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DISTRITO FEDERAL
2017
Foto capa: Arquivo Público do Distrito Federal - Autor: Mario Fontenelle
Marco Zero e Esplanada dos Ministérios - Brasília/DF - 30-09-1958
Imagem marca d’água: Croqui de Lúcio Costa, para o concurso do “Plano Piloto” de Brasília, em 1957.
SECRETARIA DE ESTADO DE PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO DO
DISTRITO FEDERAL - SEPLAG
Aldo Paviani
Diretor de Estudos Urbanos e Ambientais
COMPANHIA DE PLANEJAMENTO DO DISTRITO FEDERAL CODEPLAN
EQUIPE TÉCNICA
DEURA
Carlos Chagastelis Martins Leal - arquiteto e urbanista
Ana Carolina Formiga - estagiária
Pedro Baptista de Carli - estagiário
Maria Perpétua dos Santos
Odílio Ferreira Carvalho Filho
Rodrigo de Azevedo Santa Cruz de Oliveira
DIPOS
Elisete Rodrigues de Souza
Mônica Oliveira França
Rebeca Carmo Batista de Souza
DIEPS
Jusçanio Umbelino de Souza
Gláuber das Neves - Núcleo de GEO
ASCOM
Eliane Menezes (revisão de original)
Mauro Moncaio (editoração)
ATLAS DO DISTRITO FEDERAL - 2017
Sumário
EQUIPE TÉCNICA.....................................................................................................................................................................4
APRESENTAÇÃO....................................................................................................................................................................11
INTRODUÇÃO.........................................................................................................................................................................11
1 LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA..........................................................................................................................................12
2 CARACTERIZAÇÃO TERRITORIAL..................................................................................................................................15
2.1 Características físicas e ambientais..............................................................................................................................15
2.1.1 Geomorfologia.........................................................................................................................................................15
2.1.2 Geologia..................................................................................................................................................................17
2.1.3 Hidrografia...............................................................................................................................................................19
2.1.4 Proteção de Mananciais e Captações de Água......................................................................................................21
2.1.5 Clima.......................................................................................................................................................................23
2.1.6 Vegetação e Uso da Terra.......................................................................................................................................25
2.1.7 Solos........................................................................................................................................................................27
2.1.8 Unidades de Conservação e Parques.....................................................................................................................29
2.2 CARACTERÍSTICAS DA OCUPAÇÃO DO TERRITÓRIO............................................................................................30
2.2.1 Histórico...................................................................................................................................................................30
2.2.2 Evolução urbana do Distrito Federal.......................................................................................................................32
2.2.3 Divisão administrativa e ocupação urbana do Distrito Federal...............................................................................32
2.2.4 Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno - RIDE/DF...................................................38
2.2.5 Unidade de Planejamento Territorial - UPT.............................................................................................................41
3 EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS PÚBLICOS.....................................................................................................................43
3.1 Educação......................................................................................................................................................................43
3.1.1 Sistema Educacional do Distrito Federal.................................................................................................................43
3.1.2 Outras modalidades de ensino................................................................................................................................43
3.1.3 Instituições complementares...................................................................................................................................44
3.1.4 Taxa de analfabetismo.............................................................................................................................................44
3.2 Saúde............................................................................................................................................................................52
3.2.1 Equipamentos e Atendimento Público de Saúde....................................................................................................52
3.3 Segurança Pública........................................................................................................................................................63
3.3.1 Equipamentos públicos de segurança.....................................................................................................................63
3.4 Serviços essenciais.......................................................................................................................................................72
3.4.1 Abastecimento de Água e Energia, Esgotamento Sanitário, Coleta de Lixo, Sistema Viário e Sistema de
Transporte Público Coletivo.....................................................................................................................................72
4 POPULAÇÃO.....................................................................................................................................................................78
4.1 Caracterização da População.......................................................................................................................................78
5 ECONOMIA........................................................................................................................................................................89
5.1 Desempenho da economia do Distrito Federal.............................................................................................................89
5.2 Serviços........................................................................................................................................................................91
5.3 Indústria........................................................................................................................................................................91
5.4 Agropecuária.................................................................................................................................................................91
5.5 População Economicamente Ativa................................................................................................................................92
6 PAISAGENS DO DISTRITO FEDERAL..............................................................................................................................94
6.1 Paisagens Turísticas e Culturais...................................................................................................................................94
6.2 Paisagens Turísticas e Naturais..................................................................................................................................100
6.3 Paisagens Rurais........................................................................................................................................................104
6.4 Paisagens Urbanas.....................................................................................................................................................107
7 BIBLIOGRAFIA.................................................................................................................................................................112
APRESENTAÇÃO
A Codeplan, com o Atlas do Distrito Federal, preenche uma lacuna ao atualizar informações semelhantes àquelas publicadas
em edições anteriores, como o Atlas do Distrito Federal editado em 1984, mais voltadas para o público geral e estudantes. A
divulgação de publicações nesse formato vai ao encontro da missão da Empresa de disseminar informações cartográficas,
socioeconômicas, urbanas e ambientais, de grande utilidade para a comunidade do Distrito Federal.
O Objetivo deste Atlas é reunir, de maneira didática, e numa linguagem objetiva e de fácil compreensão, informações
sintéticas dos aspectos da geografia, história, população, economia e infraestrutura do Distrito Federal.
As ilustrações como mapas, tabelas, gráficos e fotos apresentadas possibilitam uma leitura cartográfica que, aliadas aos
textos, permitem uma compreensão mais integrada do território do Distrito Federal.
INTRODUÇÃO
Esta publicação reúne as informações da Codeplan e aquelas disponíveis em outras fontes, nos seus aspectos básicos e
fundamentais. Com o Atlas do Distrito Federal, as autoridades, os professores, os empresários e o cidadão brasiliense
poderão perceber, representar e conhecer o território em que vivem. Os mapas, textos, fotos, gráficos e tabelas possibilitam o
conhecimento do território do Distrito Federal de forma integrada, e o leitor, ao manuseá-los, encontrará dados que lhe deem
base para avançar nos seus respectivos questionamentos.
O Atlas do DF tem a perspectiva de apresentar uma versão da realidade em porções regionalizadas. A estrutura de apresentação
foi pensada para facilitar a procura, e a bibliografia, ao final, possibilitará complementações ao que o leitor busca.
Os técnicos que elaboraram este Atlas esforçaram-se na produção de mapas e na busca por dados mais recentes. Ele deverá
guiar tanto o cidadão em geral como os estudantes pelos diversos temas abordados, sempre considerando que a realidade
é mutante, pois os habitantes do DF, as empresas e os governantes alteram a fisionomia dos lugares, logo, as informações
aqui dispostas deverão ser continuamente atualizadas.
- A leste: Formosa;
2.1.1 Geomorfologia
2.2.1 Histórico
Brasília é uma cidade planejada cuja ideia de criação ocorreu desde os meados do século XVI, quando se inicia um movi-
mento para fixação da capital do país em seu interior. Esta ideia foi defendida por vários intelectuais e políticos de expressão
nacional, de se mudar a capital para o centro do território.
O primeiro ato administrativo a tratar dessa questão ocorreu na Constituição de 1891. A partir de então o movimento ganhou
muitos adeptos que a ele aderiam.
Mas a mudança da capital, prevista desde o século XIX, já tinha como objetivos levar o desenvolvimento econômico para o
interior e promover a ocupação dos grandes vazios dessa parte do território, com a melhor distribuição da população, muito
concentrada na faixa litorânea. Até a década de 1950 - a maioria dos brasileiros se concentrava no litoral ou próxima dele.
As expedições técnicas de reconhecimento da área e demarcação do futuro Distrito Federal, em pleno Planalto Central,
ocorreram no final do século XIX (Expedição chefiada pelo belga Luiz Cruls), até o século XX, com criteriosos estudos que
levaram à escolha do local.
Em 1955, Juscelino Kubistchek em campanha eleitoral assume que cumpriria o que determinava a Constituição e incluiu em seu
programa de governo o compromisso público de construir Brasília. Eleito presidente dá início ao projeto de mudança da capital.
A Área demarcada incorporou alguns núcleos urbanos do Estado de Goiás como Planaltina e Brazlândia além de outras aglo-
merações que surgiam para abrigar a população obreira. Destes núcleos urbanos destacam-se Taguatinga e Gama como os
maiores e mais antigos. Mesmo após a mudança da capital, em 21 de abril de 1960, continuou o grande fluxo migratório, e
novas áreas foram ocupadas e núcleos urbanos, consolidados.
A construção de Brasília traz para o centro do país uma nova proposta de cidade que apresenta uma estruturação urbana
inédita com o projeto do urbanista Lúcio Costa e a arquitetura de Oscar Niemayer, além de outros artistas que tornaram Bra-
sília Patrimônio Cultural da Humanidade.
O primeiro ato público de amparo à preservação do projeto ocorreu com a Lei no 3.751, de 13 de abril de 1960, que em seu
artigo 38 estabeleceu: “Qualquer alteração no plano-piloto, a que obedece a urbanização de Brasília, depende de autorização
em Lei Federal”.
Compreendida como um exemplo único, fato que levou a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cul-
tura - UNESCO a incluir Brasília, em 07 de dezembro de 1987, na lista de Patrimônio Mundial a ser preservado e inscrita em
11 de dezembro de 1987, no Livro do Tombo como Patrimônio Cultural da Humanidade.
Como Capital da República Federativa do Brasil foi inaugurada em 21 de abril de 1960, tendo sido construída em aproxima-
damente quatro anos, no governo do Presidente Juscelino Kubistchek, após ter sido sancionada a Lei Nº 2.874, em 1956 que
criou a Companhia Urbanizadora da Nova Capital - Novacap.
A Novacap teve inicialmente a função de gerenciar as terras do Distrito Federal, mas, em 1972, esta função passa para a
recém-criada Companhia Imobiliária de Brasília - Terracap.
Atualmente a situação das terras do Distrito Federal segue como áreas desapropriadas, áreas em comum, áreas em proces-
so de desapropriação e áreas de particulares.
Brasília foi uma cidade projetada para abrigar de 500 a 700 mil habitantes, e o projeto previa que, só se ultrapassasse este
limite, seriam criadas cidades satélites. Mas a população prevista rapidamente é ultrapassada, e já em 2010, último Censo
do IBGE, chega a 2.690.959 habitantes.
Entretanto as cidades satélites previstas para depois do adensamento surgem já na construção de Brasília, pois desde o
início ocorreu um forte aumento de população, devido à busca de trabalho nas obras da construção, cujos operários mora-
vam em assentamentos provisórios e aqui permaneceram. Os assentamentos populacionais foram dando origem às cidades
satélites que mais tarde foram denominadas Regiões Administrativas.
A divisão interna de um país, região, estado e até mesmo cidade favorece o controle administrativo do território, necessário, prin-
cipalmente quando se tratar de grandes extensões territoriais, a partir do qual dividem-se as responsabilidades de administrar.
O Distrito Federal é uma Unidade da Federação e no passado tinha seu governador indicado pelo Presidente da República,
mas na Constituição de 1988 obteve plena autonomia para, a partir de então, eleger diretamente seu governador e deputados.
O território do Distrito Federal foi dividido inicialmente em oito Regiões Administrativas, por meio da Lei Nº 4.545/64 que tam-
bém instituiu as Administrações Regionais (Mapa 8). Posteriormente, para atender a interesses políticos e administrativos,
essas RAs foram subdivididas, chegando a 31 Regiões Administrativas, em 2016.
Fonte: SEGETH
Após 1965, o surgimento de novas RAs foi significativo, com mais 12, o que totalizou 20.
Mapa 11: Divisão Administrativa e Ocupação Urbana - 1997
Fonte: SEGETH
Fonte: SEGETH
A construção de Brasília atraiu grande contingente de trabalhadores que, nos primeiros anos, ocupavam acampamentos distribuídos pelo território
do Distrito Federal.
Com a finalização de grande parte das obras, e a valorização das terras na capital, parte do contingente inicial de trabalhadores deslocou-se para
os municípios de Goiás e Minas Gerais, que continuaram atraindo grande número de pessoas, oriundas, em sua maioria, de regiões mais carentes
de todo o País, para trabalhar na Capital.
Os municípios periféricos ao Distrito Federal, que fazem parte da Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno - RIDE/DF,
tinham, segundo o IBGE em 1960, uma população de 121.949 habitantes e cuja demanda de trabalho além dos serviços de saúde, educação,
transporte, lazer, entre outros, eram atendidos no Distrito Federal, com grande pressão sobre a infraestrutura da capital.
Os problemas decorrentes desta pressão crescente exercida por essa população, desde as primeiras décadas após a inauguração de Brasília,
levaram as entidades públicas (estados de Goiás e Minas Gerais, Distrito Federal e governo Federal) a se unirem objetivando propor, criar e coor-
denar políticas públicas que levassem, juntamente com o Distrito Federal, a ações comuns para toda a região visando minimizar a pressão exer-
cida pelos habitantes desta periferia, que contorna o Distrito Federal. Em 2016 esta região já apresentava uma população estimada de 1.314.361
habitantes (IBGE).
Foi criada, então, pela Lei Complementar n.º 94, de 19 de fevereiro de 1998, e regulamentada pelo Decreto n.º 7.469, de 04 de maio de 2011, a
Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno - RIDE/DF (Mapa 12) com objetivo de “elaborar e executar planos nacionais e
regionais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social”. Os municípios do Estado de Goiás que integram a RIDE são: Aba-
diânia, Água Fria de Goiás, Águas Lindas de Goiás, Alexânia, Cabeceiras, Cidade Ocidental, Cocalzinho de Goiás, Corumbá de Goiás, Cristalina,
Formosa, Luziânia, Mimoso de Goiás, Novo Gama, Padre Bernardo, Pirenópolis, Planaltina de Goiás, Santo Antônio do Descoberto, Valparaíso
de Goiás e Vila Boa e do Estado de Minas são: Buritis, Cabeceira Grande e Unaí.
A Periferia Metropolitana de
Brasília - PMB, é compos-
ta de 12 municípios goianos
periféricos ao Distrito Fede-
ral (Mapa 15), inseridos na
RIDE. São contíguos ao Dis-
trito Federal e com o qual têm
alto nível de integração. São
eles: Águas Lindas de Goiás,
Alexânia, Cidade Ocidental,
Cocalzinho de Goiás, Cris-
talina, Formosa, Luziânia,
Novo Gama, Padre Bernar-
do, Planaltina, Santo Antônio
do Descoberto e Valparaíso
de Goiás.
Dentro do conceito de otimização de ações para a administração de um território, os gestores do Governo do Distrito Federal,
objetivando um melhor planejamento de ações, agruparam as 31 Regiões Administrativas em sete Unidades de Planejamen-
to Territorial - UPTs, que agregam Regiões Administrativas contíguas:
II. UPT Central-Adjacente 1 - Lago Sul, Lago Norte, Park Way e Varjão,
III. UPT Central-Adjacente 2 - Guará, Núcleo Bandeirante, Riacho Fundo, Águas Claras, Vicente Pires, SIA e Estrutural,
V. UPT Sul - Gama, Santa Maria, Recanto das Emas e Riacho Fundo II,
Essa divisão foi instituída pelo Plano Diretor de Organização Territorial do Distrito Federal - PDOT, pela Lei Complementar Nº
803, de 25 de abril de 2009 e atualizada por meio da Lei Complementar Nº 854, de 15 de outubro de 2012.
3.1 Educação
O Sistema Educacional público do Distrito Federal é de responsabilidade da Secretaria de Estado de Educação - SEE, do
Governo do Distrito Federal, que atendeu, em 2014, 69,10% da matricula geral. A rede particular atendeu a 30,06%, e 0,84%
foi atendido pela Rede Pública Federal. Em 2010 houve redução de matrículas na rede pública e aumento na rede particular.
A RA IX Ceilândia apresenta o maior número de matriculas na rede pública de ensino, e na rede privada é a RA I Plano Piloto.
O Ensino Público é o mais representativo no Distrito Federal. Em 2014 apresentou 73% das matrículas no nível Fundamental
e 72% no Ensino Médio, última etapa da educação básica.
A matrícula inicial na rede pública, em 2010 e 2014, diminuiu na área urbana nas duas etapas de ensino e aumentou na área
rural, no ensino fundamental.
A Infraestrutura Física do Sistema Educacional do DF, em 2014, conforme dados da Secretaria de Educação, contava com
1.161 escolas, sendo 662 escolas da rede pública, localizadas nas zonas urbana e rural. Isto significa que 56,07% das es-
colas são da rede pública. Na rede particular, as escolas estão distribuídas em conveniadas e não conveniadas com a SEE
e representaram 42,81%. As restantes são da rede Pública Federal, vinculada a outra Secretaria e as não vinculadas à SEE
que juntas representam 1,12%.
No total geral de matrículas do ensino básico no Distrito Federal, estão incluídas matrículas de outras três modalidades de
ensino que não integram as etapas da educação básica. A primeira delas é a Educação de Jovens e Adultos que representa
8,1% da matrícula geral do exercício. Nessa modalidade sobressai a rede pública, com 93,5% das matrículas totais.
A Educação Profissional representa 3,4% do total geral das matrículas em 2016. Nesta modalidade se sobressai, com maior
número de matrículas, a rede pública de ensino com 61,8%, aumento possivelmente potencializado com a inauguração dos
Institutos Federais de Ensino. Das matrículas na educação profissional, 10,3% estão no ensino integrado, 24,7% no ensino
concomitante/FIC e 65,1%, no ensino subsequente.
O Distrito Federal conta ainda com instituições de ensino e espaços educacionais que agregam na formação dos alunos. São
11 Centros Olímpicos cuja proposta é oferecer, prioritariamente, às crianças e adolescentes atividades sociais, recreativas,
esportivas e de lazer. As unidades também oferecem atividades a adultos, a idosos e a pessoas com deficiência. Os Centros
Interescolares de Línguas, 15 ao todo, são escolas especializadas no ensino de Língua Estrangeira Moderna (LEM) com
oferta de línguas como Alemão, Espanhol, Francês e Inglês. A rede pública de ensino conta também com 10 Escolas Parque
que, além do currículo básico, propõem o acesso a aprendizagens sobre trabalho e à cultura ampla da humanidade, desen-
volvendo o senso de responsabilidade, de ação prática e de criatividade. Na educação profissional, a rede pública conta com
Centros de Ensino Profissionalizante (CEPs): Escola de Música de Brasília (EMB), Escola Técnica de Saúde de Planaltina,
Escola Técnica de Ceilândia e Escola Técnica de Brasília e ainda 10 Institutos Federais, localizados nas seguintes RAs: Pla-
no Piloto, Gama, Planaltina, Riacho Fundo, Samambaia, São Sebastião, Taguatinga, Ceilândia e SCIA/Estrutural.
A Taxa de Analfabetismo, com pessoas de 15 anos ou mais, foi de 2,6% em 2015, sendo o Paranoá a RA com maior taxa
(5,2%), seguida por Brazlândia (4,7%) e Ceilândia e Santa Maria (4,5%). As RAs com as menores taxas são: Plano Piloto e
Lago Sul (0,2%), SIA (0,1%) e por fim o Sudoeste que não apresentou analfabetos.
A Taxa de Alfabetização no Distrito Federal, em 2014, era de 73,6%, menor que nos dois anos anteriores, e na faixa de 10 a
29 anos, é de praticamente 100%, inclusive na área rural.
Nota: O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica - IDEB, criado em 2007, é um indicador importante para aferir a qualidade da educação,
que reúne resultados do fluxo escolar e médias de desempenho na Prova Brasil.
A assistência à Saúde no Distrito Federal é oferecida pelo Sistema Público de Saúde do Governo do Distrito Federal, por meio
de Hospitais e Unidades de Saúde e também pelo Sistema Federal e Iniciativa Privada.
A Secretaria de Estado de Saúde - SES/DF é responsável pela Rede Pública de Saúde, cabendo a ela gerir todas as ques-
tões ligadas à Saúde.
A rede hospitalar do DF conta, conforme dados de 2015, com 22 hospitais públicos dos quais 16 são de responsabilidade da
Secretaria de Saúde, quatro são militares e dois são da Administração Federal.
A RA I - Plano Piloto concentra cinco dos dezesseis hospitais geridos pela Secretaria de Saúde/DF:
Outros hospitais públicos, os Regionais, estão distribuídos nas RAs de Brazlândia, Ceilândia, Gama, Guará, Paranoá, Pla-
naltina, Samambaia, Santa Maria, Sobradinho e Taguatinga.
RA I - Plano Piloto
- Hospital Naval
- Hospital Sarah Kubitscheck (Público Federal)
- Hospital Universitário de Brasília (Público Federal)
RA XI - Cruzeiro
O Hospital Sarah Kubitscheck se destaca no Distrito Federal por ser uma referência nacional.
Todos os leitos da Rede Hospitalar da SES/DF atendem ao Sistema Único de Saúde - SUS (Gráfico 9). A Taxa de ocupação
hospitalar, entre o número de pacientes-dia e o número de leitos-dia chega a quase 75 % no Distrito Federal no ano de 2014.
Além dos hospitais, fazem parte dos serviços de saúde prestados à população:
A Unidade de Pronto Atendimento - UPA, é o estabelecimento de saúde de complexidade intermediária entre as Unidades
Básicas de Saúde e a Rede Hospitalar.
Nota: Taxa Bruta de Natalidade é o número de nascidos vivos, por mil habitantes.
Fonte: Ministério da Saúde /SINASC- 2010 a 2015
Gráfico 11: Taxa Bruta de Mortalidade - Distrito Federal (2010 - 2015)
Nota: Taxa Bruta de Mortalidade é o número total de óbitos por mil habitantes.
Fonte: Ministério da Saúde / SIM- 2010 a 2015
Nota: Taxa de Mortalidade Infantil é o número de óbitos de até um ano de idade por
mil Habitantes
Gráfico 13: Número de Médicos no Distrito Federal/hab. Fonte: Ministério da Saúde /SIM - 2010 a 2015
A gestão da Segurança Pública do Distrito Federal é feita pela Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Paz Social -
SSP/DF e tem a infraestrutura de equipamentos de segurança pública distribuída por todo o território, abrangendo todas as
Regiões Administrativas.
Observa-se, pelos dados apresentados, que existe relação entre a extensão das Regiões Administrativas, o número de habi-
tantes e a quantidade dos serviços oferecidos pela Segurança Pública no Distrito Federal.
Então as Regiões Administrativas mais extensas e com maior população possuem mais equipamentos de segurança, em que
se destacam as RAs de Ceilândia e Taguatinga por serem mais populosas.
Considera-se exceção a RA I - Plano Piloto, que concentra um número significativamente maior de toda a estrutura de segu-
rança do Distrito Federal, em razão de conter a quase totalidade dos órgãos do Poder Federal e Local, além das Represen-
tações Diplomáticas de todos os Países e Entidades Internacionais.
3.4.1 Abastecimento de Água e Energia, Esgotamento Sanitário, Coleta de Lixo, Sistema Viário e Sistema de Trans-
porte Público Coletivo
Conforme dados da Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios - PDAD/2015 - Codeplan para o Distrito Federal, observou-
-se que estes serviços atingem uma parcela maior da população se comparados com o restante do país:
a. Água Potável - o abastecimento pela Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal - CAESB atinge 98,14%
das residências do Distrito Federal.
b. Esgotamento Sanitário - por se tratar de preservação de saúde pública, no combate às doenças endêmicas, tem gran-
de importância. Seu atendimento atinge 85,46% dos domicílios da zona urbana. Do restante que não é coletado pela
rede, prevalece o uso de fossa séptica - 10,53%. Apesar de ainda não se ter igualado aos índices de abastecimento de
água, se destaca consideravelmente, se comparado a outras unidades da Federação.
c. Coleta de Lixo - 95% dos domicílios são atendidos regularmente pelo Serviço de Limpeza Urbana do Distrito Federal
- SLU, e destes, 79,52%% têm coleta seletiva. Entretanto, a destinação do lixo no Distrito Federal não tem sido satisfa-
tória, causando prejuízo para o meio ambiente e consequentemente para a saúde da população.
d. Energia Elétrica - são 99,38% dos domicílios atendidos pelo sistema elétrico da Companhia Energética de Brasília
- CEB, sendo estimados em torno de 5.200 os domicílios com ligações clandestinas (gambiarras) o que perfaz aproxi-
madamente 17 mil habitantes se beneficiando desse sistema irregular de ligação elétrica.
e. Infraestrutura Física Urbana - relativa aos espaços físicos de uso comum, tem boa qualidade, pois segundo dados
da PDAD/DF - 2015, a Iluminação Pública atende a 97,62% dos domicílios; Asfaltamento, meios fios e calçadas,
itens que se complementam nas vias públicas, estão presentes em 92,78%; 92,02% e 90,30%, respectivamente das
residências. Complementando as variáveis necessárias, para composição de qualidade de vida do cidadão, tem-se a
rede de água pluvial, que atende a 84,14% dos domicílios no Distrito Federal.
- Rodovias federais - que interligam o Distrito Federal com as demais regiões do país;
- Rodovias distritais - que interligam os núcleos urbanos internos do Distrito Federal;
- Estradas vicinais - que permitem acesso às áreas de menor densidade populacional e de uso predominantemente
rural.
O sistema viário urbano é formado pelas vias internas das Regiões Administrativas e de responsabilidade do Detran. Essas
vias são classificadas, do ponto de vista funcional, como vias arteriais secundárias, vias parque e coletoras, e têm o papel de
interligar locais de grande demanda ou centros urbanos dentro do eixo. Este sistema é fortemente condicionado pelo projeto
urbanístico das cidades, cujo conceito assume a setorização dos usos e atividades e a estruturação dos espaços urbanos por
intermédio desse sistema viário, tendo em vista as funções previstas no planejamento urbano.
O Sistema de Transporte Público Coletivo está estruturado em dois serviços: o Básico, que compreende linhas dos modos
rodoviário e metroviário que deverão funcionar de forma integrada, atendendo às principais necessidades de deslocamento
da população; e o Complementar, que compreende linhas do modo rodoviário com características diferenciadas, que aten-
dem outros segmentos da população, como as comunidades rurais. Uma linha de metrô ligando Samambaia/Ceilândia com
o Plano Piloto. Além de uma linha de BRT ligando as cidades de Santa Maria/Gama com o Plano Piloto. Atualmente, mais
de 40% da população do DF usa o ônibus e o metrô para o seu deslocamento diário. O cicloviário é um modo em evolução
no DF com mais de 399,6 km de ciclovias e 28,34 km de ciclofaixas, totalizando 427,94 km de pistas destinadas a bicicletas.
O Distrito Federal, segundo projeção de 2016 do IBGE, apresenta uma população de 3.039.444.
No contexto brasileiro, o Distrito Federal, com pouco mais de 50 anos, ocupa o terceiro lugar em população, atrás apenas dos
munícipios de São Paulo e Rio de Janeiro.
Comparando a população do Brasil e Distrito Federal nas últimas três décadas, observa-se que a população do Distrito
Federal cresceu quase o dobro, o que não ocorreu no Brasil cujo crescimento foi significativo, mas não nesta proporção. A
participação da população do Distrito Federal no contexto do Brasil vem aumentando sua contribuição, pois em 2010 chega
a 1,33% com projeção em 2016 para 1,44%.
Na distribuição por sexo, conforme dados de 2015 da Codeplan/PDAD, a população feminina é predominante no Distrito Fe-
deral, sendo 1.515.066 mulheres e 1.391.508 homens.
Quanto à ocupação do território, a população urbana no Distrito Federal está distribuída por todas as 31 Regiões Administra-
tivas. Segundo dados de 2015, da Codeplan, a RA IX - Ceilândia apresenta maior população urbana, seguida pela RA I Plano
Piloto e RA III - Taguatinga.
A população rural apresentou uma redução de contingente entre 2000 e 2010, passando de 89.645 para 88.885, predominan-
do os homens adultos e com redução no número de jovens. Esta população jovem diminuiu, provavelmente em decorrência
de ir em busca de estudo e/ou melhores condições de vida de uma maneira geral.
O envelhecimento da população do Distrito Federal é significativo, quando se verifica a distribuição por faixa etária. No perío-
do de 2010 e 2015, nas faixas etária dos 65 anos a 90 e mais, ocorreu um crescimento significativo, ao contrário da faixa de
zero a 34 anos, que teve seu número reduzido. O mesmo processo também ocorreu no Brasil.
Na distribuição de população por Região Administrativa, a diferença entre a menos e a mais populosa é significativa; enquan-
to a RA XXXI Fercal tem 8.288 habitantes, a RA IX Ceilândia tem 479.713 habitantes (dados de 2015).
Com relação à concentração da população no Distrito Federal, a maior densidade demográfica, número de habitantes por
km2, ocorre na Região Administrativa do Cruzeiro, seguida das Regiões Administrativas do Sudoeste e Águas Claras. A re-
cente tendência à verticalização explica a maior densidade nestas duas últimas RAs.
A população do Distrito Federal, nas duas primeiras décadas da sua inauguração (1960 e 1970), era composta basicamente
de migrantes que chegavam para a construção da nova capital. Este fato gerou altas taxas de crescimento populacional, que
perduraram mesmo após a redução das atividades da construção civil.
A população do Distrito Federal conforme dados do Censo Demográfico do IBGE - 2010 mostra, quando se verifica o local
de nascimento, que as regiões Centro-Oeste (Goiás principalmente) e Nordeste são as que mais contribuem, com 60,16% e
23,43% respectivamente. A Região Sul é a de menor contribuição, e nas primeiras décadas de ocupação do Distrito Federal,
as regiões Sudeste e Nordeste prevaleciam, e nas décadas de 70 e 80, os nordestinos eram ainda maioria, sempre seguidos
pelos goianos.
Fonte: Codeplan: A área das RAs foi extraída do documento “Delimitação das Regiões Administrativas do Distrito Federal” elaborado pela
Codeplan, conforme Decreto do GDF Nº 35.020 de dezembro de 2013, e calculada com base na projeção UTM.
Obs.: O cálculo da densidade demográfica foi realizado considerando a estimativa da PDAD, que é realizado somente na área urbana e nos
núcleos rurais com características urbanas.
Um dos mecanismos para avaliar a Economia, seja de País, de Estado ou de Município, é o cálculo do Produto Interno Bru-
to - PIB. Assim, os resultados para o Distrito Federal, referentes ao exercício de 2014, de acordo com os dados do IBGE e
da Codeplan, foram de R$ 197,432 bilhões, foi registrado um aumento de 12,2% no valor nominal do PIB - DF, em relação a
2013. Esse resultado deu-se, em sua maior parte, pelo aumento dos preços médios da produção local de bens e serviços, e
menos pelo aumento no volume de produção das atividades econômicas, com crescimento, em termos reais, de 2,0%.
O melhor desempenho do Distrito Federal frente à situação nacional retratou as características da estrutura produtiva local,
pautada essencialmente pela dinâmica do setor de Serviços, com grande influência da atividade Pública, favorecendo o Dis-
trito Federal em períodos de crise econômica. Aqui, os setores Agropecuário e Industrial possuem pouca representatividade.
O Produto Interno Bruto per capita do Distrito Federal permaneceu na primeira posição entre as unidades da Federação em
todo o período de 2010 a 2014. Considerando a população do Distrito Federal, estimada para 2014, em 2,852 milhões de ha-
bitantes, o PIB per capita foi calculado em R$ 69.216,80, mais de 2,4 vezes o PIB per capita brasileiro de R$ 28.500,24 e 1,6
vezes o de São Paulo, o segundo maior, que é de R$ 42.197,87, e 6,2 vezes o do Maranhão - R$ 11.216,37, o menor do País.
No Distrito Federal, o Setor de Serviços é o principal sustentáculo da Economia. No exercício de 2014, foi responsável por
92,9% do Produto Interno Bruto, conforme informações da CODEPLAN/IBGE.
Neste setor, dentre as atividades que o integram, aquelas ligadas à área pública como: Administração, Educação, Saúde,
Pesquisa e Desenvolvimento Públicos, Defesa e Seguridade Social, apresentaram a maior participação, com 46,34%.
Analisando o PIB/DF, 2014, segundo a participação dos Setores de Atividade Econômica, este setor contribuiu de maneira
preponderante para a economia do Distrito Federal, tendo ocorrido um crescimento real de 2,4% em relação a 2013.
5.3 Indústria
O Setor Industrial tem pouca expressão na composição do PIB/DF, com participação, em 2014, de apenas 6,6% na economia,
com um montante de R$ 11,347 bilhões. O componente mais representativo foi a Construção Civil, responsável por 58,83%
no exercício, enquanto a Indústria de Transformação contribuiu com 27,13%. Eletricidade e Gás, Água, Esgoto, atividades de
Gestão de Resíduos e Descontaminação, 13,85% e Indústria Extrativa apenas 0,19%.
A Atividade Industrial, mesmo tendo pouca expressão na composição da Economia do Distrito Federal, com relação a valor,
é o segundo na composição do PIB/DF, sendo responsável por 6,6 % do seu total.
5.4 Agropecuária
A Agropecuária é o setor com a menor participação na Economia brasiliense. É responsável por apenas 0,4% do total do
PIB em 2014, segundo cálculos da Codeplan/IBGE. Essa participação indica que o Setor contribuiu somente com R$770
milhões em valores absolutos, na composição do Produto Interno Bruto do Distrito Federal. Entre os seus subitens, o mais
representativo é “Agricultura, inclusive o Apoio à Agricultura e à Pós-colheita” que sozinho é responsável por 75,58% do setor.
Em seguida, com a participação de 19,74%, está a Pecuária, inclusive o “Apoio à Pecuária”, e com a menor participação no
Setor, está a Produção Florestal, Pesca e Aquicultura, compondo um único item e representando apenas 4,68% na formação
do Setor Primário da Economia do DF.
Esta atividade é desenvolvida em pequenas áreas, para o qual contribui a pequena dimensão territorial do Distrito Federal.
Conforme dados do IBGE e PED - DF de 2010 e 2015, observou-se que a População em Idade Ativa - PIA, aumentou, e
consequentemente também aumentou a População Economicamente Ativa - PEA
No período de 2010 a 2013, com relação ao pessoal ocupado, destaca-se o setor de Serviços em que são relevantes as ativi-
dades da Administração Pública, Defesa e Seguridade Social, seguido pelas atividades de Comércio, Reparação de Veículos
Automotores, Motocicletas, Transporte, Armazenagem e Correio.
A Indústria de Transformação está em segundo lugar tanto pelo número maior de pessoal ocupado como pelo seu crescimen-
to em relação aos outros setores que vêm diminuindo.
Gráfico 43: Participação das Atividades do Setor Serviços no PIB do Distrito Federal - 2014
Fonte: IBGE/Codeplan
Nota: Outros - Transporte, armazenagem e correio; Serviços de alojamento e alimentação; Artes, cultura,
esporte e recreação e outras atividades de serviços; e Serviços domésticos.
A região do Planalto Central, onde se localiza o DF, apresenta grande variedade de paisagens naturais que propiciam a con-
templação, prática de esportes e lazer, além das obras e monumentos urbanos que estimulam o interesse turístico.
Catedral de Brasília
Palácio do Itamaraty
Teatro Nacional
Catetinho
Cachoeira do Tororó
Site: RA IV Brazlândia - DF
Site: RA IV Brazlândia - DF
Plantação de Soja
Cerrado irrigado - DF
Foto: EBC
Taguatinga - DF
Foto: Gabriel Jabur/Agência Brasília-28.2.2016
• Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - Documentos 122 Julho/2004 - EMBRAPA - Geomorfologia - Evo-
lução Geomorfológica do DF.
• Secretaria de Estado de Gestão do Território e Habitação - SEGETH - Sistema de Informações Territoriais e Urbanas
do DF - SITURB/2015.
• Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - FIBGE. (1) Censo Demográfico - Distrito Federal - 1970. Vol. 1.
Tomo XXIV, Rio de Janeiro, FIBGE, 1973; (2) FIBGE. Censo Demográfico - Distrito Federal - 1980. Vol. 1. Tomo 6 - Nº
26. Rio de Janeiro, FIBGE, 1993; (3) FIBGE. Censo Demográfico - 1991. Nº 28 - Distrito Federal. Rio de Janeiro, FIB-
GE, 1991; (4) FIBGE. Censo Demográfico - 2000. Resultados do Universo. Rio de Janeiro, FIBGE; (5) FIBGE. Censo
Demográfico - 2010. Resultados do Universo. Rio de Janeiro, FIBGE, 2010.
• Companhia de Planejamento do Distrito Federal - Codeplan - Anuário Estatístico do DF; e Pesquisa Distrital por Amos-
tra de Domicílios - PDAD 2015/2016.
• Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - Secretaria de Defesa Agropecuária - SDA - Departamento de Ins-
peção de Produtos de Origem Animal - DIPOA - Acompanhamento, Cadastro e Avaliação - DCA - e Subsecretaria de
Defesa e Vigilância Agropecuária, Diretoria de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal e Animal - DIPOVA - Gerência
Operacional de Inspeção - Núcleo de Inspeção de Produtos de Origem Animal.
MUDANÇAS DETECÇÃO E
PROJEÇÕES
CLIMÁTICAS DAS MUDANÇAS
CLIMÁTICAS PARA O
NO DF E DISTRITO FEDERAL E
REGIÃO INTEGRADA
DE DESENVOLVIMENTO
RIDE DO DF E ENTORNO
ISBN: 978-85-68931-03-5
PREFÁCIO
Segundo dados da Defesa Civil, existem no DF 4.960 casas em 36 áreas consideradas de
risco, isto é, em locais considerados vulneráveis e ocupados de maneira desordenada.
A mesma chuva que desabrigou 300 pessoas na Vila Cauhy, também deixou, de acordo
com a CEB, 23,4 mil unidades consumidoras da Asa Norte sem energia elétrica. Estações
do Metrô ficaram alagadas. Este não foi o único evento de chuva extrema que tivemos
no ano. Em outubro, mais de mil pessoas ficaram desalojadas em Samambaia. Uma
forte ventania destelhou mil casas, arrancou árvores e postes, derrubou a igreja local
e muros de várias escolas. Cerca de 21 mil pessoas ficaram sem luz na cidade.
Nos últimos anos também sofremos com ondas de calor que assustaram os moradores e
provocaram transtornos em Brasília. Em 2014 vivemos um intenso período de desconforto
térmico pela falta de chuva e baixa umidade do ar, quando os termômetros marcaram
40 graus em alguns pontos da cidade e estações de monitoramento registraram o
recorde de 18% de umidade relativa do ar. Em outubro de 2015 novamente os recordes
foram quebrados. O DF registrou temperatura máxima de 35,9°C em um dia e no dia
seguinte 36,4°C. Essas duas médias bateram o recorde de 2008, quando o calor chegou
a 35,8°C no DF, segundo nos informou o INMET. Foram semanas de muito calor e tempo
seco quando a umidade relativa do ar chegou a 10% e a situação foi considerada de
perigo em todo o estado de Goiás e no Distrito Federal.
Esses sucessivos recordes de calor com dias e noites tidos como os mais quentes têm
impactos diretos na saúde da população, que precisam ser avaliados. Além disso, as
altas temperaturas também facilitam a combustão da vegetação típica do cerrado,
intensificando os incêndios florestais que, em geral, têm início em ações criminosas, pro-
vocados intencionalmente. A Operação Verde Vivo do Corpo de Bombeiros do DF registrou
em 2016 mais de 17 mil ocorrências de incêndios florestais e mais de 17 mil hectares de
cerrado queimado. Os maiores índices de incêndio florestal dos últimos cinco anos. As
áreas agrícolas do Distrito Federal também foram impactadas com a falta das chuvas.
Está claro que fatores não climáticos contribuem para a magnitude desses impactos. O
colapso do sistema hídrico também se deve ao conflito entre os múltiplos usos da água
e ao próprio sistema de captação e distribuição de água. Todos precisamos aprender
o uso consciente da água. Um dos fatores mais importantes é o uso irregular do solo
que remove o cerrado, soterra e contamina nascentes e cursos d’água, e impermeabiliza
o solo. As chuvas seguintes talvez não sejam suficientes para encher os córregos e os
reservatórios e amenizar a escassez de água. É preciso, ao mesmo tempo, diminuir o
consumo e produzir água, protegendo as áreas de mananciais e de recarga de aquífero.
Medidas de economia, com a adoção de novos hábitos de consumo e captação, precisam
ser adotadas simultaneamente às ações de controle do uso do solo e à adoção de novos
parâmetros de produção de água. Isto é, precisamos hoje, mais do que nunca, proteger
e preservar, conservar e restaurar nossa infraestrutura ecossistêmica, porque dela tam-
bém depende a água do futuro. As bacias hidrográficas, com seus mananciais, beiras de
rios e áreas de recarga, responsáveis pelo armazenamento de água subterrânea, são
tão importantes quanto represas, reservatórios e armazenamento de água superficial,
sistemas de captação e distribuição, canais, bombas e tubulações.
O fato é que, no Distrito Federal e na RIDE, os impactos associados ao clima já são visí-
veis. O clima está, ao mesmo tempo, mudando e intensificando seus eventos. Estamos
sofrendo com mais ondas de calor e extremos de chuva. Os verões têm sido mais quentes
e os invernos mais secos. Mas não podemos mais estar à mercê destes riscos, e sofrer
com os impactos futuros das mudanças climáticas com seus eventos extremos em face
do despreparo e da falta de planejamento para enfrentar essa nova realidade que se
impõe a todos nós, sobretudo aos mais pobres. Precisamos urgentemente considerar,
A primeira pergunta objetiva que todo e qualquer gestor público, tomador de decisão
e formulador de políticas precisa se fazer diante das mudanças do clima é: afinal, a
que já estamos expostos e estaremos expostos nas próximas décadas em um cenário
realista de mudanças climáticas? Qual margem de aumentos de temperatura devemos
aguardar? Para que taxas de diminuição da precipitação e baixa umidade devemos
estar preparados? Quanto aos eventos extremos, ondas de calor e extremos de chuva,
o que devemos esperar?
A resposta a estas perguntas deve, por sua vez, subsidiar novas perguntas, como: quais
os possíveis impactos desses novos parâmetros do clima no abastecimento de água e no
armazenamento das águas subterrâneas? Como se comportará a infraestrutura urbana
atual frente aos cenários cada vez mais intensos de desconforto térmico e inundações?
Que impactos estes riscos climáticos podem vir a ter por sobre a economia e a saúde
da população do DF e região? Quais possíveis prejuízos econômicos teremos? Quanto
necessitaremos de infraestrutura verde para mitigarmos os impactos destas mudanças?
A Nota Técnica Mudanças Climáticas no DF e RIDE que o leitor tem agora em mãos, vem
cumprir essa função. Animados pela Unidade Estratégica de Clima da Secretaria do Meio
Ambiente do DF, cientistas ligados aos principais centros de excelência sobre o tema no
Brasil, como INPE, INMET, ANA, Embrapa Cerrados e IBRAM, aderiram voluntariamente
ao desafio de compilar as últimas informações científicas e prover com análises as
perguntas urgentes impostas à nossa cidade e região pelas mudanças do clima. Espe-
ramos com esse trabalho oferecer elementos para o inicio de enfrentamento efetivo das
mudanças climáticas no DF e na RIDE.
Aos autores, nosso mais sincero agradecimento, com o compromisso de levarmos adiante
o desafio de tornarmos o Distrito Federal mais adaptado e mais resiliente às mudanças
climáticas.
ANDRÉ LIMA
Secretário de Meio Ambiente e
Presidente do Conselho de Meio Ambiente e do Conselho de Recursos Hídricos do Distrito Federal
Como principal objetivo, esta Nota Técnica sistematizará, a partir das últimas evidências
científicas, as duas principais perspectivas de análise do clima para o DF e a RIDE: 1)
índices de monitoramento e detecção das mudanças climáticas e 2) projeções globais
do clima reduzidas estatística e dinamicamente para a região (downscaling).
Estas respostas, no entanto, são, por nós, consideradas provisórias, pois requerem per-
manente revisão para que seja possível limitar as incertezas. Entretanto, representam
o estado da arte no que se refere às informações científicas da mudança do clima
disponíveis para o DF e a RIDE e sinalizam aos formuladores de políticas públicas e
tomadores de decisão o grande desafio que têm pela frente na condução a um – ainda
possível – futuro de resiliência local às mudanças do clima.
Esta Nota Técnica, por fim, apresentará uma lista de recomendações para o enfren-
tamento das mudanças climáticas, dirigida aos formuladores de políticas públicas e
tomadores de decisão do DF e região de Entorno. Entre as quais, a recomendação de que,
a partir das evidências, providas pela detecção e pelas projeções climáticas, sejam ime-
diatamente avaliados os efeitos associados às mudanças climáticas, riscos de impactos,
probabilidade, magnitude e consequências, bem como as opções e oportunidades de
soluções e medidas das respostas para os setores críticos ao bem‑estar da população
e estratégicos ao desenvolvimento sustentável do DF e da RIDE.
Os autores.
ANEXO 1
PRECIPITAÇÃO FUTURA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
ANEXO 2
TEMPERATURA FUTURA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137
PALAVRAS‑CHAVE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 164
1 O ENFRENTAMENTO GLOBAL
ÀS MUDANÇAS DO CLIMA
A gravidade do problema da mudança climática para a humanidade motivou a criação,
em 1992, da Convenção‑Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC
em inglês), cujo principal objetivo é a “estabilização das concentrações de gases de
efeito estufa na atmosfera num nível que impeça interferência antrópica perigosa no
sistema climático”.1
Braço executivo da Convenção do Clima, Conferências das Partes para a Mudança Climá-
tica (COPs) ocorrem anualmente desde então. Em 2015, teve lugar a 21ª COP em Paris, cujo
acordo diplomático selou a Decisão e o Acordo de Paris, um compromisso político global
de enfrentamento da crise climática, no qual 197 países apresentaram compromissos de
redução dos gases de efeito estufa, cunhados como INDC (em inglês Intended Nationaly
Defined Commitments).
A COP de Paris teve o mérito de chegar a um consenso entre os países por um futuro de
baixo carbono e um horizonte de acelerada descarbonização das economias, de modo
a se deter o aquecimento do sistema climático em 1.5oC, considerado seguro para a
manutenção da vida na Terra.
1 Convención Marco de Las Naciones Unidas sobre el Cambio Climático. 1992. Art 2. P. 8 http://unfccc.int/files/essential_background/background_publications_
htmlpdf/application/pdf/convsp.pdf Último acesso 2016‑05‑12
Reconhecendo ainda que serão necessárias reduções profundas nas emissões glo-
bais, a fim de alcançar o objetivo final da Convenção, e enfatizando a necessidade
de urgência no combate às mudanças climáticas,
O Acordo de Paris, portanto, reconhece que a mudança climática representa uma ameaça
urgente e potencialmente irreversível às sociedades humanas e ao planeta, assim como
reconhece que profundas reduções nas emissões globais serão necessárias e, portanto,
há a necessidade urgente de lidar com a significativa distância entre o efeito agregado
dos compromissos em termos de emissões globais anuais de gases efeito estufa, em
2020, e as emissões no agregado compatíveis com a limitação da temperatura média
bem abaixo de 2oC, acima dos níveis pré‑industriais, enfatizando esforços para limitar
esse aumento de temperatura a 1,5oC.
O Acordo de Paris entrou em vigor em novembro de 2016, durante a 22ª COP em Mar-
rakesh. As principais condições, para tanto, foram alcançadas: mais de 55 países, respon-
sáveis por pelo menos 55% das emissões globais de gases de efeito estufa, ratificaram
o Acordo por meio de suas casas congressuais legislativas. O Brasil é um dos países
signatários da Convenção do Clima, um dos 197 países que assinaram o Acordo de Paris
e ratificou o Acordo em setembro de 2016.
2 O IPCC E A CIÊNCIA DA
MUDANÇA CLIMÁTICA
Em todo o mundo, muito tem sido produzido pela melhor ciência disponível com relação
a análises climáticas e formas de enfrentamento dos riscos climáticos. O problema cli-
mático é extremamente complexo, multidisciplinar, multisetorial e multiescalar e requer
análises e intervenções igualmente complexas, multidisciplinares, multisetoriais e mul-
tiescalares.
O IPCC foi criado em 1988 pela Organização Meteorológica Mundial (WMO em inglês) e
pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP em inglês) com o obje-
tivo de avaliar as informações científicas, técnicas e socioeconômicas relevantes para
o entendimento do risco da mudança climática induzida pelo homem, seus impactos
potenciais e as opções de adaptação e mitigação.
“As três últimas décadas têm sido sucessivamente mais quentes desde 1850. No
Hemisfério Norte, o período de 1983 a 2012 foi provavelmente o mais quente dos
últimos 1400 anos. Ao longo dos 50 anos anteriores, dias quentes, noites quentes
e ondas de calor tornaram‑se mais frequentes.” (IPCC, AR5: 2013)
O AR5, de todos os relatórios de avaliação do IPCC, foi o mais categórico no que se refere
aos riscos que a mudança do clima representa para a humanidade. Diz o AR5 do IPCC: 6
5 Os Relatórios de Avaliação do IPCC estão disponibilizados no site http://ipcc.ch/ Último acesso 2016‑05‑22
6 IPCC, 2013: Summary for Policymakers. In: Climate Change 2013: The Physical Science Basis. Contribution of Working Group I to the Fifth Assessment Report
of the Intergovernmental Panel on Climate Change. AR5, WG1, SPM. http://ipcc.ch/pdf/assessment‑report/ar5/wg1/WGIAR5_SPM_brochure_en.pdf Último acesso
2016‑05‑22
Para o AR5 do IPCC, a mudança climática é uma mudança no estado do clima que
pode ser identificada (por exemplo, mediante testes estatísticos) por variações no valor
médio e/ou na variabilidade de suas propriedades, e que persistem por um extenso
período, geralmente décadas ou períodos mais extensos. Mudança climática pode se
dever a processos internos naturais ou forçantes externas, tais como as modulações dos
ciclos solar, erupções vulcânicas, e persistentes mudanças antrópicas na composição
da atmosfera ou no uso da terra.
Note‑se que a UNFCCC em seu Artigo 1 define mudança climática como: “uma mudança
do clima que é atribuída diretamente ou indiretamente às atividades humanas que
alteram a composição da atmosfera global e que se soma à variabilidade natural do
clima observada durante períodos de tempo comparáveis”. A UNFCCC faz a distinção,
portanto, entre mudança climática, atribuível a atividades humanas que alteram a
composição atmosférica, e a variabilidade climática, atribuível a causas naturais.
Entre o AR4 e o AR5, o IPCC manteve a definição de base da mudança climática como
sendo toda mudança no estado do clima, seja devido a processos naturais, forçantes
externas ou a atividades antrópicas. O conceito, entretanto, evoluiu refletindo os pro-
gressos da ciência como, por exemplo, a afirmação quanto a evidências medidas pelo
uso de testes estatísticos. Igualmente, manteve‑se a distinção conceitual com UNFCCC,
que considera como mudança climática apenas a atribuível à atividade antrópica, que
se soma à variabilidade do clima.7
Impactos geralmente se referem a efeitos sobre a vida, modos de vida, saúde, ecossis-
temas, economias, sociedades, culturas, serviços e infraestrutura, devido à interação
das mudanças do clima ou eventos climáticos perigosos ocorrendo em um específico
período de tempo e a vulnerabilidade de uma sociedade ou sistema expostos. Impactos
também são referidos como consequências e resultados.
Já, a noção de gestão do risco climático começou a tomar corpo no relatório Gestão
de Risco dos Eventos Extremos e Desastres para o Avanço da Adaptação à Mudança
Climática (SREX em inglês)8 e ganhou fôlego no AR5.9
7 Conferir em: (1) IPCC, 2007. AR4 WGII, Glossary; (2) IPCC, 2011. SREX RRP.1 e Glossary; e (3) IPCC, 2013. AR5, WGII, RRP.2 e Glossary. Todos disponíveis em IPCC.
Assessment Reports. http://ipcc.ch/ Último acesso 2016‑05‑22
8 IPCC, 2012: Managing the Risks of Extreme Events and Disasters to Advance Climate Change Adaptation. A Special Report of Working Groups I and II of the
Intergovernmental Panel on Climate Change [Field, C.B., V. Barros, T.F. Stocker, D. Qin, D.J. Dokken, K.L. Ebi, M.D. Mastrandrea, K.J. Mach, G.‑K. Plattner, S.K. Allen, M.
Tignor, and P.M. Midgley (eds.)]. Cambridge University Press, Cambridge, UK, and New York, NY, USA, 582 pp http://ipcc‑wg2.gov/SREX/images/uploads/SREX‑All_
FINAL.pdf Acesso em 2016‑10‑05
9 IPCC (2014). Technical summary. In: Climate Change 2014: Impacts,Adaptation, and Vulnerability. Part A: Global and Sectoral Aspects. Contribution of Working
Group II to the Fifth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change [Field, C.B., V.R. Barros, D.J. Dokken, K.J. Mach, M.D. Mastrandrea, T.E. Bilir,
M. Chatterjee, K.L. Ebi, Y.O. Estrada, R.C. Genova, B. Girma, E.S. Kissel, A.N. Levy, S. MacCracken, P.R. Mastrandrea, and L.L.White (eds.)]. Cambridge University Press,
Cambridge, United Kingdom and New York, NY, USA, pp. 35‑94.
3 A INTENSIFICAÇÃO DAS
EMISSÕES ANTRÓPICAS
DOS GASES DE EFEITO
ESTUFA COMO CAUSA DO
AQUECIMENTO GLOBAL
Figura 2. – Trajetórias das Emissões de GEE, 2000‑2500. IPCC‑AR5
O cenário descrito pelo RCP4.5, que também traduz os efeitos possíveis de ações de
mitigação, considera, no entanto, a probabilidade de as ações de redução de emissões
e remoções antrópicas ocorrerem, mas não tão rapidamente ou disseminadamente
como se faz necessário para deter o aquecimento a 2oC até o final do século. No cenário
RCP4.5 a forçante radiativa aumenta seu crescimento quase linearmente até o ano de
2060 e então diminui a taxa de aumento até o final do século quando se estabiliza.
Apesar de otimista em relação aos cenários tendenciais, é, digamos, mais realista ou
mais factível que o RCP2.6.
10 O dióxido de carbono é o mais importante gás de efeito estufa que aprisiona calor, e que é liberado por meio de atividades humanas, como o desmatamento e
queima de combustíveis fósseis, bem como processos naturais, tais como a respiração e erupções vulcânicas.
11 NOAA. 2016. Global Greenhouse Gas Reference Network. Trends in Atmospheric Carbon Dioxide. May, 2016. http://www.esrl.noaa.gov/gmd/ccgg/trends/ Último
acesso 2016‑05‑22
A gravidade desta marca está por se dar em um momento de esperada curva mínima
de concentração de CO2 atmosférico, não acima de 400 partes por milhão. Desde então,
cientistas do mundo todo têm sinalizado que o dióxido de carbono passou oficialmente
a marca de 400 ppm, para nunca mais voltar abaixo dela em nossas vidas.
4 O AQUECIMENTO GLOBAL
JÁ OBSERVADO
De acordo com o IPCC (2013), o efeito das emissões já realizadas de gases de efeito estufa
(GEE), desde a era pré‑industrial, gerou uma tendência, desde 1901 a 2012, de até 2,5°C
de aumento médio na temperatura do planeta, como também para algumas regiões
brasileiras.
Note‑se que, no período de 1901 a 2012, o aquecimento observado do planeta não foi
uniforme. De acordo com o IPCC, as temperaturas aumentaram mais sobre os conti-
nentes, com índices de aumento de até 2,5°C, do que sobre os oceanos, com aumentos
até 0,8°C. O mesmo se deu no Brasil, onde as regiões mais intensamente urbanizadas
sofreram aumentos de temperatura média de 2,5°C, enquanto na Região Amazônica,
densamente florestada, o aumento da temperatura média girou entre 0,6°C a 0,8°C.
13 NOAA, National Centers for Environmental Information, State of the Climate: Global Analysis for August 2016, published online September 2016, retrieved on
October 14, 2016 from http://www.ncdc.noaa.gov/sotc/global/201608. Último acesso 2016‑10‑14
De acordo com o relatório da NOAA, agosto de 2016 foi o mês com a temperatura mais alta
registrada nos meses de agosto no período de 1880‑2016, superando o recorde anterior
de agosto de 2015. Foi também o mês com a temperatura mais alta desde abril de 2016.
No geral, 14 dos 15 meses mais quentes já registrados ocorreram desde fevereiro de 2015,
com janeiro de 2007 entre os 15 maiores registros.
14 NOAA National Centers for Environmental Information, State of the Climate: Global Analysis for August 2016, published online September 2016, retrieved on
October 5, 2016 from http://www.ncdc.noaa.gov/sotc/global/201608. Acesso em 2016‑10‑05
Fonte: NOAA‑Global Analysis for August 2016. (Na ordem de escalas de cor, do azul para o vermelho, apresentam‑se sete
percentis: 1) Recorde de frio; 2) Muito mais frio do que a média; 3) Mais frio do que a média; 4) Próximo à média; 5) Mais
quente que a média; 6) Muito mais quente que a média; e 7) Recorde de calor
Também com relação à média global de temperatura da superfície do mar, agosto esteve
acima da média registrada no Século 20, foi a segunda maior temperatura no oceano
mundial nos meses de agosto registrada no período de 1880‑2016, atrás apenas de
agosto de 2015.
15 Climate Monitoring at NOAA’s National Centers for Environmental Information. https://www.ncdc.noaa.gov/climate‑monitoring/ Acesso em 2016‑10‑15
Para a América do Sul, a NOAA constata que o mês de agosto de 2016 foi o segundo mês
de agosto mais quente em 107 anos. Com anomalia positiva de 1,54°C superou apenas
o mês de agosto de 2015, com anomalia positiva de 1,73°C.
16 NOAA National Centers for Environmental information, Climate at a Glance: Global Time Series, published September 2016, retrieved on October 5, 2016 from
vhttp://www.ncdc.noaa.gov/cag/ Acesso em 2016‑10‑05
17 NOAA National Centers for Environmental Information, State of the Climate: Regional Analysis for August 2016, published online September 2016, retrieved on
October 14, 2016 from http://www.ncdc.noaa.gov/sotc/global‑regions/201608. Acesso em 2016‑10‑15
6 CENÁRIO TENDENCIAL DA
MUDANÇA CLIMÁTICA GLOBAL
NO CURTO E LONGO PRAZOS
Figura 8 – Cenário tendencial da temperatura média para 2016
18 NOAA National Centers for Environmental Information, State of the Climate: Global Analysis for August 2016, published online September 2016, retrieved on October 15,
2016. Suplemental: 2016 year‑to‑date temperatures versus previous years from https://www.ncdc.noaa.gov/sotc/global/2016/8/supplemental/page‑2 Acesso em 2016‑10‑15
19 https://www.ncdc.noaa.gov/sotc/global/2016/8/supplemental/page‑2
rança reconhecido pela UNFCCC na sua 16ª Conferência das Partes (2010) e acordado
pela Decisão de Paris (2015).
A análise das projeções geradas pelos vários modelos globais para a precipitação anual
média projeta para a América do Sul, em um cenário tendencial RCP8.5 (39 modelos
globais), anomalia positiva nas taxas de precipitação médias de 20% a 30% no sul do
continente e anomalia negativa na região Centro‑Oeste do Brasil de 10%. A hachura
indica regiões onde a média das mudanças projetadas pelo multimodelo é pequena
comparada com a variabilidade natural.
1 DADOS DO PRIMEIRO
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO
NACIONAL (RAN1)
Da rede institucional brasileira voltada à mudança do clima, destaca‑se, especialmente,
o Painel Brasileiro de Mudança Climática (PBMC), que conta com 360 cientistas das
diversas universidades e instituições brasileiras.20
O PBMC publicou em 2015 o seu Primeiro Relatório de Avaliação Nacional (RAN1), com
avaliação dos aspectos científicos do sistema climático e de suas mudanças; impactos,
vulnerabilidades e adaptação às mudanças climáticas no Brasil e os possíveis caminhos
para a mitigação. 21
De acordo com o RAN1 (2015), no Brasil são esperadas mudanças profundas e variáveis
no clima conforme a região do País que engloba seis biomas terrestres (Amazônia, Mata
Atlântica, Pantanal, Caatinga, Cerrado e Pampas).22
Os cenários climáticos futuros sugerem aumento dos eventos extremos de secas e estia-
gens prolongadas, principalmente nos biomas da Amazônia, Cerrado e Caatinga, sendo
que tais mudanças acentuam‑se a partir da metade e final do século 21. (PBMC‑RAN1,
GT1, Sumário Executivo, 2014)
23 PBMC, 2014: Base científica das mudanças climáticas. Contribuição do Grupo de Trabalho 1 do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas ao Primeiro Relatório
da Avaliação Nacional sobre Mudanças Climáticas [Ambrizzi, T., Araujo, M. (eds.)]. COPPE. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 464 pp.
Capítulo 9. Disponível em
http://www.pbmc.coppe.ufrj.br/documentos_publicos/GT1/GT1_volume_completo_cap9.pdf Acesso em 2016‑10‑15
`
Fonte: PBMC‑RAN1, GT 1, 2014.
2 DADOS DA TERCEIRA
COMUNICAÇÃO
NACIONAL (TCN)
Atendendo ao compromisso de país integrante da Convenção‑Quadro das Nações Uni-
das sobre Mudança do Clima (UNFCCC em inglês), o Brasil elaborou a Terceira Comunica-
ção Nacional do Brasil (TCN) que atualiza e provê à Conferência das Partes inventários
nacionais de emissões antrópicas por fontes e remoções por sumidouros de todos os
gases de efeito estufa (GEE) não controlados pelo Protocolo de Montreal. Além disso,
apresenta os avanços científicos sobre a modelagem regional da mudança do clima e
o atual estágio das políticas públicas voltadas para a mitigação das emissões de GEE
e para a adaptação do país à mudança climática.24
A partir dos cenários de emissão RCP8.5 e RCP4.5 do AR5 do IPCC (2014) e no desenvol-
vimento das modelagens regionalizadas, a TCN avaliou os impactos das mudanças
climáticas em diferentes setores e assuntos estratégicos como: biodiversidade, agrope-
cuária, recursos hídricos, energia, desastres naturais e saúde humana. A avaliação foi
24 Brasil. Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Secretaria de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento. Coordenação‑Geral de Mudanças
Globais de Clima. Terceira Comunicação Nacional do Brasil à Convenção‑Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima – Sumário Executivo/ Ministério da
Ciência, Tecnologia e Inovação. Brasília: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, 2016.
http://sirene.mcti.gov.br/documents/1686653/1706739/MCTI_TCN_SUMARIO+EXECUTIVO_port.pdf/ Acesso em 2016‑10‑15
25 O modelo regional é utilizado operacionalmente para previsão de tempo e clima sobre América do Sul pelo INPE. Para a finalidade do estudo que subsidiou
a Terceira Comunicação Nacional e outros estudos, como o Brasil 2040: Mudanças Climáticas, Cenários e Alternativas de Adaptação (SAE‑PR, 2014), o modelo Eta
foi aninhado a dois modelos climáticos globais distintos forçados para os cenários RCP4.5 e RCP8.5. A redução de escala foi para uma grade de resolução 20 km x
20 km.
26 Brasil. Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Secretaria de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento. Coordenação‑Geral de Mudanças
Globais de Clima. Terceira Comunicação Nacional do Brasil à Convenção‑Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima − Volume II/ Ministério da Ciência,
Tecnologia e Inovação. Brasília: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, 2016. PP. 101‑114. http://sirene.mcti.gov.br/documents/1686653/1706739/Volume+2.pdf/
Acesso em 2016‑10‑15
Para isso, o INPE desenvolveu o modelo regional Eta na versão de estudos de mudanças
climáticas para a América do Sul, que é um modelo atmosférico regional utilizado para
produzir previsões do tempo operacionalmente. O modelo foi adaptado a fim de ser
utilizado como um modelo climático gerando previsões sazonais (CHOU et al., 2005)27,
e foi aprimorado para estudos de mudanças climáticas (PESQUERO et al., 2009)28. Esta
versão foi validada (CHOU et al., 2012)29 e utilizada para produzir cenários regionalizados
de mudanças futuras do clima (MARENGO et al., 2012)30 para a Segunda Comunicação.
Para a Terceira Comunicação Nacional, duas projeções de modelos globais foram utiliza-
das como diretrizes para o modelo regional Eta do INPE, o modelo inglês Hadley Centre
Global Environmental Model, HadGEM2ES, e o modelo japonês Model for Interdisciplinary
Research on Climate, MIROC5, considerando dois cenários de emissão, sendo um otimista
e outro pessimista, RCP4.5 e RCP8.5, respectivamente (CHOU et al., 2014a e 2014b). (TCN,
2016. Volume II)
27 CHOU, S. C.; BUSTAMANTE, J. F.; GOMES, J. L. (2005). Evaluation of Eta Model seasonal precipitation forecasts over South America, Nonlin. Processes Geophys., 12,
537‑555, 2005. Disponível em: http://dx.doi.org/10.5194/npg‑12‑537‑2005. Acesso em 2016‑10‑15
28 PESQUERO, J. F. et al. (2009). Climate downscaling over South America for 1961‑1970 using the Eta Model. Theoretical and Applied Climatology, v. 99, 1‑2, p.
75‑93, 2009. DOI: 10.1007/s00704‑009‑0123‑z
29 CHOU, S. C. et al. (2012). Downscaling of South America present climate driven by 4‑member HadCM3 runs. Climate Dynamics, v. 38 n. 3‑4, 635‑653. DOI 10.1007/
s00382‑011‑1002‑8
30 MARENGO, J. A. et al. (2012). Development of regional future climate change scenarios in South America using the Eta CPTEC/HadCM3 climate change
projections: Climatology and regional analyses for the Amazon, São Francisco and the Parana River Basins. Climate Dynamics, 38, 1829‑1848, 2012. Disponível em:
http://link.springer.com/article/10.1007%2Fs00382‑011‑1155‑5 Acesso em 2016‑10‑15
31 MESINGER, F. et al. (2012). An Upgraded Version of the Eta Model. Meteorol. Atmos. Phys., 116, 63‑79. Disponível em: http://link.springer.com/
article/10.1007%2Fs00703‑012‑0182‑z Acesso em 2016‑10‑15
Nas projeções climáticas futuras dos modelos globais regionalizadas pelo modelo Eta
a partir da combinação dos modelos globais e cenários de emissão, seja em cenário
RCP4.5 ou RCP8.5, a resposta às alterações climáticas das simulações do modelo Eta-
‑HadGEM2ES se mostram mais intensas do que as simulações do modelo Eta‑MIROC5
(CHOU et al. , 2014b)32. (TCN, 2016. Volume II)
32 CHOU, S. C. et al. (2014 b). Assessment of climate change over South America under RCP4.5 and 8.5 downscaling scenarios. American Journal of Climate
Change, 2014. Disponível em: http://www.scirp.org/journal/ajcc/ Acesso em 2016‑10‑15
Nota‑se que os centros de máxima redução das chuvas durante o verão posicionam‑se
sobre o Centro‑Oeste e Sudeste do país, e expandem‑se para as regiões da Amazônia. As
projeções, durante o verão, sugerem redução das chuvas ao nordeste da região Nordeste
e aumento das chuvas sobre a região Sul, chegando a alcançar a parte sul do Sudeste
do país. O aumento das chuvas ocorre desde 2011‑2040 e se intensifica até o final do
século. (TCN, 2016. Volume II)
33 ALMEIDA, J.M.V (2012) Índices de Monitoramento e Detecção de Mudanças Climáticas na Região Centro‑Oeste do Brasil. UFCG‑DCA.
34 CHOU, S.C., et al. (2014) Assessment of Climate Change over South America under RCP4.5 and 8.5 Downscaling Scenarios. American Journal of Climate Change,
3, 512‑525. http://dx.doi.org/10.4236/ajcc.2014.35043
35 CHOU, S.C., et al. (2014) Evaluation of the Eta Simulations Nested in Three Global Climate Models. American Journal of Climate Change, 3, 438‑454. http://dx.doi.
org/10.4236/ajcc.2014.35039
36 Thrasher, B., Maurer, E. P., McKellar, C., & Duffy, P. B., 2012: Technical Note: Bias correcting climate model simulated daily temperature extremes with quantile
mapping. Hydrology and Earth System Sciences, 16(9), 3309‑3314.
MUDANÇAS CLIMÁTICAS NO DF E RIDE
DETECÇÃO E PROJEÇÕES DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS PARA O DISTRITO FEDERAL E
REGIÃO INTEGRADA DE DESENVOLVIMENTO DO DF E ENTORNO
1 DETECÇÃO DA MUDANÇA
CLIMÁTICA NO DF E
RIDE (INMET)
Apresentamos a seguir dados solicitados a cientistas vinculados ao Instituto Nacional
de Meteorologia (INMET) sobre os índices de monitoramento e detecção da mudança
climática para o DF e a RIDE. Os índices de monitoramento e detecção utilizados são
parte do conjunto de dados obtidos junto às estações de monitoramento do INMET e
analisados por ALMEIDA (2012) em sua dissertação de mestrado “Índices de Monitora-
mento e Detecção de Mudanças Climáticas na Região Centro‑Oeste do Brasil”. Os méto-
dos usados para produzir este conjunto de dados foram aprovados pelo Programa de
Pós‑Graduação em Meteorologia da Unidade Acadêmica de Ciências Atmosféricas do
Centro de Tecnologia e Recursos Naturais da Universidade Federal de Campina Grande,
e podem ser acessados no documento final da dissertação de ALMEIDA (2012).
37 CCl/CLIVAR/JCOMM – Commission for Climatology of the World Meteorological Organization’s (WMO) World Climate Data and Monitoring Programme
(WCDMO), the Climate Variability and Predictability (CLIVAR) Programme of the World Climate Research Programme (WCRP) and the Joint WMO‑IOC Technical
Commission for Oceanography and Marine Meteorology (JCOMM).
Os resultados mais relevantes destes Índices Climáticos aplicados a Brasília, são mos-
trados a seguir:
FIG. 14 ‑ Índice de Baixa de Umidade do Ar (UR30): (a) anual; (b) verão; (c)
outono, (d) inverno e (e) primavera.
FIG. 15 ‑ Índice de Temperatura Mínima Média (Tmin): (a) anual; (b) verão; (c)
outono, (d) inverno e (e) primavera.
Figura 18 – Índice de Temperatura Máxima Média (Tmáx): (a) anual; (b) verão;
(c) outono, (d) inverno e (e) primavera.
Figura 21 – Índice da Amplitude Térmica (DTR): (a) anual; (b) verão; (c) outono,
(d) inverno e (e) primavera.
2 PROJEÇÕES GLOBAIS
DO CLIMA REDUZIDAS
DINAMICAMENTE PARA
O DF E RIDE (INPE)
Apresentamos a seguir os cenários de mudanças climáticas para o DF e RIDE extraídos
daqueles descritos na Terceira Comunicação Nacional (MCTI, 2016). Os métodos usados
para produzir este conjunto de dados podem ser acessados junto aos artigos científicos
Assessment of Climate Change over South America under RCP4.5 and 8.5 Downscaling
Scenarios: American Journal of Climate Change (CHOU, et al., 2014b) e Evaluation of the Eta
Simulations Nested in Three Global Climate Models: American Journal of Climate Change
(CHOU, et al., 2014a), e em Simulações em alta resolução das mudanças climáticas sobre
a América do Sul (CHOU et al.,2016)38.
38 CHOU. SC, Silva A, Lyra A, Mourão C, Derezcynski C, Rodrigues D, Campos D, Chagas D, Siqueira G, Sueiro G, Pilotto I, Gomes J, Bustamante J, Tavares P. (2016):
Simulações em alta resolução das mudanças climáticas sobre a América do Sul p49‑90. In Modelagem Climática e Vulnerabilidades Setoriais às Mudanças do
Clima no Brasil. Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação Ed. 590p. ISBN: 978‑85‑88063‑30‑3 (Capítulo de livro)
Estas simulações tentam contribuir para a avaliação dos impactos das alterações cli-
máticas em diferentes setores. Geralmente, os impactos socioeconômicos têm escala
local ou regional, o que torna a técnica de downscaling apropriada para os estudos. Os
cenários pessimistas e otimistas de RCP e a utilização de dois modelos globais tentam
incluir mais possibilidades para a avaliação dos impactos das mudanças climáticas.
DJF
MAM
JJA
SON
DJF
MAM
JJA
SON
3 PROJEÇÕES GLOBAIS DE
PRECIPITAÇÃO REDUZIDAS
ESTATISTICAMENTE PARA
O DF E A RIDE (NASA)
Apresentamos, a seguir, dados solicitados à NASA de projeções globais do clima redu-
zidas para o DF e a RIDE. Os cenários climáticos utilizados foram gerados do conjunto
de dados da NASA Earth Exchange ‑ Projeções Globais Diárias Reduzidas (NEXGDDP em
inglês), e preparados pelo Climate Analytics Group e pela NASA Ames Research Center,
utilizando o NASA Earth Exchange, e distribuído pelo Centro de Simulação Climática
da NASA (NCCS em inglês). Os métodos usados para produzir este conjunto de dados
podem ser acessados junto à Nota Técnica: Bias correcting climate model simulated daily
temperature extremes with quantile mapping: Hydrology and Earth System Sciences
(THRASHER, B., MAURER, E. P., MCKELLAR, C., & DUFFY, P. B., 2012).
De acordo com NEXGDDP (2015) o objetivo da geração desses dados é fornecer um con-
junto de dados globais, de alta resolução, de projeções de mudanças climáticas com
correção de viés que podem ser usados para avaliar impactos das mudanças climáticas
sobre os processos que são sensíveis a gradientes de clima em uma escala mais refinada
e os efeitos da topografia local sobre as condicionantes climáticas.
O método BCSD envolve basicamente duas etapas: a etapa de correção de viés (BC) e
a etapa de desagregação espacial. Na etapa de correção de viés (BC) é utilizado a téc-
nica de mapeamento quantil‑quantil (BÁRDOSSY e PEGRAM, 2011). Os dados observados
utilizados no projeto foi a grade de dados observados do GFMD (Global Meteorological
Forcing Dataset) gerado pela universidade de Princeton (SHEFFIELD et al. 2006).
De acordo com o exposto, utilizar os dados do projeto NEXGDDP se mostra como uma
alternativa viável tendo em vista a possibilidade de utilizar dados climáticos oriundos
dos MGCs utilizados no âmbito do CMIP5 em uma escala bem mais refinada.39
Cabe destacar também que foram consideradas as informações dos modelos após
uma etapa prévia de correção de viés. A metodologia de remoção de viés aplicada foi a
denominada mapeamento quantil‑quantil (BÁRDOSSY e PEGRAM, 2011) e é baseada na
comparação das funções cumulativas de probabilidade (curvas que mostram a probabi-
lidade de a variável ser menor ou igual a um determinado valor) da variável observada
e da variável estimada por um modelo climático no período atual e futuro.
Na análise dessas figuras, é possível perceber que os modelos não mostraram conver-
gência sobre as tendências de precipitação no futuro: alguns apontaram para aumento,
enquanto outros para diminuição. Praticamente na mesma proporção. Porém, os mode-
los mostram convergência quanto à intensificação do sinal da anomalia para o cená-
rio RCP8.5, com o módulo da anomalia maior para esse cenário. Esse comportamento
também é observado na medida em que as janelas temporais se afastam do presente.
Para o cenário RCP4.5, no período de 2011 a 2040, a maioria dos modelos projetam valores
de anomalia entre ‑10% e 10%. Já no período de 2041 a 2070, boa parte dos modelos
já apresentam valores entre 20% e ‑20% e, no terceiro período, 2071 a 2100 esse com-
portamento se intensifica um pouco mais. Para o cenário RCP8.5, o comportamento é
similar, no entanto com um sinal de mudança mais intenso.
39 Maiores detalhes do projeto e de como efetuar o download dos dados pode ser obtido em: https://cds.nccs.nasa.gov/nex‑gddp/.
Obviamente, projeções com menos incertezas seriam mais interessantes para os toma-
dores de decisão, no entanto isto não ocorre nas projeções regionais dos modelos do
NEXGDDP/CMIP5, especialmente sobre áreas menores. Artificializar a redução destas
incertezas pode induzir estratégias que levem àquilo que, em gerenciamento de risco, se
conhece como grandes arrependimentos. Daí estratégias robustas precisam considerar
as incertezas no nível atual de conhecimento.
1 TRATAMENTO DAS
INCERTEZAS
Os tomadores de decisão e formuladores de políticas públicas estão exigindo cada vez mais
informações sobre o clima presente e futuro, e preferencialmente em escala local (ex. bacias
hidrográficas), a fim de avaliar os impactos observados e os riscos futuros representados
pelas projeções de mudanças climáticas.
Deste modo, são incorporadas informações locais aos resultados dos MCGs que possibili-
tam capturar de forma mais realista o comportamento da informação climática no local.
As simulações apresentadas por esta Nota Técnica foram produzidas por modelos cli-
máticos globais membros do projeto NASA Earth Exchange ‑ Global Daily Downscaled
Projections (NEXGDDP) e pelos modelos climáticos globais Hadley Centre Global Environ-
mental Model (HadGEM2ES) e Model for Interdisciplinary Research on Climate (MIROC5)
aninhados ao modelo regional Eta do INPE. Além disso, estes modelos foram forçados
por cenários pessimistas (RCP8.5) e otimistas (RCP4.5) de concentrações atmosféricas
globais de gases de efeito estufa. Assim, estas simulações alçaram incluir mais e mais
possibilidades para a avaliação dos riscos locais das mudanças climáticas.
As informações geradas pelos modelos definem uma margem de risco dos possíveis
cenários futuros de temperatura e precipitação na região do DF e da RIDE, que não só
podem como devem ser usadas para a definição e adoção de políticas e gestão públicas.
Essa margem de risco também é demonstrada pela divergência sinalizada pelos mode-
los analisados quanto às projeções, isto é, reflete o nível de incerteza existente nessas
projeções, que deve, igualmente, ser considerado pelas análises.
Sabe‑se que a incerteza provém não só da característica caótica inerente ao próprio clima
e da extensão das projeções (90 anos), mas também da limitação dos modelos utiliza-
dos em representar, nas resoluções disponíveis atualmente, os processos responsáveis
pelas anomalias de temperatura e precipitação na região do DF e RIDE.
Obviamente, projeções com menos incertezas seriam mais interessantes para os toma-
dores de decisão e formuladores de políticas. Entretanto, artificializar a redução destas
incertezas pode induzir estratégias que levem àquilo que, na gestão do risco, se conhece
como grandes arrependimentos. Daí estratégias robustas precisam considerar as incer-
tezas no nível atual de conhecimento.
Para o tratamento das incertezas, esta Nota Técnica sistematizou análises de dados
gerados por duas técnicas diferentes de projeções globais do clima reduzidas para o DF
e a RIDE, o downscaling dinâmico (MCTI‑INPE) e o downscaling estatístico (NEXGDDP), além
de sistematizar análises dos dados de mudanças climáticas detectados e monitorados
por estações meteorológicas locais e regionais do INMET.
O que se constatou, ao final, é que as análises dos riscos climáticos para a região do Dis-
trito Federal, oriundas de métodos diferentes, obtiveram, como resposta, sinalizações de
mudanças climáticas convergentes.
2 PROJEÇÃO DINÂMICA
DE ANOMALIAS DE
TEMPERATURA PARA
O DF E A RIDE
Avaliações preliminares das mudanças climáticas para a região do DF e RIDE com base
nas reduções de escala produzidas pelos modelos Eta‑HadGEM2‑ES e Eta‑MIROC5 do
MCTI‑INPE, com resolução de 20km, em médias de trinta anos (2011‑2040, 2041‑2070
e 2071‑2100), sinalizaram mudanças no clima futuro para a região, assim como para
todo o Brasil.
3 PROJEÇÃO DINÂMICA
DE ANOMALIAS DE
PRECIPITAÇÃO PARA
O DF E A RIDE
Avaliações preliminares das mudanças climáticas para a região do DF e RIDE com base
nas reduções de escala produzidas pelos modelos Eta‑HadGEM2‑ES e Eta‑MIROC5 do
MCTI‑INPE, com resolução de 20km, em médias de trinta anos (2011‑2040, 2041‑2070
e 2071‑2100), sinalizaram mudanças no clima futuro para a região, assim como para
todo o Brasil.
4 PROJEÇÃO ESTATÍSTICA
DE ANOMALIAS DE
PRECIPITAÇÃO NO DF E RIDE
Confirmando as projeções dinâmicas do clima, projeções estatísticas também sinali-
zaram anomalia relativa da precipitação na região do DF e a RIDE – resultado oriundo
das saídas de 20 modelos do projeto NASA Earth Exchange ‑ Global Daily Downscaled
Projections (NEXGDDP), para o período presente, considerando dados existentes de 1950
a 2005, e para os períodos futuros 2011‑2040, 2041‑2070 e 2071‑2100, considerando os
cenários RCP4.5 e RCP8.5 do IPCC AR5.
Para o cenário RCP4.5, no período de 2011 a 2040, a maioria dos modelos projetam valores
de anomalia entre ‑10% e 10%. Já no período de 2041 a 2070, boa parte dos modelos
já apresentam valores entre 20% e ‑20% e, no terceiro período, 2071 a 2100 esse com-
portamento se intensifica um pouco mais. Para o cenário RCP8.5, o comportamento é
similar, no entanto com um sinal de mudança mais intenso.
5 DETECÇÃO DE ANOMALIAS DE
TEMPERATURA NO DF E RIDE
Confirmando as sinalizações das projeções climáticas, tanto estatísticas quanto dinâmi-
cas, significativas mudanças no clima do DF e RIDE estão sendo detectadas nos últimos
50 anos.
Nos últimos 50 anos, o número de dias com umidade relativa do ar abaixo de 30%
(UR30) aumentou 26,4 dias, ou seja, passou de 24 dias/ano em 1960 para mais de 50
dias/ano em 2010.
Nesse mesmo período, observou‑se aumento na temperatura mínima média (Tmin), com
tendência positiva de 1,85°C. Quantitativamente, as temperaturas mínimas médias ao
longo dos últimos 50 anos aumentaram em 1,95°C no verão, 1,8°C no outono, 2,05°C no
inverno e 1,85°C na primavera.
A máxima temperatura mínima (TminX) anual aumentou 2,3°C. O aumento foi de 2,6°C
no verão, 1,55°C no outono, 1,85°C no inverno e 2,55°C na primavera.
Do mesmo modo, a mínima temperatura mínima (TminN) anual aumentou 2,6°C e, sazo-
nalmente, este aumento foi de 1,9°C no verão, 2,3°C no outono, 2,85°C no inverno e 1,6°C
na primavera.
Por fim, ocorreu diminuição da amplitude térmica (DRT) entre as temperaturas máxima
e mínima diária, com extrema significância estatística. Anualmente, essa tendência é
de 1,95°C ao longo da série histórica de dados dos últimos 50 anos. Sazonalmente as
tendências são de: 2,25°C no verão, 1,9°C no outono, 2,1°C no inverno e 1,15°C na primavera.
6 DETECÇÃO DE ANOMALIAS DE
PRECIPITAÇÃO NO DF E RIDE
Ao analisar o comportamento do índice de mudança climática baseado no número de
dias consecutivos secos (CDD) se observou que, embora predominantemente exista ten-
dência positiva (aumento), tanto anualmente quanto sazonalmente, essa não apresenta
significância estatística ao nível de 10%.
Dias consecutivos mais secos e menos úmidos, com tendência de aumento na precipita-
ção total, indicam extremos de chuva intensa distribuídos em todas as estações do ano.
7 MÉTODOS DIFERENTES,
SINAIS CONVERGENTES
Considerando‑se Eta Ensamble 20 km (Tmin a 2 m):
1. Média sazonal do trimestre DJF (2011‑2020) (Figura 33a): aumento de 0,5 a 1,0°C;
2. Média sazonal do trimestre MAM (2011‑2020) (Figura 33b): aumento de 0,5 a 1,0°C;
3. Média sazonal do trimestre JJA (2011‑2020) (Figura 33c): aumento de 0,5 a 1,0°C;
4. Média sazonal do trimestre SON (2011‑2020) (Figura 33d): aumento de 0,5 a 1,0°C.
Porém, com variações de 1 a 1,5°C na direção leste do DF.
(33a) (33b)
(33c) (33d)
Comparando tais projeções com os resultados de ALMEIDA (2012) (Ver Figura 34b a 33e),
verifica‑se que:
Logo, diante dessas análises, podemos inferir que as projeções baseadas no modelo
Eta têm coerência. Além disso, estão até mesmo aquém das alterações que já puderem
ser observadas nas temperaturas mínimas médias trimestrais.
1. Média sazonal do trimestre DJF (2011‑2020) (Figura 35a): aumento de 2,5 a 3,0°C;
2. Média sazonal do trimestre MAM (2011‑2020) (Figura 35b): aumento de 2,0 a 2,5°C;
3. Média sazonal do trimestre JJA (2011‑2020) (Figura 35c): aumento de 2,0 a 2,5°C;
4. Média sazonal do trimestre SON (2011‑2020) (Figura 35d): aumento de 1,5 a 2,0°C.
(35a) (35b)
(35c) (35d)
Figura 36 – Índice de Temperatura Máxima Média (Tmáx): (a) anual; (b) verão;
(c)outono, (d) inverno e (e) primavera.
Comparando tais projeções com os resultados de ALMEIDA (2012) (Ver Figura 35a a 35e e
36a a 36b), verifica‑se que, analisando o comportamento anual do índice de mudança
climática baseado na temperatura máxima média (Tmáx), observou‑se que existe ten-
dência negativa (diminuição) ao longo da série histórica de dados (50 anos) tanto anu-
almente (Figura 35a) quanto em quase todas as estações do ano (Figura 35b, 35c e
35d), a única exceção foi a primavera (Figura 35e). Entretanto, em todos esses casos, tal
tendência não apresentou significância estatística.
Assim, para subsidiar seus esforços pela resiliência dos sistemas naturais e humanos
aos impactos do clima e pelo desenvolvimento sustentável do DF e da RIDE, recomen-
damos aos formuladores de políticas públicas e tomadores de decisão que adotem,
rigorosa, imperativa e imediatamente, as seguintes estratégias:
11) Elaborar, com a ampla participação de atores chaves, planos locais de enfrenta-
mento do aquecimento global, das mudanças do clima e dos impactos esperados,
em particular: Plano Local de Mitigação, Plano Local de Adaptação e Plano de
Segurança Hídrica.
13) Dar escala às práticas locais de mitigação, adaptação e gestão do risco climático.
Leila Soraya Menezes, Sin Chan Chou, Josefa Morgana Viturino de Almeida, Saulo Aires Souza,
Wagner de Aragão Bezerra, Lineu Neiva Rodrigues, Carlos Henrique Eça D´Almeida Rocha.
PALAVRAS‑CHAVE
Aquecimento Global:
O aquecimento global refere‑se à tendência de aumento da temperatura em toda a Terra desde
o início do século 20, e, mais perceptivelmente, desde o final da década de 1970, devido ao
aumento das emissões de combustíveis fósseis a partir da revolução industrial. Em todo o
mundo, desde 1880, a temperatura média da superfície subiu cerca de 0,8° C (1,4° F), em relação
à linha de base de meados do século 20 (1951‑1980). (NASA. http://climate.nasa.gov/resources/
global‑warming/)
Desastre:
Graves alterações no funcionamento normal de uma comunidade ou sociedade devido a eventos
físicos perigosos interagindo em condições de vulnerabilidade social, levando a adversidades
humanas, materiais, econômicas generalizadas, ou a efeitos ambientais e que necessitam ime-
diata resposta emergencial para satisfazer necessidades humanas fundamentais e requerer
apoio externo para recuperação. (IPCC, AR5, 2013‑2014)
Detecção:
Dados resultados do monitoramento de variáveis climáticas, tais como condições de seca e de
excesso de chuvas, por estações meteorológicas e com os quais é possível estimar estatistica-
mente a tendência dos eventos.
Downscaling:
A técnica de downscaling é usada para fazer a regionalização ou “interpolação” de uma escala
de subgrade com menos resolução para uma com maior resolução, adequada aos processos
de mesoescala, tais como aqueles no nível de uma bacia hidrológica. A técnica de downscaling
consiste na projeção de informações de grande escala para uma escala regional. Essa “tradução”
de uma escala global para uma regional e de escalas de tempo anuais para diárias também
aumentaria o grau de incerteza das projeções da mudança do clima. Por exemplo, embora um
modelo do clima possa ser capaz de reproduzir com algum sucesso o campo de precipitação
observado, é provável que ele tenha menos êxito na reprodução da variabilidade diária, espe-
cialmente com relação a estatísticas de ordem elevada, como o desvio padrão e os valores
extremos. Assim, embora possa parecer razoável adotar um cenário de temperatura interpolado
a partir dos pontos de grade de um modelo global do clima para uma localidade específica, a
série temporal interpolada pode ser considerada inadequada para os climas atuais e, portanto,
gerar incerteza nos cenários da mudança do clima. (TCN, Volume II, 2016)
Exposição:
A presença de pessoas; meios de subsistência; espécies ou ecossistemas; funções, serviços e
recursos naturais; infraestrutura; ou ativos econômicos, sociais ou culturais em lugares e entor-
nos que possam ver‑se afetados negativamente pelas mudanças do clima. (IPCC, AR5, 2013‑2014)
Impactos:
Efeitos sobre os sistemas naturais e humanos de eventos climáticos extremos e das mudan-
ças climáticas. Impactos geralmente se referem a efeitos sobre a vida, modos de vida, saúde,
ecossistemas, economias, sociedades, culturas, serviços e infraestrutura, devido à interação
das mudanças do clima ou eventos climáticos perigosos ocorrendo em um específico período
de tempo e a vulnerabilidade de uma sociedade ou sistema expostos. Impactos também são
referidos como consequências e resultados. Os impactos da mudança climática sobre os siste-
mas geofísicos, incluindo inundações, secas e elevação do nível do mar, são um subconjunto
dos impactos, chamado de impactos físicos. (IPCC, AR5, 2013‑2014)
Mudanças Climáticas:
Qualquer mudança do clima que ocorra ao longo do tempo em decorrência da variabilidade
natural ou da atividade humana. (IPCC, AR4, 2007)
Uma mudança no estado do clima que pode ser identificada (por exemplo, mediante testes
estatísticos) por variações no valor médio de suas propriedades e/ou pela variabilidade das
mesmas, que persiste durante longos períodos de tempo, geralmente décadas ou períodos
mais extensos. A mudança climática pode dever‑se a processos internos naturais, a forçantes
externos ou a mudanças antrópicas persistentes na composição da atmosfera ou no uso da
terra. (IPCC, SREX, 2011)
Mudança no estado do clima que pode ser identificada (por exemplo, mediante testes estatísti-
cos) por variações no valor médio e/ou na variabilidade de suas propriedades, e que persistem
por um extenso período, geralmente décadas ou períodos mais extensos. A mudança climática
pode se dever a processos internos naturais ou forçantes externas, tais como as modulações
dos ciclos solar, erupções vulcânicas, e persistentes mudanças antrópicas na composição da
atmosfera ou no uso da terra. (IPCC, AR5, 2013‑2014)
A mudança do clima refere‑se a uma ampla gama de fenômenos globais criados predomi-
nantemente pela queima de combustíveis fósseis, que adicionam gases de efeito estufa na
atmosfera da Terra. Estes fenômenos incluem aumento das tendências de temperatura descritos
pelo aquecimento global, mas também englobam mudanças como a elevação do nível do mar;
perda de massa de gelo na Groenlândia, Antártida, Ártico e das geleiras em montanha de todo o
mundo; mudanças na floração de flores e plantas; e eventos climáticos extremos. (NASA. http://
climate.nasa.gov/resources/global‑warming/)
Previsões:
A partir de uma dada condição inicial, modelos matemáticos são utilizados para prever as
condições climáticas num horizonte de tempo futuro.
Projeção:
Nas projeções ou simulações são incluídas suposições no futuro e os modelos são utilizados
para representar o clima nestes cenários supostos, por exemplo, de diferentes taxas de emissão
dos gases de efeito estufa ou diferentes forçantes radiativas (ex. RCP4.5 W/m2; RCP8.5 W/m2).
Resiliência
Capacidade de um sistema social ou ecológico de absorver uma alteração sem perder nem sua
estrutura básica ou seu modo de funcionamento, nem sua capacidade de auto‑organização,
nem sua capacidade de adaptação ao estresse e à mudança. (IPCC, AR4, 2007)
A capacidade de um sistema e seus componentes para antecipar, absorver, acomodar, ou se
recuperar dos efeitos de um evento perigoso de uma forma oportuna e eficiente, inclusive por
meio de assegurar a preservação, restauração ou melhoria de suas estruturas básicas e funções
essenciais. (IPCC, SREX, 2011)
A capacidade dos sistemas sociais, econômicos e ambientais para lidar com um evento perigoso
ou tendência ou perturbação, responder ou reorganizar de modo a manter suas funções essen-
ciais, identidade e estrutura, ao mesmo tempo em que mantém sua capacidade de adaptação,
aprendizagem e transformação. (IPCC, AR5, 2013‑2014)
Risco:
Potencial de consequências em que algo de valor está em perigo com um desenlace incerto, reco-
nhecendo a diversidade de valores. O risco é representado como a probabilidade de ocorrência
de eventos perigosos ou tendência, multiplicado pelas consequências, no caso em que ocorram
tais eventos, ou tendências. Os riscos resultam da interação entre vulnerabilidade, exposição
e perigo. No AR5, o termo risco é utilizado principalmente em relação aos riscos de impactos da
mudança climática. Risco de desastres: A probabilidade de desastres dentro de um período de
tempo específico. Risco emergente: Um risco que surge a partir da interação de fenômenos num
complexo sistema, por exemplo, o risco causado quando mudanças geográficas em resposta
Sensibilidade:
O grau em que um sistema ou espécie é afetado quer negativamente ou beneficamente, pela
variabilidade ou mudança climática. Os efeitos podem ser diretos (por exemplo, uma variação
na produtividade de cultivos em resposta a uma mudança da temperatura média, dos inter-
valos de temperatura, ou da variabilidade da temperatura), ou indiretos (por exemplo, danos
Vulnerabilidade:
É o grau de susceptibilidade ou incapacidade de um sistema para lidar com os efeitos adversos
da mudança do clima, incluindo a variabilidade climática e extremos. A vulnerabilidade é uma
função de caráter, magnitude e ritmo da mudança do clima e da variação a que um sistema,
sua sensibilidade e capacidade de adaptação, está exposto. (IPCC, AR4, 2007)
A propensão ou predisposição a ver‑se afetado negativamente. (IPCC, SREX, 2011)
Propensão ou predisposição a ser afetado negativamente. A vulnerabilidade compreende uma
variedade de conceitos e elementos que incluem a sensibilidade ou susceptibilidade ao dano
e à falta de capacidade de resposta e adaptação. Vulnerabilidade Contextual (ponto de partida
da vulnerabilidade): A presente incapacidade de lidar com pressões ou mudanças externas, tais
como mudanças nas condições climáticas. (IPCC, AR5, 2013‑2014)
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