Infecções Fúngicas Profundas
Infecções Fúngicas Profundas
Infecções Fúngicas Profundas
Cutânea
Esporotricose cutânea localizada:
Em indivíduos previamente sensibilizados ou com alto grau de imunidade
Lesão única no local de inoculação do fungo, sem nódulos no trajeto linfático. Não tem disseminação
linfática, hematogênica e não tem sintomas sistêmicos.
Apresentação clínica variável: pápulas que ulceram ou abcessos, gomas, placas, lesões eritemato-
escamosas
Não compromete o estado geral do paciente
Pode ter cura espontânea
Cancro de inoculação que é a lesão apenas no local de inoculação. A lesão era maior, um nódulo, que
ulcerou.
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Esporotricose cutâneo-linfática:
Forma mais comum – 70%
Imunidade relativa, que possui um pouco de contenção pela resposta imune, mas que não é suficiente
para controlar a disseminação linfática.
Lesão inicial no local de traumatismo – cancro de inoculação (ulceração com base infiltrada ou pápula,
nódulo, vegetação – drena secreção purulenta)
Disseminação para linfáticos ocorre após semanas ou meses (Linfangite Nodular).
Trajeto ascendente dos membros: cadeia de nódulos indolores, ao longo dos vasos linfáticos, que
podem amolecer e ulcerar e fistulizar ou não. Trajeto descendente na face. o Estado geral não é afetado, não tem
sintomas sistêmicos.
Pode ter resolução espontânea ou permanecer ativa por muitos anos
É um quadro típico.
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A disseminação desse quadro é mais exuberante, com duas cadeias diferentes de linfangite nodular.
Começou com um cancro de nodular e as lesões foram ascendendo pelos vasos linfáticos. Não é
patognomônico, mas é bem típico.
Diagnóstico
Baseia-se em uma suspeita clínica, então, pacientes com esporotricose cutâneo-linfática, o diagnóstico
é mais sugestivo quando tem a linfangitenodular, mas nos casos de cutâneo-localizada são mais difícieis de ter
certeza do diagnóstico.
Anamnese, histórial social e epidemiologia ajudam no diagnóstico.
Cultura para fungos (Padrão-ouro)
PCR
Anatomopatológico: Em geral não é possível identificar o S. schenkii, mas tem alterações típicas de
infecções fúngica, acantose, espessamento inespecífico de epiderme.
Colônia branco membranosa, halo de pigmentação na periferia (Halo em ferradura) e esporos fazem
esse aspecto de flor em margarida → Sugere o diagnóstico
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Tratamento
Itraconazol: 100-200mg/dia até 2 semanas após melhora clínica (Média de 3 a 6 meses).
Depois que o paciente tem cura da lesão, com cicatrização completa, mantém até 2 semanas depois
disso.
Iodeto de potássio: manipulado, com ação antiinflamatória
Anfotericina B em caso de imunodeprimidos, infecção visceral ou disseminada
PARACOCCIDIODOMICOSE
Blastomicose sul americana
Agente
Paracoccidioides brasiliensies
Fungo no solo: adquirido por inalação – Achava-se que era adquirido pelo hábito de mastigar capim,
mas sabemos que é por inalação de fungos presentes no solo.
Epidemiologia
Sexo masculino, trabalhador rural
Menor prevalência em mulheres – estrogênio impede a transformação da forma filamentosa para a
forma leveduriforme (causadora da doença)
Crianças do sexo feminino e mulheres na menopausa que possuem mais chances de ter paracoco,
devido aos menores de estrogênio.
Formas clínicas
A imunidade do indivíduo pode combater a doença, sem causar sintomas. A forma clínica depende do
sistema imune e do estado nutricional
Infecção subclínica – 95%. Sem sinais clínicos ou laboratoriais da doença. Tem infecção com
formação de complexo primário pulmonar, mas sem evolução. Pode ter linfonomegalia hiliar, sem outros
achados.
Doença: progressão do complexo primário pulmonar
Aguda/subaguda (crianças e adolescentes e imunodeprimidos) < 10%
Crônica – 90% (tipo adulto) desses 5% dos casos – forma clássica – história mais longa,
associada a tabagismo e etilismo
o Unifocal: que acomete somente um órgão, em geral, os pulmões, pode ser só
suprarrenal, SNC, osso ou pele
o Multifocal: acomete vários órgãos.
Infecção disseminada grave, o acometimento cutâneo é secundário, não é o que causa preocupação,
mas pode ser um sinal de alerta. Atenção ao acometimento orgânico.
Lesões cutâneas com úlceras inespecíficas submandiulares, fundo limpo e não tem borda infiltrada -
normalmente tem
Linfonodomegalia cervical, inguinal.
Hepatoesplenomegalia que pode cursam com ascite e pensar em uma possível disfunção de medula
óssea.
Infecção generalizada e grave.
Infecção crônica
A forma aguda em crianças não é comum, constitui com 10% dos casos sintomáticos. O mais comum é
a forma crônica
Unifocal
Mais comum nos pulmões, pode ocorrer só na pele
Multifocal
Pulmão + lesão mucosa e/ou cutânea.
Sintomas respiratórios: tosse seca, dispneia aos esforços e taquipneia
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São
lesões
Diagnóstico
Clínico, PLECT (Paracoco/leishmaniose/ esporo/ cromomicose/ tuberculose cutânea)
Anatomopatológico
Em caso de dúvida, nem sempre se vê o Paracoco, mas vê alterações inespecíficas
Sorologia
imunodifusão, fixação de complemento, ELISA e contraimunoeletroforese – acompanhamento
terapêutico e estudo, na prática não é feito porque é muito caro.
Raio-X de tórax
Paracoco é um fungo dimórfico, colônia mais rugosa à 37ºC (A). 25ºC Algodonosa (B)
Tratamento
Itraconazol: 1cp por dia por 6 meses (critério de cura clínico, sorológico e radiológico)
Cetoconazol
Sulfametoxazol-trimetropim: Boa ação, inibe síntese do DNA do fungo
Anfotericina B: imunossuprimidos e infecção disseminada. EV. Boa resposta, cuidado com dano renal.
Os antifúngicos inibem a síntese de Ergosterol de membrana citoplasmática fúngica.
Lesões hipertróficas em face. Segundo o paciente as lesões cresceram ao longo dos anos. Eram lesões
mais vermelhas, mais infiltradas, com 10 anos de evolução.
Evoluíram com esse aspecto hipertrófico, além disso, tinha sintomas pulmonares: tosse, dispneia.
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Internado na Santa Casa, biópsia, tratado com Itraconazol, a foto do depois é após 4 meses de
tratamento, sem sintomas pulmonares, apenas algumas sequelas radiológicas.
CROMOMICOSE
Micose crônica que acomete a pele e o tecido celular subcutâneo
Agentes
Fungos no solo, plantas e pedaços de madeira
Transmitida por implantação traumática do fungo
Agentes: Fonsecaea pedrosoi, Fonsecaea compacta, Clodosporium carrionii, Philaphora verrucosa,
Rhinocladiella aquaspersa e Cladophialophora ajeloi.
Fonsecaea pedrosi é a mais comum no Brasil.
Clínica
O quadro clínico é o mesmo independente do agente
Mais comum em homens – mais sujeitos a traumas pelo fator ocupacional, pelo fato de homens
trabalharem mais no setor agrícola.
Acomete principalmente MMII, MMSS e glúteos
Pápula
Pode ser pruriginosa → crescimento lento
Forma noduloverrucosa
Em placas
Ambas as formas têm pontos enegrecidos na superfície, que é onde estão os fungos
Pode ter prurido associado
Pode ter disseminação linfática ou hematogênica: depende da imunidade do indivíduo.
Placa eritemato escamosa, com escamas hipertróficas, até um pouco psoriasiforme, mas as escamas são
mais grosseiras e mais hipertróficas. Lesão semelhante as lesões vegetantes da PLECT, enquadra no grupo
sindrômico, mas a diferença são os pontos pretos, que são locais de agrupamento dos fungos. No maléolo lateral
tem pontos pretos que ajudam no diagnóstico e falam a favor da Cromomicose em relação as outras PLECTs.
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Lesões eritemato descamosas, com hipertrofia de lesão e hiperceratose. Nesses pacientes tem início de
disseminação linfática, que tem aspecto de lesão a distância, mas ainda perto, não contiguas a lesão. São lesões
difícieis de tratamento. (2,3)
Pode ter linfedema, elefantíase que geram dificuldade de deambulação. Podem ulcerar e ter infecção
bacteriana secundária. Pode até gerar um carcinoma de células escamosas
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Diagnóstico
Clínico
Exame micológico direto – escamas e ponto
enegrecidos das lesões no MO
Cultura para fungos
Exame histopatológico – é possível ver esporos
redondos e escuros das lesões
Alterações inespecíficas, presença do fungo na derme
provoca uma reação granulomatosa – células gigantes – e o
fungo central, no meio das células gigantes.
Tratamento
Excisão cirúrgica
Curetagem e eletrocoagulação
Crioterapia
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MICETOMAS
É um grupo de infecções subcutâneas, granulomatosas, crônicas, produzidas por fungos (Eumicetomas)
ou por bactérias (Actinomicetomas)
Apesar de ser ou fungo ou bactéria, a clínica é idêntica, por isso são agrupados juntos
Clínica: Aumento de volume local, principalmente de tecido subcutâneo + fístulas + Presença de grãos.
Bactérias:
Nocardia, Actinomyces, Streptomyces, Nocardiopses
Fungos
Grão amarelo: Scedosporium apiospermum, Acremonium falciforme, A. recifei, A. kiliense, Aspergillus
fumigatus, nidulans, Fusarium moniliforme
Grão preto: Madurella mycetomatis, M. grisea, Exophiala jeanselmei
Grão vermelho: Rubromadurella langeronii
Edema, eritema e fistulização que drenam secreções do nódulo para a pele → Inflamação invade
subcutâneo → dureza lenhosa → Deformidades. A medida que progride pode causar mais inflamação e ir para
os ossos.
Lesões semelhantes as anteriores, pode simular cromomicose, apesar das placas serem mais
hiperceratoses.
Aqui tem-se aumento de volume, que é bem subcutâneo, é palpável. fístulas com drenagem para a pele,
com grãos na periferia. Temos menos alterações epidérmicas e mais subcutâneas. Pode ser Actinomicetomas ou
Eumicetomas. Investigar acometimento ósseo
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Diagnóstico
Clínico
Exame direto dos grãos
Cultura em ágar Saboraud
Exame histopatológico – alterações inespecíficas, pode fazer coloração para fungo e bactéria
Estudo radiológico
Tratamento
Actinomicóticos
Penicilina G ou V potássica 2 a 6 meses
Bactrim 6 a 24 meses
Eumicóticos
Itraconazol
Cetoconazol
Voriconazol e Posaconazol
Ambos os casos podem causar fibrose, dificultando a entrada das drogas, por isso temos que associar
com tratamentos destrutivos cirúrgicos, exérese da lesão.
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1. Em relação a esporotricose, é incorreto afirmar que: *
Os gatos são fonte comum de infecção
A forma clínica mais comum tem disseminação linfática
O exame micológico direto é o padrão-ouro para o diagnóstico
O tempo de tratamento é baseado na cura clinica da lesão
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