Livro - FTM Da Ed Física
Livro - FTM Da Ed Física
Livro - FTM Da Ed Física
Ano: 2020
1
Raphael Sicuro Leite
Fundamentos Teóricos e
Metodológicos da Educação Física
1ª Edição
2020
Curitiba, PR
Faculdade UNINA
2
Faculdade UNINA
Rua Cláudio Chatagnier, 112
Curitiba – Paraná – 82520-590
Fone: (41) 3123-9000
Conselho Editorial
D.r Alex de Britto Rodrigues / D.ra Diana Cristina de Abreu /
D.r Eduardo Soncini Miranda / D.ra Gilian Cristina Barros /
D.r João Paulo de Souza da Silva / D.ra Marli Pereira de Barros Dias /
D.ra Rosi Terezinha Ferrarini Gevaerd / D.ra Wilma de Lara Bueno /
D.ra Yara Rodrigues de La Iglesia
Revisão de Conteúdos
Guilherme Natan Paiano dos Santos
Designer Instrucional
Sérgio Antonio Zanvettor Júnior
Revisão Ortográfica
Juliano de Paula Neitzki
Desenvolvimento Iconográfico
Juliana Emy Akiyoshi Eleutério
FICHA CATALOGRÁFICA
3
PALAVRA DA INSTITUIÇÃO
Caro(a) aluno(a),
Seja bem-vindo(a) à Faculdade UNINA!
4
Sumário
Prefácio........................................................................................................ 08
Aula 1 – Introdução ao fundamento teórico e metodológico da Educação
Física .......................................................................................................... 09
Apresentação da aula 1 ............................................................................... 09
1.1 - Importância da Educação Física na escola ................................... 09
1.2 - Vantagens da aplicação na saúde de uma boa aula de Educação
Física .......................................................................................................... 11
1.3 - A Educação Física e a socialização .............................................. 12
1.4 - Organização do trabalho pedagógico ........................................... 14
1.5 - Abordagens da Educação Física .................................................. 15
1.6 - A ação pedagógica da Educação Física na escola ....................... 17
Conclusão da aula 1 .................................................................................... 19
Aula 2 – Cultura do movimento .................................................................... 19
Apresentação da aula 2 ............................................................................... 19
2.1 - Educação Física e a cultura do movimento ................................... 20
2.2 - Contribuições da Educação Física para escola ............................ 22
2.3 - Finalidades da Educação Física ................................................... 23
2.4 - Metodologia e estratégias ............................................................. 27
2.5 - Princípios Metodológicos ............................................................. 28
2.6 - Avaliação ...................................................................................... 29
Conclusão da aula 2 .................................................................................... 30
Aula 3 – Ginástica escolar: do lúdico ao esportivo ....................................... 31
Apresentação da aula 3 ............................................................................... 31
3.1 - Breve histórico da ginástica .......................................................... 31
3.2 - A ginástica nas aulas de Educação Física .................................... 32
3.3 - Ginástica como prática científica .................................................. 34
3.4 - Ginástica, Educação Física e o desenvolvimento das crianças ... 35
3.5 - Realidades da ginástica na escola ................................................ 37
3.6 - Ginástica escolar em sua prática atual ......................................... 38
Conclusão da aula 3 .................................................................................... 39
Aula 4 – Dança, brinquedos, brincadeira e jogos ......................................... 40
Apresentação da aula 4 ............................................................................... 40
4.1 - A dança e o universo escolar ........................................................ 41
4.2 - A dança e a sua importância na Educação Física ......................... 41
5
4.3 - Formação do professor para aulas de dança na escola ................ 43
4.4 - O brincar nas aulas de Educação Física ....................................... 44
4.5 - O jogo, o brinquedo e a criança na escola ..................................... 45
4.6 - Educação Física e ludicidade ....................................................... 46
4.7 - Esportes e a dança nas aulas de Educação Física ....................... 47
4.8 - O jogo competitivo e a Educação Física escolar ........................... 49
Conclusão da aula 4 .................................................................................... 50
Aula 5 – Interdisciplinaridade e eventos esportivos ..................................... 51
Apresentação da aula 5 ............................................................................... 51
5.1 - A importância da interdisciplinaridade na escola .......................... 51
5.2 - A Educação Física e a interdisciplinaridade .................................. 52
5.3 - A interdisciplinaridade, a inclusão e a diversidade ........................ 53
5.4 - Reflexões pedagógicas do esporte na escola ............................... 54
5.5 - Jogos interclasses ........................................................................ 55
5.6 - Realização de eventos esportivos de caráter educacional ............ 57
Conclusão da aula 5 .................................................................................... 60
Aula 6 – Metodologia do corpo em movimento; as questões relacionadas
com o crescimento cognitivo ....................................................................... 61
Apresentação da aula 6 ............................................................................... 61
6.1 - O conhecimento específico abordado na Educação Física ........... 61
6.2 - A Educação Física e a pré-escola ................................................. 63
6.3 - Orientações didáticas na aula de Educação Física ....................... 65
6.4 - Corpo em movimento, concepções e prática na educação infantil 65
6.5 - Participação da Educação Física no desenvolvimento cognitivo... 67
6.6 - O desenvolvimento cognitivo e o desenvolvimento da criança .... 68
Conclusão da aula 6 .................................................................................... 70
Aula 7 – Planejamento da Educação Física escolar .................................... 70
Apresentação da aula 7 ............................................................................... 70
7.1 - Atitudes e valores da Educação Física escolar ............................. 71
7.2 - Os professores e a escola ............................................................ 72
7.3 - Reflexões sobre a Educação Física e suas ações ........................ 73
7.4 - Dificuldades encontradas pelos professores ................................ 74
7.5 - O planejamento no ensino da Educação Física ............................ 75
7.6 - Avaliações das aprendizagens dentro da Educação Física .......... 76
7.7 - A didática na Educação Física ...................................................... 79
Conclusão da aula 7 .................................................................................... 80
6
Aula 8 – Introdução à corporeidade, uma fala breve sobre as valências
físicas eu desenvolvimento infantil .............................................................. 81
Apresentação da aula 8 ............................................................................... 81
8.1 - A corporeidade na prática pedagógica da educação .................... 81
8.2 - A Educação Física e a consciência corporal ................................. 83
8.3 - Psicomotricidade na Educação Física .......................................... 84
8.4 - Abordagens filosóficas quanto à corporeidade ............................. 86
8.5 - O desenvolvimento infantil ............................................................ 87
8.6 - A Educação Física e a educação inclusiva ................................... 89
Conclusão da aula 8 .................................................................................... 91
Índice Remissivo ......................................................................................... 93
Referências ................................................................................................. 97
7
Prefácio
8
Aula 1 – Introdução ao fundamento teórico e metodológico da Educação
Física
Apresentação da aula 1
9
Para que essa tarefa possa ser realizada, a Educação Física deve
preservar, aprofundar e manter sua especificidade na escola e isso deve ser feito
em conjunto, sem ser disciplina isolada ou mantida à parte.
Neto (1992) diz que a importância das aulas de Educação Física na escola
está em todos os segmentos, devido a ela proporcionar o desenvolvimento
integral do aluno, tais como: uma vida saudável, socialização, espírito de equipe,
entre outros. Os estudantes acabam participando de diferentes experiências
corporais para as quais são desafiados.
Muito significativa na educação do indivíduo, a Educação Física não tem
recebido o devido valor por diversas vezes na grade curricular. Ela insere, adapta
e incorpora o aluno no saber corporal de movimento. Sua função é formar o
cidadão que, segundo Betti (2002), irá produzi-la, reproduzi-la e transformá-la,
aprimorando-a, instrumentalizando-a para usufruir do jogo, do esporte e das atividades
rítmicas e danças, do exercício crítico dos direitos e deveres do cidadão para a
benfeitoria da qualidade de vida humana.
A Educação Física apareceu para somar e dar sua participação na
construção de uma educação intelectual e moral nas escolas, tendo como uma
de suas responsabilidades instruir e instigar o aluno a ter sua própria formação
de opiniões e se posicionar diante das atuais linhas de cultura corporal de
movimento.
É interessante que você saiba que a atividade física pode fazer parte da
vida do indivíduo e interferir em seu comportamento pessoal, mas isso só será
possível por meio da prática de exercícios e jogos, quando os estudantes serão
desafiados e exercitados a entender que só poderão vencer se estiverem se
divertindo.
Curiosidade
A vitória não pode ser a condição para o divertimento. Caso seja, as atividades
não são lúdicas. O divertimento deve estar presente no jogo e não no seu final
(FALKENBACH, 2002).
10
Crianças participando de atividade lúdica na Educação Física
Fonte: https://i.pinimg.com/474x/1e/90/75/1e90750b8e66f3d53df3929aadb1916a.jpg
Importante
Segundo Lovisolo (1995), a posição do professor ou professora nos leva a ver
que sua fundamentação teórico-metodológica refletirá na forma que ele(a)
conduzirá a prática pedagógica.
11
expressar melhor, auxilia nas questões e vivências que o mundo em que vive,
ajuda a compreender as mudanças e limites do próprio corpo, coopera para que
o estudante tenha um estilo de vida melhor.
Importante
Ao praticar atividade física, o aluno tem a vantagem de melhorar a sua saúde
por diminuir as chances de ser sedentário, de ter obesidade, hipertensão arterial,
colesterol alto e doenças respiratórias, dentre outros problemas de saúde (NETO,
1992).
Reflita
Por que ensinar Educação Física?
12
Para responder à pergunta, é necessário você saber que desde que o
indivíduo nasce, ele vive experiências socioculturais com o seu corpo,
possibilitando o conhecimento e o domínio dos seus movimentos. O corpo em
movimento é um recurso utilizado pelo indivíduo para experimentar relações com
pessoas e objetos, aprender sobre si mesmo, expressar e comunicar o seu
pensamento, desenvolver suas capacidades e aprender habilidades.
Curiosidade
O movimento é muito mais do que mexer o corpo ou deslocar-se no espaço,
considera-se que toda movimentação da criança tem um significado e uma
intenção.
13
1.4 Organização do trabalho pedagógico
Importante
Vale destacar que, independentemente das características presentes em cada
idade e do nível de aprendizado do indivíduo, os três eixos se integram e se
relacionam na prática da Educação Física na Educação, ou seja, um não exclui
o outro, podendo ocorrer uma predominância de um sobre o outro durante a
elaboração e efetivação do plano de trabalho do professor.
14
1.5 Abordagens da Educação Física
Curiosidade
Concepção de aulas abertas: está fundamentada na vida de movimento das
crianças, na história de vida e na construção da biografia esportiva dos alunos,
na concepção de esporte e movimento que a sociedade constrói ao decorrer da
história e da realidade nas aulas de Educação Física escolar.
15
Dentre essas, uma delas apresenta como característica: “privilegiar o jogo como
um instrumento pedagógico, ou seja, a principal forma de ensinar”. Nesta
proposta, o jogo é privilegiado como um instrumento pedagógico, ou seja, a
principal forma de ensinar.
Enquanto a abordagem crítico-emancipatória está centrada no ensino dos
esportes e foi idealizada, especificamente, para a Educação Física escolar.
Busca-se uma ampla discussão a respeito das possibilidades de se ensinar os
esportes por sua transformação didático-pedagógico, tornando o ensino escolar
em uma educação de crianças e adolescentes para uma competência crítica e
emancipadora.
Outra a abordagem a ser destacada aqui é a crítico-superadora,
embasada do discurso da justiça social no contexto de sua prática. Tem como
objetivo levantar questões de poder, interesses e contestação; é realizada uma
leitura dos dados da realidade à luz da crítica social dos conteúdos. A Educação
Física, aqui, é entendida como uma disciplina que trata do jogo, da ginástica, do
esporte e da dança como área de conhecimento da cultura corporal de
movimento.
A abordagem desenvolvimentista tem como meio e fim principal da
Educação Física o movimento. Ela tem como campo de atuação especialmente
a criança entre a idade de quatro anos a quatorze anos, buscando processos de
aprendizagem e desenvolvimento de fundamentação para a escola. Nesta
abordagem, é trabalhada a tentativa de se caracterizar a progressão normal do
crescimento físico, desenvolvimento fisiológico, motor, cognitivo e afetivo social
do aluno.
Na abordagem Educação Física Plural, é encarado o movimento humano
como técnica corporal construída culturalmente e definida por características de
determinados grupos sociais, considerando todo gesto como uma técnica
corporal justamente por ele ser uma técnica cultural. A Educação Física Plural
considera que os alunos são diferentes e que, em uma aula, para que possa ser
alcançado todos os alunos, devemos considerar essas diferenças, ou seja,
combater a ideia de que determinados esportes são exclusivos de um único
gênero.
16
Importante
A pluralidade das ações é aceitar que o que torna os alunos iguais é justamente
a capacidade de eles se expressarem diferentemente.
17
Reflita
Quando falamos em ação pedagógica na escola, surgem algumas questões, tais
como: Como está a prática pedagógica da Educação Física na escola? Como a
Educação Física é compreendida no espaço pedagógico da escola? Que
relações são efetuadas com a Educação Física nos diferentes níveis de ensino?
Saiba mais
A Educação Física dentro do contexto da educação escolar brasileira surgiu da
necessidade social de se conservar o corpo infantil, pois era necessário cuidar
do corpo para melhorar o desempenho na evolução da sociedade. Tinha-se a
ideia de que cuidar do corpo era cuidar da nova sociedade em construção.
18
Conclusão da aula 1
Atividade de aprendizagem
Apresentação da aula 2
Curiosidade
Nenhum movimento pode ser estudado ou analisado como algo em si. Ninguém
pode isolar o movimento, seja dos objetos ou do ser que se movimenta. Sempre
são coisas, objetos, pessoas e animais que se movimentam, seja por forças
próprias ou impulsionados por algo.
19
De acordo com Betti (2002), em torno do movimento, existe uma
referência que, para o caso dos esportes, podem ser destacados os atributos do
próprio movimento, os atributos do iniciador ou produtor do movimento, as
condições do meio, bem como as próprias regras já estabelecidas para o próprio
movimento.
20
horas em frete à televisão, especialmente por parte das crianças e adolescentes,
tem diminuído a atividade motora, levando ao abandono da prática de jogos
infantis, acarretando, por sua vez, em substituir a experiência de praticar o
esporte pela de assistir ao esporte.
21
da investigação científica e filosófica em torno da atividade física, da motricidade,
ou do homem em movimento. Inicialmente, restrito ao domínio da fisiologia do
exercício e da medicina, esse campo de pesquisa está presente atualmente em
diversas áreas da ciência, tais como: História, Psicologia, Sociologia e Filosofia.
Em meados de 1960, nos Estados Unidos e na Europa, e na década de 1980,
no Brasil, a Educação Física passou a fazer parte dos estudos e cursos nas
universidades como uma área acadêmica organizada em torno da produção e da
sistematização desses conhecimentos. A partir disso, surgiram estudos para
mostrar a importância dessa disciplina na educação. Afinal, quais são as
contribuições da Educação Física para a escola e formação do aluno?
22
uma extrema ênfase a eles. Outro problema é que nunca houve um consenso
entre os professores quanto ao tipo de aula que deveria ser ministrada. Em
meados da década de 50, a Educação Física brasileira foi influenciada pelo
método desenvolvido pelo Instituto Nacional de Esporte, na França, que foi
denominada de Educação Física Generalizada.
Saiba mais
Para aprofundar seus conhecimentos a respeito da Educação Física
Generalizada, acesse o link: http://www.educacional.com.br/educacao_fisica/ed
ucadores/educadores.asp
23
Mídias
Assista ao vídeo, o Professor Reikson Khun fala exatamente a respeito da
importância e finalidade da Educação Física na escola. Disponível no link:
https://www.youtube.com/watch?v=r5d8zf2QNBo
24
sua vontade e sua emoção para a prática e apreciação do corpo em
movimento(FINCK, 2012)
A Educação Física propicia, assim como os outros componentes
curriculares, um tipo de conhecimento aos alunos. Contudo, conforme Enguita
(1989), esse conhecimento não pode ser incorporado dissociado de uma
vivência concreta, pois essa disciplina não pode ser transformada em um
discurso sobre a cultura corporal de movimento a ponto de perder a riqueza de
sua especificidade, mas ela se constitui como sendo uma ação pedagógica com
aquela cultura.
A dimensão cognitiva se faz sempre sobre esse substrato corporal. O
professor de Educação Física deve sempre auxiliar o aluno a entender o seu
sentir e o seu relacionar-se dentro da esfera da cultura do movimento corporal.
A Educação Física deve guiar o aluno de forma progressiva e cuidadosa
a uma reflexão crítica que o conduza à autonomia quanto ao usufruto da cultura
do movimento corporal. Esse é um processo realizado em fases que existem
objetivos específicos os quais devem respeitar os níveis de desenvolvimento do
aluno e suas características e interesses.
Betti (2002), em seus estudos, mostrou que na primeira fase do ensino
fundamental: do 1.º ao 4.º ano, é preciso considerar que a atividade corporal é
um elemento fundamental no desenvolvimento da vida infantil e deve ter uma
estimulação psicomotora adequada e diversificada quando terá uma estreita
relação com o desenvolvimento cognitivo, afetivo e social da criança. Nesse
momento, deve-se primar com o desenvolvimento das habilidades motoras
básicas, jogos e brincadeiras diversos e atividades de autotestagem.
A partir do 5.º e 6.º ano do ensino fundamental, são aplicados os
fundamentos do esporte, das atividades rítmicas/dança e das ginásticas. Nessa
fase, a aprendizagem de uma habilidade técnica deve ser secundária à
concretização de um ambiente lúdico e prazeroso e sempre levar em
consideração o potencial psicomotor do aluno.
Enquanto que no 7.º e 8.º anos são buscados os aperfeiçoamentos em
habilidades específicas e a aprendizagem de habilidades mais complexas. Nessa
fase, inicia-se o trabalho voltado para a aptidão física, entendida como
desenvolvimento global, em que são equilibradas as capacidades físicas, tais
como: a resistência aeróbia, resistência muscular localizada e flexibilidade.
25
Nessa fase, também procura-se trabalhar a sistematização de conceitos teóricos
sobre a cultura do movimento corporal, buscando sempre uma associação entre
a vivência e o conhecimento.
Importante
No ensino médio, devemos ter uma atenção especial.
Curiosidade
Nessa fase da vida dos jovens, a Educação Física deve propiciar novos
interesses e não reproduzir simplesmente o modelo anterior, ou seja, repetir, às
vezes, apenas de um modo um pouco mais aprofundado, os conteúdos dos
últimos quatro anos do ensino fundamental.
26
2.4 Metodologia e estratégias
27
durante o acompanhamento, são diversas as ideias e as estratégias de
abordagem dos conteúdos, em que o professor e o aluno participam de uma
integração cooperativa de construções e descobertas. O papel do professor,
portanto, é promover uma visão organizada do processo de aprendizagem, com
possibilidades reais de aplicabilidade, e o aluno contribui com o elemento novo
que é o seu estilo pessoal de executar e refletir no aprender.
Betti (1986) também afirma que sempre que falamos de ensino e
aprendizagem de alguma técnica corporal, devemos ter bem claro qual universo
de conhecimento está se elegendo como referencial, e, qualquer que seja este
referencial, esconder a técnica é obrigar o sujeito a “reinventar a roda”, deixando-
o alienado dos conhecimentos socialmente construídos.
28
2.6 Avaliação
O mais importante agora é você saber que existem dois tipos de avaliação
na Educação Física: a tradicional e a progressista ou construtiva. Além disso, é
essencial que você saiba diferenciá-las. Vamos ver a seguir cada uma delas
separadamente!
Na Avaliação Tradicional, o professor transmite conhecimentos ao
aluno, que, por sua vez, aprenderá de forma passiva. Essa avaliação utiliza o
formato de prova, atribuindo ao aluno uma nota fria e medindo apenas
habilidades cognitivas.
Na Avaliação Progressista, o professor faz diagnósticos e considera a
capacidade de aprendizagem do aluno, além de se autoavaliar, pois o estudante
é mais crítico e também faz essa autoavaliação.
A mediação que transforma as informações disponíveis em conceito
bimestral é um processo cognitivo-profissional inerente a cada professor, em que
seus critérios são difíceis de explicar, pois envolve crenças e valores.
O rendimento do aluno na avaliação não deve ser só intelectual, é preciso
considerar, também, os aspectos da personalidade dele de forma mais
abrangente, tais como: afetivos, social e corporal (Freire, 2000).
A Educação Física já tem lidado com esse tipo de avaliação há muito
tempo, porque ela propõe há algumas décadas alcançar os aspectos afetivos e
sociais na formação do aluno.
Reflita
Contudo, surge uma questão quando falamos em avaliação: será que o
progresso do aluno se deu devido ao seu amadurecimento físico, mental e motor
ou foi devido à intervenção do professor no processo de ensino- aprendizado?
29
A avaliação deve ser realizada em duas formas, a primeira delas é
diagnosticar ou detectar em que fase de aprendizagem o aluno está para que o
professor possa avaliar o processo de ensino; a segunda é classificar ou
hierarquizar os estudantes com o objetivo de promoção.
Quando avaliamos os alunos, devemos ter o cuidado de não utilizar essas
formas de avaliação para dominá-los, pois o processo avaliativo deve ser
realizado a fim de resolver problemas nas ações pedagógicas e facilitar a
autoavaliação do professor.
Conclusão da aula 2
Atividade de aprendizagem
Descreva com suas palavras sobre a relação entre teoria e prática pedagógica
na Educação Física, as experiências de novos modelos estratégicos e
metodológicos utilizados.
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Aula 3 – Ginástica escolar: do lúdico ao esportivo
Apresentação da aula 3
Saiba mais
Leia na integra o artigo “A importância da ginástica enquanto conteúdo da
Educação Física escolar”, de Martha Bezerra Veira, que fala sobre a ginástica e
o desenvolvimento da criança. Disponível no link: http://www.efdeportes.com/
efd180/a-importancia-da-ginastica.htm
32
ser levado em consideração todo o trabalho que está sendo realizado em
paralelo com o desenvolvimento do objetivo central. É importante, por exemplo,
reconhecer a relevância de cada movimento aprendido pelo aluno e conseguir
aproveitar ao máximo a bagagem cultural que já está previamente enraizada no
contexto social daquele ambiente (DAOLIO, 1995).
A ginástica vai além de beneficiar os alunos na fisiologia, ela ajuda a
melhorar a questão cognitiva dos alunos envolvidos nessa atividade de forma
regular. Ela pode oferecer ao aluno, além de divertimento e satisfação, que é
proporcionada pela própria atividade, o desenvolvimento da criatividade, da
ludicidade, da participação e apreensão por parte dos alunos quanto às inúmeras
interpretações da ginástica (AYOUB, 2003).
Dentro da Educação Física escolar, nosso entendimento a respeito da
ginástica é que ela se constitui como uma prática pedagógica que visa trabalhar
a expressão corporal como uma linguagem, contribuindo para a formação de
indivíduos críticos e criativos, além de intervir de forma significativa na realidade
social deles.
Podemos compreender que a ginástica, dentro da esfera social, influencia
e é influenciada pela sociedade. Dessa forma, não podemos isolar a ginástica
das outras atividades da vida humana, para não formarmos conceitos parciais e
simplistas sobre o assunto.
De acordo com Ayoub (2003), temos diversas modalidades de ginásticas
consideradas como forma de competição, tais como: a ginástica rítmica,
ginástica artística, dentre outras. Já a ginástica escolar está orientada para as
questões educacionais e do lazer, sem fins competitivos, dando primazia à
demonstração.
O principal alvo da ginástica é que ao ser praticada, sejam visadas à
promoção e à integração das pessoas e grupos e que seu desenvolvimento
dentro das aulas seja realizado com prazer e criatividade, para isso se tornam
pontos cruciais a ludicidade e a expressão criativa.
33
Ginástica sem fins competitivos
Fonte: acervo do autor (2020).
Conforme nos mostra Soares (1998), a ginástica escolar não tem regras
rígidas preestabelecidas, pois ela estimula a amplitude e a diversidade, abrindo
um leque de possibilidades para a prática da atividade corporal, sem distinção
de gênero, idade, número e condições físicas dos participantes; diferentemente
das ginásticas competitivas, que, por sua vez, dentre as suas principais
finalidades, estão a seletividade e as regras rígidas preestabelecidas, que
caminham no sentido da especialização, comparação formal, classificatória ou
por pontos. Ayoub (2003) aponta que as diferenças entre a ginástica escolar e a
ginástica competitiva não podem ser vistas de forma rígida, pois elas convivem
interligadas na sociedade e exercem influências recíprocas.
34
Curiosidade
O autor diz, ainda, que é na aceitação progressiva dos princípios de ordem e
disciplina formulados pelo movimento ginástico europeu, assim como o
afastamento de seu núcleo primordial que era o divertimento, que aos poucos a
ginástica se afirmou como parte da educação dos indivíduos, como prática capaz
de potencializar a utilização de gestos e oferecer um espetáculo controlado
institucionalizado do uso do corpo.
Você já viu, nas aulas anteriores, que a ginástica é uma ótima promotora
do desenvolvimento físico e motor, ou seja, é uma das melhores modalidades
que mais contribui para as crianças em desenvolvimento. Ela pode ser analisada
por diferentes vertentes, mas para nosso estudo vamos considerar apenas duas
delas: a escolar e a de alto rendimento.
Segundo Souza (1997), durante a infância, as crianças produzem
rapidamente uma sequência de habilidades fundamentais para o seu
desenvolvimento, tais como: os movimentos unilaterais e bilaterais. Sendo
35
assim, as habilidades motoras básicas a serem trabalhadas nesse período de
vida do aluno são: o rolar, o equilibrar-se, o saltar e o girar. Quando a criança
aprende essas habilidades e as combina em sequências de movimento, facilitará
o aprimoramento das capacidades mais complexas, ampliando as possibilidades
do desempenho das habilidades motoras.
Pular corda
Fonte: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn%3AANd9GcTQIONhSfWLms
_VS79Wpv7li0gLR7WewvYGM5tk8FMpLgHm5blw&usqp=CAU
Vocabulário
Crescimento: refere-se à totalidade da alteração física, aumento do tamanho do
corpo, causado pelo aumento das células. Desenvolvimento: são alterações de
níveis de funcionamento físico que ocorrem no decorrer do tempo e significa que,
36
ao longo da vida, é necessário ajustar, compensar ou mudar para se obter e
manter a habilidade.
37
Para Souza (1997), a ginástica, enquanto for parte integrante do conjunto
dos conteúdos que compõem a disciplina de Educação Física, caracteriza-se
como um conhecimento de importância indiscutível e que não pode ser
simplesmente abandonado ou colocado em segundo plano pela instituição
escolar.
Ayoub (2003) reforça essa ideia, afirmando que não podemos negar que
o processo de limitação que tem ocorrido na Educação Física escolar brasileira
está restringindo o seu conteúdo ao esporte e deixando de lado a ginástica,
dentre outros temas da cultura corporal. Esse é um assunto muito sério e
preocupante.
Contudo, “devemos romper esta visão” (DAIOLO, 1995). Precisamos
urgentemente assumir a responsabilidade de ampliar e ultrapassar essa ideia
restritiva e equivocada da Educação Física escolar e compreender que a
ginástica, assim como outras formas de expressão da cultura corporal, deve ser
trabalhada com mais profundidade.
38
acontecendo é a falta de conhecimento dos professores em como trabalhar a
ginástica no âmbito escolar.
Soares (1998) afirma que podemos investigar como a ginástica pode ser
desenvolvida na Educação Física escolar a partir da metodologia crítico-
superadora, quando podemos identificar as possibilidades de intervenção.
Curiosidade
A metodologia crítico-superadora surgiu em meados de 1980, época em que se
teve que repensar a Educação Física para além da esportização. Entretanto,
essa metodologia se configurou na década de 90 e ela expõe e discute questões
teórico-metodológicas da Educação Física, tornando-a matéria escolar, a qual
trata, pedagogicamente, de temas da cultura corporal (SOARES, 1998).
Mídias
Assista ao vídeo da ex-atleta Luísa Parente, atualmente professora de Educação
Física, dando dicas de como abordar a ginástica no contexto escolar. Disponível
no link: https://www.youtube.com/watch?v=_Z-jjO0Pumw
Conclusão da aula 3
39
essas que não acontecem em um passe de mágica, mas que demandam tempo,
persistência e trabalho coletivo.
Atividade de aprendizagem
Apresentação da aula 4
Chegamos à metade do nosso estudo, e nesta aula você vai ver um pouco
a respeito de como a dança é trabalhada dentro da Educação Física, como
podemos estimular a criatividade das crianças durante nossas aulas por meio
das brincadeiras e dos brinquedos. Outro ponto específico que você também verá
adiante é como os jogos esportivos são trabalhados dentro das aulas de
Educação Física.
Daremos início destacando que a dança é reconhecida pelo ministério da
educação como um curso superior com suas próprias diretrizes desde a década
de 1970, e sua fiscalização é realizada por profissionais formados na área de
teatro ou educação. Já na educação escolar, ela está presente como conteúdo
das aulas de Educação Física, conforme nos indica os Parâmetros Curriculares
Nacionais de 1997 (PCNs) da área dessa disciplina.
Quanto ao brincar, ele é uma importante forma de comunicação e é por
meio dessa ação que a criança pode reproduzir o contexto o qual está inserida,
de forma lúdica e imaginária. O ato da brincadeira facilita o processo de
aprendizagem da criança, auxiliando a construção da reflexão, da autonomia e
da criatividade, estabelecendo relação estreita entre o jogo e a aprendizagem.
40
4.1 A dança e o universo escolar
Gehres (1997) afirma que a dança é abordada nas escolas do Brasil como
atividade extracurricular, estabelecida de forma diversificada, ainda que, do
ponto de vista curricular, faça parte do conteúdo de Educação Física desde 1971.
Quando recorremos à literatura existente, observam-se alguns fortes
argumentos para a inexistência do conteúdo da dança nas aulas de Educação
Física, destacando-se as questões estruturais e as de conhecimento – esta
última por parte de aceitação dos alunos, principalmente os do gênero
masculino.
Quanto à questão estrutural, ao pensar em dança, é possível remeter a
uma sala ampla, com pisos lisos e espelhos por todos os lados e um som de boa
qualidade; assim como quando pensamos em esportes é possível remeter a
quadras sem buracos, com coberturas e demarcações para todas as
modalidades esportivas.
Mesmo quando falamos em esportes, apesar das condições
desfavoráveis, continuamos a tratar o conteúdo esportivo, com seus limites,
mesmo com a quadra tendo se tornado sinônimo de aula de Educação Física.
Mesmo que muitas escolas nem quadra tenham, ficando as aulas limitadas aos
pátios, às ruas ou às praças.
O espaço físico ou arquitetônico das escolas é estruturado com base nas
proposições pedagógicas, tendo assim a necessidade de uma reflexão ampla
sobre como a escola, principalmente a Educação Física, utiliza esse espaço.
Saiba mais
No artigo a seguir, de Sousa, Hunger e Caramaschi, você vai poder aprofundar
ainda mais seu conhecimento a respeito da “Dança na Escola: um sério
problema a ser resolvido”. Disponível no link: https://repositorio.unesp.br/
bitstream/handle/11449/8356/WOS0002847825000 24.pdf?sequence=3
Vocabulário
42
Psicomotricidade: percepção motora que influência tanto os fatores
intelectuais, afetivos e culturais.
Importante
Quando a dança é ensinada com metodologia, os alunos passam a reconhecer
o verdadeiro valor dela.
43
Para Silveira (2008), a dança deve estar presente na escola para
formar e não ser incluída somente nas festas comemorativas. Dessa forma,
podemos perceber a importância da qualificação do professor em Educação
Física para trabalhar a dança como conteúdo dessa disciplina.
Sendo assim, quando o professor de Educação Física pensa e quer um
desenvolvimento em suas aulas, ele busca conhecimento para poder dar apoio
aos seus alunos. Assim que se adquire o conhecimento, o professor precisa
colocá-lo em prática, buscando melhorar os aspectos cognitivos de seus alunos.
Outro fator de suma importância no trabalho da disciplina de Educação
Física direcionado à dança é a interação do professor com o cotidiano do aluno.
Importante
Essa atividade se caracteriza como uma das formas mais complexas que a
criança utiliza para se comunicar, seja consigo mesma ou com o mundo.
44
É por meio do brincar, como afirma Oliveira (2000), que a criança pode
desenvolver capacidades importantes, tais como: a atenção; a memória; a
imitação; a imaginação que proporcionará à criança o desenvolvimento de áreas
da personalidade como a afetiva, a motricidade, a inteligência, a sociabilidade e
a criatividade.
Mídias
Assista ao vídeo a seguir, você vai poder ver educadores falando mais sobre a
importância do brincar no aprendizado da criança. Disponível no link:
https://www.youtube.com/watch?v=PCNvAFhx4H4
Curiosidade
Os jogos infantis podem até incluir uma ou outra competição, mas visando
sempre a estimular o crescimento e a aprendizagem com foco interpessoal, entre
duas ou mais pessoas, realizadas por meio de determinadas regras, ainda que
o jogo seja uma brincadeira que envolva regras.
45
Ilustração de crianças utilizando brinquedos e jogos
Fonte: acervo do autor (2020).
46
Antunes (2003) diz que, com as brincadeiras, a criança se envolve no jogo
e sente a necessidade de partilhar com o outro, mesmo que seja como
adversário, a parceria/rivalidade é um estabelecimento de relação. Essa relação
expõe as potencialidades dos participantes, afetando as emoções, colocando em
prova as aptidões e testando os limites.
Quando está brincando ou jogando, a criança desenvolve as capacidades
indispensáveis para sua futura profissão, tais como: atenção, afetividade,
concentração, entre outras habilidades psicomotoras.
Curiosidade
Os sentidos, como o criativo e o comunicativo, por exemplo, os quais são
desenvolvidos em outras atividades de movimento, deixam de ser explorados
quando o conteúdo é somente o esportivo.
47
Reflita
Porcher (1977) levantou uma questão a respeito do esporte na Educação Física:
será se é possível compreendermos nosso corpo e nossa expressão somente
com a cultura esportiva?
Para o autor, parece que não; falta aos professores adquirirem novas
formas didáticas de ensinar o esporte, em que abordem teoria (cognitiva, social
e cultural) e prática. Falta também introduzirem novas modalidades esportivas,
os diferentes tipos de dança e as atividades expressivas.
Nas escolas, o ano letivo é dividido em bimestres letivos e, normalmente,
no 1.º bimestre é ensinado o futebol; no 2.º, handebol; no 3.º, basquetebol; no
4º, voleibol. De acordo com Betti (1992), se essa programação é cumprida, os
alunos conseguem, dentro do ano letivo, ver as quatro modalidades, mas o
problema é quando ela é repetida para todos os alunos independentemente da
faixa etária ou quando ela se repete todos os anos escolares.
Reflita
Surgem algumas questões, tais como: em que ficam as outras modalidades,
como, por exemplo, a dança de salão, a capoeira, a ginástica aeróbica a
musculação, a ginástica artística, o folclore e o atletismo?
De acordo com Betti (1992), isso acontece porque alguns professores têm
o receio de mudar, com medo de assumir alguma disciplina que não tenham
conhecimento do conteúdo e, dessa forma, trabalham com o que têm mais
afinidade. Outro motivo é que podem argumentar que a escola não tem espaço,
material apropriado ou ainda acham que os alunos podem não querer aprender
outras modalidades.
A questão do espaço nas escolas é um assunto um pouco delicado, pois
várias delas não dispõem de espaço ideal para a prática de atividade física. O
professor não pode se prender a um espaço físico ideal, ele deve se adaptar a
dar aula no espaço que tem. E o mesmo acontece em relação aos materiais, pois
muitas escolas não têm um orçamento que consiga manter materiais caros
48
disponíveis para as aulas, por causa da pouca durabilidade, como, por exemplo,
as bolas.
Caso a escola não disponha de recursos para conseguir os materiais para
cada modalidade esportiva e tenha somente bolas de voleibol, as outras
modalidades não serão trabalhadas sem problemas. Mas existem modalidades
que não necessitam de material específico. Um exemplo é a dança de salão,
pois para sua realização é necessário apenas um espaço e um gravador/rádio.
O professor não precisa conhecer todas as danças existentes, o que seria
impossível, esse tipo de aula pode ser realizado até mesmo com a participação
dos alunos, em que eles podem contribuir com um passo ou outro de dança.
Mídias
Assista ao vídeo a seguir em que professores de escolas públicas relatam como
eles driblaram imprevistos para transformar as aulas de Educação Física na
escola onde atuam. Disponível no link: https://www.youtube.com/watch?v
=nEAeWWoukUo
Vocabulário
Competição: em sua forma mais simples de interpretação, a competição pode
ser considerada como o momento em que indivíduos ou equipes se confrontam
para buscar o mesmo objetivo: a vitória.
49
Qualquer que seja o nível do aluno ou do esporte a ser disputado, a
competição torna-se um constante desafio, que por, muitas vezes, ou por
características individuais ou situacionais, acaba sendo uma grande ameaça
aluno.
Existe um conjunto de fatores que atuam e podem levar o aluno a um
rendimento adequado ou não, de acordo Betti (1992), pois cabe a eles e aos
professores terem conhecimento desses fatores e dos seus atributos para que
possam lidar com tantas variáveis e mantenham um nível de desempenho que
lhes permita atingir os objetivos determinados, sejam eles coletivos ou
individuais.
Conclusão da aula 4
Atividade de aprendizagem
Descreva com suas palavras sobre brincar e aos jogos, além da interação que
eles proporcionam, como auxiliar a desenvolver a memória, a linguagem, a
atenção.
50
Aula 5 – Interdisciplinaridade e eventos esportivos
Apresentação da aula 5
51
A interdisciplinaridade favorece ao aluno reconhecer que os conteúdos
estão articulados e, dessa forma, podem contribuir para seu desenvolvimento,
obtendo um conhecimento integrado, contextualizado, amplo e propulsor de
novas inter-relações.
Os PCNEM (BRASIL, 1999) definem que a interdisciplinaridade auxilia no
processo de ensino-aprendizagem e contribui para que o aluno, ao assumir uma
posição mais participativa, possa atingir os objetivos propostos à educação no
Brasil. A interdisciplinaridade visa, também, ir além da simples justaposição de
disciplinas e ao mesmo tempo diluir delas suas generalidades, por que todo
conhecimento possibilita um diálogo permanente com outros conhecimentos, ou
seja, olhar o mesmo objeto sob perspectivas diferentes.
As Diretrizes Curriculares Nacionais sugerem uma gestão centrada na
abordagem interdisciplinar e organizada por eixos temáticos, mediante
interlocução entre os diferentes campos de conhecimento, o qual visa superar o
isolamento das pessoas e o compartilhamento de conteúdo rígidos. As Diretrizes
desafiam os professores, sob o ponto de vista da interdisciplinaridade, a
desenvolverem uma abordagem epistemológica dos objetos de conhecimento.
Importante
Segundo Scortegagna e Eckel (2015), existem dois aspectos fundamentais a
serem consideradas a respeito desse assunto que são: o diálogo constante entre
professores e a humildade em aprender sempre, ou seja, uma formação
continuada permanente.
52
significativo, porque todas as pessoas já trazem em si uma bagagem de
conhecimento importante para que possa ser realizada a interdisciplinaridade.
A autora Fazenda (2001) observa que qualquer trabalho interdisciplinar
deve ir muito além do que simplesmente misturar Geografia, Química,
Matemática e Português, por exemplo. Para a autora, ser interdisciplinar é
tentar formar alguém a partir de tudo que você estudou em sua vida. O
objetivo dessa metodologia é bem maior do que procurar interconexões entre
diversas disciplinas, ela serve para dar visibilidade e movimento aos talentos que
estão escondidos em cada ser humano.
É interessante ressaltar a importância de um ensino integrado que possa
ultrapassar a barreira do conhecimento fracionado e seja incorporado à prática
diária do professor. Por esse motivo, é de suma importância a comunicação entre
os professores de forma contínua, fazendo com que adotem a postura de
educadores interdisciplinares. Essa metodologia fortalecerá o entendimento da
função social do professor e faz com que o aluno se sinta como parte integrante
e importante do processo educativo, em que buscará compreender questões
complexas do dia a dia, por meio da multiplicidade dos enfoques fornecidos nas
aulas.
53
ensino-aprendizagem garantirão as relações sociais do aluno com o propósito de
manifestar os sentimentos e os conhecimento deste.
Portanto, é importante criar culturas de inclusão que favoreçam o
recebimento do outro não pelo que ele produz ou pelas formas que ele exibe,
mas pelo que ele é, independentemente de suas diferenças.
Importante
É nessa hora que entra a Educação Física, pois ela contribui para a construção
dessas culturas de inclusão em uma prática voltada e orientada para a
reestruturação do olhar para a diversidade.
54
A competição é um elemento fundamental do esporte, justamente por dar
sentido à sua existência e por ser durante ela o esporte se realiza em sua
plenitude. Qualquer ação orientada para o ensino e aprendizagem do esporte,
não está necessariamente vinculada à necessidade de se aprender a competir,
seja nas aulas de Educação Física ou nas escolinhas de esporte (SOUZA, 2001)
Portanto, quando abordamos a temática “competição escolar”, devemos
observar o compromisso dessa área com a educabilidade do sujeito e termos
consciente das suas particularidades e função.
A competição não se encerra nas fronteiras das práticas corporais e
esportivas, mas assume e ultrapassa a plenitude da própria condição humana
ao reconhecer os competidores. De acordo com Souza (2001), a competição
não é boa ou má, ela é o que fazemos com dela. De acordo com o proposto
pelo autor, compreende-se que a competição na aula de educação física é
positiva ou negativa, tudo depende da abordagem utilizada.
55
Jogos interclasses de futebol
Fonte: acervo do autor (2020).
56
promover a restauração do humano, em face de construirmos um mundo melhor,
em cima das virtudes educativas existentes na competição pedagógica.
➢ Recursos humanos;
➢ Material Esportivo;
➢ Material de consumo;
➢ Locação do espaço físico;
➢ Locação de equipamentos;
➢ Hospedagem;
➢ Alimentação;
➢ Arbitragem;
➢ Premiação;
➢ Passagens rodoviárias e aéreas nacionais ou internacionais;
➢ Locação de transporte para pessoas, equipamentos e outros, os
quais são necessários à prática das modalidades esportivas
envolvidas na competição.
57
Devem ser elaborados documentos de acordo com a portaria
Interministerial n. 507/2011, conforme descritos a seguir:
58
a razoabilidade, a regionalidade, a especificidade da política e a
tempestividade;
➢ Documento técnico de projeto: devem ter informações técnicas,
administrativas, sociopolíticas e pedagógicas, prestadas de forma
objetiva, conforme o padrão proposto pelo concedente, que tem
como objetivo estabelecer um resultado mínimo do cenário de
intervenção do projeto, bem como proposição pontual dos eventos,
dos calendários e das atividades a serem desenvolvidas no escopo
de metas e etapas do plano de trabalho;
➢ Banco de projetos: Este é um instrumento de registro e
homologação de projetos de convênio classificados, não
selecionados, aptos para a execução e não celebrados, em
decorrência de motivo de limite orçamentário, que constituirá
ordem de preferência, conforme classificação, em um possível
processo de celebração reaberto pelo concedente, enquanto válida
a ata de publicação do banco de projetos.
Vocabulário
Congraçamento: ato ou efeito de congraçar-se; ato ou resultado de conciliar;
conciliação; reconciliação.
59
A organização desses eventos deve levar em consideração as
necessidades da comunidade em que a escola está localizada. Pois, desse
modo, teremos maior participação da comunidade em geral e de outras
disciplinas, como, por exemplo, ao levar os jogos internos para fora da escola,
trazemos a comunidade para dentro dela, isto é, vai além do jogar por jogar.
Conclusão da aula 5
Atividade de aprendizagem
60
Aula 6 – Metodologia do corpo em movimento. As questões relacionadas
com o crescimento cognitivo
Apresentação da aula 6
61
desenvolvimento do aluno, ela parece estar presente na escola apenas como
uma simples atividade.
O posicionamento básico da disciplina de Educação Física é de que existe
um conhecimento teórico e prático sobre a motricidade humana, tendo como
objetivo otimizar as possibilidades e potencialidades do aluno para se
movimentar. Esse conhecimento deverá capacitar o aluno para a regulação,
interação e transformação em relação ao meio em que vive.
Quando analisamos a natureza desse conhecimento, convém esclarecer
o significado dos termos regulação, interação e transformação empregados
nesse contexto.
De acordo como Freudenheim (1993), quanto à regulação, nós estamos
nos referindo a um duplo desafio na motricidade humana que são: operar
variáveis comportamentais e fisiológicas que constituem os sistemas
fundamentais para a qualidade de vida no sentido de equilíbrio homeostático, ou
seja, se transformar em direção ao que corresponde uma referência vital, operar
essas variáveis em direção às transformações que asseguram formas de
interação a uma referência variável no processo de desenvolvimento.
A interação e a transformação podem ser caracterizadas quando, por
exemplo, as funções motoras são fundamentadas na compreensão de
princípios biomecânicos que controlam a postura corporal. Vamos ver este
exemplo: Carregar um objeto pesado bem próximo de seu corpo em vez de
levantá-lo distante dele tem a finalidade de minimizar a sobrecarga para a
coluna, pois dessa forma o braço de alavanca será menor quanto mais perto o
braço estiver do corpo.
Daolio (1992) descreve que o esporte tem se constituído em um fenômeno
social de proporções mundiais, o que quer dizer que o aluno pode não gostar de
praticar determinadas expressões da cultura do movimento, como jogo, esporte,
dança e ginástica, mas ele pode ter sua opinião formada após conhecê-los, ou,
ainda, mesmo não praticando, poderá ser um expectador com capacidade de
apreciar essas manifestações que compõem a cultura de movimento.
Dentro do que foi considerado, é possível discutirmos a respeito das
dimensões: procedimental, simbólica e atitudinal. De acordo com Betti (1992), a
dimensão procedimental nos diz respeito ao saber fazer, a capacidade de se
mover em uma diversidade de atividades motoras crescentemente complexas
62
de forma mais efetiva e graciosa. Nessa concepção, o aprender a mover-se
envolve atividades como tentar, praticar, pensar, tomar decisões e avaliar, ou
seja, significam muito mais que do que respostas motoras estereotipadas.
Agora, quando falamos em dimensão atitudinal, estamos nos referindo a
uma aprendizagem que implica em utilizarmos do movimento como meio para
chegarmos a um fim, que não precisa, necessariamente, estar relacionado a uma
melhora na capacidade de se mover efetivamente. O movimento é, para o aluno,
um meio de aprender sobre seu potencial e suas limitações, além de aprender
sobre o meio ambiente.
O aluno pode se expressar pelo gesto, som, mímica, jogos e perceber que
o corpo é um instrumento de comunicação, ou seja, por meio dessas explorações
e observações poderá estabelecer comparações com outras crianças, adultos
animais, construindo seu autoconceito e compreensão da realidade.
63
preferências, se arriscar ao fracasso, estabelece uma dinâmica
independente para resolver problemas e aceitar auxílio sem o
sacrifício da independência;
64
6.3 Orientações didáticas na aula de Educação Física
➢ Espaço:
➢ Direção: frente, atrás, lado, subindo, descendo;
➢ Níveis: alto, médio, baixo;
➢ Planos: sagital, frontal, horizontal;
➢ Extensões: pequena, grande;
➢ Tempo: lento, rápido, acelerando, desacelerando;
➢ Esforço: forte, fraco;
➢ Objetos: corda, bola, arco, jornal etc.;
➢ Capacidades físicas: resistência, força, flexibilidade, velocidade;
➢ Núcleos do movimento: articulações de ombro, joelho, cotovelo
etc.;
➢ Relacionamento: duplas, trio, grupo.
65
Quando consideramos que o movimento está integrado ao conjunto das
atividades da criança por estar vinculado à expressão, ou seja, permite os
desejos e os estados íntimos e necessidades se apresentem, destacamos que o
corpo da criança tem papel fundamental durante a infância, justamente por ser
umas das linguagens de expressão e vinculação dela com o mundo.
Na imagem a seguir, crianças participam de circuito de Educação Física,
um dos exemplos de atividades para o professor trabalhar a fim de estimular a
motricidade e a expressão corporal dos alunos.
66
colaborando para o desenvolvimento integral da criança e proporcionando a elas
aprendizagens significativas.
Arribas (2004) também destaca que tais experiências precisam ter
finalidades voltadas a acompanhar, orientar e estimular o desenvolvimento
psicológico e motor do aluno por meio de diferentes experiências educativas que
levem a um desenvolvimento integral.
Mídias
Assista ao vídeo a seguir, no qual você vai poder ver um exemplo prático de
aplicação didática do ensino de desenvolvimento cognitivo da criança na aula de
Educação Física. Disponível no link: https://www.youtube.com/watch?v=Nj
7zKeZQ9eo
Curiosidade
O objetivo principal deve ser de que o aluno adquira a qualificação socio-
histórico-cultural necessária para desenvolver uma racionalidade crítica,
autônoma e participativa.
67
É necessário existir uma relação teórico-prática na metodologia de ensino.
Durante muito tempo, pesquisadores têm discutido qual seria a melhor definição
para essa disciplina. Foi pensado em Educação do físico, mas ela não se limitava
apenas na educação do corpo físico, músculos e ossos. Os pesquisadores
acreditavam que essa definição negava valores importantes, como o respeito, a
moral, a ética, a cidadania, entre outros.
Vieram novas pesquisas que trouxeram a definição de “educação pelo
físico” e nelas os pesquisadores analisavam o desenvolvimento educacional do
aluno. Cisneiros (1995) diz que não seria somente o físico o responsável pela
educação, mas também era necessário considerar a capacidade de raciocínio
que ocorre no momento da atividade física. Anos depois surgiu o termo
“Educação Física” cujo significado é “corpo em movimento”.
Daolio (1992) explica que quando o professor planeja sua aula, ele deve
sempre levar em consideração a bagagem de conhecimento da criança; a reação
do grupo diante da atividade, como aspecto social; procurar respeitar cada aluno
como um ser único, em que cada um tem suas limitações e particularidades; e
sempre estimular os estudantes para que eles queiram aprender mais e mais com
as aulas de Educação Física, colaborando, assim, para os aspectos psicológicos.
O professor deve sempre se lembrar que tais aspetos devem estar em
constante sintonia, pois a aula, que para muitos pensam ser uma perda de
tempo, é de fundamental importância, principalmente para crianças que estão
em fase de desenvolvimento, porque podemos aliar a Educação Física à
educação moral e intelectual, formando um indivíduo como um todo.
68
Nesta aula, vamos focar nosso estudo no desenvolvimento cognitivo.
Contudo, é importante que você saiba, primeiro, o que é cognição. A definição
de cognição é qualquer coisa que esteja ligada ao cérebro.
Mídias
Assista ao vídeo a seguir, você vai ver mais detalhes a respeito de como Piaget
explica o desenvolvimento cognitivo. Disponível no link: https://www.youtube.
com/watch?v=_CGu08gXTC4
69
pode ou não ter algum transtorno que está atrapalhando seu desenvolvimento
(VAZ; TAVARES, 2011).
Conclusão da aula 6
Concluímos mais uma parte do nosso estudo. Você viu nesta aula a
importância da Educação Física no desenvolvimento cognitivo da criança; qual
o papel do professor dessa disciplina no aprendizado do aluno; e quais
estratégias devem ser adotadas na parte pedagógica da Educação Física.
Atividade de aprendizagem
Apresentação da aula 7
70
7.1 Atitudes e valores da Educação Física escolar
71
7.2 Os professores e a escola
Importante
É sabido que toda instituição de ensino não é somente um instrumento de
organização, regulação e controle social, mas também um mecanismo de
regulação e de equilíbrio de personalidade.
Mídias
Assista ao vídeo da Filósofa Viviane Mosé falando a respeito dos diferentes
papéis da escola, do professor e do aluno na educação. Disponível no link:
https://www.youtube.com/watch?v=EigUj_d5n80&t=2005s
72
7.3 Reflexões sobre a Educação Física e suas ações
Curiosidade
A Educação Física implica na promoção da reflexão do conhecimento
sistematizado; existe um conjunto de conhecimento e de práticas corporais,
assim como uma série de conceitos desenvolvidos que devem ser assegurados.
73
Para Verenguer (1995), o professor de Educação Física deve valorizar os
conteúdos que propiciem aos alunos pensar suas possibilidades motoras e a
influência que recebem no contexto social.
Curiosidade
Isso nos sugere dois pontos de análise:
74
pessoal, ou seja, a roupa, por exemplo, torna-se um escudo do aluno para
as possíveis chacotas dos colegas;
➢ O segundo: a indisciplina é um problema muito maior, que ultrapassa os
limites da escola, mas isso não isenta o professor da responsabilidade
dele, ou seja, de ser responsável pelos alunos e de prepará-los para a
cidadania.
Reflita
Como vou realizar? Com o quê? O quê? Para quê? Para quem?
75
➢ Prático: sem grande preocupação formal, em que tem como
objetivo atender a atividades de aula exclusivamente;
➢ Instrumental: está diretamente relacionado a uma tendência
tecnicista de educação, como, por exemplo, solucionar os
problemas de falta de produtividade da educação escolar sem
considerar os fatores sócio-político-econômicos;
➢ Planejamento participativo: busca na resistência o modelo de
reprodução do sistema educacional de valorizar a construção
coletiva, a participação e a formação da consciência crítica a partir
da reflexão sobre a prática transformadora.
Mídias
Para iniciarmos esse tópico do nosso estudo, assista ao vídeo, nele, professores
de Educação Física falam sobre os tipos de avaliações, a maneira como avaliam
76
e a importância desse processo no aprendizado dos alunos. Disponível no link:
https://www.youtube.com/watch?v=vkZt42V8lCM
77
formativa, regular o processo de ensino-aprendizagem
aproximando-o da direção definida;
➢ Quando está em causa uma decisão de classificação dos alunos
em função do grau de realização dos objetivos, estamos no
domínio da avaliação somativa.
78
Quando o planejamento é feito por meio de blocos de atividades, as
decisões, conforme afirma Correia (1996), ao nível do plano da Educação Física
são baseadas quase que exclusivamente em critérios exteriores aos próprios
alunos, sendo o mais frequente a utilização de recursos ou o sistema de rotação
pelas instalações, em que, nesse caso, a solução pedagógica do professor em
seu trabalho com a turma é bem limitada.
Correia (1996), afirma, também, que quando planejamos estamos
antecipando e prevendo a forma como vamos utilizar todos os meios que
dispomos para que os alunos possam cumprir os objetivos adequados ao seu
desenvolvimento.
Na avaliação formativa, esse planejamento nos auxilia no recolhimento de
informações que nos permitem orientar e regular a nossa atividade pedagógica
ao longo do ano letivo, assim como controlar os efeitos na aprendizagem.
O aperfeiçoamento de nossas práticas avaliativas no âmbito da avaliação
formativa é um fator determinante no desenvolvimento da Educação Física. Ela
é uma das formas rigorosa, objetiva e científica que procedemos à classificação
dos alunos e pode ter efeitos relevantes no processo ensino-aprendizagem.
A qualidade do ensino de Educação Física é melhor quando as decisões
pedagógicas são devidamente fundamentadas e suportadas em informações
provenientes do percurso de aprendizagem e desenvolvimento dos alunos.
79
Devemos sempre nos recordar que a condição humana de nossos alunos
impõe um caráter irrestrito e singular às nossas aulas. De acordo com Correia
(1996), a preparação e o planejamento são necessários, mas eles não devem se
basear nos elementos da didática para determinar a prática a ser desenvolvida,
e sim o contrário. A realidade é que a prática deve alimentar a didática por meio
da reflexão em um contínuo exercício de prática-reflexão-prática, e não o
contrário.
De acordo com Ghiraldelli Júnior (1991), quando falamos em tempo e
lugar de uma didática da Educação Física, se este tempo e lugar precisam se
constituir em normas, técnicas, estratégias e modelos pretensamente
uniformizadoras e universalizantes, tentando enquadrar toda e qualquer prática
pedagógica em uma resposta construída, que desconsiderando as
peculiaridades da prática pedagógica de cada professor, que é única e singular.
Entendemos que o tempo e o lugar de uma didática de Educação Física passam
a ter sentido quando o professor se reconhece como sujeito autônomo e como
autoridade para desenvolver sua prática pedagógica.
Conclusão da aula 7
80
de um processo e de uma experiência autônoma que implique no exercício da
reflexão crítica, na escolha e nas tomadas de decisão dentro do próprio processo
educativo, sendo essa uma condição indispensável para que uma educação
ocorra.
Atividade de aprendizagem
Apresentação da aula 8
81
➢ Permite o reconhecimento de nossa condição humana, ou seja, de
indivíduo, espécie, sociedade humana e a complexidade que a
envolve;
➢ Possibilita reportar à complexidade do real e consequentemente do
processo educacional;
➢ Nos conduz necessariamente a uma prática pedagógica.
Curiosidade
Nós captamos estímulos por meio dos sentidos. Se não organizamos bem as
sensações, possivelmente teremos dificuldades também de entendê-las e de
expressá-las com consciência. Nossas interpretações não chegarão a
entendimento profundo do que percebemos e, portanto, não alcançaremos
níveis de discernimento ou de consciência em si.
82
aluno, para assistir às aulas, bastaria que tivesse seus olhos e mãos, ficando
isentos os demais sentidos.
As aulas de Educação Física, apesar de formarem um espaço em que
esta lógica é, em parte, quebrada, não proporcionam as condições para que
alunos se aprofundem na compreensão das experiências emocionais-afetivas e
cognitivas dentro das sensações mobilizadas pelos sentidos.
Importante
O aluno deve ser considerado como um ser capaz de sentir, pensar e agir.
83
Saiba mais
Leia na integra sobre o conceito e explicação do que é esquema corporal.
Disponível no link: https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/fisiote
rapia/o-esquema-%20corporal/22009
Também o artigo “A Conscientização Corporal na Educação Física Escolar:
Traçando Novas Propostas de Construção da Corporeidade do Educando no
Atual Momento Histórico”, de Thiago Zanotti Pancieri. Disponível no link:
http://cev.org.br/biblioteca/a-conscientizacao-corporal-educacao-fisica-escolar-
tracando-novas-propostas-construcao-corporeidade-educando-atual-momento-
historico/
84
➢ Conceitos corporais: de forma progressiva à superfície dos
esquemas e valores relacionados ao corpo se sobrepõe a um outro
aspecto da experiência corporal, que é o aspecto do conhecimento
topográfico e intelectual. Neles, as crianças aprendem a palavra
correspondente aos diferentes segmentos e regiões corporais.
É no final do corpo vivido, em torno dos três anos, que a criança reconhece
seu corpo como objeto. O estágio dos três aos seis anos é um período transitório
tanto na estruturação espaço-temporal quanto na estruturação do esquema
corporal. Essa fase é a etapa do corpo percebido, que corresponde à
organização do esquema corporal, ou seja, a atividade perceptiva, quando o
desenvolvimento só será possível depois que a função de interiorização atingir a
maturação.
85
Podemos considerar que a disponibilidade corporal, ou disponibilidade
consciente, precisa além de uma forma inteligente psicomotora, mas também um
nível elevado de inteligência operatória, ou seja, o controle completo das atitudes
e dos gestos, em que se apoia não apenas em um trabalho voltado para o corpo,
mas também para o domínio da maior parte dos conhecimentos operatórios
baseados no espaço e no tempo.
Le Boulch (1987) diz que a reintrodução de uma verdadeira educação do
corpo, ligada a uma educação simbólica, fará com que as concepções
educativas evoluam e se tornem mais eficazes no plano prático.
86
8.5 O desenvolvimento infantil
87
meio social, são desencadeados diferentes processos internos de
desenvolvimento os quais permitirão um novo patamar de aprendizagem
(OLIVIER, 1995).
Para Le Boulch (1987), o desenvolvimento de uma criança é o resultado
da interação de seu corpo com os objetos que se encontram no meio em que
vive, com as pessoas com quem convive e com o mundo em que estabelece
ligações afetivas e emocionais. O corpo, portanto, é sua maneira de ser. É por
meio do corpo que a criança estabelece contato com o ambiente, que se engaja
no mundo, que compreende o outro.
Todo indivíduo tem seu mundo construído a partir de suas próprias
experiências corporais, sendo assim, a criança terá maior habilidade para se
diferenciar e para sentir essas diferenças, pois é por meio dele que ela
estabelecerá contato com o meio, interagindo em nível psicológico, psicomotor,
cognitivo e social. Portanto, por meio das experiências de aprendizagem, a
criança constrói seu esquema corporal e amplia seu repertório psicomotor,
adquirindo autonomia e segurança.
Saiba mais
Leia na íntegra o artigo sobre “O processo de ensino-aprendizagem e a pratica
docente”. Disponível no link: https://multivix.edu.br/wp-content/uploads/2019/04/
revista-espaco-academico-v08-n02-artigo-03.pdf
88
e sua sociabilização. Sendo assim, é possível o professor trabalhar o corpo
harmoniosamente nos seus aspectos físico, cognitivo e psicossocial.
Mídias
Assista ao vídeo “Diversa - Portas abertas para a inclusão - Educação Física
Inclusiva no Brasil”. Disponível no link: https://www.youtube.com/watch?v=Hl3l
cjx_sug
Inclusão no esporte
Fonte: acervo do autor (2020).
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legitimada por um parecer médico-psicológico, ou seja, desde que essa
diferença seja uma deficiência. A escola inclusiva procura sanar, de forma
apropriada e com alta qualidade, não só a questão da deficiência, mas também
todas as diferenças dos alunos, sejam elas culturais, étnicas, dentre outras.
Portanto, a educação inclusiva recusa a segregação com o intuito de que
a escola não seja só acessível, mas também bem-sucedida.
Reflita
Como a Educação Física participa nesse processo?
Como disciplina, ela não pode ficar neutra diante da educação inclusiva.
Por fazer parte do currículo oferecido pela escola, esta disciplina pode auxiliar a
escola a se tornar inclusiva.
Rodrigues (2000) diz que há diversas formas para que isso ocorra, um
deles é o conteúdo ministrado, que apresenta um grau de determinação e rigidez
menor que as outras disciplinas. O professor de Educação Física tem mais
liberdade para poder organizar os conteúdos que pretende trabalhar com seus
alunos em suas aulas.
Curiosidade
Um dos fatores primordiais para uma proposta inclusiva em sala de aula é que
os professores mudem a visão incapacitante das pessoas com necessidades
educacionais especiais para uma visão pautada nas possibilidades, elaborando
atividades variadas, dando ênfase no respeito às diferenças e às inteligências
múltiplas (ROCHA, 2017). Em relação à realização de atividades inclusivas, pode
se dizer que o professor de Educação Física possui uma pequena vantagem na
organização de suas aulas, pois por ter atividades mais flexíveis no que diz
respeito a sua execução, tem mais liberdade para poder organizar os conteúdos
que pretende trabalhar com seus alunos em suas aulas.
Outro fator, de acordo com o autor, é que os professores são vistos como
profissionais que desenvolvem atitudes mais positivistas que os demais perante
os alunos. Essa imagem positivista e dinâmica é um elemento importante de sua
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identidade profissional, acarretando, por exemplo, em sempre serem chamados
para participar de projetos de inovação na escola.
O autor termina dizendo que a Educação Física é importante para a área
de inclusão porque permite uma ampla participação, mesmo de alunos que
demonstram dificuldades, isso é evidenciado nos planos curriculares parciais
elaborados para alunos com necessidades especiais.
É importante destacar que deve-se ter cuidado com o que e como será
acordado nessa disciplina, justamente porque, como você já viu durante nossos
estudos, a Educação Física tem uma cultura histórica desportiva e competitiva o
que pode criar resistências à inclusão de pessoas menos capazes para um bom
desempenho em uma competição.
A prática desportiva, quando usada sem os princípios da inclusão, é uma
atividade que não favorece a cooperação e não valoriza a diversidade, além de
poder gerar sentimentos de satisfação e de frustração.
É bom salientar que, na rede de ensino, a Educação Física é a única
disciplina que tem legislação específica para que certos alunos sejam
dispensados de suas aulas, sendo que determinados perfis biológicos de
desempenhos motores podem ser uma das normas dessa dispensa.
Conclusão da aula 8
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Atividade de aprendizagem
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Índice Remissivo
A ação pedagógica da Educação Física na escola ...................................... 17
(Aspectos; experiência corporal; reflexões)
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Avaliação .................................................................................................... 29
(Ações pedagógicas; avaliação progressiva; avaliação tradicional)
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Interdisciplinaridade e eventos esportivos ................................................... 51
(Contradições; ensino formal; importância)
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Planejamento da Educação Física escolar .................................................. 70
(Afetividade; cooperação; respeito mútuo)
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Referências
ENGUITA, M. F.; A face oculta da escola. Porto Alegre: Artes Médicas Editora,
1989.
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