Fabulas de Esopo

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A lebre e a tartaruga

— Tenho pena de você —, disse uma vez a lebre à tartaruga: — obrigada a andar
com a tua casa às costas, não podes passear, correr, brincar, e livrar-te de teus
inimigos.

— Guarda para ti a tua compaixão — disse a tartaruga — pesada como sou, e tu


ligeira como te gabas de ser, apostemos que eu chego primeiro do que tu a
qualquer meta que nos proponhamos a alcançar.

— Vá feito, disse a lebre: só pela graça aceito a aposta.

Ajustada a meta, pôs-se a tartaruga a caminho; a lebre que a via, pesada, ir


remando em seco, ria-se como uma perdida; e pôs-se a saltar, a divertir-se; e a
tartaruga ia-se adiantando.

— Olá! camarada, disse-lhe a lebre, não te canses assim! Que galope é esse?
Olha que eu vou dormir um pouquinho.

E se bem o disse, melhor o fez; para escarnecer da tartaruga, deitou-se, e fingiu


dormir, dizendo: sempre hei de chegar a tempo. De súbito olha; já era tarde; a
tartaruga estava na meta, e vencedora lhe retribuía os seus deboches:

— Que vergonha! Uma tartaruga venceu em ligeireza a uma lebre!

MORAL DA HISTÓRIA: Nada vale correr; cumpre partir em tempo, e não se


divertir pelo caminho.
A cigarra e a formiga
Num belo dia inverno as formigas estavam tendo o maior trabalho para secar
suas reservas de comidas. Depois de uma chuvarada, os grãos tinham ficado
molhados. De repente aparece uma cigarra:

– Por favor, formiguinhas, me deem um pouco de comida!

As formigas pararam de trabalhar, coisas que era contra seus princípios, e


perguntaram:

– Mas por quê? O que você fez durante o verão? Por acaso não se lembrou de
guardar comida para o inverno?

Falou a cigarra:

– Para falar a verdade, não tive tempo. Passei o verão todo cantando!

Falaram as formigas:

– Bom... Se você passou o verão todo cantando, que tal passar o inverno
dançando?

E voltaram para o trabalho dando risadas.

MORAL DA HISTÓRIA: Os preguiçosos colhem o que merecem.


O leão e o rato
Um leão, cansado de tanto caçar, dormia espichado à sombra de uma boa
árvore. Vieram uns ratinhos passear em cima dele e ele acordou.

Todos conseguiram fugir, menos um, que o leão prendeu embaixo da pata.
Tanto o ratinho pediu e implorou que o leão desistiu de esmagá-lo e deixou que
fosse embora.

Algum tempo depois, o leão ficou preso na rede de uns caçadores. Não
conseguia se soltar, e fazia a floresta inteira tremer com seus urros de raiva.

Nisso, apareceu o ratinho. Com seus dentes afiados, roeu as cordas e soltou o
leão.

MORAL DA HISTÓRIA: Uma boa ação ganha outra.


O lobo e o cordeiro
Estava um lobo a beber água num ribeiro, quando avistou um cordeiro que
também bebia da mesma água, um pouco mais abaixo. Mal viu o cordeiro, o
lobo foi ter com ele de má cara, arreganhando os dentes.

— Como tens a ousadia de turvar a água onde eu estou a beber?

Respondeu o cordeiro humildemente:

— Eu estou a beber mais abaixo, por isso não te posso turvar a água.

— Ainda respondes, insolente! — retorquiu o lobo ainda mais colérico. — Já há


seis meses o teu pai me fez o mesmo.

Respondeu o cordeiro:

— Nesse tempo, Senhor, ainda eu não era nascido, não tenho culpa.

— Sim, tens — replicou o lobo —, que estragaste todo o pasto do meu campo.

— Mas isso não pode ser — disse o cordeiro —, porque ainda não tenho dentes.

O lobo, sem mais uma palavra, saltou sobre ele e logo o degolou e comeu.

MORAL DA HISTÓRIA: Tentar evitar o mal daquele que já decidiu cometê-lo?


Perda de tempo!
A rã e o boi
Uma rã estava no prado olhando um boi e sentiu tal inveja do tamanho dele que
começou a inflar para ficar maior.

Então, outra rã chegou e perguntou se o boi era o maior dos dois.

A primeira respondeu que não – e se esforçou para inflar mais.

Depois, repetiu a pergunta:

– Quem é maior agora?

A outra rã respondeu:

– O boi.

A rã ficou furiosa e tentou ficar maior inflando mais e mais, até que arrebentou.

MORAL DA HISTÓRIA: Quem tenta parecer maior do que é se arrebenta.


A raposa e o corvo
Um corvo roubou um queijo, e com ele no bico foi pousar em uma árvore. Uma
raposa, atraída cheiro, desejou logo comer o queijo; mas como! a árvore era alta,
e o corvo tem asas, e sabe voar. Recorreu pois a raposa às suas manhas:

- Bons dias, meu amo, disse; quanto folgo de o ver assim belo e nédio. Certo
entre o povo aligero não há quem o iguale. Dizem que o rouxinol o excede,
porque canta; pois eu afirmo que V. Exa. não canta porque não quer; se o
quisesse, desbancaria a todos os rouxinóis.

Ufano por se ver com tanta justiça apreciado, o corvo quis mostrar que também
cantava, e logo que abriu o bico, caiu-lhe o queijo. A raposa o apanhou, e, safa,
disse:

- Adeus, Sr. Corvo, aprenda a desconfiar das adulações, e não lhe ficará cara a
lição pelo preço desse queijo.

MORAL DA HISTÓRIA: Desconfiai quando vos virdes mui gabados; o adulador


escarnece de vossa credulidade, e prepara-se para vos fazer pagar por bom
preço os seus elogios.
A porca e o lobo
Certa manhã, uma porca, que estava esperando uma ninhada de porquinhos,
decidiu procurar um lugar para parir com tranquilidade.

Eis que ela encontra um lobo e ele, demonstrando solidariedade, lhe oferece
ajuda no parto.

Mas a porca, que não era boba nem nada, desconfiou das boas intenções do lobo
e lhe disse que ela não precisava de ajuda, que preferia parir sozinha, pois era
muito envergonhada.

Assim, o lobo ficou sem ação e foi embora. A porca pensou bem e resolveu
procurar outro lugar onde pudesse dar à luz aos seus filhotinhos sem correr o
risco de ter um predador por perto.

Moral da história: É melhor suspeitar da boa vontade dos interesseiros, pois


nunca se sabe ao certo que tipo de armadilha eles estão confabulando.
A raposa e a cegonha
Era fim de tarde e a raposa decidiu convidar a cegonha para um jantar em sua
casa.

A cegonha ficou animada e chegou no horário combinado. A raposa, querendo


fazer uma brincadeira, serviu a sopa em um prato raso. A cegonha então não
conseguiu tomar a sopa, conseguindo apenas molhando o bico.

A "amiga" lhe pergunta se não havia gostado do jantar e a cegonha


desconversou, indo embora faminta.

No dia seguinte, é a vez da cegonha convidar a raposa para uma refeição. Lá


chegando, a raposa se depara com uma sopa servida em uma jarra muito alta.

A cegonha, é claro, pode tomar a sopa colocando seu bico da jarra, mas a raposa
não alcançava o líquido, conseguindo apenas lamber a parte de cima.

Moral da história: Não faça para os outros o que você não gostaria que
fizessem com você.
A mosca e o mel
Havia um pote de mel em cima da mesa e, ao lado dele, algumas gotas caíram.

Uma mosca foi atraída pelo cheiro do mel e começou a lamber e lamber. Ela
estava muito satisfeita, fartando-se do alimento açucarado.

Passou muito tempo se deliciando, até que sua perna se prendeu. A mosca então
não conseguiu voar e acabou morrendo presa no melado.

Moral da história: Tome cuidado para não se destruir nos prazeres.

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