RESUMO NOGUCHI - Aula 04 - Climatério
RESUMO NOGUCHI - Aula 04 - Climatério
RESUMO NOGUCHI - Aula 04 - Climatério
Conceitos e definições:
- O climatério se instala quando a mulher começa a apresentar um declínio progressivo da função ovariana; observamos que os
folículos tendem a acabar e a mulher perde sua capacidade reprodutiva. É o período de transição entre a menacme e a senilidade. No
período do climatério encontramos um evento marcante chamado menopausa, que é a ultima menstruação. A menopausa ocorre geralmente
entre os 45 e 55 anos, e só se pode afirmar com certeza que se tratou da menopausa após 12 meses de amenorréia (ou seja, para podermos
afirmar que se tratou da menopausa devemos esperar pelo menos 12 meses de amenorréia).
- Com base na menopausa podemos estabelecer um período pré-menopausa e um período pós-menopausa (que vai da menopausa ate
os 65 anos). É considerado Perimenopausa o período que vai desde quando os ciclos menstruais ficam irregulares, ate 12 meses após a
menopausa. (perimenopausa ciclos menstruais irregulares – menopausa – 12 meses de amenorréia)
- Síndrome Climatérica é o conjunto de sinais e sintomas que acompanham a mulher no período do climatério. Esses sinais e
sintomas estão relacionados ao declínio progressivo e ausência de função dos ovários e à queda dos hormônios circulantes.
- Considera-se menopausa precoce aquela que ocorre em mulheres com menos de 40 anos (ocorre em 1% das mulheres); e tardia
aquela que ocorre com mais de 54 anos. O fumo pode estar relacionado com a menopausa precoce. Alem de precoce e tardia ainda podemos
classificar a menopausa em “natural” ou “artificial” (nessa ultima a mulher passou por algum procedimento que a levou a menopausa, ex:
histerectomia)
-Apesar de ser um processo natural do corpo de todas as mulheres, a perda da função ovariana e a interrupção da produção de
estrogênio e progesterona vai produzir efeitos “negativos” no corpo da mulher. (por isso muitas pessoas consideram a insuficiência
ovariana após a menopausa como uma endocrinopatia). A mulher pode ter instabilidade vasomotora (apresentando os fogachos), atrofia
urogenital e tegumentar, e pode agravar doenças como osteoporose e doenças cardiovasculares, etc.
Fisiopatologia:
Após os 40-45 anos observa-se uma perda acelerada do numero de folículos, menos estrogênio, progesterona e inibina são produzidos,
em resposta, a hipófise produz mais FSH, o que acelera ainda mais os ciclos e a perda de folículos, bem como a deficiência de
estrogênios/progesterona e inibina. Os ciclos menstruais podem se tornar irregulares, encurtados, anormais e podem ocorrer ciclos
anovulatórios. A mulher pode relatar ao médico alterações em seu ciclo menstrual: polimenorréia, hipermenorréia, oligomenorréia, amenorréia,
metrorragias, etc
Com a baixa produção de estrogênios e progesterona, teremos aumento da produção dos hormônios gonadotróficos (FSH e LH),
devido ao feedback.
No organismo feminino os mais diversos órgãos e tecidos possuem receptores para estrogênio (endométrio, TGU, pele, osso, cérebro,
endotélio e m. liso vascular, etc.). Sendo assim, com a falência de produção de estrogênio, todos esses tecidos vão apresentar alterações.
Trato genitourinário: a vulva perde tecido gorduroso e a epiderme fica mais fina; a mucosa vaginal fica mais fina e menos elástica, podendo
diminuir de tamanho e estreitar. A lubrificação da vagina fica seriamente comprometida. Com isso é comum a mulher relatar dispareunia e
prurido vulvar, podendo ate ocorrer sangramentos; vaginite atrófica, etc (o perfil de lactobacilos da vagina muda para um perfil de cocos). O
útero diminui de tamanho e o endométrio fica fino e inativo. Teremos relaxamento da musculatura pélvica (favorece os prolapsos genitais). As
mamas ficam com aspecto mais achatado, papilas perdem a capacidade de rigidez e as glândulas mamárias atrofiam. A mulher pode apresentar
nictúria, disúria, urgência, facilidade para infecções, divido atrofia do urotélio, incontinência urinária de esforço, etc.
Efeitos psiconeurofisiológicos: (existem receptores de estrogênio no córtex, sistema límbico e hipotálamo); a mulher pode apresentar
alterações de humor, ansiedade, nervosismo, irritabilidade, insônia, pode agravar uma depressão, etc. Uma das principais queixas das mulheres
são as alterações vasomotoras (os fogachos); são descritos como ondas de calor que ascendem do tórax para a cabeça e podem levar a
sudoreses por alguns minutos (são mais comuns a noite e podem produzir insônia). Esse sintoma costuma afetar ate 75% das mulheres, por um
período de 2 a 5 anos após a menopausa. (algumas mulheres relatam mais)
Pele, mucosas e fâneros: nos primeiros anos pós-menopausa pode-se observar atrofia de pele e mucosas (devido ao hipoestrogenismo e outros
fatores). A pele fica mais fina e seca, menos turgor/elasticidade, com mais linhas, pregas e rugas. Os pelos tendem a ficar brancos e caírem, a
unha fica mais fraca e quebradiça.
Doenças Cardiovasculares e aterosclerose: durante a menacme o estrogênio parece proteger a mulher das doenças cardiovasculares; porem
no climatério e pós menopausa (deficiência e ausência de estrogênio), o que se observa é uma tendência a dislipidemia, com aumento do LDL e
triglicerídeos e diminuição do HDL. Com isso há agravamento da aterosclerose e maior chance de eventos cardiovasculares.
Osteoporose: com a deficiência de estrogênio a perda de tecido ósseo é mais favorecida que a formação. Diante disso a mulher vai apresentar
uma perda progressiva e importante de tecido ósseo, sendo que em 15-20 anos a perda pode chegar a 40%. Os ossos ficam fracos e porosos,
favorecendo fraturas patológicas. A investigação da osteoporose pode ser feita por densitometria óssea. Um dos objetivos da terapia de
reposição hormonal (quando necessária) é evitar o desenvolvimento e/ou agravamento da osteoporose. Fatores de risco: mulher, branca,
asiática, história familiar positiva para osteoporose, menopausa precoce, estilo de vida sedentário, tabagismo, alcoolismo, baixa ingestão de
cálcio, distúrbios do cálcio, baixo peso para altura
Considerações: no climatério, em toda consulta, o medico deve seguir a rotina de anamnese e exame físico, investigar/ “ficar atento”
ao câncer ginecológico, patologias mamárias, doenças cardiovasculares, osteoporose, doenças crônicas metabólicas e degenerativas. Deve
avaliar os riscos e benefícios da TRH. Também deve estimular uma dieta alimentar adequada e atividade física rotineiramente. Indagar sobre
etilismo, tabagismo e sedentarismo. Assegurar que os sintomas típicos do climatério (fogacho, ansiedade, irritação,fadiga, depressão, cefaléia e
insônia, etc) não são de uma outra doença concomitante (DM, HAS, etc).
Tratamento:
O tratamento no climatério não se baseia apenas a oferecer TRH ou não, o médico/tratamento deve se envolver em muitos outros
aspectos:
- Controle do peso corpóreo (IMC entre 20-25);
- Dieta alimentar adequada (de preferência rica em cálcio, fibras, frutas e vegetais, mas pobre em carnes vermelhas. Evitar cafeína,
refrigerantes e álcool que podem interferir com o metabolismo do cálcio. Controle da ingestão de lipídeos).
- Recomendar atividade física regular (melhora cardiovascular, controle do peso e perfil lipídico, prevenção osteoporose, estética e
disposição) Natação, caminhada, dança, musculação, etc.
- Exposição adequada ao sol;
- Controle de hábitos de vida negativos (etilismo, tabagismo e consumo de drogas ilícitas)
- Para as mulheres que não se adaptaram ou não quiseram a TRH, existem tratamentos alternativos: fitoterápicos, remédios
homeopáticos, acupuntura e o SERMS (moduladores seletivos dos receptores de estrogênio. Ex: tamoxifen, raloxifeno. Atuam como
antagonistas ou agonistas seletivos em receptores de estrogênio em alguns órgãos alvo).
São contra-indicações absolutas de TRH: câncer de endométrio, câncer de mama, tromboembolismo venoso agudo, doença hepática
severa.