Desenvolvimento de Habilidades Auditivas
Desenvolvimento de Habilidades Auditivas
Desenvolvimento de Habilidades Auditivas
1- Introdução
Tal reconhecimento parece evoluir, dos níveis mais simples pra os mais
complexos: as crianças de 8 a 10 meses inibem suas atividades ao reconhecer a
palavra “não”.(21) Entre 9 e 13 meses são capazes de reconhecer comandos
verbais simples, tais como dá tchau! joga beijo! bate palma!(33,43) Além disto, a
partir de 12 meses pode-se também verificar se a criança reconhece o próprio
nome. Na prática clínica tal reconhecimento ocorre entre 15 e 18 meses de
idade.
Dos 18 meses aos 2 anos a habilidade de reconhecimento auditivo evolui
para a compreensão de histórias e habilidade de responder à perguntas
relacionadas a um evento ou história.
• Procedimento
A criança, em estado de sono leve, é colocada deitada, livre de cobertas
para facilitar a observação das respostas corporais ou na posição facilitadora, no
colo da mãe com apoio de cabeça .
Os estímulos sonoros de 70 a 80 dB NPS (guizo e sino) são acionados
em ordem crescente de intensidade, no plano lateral à direita e à esquerda, com
10 a 20 s de duração, à distância de 20 cm do pavilhão auricular. Espera-se
observar respostas de atenção, como franzir a testa, arregalar os olhos, abrir os
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• Procedimento
Criança em alerta, recostada ou sentada no colo da mãe, com brinquedo
pouco atrativo à frente para distrair sua atenção.
Estímulos sonoros de 60 a 70 dB NPS são acionados em ordem
crescente de intensidade, no plano lateral, à direita e à esquerda, com 2 s de
duração, à distância de 20 cm do pavilhão auricular. Espera-se observar, nas
crianças de 3 meses, respostas de atenção, nas crianças de 4 meses,
respostas de procura da fonte ou localização incompleta e aos 5 meses
localização lateral direita e esquerda.
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• Procedimento
Criança em alerta, sentada no colo da mãe com brinquedo pouco atrativo
distraindo-a.
Estímulos sonoros de 50 a 60 dB NPS (guizo único) são acionados em
ordem crescente de intensidade, no plano lateral, à direita e à esquerda, e 20 cm
abaixo e acima do pavilhão auricular. Espera-se observar respostas de
localização (direita e esquerda) e localização indireta para baixo e para cima.
Pesquisa do reflexo cócleo-palpebral com estímulo sonoro de 100 dB
NPS (agogô), que deve estar presente.
Entre 6 e 9 meses a criança localiza tanto a voz da mãe quanto a do
examinador a direita e a esquerda .
A pesquisa do nível de detecção de voz em cabina acústica é
recomendada a partir de 6 meses. A criança é colocada sentada no colo da mãe
entre dois alto-falantes posicionados a 50 cm de seu pavilhão auricular. O
estímulo sonoro utilizado é o nome da criança emitido pelo examinador por meio
de alto-falante, com técnica de apresentação ascendente, do silêncio para o
som. A primeira resposta de localização, virar de cabeça em direção ao estímulo
verbal, é considerada como nível da detecção da voz. Estudo realizado em
crianças normais demonstrou que crianças de 6 a 13 meses apresentam níveis
de detecção da voz de 30 a 35 dB NA.(63)
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Procedimento:
Criança em alerta, sentada no colo da mãe com brinquedo pouco atrativo em
sua frente.
Estímulos sonoros de 40 a 50 dB NPS (guizo único com aumento da
distância) são acionados em ordem crescente de intensidade, no plano lateral, à
direita e à esquerda, abaixo e acima do pavilhão auricular. Espera-se observar
respostas de localização à direita e à esquerda, direta para baixo (a partir de 10
meses) e indireta para cima. A partir dos 12 meses, pode-se encontrar a
localização direta para cima.
A habilidade de localização sonora também pode ser avaliada após 2 a 3
anos de idade solicitando-se à criança que indique o local de uma fonte sonora
situada à direita (90º à direita); à esquerda (90º à esquerda); à frente ( 10º
azimuth) e atrás (cerca de 170 a 190º) e acima da sua cabeça (PEREIRA, 1993).
Pesquisa do reflexo cocleopalpebral com estímulo sonoro de 100 dB NPS
(agogô), o qual deve estar presente.
A pesquisa do reconhecimento de comandos verbais pode ser realizada a
partir de 9 meses de idade, conforme sugerido por Azevedo et al (1995).(33) Tal
reconhecimento parece evoluir dos níveis mais simples para os mais complexos:
as crianças de 8 a 10 meses inibem suas ativida-des ao reconhecer a palavra
“não”.(21) Entre 9 e 13 meses as crianças são capazes de reconhecer comandos
verbais simples, tais como: “dá tchau!”, “joga beijo!”, “bate palma!”.(33,43)
O procedimento de avaliação para pesquisa do reconhecimento de
comandos verbais consiste na verificação da ocorrência do reconhecimento e da
classificação do nível de comandos verbais reconhecido. Para tanto, a
classificação de comandos verbais descrita por Azevedo et al (1995),(33) pode ser
utilizada (Tabela 1).
Além disto, a partir de 12 meses pode-se também verificar se a criança
consegue reconhecer seu próprio nome. Na prática clínica tal reconhecimento
15
vezes mais chance) de ter alteração neurológica aos 3 anos. Desta forma, a
presença destes sinais corresponde a um maior risco de alteração neurológica.
Luiz e Azevedo (2010),(65) acompanhando 54 crianças nascidas pré-termo
até 4 anos de idade, observaram que as crianças que não apresentam RCP nos
primeiros meses de vida com presença de emissões otoacústicas tem 4,52
vezes mais chance de apresentar atraso de linguagem entre 4 e 6 anos Além
disso as autoras observaram que as crianças que não localizam som de forma
adequada entre 6 e 9 meses tem 1,69 vezes mais chance de apresentar
alteração de linguagem entre 4 e 6 anos de idade.
5. Aconselhamento familiar
- falar com a criança usando frases curtas, devagar, com pausas nítidas e
entonação rica em contexto significativo
- falar de frente para a criança sobre aquilo para o qual a criança está olhando
(ex; a criança está brincando com um carro, falar sobre o carro)
- evitar uso de fala infantilizada (ex: te tetê ? para quer mamadeira ?)
- quando a criança solicitar repetição ou demonstrar não ter entendido repetir a
mesma frase dita para reforçar a memória imediata
- quando a criança solicitar repetição pedir retorno. O que você entendeu?
-contar histórias curtas ou cantar músicas de forma monótica e discótica: no
primeiro dia tampando uma orelha, no dia seguinte tampando outra orelha e no
terceiro dia sem tampar as orelhas, mantendo a mesma história, música ou
poesia
- realizar brincadeiras que envolvam rima (ex; pão rima com mão ), memória
auditiva ( lá vai um barco carregado de banana, maçã...) e seqüências sonoras
(ex: dramatizar banho do bebê e pedir para lavar a mão o pé e a barriga da
boneca)
- iniciação musical em caso de interesse da criança
- re-estruturar frases complexas dividindo-as em formas mais curtas (ex: vá
buscar a blusa vermelha na terceira gaveta do armário Dizer: mamãe quer a
blusa A blusa vermelha Está lá em cima. No armário. Vai buscar)
- lembrar que o momento de conversar com a criança deve ser agradável,
envolvendo afetividade e prazer.
6- Conclusão
Referências bibliográficas
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I Dá tchau!
Joga beijo! 9 – 12
Bate palma!
II Cadê a chupeta?
Cadê a mamãe? 12 – 15
Cadê o sapato?
9 – 13 Localização Reconhece
lateral (D/E) comandos
Localização verbais
direta para baixo 20 – 40 Nível I +
e para cima
13 – 18 Localização Reconhece
lateral (D/E) comandos
Localização verbais Níveis
direta para baixo 20 II/III +
e para cima
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