Atividade para A 1º Série

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DESAFIO DO LEITOR INVESTIGATIVO

MISSÃO:
Descubra, com ajuda da internet, qual é o autor da crônica e o título, destaque o tema e as reflexões principais
dela. Busque preencher as lacunas da leitura.

Leio a reclamação de um repórter irritado que precisava falar com um delegado e lhe
disseram que o homem havia ido tomar um cafezinho. Ele esperou longamente, e chegou
à conclusão de que o funcionário passou o dia inteiro tomando café.
Tinha razão o rapaz de ficar zangado. Mas com um pouco de imaginação e bom humor
podemos pensar que uma das delícias do gênio carioca é exatamente esta frase:
- Ele foi tomar café.
A vida é triste e complicada. Diariamente é preciso falar com um número excessivo de
pessoas. O remédio é ir tomar um "cafezinho". Para quem espera nervosamente, esse
"cafezinho" é qualquer coisa infinita e torturante.
Depois de esperar duas ou três horas dá vontade de dizer:
- Bem cavaleiro, eu me retiro. Naturalmente o Sr. Bonifácio morreu afogado no cafezinho.
Ah, sim, mergulhemos de corpo e alma no cafezinho. Sim, deixemos em todos os lugares
este recado simples e vago:
- Ele saiu para tomar um café e disse que volta já.
Quando a Bem-amada vier com seus olhos tristes e perguntar:
- Ele está?
- alguém dará o nosso recado sem endereço.
Quando vier o amigo e quando vier o credor, e quando vier o parente, e quando vier a
tristeza, e quando a morte vier, o recado será o mesmo:
- Ele disse que ia tomar um cafezinho...
Podemos, ainda, deixar o chapéu. Devemos até comprar um chapéu especialmente para
deixá-lo. Assim dirão:
- Ele foi tomar um café. Com certeza volta logo. O chapéu dele está aí...
Ah! fujamos assim, sem drama, sem tristeza, fujamos assim. A vida é complicada demais.
Gastamos muito pensamento, muito sentimento, muita palavra. O melhor é não estar.
Quando vier a grande hora de nosso destino nós teremos saído há uns cinco minutos para
tomar um café. Vamos, vamos tomar um cafezinho.

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A primeira vez que ouvi falar no fim do mundo, o mundo para mim não tinha nenhum sentido,
ainda; de modo que não me interessava nem o seu começo nem o seu fim. Lembro-me, porém,
vagamente, de umas mulheres nervosas que choravam, meio desgrenhadas, e aludiam a um
cometa que andava pelo céu, responsável pelo acontecimento que elas tanto temiam.
Nada disso se entendia comigo: o mundo era delas, o cometa era para elas: nós, crianças,
existíamos apenas para brincar com as flores da goiabeira e as cores do tapete.
Mas, uma noite, levantaram-me da cama, enrolada num lençol, e, estremunhada, levaram-me à
janela para me apresentarem à força ao temível cometa. Aquilo que até então não me
interessava nada, que nem vencia a preguiça dos meus olhos pareceu-me, de repente,
maravilhoso. Era um pavão branco, pousado no ar, por cima dos telhados? Era uma noiva, que
caminhava pela noite, sozinha, ao encontro da sua festa? Gostei muito do cometa. Devia sempre
haver um cometa no céu, como há lua, sol, estrelas. Por que as pessoas andavam tão apavoradas?
A mim não me causava medo nenhum.
Ora, o cometa desapareceu, aqueles que choravam enxugaram os olhos, o mundo não se acabou,
talvez eu tenha ficado um pouco triste - mas que importância tem a tristeza das crianças?
Passou-se muito tempo. Aprendi muitas coisas, entre as quais o suposto sentido do mundo. Não
duvido de que o mundo tenha sentido. Deve ter mesmo muitos, inúmeros, pois em redor de mim as
pessoas mais ilustres e sabedoras fazem cada coisa que bem se vê haver um sentido do mundo
peculiar a cada um.
Dizem que o mundo termina em fevereiro próximo. Ninguém fala em cometa, e é pena, porque eu
gostaria de tornar a ver um cometa, para verificar se a lembrança que conservo dessa imagem do
céu é verdadeira ou inventada pelo sono dos meus olhos naquela noite já muito antiga.
O mundo vai acabar, e certamente saberemos qual era o seu verdadeiro sentido. Se valeu a pena
que uns trabalhassem tanto e outros tão pouco. Por que fomos tão sinceros ou tão hipócritas, tão
falsos e tão leais. Por que pensamos tanto em nós mesmos ou só nos outros. Por que fizemos voto
de pobreza ou assaltamos os cofres públicos - além dos particulares. Por que mentimos tanto,
com palavras tão judiciosas. Tudo isso saberemos e muito mais do que cabe enumerar numa
crônica.
Se o fim do mundo for mesmo em fevereiro, convém pensarmos desde já se utilizamos este dom de
viver da maneira mais digna.
Em muitos pontos da terra há pessoas, neste momento, pedindo a Deus - dono de todos os
mundos - que trate com benignidade as criaturas que se preparam para encerrar a sua carreira
mortal. Há mesmo alguns místicos - segundo leio - que, na Índia, lançam flores ao fogo, num rito
de adoração.
Enquanto isso, os planetas assumem os lugares que lhes competem, na ordem do universo, neste
universo de enigmas a que estamos ligados e no qual por vezes nos arrogamos posições que não
temos - insignificantes que somos, na tremenda grandiosidade total.
Ainda há uns dias a reflexão e o arrependimento: por que não os utilizaremos? Se o fim do mundo
não for em fevereiro, todos teremos fim, em qualquer mês...
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Não há dúvida alguma que o Brasil é um país muito rico. Nós que nele vivemos; não nos
apercebemos bem disso, e até, ao contrário, o supomos muito pobre, pois a toda hora e a todo
instante, estamos vendo o governo lamentar-se que não faz isto ou não faz aquilo por falta de
verba.
Nas ruas da cidade, nas mais centrais até, andam pequenos vadios, a cursar a perigosa
universidade da calariça das sarjetas, aos quais o governo não dá destino, o os mete num asilo,
num colégio profissional qualquer, porque não tem verba, não tem dinheiro. É o Brasil rico…
Surgem epidemias pasmosas, a matar e a enfermar milhares de pessoas, que vêm mostrar a falta
de hospitais na cidade, a má localização dos existentes. Pede-se à construção de outros bem
situados; e o governo responde que não pode fazer porque não tem verba, não tem dinheiro. E o
Brasil é um país rico.
Anualmente cerca de duas mil mocinhas procuram uma escola anormal ou anormalizada, para
aprender disciplinas úteis. Todos observam o caso e perguntam:
-Se há tantas moças que desejam estudar, por que o governo não aumenta o número de escolas a
elas destinadas?
O governo responde:
- Não aumento porque não tenho verba, não tenho dinheiro.
E o Brasil é um país rico, muito rico…
As notícias que chegam das nossas guarnições fronteiriças, são desoladoras. Não há quartéis; os
regimentos de cavalaria não tem cavalos, etc; etc.
- Mas que faz o governo, raciocina Brás Bocó, que não constrói quartéis e não compra
cavalhadas?
O doutor Xisto Beldroegas, funcionário respeitável do governo acode logo:
- — Não há verba; o governo não tem dinheiro
- — E o Brasil é um país rico; e tão rico é ele, que apesar de não cuidar dessas coisas que vim
enumerando, vai dar trezentos contos para alguns latagões irem ao estrangeiro divertir-se com os
jogos de bola como se fossem crianças de calças curtas, a brincar nos recreios dos colégios.
O Brasil é um país rico…

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O homem acorda da anestesia e olha em volta. Ainda está na sala de recuperação. Há uma
enfermeira do seu lado. Ele pergunta se foi tudo bem.
– Tudo perfeito - diz a enfermeira, sorrindo.
– Eu estava com medo desta operação...
– Por quê? Não havia risco nenhum.
– Comigo, sempre há risco. Minha vida tem sido uma série de enganos... E conta que os enganos
começaram com seu nascimento.
Houve uma troca de bebês no berçário e ele foi criado até os dez anos por um casal de orientais,
que nunca entenderam o fato de terem um filho claro com olhos redondos. Descoberto o erro, ele
fora viver com seus verdadeiros pais. Ou com sua verdadeira mãe, pois o pai abandonara a mulher
depois que esta não soubera explicar o nascimento de um bebê chinês.
– E o meu nome? Outro engano.
– Seu nome não é Lírio?
– Era para ser Lauro. Se enganaram no cartório e... Os enganos se sucediam.
Na escola, vivia recebendo castigo pelo que não fazia. Fizera o vestibular com sucesso, mas não
conseguira entrar na universidade. O computador se enganara, seu nome não apareceu na lista.
– Há anos que a minha conta do telefone vem com cifras incríveis. No mês passado tive que pagar
mais de R$ 3 mil.
– O senhor não faz chamadas interurbanas?
– Eu não tenho telefone!
Conhecera sua mulher por engano. Ela o confundira com outro. Não foram felizes.
– Por quê?
– Ela me enganava.
Fora preso por engano. Várias vezes. Recebia intimações para pagar dívidas que não fazia. Até
tivera uma breve, louca alegria, quando ouvira o médico dizer: - O senhor está desenganado. Mas
também fora um engano do médico. Não era tão grave assim. Uma simples apendicite.
– Se você diz que a operação foi bem...
A enfermeira parou de sorrir.
– Apendicite? - perguntou, hesitante.
– É. A operação era para tirar o apêndice.
– Não era para trocar de sexo?

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Fizeram a gente acreditar que amor mesmo, amor pra valer, só acontece
uma vez, geralmente antes dos 30 anos. Não nos contaram que amor não
é acionado nem chega com hora marcada.
Fizeram a gente acreditar que cada um de nós é a metade de uma
laranja, e que a vida só ganha sentido quando encontramos a outra
metade. Não contaram que já nascemos inteiros, que ninguém em nossa
vida merece carregar nas costas a responsabilidade de completar o que
nos falta: a gente cresce através da gente mesmo. Se estivermos em boa
companhia, é só mais agradável.
Fizeram a gente acreditar numa fórmula chamada “dois em um”, duas
pessoas pensando igual, agindo igual, que isso era que funcionava. Não
nos contaram que isso tem nome: anulação. Que só sendo indivíduos
com personalidade própria é que poderemos ter uma relação saudável.
Fizeram a gente acreditar que casamento é obrigatório e que desejos
fora de hora devem ser reprimidos.
Fizeram a gente acreditar que os bonitos e magros são mais amados,
que sempre haverá um chinelo velho para um pé torto. Só não disseram
que existe muito mais cabeça torta do que pé torto.
Fizeram a gente acreditar que só há uma fórmula de ser feliz, a mesma
para todos, e os que escapam dela estão condenados à marginalidade.
Não nos contaram que estas fórmulas dão errado, frustram as pessoas,
são alienantes, e que podemos tentar outras alternativas. Ah, nem
contaram que ninguém vai contar. Cada um vai ter que descobrir
sozinho. E aí, quando você estiver muito apaixonado por você mesmo, vai
poder ser muito feliz se apaixonar por alguém.
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Leio no jornal a notícia de que um homem morreu de fome. Um homem de cor


branca, trinta anos presumíveis, pobremente vestido, morreu de fome, sem
socorros, em pleno centro da cidade, permanecendo deitado na calçada durante
setenta e duas horas, para finalmente morrer de fome.
Morreu de fome. Depois de insistentes pedidos de comerciantes, uma ambulância
do Pronto Socorro e uma radiopatrulha foram ao local, mas regressaram sem
prestar auxílio ao homem, que acabou morrendo de fome.
Um homem que morreu de fome. O comissário de plantão (um homem) afirmou
que o caso (morrer de fome) era alçada da Delegacia de Mendicância,
especialista em homens que morrem de fome. E o homem morreu de fome.
O corpo do homem que morreu de fome foi recolhido ao Instituto Médico Legal
sem ser identificado. Nada se sabe dele, senão que morreu de fome. Um homem
morre de fome em plena rua, entre centenas de passantes. Um homem caído na
rua. Um bêbado. Um vagabundo. Um mendigo, um anormal, um tarado, um pária,
um marginal, um proscrito, um bicho, uma coisa – não é homem. E os outros
homens cumprem deu destino de passantes, que é o de passar. Durante setenta e
duas horas todos passam, ao lado do homem que morre de fome, com um olhar
de nojo, desdém, inquietação e até mesmo piedade, ou sem olhar nenhum, e o
homem continua morrendo de fome, sozinho, isolado, perdido entre os homens,
sem socorro e sem perdão.
Não é de alçada do comissário, nem do hospital, nem da radiopatrulha, por que
haveria de ser da minha alçada? Que é que eu tenho com isso? Deixa o homem
morrer de fome.
E o homem morre de fome. De trinta anos presumíveis. Pobremente vestido.
Morreu de fome, diz o jornal. Louve-se a insistência dos comerciantes, que jamais
morrerão de fome, pedindo providências às autoridades. As autoridades nada
mais puderam fazer senão remover o corpo do homem. Deviam deixar que
apodrecesse, para escarmento dos outros homens. Nada mais puderam fazer
senão esperar que morresse de fome.
E ontem, depois de setenta e duas horas de inanição em plena rua, no centro
mais movimentado da cidade do Rio de Janeiro, um homem morreu de fome.
Morreu de fome.
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Leio no jornal a notícia de que um homem morreu de fome. Um homem de cor


branca, trinta anos presumíveis, pobremente vestido, morreu de fome, sem
socorros, em pleno centro da cidade, permanecendo deitado na calçada durante
setenta e duas horas, para finalmente morrer de fome.
Morreu de fome. Depois de insistentes pedidos de comerciantes, uma ambulância
do Pronto Socorro e uma radiopatrulha foram ao local, mas regressaram sem
prestar auxílio ao homem, que acabou morrendo de fome.
Um homem que morreu de fome. O comissário de plantão (um homem) afirmou
que o caso (morrer de fome) era alçada da Delegacia de Mendicância,
especialista em homens que morrem de fome. E o homem morreu de fome.
O corpo do homem que morreu de fome foi recolhido ao Instituto Médico Legal
sem ser identificado. Nada se sabe dele, senão que morreu de fome. Um homem
morre de fome em plena rua, entre centenas de passantes. Um homem caído na
rua. Um bêbado. Um vagabundo. Um mendigo, um anormal, um tarado, um pária,
um marginal, um proscrito, um bicho, uma coisa – não é homem. E os outros
homens cumprem deu destino de passantes, que é o de passar. Durante setenta e
duas horas todos passam, ao lado do homem que morre de fome, com um olhar
de nojo, desdém, inquietação e até mesmo piedade, ou sem olhar nenhum, e o
homem continua morrendo de fome, sozinho, isolado, perdido entre os homens,
sem socorro e sem perdão.
Não é de alçada do comissário, nem do hospital, nem da radiopatrulha, por que
haveria de ser da minha alçada? Que é que eu tenho com isso? Deixa o homem
morrer de fome.
E o homem morre de fome. De trinta anos presumíveis. Pobremente vestido.
Morreu de fome, diz o jornal. Louve-se a insistência dos comerciantes, que jamais
morrerão de fome, pedindo providências às autoridades. As autoridades nada
mais puderam fazer senão remover o corpo do homem. Deviam deixar que
apodrecesse, para escarmento dos outros homens. Nada mais puderam fazer
senão esperar que morresse de fome.
E ontem, depois de setenta e duas horas de inanição em plena rua, no centro
mais movimentado da cidade do Rio de Janeiro, um homem morreu de fome.
Morreu de fome.

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