BEE - Instalações Elétricas 1
BEE - Instalações Elétricas 1
BEE - Instalações Elétricas 1
Pretendemos com esta coleção – Biblioteca do Eletricista e Eletrónico – suprir uma lacuna
existente no mercado editorial de livros técnico práticos na Área de Eletrotecnia e Eletrónica,
destinados a profissionais, estudantes e amantes desta área tecnológica.
A coleção será constituída por cerca de vinte volumes, de formato médio, a publicar
regularmente, desejavelmente um novo volume de seis em seis meses, tratando temas tão
diferenciados como: Corrente Contínua, Magnetismo e Eletromagnetismo, Corrente Alternada
Monofásica e Trifásica, Instalações Elétricas (RTIEBT), Transformadores, Semicondutores,
Optoeletrónica, Transístores Bipolares (BJT), Transístores Unipolares (Fets e Mosfets),
Amplificadores com Transístores, Amplificadores Operacionais, Osciladores, Fontes de
Alimentação, Máquinas Elétricas de Corrente Alternada, Máquinas Elétricas de Corrente
Contínua, Eletrónica de Potência, Sistemas Digitais, Automatismos Industriais, Sistemas de
Proteção Elétrica, Energias Renováveis, Domótica, Microcontroladores e Robótica.
Para abordar alguns dos temas, serão convidadas algumas individualidades com maior
experiência nessas áreas.
O presente volume – Instalações Elétricas 1 (de acordo com as RTIEBT) aborda os
seguintes capítulos:
• Capítulo 1 – Materiais Elétricos, Classificação dos Locais, Códigos IP e IK
• Capítulo 2 – Condutores, Cabos, Tubos, Canalizações Elétricas
• Capítulo 3 – Aparelhagem Elétrica
Todos os temas tratados estão em rigorosa conformidade com as novas Regras Técnicas de
Instalações Elétricas de Baixa Tensão (RTIEBT), as quais vieram substituir os velhinhos
Regulamento de Segurança de Instalações de Utilização de Energia Elétrica – RSIUEE – e
Regulamento de Segurança de Instalações Coletivas de Edifícios e Entradas – RSICEE.
Estas novas Regras Técnicas estão em conformidade com a Regulamentação europeia no
setor. Com esta nova regulamentação, pretendeu-se, afinal, facilitar a integração dos
produtos nacionais no mercado europeu, bem como em sentido contrário.
Houve a preocupação, em todo o texto, de utilizar uma linguagem o mais simples possível,
sem descurar o rigor técnico, de forma a ser compreendida pelos diferentes tipos de
leitores, com mais ou menos formação académica. São apresentados exemplos práticos,
com a realização de cálculos simples, sempre que se entendeu pertinente.
O próximo volume – Instalações Elétricas 2 (de acordo com as RTIEBT) – concluirá este
tema «Instalações Elétricas», abordando os temas:
• Capítulo 4 – Higiene e Segurança no Trabalho
• Capítulo 5 – Compatibilidade Eletromagnética e Interferências Eletromagnéticas
• Capítulo 6 – Instalações elétricas de utilização (I.U.)
• Capítulo 7 – Instalações coletivas e entradas
• Capítulo 8 – Domótica
• Capítulo 9 – Utilização Racional de Energia, Potências, Transporte e Distribuição
No sítio www.josematias.pt ou na página do Facebook www.facebook.com/jvcmatias poderá
o leitor encontrar conteúdos que poderão interessar-lhe!
Boas leituras!
Do autor
CAPÍTULO 1 – Materiais Elétricos, Classi cação
dos Locais, Códigos IP e IK
A melhor forma de prever o futuro é criá-lo – Peter Drucker
Tópicos principais deste capítulo:
• Materiais elétricos
• Classificação dos locais – fatores de influência externa
• Códigos IP e IK
1. Introdução
Este volume – Instalações Elétricas 1 – foi elaborado tendo sempre
presente o estipulado nas novas Regras Técnicas de Instalações Elétricas
de Baixa Tensão (RTIEBT) que foram publicadas em 2006, tendo
substituído os «velhinhos» Regulamento de Segurança de Instalações de
Utilização de Energia Elétrica (RSIUEE) e Regulamento de Segurança de
Instalações Coletivas de Edifícios e Entradas (RSICEE) de 1974.
Apesar da alteração normativa verificada, há, evidentemente, muitos
conceitos e muitas regras técnicas que não sofreram alterações; outras
sofreram apenas alterações de pormenor ou mesmo só de designação
técnica.
As novas Regras Técnicas são extensas e estão em conformidade com as
Regras Técnicas praticadas na Comunidade Europeia, abordando todos os
campos que eram tratados nos RSIUEE e RSICEE, acrescentando novos
capítulos, clarificando outros, mais adaptadas ao desenvolvimento
tecnológico e social, entretanto verificado.
As Regras Técnicas dão particular atenção aos capítulos de proteção e
segurança de pessoas, animais e equipamentos, definindo com mais
precisão o que proteger, como proteger e de que proteger!
2. De nições e conceitos
Antes de tratarmos as Instalações Elétricas propriamente ditas, vamos
definir alguns conceitos gerais utilizados no livro e definidos nas RTIEBT.
Assim, define-se:
• Instalação elétrica – De acordo com as RTIEBT, é um conjunto de
equipamentos elétricos associados, com vista a uma dada aplicação e
possuindo caraterísticas coordenadas. Convém lembrar que este conceito
engloba tanto as instalações elétricas de utilização (I.U.) como as
instalações de produção, transporte e distribuição. Daí este conceito ser
tão amplo.
• Instalação elétrica de utilização – Instalação elétrica que permite ao
utilizador ligar diretamente recetores para transformar a energia elétrica
noutras formas de energia.
• Rede de distribuição – Instalação elétrica de baixa tensão destinada à
transmissão da energia elétrica, a partir de um posto de transformação
(P.T.) ou de uma central geradora, constituída por canalizações principais
e ramais.
• Valores nominais – Valores pelos quais uma instalação elétrica é
designada. Temos como exemplos: tensão nominal, corrente nominal e
potência nominal. O conceito «nominal» só se aplica às instalações
elétricas.
• Valor estipulado – Valor de uma grandeza fixado, em regra, pelo
fabricante para um dado funcionamento especificado de um componente,
de um dispositivo ou de um equipamento elétrico. Temos como exemplos:
tensão estipulada, corrente estipulada, potência estipulada, etc.
O conceito de «valor estipulado» veio substituir o conceito de «valor
nominal» quando aplicado aos equipamentos elétricos. Agora diz-se, por
exemplo, que «este disjuntor tem uma corrente estipulada de 10 A» e não
«este disjuntor tem uma corrente nominal de 10A».
• Baixa tensão – Gama de valores de tensão elétrica não superiores a
1000 V, em corrente alternada, e não superiores a 1500 V, em corrente
contínua. Os valores nominais da tensão elétrica nas redes de
distribuição e respetivas instalações elétricas coletivas e de utilização são,
em Portugal, de 230 V / 400 V (50 Hz).
• Média tensão – Gama de valores de tensão entre 1 kV e 45 kV.
• Alta tensão – Gama de valores de tensão entre 45 kV e 110 kV.
• Muito alta tensão – Gama de valores de tensão superiores a 110 kV.
• Tensão reduzida – Gama de valores de tensão inferiores a 50 V.
• Influências externas – O conceito de «influência externa» (sobre os
equipamentos elétricos e canalizações elétricas) veio substituir a
classificação dos locais quanto ao ambiente, o qual era muito restritivo,
deixando, muitas vezes, ao critério do projetista a classificação do local e,
portanto, a escolha do equipamento mais adequado. A nova classificação
baseada nas «influências externas» alargou bastante o número de
classificações, tornando-a mais precisa e, por isso, mais fiável.
• Massa – Parte condutora de um equipamento elétrico suscetível de
ser tocada, em regra, isolada das partes ativas, mas podendo ficar em
tensão, em caso de defeito. A massa, geralmente, faz parte do invólucro
do equipamento.
• Condutores ativos – São considerados condutores ativos os condutores
de fase (L1, L2, L3) e o condutor neutro (N).
• Condutores de proteção (PE) – Condutor destinado a interligar as
massas e a sua ligação à terra. Não é, portanto, considerado condutor
ativo.
• Condutor PEN (PE + N) – Condutor ligado à terra e que tem,
simultaneamente a função de condutor de proteção (PE) e de condutor
neutro (N). Embora tenha também a função de condutor neutro N, não é
considerado condutor ativo. Este condutor não é utilizado no sistema de
proteção TT, mais utilizado em Portugal, mas apenas no sistema TN,
utilizado em algumas instalações específicas, como por exemplo as
instalações informáticas.
• Esquema de ligação à terra TT – O esquema TT tem um ponto da
alimentação (geralmente no posto de transformação respetivo) ligado
diretamente à terra, sendo as massas da instalação elétrica ligadas a
elétrodos de terra eletricamente distintos do elétrodo de terra da
alimentação (posto de transformação). Na figura representa-se o esquema
TT.
Tal como para os condutores isolados e cabos, também nos tubos houve
necessidade de os referenciar através de uma designação simbólica que os
distinga, atendendo às suas diferentes caraterísticas.
A norma NP–1070 (de 1975) era a norma original de regulamentação da
designação simbólica dos tubos que foi substituída pela norma NP–1070
de 1984, e esta pela norma EN50086. No Quadro 25, apresentamos a
designação dos tubos em materiais isolantes, metálicos e mistos, com a
indicação dos tubos com a designação mais antiga e mais recente.
C – Canalizações pré-fabricadas
A canalização pré-fabricada é uma canalização cujo invólucro, metálico
ou de material isolante, e os condutores formam um conjunto montado
em fábrica.
Com efeito, este tipo de canalização, contrariamente aos restantes, vem já
na sua globalidade preparado de fábrica. A sua instalação, à vista, torna-
se por isso muito fácil e rápida, permitindo também a sua colocação em
locais que permitem uma maior eficiência da instalação elétrica, ao
mesmo tempo que todo o material pode ser recuperado em caso de
modificação na instalação.
Existem diversos tipos de canalização pré-fabricada, consoante o
fabricante. Umas com mais qualidades que outras, certamente, mas de
uma forma geral permitem sempre uma grande mobilidade nos recetores
a elas ligados sem ter de se recorrer à destruição parcial da canalização
existente, em caso de modificação na mesma.
O material é obviamente mais caro, mas poupa-se, por outro lado, em
mão de obra e rapidez, o que se traduz em custos menores. Outro
possível óbice desta canalização residirá no plano estético. As figuras
seguintes representam alguns dos tipos de pré-fabricados.
CAPÍTULO 3 – Aparelhagem Elétrica
Metade do que você é deve-se ao que você pensa de si mesmo – Anónimo
Tópicos principais deste capítulo:
• Aparelhagem de ligação
• Aparelhagem de comando e seccionamento
• Aparelhagem de proteção (sobrecargas, curtos-circuitos, choques
elétricos, sobretensões e subtensões)
1. Aparelhagem Elétrica
1.1 Classi cação da aparelhagem
A aparelhagem elétrica que faz parte integrante de uma instalação
elétrica divide-se em várias categorias: aparelhagem de corte (interruptores,
seccionadores, disjuntores, fusíveis, etc.), aparelhagem de comando
(interruptores, inversores, comutadores, contactores, etc.), aparelhagem de
proteção (fusíveis, disjuntores, relés, etc.), aparelhagem de ligação (caixas
de derivação, caixas de coluna, fichas, tomadas, etc.), aparelhagem de
medida e contagem (amperímetros, voltímetros, contadores de energia,
etc.) e aparelhagem de regulação (potenciómetros, condensadores variáveis,
etc.), aparelhagem de utilização, etc.
Os aparelhos de utilização são elementos exteriores à própria instalação e
que a esta vão ser ligados através dos seus pontos de utilização. Como
exemplos de aparelhos de utilização, temos: motores, lâmpadas,
frigoríficos, ferros de engomar, aspiradores, máquinas de lavar, etc.
A figura 18 representa um diagrama de blocos da classificação da
aparelhagem elétrica.
As tomadas, por seu lado, são constituídas por dois, três ou quatro
alvéolos, mais o contacto de terra, com o seu invólucro isolante, e
destinam-se também a ligar canalizações fixas a amovíveis ou
canalizações amovíveis entre si. As tomadas devem ser «tomadas com
obturador», até 16 A; a partir de 16 A, podem utilizar-se tomadas com
tampa. Estas tomadas têm os alvéolos protegidos, só abrindo quando são
introduzidos, simultaneamente, os dois contactos da ficha.
B – Disjuntores magnetotérmicos
Disjuntor é, de acordo com as RTIEBT, o aparelho mecânico de conexão
capaz de estabelecer, de suportar e de interromper correntes nas condições
normais do circuito. Este aparelho é ainda capaz de estabelecer, de
suportar num tempo especificado e de interromper correntes em condições
anormais especificadas para o circuito, tais como as correntes de curto-
circuito.
Nota: Um disjuntor é, em regra, previsto para funcionar pouco
frequentemente, embora certos tipos de disjuntores sejam capazes de
manobras frequentes.
Na prática, um disjuntor não é mais do que um dispositivo constituído
por um detetor – o relé, por um órgão de disparo – o disparador, que
atua no interruptor e dotado ainda de meios convenientes para extinção
do arco elétrico. Assim, o relé deteta o defeito e dá ordem de atuação ao
disparador que atua diretamente no interruptor do circuito. Na
generalidade dos disjuntores de baixa tensão, o relé e o disparador
fundem-se num só. Nesse caso o relé-disparador atua diretamente sobre o
interruptor.
Do exposto, pode concluir-se que os relés tanto podem funcionar
integrados em disjuntores, como independentemente deles com as funções
mais variadas. Em qualquer dos casos, a função dele é sempre a de
«detetar» e dar ordens. São, por isso, dois aparelhos que podem ser
distintos.
Existem fundamentalmente dois tipos de disjuntores: o disjuntor
magnetotérmico e o disjuntor diferencial. O cérebro de qualquer deles
é sempre um relé. Assim, no disjuntor magnetotérmico, o cérebro é a
combinação de um relé eletromagnético e de um relé térmico. No caso do
disjuntor diferencial, o cérebro é um relé diferencial. O disjuntor
diferencial será estudado mais adiante.
Concluímos portanto que uma dada tensão pode ter efeitos muito
negativos numa pessoa e nulos noutra e que o contacto direto é,
obviamente, mais perigoso do que o contacto indireto. Mas vejamos então
quais os principais efeitos da passagem da corrente elétrica pelo corpo
humano, bem como os valores das intensidades de corrente que provocam
cada um dos efeitos e quais os limiares de corrente e de tensão perigosos
para o homem.
Os efeitos possíveis da corrente elétrica no homem, por ordem
crescente de perigosidade, são os seguintes:
1. Contração muscular, fraca ou média.
2. Sensação de tetanização (contração muscular forte).
3. Perda de conhecimento.
4. Paralisia do cérebro.
5. Paralisia dos diferentes órgãos.
6. Decomposição do sangue.
7. Aumento da temperatura do corpo.
8. Queimaduras nos pontos de contacto.
9. Contração muscular dolorosa e fibrilação ventricular.
10. Perda da capacidade mental e da sensibilidade.
11. Incapacidade total.
12. Morte.
Os efeitos de 1 a 7 não provocam a morte, enquanto os seguintes podem
provocar a morte se a vítima não for prontamente socorrida.
Ao longo dos anos, têm sido estudados os efeitos fisiológicos da corrente
elétrica em milhares de acidentados e também em experiências feitas com
diferentes animais, o que permitiu obter valores médios das correntes que
apresentam os efeitos indicados no Quadro 55. Os valores apresentados
não são, portanto, valores universais, podendo variar com fatores diversos.
Nota: No esquema TT, a secção do condutor de proteção pode, na prática, ser limitada a 25 mm²,
se de cobre ou a 35 mm², se de alumínio, desde que os elétrodos de terra da alimentação (terra do
neutro ou terra de serviço) e das massas (terra de proteção da instalação) sejam distintos (caso em
que as correntes de defeito são de reduzido valor), pois, caso contrário, seriam aplicáveis as
condições do esquema TN.