O documento descreve os principais meios de prova no processo penal português, incluindo prova testemunhal, declarações do arguido, assistente e partes civis, e meios de obtenção de prova como exames, revistas, apreensões e escutas telefónicas. Detalha os direitos e deveres das testemunhas no processo, assim como as regras para a inquirição de testemunhas e do primeiro interrogatório judicial do arguido detido.
O documento descreve os principais meios de prova no processo penal português, incluindo prova testemunhal, declarações do arguido, assistente e partes civis, e meios de obtenção de prova como exames, revistas, apreensões e escutas telefónicas. Detalha os direitos e deveres das testemunhas no processo, assim como as regras para a inquirição de testemunhas e do primeiro interrogatório judicial do arguido detido.
O documento descreve os principais meios de prova no processo penal português, incluindo prova testemunhal, declarações do arguido, assistente e partes civis, e meios de obtenção de prova como exames, revistas, apreensões e escutas telefónicas. Detalha os direitos e deveres das testemunhas no processo, assim como as regras para a inquirição de testemunhas e do primeiro interrogatório judicial do arguido detido.
O documento descreve os principais meios de prova no processo penal português, incluindo prova testemunhal, declarações do arguido, assistente e partes civis, e meios de obtenção de prova como exames, revistas, apreensões e escutas telefónicas. Detalha os direitos e deveres das testemunhas no processo, assim como as regras para a inquirição de testemunhas e do primeiro interrogatório judicial do arguido detido.
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Prova Em Processo Penal
Formadora: Natacha Esteves
Objectivos Gerais Pretende-se que os Formandos entendam, enquadrem e identifiquem o Processo Penal como parte integrante do Direito, o seu papel e quais as suas consequências sociais, sem perder de vista a necessidade de contraposição e consideração dos interesses divergentes entre os sujeitos processuais. Objectivos Específicos Pretende-se que os Formandos distingam os vários meios de prova em Processo Penal, os vários meios de obtenção de prova em Processo Penal, bem como, interpretem o Código De Processo Penal. Conteúdo Programático 1. Meios De Prova Em Processo Penal: 1.1 Prova Testemunhal 1.2 Declarações Do Arguido, Assistente E Partes Civis 1.3 Prova Por Acareação 1.4 Prova Por Reconhecimento 1.5 Reconstituição Do Facto 1.6 Prova Pericial 1.7 Prova Documental Conteúdo Programático 2. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal: 2.1 Exames 2.2 Revistas E Buscas 2.3 Apreensões 2.4 Escutas Telefónicas 3. Legislação Aplicável Meios De Prova Em Processo Penal Constituem objecto da prova todos os factos juridicamente relevantes para a existência ou inexistência do crime, a punibilidade ou não punibilidade do Arguido e a determinação da pena ou da medida de segurança aplicáveis, pelos termos do artigo 124.º, n.º1 do CPP.
Se houver lugar a pedido civil (pedido de indemnização cível),
constituem igualmente objecto da prova os factos relevantes para a determinação da responsabilidade civil, pelo disposto no artigo 124.º, n.º2 do CPP. Meios De Prova Em Processo Penal 1.1 Prova Testemunhal 1.1.1 Objecto E Limites Do Depoimento: A Testemunha é inquirida sobre factos de que possua conhecimento directo e que constituam objecto da prova, excepto quando a lei dispuser diferentemente, antes do momento de o Tribunal proceder à determinação da pena/da medida de segurança aplicáveis, a inquirição sobre factos relativos à personalidade e ao carácter do Arguido, bem como, às suas condições pessoais e à sua conduta anterior, só é permitida na medida do indispensável para a prova de elementos constitutivos do crime, nomeadamente, da culpa do agente, para a aplicação de medida de coacção ou de garantia patrimonial. Meios De Prova Em Processo Penal 1.1 Prova Testemunhal 1.1.2 Depoimento Indirecto: Se se tratar de um depoimento indirecto, ou seja, se o depoimento resultar do que se ouviu dizer a pessoas determinadas, o Juiz pode chamar estas pessoas a depor. Porém, se o não fizer, o depoimento produzido não pode, naquela parte, servir como meio de prova, excepto se a inquirição das pessoas indicadas não for possível por morte, anomalia psíquica superveniente ou impossibilidade de serem encontradas assim como, no caso em que o depoimento resultar da leitura de documento de autoria de pessoa diversa da Testemunha. Meios De Prova Em Processo Penal Todavia, não pode, em momento algum, servir como meio de prova o depoimento de quem recusar ou, não estiver em condições, de indicar a pessoa ou a fonte através das quais tomou conhecimento dos factos. Meios De Prova Em Processo Penal 1.1 Prova Testemunhal 1.1.3 Capacidade E Dever De Testemunhar: Qualquer pessoa tem capacidade para ser Testemunha, desde que, tenha aptidão mental para depor sobre os factos que constituam objecto da prova e só pode recusar-se em determinadas circunstâncias. A autoridade judiciária verifica a aptidão física ou mental de qualquer pessoa para prestar testemunho, quando isso for necessário para avaliar da sua credibilidade e puder ser feito sem “atrasar” a marcha normal do processo. Meios De Prova Em Processo Penal Tratando-se de depoimento de menor de 18 (Dezoito) anos, em crimes contra a liberdade e autodeterminação sexual de menores, pode ter lugar perícia sobre a personalidade. Meios De Prova Em Processo Penal 1.1 Prova Testemunhal 1.1.4 Direitos E Deveres Das Testemunhas: A Testemunha tem os seguintes deveres: . Apresentar-se, no tempo e no lugar devidos, à autoridade por quem tiver sido legitimamente convocada ou notificada, mantendo-se à disposição desta até ser por ela dispensada; . Prestar juramento, quando ouvida por autoridade judiciária; . Obedecer às indicações que legitimamente lhe forem dadas quanto à forma de prestar depoimento; . Responder com verdade às questões que lhe forem colocadas. Meios De Prova Em Processo Penal Quando das respostas puder ou resultar a sua responsabilização penal, a testemunha não está obrigada a responder às questões que lhe forem colocadas.
Para efeitos de notificação, a Testemunha poderá indicar a sua
morada de residência, do seu local de trabalho ou outra à sua escolha.
A Testemunha sempre que prestar depoimento poderá fazer-se
acompanhar de Advogado. Meios De Prova Em Processo Penal Neste caso, o Advogado que a acompanhar, sempre que julgar necessário e mesmo em situações de acto vedado ao público, deverá informá-la dos direitos que lhe assistem, sem intervir na inquirição.
Todavia, o Advogado que acompanhar a Testemunha não poderá
ser defensor oficioso ou mandatário de Arguido naquele processo crime. Meios De Prova Em Processo Penal Estão impedidos de depor como Testemunhas: . O Arguido e os Co-Arguidos no mesmo processo ou em processos conexos, enquanto mantiverem aquela qualidade; . As pessoas que se tiverem constituído Assistentes, a partir do momento da constituição; . As Partes Civis; . Os Peritos, em relação às perícias que tiverem realizado; . O Legal Representante da pessoa colectiva ou, entidade equiparada no processo em que ela for Arguida. Meios De Prova Em Processo Penal Nota: Porém, em caso de separação de processos, os Arguidos que tenham praticado o mesmo crime ou um crime conexo, mesmo já condenados por sentença transitada em julgado, só podem depor como Testemunhas se expressamente o consentirem. Meios De Prova Em Processo Penal Podem recusar-se a depor como Testemunhas: . Os descendentes, os ascendentes, os irmãos, os afins até ao 2.º grau, os adoptantes, os adoptados e o cônjuge do Arguido; . Quem tiver sido cônjuge do Arguido ou quem, sendo de outro ou do mesmo sexo, com ele conviver ou tiver convivido em condições análogas às dos cônjuges, relativamente a factos ocorridos durante o casamento ou a coabitação; . O membro do órgão da pessoa colectiva ou da entidade equiparada que não é representante da mesma no processo em que ela seja Arguida. Meios De Prova Em Processo Penal Sempre que à Testemunha exista a faculdade de se recusar a depor, a entidade competente (ex: OPC) para receber o depoimento terá de obrigatoriamente adverti-la de que poderá recusar-se, sob pena de nulidade do depoimento, sendo que, esta advertência deverá ficar consignada em acta ou no auto de inquirição. Todavia, podem também pedir escusa de depor como Testemunhas os ministros de religião (ex: pessoa autorizada pela igreja/organização religiosa a realizar funções clericais) ou confissão religiosa, Advogados, Médicos, Jornalistas, membros de instituições de crédito e as demais pessoas a quem a lei permitir ou impuser que guarde segredo profissional. Meios De Prova Em Processo Penal Regras da inquirição (artigo 138.º do CPP): 1.º Identificação da Testemunha, bem como, das suas relações de parentesco e de interesse com o Arguido, Assistente, Partes Civis e outras Testemunhas; 2.º Prestar juramento perante autoridade judiciária (ex: MP, JIC, Juiz); 3.º Se prestar depoimento perante oficial de justiça, este, deverá advertir, previamente, a Testemunha, do dever de verdade; 4.º Carácter pessoal do depoimento, que não pode, em caso algum, ser feito por intermédio de procurador; Meios De Prova Em Processo Penal 5.º Proibição de questões sugestivas ou impertinentes; 6.º Se for conveniente poderá exibir-se peças do processo (ex: anterior inquirição, fotografias, mensagens). Meios De Prova Em Processo Penal 1.2 Declarações Do Arguido, Assistente E Partes Civis 1.2.1 Declarações Do Arguido: Sempre que o Arguido prestar declarações, ainda que detido ou preso, o mesmo deve encontrar-se livre na sua pessoa, excepto se forem necessárias cautelas para prevenir o perigo de fuga ou de actos violentos.
O Arguido nunca, em momento algum, presta juramento.
Meios De Prova Em Processo Penal 1.2 Declarações Do Arguido, Assistente E Partes Civis 1.2.2 Primeiro Interrogatório Judicial De Arguido Detido: O Arguido detido que não deva ser de imediato julgado, é interrogado pelo JIC no prazo máximo de 48 (Quarenta e oito) horas após a detenção, logo que for presente com a indicação dos motivos da detenção, bem como, das provas que fundamentam a detenção.
O referido interrogatório é feito exclusivamente pelo JIC, com a
assistência do MP, do seu defensor e do funcionário de justiça. Meios De Prova Em Processo Penal Desta forma, não é admitida a presença de qualquer outra pessoa, excepto se por questões de segurança o Arguido deva ser guardado à vista.
O Arguido é perguntado pelo seu nome, filiação, freguesia e
concelho de naturalidade, data de nascimento, estado civil, profissão, residência, local de trabalho, sendo-lhe exigida, se necessário, a exibição de documento oficial bastante de identificação, porém, o Arguido deve ser advertido de que a falta de resposta a estas perguntas ou a falsidade das respostas o pode fazer incorrer em responsabilidade criminal. Meios De Prova Em Processo Penal De seguida, o JIC informa o Arguido: . Dos direitos referidos no artigo 61.º, n.º1 do CPP, explicando- lhos se isso for necessário; . De que não exercendo o direito ao silêncio as declarações que prestar poderão ser utilizadas no processo, mesmo que seja julgado na ausência, ou não preste declarações em audiência de julgamento, estando estas declarações sujeitas à livre apreciação da prova; . Dos motivos da detenção; Meios De Prova Em Processo Penal . Dos factos que lhe são concretamente imputados, incluindo, sempre que forem conhecidas, as circunstâncias de tempo, lugar e modo; . Dos elementos do processo que indiciam os factos imputados, desde e sempre que a sua comunicação não puser em causa a investigação, não dificultar a descoberta da verdade nem criar perigo para a vida, a integridade física ou psíquica ou a liberdade dos participantes processuais ou das vítimas do crime, ficando todas as informações, a constar do auto de interrogatório. Meios De Prova Em Processo Penal Optando o Arguido por prestar declarações, o mesmo pode confessar ou negar os factos/a sua participação nos factos que lhe são imputados bem como, indicar as causas que possam excluir a ilicitude/culpa ou de quaisquer circunstâncias que possam relevar para a determinação da sua responsabilidade ou da medida da sanção.
Durante o referido interrogatório, o MP e o defensor, sem prejuízo
do direito de arguir nulidades, abstêm-se de qualquer interferência, podendo o JIC permitir que suscitem pedidos de esclarecimento das respostas dadas pelo Arguido. Meios De Prova Em Processo Penal Findo o interrogatório, podem requerer ao JIC que formule ao Arguido as questões que entenderem relevantes para a descoberta da verdade, sendo que, neste caso, o JIC decide, por despacho irrecorrível, se o requerimento há-de ser feito na presença do Arguido e sobre a relevância das perguntas.
O interrogatório do Arguido é efetuado, em regra, através de
registo de áudio ou audiovisual, só podendo ser utilizados outros meios, quando os meios supra mencionados não estiverem disponíveis, o que deverá ficar a constar do auto. Meios De Prova Em Processo Penal Sempre que, haja lugar a registo de áudio ou audiovisual devem ser consignados no auto o início e o termo da gravação de cada declaração. Meios De Prova Em Processo Penal 1.2 Declarações Do Arguido, Assistente E Partes Civis 1.2.3 Outros Interrogatórios De Arguido: Os subsequentes interrogatórios de Arguido preso e os interrogatórios de Arguido em liberdade são feitos: . Na fase de Inquérito pelo MP; . Na fase de Instrução e de Julgamento pelo respectivo Juiz.
Na fase de Inquérito, os interrogatórios podem também ser feitos
por OPC, no qual, o MP tenha delegado a sua realização. Meios De Prova Em Processo Penal Os interrogatórios de Arguido preso são sempre feitos com assistência/presença do defensor.
A entidade que proceder ao interrogatório de Arguido em
liberdade informa-o previamente de que tem o direito de ser assistido por Advogado. Meios De Prova Em Processo Penal 1.2 Declarações Do Arguido, Assistente E Partes Civis 1.2.4 Declarações Do Assistente E Partes Civis: Ao Assistente e às Partes Civis podem ser tomadas declarações a requerimento seu, do Arguido ou sempre que a autoridade judiciária o entender por conveniente.
O Assistente e as Partes Civis ficam sujeitos ao dever de verdade e
a responsabilidade criminal pela violação deste dever. Meios De Prova Em Processo Penal A prestação de declarações pelo Assistente e pelas Partes Civis fica sujeita ao regime de prestação da prova testemunhal, excepto no que lhe for manifestamente inaplicável e no que a lei dispuser de forma diferente, para além, de que, a prestação de declarações pelo Assistente e pelas Partes Civis não é precedida de juramento.
Para os efeitos de notificação por via postal simples, o Denunciante
com a faculdade de se constituir Assistente, o Assistente e as Partes Civis indicam para efeitos de notificação o seu domicílio pessoal, o seu domicílio profissional ou outro local à sua escolha. Meios De Prova Em Processo Penal A indicação de local para efeitos de notificação, é acompanhada da advertência de que as posteriores notificações serão feitas para a morada indicada, excepto se for comunicada outra, através de requerimento entregue ou remetido por via postal registada à secretaria onde os autos se encontrem a correr nesse momento. Meios De Prova Em Processo Penal 1.3 Prova Por Acareação: É admissível acareação entre Co-Arguidos, entre o Arguido e o Assistente, entre Testemunhas ou entre estas, o Arguido e o Assistente sempre que houver contradição entre as suas declarações e a diligência se afigurar útil à descoberta da verdade.
O supra referido é correspondentemente aplicável às Partes Civis.
A acareação tem lugar oficiosamente ou a requerimento.
Meios De Prova Em Processo Penal A entidade que presidir à diligência, após reproduzir as declarações, pede às pessoas acareadas que as confirmem ou modifiquem e, quando necessário, que contestem as das outras pessoas, formulando-lhes em seguida as perguntas que entender convenientes para o esclarecimento da verdade. Meios De Prova Em Processo Penal 1.4 Prova Por Reconhecimento: Artigo 147.º do CPP – Reconhecimento De Pessoas: Quando houver necessidade de proceder ao reconhecimento de qualquer pessoa, solicita-se à pessoa que deva fazer a identificação que a descreva, com indicação de todos os pormenores de que se recorda.
De seguida, é-lhe perguntado se já a tinha visto antes e em que
condições. Meios De Prova Em Processo Penal Por último, é interrogada sobre outras circunstâncias que possam influir na credibilidade da identificação.
Se a identificação não for cabal, afasta-se quem dever proceder a
ela e chamam-se pelo menos 2 (Duas) pessoas que apresentem as maiores semelhanças possíveis, inclusive de vestuário, com a pessoa a identificar.
Esta última é colocada ao lado delas, devendo, se possível,
apresentar-se nas mesmas condições em que poderia ter sido vista pela pessoa que procede ao reconhecimento. Meios De Prova Em Processo Penal Esta é então chamada e perguntada sobre se reconhece algum dos presentes e, em caso afirmativo, qual.
Se houver razão para crer que a pessoa chamada a fazer a
identificação pode ser intimidada ou perturbada pela efectivação do reconhecimento e este não tiver lugar em audiência, deve o mesmo efectuar-se, se possível, sem que aquela pessoa seja vista pelo identificando. Meios De Prova Em Processo Penal As pessoas que intervierem no processo de reconhecimento são, se nisso consentirem, fotografadas, sendo as fotografias juntas ao auto.
O reconhecimento por fotografia, filme ou gravação realizado no
âmbito da investigação criminal só pode valer como meio de prova quando for seguido de reconhecimento efectuado nos termos supra descritos. Meios De Prova Em Processo Penal As fotografias, filmes ou gravações que se refiram apenas a pessoas que não tiverem sido reconhecidas podem ser juntas ao auto, mediante o respectivo consentimento.
O reconhecimento que não obedecer ao disposto neste artigo não
tem valor como meio de prova, seja qual for a fase do processo em que ocorrer. Meios De Prova Em Processo Penal 1.4 Prova Por Reconhecimento: Artigo 148.º do CPP – Reconhecimento De Objectos: Quando houver necessidade de proceder ao reconhecimento de qualquer objecto relacionado com o crime, procede-se de harmonia com o disposto no artigo 147.º, n.º1 do CPP, em tudo quanto for correspondentemente aplicável.
Se o reconhecimento deixar dúvidas, junta-se o objecto a
reconhecer com pelo menos 2 (Dois) outros semelhantes e pergunta-se à pessoa se reconhece algum de entre eles e, em caso afirmativo, qual. Meios De Prova Em Processo Penal 1.4 Prova Por Reconhecimento: Artigo 149.º do CPP – Pluralidade De Reconhecimento: Quando houver necessidade de proceder ao reconhecimento da mesma pessoa ou do mesmo objecto por mais de 1 (Uma) pessoa, cada uma delas fá-lo separadamente, impedindo-se a comunicação entre elas. Quando houver necessidade de a mesma pessoa reconhecer várias pessoas ou vários objectos, o reconhecimento é feito separadamente para cada pessoa ou cada objecto. É correspondentemente aplicável o disposto no artigo 147.º e no artigo 148.º do CPP. Meios De Prova Em Processo Penal 1.5 Reconstituição Do Facto: Quando houver necessidade de determinar se 1 (Um) facto poderia ter ocorrido de certa forma, é admissível a sua reconstituição. Esta consiste na reprodução, tão fiel quanto possível, das condições em que se afirma ou se supõe ter ocorrido o facto e na repetição do modo de realização do mesmo. Meios De Prova Em Processo Penal O despacho que ordenar a reconstituição do facto deve conter uma indicação sucinta do seu objecto, do dia, hora e local em que ocorrerão as diligências e da forma da sua efectivação, eventualmente com recurso a meios audiovisuais. No mesmo despacho pode ser designado perito para execução de operações determinadas.
A publicidade da diligência deve, na medida do possível, ser
evitada. Meios De Prova Em Processo Penal 1.6 Prova Pericial: A prova pericial tem lugar quando a percepção ou a apreciação dos factos exigirem especiais conhecimentos técnicos, científicos ou artísticos. Meios De Prova Em Processo Penal A perícia é realizada em: . Estabelecimento, laboratório ou serviço oficial apropriado; . Quando não for possível de realizar no locais acima descritos, a perícia é realizada por Perito nomeado de entre pessoas constantes de listas de Peritos existentes em cada comarca, ou, na sua falta ou impossibilidade de resposta em tempo útil, por pessoa de honorabilidade e de reconhecida competência na matéria em causa. Quando a perícia se revelar de especial complexidade ou exigir conhecimentos de matérias distintas, pode ser deferida a vários Peritos funcionando em moldes colegiais ou interdisciplinares. Meios De Prova Em Processo Penal O Perito é obrigado a desempenhar a função para que tiver sido competentemente nomeado.
O Perito nomeado pode pedir escusa com base na falta de
condições indispensáveis para realização da perícia e pode ser recusado, pelos mesmos fundamentos, pelo MP, pelo Arguido, pelo Assistente ou pelas Partes Civis, sem prejuízo, porém, da realização da perícia se for urgente ou houver perigo na demora. Meios De Prova Em Processo Penal O Perito pode ser substituído pela autoridade judiciária que o tiver nomeado quando não apresentar o relatório no prazo fixado ou quando desempenhar de forma negligente o encargo que lhe foi cometido, sendo que, a decisão de substituição do Perito é irrecorrível.
Efectuada a substituição, o Perito substituído é notificado para
comparecer perante a autoridade judiciária competente e expor as razões por que não cumpriu o encargo. Meios De Prova Em Processo Penal Se a autoridade judiciária considerar que existe uma violação grosseira dos deveres que ao Perito substituído incumbiam, o Juiz, oficiosamente ou a requerimento, condena-o ao pagamento de uma soma entre 1 UC e 6 UC. Meios De Prova Em Processo Penal A perícia é ordenada, oficiosamente ou a requerimento, por despacho da autoridade judiciária, contendo a indicação do objecto da perícia e os quesitos a que os Peritos devem responder, bem como, a indicação da instituição, laboratório ou o nome dos Peritos que realizarão a perícia.
A autoridade judiciária deve transmitir à instituição, ao laboratório
ou aos Peritos, consoante os casos, toda a informação relevante à realização da perícia, bem como, a sua actualização superveniente, sempre que eventuais alterações processuais modifiquem a pertinência do pedido ou o objecto da perícia. Meios De Prova Em Processo Penal Quando se tratar de perícia sobre características físicas ou psíquicas de pessoa que não haja prestado consentimento, o despacho previsto anteriormente é da competência do Juiz, que pondera a necessidade da sua realização, tendo em conta o direito à integridade pessoal e à reserva da intimidade do visado.
O referido despacho é notificado ao MP, quando este não for o seu
autor, ao Arguido, ao Assistente e às Partes Civis, com a antecedência mínima de 3 (Três) dias sobre a data indicada para a realização da perícia. Meios De Prova Em Processo Penal Mas aqui ressalvam-se os casos: . Em que a perícia tiver lugar no decurso do inquérito e a autoridade judiciária que a ordenar tiver razões para crer que o conhecimento dela ou dos seus resultados, pelo Arguido, pelo Assistente ou pelas Partes Civis, poderia prejudicar as finalidades do inquérito; . De urgência ou de perigo na demora. Meios De Prova Em Processo Penal Ordenada a perícia, o MP, o Arguido, o Assistente e as Partes Civis podem designar para assistir à realização da mesma, se isso ainda for possível, 1 (Um) Consultor Técnico da sua confiança.
O Consultor Técnico pode propor a efectivação de determinadas
diligências e formular observações e objecções, que ficam a constar do auto. Meios De Prova Em Processo Penal Se o Consultor Técnico for designado após a realização da perícia, pode tomar conhecimento do relatório, excepto em casos de urgência ou de perigo na demora para a realização da perícia.
A designação de Consultor Técnico e o desempenho da sua função
não podem atrasar a realização da perícia e o andamento normal do processo. Meios De Prova Em Processo Penal Os Peritos prestam compromisso, podendo a autoridade judiciária competente, oficiosamente ou a requerimento dos Peritos ou dos Consultores Técnicos, formular quesitos quando a sua existência se revelar conveniente.
A autoridade judiciária assiste, sempre que possível e conveniente,
à realização da perícia, podendo a autoridade que a tiver ordenado permitir também a presença do Arguido e do Assistente, salvo se a perícia for susceptível de ofender o pudor. Meios De Prova Em Processo Penal Se os Peritos carecerem de quaisquer diligências ou esclarecimentos, requerem que essas diligências se pratiquem ou esses esclarecimentos lhes sejam fornecidos, podendo, com essa finalidade, ter acesso a quaisquer actos ou documentos do processo.
Sempre que o despacho que ordena a perícia não contiver os
elementos necessários, os Peritos devem obrigatoriamente requerer as diligências ou esclarecimentos, que devem ser praticadas ou fornecidos, consoante os casos, no prazo máximo de 5 (Cinco) dias. Meios De Prova Em Processo Penal Os elementos de que o perito tome conhecimento no exercício das suas funções só podem ser utilizados dentro do objecto e das finalidades da perícia.
Quando se tratar de perícia sobre características físicas ou
psíquicas de pessoa que não haja prestado consentimento, a perícia é realizada por médico ou outra pessoa legalmente autorizada e não podem criar perigo para a saúde do visado. Meios De Prova Em Processo Penal Quando se tratar de análises de sangue ou de outras células corporais, os exames efectuados e as amostras recolhidas só podem ser utilizados no processo em curso ou em outro já instaurado, devendo ser destruídos, mediante despacho do Juiz, logo que não sejam necessários. Meios De Prova Em Processo Penal Finda a perícia, os peritos procedem à elaboração de um relatório, no qual mencionam e descrevem as suas respostas e conclusões devidamente fundamentadas.
Aos Peritos podem ser pedidos esclarecimentos pela autoridade
judiciária, pelo Arguido, pelo Assistente, pelas Partes Civis e pelos Consultores Técnicos.
O relatório, elaborado logo em seguida à realização da perícia,
pode ser ditado para o auto. Meios De Prova Em Processo Penal Se o relatório não puder ser elaborado logo em seguida à realização da perícia, é marcado um prazo, não superior a 60 (Sessenta) dias, para a sua apresentação e em casos de especial complexidade, o prazo pode ser prorrogado, a requerimento fundamentado dos Peritos, por mais 30 (Trinta) dias.
Se o conhecimento dos resultados da perícia não for indispensável
para o juízo sobre a acusação ou sobre a pronúncia, pode a autoridade judiciária competente autorizar que o relatório seja apresentado até à abertura da audiência. Meios De Prova Em Processo Penal Se a perícia for realizada por mais de 1 (Um) Perito e houver discordância entre eles, apresenta cada um o seu relatório, o mesmo sucedendo na perícia interdisciplinar, porém, tratando-se de perícia colegial, pode haver lugar a opinião vencedora e opinião vencida. Meios De Prova Em Processo Penal Em qualquer altura do processo pode a autoridade judiciária competente determinar, oficiosamente ou a requerimento, quando isso se revelar de interesse para a descoberta da verdade, que: . Os Peritos sejam convocados para prestarem esclarecimentos complementares, devendo ser-lhes comunicados o dia, a hora e o local em que se efectivará a diligência; ou . Seja realizada nova perícia ou renovada a perícia anterior a cargo de outro ou outros Peritos. Meios De Prova Em Processo Penal Os Peritos dos estabelecimentos, laboratórios ou serviços oficiais são ouvidos por teleconferência a partir do seu local de trabalho, sempre que tal seja tecnicamente possível, sendo tão-só necessária a notificação do dia e da hora a que se procederá à sua audição. Meios De Prova Em Processo Penal As perícias médico-legais e forenses que se insiram nas atribuições do Instituto Nacional De Medicina Legal são realizadas pelas delegações deste e pelos gabinetes médico-legais.
Excepcionalmente, perante manifesta impossibilidade dos serviços,
as perícias referidas acima podem ser realizadas por entidades terceiras, públicas ou privadas, contratadas ou indicadas para o efeito pelo Instituto. Meios De Prova Em Processo Penal Nas comarcas não compreendidas na área de actuação das delegações e dos gabinetes médico-legais em funcionamento, as perícias médico-legais e forenses podem ser realizadas por médicos a contratar pelo Instituto. As perícias médico-legais e forenses solicitadas ao Instituto em que se verifique a necessidade de formação médica especializada noutros domínios e que não possam ser realizadas pelas delegações do Instituto ou pelos gabinetes médico-legais, por aí não existirem Peritos com a formação requerida ou condições materiais para a sua realização, podem ser efectuadas, por indicação do Instituto, por serviço universitário ou de saúde público ou privado. Meios De Prova Em Processo Penal Sempre que necessário, as perícias médico-legais e forenses de natureza laboratorial podem ser realizadas por entidades terceiras, públicas ou privadas, contratadas ou indicadas pelo Instituto.
Todo o disposto referido acima, é correspondente aplicável à
perícia relativa a questões psiquiátricas, na qual podem participar também especialistas em psicologia e criminologia. Meios De Prova Em Processo Penal A perícia psiquiátrica pode ser efectuada a requerimento do representante legal do Arguido, do cônjuge não separado judicialmente de pessoas e bens ou da pessoa, de outro ou do mesmo sexo, que com o Arguido viva em condições análogas às dos cônjuges, dos descendentes e adoptados, ascendentes e adoptantes, ou, na falta deles, dos irmãos e seus descendentes. Meios De Prova Em Processo Penal As perícias médico-veterinárias legais e forenses devem ser realizadas por entidades designadas pela autoridade judiciária, nomeadamente o Instituto Nacional De Investigação Agrária E Veterinária, as faculdades que reúnam as condições para o efeito, bem como médicos veterinários e médicos veterinários municipais.
As perícias médico-veterinárias legais e forenses em que se
verifique a necessidade de formação especializada noutros domínios e que não possam ser realizadas pelas entidades competentes, por aí não existirem Peritos com a formação requerida ou condições materiais para a sua realização, podem ser efetuadas por serviço universitário ou de saúde público ou privado. Meios De Prova Em Processo Penal Sempre que necessário, as perícias médico-veterinárias podem ser realizadas por médicos veterinários ligados a entidades terceiras, públicas ou privadas, ou ser solicitada perícia a outros médicos veterinários especialistas que laborem em entidades públicas ou privadas. Meios De Prova Em Processo Penal Para efeito de avaliação da personalidade e da perigosidade do Arguido pode haver lugar a perícia sobre as suas características psíquicas independentes de causas patológicas, bem como, sobre o seu grau de socialização.
A perícia pode relevar, nomeadamente para a decisão sobre a
revogação da prisão preventiva, a culpa do agente e a determinação da sanção. Meios De Prova Em Processo Penal A perícia deve ser deferida a serviços especializados, incluindo os serviços de reinserção social, ou, quando isso não for possível ou conveniente, a especialistas em criminologia, em psicologia, em sociologia ou em psiquiatria.
Os Peritos podem requerer informações sobre os antecedentes
criminais do Arguido, se delas tiverem necessidade. Meios De Prova Em Processo Penal As perícias referidas entre o artigo 152.º e o artigo 160.º do CPP podem ser realizadas por entidades terceiras que para tanto tenham sido contratadas por quem as tivesse de realizar, desde que, aquelas não tenham qualquer interesse na decisão a proferir ou ligação com o assistente ou com o Arguido.
Quando, por razões técnicas ou de serviço, quem tiver de realizar a
perícia não conseguir, por si ou através de entidades terceiras para tanto contratadas, observar o prazo determinado pela autoridade judiciária, deve imediatamente comunicar-lhe tal facto, para que esta possa determinar a eventual designação de novo Perito. Meios De Prova Em Processo Penal Se os Peritos, para procederem à perícia, precisarem de destruir, alterar ou comprometer gravemente a integridade de qualquer objecto, pedem autorização para tal à entidade que tiver ordenado a perícia.
Concedida a autorização, fica nos autos a descrição exacta do
objecto e, sempre que possível, a sua fotografia; tratando-se de documento, fica a sua fotocópia, devidamente conferida. Meios De Prova Em Processo Penal Sempre que a perícia for feita em estabelecimento ou por Perito não oficial, a entidade que a tiver ordenado fixa a remuneração do Perito em função de tabelas aprovadas pelo Ministério Da Justiça ou, na sua falta, tendo em atenção os honorários correntemente pagos por serviços do género e do relevo dos que foram prestados.
Em caso de substituição do Perito, pode a entidade competente
determinar que não há lugar a remuneração para o substituído. Meios De Prova Em Processo Penal O juízo técnico, científico ou artístico inerente à prova pericial presume-se subtraído à livre apreciação do julgador.
Sempre que a convicção do julgador divergir do juízo contido no
parecer dos peritos, deve aquele fundamentar a divergência. Meios De Prova Em Processo Penal 1.7 Prova Documental: É admissível prova por documento, entendendo-se por tal a declaração, sinal ou notação corporizada em escrito ou qualquer outro meio técnico, nos termos da lei penal. A junção da prova documental é feita oficiosamente ou a requerimento, não podendo juntar-se documento que contiver declaração anónima, salvo se for, ele mesmo, objecto ou elemento do crime. Meios De Prova Em Processo Penal O documento deve ser junto no decurso do Inquérito ou da Instrução e, não sendo isso possível, deve sê-lo até ao encerramento da audiência. Fica assegurada, em qualquer caso, a possibilidade de contraditório, para realização do qual o Tribunal pode conceder um prazo não superior a 8 (Oito) dias. O disposto acima é correspondentemente aplicável a pareceres de Advogados, de Jurisconsultos ou de Técnicos, os quais podem sempre ser juntos até ao encerramento da audiência. Meios De Prova Em Processo Penal Se o documento for escrito em língua estrangeira, é ordenada, sempre que necessário, a sua tradução. Se o documento for dificilmente legível, é feito acompanhar de transcrição que o esclareça e, se for cifrado, é submetido a perícia destinada a obter a sua decifração. Se o documento consistir em registo fonográfico, é, sempre que necessário, transcrito nos autos, podendo o MP, o Arguido, o Assistente e as Partes Civis requerer a conferência, na sua presença, da transcrição. Meios De Prova Em Processo Penal As reproduções fotográficas, cinematográficas, fonográficas ou por meio de processo electrónico e, de um modo geral, quaisquer reproduções mecânicas só valem como prova dos factos ou coisas reproduzidas se não forem ilícitas, nos termos da lei penal. Não se consideram, nomeadamente, ilícitas para os efeitos previstos acima as reproduções mecânicas que obedecerem ao disposto no Título III do CPP. Meios De Prova Em Processo Penal Quando não se puder juntar ao auto ou nele conservar o original de qualquer documento, mas unicamente a sua reprodução mecânica, esta tem o mesmo valor probatório do original, se com ele tiver sido identificada nesse ou noutro processo. Meios De Prova Em Processo Penal Consideram-se provados os factos materiais constantes de documento autêntico ou autenticado enquanto a autenticidade do documento ou a veracidade do seu conteúdo não forem fundadamente postas em causa. Meios De Prova Em Processo Penal O Tribunal pode, oficiosamente ou a requerimento, declarar no dispositivo da sentença, mesmo que esta seja absolutória, um documento junto aos autos como falso, devendo, para tal fim, quando o julgar necessário e sem retardamento sensível do processo, mandar proceder às diligências e admitir a produção da prova necessárias.
Sempre que o Tribunal tiver ficado com fundada suspeita
da falsidade de um documento, transmite cópia deste ao MP, para os efeitos da lei. Meios De Prova Em Processo Penal Quanto à falsidade de um documento pode recorrer-se autonomamente, nos mesmos termos em que poderia recorrer-se da parte restante da sentença. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal 2.1 Exames: Por meio de exames das pessoas, dos lugares, dos animais e das coisas, inspeccionam-se os vestígios que possa ter deixado o crime e todos os indícios relativos ao modo como e ao lugar onde foi praticado, às pessoas que o cometeram ou sobre as quais foi cometido. Assim, logo que houver notícia da prática de crime, providencia-se para evitar, quando possível, que os seus vestígios se apaguem ou alterem antes de serem examinados, proibindo-se, se necessário, a entrada ou o trânsito de pessoas estranhas no local do crime ou quaisquer outros actos que possam prejudicar a descoberta da verdade. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal Se os vestígios deixados pelo crime se encontrarem alterados ou tiverem desaparecido, descreve-se o estado em que se encontram as pessoas, os lugares, os animais e as coisas em que possam ter existido, procurando-se, quanto possível, reconstitui-los e descrevendo-se o modo, o tempo e as causas da alteração ou do desaparecimento.
Enquanto não estiver presente no local a autoridade judiciária ou o
órgão de polícia criminal competentes, cabe a qualquer agente da autoridade tomar provisoriamente as providências necessárias, se de outro modo houver perigo iminente para obtenção da prova. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal Se alguém pretender eximir-se ou obstar a qualquer exame devido ou a facultar animal ou coisa que deva ser objecto de exame, pode ser compelido por decisão da autoridade judiciária competente.
Os exames susceptíveis de ofender o pudor das pessoas devem
respeitar a dignidade e, na medida do possível, o pudor de quem a eles se submeter. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal Ao exame só assistem quem a ele proceder e a autoridade judiciária competente, podendo o examinando fazer-se acompanhar de pessoa da sua confiança, se não houver perigo na demora, e devendo ser informado de que possui essa faculdade. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal A autoridade judiciária ou o OPC competentes podem determinar que alguma ou algumas pessoas se não afastem do local do exame e obrigar, com o auxílio da força pública, se necessário, as que pretenderem afastar-se a que nele se conservem enquanto o exame não terminar e a sua presença for indispensável. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal 2.2 Revistas E Buscas: Quando houver indícios de que alguém oculta na sua pessoa quaisquer animais, coisas ou objectos relacionados com um crime ou que possam servir de prova, é ordenada revista.
Quando houver indícios de que os animais, as coisas ou os objectos
referidos acima, ou o Arguido ou outra pessoa que deva ser detida, se encontram em lugar reservado ou não livremente acessível ao público, é ordenada busca. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal As revistas e as buscas são autorizadas ou ordenadas por despacho pela autoridade judiciária competente, devendo esta, sempre que possível, presidir à diligência, sendo que, o despacho tem um prazo de validade máxima de 30 (Trinta) dias, sob pena de nulidade. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal Ressalvadas as exigências, as revistas e as buscas efectuadas por OPC nos casos: a) De terrorismo, criminalidade violenta ou altamente organizada, quando haja fundados indícios da prática iminente de crime que ponha em grave risco a vida ou a integridade de qualquer pessoa – aqui a realização da diligência é, sob pena de nulidade, imediatamente comunicada ao juiz de instrução e por este apreciada em ordem à sua validação; b) Em que os visados consintam, desde que o consentimento prestado fique, por qualquer forma, documentado; c) Aquando de detenção em flagrante por crime a que corresponda pena de prisão. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal Sendo a pessoa colectiva ou entidade equiparada a visada pela diligência, o consentimento para o efeito só pode ser colhido junto do representante. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal Antes de se proceder a revista é entregue ao visado, cópia do despacho que a determinou, no qual se faz menção de que aquele pode indicar, para presenciar a diligência, pessoa da sua confiança e que se apresente sem delonga.
A revista deve respeitar a dignidade pessoal e, na medida do
possível, o pudor do visado. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal Antes de se proceder a busca, é entregue, a quem tiver a disponibilidade do lugar em que a diligência se realiza, cópia do despacho que a determinou, na qual se faz menção de que pode assistir à diligência e fazer-se acompanhar ou substituir por pessoa da sua confiança e que se apresente sem delonga.
Na falta das pessoas referidas acima, a cópia é, sempre que
possível, entregue a um parente, a um vizinho, ao porteiro ou a alguém que o substitua. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal Juntamente com a busca ou durante ela pode proceder-se a revista de pessoas que se encontrem no lugar, se quem ordenar ou efectuar a busca tiver razões para presumir que se verificam os pressupostos do artigo 174.º, n.º1 do CPP. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal A busca em casa habitada ou numa sua dependência fechada só pode ser ordenada ou autorizada pelo juiz e efectuada entre as 7 e as 21 horas, sob pena de nulidade.
Entre as 21 e as 7 horas, a busca domiciliária só pode ser realizada
nos casos de: a) Terrorismo ou criminalidade especialmente violenta ou altamente organizada; b) Consentimento do visado, documentado por qualquer forma; c) Flagrante delito pela prática de crime punível com pena de prisão superior, no seu máximo, a 3 (Três) anos. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal As buscas domiciliárias podem também ser ordenadas pelo MP ou ser efectuadas por OPC: a) Nos casos referidos no artigo 174.º, n.º5 do CPP, entre as 7 e as 21 horas; b) Nos casos referidos nas alíneas b) e c) do diapositivo anterior, entre as 21 e as 7 horas. É correspondentemente aplicável o disposto no artigo 174.º, n.º6 do CPP nos casos em que a busca domiciliária for efectuada por OPC sem consentimento do visado e fora de flagrante delito. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal Tratando-se de busca em escritório de advogado ou em consultório médico, ela é, sob pena de nulidade, presidida pessoalmente pelo Juiz, o qual avisa previamente o presidente do conselho local da Ordem Dos Advogados ou da Ordem Dos Médicos, para que o mesmo, ou um seu delegado, possa estar presente.
Tratando-se de busca em estabelecimento oficial de saúde, o aviso
acima é feito ao presidente do conselho directivo ou de gestão do estabelecimento ou a quem legalmente o substituir. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal 2.3 Apreensões: São apreendidos os instrumentos, produtos ou vantagens relacionados com a prática de um facto ilícito típico, e bem assim todos os animais, as coisas e os objectos que tiverem sido deixados pelo agente no local do crime ou quaisquer outros susceptíveis de servir a prova. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal Os instrumentos, produtos ou vantagens e demais objectos apreendidos nos termos do diapositivo anterior são juntos ao processo, quando possível, e, quando não, confiados à guarda do funcionário de justiça adstrito ao processo ou de um depositário, de tudo se fazendo menção no auto, devendo os animais apreendidos ser confiados à guarda de depositários idóneos para a função com a possibilidade de serem ordenadas as diligências de prestação de cuidados, como a alimentação e demais deveres previstos no CC. As apreensões são autorizadas, ordenadas ou validadas por despacho da autoridade judiciária. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal Os OPC podem efectuar apreensões no decurso de revistas ou de buscas ou quando haja urgência ou perigo na demora. Os OPC podem ainda efectuar apreensões quando haja fundado receio de desaparecimento, destruição, danificação, inutilização, ocultação ou transferência de animais, instrumentos, produtos ou vantagens ou outros objectos ou coisas provenientes da prática de um facto ilícito típico susceptíveis de serem declarados perdidos a favor do Estado. As apreensões efectuadas por OPC são sujeitas a validação pela autoridade judiciária, no prazo máximo de 72 (Setenta e duas) horas. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal Os titulares de instrumentos, produtos ou vantagens ou outros objectos ou coisas ou animais apreendidos podem requerer ao Juiz a modificação ou a revogação da medida. O requerimento a que se refere o número anterior é autuado por apenso, notificando-se o MP para, em 10 (Dez) dias, deduzir oposição. Se os instrumentos, produtos ou vantagens ou outros objectos ou coisas ou animais apreendidos forem susceptíveis de ser declarados perdidos a favor do Estado e não pertencerem ao arguido, a autoridade judiciária ordena a presença do interessado e ouve-o. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal A autoridade judiciária prescinde da presença do interessado quando esta não for possível.
Realizada a apreensão, é promovido o respectivo registo nos casos
e nos termos previstos na legislação registal aplicável e nestes casos, havendo sobre o bem registo de aquisição ou de reconhecimento do direito de propriedade ou da mera posse a favor de pessoa diversa da que no processo for considerada titular do mesmo, antes de promover o registo da apreensão a autoridade judiciária notifica o titular inscrito para que, querendo, se pronuncie no prazo de 10 (Dez) dias. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal Sob pena de nulidade, o Juiz pode autorizar ou ordenar, por despacho, a apreensão, mesmo nos CTT e de telecomunicações, de cartas, encomendas, valores, telegramas ou qualquer outra correspondência, quando tiver fundadas razões para crer que: a) A correspondência foi expedida pelo suspeito ou lhe é dirigida, mesmo que sob nome diverso ou através de pessoa diversa; b) Está em causa crime punível com pena de prisão superior, no seu máximo, a 3 (Três) anos; c) A diligência se revelará de grande interesse para a descoberta da verdade ou para a prova. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal É proibida, sob pena de nulidade, a apreensão e qualquer outra forma de controlo da correspondência entre o Arguido e o seu Mandatário/Defensor, salvo se o Juiz tiver fundadas razões para crer que aquela constitui objecto ou elemento de um crime. O Juiz que tiver autorizado ou ordenado a diligência é a 1ª pessoa a tomar conhecimento do conteúdo da correspondência apreendida. Se a considerar relevante para a prova, fá-la juntar ao processo; caso contrário, restitui-a a quem de direito, não podendo ela ser utilizada como meio de prova, e fica ligado por dever de segredo relativamente àquilo de que tiver tomado conhecimento e não tiver interesse para a prova. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal À apreensão operada em escritório de advogado ou em consultório médico é correspondentemente aplicável o disposto no artigo 177.º, n.º5 e 6 do CPP.
Nestes casos, não é permitida, sob pena de nulidade, a
apreensão de documentos abrangidos pelo segredo profissional, ou abrangidos por segredo profissional médico, salvo se esses documentos constituírem objecto ou elemento de um crime. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal O Juiz procede à apreensão em bancos ou outras instituições de crédito de documentos, títulos, valores, quantias e quaisquer outros objectos, mesmo que em cofres individuais, quando tiver fundadas razões para crer que eles estão relacionados com um crime e se revelarão de grande interesse para a descoberta da verdade ou para a prova, mesmo que não pertençam ao Arguido ou não estejam depositados em seu nome.
O Juiz pode examinar a correspondência e qualquer documentação
bancárias para descoberta dos objectos a apreender nos termos acima. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal O exame é feito pessoalmente pelo Juiz, coadjuvado, quando necessário, por OPC e por técnicos qualificados, ficando ligados por dever de segredo relativamente a tudo aquilo de que tiverem tomado conhecimento e não tiver interesse para a prova. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal As pessoas indicadas nos artigos 135.º a 137.º do CPP apresentam à autoridade judiciária, quando esta o ordenar, os documentos ou quaisquer objectos que tiverem na sua posse e devam ser apreendidos, salvo se invocarem, por escrito, segredo profissional ou de funcionário ou segredo de Estado. Se a recusa se fundar em segredo profissional ou de funcionário, é aplicável o disposto no artigo 135.º, n.º2 do CPP e no artigo 136.º, n.º2 do CPP. Se a recusa se fundar em segredo de Estado, é aplicável o disposto no artigo 137.º, n.º3 do CPP. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal Aos autos pode ser junta cópia dos documentos apreendidos, restituindo-se nesse caso o original.
Tornando-se necessário conservar o original, dele pode ser feita
cópia ou extraída certidão e entregue a quem legitimamente o detinha, assim, na cópia e na certidão é feita menção expressa da apreensão.
Do auto de apreensão é entregue cópia, sempre que solicitada, a
quem legitimamente detinha o documento ou o objecto apreendidos. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal Sempre que possível, os objectos apreendidos são selados.
Ao levantamento dos selos assistem, sendo possível, as mesmas
pessoas que tiverem estado presentes na sua aposição, as quais verificam se os selos não foram violados nem foi feita qualquer alteração nos objectos apreendidos. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal Se a apreensão respeitar a coisas sem valor, perecíveis, perigosas, deterioráveis ou cuja utilização implique perda de valor ou qualidades, a autoridade judiciária pode ordenar, conforme os casos, a sua venda ou afetação a finalidade pública ou socialmente útil, as medidas de conservação ou manutenção necessárias ou a sua destruição imediata.
Se se tratar de um veículo automóvel, embarcação ou
aeronave, no prazo máximo de 30 (Trinta) dias após a apreensão, a autoridade judiciária profere despacho determinando a sua remessa ao Gabinete De Administração De Bens, dando informação sobre o valor probatório do veículo e sobre a probabilidade da sua perda a favor do Estado. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal Salvo disposição legal em contrário, a autoridade judiciária determina qual a forma a que deve obedecer a venda, de entre as previstas na lei processual civil.
O produto apurado reverte para o Estado após a dedução das
despesas resultantes da guarda, conservação e venda.
Porém, se, tiver sido comunicado ao Gabinete De Administração De
Bens que o veículo automóvel, a embarcação ou a aeronave constitui meio de prova relevante, logo que tal deixe de se verificar, a autoridade judiciária comunica-lhe esse facto. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal Logo que se tornar desnecessário manter a apreensão para efeito de prova, os animais, as coisas ou os objectos apreendidos são restituídos a quem de direito ou, no caso dos animais, a quem tenha sido nomeado seu fiel depositário.
Logo que transitar em julgado a sentença, os animais as coisas ou
os objectos são restituídos a quem de direito, salvo se tiverem sido declarados perdidos a favor do Estado. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal As pessoas a quem devam ser restituídos os animais, as coisas ou os objectos são notificadas para procederem ao seu levantamento no prazo máximo de 60 (Trinta) dias, findo o qual, se não o fizerem, se consideram perdidos a favor do Estado.
Se se revelar comprovadamente impossível determinar a
identidade ou o paradeiro das pessoas referidas acima, procede-se, mediante despacho fundamentado do Juiz, à notificação edital, sendo, nesse caso, de 90 (Noventa) dias o prazo máximo para levantamento dos animais, das coisas ou dos objectos. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal Ressalva-se o caso em que a apreensão de animais, coisas ou objectos pertencentes ao arguido, ao responsável civil ou a terceiro deva ser mantida a título de arresto preventivo.
Porém, quando a restituição ou o arresto respeitarem a bem cuja
apreensão tenha sido previamente registada, é promovido o cancelamento de tal registo e, no segundo caso, o simultâneo registo do arresto. No que respeita à restituição de animais, deve ser sempre salvaguardado que estão reunidas as condições de bem-estar animal previstas na lei. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal 2.4 Escutas Telefónicas: A intercepção e a gravação de conversações ou comunicações telefónicas só podem ser autorizadas durante o Inquérito, se houver razões para crer que a diligência é indispensável para a descoberta da verdade ou que a prova seria, de outra forma, impossível ou muito difícil de obter, por despacho fundamentado do JIC e mediante requerimento do MP, quanto a crimes: a) Puníveis com pena de prisão superior máximo de 3 (Três) anos; b) Relativos ao tráfico de estupefacientes; c) De detenção de arma proibida e de tráfico de armas; d) De contrabando; Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal 2.4 Escutas Telefónicas: A intercepção e a gravação de conversações ou comunicações telefónicas só podem ser autorizadas durante o Inquérito, se houver razões para crer que a diligência é indispensável para a descoberta da verdade ou que a prova seria, de outra forma, impossível ou muito difícil de obter, por despacho fundamentado do JIC e mediante requerimento do MP, quanto a crimes: a) Puníveis com pena de prisão superior máximo de 3 (Três) anos; b) Relativos ao tráfico de estupefacientes; c) De detenção de arma proibida e de tráfico de armas; d) De contrabando; Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal e) De injúria, de ameaça, de coacção, de devassa da vida privada e perturbação da paz e do sossego, quando cometidos através de telefone; f) De ameaça com prática de crime ou de abuso e simulação de sinais de perigo; g) De evasão, quando o Arguido haja sido condenado por algum dos crimes previstos nas alíneas anteriores. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal A autorização pode ser solicitada ao Juiz dos lugares onde eventualmente se puder efectivar a conversação ou comunicação telefónica ou da sede da entidade competente para a investigação criminal, tratando-se dos seguintes crimes: a) Terrorismo, criminalidade violenta ou altamente organizada; b) Sequestro, rapto e tomada de reféns; c) Contra a identidade cultural e integridade pessoal; d) Contra a segurança do Estado; e) Falsificação de moeda ou títulos equiparados a moeda, bem como, contrafacção de cartões ou outros dispositivos de pagamento e uso de cartões ou outros dispositivos de pagamento contrafeitos; Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal f) Abrangidos por convenção sobre segurança da navegação aérea ou marítima.
Nestes casos, a autorização é levada, no prazo máximo de 72
(Setenta e duas) horas, ao conhecimento do Juiz do processo, a quem cabe praticar os actos jurisdicionais subsequentes. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal A intercepção e a gravação só podem ser autorizadas, independentemente da titularidade do meio de comunicação utilizado, contra: a) Suspeito ou arguido; b) Pessoa que sirva de intermediário, relativamente à qual haja fundadas razões para crer que recebe ou transmite mensagens destinadas ou provenientes de suspeito ou arguido; c) Vítima de crime, mediante o respectivo consentimento, efectivo ou presumido. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal É proibida a intercepção e a gravação de conversações ou comunicações entre o Arguido e o seu Mandatário/Defensor, excepto se o Juiz tiver fundadas razões para crer que elas constituem objecto ou elemento de crime.
A intercepção e a gravação de conversações ou comunicações são
autorizadas pelo prazo máximo de 3 (Três) meses, renovável por períodos sujeitos ao mesmo limite, desde que, se verifiquem os respectivos requisitos de admissibilidade. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal A gravação de conversações ou comunicações só pode ser utilizada em outro processo, em curso ou a instaurar, se tiver resultado de intercepção de meio de comunicação utilizado por pessoa referida acima e na medida em que for indispensável à prova de crime.
Nestes casos, os suportes técnicos das conversações ou
comunicações e os despachos que fundamentaram as respectivas intercepções são juntos, mediante despacho do Juiz, ao processo em que devam ser usados como meio de prova, sendo extraídas, se necessário, cópias para o efeito. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal O OPC que efectuar a intercepção e a gravação, lavra o correspondente auto e elabora relatório no qual indica as passagens relevantes para a prova, descrevendo de modo sucinto o respectivo conteúdo e explica o seu alcance para a descoberta da verdade.
Porém, nada impede que o OPC que proceder à investigação tome
previamente conhecimento do conteúdo da comunicação interceptada a fim de poder praticar os actos cautelares necessários e urgentes para assegurar os meios de prova. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal O OPC leva ao conhecimento do MP, de 15 (Quinze) em 15 (Quinze) dias a partir do início da 1.ª intercepção efectuada no processo, os correspondentes suportes técnicos, bem como, os respectivos autos e relatórios.
O MP leva ao conhecimento do Juiz os elementos referidos acima
no prazo máximo de 48 (Quarenta e oito) horas. Para se inteirar do conteúdo das conversações ou comunicações, o Juiz é coadjuvado, quando entender conveniente, por OPC e nomeia, se necessário, intérprete. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal O Juiz determina a destruição imediata dos suportes técnicos e relatórios manifestamente estranhos ao processo: a) Que disserem respeito a conversações em que não intervenham as pessoas já mencionadas; b) Que abranjam matérias cobertas pelo segredo profissional, de funcionário ou de Estado; c) Cuja divulgação possa afectar gravemente direitos, liberdades e garantias; Ficando todos os intervenientes vinculados ao dever de segredo relativamente às conversações de que tenham tomado conhecimento. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal Durante o Inquérito, o Juiz determina, a requerimento do MP, a transcrição e junção aos autos das conversações e comunicações indispensáveis para fundamentar a aplicação de medidas de coacção ou de garantia patrimonial, com excepção do TIR.
A partir do encerramento do Inquérito, o Assistente e o Arguido
podem examinar os suportes técnicos das conversações ou comunicações e obter, à sua custa, cópia das partes que pretendam transcrever para juntar ao processo, bem como dos relatórios, até ao termo dos prazos previstos para requerer a abertura da instrução ou apresentar a contestação. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal Só podem valer como prova as conversações ou comunicações que: a) O MP mandar transcrever ao OPC que tiver efectuado a intercepção e a gravação e indicar como meio de prova na acusação; b) O Arguido transcrever a partir das cópias e juntar ao requerimento de abertura da instrução ou à contestação; c) O Assistente transcrever a partir das cópias e juntar ao processo no prazo previsto para requerer a abertura da instrução, ainda que não a requeira ou não tenha legitimidade para o efeito. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal O Tribunal pode proceder à audição das gravações para determinar a correcção das transcrições já efectuadas ou a junção aos autos de novas transcrições, sempre que o entender necessário à descoberta da verdade e à boa decisão da causa.
As pessoas cujas conversações ou comunicações tiverem sido
escutadas e transcritas podem examinar os respectivos suportes técnicos até ao encerramento da audiência de julgamento. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal Os suportes técnicos referentes a conversações ou comunicações que não forem transcritas para servirem como meio de prova são guardados em envelope lacrado, à ordem do Tribunal, e destruídos após o trânsito em julgado da decisão que puser termo ao processo.
Após o trânsito em julgado, os suportes técnicos que não forem
destruídos são guardados em envelope lacrado, junto ao processo, e só podem ser utilizados em caso de interposição de recurso extraordinário. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal O regime da escutas telefónicas é correspondentemente aplicável às conversações ou comunicações transmitidas por qualquer meio técnico diferente do telefone (ex: correio electrónico ou outras formas de transmissão de dados por via telemática, incluindo as guardadas em suporte digital, as comunicações entre presentes). Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal A obtenção e junção aos autos de dados sobre a localização celular ou de registos da realização de conversações ou comunicações só podem ser ordenadas ou autorizadas, em qualquer fase do processo, por despacho do Juiz, quanto a crimes: . Puníveis com pena de prisão superior máximo de 3 (Três) anos; . Tráfico de estupefacientes; . Detenção de arma proibida e tráfico de armas; . Contrabando; . Injúria, ameaça, coacção, devassa da vida privada, perturbação da paz e do sossego, quando cometidos através de telefone; . Ameaça com prática de crime ou de abuso e simulação de sinais de perigo; . Evasão. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal Os requisitos e condições referidos nos artigos 187.º, 188.º e 189.º são estabelecidos sob pena de nulidade. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal 3. Legislação Aplicável: Lei Dos Metadados (Lei n.º 32/2008, de 17 de Julho) A conservação e a transmissão dos dados de tráfego e de localização relativos a Pessoas Singulares e a Pessoas Colectivas, bem como, dos dados conexos necessários para identificar o assinante ou o utilizador registado, para fins de investigação, detecção e repressão de crimes graves por parte das autoridades competentes.
Porém, a conservação de dados que revelem o conteúdo das
comunicações é proibida. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal Definições: a) Dados: os dados de tráfego e os dados de localização, bem como, os dados conexos necessários para identificar o assinante ou o utilizador; b) Serviço telefónico: serviços de chamada (ex: chamadas vocais, o correio vocal, a teleconferência ou a transmissão de dados), serviços suplementares (ex: reencaminhamento e a transferência de chamadas), serviços de mensagens e multimédia (ex: SMS, MMS); c) Código De Identificação Do Utilizador (user ID): código único atribuído às pessoas, quando estas se tornam assinantes ou se inscrevem num serviço de acesso à Internet, ou num serviço de comunicação pela Internet; Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal d) Identificador De Célula (cell ID): identificação da célula de origem e de destino de uma chamada telefónica numa rede móvel; e) Chamada Telefónica Falhada: comunicação em que a ligação telefónica foi estabelecida, mas que não obteve resposta, ou em que houve uma intervenção do gestor da rede; f) Autoridades Competentes: autoridades judiciárias e as autoridades de polícia criminal (ex: PJ, GNR, PSP, SEF, Polícia Judiciária Militar, Polícia Marítima); Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal g) Crime Grave: crimes de terrorismo, criminalidade violenta, criminalidade altamente organizada, sequestro, rapto e tomada de reféns, crimes contra a identidade cultural e integridade pessoal, contra a segurança do Estado, falsificação de moeda ou de títulos equiparados a moeda, contrafacção de cartões ou outros dispositivos de pagamento, uso de cartões ou outros dispositivos de pagamento contrafeitos, aquisição de cartões ou outros dispositivos de pagamento contrafeitos, actos preparatórios da contrafacção e crimes abrangidos por convenção sobre segurança da navegação aérea ou marítima. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal A conservação e a transmissão dos dados têm por finalidade exclusiva a investigação, detecção e repressão de crimes graves por parte das autoridades competentes, sendo que, a transmissão dos dados às autoridades competentes só pode ser ordenada ou autorizada por despacho fundamentado do Juiz.
Os ficheiros destinados à conservação de dados têm que,
obrigatoriamente, estar separados de quaisquer outros ficheiros para outros fins. O titular dos dados não pode opor-se à respectiva conservação e transmissão. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal Os fornecedores de serviços de comunicações electrónicas publicamente disponíveis ou de uma rede pública de comunicações devem conservar as seguintes categorias: a) Dados necessários para encontrar e identificar a fonte de uma comunicação; b) Dados necessários para encontrar e identificar o destino de uma comunicação; c) Dados necessários para identificar a data, a hora e a duração de uma comunicação; d) Dados necessários para identificar o tipo de comunicação; Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal e) Dados necessários para identificar o equipamento de telecomunicações dos utilizadores, ou o que se considera ser o seu equipamento; f) Dados necessários para identificar a localização do equipamento de comunicação móvel. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal Os dados necessários para encontrar e identificar a fonte de uma comunicação são os seguintes: a) No que diz respeito às comunicações telefónicas nas redes fixa e móvel: o número de telefone de origem; o nome e endereço do assinante ou do utilizador registado; b) No que diz respeito ao acesso à Internet, ao correio electrónico através da Internet e às comunicações telefónicas através da Internet: os códigos de identificação atribuídos ao utilizador; o código de identificação do utilizador e o número de telefone atribuídos a qualquer comunicação que entre na rede telefónica pública; o nome e o endereço do assinante ou do utilizador registado, a quem o endereço do protocolo IP, o código de identificação de utilizador ou o número de telefone estavam atribuídos no momento da comunicação. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal Os dados necessários para encontrar e identificar o destino de uma comunicação são os seguintes: a) No que diz respeito às comunicações telefónicas nas redes fixa e móvel: os números marcados e, em casos que envolvam serviços suplementares, como o reencaminhamento ou a transferência de chamadas, o número ou números para onde a chamada foi reencaminhada; o nome e o endereço do assinante, ou do utilizador registado; b) No que diz respeito ao correio electrónico através da Internet e às comunicações telefónicas através da Internet: o código de identificação do utilizador ou o número de telefone do destinatário pretendido, ou de uma comunicação telefónica através da Internet; os nomes e os endereços dos subscritores, dos utilizadores registados e o código de identificação de utilizador do destinatário pretendido da comunicação. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal Os dados necessários para identificar a data, a hora e a duração de uma comunicação são os seguintes: a) No que diz respeito às comunicações telefónicas nas redes fixa e móvel, a data e a hora do início e do fim da comunicação; b) No que diz respeito ao acesso à Internet, ao correio electrónico através da Internet e às comunicações telefónicas através da Internet: a data e a hora do início (log in) e do fim (log off) da ligação ao serviço de acesso à Internet com base em determinado fuso horário, juntamente com o endereço do protocolo IP, dinâmico ou estático, atribuído pelo fornecedor do serviço de acesso à Internet a uma comunicação, bem como o código de identificação de utilizador do subscritor ou do utilizador registado; a data e a hora do início e do fim da ligação ao serviço de correio electrónico através da Internet ou de comunicações através da Internet, com base em determinado fuso horário. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal Os dados necessários para identificar o tipo de comunicação são os seguintes: a) No que diz respeito às comunicações telefónicas nas redes fixa e móvel, o serviço telefónico utilizado; b) No que diz respeito ao correio electrónico através da Internet e às comunicações telefónicas através da Internet, o serviço de Internet utilizado. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal Os dados necessários para identificar o equipamento de telecomunicações dos utilizadores, ou o que se considera ser o seu equipamento, são os seguintes: a) No que diz respeito às comunicações telefónicas na rede fixa, os números de telefone de origem e de destino; b) No que diz respeito às comunicações telefónicas na rede móvel: os números de telefone de origem e de destino; a Identidade Internacional De Assinante Móvel (IMSI) de quem telefona; a Identidade Internacional do Equipamento Móvel (IMEI) de quem telefona; a IMSI do destinatário do telefonema; a IMEI do destinatário do telefonema; no caso dos serviços pré-pagos de carácter anónimo, a data e a hora da activação inicial do serviço e o identificador da célula a partir da qual o serviço foi activado; Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal c) No que diz respeito ao acesso à Internet, ao correio electrónico através da Internet e às comunicações telefónicas através da Internet: o número de telefone que solicita o acesso por linha telefónica; a linha de assinante digital (DSL), ou qualquer outro identificador terminal do autor da comunicação. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal Os dados necessários para identificar a localização do equipamento de comunicação móvel são os seguintes: a) O identificador da célula no início da comunicação; b) Os dados que identifiquem a situação geográfica das células, tomando como referência os respectivos identificadores de célula durante o período em que se procede à conservação de dados. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal A transmissão dos dados só pode ser autorizada, por despacho fundamentado do JIC, se houver razões para crer que a diligência é indispensável para a descoberta da verdade ou que a prova seria, de outra forma, impossível ou muito difícil de obter no âmbito da investigação, detecção e repressão de crimes graves. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal A autorização prevista anteriormente só pode ser requerida pelo MP ou pela autoridade de polícia criminal competente.
Só pode ser autorizada a transmissão de dados relativos:
a) Ao suspeito ou Arguido; b) A pessoa que sirva de intermediário, relativamente à qual haja fundadas razões para crer que recebe ou transmite mensagens destinadas ou provenientes de suspeito ou Arguido; c) A vítima de crime, mediante o respectivo consentimento, efectivo ou presumido. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal A decisão judicial de transmitir os dados deve respeitar o Princípio Da Adequação, o Princípio Da Necessidade e o Princípio Da Proporcionalidade, designadamente, no que se refere à definição das categorias de dados a transmitir e das autoridades competentes com acesso aos dados e à protecção do segredo profissional. O disposto no referente dispositivo legal não prejudica a obtenção de dados sobre a localização celular necessários para afastar perigo para a vida ou de ofensa à integridade física grave. As entidades que procedem à transmissão de dados devem elaborar registos da extracção dos dados transmitidos às autoridades competentes e enviá-los trimestralmente à CNPD. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal O Juiz determina, oficiosamente ou a requerimento de qualquer interessado, a destruição dos dados na posse das autoridades competentes, bem como, dos dados preservados pelas entidades, logo que os mesmos deixem de ser estritamente necessários para os fins a que se destinam. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal Considera-se que os dados deixam de ser estritamente necessários para o fim a que se destinam logo que ocorra uma das seguintes circunstâncias: a) Arquivamento definitivo do processo penal; b) Absolvição, transitada em julgado; c) Condenação, transitada em julgado; d) Prescrição do procedimento penal; e) Amnistia. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal Sem prejuízo da responsabilidade criminal a que haja lugar, constitui contra-ordenação: a) A não conservação das categorias dos dados; b) O incumprimento do prazo de conservação; c) A não transmissão dos dados às autoridades competentes, quando autorizada; d) O não envio dos dados necessários à identificação das pessoas especialmente autorizadas. As contra-ordenações previstas são puníveis com coimas de € 1.500,00 a € 50.000,00 ou de € 5.000,00 a € 100.000,00 consoante o agente seja uma pessoa singular ou colectiva. A tentativa e a negligência são puníveis. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal Constituem crime, punido com pena de prisão até 2 (Dois) anos ou multa até 240 (Duzentos e quarenta) dias: a) O incumprimento de qualquer das regras relativas à protecção e à segurança dos dados; b) O não bloqueio dos dados; c) O acesso aos dados por pessoa não especialmente autorizada. Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal A pena é agravada para o dobro dos seus limites quando o crime: a) For cometido através de violação de regras técnicas de segurança; b) Tiver possibilitado ao agente ou a terceiros o conhecimento de dados pessoais; ou c) Tiver proporcionado ao agente ou a terceiros benefício ou vantagem patrimonial.
A tentativa e a negligência são puníveis.
Meios De Obtenção De Prova Em Processo Penal Compete à CNPD a instrução dos processos de contra-ordenação e a respectiva aplicação de coimas relativas às condutas previstas.
O montante das importâncias cobradas em resultado da aplicação
das coimas é distribuído da seguinte forma: a) 60 % para o Estado; b) 40 % para a CNPD. Obrigado!