir do dogma Eleático. (c) Existe a
objeção de que, uma vez que existem muitas falácias óbvias nos argumentos, Cornford tem
para suprir seus principais pontos de vista pela imputação de Platão um objeto secundário, o
de equipar em prática seus leitores com a detecção de falácias. M r. Robinson mostra
efetivamente que esse objeto secundário pode interferir mais sério que principal objeto.
1 244 b 6-245 e 5.
76
A Teoria das Idéias de Platão
Na proporção que o leitor detecta as falácias, ele será menos impressionado com o argumento
anti-Eleatismo, na proporção que ele não consegue detectar eles, a tentativa de educá-lo na
detecção de falácias terá fracassado.
1 135 c 8, d 4, 7, 136 a 2, c 5.
77
A Teoria das Idéias de Platão
3 102 b 8-c 9.
78
A Teoria das Idéias de Platão
Não foi a teoria das idéias, mas as implicações das próprias hipóteses de Parmênides " existe
Uno", e do seu oposto, que tinham que ser analisadas, na esperança de que prática na
detecção de implicações e de ambigüidades acabaria por permitir a Sócrates
chegar a um pensamento mais completamente fora da teoria que no
entusiasmo juvenil que ele tinha abraçado. Parece-me um erro tentar detectar a origem dos
grãos positivos no deserto do ensino do paradoxo em que as "hipóteses" estão presentes.
1.No Fédon 4 Platão havia esclarecido o problema relativo ao tamanho. Simmias é mais alto
que Sócrates, e mais baixo que Fédon. Ele é mais alto do que Sócrates porque Sócrates tem
menor altura relativa à altura de Simmias, porém mais baixo que Fédon porque Fédon é mais
alto que Simmias. Platão demonstra que em tudo não há altura por si só, nem altura em nós,
ao mesmo tempo alto e baixo. Altura se ausenta antes
da baixeza quando esta se aproxima, ou é destruído por sua aproximação. Ele fica satisfeito ao
reivindicar a Forma contra o fardo de ter atributos contraditórios. No Theaeteto5 ele
refletesobre o mesmo problema, e estabelece três proposições. (a) Nada pode se tornar maior
ou menor em tamanho, enquanto permanece igual a si mesmo.
1 pp. 6-9. 2 203 e 2-5 faz o mais próximo se aproximar para ser uma referencia para a teoria.
3 Esses foram claramente apontados dp Jackson em J. of Philol. Xiii (1885), 267-72. 4 102 a 11-103 a 3.
5 154 c-7-155 c 10.
79
A Teoria das Idéias de Platão
(b) E nada é acrescentado e nada é tirado enquanto se mantém igual a si mesmo. (c) Uma
coisa que não estava em um momento anterior não pode estar em um posterior sem se tornar
um ser. Em seguida, ele lembra que sendo no momento mais alto do Theaeteto, talvez dentro
de um ano se torne mais baixo do que Theaeteto sem que ele venha a diminuir; i.e.
comparando a relação entre duas pessoas de uma vez com a relação entre eles e outro e ele se
torna consciente de uma dificuldade nas quais ele não tinha quando percebeu que ele estava
apenas comparando a relação de A para B
com a relação de A para C, ao mesmo tempo. Mesmo na anterior
passagem que ele mostrou alguma consciência da relatividade dos termos
‘Alto’ e ‘baixo’; mas agora ele tem conhecimento de uma nova dificuldade sobre
eles, e ficará mais perto da sua consciência da completa
relatividade deles. Ele não oferece nenhuma solução direta para a dificuldade,
mas sugere que uma doutrina que ele prossegue para expor talvez
a ilumine.1 Esta é a doutrina que ele atribui a certos
pensadores ‘mais sutil do que os iniciados’(komyótepoi); -a doutrina
na percepção de que nem o objeto percebido nem o que organismo que percebe existem
exceto em potencialidade, até se depararem.2 A teoria não ilumina diretamente o problema
que ele tem examinado, mas Ele parece estar insinuando que similarmente altura e pequenez
e implicam emduas coisas que entram em comparação um com o outro; noutras palavras, que
estão fora, e não são inerentes a quaisquer
coisas comparadas, como no Fédon eles deveriam ser. 2. Esta doutrina do senso-percepção é
em si um presságio de alguma coisa que se seguirá, nos Sofistas. No Teeteto Platão Sustenta,
sob o disfarce da komyótepoi, que o universo
(ou seja, o universo de almas que percebem e dos objetos percebidos) é movimento e nada
mais, que uma espécie de movimento tem o poder de agir, o outro em que o ser age, e o que
qualidades sensíveis e a percepção deles são produzidas simultaneamente, o
anterior no objeto e o posterior no órgãos-senso, pela movimento ativo no que age sobre a
movimentação passiva no outro. Ele não especifica se o objeto age sobre o órgão ou vice-
verso, mas é natural que se suponha que ele fala do primeiro. Está aqui uma clara semelhança
com a passagem dos Sofistas. 3
80
A Teoria das Idéias de Platão
onde, ele como tentativa tratar o poder de agir ou ser posto em prática como um sinal de
certeza da realidade. E tal como no Teeteto ele presumivelmente torna
objeto do ato e os órgãos-senso em objetos de ação, nos Sofistas 1 ele faz as Formas agirem e
coloca as almas em ação, e argumenta que almas estão sujeitas a mudanças reais, bem como
as Formas nas quais em seu período anterior ele identificou com tudo o que é
verdadeiramente real.
3. Em 184 b 4-1 86 e 12 ele faz uma distinção entre objetos similares som e cor, que são os
objetos de um sentido único, e que reconhecemos como características comuns aos objetos de
mais de um sentido - a existência e não-existência, diferença e
igualdade, dualidade e unidade, dessemelhança e semelhança, equitabilidade e estranheza,
beleza e feiúra, bondade e maldade, "e todos os esse tipo de coisa”. Além disso, ele insiste em
que estes são apreendidos não pelo bom senso, mas pelo pensamento. Embora ele não
descreva tais como Formas, eles correspondem às duas primeiras classes das Formas
reconheci - das no Parmênides2 (similitude, unidade e pluralidade; justeza, beleza, e bondade),
e ao ‘maior de todas as espécies’ reconhecidos
nos Sofistas3 (ser, semelhança e diferença, movimento e repouso).
Assim, a partir de dois ângulos de abordagem da teoria do conhecimento ---
no Teaeteto, a partir da metafísica nos Sofistas --- Platão chega
no isolamento de uma classe de amplos atributos, que posteriormente pensado foi
reconhecido como o transcendentalia.
Por último, no Teaeteto que Platão mais plenamente declara a real base de sua teoria das
Idéias. Sua base está na crença de que existe uma completa diferença entre a sensação
e conhecimento, e que o conhecimento exige suas entidades de objetos como não percebidas
pelo sentido, e é no Teaeteto que ele dá a sua última e mais elaborada prova da diferença
entre sensação e conhecimento. Sua teoria se baseia, novamente, como ele diz explicitamente
no Timeu5, na crença de que existe uma completa diferença entre o conhecimento e a
verdadeira opinião, e também sua mais elaborada prova é dada no Teaeteto6. Assim,
enquanto o diálogo não está preocupado com a metafísica, mas com epistemologia, e fornece
o argumento mais forte que Platão dá em qualquer lugar
para a fundação de sua teoria metafísica.
81
A Teoria das Idéias de Platão
VI – O SOFISTA E O POLÍTICO
Tradução:
O
Sofista é o primeiro diálogo no qual Sócrates tem um papel
completamente inferior, aparecendo somente nas primeiras páginas;
o papel principal é interpretado pelo ‘Estrangeiro de Eléia’. Se nos
perguntarmos pela razão dessa mudança, a resposta mais provável é a de
que Platão percebeu, mais do que nunca, a importância de Parmênides. Até
agora, ele apresentou a Teoria das Idéias na fala de Sócrates, já que a tem
concebido como algo essencialmente baseado na insistência deste sobre o
problema da definição. Ao ler os primeiros diálogos, nós quase poderíamos
supor que para Platão não existiu nenhum filósofo ou nenhum digno de
consideração, antes de Sócrates. Em alguns dos diálogos da juventude e da
maturidade - Protágoras, Crátilo e Teeteto – Platão se chocou com diversos
pensadores. No Sofista, ele vai além. Na passagem 242 b 6 – 251 a 4, ele
coloca em revisão toda a filosofia grega prévia. A sua escolha do
Estrangeiro de Eleiás como sendo sua voz, Platão sugere que ele próprio é
de alguma maneira, um herdeiro da filosofia de Parmênides, com a
insistência de uma realidade suprema, que não pode ser percebida, mas
apenas conhecida, em relação aos objetos dos sentidos. Mas, enquanto ele
é atraído pelo intelectualismo de Parmênides, é da mesma forma repelido
pelo seu monismo; na verdade ele escolhe como seu representante não
Parmênides, nem um detalhista como Zenão, mas um lúcido Eleático 1 que
é capaz de criticar seu pai Parmênides 2 assim como critica outros filósofos,
e pode dizer 3 :
1
216 b 3-8.
2
241 d 5-7.
3
242 c 4-243 b 1.
82
A Teoria das Idéias de Platão
83
A Teoria das Idéias de Platão
7
248 b 6-8.
1
P.L.S.L 131-4.
2
In 246 b-c 2 e 248 a 4-13, 248 c 7-d 3.
3
249 a 1.
4
247 c 7-e 2.
84
A Teoria das Idéias de Platão
5
Rep. 516 a 5, 577 a 2, 620 a 2; Tht. 157 b 2, 168 b 7; Leis 655 e 6, 656 d 8, 865
e 3.
1
Para uma defesa detalhada cf. Jackson, J of Philol. Xiv (1885), 200-2 e Conford,
PTK. 242-4.
2
246 e 2-248 a 3.
3
248 a 4.
85
A Teoria das Idéias de Platão
1
Leia-se οντων <παντων> , com Badham.
86
A Teoria das Idéias de Platão
2
Leia-se ta kata tauta, com Jackson.
I
e.g. in Tim. 28 a 1-2, 51 e 6-52 a 2; Phil. 59 a 7, c 2-5.
87
A Teoria das Idéias de Platão
2
In 248 d 10-e 4.
3
cf. pp.102 3 supra.
4
79 b 1-c 1.
5
249 c 10-d 4.
6
Para o ‘movimento da alma’- aprendizagem, prática, desejo, reflexão, &c., cf. Tht
153 b 9-c 1, Leis 896 e 8-897 a 3.
1
Platão usa koinwnia, koinwnein, epikoinwnein, epikoinwnia, proskoinwnein em duas
diferentes construções – como genitivo ( 250 b 9, 251 e 9, 252 a 2, b 9, 254 c 5,
88
A Teoria das Idéias de Platão
89
A Teoria das Idéias de Platão
2
254 d 10-255 e 7.
3
253 c 6-254 b 6.
4
254 b 7.
5
248 a 4-249 d 5.
6
Conford insiste que Platão apenas diz que ser, movimento, e inércia são grandes
modos, não que eles são os melhores; uniformidade e diferença são logo
adicionadas a eles, e são, de fato, melhores modos do que movimento e inércia,
sendo atributos de todas as coisas, enquanto movimento e inércia não são atributos
um do outro. Isso seria aceito se o Estrangeiro tivesse descrito ser, movimento e
inércia simplesmente como megista genh , mas ele diz que eles são
megista twn genwn, e Teeteto responde polu (254 d 4-6). ‘muito ótimo’ dificilmente
conseguirá, enquanto polu megista, é o usual grego para ‘o melhor’. Movimento e
inércia são na verdade menores do que uniformidade e diferença; mas é natural
que Platão deva nesse estágio mencionar apenas aqueles melhores modos que já
foram descobertos.
7
255 c 12.
8
255 d 3-7.
90
A Teoria das Idéias de Platão
2. Partilha de existência.
1
255 e8-256 d10.
2
255 d 3-7.
3
256 d 11.
4
257 a 1-6.
91
A Teoria das Idéias de Platão
5
257 b 1.
1
258 c 3.
2
259 c 5.
92
A Teoria das Idéias de Platão
3
262 c 2-7
4
263 a 8.
5
263 b 7-d 5
5
265 d 3-266 c 1, 273 d 7-e 4, 277 b 5-8
93
A Teoria das Idéias de Platão
110
Sof. 224 c 9, 230 b 6, 251 d 8. Pol. 267 b 6, 278 c 5, 308 c 6, 311 a 1, c 1.
111
Sof. 267 b 1
112
219 a 4-7
113
221 c 5-d 6
114
253 d 1-4
115
129 c 1-130 a 2
116
253 d 9-e 6
117
261 d 7-9
118
262 a 3-4
94
A Teoria das Idéias de Platão
pequena, contra partes que são grandes e múltiplas, nem uma parte sem
uma Forma; deixe que a parte tenha uma Forma’. . .”Não é seguro, meu
Amigo, dividir em uma pequena parte; é mais seguro proceder a um recorte
através do meio---é mais provável acertar as Idéias reais”. 119 Sócrates fez
o mesmo erro quando dividiu os homens entre Helenos e bárbaros, ou
números entre o número dez mil e os outros números; ele está supondo
que ele tenha encontrado uma única classe, porque ele tem dado a uma
mera reunião um nome comum. Ele teria feito muito melhor se ele tivesse
dividido em números pares e ímpares, ou os homens do sexo masculino e
Feminino. ‘Uma classe é necessariamente uma parte, mas não há
necessidade de que uma parte semelhante deveria ser uma classe’. 120 Há
'duas formas para que o argumento de que visa alcançar - de maneira mais
rápida, que recorta uma pequena porção, e esquece uma larga parcela e
uma outra maneira como dividiríamos conforme prescrito como possível no
meio, mas mais demorado. 121
119
262 a 5-c 1
120
263 b 7-9
121
262 a 1-5
95
A Teoria das Idéias de Platão
96
A Teoria das Idéias de Platão
Denilson
O
discurso do Timeu122 é dividido pelo próprio Platão em três partes
principais. Há primeiramente123 a parte onde ele descreve a
operação da razão na construção do mundo; em segundo124, há a
parte onde descreve ‘as coisas que ocorrem a partir da necessidade’, i.e, as
características do mundo que ocorrem devido às condições pré-existentes,
da qual a razão precisa levar em consideração e não pode alterar; e em
terceiro125, a parte onde Platão retorna ‘ao início’ e leva em consideração
ambos os elementos que foram tratados separadamente nas duas primeiras
partes. A terceira seção, estando relacionada com os detalhes daquela
combinação de corpo e alma a qual chamamos de homem, não joga
nenhuma luz sobre a teoria das Idéias; tão pouco o fazem muitos dos
detalhes das duas primeiras partes. Mas as partes mais gerais destas áres
são muito relevantes para o nosso tema.
122
27 c1 até o final do diálogo.
123
27 c1 - 47 e2.
124
47 c3 - 69 a5.
125
69 a6 - final.
126
27 d5 - 28 a4.
127
28 b2 - 29 b2.
128
29 e 1-3.
129
30 a36.
97
A Teoria das Idéias de Platão
130
30 a6 – b6.
131
30 c2-d1.
132
34 b3.
133
34 c4.
134
33 a1-b1. Grube e Cornford corretamente restauraram ay perí em a4, o qual alguns editores
extirparam. A vírgula de Burnet em a5 deve ser removida, e seu ponto em 8 trocado para vírgula.
98
A Teoria das Idéias de Platão
135
34 b3, 36 e2.
136
80ª 10-b5.
137
37 a2-b3.
99
A Teoria das Idéias de Platão
138
48 e2-49 a6.
139
49 c2-4.
140
1bid. 7-50 a2.
141
50 a4-d2.
142
50 c2.
143
50 c4.
100
A Teoria das Idéias de Platão
nascida.’ Timeu continua dizendo que144, para ser capaz de acomodar todos
os tipos de qualidades (como o calor e o frio), o receptáculo é
necessariamente não ele mesmo caracterizado por cada um destes. Assim
como não é a terra, nem o ar, nem o fogo, nem a água, mas é ‘invisível e
sem forma, todo-receptivo, partilhando em um modo mais obscuro do
inteligível, e mais difícil de compreender’.
144
50 d4-51 b2.
145
51 b6.
146
51 d3-52 a7.
147
187 a1-201 c7.
148
135 b5-c3.
149
52 a8.
150
52 b2.
101
A Teoria das Idéias de Platão
de todos os objetos de sensação. E vale a pena notar que Platão a trata não
somente como um acompanhamento inseparável, mas como algo
necessário ao seu ser. ‘Uma imagem, desde que nem mesmo o princípio no
qual ela dependa seja ela própria, mas que seja uma aparência
eternamente móvel de algo a mais’ (ou seja, de uma Forma) ‘deve vir a
existir em algo a mais’ (ou seja, no espaço), ‘aderindo à existência, o
melhor que pode, sob pena de não existir absolutamente’. 151 Dois pontos
adicionais podem ser notados. (1) Platão aparentemente não tinha nenhum
interesse em responder a idéia de matéria de Aristóteles. A verdade, a
modelagem de ouro em diferentes formas, é usada como uma comparação
para jogar luz na natureza do espaço; mas trata-se de uma comparação
que falha em um ponto vital. O ouro é aquilo de onde os objetos modelados
são formados; o espaço não é aquele de onde ‘as coisas que passam para
dentro e fora dele’ são feitas, é simplesmente onde elas aparecem. E (2)
estas coisas não são pensadas como substâncias, mas como qualidades
concretas ocupando porções de espaço. A expressão ‘passando para dentro
e para fora’ não deve ser tomada ao pé da letra. As coisas que são descritas
como fazendo isto não vêm para o espaço vindo de outro lugar qualquer,
nem passam para dentro de outra esfera quando deixam de aparecer no
espaço. Sua única existência é no espaço; elas são cópias das Formas,
produzidas no espaço como um reflexo de um corpo produzido em um
espelho.
102
A Teoria das Idéias de Platão
154
30 a3-5.
103
A Teoria das Idéias de Platão
155
5507 c6, 530 a6.
156
265 c 3-5.
157
270 a 3-5.
158
273 b1.
159
41 a7.
104
A Teoria das Idéias de Platão
uma imagem, como ele podia fazer, das Formas eternas. Esta explicação
geral, Platão mantém como sendo verdadeira, e os detalhes que seguem
são como a verdade como ele pode fazer delas.
O que era o ser vivo em cuja semelhança o Demiurgo criou o mundo? Não devemos supor
que tenha sido qualquer criatura que se classifique somente como uma espécie; pois
nenhuma cópia do que é incompleto pode ser boa. Devemos ao invés dizer que o mundo é
como, acima de todas as coisas, para aquele Ser Vivo do qual todas as outras criaturas
vivas, separadamente e em suas famílias, são parte. Pois ele abrange dentro de si mesmo
todas as criaturas vivas inteligíveis, assim como este mundo nos contém e também todas as
outras criaturas que foram formadas como coisas visíveis. Para o deus, desejando fazer este
mundo mais proximamente como uma coisa inteligível a qual é melhor e de todos os modos
completo, a formou como uma simples criatura viva, contendo dentro dela todas as coisas
vivas cuja natureza é da mesma ordem.
Platão aqui trata todo o universo físico como um ser vivo, e diz que
ele foi formado pelo Demiurgo na semelhança da Idéia de criatura viva. A
Idéia do ser vivo é a idéia genérica do ser vivo em geral, incluindo como
espécie todos os vários tipos de criaturas vivas.
O que, então, são esses tipos? O Demiurgo ‘pensou que este mundo
deve possuir todas as diferentes Formas que a inteligência discerne,
contidas no ser Vivo que ele verdadeiramente é. E eles são quatro:
primeiro, a raça celestial de deuses; segundo, as coisas aladas cujo
caminho é no ar; terceiro, tudo que mora na água; e quarto, tudo que anda
na terra seca’.160 Platão procede para identificar a raça celestial de deuses;
eles são as estrelas ‘constantes’, os planetas, e a terra (40 b4-c3). Ele não
diz se cada um destes corpos foi feito na semelhança de uma Idéia
separada, e supõe-se que talvez ele tenha pensado das estrelas fixas como
cópias de uma única Idéia, a da estrela fixa, os planetas como cópias da
Idéia do planeta, e a terra como uma cópia da Idéia de terra. Também deve
haver uma Idéia de pássaro, uma Idéia de Peixe, e uma Idéia de animal
terrestre; e também haveria idéias de várias espécies de pássaros, peixes e
animais terrestres.
Mas isto não é tudo. Após a passagem onde Platão fala do fogo, do
ar, da terra e da água, e da sua transformação no outro, ele continua
dizendo (51 b7-e6): ‘Existe tal coisa como “o Fogo somente em si mesmo”
ou alguma das outras coisas que estamos sempre descrevendo em tais
termos, como coisas que “são como somente em si mesmas”? Ou são as
coisas que vemos ou de outra forma percebemos pelos sentidos corporais
as únicas coisas que possuem tal realidade, e não possui nada mais, sobre
160
39 e7-40 a2.
105
A Teoria das Idéias de Platão
estas coisas, qualquer tipo de ser próprio?’, e responde que devem ser as
Idéias – a Idéia do fogo, a Idéia do ar, a Idéia da água, a Idéia da terra.
Sendo assim, existe uma Idéia universal sobre o ser vivo, Idéias
subordinadas sobre cada gênero e cada espécie de criatura viva, e uma
Idéia sobre cada um dos quatro elementos. Jackson argumentou que
quando Platão escreveu o Timeu, ele tinha parado de acreditar em outras
Idéias, as Idéias metafísicas, matemáticas, morais e estéticas, as quais
ocuparam sua mente em diálogos anteriores. Para este ponto de vista não
há base. Jackson negligenciou a referência bastante enfática em 35 a1-b3
sobre as Idéias de existência, semelhança e diferença, os ‘maiores Tipos’ do
Sofista. E se as Idéias morais e estéticas não são mencionadas, isto é
simplesmente porque o Timeu não está interessado, como a maioria dos
diálogos, com a vida humana, mas com a cosmologia.161
161
Não discuti a tese de Taylor de que o Timeu não expressa o ponto de vista de Platão, mas as de um
típico pitagórico do quinto século. Esta tese, apesar de concluída com grande aprendizagem e
ingenuidade, obteve preferência por muito poucos acadêmicos. A tradição antiga unanimemente trata
o Timeu como um dos mais importantes pontos de vista de Platão sobre o fim de sua vida.
162
Parm. 131 a4-e7
163
14 c8-10.
164
14 c11-d3.
165
14 d8-c4.
166
Énádes, monádes, 15 a6, b1.
106
A Teoria das Idéias de Platão
107
A Teoria das Idéias de Platão
Tem sido muito debatido sobre em qual destas classes, caso haja, as
Idéias devam ser posicionadas. Podemos começar reservando uma linha de
argumento que tem sido algumas vezes usado em apoio a esta ou aquela
interpretação, ou seja, aquela de que a doutrina dos quatro tipos deve jogar
luz sobre o problema estabelecida anteriormente no diálogo178 - como uma
Idéia pode reter sua unidade se ela está presente somente parcialmente em
cada uma das particularidades enquadradas nela, ou presentes no todo em
cada um deles. De fato, deve ser dito, a doutrina dos quatro tipos não é
apresentada como uma solução deste problema ou como um auxílio para
esta solução; ela é apresentada como uma preliminar para responder uma
questão bastante diferente, a questão sobre se o prazer ou a sabedoria é o
melhor,179 e é para isto que Platão retorna após descobrir os quatro tipos.180
Grote descreve exatamente o que causa o problema, e assim ele
geralmente o faz, quando diz que o problema da unidade da Idéia está
perdido de vista no labirinto do argumento bem sucedido; ele de fato nunca
é retornado.
172
25 a1; cf. 23 e4, 24 a 2-3.
173
25 d3.
174
24 a7, c1, 25 c8-10, 26 a2, 27 e 5-9.
175
25 d3.
176
25 e8, 26 a4, b1, 5-7, 27 d 1-20.
177
30 a9-e3.
178
15 bt-8.
179
22 c7-23 b10.
180
27 c3.
181
Gesch. D. gr. Phil. Ii. 14.691
108
A Teoria das Idéias de Platão
182
132 b3-c11.
183
248 e6-249 b1.
184
J. of Philol. x (1882), 277-84.
185
24 d8, 27 b8.
186
23 c4.
109
A Teoria das Idéias de Platão
fato de que são chamadas ta onta àcí oposto à ta gignómena, e tá áeì katà
ta aytà ōsaytōs ámeiktórata ekhonta.187 Além disso, temos o fato do
processo do ser ‘misto’ ser descrito como ‘nascimento para a existência’, e
seu produto como ‘ser que é composto e gerado’.188 Finalmente, falar da
razão como o artífice189 das Idéias seria um modo de falar para o qual não
há nenhum paralelo em Platão exceto a casual, e provavelmente não
seriamente dita, alusão na República a Deus como o criador da Idéia de
cama.
187
59 a7, c3.
188
26 d8, 27 b8.
189
27 b1.
190
26 a6-b3; cf. 28 d3-30 d8.
191
Met. 986ª.
192
987b20-7.
193
25 c9-10.
110