Políticas Públicas Educacionais e Realidades Da EaD

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67 Revista Ensaios Pedagógicos, v.8, n.1, Jul 2018.

ISSN – 2175-1773 Curso de Pedagogia UniOpet

POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS E REALIDADES DA EAD NO


ENSINO SUPERIOR: O DIREITO DEMOCRÁTICO À EDUCAÇÃO À LUZ DA
CONSTITUIÇÃO DE 1988, DA LEI DE DIRETRIZES E BASES DA
EDUCAÇÃO NACIONAL E SUA ATUAL REGULAMENTAÇÃO

LIMA, Thomires Elizabeth Pauliv Badaró de1


MONTEIRO, Mara Rúbia Muniz2

RESUMO
O objetivo geral deste artigo é analisar as políticas públicas educacionais na
realidade da EaD no ensino superior e a aplicação do Direito Constitucional e
Legal à Educação. A pesquisa, que ora se propõe, inicia-se com um estudo
sobre a evolução da legislação de educação a distância em vigor no Direito
Brasileiro, em especial a Constituição da República Federativa do Brasil de
1988, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº 9.394/1996 e sua atual
regulamentação. O foco especial de análise se orienta para as políticas
públicas voltadas ao setor educacional na modalidade de Educação a Distância
do Ensino Superior. Propõe-se ao final uma abordagem voltada à exigibilidade
do seu cumprimento, diante da busca constante de uma maior inclusão social e
um acesso à educação de forma mais democrática e cidadã.
Palavras-chave: Políticas públicas, Educação à distância, Ensino superior.

ABSTRACT
The general objective of this article is to analyze educational public policies in
the reality of the Higher Education in Higher Education and the application of
Constitutional and Legal Law to Education. The research proposed here begins
with a study on the evolution of the Law of Distance Education in force in
Brazilian Law, especially the Constitution of the Federative Republic of Brazil of
1988, the Law of Guidelines and Bases of Education n. 9.394 / 1996 and its
current regulations, with a special focus on the analysis of public policies aimed
at the educational sector in the modality of Distance Education of Higher
Education, proposing at the end an approach focused on the enforceability of its

1
Mestre em Direito Empresarial e Cidadania Centro Universitário Curitiba
[email protected].
2
Doutora em Sociologia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) Centro
Universitário Opet [email protected].
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compliance, in the face of the constant search for greater inclusion access to
education in a more democratic and citizen-based way.
Keywords: Public policy, Distance education, Higher education.

Introdução

O direito à educação é um direito social garantido na Constituição da


República Federativa do Brasil de 1988. Há igualmente várias legislações
garantindo e regulamentando esses direitos, pois se as políticas públicas
educacionais não forem atendidas nos moldes legais e constitucionais cabe ao
cidadão e/ou instituição educacional exigir o cumprimento dessas tutelas
educacionais. E isso para fazer valer o fim precípuo constitucional e legal no
atual Estado social democrático de direito.
Nesse artigo encontram-se alguns comentários sobre a Constituição
Federal de 1988, com a atenção voltada às principais alterações legislativas
feitas em resposta às mudanças sociais da educação na modalidade a
distância no ensino superior. Assim, parte-se da modalidade de educação a
distância no ensino superior, tendo por base a legislação de educação em vigor
no direito brasileiro, em especial da Constituição Federal de 1988, a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB (Lei nº 9.394/1996) e sua atual
regulamentação.
Diante desse contexto, traz-se o seguinte questionamento: a política
pública educacional do ensino superior na modalidade a distância realmente
está efetivamente fundamentada na exigibilidade? A legislação brasileira, em
especial a Constituição Federal e a LDB, está sendo cumprida no que se refere
ao direito de acesso ao ensino superior? Para que se responda a essas
indagações, faz-se necessária a análise dos principais dispositivos
constitucionais e legais no aspecto educacional, passando na sequência para o
estudo da realidade da EaD e os possíveis problemas práticos da modalidade
de educação a distância no ensino superior.
O conhecimento dos direitos à educação é de vital importância para a
sua efetiva aplicabilidade. Eis que, se eventualmente as políticas públicas
forem falhas e/ou ilegais, deve-se recorrer ao poder judiciário para sanar essas
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irregularidades. Tem-se, ainda, que o conhecimento do direito à educação


fundamenta o ato de exigir dos órgãos públicos o direito constitucional e legal
tutelado, visto que a educação é um dos direitos mais importantes
conquistados na evolução da sociedade. Portanto, como fica evidenciado no
exposto, o tema de pesquisa aqui proposto é de relevância para o campo do
conhecimento educacional, com destaque para a educação a distância (EaD)
no ensino superior.
Assim, o objetivo geral deste artigo é analisar as políticas públicas
educacionais na realidade da EaD no ensino superior e a aplicação do Direito
Constitucional e Legal à Educação, tendo por base a Constituição Federal de
1988 e as legislações que se seguem até a atual regulamentação do ensino a
distância. Ainda, o artigo traçará alguns comentários acerca da atual
regulamentação do artigo 80 da LDB, demonstrando a atualidade do debate
educacional diante da inclusão das novidades descritas na regulamentação
vigente da educação a distância, sobretudo no tocante ao nível superior de
ensino.

O DIREITO À EDUCAÇÃO À LUZ DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA


FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988

No artigo 205 da Constituição Cidadã, tem-se a garantia da educação


como direito de todos (BRASIL, 1988). A definição de tal direito é fundamental,
pois seu cumprimento e consagração são necessários e basilares para o
desenvolvimento digno da pessoa, bem como para a sua qualificação em uma
futura profissão. Tal deliberação é ainda mais imperativa por se encontrar na
legislação fundamental do Estado brasileiro, cujos enunciados são superiores
às demais leis infraconstitucionais.
Portanto, além de arrolar a educação como um direito de todos os
cidadãos, A Constituição impõe que é obrigação do Estado promover os meios
necessários para a concretização desse direito social fundamental ao
desenvolvimento humano.
Na sequência, o artigo 206 arrola os princípios do ensino. Observa-se,
nesse excerto, a importância dos princípios da igualdade, da liberdade, do
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respeito ao pluralismo de ideias, da valorização do profissional da educação,


da gestão democrática e, acima de tudo, da garantia de um padrão de
qualidade de ensino. Estes são objetos de críticas, omissões e discriminações,
porém são assuntos importantes e merecem um estudo e um debate mais
profundos dentro do contexto educacional.
A Constituição Federal enuncia que a educação é um direito de todos
cabendo ao Estado o dever de torná-la efetiva mediante a implementação de
políticas educativas e de garantias previstas em seu artigo 208 (BRASIL,
1988). Dentre as principais obrigações do Estado estabelece-se a
obrigatoriedade e gratuidade da educação básica dos 4 aos 17 anos, entendida
como um direito público subjetivo, e, no caso de não oferecimento do ensino
obrigatório pelo Poder Público ou de sua oferta irregular, a autoridade
competente deverá ser responsabilizada.
O direito à educação vem sofrendo modificações no cenário brasileiro
com o objetivo de dar uma maior efetividade ao processo educacional. O
advento das Emendas Constitucionais nº 53/2006 e nº 59/2009 se estabeleceu
como uma tentativa de avançar na busca pela exigibilidade do direito
constitucional à educação.
Ainda sobre a Emenda Constitucional nº 59/2009, ela traz a novidade da
desvinculação de receita da União para o cumprimento da política educacional
e do plano nacional decenal de educação. Essa novidade constitucional impôs
a exigência legal de elaboração decenal de um Plano Nacional de Educação,
constituído por metas a serem alcançadas nos diversos níveis e modalidades
de ensino, desde a educação básica até o nível superior de ensino.
Ainda que os artigos citados não mencionem a educação a distância, é
preciso considerar a base constitucional referente à autonomia das
universidades como seu possível princípio, em acordo como se lê no artigo 207
da Constituição Federal (BRASIL, 1988). Entende-se que não há nos artigos da
Constituição da República Federativa do Brasil nenhuma restrição à
modalidade de educação a distância, uma vez que a legislação garante o
direito à educação sem restrições de modalidade bem como assegura às
universidades a autonomia de condução didático-científica, administrativa e de
gestão financeira e patrimonial do ensino.
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O direito à educação na modalidade à distância na Lei de Diretrizes e


Bases da Educação Nacional

A educação a distância entrou em pauta de discussão no Brasil a partir


da década de 1970 e apareceu pela primeira vez na LDB na década de 1990,
sendo inclusa também no planejamento das metas e dos objetivos contidos no
Plano Nacional da Educação (PNE) e no Plano de Desenvolvimento da
Educação (PDE) como política prioritária do Ministério da Educação (MEC)
(NOGUEIRA, 2011, p. 1).
A Lei nº 9.394/96, mais conhecida como LDB, é, portanto, o marco
teórico da educação a distância com uma modalidade de ensino, pois “é na
LDB n. 9394 de 1996 que, pela primeira vez, se apresenta a possibilidade de
ofertar cursos na modalidade a distância em todos os níveis educacionais”
(BARAÚNA; ARRUDA; ARRUDA, 2012, p. 287). No entanto, a educação a
distância é prevista no ensino fundamental apenas como complemento da
aprendizagem ou em situações excepcionais, conforme preceitua o artigo 32, §
4º, da LDB (BRASIL, 1996).
Observa-se, assim, que houve uma limitação legal com relação à
educação a distância no ensino fundamental. Entretanto, não há nenhuma
limitação no ensino superior, nos termos do artigo 47, § 3º, da LDB (BRASIL,
1966). Com relação à autorização legal específica da educação a distância em
todos os níveis e modalidades de ensino, o artigo 80 da LDB expressa o seu
tratamento. Os três primeiros parágrafos do artigo ora mencionados deixam
claro o oferecimento de vagas por instituições credenciadas pela União, sendo,
para tanto, de competência federal a sua autorização e a regulamentação dos
exames e do registro de diplomas dos cursos de educação a distância.
O foco da cidadania também é mencionado na lei. Por ser entendida
como questão de cidadania e fundamento para o progresso e evolução do ser
humano como pessoa e como futuro profissional, a educação pode ser ofertada
na forma presencial ou na modalidade a distância como descrito na autorização
legal da LDB.
Com base nos principais enunciados legais pertinentes à modalidade de
educação a distância, passa-se para a análise da regulamentação do artigo 80
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acima transcrito, em que há a menção expressa e inovadora no direito


brasileiro do ensino a distância.

A regulamentação do direito à educação na modalidade a distância

A primeira regulamentação do artigo 80 da LDB se deu com o Decreto nº


2.494, de 10 de fevereiro de 1998, o qual traz em seu texto uma redação
confusa e controversa sobre a educação a distância, como se verifica na
descrição literal do seu primeiro artigo:

Art. 1º Educação a distância é uma forma de ensino que


possibilita a auto-aprendizagem, com a mediação de recursos
didáticos sistematicamente organizados, apresentados em
diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou
combinados, e veiculados pelos diversos meios de
comunicação. (BRASIL, 1998).

Observe-se que o artigo não traz a figura do professor no contexto


ensino-aprendizagem, havendo apenas um enfoque mais técnico. Nesse
sentido, Eucidio Arruda e Durcelina Arruda (2015) descrevem que a “EaD como
processo de ‘autoaprendizagem’ incorria na baixa valorização dos docentes e
na centralidade em materiais didáticos como elementos mediadores da
educação”. Em outras palavras, valorizavam-se os meios e as tecnologias em
detrimento dos aspectos acadêmicos e pedagógicos da atividade docente.
Na continuidade da regulamentação do artigo 80 da LDB veio, em
substituição, o Decreto nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005, com a inclusão
dos professores e alunos no processo de ensino-aprendizagem, mas mantendo
a centralidade da tecnologia da informação. Então, assim ficava definida a
educação a distância:

A Educação a Distância é a modalidade educacional na qual a


mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e
aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias
de informação e comunicação, com estudantes e professores
desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos
diversas. (BRASIL, 2005).
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No artigo 80 da LDB há a autorização da modalidade de educação a


distância em todos os seus níveis, com o que o regulamento veio a descrever a
sua concessão até o nível superior, estando em consonância com a lei que
houve a autorização para sua implementação.
Sobre a questão da isonomia entre a modalidade presencial e a
modalidade a distância, o decreto define que não pode haver discriminação
entre elas e que devem ser projetadas com a mesma duração, podendo
inclusive haver a transferência de uma modalidade para outra (BRASIL, 2005).
Quanto ao exame presencial nos cursos da modalidade a distância, por
sua vez, foi regulamentado expressamente pelo artigo 4º, havendo essa
exigência nos cursos a distância em virtude da disposição.
Na continuidade da disposição, o decreto aborda a questão da validade
jurídica e nacional dos diplomas e certificados de cursos de educação a
distância, inclusive com relação ao seu procedimento:

Art. 5º. Os diplomas e certificados de cursos e programas a


distância, expedidos por instituições credenciadas e registrados
na forma da lei, terão validade nacional. Parágrafo único. A
emissão e registro de diplomas de cursos e programas a
distância deverão ser realizados conforme legislação
educacional pertinente. (BRASIL, 2005).

O Decreto nº 5.622/2005 inovou muito em termos de educação a


distância, sendo que após a sua publicação houve um aumento expressivo da
oferta e procura de vagas, principalmente em instituições privadas. Mas tal
decreto inovador foi recentemente revogado e substituído pelo Decreto nº
9.057/2017, razão pela qual se passa a comentar a nova regulamentação no
item que segue.
A atual regulamentação do artigo 80 da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional é o Decreto nº 9.057/2017, que veio a revogar o Decreto
anterior de nº 5.622/2005 e complementar ainda mais o conceito de educação
a distância anteriormente formulado, ficando agora mais completo e assim
definido:
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Art. 1º Para os fins deste Decreto, considera-se educação a


distância a modalidade educacional na qual a mediação
didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem
ocorra com a utilização de meios e tecnologias de informação e
comunicação, com pessoal qualificado, com políticas de
acesso, com acompanhamento e avaliação compatíveis, entre
outros, e desenvolva atividades educativas por estudantes e
profissionais da educação que estejam em lugares e tempos
diversos. (BRASIL, 2017).

Houve na atual regulamentação uma maior preocupação e exigência


pela qualidade da educação a distância, como se percebe com a inclusão das
expressões como “pessoal qualificado”, “políticas de acesso”,
“acompanhamento e avaliação compatíveis”, entre outras obrigações descritas
no corpo da atual regulamentação. Faz-se, assim, a divisão da oferta na
educação básica e dá-se um maior destaque à oferta de cursos na modalidade
a distância na educação superior, que ganhou um capítulo inteiro, estando
agora disciplinado entre os artigos 11 a 19. Essa definição ainda é recente e
não está sendo muito debatida no cenário jurídico brasileiro.

Democratização do direito à educação e o acesso ao ensino superior na


modalidade a distância no Brasil

Como já mencionado, o antigo Decreto nº 5.622/2005 definia a


educação a distância como a modalidade educacional de mediação didático-
pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem baseada na utilização de
meios e tecnologias de informação e comunicação, sendo que estudantes e
professores desenvolvem atividades educativas em lugares ou tempos diversos
(BRASIL, 2005). Já o atual Decreto nº 9.057/2017 avança mais ao demonstrar
uma maior preocupação com a qualidade de ensino na modalidade a distância,
a fim de evitar a massificação do ensino em quantidade diante do seu aumento
expressivo nos últimos anos. Redefine, portanto, a modalidade educacional
como a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e
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aprendizagem que ocorre com a utilização de meios e tecnologias de


informação e comunicação, com pessoal qualificado, com políticas de acesso,
com acompanhamento e avaliação compatíveis, entre outros aspectos
(BRASIL, 2017).
Assim, há toda uma regulamentação para respaldar a modalidade de
educação a distância, já que se trata de uma realidade que avança
sensivelmente no ensino superior. Trata-se também, como vem sendo
estudado, de uma forma de democratizar o ensino no Brasil e gerar uma maior
inclusão social com base no cumprimento das metas prenunciadas na
Constituição Federal e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Em
obediência ao comando constitucional, estipulou-se uma meta decenal no
primeiro Plano Nacional de Educação (PNE), composta por diretrizes para
período de 2001 a 2010, através da Lei nº 10.172, de 9 de janeiro de 2001.
A Exposição de Motivos nº 33, de 2010, da proposta do Executivo para o
PNE 2014-2024 reconheceu que o PNE 2001-2010 contribuiu para a
construção de políticas e programas voltados à melhoria da educação, muito
embora tenha vindo desacompanhado dos instrumentos executivos para
consecução das metas por ele estabelecidas.
Na continuidade das metas estabelecidas, foi publicada a atual Lei nº
13.005, de dia 25 de junho de 2014, que aprova o Plano Nacional de Educação
(PNE) para o novo período entre 2014 e 2024.Tal lei estabelece o seguinte
para a educação superior:

Meta 12: elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior


para cinquenta por cento e a taxa líquida para trinta e três por
cento da população de dezoito a vinte e quatro anos,
assegurada a qualidade da oferta e expansão para, pelo
menos, quarenta por cento das novas matrículas, no segmento
público. (BRASIL, 2014).

Sobre a meta do novo PNE de alcançar 50% da taxa bruta e 33% da


taxa líquida de matrícula na educação superior da população de 18 a 24 anos,
dentre os quais 40% são direcionados para o segmento público, Arruda e
Arruda (2015) informam o número de matrículas para atingir tal mister: “partir
dos números atuais de matriculas existentes, significaria uma ampliação de 4
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milhões de vagas, sendo cerca de 1,6 milhão apenas no segmento público”


(ARRUDA; ARRUDA, 2015, p. 322).
O PNE de 2014 ainda está em vigor e pode ser objeto de
questionamento junto ao Poder Judiciário, caso a meta estabelecida de política
pública do ensino superior, a ser adotada até 2024, não venha a ser cumprida.
Não se trata, dessa maneira, de uma mera carta de intenções, e sim de uma lei
em pleno vigor, responsável por metas estipuladas e passível de pleito por sua
exigibilidade.
Nesse cenário, Arruda e Arruda (2015) alertam para a problemática da
qualidade à educação e de seu acesso democrático diante da mencionada
“provisoriedade” do EAD, entendida como uma forma quantitativa de acesso,
então qualitativa. Considera-se que “dentro dessa provisoriedade corre-se o
risco de construir uma modalidade de educação de caráter emergencial,
voltada para a resolução rápida de uma demanda por mão de obra qualificada”
(ARRUDA; ARRUDA, 2015, p. 333).
Contudo, infere-se que há um maior acesso ao direito à educação em
nível superior, uma das máculas históricas na evolução da cultura do brasileiro,
eis que até século XX apenas um por cento da população nacional almejava tal
grau de instrução. Com o uso das tecnologias e com a realidade da educação a
distância, o percentual de acesso ao nível superior vem aumentando, tanto que
na meta 12 do PNE atual estipulou-se uma porcentagem de aumento no
acesso ao ensino superior.

Políticas públicas educacionais, realidades da EaD no ensino superior e a


exigibilidade do direito à educação

O direito à educação é, acima de tudo, um direito social protegido com


status de dignidade da pessoa humana, pois está insculpido em na
Constituição da República Federativa do Brasil como um direito fundamental.
Em outras palavras, o direito de acesso à educação é imprescindível à
promoção da dignidade da pessoa humana, que é um dos fundamentos do
Estado Democrático de Direito, de acordo com o artigo 1º, inciso III, da
Constituição de 1988.
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Como direito social fundamental, a educação exige a efetiva atuação do


Poder Público, e sua inação — isto é, se não cumprir seu mister constitucional
e legal — pode ser sanada com a intervenção do Poder Judiciário. Mas para
que o Poder Judiciário intervenha na falta de cumprimento das políticas
educacionais por parte do Estado (em regra, o Poder Executivo), cumpre ao
cidadão e aos demais organismos institucionais e educacionais acionar o
Poder Judiciário e pleitear o direito que foi violado. Para isso, é preciso
conhecer quais são os direitos à educação, demonstrados na Constituição
Federal da República e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação sob nº
9.394/1996 e a sua atual regulamentação no nível de ensino superior na
modalidade a distância.
Como destacam Baraúna, Arruda e Arruda, é a primeira vez na história
brasileira que a modalidade de educação a distância ocupa um lugar de
destaque entre as políticas educacionais, tornando-se, inclusive, uma política
de Estado. Os autores acrescentam que, paralelo a esta ampliação, está o
acompanhamento cada vez mais rígido das regras de criação e oferta de
cursos superiores a distância. Isso inclui uma constante mudança na
regulamentação.
Em consequência, a preocupação de que esta modalidade “tornou-se
vitrine também de instituições particulares, pois diminui significativamente os
investimentos necessários para a abertura de cursos superiores em
infraestrutura, como salas de aula, laboratórios e bibliotecas” (BARAÚNA;
ARRUDA; ARRUDA, 2012, p. 290).
Diante do contexto de crescimento e de privatização do sistema
educacional brasileiro, cumpre salientar que a educação não é uma atividade
exclusivamente garantida pelo Estado. Ela também pode ser gerida por
entidades privadas. O que amplia a oportunidade de acesso e expansão.
Sobre o incentivo no mercado educacional, Baraúna, Arruda e Arruda
salientam que: “ao se considerar a educação uma atividade não exclusiva do
Estado, as políticas educacionais que incentivam a expansão do mercado
educacional têm contribuído fortemente para o significativo crescimento da EaD
no Brasil” (BARAÚNA; ARRUDA; ARRUDA, 2012, p. 292).
Ressalte-se, ainda, o projeto explicitado pela atual meta 12 do PNE:
trata-sede elevar a taxa bruta de matrículas na educação superior para
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cinquenta por cento e a taxa líquida, para trinta e três por cento da população
entre dezoito a vinte e quatro anos de idade. A referida meta deve ser
executada até 2024. Caso contrário, pode ser exigido o seu cumprimento por
medidas judiciais. Para aprofundar o conhecimento sobre as questões que
levam o Judiciário a intervir nas políticas educacionais, Cury e Ferreira
descrevem:

[...] quando aspectos relacionados ao direito à educação


passam a ser objeto de análise e julgamento pelo poder
judiciário [...] (a) mudanças no panorama legislativo; (b)
reordenamento das instituições judicial e escolar; (c)
posicionamento ativo da comunidade na busca pela
consolidação dos direitos sociais. (CURY; FERREIRA, 2009, p.
81).

Cumpre ainda destacar que o órgão máximo no âmbito do Poder


Judiciário para a salvaguarda os direitos insculpidos na Constituição da
República é o Supremo Tribunal Federal (STF), responsável pela aplicação
correta dos direitos constitucionais em nome dos fundamentos, valores e
procedimentos democráticos.
No tocante à eventual judicialização de casos envolvendo a modalidade
da educação a distância no ensino superior, ainda não se veem reflexos inação
das políticas públicas nesse nível educacional, já que se trata de uma
modalidade muito recente na história da educação do Brasil.
Além disso, a meta decenal atual está em andamento, somando-se ao
fato do expressivo aumento da inclusão social ano sistema brasileiro de
educação superior, na modalidade a distância. Esse aumento se verifica, por
exemplo, na implementação de nova regulamentação cuja finalidade é garantir
uma maior efetividade para essa nova e transformadora forma de ensinar.
Portanto, ainda há muito o que se estudar e revolucionar.

Considerações finais
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O direito à educação encontra-se previsto na lei maior do país, que é a


Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Seu princípio é regido
pelo dever do Estado de adotar, de modo geral, políticas públicas de
implementação e efetivação do acesso de todos os cidadãos ao sistema
educacional, razão pela qual a primeira seção do presente artigo foi dedicada
ao direito constitucional à educação.
Partindo dessa premissa constitucional básica, passou-se à análise legal
da Lei de Diretrizes e Bases (LDB), em especial de seu artigo 80, e por
conseguinte de sua atual regulamentação, demonstrando a relevância jurídica
e o destaque executivo das políticas públicas voltadas para a modalidade EaD
no ensino superior. Foram identificados alguns entendimentos doutrinários
sobre o assunto, procurando relacioná-los com a modalidade de educação a
distância no ensino superior, foco principal desta pesquisa.
Após a análise legal, constatou-se o avanço do ensino a distância na
educação superior, o que cumpre o princípio da efetividade e da consolidação
de uma educação mais democrática e cidadã. Tal avanço está relacionado ao
aumento expressivo das vagas e das oportunidades de acesso ao ensino
superior na modalidade EaD.
Observa-se que a política pública educacional do ensino superior na
modalidade a distância está tendo um constante crescimento e que a
legislação brasileira está sendo continuadamente aplicada dentro desse
contexto educacional. Entretanto, há muito o que se evoluir no cumprimento do
acesso ao direito à educação, sobretudo no ensino superior. Esse desafio se
fortalece diante da meta nº 12 do Plano Nacional de Ensino (PNE), referente ao
decênio 2014-2024, que amplia ainda mais o acesso efetivo ao ensino superior,
sobretudo na modalidade a distância, e adapta uma nova regulamentação ao
cumprimento desse mister.
As políticas públicas da educação na modalidade a distância
acompanham essa trajetória. Elas contribuem com a democratização da
educação e com uma maior inclusão social ao oferecer oportunidades de
acesso ao ensino superior e, consequentemente, de crescimento pessoal e
profissional a muitas pessoas que não tinham vislumbravam a entrada nas
universidades em decorrência da conjuntura história do Brasil.
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REFERÊNCIAS

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