Epístula de Paulo Aos Gálatas
Epístula de Paulo Aos Gálatas
Epístula de Paulo Aos Gálatas
DATA – Entre 55 e 60
ÁSIA MENOR
A Galácia era uma região da Ásia Menor. Para localizarmos melhor, vamos
diferenciar Ásia de Ásia Menor. A Ásia é um continente que inclui diversos países:
Rússia, Índia, países do Oriente Médio, países do Extremo Oriente, etc. A Ásia
Menor, por sua vez, corresponde a território bem menor, que hoje é ocupado pela
Turquia.
GALÁCIA
AS IGREJAS DA GALÁCIA
Enquanto que as epístolas aos coríntios eram destinadas a uma igreja específica, a
carta aos gálatas destina-se a várias igrejas, acerca das quais não temos muitas
informações específicas. Sabemos que, entre tantas cidades localizadas na
província da Galácia, Paulo fundou igrejas em Antioquia da Psídia, Icônio, Listra e
Derbe, durante sua primeira viagem missionária (At.13-14).
MOTIVO DA CARTA
O EVANGELHO JUDAIZANTE
1o – A lei de Moisés foi dada aos filhos de Israel (Êx.19,3,6). Nós, cristãos gentios,
não somos filhos de Israel.
2o – Jesus cumpriu a lei cerimonial. Tal cumprimento significa não apenas sua
obediência mas a satisfação das exigências da lei cerimonial através da obra de
Cristo.
As leis civis do povo de Israel não se aplicam a nós. Além dos motivos já expostos,
nossas circunstâncias são bastante diferentes e temos nossas próprias leis civis
para observar. O cristão deve obedecer as leis estabelecidas pelas autoridades
humanas enquanto essas leis não estiverem ordenando transgressão da vontade de
Deus (Rm.13.1).
As leis cerimoniais judaicas foram abolidas por Cristo na cruz. Por esse motivo,
mesmo os judeus que se convertem hoje ao cristianismo estão dispensados da lei
cerimonial judaica. Por isso, não fazemos sacrifícios de animais, não guardamos o
sábado, não celebramos as festas judaicas, etc.
Se alguém quiser observar algum costume judaico, isso não constituirá problema
(Rm.14.5), desde que a pessoa não veja nisso uma condição para a salvação,
porque, se assim for, a obra de Cristo estará sendo colocada em segundo plano,
como algo incompleto e insuficiente (Gálatas 5.4).
Além de tudo isso, é bom que citemos as palavras de Paulo: "..não estais debaixo
da lei mas debaixo da graça." (Rm.6.14) (Veja também Gálatas 3.24-25).
A RESPOSTA DE PAULO
Diante das alegações e acusações dos judaizantes, Paulo elabora sua resposta: a
carta aos gálatas com amor e censura. Sua epístola apresenta:
Conteúdo do evangelho
Infância Maturidade
A lei mosaica se concentrava em questões visíveis, embora não fosse omissa com
relação ao espiritual. Os pecados ali proibidos eram, principalmente, físicos. Assim
também, a adoração era bastante prática. Seus preceitos determinavam o local, a
postura, a roupa, o tempo apropriado, etc. No Novo Testamento, Jesus vem
transferir a ênfase para o espiritual, embora não seja omisso em relação ao físico.
Ao falar com a mulher samaritana, Jesus observa que ela estava muito preocupada
com os aspectos exteriores da adoração a Deus. Isso era característica da ênfase
do Velho Testamento. Jesus lhe disse: "A hora vem e agora é em que os
verdadeiros adoradores adorarão ao Pai em espírito e em verdade." (João 4.23).
Vemos nisso a ênfase do Novo Testamento: o que é espiritual.
No sermão da montanha, Jesus cita a lei mosaica, dando-lhe uma ênfase espiritual,
interior. As questões morais são levadas para uma visão mais profunda. Jesus
alcança a raiz do problema humano. Cortada a raiz, o fruto exterior também seria
eliminado.
INFÂNCIA E MATURIDADE
A lei servia para regulamentar a vida dos servos de Deus num tempo em que pouco
se conhecia a respeito do Senhor. Ainda que não conheçamos muito sobre Deus,
conhecemos bem mais do que as pessoas do Velho Testamento. Aquele tempo
primordial da revelação progressiva de Deus pode ser considerado como a infância
do povo de Deus. Algumas exigências que os pais fazem aos filhos quando estes
são crianças já não se aplicam aos mesmos filhos quando são adultos. Assim, a
parte cerimonial da lei já não mais se aplica após a vinda, morte e ressurreição de
Cristo. A igreja representa um estágio de maturidade do povo de Deus. Os que hoje
se convertem, não precisam repetir toda a experiência de Israel no Egito, no
deserto, no cativeiro, etc. Já recebemos todo o resultado desse processo através da
bíblia e da pessoa de Jesus. Os gentios são "os trabalhadores da última hora"
(Mt.20.1-16). Os judeus são representados pelos que trabalham desde o início do
dia e ficam indignados que os que chegam no fim do expediente não tenham
passado por tantas horas de labor e estejam recebendo o pagamento integral.
Livres do castigo – Tendo assumido a pena que sobre nós seria imposta, Jesus
sofreu o castigo que merecíamos pelo nosso pecado. Não devemos confundir
castigo com disciplina, a qual, muitas vezes vem sobre nós como um método que
Deus usa para nos ensinar. Castigo é punição. Disciplina é correção e instrução.
Também não devemos confundir castigo com conseqüência do pecado. Deus nos
livra do castigo, mas, a conseqüência vem naturalmente. Deus pode retê-la, mas
não é garantido que ele o faça. Por exemplo, um fumante pode ser perdoado por
ter destruído o seu corpo e mesmo assim vir a morrer de câncer. Fica livre do
castigo mas não da conseqüência.
Livres da lei – Jesus nos livrou do domínio da lei. Essa frase é mais aplicável aos
judeus, já que a lei foi a eles dirigida. Porém, os gentios também podiam se
submeter a ela tornando-se prosélitos do judaísmo. Seja como for, Cristo libertou
da lei a todos os que nele crêem.
Livres do reino das trevas – Esse livramento ocorre no momento em que a pessoa
se rende a Cristo. É algo imediato. Quando o homem se sujeita a Deus, o Diabo
foge. Nenhum demônio permanece dominando aquele que é salvo. Não existe
possessão demoníaca sobre o cristão. O Diabo só poderá fazer o que Deus permitir.
Haverá tentação, perseguição, sugestão e até opressão se Deus autorizar.
Possessão, jamais.
Livre "de si mesmo" - Esta é a parte mais difícil. Refiro-me a sermos liberto de
nossas próprias limitações, nossas próprias fraquezas, nossos conceitos errados,
nossa natureza pecaminosa, nossos hábitos pecaminosos, etc. A experiência nos
tem mostrado que isso ocorre em duas etapas: uma imediata e outra gradativa.
Usemos como ilustração a ressurreição de Lázaro. Quando Jesus orou, o milagre
ocorreu imediatamente. Ele passou a viver. Entretanto, o "ex-falecido" ainda estava
com cara de morto, cheiro de morto, roupa de morto, etc. Jesus disse: "Desatai-o e
deixai-o ir." (João 11.44). A vida já estava nele, mas, além disso, muitas coisas que
nele estavam não combinavam com o seu novo estado. Esse processo de
transformação pelo qual passamos dia a dia recebe também o nome de
santificação. É o desenvolvimento da salvação (Fp.2.13). Muitas mudanças que
precisam ocorrer em nós vão depender do conhecimento que adquirimos da Palavra
de Deus. Alguém pode alegar que, quando aceitarmos a Cristo, somos plenamente
transformados imediatamente, mas, se assim fosse, já seríamos perfeitos, não
precisaríamos conhecer a bíblia nem crescer espiritualmente. Paulo exortou os
cristãos romanos dizendo: "Transformai-vos pela renovação da vossa mente."
(Rm.12.2).
PRESERVAÇÃO DA LIBERDADE
Voltar à lei é negar a graça e perder os seus efeitos (Cap.5). É renunciar aos
direitos de filho e voltar a viver como servo (Sara e Hagar). É renunciar à liberdade
cristã, a qual foi comprada pelo precioso sangue do nosso Senhor. A história de
Israel foi uma seqüência de cativeiros e libertações. Não podemos permitir que a
nossa vida seja assim.
Escrevendo aos gálatas, Paulo tinha em mente a consciência do risco que havia em
se ter uma interpretação errada acerca da liberdade cristã. Depois de insistir no
fato de que os gálatas estavam libertos e não deviam se prender, ele disse: "Não
useis, porém, a liberdade para dar ocasião à carne; mas servi-vos uns aos outros
pelo amor." (Gálatas 5.13). O amor é o parâmetro da nossa liberdade. Isto é
focalizado também nas cartas aos Romanos e aos Coríntios. Não existe liberdade
absoluta. Ou somos servos do pecado ou servos da justiça (Rm.6.18).
A liberdade cristã existe dentro dos limites estabelecidos por Deus. Os limites não
são necessariamente contrários à liberdade. Somos como os passageiros de um
navio, que podem andar para onde quiserem mas sempre dentro dos limites da
embarcação. As restrições que Deus nos propõe são para o nosso próprio bem. São
como cercas à beira do abismo. Só não somos livres para fazer o que destruiria a
nossa liberdade.
MARCAS IDENTIFICADORAS
A circuncisão era símbolo de status religioso para os judeus. Era a marca que
identificava um adepto do judaísmo. As marcas sempre foram importantes. Uma
marca pode ter vários objetivos. Um dos principais é o seu uso como sinal de
propriedade. Os animais eram e ainda são marcados com ferros em brasa contendo
o sinal de seus donos.
Hoje em dia, estamos bastante habituados ao valor das marcas. Sejam marcas de
carros, roupas, etc. Elas representam origem, propriedade, qualidade, ou até a
ausência ou falsificação de tudo isso. As grandes marcas tornam-se símbolos de
status social.
Até no Apocalipse, observa-se o valor das marcas: a besta imporá sua marca sobre
seus seguidores.
ESBOÇO (GÁL.)
1 - Introdução 1.1-9
1. – Saudação – 1.1-5.
2. – A inconstância dos gálatas – 1.6-9.
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