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ABSTRACT
The watershed is an important spatial unit used to manage the activities of use and the conservation
of natural resources that compose it. In terms of the spatialization of planning actions in a
watershed, the Geographic Information System (GIS) has proven to be an efficient tool presenting
the ability to interact and analyze different information plans that compose a landscape. In this
context, the watershed morphometric analysis helps as a reference for planning and management to
determine and characterize the water flow. Based on this, this work aims to analyze and evaluate the
physiographic characteristics of the Arroio do Ouro watershed, a sub-basin of Arroio Pelotas,
located in the south of Rio Grande do Sul state, using a Digital Model of Elevation (MDE) obtained
from the application of an Remotely Piloted Aircraft System (RPAS). The results allowed a broad,
and general view of the relief characteristics and the drainage network of the watershed, some of the
main results are: area of 2.22 km2, concentration time of 21.77 minutes, the average slope of
18.28%, flooding median tendency, smooth wavy to wavy relief are predominant in the watershed
covering 69% of the area. The results obtained can help the water resources management of the
Arroio do Ouro subwatershed.
INTRODUÇÃO
De acordo com Tucci (2013), o comportamento natural da água é caracterizado através do
conceito de ciclo hidrológico, definido como um fenômeno global de circulação fechada da água
50
entre a superfície terrestre e a atmosfera. Na hidrologia estuda-se com destaque a fase terrestre,
onde toma-se como elemento principal a bacia hidrográfica, que é uma área onde a captação de
água da chuva converge, através de cursos d’água, para um mesmo ponto, denominado exutório.
Contudo, a bacia hidrográfica funciona como um sistema aberto, onde qualquer interferência
que ocorra na mesma irá repercutir, direta ou indiretamente, nos corpos hídricos ao longo de sua
extensão (SOARES et al., 2020). Com isso, conhecer o meio físico se torna essencial no que
compete a uma gestão mais adequada dos recursos das bacias, ou seja, conhecer as características
morfométricas e físicas destas unidades permite o planejamento da ocupação do espaço de maneira
mais sustentável e serve como um referencial no auxílio da tomada de decisão de projetos
envolvendo o uso de recursos físicos na região (ALVES et al., 2014; SOARES; SOUZA, 2012).
Vale destacar que as características morfométricas das bacias são todos os dados que podem
ser extraídos de mapas, fotografias aéreas e imagens de satélites e sendo o primeiro procedimento
executado em análises hidrológicas ou ambientais (WENZEL et al., 2017). É possível obter a
fisiografia do relevo a partir de técnicas de geoprocessamento, sensoriamento remoto e sistemas de
informações geográficas (SIG), onde, por meio da interpolação de curvas de níveis e distribuição
espacial de dados numéricos de sua altitude e superfície (superfície matricial), geram-se os modelos
CHAVES, R. D.; GONÇALVES, G. M. S.; BOEIRA, L. S.; SANTOS, G. B.; TERRA. V. S. S.; COLLARES, G. L. Estudo fisiográfico de uma
pequena bacia hidrográfica utilizando um Remotely Piloted Aircraft System (RPAS) Boletim Geográfico do Rio Grande do Sul, Porto
Alegre, n. 38, p. 49-63, 2021.
digitais de elevação (MDE), de onde se obtêm os índices matemáticos da bacia (OLIVEIRA et al.,
2010; CARELLI; LOPES, 2011).
Neste contexto, a revolução tecnológica da última década está transformando o
levantamento de informações geomorfológica. Tecnologias recentes, como o escaneamento a laser
aerotransportado e terrestre, revolucionaram a qualidade de MDEs, ampliando sua resolução e
precisão (WESTOBY et al., 2012). Ainda, plataformas leves e baratas para implementar sensores
de imagens, como é o caso dos Remotely Piloted Aircraft System (RPAS), estão gradativamente se
tornando mais utilizadas (WESTOBY et al., 2012).
De acordo com Jesuz et al. (2017), o emprego de RPAS para obtenção das imagens aéreas
tem sido usado em diversos estudos de natureza hidrológica e ambiental. A utilização do RPAS
torna possível a criação de um MDE, a partir de imagens coletadas através de voos sucessivos numa
mesma área, os quais permitem extrair informações fisiográficas da bacia hidrográfica num
determinado período de tempo.
Assim, o uso de um sensor acoplado a um RPAS tornou-se uma alternativa fácil e barata
para obtenção de informações de superfície com alta resolução, ideal para pesquisas que necessitam
repetibilidade com alta resolução temporal, através de softwares com estrutura baseada em
movimento (Structure-from-Motion – SfM) (COOK, 2017). 51
Com isso, esse trabalho tem por objetivo avaliar as características fisiográficas da sub-bacia
hidrográfica do Arroio do Ouro, localizada no sul do estado do Rio Grande do Sul, utilizando um
MDE obtido a partir da aplicação de um RPAS.
MATERIAIS E MÉTODOS
Área de estudo
O presente estudo foi realizado na sub-bacia hidrográfica do Arroio do Ouro (região sudeste
da bacia hidrográfica do Arroio do Ouro), localizada entre os municípios de Morro Redondo e
Pelotas, no estado do Rio Grande do Sul (RS) – Brasil, com área de aproximadamente 221 ha
(Figura 1). A bacia em questão é considerada uma sub-bacia da bacia hidrográfica do Arroio
Pelotas, a qual pertence à região geomorfológica do Escudo Sul-Rio-Grandense. O Arroio do Ouro
é um afluente do Arroio Cadeia, que, por sua vez, é um afluente do Arroio Pelotas. Possuindo a
maior bacia hidrográfica do município de Pelotas, o Arroio Pelotas possui sua nascente no
município de Canguçu-RS e o exutório no canal São Gonçalo.
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pequena bacia hidrográfica utilizando um Remotely Piloted Aircraft System (RPAS) Boletim Geográfico do Rio Grande do Sul, Porto
Alegre, n. 38, p. 49-63, 2021.
Organização: Autores.
Fonte: Autores.
= Equação 1.
= 0,28 Equação 2.
= Equação 3.
= Equação 4.
• Densidade de drenagem (Dd): foi obtido pela relação entre comprimento total dos drenos e a
área da sub-bacia hidrográfica (Equação 5), e representa de forma direta a quantidade de
cursos d’água existentes em uma determinada bacia. Esse índice, segundo Mello e Santos
(2013), é bastante dependente da resolução e escala espacial do MDE utilizado, assim como,
existem controvérsias sobre a interpretação dos resultados obtidos através desse índice,
sendo que o mais usual é a comparação direta de valores de densidade de drenagem obtidos
para duas bacias distintas, sendo que a bacia hidrográfica que obtiver o maior Dd é
considerada a bacia mais acidentada em questões de topografia, e tende a gerar mais
escoamento superficial direto para um mesmo evento de chuva.
CHAVES, R. D.; GONÇALVES, G. M. S.; BOEIRA, L. S.; SANTOS, G. B.; TERRA. V. S. S.; COLLARES, G. L. Estudo fisiográfico de uma
pequena bacia hidrográfica utilizando um Remotely Piloted Aircraft System (RPAS) Boletim Geográfico do Rio Grande do Sul, Porto
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∑
= Equação 5.
• Densidade da rede de drenagem (DR): Corresponde à relação entre o número total de cursos
d’água e a área total da bacia (Equação 6).
= Equação 6.
• Tempo de concentração (tc): Para calcular o tempo de concentração da bacia, foi usada a
equação de Kirpich (Equação 7). Vale destacar que o tempo de concentração representa o
tempo no qual o escoamento decorrente de uma determinada precipitação que ocorreu no
ponto mais extremo da bacia, levaria para chegar ao exutório.
56
!" = 57 %,%&&
' (),*+& Equação 7.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Levantamento aéreo
Cobrindo uma área total de 477 ha, os levantamentos aéreos resultaram ao todo em 729
fotografias, cada uma obtida com o tamanho de 4608 X 3456 pixels e 180 dpi de resolução, que
após processamento resultaram em uma ortofoto com resolução espacial de 6,13 cm (Figura 3A). O
processamento da ortofoto também resultou em um MDE com resolução espacial de 30 cm (Figura
3B) e, a partir dessa análise, em ambiente SIG, constatou-se que a bacia possui uma amplitude
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Organização: Autores.
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pequena bacia hidrográfica utilizando um Remotely Piloted Aircraft System (RPAS) Boletim Geográfico do Rio Grande do Sul, Porto
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Conforme Carvalho et al. (2009), a sub-bacia hidrográfica do Arroio do Ouro pode ser
considerada de pequena dimensão (área de 2,22 km2 e perímetro de 8,25 km), o que viabiliza o
controle dos eventos hidrológicos. Ainda se destaca que essa pequena área, comparada a bacias
maiores, pode contribuir na maior concentração do escoamento superficial na bacia e no menor
tempo necessário para que este escoamento chegue à seção de controle.
58
Posteriormente, calculou-se o Kf, razão entre a largura média da bacia (1,16 km) e seu
comprimento axial (1,77 km) obtendo um valor de 0,66, o que de acordo com a classificação
apresentada na metodologia faz com que a bacia se caracteriza por possuir tendência mediana a
enchentes. Já o Kc obtido foi de 1,56, indicando uma bacia com menor propensão a grandes cheias.
Vale destacar que a forma da bacia influencia no escoamento superficial durante uma determinada
chuva, bacias mais alongadas caracterizam tempos de escoamentos mais lentos, já bacias
arredondadas apresentam tempo de resposta a chuva mais rápido (Mello; Silva, 2013). Em relação
ao Ic, o resultado obtido foi de 0,70, indicando uma bacia com propensão média a enchentes
corroborando com o resultado encontrado para o Kf (OLIVEIRA et al., 2010; MELLO; SILVA,
2013).
O tempo de concentração estimado, tempo no qual o escoamento decorrente de uma
determinada precipitação que ocorre no ponto mais extremo da bacia alcança o exutório, nesse caso
foi de 21,77 min (Tabela 2). Já a sinuosidade calculada, índice que demonstra um fator controlador
da velocidade de escoamento das águas, para o curso d'água principal, foi de 1,16 (Tabela 2) que, de
acordo com Villela e Mattos (1975), demonstra que o manancial apresenta baixa sinuosidade,
tendendo a ser retilíneo. Em estudo realizado por Santos et al. (2014), encontraram os valores de
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1,20 e 1,27 para a sinuosidade durante análise de 2 microbacias no semiárido brasileiro, indicando
canais com escoamento de velocidade mediana.
A ordem dos cursos d’água reflete no grau de ramificação ou bifurcação dentro de uma
bacia (Macedo et al., 2010). Classificada pelo método de Strahler, a rede de drenagem da sub-bacia
do Arroio do Ouro foi classificada como de 3a ordem com 19 cursos de água e obteve uma
densidade da rede de drenagem (Dr) de 8,57 canais.km-² (Tabela 2). Conforme Bogaart e Troch
(2006), estes parâmetros retratam a grande disponibilidade de canais ou nascentes da bacia,
possuindo um significado hidrológico claro ao demarcar o escoamento subsuperficial dos canais de
escoamento superficial.
No que compete aos resultados da densidade de drenagem (Dd), obteve-se o valor de 2,52
km.km-2 para a bacia aqui analisada, indicando um sistema bem drenado (Tabela 2). De acordo com
Villela e Mattos (1975) este índice pode variar de 0,50 km.km-² em bacias com drenagem escassa a
3,50 km.km² ou mais em bacias bem drenadas. Ressalta-se que os resultados da Dd permitem
avaliar e analisar o nível de desenvolvimento do sistema de drenagem da bacia e também servem
como indicação da sua eficiência. Outro ponto relevante sobre os resultados da Dd é que valores
menores podem estar associados a regiões de rochas permeáveis e de regime pluviométrico
caracterizado por chuvas de baixa intensidade ou pouca concentração da precipitação (OLIVEIRA, 59
2011).
Ainda sobre os resultados expressos na Tabela 2, a declividade média encontrada para a sub-
bacia do Arroio do Ouro foi de 18,28%. Em estudo realizado por Bartels et al. (2021), identificaram
uma declividade média entre 13% a 58% ao longo da bacia do Arroio do Ouro.
O mapa de declividade para a sub-bacia foi gerado a partir do MDE (Figura 4). As classes
de declividade sugeridas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA, 2018)
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suave ondulado a ondulado, onde juntos compõem aproximadamente 69% da área total da sub-bacia
(Figura 4).
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Organização: Autores.
CONCLUSÕES 61
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem à Agência para o Desenvolvimento da Bacia da Lagoa Mirim (ALM)
pela proposição do tema e auxílio durante o processo de correção desta obra.
Os autores agradecem ao laboratório NEPE-HidroSedi da Universidade Federal de Pelotas
(UFPel) pela disponibilidade dos dados utilizados nesta obra.
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