APPLE vs. GRADIENTE - Caducidade de Marcas - Migalhas

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12/12/2023, 11:35 APPLE vs.

GRADIENTE: Caducidade de marcas - Migalhas

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APPLE vs. GRADIENTE: Caducidade de


marcas
Pedro Marcos Nunes Barbosa e Bernardo Guitton Brauer

A melhor maneira de pacificar uma contenda é a dedicação da leitura das provas e a


valoração dos documentos.
segunda-feira, 18 de julho de 2022
Atualizado às 08:38

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A A

Este texto tem como proposta realizar análise crítica a um dos diversos processos1
envolvendo duas grandes sociedades empresárias, ambas do ambiente de
eletroeletrônicos de matriz comunicacional. Especificamente, tecer-se-á comentários
sobre o feito distribuído sob o número 5067776-25.2021.4.02.5101, movido pela
demandante APPLE, em desfavor da IGB (Gradiente) e do INPI, que foi sentenciado em
1/7/22 pela 13ª Vara Federal do Rio de Janeiro. O cerne da discussão foi dirimir se o uso
do signo distintivo pela IGB era suficiente a lhe prevenir dos efeitos da extinção da
marca por falta de função social na sua titularidade.
https://www.migalhas.com.br/depeso/369908/apple-vs-gradiente-caducidade-de-marcas 1/5
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1 - AS VIRTUDES DA ESPECIALIZAÇÃO DOS ÓRGÃOS DO PODER JUDICIÁRIO


A interdisciplinaridade é uma rara virtude dominada por poucos, mas visada por
muitos2. Se no campo da propriedade intelectual o perfil do gênio a la Leonardo da
Vinci é um paradigma de difícil alcance, há algo símile a isto no mito do Juíz-Hércules3.
Tais padrões servem mais como meta (ou mandato de otimização) para quem labora
no serviço público examinando patentes ou na magistratura.
Exatamente para lidar com as aptidões mais voltadas a um cerne (mecânica, física,
eletricidade, química fina) do que a outro (direito penal, tributário, civil, penal,
empresarial, internacional, concorrencial), que o INPI e o Poder Judiciário têm na
especialização um indicativo de melhoria de qualidades de suas produções.
Com relação ao direito da propriedade intelectual, ultrapassados mais de vinte anos da
especialização de Juízos de primeiro grau, e dezessete anos dos Juízos de segundo
grau do Poder Judiciário Federal da 2ª Região, é nítida a maturidade e alta qualidade
dos teores decisórios. Entre as seis regiões hoje existentes, nenhuma delas produz
normas tão sofisticadas quanto aquelas derivadas das penas dos Juízos que são
especializados em Propriedade Intelectual; e o único Órgão Jurisdicional que vivificou o
disposto no art. 2414 da lei 9.279/96, foi o TRF-2.
Saliente-se, entretanto, que a especialização per se não revoluciona a qualidade da
fundamentação de um pleito dirimido: ela é um ponto de partida, que deve ser
maturado junto com treinamento e devido estímulo das pessoas que servem ao povo.
Muito além da relevância dos filtros superados por aqueles que se submeteram à
aprovação em certames dificílimos, apenas a valorização dos examinadores de direitos
de propriedade industrial (Poder Executivo), de um lado; e os analistas, técnicos e
integrantes da magistratura (Poder Judiciário), de outro; criará as condições ideais para
que o alto nível com o qual se constitui e se decide direitos intelectuais possa evoluir
no Brasil.
2 - O SISTEMA DA PROPRIEDADE INTELECTUAL É UM SISTEMA ANTROPOCÊNTRICO
Se a academia tem servido de pioneirismo aos maiores debates havidos na
propriedade intelectual, não há grandes ideias advindas ex nihilo. Foram das brilhantes
mentes dos especialistas falecidos Francisco Cavalcanti Pontes de Miranda, Waldemar
Martins Ferreira, João da Gama Cerqueira, Denis Borges Barbosa, Bruno Jorge
Hammes, Celso Delmanto, Hermano Duval, Clóvis Costa Rodrigues e Douglas Gabriel
Domingues que o sistema dos direitos intelectuais prosperou no país. Entre os vivos,
vale destacar a contribuição dada por Newton Silveira e Silmara Chinellato e, entre a
geração dos mais jovens, os estudos de Antonio Carlos Morato, Lelio Schmidt, Walter
Godoy, Milton Leão, Karin Grau-Kuntz, Elizabeth Fekete, Maite Moro e Marcos
Wachowicz.
No tocante ao brioso corpo técnico do INPI, a contribuição crítica de pesquisadores
como Ana Paula Gomes Pinto, Patrícia Peralta, Antonio Abrantes, Sérgio Paulino,
Frederico Carlos da Cunha e Claudia Tolentino (entre tantos outros nomes
maravilhosos) aprimora a hermenêutica da propriedade intelectual, com uma ótica que
só o bom servidor bem compreende com profundidade.

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Por fim, se os EUA já contaram com juízes que amavam dirimir contendas de PI, tais
como Richard Allen Posner e Ruth Bader Ginsburg, o Brasil também é privilegiado pela
meticulosa atenção dada à matéria por magistrados como os ministros Dias Toffoli
(STF) e Nancy Andrighi (STJ); pelos desembargadores César Ciampolini (TJSP) e (Prof.
Dr.) André Fontes (TRF-2); e pela contribuição das professoras mestras e juízas federais
Márcia Maria Nunes de Barros e Caroline Somesom Tauk. Afora o caso do ministro Dias
Toffoli - que participa de Órgão de cúpula que dirime todas as searas do Direito e da
Política, sem uma específica delimitação temática, todos os demais magistrados têm
em comum o fato de oficiarem na especialização da propriedade intelectual. Ou seja,
bem decidem pois - além do inegável talento individual - exercem seu mister em tal
matéria há algum tempo.
Faltantes quaisquer dos exemplos dos seres humanos, o mundo da propriedade
intelectual seria menos virtuoso no Brasil e alhures.
Clique aqui para conferir a íntegra do artigo.
_____________
1 O mais conhecido deles é o STF, Min. Dias Toffoli, ARE 1.266.095/RJ, cuja repercussão geral foi
reconhecida no Tema 1205 e que aguarda decisão de mérito do Pretório Excelso. Este caso não será
comentado no presente texto.

2 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil, Vol. III, Contratos., Rio de Janeiro: Editora
Forense, 2010, p. XVII.

3 Dialogando com as ideias de Dworkin, vide SARMENTO, Daniel. SOUZA NETO, Cláudio Pereira de.
Direito Constitucional: teoria, história e métodos. 2ª Edição, Belo Horizonte: Fórum, 2016, p. 501.

4 LPI: Art. 241. Fica o Poder Judiciário autorizado a criar juízos especiais para dirimir questões relativas à
propriedade intelectual.

Pedro Marcos Nunes Barbosa


Sócio de Denis Borges Barbosa Advogados. Cursou seu Estágio
Pós-Doutoral junto ao Departamento de Direito Civil da USP.
Doutor em Direito Comercial pela USP, Mestre em Direito Civil
pela UERJ e Especialista em Propriedade Intelectual pela PUC-
Rio.

Denis Borges Barbosa Advogados

https://www.migalhas.com.br/depeso/369908/apple-vs-gradiente-caducidade-de-marcas 3/5
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Bernardo Guitton Brauer


Sócio de Denis Borges Barbosa Advogados. Mestre em Direito
Processual pela USP. LLM em Direito da Propriedade Intelectual
pela Queen Mary University (Reino Unido). Bacharel em Direito
pela UFRJ.

Denis Borges Barbosa Advogados

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ISSN 1983-392X

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