Uma Artista em Constante Transformação
Uma Artista em Constante Transformação
Uma Artista em Constante Transformação
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Resumo Abstract
Nesta entrevista, a atriz, diretora e dramaturga da In this interview, Sueli Araújo, actress, director and
companhia curitibana CiaSenhas de Teatro, Sueli playwright from Curitiba's CiaSenhas Theater Com-
Araújo, fala sobre a sua trajetória artística – os acon- pany, talks about her artistic trajectory: the events,
tecimentos, pessoas, inquietações, aprendizagens, people, concerns, learning, difficulties and trans-
dificuldades e descobertas transformadoras que con- formative discoveries that continually encourage
tinuamente a instigam a apostar no encontro e na her to bet on encounter and exchange as an ethi-
troca como posicionamento ético-estético-político. As cal-aesthetic-political position. The questions asked
perguntas procuram contemplar os processos e os by the interviewer seek to highlight processes and
movimentos na trajetória da artista: da experiência de movements in the artist's trajectory: experience of
formação universitária à docência na universidade; university education and university teaching; the
os caminhos que a fizeram priorizar o trabalho como paths that made her prioritize her work as a direc-
diretora e dramaturga; as referências e inquietações tor and playwright; references and concerns that
que movem seu ofício criativo; o trânsito entre o te- move her creative craft; the transit between thea-
atro e o ensino do teatro; e o processo de criação ter and theater teaching; and the creation process
da CiaSenhas, especialmente no espetáculo Sínco- of CiaSenhas, especially in the play Síncope, cre-
pe, criado no contexto de pandemia de COVID-19. ated in the context of the COVID-19 pandemic.
Palavras-chave Keywords
Formação da Artista Teatral. Processo Criativo. Formation of the Theatrical Artist. Creative Process.
CiaSenhas de Teatro. CiaSenhas de Teatro.
2 Atriz, performer e professora. Doutoranda em Artes Cênicas pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
(UNIRIO). Mestra em teatro pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Atua nos coletivos quandonde
intervenções urbanas em arte, Performers sem Fronteiras, Grupo Nômade e Mapas e Hipertextos.
cena n. 35
Sueli Araújo é atriz, diretora teatral e drama- acompanhada de uma busca por implicar o público no
turga da CiaSenhas de Teatro3 , uma companhia acontecimento cênico. Ademais, tanto a Sueli quanto
curitibana com 22 anos de trajetória. Desde 1997, a Marcia são professoras no curso de graduação em
é professora no curso de bacharelado em artes cê- artes cênicas com mais prestígio em Curitiba. Como
nicas da atual Universidade Estadual do Paraná tais, elas impactaram a formação de gerações de artis-
(UNESPAR-FAP), atuando nas áreas de interpreta- tas teatrais, que entraram em contato com o modo de
ção e direção teatral. É autora do livro para crian- fazer teatro do coletivo desenvolvido pela dupla, seja
ças CELINA (2003) e da coletânea de três textos em sala de aula, seja nas plateias dos espetáculos.
para teatro Narrativas em Cena (2013). Também Eu fui aluna da Sueli e sigo sendo especta-
é co-organizadora dos livros Narrativas Urbanas dora e admiradora dos espetáculos da CiaSenhas.
– Interferências e Contaminações (2008) e Antígo- Foi nas aulas da Sueli que eu aprendi, na prática,
na Reduzida e Ampliada – Processos e Diálogos que a palavra é gesto e que, portanto, é necessá-
(2007), ambos realizados pela CiaSenhas de Teatro. rio investigar o corpo de cada palavra em cada cir-
A CiaSenhas surge em 1999, do desejo de cunstância da performance. Aprendi também que
suas fundadoras, Sueli Araújo e Marcia Moraes4 , de tudo que há em cena, o chão, o ar do ambiente,
abordar a criação teatral por uma perspectiva cola- o/a colega de cena, o público etc. são parceiros de
borativa, privilegiando uma pesquisa estética con- cena e que jogar em cena passa por perceber as
tinuada, que se distancia dos modos de funciona- afetações recíprocas acontecendo em tempo real e
mento de criações predominantemente comerciais. compor com elas. As aulas da Sueli produziram mar-
O trabalho de Sueli Araújo com a CiaSenhas cas profundas na artista que eu sou hoje e sei que
é uma importante referência no teatro curitibano por isso é também verdade para muitas outras pessoas.
várias razões. A companhia é uma das pioneiras do Nesta entrevista, procurei fazer perguntas
movimento de teatro de grupo em Curitiba, além de que contemplam os processos e os movimentos
promover a Mostra Cena Breve Curitiba desde 2005 na trajetória da artista: da experiência de formação
que, segundo o pesquisador Walter Lima Torres Neto universitária à docência na universidade; os cami-
(2016), é uma iniciativa que colaborou para a visi- nhos que a fizeram priorizar o trabalho como direto-
bilidade e fortalecimento dos grupos da capital pa- ra e dramaturga; as referências e inquietações que
ranaense. A CiaSenhas também é reconhecida na- movem seu ofício criativo; o trânsito entre o teatro
cionalmente por uma investigação consistente e em e o ensino do teatro; e o processo de criação da
contínuo processo de aprimoramento da linguagem CiaSenhas, especialmente no espetáculo Sínco-
teatral, orientada pela criação de dramaturgia autoral pe5, criado no contexto de pandemia de COVID-19.
emergente de processos colaborativos, com ênfase Quem conhece o trabalho da CiaSenhas,
na relação entre espaço, palavra, atuação e jogo, vai perceber nesta entrevista que a dramaturgia do
olhar, discutida pela pesquisadora Lígia Souza Oli-
3 De 1999, ano de fundação, até o presente momento, veira (2018), constitui de fato sua poética. Poética
a companhia já criou 17 espetáculos, dentre eles, 10 per-
manecem no repertório, são eles: Delicadas Embalagens que se caracteriza por um jogo com a ficção no qual
(2009), Homem Piano (2010), Concerto para Rameiri- as atrizes e atores estão a todo momento buscando
nhas (2011), Circo Negro (2013), Obscura fuga da me- a interlocução com o público por meio do olhar. Mas
nina apertando sobre o peito um lenço de renda (2014),
Os pálidos (2016), FUI! (2016), O Bafo da Gralha (2016), não qualquer olhar. Um olhar íntimo, que convoca a
Síncope (2020), o que supúnhamos não ser (2021). Mais
informações em: http://www.ciasenhas.art.br/.
5 O espetáculo Síncope da CiaSenhas estreou em uma
4 Marcia Moraes, fundadora da CiaSenhas de Teatro, atua transmissão online no YouTube, em 14 de novembro de
na área de produção e gestão de espetáculos e ações ar- 2020 na Mostra Move. É possível assistir Síncope em:
tísticas. Também é professora na UNESPAR-FAP. https://www.youtube.com/watch?v=nk1_hjWCvpg.
quem assiste a implicar-se no acontecimento. Essa sejo, entre alunos e alunas, de associar o conhe-
poética, no entanto, está para além da situação de cimento empírico da cena às discussões da arte e
performance, conforme será possível constatar, con- de outros campos do conhecimento. Cultivávamos
figura-se como um princípio que orienta a criação entre nós a vontade de conhecer os contextos, as
colaborativa da companhia. É o olhar do outro que influências e as reflexões sobre poéticas e proce-
serve como parâmetro das ações de cada artista, dimentos. As pessoas com quem eu trabalhei inte-
desde o momento de discussão das inquietações até ressavam-se pela perspectiva de trabalho de grupo.
o refinamento da composição cênica. Quem ainda Não havia muitos grupos em Curitiba. Uma referên-
não conhece a CiaSenhas, terá, a seguir, a oportu- cia era o grupo Delírio8 . Também havia o grupo que
nidade de entrar em contato com a trajetória de uma a Fátima Ortiz9 conduzia, mas não eram muitos os
importante mulher do teatro brasileiro, autora de tra- grupos de teatro na cidade. A formação de grupos,
balho respeitado e admirado na terra das araucárias. como em praticamente todo o Brasil, nesta época,
ocorria em encontros que se davam pela participa-
*** ção em oficinas e, como eu disse, esses artistas,
no início, formavam o corpo docente do curso.
Juliana: Você se formou em 1991 no curso de artes Definitivamente, não havia as condições de ensino
cênicas que era uma parceria público-privada do Te- e produção crítica que o curso de artes cênicas tem
atro Guaíra6 com a PUC. Como foi essa experiência hoje. A minha turma ainda usufruiu da estrutura físi-
de graduação? Você, como professora da UNES- ca e institucional do Teatro Guaíra, o que foi muito
PAR/FAP, que é uma atualização7 desse curso, o que importante para a minha formação. Fazíamos uso
percebe de diferença e manutenção de um caminho? dos figurinos do guarda-roupa do Teatro Guaíra, tí-
nhamos acesso “livre” ao Guairinha, ao Mini Guaíra,
Sueli: Mudou muito. No tempo que eu fazia gradu- aos técnicos, o que nos permitia investigar e criar
ação o curso ainda estava muito vinculado ao cur- com algum suporte material. Na graduação não ha-
so técnico que era oferecido pelo Teatro Guaíra. Eu via, como existe hoje, o estímulo de criação de gru-
faço parte da quarta turma do curso universitário. Os pos. Prevalecia a ideia do teatro do diretor, (havia,
professores que atuavam inicialmente na jovem gra- oficialmente, poucas diretoras), mas em algumas
duação eram, na grande maioria, artistas formados experiências, por conta até das condições com que
na prática. Estabelecia-se, portanto, uma relação de tínhamos que nos organizar, emergiam outros pa-
mestre e discípulo. Desde as primeiras formações radigmas de criação. Por exemplo, o ambiente do
de turma no curso de graduação já emergia o de- novo curso superior de artes cênicas favorecia e
exigia dos alunos o exercício da autonomia criati-
6 O Centro Cultural do Teatro Guaíra possui três auditó- va e da colaboração. O fato de sermos, na maioria,
rios, tem capacidade para 2800 pessoas e é mantido pelo estudantes quase sem muita experiência na criação
Governo do estado do Paraná. Atualmente possui quatro cênica, favorecia a germinação de outras formas
corpos artísticos: Escola de Dança Teatro Guaíra, Balé
Teatro Guaíra, Orquestra Sinfônica do Paraná e G2 Cia. de relação entre criadoras e criadores. Por con-
de Dança. ta de uma autonomia criativa muito circunstancial,
7 Os cursos de graduação de teatro e dança foram cria- éramos impulsionados a inventar, enquanto alunas
dos em 1984 em uma parceria público-privada entre Tea-
tro Guaíra e, na época, Universidade Católica do Paraná. 8 Grupo Delírio fundado em 1983, em Curitiba, pelo dire-
Antes dessa data, o Teatro Guaíra ofertava cursos téc- tor e dramaturgo Edson Bueno.
nicos nessas duas linguagens (SAUTHIER et al., 2009).
Em 1993, os dois cursos migram para a Faculdade de 9 Atualmente, Fátima Ortiz é atriz, dramaturga, professo-
Artes do Paraná que, em 2013, torna-se um dos Campi ra e diretora artística da escola de teatro Pé no Palco Ati-
da UNESPAR. vidades Artísticas, fundada em 1995.
e alunos, modos de produzir material, de pensar o procurei trabalhar em diferentes lugares de modo a
processo e adotar regras e princípios. As dificulda- tentar me inserir, se é que podemos chamar assim,
des de acesso a materiais específicos (que eram na produção artística profissional curitibana. Fiz al-
disputadíssimos) não diminuía o interesse pelas dis- guns trabalhos com alguns diretores, sempre me
cussões teóricas e práticas, mesmo que elas não sentindo desconfortável com a forma de condução
fossem exatamente a tônica daquele início da forma- dos processos e o lugar da atuação dentro disso.
ção da graduação. De qualquer maneira, desde as Teve um determinado momento em que eu pensei:
primeiras turmas se começa a desenhar o perfil dos “Deu pra mim. Talvez seja melhor desistir e quem
artistas que procuram e fazem a universidade hoje. sabe investir em outra profissão. Eu não quero pro-
Outra situação, que identifico como diferente de ago- duzir arte em uma perspectiva de mercado, e nem
ra, diz respeito as funções artísticas e de como elas ficar esperando ser chamada para participar de uma
eram tratadas nos primeiros anos do curso. É que produção profissional”. Antes de tomar uma decisão
naqueles tempos as estruturas criativas eram forte- definitiva, encaminhei um projeto para a Fundação
mente hierárquicas no ambiente teatral profissional Cultural11 , cujo título continha a palavra “Pesquisa”.
e estas mesmas estruturas estavam infiltradas na Na época, isso era totalmente inusual ao ponto de
pedagogia praticada, mesmo que de forma incons- colegas me alertarem: “não vai passar, esse projeto
ciente. Elas eram responsáveis, por exemplo, por não vinga porque pesquisa não tem a ver com os
permitir ao diretor / encenador exercitar um poder interesses artísticos da cidade”. Por fim, o projeto foi
de criação quase absoluto em relação aos demais aprovado com um texto/roteiro já minimamente pro-
criadores e criadoras. Esse perfil foi se modifican- duzido. Eu já vinha praticando a escrita de texto para
do com as mudanças e alterações no currículo, fei- cena por pura necessidade, porque eu trabalhava
tas no decorrer dos anos e com a entrada de novos em um colégio de ensino médio particular, lá eu era
professores, professoras, artistas e pesquisadores responsável por um grupo de alunos adolescentes
no corpo docente – completamente diferente do e tinha a obrigação de criar um trabalho no fim de
que acontecia nos primórdios do curso. Hoje a cada ano letivo. As especificidades das turmas me
formação em artes cênicas possibilita, com mais levaram a escrever textos a partir de discussões e
maturidade e direcionamento, o encontro de artistas experimentações improvisacionais que fazíamos em
e a formação de grupos e coletivos de teatro que grupo. Escrevi uns quatro textos para o grupo nesse
constroem atualmente o imaginário coletivo na ci- período. Foi um exercício muito interessante tanto
dade de Curitiba. Identificamos artistas, pensadores de forma quando de conteúdo. Então, no projeto de
e pensadoras formados pelo curso e que seguem pesquisa encaminhado para o edital eu proponho
suas vidas profissionais de forma muito coerente. um texto autoral. Com a possibilidade de realizar o
projeto, Marcia e eu chamamos o Edu12 e a Olga, do
Juliana: Desde a fundação da CiaSenhas, você atual Grupo Obragem, para desenvolver uma pes-
colabora prioritariamente enquanto diretora e dra- quisa estética e realizar uma montagem cênica. A
maturga, ainda que faça participações como atriz Pesquisa (corpo, espaço e palavra) seguiria de for-
em alguns espetáculos. Como na sua trajetória ma colaborativa e a direção, inicialmente, seria feita
artística você se descobre diretora e dramaturga?
pela Olga13, mas como a escrita do texto já conti- a entrevista16 , O narrador de Walter Benjamin está
nha em si uma proposta de encenação nos pareceu há muitos anos conosco. A bailarina e pesquisadora
Cinthia Kunifas17 , que é responsável pela condução
bastante orgânico que eu conduzisse a montagem.
das investigações de corpo na Companhia, traz mui-
É nessa a circunstância que começo a escrever e to material teórico e propõe discussões fundamen-
dirigir para a cena. tais. A performer e pesquisadora Eleonora Fabião e
seus escritos sobre o corpo têm nos alimentado mui-
Juliana: Que é a peça Alencar14 ? A primeira peça to. O professor e ensaísta Jorge Larrosa Bondía, es-
da CiaSenhas? pecialmente suas proposições sobre a experiência,
é constantemente retomado, assim como as discus-
Sueli: Isso, que é o Alencar. Exatamente. Então, a sões sobre teatro e convívio tratadas pelo estudioso
minha formação é de atriz, mas me aventuro, desde argentino Jorge Dubatti. Textos de Suely Rolnik são
o início, na produção de texto para teatro e, parale- referências importantes também. Neste momento
lamente, como diretora, desenvolvo um foco triplo temos nos irmanado ao ambientalista Ailton Krenak
de investigação: espaço, palavra e atuação. Depois para pensar possibilidades de existir artisticamente
o Edu e a Olga se retiram15 da CiaSenhas e, Marcia neste mundo. Acompanhamos o psiquiatra Christian
e eu, convidamos colegas, ex-alunos da faculdade Dunker e suas reflexões sobre a sociedade na es-
que tinham interesse em processos mais verticaliza- fera psíquica. Estas são algumas das figuras impor-
dos e colaborativos. Dessa maneira, reestruturamos tantes que unem os artistas no grupo. Sem contar a
a companhia e eu assumo “mesmo” a função de dra- presença fundamental que foi o Chiquinho Medeiros
maturgista na companhia. para a companhia em residências artísticas que re-
alizamos e no projeto Rumos18 Teatro que desen-
Juliana: Acaba que a necessidade vai fazendo vá- volvemos juntos, CiaSenhas e Argonautas/SP. Outra
rias coisas, né? referência constantemente presente vem do teatro
argentino: Daniel Veronese e Lola Arias, são artistas
Sueli: É... Eu queria ir para a cena, atuar, para mim que de alguma forma, em seus trabalhos, dialogam
estava bom esse lugar, mas a vida deu uma virada com nossas procuras no território da narrativa. Não
na esquina. Fui convocada para outras funções que podemos esquecer de autores muito estimados por
também me apaixonavam. Foi simples assim. todos e todas da companhia como Luci Colin, Dalton
Trevisan, Paulo Leminski, Itamar Assumpção, Tom
Juliana: Quais são as suas principais referências? Zé. São lentes sensíveis, são ferramentas poéticas
que nos ajudam a sentir e perceber o nosso entorno.
Sueli: Isso é uma coisa difícil de responder, porque
em uma companhia que tem 20 anos... as referên- Juliana: Tem uma frase no site da CiaSenhas: “uma
cias são inúmeras, muitas, muitas. O que eu pos- companhia movida por inquietações estéticas, ideo-
so dizer é que as nossas referencias estão sempre lógicas e sociais e que acredita no teatro como exer-
ligadas a desejos e a afetos do momento em que cício do ser humano”. Quais são as inquietações
começamos um novo processo de criação. Cada
espetáculo tem as suas referências específicas. Po- 16 Entrevista concedida à 3ª Mostra Move, uma realiza-
rém, algumas coisas se repetem: entramos na sala ção do Grupo Obragem de Teatro, que aconteceu de 3 de
de ensaio de mãos dadas com o Brecht e, conforme outubro a 21 de novembro de 2020, via transmissão onli-
ne no YouTube. Além de criações inéditas de oito grupos
13 Olga Nevevê é dramaturga, atriz e diretora. teatrais curitibanos, a mostra também realizava entrevis-
tas com cada um dos coletivos participantes. A entrevista
14 Espetáculo de estreia da CiaSenhas. Foi pela primeira da CiaSenhas está disponível em: https://www.youtube.
vez apresentado no Festival de Curitiba, Mostra Fringe, com/watch?v=h3hDWfmg89I.
em 1999. Premiado com o Troféu Gralha Azul (prêmio
concedido pelo Estado do Paraná) nas categorias: melhor 17 Cinthia Kunifas colabora com a CiaSenhas como pre-
espetáculo, texto original, figurino, adereço e maquiagem. paradora corporal desde os anos 2000. É artista da dança
e docente nos cursos de bacharelado e licenciatura em
15 Em 2002, Eduardo Giacomini e Olga Nenevê saem da dança da UNESPAR-FAP.
CiaSenhas para fundar o Grupo Obragem de Teatro. Nes-
te mesmo ano ingressam as atrizes Anne Celli e Greice 18 Rumos Itaú Cultural é um programa nacional de incen-
Barros que permanecem na CiaSenhas até hoje. tivo a ações culturais criado em 1997.
estéticas, ideológicas e sociais da companhia neste plosivas de sentimentos inomináveis. Você anda na
momento? rua e a incongruência e o disparate parece tomar
conta de todos os segmentos da vida no planeta.
Sueli: Nesse exato momento não faltam inquieta- Estamos afogando em indagações elementares
ções. Elas são muitas e urgentes. como: por que votamos em seres tão desprezíveis
como este que agora está na presidência? Não faz
Juliana: Síncope é a materialização da inquietação. sentido! Não faz sentido! Que desamor é esse? Eu
não entendo... As conversas na Companhia passam
Sueli: É....de algumas inquietações. Na companhia, costumeiramente pelas nossas incompreensões;
são muitas as coisas que nos assombram como ar- aquelas coisas que a gente, por mais que visualize
tistas, como mulheres, como homens, como cidadãs, os contornos, não consegue atribuir sentido ao que
cidadãos, como sociedade. Sentimo-nos constante- vê e sente. O que é que alicerça tudo isso que nos
mente convocadas e convocados à responsabilida- conforma como brasileiras e brasileiros, como lati-
de com o passado e com o futuro. E as inquietações no-americanos, como residentes do planeta Terra?
são de diferentes ordens e intensidades porque
elas também representam as individualidades de Juliana: A próxima pergunta é sobre o processo de
cada componente do grupo. As inquietações que criação da CiaSenhas. Na entrevista que vocês fi-
nos atravessam estão normalmente envolvidas, ou zeram recentemente para a Mostra Move já há al-
são associadas às questões sociais e de gênero: fe- gumas pistas, mas gostaria que você pontuasse al-
minismo e machismo, capitalismo e psiquismo. As guns princípios do processo criativo da companhia.
deformações sociais advindas do capitalismo costu-
mam povoar as nossas inquietações poéticas, prin- Sueli: Na companhia nos interessamos pela ca-
cipalmente em momentos de acirramentos sociais pacidade do corpo de afetar e ser afetado, do jogo
como este que vivemos atualmente... O nosso próxi- como dispositivo de construção dramatúrgica e pa-
mo trabalho se chama O que supúnhamos não ser, lavra como elemento do jogo de nexos. Mas não
que é uma indagação sobre como a gente (povo, co- necessariamente se começa sempre por um ponto
munidade, sociedade brasileira) acha que se mostra específico. Um processo é algo sempre em muta-
e acha que é visto. Basicamente nos perguntamos: ção, e, no nosso caso, ele é fluido, ele não é acu-
o que a gente acha que sabe que não somos, no mulativo. Ele é a procura de uma resposta a uma
entanto, somos? Por que lidamos assim com nos- determinada inquietação coletiva. Isso pra dizer que
sas dificuldades de ordem social e o que esse nosso não existe um formato de processo, mas sim uma
“jeitinho” diz sobre os recursos, a sobrevivência psí- ética de trabalho que é construída e revista a cada
quica e social de uma comunidade como o Brasil? É experiência artística. Às vezes, para iniciar um pro-
sobre raízes e sobre futuros? O que sustenta nossa cesso, depois de várias conversas, especulações
dificuldade de fazer pequenas evoluções civilizató- etc., eu apresento um texto semipronto. Pode ser só
rias, alguns pequenos movimentos em direção ao um rascunho ou uma ideia norteadora articulada em
outro? Essas são indagações que impulsionam o palavras. Com esse material, se iniciam improvisa-
novo trabalho. O universo coletivo é constantemen- ções a partir do corpo e do espaço. Nossa atenção
te pautado em nossas discussões. O que propomos fica bastante concentrada no jogo, na ação e na re-
artisticamente são tentativas de produção de ecos ação dos corpos na experiência do jogo. Costuma-
de subjetividades coletivas. São várias as inquieta- mos dizer que a criação (de personagem, emoção,
ções, nesse momento mais do que nunca. Não dá situação) de cada um se dá por nossa capacidade
para falar de todas as coisas que nesse momento de enxergar a consequência dos nossos atos no ou-
nos mobilizam, nos afetam, nos fazem chorar, cau- tro. O outro, neste sentido, é o parceiro e a parceira
sam depressão, alegria também, começamos, en- do jogo, as materialidades e será o público, quando
tão, pelas urgências. nos encontros promovidos pelas apresentações. A
premissa “eu me enxergo no seu olhar sobre mim”
Juliana: Às vezes não dá nem para dar nome, né? diz respeito a tentativa de criação de um espaço ex-
É tanta coisa... pressivo em estreito diálogo com o outro. Ele é feito
por atravessamento, incorporação e compartilha-
Sueli: É...é... Vivemos um momento de grandes mento de subjetividades geradas no jogo da cena.
intensidades e muita dificuldade. São misturas ex- Isso opera tanto para mim, na condição de direto-
ra, quanto para as atrizes e atores no ambiente do friccionam etc., em busca de um lugar no jogo.
jogo. O olhar do outro abre universos que dizem por
onde eu “também” posso seguir. Pode parecer bas- Juliana: Essa sua fala me faz entender um pouco
tante subjetivo, mas na sala de ensaio a prática do mais o que a Greice19 disse sobre o olhar na entre-
afeto se impõe na construção da cena. A circulação vista para a Mostra Move. Eu tinha entendido, mas
de afetos se instaura como instrumento de escuta de uma maneira abstrata. A sua fala tornou mais
e elaboração de universos cênicos. As discussões concreta a forma como o olhar é praticado no pro-
finais de um dia de ensaio passam por falas como: cesso criativo. Dessa estrutura que você descreveu,
“no jogo, eu vi você assim...”. Há, neste sentido, um o que já estava presente no começo da companhia
convite para assimilar, traduzir, incorporar as per- e o que foi descoberto com o tempo?
cepções que preenchem o olhar do outro. É sobre
o que o outro (parceiro do jogo) vê sobre aquilo que Sueli: Essa é uma conquista importante. Demora-
eu faço. É sobre se eu assimilo essa percepção ou mos para entender a importância do ato de olhar
não. É sobre como assimilo a percepção do outro. como ferramenta de construção de discurso e modo
Como que eu respondo àquilo que o seu olhar vê em de expressividade. Isso foi gradativo. Fomos inves-
mim? Basicamente, é isso. O corpo é um norteador tigando com cuidado, sem pressa. Acalentando as
das subjetividades manifestadas no jogo que cons- experimentações e delas elaborando novas ques-
trói um discurso coletivo. tões. Em Delicadas Embalagens20 , por exemplo,
Então...no processo, no que diz respeito ao traba- apesar de já estar lá, a nossa percepção sobre as
lho de dramaturgista, algumas vezes eu apresento possibilidades do olhar ainda era muito incipiente.
um rascunho de texto, outras vezes a gente come- Neste trabalho a gente ainda não entendia direito
ça especificamente das reverberações do corpo no a sensibilidade do olhar sobre o outro e sua ca-
espaço, ancoradas nas discussões que fazemos o pacidade mobilizadora. Quando a Cili21 entra na
tempo todo. Quando não temos uma situação ou Companhia e remontamos Delicadas Embalagens,
tema específicos, procuramos investigar estados de tivemos que rever toda a construção de nexos que
corpo e nos debruçamos sobre o que estes determi- sustentava os estados de corpo e a qualidade do
nados estados de corpo podem revelar sobre uma jogo. Com a chegada da Cili ocorreram alterações
situação cênica que reverbera as discussões ante- muito profundas na lógica do jogo entre atores e per-
riores e nos representa. Essas experiências servem sonagens. Ela olha e percebe os personagens com
como disparadores para a produção de texto escrito. outro olhar inaugural e esse outro-olhar precisava
Os textos (que podem ser pequenos diálogos sem ser assimilado por todos e todas. Portanto, para a
destinatários, ou narrativas fragmentadas) são ex- remontagem reestruturamos todas as lógicas que
perienciados enquanto materialidades cujo sentido justificavam cada pequeno movimento do jogo entre
e o significado tomam forma no jogo. Nestes pro- atores e atrizes e o jogo com a plateia. Isso porque
cessos as palavras são “jogadas”, elas são também entendemos que era o olhar do outro a principal re-
ferramentas que interferem nos estados de corpo e ferência para a construção de um território comum.
na exploração do espaço, abrindo e criando cama- Que é um pouco o que a Greice fala22 , e a Greice é
das expressivas. Na medida em que o processo se uma das criadoras que trabalha muito intensamente
desenrola, mantemos uma atenção muito sensível nessa perspectiva.
para o surgimento e a evidenciação de tensões entre
corpos e entre corpos e espaço, e, para a produção Juliana: O seu processo artístico alimenta a sua
efêmera de imagens abertas e fluidas geradas por
e na relação jogo-corpo-espaço-palavra e o outro. 19 Greice Barros é atriz e produtora cultural. Integrante
Tudo isso ocorre simultaneamente na experiência da CiaSenhas desde 2002 e sócia fundadora da Núcleo
do jogo. Durante todo o processo mantemos vivas Produções Cultura e Desenvolvimento.
algumas perguntas como: a relação que fazemos
entre palavra, jogo, imagem abre espaços de víncu- 20 Espetáculo em repertório da CiaSenhas que estreou
los, cria sentidos e/ou estabelece atmosferas? Por em 2008 no Teatro Novelas Curitibanas.
fim, os textos aderem à cena como pedaços que, na 21 Ciliane Vendruscolo é atriz e contadora de histórias.
aventura do processo, se movem constantemente Integra duas companhias de teatro curitibanas CiaSe-
em um vai e vem cheio de recomeços. São materiais nhas de Teatro e Bife Seco.
que se aproximam e se afastam, se justapõem, se
22 Referindo-se à entrevista supracitada.
prática pedagógica e vice-versa? Como você perce- presença da câmera como um interlocutor cúmplice
be que esse diálogo acontece? das ações. Além disso, a discussão sobre os limites
da linguagem teatral e a linguagem cinematográfica,
Sueli: Totalmente. Absolutamente. Eu não sei se eu ou audiovisual, permearam todas as decisões: que
fui dar aula para aprender a fazer teatro ou se eu fui tom, que qualidade e estados de corpo, a atuação
fazer teatro para aprender a dar aula. Sinceramen- pode acessar? Que tipo de teatralidade ou não te-
te, eu não sei. Quando eu entrei na faculdade como atralidade é possível explorar? Qual o lugar do au-
docente, a companhia já existia e, imediatamente diovisual na experimentação cênica que tentávamos
percebi como isso me alimentava como professora, materializar?
e vice-versa. Então, a prática artística e a ativida- Com a proposta de texto, começamos a trabalhar.
de pedagógica estão sempre em profundo diálogo Identificamos dois limitadores: a espacialidade e a
porque ambas estão ligadas à própria vida. São in- relação com o espectador. Para nós era inadmissí-
separáveis. Acho saudável e necessário manter a vel fazer uma cena fechada que desconsiderasse o
viva conexão entre academia e experiência artística espectador porque toda a nossa trajetória é em bus-
e tratá-las como territórios comuns. ca do espectador, então... as decisões também pas-
saram inevitavelmente por aí. Trabalhamos o tempo
Juliana: A próxima pergunta é sobre o espetáculo todo no sentido de criar circunstâncias para o esta-
Síncope que estreou na Mostra Move. Como foi esse belecimento de vínculos com o espectador. Quando
processo de criar um trabalho durante a pandemia, o texto é colocado no jogo, temos a oportunidade
mediado pela câmera? Apesar de ter sido uma cena de visualizar espaços de relação com o especta-
filmada com forte apelo visual, me parece que tem dor. A partir disso, começamos a criar movimenta-
uma lógica do teatro que opera ali naquela cena. ções e a desenhar possibilidades de narrativas.
Só que a gente tinha que filmar. Câmera parada?
Sueli: Total, total. Eu acho que foi uma das criações Duas câmeras? Três câmeras? Tínhamos um tex-
mais difíceis que já fiz. Sem contar toda a situação to em fragmentos, desenvolvemos movimentações,
pandêmica que tivemos que administrar. Foi muito acionamos estados de corpo e proposições de jogo.
desafiador. No primeiro momento fazíamos encon- Com esse material, criei um esboço de um plano-se-
tros virtuais, mas, a dificuldade se impôs diante da quência que articulava a ação (a partir das expe-
questão de criar condições expressivas em um pro- rimentações), o texto e movimentação da câmera.
cesso que se opera no olhar, nas emanações do Com o plano-sequência, construímos a dramaturgia
corpo e nas possibilidades de nexos a partir dessas propriamente dita, da cena. Nos ensaios, utilizáva-
emanações. Inicialmente não conseguíamos atinar mos tudo que tinha câmera: computador, celular etc.
os meios para isso. Optamos por inventar formas de A Anne24 fez várias experimentações com câmera
ensaio. A gente não tem sede, então fomos para a e a Lidia25 , que conduzia a câmera, veio em vários
garagem da casa da Greice que é aberta, e nos dava ensaios e a cada vez trazia questões técnicas que
alguma condição de encontro durante as limitações nos obrigavam a rever texto, movimentação etc. A
da pandemia. Ensaiamos lá. A questão espacial e de partir da elaboração do roteiro em plano-sequência
logística, nesse momento, direcionou muitas opções. conseguimos realmente estruturar o trabalho tanto
O assunto que nos mobilizava naquele momento era do ponto de vista conceitual quanto técnico. O traba-
a história da menina23 de 11 anos, estuprada pelo tio lho de colaboração foi incrível, aconteceu uma rede
durante anos, que, quando recebe o direito de prati- muito afetuosa e criativa. Amabilis de Jesus26 , Paulo
car um aborto, é agredida por pessoas da sociedade
ao ponto de expô-la como uma criminosa. Quando
a gente se reuniu, esse era o assunto, era essa a 24 Anne Celli é atriz e atuou como assistente de direção
nossa grande indignação. A partir de discussões, eu nos espetáculos Circo Negro (2013), Fui! (2016) e Sínco-
propus alguns elementos, como, por exemplo, uma pe (2020) da CiaSenhas. Também é atriz e improvisadora
restrição espacial, tendo em vista possibilidades da do Grupo Antropofocus.
Vinícius27 , Ary Giordani28, Marcia Moraes foram gi- Assim como em Síncope, a relação com a câ-
gantes. Para nós, hoje, na companhia, este traba- mera se mantém, pois ainda são esparsas as apresen-
lho é um divisor de águas, porque ele nos confron- tações teatrais presenciais, tal como eram realizadas
tou com questões muito novas e desafiadoras para antes da pandemia. Porém, dessa vez, a peça aconte-
cada um de nós, o que exigiu outras articulações ce por WhatsApp, experimentando uma relação de um
corporais, sonoras, temporais e espaciais. Foi uma para um: uma/um atriz/ator realiza uma cena de 15 mi-
experiência instigante por vários motivos, em par- nutos para uma/um espectador/a29 .O que mostra que a
ticular porque foi possível praticar a dramaturgia e busca pela relação com quem assiste, ainda que seja
arranjos sígnicos em um roteiro de plano-sequência. mediada pela câmera, tem se intensificado na pesquisa
Os atores também puderam desenvolver dramatur- do coletivo. Enquanto em Delicadas Embalagens (2009)
gias próprias em relação à câmera ao se apropriar o espaço cênico era delimitado por um tapete de grama
da ferramenta. No que diz respeito a identidade po- sintética e a relação com o público se estabelecia pelo
ética, era importante tentar manter alguns princípios olhar, em Circo Negro (2013) e Os Pálidos (2016), o
da companhia em um formato pouco explorado por público é convidado a interagir, seja lançando tomates
nós. nos atores, como em Circo Negro, ou aceitando beber
uma taça de vinho, beijando um ator ou contribuindo
Juliana: Quando eu elaborei essa pergunta, eu com uma vaquinha para comprar armas e fazer uma
ainda não tinha visto o trabalho porque iria estrear revolução, como em Os Pálidos. Trata-se de uma inte-
alguns dias depois. Comentei dessa relação com ração, como aponta a crítica teatral Luciana Romagnolli
a câmera porque ela é uma realidade de todas as (2019), que demanda um posicionamento ético, “impli-
criações que têm sido feitas em 2020, desde o início ca o espectador como sujeito político. E o convoca a
da quarentena, mas existem trabalhos que negam a uma atitude de autorreflexão” (ROMAGNOLLI, 2019, p.
câmera. Então, quando eu fui assistir Síncope, para 145).
mim ficou muito evidente o jogo que se estabeleceu Esses movimentos evidenciam o traço inquieto
com a câmera e lembro de ter pensado: “a pergunta da CiaSenhas a perseguir o que emerge enquanto dú-
vai fazer sentido, pois tem de fato um diálogo, a câ- vida. O que supúnhamos não ser já havia sido enuncia-
mera não foi ignorada, ela faz parte da composição do na dramaturgia de Os Pálidos, em 2016: “Quando é
da cena”. que nós vamos falar sobre tudo aquilo que supúnhamos
não ser?” (ARAÚJO apud ROMAGNOLLI, 2019, p.150),
Sueli: Sim, sim. Totalmente. A condução da câmera ou seja, as inquietações que movem a CiaSenhas es-
feita pela Lídia Ueta tinha como princípio a ideia de tão continuamente sendo atualizadas, assumindo no-
“dançar junto” com a cena. São 20 minutos, sem pa- vas formas. De fato, como afirma Cecilia Salles (2006),
rar, com a câmera na mão, rodando para lá e para uma obra artística é um gesto inacabado e o suposto
cá, respirando (de máscara) junto. “resultado” é fruto de um processo de criação ininter-
rupto e de intrínseca incompletude, no qual convivem
*** vários mundos em potência. A CiaSenhas, ao encarar
suas inquietações, coloca-se em continuado processo
Faz quase um ano que Sueli e eu conver- de formação, assim como a sua diretora, uma artista em
samos. Amanhã, dia 06 de dezembro de 2021, constante (trans)formação.
a CiaSenhas de Teatro vai estrear um novo tra-
balho, O que supúnhamos não ser, que foi men- Referências
cionado nesta entrevista pela diretora, quan- OLIVEIRA, Lígia Souza. Dramaturgia do olhar: ficção
do ela compartilhava algumas das inquietações presença e experiência nos espetáculos da CiaSenhas
que movem a companhia em sua poética teatral. de Teatro. In: TORRES NETO, Walter Lima (Org.). À
Sombra do Vampiro: 25 anos de teatro de grupo em
Curitiba. Curitiba: Kotter Editorial, 2018.
27 Cenógrafo, figurinista, ator e diretor de arte. Também é
professor de cenografia na UNESPAR-FAP e na PUC-PR.
Cria e desenvolve projetos cenográficos na CiaSenhas
desde 2010. 29 Informações extraídas da reportagem Cia de teatro realiza
peça pelo WhatsApp com um espectador por vez; veja como
28 Músico, sound designer e pesquisador, doutorando participar. Mais informações em: https://www.gazetadopovo.
em Etnomusicologia pela ECA/USP. É sound designer da com.br/pino/cultura-pino/cia-de-teatro-realiza-peca-pelo-
CiaSenhas desde 2005. -whatsapp-com-um-espectador-por-vez/.
Recebido: 28/03/2021
Aceito: 24/09/2021
Aprovado para publicação: 23/11/02021