Alfabetização: Lições Da Fronteira
Alfabetização: Lições Da Fronteira
Alfabetização: Lições Da Fronteira
Lições da Fronteira
Tamara Cardoso André (Org.)
maça
gato
nuvem
limão
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Derivações 4.0 Internacional - (CC BY-NC-ND 4.0). Os termos desta licença estão disponíveis
em: <https://creativecommons.org/licenses/>.
A385
Livro em PDF
ISBN 978-65-5939-660-3
DOI 10.31560/pimentacultural/2023.96603
CDD 370.115
I. Alfabetização
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 02
Tamara Cardoso André
Capítulo 1
Teoria Histórico-Cultural e Alfabetização 04
Tamara Cardoso André
Capítulo 2
O ensino das relações entre letras e sons
no processo de alfabetização e as contribuições
da linguística 10
Tamara Cardoso André
Capítulo 3
Literatura surda e letramento 24
Nahla Yatim e Filipe Augusto da Veiga
Capítulo 4
O cotidiano na educação infantil –
Relato de experiência 29
Cleonice Marçal
Capítulo 5
Alfabetização e musicalidade no
ensino fundamental 37
Soraia Cristina Weidman
Conclusão 52
Referências 53
Anexo 1
Alfabeto ilustrado
Anexo 2
Modelo de atividade
Anexo 3
Caixa do alfabeto
Anexo 4
Lista de livros de literatura infantil de
autoria de Cleonice Marçal
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Alfabetização: Lições da Fronteira
INTRODUÇÃO
Tamara Cardoso André
1 Países com média salarial anual mais da OCDE, em ordem decrescente: Luxemburgo, Alemanha, Suíça, Dinamarca, Espanha, Austrá-
lia, Áustria, Países Baixos, Suécia, Estados Unidos, Islândia, Noruega, Bélgica (Flandres), Finlândia, Canadá, Bélgica (Valônia), Irlanda.
Países cuja média salarial anual é mais baixa que a dos países pesquisados pela OCDE, em ordem decrescente: Portugal, Itália, França,
Nova Zelândia, Coréia, Inglaterra, Japão, Turquia, Eslovênia, México, Lituânia, Estônia, República Checa, Chile, Israel, Colômbia, Grécia,
Hungria, Letônia, República Eslovaca, Costa Rica, Brasil.
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Alfabetização: Lições da Fronteira
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Alfabetização: Lições da Fronteira
CAPÍTULO 1
TEORIA HISTÓRICO-CULTURAL
E ALFABETIZAÇÃO
Tamara Cardoso André
2. Cada função psicológica superior precisa ser compreendida a partir de análise históri-
ca, considerando a história do indivíduo e da humanidade, o que requer entender, por
exemplo, como a criança aprende a escrever e, também, como a escrita foi historica-
mente desenvolvida pela humanidade.
4. As análises são feitas a partir de uma unidade indivisível, que contenha em si todas
as propriedades da totalidade. Por exemplo, estuda-se a capacidade de memorização
para compreender a psicologia humana. O objeto de análise, como a memorização, não
é estudado de modo estático, mas sim dinâmico, investigando-se seu desenvolvimen-
to e história. Assim, a abordagem de Vygotsky é dialética porque busca a história e as
mudanças de cada objeto de análise.
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CAPÍTULO 1 Alfabetização: Lições da Fronteira
o ambiente é organizado de modo diferente. Mesmo que o ambiente não mude de fato,
o desenvolvimento biológico, mental e psicológico da criança permite novos significa-
dos para o mesmo ambiente.
6. Tudo que um indivíduo é capaz de fazer com ajuda externa pode ser seu próximo está-
gio de desenvolvimento. No método histórico-cultural pode-se observar a forma como
os problemas são resolvidos com mediação, visando determinar a “Zona de Desenvo-
mento Próximo”, que é tudo aquilo que um indivíduo não é capaz fazer sozinho, mas
pode realizar com mediação e ajuda externa. Assim, a criança que consegue ler uma
palavra com ajuda de uma pessoa que já saiba ler e lhe informe os sons de cada letra,
provavelmente será capaz de, em breve, aprender a ler com autonomia.
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CAPÍTULO 1 Alfabetização: Lições da Fronteira
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CAPÍTULO 1 Alfabetização: Lições da Fronteira
A escrita é uma forma de representação. Assim, a criança precisa entender que coisas
podem ser usadas para representar outras coisas, a fim de que possa entender o meca-
nismo da leitura e da escrita.
Nessa perspectiva, são ideias de atividades que podem ser realizadas: ilustrar uma his-
tória, poema ou sentença dita por outra pessoa; representar profissões, animais ou ou-
tras coisas por meio de mímica, para que a turma adivinhe o significado; brincar e re-
presentar utilizando fantoches ou dedoches; assistir representações teatrais; construir
cenários e personagens utilizando material reciclado.
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CAPÍTULO 1 Alfabetização: Lições da Fronteira
A escrita é necessária nas culturas letradas, razão pela qual o engajamento da criança
no processo de alfabetização requer que sinta necessidade de ler e escrever, o que pode
começar desde a educação infantil, por meio do contato com a diversidade de gêneros.
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CAPÍTULO 1 Alfabetização: Lições da Fronteira
Entende-se, aqui, que o ensino sistemático das relações entre letras e sons
no processo de alfabetização precisa ocorrer apenas quando estudantes
tiverem consciência sobre o que é ler e escrever. Entretanto, existem pes-
soas que, a despeito de terem desenvolvido capacidade de representação
e compreensão sobre a importância da leitura e da escrita, não conseguem
completar o processo de alfabetização, devido à falta de domínio das rela-
ções entre letras e sons.
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Alfabetização: Lições da Fronteira
CAPÍTULO 2
No entanto, vale mais uma vez lembrar o primeiro capítulo deste livro. Nem
sempre a codificação de sons em letras e a decodificação de letras em sons
provocam a aprendizagem da leitura e da escrita. Se a pessoa for ensinada
apenas a codificar e a decodificar, sem entender os sentidos da leitura e da
escrita, poderá vir a não compreender aquilo que lê.
Por outro lado, também pode ocorrer de a pessoa entender que a leitu-
ra serve para o prazer, para a aquisição de informações e para a interação
em uma sociedade letrada, e, ainda assim, não aprender a ler e escrever,
devido a problemas relativos ao domínio do código. O objetivo deste capí-
tulo não é esgotar todas as dificuldades que podem ocorrer no processo de
alfabetização, mas sim refletir sobre os desafios impostos pela diversidade
linguística.
Várias pesquisas têm mostrado que o Brasil não é um país monolíngue. Po-
demos citar os trabalhos de Bortoni-Ricardo (2003), Cavalcanti (1999), Save-
dra e Lagares (2012) e Santos (2017).
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CAPÍTULO 2 Alfabetização: Lições da Fronteira
Como afirma Faraco (2016), uma palavra só tem uma grafia, mas as pronún-
cias são diversas. Para facilitar o processo de alfabetização, é preciso pro-
blematizar tal relação com quem está em processo de alfabetização.
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CAPÍTULO 2 Alfabetização: Lições da Fronteira
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CAPÍTULO 2 Alfabetização: Lições da Fronteira
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CAPÍTULO 2 Alfabetização: Lições da Fronteira
Nas relações cruzadas uma unidade sonora tem mais de uma representa-
ção gráfica possível, ou uma unidade gráfica representa mais de uma uni-
dade sonora. Entretanto, no que se refere à fala, nem mesmo as relações
biunívocas são simples. Na sala de aula, cabe repetir, diferentes formas de
falar podem coexistir. Por exemplo, há quem troque o som /b/ pelo som /p/
. Por isso, quem alfabetiza não pode se pautar apenas em normas de orto-
grafia. É preciso prever as dificuldades prestando atenção ao modo como
as pessoas em processo de alfabetização falam.
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CAPÍTULO 2 Alfabetização: Lições da Fronteira
Entretanto, não se pode esquecer que na fala padrão, ou mesmo na fala cul-
ta, as relações entre certas letras e seus sons são biunívocas ou contextu-
ais. Segundo Bresson (2009) , nossa escrita se baseia no alfabeto e constitui
uma codificação da linguagem oral. A aquisição de uma língua no curso
dos primeiros meses de vida implica o contato com a palavra do outro,
mas não precisa ser explicitamente organizada e dirigida. Em relação à
leitura e à escrita não ocorre o mesmo. O simples contato com o escrito
não é suficiente para transmitir a leitura e a escrita, que não podem ser ad-
quiridas por procedimento instantâneo. O problema da escrita alfabética,
que tem mais sons do que letras para representá-los, é diferente que o
problema da escrita silábica, que comporta várias centenas de grafismos.
A escrita alfabética codifica os sons da língua. Não são os grafismos que
portam o sentido da escrita, mas a língua que eles codificam. A dificulda-
de do ensino e da aprendizagem da escrita alfabética é que há mais sons
do que grafismos para representá-los. Mesmo assim, há sons que podem
ser representados por mais de um grafismo, assim como há grafismos que
representam mais de um som. O conhecimento inicial da língua materna
por cada indivíduo é oral, de modo que o saber pode apoiar-se em som e
sentido. Ao falarmos e compreendermos, operamos com som e sentido. Na
escrita operamos com grafismo, som e sentido.
A escrita é pouco natural, de modo que sua aquisição requer ensino siste-
mático. Por essa razão, defende-se, aqui, que quando o alfabetizando apre-
senta fala demasiadamente distante da escrita, de modo que as relações
biunívocas e contextuais se tornem arbitrárias, torna-se necessário o ensi-
no da norma culta na fala, a fim de que a compreensão leitora seja facilitada.
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CAPÍTULO 2 Alfabetização: Lições da Fronteira
Letras B D F M N P T V
Sons /b/ /d/ /f/ /m/ /n/ /p/ /t/ /v/
BOLA DADO FOCA MAR NADA PÉ TUDO VIDA
/dᴣ/ /tʃ/
DIA TIA
Fonte: Quadro sinóptico elaborado pela autora a partir do trabalho de Cagliari (2008)
QUADRO 2 • Vogais
A E I O U
/a/ /e/ /i/ /o/ /u/
AMOR ELE ILHA OVO UVA
/ã/ /З/ /ĩ/ /u/ /ũ/
ANA ELA INFÂNCIA OVO UM
/i/ /Ͻ/
ONDE OVOS
/ē/ /õ/
ENSINO ONTEM
Fonte: Quadro sinóptico elaborado pela autora a partir do trabalho de Cagliari (2008)
C G J L R S X Z H
/k/ /g/ /ᴣ/ /l/ /R/ /s/ /ʃ/ /z/ H
CASA GATO JEITO LUA RUA SAPO XALE ZEBRA MUDO
/c/ /ᴣ/ /u/ /r/ /z/ /ks/ /s/ NH
CEDO GENTE SOL CARO CASA TÁXI PAZ /ŋ/
/x/ /z/ NHOQUE
MAR EXEMPLO LH
(carioca) /s/ /ʎ/
/ɹ/ TEXTO OLHO
GIRL /ʃ/
PERTO CHUVA
(caipira)
Fonte: Quadro sinóptico elaborado pela autora a partir do trabalho de Cagliari (2008)
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CAPÍTULO 2 Alfabetização: Lições da Fronteira
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CAPÍTULO 2 Alfabetização: Lições da Fronteira
A comunidade surda, por seu turno, tem direito à educação bilíngue para
surdos, que passou a ser considerada modalidade da educação escolar a
partir da aprovação da lei 14.191/2021, que “Altera a Lei nº 9.394, de 20 de
dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), para
dispor sobre a modalidade de educação bilíngue de surdos”. Entretanto, a
escola bilíngue para surdos, onde a instrução ocorre por meio da Língua
Brasileira de Sinais (Libras), é opcional, de modo que não há garantia de
vagas em escolas dessa modalidade para todas as pessoas surdas.
Defender escolas bilíngues não é segregação, uma vez que tendo apren-
dido a leitura e a escrita, por meio da própria língua materna, as crianças
estarão mais aptas a adquirirem a língua portuguesa como segunda língua
e a frequentarem escolas regulares e universidades. Alguns trabalhos de-
monstraram que é mais fácil aprender a escrever em uma língua familiar
(CAGLIARI, 2008). O ensino em escolas bilingues requer um corpo docen-
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CAPÍTULO 2 Alfabetização: Lições da Fronteira
Pessoas surdas provavelmente não irão obter benefícios do ensino das re-
lações entre letras e sons, uma vez que não têm acesso aos sons. Aproxima-
damente 95% das crianças surdas nascem em famílias ouvintes, onde en-
frentam, logo nos primeiros meses de vida, dificuldades de compreensão
de interação (SVARTHOLM K., 2014). Assim, crianças surdas podem desen-
volver atraso no desenvolvimento da linguagem caso não tenham acesso à
língua de sinais logo nos primeiros meses de vida.
Portanto, este livro parte da premissa de que o ensino das relações entre
letras e sons deve ocorrer na língua materna. Dito isso, seguem algumas
ideias práticas para o ensino das relações entre letras e sons no processo de
alfabetização.
Antes de alfabetizar é importante o ensino das formas mais monitoradas da fala, a fim de
reduzir as diferenças entre fala e escrita. Como já dito anteriormente, embora se possa
ensinar facilmente como a letra O por vezes tem som /u/, o mesmo não se pode aplicar
quando há trocas mais arbitrárias na fala, por exemplo, a troca dos sons /p/ e /b/ na fala.
Tais trocas poderão provocar dificuldade na compreensão leitora.
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CAPÍTULO 2 Alfabetização: Lições da Fronteira
Na alfabetização, desde o primeiro dia de aula é importante ter um alfabeto com letras
e desenhos afixados nas paredes da sala de aula. Além do alfabeto, sugere-se que, aos
poucos, sejam disponibilizadas, aos alunos, fichas para o estudo dos sons de cada
letra ou dígrafo, conforme modelo no ANEXO 1 (um). As fichas podem ser apresenta-
das separadamente, uma a cada dia, a fim de promover a reflexão sobre todos os possí-
veis sons de cada letra ou dígrafo.
O ensino das letras e seus respectivos sons pode começar pelas vogais,
apresentando os possíveis sons de cada uma e juntando-as em palavras,
como, por exemplo, AI, EI, UI. A seguir, pode-se inserir uma consoante
biunívoca, com a qual seja possível formar palavras com as vogais, como
o F, formando FOI, AFIA, dentre outras. Sugere-se ater-se ao som de cada
letra, e não às sílabas. Após, pode-se inserir uma letra que não seja biuní-
voca, mas ajude a formar palavras com encontros consonantais, como a
letra R. Nesse exemplo, com o grupo de letras A, E, I, O, U, F, R, poderão ser
formadas várias palavras que já desenvolvam a compreensão leitora dos
encontros consonantais, como: RAIO, RIA, RIO, FRIO, FEIRA, FORA, dentre
outras.
Para isso podem ser utilizados alfabetos móveis e atividades de montar pa-
lavras, como as do ANEXO 2 (dois). O alfabeto móvel pode fazer parte da
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CAPÍTULO 2 Alfabetização: Lições da Fronteira
Outra ideia é a caixa de alfabeto. Trata-se de uma caixa com alguns bura-
cos na tampa, conforme modelo no ANEXO 3 (três), contendo no interior
as letras em palitos de picolé, a serem utilizadas para formar palavras. Nos
períodos entre uma atividade e outra, aqueles que finalizam os afazeres pri-
meiro podem ser incentivados a montarem palavras na caixa.
B -V B–P V–F
BIA-VIA BATO-PATO VACA-FACA
BEM-VEM BIA-PIA VOZ-FOZ
BOTA-VOTA BINGO-PINGO VERA-FERA
BELA-VELA BULA-PULA VALA-FALA
BOA-VOA BODE-PODE VAZIA-FAZIA
BALA-VALA BASTA-PASTA FOTO-VOTO
BAZAR-VAZAR BOTE-POTE INVERNO-INFERNO
BASTA-VASTA BENTA-PENTA
G-C D-T R-L
GOSTA-COSTA DIA-TIA RUA-LUA
GOMA-COMA DEU-TEU LEI-REI
GRAVA-CRAVA DADO-TATO CARRO-CALO
GOLA- COLA DOMAR-TOMAR VARA-VALA
ANDA- ANTA
MANDA- MANTA
NADA-NATA
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CAPÍTULO 2 Alfabetização: Lições da Fronteira
1. Sortear uma palavra para cada aluno ler em voz alta para a turma, podendo pedir ajuda
caso não consiga;
2. Entregar para cada aluno um pequeno texto em desordem, a fim de que precise ler
para colocar na ordem correta;
3. Fazer um ditado de leitura, no qual o aluno deve ler e desenhar o que está escrito.
A leitura deve ser um exercício diário em sala de aula, fazendo parte da roti-
na. Recomenda-se que o ensino da letra cursiva tenha início apenas quan-
do a turma já tiver dominado a leitura. Além disso, para o ensino da letra
cursiva não basta exigir a cópia, mas ensinar como o traçado é realizado,
sempre de cima para baixo e sem tirar o lápis do papel.
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CAPÍTULO 2 Alfabetização: Lições da Fronteira
Alfabetização na fronteira
Nos próximos três capítulos deste livro, serão apresentados relatos de expe-
riência e ideias de práticas pedagógicas para a educação infantil e anos ini-
ciais do ensino fundamental.
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Alfabetização: Lições da Fronteira
CAPÍTULO 3
Segundo Bahan (2006, p.2): “As crianças surdas na Escola Americana de Sur-
dos transmitiram habilidades de contar histórias desde 1900. Também con-
tam histórias de fantasmas, cenas de filmes, experiências surdas, piadas,
brincadeiras e histórias do ABC”. Há também os chamados sinalizadores
suaves, que criam histórias em língua de sinais e fazem traduções teatrais e
interagem com o público, suscitando grande interesse.
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CAPÍTULO 3 Alfabetização: Lições da Fronteira
Por exemplo, materiais da Editora Arara Azul como Alice no país das ma-
ravilhas (2002); Iracema (2002); O Alienista (2004) caracterizam-se como
traduções para a Libras de clássicos da literatura. Tais materiais contribuem
para o conhecimento e divulgação do acervo literário de diferentes tempos
e espaços, já que são traduzidos para a língua utilizada pela comunidade
surda.
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CAPÍTULO 3 Alfabetização: Lições da Fronteira
2 Por exemplo: A árvore surda. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=FQdRkZ3fdCY Acesso em 20 nov. 2022
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CAPÍTULO 3 Alfabetização: Lições da Fronteira
Até alguns anos atrás os surdos não se sentiam completos, devido à falta
de informação. Os textos escritos são muito difíceis para alguns surdos en-
tenderem. Embora saibamos que a língua portuguesa, na modalidade es-
crita, é a segunda língua dos surdos, faz pouco tempo que os surdos estão
começando a acessar a internet, onde podem assistir a vídeos e procurar
informações. As mídias ajudam. Graças a elas o surdo está visualizando
e contextualizando seu aprendizado. Em algumas mídias há informação
em Libras, e, além disso, os surdos acessam diferentes sites e redes sociais,
complementando o conhecimento.
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CAPÍTULO 3 Alfabetização: Lições da Fronteira
nada por ouvintes. A luta da comunidade surda, para a superação das bar-
reiras, simplifica-se quando cada um faz a sua parte, incluindo familiares
e professores de surdos e comunidade em geral, e não apenas as pessoas
surdas.
O Papel Docente
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Alfabetização: Lições da Fronteira
CAPÍTULO 4
Tudo que está no CMEI possui propósito e utilidade para propiciar o fazer
pedagógico e a assimilação e apropriação de conhecimentos pela criança.
Por exemplo, os armários atendem ao objetivo de socializar objetos de uso
coletivo, servindo também para guardar os materiais utilizados durante a
aula. O balcão contém os materiais utilizados durante o andamento peda-
gógico, devendo ser de acesso fácil às crianças. A mesa da professora ou
do professor precisa ser acessível às crianças, visando ser lugar para acon-
chegar e conversar e sendo usada como extensão das classes. As cortinas
podem apresentar estampas com temáticas de interesse das crianças e pro-
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CAPÍTULO 4 Alfabetização: Lições da Fronteira
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CAPÍTULO 4 Alfabetização: Lições da Fronteira
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CAPÍTULO 4 Alfabetização: Lições da Fronteira
Cronograma Semanal:
Terça-feira: aula dirigida, solário, horta, jogo teatral e música, jogo de montar;
Estrutura de Aula:
• Calendário: ensino das funções sociais dos números e da noção do tempo, mos-
trando o dia da semana, o mês, o dia e o ano;
• Tabela do tempo: varal onde se coloca a figura do sol, da chuva e das nuvens, para
indicar o tempo e o clima de cada dia;
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CAPÍTULO 4 Alfabetização: Lições da Fronteira
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CAPÍTULO 4 Alfabetização: Lições da Fronteira
Luluca de Maluca
Não tem nada
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CAPÍTULO 4 Alfabetização: Lições da Fronteira
Luluca de Maluca
Não tem nada
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CAPÍTULO 4 Alfabetização: Lições da Fronteira
A caixa maluca de Luluca é um texto que pode ser compreendido como “po-
esia para criança”, que, segundo Coelho (1993), aborda sentimentos e ideias
com ritmo e musicalidade. Trata-se, ainda, de um texto classificado por As-
sumpção (2001), como Mnemonia, que é um tipo de poema utilizado para o
ensino, como, por exemplo, dos números e das letras. O livro “A Caixa Ma-
luca de Luluca” possibilita o ensino da diferenciação entre letras e números,
da contagem, da quantidade e do reconhecimento das cores primárias e
secundárias.
1. Desenhar a história. O desenho pode ser mediado por perguntas sobre o poema: como
é a Luluca? O que tem na caixa maluca? O que você mais gostou do poema?
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Alfabetização: Lições da Fronteira
CAPÍTULO 5
ALFABETIZAÇÃO E MUSICALIDADE NO
ENSINO FUNDAMENTAL
Soraia Cristina Weidman Baltruk
Muitos anos depois, quando esses filhos estavam com respectivamente 23,
20 e 18 anos, comecei a trabalhar no município de Foz do Iguaçu, como pro-
fessora do Ensino Fundamental, anos iniciais. A primeira turma que recebi,
situada em uma comunidade de periferia com muitos problemas sociais,
era um segundo ano, já no mês de maio, com vários alunos fora da idade e
com problemas de disciplina. Bem, o que posso dizer é que o meu Magis-
tério de 1988, minhas experiências com os filhos... não resolveram os pro-
blemas de alfabetização daquela turma. Eu tinha uma teoria antiga, uma
prática limitada a um ambiente ideal, e nenhuma reflexão. Foi um ano de
BÁ-BE-BI-BÓ-BU. Famílias silábicas na parede, repetições no caderno, uso
de apostila sem encaminhamento e tentativa de método fônico (CAPOVILLA
& CAPOVILLA, 2005) sem nunca ter ouvido falar nele antes.
Não preciso dizer que foi um ano sofrido, e que foi fundamental o apoio
da coordenação pedagógica da escola, que sempre foi muito pedagógica
com os professores também, ensinando, apoiando, aconselhando. Lamento
dizer que alguns alunos dessa turma prosseguiram os estudos com muita
dificuldade na leitura e na escrita. Saíram desse segundo ano sem adquirir
habilidades de leitura e escrita.
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CAPÍTULO 5 Alfabetização: Lições da Fronteira
Ensinar uma criança a ler e a escrever deve ser um processo rápido. Ensinar
uma turma na escola, a ler e escrever, nem sempre é. Exige técnica, preparo,
planejamento, conhecimento, intencionalidade, teoria, reflexão. Por que en-
sinar meus filhos foi tão fácil, quase automático, e ensinar aquela turma foi
tão difícil? E aí é preciso buscar a teoria. Vigotski explica muito bem o que
acontece aqui.
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CAPÍTULO 5 Alfabetização: Lições da Fronteira
O que quero demonstrar aqui é que foi todo um percurso de práxis real-
mente para aprender como se dá a alfabetização e a importância de res-
peitar o aluno nesse processo. Ler os autores, entender o contexto de suas
pesquisas, compreender a teoria e voltar para a prática com um novo olhar.
Nunca, antes, havia me dado conta de que a letra A não tem som apenas
de A! Para mim, sempre foi muito evidente que A é de AVIÃO e pronto. Mas
minha aluna Ana não encontrava a letra inicial de seu nome no alfabeto da
sala...
No cotidiano, uma das primeiras descobertas práticas que fiz foi de que os
alunos não sabiam o nome de seus colegas. Parece tão óbvia a ideia de que
eles se conhecem, principalmente numa comunidade como a minha, em
que estão juntos desde a Creche. Mas percebi que alguns só sabiam o ape-
lido e outros não sabiam pronunciar o nome do colega, ou, se precisassem
escrever, não faziam ideia de como o colega se chamava. Fiz um cartaz bem
grande com os nomes, em ordem alfabética, em letra bastão, com a primei-
ra letra de cada nome em cor diferente, e colei na parede ao lado do quadro.
Os nomes eram numerados conforme a chamada.
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CAPÍTULO 5 Alfabetização: Lições da Fronteira
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CAPÍTULO 5 Alfabetização: Lições da Fronteira
nham estado em outras salas, e era a primeira em que isso acontecia. Desde
então, faço esse cartaz em todas as turmas, mesmo de alunos maiores, pois
é importante para cada um ter seu nome escrito corretamente.
Preciso dizer que também já fui professora de música. Nessa ótica, dou
muita importância para um sentido que às vezes deixamos de lado na prá-
tica docente diária: a audição. Quando vamos ensinar canto para uma pes-
soa, principalmente aquela considerada desafinada, que não “pega a nota
de jeito nenhum”, não adianta ficar insistindo com a voz da pessoa. O racio-
cínio é o seguinte: quem manda na voz? Quem vai passar o comando para
a voz sair na tonalidade certa? O cérebro. E como o cérebro vai saber qual
é essa tonalidade certa? Ouvindo. Então, quando vamos ensinar canto para
alguém com dificuldade de encontrar a nota certa, a primeira coisa que de-
vemos ensinar para essa pessoa é a ouvir.
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CAPÍTULO 5 Alfabetização: Lições da Fronteira
Uma das canções que utilizo nas minhas turmas é Trula-Birula, cuja pauta
está no livro “A criança e a música” (ASSIS, 1996), que tem o seguinte trecho:
“Trula-birula (3x) ha ha ha ha ha. Dorme Acorda (3x) há há há há há. Trula-
-birula (3x) há há há há há.”
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CAPÍTULO 5 Alfabetização: Lições da Fronteira
Na última rodada canta-se apenas com palmas, sem o som da boca, para
treinar ritmo. Com o tempo, as crianças dominam a canção e a atividade
passa a ser um divertimento. Até hoje, todos gostaram!
Outra canção que utilizo do mesmo livro (ASSIS, 1996), tem o seguinte tre-
cho: “Periquito, quito, quito. Na janela, nela, nela”. A partir desta canção,
trabalho a dicção e a repetição das sílabas, o que abre a possibilidade de
desenvolver rimas e a criatividade. Também substituo o final apenas por
palmas, para treinar ritmo e percepção auditiva.
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CAPÍTULO 5 Alfabetização: Lições da Fronteira
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CAPÍTULO 5 Alfabetização: Lições da Fronteira
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CAPÍTULO 5 Alfabetização: Lições da Fronteira
Em uma das vezes que trabalhei com o segundo ano, precisei trocar de sala
logo no começo do ano. Essa outra sala havia sido usada no ano anterior,
por outra professora, que escolheu o alfabeto com o tema Disney. Algumas
letras estavam acompanhadas do desenho e do nome de um personagem
da Disney.
Davi: - É o “D”.
Davi: - A-B-C-P.
Davi: - D
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CAPÍTULO 5 Alfabetização: Lições da Fronteira
Expliquei para ele que no alfabeto estava o Donald, mas ele me disse que o
nome certo seria Pato Donald, então o certo era PATO, com a letra P.
Veja bem, não estou criticando a estética do alfabeto, nem sua funcionalida-
de em outras turmas. Mas para uma turma de alfabetização, especialmente
no meu contexto, esse tipo de alfabeto não serve. E isso faz parte da reflexão
da prática baseada na teoria, que volta para a prática, ou seja, a práxis, com
a qual comecei este capítulo. Eu aprendi que a letra A tem mais de um som
para ser representado no alfabeto quando fiz a graduação em Pedagogia.
Antes disso, nunca tinha pensado na dificuldade que as crianças têm de
entender os sons que as letras podem representar. A partir daí, o alfabeto
continuou sendo tradicional em cima do quadro, por alguns motivos. Mas
acrescentei sobre algumas letras, ou na lateral da sala, cartazes com outras
figuras e palavras para essas letras, por exemplo: anjo para a letra A.
Após a maioria dos alunos errar as questões acerca do texto, foi feita a re-
tomada dos conteúdos e uma revisão. Eu trouxe o texto novamente para a
aula, li para a turma e fiz novamente as perguntas, porém de forma oral, na
certeza de que assim o resultado seria diferente. Para minha surpresa, eles
não sabiam responder, estavam confusos. Qual foi a explicação que eles me
deram? Que quem corria atrás de lã era o gato, e não o rato! Percebe? Essas
crianças não faziam a menor ideia do que seria uma avelã. Nunca viram
nem ouviram falar. São crianças de periferia, baixa renda, sem acesso a uma
cultura letrada, o mais próximo que conseguiram associar ao que leram foi
a palavra conhecida “lã”. E no arcabouço de conhecimentos acumulados por
eles, a informação estava errada, pois o animal que conhecidamente gos-
ta de brincar com lã é o gato! Naquela época a Nutella ainda não era tão
conhecida, como creme de avelã, e mesmo assim, não é acessível a esses
alunos, na maioria.
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CAPÍTULO 5 Alfabetização: Lições da Fronteira
Aprendi nessa ocasião que não posso inferir que o entendimento é auto-
mático, óbvio para a criança. Como em outra situação, essa mais recente:
estava auxiliando um aluno de segundo ano em uma avaliação, e ele preci-
sava escrever palavras que iniciassem com a letra A. Após as comuns, dis-
poníveis na sala, AVIÃO, ABELHA, ABACAXI, faltava uma e não havia meio
de ele lembrar. Eu não podia dar a resposta, então, comecei a dar dicas, e
minha ideia foi para ele pensar em algo que se come todos os dias no al-
moço, que era branquinho... mesmo assim, ele não conseguiu pensar em
nenhuma palavra que começasse com A. Fiquei preocupada, já pensando
em várias dificuldades que ele poderia ter, encaminhamentos para fonoau-
diologia, etc. Insisti um pouco, então resolvi perguntar de forma diferente.
Perguntei o que ele almoçava todos os dias, o que ele comia no almoço. A
resposta: lanche. Ou seja, a dificuldade não era de associar o som da letra
A com o alimento arroz, que era o meu raciocínio, mas que ele não comia
arroz com feijão no almoço, como eu supus que todas as pessoas fazem.
Algumas vezes não é a criança que tem dificuldade para ser alfabetizada. A
professora ou o professor é que não sabe como alfabetizar aquela criança.
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CAPÍTULO 5 Alfabetização: Lições da Fronteira
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CAPÍTULO 5 Alfabetização: Lições da Fronteira
casa, a fim de contar a história para familiares, porque acharam legal. Por
que insisto na leitura e não na contação? Porque nessa fase é importante
que a criança encontre no livro, depois de lido, exatamente as mesmas pala-
vras que a professora leu. Que ela perceba que o texto está ali, que depende
da entonação, da pontuação, do ritmo, da interpretação, mas que o texto
está ali, do mesmo jeito, e que ela pode reproduzir, sim, o que a professora
leu. A criança, ao ouvir a leitura de um livro, aprendendo a ler, pode imitar
a professora na entonação, e, assim, aprender como dar vida àquele texto
do livro que está lendo. Por isso considero importantíssimo esse tempo do
final da aula para a leitura de um livro, e sempre um livro que já esteja à
disposição das crianças no Cantinho da Leitura, para que percebam que as
histórias estão lá, disponíveis, basta descobri-las. Depois de um tempo, dei-
xo que elas mesmas escolham o livro que será lido no dia, e é interessante
notar a variação de interesses, pois alguns livros chamam a atenção pela
capa e, como ainda não dão conta de ler a história, esperam ansiosas para
que eu leia.
Tudo isso que narro aqui faz parte da alfabetização. Não é a receita de bolo,
de como chegar numa sala de aula e executar uma receita para que todos
os alunos estejam lendo e escrevendo ao mesmo tempo e corretamente.
Inclusive, como dá para perceber, alguns alunos precisam de muito auxílio,
ainda, para reconhecer letras no segundo ano, e outros já sabem ler nessa
mesma fase. São turmas heterogêneas, e o trabalho precisa ser diversifica-
do. O que quero mostrar é a importância de pensar o trabalho de alfabe-
tização. Práxis. Toda a ação pedagógica precisa ter uma intencionalidade,
precisa ser pensada, embasada teoricamente e refletida após a ação. Tam-
bém é necessário entender como a criança pensa, qual é o raciocínio por
trás daquela dificuldade aparente. É preciso prover um ambiente acolhedor,
alfabetizador, onde o aluno tenha prazer de ler, que ele sinta vontade de
aprender a ler. Em todos esses anos, tive alunos com déficit de atenção, de-
ficiência de processamento auditivo, baixa visão, hiperatividade e paralisia
cerebral. Mas o maior obstáculo na aprendizagem de um aluno sempre foi
a falta de vontade de aprender, quando ele não vê a necessidade disso, ou
não se vê capaz de aprender. E esse obstáculo só é vencido no dia a dia, ali,
com a professora, que é a mediadora capacitada para reverter essa situa-
ção, às vezes inclusive com a família.
Para finalizar, quero compartilhar um projeto que fiz na minha escola du-
rante o estágio obrigatório na minha graduação em Pedagogia, e que in-
felizmente só ocorreu naquele período, mas que eu creio que deveria fazer
parte de todas as escolas, ser natural, por assim dizer. Durante meu estágio,
minha proposta foi levar a leitura para a hora do recreio, um tapete colorido
com almofadas coloridas e uma caixa de papelão encapada cheia de livri-
nhos da biblioteca, cada dia uma seleção diferente. Eu me sentava ali, no
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50
CAPÍTULO 5 Alfabetização: Lições da Fronteira
51
Alfabetização: Lições da Fronteira
CONCLUSÃO
Tamara Cardoso André
Esperamos que a didática não seja uma forma de apagar a realidade con-
creta e dizer que tudo ficará bem se a prática pedagógica for adequada.
Mas que também as más condições de trabalho não desencoragem práticas
pedagógicas cientificamente fundamentadas.
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Alfabetização: Lições da Fronteira
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Alfabetização: Lições da Fronteira
ANEXO 1
ALFABETO ILUSTRADO
57
Aa Aa
AVIÃO
avião
Alfabetização: Lições da Fronteira
ANZOL, BANANA,
PÃO, ANDAR
B b Bb
BOLA
bola
Alfabetização: Lições da Fronteira
COBRA, BIBLIOTECA,
BRONZE, BRINCAR
C c Cc
COPO
copo
Alfabetização: Lições da Fronteira
CORAÇÃO
coração
Alfabetização: Lições da Fronteira
AÇAÍ, MAÇÃ,
DANÇAR, CRIANÇA
Dd Dd
DADO
dado
Alfabetização: Lições da Fronteira
DINOSSAURO, PEDRA,
DÁLMATA, DANÇAR
Ee Ee
ELEFANTE
elefante
Alfabetização: Lições da Fronteira
PENTE, ÉGUA,
JANELA, ENTRAR
Ff Ff
FOCA
foca
Alfabetização: Lições da Fronteira
GATO
gato
Alfabetização: Lições da Fronteira
HIPOPÓTAMO
hipopótamo
Alfabetização: Lições da Fronteira
CH – CHAVE, NH – MINHOCA,
LH – ILHA, CHAMAR
Ii Ii
ILHA
ilha
Alfabetização: Lições da Fronteira
JACARÉ
jacaré
Alfabetização: Lições da Fronteira
karaokê
KARINA, KEVIM
KARAOKÊ
Alfabetização: Lições da Fronteira
Ll Ll
LIMÃO
limão
Alfabetização: Lições da Fronteira
MAÇÃ
maçã
Alfabetização: Lições da Fronteira
CAMA, CAMPO,
MANTA, MEXER
Nn Nn
NUVEM
nuvem
Alfabetização: Lições da Fronteira
ovo
OVO
ÓCULOS, OVOS, OLHAR
Alfabetização: Lições da Fronteira
Pp Pp
PEIXE
peixe
Alfabetização: Lições da Fronteira
queijo
QUADRO, QUERER
QUEIJO
Alfabetização: Lições da Fronteira
Rr Rr
RATO
rato
Alfabetização: Lições da Fronteira
SAPO
sapo
Alfabetização: Lições da Fronteira
trem
TREM
TATU, TIGRE, TENTAR
Alfabetização: Lições da Fronteira
Uu Uu
uva
UVA
UMBIGO, UIVAR
Alfabetização: Lições da Fronteira
Vv Vv
VACA
vaca
Alfabetização: Lições da Fronteira
VOVÓ, VOVÔ,
PALAVRA, VOAR
Ww Ww
Wilma
WENDY, WI-FI
WILMA
Alfabetização: Lições da Fronteira
Xx Xx
XÍCARA
xícara
Alfabetização: Lições da Fronteira
EXÉRCITO, TEXTO,
TÁXI, XERETAR
Yy Yy
Yvã
YVÃ
YONE, YAKISOBA, YOGA
Alfabetização: Lições da Fronteira
Zz Yy
ZEBRA
zebra
Alfabetização: Lições da Fronteira
ANEXO 2
MODELO DE ATIVIDADE
A A A A A A A A A A A
E E E E E E E E E E E
I I I I I I I I I I I
O O O O O O O O O O O
U U U U U U U U U U U
T T T T T T T T T T T
T T T T T T T T T T T
R R R R R R R R R R R
R R R R R R R R R R R |
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Alfabetização: Lições da Fronteira
ANEXO 3
FICHA DE LEITURA
59
E F G H I
ELEFANTE FOCA GATO HELICÓPTERO ILHA
A B C Ç D
AVIÃO BOLA CASA CORAÇÃO DADO
J K L M N
JACARÉ KARAOKÊ LIMÃO MAÇÃ NUVEM
O P Q R S
OVO PEIXE QUEIJO RATO SAPO
T U V W X
TREM UVA VACA WILMA XÍCARA
Y Z
YVÃ ZEBRA
Alfabetização: Lições da Fronteira
ANEXO 4
CONTOS:
• A Menina de Lá no Mundo de Cá: aventura de seis amigos e um cachorrinho que vivem na
periferia da cidade e vão conhecer o grande centro urbano. Retrata a amizade, a solidarieda-
de, as brincadeiras infantis antigas e tematiza a preocupação com a questão ambiental.
• Mira, Mirabel: uma Cobrinha Embolada: relata a vida de uma cobrinha que mora no Parque
Nacional do Iguaçu.
• Tem alguém aí: explora a ludicidade por meio da curiosidade infantil e a brincadeira com
bola.
• A Nuvem Chorona: Ensina o ciclo da água.
• A Zebrinha Zezé: trata das quatro estações do ano e o vestuário adequado para cada época e
clima.
• O Pastor de Pedras: conta a história de um menino que cuida das ovelhas e, para não perder
nenhuma, utiliza sacola contendo uma pedrinha para representar cada ovelha.
• O Amigo Zé do Ponto: brinca com a coordenação motora fina a partir das aventuras do Zé do
Ponto, transformando pontinhos em formas geométricas, linhas, boneco surpresa, caracol,
palito de sorvete, relâmpago e um barco.
LIVRO DE POESIA:
• Doce como Ler: incentivo à leitura.
• Hoje Tem Circo? Tem Sim Senhor!: ilustra o universo circense, as apresentações, emoções,
risos, aplausos e o encantamento do circo.
• Quando Voa o Passarinho: retrata a vida de um filhote de pássaro ao sair do ninho e apren-
der a voar.
LIVRO DE ILUSTRAÇÕES:
• Papel de bala: explora as diversas formas que um simples papel de bala pode propiciar:
casa, bola, bala, pipa, carro, foguete, árvore, flor, menino, menina, prédio, barco, estrela, sol e
uma barra de chocolate.
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