Topicos Especiais em Geografia
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A ABORDAGEM GEOGRÁFICA
DO TURISMO
META
Propor ao aluno uma nova maneira de se abordar os estudos do turismo na geografia.
OBJETIVOS
Entender como podemos abordar o turismo em nossos estudos;
Identificar e diferenciar geografia do turismo e abordagem geográfica do turismo;
Caracterizar a abordagem geográfica do turismo.
INTRODUÇÃO
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A abordagem geográfica do turismo Aula 6
QUESTIONANDO AS ABORDAGENS ATUAIS
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A abordagem geográfica do turismo Aula 6
e diretrizes, inúmeros outros órgãos puderam contabilizar o turismo. Na
atualidade, a maioria dos estudos envolvendo o turismo toma como refer-
ência as definições e estatísticas da OMT.
Constatamos que boa parte dos estudos realizados com base nos dados
da OMT não permite uma verdadeira análise do fenômeno, pois as estatísti-
cas abrangem vários tipos de mobilidade que não podem ser classificadas
como sendo turísticas. Neste caso, ao analisarmos o turismo em um dado
espaço, a importância do turismo pode ser bem maior ou bem menor que
aquela realidade apresentada pela OMT.
Os dois principais critérios adotados pela OMT para se definir o turismo
(o tempo e a motivação) são muito abrangentes e acabam por englobar
práticas que não advém do turismo. Conforme veremos a seguir, o tempo
delimitado para ser considerado como turista é muito largo, assim como
as motivações podem às vezes não terem nenhuma relação com o turismo.
AS DEFINIÇÕES DA OMT
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habitual e cujo motivo principal não seja exercer uma atividade remunerada
no país visitado ». Os visitantes internacionais podem ser turistas (visitante
que permanece uma noite pelo menos em um meio de alojamento coletivo
ou privado no país visitado) ou excursionistas ( visitante que não pernoita
num alojamento coletivo ou privado). Para a definição de visitantes internos,
utilizou-se da mesma definição de visitantes internacionais, porém, neste
caso, o visitante se desloca dentro do próprio país.
Quanto à classificação do motivo principal da visita dos turistas, a OMT
propõe seis grupos para o turismo receptor, emissor e interno, são eles:
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A abordagem geográfica do turismo Aula 6
ANÁLISE DA MOTICAÇÃO COMO SEGUNDO
CRITÉRIO DE DEFINIÇÃO DE TURISTA
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tipo de turismo levaria a crer (ou a afirmar) que o turismo sempre existiu.
Poderíamos afirmar, neste caso, que as Cruzadas rumo à Jerusalém eram
uma forma de turismo ?
Partimos do princípio que o turismo é um fenômeno historicamente
datado e localizado, que surgiu na sociedade ocidental durante a Revolução
Industrial, na Inglaterra. Segundo Mirian Rejowski et al. (2002, p.42), em
meados do século XVIII, as transformações provocadas pela Revolução
Industrial começaram a contribuir para o estabelecimento do turismo tal
como é conhecido na atualidade”. Admitindo-se que as peregrinações da-
tam de antes da Revolução Industrial, não concordamos em afirmar que
as peregrinações seriam um tipo de turismo. Segundo SACAREAU, I. e
STOCK, M. (2003), amalgamar turismo e peregrinagem seria tirar a realidade
social do turismo do contexto de sua emergência, a Revolução Industrial, e
impedir de analisar a historicidade dos fenômenos e suas filiações.
Outro problema encontrado nas motivações do turismo seria a existên-
cia da categoria “lazer, recreação e férias”. Na realidade, embora esses termos
sejam próximos, eles não são equivalentes. Classificar “férias” como um
motivo de viagem seria errado se considerarmos que férias, por definição,
seria um período de descanso a quem têm direito os trabalhadores, período
este propício a uma viajem turística, mas não necessariamente. Neste caso,
férias constituiria um período de tempo e não uma motivação.
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A abordagem geográfica do turismo Aula 6
importância do turismo no local, necessitamos de alguns dados, como o
número de turistas por exemplo. Neste caso, como contabilizamos os turistas
que não se hospedam nos hotéis ou pousadas e permanecem em habitações
alugadas, de parentes ou residências secundarias? Em muitos casos, os da-
dos referentes aos turistas que se hospedaram nos meios de hospedagens
comerciais não servem para mostrar a realidade do fenômeno estudado.
Concordamos que os dados estatísticos são imprescindíveis ao estudo
e ao planejamento do turismo, porém é preciso ter cautela ao fazermos um
estudo cientifico se baseando em dados imprecisos e que podem mostrar
outra realidade que a verdadeira do fenômeno em questão.
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A abordagem geográfica do turismo Aula 6
Na realidade existem vários tipos de mobilidade, como o turismo, o
lazer, negócios, migrações, entre outras. Acreditamos que dois critérios po-
dem distinguir o turismo das outras formas de mobilidade, são eles a escolha
e o fato de situar-se fora do cotidiano. Desse modo, os deslocamentos para
negócios não seriam considerados como turísticos, pois não existe escolha
do individuo em se deslocar. Quanto ao lazer, este também se distingue do
turismo por ser uma prática realizada no espaço do cotidiano.
As práticas turísticas seriam assim definidas como sendo práticas de
recreação (ou de lazer) escolhidas e efetuadas num espaço situado fora
do cotidiano do individuo. Neste sentido é necessário o deslocamento do
individuo do seu lugar de residência à um outro lugar situado fora do seu
cotidiano (lugares normalmente criados para e pelos turistas). Este des-
locamento deve ser compreendido como uma mudança de lugar, ou seja,
uma mudança de habitação. Ser turista significaria mudar temporariamente
de habitação.
A recreação (ou o lazer) pode ser efetuada seja em lugares do cotidiano,
seja nos lugares situados fora do cotidiano. Este fato nos permite distinguir
o turismo do lazer, onde essas atividades são escolhidas livremente e se
inscrevem num tempo fora do tempo de trabalho dos indivíduos. Essas
atividades se diferem no fato de serem praticadas em espaços diferentes.
Neste sentido, podemos ter práticas de lazer em nossas residências,
como a jardinagem ou a filatelia, assim como em lugares que necessitam
um deslocamento, como nos clubes, parques, praias, entre outros.
O turismo se distingue do lazer pelo fato da recreação turística exigir
um deslocamento, ou seja, uma ruptura temporária com o local de vida
habitual. Como vimos, não podemos ser turistas em casa! Para ser consid-
erado um turista, é preciso sair e ir viver temporariamente em outro espaço
que o do cotidiano. O deslocamento constitui assim um ato imprescindível,
diferentemente do lazer.
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CONCLUSÃO
RESUMO
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A abordagem geográfica do turismo Aula 6
ATIVIDADES
AUTOAVALIAÇÃO
PRÓXIMA AULA
REFERÊNCIAS
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