Dissertacao ArborizacaoUrbanaBelem

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE POS GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO - PPGAU

Oswaldo Gama Neto

Arborização Urbana em Belém:

diálogo entre tempos.

Belém
2013
Oswaldo Gama Neto

Arborização Urbana em Belém:

diálogo entre tempos.

Dissertação apresentada para a obtenção do grau


de Mestre em Arquitetura e Urbanismo, pelo
Instituto de Tecnologia - ITEC, da Universidade
Federal do Pará.
Área de Concentração: Análise e concepção do
espaço construído na Amazônia.
Linha de Pesquisa: Tecnologia, espaço e desenho
da cidade.

Orientadora: Profa. Dra. Celma Chaves Pont Vidal


Coorientadora: Profa. Dra. Heliana Maria Silva Brasil

Belém
2013
Oswaldo Gama Neto

Arborização Urbana em Belém:

diálogo entre tempos.

Dissertação apresentada para a obtenção do grau


de Mestre em Arquitetura e Urbanismo, pelo
Instituto de Tecnologia - ITEC, da Universidade
Federal do Pará.
Área de Concentração: Análise e concepção do
espaço construído na Amazônia.
Linha de Pesquisa: Tecnologia, espaço e desenho
da cidade.

Data de aprovação:

Banca Examinadora:

___________________________ - Orientadora
Celma Chaves Pont Vidal
Professora Doutora em Teoria e História da Arquitetura
Universidade Federal do Pará - Programa de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo

___________________________ - Examinador Interno


Aldrin de Moura Figueiredo
Professor Doutor em História
Universidade Federal do Pará - Programa de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo

___________________________ - Examinadora Interna


Ana Kláudia de Almeida Viana Perdigão
Professora Doutora em Arquitetura e Urbanismo
Universidade Federal do Pará - Programa de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo

___________________________ - Examinadora Externa


Maria Aurora Santos da Mota
Professora Doutora em Meteorologia
Universidade Federal do Pará - Programa de Pós Graduação em Ciências Ambientais
A Deus,
Criador de todas as coisas,
A Ti entrego todos os meus dias.
AGRADECIMENTOS

Uma inédita caminhada em um mundo absolutamente novo chega ao fim


e são muitos para agradecer. À Professora Celma Chaves, orientadora na qual me
espelho e tenho como um exemplo. À Professora Kláudia Perdigão, pela pré-
orientação e começo de tudo. À Professora Heliana Brasil, uma grande guerreira
pelas causas ambientais urbanas da cidade. À Leide, funcionária da CODEM, que
carinhosamente disponibilizou seu tempo para a confecção dos mapas. À CAPES
pela disponibilização da bolsa. Aos professores, colegas e funcionários da
UFPA/PPGAU.
Aos meus amados pais (Ilma, Oswaldo Filho e Luiz Antônio), que sempre
me orientaram, incentivaram, acreditaram, e nos momentos em que nem eu mesmo
via em mim capacidade, eles ali estiveram e a todo tempo confiaram.
À minha querida avó, Dona Maria. Graduada, especialista, mestra,
doutora sem títulos.
À minha irmã Layse, a primeira mestra da casa e o meu cunhado Yuri.
Ao meu amigo-irmão Adriano, próspero e honrado.
A querida Michele por estar em casa pacientemente organizando minha
bagunça.
À família Martins e à família Gama na qual orgulhosamente faço parte, em
especial aos meus primos Léo e Raíra e as tias Concita e Jack. Minha eterna
gratidão por ver em mim um referencial, tenho muito orgulho em assim ser.
Aos queridos amigos: Urias Lima, Aginaldo Coelho, Raquel Ribeiro,
Mariana Alcazas, Rosangela Ramos, Ana Paula Pimentel, Ruth Costa, Chris Fiel,
Loli e Boni, Thiago de Paula, Vitor e Rebeca Bahia, Raquel Oliveira, Sandro
Barbosa, Vanessa Colares, Sue Gurjão, Bruno Godinho, Adriane da Rocha, Marcelo
e Andrezza Carvalho. Saber que estiveram comigo é o suficiente.
Meu sincero agradecimento a todos.
Muito obrigado!
(...) admire uma grande árvore,
e veja em espírito que ela é um rio erguido
que escoa pelo ar do céu.

Paul Valéry
SUMÁRIO

RESUMO......................................................................................................................8

ABSTRACT..................................................................................................................9

LISTA DE IMAGENS.................................................................................................10

LISTA DE MAPAS.....................................................................................................12

LISTA DE ESQUEMAS..............................................................................................13

LISTA DE SIGLAS.....................................................................................................14

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................15

2. TEORIA E MÉTODO: INSTRUMENTOS PARA O DESENVOLVIMENTO DA


PESQUISA.................................................................................................................19
2.1. Metodologia.....................................................................................................19
2.1.1. Estudo de Caso Comparativo..................................................................19
2.1.2. Variáveis..................................................................................................20
2.1.3. Coleta de dados.......................................................................................21
2.1.4. Área de estudo.........................................................................................22
2.2. Marco Teórico-Conceitual...............................................................................25
2.2.1. Teoria dos Sistemas................................................................................25
2.2.2. A abordagem histórica.............................................................................27

3. O PROCESSO DE ARBORIZAÇÃO DURANTE A GESTÃO LEMISTA..............31


3.1. Legislação, normativas e as ações da intendência para a manutenção das
áreas arborizadas...........................................................................................31
3.2. Caracterização das espécies vegetais e a ‘superioridade da Mangueira’......35
3.3. Arborização urbana e os significados emergentes.........................................37

4. BELÉM E A ARBORIZAÇÃO URBANA: AS AÇÕES DA ADMINISTRAÇÃO


PÚBLICA NA CIDADE ATUAL.................................................................................45
4.1. As políticas públicas da SEMMA para a arborização urbana de Belém.........46
4.1.1. O Plano Municipal de Arborização...........................................................46
4.2. A adequação da espécie para a realidade da cidade.....................................53

5. DIÁLOGO ENTRE TEMPOS: A BELÉM DE ANTÔNIO LEMOS E A BELÉM


ATUAL.......................................................................................................................59
5.1. As transformações da legislação e as transformações da cidade..................59
5.2. Significados emergentes e a categorização de conceitos poéticos e
técnicos...........................................................................................................66
5.3. Caracterização e adequação das espécies....................................................79

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS: AS TRANSFORMAÇÕES DA CIDADE E A PERDA


DA ARBORIZAÇÃO URBANA..................................................................................83
REFERENCIAS..........................................................................................................89

APÊNCIES.................................................................................................................95
Apêndice A......................................................................................................95
Apêndice B......................................................................................................96
RESUMO

Estudam-se neste trabalho duas propostas de arborização urbana para Belém em


dois períodos distintos: a gestão de Antônio Lemos (1897 à 1911) e a gestão da
Secretaria Municipal de Meio Ambiente - SEMMA (2003 aos dias atuais), órgão
responsável pela arborização da cidade. Parte-se do pressuposto que no passado
encontram-se elementos justificadores para as ações do presente e a partir disso,
para avaliação do objeto de estudo da pesquisa, utiliza-se como método uma
aproximação ao Estudo de Caso Comparativo e à Teoria dos Sistemas. O trabalho
faz uso de três variáveis de pesquisa: legislação e normativas, significado no
contexto urbano e seleção de espécies. A partir do levantamento de dados
relacionados às variáveis e aos dois períodos, verifica-se que as transformações
ocorridas na cidade e a não adequação da arborização às novas condições e
equipamentos urbanos, são fatores relevantes para a atual perda da cobertura
vegetal na capital paraense.

Palavras-chave: arborização urbana, análise comparativa, sistemas, significado no


contexto urbano, seleção de espécies, legislação e normativas.
ABSTRACT

Study in this paper two proposed urban forestry to Belém in two distinct periods: the
management of Antonio Lemos (1897 to 1911) and the management of SEMMA
(2003 to present), institution responsible for city trees. Presuppose that in the past
there are elements for justifying the actions of the present and from this, to review the
subject matter of the research, is used as an approximation method of the
Comparative Case Study and Systems Theory. This dissertation use is made of three
research variables: laws and regulations, meaning in the urban context and species
selection. From the survey data on the variables and the two periods, it appears that
the changes occurring in the city and the need to adapt to new conditions
afforestation and urban facilities are justifications for the current loss of trees from the
paraense capital.

Keyword: urban forestry, benchmarking, systems, meaning in the urban context,


species selection, legislation and regulations.
LISTA DE IMAGENS

Imagem 1 - Café da Paz. Atualmente o prédio do Banco da Amazônia - BASA, na


Presidente Vargas......................................................................................................31

Imagem 2 - Quiosques e sistemas de bondes elétricos na rua Conselheiro João


Alfredo com a Boulevard Castilho França..................................................................32

Imagem 3 - Comissão Arrumadoura. Equipe destinada para o serviço de limpeza


urbana........................................................................................................................33

Imagem 4 - Atividades de limpeza na Praça Batista Campos....................................33

Imagem 5 - Avenida da Republica, depois passou a se chamar Avenida 15 de


Agosto, atual Avenida Presidente Vargas..................................................................34

Imagem 6 - Avenida Índio do Brasil, atual Avenida Assis de Vasconcelos................34

Imagem 7 - Grande Hotel, localizado na Praça da República, atual localização do


Hotel Hilton. Nota-se a presença de mangueiras.......................................................36

Imagem 8 - Procissão do Círio de Nazaré, percurso pela Avenida 15 de Agosto,


atual Avenida Presidente Vargas. Nota-se a população posicionada sob as
árvores........................................................................................................................39

Imagem 9 - Um trecho da Praça da República com usuários sentados nos


bancos........................................................................................................................40

Imagem 10 - Praça da República e Teatro da Paz, composto pelas mangueiras que


são tombadas como patrimônio histórico e ambiental da cidade...............................54

Imagem 11 - Pau-Preto (Cenostigma tocantium). Uma das espécie mais adequada


para arborização urbana............................................................................................56

Imagem 12 - Travessa Castelo Branco. Poda realizada na mangueira visando


unicamente a passagem da rede aérea.....................................................................57

Imagem 13 - Praça da República e o Teatro da Paz e as mangueiras ainda


pequenas....................................................................................................................59

Imagem 14 - Praça da República, Teatro da Paz e as mangueiras atualmente


tombadas como patrimônio histórico..........................................................................63

Imagem 15 - Praça Batista Campos após a série de intervenções de A. Lemos......67

Imagem 16 - Avenida São Jerônimo (atual Gov. José Malcher) esquina com a
Travessa Dom Romualdo de Seixas. Imagem do início do século XX......................68

Imagem 17 - Avenida São José (atual 16 de Novembro) esquina com a Travessa


Óbidos. Imagem do final do século XIX.....................................................................68
Imagem 18 - Avenida 22 de Julho (atual Alcindo Cacela) esquina com a Gentil
Bittencourt. Imagem do início do século XX...............................................................69

Imagem 19 - Avenida Gov. José Malcher esquina com a Travessa Dom Romualdo
de Seixas....................................................................................................................70

Imagem 20 - Avenida 16 de Novembro esquina com a Travessa Óbidos.................74

Imagem 21 - Avenida Alcindo Cacela esquina com a Gentil Bittencourt...................75

Imagem 22 - Praça Batista Campos e os usuários do espaço...................................77


LISTA DE MAPAS

Mapa 1 - Perímetros arborizados durante a gestão de Antônio Lemos utilizada como


espaço amostral na pesquisa.....................................................................................24

Mapa 2 - Praças arborizadas durante a gestão de Antônio Lemos...........................43

Mapa 3 - Ruas arborizadas durante a gestão de Antônio Lemos..............................44


LISTA DE ESQUEMAS

Esquema 1 - Esquema que sistematiza as transformações e adequações da


legislação e normativas aplicadas ao tema................................................................66

Esquema 2 - Esquema que organiza as categorias de significados relacionados à


arborização urbana.....................................................................................................79

Esquema 3 - Esquema que sistematiza a finalidade das espécies nos recintos


urbanos.......................................................................................................................82

Esquema 4 - Sistema que engloba as variáveis adotadas na pesquisa....................84

Esquema 5 - Sistema geral envolvendo todas as variáveis adotadas na pesquisa


possibilitando a análise das relações dos elementos que a compõe.........................84
LISTA DE SIGLAS

BASA – Banco da Amazônia S.A.

CODEM – Companhia de Desenvolvimento e Administração da Área Metropolitana


de Belém.

FUNVERDE – Fundação Bosque, Praças, Parques e Jardins do Município de Belém.

IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional.

OMS – Organização Mundial da Saúde.

PMAB – Plano Municipal de Arborização Urbana de Belém.

RMB – Região Metropolitana de Belém.

SEMMA – Secretaria Municipal de Meio Ambiente.

SISNAMA – Sistema Nacional de Meio Ambiente.


15

1 - INTRODUÇÃO

A relação entre árvores e cidades tem uma “longa e respeitável tradição”


(CULLEN, 1971, p. 170). A ideia de que, tal como os edifícios, as árvores são
verdadeiras estruturas que possuem disposição e função, faz com que esse
elemento seja representativo no contexto urbano sendo de vital importância. Aceita-
se a árvore por si mesma, considerando-a como uma presença viva que habita entre
nós (CULLEN, 1971).
A arborização urbana pode ser atribuída à necessidade de qualificar o
ambiente, realçando características arquitetônicas, construindo uma paisagem,
proporcionando efeitos como sombra, filtro, sincronismo do ambiente natural com o
ambiente construído e através da sua beleza e significado, as árvores disponibilizam
qualidade de vida e riqueza no meio ambiente urbano oferecendo numerosos usos e
vantagens (MULLER, 1998) tanto por sua contribuição ambiental quanto por seus
benefícios socioeconômicos.
É possível atribuir diversos significados à árvore na paisagem urbana. Do
ponto de vista social, nota-se a associação da integração do homem no espaço
urbano com o seu bem-estar físico, psicológico e com a qualidade de vida que as
árvores e os espaços verdes proporcionam; também oferecem um meio menos
artificial em contraste com as construções e estruturas próprias do meio urbano,
permite a marcação dos períodos do ano a partir da floração, alterações de
coloração e queda da folhagem.
De um ponto de vista ambiental, melhora o clima, a qualidade do ar e
reduz o ruído urbano. De acordo com Mascaró e Mascaró (2009), a árvore como
cobertura vegetal é a forma mais característica na paisagem urbana, a qual tem
incorporado uma estreita relação com a arquitetura ao longo da história. Os autores
afirmam que a árvore é considerada hoje mais na sua condição de ser vivo do que
objeto de uma composição que contribui para obter uma “ambiência urbana
agradável” (MASCARÓ; MASCARÓ, 2009, p. 53). O tratamento da massa de
vegetação proporciona noção de espaço, condição de sombra e frescor perante às
estruturas permanentes dos edifícios.
A árvore fornece sombra. Esta talvez seja o efeito mais procurado, pois
além de proteger o recinto urbano da insolação indesejada, reduzindo o consumo de
16

energia ao longo do período quente da região subtropical, matiza suas superfícies


planas, criando um efeito de filtragem dinâmica, isoladas ou em grupo formando
barreiras e canais, principalmente onde o efeito de folhagem é da maior importância
(MASCARÓ; MASCARÓ, 2009). A presença da arborização tem, igualmente, uma
importância patrimonial que está ligada com o aumento de valor da propriedade:
habitações e terrenos com árvores ou próximos de espaços verdes e arborizados
são mais valorizados (FERREIRA, 2004). A arborização participa na requalificação
da paisagem urbana, criando um ambiente de qualidade e melhoria da estética
urbana, seja isolada, em alinhamento, em grupo ou mesmo em parque onde se deve
buscar a integração do elemento de forma adequada ao projeto de construção
urbana. As possibilidades de seleção e intervenção são muito variadas e atendem a
aspectos como a dimensão ou porte das árvores, o tipo de tronco, a forma da copa,
o tipo de ramificação, forma e coloração das folhas, o tipo e coloração da flor, o tipo
de fruto (MILANO, 2000).
No espaço urbano, dentro da estrutura verde secundária, as árvores
desempenham, portanto, importantes funções em vários níveis. A Organização
Mundial da Saúde - OMS, recomenda nas cidades uma área verde mínima de 12
m2/habitante, com um valor de referência de 20 m2/habitante onde as árvores
podem assim ser integradas de diversas formas: em alamedas, faixas marginais de
vias, faixas separadoras, parques públicos, praças arborizadas, jardins públicos e
privados, quintais, zonas desportivas, de recreio e outros espaços verdes inseridos
na cidade, proporcionando integração ao meio ambiente urbano (MACHADO et al.
2006).
Tendo em vista os conceitos e princípios que afirmam a relevância da
arborização urbana e tendo conhecimento das condições climáticas da cidade,
localizada às proximidades da linha do Equador, possuindo um clima
caracteristicamente quente e úmido, onde a alta pluviosidade e a alta umidade
associam-se às altas temperaturas durante todo o ano, existindo pouca variação
entre as temperaturas diurna e noturna (BRITO; CASTRO, 2007), a árvore urbana
assume grande importância no contexto da cidade de Belém.
Característica significativa da cidade de Belém é a sua arborização
composta pelos diversos túneis de mangueiras que resistem ao passar do tempo e
contam histórias de seus espaços e das pessoas que os habitam. As mangueiras
são elementos presentes na paisagem de diversas áreas centrais da cidade e a
17

justificativa de seu uso pode ser encontrada em vários relatos e documentos


históricos. No século XVIII, acreditava-se que as primeiras sementes de manga
tivessem chegado a solos amazônicos, onde aclimataram-se definitivamente no
início do século XIX nas atividades desenvolvidas no Horto de São José (AIROZA,
2008). Porém, neste trabalho destaca-se o processo de arborização realizado
durante a gestão de Antônio Lemos no período de 1897 a 1911 registrado pelo
próprio Intendente através dos relatórios apresentados à Câmara Municipal de
Belém. Por um lado, em caráter quantitativo, justificava-se o uso de mangueiras
pelas características botânicas como as “folhagens densas e constantemente
renovadas, sombra ampla e perfeito refrigério” (MUNICÍPIO DE BELEM, 1902, p.
200); por outro lado, em caráter qualitativo, pela busca de uma vida saudável, ligada
à natureza, tanto na qualidade de vida, acerca de ar purificado a partir do processo
de fotossíntese, quanto a respeito da beleza que a cidade arborizada transmite a
seus habitantes (MASCARÓ; MASCARÓ, 2009).
Esta pesquisa tem como objetivo estudar o processo de arborização em
dois períodos históricos da cidade. O primeiro refere-se à administração do
intendente Antônio José de Lemos, cujas ações ficaram registradas nos volumes de
seus relatórios administrativos de 1897 a 1911. O segundo refere-se ao período de
2003 aos dias atuais, quando se observam ações para a implantação de um novo
plano de arborização para a cidade por parte dos órgãos competentes.
Os relatórios e outros documentos que registram as ações de Antônio
Lemos, intendente no período de 1897 a 1911, referentes à arborização urbana de
Belém, permitiram observar que os planos de arborização elaborados a partir do
início da gestão de Lemos, estavam devidamente respaldados e fundamentados em
sua convicção de que a arborização da cidade e o uso da mangueira (Mangifera
indica L.), era a mais adequada para seus objetivos que incluíam o bem estar da
população e o embelezamento da paisagem urbana. As propostas de sua gestão
para a arborização da cidade ainda podem ser observadas na atualidade em ruas e
praças: a mangueira passou a ser um expressivo elemento da história de Belém.
Sabendo que o passado está constantemente vivo e que através dos registros,
dados e demais conteúdos sobre um fato histórico podemos encontrar elementos
justificadores para sua configuração atual (GIEDION, 2004), observa-se que,
algumas das ações atuais de arborização urbana ainda podem ser consideradas
como reflexo do que foi realizado durante a gestão lemista. A partir de pesquisa
18

bibliográfica, da adoção de conceitos e teorias e da pesquisa empírica realizada,


encontram-se argumentos que possibilitam identificar nas ações de hoje, elementos
das propostas de arborização verificadas nas ações de Antônio Lemos.
19

2 - TEORIA E MÉTODO: INSTRUMENTOS PARA O DESENVOLVIMENTO DA


PESQUISA

2.1. Metodologia

2.1.1. Estudo de Caso Comparativo

Para o desenvolvimento deste trabalho, optou-se pelo uso do método de


Estudo de Caso por oferecer significativas oportunidades para coleta e interpretação
de dados, possibilitando o estudo de inúmeros problemas, situações e hipóteses de
difícil abordagem por outros métodos e pela dificuldade de isolá-los de seu contexto
na vida real. O método se torna útil, pois leva em consideração a complexidade,
amplitude e singularidade do processo de arborização da cidade, sendo este
fenômeno/evento estudado dentro do contexto onde naturalmente ocorre, a cidade
de Belém (BONOMA, 1985).
Coloca-se em questão a arborização inserida no contexto urbano, tanto
de um ponto de vista técnico quanto da abordagem feita em relação ao significado
que se produziu ao longo dos anos. É válido o uso do Estudo de Caso por permitir
uma análise intensiva do objeto, possibilitando a geração de diversos
questionamentos, mantendo o caráter unitário do objeto de estudo.
Na pesquisa se estabelecem dois recortes temporais: a administração de
Antônio Lemos (de 1987 à 1911), justificada por ser um período de grande
relevância para as mudanças estruturais urbanas da cidade, proporcionadas pelo
comércio gomífero (ANDRADE, 2003); e a cidade atual, tendo como referencia a
implantação da Secretaria Municipal de Meio Ambiente - SEMMA, instituída em
2003, órgão responsável pelo gerenciamento e manutenção da arborização urbana
de Belém (PREFEITURA DE BELEM, 2004). Esses recortes temporais possibilitam
uma análise comparativa quanto às políticas e intervenções voltadas para a
arborização urbana. O uso da comparação possibilita descobrir regularidades,
semelhanças, perceber deslocamentos, alterações e transformações tendo como
base as determinações mais gerais que comandam o fenômeno em questão, o
20

processo de arborização urbana ocorrido em Belém. O uso da análise comparativa


permite romper com a singularidade do fenômeno possibilitando o estudo de casos
previamente escolhidos, no caso desta pesquisa os dois recortes temporais
estabelecidos (SCHENEIDER; SCHIMITT, 1998).

2.1.2. Variáveis

Para viabilizar a análise dessa configuração ao longo do tempo


estabelecemos variáveis, que são categorias de análise que darão sentido a
interpretação dos dados utilizados em toda a pesquisa (YIN, 2001). Essas variáveis
são pertinentes aos dois recortes temporais estabelecidos na pesquisa: o período da
gestão de Antônio Lemos (1897 à 1911) e o período de gestão da SEMMA (2003
aos dias atuais).
Determinamos como variáveis Legislação e Normativas, definida como o
respaldo legal para a atuação da esfera governamental e administrativa nas áreas
vegetadas; Seleção de espécies que, ao longo do processo de arborização da
cidade foi determinante para a definição de uma especificidade da cidade e até o
presente momento se mantém a preocupação do uso de variedades da mesma
espécie vegetal para a manutenção da peculiaridade da arborização de Belém; e por
fim, o Significado no contexto urbano, onde se leva em consideração a relação
(técnica ou afetiva) entre os usuários e os espaços arborizados e os elos criados
entre os habitantes da cidade e as árvores urbanas (FARAH, 2008). Giedion (2004)
testifica uma categorização desse tipo afirmando que as associações entre os
eventos são aquilo que mais interessa, sabe-se que não existem acontecimentos
espontâneos ou isolados, dessa forma, buscam-se sempre as relações entre eles.
A aplicação da variável Legislação e Normativas possibilita o
levantamento de informações quantitativas e qualitativas; quantitativas pelo fato de
facilitar o dimensionamento das atuações governamentais em relação à execução,
ampliação, manutenção e planejamento de áreas verdes ou até mesmo o descaso
em relação a arborização pública de Belém nos dois períodos adotados na pesquisa.
A administração pública possui um respaldo jurídico para diversas atuações na
cidade visando a melhoria da qualidade de vida da população em geral, desse
21

modo, é possível ter um dimensionamento do que a esfera governamental realizou


nesses referidos períodos. Qualitativamente, através do uso das entrevistas,
possibilita-se obter dados de como a população reage em relação a atuação pública
nas áreas arborizadas, suas observações em relação a manutenção e ampliação
dessas áreas e também como os usuários monitoram entre si a preservação desses
espaços públicos.
O uso da variável Seleção de Espécies possibilita a caracterização das
espécies vegetais utilizadas nos dois períodos adotados na pesquisa, mensurar a
atuação técnica do elemento vegetal nas áreas públicas além de uma análise
comparativa quanto às propostas de arborização nos dois períodos da pesquisa em
uma mesma área. Dessa forma, a variável disponibiliza dados quantitativos para a
pesquisa.
A variável Significado dará um panorama qualitativo da pesquisa através
da obtenção de dados descritivos mediante o contato direto e interativo com a
situação objeto de estudo. Para a coleta desse tipo de informação tem-se o
ambiente natural da pesquisa como fonte direta de dados, faz-se uso do caráter
descritivo do objeto e, principalmente, o significado que as pessoas dão a
arborização urbana como participante do cotidiano urbano. O levantamento dos
dados qualitativos pertinentes a variável Significado possibilitará a descrição e
decodificação da árvore urbana inserida em um sistema que é repleto de
significados (FARAH, 2008), variando de acordo com o usuário, área em questão e
as periodizações adotadas. Desse modo, através das entrevistas tem-se como
objetivo traduzir e expressar o sentido que o elemento vegetal apresenta aos
usuários dos referidos espaços da pesquisa.

2.1.3. Coleta de Dados

A coleta de dados foi realizada por meio de levantamento de conteúdo


histórico e a esquematização de informações pertinentes as ações de Antônio
Lemos durante a sua gestão (1897 a 1911). Utilizou-se de diversos registros
históricos, entre eles os relatos das atividades desenvolvidas desde o século XVII
que descrevem o processo de aclimatação da mangueira em terras amazônicas
22

(AIROZA, 2008) e os documentos do final do século XIX e início do século XX, que
descrevem o uso de mangueiras para a arborização de ruas e praças. Essa
documentação auxiliou na escolha das variáveis da pesquisa (legislação e
normativas, seleção de espécies e significado no contexto urbano) já que através da
leitura e interpretação da documentação existente foi possível analisar essas
variáveis no primeiro período utilizado na pesquisa.
Inclui-se também como ferramenta de pesquisa as entrevistas
semiestruturadas, que se insere na metodologia de Estudo de Caso. Yin (1993)
afirma que essa ferramenta é uma fonte essencial de evidências para o Estudo de
Caso, uma vez que em pesquisa social lidam geralmente com atividades de pessoas
e grupos. A entrevista foi efetuada com perguntas elaboradas previamente com a
intenção de que o entrevistado pudesse discorrer e manifestar sua opinião e ponto
de vista particular em relação ao objeto de estudo e de acordo com a resposta do
entrevistado, novas perguntas poderiam surgir. A entrevista tinha como foco os
usuários de um espaço público arborizado e sua compreensão em relação ao uso,
tendo como base as variáveis estabelecidas na pesquisa e sendo flexibilizada e
adaptada ao individuo na qual está sendo aplicada, quer às circunstancias na qual
se encontre, dirigido para o levantamento de dados qualitativos na pesquisa e de
acordo com as respostas, outras perguntas foram realizadas (modelo em anexo).

2.1.4. Áreas de estudo

Como espaço amostral da pesquisa, foram selecionadas as praças e ruas


citadas nos relatórios de Antônio Lemos apresentados ao Conselho Municipal de
Belém. Os espaços utilizados para o desenvolvimento do trabalho proposto foram
áreas que ao longo dos anos passaram por processos de crescimento e
desenvolvimento, verificando-se em algumas ruas a alteração dos nomes, além das
mudanças de caráter estrutural como o desaparecimento de moradias e construções
existentes durante a gestão do Intendente. Observa-se, todavia, a permanência de
algumas árvores implantadas durante as ações narradas nos relatórios.
Assim, para a definição do espaço amostral para a coleta de dados foi
realizado um pré-teste fazendo uso da área descrita no terceiro volume dos
23

relatórios de Antônio Lemos (1903) sendo esta a primeira área de intervenção do


Intendente quanto à arborização. No relatório, estão as ações de arborização urbana
realizadas na Avenida São José (atual 16 de novembro), Avenida São Jerônimo
(atual Governador José Malcher), Avenida São João (atual Senador Lemos),
Travessa do Curro (atual Professor Nelson Ribeiro), Avenida Liberdade (atual
Osvaldo Cruz) e Avenida 22 de Julho (atual Alcindo Cacela). Além dessas áreas
descritas pelo Intendente neste volume do relatório, optou-se por realizar as
entrevistas em duas praças que sofreram intervenção: a Praça Batista Campos e a
Praça da República, por serem frequentemente descritas nos relatórios e até os dias
atuais intensamente utilizadas, mantendo características significativas (árvores,
equipamentos, etc.). Realizaram-se as entrevistas também na Avenida Serzedêlo
Correa por ser o perímetro que liga as duas praças (conforme o mapa 1).
24

Mapa 1 - Perímetros arborizados durante a gestão de Antônio Lemos utilizada como espaço amostral
na pesquisa.
Fonte: CODEM (2012).
25

As entrevistas foram realizadas nesses espaços citados dando


preferência a usuários adultos que costumam utiliza-los. O limite de entrevistas foi
dado a partir do momento em que não surgiu mais nenhuma nova informação, ou
seja, quando não se nota novas dimensões, condições, ações, interações ou
consequências nos dados, atingindo o que se denomina como “saturação teórica”.
“A regra geral na construção da teoria é coletar dados até que todas as categorias
estejam saturadas”, isso significa até que:

nenhum dado novo ou relevante pareça surgir em relação a uma categoria,


a categoria esteja bem desenvolvida em termos de propriedades e de
dimensões, demonstrando variação e as relações entre categorias estejam
bem estabelecidas e validadas (STRAUSS, CORBIN; 1996, p. 83).

A observação da saturação teórica na pesquisa é muito importante, pois o


pesquisador precisa “coletar dados até que todas as categorias estejam saturadas”,
caso contrário, “a teoria será construída de forma irregular e não terá densidade e
precisão” (STRAUSS, CORBIN; 1996, p. 83).

2.2. Marco Teórico-Conceitual

2.2.1. Teoria dos Sistemas

Ao adotar como objeto de estudo a arborização urbana, o presente


trabalho estabelece dois recortes temporais (o período da gestão de Antônio Lemos,
de 1897 à 1911, e o período de gestão da SEMMA, de 2003 aos dias atuais)
propondo uma análise comparativa das propostas e fundamentos em seus
respectivos períodos quanto ao objeto analisado, estabelecendo variáveis de
pesquisa (legislação e normativas, seleção de espécies e significado) que
possibilitarão o sentido à interpretação dos dados utilizados na pesquisa.
26

Considera-se para este estudo o objeto arborização urbana em Belém


como um sistema. Para analisá-lo a partir dessas premissas, fez-se necessário uma
aproximação ao que se denomina Teoria dos Sistemas, que tem por objetivo uma
análise da natureza do objeto como um sistema que tem relação com as diversas
concepções de sujeito, tempo e comunicação em diferentes espaços, assim como a
inter-relação de suas partes (SILVEIRA, 1998). Um sistema é um conjunto de
elementos heterogêneos (materiais ou não), de distintas escalas, que estão
relacionados entre si como uma organização interna que tenta estrategicamente
adaptar-se a complexidade do contexto, que constitui um todo e que não é
explicável pela mera soma de suas partes (MONTANER, 2008).
O uso da Teoria dos Sistemas para a contribuição da interpretação das
informações coletadas durante a pesquisa, possibilita o estudo de como os
elementos presentes nessa configuração se articulam e se relaciona entre si. Esse
raciocínio generalizado contraria o tradicional pensamento acadêmico, que não
acredita que uma única teoria possa, de modo eficaz, analisar diferentes esferas
sociais (KUNZLER, 2004). O uso da teoria na pesquisa possibilita extrair as relações
verificadas entre os elementos da análise e estimula a elaboração de sistemas que
auxiliarão na interpretação das relações estabelecidas entre o objeto de estudo e as
variáveis.
Para entender e alcançar resultados na pesquisa utiliza-se como
elementos do sistema as próprias variáveis de pesquisa para que possibilite
interpretações e conclusões dos dados obtidos, verificados através das relações que
se estabelecem entre os elementos com o objeto de estudo. Quanto maior o número
de elementos no sistema, maior o número de relações e de interpretações. Esse
sistema geral, que tem como núcleo o processo de arborização urbana de Belém, é
caracterizado pela sua complexidade e por não conseguir responder imediatamente
todas as relações existentes entre os diversos elementos que o compõe. Configura-
se como um sistema ramificado onde o raciocínio linear não é suficiente para a sua
compreensão e interpretação (MONTANER, 2008). Toda vez que há a
operacionalização desse sistema são gerados novas possibilidades de relações,
tornando-se ainda mais múltiplo, não mais que o contexto geral (onde se inclui a
arborização urbana de Belém), que é sempre mais complexo por conter um número
maior de elementos.
27

O sistema se caracteriza pelas inúmeras possibilidades de interpretação.


Esse raciocínio é utilizado no sistema configurado para o desenvolvimento deste
trabalho, em que cada relação observada há a possibilidade de uma nova conclusão
ser extraída, dependendo do ângulo de análise (KUNZLER, 2004). Desse modo, ao
aplicarmos a lógica da Teoria dos Sistemas, temos uma busca mais complexa
possibilitando a análise das capacidades e características que o sistema tem para
estruturar-se e ao mesmo tempo interagir com o contexto.
Nesta pesquisa, as árvores constituem os elementos centrais no sistema
com suas definições e características quanto à espécie, as ações públicas
respaldadas em normas e legislação que legitima e ampara as ações públicas em
ambos os períodos da pesquisa, e seu significado como um elemento não material,
de caráter subjetivo. A análise de cada variável como elementos do sistema torna
possível a elaboração de categorias que contribuirá para a avaliação e interpretação
das relações proposta no sistema. A real importância de verificação de um sistema é
a relação que é observada entre os elementos do sistema, não necessariamente os
próprios elementos (FOLCH, 2003).
Torna-se necessário categorizar a análise das informações contidas nos
relatórios para que, ao conferir com os dados obtidos durante as entrevistas, seja
possível comparar o conteúdo, elaborar e organizar um sistema que possibilite
relacionar os dois recortes temporais estabelecidos na pesquisa. Dessa forma, a
análise e interpretação do sistema proposto busca investigar em conjunto os
elementos que estavam separados; faz-se circular o efeito sobre a causa
estabelecendo outro elemento que possa triangular as informações, constituir um
denominador comum para a análise e ter a ideia de totalidade do conteúdo
apreciado (MORIN, 2001).

2.2.2. A abordagem histórica

Para o desenvolvimento da pesquisa, foi necessária uma fundamentação


que buscasse estabelecer o manuseio adequado das fontes para o desenvolvimento
do trabalho. A abordagem histórica se configura na dissertação como o trabalho
inicial que se estabelece com a finalidade de designar as “bases teóricas e
28

metodológicas sob as quais se estabeleceria a pesquisa em si” (SCHAFFRATH, 2006,


p. 237).

Para Carr (2002, p. 65), a pesquisa se forma em um continuado processo


de comunicação entre o pesquisador e seus fatos: “um diálogo interminável entre
passado e presente”. Para o autor, o pesquisador e os fatos pesquisados tem uma
interatividade baseada nas interpretações, análises, busca de valores e produção de
teorias. Ainda segundo o autor, é necessário levar em consideração que o
pesquisador é parte de um período e consequentemente está vinculado a uma
conjuntura. Dessa forma, pode-se concluir que o trabalho, os questionamentos às
fontes, a compreensão dos fatos, a transmissão e conclusão é ligado ao
pesquisador. Portanto, nesta pesquisa, propõe-se analisar a atual configuração da
arborização urbana utilizando como base o processo de arborização histórica
ocorrido em Belém e sistematizar o diálogo dos elementos que a compõem
possibilitando uma averiguação da interligação dos componentes que formam o
objeto de estudo do trabalho.

Todos os conceitos até então abordados podem ser complementados e


asseverados em relação aos fatos passados:

Sempre considerei o passado não como algo morto, mas sim como uma
parte integral da existência, o que me levou a entender cada vez mais a
sabedoria de um ditado bergsoniano, que diz que o passado corrói
incessantemente o futuro. Tudo depende da maneira pela qual abordamos o
passado. Uma coisa é considera-lo um vocabulário útil, a partir do qual
podemos selecionar formas e formatos (GIEDION; 2004, p. 13).

De acordo com Tafuri (1984, p. 14-17), aquele que desenvolve uma


pesquisa surge com uma série de dúvidas, que partem do pressuposto que “a
história produz”: produz significados a partir de acontecimentos. O autor continua
afirmando que a análise do objeto parte de questionamentos, de interpretações que
podem ser diferentes das que são tomadas como interpretações corretas, para isso,
buscam-se ferramentas para a compreensão, análise, interpretação do objeto.
29

Tournikiotis (1999) complementa afirmando que deveríamos fazer as


pazes com o passado, com o fim de que nos resulte mais familiar e para situar com
mais claridade nosso trabalho no presente. Somente quando está impregnado pelo
espírito de sua própria época é que o pesquisador está preparado para detectar
aqueles aspectos do passado despercebidos pelas gerações anteriores (GIEDION,
2004). É preciso que o pesquisador esteja ligado ao seu próprio tempo para saber
quais questões acerca do passado são relevantes e para o próprio benefício
algumas vezes é forçado a deixar o ambiente acadêmico e participar dos conflitos
ordinários do momento, pois o contato direto com a vida e suas necessidades apura
sua habilidade para “penetrar na selva dos registros impressos, em busca das vozes
não falsificadas de seus verdadeiros atores” (GIEDION, 2004, p. 32-34).
A pesquisa desenvolve-se a partir da identificação de um problema
histórico, em nosso caso a arborização urbana, suas variáveis e sua contribuição na
formação histórica da cidade e a partir dela a investigação dos fatos e dados
pertinentes. Porém o caráter historiográfico da pesquisa é relativo à caracterização
do fato histórico em questão e sua inclusão em determinada unidade histórica, sua
relação com outros fatos ou circunstâncias, as razões para a sua escolha como
objeto de estudo e sua conexão com sistemas em geral, envolvendo a “ideologia” do
pesquisador, “mediante a sua descrição e narração” (WAISMAN, 1986, p. 14-15,
18).
“As teorias podem ser caracterizada pelas várias maneiras de apresentar
seu objeto” (NESBITT; 2006, p. 16-17). Dessa forma, a opção pela teoria dos
sistemas fundamenta-se na proposta de análise das relações verificadas entre o
objeto de estudo e as variáveis utilizadas na pesquisa, aliado ao que a autora
conceitua como teoria crítica, onde busca avaliar o mundo construído e as relações
com a sociedade a que serve, no qual a teoria lida com o significado, a natureza, o
lugar, a cidade, a estética e a tecnologia.

Dessa forma, o pesquisador não pode prescindir de sua base teórica e


conceitual que surgem a partir do momento em que se delimita o seu objeto de
estudo ao proceder com a seleção de elementos que se considera significativa e
com determinado valor. “Não há como idealizar um objeto histórico se não se parte
de uma base teórica” (WAISMAN, 1986, p. 33). Nesse sentido a base teórica desse
trabalho são os documentos e registros históricos que relatam as ações de
30

arborização urbana e a partir dela as teorias que fundamentam as variáveis


adotadas na pesquisa e que possibilitam a análise, interpretação e conclusão do
conteúdo.
31

3 - O PROCESSO DE ARBORIZAÇÃO DURANTE A GESTÃO LEMISTA

3.1. Legislação, normativas e as ações da intendência para manutenção das áreas


arborizadas

Durante o final do século XIX e início do século XX, a cidade de Belém


estava inserida em um contexto de pleno auge da economia gomífera e
consolidação do regime republicano durante a intendência de Antônio Lemos (1897-
1911). Na parte da cidade ocupada pela elite ocorreu uma sistematização das
reformas urbanas que procuravam atender aos padrões tidos como ‘civilizados’
deste segmento social (Imagem 1). Nesta modernização (Imagem 2), a inserção do
componente arbóreo estava incluída (VIEIRA, 2010).

Imagem 1 - Café da Paz. Atualmente o prédio do Banco da Amazônia - BASA, na Presidente Vargas.
Fonte: Acervo Companhia Docas do Pará (2012).

A administração municipal de Lemos se insere no contexto de criação


sistemática dos espaços verdes urbanos tendo como base o modelo ocorrido na
32

Europa durante a segunda metade do século XIX (AIROZA, 2008). Esta “política
verdejante” no continente europeu “é consequência direta da revolução industrial e
de seu impacto sobre a urbanização e os fluxos demográficos”, respondendo, dessa
forma, em primeiro lugar, “a uma exigência de higiene” decorrendo “de uma
preocupação de moralização das classes laboriosas”. Entretanto, “sua
institucionalização e sua generalização os tornarão frequentados por todas as
classes sociais” (CHOAY, 1999, p. 104-105).

Imagem 2 - Quiosques e sistemas de bondes elétricos na rua Conselheiro João Alfredo com a
Boulevard Castilho França.
Fonte: Belém da Saudade (1998).
.

Para organizar as atividades e serviços realizados, a administração


municipal nomeou uma Comissão Arrumadora (Imagem 3) vinculada a Secção de
Obras, compostas por um agrimensor e um arrumador com a função de executar as
iniciativas de arborização das praças e ruas de Belém regulando o serviço de
limpeza pública (Imagem 4) com o objetivo de transmitir contínuos melhoramentos à
cidade que “permitiriam ao estrangeiro proclamar Belém a mais formosa e animada
capital do norte do país” com uma atenção especial para o cuidado da arborização
geral (MUNICÍPIO DE BELÉM, 1902, p. 108).
33

O Intendente afirma que “o serviço de arborização merece os maiores


cuidados do poder municipal” e recebeu atenção especial desde o primeiro dia de
governo. É citado que não apenas as praças e jardins seriam transformados em
grandes praças, as ruas mais largas (Imagem 5 e 6) também seriam beneficiadas
com a arborização (MUNICÍPIO DE BELÉM, 1902, p. 199).

Imagem 3 - Comissão Arrumadoura. Equipe destinada para o serviço de limpeza urbana.


Fonte: O município de Belém (1904).

Imagem 4 - Atividades de limpeza na Praça Batista Campos.


Fonte: O município de Belém (1904).
34

Nos relatórios, o Intendente descreve o auxilio da segurança pública para


o patrulhamento dos jardins e praças, tendo sido organizado “o corpo de guardas
municipais com o serviço diurno e noturno nas praças, sendo logo sensíveis os
resultados” (MUNICÍPIO DE BELÉM, 1902, p. 192). No volume seguinte do seu
relatório, afirma que as atividades de patrulhamento são feitas “com regular cuidado”
e que “tal medida evita de que alguns indivíduos mal inspirados lesem os efeitos
municipais”: as ações de vandalismo eram inadmitidas por Antônio Lemos
(MUNICÍPIO DE BELÉM, 1903, p. 170).

Imagem 5 - Avenida da Republica, depois passou a se chamar Avenida 15 de Agosto, atual Avenida
Presidente Vargas.
Fonte: Belém da Saudade (1998).

Imagem 6 - Avenida Índio do Brasil, atual Avenida Assis de Vasconcelos.


Fonte: Belém da Saudade (1998).
35

O relatório apresenta as atividades de manutenção desses espaços, já


que por naturalidade a vegetação urbana possui o seu ciclo próprio para a troca de
folhas, manutenção de galhos e outros. Lemos descreve que a “varredura das ruas,
praças, calçada e passeios eram de serviço noturno” na qual se utilizava “vassouras
mecânicas e ordinárias” (MUNICÍPIO DE BELÉM, 1904, p. 234-235).
O Intendente ressalta ainda a manutenção feita contra a invasão de
saúvas e a colaboração da população quanto ao “perfeito asseio” da cidade que em
outro momento já teria sido denominada “capital do lixo, pelo horrendo aspecto
imundo de seus pontos mais frequentados” (MUNICÍPIO DE BELÉM, 1906, p. 144).
Lemos afirma que “Belém é uma das cidades mais asseadas do Brasil [...] pelo
aspecto das praças, ruas e outros logradouros públicos” (MUNICÍPIO DE BELÉM,
1905, p. 165).
Com o falecimento do primeiro diretor de Parques e Jardins, Eduardo
Hass, o Intendente nomeia o seu ajudante, João Villarim, para o cargo, dando
continuidade às atividades de arborização e manutenção das ruas e praças da
capital, da mesma forma que foi executado pelo responsável anterior.

3.2. Caracterização das espécies vegetais e a ‘superioridade das Mangueiras’

Influenciadas por estas transformações urbanas que vinham ocorrendo na


Europa, e vendo nestas um modelo de civilização e progresso a ser seguido, a
intendência lemista e as elites locais trataram de colocar em marcha o seu próprio
projeto verdejante (AIROZA, 2008) para Belém do Pará. O ambiente era propício
para tal, tendo em vista que estava localizado em Belém o principal porto de
escoamento da borracha, produto cada vez mais demandado no mercado
internacional, devido ao processo de vulcanização, ao intensivo uso da bicicleta na
década de 1890, e a popularização do automóvel após 1900. Além disso, em âmbito
estadual, a capital paraense possuía o maior agrupamento de eleitores, uma
significativa renda anual proveniente de impostos sobre a propriedade e o comércio
e podia custear ampla gama de serviços públicos urbanos, cujos contratos podiam
ser passados a correligionários políticos (WEINSTEIN, 1993).
36

Dentro desta remodelação, Lemos fazia questão de evidenciar a ampla


arborização de espaços públicos. Dentre os fins a serem alcançados estava o
melhoramento estético, a salubridade pública e a amenização do clima. Este projeto
inseria-se principalmente no centro da cidade, lugar de circulação das mercadorias e
de seus proprietários, além de lazer da elite local (SARGES, 2000).
O centro da cidade passa a ser o principal palco da conservação e
ampliação dos espaços verdes públicos (Imagem 7), seja por meio de praças, seja
por meio da arborização de vias públicas (AIROZA, 2008). Até mesmo na inserção
da iluminação com lâmpadas de arco voltaico, descritos no relatório de Antônio
Lemos, observa-se a preocupação de planejamento coeso de modo que não viesse
a prejudicar as mangueiras implantadas durante a sua gestão (MUNICÍPIO DE
BELÉM, 1906, 1907).

Imagem 7 - Grande Hotel, localizado na Praça da República, atual localização do Hotel Hilton. Nota-
se a presença de mangueiras.
Fonte: Belém da Saudade (1998).

No relatório, há a especificação de ordem de Antônio Lemos quanto às


atividades do Horto Municipal com a recomendação para “o cultivo em grande
escala de mangueiras destinadas à arborização” em substituição às amendoeiras e
mutambeiras existentes (MUNICÍPIO DE BELÉM, 1902, p. 199). Lemos (1904, p.
241) segue afirmando que “torna-se mais rico esse departamento, pela grande
37

variedade e quantidade de arbustos e plantas, tanto pela arborização geral da


cidade, quanto para o embelezamento de jardins públicos”. O Intendente continua
descrevendo as atividades e investimentos ocorridos em sua gestão, além do
treinamento e capacitação de recursos humanos para a execução das atividades de
manutenção e corte de grama.
Ainda como item do relatório, há um destinado para a descrição das
atividades do Horto Municipal e Arborização. Antônio Lemos enfatiza a
importância dos relatos dessas atividades, pois “acompanhando os pregressos da
cidade, tem-se desenvolvido extraordinariamente o serviço de arborização”
(MUNICÍPIO DE BELÉM, 1903, p. 196), o qual, ao assumir o governo do município,
encontrava-se desprovido de elementos para uma atividade eficiente. Lemos cita a
sua excelente ideia para a criação do Horto Municipal, na qual deu os necessários
elementos para “ficar habilitado a suprir o grande número de arvores que carecem
as ruas, avenidas e praças da capital” (MUNICÍPIO DE BELÉM, 1902, p. 199).
No primeiro volume do relatório, Antônio Lemos faz uma breve descrição
do motivo da escolha da mangueira para a arborização dos espaços: ele afirma
estar “convencido da superioridade da mangueira”, pois esta “desenvolve-se com
rapidez, cresce a alturas consideráveis e esgalha com regularidade”, além de
agregar “uma folhagem densa e constantemente renovada sendo sua sombra ampla
e perfeita” (MUNICÍPIO DE BELÉM, 1902, p. 200).
No volume seguinte o Intendente completa afirmando que os espessos
galhos da arborização formam “altas e majestosas abóbadas, impenetráveis ao sol,
para abrigo dos munícipes”, reafirmando a escolha das mangueiras por suas “belas
ramadas e copas”, asseverando ter muito orgulho da seleção da espécie e do que
até então havia sido feito (MUNICÍPIO DE BELÉM, 1903, p. 171).

3.3. Arborização urbana e os significados emergentes

Verifica-se a iniciativa e reconhecimento quanto ao melhoramento para o


“recreio, o bem estar e a saúde dos munícipes” no primeiro volume do relatório
apresentado ao Conselho Municipal de Belém. No documento, Lemos nomeia uma
“comissão de profissionais habilitados para apresentar um plano geral de
38

embelezamento” de Belém. No mesmo relatório, descreve as primeiras intervenções


de ajardinamento e embelezamento com as ações na Praça Frei Caetano Brandão,
os melhoramentos para a Praça Saldanha Marinho, as ações para a Praça
Independência e intervenções de arborização também na Praça da Trindade com a
execução de um “projeto elegante”, o reajardinamento para a Praça Batista Campos
onde seria um dos “pontos públicos de maior beleza” e a substituição da “antiga
arborização da Praça do Carmo por mangueiras” (MUNICÍPIO DE BELÉM, 1902, p.
178-189).
No corpo do relatório, observa-se um item especifico para a descrição das
atividades denominada como Jardins, Parques e Praças com o detalhamento da
situação desses espaços, com uma descrição do panorama das áreas:

achavam-se ajardinadas apenas a Praça da República, Sant’Anna e


Visconde do Rio Branco e parcialmente as de Batista Campos e
Independência. Todas, entretanto, necessitavam de grandes serviços de
conservação e ampliação, no sentido de seu melhoramento estético. [...]
Outras praças e logradouros públicos, não ajardinados e nem arborizados,
apresentavam aspecto que nada tinha de agradável (MUNICÍPIO DE
BELÉM, 1902, p. 178).

No relatório observa-se a atenção especial dada a importância o processo


de arborização pelo Intendente quando ele afirma que:

nossos jardins urbanos tornaram-se desde logo objeto dos mais atentos
cuidados. Em virtude do plano administrativo [...] esses jardins, serão, d’aqui
a poucos anos, magníficos parques, prestando aos habitantes da cidade um
grato refrigério [...] com vantagens para a conveniência pública e a
economia municipal [...] porque o processo que preconizo é de
consideráveis vantagens para a higiene. Muito tem a lucrar a saúde pública,
por meio do estabelecimento, em larga escala, de grandes núcleos de
vegetação, no próprio coração da cidade (MUNICÍPIO DE BELÉM, 1902, p.
178-179).

Antônio Lemos, em seus relatórios, descreve todas as melhorias


ocorridas nas praças e ruas de Belém em sua gestão. Pode-se generalizar as ações
e intervenções quanto ao processo de arborização desses espaços pela
necessidade estética, fazendo intensivo uso de mangueiras, eucaliptos e outras
39

árvores, “as quais com o passar do tempo maior sombra produzirão” (Imagem 8). O
Intendente enfatiza o reajardinamento desses espaços com “triunfal vegetação, que
é a nota predominante dos belos logradouros paraenses” além da troca “da antiga
arborização sendo substituída por mangueiras” (MUNICÍPIO DE BELÉM, 1902, p.
180-188).

Imagem 8 - Procissão do Círio de Nazaré, percurso pela Avenida 15 de Agosto, atual Avenida
Presidente Vargas. Nota-se a população posicionada sob as árvores.
Fonte: Belém da Saudade (1998).

Nos sete volumes dos relatórios de Antônio Lemos apresentados ao


Conselho Municipal de Belém, inclui-se a Praça Independência (atual Praça D.
Pedro II), Praça República, Praça Batista Campos, Praça Frei Caetano Brandão,
Praça Visconde do Rio Branco, Praça da Trindade, Praça do Carmo, Praça
Nazareth, Praça Saldanha Marinho (atual Praça da Bandeira), Praça Floriano
Peixoto, Praça Sant’Anna (Atual Praça Maranhão), Praça São José (atual Praça
Amazonas), Praça do Rosário, Praça São João, Praça Santo Antônio (atual Praça D.
Macedo Costa), Parque Affonso Penna (entrada da Rua João Alfredo), Jardim
Prudente de Moraes (atual Praça Felipe Patroni) (de acordo com o mapa 2)
(MUNICÍPIO DE BELÉM; 1902, 1903, 1904, 1905, 1906, 1907, 1908) (SOARES,
2009).
40

Lemos continua descrevendo que as ações nessas áreas apesar de


ocorrerem por um curto tempo, notava-se “com orgulho a rapidez com que a
população se habituou a respeitar esses formosos logradouros”. Sua observação
atentava para a não existência de letreiros e placas informativas existentes nos
jardins públicos de outras cidades e países, além das grades e redes metálicas
(MUNICÍPIO DE BELÉM, 1902, p. 191).
O Intendente faz uma descrição quanto ao uso desses espaços da cidade
que sofreram sua intervenção urbanística, ao afirmar que esses locais “oferecem à
população refrigério, frescura, tranquilidade nas horas mais calmosas do dia”. As
suas afirmações não se restringem somente às horas de calor da capital, “à noite
são um inestimável encanto, com sua profusa iluminação, parecem verdadeiros
cenários de mágicas estonteadoras” (MUNICÍPIO DE BELÉM, 1903, p. 171). Lemos
visualiza que a ampliação da arborização urbana proporciona o “bem estar, o
recreio, a higiene e saúde dos habitantes de Belém” e ressalta a sua satisfação de
uso desses espaços pelos munícipes (Imagem 9) (MUNICÍPIO DE BELÉM, 1904, p.
216).

Imagem 9 - Um trecho da Praça da República com usuários sentados nos bancos.


Fonte: O Município de Belém (1904).
41

Antônio Lemos sempre reafirma, em todos os volumes do seu relatório, o


habitual esmero e a máxima atenção para os planos de arborização e ajardinamento
dos espaços públicos. Nos relatos há o detalhamento das ruas que foram
beneficiados com as mangueiras onde também há a especificação da quantidade de
árvores que cada perímetro recebeu. Lemos afirma que anterior à sua gestão a
arborização urbana “se limitava as Avenidas São José (atual 16 de Novembro), São
Jerônimo (atual Governador José Malcher) e Nazareth” e que antes da sua gestão a
arborização se estendia até o Marco da Légua (MUNICÍPIO DE BELÉM, 1903, p.
243). O relatório de 1903 descreve a substituição das magnólias do Japão existentes
na Avenida Generalíssimo Deodoro por mangueiras, além das realizadas na
Avenida São João (atual Senador Lemos), a partir da Doca de Souza Franco, até o
ponto terminal próximo do bairro do Una, as execuções na Travessa do Curro, a
substituição das poncianas por mangueiras no Largo do Carmo, os transplantes da
Rua Tamoios, na Avenida Liberdade (atual Osvaldo Cruz), Praça da República, a
substituição das mangubeiras da Almirante Tamandaré por mangueiras, na Avenida
22 de Junho (atual Alcindo Cacela) (MUNICÍPIO DE BELÉM, 1903).
Atualmente verifica-se a alteração dos nomes atribuídos a algumas
praças e ruas, além das mudanças de caráter estrutural com a alteração das
edificações existentes durante a gestão do Intendente. Essas ruas, travessas e
avenidas atualmente se concentram nos bairros de Nazaré, Reduto, Batista
Campos, Cremação, Cidade Velha, Umarizal, São Braz e Jurunas. No ano de 1905,
Belém estava dividida em 47 ruas, 52 travessas, 15 estradas, 1 boulevard, 6 praças,
10 largos e 3 avenidas (MUNICÍPIO DE BELÉM, 1905), dois anos mais tarde
(MUNICÍPIO DE BELÉM, 1907) a quantidade de ruas aumentou para 105 e de
praças para 22 (CRUZ, 1970).
Desse modo, o roteiro de execução da proposta de arborização de
Antônio Lemos (conforme o mapa) situa-se a partir da Avenida Generalissímo
Deodoro, a Avenida São João (atual Senador Lemos) até as proximidades do bairro
do Una, a Travessa do Curro, Coronel Luiz Bentes e Magno de Araujo, a Rua dos
Tamoios, a Avenida da Liberdade (atual Osvaldo Cruz), a Avenida Tamandaré, a
Avenida 22 de Junho (atual Alcindo Cacela), a Travessa 9 de Janeiro, as Ruas São
Miguel e Conceição, o Boulevard da Republica (atual Castilho França), a Avenida 16
de Novembro, a Rua João Diogo, Demétrio Ribeiro (atual Joaquim Távora),
Travessa São Matheus (atual Padre Eutíquio), Rua Mundurucus, Rua Padre
42

Prudencio (atual Presidente Pernambuco), Avenida Serzedelo Correa, Avenida


Conselheiro Furtado, Rua Arcipreste Manoel Teodoro, 15 de Novembro e João
Alfredo, Travessa Gama Abreu, Avenida Índio do Brasil (atual Assis de
Vasconcelos), Rua Riachuelo, Avenida Nazaré, Travessa Dr. Moraes, Benjamim
Constant, Quintino Bocaiúva, Avenidas Gentil Bittencourt, São Jerônimo (atual Gov.
José Malcher), São Bras (atual Braz de Aguiar), São José (16 de novembro),
Travessa Eduardo Wandenkolk (atual Almirante Wandenkolk), 14 de março,
Generalíssimo Deodoro, Antônio Barreto, Oliveira Belo, 9 de Janeiro, 3 de Maio,
Tomázia Perdigão, Avenida Independência (atual Magalhães Barata), Avenida Tito
Franco (atual Almirante Barroso), Travessa Jerônimo Pimentel, Travessa Dom
Pedro, Rua Curuça (conforme o mapa 3). (CRUZ, 1970).
43

Mapa 2 - Praças arborizadas durante a gestão de Antônio Lemos.


Fonte: CODEM (2012).
44

Mapa 3 - Ruas arborizadas durante a gestão de Antônio Lemos.


Fonte: CODEM (2012).
45

4 - BELÉM E A ARBORIZAÇÃO URBANA: AS AÇÕES DA ADMINISTRAÇÃO


PÚBLICA NA CIDADE ATUAL

Até 1996 o município de Belém, principalmente no que se refere à gestão


governamental, não possuía uma política ambiental integrada, nem possuía uma
Secretaria de Meio Ambiente. A Prefeitura Municipal de Belém inicia os trabalhos
envolvendo a questão mais diretamente a partir de 1994, quando foi criada pela lei
municipal nº 7.700, de 06 de maio do mesmo ano, a Fundação Bosque, Praças,
Parques e Jardins do Município de Belém - FUNVERDE. Após quatro meses de sua
criação, esta foi modificada pela lei municipal nº 7.729 de 09 de setembro de 1994,
passando a ser denominada Fundação de Parques e Áreas Verdes de Belém. Em
2000, na primeira gestão do ex-prefeito Edmilson Rodrigues a FUNVERDE passou a
ser o órgão central da política pública ambiental para Belém.
Em 2003, a fundação foi extinta e institui-se a Secretaria Municipal de
Meio Ambiente - SEMMA, criada pela Lei n° 8.233 de 31 de janeiro, órgão da
Administração Pública direta, representante no Município de Belém, do Sistema
Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA, nos termos do art. 6º e inciso VI, da Lei
Federal nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. A proposta da criação da secretaria tem
como objetivo:

a definição e gerenciamento da política municipal de meio ambiente, tendo


em vista não comprometer as funções sócio-ambientais do município e
proteger os ecossistemas no espaço territorial municipal, buscando sua
conservação e, quando degradadas, sua recuperação (PREFEITURA DE
BELEM, 2003, não paginado).

A SEMMA, em comparação com a FUNVERDE, amplia sua atividade na


questão ambiental urbana de Belém propondo consolidar a Política Municipal de
Meio Ambiente, que consiste em cadastrar, licenciar, monitorar e fiscalizar condutas,
processos e obras que possam causar degradação da qualidade ambiental; garantir
a participação da comunidade no processo de gestão; estimular e realizar o
desenvolvimento de estudos e pesquisas de caráter científico, tecnológico, cultural e
educativo, objetivando a produção de conhecimento e a difusão de uma consciência
46

de preservação ambiental (PREFEITURA DE BELÉM, 2003). Desse modo, as ações


da SEMMA são mais abrangentes em comparação com a extinta fundação.

4.1. As políticas públicas da SEMMA para a arborização urbana de Belém

4.1.1. O Plano Municipal de Arborização

A Lei 8.909, aprovada em 29 de março de 2012, legitima o projeto de lei


do Plano Municipal de Arborização Urbana de Belém (PMAB). Belém se torna a
primeira cidade do Pará e a oitava capital brasileira a ter o plano transformado em
lei. Foi elaborado por um grupo de 11 membros representantes de instituições
públicas e privadas. O PMAB está previsto no Plano Diretor de Belém e faz parte do
Sistema de Áreas Verdes da Cidade.
O Plano Municipal de Arborização Urbana de Belém – PMAB emerge
como um instrumento de planejamento municipal para a implantação de política de
preservação, manejo e expansão da arborização urbana no Município. A
coordenação e execução do PMAB ficarão a cargo da Secretaria Municipal de Meio
Ambiente - SEMMA. O plano tem como princípios fundamentais para a execução da
política Urbana de Belém, instituídos pela Lei nº 8.655, de 30 de julho de 2008 o
exercício da unção social da cidade e da propriedade urbana, a qual comporta o
direito à preservação do patrimônio ambiental e cultural do município e que deve
levar em conta o respeito ao direito de vizinhança, a segurança do patrimônio
público e privado, a preservação e recuperação do ambiente natural e construído;
valores relacionados a sustentabilidade, que consiste no desenvolvimento local
socialmente justo, ambientalmente equilibrado, economicamente viável,
culturalmente diversificado, política e institucionalmente democrático e a execução
de uma gestão democrática, garantindo a participação da população em todas as
decisões de interesse público por meio do acompanhamento de planos, programas e
projetos de desenvolvimento urbano.
Pode-se enumerar como objetivos do plano estabelecer as diretrizes de
planejamento, diagnóstico, implantação e manejo permanentes da arborização de
47

espaços públicos no tecido urbano; monitorar a quantidade, qualidade,


acessibilidade, oferta e distribuição de espaços livres e áreas verdes no tecido
urbano; utilizar a arborização na revitalização de espaços urbanos e seus elementos
visuais; implantar e manter a arborização como instrumento de desenvolvimento
urbano, qualidade de vida e equilíbrio ambiental; definir um conjunto de indicadores
de planejamento e gestão ambiental de áreas urbanas e unidades de planejamento,
por meio de cadastro georreferenciado dos espaços livres; estabelecer critérios de
distribuição e dimensionamento da arborização nas unidades de planejamento, por
meio de diferentes escalas e funções do sistema de espaços livres; estabelecer
critérios de acompanhamento e fiscalização dos órgãos e entidades públicas,
agentes da iniciativa privada e sociedade civil nas atividades que exerçam com
reflexos na arborização urbana pública; integrar e envolver a sociedade, com vistas
à manutenção e à conservação da arborização urbana pública e orientar o manejo
da arborização urbana, através de cursos, palestras e atividades afins, sempre
direcionados ao âmbito cultural, ambiental, turístico e paisagístico. Dessa forma,
estabelece-se como procedimento do PMAB o estabelecimento de programas de
arborização, através de projetos que contemplem as características e peculiaridades
do Município; a execução e manutenção atualizada do inventário da arborização
urbana de Belém; promover a implantação e a manutenção da arborização nos
espaços públicos destinados a lazer e contemplação; adequar os projetos de
arborização à estrutura viária existente, levando em consideração suas
características de uso e ocupação; planejar a arborização conjuntamente com as
instituições públicas e privadas responsáveis pelos projetos de implantação e
ampliação da infraestrutura urbana; planejar a arborização como elemento
fundamental para melhoria da qualidade ambiental e da valorização paisagística dos
conjuntos urbanos como uma estratégia de desenvolvimento econômico;
compatibilizar e integrar os projetos de arborização urbana com os conjuntos
arquitetônicos, bens móveis e imóveis tombados ou de interesse à preservação;
compatibilizar e integrar os projetos de arborização de vias com a sinalização de
trânsito, iluminação pública e redes de distribuição e demais equipamentos urbanos;
observar as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT quanto
aos critérios de acessibilidade em áreas públicas; estabelecer critérios para a
atração da avifauna na arborização de logradouros públicos; promover programas e
parcerias com a comunidade científica e tecnológica objetivando a sensibilização e
48

educação ambiental da comunidade, para a formação de agentes multiplicadores


visando à conservação da arborização urbana. Para isso, o plano priorizar os
procedimentos preventivos em relação às árvores urbanas considerando os
objetivos e diretrizes estabelecidos para o zoneamento do Município na definição do
planejamento para a execução dos programas e ações.
Assim, foram criados critérios em medidas como forma de
instrumentalização do PMAB, além de um Manual de Orientação Técnica que serve
como um norte de como lidar com a arborização da cidade. A Secretaria Municipal
de Meio Ambiente - SEMMA deverá coordenar a elaboração do Manual de
Orientação Técnica da Arborização Urbana de Belém, em regime de cooperação
técnica com instituições de ensino, pesquisa e extensão e órgãos de fomento e
assistência técnica, que estabelecerá os critérios e normas técnicas, cabendo ao
mesmo estabelecer as orientações e procedimentos técnicos para implantação,
manejo e manutenção da arborização urbana no Município; disciplinar os serviços
de qualquer ordem a serem executados em árvores e demais plantas ornamentais
em logradouros públicos e espaços privados de uso público. Na arborização urbana
devem ser utilizadas, predominantemente, espécies nativas da Amazônia
adequadas a cada situação específica, com vistas a promover a biodiversidade.
As mangueiras (Mangifera indica L.), nos termos da Lei Ordinária
Municipal nº 7.019 de 16 de dezembro de 1976, e as sumaumeiras (Ceiba pentandra
L.) existentes nas áreas públicas, legalmente instituídas como patrimônio histórico
nos termos da Lei Ordinária nº 7.709 de 18 de maio de 1994, receberão tratamento
diferenciado em função de sua importância sociocultural, conforme especificado no
Manual de Orientação Técnica da Arborização Urbana de Belém. Faz-se a
observação quanto ao Ficus benjamina L., onde serão erradicados da arborização
em cumprimento a Lei Ordinária nº 8.596 de 25 de junho de 2007. As normas e
procedimentos técnicos definidos no Manual de Orientação Técnica da Arborização
Urbana de Belém deverão ser cumpridos pelos órgãos e entidades públicas, agentes
da iniciativa privada e sociedade civil, cujas atividades exercidas tenham reflexos na
arborização urbana. Os projetos viários, que contemplem canteiros centrais de
avenidas e ruas projetadas a serem executados no Município, deverão considerar a
preparação diferenciada entre o leito carroçável e a área de plantio, atendendo as
especificações técnicas definidas no Manual de Orientação Técnica da Arborização
Urbana de Belém.
49

A Secretaria Municipal de Meio Ambiente - SEMMA estabelecerá os


procedimentos a serem adotados para a emissão de autorização sobre serviços
referentes à arborização urbana. Na execução de projetos e serviços de expansão,
manutenção e substituição de infraestrutura urbana, deverão ser estabelecidos
procedimentos formais de comunicação entre órgãos e entidades públicas, agentes
da iniciativa privada e sociedade civil, de modo a conservar a arborização existente.
Os plantios em passeios públicos executados por agentes públicos ou privados,
somente poderão ser realizados nas seguintes condições, consideradas
cumulativamente: quando a via possuir infraestrutura mínima definida atendendo o
estabelecido no Manual de Orientação Técnica da Arborização Urbana de Belém e
autorização obrigatória a ser expedida pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente -
SEMMA.
Paralelamente a implantação do PMAB e a operacionalização do
Manual de Orientação Técnica, fica criado o Programa de Implantação e Manejo da
Arborização Pública do Município a ser elaborado, executado e implantado pela
Secretaria Municipal de Meio Ambiente-SEMMA em parceria com a sociedade civil e
agentes da iniciativa privada, mantendo o Departamento de Áreas Verdes Públicas,
ou aquele que lhe substituir, o qual será responsável por estabelecer um programa
de coleta de sementes de diversas espécies para abastecer o banco de sementes,
identificando e cadastrando árvores-matrizes; organizar um programa de produção
de mudas, dentro dos padrões técnicos adequados para plantio em áreas públicas;
implantar uma estrutura para formar o banco de sementes, com câmaras de
armazenamento, segundo orientações técnicas; realizar a distribuição de sementes
e mudas de espécies aptas à arborização urbana e planejar e executar o plantio das
espécies arbóreas e arbustivas em áreas públicas atendendo as especificações
técnicas, definidas no Manual de Orientação Técnica da Arborização Urbana de
Belém.
Para isso, é estabelecido um Plano de Manejo que tem como
direcionamento unificar a metodologia de trabalho nos diferentes setores da
Secretaria Municipal de Meio Ambiente - SEMMA, quanto ao manejo a ser aplicado
na arborização do Município; realizar o inventário quali-quantitativo da arborização
de áreas públicas do Município, na forma de cadastro informatizado e
georeferenciado e mantê-lo permanentemente atualizado e integrado ao Sistema de
Informações Municipais de Belém - SIB; identificar, com base no inventário, a
50

ocorrência de espécies indesejadas na arborização urbana, seja por características


intrínsecas, seja em razão da localização no logradouro público, e definir
metodologia de manutenção ou de substituição gradual; identificar áreas potenciais
para novos plantios, priorizando o adensamento em setores menos arborizados do
Município, indivíduos afetados sob os aspectos fitossanitário, ocacidade e
desequilíbrio, buscando alternativas para recuperação ou sua substituição além de
dimensionar equipes e equipamentos necessários para o manejo da arborização
urbana.
A Secretaria Municipal de Meio Ambiente - SEMMA deverá planejar e
executar sistematicamente o manejo da arborização pública urbana do Município.
Serão realizadas vistorias técnicas periódicas e sistemáticas após o plantio das
árvores e na realização dos trabalhos de manejo e reposição de árvores pré-
existentes, tanto para as ações de condução, como para reparos de danos
porventura detectados. O sistema radicular das árvores será mantido íntegro, salvo
quando houver necessidade de poda comprovada por laudo técnico emitido por
profissional legalmente habilitado e executada pela Secretaria Municipal de Meio
Ambiente - SEMMA. A supressão, a poda e o transplante de árvores localizadas em
áreas públicas deverão obedecer às orientações técnicas pertinentes, conforme
estabelecido no Manual de Orientação Técnica da Arborização Urbana de Belém.
A SEMMA poderá eliminar, a critério técnico, as mudas estabelecidas
por regeneração natural ou indevidamente plantadas nas áreas públicas em
desacordo com este Plano. Em conjunto com as empresas concessionárias dos
serviços públicos, promoverá a capacitação permanente dos funcionários e
colaboradores vinculados à implantação, manutenção e conservação da arborização
no Município. Os trabalhos de poda nas árvores plantadas em áreas públicas serão
executados pela secretaria por outras instituições públicas e particulares
credenciadas ou conveniadas, no caso da execução da poda por outras instituições
públicas e privadas credenciadas ou conveniadas, a SEMMA autorizará e
supervisionará o serviço, que será executado de acordo com o Manual de
Orientação Técnica da Arborização Urbana de Belém.
Os transplantes de árvores adultas ou em desenvolvimento em áreas
públicas, deverão ser realizados pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente -
SEMMA ou por outras instituições públicas e privadas credenciadas ou conveniadas.
No caso da realização de transplantes por outras instituições públicas e privadas
51

credenciadas ou conveniadas, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente - SEMMA


deverá autorizar e supervisionar o serviço, que será executado de acordo com o
Manual de Orientação Técnica da Arborização Urbana de Belém. O período mínimo
de acompanhamento técnico da árvore transplantada será de dezoito meses,
devendo ser apresentado relatório pelo técnico responsável e os locais de origem e
destino da árvore transplantada deverão permanecer em condições adequadas após
o transplante, cabendo ao responsável pelo procedimento, a sua reparação e/ou
reposição, em caso de danos decorrentes da operação.
A Secretaria Municipal de Meio Ambiente - SEMMA deverá coordenar,
desenvolver e viabilizar recursos para o Programa de Pesquisa, Fomento e
Assistência Técnica. Para a execução deste programa a SEMMA viabilizará
parcerias técnico-científica e financeira com instituições públicas e privadas, por
meio do estabelecimento de instrumentos legais, para o desenvolvimento de
projetos sobre a arborização urbana. Como forma de penalizar as agressões
voltadas para a arborização da cidade constituem infrações, punidas com sanções
administrativas que objetiva suprimir, destruir, danificar, lesar ou maltratar, por
qualquer modo ou meio, árvores e arbustos, localizados em áreas públicas ou
realiza serviço de qualquer ordem em árvores e arbustos, localizados em áreas
públicas sem permissão, autorização ou licença da Secretaria Municipal de Meio
Ambiente - SEMMA ou em desconformidade com o Manual de Orientação Técnica
da Arborização Urbana de Belém quando da autorização já expedida pelo referido
órgão.
Será responsável pela infração o agente público ou privado que a
cometer, incentivar a sua prática ou dela se beneficiar, considerando-se causa a
ação ou omissão, sem a qual a infração não teria ocorrido, excetuando-se a
decorrente de força maior ou de fatos naturais imprevisíveis, cometidas,
concomitantemente, duas ou mais infrações, aplicar-se-á a pena correspondente a
cada uma delas além da penalidade aplicada, o infrator será obrigado a reparar a
falta cometida e suas consequências, por meio de mecanismos de compensação,
atendendo aos dispositivos do Plano.
Comprovado o dano, mediante laudo técnico expedido por servidor
efetivo devidamente habilitado para o exercício da profissão, é dever da Secretaria
Municipal de Meio Ambiente - SEMMA informar oficialmente aos responsáveis pela
apuração civil e criminal da infração cometida, quer seja o Ministério Público do
52

Estado - MPE e a Delegacia Especializada de Meio Ambiente - DEMA, ou outra que


vier a lhe substituir. As infrações classificam-se em: leves - aquelas em que o infrator
seja beneficiado por circunstância atenuante; graves - aquelas em que for verificada
uma circunstância agravante; gravíssimas - aquelas em que seja verificada a
existência de duas ou mais circunstâncias agravantes.
Para a imposição da pena e sua gradação, a autoridade Municipal
observará as circunstâncias atenuantes e agravantes, a gravidade do fato, tendo em
vista as suas consequências para a saúde pública e para o meio ambiente e os
antecedentes do infrator quanto às normas em vigor. Além da responsabilidade civil
e criminal, os infratores dos dispositivos deste Plano, pessoas físicas ou jurídicas,
responderão pelas seguintes sanções administrativas, além daquelas também
previstas no Decreto Federal nº 6.514 de 22 de Julho de 2008 e suas alterações
posteriores como advertência por escrito; multa de R$ 1.000,00 (um mil reais) a R$
10.000,00 (dez mil reais), aplicada em dobro, em caso de reincidência; multa com os
seguintes valores no caso de supressão ou erradicação do vegetal, aplicada em
dobro em caso de reincidência; multa entre os valores de R$ 1.000,00 (um mil reais)
a R$ 10.000,00 (dez mil reais), por árvore suprimida, sem permissão, autorização ou
licença da Secretaria Municipal de Meio Ambiente – SEMMA.
A implantação do Plano Municipal da Arborização Urbana de Belém -
PMAB ficará a cargo da Secretaria Municipal de Meio Ambiente - SEMMA, nas
questões relativas à elaboração, análise e execução de projetos e planos de manejo
da arborização urbana. O Plano Municipal da Arborização Urbana de Belém - PMAB
deverá ser revisto a cada dez anos, ou a qualquer tempo conforme determinação do
Conselho de Meio Ambiente mediante aprovação majoritária dos membros
constituintes. A SEMMA deverá definir os procedimentos técnicos e administrativos
referentes à expedição de autorização, aplicação das infrações, sanções
administrativas, compensações e deverá elaborar os programas e ações referentes
a este plano. A Secretaria Municipal de Meio Ambiente - SEMMA deverá coordenar
a elaboração do Manual de Orientação Técnica da Arborização Urbana de Belém,
que estabelecerá as orientações e procedimentos técnicos para implantação,
manejo e manutenção da arborização urbana no Município.
53

4.2. A adequação da espécie para a realidade da cidade

A arborização de grandes centros urbanos é fundamental para a garantia


da qualidade de vida. Pode-se enumerar uma série de benefícios como a sombra,
amenização de altas temperaturas, além de se prestar à reconstituição de ambientes
naturais degradados. Mas apenas o plantio de árvores não representa um projeto de
arborização. É necessário que sejam observadas as particularidades da cidade na
qual se pretende realizá-lo, as presentes condições de cada bairro, ruas e calçadas
e ainda a fiação elétrica. Devido às atuais configurações dos centros urbanos, é
preciso também que sejam feitos estudos preliminares de qual espécie pode se
adequar melhor ao espaço proposto.
O uso da mangueira (Mangifera indica L.) de maneira frequente é datado
desde o final do século XIX. Ao contrário do que muitos que têm afeto pela árvore
podem pensar, essa não é uma espécie nativa, as mangueiras são de origem
indiana e de acordo com recentes estudos que verificam a adequação de espécies
vegetais para uso em centros urbanos, não são adequadas para arborização em
calçadas por possuir um sistema radicular muito agressivo que podem danifica-las,
além dos frutos que são muito pesados podendo causar uma série de danos a
veículos e pedestres (MECEDO; SAKATA, 2002). Contudo, observa-se uma grande
resistência por parte da população quando se fala nas mangueiras por fazer parte da
história da cidade, estarem presentes na paisagem das áreas centrais e
consequentemente, a população possuir afeto pela espécie: aquele túnel de
mangueiras formado na calçada ao lado do Teatro da Paz é algo singular [...]. Não
consigo imaginar Belém sem elas1. A sensação que eu tenho é de que ela dá
abrigo2.

____________________
1
Entrevistado 022. Entrevista concedida no período de 09 a 12/08/2012.
2
Entrevistado 012. Entrevista concedida no período de 09 a 12/08/2012.
54

Levando em consideração todo o caráter histórico do processo de


arborização da cidade e uso das mangueiras, em 18 de maio de 1994 foi publicada a
Lei 7.709 (Lei do Patrimônio Histórico) que insere essas árvores como elementos
que integram o patrimônio histórico e ambiental da cidade (Art. 52) (Imagem 10).

Imagem 10 - Praça da República e Teatro da Paz, composto pelas mangueiras que são tombadas
como patrimônio histórico e ambiental da cidade.
Fonte: C. Fiel (2012).

É necessário levar em conta os aspectos técnicos, considerando as


características (evitar aquelas que produzam qualquer tipo de substância tóxica,
espécies com presença de espinhos no tronco, não possuam frutos grandes, ser
resistente a pragas e doenças, possuir dimensão da copa que não extrapole o limite
físico do local e o uso de espécies que reúnem características morfológicas
adaptadas para combater a poluição nos grandes centros) e do local a ser
implantado (considerar o tipo de rua a ser arborizada, espaço disponível, fiação
aérea, iluminação pública, a localização da rede de drenagem pluvial e da rede de
esgoto e de outros serviços urbanos, bem como a largura da calçada e afastamento
55

mínimo nas edificações) (MARTINS, 1994): só é ruim quando começa a dar [cair]
manga. Quando dá vento as mangas começam a cair nos carros, na cabeça de
quem passa3.
Planejar a arborização de Belém é diferente de planejar a de São Paulo
ou a de Porto Alegre. Belém é uma cidade que na maior parte do ano possui
elevadas temperaturas, então deve-se dar preferência ao uso de espécies que
produzam sombra, não sendo adequado para a cidade espécies de palmeiras, por
exemplo, por não proporcionam amplo sombreamento (COSTA, HIGUCHI; 1999): dá
gosto da gente andar numa rua bonita, cheia de árvores [...]. Fica aquele ambiente
fresquinho, a gente não fica suado4.
Atualmente, o Museu Paraense Emílio Goeldi – MPEG, desenvolve
pesquisas com mais de 170 espécies, entre nativas, introduzidas e exóticas, para
analisar quais delas são as mais adequadas para o uso na arborização de vias em
Belém. Observam-se características como porte (altura, diâmetro), volume da copa,
floração, folhagem, se produz frutos comestíveis, em quanto tempo ela cresce,
fitossanidade (se ela é suscetível a doenças), tamanho da folha, caducifolia (perda
de folhas durante parte do ano), intensidade de frutificação, peso do fruto, sistema
radicular e longevidade. Alguns resultados afirmam que não é interessante ter uma
árvore que em determinada parte do ano perca as folhas e por um período não
proporcione sombra, nem espécies que tenham frutos muito pesados, que ao caírem
podem atingir pessoas e veículos, ou folhas muito grandes que entopem esgotos e
bueiros. De acordo com essas características, o MPEG atribuiu uma classificação

____________________
3
Entrevistado 008. Entrevista concedida no período de 09 a 12/08/2012.
4
Entrevistado 002. Entrevista concedida no período de 09 a 12/08/2012.
56

para as que mais se ajustassem a arborização de vias públicas sob fiação elétrica e
assim fez um ranking das espécies. O pau-preto (Cenostigma tocantinum) está entre
as espécies que seriam indicadas para o plantio em Belém (MUSEU PARAENSE
EMILIO GOELDI, 2011) (Imagem 11).

Imagem 11 - Pau-Preto (Cenostigma tocantium). Uma das espécie mais adequada para arborização
urbana.
Fonte: Arborização de vias públicas: Ambiente x vegetação (2001).

Um detalhe importante que precisa ser avaliado para se plantar árvores


na cidade é a fiação elétrica. Os galhos podem causar problemas aos fios se não
forem adequadamente podados. Por conseguinte, o serviço de energia elétrica
precisará ser interrompido para as devidas reparações: eles [empresa responsável
pela retirada dos galhos] vêm aqui e tiram os galhos por causa dos fios. Se o galho
fica aí ele cai no fio e deixa todo mundo sem energia5. Eu só queria que eles
tivessem mais cuidado6.
Para que isso não ocorra é importante observar como a arborização está
sendo feita em praças ou bosques, onde se deve observar o porte das árvores, a
____________________
5
Entrevistado 002. Entrevista concedida no período de 09 a 12/08/2012.
6
Entrevistado 003. Entrevista concedida no período de 09 a 12/08/2012.
57

dimensão das vias e calçadas e se ficará sob a rede elétrica. A manutenção das
árvores e a poda também são fundamentais para que o projeto de arborização
urbana se conserve, o corte dos galhos não pode ser feito de qualquer maneira
(MILANO; DALCIN, 2000) (Imagem 12):

A minha única reclamação é que eles cortam muito a árvore, chega dá


7
pena, aqui [a rua] já não tem sombra e a pouca que tem eles tiram . Eles
fazem uns cortes que deixam a árvore toda torta, cheia de buraco, acho que
8
é por isso que ela [a arvore] cai .

Imagem 12 - Travessa Castelo Branco. Poda realizada na mangueira visando unicamente a


passagem da rede aérea.
Fonte: C. Fiel (2012).

Uma das soluções apontadas por Ferreira (2004) para que haja um
esclarecimento e uma compreensão sobre tema da arborização de Belém é a de

____________________
7
Entrevistado 004. Entrevista concedida no período de 09 a 12/08/2012.
8
Entrevistado 024. Entrevista concedida no período de 09 a 12/08/2012.
58

que o assunto seja debatido e que se estabeleça um diálogo entre sociedade, a


empresa responsável pelo fornecimento de energia elétrica e podas das árvores da
cidade, a secretaria municipal de meio ambiente e instituições de pesquisa.

Arborizar um logradouro não é algo simples, é necessário planejamento,


creio que a Prefeitura deva ter técnicos especializados para isso. Com
relação à Praça da República especificamente não vejo razão para se
ampliar o seu projeto paisagístico, talvez aperfeiçoá-lo, não devemos
transformar uma praça numa floresta, em tudo é preciso equilíbrio. No
9
mais, é cuidar do que lá já está .

As atuais ações da SEMMA quanto à arborização da cidade levam em


consideração as adequações aos perímetros e a necessidade de manutenção e
preservação das mangueiras. Observando as atuais características da infraestrutura
urbana da cidade (ruas, tubulações, fiação, postes e área construída), as ações da
SEMMA, quanto ao uso de espécies, tem dado preferência ao uso de vegetais
nativos da região amazônica compatíveis com as áreas (PREFEITURA DE BELÉM,
2012).

____________________
9
Entrevistado 022. Entrevista concedida no período de 09 a 12/08/2012.
59

5 - DIÁLOGO ENTRE TEMPOS: A BELÉM DE ANTÔNIO LEMOS E A BELÉM


ATUAL

5.1. As transformações da legislação e as transformações da cidade

A partir do final do século XIX, Belém foi marcada por significativas


transformações na sua estrutura urbana quando a cidade adequou-se as
necessidades de uma classe com maiores condições econômicas. Belém possuía
uma relação permanente com a natureza e a cidade, mesmo passando por uma
série de transformações, conservou a sua “vocação hídrico-botânica” (LUCARELLI,
2004, p. 56), o que lhe proporcionava características singulares. Podemos relacionar
esta afirmativa às ações da intendência lemista no período de 1987 à 1911 quanto à
presença da vegetação e ações quanto à implantação e manutenção das áreas
arborizadas urbanas.

Imagem 13 - Praça da República e o Teatro da Paz e as mangueiras ainda pequenas.


Fonte: Belém da Saudade (1998).
60

A gestão de Antônio Lemos valorizou variados aspectos da cidade,


incorporando valores estéticos e ideológicos determinados pelas metrópoles
europeias, dedicando-se amplamente à modernização e embelezamento da cidade,
transformando as ruas em lugares onde as pessoas circulavam e exibiam seu poder
e riqueza (Imagem 13) (SARGES, 2000). Essas ações eram resultado do
desenvolvimento das atividades comerciais geradas pela economia da borracha. O
crescimento da riqueza será acompanhado de um expressivo aumento populacional:
entre 1872 à 1920, a população de Belém cresce de 61.997 a 236.402 habitantes
(LUCARELLI, 2004). Desse modo, no final do século XIX e início do século XX,
observa-se a transformação do espaço público e do modo de vida, a propagação de
uma nova moral, a montagem de uma nova estrutura urbana e a reordenação da
cidade através de uma política de saneamento, embelezamento, remodelação dos
hábitos e costumes sociais (SARGES, 2000).
Era preciso incluir a cidade nos padrões da civilização europeia,
eliminando a imagem da cidade feia, promíscua, imunda e insalubre, mostrando ao
mundo civilizado que Belém era o símbolo do progresso. Assim, se estabeleceu a
condenação dos hábitos e costumes anteriores da população, colocando em prática
uma política e policiamento sanitário e a remodelação do espaço público central
identificado com o modelo urbano europeu (SARGES, 2000).

A preocupação do Intendente com a estética da cidade era tão transparente


que de imediato [o Intendente] procurou sistematizar normas que
transformassem os logradouros públicos em espaços atraentes [criando]
mecanismos que dificultassem a ação predatória do homem em relação às
áreas verdes e aos rios’ (LUCARELLI, 2004, p. 62)

O meio ambiente urbano era protegido através da legislação municipal


que proibia o lançamento de detritos no cais ou em outros pontos da margem do rio.
Em relação à estética da cidade, vetava-se qualquer prédio fosse construído sem
permissão da intendência, instituição responsável em aprovar o plano e planta,
fazendo jus à multas, infrações e penalizando os habitantes da cidade. Pela Lei n.
197 de 17 de março de 1899, o Intendente ficava autorizado a entrar em acordo com
o governo do estado sobre um plano geral de embelezamento e saneamento da
cidade, uma vez que a intendência municipal não possuía recursos para tal
empreendimento. Ainda no projeto urbanístico do Intendente, com a finalidade de
61

evitar agressões aos espaços que sofreram intervenção durante sua gestão, proibia,
pelo artigo 57, capítulo XIV do Código de Polícia Municipal (1901), que as árvores
fossem cortadas e apedrejadas.
Assim, a proposta do Intendente quanto à legislação e normativas para o
período buscava garantir a manutenção e preservação dessas áreas, penalizando
quem danificava ou agredia a árvore. As penas aplicadas aos transgressores do
código se encontravam no Código de Polícia Municipal (1901). Era um código de
postura bastante rigoroso que punia a população sem discriminação, na qual Lemos
considerava os hábitos das camadas populares que moravam próximo ao centro da
cidade como bárbaros; o cidadão era multado caso colocasse as roupas para secar
ou se houvessem animais soltos nas ruas, como galinha, carneiro, porcos,
cachorros, podendo desvirtuar o aspecto da paisagem, higiene e saúde pública
(SARGES, 2000).
Quanto ao Código de Polícia Municipal (1901), o artigo 57 referia-se à
proibição da introdução de pregos nas árvores dos espaços públicos, o artigo 55
proibia o repouso nos espaços contemplados com a arborização urbana (VIEIRA,
2010), e o artigo 107 vetava as refeições realizadas em locais que não eram
destinados pela Intendência. O mesmo artigo do Código também não permitia
danificar as espécies vegetais, tirá-las, sequer tocá-las, pisar, andar sobre a grama
ou circular nas áreas vegetadas (MUNICÍPIO DE BELÉM, 1901). Outra observação
quanto às condutas que deveriam ser acatadas nos espaços era a não permissão de
pessoas que estivessem alcoolizadas ou que tivesses esse hábito e as que não
estivessem trajadas adequadamente ou que apresentassem alguma ofensa quanto
às vestes (MUNICÍPIO DE BELÉM, 1901).
Portanto, tendo em vista as ações e transformações do espaço quanto à
arborização da cidade e a legislação elaborada como alternativa de preservação
dessas áreas com suas leis e normativas, observa-se que as propostas da
intendência eram coerentes com as características do período que sua gestão
apresentava, atendendo a realidade da configuração do contexto urbano no período
(1897 à 1911) (Imagem 13).
Para isso, deve-se levar em consideração a estrutura que Belém
apresentava, a densidade populacional e o volume de recursos destinados à
intervenção na capital. Por mais que se observe um volume maior de ações voltadas
para a abertura e reparo de ruas, calçamento, saneamento e obras públicas (todos
62

os itens da ação de Antônio Lemos eram descritos nos relatórios apresentados a


Câmara Municipal de Belém), a intendência deu prioridade a arborização urbana e
ajardinamento ao afirmar o habitual esmero e máxima atenção desse tipo de plano
para os espaços públicos. Isso evidencia-se no fato de que em em todos os volumes
dos relatórios existem itens específicos para a descrição das atividades relacionadas
diretamente com a arborização urbana de Belém, como o item Jardins, parques e
praças presentes em todos os volumes dos relatórios (MUNICÍPIO DE BELÉM;
1902, 1903, 1904, 1905, 1906, 1907, 1908).
Até 1920, a capital paraense viveu sob os efeitos do ciclo da borracha
(Imagem 14). A partir de então, a cidade passa por um declínio da atividade
econômica acompanhado de uma redução populacional. O período entre as duas
grandes guerras foi marcado por uma desorganização administrativa, onde
saneamento e limpeza tornam-se problemas da vida urbana frente à falta de
recursos no município (SARGES, 2000).
A região amazônica volta a ter atenção a partir da década de 60 com a
abertura da rodovia Belém-Brasília, a proposta de integração nacional da região
amazônica e o surgimento dos novos projetos econômicos. O modelo adotado aliado
com a desorganização da sociedade civil (LUCARELLI, 2004) produziu grande
impacto sobre a cidade. A população na década de 60 era de 360 mil habitantes, em
meados dos anos 90 alcançariam aproximadamente 950 mil habitantes. A
institucionalização da RMB - Região Metropolitana de Belém em 1973 (ANDRADE;
SANTOS, 1987), demonstra o reconhecimento da cidade numa escala de problemas
intraurbanos decorrentes do processo de urbanização (PENTEADO, 1968),
elevando a taxa de urbanização de 47% em 1961, para 78,2% em 1991, chegando a
81,2% em 2000. Desse modo, ocorre em Belém a valorização das áreas urbanas
localizadas no centro da cidade, a consequente especulação imobiliária,
verticalização das edificações, descaracterização do patrimônio arquitetônico da
cidade e a significativa perda da sua arborização urbana (LUCARELLI, 2004).
Com as diversas transformações ocorridas no espaço urbano de Belém,
houve a tentativa de disciplinar as relações dos belenenses com as áreas públicas
através do Código de Postura do Município de Belém, lei nº 7.055, de 30 de
dezembro de 1977, que trata da concessão de alvarás de licença, além de
determinadas posturas municipais como: a proteção do aspecto paisagístico e
histórico, higiene, saúde pública, habitações, manutenção e preservação dos
63

espaços públicos. Esse novo código buscou reformular o anteriormente proposto


durante a gestão lemista e foi elaborado levando-se em consideração as novas
características do espaço urbano da cidade.
A primeira iniciativa para a elaboração de uma legislação que aborde a
questão ambiental urbana e contemple especificamente a arborização da cidade
será com a Lei 7.700, criada em 6 de maio de 1994, autorizando o poder executivo a
criar a Fundação Bosques, Praças, Parques e Jardins do Município de Belém -
FUNVERDE. Este órgão tinha como objetivo planejar, programar, projetar, executar,
fiscalizar e controlar a conservação e implantação dos bosques, praças, parques,
jardins e demais áreas verdes situadas no Município de Belém; programar, executar
e conservar a arborização de ruas, praças e atividades afins; promover a realização
de estudos e pesquisas de caráter cultural e recreativo relativamente à implantação
de áreas arborizadas para conservação e proteção do meio ambiente; autorizar a
exploração de serviços nas áreas verdes do município, mediante encargos10.
(Imagem 14)

Imagem 14 - Praça da República, Teatro da Paz e as mangueiras atualmente tombadas como


patrimônio histórico.
Fonte: O Liberal (2010).
____________________
10
BELÉM, Lei nº 7.700, de 6 de maio de 1994. Disponível em: <http://www.ufpa.br/numa/>. Acesso
em: 12 ago. 2012.
64

Posteriormente, em 18 de maio de 1994, foi criada a lei 7.709 que dispõe


sobre a preservação e proteção do patrimônio histórico, artístico, ambiental e cultural
do município de Belém, que propõe conceituar e constituir os bens de natureza
material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, relacionados à
identidade, à memória, à ação dos grupos formadores da sociedade belenense.
Neste grupo se incluem os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico,
arquitetônico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e
científico, inerentes às reminiscências da formação de nossa história cultural,
dotados pela natureza ou agenciados pela indústria humana, tendo como
competência promover, garantir e incentivar a preservação, conservação, proteção,
tombamento, fiscalização, execução de obras ou serviços visando a valorização do
Patrimônio Cultural do Município de Belém, os processos de tombamento,
preservação e penalidades 11.
Em 2003, a Lei n° 8.233 de 31 de janeiro de 2003 institui a extinção da
FUNVERDE e a criação da Secretaria Municipal de Meio Ambiente - SEMMA como
órgão da Administração Pública direta, representante no Município de Belém, do
Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA, nos termos do art. 6º, caput e
inciso VI, da Lei Federal nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Em 29 de março de
2012, há a aprovação da Lei 8.909 legitimando o projeto de lei do Plano Municipal
de Arborização Urbana de Belém (PMAB) como instrumento de planejamento
municipal à implantação de política de preservação, manejo e expansão da
arborização urbana da cidade.
Para este trabalho, a organização dessas leis e normas sancionadas
assegura a esquematização de um sistema que possibilita agrupar todas as
informações mantendo a interação do objeto de estudo com os objetivos da
pesquisa (Esquema 1).
Observa-se em princípio, o estabelecimento de uma legislação que
garanta a integridade, manutenção e preservação das áreas arborizadas da cidade.
Antônio Lemos propõe o Código de Conduta Municipal com a intenção de adequar
os costumes e hábitos da população à proposta de urbanização aplicada na cidade
paralelo ao intenso ciclo da borracha. Com a decadência da economia gomífera, a
____________________
11
BELÉM, Lei nº 7.709, de 18 de maio de 1994. Disponível em: <http://www.ufpa.br/numa/>. Acesso
em: 12 ago. 2012.
65

consequente desorganização administrativa e a falta de recursos para os reparos e


gerência de toda a estrutura urbana deixada pela gestão de Antônio Lemos, nota-se
uma lacuna temporal quanto à continuidade de leis e normas que atendam a
questão da arborização urbana na capital, não havendo o efetivo regulamento da
administração pública quanto às penalidades, transgressões e violações do
patrimônio público, incluído a arborização da cidade.
Haja visto o adensamento populacional e expansão urbana ocorridos em
Belém, somente em 1977 encontra-se um código reformulado que leva em
consideração os aspectos paisagísticos e ambientais de Belém e compreende as
transformações necessárias à nova realidade da cidade.
Outro momento de elaboração de leis que resguardaram e valorizaram a
arborização de Belém foi em 1994 com a criação da FUNVERDE (Lei 7.700 de 06
de maio) e a Lei 7.709 de 18 de maio que dispunha sobre a manutenção de diversos
patrimônios da cidade incluindo o paisagístico. Em 2003 a Lei 8.233 de 3 de janeiro
oficializa a criação da SEMMA, abrangendo as políticas ambientais na cidade,
incluindo a arborização urbana e em 2012 o Plano Municipal de Arborização Urbana
(Lei 8.909 de 29 de março) contemplando as ações para manutenção da
arborização histórica ainda presente na cidade e as propostas pra ampliação da
quantidade de árvores no espaço urbano de Belém.
O esquema 1 representa um diagrama que organiza a evolução das leis e
normativas que compreendem a arborização urbana de Belém. Primeiramente,
observa-se na primeira delimitação (período da gestão de Antônio Lemos) o Código
de Conduta Municipal. A partir dele, já em 1977, mantem-se o referido Código,
porém alterado e adequado de acordo com as transformações ocorridas na cidade e
atendendo a realidade de Belém para com o período (Lei 7.055). A partir de então,
as seguintes leis que foram sancionadas buscam de modo específico garantir a
manutenção dos espaços arborizados e possibilitar sua ampliação. Isso é verificado
com a criação de órgãos (a FUNVERDE em 1994 e a SEMMA em 2003) que tem
como objetivo a garantia da presença da arborização urbana no espaço da cidade.
Na outra delimitação do diagrama (período de gestão da SEMMA), verifica-se as leis
designadas para a institucionalização da secretaria e o decreto do Plano Municipal
de Arborização - PMAB, pertinentes ao período de exercício da secretaria.
Pode-se notar que as leis, normas e códigos que regulam os espaços
arborizados e o processo de arborização na cidade partem do Código de Conduta
66

Municipal proposto por Antônio Lemos e de acordo com as transformações


ocorridas na cidade e a realidade exigida em cada período, esses códigos e leis
foram reformulados, tornando-se mais específicos e objetivos, com a finalidade de
garantir a qualidade desses espaços.

Esquema 1 – Evolução das transformações relacionadas a legislação e normativas aplicadas a


arborização urbana no município de Belém. Adaptado de ALONSO (1995).

5.2. Significados emergentes e a categorização de conceitos poéticos e técnicos

Na exposição das ações realizadas durante a sua intendência, A. Lemos


descreve a iniciativa de arborização das ruas e praças com o objetivo de estimular o
“bem estar, o recreio, a higiene e saúde” dos habitantes de Belém (MUNICÍPIO DE
BELÉM, 1904, p. 216); define como objetivo estabelecer em Belém um “projeto
elegante” e as propostas de inserir na cidade “pontos públicos de maior beleza”,
neste caso as praças (Imagem 15) (MUNICÍPIO DE BELÉM, 1902, p. 178-179).
67

Imagem 15 - Praça Batista Campos após a série de intervenções de A. Lemos.


Fonte: O município de Belém (1904).

Nos relatórios, ressalta que antes da sua gestão as “praças e logradouros


públicos, não ajardinados e nem arborizados, apresentavam aspecto que nada tinha
de agradável” onde todas “necessitavam de grandes serviços de conservação e
ampliação, no sentido de seu melhoramento estético” (MUNICÍPIO DE BELÉM,
1902, p. 93-95). O propósito do Intendente era tornar os espaços que foram
arborizados “objeto dos mais atentos cuidados” cujas áreas “serão, d’aqui a poucos
anos, magníficos parques, prestando aos habitantes da cidade um grato refrigério”,
onde a “vasta plantação de mangueiras, eucaliptos e outras árvores, as quais com o
passar do tempo maior sombra produzirão” proporcionando “vantagens para a
conveniência pública e a economia municipal” favorecendo consideráveis vantagens
para a higiene, para a saúde pública, “por meio do estabelecimento, em larga
escala, de grandes núcleos de vegetação, no próprio coração da cidade”
(MUNICÍPIO DE BELÉM, 1902, 178-179).
Neste primeiro relatório apresentado à Câmara Municipal, o Intendente
ressalta a implantação de uma “triunfal vegetação, que é a nota predominante dos
belos logradouros paraenses” (Imagem 15), onde “apesar de curta intercorrência”,
notava-se “com orgulho a rapidez com que a população se habituou a respeitar
esses formosos logradouros” (Imagem 16, 17 e 18). Observa-se ainda nesse volume
68

do relatório a sua compreensão quanto à arborização urbana realizada durante a


sua gestão a longo prazo: “os filhos dos nossos netos serão os melhores
beneficiados com os melhoramentos feitos” (MUNICÍPIO DE BELÉM, 1902, p. 191).

Imagem 16 - Avenida São Jerônimo (atual Gov. José Malcher) esquina com a Travessa Dom
Romualdo de Seixas. Imagem do início do século XX.
Fonte: Belém da Saudade (1998).

Imagem 17 - Avenida São José (atual 16 de Novembro) esquina com a Travessa Óbidos. Imagem do
final do século XIX.
Fonte: Belém da Saudade (1998).
69

Nos anos seguintes, nos volumes posteriores dos relatórios


apresentados, Lemos faz uma descrição quanto a sua observação do uso pelos
munícipes desses espaços que sofreram sua intervenção, suas afirmações não se
restringem somente às horas de calor da capital: “à noite são um inestimável
encanto, com sua profusa iluminação, parecem verdadeiros cenários de mágicas
estonteadoras” (MUNICÍPIO DE BELÉM, 1903, p. 171). Lemos visualiza que a
ampliação da arborização urbana proporciona o “bem estar, o recreio, a higiene e
saúde dos habitantes de Belém” e ressalta a sua “satisfação de uso desses
espaços” (MUNICÍPIO DE BELÉM, 1904, p. 216) pelos habitantes da cidade.
Deve-se levar em consideração que Antônio Lemos era um político e que
em seus relatórios contemplavam os resultados positivos das intervenções
realizados durante a sua gestão. Observa-se também que suas ações foram
propostas e executadas tanto nas ruas quanto nas praças. Na leitura dos relatórios é
possível notar referências específicas às ruas e outras relativas aos espaços das
praças, porém observam-se referencias relacionados a árvore urbana que pode ser
aplicada a todos os espaços públicos que sofreram intervenções relacionadas com a
arborização. Durante os anos da sua gestão, Antônio Lemos procurou inserir nesses
espaços, principalmente aqueles localizados no centro da cidade, a sua proposta de
arborização de maneira ampla e consistente (Imagem 16, 17 e 18). Assim, a
observação desses significados, nesse período da gestão lemista, pode ser atribuída
simultaneamente às praças e as ruas.

Imagem 18 - Avenida 22 de Julho (atual Alcindo Cacela) esquina com a Gentil Bittencourt. Imagem do
início do século XX.
Fonte: Belém da Saudade (1998).
70

Assim, pode-se extrair diversos significados proporcionados pela


arborização urbana tendo como base os relatórios do Intendente, sendo possivel
dividir em dois grupos: técnicos (SANTOS; TEIXEIRA, 2001) e poéticos (FARAH,
2008). Quanto a significados técnicos, pode-se atribuir à sombra, refrigério,
salubridade, higiene, saúde entre outros argumentos relacionados, que foram
justificativas para a arborização ocorrida na cidade. Quanto aos significados
poéticos, estes podem ser exemplificados a partir da compreensão da beleza
proporcionada pelos espaços arborizados, o bem estar e a tranquilidade propiciada
aos munícipes, ou seja, os significados derivados das ações de arborização urbana
e que estão relacionados ao modo que o usuário do espaço público visualiza e nota,
de modo subjetivo, a arborização urbana.
Nos dias atuais, observa-se que Belém passou por uma série de
transformações comparando com a realidade da cidade no período da intendência
de Antônio Lemos. Essas transformações ocorridas na capital alteraram a
configuração arbórea, consequentemente, modificando os significados de quem faz
uso das ruas e praças da cidade (Imagem 19).

Imagem 19 - Avenida Gov. José Malcher esquina com a Travessa Dom Romualdo de Seixas.
Fonte: C. Fiel (2012).

Os dados observados na análise das entrevistas realizadas permitem


categorizar os significados verificados nas ruas e praças, possibilitando uma leitura
71

dos recortes temporais adotados e a sistematização dos significados extraídos no


processo de arborização da cidade nesses dois recortes.
Comparando as áreas utilizadas como espaço amostral (conforme o
mapa 1) para a coleta de dados, são notáveis as modificações ocorridas nas ruas:
asfalto, tubulações subterrâneas, alteração das calçadas, postes de iluminação
pública e rede elétrica aérea. Partindo das informações contidas nos relatórios, as
ruas selecionadas para a aplicação das entrevistas, perímetros onde verifica-se a
arborização proposta por Antônio Lemos, é evidente a grande perda de árvores em
virtude das transformações ocorridas no espaço urbano.
A princípio, as observações de redução da quantidade de árvores nos
recintos urbanos são verificadas através do conteúdo das respostas das entrevistas
realizadas. Dessa forma, é possível organizar principalmente dois significados
técnicos relacionados com essa redução da arborização: o sombreamento oferecido
pelas árvores e a ventilação. Esses significados se expressam no intensivo uso
dessas ruas para a circulação de pessoas já que nelas existem pontos de ônibus,
escolas, empresas e residências. Os usuários quando questionados a respeito das
alterações da arborização da rua descrevem a inexistência de árvores nas ruas ou a
pouca quantidade: “A quantidade de árvore diminuiu. Agora são bem poucas. Mas
eu não me lembro de serem muitas. Mas dá a impressão de que tem diminuído”12.
Observa-se que a arborização nas ruas foi eliminada possivelmente há bastante
tempo, já que os entrevistados são adultos.
Outra observação importante relaciona-se à quantidade de árvores que
havia nas ruas onde foram aplicadas as entrevistas: “Tiraram tudo [as árvores].
Agora não tem nada. A gente morre de calor dentro de casa, não tem um vento, não
tem uma sombra, é só barulho de carro, de ônibus”13. Considerando-se que mais de
100 anos se passaram desde o período da gestão lemista, as diversas alterações no
espaço urbano durante o século XX e a média de idade das pessoas que foram
entrevistadas, a grande maioria dos entrevistados desconhece o processo de
arborização ocorrido anteriormente:

____________________
12
Entrevistado 004. Entrevista concedida no período de 09 a 12/08/2012.
13
Entrevistado 002. Entrevista concedida no período de 09 a 12/08/2012.
72

[Voce sabe alguma coisa sobre a arborização de Belém no início do século


passado?] Sei pouco. As mangueiras são tombadas como patrimônio ou
alguma coisa assim? Elas foram plantadas na época do Teatro da Paz,
essas coisas. Não sei muito detalhe. Mas acho uma violência com a cidade
14
a gente ter pouca árvore na rua .

Dentre as pessoas entrevistadas, somente aquelas com uma idade


avançada puderam informar quanto à remoção das árvores ocorrida na cidade e o
descontentamento quanto à perda da quantidade de árvores, o aumento do calor e a
diminuição da circulação de vento: aqui era bonito, muitas árvores espalhadas, não
tem quase nada15.
Uma informação relevante para análise está relacionada com a
manutenção das árvores existentes nas ruas e perímetros onde foram aplicadas as
entrevistas. Há uma divisão de opiniões quanto a presença ou não do poder público
nessas áreas: uma parte dos entrevistados afirma que existe a manutenção
(aproximadamente 60% do total de entrevistados) das árvores e outra parte afirma
que não há manutenção (aproximadamente 40% do total dos entrevistados):

Eu acho boa [...]. Aqui a prefeitura sempre manda funcionário pra cuidar.
Todo domingo tem a praça [Praça da República] então tem que tá sempre
16
bonito pras pessoas virem aqui .

Paralelo aos entrevistados que visualizam a atuação da prefeitura de


maneira positiva (aproximadamente 35% do total de entrevistados), existem aqueles
que não aprovam ou não acham suficiente a ação da administração pública (65% do
total de entrevistados):

____________________
14
Entrevistado 004. Entrevista concedida no período de 09 a 12/08/2012.
15
Entrevistado 002. Entrevista concedida no período de 09 a 12/08/2012.
16
Entrevistado 006. Entrevista concedida no período de 09 a 12/08/2012.
73

[Há a manutenção da vegetação no espaço?] Não. Se há nunca presenciei.


Aliás, as ervas daninhas que infestam as copas das nossas árvores, nos
dão a certeza de que há falta de preservação e tratamento das nossas
17
coberturas vegetais .

Quanto à qualidade dessa manutenção (sendo boa ou não) as opiniões


também divergem, porém nota-se uma afirmação comum a todos os entrevistados
quanto a forma dessa avaliação: a excessiva retirada de galhos das árvores em
virtude da fiação, postes e iluminação pública é observada por todos os
entrevistados: o problema é que eles cortam de qualquer jeito. Se a gente olha de
longe vê um buraco no meio da arvore pra poder passar o fio, é até feio 18. Alguns
afirmam a necessidade dessa retirada para que se possa evitar a falta de energia
causada pelo tombamento desses galhos, enquanto outros indicam a necessidade
do uso de novas tecnologias para a garantia da preservação das árvores (fiação
subterrânea foi dada como exemplo por um dos entrevistados):

Tem lugar fora do estado que a manutenção dessas árvores não é assim
[exagerada], a [empresa responsável] diz que é por causa da fiação, mas
hoje em cidades grandes existe fiação por debaixo da terra e aqui [em
19
Belém] poderia ter algo assim .

Os entrevistados foram unânimes em apontar a necessidade de mais


árvores. Quando questionados sobre o que alterariam nas ruas para a garantia da
sombra e ventilação: [A cidade] precisa de mais árvores. [...] Nessa rua passa muita
gente, muito carro, ônibus. Quem anda por aqui sente muito sol, mas [tem] que ser
árvoe pra dar sombra 20.
Com relação aos significados poéticos, aqueles na qual se leva em
consideração a relação entre os usuários e os espaços arborizados (FARAH, 2010),
os entrevistados compreendem que uma rua arborizada proporciona bem estar e
qualidade de vida, uma rua com árvores torna-se uma rua mais bonita e alegre:

____________________
17
Entrevistado 022. Entrevista concedida no período de 09 a 12/08/2012.
18
Entrevistado 037. Entrevista concedida no período de 09 a 12/08/2012.
19
Entrevistado 021. Entrevista concedida no período de 09 a 12/08/2012.
20
Entrevistado 003. Entrevista concedida no período de 09 a 12/08/2012.
74

Eu acho que eu tenho mais qualidade de vida do que se eu morasse em


outro lugar [menos arborizado]. Eu desço e venho andar, vem gente. Se eu
morasse em outro lugar eu não teria isso. Aqui na maior parte do tempo é
tranqüilo. Muita gente prefere passar por aqui por causa da sombra, o sol é
21
muito forte todo o dia .

Contudo, ambos os significados (técnicos e poéticos) atribuídos por


aqueles que notam a arborização urbana de maneira positiva não são os que
caracterizam algumas das ruas tomadas como espaço amostral da pesquisa. Os
significados pertinentes à esses espaços, quanto à relação estabelecida com as
árvores urbanas, são as altas temperaturas, sol forte, transpiração excessiva, falta
de ventilação, ausência de sombra e até irritabilidade por não desfrutar de um
espaço arborizado (Imagem 20 e 21).

Imagem 20 - Avenida 16 de Novembro esquina com a Travessa Óbidos.


Fonte: A. Lira (2012).

____________________
21
Entrevistado 008. Entrevista concedida no período de 09 a 12/08/2012.
75

Imagem 21 - Avenida Alcindo Cacela esquina com a Gentil Bittencourt.


Fonte: A. Lira (2012).

Comparando esses significados relacionados às ruas aos que foram


obtidos nas praças, nota-se um relevante contraste. Apesar da desorganização
administrativa em virtude do declínio do ciclo da borracha, na qual saneamento e
limpeza tornam-se problemas da vida urbana frente à falta de recursos no município
(SARGES, 2000), o uso dos espaços das praças que sofreram intervenção durante
a gestão de Antônio Lemos permaneceu, justificada pela essência do conceito
relacionado a esse espaço e sua aplicação à vida urbana:

A praça, em sua origem latina, caracteriza-se como um espaço de encontro


e convívio, urbano por natureza, que se conforma por várias aberturas no
tecido urbano que direcionam naturalmente os mais diversos fluxos em
busca dos mais diversos usos, que imprimem a esse espaço o caráter de
lugar e ponto central de manifestação da vida pública sendo, em sentido
amplo, espaço para o convívio (ALEX, 2008, p. 10).
76

Os entrevistados nas praças quando questionadas sobre o processo


histórico de formação da arborização urbana, demonstram conhecer, mesmo que de
forma superficial, o legado da gestão de Antônio Lemos e o período da borracha: “do
centro da cidade eu sei que são do período do Antônio Lemos, da borracha, essas
coisas... Nada muito profundo” 22.
Nas praças, os entrevistados compreendem a presença das árvores e
não observam transformações significativas na arborização do espaço, notando a
manutenção da quantidade de árvores, verificando a queda das mais antigas e a
substituição por árvores mais novas:

Em relação as árvores [das praças] não vejo mudança. O que eu vejo são
algumas coisas [equipamentos] da praça que destroem, mas as árvores até
que as pessoas tem cuidado. Só não na época da manga que algumas
pessoas ficam jogando pedra na árvore, mas nem fazem isso muito porque
23
tem muito carro e pode quebrar o vidro .

Tendo em vista a nova configuração da cidade e o estilo de vida urbano, o uso da


praça é semelhante àquele verificado por Antônio Lemos: “bem estar, o recreio, a
higiene e saúde” (MUNICÍPIO DE BELÉM, 1904, p. 216), utilizando o espaço para
entretenimento, contemplação, passeio com crianças e, atualmente, para exercícios
físicos: “[uso a praça] como atrativo, local de descontração, fazer caminhadas,
ajudar na saúde. [...] Faço tudo pra usar toda semana, umas duas vezes por
semana” 24 (Imagem 22).

____________________
22
Entrevistado 041. Entrevista concedida no período de 09 a 12/08/2012
23
Entrevistado 013. Entrevista concedida no período de 09 a 12/08/2012.
24
Entrevistado 016. Entrevista concedida no período de 09 a 12/08/2012.
77

Imagem 22 - Praça Batista Campos e os usuários do espaço.


Fonte: A. Lira (2012).

Quanto à manutenção, observa-se o mesmo padrão de resposta


comparando-se com as informações relacionadas às ruas: permanece a divisão de
opinião quanto à presença ou não do poder público nessas áreas. Uma parte dos
entrevistados afirma que existe a manutenção dessas árvores e outra parte alega
que não há essa manutenção: “[Acho] boa. [Com] regulares limpezas, a podas das
25
plantas, retirada de ervas” . Porém, alguns entrevistados quando questionados
sobre a avaliação da manutenção, mesmo com uma resposta positiva, avaliando a
manutenção como boa, complementa a resposta afirmando que: “acho que [a
manutenção] agride muito a árvore. Às vezes eles fazem umas podas muito radicais
e a árvore fica feia” 26.
Em relação à qualidade dessa manutenção as opiniões continuam
divergindo havendo o mesmo questionamento notado nas respostas das entrevistas
realizadas nas ruas: a excessiva retirada de galhos das árvores em virtude da
fiação, postes e iluminação pública e a necessidade do uso de novas tecnologias
__________________
25
Entrevistado 010. Entrevista concedida no período de 09 a 12/08/2012.
26
Entrevistado 012. Entrevista concedida no período de 09 a 12/08/2012.
78

para a garantia da preservação das árvores. Um dos entrevistados contribuiu


afirmando que “em outros lugares existe fiação subterrânea e outras alternativas que
melhoram a cidade e preservam as árvores” 27. Deve-se atentar que, diferente das
ruas, nas praças percebe-se a finalidade de entretenimento em virtude das
atividades que ocorrem nos finais de semana, além das programações culturais,
como por exemplo no Teatro da Paz.
Ao identificar as categorias, quanto aos significados técnico reiteram-se
aqueles atribuídos no período da gestão lemista: a sombra, o refrigério, a
salubridade, a higiene, a saúde (MUNICÍPIO DE BELÉM, 1904). Quanto aos
poéticos, que busca a descrição, decodificação e o afeto do usuário dos espaços
públicos à arvore urbana (FARAH, 2008), observa-se os mesmos significados
observados por Antônio Lemos, porém, deve-se atentar para a forma como se
alcança esses significados: a beleza proporcionada, o bem estar e tranquilidade
advindos de um permanente uso desses espaços, por pessoas que os utilizam, que
desfrutaram desses espaços na infância, na adolescência, na juventude e que foram
trazidos pelos pais e atualmente trazem os filhos.
Dessa forma, propõe-se sistematizar os significados relacionados a
arborização urbana buscando agrupa-los. Assim, como ferramenta de organização,
pode-se identifica-los inicialmente em técnicos ou poéticos possibilitando esse
reconhecimento nos dois períodos utilizados na pesquisa. A partir disso, atribuí-los
em quatro categorias principais: memória, valor, identidade da paisagem e
representação da natureza (Esquema 2) (FARAH, 2010). Na categoria memória, a
árvore se destaca na sua capacidade de identificar paisagens, eventos, emoções,
pessoas, lembranças da infância e paisagens de outros lugares. Isso é trazido à
lembrança recuperando a singularidade do lugar, aplicando esse conceito para a
pesquisa, faz-se a alusão quando aos pais que trazem os filhos e que foram trazidos
pelos pais. A segunda categoria refere-se ao valor que as árvores apresentam na
paisagem urbana, sendo variados e diferenciados, auxiliando nas conexões e
associações dos habitantes, representando um elemento fundamental no
estabelecimento de elos entre estes e a cidade podendo ser percebida nas
respostas dos usuários dos espaços quando reconhecem a mangueira no espaço

__________________
27
Entrevistado 041. Entrevista concedida no período de 09 a 12/08/2012.
79

urbano da cidade. A terceira categoria diz respeito à propriedade da árvore em ceder


sua forma e beleza ao lugar, podendo caracterizar uma paisagem urbana; em Belém
diversos os lugares são reconhecidos pela presença das árvores, conferindo-lhes
uma identidade particular. Por fim, tem-se a árvore como um dos principais
representantes da natureza na cidade, podendo ser notado nas entrevistas quando
os usuários reconhecem que a árvore deixa o espaço mais bonito (FARAH, 2010).

Esquema 2 – Organização das categorias de significados relacionados à arborização urbana.


Adaptado de ALONSO (1995).

5.3. Caracterização e adequação das espécies.

Antes das ações de arborização urbana de Antônio Lemos, Cruz (1970)


afirma a presença de variadas espécies vegetais (por exemplo, as magnólias do
Japão, poncianas e mongubeiras) inclusive as mangueiras nos recintos da capital.
Na gestão do Intendente ocorreu a troca “da antiga arborização sendo substituída
por mangueiras” (MUNICÍPIO DE BELÉM, 1902, p. 170) e a partir disso, observa-se
uma série de ações e propostas relacionadas a esse processo de arborização
priorizando o uso da mangueira, embora esta não fosse a única espécie cultivada.
Nos relatórios, Lemos afirmava que paralelo ao progresso ocorrido na
cidade, os serviços de arborização eram desenvolvidos extraordinariamente, porém,
80

a cidade encontrava-se “desprovida de elementos para uma atividade proveitosa”, a


partir de então, surge o Horto Municipal com o objetivo de habilitar e suprir a grande
quantidade de árvores de que “carecem as ruas, avenidas e praças da capital” na
qual suas atividades compensaram a “pequena despesa com seu custeio”
(MUNICÍPIO DE BELÉM, 1902, p. 199).
Na seção Horto Municipal - Arborização, presente no primeiro relatório,
o Intendente descreve os vários “ensaios de árvores apropriadas à arborização
urbana” e a preocupação em detalhar as atividades que eram realizadas no local.
Relata o uso de amendoeiras, samaumeiras e as mutambeiras sendo as
preferenciais para os experimentos, possibilitando concluir a sua devida propagação
nas atividades no Horto Municipal. Contudo, no ponto de vista de Antônio Lemos as
árvores citadas “oferecem desvantagens” em comparação a sua espécie preferida, a
mangueira (MUNICÍPIO DE BELÉM, 1902, p. 199-200).
As atividades do Horto, quanto a produção de espécies, seguem descritas
no seguinte relatório. Verifica-se a recepção de “diversas qualidades de plantas”
advindas do Museu Emílio Goeldi que foram aproveitadas para diversos trabalhos. O
relatório apresentado em 1903 menciona a presença de mangueiras, palmeiras
imperiais e carnaúbas nas sementeiras do Horto, além das espécies em latas
(consideravelmente maiores e mais apropriadas ao transplante para as ruas e
praças da capital): palmeiras diversas, mangueiras, amendoeiras, pau d’arco,
açaizeiros e tamareiras (MUNICÍPIO DE BELÉM, 1903, p. 196).
No relatório de 1904, Antônio Lemos enfatiza as atividades realizadas no
Horto:

torna-se cada vez mais rico este departamento, pela grande variedade e
quantidade de arbustos e plantas, tanto para a arborização geral da
cidade, quanto para o embelezamento dos jardins públicos (MUNICÍPIO
DE BELÉM, 1904, p. 240).

Para o desenvolvimento das atividades do horto, o Intendente envia para


o interior do estado um funcionário para a coleta de plantas e sementes com a
proposta de diversificar a produção (MUNICÍPIO DE BELÉM, 1904). Percebe-se que
a produção e transplante de espécies vegetais não se restringe à mangueira,
81

verifica-se também o cultivo de magnólias, graviola, sapoti, amoreiras, bambu, buriti,


abricó e outros (MUNICÍPIO DE BELÉM; 1905, 1906).
A gestão de Antônio Lemos não foi a pioneira no uso de mangueiras.
Documentos históricos relatam a chegada da semente em meados da década de
vinte do século XVII mandadas da Bahia para o Grão-Pará, plantadas por Antônio
Joseph Landi em vasos e transplantadas para roças e quintais (AIROZA, 2008).
Porém, o Intendente foi o primeiro que deu prioridade ao uso da espécie no
planejamento da arborização de ruas e praças de Belém (AIROZA, 2008). Para que
se possam encontrar justificativas para a preferência de uma espécie em
comparação a outras, pode-se fundamentar na necessidade de sombra em uma
região onde o sol é intenso durante grande parte do dia. Os testes com mangueiras
realizados por Antônio Lemos (MUNICÍPIO DE BELÉM, 1902) e descritas nos
relatórios fornecem elementos que permitem considerar que as mangueiras
produziram mais sombra que as outras espécies utilizadas. Os próprios belenenses
incorporam a presença da mangueira e permitem sua interação com o meio do qual
faz parte (AIROZA, 2008): [Consegue identificar alguma espécie vegetal?] a
mangueira, Belém é a cidade das mangueiras, tem que conhecer pelo menos
essa28.
Durante o século XX, o ambiente urbano passou por uma serie de
alterações e novos elementos surgiram: fiação elétrica, tubulação, aumento da
circulação de pessoas, veículos e assim surge a necessidade de adequar o
processo de arborização da cidade para a nova realidade da cidade. A literatura
quanto à arborização urbana, ressalta que o plantio de árvore na cidade deve ser
compatibilizado com a expectativa e necessidade do bem estar da população:

Como a cidade é quente a sombra das árvores ajuda no clima, ajuda a não
ficar tão suado, ajuda no ar que é menos pesado, já que aqui passa muito
carro e ônibus. O círio também, já que na procissão vem muita gente e o sol
29
é muito forte .

__________________
28
Entrevistado 031. Entrevista concedida no período de 09 a 12/08/2012.
29
Entrevistado 021. Entrevista concedida no período de 09 a 12/08/2012.
82

É preciso garantir o conforto térmico para o morador, paralelo à estética e


ao menor custo de conservação e manutenção, sobretudo no que tange a poda: só
acho que eles cortam muito a árvore, deixam ela sem galho nenhum 30. Assim, é
necessário levar em consideração alguns critérios fundamentais na escolha de
espécies para a reformulação das propostas de arborização perante a nova
condição da cidade (COSTA; HIGUCHI, 1999).
Observando as atuais características da infraestrutura da cidade, as
propostas da SEMMA levam em consideração a possibilidade de uso de outros
vegetais além dos nativos da região amazônica ou espécies compatíveis, onde será
considerada as características e possibilidades de cada área (PREFEITURA DE
BELÉM, 2012). Dessa forma, no esquema abaixo (Esquema 3) indica-se que as
transformações da cidade são as justificativas para a seleção de espécies que são
utilizadas nos espaços urbanos. Antônio Lemos em sua gestão deu preferencia às
mangueiras com o argumento de que elas forneceriam sombra e refrigério, já a atual
configuração da cidade e os elementos que fazem parte da cidade hoje (ruas
asfaltadas, fiação, postes de iluminação pública) faz com que as espécies
empregadas levem em consideração aspectos técnicos (SANTOS; TEIXEIRA, 2001)
e que favorecerão a sua permanência nas ruas.

Esquema 3 - Sistematização da finalidade das espécies nos recintos urbanos. Adaptado de ALONSO
(1995).

__________________
30
Entrevistado 031. Entrevista concedida no período de 09 a 12/08/2012.
83

6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS: AS TRANSFORMAÇÕES DA CIDADE E A PERDA


DA ARBORIZAÇÃO URBANA

Dentre os diversos itens que configuram a cidade de Belém e os


componentes culturais que a caracterizam, o processo histórico de arborização
urbana, seus elementos e as árvores que com o passar dos anos ainda
permanecem nas ruas e praças da cidade, é um entre vários elementos que
possibilitam caracterizar a capital: as primeiras árvores [foram] plantadas pelo
Intendente Antônio Lemos, um visionário que transformou a raquítica Belém
daqueles [anteriores a gestão do Intendente] anos num grande e agradável jardim 31.
Reportando-nos para as ações de Antônio Lemos, notam-se os
argumentos que fundamentaram suas ações para implementar a arborização da
cidade tendo como protagonista a mangueira e que foram transmitidas através dos
relatórios, registros iconográficos, documentos e principalmente pela permanência
das árvores nas ruas e praças da capital que possibilitaram este estudo e o
desenvolvimento desse trabalho. Assim como na época de Lemos, as ações de
arborização urbana voltados para a cidade nos dias atuais também tem seus
fundamentos, levando em consideração fatores como o crescimento populacional, o
adensamento, expansão urbana e diversos fatos ocorridos em Belém ainda durante
o século passado (como o uso de mangueiras).
Dessa forma, nota-se a necessidade de constituir um denominador
comum na pesquisa e que possa justificar o progresso do tema abordado no
trabalho. O elemento que possibilitou esse agrupamento do conteúdo e uma análise
generalizada foram as “transformações ocorridas na cidade” (Esquema 4) que
foram observadas levando em consideração as realidades de Belém nos dois
recortes temporais da pesquisa.

________________
31
Entrevistado 022. Entrevista concedida no período de 09 a 12/08/2012.
84

Esquema 4 - Sistema que engloba as variáveis adotadas na pesquisa. Esquema adaptado de


ALONSO (1995).

Este trabalho teve como proposta analisar a arborização urbana em


Belém, fazendo o uso de três variáveis (espécies, significado e legislação)
pertinentes a ambos os períodos adotados na pesquisa (gestão lemista de 1987 a
1911 e o período de gestão da SEMMA de 2003 aos dias atuais). Partindo disso,
baseando-se em algumas premissas da Teoria dos Sistemas, em que a observação
mais significativa não são os elementos que o compõem, mas sim a relação notada
entre eles (Esquema 5), possibilitou-se elaborar sistemas com o intento de
incorporar o conteúdo das informações disponibilizadas. Assim, viabilizou-se na
análise a evolução das ações e propostas dos recortes cronológicos adotados.

Esquema 5 - Sistema geral envolvendo todas as variáveis adotadas na pesquisa possibilitando a


análise das relações dos elementos que a compõe. Adaptado de ALONSO (1995).
85

Em um primeiro momento temos a Belém do final do século XIX e início


do século XX no auge da economia gomífera e a intenção de reproduzir na cidade
os valores e princípios de cidades européias (SARGES, 2000). A realidade da
cidade e o propósito do gestor do período, Antônio Lemos, asseguraram as ações
ocorridas. A execução de um projeto urbano que inclui a arborização, as
justificativas utilizadas para a proposta, a necessidade de manter esse conjunto de
árvores levando em consideração os hábitos e costumes da população naquele
período, os diversos significados que surgiram e que são observados através dos
documentos que retratam o período, respaldam em afirmar que essa forma de
conduzir o processo assumido por Antônio Lemos atendeu a necessidade da época.
Nos dois períodos, as transformações ocorridas, como já mencionado
neste trabalho, foram provocadas pelo fim do ciclo da borracha (SARGES, 2000) e
pelas políticas de ocupação da região amazônica durante a década de 60 (BECKER,
2007). A árvore urbana permanece na nova realidade da cidade verificando-se um
ajuste da legislação e normativas para atendimento quanto ao uso de espécies que
remetem ao processo histórico ocorrido, ao significado e à nova forma que os
habitantes de Belém e usuários percebem e compreendem esses espaços
arborizados:

Toda arborização significativa [...] é herança de Antônio Lemos, de modo


que as mangueiras [...] são todas centenárias [...]. Uma cidade de clima
32
equatorial como Belém não pode prescindir de suas árvores .

Estabelecendo uma relação com os dias atuais e tendo como base as


ações da Secretaria Municipal de Meio Ambiente- SEMMA, ainda hoje, por mais
inadequada que seja, a mangueira continua sendo utilizada nas ações de
arborização urbana. Nesse sentido, verifica-se nas entrevistas em relação às
espécies vegetais presentes na arborização urbana de Belém a fácil identificação
dessa espécie: a grande maioria dos entrevistados sabe distinguir uma mangueira,
outros conseguem apontar duas ou mais espécies vegetais.

________________
32
Entrevistado 022. Entrevista concedida no período de 09 a 12/08/2012.
86

Sugere-se que, dentre as mais indicadas para Belém, uma cidade onde
faz calor o ano inteiro, estão às árvores de médio porte, com copa ampla, folhagem
pequena e boa floração, como as Leguminosae: pau-pretinho, andirá-uxi e a
Chrysobalanaceae: oitizeiro (SANTOS, TEIXEIRA; 2001). A mangueira torna-se um
caso à parte, pois é uma árvore de grande porte, muito propensa à infestação de
parasitas como ervas-de-passarinho e inadequada aos grandes centros urbanos
principalmente pela dificuldade de convivência com a fiação elétrica e com o trânsito
(COSTA; HIGUCHI, 1999). Porém, no caso de Belém, não se pode descartar a
arborização com mangueiras. Deve-se levar em consideração que o uso da espécie
se deu em um momento de grande relevância para a história da cidade, período da
borracha, e que tal argumento serve de justificativa para o atual uso da espécie na
arborização urbana.
Com essa transformação da cidade, a nova configuração de ruas com
asfalto, tubulação subterrânea, postes com iluminação pública, a multiplicação de
pontos comerciais, nota-se a redução da quantidade de árvores e a perda da
arborização urbana histórica. Assim, verifica-se a não adequação para as novas
características e equipamentos que a cidade possui.
A crescente e contínua perda das árvores de Belém ocorre em função de
alguns fenômenos comuns aos grandes centros urbanos, como a expansão
horizontal da cidade, o aumento de área construída, a pavimentação de ruas e o
aumento na frota de veículos (LOURENÇO; LANDIM, 2004). Contudo, não somente
argumentos técnicos devem ser considerados para a justificativa da redução da
arborização urbana da cidade: o não estabelecimento de relações afetivas da
população com os espaços que foram arborizados ou que atualmente sofrem com a
drástica redução da quantidade de árvores, a falta de manutenção dos órgãos
competentes para o zelo da arborização urbana e a não mobilização para a busca
de soluções para a situação, podem ser utilizados como justificativa para a contínua
perda das árvores da cidade: se tem uma árvore em um lugar as pessoas vão lá e
arrancam porque acham que a cidade precisa crescer, desenvolver. Eu não sei de
onde tiraram que isso é desenvolvimento 33.

________________
33
Entrevistado 035. Entrevista concedida no período de 09 a 12/08/2012.
87

Nas entrevistas que foram realizadas em lugares com pouca quantidade


de árvores, observa-se a compreensão da população em relação à necessidade de
mais árvores no espaço urbano, quando questionadas sobre o que alterariam nas
ruas e praças, respostas relacionadas com o interesse de mais árvores são
unânimes entre os entrevistados: mais árvores, a gente precisa de um lugar bonito
pra andar, precisa de sombra pra chegar em casa, no trabalho cheiroso 34. Porém,
estes entrevistados não manifestaram nenhuma reinvidicação aos órgãos
competentes quanto às podas realizadas e a manutenção nos espaços, alguns até
notam que são muito radicais, porém não tomam nenhuma iniciativa para questionar
a mudança no panorama da poda e manutenção que ocorre em sua rua: “eu de vez
em quando vejo um caminhão fazendo corte nas árvores, eles tiram tudo da árvore
[...] ela fica quase sem nada de folha” 35.
Dessa forma, a busca pela manutenção da arvore na cidade, tanto pelos
laços afetivos que se estabelecem entre a arborização e a população, como pela
consciência da sua função e apego aos ambientes criados a partir da presença das
árvores na cidade é que possibilitará uma inserção consciente e efetiva da
arborização no contexto urbano. Essa conclusão é respaldada pelas entrevistas
realizadas com os moradores das ruas que são arborizadas, que residem ou utilizam
frequentemente as praças. Quando questionados sobre o que alterariam nas ruas e
praças (mesma pergunta realizada nas ruas com poucas árvores), observa-se
respostas como: “não mudaria nada, do jeito que esta, esta bom, só não quero que
tirem as árvores” 36 e “aqui é bom de andar, é ruim quando é mais afastado [devido a
ausência de árvores]” 37.
Assim, pode-se estabelecer uma correlação entre as variáveis adotadas
na pesquisa partindo do pressuposto de que o planejamento, manutenção e
ampliação de áreas arborizadas competem à administração pública:

Precisa intensificar essa atuação [da administração pública]. [Precisa] de


um olhar especial nas praças, incentivo do plantio, mas precisa melhorar,
ter uma gestão voltada para as árvores, de termos mais árvores nas ruas,
38
nos quintais, na frente de casa, distribuir isso na sociedade .
________________
34
Entrevistado 002. Entrevista concedida no período de 09 a 12/08/2012.
35
Entrevistado 001. Entrevista concedida no período de 09 a 12/08/2012.
36
Entrevistado 007. Entrevista concedida no período de 09 a 12/08/2012.
37
Entrevistado 009. Entrevista concedida no período de 09 a 12/08/2012.
38
Entrevistado 016. Entrevista concedida no período de 09 a 12/08/2012.
88

Assim, com a inclusão da árvore no contexto urbano como elemento


importante no planejamento urbano, pode-se pressupor o estímulo à emergência de
significados pelos usuários e moradores das áreas onde foram incluídas as árvores
e a conseguinte preservação, já que presume-se que as árvores farão parte do
cotidiano urbano, haja visto que as informações coletadas por usuários e moradores
de áreas arborizadas fundamentam a importância que estes percebem da
necessidade de espaços que incluam a arborização.
Pensar em árvores nas cidades é disponibilizar espaços que possam ser
interessantes, atraentes e agradáveis para a população, proporcionar a reprodução
de ambientes naturais que ofereçam melhores condições de qualidade do ar, gerar
referências simbólicas, trazer dinâmica para a paisagem e permitir temperaturas
mais amenas. Um planejamento que inclua a arborização deve ser sensível na
observação dos valores importantes para a população em diversas características,
assim a presença das árvores torna-se potencializada, as relações com os
habitantes e usuários dos espaços tornam-se expressivas, contribuindo para a sua
preservação (FARAH, 2010).
A proposta desse trabalho foi, partindo da busca de informações
históricas de um importante momento da cidade e informações que retratem a atual
configuração urbana de Belém, propor uma análise comparativa e reflexiva, levando
em consideração os valores e contribuição da arborização urbana para a história da
cidade e também para a sua atual realidade, ressaltando que este objeto de estudo
(a arborização urbana em Belém) deve ser considerado em projetos urbanos e
paisagísticos ampliando a preservação da arborização da cidade, conciliando a
população com o seu bem estar e garantia de qualidade de vida urbana.
89

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Plano guia para entrevista

Data:
Escolaridade:
Endereço:

Identificação:

1. De que forma você utiliza o espaço?


2. Quais as transformações mais significativas observadas na arborização da
praça?
3. Você acha que nos últimos anos a quantidade de árvores aumentou ou
diminuiu?
4. Consegue identificar alguma espécie vegetal?
5. Para você, qual a importância da árvore e da vegetação para os espaços
públicos?
6. Há manutenção (poda, corte da grama, retirada de folhas e galhos secos)
da vegetação na rua onde você mora?
7. Como você avalia essa manutenção?
8. Você acha a atuação dos órgãos públicos suficiente?
9. O que você alteraria quanto as árvores e espaços arborizados?
10. O que você sabe quanto ao histórico da arborização desta praça?
96

APÊNDICE B

Entrevistas

Data: 09/08/2012
Escolaridade: Ensino Médio Completo
Endereço: 16 de Novembro

Identificação: 001

1. De que forma você utiliza este endereço?


Passo por aqui todos os dias, trabalho aqui próximo.
2. Quais as transformações mais significativas observadas na arborização
da sua rua?
Como eu trabalho aqui a pouco tempo (3 anos), não vejo muita mudança. Uma
vez ou outra tem um corte que é feito, mas tudo está do mesmo jeito desde que
eu trabalho por aqui.
3. Você acha que nos últimos anos a quantidade de árvores aumentou ou
diminuiu nesta rua?
Poisé, eu acho que ta tudo do mesmo jeito.
4. Consegue identificar alguma espécie vegetal?
Só as palmeiras.
5. Você sabia que no início do século passado essa rua era toda
arborizada?
Não.
6. Essa rua era toda arborizada com essas palmeiras nos dois lados da
rua. Como você se sente sabendo disso?
Bom, então se é assim como você ta me falando, ela deveria ser bem bonita. É
uma pena que não tenha quase nada. Quando a gente desce ali na Tamandaré
e sobe a rua é um sol muito forte, a gente já chega no trabalho todo suado
porque não tem sombra. A gente só vê uma ou outra árvore.
97

7. Para você, qual a importância da árvore e da vegetação para os


espaços públicos?
A sombra, né? Aqui nessa rua não dá um vento. Andar no sol e sem vento... Eu
desço do ônibus perto do trabalho, ando pouco mas já chego todo molhado
8. Há manutenção (poda, corte da grama, retirada de folhas e galhos
secos) da vegetação na rua onde você trabalha?
Eu de vez em quando vejo um caminhão fazendo corte nas árvores. Eles tiram
tudo da árvore que ela fica quase nem nada de folha. Aqui quase não tem
planta, nem mato, então eu só vejo eles com as árvores. Mas de vez em
quando eles vem, sim.
9. Caso sim, como você avalia essa manutenção?
Olha, eu acho boa. Eles vem e tiram os galhos podres. O problema é que não
fica nada. Já não tem quase sombra e o pouco que tem eles tiram.
10. Você acha a atuação dos órgãos públicos suficiente? Como você acha
que eles deveriam atuar?
Se você falou que aqui era arborizado nos dois lados, se a prefeitura viesse e
plantasse arvore de novo, eu acho que ia ser muito bom.
11. O que você alteraria na rua quanto as árvores e espaços arborizados?
Colocaria mais árvores.

Data: 09/08/2012
Escolaridade: Magistério
Endereço: 16 de Novembro

Identificação: 002

1. De que forma você utiliza este endereço?


Eu moro aqui.
2. A quanto tempo?
Esse ano vai fazer 45 anos.
3. Nessa mesma casa?
Sim.
4. Então a senhora já viu muita coisa acontecer nessa rua, não é?
Muita coisa. Essa rua não era nada assim. Era bonita. Agora é só carro.
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5. Quais as transformações mais significativas observadas na arborização


da sua rua?
Tiraram tudo. Agora não tem nada. A gente morre de calor dentro de casa, não
tem um vento, não tem uma sombra, é só barulho de carro, de ônibus.
6. Você acha que nos últimos anos a quantidade de árvores aumentou ou
diminuiu na sua rua?
Meu filho, eles tiraram tudo. Aqui era bonito. Muitas árvores espalhadas. Não
tem quase nada.
7. Eles quem?
A prefeitura.
8. Consegue identificar alguma espécie vegetal?
Essas palmeiras aí.
9. Para você, qual a importância da árvore e da vegetação para os
espaços públicos?
A beleza. Dá gosto da gente andar numa rua bonita, cheia de árvores, de
flores. Fica aquele ambiente fresquinho, a gente não fica suado. Agora a gente
anda nessa rua e chega em casa todo suado, todo ‘emburrado’ (irritado).
10. Há manutenção (poda, corte da grama, retirada de folhas e galhos
secos) da vegetação na rua onde você mora?
Eles vem aqui e tiram os galhos das arvores por causa dos fios.
11. Caso sim, como você avalia essa manutenção?
Meu filho, eles tiram tudo. A gente já não tem sombra e quando eles passam
aqui eles arracam todas as folhas das árvores.
12. Você acha a atuação dos órgãos públicos suficiente?
Eles tem que fazer o trabalho deles. Se o galho fica aí ele cai no fio e deixa
todo mundo sem energia. Eu só queria que eles tivesse mais cuidado.
13. Cuidado com o que?
Com a árvore. A ‘bichinha’ fica toda depenada. Eles poderiam fazer o serviço
com mais cuidado, deixar a árvore mais arrumada.
14. O que você alteraria na rua quanto as árvores e espaços arborizados?
Mais árvore. A gente precisa de um lugar bonito pra andar. Precisa de sombra
pra chegar em casa, no trabalho cheiroso.
99

Data: 09/08/2012
Escolaridade: Ensino Médio Completo
Endereço: 16 de Novembro

Identificação: 003

1. De que forma você utiliza este endereço?


Eu trabalho aqui.
2. Tem muito tempo?
Meu tio é dono de uma loja aqui.
3. Essa loja existe a muito tempo?
Não sei, não sou daqui.
4. E você observa transformações na arborização da sua rua?
Eu vejo as poucas árvores que tem por aqui. Desde que eu cheguei aqui elas
estão do mesmo jeito.
5. Você mora aqui a quanto tempo?
Em Belém eu estou vai fazer 9 anos.
6. E trabalha aqui a quanto tempo?
Trabalho a uns 5 anos.
7. Para você, qual a importância da árvore e da vegetação para os
espaços públicos?
A sombra. É ruim você andar na rua e não tem sombra. O sol de Belém é muito
forte. A gente já chega no trabalho todo suado. Pode ser de manha, de tarde.
Se a gente não chega no trabalho suado chega molhado da chuva.
8. Você sabe alguma coisa da história dessa rua?
Não.
9. Essa rua já foi toda arborizada com palmeiras nos dois lados da rua.
Como você se sente sabendo disso?
Eu imagino que aqui deveria ser muito bonito. Eu não sou daqui e não sei
muita coisa daqui. Se essa rua fosse como a Batista Campos (praça) ela
deveria sem muito bonita. Ia ser bom porque as pessoas não iriam ficar tão
suadas. Ia ser melhor pra andar na rua.
10. Há manutenção (poda, corte da grama, retirada de folhas e galhos
secos) da vegetação na rua onde você trabalha?
100

Eu e às vezes vejo o pessoal da Celpa cortando as árvores por causa dos fios.
11. Como você avalia essa manutenção?
Eles tem que cortar porque tem muito galho seco. Se cair pode quebrar a
fiação, aí o trabalho vai ser pior.
12. E você vê alguma atuação da prefeitura?
Eu vejo nas praças. Aqui não.
13. Você acha a atuação dos órgãos públicos suficiente?
Nas praças é. Aqui não.
14. O que você alteraria na rua quanto às árvores e espaços arborizados?
Precisa de mais árvores. Aqui nessa rua passa muita gente, muito carro,
ônibus. Quem anda por aqui sente muito o sol. Mas tinha que ser árvore pra
dar sombra.

Data: 09/08/2012
Escolaridade: Ensino Superior
Endereço: 16 de Novembro

Identificação: 004

1. De que forma você utiliza este endereço?


Eu moro aqui.
2. Há muito tempo?
Uns 6, 7 anos.
3. Em casa ou em prédio?
Em prédio.
4. Mas você costumava passava por essa rua?
Às vezes.
5. Quais as transformações mais significativas observadas na arborização
da sua rua?
A quantidade de árvore diminuiu. Agora são bem poucas. Mas eu não lembro
de ser muito. Mas dá a impressão de quem tem diminuído.
6. Você acha que nos últimos anos a quantidade de árvores aumentou ou
diminuiu por aqui?
101

É como eu te falei, pra mim parece que tem diminuído. Eu moro aqui e do meu
apartamento eu vejo que tem um tempo que é a mesma coisa. Essa rua quase
não tem árvore. São essas que a gente vê.
7. Consegue identificar alguma espécie vegetal?
As palmeiras. E elas não dão sombra.
8. Para você, qual a importância da árvore e da vegetação para os
espaços públicos?
A sombra, a beleza. Eu passo pela Praça Batista Campos e eu acho ela tão
bonita. É bem fresca, dá vontade de ficar ali, tomar uma água de coco. Se as
ruas fossem assim seria muito bom.
9. Essa rua aqui já foi arborizada com palmeiras nos dois lados...
Poisé, eu acho que já ouvi isso ou devo ter visto alguma coisa a respeito disso.
Belém já foi mais arborizada, né. A gente só vê arvore por aqui. Eu trabalho na
Augusto Montenegro e a gente vê pouca árvore indo pra lá.
10. Pouca árvore? Como assim?
Eu digo pouca árvore na rua. Assim, tipo como é aqui no centro. Por aqui a
gente tem essas árvores enormes, as mangueiras. Indo pra lá tem árvore, mas
não árvore na rua.
11. Há manutenção (poda, corte da grama, retirada de folhas e galhos
secos) da vegetação na rua onde você mora?
Quando tem galho seco tem sempre alguém pra cortar.
12. Como você avalia essa manutenção?
Quando as pessoas veem que tem galho seco perto da fiação eles logo ligam
pra avisar a Celpa.
13. Você acha a atuação dos órgãos públicos suficiente?
A minha única reclamação é que eles cortam muito a árvore. Chega dá pena.
Aqui já não tem sombra e a pouca que tem eles tiram.
14. O que você alteraria na rua quanto as árvores e espaços arborizados?
Mais árvore, muito mais árvore.
15. Você sabe alguma coisa sobre a arborização de Belém no início do
século passado?
Sei pouco. As mangueiras não são tombadas como patrimônio ou alguma coisa
assim? Elas foram plantadas na época do Teatro da Paz, essas coisas. Não sei
102

muito detalhe. Mas acho uma violência com a cidade a gente ter pouca árvore
nas ruas.

Data: 09/08/2012
Escolaridade: Não soube informar
Endereço: 16 de Novembro

Identificação: 005

1. De que forma você utiliza este endereço?


Eu moro aqui.
2. Faz muito tempo?
Muito tempo.
3. Muito tempo quanto?
Muito tempo. Criei meus filhos. Agora tem meus netos. Tem bisneto. Sempre
morei aqui.
4. Quais as transformações mais significativas observadas na arborização
da sua rua?
Mudou muita coisa. Aqui agora e só carro.
5. Você acha que nos últimos anos a quantidade de árvores aumentou ou
diminuiu na sua rua?
Minha mãe falava que saia pra andar nessa rua quando era moçinha. Aqui era
bonito, tinha muita casa bonita, agora não, tem só carro correndo por aí, esse
monte de prédio.
6. Mas as árvores, você lembra alguma coisa?
Tinha árvore, ‘ventava’ (circulação do vento), era bom.
7. Consegue identificar alguma espécie vegetal?
Tinha umas árvores bonitas, agora não tem nada.
8. Mas você consegue identificar alguma?
Agora não.
9. Para você, qual a importância da árvore e da vegetação para os
espaços públicos?
Deixa o lugar bonito, as pessoas podem andar.
10. O que você lembra da arborização desta rua? Como era?
103

Aqui era bom de morar. As pessoas andavam na rua, tranqüilo. Agora não é
como antes. É todo mundo com pressa, não tem vento, é só calor.

Data: 09/08/2012
Escolaridade: Ensino Médio Completo
Endereço: Rua Osvaldo Cruz

Identificação: 006

1. De que forma você utiliza este endereço?


Trabalho aqui.
2. Faz muito tempo?
Uns 20 anos.
3. Quais as transformações mais significativas observadas na arborização
da sua rua?
Aqui as árvores continuam as mesmas. As vezes que tem uma poda pra tirar
os galhos secos. Mas como passa muita gente eles até fazem com cuidado.
4. Você imagina um motivo pra manutenção dessas arvores nesse
perímetro?
Como te falei, por aqui passa muita gente. Domingo tem a praça. Então tem
que ter árvore aqui pra dar sombra.
5. Você acha que nos últimos anos a quantidade de árvores aumentou ou
diminuiu na sua rua?
Eu acho que tá a mesma coisa. Às vezes tem uma árvore velha que cai mas
sempre colocam uma nova no lugar.
6. Consegue identificar alguma espécie vegetal?
Mangueira.
7. Você sabe alguma coisa da época em que essas árvores foram
plantadas?
Não sei muita coisa, não. Sei que ela é da época da borracha, do Teatro. Só
isso.
8. Para você, qual a importância da árvore e da vegetação para os
espaços públicos?
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A sombra. Aqui é sempre agradável. Quando vou pra minha casa é quente,
sem vento e calor. Aqui é sempre esse vento gelado.
9. Há manutenção (poda, corte da grama, retirada de folhas e galhos
secos) da vegetação na rua?
Aqui a prefeitura sempre manda funcionário pra cuidar. Todo domingo tem a
praça (Praça da República) então tem que ta sempre bonito pras pessoas
virem aqui.
10. Como você avalia essa manutenção?
Eu acho boa. Queria que eles cuidassem assim da rua da minha casa.
11. Você acha a atuação dos órgãos públicos suficiente?
Aqui pra esse pedaço eu acho.
12. O que você alteraria na rua quanto as árvores e espaços arborizados?
Por aqui é bom, é bonito, as árvores grande, bem sombra, bem ventilado. Seria
bom se mais ruas da cidade fossem assim.
13. Você mora onde?
Guamá.

Data: 09/08/2012
Escolaridade: Ensino Fundamental
Endereço: Rua Osvaldo Cruz

Identificação: 007

1. De que forma você utiliza este endereço?


Passo por aqui todo dia.
2. Mas você mora, trabalho ou estuda por aqui?
Moro aqui perto.
3. Quais as transformações mais significativas observadas na arborização
da sua rua?
Por aqui sempre teve muita árvore. Na minha rua não tem porque ela é
estreita. Mas essas ruas mais largar e com calçada são boas.
4. Você acha que nos últimos anos a quantidade de árvores aumentou ou
diminuiu na sua rua?
105

Esta a mesma coisa. Às vezes uma tomba, é uma confusão. Mas colocam
outra pequena no lugar.
5. Consegue identificar alguma espécie vegetal?
Mangueira.
6. Para você, qual a importância da árvore e da vegetação para os
espaços públicos?
A sombra. É bem gostoso andar numa rua dessas.
7. Há manutenção (poda, corte da grama, retirada de folhas e galhos
secos) da vegetação na rua onde você mora?
Eu sempre vejo gente cuidando das arvores.
8. Como você avalia essa manutenção?
Acho boa.
9. Você acha a atuação dos órgãos públicos suficiente?
Acho.
10. O que você alteraria na rua quanto às árvores e espaços arborizados?
Não mudaria nada. Do jeito que tá, esta bom. Só não quero que tirem as
árvores.
11. Como você imagina esse perímetro sem as árvores?
Ia ser bem quente com o sol em cima da gente.
12. O que você sabe da história da arborização desta rua?
Não sei muita coisa. Só sei que elas são bem antigas.

Data: 09/08/2012
Escolaridade: Ensino Superior
Endereço: Rua Osvaldo Cruz

Identificação: 008

1. De que forma você utiliza este endereço?


Sempre venho aqui de manha.
2. Você mora por aqui?
Moro no prédio aqui da rua.
3. Mora há muito tempo?
Uns 12 anos.
106

4. Quais as transformações mais significativas observadas na arborização


da sua rua?
Aqui não muda muita coisa. É por isso que eu gosto daqui. Eu acho que esse
pedaço da cidade é o mesmo a muito tempo.
5. Mas quanto a arborização? É a mesma coisa também?
É. Aqui essas árvores devem ter muitos anos. São bem grandes, bastante
sombra. Só é ruim quando começa a dar manga. Quando dá vento as mangas
começam a cair nos carros, na cabeça de quem passa. Mas mesmo assim é
bom, é bem fresquinho, um vento gostoso, uma sombra. Dá pra passear,
sentar. O problema é só as buzinas e quando escurece que dá muito malandro.
6. Você acha que nos últimos anos a quantidade de árvores aumentou ou
diminuiu na sua rua?
Esta a mesma coisa. Até quando uma dessas velhas tomba eles colocam outra
no lugar.
7. Consegue identificar alguma espécie vegetal?
Mangueira.
8. Para você, qual a importância da árvore e da vegetação para os
espaços públicos?
A sombra. Eu acho que eu tenho mais qualidade de vida do que se eu morasse
em outro lugar. Eu desço e venho andar, vem gente. Se eu morasse em outro
lugar eu não teria isso. Aqui na maior parte do tempo é tranqüilo. Muita gente
prefere passar por aqui por causa da sombra, o sol é muito forte todo o dia.
9. Há manutenção (poda, corte da grama, retirada de folhas e galhos
secos) da vegetação na rua onde você mora?
Tem sempre gente aqui limpando.
10. Caso sim, como você avalia essa manutenção?
Acho boa, é difícil ver folha seca acumulando no chão. Eles sempre limpam.
Até porque, aqui passa muita gente, domingo tem programação na praça,
sempre tem gente pra conhecer a cidade, o período do Círio é muita gente, tem
que estar limpo.
11. Você acha a atuação dos órgãos públicos suficiente?
Por aqui eu acho.
107

12. O que você alteraria na rua quanto as árvores e espaços arborizados?


Por aqui eu só não queria que tirassem muito das árvores (poda). Quando eles
vem tirar galho seco eles tiram muito. Queria que tivessem mais cuidado.
13. Você ainda pouco comentou sobre o Círio. Você acha que um dos
motivos de manter as árvores por esse perímetro seria por causa da
procissão?
Claro. Imagina esse povo todo andar nesse sol.
14. O que você sabe da história da arborização desta rua?
Sei do Antônio Lemos, do período da borracha, parece que foi ele que mandou
plantar. Sei de algumas coisas assim.
15. Você sabe o motivo de arborizar?
Pra dar sombra, eu acho.
16. E você sabe o porquê a mangueira?
Não, não sei.

Data: 09/08/2012
Escolaridade: Superior Completo
Endereço: Rua Osvaldo Cruz

Identificação: 009

1. De que forma você utiliza este endereço?


Moro aqui.
2. Em casa, prédio?
Prédio.
3. Há muito tempo?
Uns 5 anos.
4. Quais as transformações mais significativas observadas na arborização
da sua rua?
Por aqui as árvores estão sempre do mesmo jeito. Só quando eles cortam que
elas ficam menores.
5. Você acha que nos últimos anos a quantidade de árvores aumentou ou
diminuiu na sua rua?
Eu acho que esta a mesma coisa.
108

6. Consegue identificar alguma espécie vegetal?


Só a mangueira.
7. Para você, qual a importância da árvore e da vegetação para os
espaços públicos?
A sombra. É bem melhor, mais agradável andar por uma rua com árvores.
8. Há manutenção (poda, corte da grama, retirada de folhas e galhos
secos) da vegetação na rua onde você mora?
Sempre vejo gente fazendo manutenção.
9. Como você avalia essa manutenção?
Acho boa. Como por aqui passar muita gente e todo domingo tem programação
na praça, tem que manter sempre limpo.
10. Você acha a atuação dos órgãos públicos suficiente?
Aqui eu acho. Em outros locais não.
11. O que você alteraria na rua quanto as árvores e espaços arborizados?
Aqui eu só faria a manutenção. Eu acho que a cidade precisa de mais árvore.
Belém é muito quente então se ela tivesse mais árvore seria mais agradável
pra andar na rua, fazer as coisas. Aqui é bom de andar, é ruim quando é mais
afastado.
12. Você consegue imaginar uma justificativa pra manutenção dessas
árvores nesse perímetro?
Como eu te falei, por aqui passa muita gente, tem a feira, tem o Círio, muita
coisa acontece por aqui, então tem que ter árvore pra dar gente pra que passa
por aqui.
13. O que você sabe da história da arborização desta rua?
Sei que as árvores são bem antigas, do tempo da borracha, do teatro. Sei
também que são patrimônio da cidade.
109

Data: 10/08/2012
Escolaridade: Superior Incompleto
Endereço: Praça Batista Campos

Identificação: 010

1. De que forma você utiliza este endereço?


Lazer e prática de exercício.
2. Você mora próximo?
Sim.
3. A quanto tempo utiliza o espaço dessa forma?
Aproximadamente 7 anos.
4. Tem observado transformações significativas observadas na
arborização do espaço?
Não.
5. Você acha que nos últimos anos a quantidade de árvores aumentou ou
diminuiu?
Manteve
6. Você visualiza uma justificativa para a manutenção das árvores desse
espaço?
Pelo fato da expansão urbana não comprometer o espaço da praça.
7. Consegue identificar alguma espécie vegetal?
Mangueira, castanheiras, Pau Brasil.
8. Para você, qual a importância da árvore e da vegetação para os
espaços públicos?
Principalmente a sombra, conforto. Estéticamente bonito também.
9. Há manutenção (poda, corte da grama, retirada de folhas e galhos
secos) da vegetação do espaço?
Sim. Regulares limpezas, a podas das plantas, retirada de ervas.
10. Caso sim, como você avalia essa manutenção?
Boa.
11. Você acha a atuação dos órgãos públicos suficiente?
Sim.
110

12. O que você alteraria na praça quanto as árvores e espaços


arborizados?
Aumentaria a quantidade do que já tem. Preferencia no uso das plantas com
flores
13. O que você sabe quanto a historia da arborização desta praça?
Que foi feita na época da Belle Epoque e que foram implantadas com o obejtivo
de dar conforto as pessoas que utilizavam esse espaço.

Data: 10/08/2012
Escolaridade: Ensino Fundamental Completo
Endereço: Praça Batista Campos

Identificação: 011

1. De que forma você utiliza o espaço?


Trabalho como babá. Sempre trago as crianças.
2. Com que frequência?
Todas as manhas, todos os dias menos o domingo.
3. Você sabe informar se elas freqüentam o espaço mesmo nos
domingos?
4. Sempre que os pais delas podem trazer eles trazem.
Eles moram próximo?
Sim.
5. Você sabe informar se os pais deles quando crianças freqüentavam
esse espaço?
Pelo que já vi de fotos, acho que sim.
6. Quais as transformações mais significativas observadas na arborização
da praça?
Pra mim essa praça é a mesma sempre. Vejo diferença quando é época de
Natal que colocam uma iluminação diferente e não tinha isso.
7. Você acha que nos últimos anos a quantidade de árvores aumentou ou
diminuiu?
Eu acho que é a mesma. As vezes a gente fica sabendo de uma árvore que
caiu, mas sempre colocam outra no lugar.
111

8. Você mora aqui próximo?


Moro.
9. E você, como usuária, percebe transformações no espaço?
Quando era mais nova estudava aqui próximo. O que eu percebo de mudança
é dos bancos, da calçada, tem gente que vem aqui só pra bagunçar.
10. E das árvores? Percebe alguma diferença?
Diferença eu vejo quando a prefeitura vem cortar as árvores. Eles tiram muito e
a árvore fica toda ‘esmirrada’ (reduzida). Mas sempre cresce.
11. Consegue identificar alguma espécie vegetal?
Mangueiras, castanheiras.
12. Para você, qual a importância da árvore e da vegetação para os
espaços públicos?
Elas deixam a praça mais bonita. Praça tem que ter árvore, tem que ter
sombra.
13. Há manutenção (poda, corte da grama, retirada de folhas e galhos
secos) do espaço?
Sempre vejo aqui gente limpando. As vezes a prefeitura manda colocar umas
plantinhas novas, mas elas nunca duram muito.
14. Como você avalia essa manutenção?
Eu acho boa
15. Você acha a atuação dos órgãos públicos suficiente?
Aqui eu acho.
16. O que você alteraria quanto as árvores e espaços arborizados?
Diria pra ter mais cuidado, a praça é muito bonita e as árvores deixam ela
assim. Aqui tem muita família, as árvores deixam o espaço mais alegre.
17. O que você sabe quanto ao histórico da arborização desta praça?
Só sei que ela é bem antiga, mas não sei de quando.
112

Data: 10/08/2012
Escolaridade: Superior
Endereço: Praça Batista Campos

Identificação: 012

1. De que forma você utiliza o espaço?


Trago meus cachorros pra passear.
2. Mora próximo?
Sim.
3. E utiliza a praça a muito tempo?
Desde criança. Minha mãe me trazia sempre.
4. Você percebe alguma ligação sua com o espaço?
Bastante. Como venho aqui a muito tempo, sempre lembro de algumas coisas
aqui. O espaço me traz boas lembranças.
5. Quais as transformações mais significativas observadas na arborização
da praça?
A queda de algumas árvores velhas.
6. Você acha que nos últimos anos a quantidade de árvores aumentou ou
diminuiu?
Mesmo algumas arvores caindo sempre repõe a arvore no mesmo local.
7. Consegue identificar alguma espécie vegetal?
Somente as mangueiras.
8. Para você, qual a importância da árvore e da vegetação para os
espaços públicos?
A beleza da praça são as árvores. Essa praça é diferente das outras porque as
árvores é que dão o charme dela. Os locais da praça são bonitos, mas as
árvores é que são diferentes.
9. Diferentes como?
A sensação que eu tenho é de que ela dá abrigo, ali (referencia ao perímetro
da Serzedêlo) a árvore é cheia de pássaro a noite. Isso não se vê em outros
locais.
113

10. Há manutenção (poda, corte da grama, retirada de folhas e galhos


secos) da vegetação na rua onde você mora?
Sempre vejo a prefeitura fazendo limpeza, tirando as folhas secas. As vezes
eles fazem umas podas muito radicais e a árvore fica feia. Mas tem que fazer
por causa da fiação.
11. Como você avalia essa manutenção?
Acho boa. Só acho que agride muito a árvore.
12. Você acha a atuação dos órgãos públicos suficiente?
Acho.
13. O que você alteraria quanto as árvores e espaços arborizados?
Não mudaria quase nada. Diria pra deixar sempre do mesmo jeito.
14. O que você sabe quanto ao histórico da arborização desta praça?
Do período do Antonio Lemos, da borracha.

Data: 10/08/2012
Escolaridade: Ensino Médio
Endereço: Praça Batista Campos

Identificação: 013

1. De que forma você utiliza o espaço?


Passeio.
2. Mora próximo?
Sim.
3. Utiliza o espaço com que frequência?
Todos os dias. Nem que eu não venha a passeio eu passo por aqui pra fazer
as coisas.
4. Quais as transformações mais significativas observadas na arborização
da praça?
Em relação as árvores não vejo mudança. O que eu vejo são algumas coisas
da praça que destroem. Mas as arvores até que as pessoas tem cuidado. Só
não na época que dá manga que algumas pessoas ficam jogando pedra na
árvore. Mas nem fazem isso muito porque tem muito carro e pode quebrar o
vidro.
114

5. Você acha que nos últimos anos a quantidade de árvores aumentou ou


diminuiu?
Pra mim esta a mesma coisa.
6. Consegue identificar alguma espécie vegetal?
A mangueira, tem a sumaumeira que é a mesma do CAN.
7. Para você, qual a importância da árvore e da vegetação para os
espaços públicos?
A sombra. Belém é muito quente e as arvores dão sombra.
8. Há manutenção (poda, corte da grama, retirada de folhas e galhos
secos) da vegetação na rua onde você mora?
Sempre vejo limpando, tirando as folhas caídas.
9. Como você avalia essa manutenção?
Acho boa. Eu acho que limpam, o problema é que muita gente é mal educada e
deixa lixo por aí.
10. Você acha a atuação dos órgãos públicos suficiente?
Acho.
11. O que você alteraria quanto as árvores e espaços arborizados?
Eu colocaria mais árvores na cidade pra que ela ficasse que nem a praça. Acho
aqui muito bonito. Tenho parentes de fora do estado e quando eles vêem a
praça dizem que em outros locais não tem nada parecido. Eles elogiam muito.
Acho que seria bom que a cidade fosse toda assim.
12. O que você sabe quanto ao histórico da arborização desta praça?
Só sei que ela é bem antiga.

Data: 10/08/2012
Escolaridade: Superior
Endereço: Praça Batista Campos

Identificação: 014

1. De que forma você utiliza o espaço?


Sempre que posso trago meus filhos
2. Com que frequencia?
Quando tenho tempo.
115

3. Mora próximo?
Sim.
4. Antes de trazer os filhos você freqüentava o espaço?
Sim.
5. Quanto tempo?
Meus avós moravam por aqui. Meus pais moram também.
6. Você observa alguma ligação sua com a praça?
Percebo, sim. Quando eu era criança eu vinha aqui. Meus pais quando criança
também vinham. Brinco que a praça é meu quintal.
7. Quais as transformações mais significativas observadas na arborização
da praça?
As árvores cresceram. Mas elas são desse jeito tem bastante tempo. As
árvores menores, essas plantinhas que sempre estão colocando. Mas as
grandes são assim a muito tempo. As vezes, em época de chuva, sempre tem
uma que cai mas vão e colocam outra.
8. Você acha que nos últimos anos a quantidade de árvores aumentou ou
diminuiu?
Ficou a mesma.
9. Consegue identificar alguma espécie vegetal?
Mangueiras, sumaumeiras.
10. Para você, qual a importância da árvore e da vegetação para os
espaços públicos?
Aqui nessa praça a diferença dela são as árvores. Elas que deixam a praça
mais bonita. As pessoas gostam de vir aqui por causa das árvores.
11. E qual a importância delas?
Elas que dão beleza. Elas que fazem aqui ser diferente.
12. Há manutenção (poda, corte da grama, retirada de folhas e galhos
secos) da vegetação do espaço?
Sempre tem gente limpando. As vezes tem gente que corta por causa dos
galhos secos. Mas a praça é sempre limpinha.
13. Como você avalia essa manutenção?
Acho boa. Só acho as podas muito grossas.
14. Você acha a atuação dos órgãos públicos suficiente?
Aqui nesse espaço até acho. O problema é o resto da cidade.
116

15. O que você alteraria quanto as árvores e espaços arborizados?


Aqui na praça não mudaria nada. Queria que ela pudesse ficar sempre assim.
Mas seria bom se outros locais fosse assim.
16. O que você sabe quanto ao histórico da arborização desta praça?
Sei que ela é do período da borracha.

Data: 10/08/2012
Escolaridade: Ensino Médio
Endereço: Praça Batista Campos

Identificação: 015

1. De que forma você utiliza o espaço?


Venho caminhar.
2. Com que frequência?
Se eu puder, venho todos os dias.
3. Mora próximo?
Moro.
4. Usa o espaço a muito tempo?
Uso
5. Tem idéia de quanto tempo?
Uns 30 anos.
6. Quais as transformações mais significativas observadas na arborização
da praça?
As árvores são as mesmas. Alguma cai, mas repões. O que muda são as
coisas da praça mas as árvores são iguais.
7. Você percebe alguma ligação sua com o espaço?
Cresci aqui. Estudava numa escola aqui perto. Moro aqui perto. Tenho muito
carinho por essa praça.
8. Você acha que nos últimos anos a quantidade de árvores aumentou ou
diminuiu?
Manteve. Como falei, quando alguma cai que eles colocam outra no lugar.
9. Consegue identificar alguma espécie vegetal?
Mangueiras, castanheiras, sumaumeiras.
117

10. Para você, qual a importância da árvore e da vegetação para os


espaços públicos?
A sombra, essa sensação gelada, a beleza. Eu acho lindo quando esta dando
manga, eu acho que a árvore fica igual a uma arvore de natal.
11. Há manutenção (poda, corte da grama, retirada de folhas e galhos
secos) da vegetação?
Sempre tem.
12. Como você avalia essa manutenção?
Acho boa.
13. Você acha a atuação dos órgãos públicos suficiente?
Aqui é. Mas eles fazem muita maldade com as árvores
14. Maldade de que forma?
Quando eles vão cortar as árvores por causa do fio eles tiram muito. Dá pena
da árvore.
15. O que você alteraria quanto as árvores e espaços arborizados?
Deixaria a cidade cheia de árvores, de flores.
16. O que você sabe quanto ao histórico da arborização desta praça?
Sei que ela é antiga.

Data: 10/08/2012
Escolaridade: Superior
Endereço: Praça Batista Campos

Identificação: 016

1. De que forma você utiliza o espaço?


Como atrativo, local de descontração, fazer caminhadas, ajudar na saúde,
qualidade do ar.
2. Com que frequência?
Quando estou em Belém faço tudo pra usar toda semana. Umas duas vezes
por semana. Mais pra caminhada.
3. Há quanto tempo?
Já a uns 40 anos.
4. Mora próximo?
118

Mais ou menos.
5. Quais as transformações mais significativas observadas na arborização
da praça?
Tem mais árvore. Houve uma preocupação de fazer da praça uma das mais
bonitas do Brasil. Bem arborizada com aquelas mais antigas e as mais novas.
Decora mais a praça, dá sombra.
6. Você percebe alguma ligação sua com esse espaço?
Sim, muito forte. É o local de Belém que eu mais gosto. Passei minha
adolescência na praça, ela faz parte da minha vida, da minha historia.
Estudava aqui próximo. Meus filhos quando eram crianças. Era a praça
escolhida pro lazer das minhas crianças.
7. A arvore da praça tem contribuição?
Muita. Ela complementa a beleza, torna a praça mais rica com essa beleza,
com os frutos, a sombra, enriquece o verde da cidade.
8. Você acha que nos últimos anos a quantidade de árvores aumentou ou
diminuiu?
Eu acho que aumentou. Considerando com as plantas menores. Antes eram só
as antigas.
9. Consegue identificar alguma espécie vegetal?
Mangueiras, açaizeiros, samaumeira.
10. Para você, qual a importância da árvore e da vegetação para os
espaços públicos?
Ela dá sombra, proporciona beleza no espaço, dão frutos como a mangueira, a
qualidade do ar, contribui com a saúde das pessoas.
11. Há manutenção (poda, corte da grama, retirada de folhas e galhos
secos) da vegetação?
Eu acho pouca. A gente perde muita árvore importante pela falta de
manutenção. Até tem, mas deveria ter mais cuidado pra ela ser mais bonita.
Que ela possa ser assitida.
12. Como você avalia essa manutenção?
Precisa melhorar, precisa investir mais, qualificar as pessoas pra ter esse zelo.
Hoje se fala tanto em ambiente melhor, mais qualidade de vida, é necessário
que se faça isso.
119

13. Você acha a atuação dos órgãos públicos suficiente?


Como falei, precisa intensificar essa atuação. A gente vê um olhar especial nas
praças, incentivo do plantio, mas precisa melhorar, ter uma gestão mais voltada
pra arvores, de termos mais árvores nas ruas, nos quintais, na frente de casa.
Distribuir isso na sociedade.
14. O que você alteraria quanto as árvores e espaços arborizados?
Colocaria maior variedade de árvore, em mais locais, plantinhas menores mais
distribuídas.
15. O que você sabe quanto ao histórico da arborização desta praça?
Não sei. Quando eu me entendi já tinha a praça, ela já era arborizada, mas não
sei a iniciativa.

Data: 10/08/2012
Escolaridade: Superior
Endereço: Praça Batista Campos

Identificação: 017

1. De que forma você utiliza o espaço?


Caminhada, passeio.
2. Com que frequência?
Duas, três vezes na semana.
3. Há quanto tempo?
Mais de 20 anos.
4. Mora próximo?
Hoje não.
5. Quais as transformações mais significativas observadas na arborização
da praça?
Percebo o plantio de várias mudas. As árvores grandes são basicamente as
mesmas.
6. Você percebe alguma ligação sua com esse espaço?
Tenho sim. Namorei muito por aqui.
7. A arvore da praça tem contribuição?
Sombra, qualidade do ar.
120

8. Você acha que nos últimos anos a quantidade de árvores aumentou ou


diminuiu?
Acho que diminuiu. As arvores são muito antigas, eles tem caído com o tempo,
essas coisas.
9. Consegue identificar alguma espécie vegetal?
Samaumeiras, bambuzeiros.
10. Para você, qual a importância da árvore e da vegetação para os
espaços públicos?
A sombra, a árvore deixa o ambiente mais agradável.
11. Há manutenção (poda, corte da grama, retirada de folhas e galhos
secos) da vegetação?
Tem.
12. Como você avalia essa manutenção?
Acho boa.
13. Você acha a atuação dos órgãos públicos suficiente?
Sim.
14. O que você alteraria quanto as árvores e espaços arborizados?
Aqui deixaria do mesmo jeito. Diria pra ter mais cuidado com as antigas.
15. O que você sabe quanto ao histórico da arborização desta praça?
Não.

Data: 10/09/2012
Escolaridade: Ensino Médio
Endereço: Praça da República

Identificação: 018

1. De que forma você utiliza o espaço?


Trabalho aqui próximo.
2. Passa por esse espaço faz muito tempo?
Mais ou menos. Tem uns 3 anos.
3. Não freqüenta nem nos domingos?
Nos domingos eu venho bastante. Principalmente quando tem Arraial (Arraial
do Pavulagem).
121

4. Quais as transformações mais significativas observadas na arborização


da praça?
As árvores, pra mim, parecem as mesmas. De árvore o que eu vejo de novo
são as menos que tem plantado.
5. Você acha que nos últimos anos a quantidade de árvores aumentou ou
diminuiu?
Aqui eu acho que continua a mesma. Aqui na praça as arvores são as
mesmas. Essas aqui pela calçada.
6. Consegue identificar alguma espécie vegetal?
Mangueira
7. Para você, qual a importância da árvore e da vegetação para os
espaços públicos?
Aqui na praça é a sombra. Aqui passa muita gente. Aqui na Presidente Vargas
tem uma circulação muito grande de pessoas. A árvore da sombra, alivia o
calor, quem anda na sombra sente um vento frio.
8. Outra funcionalidade da árvore?
A beleza. Aqui é bonito de ver. Forma um túnel bonito.
9. Há manutenção (poda, corte da grama, retirada de folhas e galhos
secos) da vegetação?
Sempre vejo limparem. As vezes cortam.
10. Como você avalia essa manutenção?
Acho boa.
11. Você acha a atuação dos órgãos públicos suficiente?
Acho.
12. O que você alteraria quanto as árvores e espaços arborizados?
Queria que a cidade tivesse mais árvore. Onde moro tem pouco. É bem
quente, faz muito sol. Aqui pode ser meio dia mas a sombra da arvore ajuda a
gente a não ficar tão suado.
13. O que você sabe quanto ao histórico da arborização desta praça?
Não sei nada.
122

Data: 10/08/2012
Escolaridade: Superior
Endereço: Praça da República

Identificação: 019

1. De que forma você utiliza o espaço?


Venho sempre que posso.
2. Com que frequência?
Venho nos domingos.
3. Há quanto tempo?
Desde que era adolescente.
4. Quais as transformações mais significativas observadas na arborização
da praça?
As árvores continuam a mesma. Como elas são bem antigas eles tem até
cuidado com elas. Como aqui passa muita gente, tem o Círio, eles sempre tem
cuidado pra deixar elas bem.
5. Você acha que nos últimos anos a quantidade de árvores aumentou ou
diminuiu?
Aqui na praça manteve a quantidade. Na cidade diminuiu bastante.
6. Consegue identificar alguma espécie vegetal?
Só as mangueiras.
7. Para você, qual a importância da árvore e da vegetação para os
espaços públicos?
A sombra. Como por aqui passa muita gente e muita coisa acontece aqui, a
sombra da uma ajuda.
8. Há manutenção (poda, corte da grama, retirada de folhas e galhos
secos) da vegetação?
Tem sim.
9. Como você avalia essa manutenção?
Acho boa. Seria bom se tivessem arvores na cidade inteira.
10. Você acha a atuação dos órgãos públicos suficiente?
Onde tem arvore é boa. Precisa melhorar pra onde não tem arvore.
11. O que você alteraria quanto as árvores e espaços arborizados?
123

Precisa aumentar a quantidade de arvore na cidade. Belém é muito quente.


Você anda um pouco e já fica muito suado. As arvores ajudariam bastante.
12. O que você sabe quanto ao histórico da arborização desta praça?
Sei que ela é do mesmo período do teatro.

Data: 10/08/2012
Escolaridade: Ensino Superior
Endereço: Praça da Republica

Identificação: 020

1. De que forma você utiliza o espaço?


Passo por aqui todos os dias. As vezes venho no domingo.
2. As vinda são frequentes?
Sempre que posso. Acho que todo mês. As vezes trago meus filhos.
3. Há quanto tempo?
Vinha aqui quando criança.
4. Quais as transformações mais significativas observadas na arborização
da praça?
As arvores são as mesmas. As vezes uma cai porque são bem antigas.
5. Você acha que nos últimos anos a quantidade de árvores aumentou ou
diminuiu?
Aqui na praça manteve.
6. Você imagina alguma justificativa pra manutenção da quantidade de
arvores ou até mesmo essas arvores mais antigas?
Por causa da sombra, por causa do círio.
7. Consegue identificar alguma espécie vegetal?
Mangueiras.
8. Para você, qual a importância da árvore e da vegetação para os
espaços públicos?
A sombra, o conforto, a praça fica mais agradável.
9. Há manutenção (poda, corte da grama, retirada de folhas e galhos
secos) da vegetação?
Sempre vejo.
124

10. Como você avalia essa manutenção?


Acho boa. Só acho que eles cortam muito as arvores quando vão tirar os
galhos velhos, por causa dos fios.
11. Você acha a atuação dos órgãos públicos suficiente?
Acho que precisa melhorar.
12. Por quê?
Porque quando vai fazer essa poda é muito. Eles deixam a arvore sem nada. A
rua fica com uma arvore feia, ela não dá sombra, demora pra crescer. Acho
que isso precisa melhorar.
13. O que você alteraria quanto as árvores e espaços arborizados?
Mais cuidado com as arvores antigas. Mais arvores pra cidade.
14. O que você sabe quanto ao histórico da arborização desta praça?
Nada.

Data: 10/08/2012
Escolaridade: Superior
Endereço: Praça da Republica

Identificação: 021

1. De que forma você utiliza o espaço?


Passeio
Há quanto tempo?
Uns 30 anos
2. Quais as transformações mais significativas observadas na arborização
da praça?
As arvores antigas continuam as mesmas. Por dentro da praça colocam umas
plantas menores, mas no geral continua a mesma coisa.
3. Você acha que nos últimos anos a quantidade de árvores aumentou ou
diminuiu?
Como falei, as antigas mantem a mesma quantidade, tem colocado algumas
plantas novas.
125

4. Qual a justificativa pra manutenção dessas antigas?


O uso da praça, então precisa de sombra. A circulação de pessoas e como a
cidade é quente a sombra das árvores ajuda no clima, ajuda a não ficar tão
suado, ajuda no ar que é menos pesado já que aqui assar muito carro e ônibus.
O círio também, já que na procissão vem muita gente e o sol é muito forte. Pra
cidade já que o turista vem e que conhecer a cidade das mangueira, e isso aqui
mostra isso.
5. Consegue identificar alguma espécie vegetal?
Mangueira, samaumeira.
6. Para você, qual a importância da árvore e da vegetação para os
espaços públicos?
A beleza que a arvore da ao espaço, a sombra, o lugar fica mais arejado, mais
ventilado.
7. Há manutenção (poda, corte da grama, retirada de folhas e galhos
secos) da vegetação?
Nas praças de Belém tem manutenção. Sempre tem gente limpando, podando.
As podas que são exageradas e deixam a arvore feia e até demora pra ela se
recompor.
8. Como você avalia essa manutenção?
Acho boa, mas exagerada. Tem lugar fora do estado que a manutenção dessas
arvores não é assim, a Celpa diz que é por causa da fiação, mas hoje em
cidades grandes grandes existe fiação por baixo da terra e aqui poderia ter algo
assim.
9. Você acha a atuação dos órgãos públicos suficiente?
Ela fica sendo insuficiente porque não busca melhorar, fica sendo essa mesma
forma exagerada.
10. O que você alteraria quanto as árvores e espaços arborizados?
Na praça manter as árvores antigas com técnicas que possam manter elas por
mais tempo. Aumentar as árvores na cidade, a arvore ajuda no clima, na
beleza. Eu me sinto bem quando passo por lugares com arvore, me deix de
bom humor.
11. O que você sabe quanto ao histórico da arborização desta praça?
Elas são do período do Antonio Lemos, época da borracha. Sei um pouco, sim.
126

Data: 10/08/2012
Escolaridade: Superior
Endereço: Praça da Republica

Identificação: 022

1. De que forma você utiliza este espaço?


Sou antigo freqüentador da Praça da República. Gosto de passear pelas suas
alamedas. Dos monumentos e da arborização.
2. Há quanto tempo?
Há mais de 35 anos.
3. Com que frequencia?
Aos domingos, preferencialmente.
4. Quais as transformações mais significativas observadas na arborização
deste espaço?
Toda a arborização significativa do logradouro é herança de Antônio Lemos.
De modo que as mangueiras que lá estão são todas centenárias. Uma ou
outra foi substituída nesse interregno de tempo.
5. Você acha que nos últimos anos a quantidade de árvores aumentou ou
diminuiu?
Nem uma coisa nem outra. Creio que o número de árvores lá plantadas não se
alterou nesse tempo todo. Algumas, como já disse, foram substituídas,
apenas.
6. Você imagina uma justificativa pra isso?
Arborizar um logradouro não é algo simples. É necessário planejamento.
Creio que a Prefeitura deva ter técnicos especializados para isso. Com relação
a Praça da República especificamente não vejo razão para se ampliar o seu
projeto paisagístico. Talvez aperfeiçoá-lo. Não devemos transformar uma
praça numa floresta. Em tudo é preciso equilíbrio. No mais, é cuidar do que lá
já está.
7. Consegue identificar alguma espécie vegetal?
Sim, as mangueiras. Aquele túnel de mangueiras formado na calçada ao lado
do Teatro da Paz é algo singular.
127

8. Para você, qual a importância da árvore e da vegetação para os


espaços públicos?
Uma cidade de clima equatorial como Belém não pode prescindir de suas
árvores. As mangueiras, creio, apesar de sua origem africana, se deram muito
bem no nosso solo. Não consigo imaginar Belém sem elas. Uma praça sem
arborização não seria um lugar agradável para se estar. As árvores nos
completam com a sua agradável e salutar presença.
9. Há manutenção (poda, corte da grama, retirada de folhas e galhos
secos) da vegetação no espaço?
Não. Se há nunca presenciei. Aliás, as ervas daninhas que infestam as copas
das nossas árvores, nos dão a certeza de que há falta de preservação e
tratamento das nossas coberturas vegetais. Limpeza rasteiras, sim, há.
10. Como você avalia essa manutenção?
Negativamente.
11. Você acha a atuação dos órgãos públicos quanto a reparo e
manutenção dos espaços verdes da cidade suficiente?
Não. A poda só ocorre quando as árvores estão criando algum tipo de
problema para a rede elétrica. Aí a poda é feita, aliás mal-feita, pois quem as
faz parece não dominar a correta técnica de podagem. Isso é muito ruim, pois
me parece que se trata mais de uma agressão ao vegetal do que propriamente
de uma poda.
12. O que você alteraria quanto as árvores e espaços arborizados?
Ampliaria a cobertura vegetal em toda cidade. Muitos locais de Belém, como já
disse, estão longe de apresentar uma cobertura vegetal suficiente.
13. Acha a legislação adequada pra realidade da cidade?
Não conheço a legislação. Entretanto, me parece que, se ela existe, não vem
sendo cumprida. A falta regular de podagem e tratamento dos vegetais me
levam a pensar assim.
14. O que você sabe da história da arborização da praça?
Sei apenas que as primeiras árvores que lá estão foram plantadas pelo
Intendente Antônio Lemos, um visionário que transformou a raquítica Belém
daqueles anos, num grande e agradável jardim, pontificando as mangueiras
cujas primeiras mudas vieram transportadas da África.
128

Data: 10/08/2012
Escolaridade: Ensino Médio
Endereço: Serzedelo Correa

Identificação: 023

1. De que forma você utiliza este endereço?


Moro aqui.
2. Há quanto tempo?
40 anos.
3. Quais as transformações mais significativas observadas na arborização
da sua rua?
As arvores que desapareceram. Ficam velhas, caem, morrem. Tem gente que
arranca.
4. Você acha que nos últimos anos a quantidade de árvores aumentou ou
diminuiu na sua rua?
Tem diminuído, com certeza.
5. Consegue identificar alguma espécie vegetal?
Tem as mangueiras, só lembro dessa.
6. Para você, qual a importância da árvore e da vegetação para os
espaços públicos?
A rua fica mais bonita, mais sombra, mais arejada, ventilada.
7. Há manutenção (poda, corte da grama, retirada de folhas e galhos
secos) da vegetação na rua onde você mora?
Aqui tem. Quando a prefeitura manda cortar por causa dor fios é um problema
porque eles tiram muito da arvore. Tem gente que não deixa eles fazerem um
corte assim.
8. Como você avalia essa manutenção?
Eu acho que precisa melhorar.
9. Você acha a atuação dos órgãos públicos suficiente?
Não é suficiente porque existem formas que prejudica menos as arvores.
10. O que você alteraria na rua quanto as árvores e espaços arborizados?
Mais arvores pra rua ficar melhor.
129

11. O que você sabe do histórico da arborização desta rua?


Não sei muita coisa. Sei que as arvores que ainda estão são bem antigas.

Data: 10/08/2012
Escolaridade: Fundamental
Endereço: Serzedelo Correa

Identificação: 024

1. De que forma você utiliza este endereço?


Passo aqui todo dia pra ir pro trabalho.
2. Há quanto tempo?
Na casa onde eu trabalho hoje tem uns 3 anos. Mas já trabalhei em outra casa
que é aqui perto também.
3. Mas no seu dia a dia, fora do trabalho, você passa por aqui?
Passo.
4. Com que frequência?
Não sei informar. Quando preciso eu passo.
5. Há quanto tempo?
Desde jovem, uns 30 anos.
6. Percebeu muita mudança?
As arvores eram maiores. Tinha mais arvore também;
7. Você acha que nos últimos anos a quantidade de árvores aumentou ou
diminuiu?
Eu acho que diminuiu.
8. Consegue identificar alguma espécie vegetal?
Só as mangueiras
9. Para você, qual a importância da árvore e da vegetação para os
espaços públicos?
A sombra. É melhor andar numa rua que tenha sombra.
10. Há manutenção (poda, corte da grama, retirada de folhas e galhos
secos) da vegetação?
Eles fazem uns cortes que deixam a arvore toda torta, cheia de buraco. Acho
que é por isso que ela cai.
130

11. Caso sim, como você avalia essa manutenção?


Tinha que ser melhor. Eles destroem a arvore.
12. Você acha a atuação dos órgãos públicos suficiente?
Não.
13. O que você alteraria na rua quanto as árvores e espaços arborizados?
Se eu pudesse deixaria com mais arvore pra dar mais sombra.
14. O que você compreende quanto à arborização desta rua no início do
século passado?
Não sei nada, não.

Data: 10/08/2012
Escolaridade: Ensino Médio
Endereço: Serzedelo Correa

Identificação: 025

1. De que forma você utiliza este endereço?


Moro aqui próximo.
2. Há quanto tempo?
Uns 30 anos.
3. Quais as transformações mais significativas observadas na arborização
da sua rua?
As arvores são em menor quantidade.
4. Você acha que nos últimos anos a quantidade de árvores aumentou ou
diminuiu na sua rua?
Aqui diminuiu.
5. Consegue identificar alguma espécie vegetal?
Mangueira e Oiti.
6. Para você, qual a importância da árvore e da vegetação para os
espaços públicos?
A arvore deixa o lugar com o ar melhor, mais ventilada. Deixa a rua mais
bonita.
7. Há manutenção (poda, corte da grama, retirada de folhas e galhos
secos) da vegetação na rua onde você mora?
131

Eu sempre vejo limpar.


8. Caso sim, como você avalia essa manutenção?
Acho boa, tem que limpar sempre porque senão a rua fica só folha, dá inseto.
Eles limpam sempre.
9. Você acha a atuação dos órgãos públicos suficiente?
Acho.
10. O que você alteraria na rua quanto as árvores e espaços arborizados?
Mais arvores porque a cidade é quente.
11. O que você sabe do histórico da arborização desta rua?
Sei pouco.

Data: 10/08/2012
Escolaridade: Superior
Endereço: Serzedelo Correa

Identificação: 026

1. De que forma você utiliza este endereço?


Moro aqui.
2. Quanto tempo?
Vai fazer 25 anos.
3. Quais as transformações mais significativas observadas na arborização
da sua rua?
As arvores vão sumindo com o tempo.
4. Você acha que nos últimos anos a quantidade de árvores aumentou ou
diminuiu na sua rua?
Diminuiu. Na cidade inteira diminuiu. Deu até no jornal.
5. Consegue identificar alguma espécie vegetal?
Mangueiras.
6. Para você, qual a importância da árvore e da vegetação para os
espaços públicos?
A rua fica mais bonita, mais ventilada. O verde da arvore melhora a aparência
da rua.
132

7. Há manutenção (poda, corte da grama, retirada de folhas e galhos


secos) da vegetação na rua onde você mora?
Tem a limpeza e a poda que a prefeitura manda fazer.
8. Como você avalia essa manutenção?
É boa porque deixa a rua limpa, mas é ruim porque eles cortam muito a arvore.
9. Você acha a atuação dos órgãos públicos suficiente?
Acho mas precisa melhorar. Tem cidade que cuida mais das arvores. Aqui
ainda não tem esse cuidado.
10. O que você alteraria na rua quanto as árvores e espaços arborizados?
Teria mais cuidado com as arvores que ainda tem.
11. O que você sabe do histórico da arborização desta rua?
Não.

Data: 10/08/2012
Escolaridade: Superior
Endereço: Serzedelo Correa

Identificação: 027

1. De que forma você utiliza este endereço?


Passo pra ir pra casa.
2. Mora próximo daqui há quanto tempo?
20 anos.
3. Quais as transformações mais significativas observadas na arborização
desta rua?
A poda da arvore que fazer, que faz ela parecer menor e fica toda irregular.
4. Você acha que nos últimos anos a quantidade de árvores aumentou ou
diminuiu na rua?
Diminuiu.
5. Consegue identificar alguma espécie vegetal?
Mangueira.
6. Para você, qual a importância da árvore e da vegetação para os
espaços públicos?
A sombra.
133

7. Há manutenção (poda, corte da grama, retirada de folhas e galhos


secos) da vegetação na rua?
Tem a limpeza das folhas que caem e a poda que deixa a arvore assim.
8. Como você avalia essa manutenção?
Acho que precisa melhorar.
9. Você acha a atuação dos órgãos públicos suficiente?
Eles até fazem alguma coisa mas de qualquer jeito não dá, tem que melhorar
senão as arvores vão cair ou morrer.
10. O que você alteraria na rua quanto as árvores e espaços arborizados?
Faria um corte direito e plantaria mais arvore.
11. O que você sabe do histórico da arborização desta rua?
Não sei nada.

Data: 11/08/2012
Escolaridade: Superior
Endereço: Senador Lemos

Identificação: 028

1. De que forma você utiliza este endereço?


Moro aqui próximo.
2. Há quanto tempo?
25 anos.
3. Quais as transformações mais significativas observadas na arborização
deste espaço?
A quantidade delas que tem diminuido.
4. Você acha que nos últimos anos a quantidade de árvores aumentou ou
diminuiu?
Diminuiu, muito. Fora o corte grosseiro que é feito. Nenhuma árvore dura
assim.
5. Consegue identificar alguma espécie vegetal?
Aqui nessa rua só as mangueiras.
6. Para você, qual a importância da árvore e da vegetação para os
espaços públicos?
134

Beleza, ventilação, a sombra.


7. Há manutenção (poda, corte da grama, retirada de folhas e galhos
secos) da vegetação no espaço?
Aqui tem a limpeza. A prefeitura manda gente pra limpar, tirar as folhas secas.
O que eu não gosto é a poda. Eles cortam toda a arvore.
8. Como você avalia essa manutenção?
Boa e ruim.
9. Porque boa?
Ao porque a rua é até limpa. Se a rua fica suja é porque as pessoas que
deixam lixo na rua.
10. E ruim?
Ruim por causa dessa poda que é feita.
11. Você acha a atuação dos órgãos públicos suficiente?
Precisa melhorar. Muito.
12. O que você alteraria na rua quanto as árvores e espaços arborizados?
Deixaria as arvores crescerem mais, dar mais sombra. Ia ficar uma rua mais
bonita.
13. O que você sabe da história da arborização desta rua?
Não sei.

Data: 11/08/2012
Escolaridade: Ensino Médio
Endereço: Senador Lemos

Identificação: 029

1. De que forma você utiliza este endereço?


Eu passo todo dia. Moro aqui perto.
2. Há quanto tempo?
40 anos.
3. Quais as transformações mais significativas observadas na arborização
deste espaço?
Tinha mais arvore. Agora tem menos.
135

4. Você acha que nos últimos anos a quantidade de árvores aumentou ou


diminuiu?
Diminuiu.
5. Consegue identificar alguma espécie vegetal?
Mangueira.
6. Para você, qual a importância da árvore e da vegetação para os
espaços públicos?
A sombra. É agradável a gente andar numa rua com árvore. A rua fica mais
bonita.
7. Há manutenção (poda, corte da grama, retirada de folhas e galhos
secos) da vegetação no espaço?
A limpeza é boa. A gente vê os funcionários da prefeitura limpando. Tirando as
folhas que caem. Isso é até bom.
8. Como você avalia essa manutenção?
Acho boa. Pelo menos isso eles fazem.
9. Você acha a atuação dos órgãos públicos suficiente?
Acho. Se tem só isso de árvore, de planta, eles dão conta do trabalho.
10. O que você alteraria na rua quanto as árvores e espaços arborizados?
Queria mais árvore na rua, pra dar mais sombra, pra gente não suar tanto. É
muito sol, muito quente.
11. O que você sabe da história da arborização desta rua?
Eu imagino que deve ser bem antiga porque essas árvores são grandes e
lembro delas aqui desde menino.

Data: 11/08/2012
Escolaridade: Fundamental
Endereço: Senador Lemos

Identificação: 030

1. De que forma você utiliza este endereço?


Trabalho numa casa de família aqui perto.
2. Há quanto tempo?
Uns 5 anos.
136

3. Mas você costumava passar por essa rua antes?


Passo, sempre passo.
4. Há quanto tempo?
Uns 20, 25 anos. Passo de ônibus.
5. Quais as transformações mais significativas observadas na arborização
deste espaço?
Tinha mais árvore. Com esses prédios que fazem eles tiram tudo.
6. Você acha que nos últimos anos a quantidade de árvores aumentou ou
diminuiu?
Diminuiu.
7. Consegue identificar alguma espécie vegetal?
Mangueira. Na praça (Praça Dom Pedro) tem uns açaizeiros.
8. Para você, qual a importância da árvore e da vegetação para os
espaços públicos?
A sombra. Aqui é até bom de andar na rua porque a gente não sua tanto. Mas
pra lá que não tem árvore é ruim.
9. Há manutenção (poda, corte da grama, retirada de folhas e galhos
secos) da vegetação no espaço?
Sempre tem gente aqui.
10. Como você avalia essa manutenção?
Acho boa porque eles estão sempre por aqui.
11. Você acha a atuação dos órgãos públicos suficiente?
Acho. Precisa melhorar pra que seja em toda a cidade.
12. O que você alteraria na rua quanto as árvores e espaços arborizados?
Mais árvore pra dar mais sombra. É bonito uma rua com arvores grandes.
13. O que você sabe da história da arborização desta rua?
Não sei nada.
137

Data: 11/08/2012
Escolaridade: Ensino Médio
Endereço: Senador Lemos

Identificação: 031

1. De que forma você utiliza este endereço?


Trabalho logo ali.
2. Há quanto tempo?
Uns 5 anos.
3. Mas costuma passar pela rua?
Sim.
4. Há quanto tempo?
Uns 20 anos. Moro na Sacramenta e passo aqui pra poder ir pro Centro.
5. Quais as transformações mais significativas observadas na arborização
deste espaço?
A quantidade.
6. Você acha que nos últimos anos a quantidade de árvores aumentou ou
diminuiu?
Diminuiu
7. Consegue identificar alguma espécie vegetal?
A mangueira. Belém é a ‘cidade das mangueiras’, tem que conhecer pelo
menos essa.
8. Para você, qual a importância da árvore e da vegetação para os
espaços públicos?
A sombra, o ar puro.
9. Há manutenção (poda, corte da grama, retirada de folhas e galhos
secos) da vegetação no espaço?
Sempre vejo. Só acho que eles cortam muito a árvore. Deixam ela sem galho
nenhum.
10. Como você avalia essa manutenção?
Até é boa. Essas árvores são muito antigas, tem um monte de galho podre, se
deixar aí chove, dá um vento, o galho cai, arrebenta os fios, aí é pior.
11. Você acha a atuação dos órgãos públicos suficiente?
138

Acho.
12. O que você alteraria na rua quanto as árvores e espaços arborizados?
Mais ruas. Essa rua ficaria bonita se ficasse igual a Presidente Vargas,
formando um túnel pra dar sombra pros carros, pra quem passa na rua.
13. O que você sabe da história da arborização desta rua?
Não sei. Mas como essas árvores são bem grandes, são grossas, eu acho que
elas devem ser bem antigas.

Data: 11/08/2012
Escolaridade: Ensino Médio
Endereço: Senador Lemos

Identificação: 032

1. De que forma você utiliza este endereço?


Moro perto.
2. Há quanto tempo?
30 anos.
3. Quais as transformações mais significativas observadas na arborização
deste espaço?
Tem menos árvores.
4. Você acha que nos últimos anos a quantidade de árvores aumentou ou
diminuiu?
Diminuiu.
5. Consegue identificar alguma espécie vegetal?
Mangueiras.
6. Para você, qual a importância da árvore e da vegetação para os
espaços públicos?
A sombra, o ventinho gelado, o fruto.
7. Há manutenção (poda, corte da grama, retirada de folhas e galhos
secos) da vegetação no espaço?
Sempre tem gente aqui limpando e às vezes vem umas pessoas pra tirar os
galhos secos.
139

8. Como você avalia essa manutenção?


Acho boa. Se o galho cai no fio é ruim pra ‘ajeitar’.
9. Você acha a atuação dos órgãos públicos suficiente?
Acho.
10. O que você alteraria na rua quanto as árvores e espaços arborizados?
Mais árvores pra rua ficar mais bonita.
11. O que você sabe da história da arborização desta rua?
Nada.

Data: 11/08/2012
Escolaridade: Superior
Endereço: Senador Lemos

Identificação: 033

1. De que forma você utiliza este endereço?


Trabalho na rua.
2. Há quanto tempo?
Uns 12 anos.
3. Quais as transformações mais significativas observadas na arborização
deste espaço?
Tinha mais árvore.
4. E você imagina uma justificativa pra redução da quantidade?
Aqui estão fazendo muito prédio, passa muito carro, muito ônibus. Eu acho que
é por isso que tiram as árvores.
5. Você acha que nos últimos anos a quantidade de árvores aumentou ou
diminuiu?
Como eu te falei, esta diminuindo.
6. Consegue identificar alguma espécie vegetal?
Mangueiras.
7. Para você, qual a importância da árvore e da vegetação para os
espaços públicos?
A sombra. A gente anda e não fica tão suado. Quando anda numa rua sem
árvore fica todo suado.
140

8. Há manutenção (poda, corte da grama, retirada de folhas e galhos


secos) da vegetação no espaço?
Sempre tem gente limpando.
9. Como você avalia essa manutenção?
Acho boa.
10. Você acha a atuação dos órgãos públicos suficiente?
Acho.
11. O que você alteraria na rua quanto as árvores e espaços arborizados?
Se tivesse mais árvore seria bom. Seria melhor se fosse na cidade toda.
12. O que você sabe da história da arborização desta rua?
Não sei nada.

Data: 12/08/2012
Escolaridade: Ensino Médio
Endereço: Governador José Malcher

Identificação: 034

1. De que forma você utiliza este endereço?


Trabalho na rua.
2. Há quanto tempo?
25 anos.
3. Quais as transformações mais significativas observadas na arborização
deste espaço?
São menos árvores de um tempo pra cá.
4. Você acha que nos últimos anos a quantidade de árvores aumentou ou
diminuiu?
Diminuiu.
5. Você imagina alguma justificativa?
O crescimento da cidade. Fizeram muitos prédios. Antes tinha muito quintal
agora são poucos.
6. Consegue identificar alguma espécie vegetal?
Acho que só as mangueiras.
141

7. Para você, qual a importância da árvore e da vegetação para os


espaços públicos?
A sombra, a rua fica mais bonita.
8. Há manutenção (poda, corte da grama, retirada de folhas e galhos
secos) da vegetação no espaço?
Sempre vejo cortarem os galhos podres, limpar as folhas que caem.
9. Como você avalia essa manutenção?
Acho razoável.
10. Você acha a atuação dos órgãos públicos suficiente?
Pro que a cidade tem agora, eu acho que sim.
11. O que você alteraria na rua quanto as árvores e espaços arborizados?
Eu acho que precisa ter mais cuidado com as arvores, elas são muito antigas e
essas cortes que fazem nelas deixam todas tortas. Tinham que ver se dá um
jeito nessa fiação, nesses postes porque é isso que acabam com elas. Alguma
coisa desse tipo.
12. O que você sabe da história da arborização desta rua?
Só sei que elas são bem antigas.

Data: 12/08/2012
Escolaridade: Superior
Endereço: Governador José Malcher

Identificação: 035

1. De que forma você utiliza este endereço?


Trabalho.
2. Há quanto tempo?
20 anos.
3. Quais as transformações mais significativas observadas na arborização
deste espaço?
As pessoas, os órgãos públicos, a cidade em geral tem menos zelo pela
árvore.
4. Você acha que nos últimos anos a quantidade de árvores aumentou ou
diminuiu?
142

Por essa falta de zelo só diminui. Isso deu até no jornal.


5. Você imagina uma justificativa pra isso?
A cidade cresce e ninguém organiza nada. Se tem uma árvore em um lugar as
pessoas vão lá e arrancam porque acham que a cidade precisa crescer,
desenvolver. Eu não sei de onde tiraram que isso é desenvolvimento.
6. Consegue identificar alguma espécie vegetal?
As mangueiras.
7. Para você, qual a importância da árvore e da vegetação para os
espaços públicos?
A sombra, um lugar com árvore proporciona mais qualidade de vida, é um
espaço mais gostoso. As pessoas gostam de estar num lugar com sombra de
árvore.
8. Há manutenção (poda, corte da grama, retirada de folhas e galhos
secos) da vegetação no espaço?
Até tem, mas é uma briga dos postes com as árvores. As árvores que saem
perdendo porque fazem uns cortes que não sei como elas não caem.
9. Como você avalia essa manutenção?
É terrível. Se continuar assim essas árvores vão todas cair.
10. Você acha a atuação dos órgãos públicos suficiente?
Não acho porque em outros lugares existe fiação subterrânea e outras
alternativas que melhoram a cidade e preservam as árvores. Só aqui que é
assim.
11. O que você alteraria na rua quanto as árvores e espaços arborizados?
Colocaria esse fio por debaixo da terra pra tentar manter as arvores por mais
tempo.
12. O que você sabe da história da arborização desta rua?
Sei que são da época da borracha, do Antônio Lemos. Não sei muita coisa,
não.
143

Data: 12/08/2012
Escolaridade: Superior
Endereço: Governador José Malcher

Identificação: 036

1. De que forma você utiliza este endereço?


Moro aqui próximo.
2. Há quanto tempo?
Eu moro faz 42 anos. Meus pais já moravam ante, só não sei dizer quanto
tempo, mas sei que é bastante tempo.
3. Quais as transformações mais significativas observadas na arborização
deste espaço?
Tinha mais árvore, tinham quintal com árvores com frutas, essas coisas.
4. Você acha que nos últimos anos a quantidade de árvores aumentou ou
diminuiu?
Diminuiu bastante.
5. Você imagina uma justificativa pra isso?
Porque as pessoas não tem cuidado.
6. Consegue identificar alguma espécie vegetal?
Mangueira.
7. Para você, qual a importância da árvore e da vegetação para os
espaços públicos?
A sombra, o fruto.
8. Há manutenção (poda, corte da grama, retirada de folhas e galhos
secos) da vegetação no espaço?
Aqui tem. Eles estão sempre tirando as folhas secas e tem sempre gente
cortando os galhos pra não cair na rua e nem nos fios.
9. Como você avalia essa manutenção?
Acho boa.
10. Você acha a atuação dos órgãos públicos suficiente?
Acho.
144

11. O que você alteraria na rua quanto as árvores e espaços arborizados?


Eu acho que deveriam fazer alguma coisa pras pessoas terem mais cuidados
com as árvores, com as plantas. Tem gente que tira a árvore da frente de casa
porque não quer que a folha caia pra não sujar. Uma campanha, coisas assim.
12. O que você sabe da história da arborização desta rua?
Não sei nada.

Data: 12/08/2012
Escolaridade: Superior
Endereço: Governador José Malcher

Identificação: 037

1. De que forma você utiliza este endereço?


Passo aqui todo dia.
2. Há quanto tempo?
48 anos.
3. Quais as transformações mais significativas observadas na arborização
deste espaço?
Tinha mais árvores. Tiraram muitas árvores, ou elas caíram, ou morreram.
Essas que tem são muito mal cuidadas também.
4. Você acha que nos últimos anos a quantidade de árvores aumentou ou
diminuiu?
Diminuiu.
5. Você imagina uma justificativa pra isso?
Por causa das construções que tem na cidade. Esses prédios, as ruas que
fizeram. Tem que colocar tubulação e arrancam as arvores. Por causa disso.
6. Consegue identificar alguma espécie vegetal?
Mangueiras.
7. Para você, qual a importância da árvore e da vegetação para os
espaços públicos?
A sombra. A rua fica mais bonita, mais agradável.
8. Há manutenção (poda, corte da grama, retirada de folhas e galhos
secos) da vegetação no espaço?
145

Tem. O problema é que eles cortam de qualquer jeito. Se a gente olha de longe
vê um buraco no meio da árvore pra poder passar o fio, é até feio.
9. Como você avalia essa manutenção?
Eles tem que fazer. É o jeito.
10. Você acha a atuação dos órgãos públicos suficiente?
Tem que ver outra forma de fazer isso senão a árvore vai cair ou vai morrer.
11. O que você alteraria na rua quanto as árvores e espaços arborizados?
A cidade precisa de mais árvore, já teve muito mas as pessoas vão e tiram.
Tem que ensinar a cuidar também. Hoje em dia ninguém cuida de mais nada.
12. O que você sabe da história da arborização desta rua?
Sei que elas são bem antigas, mas não sei de quando.

Data: 12/08/2012
Escolaridade: Fundamental
Endereço: Governador José Malcher

Identificação: 038

1. De que forma você utiliza este endereço?


Trabalho numa casa aqui perto.
2. Há quanto tempo?
Uns 5 anos.
3. Mas você costuma passar por aqui?
Passo sim.
4. Há quanto tempo?
Uns 40 anos.
5. Quais as transformações mais significativas observadas na arborização
deste espaço?
Aqui são a quantidade de prédiso, de carros. Aqui agora tem muito prédio
comercial, lojas, essas coisas. Tinha mais árvore. Tiraram.
6. Você acha que nos últimos anos a quantidade de árvores aumentou ou
diminuiu?
Diminuiu.
146

7. Você imagina uma justificativa pra isso?


Construíram muita coisa. Fizeram as ruas.
8. Consegue identificar alguma espécie vegetal?
Mangueira.
9. Para você, qual a importância da árvore e da vegetação para os
espaços públicos?
A sombra. É bom andar numa rua com sombra.
10. Há manutenção (poda, corte da grama, retirada de folhas e galhos
secos) da vegetação no espaço?
Tem sempre gente limpando.
11. Como você avalia essa manutenção?
Acho boa.
12. Você acha a atuação dos órgãos públicos suficiente?
Acho. Aqui eu acho. Na rua onde eu moro, não.
13. O que você alteraria na rua quanto as árvores e espaços arborizados?
Seria bom se tivesse mais árvore. Se tivesse árvore na cidade inteira.
14. O que você sabe da história da arborização desta rua?
Não sei nada.

Data: 12/08/2012
Escolaridade: Médio
Endereço: Governador José Malcher

Identificação: 039

1. De que forma você utiliza este endereço?


Moro por aqui por perto.
2. Há quanto tempo?
50 anos.
3. Quais as transformações mais significativas observadas na arborização
deste espaço?
Tinha mais árvore.
147

4. Você acha que nos últimos anos a quantidade de árvores aumentou ou


diminuiu?
Diminuiu.
5. Você imagina uma justificativa pra isso?
Porque a cidade precisou crescer, precisou de mais rua e as vezes tem que
tirar a árvore. Na cidade tem muita gente e eles não tem cuidado.
6. Consegue identificar alguma espécie vegetal?
A mangueira.
7. Para você, qual a importância da árvore e da vegetação para os
espaços públicos?
A sombra. A cidade é bem quente, o sol ta sempre forte. É mais agradável
andar numa rua com árvore, andar numa praça.
8. Há manutenção (poda, corte da grama, retirada de folhas e galhos
secos) da vegetação no espaço?
Sempre vejo.
9. Como você avalia essa manutenção?
Acho boa.
10. Você acha a atuação dos órgãos públicos suficiente?
Acho.
11. O que você alteraria na rua quanto as árvores e espaços arborizados?
Que tivesse mais árvores e mais espaços arborizados, mais praças. Esses
lugares assim.
12. O que você sabe da história da arborização desta rua?
Não sei nada.

Data: 12/08/2012
Escolaridade: Médio
Endereço: Governador José Malcher

Identificação: 040

1. De que forma você utiliza este endereço?


Moro perto.
148

2. Há quanto tempo?
25 anos.
3. Quais as transformações mais significativas observadas na arborização
deste espaço?
Tinha mais árvore.
4. Você acha que nos últimos anos a quantidade de árvores aumentou ou
diminuiu?
Diminuiu. Muito.
5. Você imagina uma justificativa pra isso?
As árvores morreram, caíram. E não colocaram outras no lugar.
6. Consegue identificar alguma espécie vegetal?
Só a mangueira.
7. Para você, qual a importância da árvore e da vegetação para os
espaços públicos?
A sombra, o fruto.
8. Há manutenção (poda, corte da grama, retirada de folhas e galhos
secos) da vegetação no espaço?
Tem. Sempre vejo eles limpando.
9. Como você avalia essa manutenção?
Acho boa. Se não limpar dá inseto, rato.
10. Você acha a atuação dos órgãos públicos suficiente?
Acho.
11. O que você alteraria na rua quanto as árvores e espaços arborizados?
Seria bom se tivesse mais árvore pra dar mais sombra.
12. O que você sabe da história da arborização desta rua?
Nada.
149

Data: 12/08/2012
Escolaridade: Superior
Endereço: Alcindo Cacela

Identificação: 041

1. De que forma você utiliza este endereço?


Moro próximo.
2. Há quanto tempo?
26 anos.
3. Quais as transformações mais significativas observadas na arborização
deste espaço?
Como a gente passa sempre por aqui é até difícil perceber alguma mudança.
Mas quando a gente vê imagem, alguma coisa assim a gente percebe que
tinha mais árvore.
4. Você acha que nos últimos anos a quantidade de árvores aumentou ou
diminuiu?
Diminuiu.
5. Você imagina uma justificativa pra isso?
A cidade cresceu e as árvore não acompanharam o crescimento.
6. Consegue identificar alguma espécie vegetal?
Mangueira, castanholas, oitizeiros.
7. Para você, qual a importância da árvore e da vegetação para os
espaços públicos?
São muito importantes. A sombra, o clima fica mais agradavel. A rua fica mais
bonita.
8. Há manutenção (poda, corte da grama, retirada de folhas e galhos
secos) da vegetação no espaço?
Tem sempre gente limpando. A poda que é muito. Eles só faltam arrancar a
árvore inteira por causa da fiação.
9. Como você avalia essa manutenção?
Acho ruim porque hoje existe técnicas que pode substituir esse tipo de corte.
10. Você acha a atuação dos órgãos públicos suficiente?
Pra limpeza até é suficiente. Mas pro cuidado das árvores não é.
150

11. O que você alteraria na rua quanto as árvores e espaços arborizados?


Ter mais cuidado com as árvores. Plantar mais árvores na cidade. Educar as
pessoas sobre isso.
12. O que você sabe da história da arborização desta rua?
Do centro da cidade eu sei que são do período do Antonio Lemos, da borracha,
essas coisas. Nada muito profundo.

Data: 12/08/2012
Escolaridade: Médio
Endereço: Alcindo Cacela

Identificação: 042

1. De que forma você utiliza este endereço?


Passo por aqui. Moro próximo.
2. Há quanto tempo?
30 anos.
3. Quais as transformações mais significativas observadas na arborização
deste espaço?
Tem menos árvores.
4. Você acha que nos últimos anos a quantidade de árvores aumentou ou
diminuiu?
Eu não sei dizer se diminuiu. Até porque tem umas mangueiras pequenas ali
(perímetro entre Conselheiro e Mundurucus). Mas deve ter diminuido, sim.
5. Você imagina uma justificativa pra isso?
Construíram muita coisa. Muito prédio. Teve que fazer rua. Aí tiraram as
árvores.
6. Consegue identificar alguma espécie vegetal?
Mangueira e Ficus
7. Para você, qual a importância da árvore e da vegetação para os
espaços públicos?
A sombra.
151

8. Há manutenção (poda, corte da grama, retirada de folhas e galhos


secos) da vegetação no espaço?
Dessas mais antigas eles tiram os galhos secos pra não cair em cima dos
carros e nem nos fios. Essas mais novas eles não mexem porque elas não
chegam nos fios.
9. Como você avalia essa manutenção?
Acho boa.
10. Você acha a atuação dos órgãos públicos suficiente?
Acho. Mas tem que ser assim na cidade inteira.
11. O que você alteraria na rua quanto as árvores e espaços arborizados?
Seria bom se a cidade toda tivesse árvore.
12. O que você sabe da história da arborização desta rua?
Não sei nada.

Data: 12/08/2012
Escolaridade: Superior
Endereço: Alcindo Cacela

Identificação: 043

1. De que forma você utiliza este endereço?


Moro próximo
2. Há quanto tempo?
35 anos.
3. Quais as transformações mais significativas observadas na arborização
deste espaço?
Tem menos árvore na rua.
4. Você acha que nos últimos anos a quantidade de árvores aumentou ou
diminuiu?
Diminuiu.
5. Você imagina uma justificativa pra isso?
Por causa do crescimento da cidade.
6. Consegue identificar alguma espécie vegetal?
As mangueiras, açaizeiros.
152

7. Para você, qual a importância da árvore e da vegetação para os


espaços públicos?
A sombra, o fruto. O ar fica mais puro.
8. Há manutenção (poda, corte da grama, retirada de folhas e galhos
secos) da vegetação no espaço?
Sempre limpam as folhas que caem. As vezes tem poda.
9. Como você avalia essa manutenção?
Acho boa.
10. Você acha a atuação dos órgãos públicos suficiente?
Acho.
11. O que você alteraria na rua quanto as árvores e espaços arborizados?
Seria bom se tivesse mais arvore. A cidade é muito quente.
12. O que você sabe da história da arborização desta rua?
Não sei nada.

Data: 12/08/2012
Escolaridade: Médio
Endereço: Alcindo Cacela

Identificação: 044

1. De que forma você utiliza este endereço?


Moro aqui.
2. Há quanto tempo?
60 anos.
3. Quais as transformações mais significativas observadas na arborização
deste espaço?
Tinha mais árvore. As casas tinham quintal.
4. Você acha que nos últimos anos a quantidade de árvores aumentou ou
diminuiu?
Diminuiu.
5. Você imagina uma justificativa pra isso?
Na cidade agora tem muita gente, aí as pessoas avançam na rua e tiram as
arvores, constroem no quintal e tiram as arvores do quintal. Por isso.
153

6. Consegue identificar alguma espécie vegetal?


Mangueira, açaizeiro.
7. Para você, qual a importância da árvore e da vegetação para os
espaços públicos?
A sombra. De tarde o sol é muito forte, uma sombra ajuda a refrescar.
8. Há manutenção (poda, corte da grama, retirada de folhas e galhos
secos) da vegetação no espaço?
Tem gente que cuida da arvore que tem na sua casa, limpa as folhas. Como
aqui não tem arvore na rua só vejo gente pra tirar o lixo. Mas por onde tem
arvore eu sempre vejo gente limpando as folhas e cortando as arvores.
9. Como você avalia essa manutenção?
Acho boa. Mas é só onde tem arvore.
10. Você acha a atuação dos órgãos públicos suficiente?
Acho.
11. O que você alteraria na rua quanto as árvores e espaços arborizados?
Plantar uma arvore as pessoas até plantam, mas tem que ter espaço pra
árvore crescer. Aqui as pessoas construíram pra cima da calçada, não dá pra
arvore crescer direito. Seria bom se tivesse mais arvore e espaço pra ela.
12. O que você sabe da história da arborização desta rua?
Não sei nada.

Data: 12/08/2012
Escolaridade: Médio
Endereço: Alcindo Cacela

Identificação: 045

1. De que forma você utiliza este endereço?


Moro aqui.
2. Há quanto tempo?
40 anos.
3. Quais as transformações mais significativas observadas na arborização
deste espaço?
A quantidade de árvore que diminuiu.
154

4. Você acha que nos últimos anos a quantidade de árvores aumentou ou


diminuiu?
Diminuiu.
5. Você imagina uma justificativa pra isso?
A expansão da cidade. Muita gente pra vir morar por aqui aí acabam tirando as
arvores.
6. Consegue identificar alguma espécie vegetal?
Mangueiras e castanheiras.
7. Para você, qual a importância da árvore e da vegetação para os
espaços públicos?
A sombra. Alí no ponto de ônibus todo mundo fica embaixo da castanheira
(castanhola) porque é muito sol.
8. Há manutenção (poda, corte da grama, retirada de folhas e galhos
secos) da vegetação no espaço?
As vezes tem limpeza que a prefeitura manda fazer. Mas tem os moradores
que sempre tiram as folhas que caem na frente da casa.
9. Como você avalia essa manutenção?
Acho boa. Acho legal os moradores ajudarem também.
10. Você acha a atuação dos órgãos públicos suficiente?
É por causa da limpeza. Só não acho boa a poda.
11. O que você alteraria na rua quanto as árvores e espaços arborizados?
Seria bom mais arvores. A cidade é muito quente, ia ajudar.
12. O que você sabe da história da arborização desta rua?
Não sei nada.

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