Andreza de Araújo Batista TCC

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COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

ESCOLA SUPERIOR DA CETESB

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO “CONFORMIDADE AMBIENTAL COM REQUISITOS


TÉCNICOS E LEGAIS”

Andreza de Araújo Batista

A LEI ESPECÍFICA DA BILLINGS: AVANÇOS E DESAFIOS.

São Paulo
2018
Andreza de Araújo Batista

A LEI ESPECÍFICA DA BILLINGS: AVANÇOS E DESAFIOS.

Trabalho de Conclusão de Curso. apresentado ao


Curso de pós-graduação “Conformidade Ambiental
com Requisitos Técnicos e Legais”, da Escola
Superior da CETESB, como requisito parcial para a
obtenção do título de especialista em Conformidade
Ambiental.

Orientadoras: Geógrafa Lina Maria Aché e


Arquiteta, Urbanista e Geógrafa Marta Emerich.

São Paulo
2018
DADOS INTERNACIONAIS DE
CATALOGAÇÃO

(CETESB, Biblioteca, SP, Brasil)

Catalogação na fonte:

Direitos reservados de distribuição e comercialização.


Permitida a reprodução parcial desde que citada a fonte.

© CETESB.
Av. Profº. Frederico Hermann Jr., 345
Pinheiros – SP – Brasil – CEP 05459900
Site: http://escolasuperior.cetesb.sp.gov.br/producao-tecnico-cientifica/
FOLHA DE APROVAÇÃO

Andreza de Araújo Batista

A LEI ESPECÍFICA DA BILLINGS: AVANÇOS E DESAFIOS.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


Curso de pós-graduação “Conformidade Ambiental
com Requisitos Técnicos e Legais”, da Escola
Superior da CETESB, como requisito parcial para a
obtenção do título de especialista em Conformidade
Ambiental.

Banca examinadora:

Arquiteta, Urbanista e Geógrafa Marta Emerich


Vinculação acadêmica/institucional

Geógrafa Lina Maria Aché


Vinculação acadêmica/institucional

Engenheira Célia Regina Buono Palis Poeta


Vinculação acadêmica/institucional

Engenheira Laura Stela Naliato Perez


Vinculação institucional

Aprovado em: São Paulo, 21 de julho de 2018.

“A aprovação do Trabalho de Conclusão de Curso não significa aprovação,


endosso ou recomendação, por parte da CETESB, de produtos, serviços,
processos, metodologias, técnicas, tecnologias, empresas, profissionais, ideias
ou conceitos mencionados no trabalho.”
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todo o Corpo Docente da Escola Superior da CETESB, ao meu
fiel companheiro de todas as horas Flávio Lemos, a meus Pais e em especial a minha
Avó materna “In Memoriam”, e a todos aos amigos e colaboradores envolvidos direta
ou indiretamente para o êxito e a realização desta obra.
Todos regidos sob a égide e as bênçãos de Deus que com sua graça e misericórdia,
me permitiu cumprir mais esta importante e significativa etapa.
AGRADECIMENTOS

Agradeço a força, a beleza e a sabedoria contidas no Universo que nos circunda e


nos abençoa com a dádiva da vida e as infinitas possibilidades e oportunidades que
ele nos remete e nos propicia.

Agradeço a Escola Superior da CETESB, por todo empenho, dedicação e excelência


em proferir e propagar com distinção a plena qualidade do saber, agregadas ao amor
em partilhar conhecimentos, em prol da humanidade e um mundo melhor.

Registro aqui toda minha gratidão a Coordenação do Curso, Secretaria, Equipe de


Apoio e Colegas de Turma e Amigos, por todos os momentos que desfrutamos em
harmônica egrégora.

Agradeço profundamente as minhas Orientadoras Marta Emerich e Lina Maria Aché,


por receberem-me com afeto e generosa paciência. Sempre buscando auxiliar em
todas as atividades deste trabalho.

Por fim, à minha fiel escudeira, companheira de todas as horas solitárias e quase
intermináveis que passei ao longo deste semestre copilando e realizando esta obra.
July minha peluda preferida.
“No princípio era o Verbo, e ainda hoje a palavra é a fonte e a origem de toda e
qualquer transformação.” (FLAVIO LEMOS, 2008)
RESUMO

Este trabalho aborda os principais aspectos da Lei Estadual nº 13.579 de 13 de julho


de 2009, que define a Área de Proteção e Recuperação dos Mananciais da Bacia
Hidrográfica do Reservatório Billings (APRM-B) e dá outras providências correlatas.
Faz uma análise sobre sua relevância e principais impactos no contexto da Região do
Grande ABC Paulista e em suas regiões limítrofes, salientando seus aspectos
positivos, metas ainda a serem atingidas, com o objetivo de elaborar propostas e
sugestões para sua melhoria e aprimoramento contínuo. Estes objetivos foram obtidos
por intermédio de pesquisas, entrevistas com todos envolvidos, tais como, sociedade
civil, gestores públicos, acadêmicos, organizações não governamentais, estudo da
própria Lei Específica, bem como, demais legislações similares, artigos publicados e
referências bibliográficas correlatas. Em suma, trata-se de um estudo e uma nova
ótica, cuja a pretensão é contribuir para a contínua e profícua busca que assegure a
qualidade, quantidade e o equilíbrio da dicotomia: Expansão Urbana x Abastecimento
Público.

Palavras-chave: Estudo. Análise. Lei Específica da Billings. Pesquisas. Qualidade e


quantidade de água no reservatório. Propostas e sugestões. Aprimoramento.
ABSTRACT

This work approaches the principal aspects of State Law 13,579 of July 13, 2009,
which defines the Protection Area and Recovery of Billings Reservoir Basin (APRM-
B) and provides other related measures. It makes an analysis about the relevance and
main impacts in the context in the Region of Greater ABC Paulista and in the bordering
regions, emphasizing your positives aspects, goals to be achieved, elaborating
proposals and suggestions for continuous improvement. These objectives were
obtained through research, interviews with all involved, such as civil society, public
managers, academics, non-governmental organizations, study of the Specific Law
itself, as well, other comparable legislation, published articles and related
bibliographical references. In short, it is a study and a new perspective, whose intention
is to contribute to a continuous and fruitful search that ensures the quality, quantity and
balance of the dichotomy: Urban Expansion vs. Public Supply.

Keywords: Study. Analyze. Billings Specific Law. Researches. Reservoir quality and
quantity in the reservoir. Proposals and suggestions. Enhancement.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES E TABELAS

Figura 1 – Delimitação da APRM-B 23


Figura 2 – Estrutura do sistema de planejamento 27
Figura 3 – Compartimentos Ambientais APRM-B 27
Figura 4 – Fluxograma de planejamento ambiental 35
Figura 5 – Outros destinos para o esgoto 43
Figura 6 – Articulações SCM 46
Figura 7 – Carta parcial 4336 46
Figura 8 – Delimitação das subáreas 47
Figura 9 – Aplicação da média ponderada 49
Figura 10 – Certidão de matrícula com averbação de DV 52
Figura 11 – Alvará de Licença Metropolitana 53
Figura 12 – Etapas do licenciamento de PRIS (Res. SMA 21/17) 56

Foto 1 – Palácio dos Bandeirantes sanção da Lei 13.579/09 24


Foto 2 – Braço Alvarenga - Bairro Eldorado 1959 28
Foto 3 – Favela Eldorado 29
Foto 4 – Prainha do Riacho Grande 29
Foto 5 – Atividades de lazer Riacho Grande 30
Foto 6 – Corpo Central II vista do Bairro Riacho Grande 30
Foto 7 – Braço Bororé 31
Foto 8 – Braço Taquacetuba (Aldeia indígena guarani) 31
Foto 9 – Balsa Riacho Grande sentido Tatetos 32
Foto 10 – Braço do Rio Grande em São Bernardo do Campo 33
Foto 11 – SP 122 – Rio Grande da Serra 33
Foto 12 – Templo Luz do Oriente em Ribeirão Pires 34
Foto 13 – Município de Santo André – Corredor Polonês 70
Foto 14 – Placa de sinalização e advertência em APM 70
Foto 15 – Obras irregulares no manancial 71
Foto 16 – Sistema de transposição Rio Grande - Alto Tiete 71
Foto 17 – Precárias ocupações no Corpo Central II 72
Foto 18 – Compartimento Rio Grande Rio Pequeno 72
Foto 19 – Entrevista com moradora 73
Foto 20 – Aglomerado de moradias a margem da represa 73
Foto 21 – Vista de uma SUC em Ribeirão Pires 74
Foto 22 – Processo de ocupação urbana entorno da Billings 74
Foto 23 – Lançamento de esgoto em corpo d’água em RGS 75
Foto 24 – Residência na faixa da cota 747 75
Foto 25 – Degradação de APP - Jd. Pedreira - São Paulo 76
Foto 26 – Ocupações clandestinas - Jd. Pedreira 76

Gráfico 1 – Metas de qualidade por compartimento ambiental 38


Gráfico 2 – Metas de redução de fósforo por município 39
Gráfico 3 – Resultados das metas em 2014 40
Gráfico 4 – Gênero dos entrevistados 61
Gráfico 5 – Faixa etária 61
Gráfico 6 – Nível de escolaridade 62
Gráfico 7 – Tempo de residência 62
Gráfico 8 – Número de pessoas por residência 63
Gráfico 9 – Número de residências por lote 63
Gráfico 10 – Metros quadrados do lote 64
Gráfico 11 – Área vegetada 64
Gráfico 12 – Titularidade 65
Gráfico 13 – Planta aprovada 66
Gráfico 14 – Abastecimento de água 66
Gráfico 15 – Outros tipos de abastecimento 66
Gráfico 16 – Rede pública de esgoto 67
Gráfico 17 – Outras destinações para o esgoto 67
Gráfico 18 – Coleta de resíduos sólidos 68
Gráfico 19 – Percepção sobre as ações de preservação 68

Quadro 1 – Definição de AOD e seus usos 35


Quadro 2 – Definição de ARO e seus usos 36
Quadro 3 – Definição de ARA e seus usos 36
Quadro 4 – Definição de AER 37
Quadro 5 – Definição e diretrizes das subáreas 44
Quadro 6 – Índices urbanísticos 48
Quadro 7 – Municípios aptos a realizar o licenciamento ambiental 51
Quadro 8 – Caracterização dos entrevistados 58
Quadro 9 – Principais avanços 92
Quadro 10 – Principais desafios 93

Tabela 1 – Carga de fósforo gerada de 2013 a 2014 39


Tabela 2 – Projeções demográficas 41
Tabela 3 – Rede coletora de esgoto, tratamento e exportação 42
Tabela 4 – Cenário de PRIS 55
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APP Área de Preservação Permanente

ARA Área de Recuperação Ambiental

ARO Área de Restrição à Ocupação

AOD Área de Ocupação Dirigida

APRM Área de Proteção e Recuperação de Mananciais

CBH – AT Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê

CETESB Companhia Ambiental do Estado de São Paulo

CFA Coordenadoria de Fiscalização Ambiental

COBRAPE Companhia Brasileira de Projetos e Empreendimentos

CONSEMA Conselho Estadual de Meio Ambiente

DV Declaração para Vinculação

EMAE Empresa Metropolitana de Águas e Energia

EMPLASA Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano

GRAPROHAB Grupo de Análise de Projetos Habitacionais

HIS Habitação de Interesse Social

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

LOUPS Lei de Uso e Ocupação e Parcelamento do Solo

LPM Lei de Proteção aos Mananciais

MCA Módulo de Compensação Ambiental

MQUAL Modelo Matemático de Correlação entre uso do solo e Qualidade


da Água

PDPA Plano de Desenvolvimento e Proteção Ambiental

PIB Produto Interno Bruto


PMDI Plano Metropolitano de Desenvolvimento Integrado

PNRH Plano Nacional de Recursos Hídricos

PRAM Programa de Recuperação Ambiental em Mananciais

PRIS Programa de Recuperação de Interesse Social

RPPN Reserva Particular do Patrimônio Natural

RMSP Região Metropolitana de São Paulo

SABESP Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo

SANED Companhia de Saneamento Ambiental de Diadema

SBD Subárea de Baixa Densidade

SCA Subárea de Conservação Ambiental

SEMASA Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André

SICAR Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural

SIGRH Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos

SINGREH Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos

SMA Secretaria do Meio Ambiente

SMC Sistema Cartográfico Metropolitano

SOE Subárea de Ocupação Especial

SUC Subárea Urbana Consolidada

SUCt Subárea Urbana Controlada

ZEIS Zona de Especial Interesse Social


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 17
1. OBJETIVO GERAL 19
1.1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS 20
2. JUSTIFICATIVA 20
3. METODOLOGIA 21
4. O RESERVATÓRIO BILLINGS 21
5. PROCESSO DE ELABORAÇÃO DA LEI 23
ESPECÍFICA DA APRM-B
6. PLANO DE DESENVOLVIMENTO E PROTEÇÃO 24
AMBIENTAL
7. OBJETIVOS DA LEI 25
7.1 DEFINIÇÕES DOS COMPARTIMENTOS AMBIENTAIS 27
7.1.1 Compartimento Ambiental Corpo Central I 28
7.1.2 Compartimento Ambiental Corpo Central II 29
7.1.3 Compartimento Ambiental Bororé – Taquacetuba 30
7.1.4 Compartimento Ambiental Capivari – Pedra Branca 32
7.1.5 Compartimento Ambiental Rio Grande Rio Pequeno 32
7.2 DEFINIÇÕES DOS INSTRUMENTOS, COMPARTIMENTOS E 34
NORMAS AMBIENTAIS
7.3 METAS DE QUALIDADE AMBIENTAL DO RESERVATÓRIO 37
7.3.1 Avaliação das metas 39
7.4 DEMOGRAFIA COLETA E TRATAMENTO DE EFLUENTES 40
7.5 ÍNDICES URBANÍSTICOS 43
7.5.1 Índices urbanísticos por subárea 45
7.6 MÉDIA PONDERADA 48
8. LICENCIAMENTO AMBIENTAL 50
8.1 ALVARÁ DE LICENÇA METROPOLITANA 52
9. PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO DE INTERESSE 55
SOCIAL
10. SISTEMÁTICA DAS ENTREVISTAS 57
10.1 PESQUISA DE OPINIÃO PÚBLICA 59
10.1.1 Amostragem da pesquisa 60
10.1.2 Resultados obtidos 60
10.2 DADOS GERAIS DA PESQUISA DE OPINIÃO PÚBLICA 61
10.2.1 Gênero 61
10.2.2 Faixa etária 61
10.2.3 Nível de escolaridade 62
10.3 AMBIENTE POPULACIONAL 62
10.3.1 Tempo de residência 62
10.3.2 Número de pessoas por residência 63
10.3.3 Número de residências por lote 63
10.3.4 Metragem média dos terrenos (m²) 64
10.3.5 Existência de área vegetada no terreno 64
10.3.6 Titularidade do imóvel – escritura 65
10.3.7 Planta aprovada pela CETESB e/ou Prefeitura 65
10.4 SANEAMENTO BÁSICO – ABASTECIMENTO DE ÁGUA 66
10.4.1 Alternativa para a obtenção de água 66
10.4.2 Acesso a rede pública de coleta de efluentes domésticos 67
10.4.3 Destinação final do esgoto 67
10.4.4 Coleta pública de resíduos sólidos 68
10.5 PERCEPÇÃO SOBRE AS AÇÕES DE PRESERVAÇÃO DA 68
REPRESA POR PARTE DA PREFEITURA OU DA CETESB
10.6 OUTROS DADOS OBSERVADOS 69
10.7 FOTOS REALIZADAS DURANTE A PESQUISA DE OPINIÃO 70
11. CONSIDERAÇÕES FINAIS 77
12. CONCLUSÃO 96
REFERÊNCIAS 97

APÊNDICE A – Transcrição da entrevista e autorização do 102


Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê
APÊNDICE B – Formulário, respostas da entrevista e 123
autorização da Secretaria do Meio Ambiente Estadual
APÊNDICE C – Formulário, respostas da entrevista e 129
autorização da CETESB
APÊNDICE D – Formulário, respostas da entrevista e 133
autorização da Prefeitura Municipal de Santo André
APÊNDICE E – Formulário, respostas da entrevista e 138
autorização da Prefeitura Municipal de Diadema
APÊNDICE F – Formulário, respostas da entrevista e 141
autorização da Prefeitura Municipal da Estância Turística de
Ribeirão Pires
APÊNDICE G – Formulário, respostas da entrevista e 146
autorização da Prefeitura Municipal de Rio Grande da Serra
APÊNDICE H – Transcrição da entrevista e autorização da 151
Companhia de Saneamento Básico do Estado São Paulo
APÊNDICE I – Depoimento e autorização do Cartório de 166
Registro de Imóveis de Ribeirão Pires
APÊNDICE J – Transcrição da entrevista e autorização do 172
Prefeito de Ribeirão Pires (exercícios de 2004 a 2012)
APÊNDICE K – Autorização do membro do Consórcio 182
Intermunicipal do Grande ABC
APÊNDICE L – Formulário da pesquisa opinião e mapas 184
dos locais pesquisados
APÊNDICE M – Autorizações de uso de imagem 192
APÊNDICE N – Fotos de entrevistados 195

ANEXO I – Lei Estadual nº. 13.579/2009 199


ANEXO II – Decreto Estadual nº. 55.342/2010 231
17

INTRODUÇÃO

O Decreto nº. 24.643 de 1934 é um marco legal na proteção dos recursos


hídricos, conhecido como Código das Águas. Tinha como objetivo específico
regulamentar o uso da água no Brasil e atribuir responsabilidade social por meio da
cobrança de taxas acerca da má utilização da água. O Código não tinha apenas cunho
ambiental, mas buscava assegurar e impulsionar o desenvolvimento do setor elétrico
brasileiro.
Em 1937 a Constituição Brasileira não inovou no tratamento dado às questões
relativas aos recursos hídricos. Entretanto, a Constituição de 1946 incluiu no Artigo
nº. 34 como bens da União “os lagos e quaisquer correntes de água em terrenos do
seu domínio ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limite com outros países
ou se estendam a território estrangeiro, e bem assim as ilhas fluviais e lacustres nas
zonas limítrofes com outros países” e no Artigo nº. 35 como bens do Estado “os lagos
e rios em terrenos do seu domínio e os que têm nascente e foz no território estadual”
(BRASIL, CF 1937).
Não há referências significativas sobre a tratativa das questões da água até
1972 quando se realizou a Conferência de Estocolmo, que foi o começo da
preocupação do sistema político com as questões ecológicas.
Vale destacar a Conferência das Nações Unidas sobre Água ocorrida em 1977
em Mar Del Plata, Uruguai, que lançou as bases para a tomada de posição da
comunidade internacional em relação aos recursos hídricos, motivada pela poluição e
a projeção de escassez hídrica.
Estes movimentos e conferências mundiais repercutiram no Brasil e serviram
como base para a criação da Lei nº. 6.938/1981, que estabeleceu a Política Nacional
do Meio Ambiente e instituiu o Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA). O
órgão superior desse Sistema é o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA),
ao qual compete, entre outras atribuições, “estabelecer normas, critérios e padrões
relativos ao controle e à manutenção da qualidade do meio ambiente com vistas ao
uso racional dos recursos ambientais, principalmente os hídricos”. No exercício de sua
competência, o CONAMA editou a Resolução nº. 20 de 1986, que inaugurou, no
âmbito nacional, a gestão da qualidade das águas.
18

Com a promulgação da Constituição Federal de 1988 teve início um novo


modelo de gerenciamento dos recursos hídricos, dando subsídio para a criação da
gestão e do gerenciamento das bacias hidrográficas.
Vale ressaltar a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, promovida pela ONU em 1992, conhecida como Rio 92, que
consolidou o documento Agenda 21 e destacou no capítulo 18 as recomendações
para a “Proteção da qualidade e do abastecimento dos Recursos Hídricos: aplicação
de critérios integrados no desenvolvimento manejo e uso dos recursos hídricos”.
A promulgação da Lei Federal nº. 9.433/1997 que institui a Política Nacional de
Recursos Hídricos, estabeleceu o Plano Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), para
coordenar a gestão integrada desses recursos e criou o Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH), regulamentado pelo inciso XIX do
Artigo nº. 21 da Constituição Federal, estabelecendo um arranjo institucional baseado
no princípio de organização para a gestão compartilhada do uso da água, cabendo a
este sistema a deliberação sobre a criação dos comitês de bacias hidrográficas.
No Estado de São Paulo as discussões na gestão dos recursos hídricos
ocorreram antes do âmbito federal, em virtude da expansão urbana e a necessidade
de produção hídrica para atendimento aos diversos usos. Em 1969 foi elaborado o
primeiro Plano Metropolitano de Desenvolvimento Integrado (PMDI). No quesito da
proteção aos mananciais em 1975 aprovou a Lei nº. 898 que identifica as áreas e os
recursos hídricos protegidos e em 1976 promulgou a Lei nº. 1.172 conhecida como
Lei de Proteção aos Mananciais (LPM), que delimita as áreas de proteção relativas
aos mananciais, cursos e reservatórios de água, impõe normas de restrição de uso
do solo, quanto a impermeabilização, desmatamento, à coleta e disposição de esgotos
e resíduos sólidos. Este aparato legal se foca na Região Metropolitana de São Paulo
(RMSP).
Outro marco importante foi a publicação da Lei nº. 1.817/1978 que estabelece
os objetivos e as diretrizes para o desenvolvimento industrial metropolitano e disciplina
o zoneamento industrial, a localização, a classificação e o licenciamento de
estabelecimentos industriais na Região Metropolitana da Grande São Paulo.
O modelo para o uso e ocupação do solo em áreas de mananciais, permitia
usos e atividades que não interferissem na qualidade e quantidade da disponibilidade
hídrica dos mananciais.
19

Ocorreu que a legislação de proteção aos mananciais transferiu o encargo da


proteção aos proprietários da área protegida, ocasionando numa desvalorização
imobiliária nas áreas de maior restrição e sua desocupação, resultando em invasões
de áreas e atividades em desacordo com o previsto nas leis.
O processo de ocupação irregular intensificou-se na década de 80, levando o
poder público a revisar a legislação, levando à promulgação da Lei nº. 9.866/1997,
denominada a nova Política de Proteção e Recuperação dos Mananciais,
estabelecendo normas e diretrizes para a proteção e recuperação da qualidade
ambiental das bacias hidrográficas dos mananciais do Estado de São Paulo.
A nova política preconiza a criação de leis específicas para cada Área de
Proteção e Recuperação dos Mananciais (APRM), objetivando recuperar e
compatibilizar as ações de preservação dos mananciais com uso e ocupação do solo,
assegurando a quantidade e qualidade para o uso público, considerando as
características socioambientais de cada região.
Neste novo cenário em 16 de janeiro de 2006, foi promulgada pelo Estado de
São Paulo a Lei nº. 12.233 que define a Área de Proteção e Recuperação dos
Mananciais da Bacia Hidrográfica do Guarapiranga e em 13 de julho de 2009 a Lei
Específica nº. 13.579 que define a Área de Proteção e Recuperação dos Mananciais
da Bacia Hidrográfica do Reservatório Billings, regulamentada pelo Decreto nº. 55.342
de 13 de janeiro de 2010. Inicia então um novo paradigma para as demais bacias.
Este trabalho se ateve à legislação da Bacia Hidrográfica do Reservatório
Billings e visa fazer uma análise de todos os itens e os aspectos abordados na Lei,
elencando seus pontos positivos, negativos e os não previstos, sobre a ótica de
especialistas da área, órgãos públicos e a sociedade, para com isto, sugerir
alternativas e novas propostas passíveis de inserção e aprimoramento na Lei.

1. OBJETIVO GERAL

Analisar os aspectos, parâmetros e as diretrizes da Lei Específica da Billings e


abrangência dos potenciais resultados obtidos com sua implantação até os dias
atuais, para obtenção de um diagnóstico dos aspectos positivos e negativos da Lei,
com o propósito de auxiliar nos trabalhos de revisão de tal legislação.
20

1.1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Avaliar a aplicação dos parâmetros urbanísticos da Lei da APRM-B e as


ações municipais para atendimento das metas estabelecidas;
 Comparar os resultados obtidos nas pesquisas e entrevistas com os
objetivos da Lei;
 Obter um diagnóstico socioambiental da situação atual da área de
proteção aos mananciais do reservatório Billings;
 Descrever os resultados obtidos nos depoimentos, pesquisas e
entrevistas e propor ações e contribuições para o aprimoramento e melhoria contínua
na proteção e recuperação do reservatório Billings.

2. JUSTIFICATIVA

A publicação da Lei Específica da Billings, representou um significativo avanço


na legislação ambiental estadual, entretanto, se faz necessário estipular novos
parâmetros e elementos comparativos, visando seu aprimoramento. Este trabalho
versará sobre os aspectos nos quais a Lei da APRM-B deverá ser aperfeiçoada, e/ou
revisada, verificar e apontar se houveram alterações na cartografia e quais suas
implicações no zoneamento dos compartimentos ambientais.
O desenvolvimento de pesquisas e entrevistas com estudiosos, órgãos
gestores, licenciadores, fiscalizadores e sociedade civil organizada, possibilitará ter
uma visão ampliada de todos os aspectos sintomáticos e especificidades da lei. Com
isto será possível obter subsídios para atingir o propósito de inserir contribuições,
incrementos e se necessário revisioná-la, com intuito de potencializá-la e torná-la mais
eficiente e atual e assim, assegurar um tempo mais longevo e eficaz no emprego das
águas superficiais para o abastecimento público. A proposta está em consonância
com a debatida e apresentada em reunião de 03 de junho de 2017 no Consórcio
Intermunicipal do Grande ABC e amplamente divulgada pelo Jornal Diário do Grande
ABC (DIÁRIO DO GRANDE ABC, 2017), fato que motivou o desenvolvimento deste
trabalho.
21

3. METODOLOGIA

Comparar os objetivos e metas da lei e sua aplicação, por intermédio do estudo


da legislação, entrevistas com os setores governamentais, sociedade civil e
organizações não governamentais.
Realizar o estudo da legislação aplicada, levantamento de literatura, pesquisas
em internet, elaborar questionários, roteiros de perguntas para entrevistas e
pesquisas, com temas específicos para cada segmento (setores públicos, órgãos
gestores e sociedade civil), visando obter comentários, opiniões e sugestões.
As entrevistas e pesquisas deverão buscar respostas e comentários para os
seguintes temas:
 Avanços e benefícios da Lei Específica;
 Aspectos negativos e/ou deficiências, e
 Desafios e propostas visando a melhoria contínua.

4..O RESERVATÓRIO BILLINGS

O Reservatório Billings localiza-se na Região Metropolitana de São Paulo, sob


a reponsabilidade da Empresa Metropolitana de Águas e Energia S.A (EMAE), a bacia
hidrográfica possui aproximadamente 47.456 mil hectares, as principais nascentes
estão localizadas nas regiões sul e leste do reservatório, inserida no domínio da Mata
Atlântica e a totalidade de sua área recoberta por floresta ombrófila densa. Segundo
levantamento do Instituto Socioambiental em 2006, cerca de 52% de seu território
encontrava-se coberto por vegetação natural, secundária em estágio médio e
avançado de regeneração.
A represa está inserida integralmente no município de Rio Grande da Serra e
parcialmente nos municípios de Ribeirão Pires, correspondente a (63%) da área do
território do município, Diadema (23,60%), Santo André (53%), São Bernardo Campo
(52,60%) e São Paulo (11,90%).
Os principais formadores da bacia hidrográfica da Billings são: Rio Grande, ou
Jurubatuba; Ribeirão Pires; Rio Pequeno; Rio Pedra Branca; Rio Taquacetuba;
Ribeirão Bororé; Ribeirão Cocaia; Ribeirão Guacuri; Córrego Grota Funda e Córrego
Alvarenga.
22

A construção da represa ocorreu na década de 20, incialmente implantada para


a geração de energia elétrica para a usina Henry Borden localizada em Cubatão,
projeto de autoria do engenheiro americano Asa White Kenney Billings, funcionário da
extinta concessionária da empresa The São Paulo Tramway, Light and Power
Company, Limited.
O célere crescimento população da região metropolitana, impulsionou a
administração pública a implementar novas políticas e medidas para o atendimento
da demanda de água.
Com a criação da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo
(SABESP) no ano de 1973 foi dada a tal empresa a reponsabilidade pela operação do
Sistema denominado Rio Grande, objetivando assegurar a proteção dos mananciais.
Na mesma década o Governo do Estado, publicou as leis estaduais nº 898/75 e nº
1.172/76, a primeira estabeleceu critérios para a ocupação e uso do solo em área de
mananciais e a segunda delimitou as áreas de mananciais e serem protegidas.
A represa Billings é um dos maiores reservatórios de água da RMSP, com
volume operacional máximo de 112,18 (x10⁶m³), ou seja, 112 milhões de m³ e
produção de 5,5 mil litros de água por segundo, (Boletim Mananciais, 2018).
Atualmente atende aproximadamente 5 milhões de pessoas, além de auxiliar
no abastecimento do Sistema Alto Tietê com o bombeamento, graças à transposição
implantada em 2016.
O nível d’água do reservatório é bastante variável, em função do bombeamento
das águas dos Rios Tietê, Pinheiros e para o Sistema Alto Tietê. O nível de água
máximo é a cota 747,65. A situação pluviométrica do sistema no primeiro trimestre de
2018, pode ser classificado como excelente em 83,1% de armazenamento, conforme
indicado no Boletim dos Mananciais da Sabesp. A Figura 1, retrata a delimitação da
APRM-B.
23

Figura 1 - Delimitação da APRM-B

Sem escala.
Fonte: Ricardo Araújo (2018), Programa Mananciais da Sabesp.

5. PROCESSO DE ELABORAÇÃO DA LEI ESPECÍFICA DA APRM-B

As leis específicas foram estabelecidas para tratar do passivo ambiental,


herdado pela falta de articulação e integração das Leis Estaduais nos 898/1975 e
1.172/1976 e mesmo de suas interfaces com outras políticas públicas.
As ações para estabelecimento da Lei Específica da Billings iniciaram-se em
1998, em resposta à Lei nº. 9.866/1997. O processo de elaboração foi coordenado
pelo Subcomitê da Bacia Hidrográfica Billings Tamanduateí, com a participação
assídua dos representantes da sociedade civil, munícipios inseridos na bacia, Estado,
técnicos e estudiosos envolvidos na área. As discussões perduram por mais de uma
década, foram longas horas de trabalhos, pesquisas, estudos e debates, buscando
conciliar os interesses difusos e coletivos no âmbito técnico, social, político, ambiental.
24

Foram elaborados pré-projetos, revisados e aprimorados a cada reunião do


grupo de trabalho, segundo Clóvis Volpi (2018), em virtude da inovação da Lei da
Billings em relação a normas da década de 70, foram realizadas palestras na
Assembleia Legislativa para esclarecimentos e discussões do pré-projeto.
A Lei Estadual nº. 13.579/2009, alcançou manifestação favorável em todas as
instâncias vinculadas ao Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos e
Conselhos competentes sendo sancionada no Palácio dos Bandeirantes em 13 de
junho de 2009 pelo Governador José Serra e regulamentada pelo Decreto nº. 55.342
de 13 de janeiro de 2010. A Foto 1, marca este ato histórico.

Foto 1 - Palácio dos Bandeirantes, sanção da Lei 13.579/2009

Fonte: Cláudio Deberaldini (2009).

6.. PLANO DE DESENVOLVIMENTO E PROTEÇÃO AMBIENTAL

O Plano de Desenvolvimento e Proteção Ambiental (PDPA), foi regulamentado


e instituído pela Lei nº. 9.866/1997, sendo um dos instrumentos de planejamento para
a elaboração de leis específicas, que estabelece as diretrizes, metas e ações voltadas
à gestão de cada uma das Áreas de Proteção e Recuperação dos Mananciais
(APRMs).
As ações de gestão são compartilhadas entre o poder público e a sociedade
civil, visando a proteção, recuperação e preservação dos mananciais de interesse
regional.
25

Para a proposição do PDPA da bacia hidrográfica do Reservatório Billings foi


contratada uma empresa, a Companhia Brasileira de Projetos e Empreendimentos
(COBRAPE), através do processo nº. 7097/2007, contrato nº. 09/2007 da Secretaria
do Meio Ambiente, Coordenadoria de Planejamento Ambiental, a qual a partir de
diretrizes e um amplo processo de discussão técnica organizou o PDPA.
O relatório final do PDPA, foi publicado em maio de 2010, ou seja, 10 meses
após a promulgação da Lei Estadual nº. 13.579 de julho de 2009.

7.. OBJETIVOS DA LEI

O novo paradigma da política de mananciais está pautado na qualidade da


água e no disciplinamento do uso e ocupação do solo, deixando para trás o conceito
de comando e controle do uso e ocupação do solo.
Fundamentada neste novo modelo, a Lei da APRM-B tem como objetivo
principal garantir a proteção e a recuperação do manancial e para tal, a legislação cria
o Sistema de Planejamento e Gestão, vinculado ao Sistema Integrado de
Gerenciamento de Recursos Hídricos (SIGRH), envolvendo o Estado, os municípios
e a sociedade civil para ampliar e manter a cobertura vegetal nos 47.456 mil hectares
da bacia, reduzir a carga de fósforo, recuperar áreas degradadas e implantar
infraestrutura adequada nas áreas urbanas.
A Lei Estadual nº.13.579/2009, prevê um sistema tripartite de gestão e
planejamento para as ações recuperação e preservação do manancial, de acordo com
Artigo 2º:
Artigo 2º - A APRM-B contará com um Sistema de Planejamento e Gestão
vinculado ao Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos -
SIGRH, garantida a articulação com os Sistemas de Meio Ambiente, de
Saneamento, Transportes e de Desenvolvimento Regional, nos termos da Lei
estadual nº. 9.866, de 28 de novembro de 1997...

O sistema de gestão participativo e descentralizado está organizado em quatro


instrumentos:
 Instrumento normativo: normas de uso e ocupação solo;
 Instrumentos programáticos: planos de proteção e recuperação;
 Instrumentos financeiros: suporte financeiro, e
 Instrumentos de controle: fiscalização integrada, monitoramento e penalidades.
26

A estrutura do sistema de planejamento do Comitê de Bacias do Alto Tietê com


o Subcomitê Billings Tamanduateí, está representada na Figura 2.

Figura 2 - Estrutura do sistema de planejamento

Fonte: Elaboração da autora (2018), baseado no Artigo 2º da Lei Estadual 13.579/2009.

Os objetivos da legislação estão pautados no Artigo 3º, sendo os fundamentais


e essenciais:
 Implementação da gestão descentralizada e participativa, integrando setores e
instâncias governamentais e a sociedade civil.
 Compatibilizar o desenvolvimento socioeconômico com a proteção e
recuperação de mananciais, mantendo o meio ambiente equilibrado em níveis
adequados de salubridade.
 Estabelecer e diretrizes para elaboração de leis municipais de uso e ocupação
do solo, com a integração de programas e políticas de habitação, reurbanização,
transporte, saneamento ambiental e educação ambiental.
27

 Consolidação de mecanismos de compensação financeira aos municípios para


execução de políticas ambientais de preservação, garantindo a qualidade e
quantidade de água para fins de abastecimento público.
 Atingir a meta de qualidade da água estabelecida, manter a integridade das
Áreas de Preservação Permanente (APPs), estabelecer convênios e incentivar a
implantação de atividades compatíveis com a proteção e recuperação do manancial.

7.1. DEFINIÇÕES DOS COMPARTIMENTOS AMBIENTAIS

Na concepção de estabelecer os limites, diretrizes, metas ambientais e


urbanísticas, considerando as idiossincrasias de cada região da bacia, a Lei adotou
uma segmentação da bacia denominada Compartimentos Ambientais que são frações
que compõem uma unidade de planejamento de uso e ocupação do solo. A bacia
Billings está dividida em cinco Compartimentos Ambientais: Corpo Central I, Corpo
Central II, Taquacetuba-Bororé, Capivari-Pedra Branca e Rio Pequeno-Rio Grande,
conforme ilustra a Figura 3.

Figura 3 - Compartimentos Ambientais da APRM-B

Sem escala.
Fonte: Governo do Estado de São Paulo, COBRAPE (2010).
28

A segmentação por compartimentos e áreas de intervenção possibilita


estabelecer critérios e metas diferenciadas para cada porção da bacia, assegurando
efetividade na obtenção de resultados de recuperação e manutenção dos recursos
hídricos.

7.1.1. Compartimento Ambiental Corpo Central I

O Corpo Central I, apresenta características diferenciadas com áreas urbanas


consolidadas ao norte, áreas verdes preservadas a sudeste e outras porções com
acentuada presença de precários aglomerados em decorrência da ocupação
desordenada. Fazem parte deste compartimento os Braços do Alvarenga, Grota
Funda e Cocaia. As Fotos 2 e 3 são relativas a este compartimento, no Braço
Alvarenga Bairro Eldorado. A foto de 1959 mostra a represa repleta de veleiros e
barcos, pois a região era considerada ponto turístico. Atualmente a região abriga a
favela Eldorado.

Foto 2 - Braço Alvarenga / Bairro Eldorado em 1959

Fonte: Acervo Sérgio Foguel (1959).


29

Foto 3 - Favela Eldorado

Fonte: Elaboração e adaptação pela autora (2018), imagem de satélite Google Earth.

7.1.2. Compartimento Ambiental Corpo Central II

O compartimento Corpo Central II, compreende a região do Braço Rio Grande


em sua porção a jusante. Ao Sul, situa-se o núcleo Riacho Grande em processo de
crescimento urbano, contendo atividades de turismo e recreação, pesca, chácaras de
lazer e áreas com vegetação nativa preservada. As Fotos 04 e 05 são do Bairro
Riacho Grande, a Foto 6 mostra a divisão pela Rodovia Anchieta dos compartimentos
ambientais Corpo Central II e Rio Grande-Rio Pequeno

Foto 4 - Prainha do Riacho Grande

Fonte: Autora (2018).


30

Foto 5 - Atividades de lazer no Riacho Grande

Fonte: Autora (2018).

Foto 6 - Corpo Central II, vista do Bairro Riacho Grande

Fonte: Folha de São Paulo (2018).

7.1.3. Compartimento Ambiental Bororé - Taquacetuba

O Braço Taquacetuba é majoritariamente recoberto por vegetação nativa


preservada, em alguns pontos em estágio avançado de regeneração, sendo de
grande interesse para a conservação. O que o distingue de outros compartimentos é
não dispor de habitações precárias. Outra peculiaridade é a presença de duas aldeias
indígenas guarani a Tenondé e Krukutu. Nesse braço é feita a captação de água com
reversão para o Reservatório Guarapiranga.
31

O Braço Bororé, está marcado pela presença de habitações em situação


precária e loteamentos irregulares e em algumas porções ainda apresenta atividades
com características rurais.

Foto 7 - Braço Bororé

Fonte: Adaptado pela autora (2018) de José Cordeiro (2014).

Foto 8 - Braço Taquacetuba (aldeia indígena guarani)

Fonte: Cecikrukutu (2015).


32

7.1.4 Compartimento Ambiental Capivari – Pedra Branca

Ruas não pavimentadas e duas balsas dão conexão a Pedra Branca. A região
é recoberta por vegetação nativa preservada e são poucas as ocupações e dispersas.
O principal núcleo urbano é o bairro rural com extensão de 12,93km² denominado
Tatetos. A região Pedra Branca é cortada pela Rodovia dos Imigrantes no sentido
norte-sul.
A região do Braço Capivari é isolada com pouca população e representativa
vegetação nativa.

Foto 9 - Balsa Riacho Grande sentido Tatetos

Fonte: Autora (2018).

7.1.5 Compartimento Ambiental Rio Grande Rio Pequeno

A região do Braço Rio Pequeno, tem baixa densidade populacional se


comparada com outros compartimentos. O Braço do Rio Grande, em sua porção a
montante, apresenta áreas urbanizadas ao norte e porção Central I, e a Rodovia Índio
Tibiriçá e o Rodoanel Mário Covas contribuem com o crescimento urbano deste
compartimento. Os municípios de Rio Grande da Serra e Ribeirão Pires estão
totalmente inseridos em APM, Ribeirão Pires está inserida em três bacias
hidrográficas: Billings, Taiaçupeba e Guaió. Integram também este compartimento o
33

município de Santo André na região do Parque Andreense, Parque do Pedroso,


Recreio da Borda do Campo e Vila de Paranapiacaba, esta última um Patrimônio
Cultural do Brasil e bairros de São Bernardo do Campo como a Rodovia Caminho do
Mar, Sítio Taquaral, Clube de Pesca, entre outros.
A região tem paisagens exuberantes harmonizadas pela represa Billings e a
Mata Atlântica. O compartimento tem algumas indústrias e empresas de baixo impacto
ambiental, núcleos urbanizados, atividades de ecoturismo e áreas verdes
preservadas.

Foto 10 - Braço do Rio Grande em São Bernardo do Campo

Fonte: Autora (2018).

Foto 11 - Rodovia SP 122 - Rio Grande da Serra

Fonte: Repórter Diário (2017).


34

Foto 12 - Templo Luz do Oriente em Ribeirão Pires

Fonte: Autora (2018).

7.2 DEFINIÇÕES DOS INSTRUMENTOS, COMPARTIMENTOS E NORMAS


AMBIENTAIS

De acordo com o ilustrado nas seções anteriores, a represa Billings está


dividida em oito unidades, denominadas braços, oriundos dos cursos d’água que a
compõem, os quais correspondem às sub-regiões da bacia hidrográfica. Buscando
garantir maior eficácia na recuperação e proteção dos recursos hídricos, foram
adotadas unidades territoriais denominadas Compartimentos Ambientais, sendo que
a bacia está dividida em cinco compartimentos, para definir as diretrizes e normas
ambientais e urbanísticas. Também foram estabelecidas quatro Áreas de Intervenção,
entre as quais, a Área de Ocupação Dirigida (AOD), que está dividida em cinco
subáreas com definições e diretrizes para o planejamento e gestão urbano ou rural
específicas. Para cada subárea a Lei estabeleceu no Anexo III os respectivos
parâmetros urbanísticos. Cabe ressaltar que os índices urbanísticos variam conforme
o Compartimento Ambiental da área em estudo. O fluxograma da Figura 4 demonstra
as etapas dos instrumentos do planejamento ambiental da APRM-B.
35

Figura 4 - Fluxograma de planejamento ambiental

Fonte: Elaboração da autora (2018), baseado na Lei Estadual 13.579/2009.

Para estabelecer as diretrizes e normas ambientais e urbanísticas para os


diferentes objetivos e metas de cada compartimento, foram definidas quatro áreas de
intervenção, conforme demonstrado nos Quadros 1 a 4.

Quadro 1 - Definição de AOD e seus usos

Definição

Áreas de interesse para a consolidação ou


implantação de uso urbano ou rural, desde que
atendidos os requisitos de manutenção das
condições ambientais para a produção de água
em quantidade e qualidade para o abastecimento
público.

Fonte: Elaboração da autora (2018), baseado na Lei Estadual 13.579/2009.


36

Quadro 2 - Definição de ARO e seus usos

Definição Compreendem – Artigo 18 Usos admitidos – Artigo 19

As APPs instituídas no novo Atividades de recreação, educação


Código Florestal. ambiental e pesquisa científica.
Áreas de Terras indígenas e bens Sistemas de drenagem, obras de
especial tombados. infraestrutura destinadas ao
interesse saneamento ambiental da bacia.
para a Faixa de 50m de largura, a partir Intervenção de interesse social das
preservação, da cota 747m. ocupações preexistentes1 em área
conservação urbana, desde que incluídas em PRIS.
e Pesca recreativas, ancoradouros de
recuperação Unidades de Conservação pequeno porte, rampas de lançamento
dos recursos categorias de proteção integral. de barcos.
naturais da
bacia. E demais áreas que possam Instalação de equipamentos
configurar especial interesse removíveis para suporte a eventos
para a preservação ambiental. temporários

Fonte: Elaboração da autora (2018), baseado na Lei Estadual 13.579/2009.

Quadro 3 - Definição de ARA e seus usos

Definição: São ocorrências de usos e ocupações que estejam comprometendo a quantidade e a


qualidade da água, exigindo intervenções urgentes de caráter corretivo.

ARA 1 - São ocorrências de assentamentos


habitacionais de interesse social preexistentes São objeto de Programa de Recuperação
desprovidos de infraestrutura e saneamento de Interesse Social (PRIS)
ambiental.

ARA 2 - São ocorrências de degradacionais


previamente identificadas pelo poder público que São objeto de Programa de Recuperação
exigirá ações de recuperação. Ambiental em Mananciais (PRAM)

Fonte: Elaboração da autora (2018), baseado na Lei Estadual 13.579/2009.

1
São consideradas preexistentes as situações onde o uso e a ocupação do solo que tenha sido
implantado até o ano de 2006, conforme documento comprobatório e/ou verificação na última imagem
de satélite de alta resolução do referido ano.
37

Quadro 4 - Definição de AER

Definição

Área delimitada como de influência Direta do


Rodoanel Mário Covas. Nas AER são aplicados
os parâmetros, diretrizes e metas para a subárea
de intervenção.

Fonte: Elaboração da autora (2018), baseado na Lei Estadual 13.579/2009.

Nas áreas de intervenção “Área Programa” estão definidas as diretrizes e


normas ambientais e urbanísticas orientadas a garantir os objetivos de produção de
água.

7.3. METAS DE QUALIDADE AMBIENTAL DO RESERVATÓRIO

Considerando as características de cada compartimento ambiental, o


estabelecimento das metas, também reputa este fator, atribuindo diretrizes
diferenciadas para cada compartimento, sendo mais restritivas e rígidas nas bacias
de contribuição direta aos sistemas produtores de água e áreas providas de vegetação
nativa em estágios médio e avançado de regeneração (Rio Grande, Taquacetuba-
Bororé e Capivari-Pedra Branca) e menos rígidas nas bacias de contribuição do Corpo
Central I e II, cujas águas têm sua qualidade fortemente influenciadas pelas descargas
periódicas provenientes da bacia do rio Pinheiros, devido às regras de operação em
situações de emergência, como o controle de enchentes nas bacias do Tietê e
Pinheiros, o controle da formação de espumas em Pirapora e a geração de energia
elétrica na Usina Henry Borden. (PDPA, BILLINGS, 2010).
As metas são distintas por compartimento, todavia, estão intrinsicamente
relacionadas e buscam implementar ações de melhoria da qualidade da água, através
da instalação e aprimoramento dos sistemas públicos de infraestrutura urbana,
recomposição e manutenção da flora e preservação da fauna, contenção da expansão
dos núcleos isolados existentes, incentivo ao turismo e lazer e manejo sustentável.
As metas são a manutenção do índice da cobertura vegetal observada no ano 2000 e
a redução da carga de fósforo. O Gráfico 1, apresenta as metas por compartimento.
38

Gráfico 1 - Metas de qualidade por Compartimento Ambiental

Fonte: Elaboração da autora (2018), baseado na Lei Estadual 13.579/2009.

A Lei Específica também estabelece cargas metas referenciais por município.


Não há uma rede específica para acompanhar as cargas afluentes ao reservatório. A
CETESB, através do Sistema de Monitoramento e Avaliação da Qualidade Ambiental
realiza monitoramentos gerais que abrangem todo o Estado. Os relatórios são
publicados anualmente no site da Companhia, denominado Relatório de Qualidade
das Águas Interiores do Estado de São Paulo. A Sabesp realiza o monitoramento da
qualidade das águas da Billings, utilizando sondas de monitoramento e coletas de
amostras de água com frequências semanais ou mensais. O Artigo nº. 17, Parágrafo
Único, preconiza que no monitoramento da qualidade da água deverá ser
individualizada a carga poluidora gerada em cada munícipio, visando ser utilizado
como critério para estabelecimento de mecanismos de compensação ambiental.
Para o cômputo das cargas lançadas no reservatório é aplicado o Modelo
Matemático de Correlação entre Uso do Solo e a Qualidade da Água (MQUAL). A
quantificação da carga gerada na bacia é feita pelo somatório de cargas em 130 sub-
bacias, pré-definidas através de uma planilha Excel, onde são consideradas as cargas
difusas provenientes do uso do solo e as cargas pontuais provenientes de fontes
domésticas e industriais. (PDPA, BILLINGS, 2010). As metas de redução de fósforo
em quilograma/dia por município estão representadas no Gráfico 2.
39

Gráfico 2 - Metas de redução de fósforo por município

Fonte: Elaboração da autora (2018), baseado na Lei Estadual 13.579/09.

7.3.1. Avaliação das metas

O Artigo nº. 15, § 1º estabelece que a meta de qualidade da água do


Reservatório Billings deveria ser atingida até o ano de 2015 em 281kg/dia de fósforo
total em todo o reservatório. A Tabela 1, aponta as cargas de fósforo geradas por
município e compartimentos nos resultados de monitoramento de 2013 a 2014,
realizado pela Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos do Estado de São
Paulo (SSRH).

Tabela 1 - Carga de fósforo gerada de 2013 a 2014

Fonte: Ricardo Araújo (2018), Programa Mananciais da Sabesp.

O Gráfico 3, representa a carga de fósforo total antes de 2009 no reservatório


em Billings em 1600kg/dia, e a meta a ser atingida em 2015, considerando as
40

projeções do Programa Mananciais da Sabesp com a aplicação ou ausência de


investimentos para implantação de obras de saneamento. O resultado obtido em 2014
foi de 758kg/dia de fósforo total no reservatório, conforme dados técnicos do
Programa Mananciais da Sabesp.

Gráfico 3 - Resultados das metas em 2014

Fonte: Ricardo Araújo (2018), Programa Mananciais da Sabesp.

Para a meta de manutenção da cobertura vegetal por compartimento em


consulta a Secretaria do Meio Ambiente, conforme APÊNDICE B não há informações
sobre levantamentos oficiais de monitoramento da cobertura vegetal.

7.4. DEMOGRAFIA, COLETA E TRATAMENTO DE EFLUENTES

Segundo dados do Programa Mananciais da Sabesp, a população residente na


bacia hidrográfica do reservatório Billings em 2015 era 996.862 habitantes, atualmente
estima-se aproximadamente 1 milhão de habitantes.
Se for analisada a evolução da população no período de 1970 a 2000 nos
municípios que compõem a bacia Billings, observando-se um crescimento acelerado,
principalmente nas décadas de 1970 e 1980, período em que os municípios
apresentaram taxas de crescimento geométrico anual entre 2,82% a 11,23%. Nas
décadas seguintes, todos os municípios apresentaram taxas decrescentes, porém
acima da média da RMSP. (PDPA, 2010).
As novas projeções populacionais para a bacia Billings, apresentam taxas
descrentes de expansão populacional, taxas crescimento geométrico anual de apenas
0,52% entre os anos de 2015 a 2035, conforme demonstrado na Tabela 2.
41

Tabela 2 - Projeções demográficas

Fonte: Adaptado pela autora (2018). De: Ricardo Araújo; Programa Mananciais da Sabesp (2018).

, Adaptado Autor (2018),


Dos seis municípios inseridos na bacia do reservatório Billings, quatro deles
(São Paulo, São Bernardo do Campo, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra) são
atendidos pela Sabesp. Os municípios de Diadema e Santo André são atendidos,
respectivamente, pela Companhia de Saneamento de Diadema (SANED) e pelo
Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André (SEMASA). As duas
empresas municipais adquirem água da Sabesp e encarregam-se da sua distribuição.
Os municípios de Diadema e São Bernardo do Campo são abastecidos pelo
Sistema Produtor Rio Grande. Os bairros de São Paulo localizados na área da bacia
são abastecidos pelo Sistema Produtor Guarapiranga e o município de Rio Grande da
Serra é atendido pelo Sistema Produtor Ribeirão da Estiva. O município de Ribeirão
Pires é abastecido pelos Sistemas Produtores Rio Claro e Ribeirão da Estiva,
enquanto Santo André encontra-se atendido pelos Sistemas Produtores Rio Grande,
Alto Tietê e Rio Claro, além de possuir sistemas isolados de produção e
abastecimento. (PDPA, 2010).
A Tabela 3 representa o percentual dos domicílios atendidos pelo serviço
público de coleta de esgoto, segundo censo (IBGE, 2000) e dados de coleta,
tratamento e exportação de esgoto levantados pelo Programa Mananciais da Sabesp
em 2015.
42

Tabela 3 - Rede coletora de esgoto, tratamento e exportação

COLETA (%) COLETA (%) EXPORTAÇÃO E


MUNICÍPIOS Fonte IBGE Fonte: Sabesp TRATAMENTO (%)
Ano 2000 Ano 2015 Fonte: Sabesp
Ano 2015
Diadema 72,7 80 0
Ribeirão Pires 82,2 83 61
Rio Grande da Serra 59 61 77
Santo André 36,14 73 90
São Bernardo do Campo 58,3 64 5
São Paulo 32,3 76 92
APRM 57 72 65

Fonte: Adaptado pela autora (2018).

Os municípios de Santo André e São Paulo, foram os que mais receberam


novas redes coletoras conectadas ao tratamento e exportação dos efluentes. O
Município de Diadema, aguarda os recursos do Programa Mananciais para execução
de obras de redes coletoras na área do manancial, conforme dados do PDPA Billings.
O destino do esgoto é sistemas individuais, fossas rudimentares e lançamento direto
na represa, conforme ocorre na Estrada do Alvarenga divisa entre os municípios de
São Bernardo do Campo, Diadema e São Paulo, onde formou-se a favela Alvarenga
às margens da represa Billings.
O município de São Bernardo do Campo até 2015 não apontava incrementos
no quesito tratamento de esgoto, todavia, em 08/01/2018 a Prefeitura Municipal e o
Governo do Estado de São Paulo, autorizaram a Sabesp a instalar tubulações e
bombas para o tratamento e coleta de esgoto de 70 mil famílias instaladas na bacia
Billings, recursos oriundos do Programa Pró-Billings.
Os municípios de Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra continuam a apresentar
baixos índices de coleta e tratamento de esgoto por rede pública. Os efluentes não
coletados são destinados a fossas sépticas inadequadas ocasionando a
contaminação do lençol freático, também há o lançamento pela população e empresa
responsável pelo saneamento nos rios e represa. A Figura 5, demonstra um caso
comum e rotineiro de lançamento de esgoto em corpos d’água. Isto ocorre em toda a
extensão do manancial. As imagens são em Rio Grande da Serra e o corpo hídrico
recebe todo o esgoto das casas adjacentes ao bairro. Na imagem Google Earth de
43

04 de dezembro 2018, não foi observada a construção de um muro de divisas na APP,


conforme verificado durante as pesquisas deste trabalho.

Figura 5 - Outros destinos para o esgoto

Fonte: Autora (2018).

7.5 ÍNDICES URBANÍSTICOS

As Áreas de Ocupação Dirigida (AODs), ou seja, aquelas de interesse para a


consolidação e implantação de usos urbanos e rurais são divididas em cinco
subáreas, Subárea de Ocupação Especial (SOE), Subárea de Ocupação Consolidada
(SUC), Subárea de Ocupação Controlada (SUCt), Subárea de Ocupação Baixa
Densidade (SBD) e Subárea de Conservação Ambiental (SCA). Cada subárea tem
sua respectiva definição e diretrizes para o planejamento e gestão.
São admitidos usos mistos (residencial, comercial, industrial), em todas as
subáreas, desde que atendidas a legislação de uso e ocupação do solo e as
disposições quanto a parâmetros urbanísticos. Nos processos de regularização de
edificações preexistentes, que tratam o Artigo 4º, inciso XIV é admitido o lote de
125m², nas SOE e SUC em todos os compartimentos e na SUCt, nos compartimentos
Corpo Central I, Corpo Central II e Taquacetuba-Bororé. As diretrizes e definições por
subáreas estão no Quadro 5.
44

Quadro 5 - Definições e diretrizes das subáreas

Subárea e suas Definição Diretrizes


representações por cores

Priorizar a implantação de
programas de interesse social.
Priorizar a adaptação das
Subárea de Ocupação Prioritária para

SOE
ocupações irregulares.
Especial implantação de habitação
de interesse social Promover a recuperação ambiental
e implantação de infraestrutura.
Reurbanizar favelas.
Garantir a melhoria da
infraestrutura sanitária e ambiental.
Prevenir processo erosivos.
Área com ocupação Implantação de equipamentos
SUC

Subárea de Ocupação urbana irreversível e comunitários.


Urbana Consolidada servidas parcialmente por Melhorar o sistema viário.
infraestrutura
Regularização de ocupações.
Ampliar o percentual de área
permeável.
Implantar novos empreendimentos
com adequação de saneamento
Área já ocupada e em ambiental.
SUCt

Subárea de Ocupação processo de Requalificar assentamentos


Controlada adensamento e
consolidação urbana. Recuperar áreas degradadas.
Estimular a ampliação de áreas
verdes e de lazer.
Garantir uso de baixa densidade
populacional.
Incentivar atividades econômicas
compatíveis com a proteção dos
SBD

Área não urbanizada recursos hídricos.


Subárea de Ocupação destinada a uso de baixa Limitar os investimentos em
de Baixa Densidade densidade de ocupação ampliação de sistema viário.
Incentivar a implantação de
sistemas de tratamento de
efluentes líquidos.
Controlar a expansão de núcleos
urbanos.
Ampliar áreas de interesse de
Subárea de Área provida de preservação.
SCA

Conservação Ambiental cobertura vegetal de Limitar investimentos em


interesse à preservação ampliação de sistema viário.
da biodiversidade Incentivar a implantação de
sistemas de tratamento de
efluentes líquidos.

Fonte: Elaboração da autora (2018), baseado na Lei Estadual 13.579/2009.


45

Os índices urbanísticos, conjunto de parâmetros e regulamentações relativos


ao dimensionamento, construções máximas e taxas de permeabilidade mínimas a
manter em relação à área do terreno estão definidos em quatro categorias:
 Lote mínimo: área mínima de terreno que poderá resultar de loteamento,
desmembramento ou desdobro. Cada subárea tem um tamanho mínimo em metros
quadrados para o requisito lote mínimo.
 Coeficiente de aproveitamento: relação entre a área construída e a área total
do terreno, de acordo com a área de intervenção.
 Taxa de permeabilidade: o percentual mínimo da área do terreno a ser mantida
permeável de acordo com a área de intervenção.
 Índice de área vegetada: relação entre a área com vegetação, arbórea ou
arbustiva e a área total do terreno. Cabe ressaltar que a área vegetada é considerada
no cômputo da taxa de permeabilidade.
O índice de elevação máxima para execução de edificações dentro do lote é de
20 metros, contados a partir da cota do piso do pavimento térreo até a última laje, de
cobertura dos pavimentos, sendo tolerados acima desse gabarito apenas as casas de
máquinas de elevador e o reservatório de água.
A cota parte de terreno deverá corresponder ao tamanho de lote mínimo de
cada subárea, assim a divisão da área total do terreno pelo número de unidades de
uso residencial ou não, deverá sempre atender ao lote mínimo da subárea.

7.5.1 Índices urbanísticos por subárea

A delimitação dos Compartimentos Ambientais está lançada graficamente em


mapa, em escala 1:10.000, sendo parte integrante da Lei, disponível para download
no site da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e no site do Sistema Ambiental
Paulista DataGEO do Governo do Estado de São Paulo.
A delimitação das Subáreas de Ocupação Dirigida, foi sobreposta a base
cartográfica da Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano S.A (Emplasa) nas
articulações no Sistema Cartográfico Metropolitano (SCM) RASTER
aerofotogramétrico ano 80/81, folhas da Região Metropolitana de São Paulo. A Figura
6 apresenta o número das folhas ou cartas que integram a APRM-B.
46

Figura 6 - Articulações SCM

Fonte: Secretaria de Estado do Meio Ambiente - Cobrape (2010),


delimitação das Subáreas de Ocupação Dirigida.

As cartas apresentam os limites de municípios limítrofes à área do manancial,


rodovias, faixa do Rodoanel, os compartimentos, o reservatório e a faixa de 50 metros
a partir da cota 747, a delimitação dos zoneamentos e cada subárea da AOD
identificadas por cores diferenciadas, conforme Figura 7.

Figura 7 - Carta parcial 4336

Sem escala.
Fonte: Secretaria de Estado do Meio Ambiente - Cobrape (2010), delimitação das Subáreas
de Ocupação Dirigida.
47

A Figura 7 2 é parte da articulação SCM nº. 4336, a representação cartográfica,


trata-se de uma diretriz para o uso e ocupação do solo, permitindo aferir as
coordenadas em Universal Transversa de Mercator (UTM) do local em estudo,
mensuração da posição planialtimétrica, curvas de nível, as cotas, a hidrografia, etc.
A Figura 8, representa os compartimentos ambientais e subáreas de ocupação
dirigida.
Figura 8 - Delimitação das subáreas

Fonte: Plano de Desenvolvimento e Proteção Ambiental do Reservatório Billings (2010).

O Quadro 6, apresenta os índices urbanísticos da Área de Ocupação Dirigida


da bacia hidrográfica Billings para cada área de intervenção (subárea) e respectivo
compartimento ambiental. Conforme disposto no Anexo III da Lei Estadual nº.
13.579/09.

2
A legenda da Figura 8, também se aplica como legenda para a Figura 7.
48

Quadro 6 - Índices urbanísticos


Compartimentos Ambientais
Área de Índices
Intervenção Urbanísticos Corpo Corpo Taquacetuba Rio Grande Capivari-
Central I Central II Bororé Rio Pequeno Pedra
Branca
Lote mínimo (m²) 250
SOE C.A. 2,5
T.P. 15
I.V 8

Lote mínimo (m²) 250 250 250 250 --


C.A. 2,5 1 1 2 --
SUC T.P. 15 15 15 15 --
I.V 8 8 8 8 --

Lote mínimo (m²) 250 250 250 250 500


C.A. 2 1 1 1 0,8
SUCt T.P. 20 20 20 20 40
I.V 10 10 10 10 20

Lote mínimo (m²) 500 500 1.000 3.000 5.000


C.A. 0,5 0,5 0,2 0,5 0,2
SBD T.P. 40 40 50 70 70
I.V 20 20 25 35 35

Lote mínimo (m²) 5.000 5.000 7.500 7.500 10.000


C.A. 0,2 0,2 0,1 0,1 0,1
SCA T.P. 90 90 90 90 90
I.V 45 45 45 45 45
C.A. = Coeficiente de aproveitamento T.P. = Taxa de Permeabilidade I.V. = Índice de Área Vegetada

Fonte: Elaboração da autora (2018), baseado na Lei Estadual nº. 13.579/2009.

7.6 MÉDIA PONDERADA

A Lei da APRM-B preconiza critérios e diretrizes de uso e ocupação do solo


para todas as áreas da bacia hidrográfica, os mapas da Lei estão lançados na escala
muito reduzida (1:10.000), não possibilitando o minucioso detalhamento das áreas,
ocorrendo casos de áreas estarem inseridas em várias subáreas, podendo não haver
a transição entre estas. A Lei Específica não dispõe de mecanismos para o
licenciamento nestas condições, para determinação dos índices urbanísticos é
aplicado o entendimento técnico Estadual de média ponderada. Na Figura 9 observa-
se um exemplo de sua aplicação.
49

Figura 9 - Aplicação da média ponderada

Fonte: Elaboração da autora (2018).


50

8. LICENCIAMENTO AMBIENTAL

A Lei da APRM-B, prevê delegar aos municípios atribuições de licenciamento


ambiental através de convênios para os casos previstos no Artigo nº. 63:
I – para as atividades não indicadas no artigo 61 desta lei como obrigatórias
de licenciamento pelo Estado;
II - empreendimentos para uso não residencial inferior a 10.000 m² (dez mil
metros quadrados) de área construída;
III - empreendimentos para uso residencial inferior a 20.000m² (vinte mil
metros quadrados) de área construída;
IV - movimentação de terra em volume inferior a 4.000m³ (quatro mil metros
cúbicos) ou que interfira em área inferior a 8.000m² (oito mil metros
quadrados);
V - os fracionamentos de glebas em até 10 (dez) partes, mantidos os lotes
mínimos definidos no artigo 27 desta lei, de acordo com o provimento da
Corregedoria Geral da Justiça do Estado.

Dispor de um Plano Diretor adequado às disposições da Lei Específica, contar


com corpo técnico e conselho municipal de meio ambiente com caráter deliberativo,
contando ainda com um treinamento promovido pela CETESB aos técnicos municipais
eram os requisitos que o Estado exigia para que os municípios pudessem realizar o
licenciamento de atividades de potencial impacto local.
Considerando a Lei Complementar nº. 140 de 2011, que fixou as normas para
a Cooperação entre a União, os Estados, Distrito Federal e os Municípios nas ações
administrativas de competência comum para a proteção e preservação do meio
ambiente, foi aprovada pelo Conselho Estadual do Meio Ambiente (CONSEMA) a
Deliberação nº. 01/2014, fixando as tipologias para o exercício da competência
municipal, no âmbito do licenciamento ambiental.
Assim o instrumento de convênio previsto na Lei Estadual nº. 13.579/09, foi
normatizado e substituído pelo Artigo 3º, da Deliberação CONSEMA nº. 01/2014.
Para o exercício do licenciamento ambiental, o Município deverá dispor das
seguintes estruturas:
I – Órgão ambiental capacitado a executar as ações administrativas
concernentes ao licenciamento ambiental, o qual deverá possuir técnicos
próprios ou em consórcio, em número compatível com a demanda de tais
ações;
II – Equipe multidisciplinar formada por profissionais qualificados, legalmente
habilitados por seus respectivos órgãos de classe e com especialização
compatível;
III – Conselho Municipal de Meio Ambiente, de caráter deliberativo, com
funcionamento regular, e composto paritariamente por órgãos do setor
público e entidades da sociedade civil;
IV – Sistema de fiscalização ambiental que garanta o cumprimento das
exigências e condicionantes das licenças expedidas.
Art. 6º - Parágrafo único – Nas Áreas de Proteção e Recuperação dos
Mananciais – APRMs do Estado de São Paulo, o licenciamento ambiental de
51

empreendimentos e atividades encontra-se condicionado à compatibilização


da legislação municipal de parcelamento, uso e ocupação do solo com a
legislação estadual de proteção e recuperação dos mananciais

No caso específico das APRMs o Artigo 6º traz a exigência de compatibilização


dos Planos Diretores municipais com a Lei Estadual.
Com este dispositivo os municípios que atenderem aos requisitos estarão aptos
a licenciar as atividades e empreendimentos de potencial impacto local, com
definições e classificações do Anexo I, II e III da Deliberação. O Quadro 7, indica os
municípios inseridos no manancial Billings, aptos a realizar o licenciamento ambiental.

Quadro 7 - Municípios aptos a realizar o licenciamento ambiental

Nº Município Aptidão de Acordo com a


Licenciador Classificação do Impacto Publicação no DOE/SP
Ambiental Local
1 S. B. do Campo Alto / Médio / Baixo 124(102), de 03/06/14, Seção I, pág. 66

2 Santo André Alto / Médio / Baixo 124(102), de 03/06/14, Seção I, pág. 66

3 São Paulo* Alto / Médio / Baixo 24(79), de 12/06/14, Seção I, pág. 39

7 Ribeirão Pires Médio / Baixo 124(116), de 25/06/14, Seção I, pág. 49

*Tem municipalização, mas ainda não compatibilizou o Plano Diretor com a Lei da Billings, por tal,
está apto a licenciar apenas fora da APRM.

Fonte: CETESB (2018). Adaptado pela autora (2018).

Os municípios de São Bernardo do Campo, Santo André e Ribeirão Pires,


realizaram a compatibilização da legislação municipal de parcelamento, uso e
ocupação do solo com a legislação estadual de proteção e recuperação dos
mananciais, sendo que Ribeirão Pires, empregou em alguns itens restrições maiores
do que a Lei Estadual, o município de Santo André, apesar de ter efetuado a
compatibilização do Plano Diretor, ainda não dispõe de equipe técnica multidisciplinar
para tal.
Há quase 10 anos, após a regulamentação da Lei Específica da Billings, os
municípios de Rio Grande da Serra 100% inserido em APRM, Diadema e São Paulo,
ainda estão em fase de adequação do Plano Diretor com a Lei Estadual, portanto, não
estão aptos a realizar o licenciamento ambiental municipal.
52

8.1 ALVARÁ DE LICENÇA METROPOLITANA

Alvará de Licença Metropolitana é o documento emitido pelo órgão licenciador


para a execução de empreendimentos, edificações para qualquer finalidade,
movimento de terra, mineração, parcelamento do solo, condomínio e conjunto
habitacional, obras lineares demais usos previstos no Artigo nº. 59 da Lei Estadual nº.
13.579/09. Para a expedição do Alvará é imprescindível apresentar a certidão de
matrícula imobiliária com a averbação da Declaração para Vinculação (DV) com as
restrições previstas na Lei, a Figura 10 é exemplo de certidão de matrícula com a
averbação da DV. O Alvará de Licença Metropolitana é exemplificado na Figura 11,
consultado no endereço eletrônico do portal “eambiente”, https://e.ambiente.sp.gov.br,
da Secretaria do Meio Ambiente.

Figura 10 - Certidão de Matrícula com averbação de DV

Fonte: Cartório de Registro de Imóveis de Ribeirão Pires (2018). Adaptado Autora (2018).
53

Figura 11 - Alvará de Licença Metropolitana


(Continuação)
54

(Conclusão)

Fonte: CETESB (2018). Adaptado Autora (2018).


55

9. PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL

Diante a necessidade de construção de novas moradias para solucionar os


problemas sociais e específicos de habitação e saneamento básico nas Áreas de
Recuperação Ambiental (ARA1) a Lei Específica possibilita a implantação de
Programas de Recuperação de Interesse Social (PRIS), desde que comprovada a
preexistência dos assentamentos até o ano de 2006 e a precariedade urbanística e
ambiental. Para o enquadramento e regularização das ARA1, além da comprovação
da temporalidade, o órgão ou entidade do poder público promotor da regularização,
deverá prever a aprovação do Plano Municipal Diretor, compatibilizado com a Lei da
Billings, Lei de Uso e Ocupação e Parcelamento do Solo (LOUPS), com a definição
detalhada das Zonas de Especial Interesse Social (ZEI). No caso de Habitação de
Interesse Social (HIS), ainda deverá ser implantada em SOE, SUC e SUCt, e atender
aos parâmetros urbanísticos diferenciados de cada subárea.
Além das prerrogativas já mencionadas os PRIS, devem considerar todas as
exigências dos Artigos nos. 78 a 83 da Lei Estadual nº. 13.579/2009, tais como plano
e projeto de urbanização, projetos de parcelamento do solo, drenagem, abastecimento
de água, contenção de encostas, terraplenagem, coleta, tratamento e destinação de
esgotos, rede elétrica, paisagismo, pavimentação, soluções para tratamento e coleta
de resíduos sólidos, educação ambiental, paisagismo, áreas verdes, recuperação
ambiental, compensação ambiental e regularização fundiária.

Tabela 4 - Cenário de PRIS

Fonte: Vivian Marrani, Diretoria de Licenciamento Ambiental CETESB (2018).


56

Diante a necessidade de disciplinar os procedimentos de licenciamento


ambiental do conjunto de medidas e intervenções dos PRIS e HIS nas Áreas de
Proteção e Recuperação dos Mananciais, foi publicada a Resolução SMA nº 21, de
08 de março de 2017. Entre outros dispositivos a Resolução atribui as tipologias,
sendo: PRIS de Urbanização de assentamento precário de interesse social, PRIS de
Reassentamento habitacional com recuperação ambiental da ARA-1, PRIS de
Regularização fundiária que são aqueles que compreendem o conjunto de medidas
jurídicas e sociais que não demandam obras e que visam à regularização do
assentamento e à titulação de seus ocupantes, mediante comprovação do
funcionamento da infraestrutura urbanística e de saneamento ambiental.
Cumpridas todas a premissas de estudos, aprovação de leis e elaboração dos
projetos técnicos de adequação urbanística, infraestrutura de saneamento ambiental
e projeto de regularização fundiária. O processo será submetido a análise técnica
estadual. A Figura 12 elucida a tramitação do processo administrativo.

Figura 12 - Etapas do licenciamento de PRIS (Res. SMA 21/2017)

Fonte: Vivian Marrani, Diretoria de Licenciamento Ambiental CETESB (2018).


57

10. SISTEMÁTICA DAS ENTREVISTAS

As entrevistas foram realizadas com profissionais e especialistas da área


ambiental e representantes dos setores e instâncias governamentais, nas esferas
estadual e municipal. Além do órgão colegiado deliberativo e administração estadual
e municipal, foram realizadas entrevistas com a Sabesp, Cartório de Registro de
Imóveis e estudiosos da legislação.
Considerando que a gestão da APRM-B é tripartite, foram elaborados
questionários com questões específicas para cada órgão e/ou entidade envolvida na
gestão, planejamento, licenciamento, fiscalização, monitoramento e publicidade. As
perguntas foram fundamentadas nas disposições, diretrizes e metas da legislação.
A sistemática adotada foi qualitativa, os participantes são especialistas na
temática abordada e forneceram informações técnicas e experiências vividas nas
questões e nas relações com a APRM-B.
Os métodos utilizados para a execução das entrevistas, foram gravações,
material escrito, e-mail e reuniões, por meio de roteiros semiestruturados, permitindo
ao entrevistado a liberdade de incluir novas questões, caso identificada a
necessidade.
Os questionários, as respostas dos entrevistados e as transcrições das
gravações são parte integrante deste trabalho.
Foram entrevistados 09 técnicos e 02 estudiosos da legislação de áreas
específicas conforme suas atribuições, competências e experiências, com o objetivo
final de detectar se as metas estabelecidas pela Lei Estadual nº. 13.579/09 foram
atingidas, e caso negativo, quais as razões por não ter atingido as metas, assim como,
os principais avanços e desafios da legislação e sua aplicação.
Os órgãos sistema de planejamento da APRM-B, tiveram participação direta
nas entrevistas, sendo estes, o Comitê de Bacias do Alto Tietê, Secretaria do Meio
Ambiente, Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, Prefeituras de Santo
André, Diadema, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. As Prefeitura de São Paulo e
São Bernardo do Campo não participaram da pesquisa, foram realizados contatos em
21/02/2018, 28/02/2018 e 19/03/2018, porém, não se obteve retorno.
O Quadro 8 apresenta um resumo das atuações dos entrevistados e as
indicações dos respectivos APÊNDICES com a integra dos resultados das entrevistas.
58

Quadro 8 - Caracterização dos entrevistados

INSTITUIÇÃO NOME FUNÇÃO APÊNDICE

Comitê da Bacia Gestor Gilson Gonçalves Relator da Câmara Técnica


A
Hidrográfica do Alto Guimarães de Gestão de
Tietê (CBH-AT) Investimentos

Secretaria do Meio Arqt. Márcia do Assessora da


B
Ambiente do Estado Nascimento Coordenadoria de
de São Paulo Planejamento Ambiental
(CPLA)

Companhia Ambiental Eng. Emanuele Lima Supervisora Técnica da


C
do Estado de São Ventura Seco Agência Ambiental
Paulo do ABC -I

Téc. da Secretaria de Meio


Prefeitura Municipal Eng. Márcio Morgado Ambiente
de Santo André Araújo Depto. de Gestão de D
Paranapiacaba e Parque
Andreense

Prefeitura Municipal Eng. José Roque Oliveira Técnico da Secretaria de


E
de Diadema Ventura Meio Ambiente

Prefeitura Municipal Arqt. Silmara Mathias Técnica da Secretaria de


F
da Estância Turística Soares Delfino Obras
de Ribeirão Pires

Prefeitura Municipal Bióloga Juliana Ferreira Técnica da Secretaria de


G
de Rio Grande da Meio Ambiente
Serra

Companhia de Coordenador do Programa


H
Saneamento Básico Sociólogo Ricardo Araújo Mananciais da Sabesp
do Estado de São
Paulo (Sabesp)

Cartório de Registro Dr. Luc Da Costa Ribeiro Oficial de Registro de


I
de Imóveis de Imóveis
Ribeirão Pires

Prefeito da Estância Prof. Clóvis Volpi Estudioso da Lei


J
Turística de Ribeirão Específica
Pires de 2004 a 2012

Diretor do Consórcio Dr. Cláudio Antônio Estudioso da Lei


K
Intermunicipal do Deberaldini Específica
Grande ABC de 2004
a 2010.

Fonte: Elaboração da autora (2018).


59

Pode-se observar que todos os entrevistados têm conhecimento e experiência


na temática, estão envolvidos nos processos decisórios e de aplicação da Lei
Específica da Billings.
Outras fontes que contribuíram no processo de pesquisa dos avanços e
desafios da Lei Específica da APRM-B, foram pesquisas em internet, livros, artigos,
discussões com técnicos e profissionais do setor de licenciamento ambiental e a
participação na palestra em comemoração ao 93º aniversário da represa Billings, no
Consórcio Intermunicipal Grande ABC em 27 de março de 2018 que abordou o tema
Represa Billings: manancial protegido ou esperança de moradia, com a participação
do sociólogo Ricardo Araújo, Márcia Nascimento, assessora da Coordenadoria de
Planejamento Ambiental da Secretaria Estadual do Meio Ambiente; Vivian Marrani de
Azevedo Marques, assessora da Diretoria de Controle e Licenciamento da Companhia
Ambiental do Estado de São Paulo e Marcos Boldarini, arquiteto e urbanista que
coordena e desenvolve projetos de urbanização de assentamentos precários,
habitação de interesse social.
A escolha de uma abordagem mista de experiências embasada nas
interpretações e experiências dos entrevistados, forneceu diferentes visões, opiniões
e vivências da gestão compartilhada da Bacia Hidrográfica do Reservatório Billings.

10.1 PESQUISA DE OPINIÃO PÚBLICA

A metodologia de pesquisa de opinião aplicada neste trabalho foi qualitativa,


empregando-se um método de investigação científica que se foca no caráter subjetivo
do tema proposto, estudando as suas particularidades e experiências individualizadas.
Assim sendo, os entrevistados ficam mais livres e a vontade para manifestar seus
pontos de vista e opiniões sobre o tema abordado. O formulário com as perguntas
efetuadas aos moradores encontra-se no APÊNDICE L, as autorizações de uso de
imagem encontram-se no APÊNDICE M. O propósito não foi dimensionar nem
contabilizar resultados quantitativos e sim a subjetividade intrínseca e de livre opinião
do entrevistado. Com o objetivo de compreender suas expectativas, anseios,
comportamentos e o grau de percepção em relação a temática.
Foram realizadas 167 entrevistas de campo em 10 pontos estratégicos, nos
municípios de Rio Grande da Serra, Ribeirão Pires, Santo André, São Bernardo do
Campo e Diadema, nas subáreas de baixa densidade, subáreas de conservação
60

ambiental e subáreas urbanas consolidadas e/ou controladas e áreas de restrição a


ocupação, em sua grande maioria às margens de represa. Os mapas com as
indicações dos locais pesquisados estão disponíveis no APÊNDICE L. As entrevistas
foram realizadas e supervisionadas por Andreza de Araújo Batista e a colaboração de
mais dois pesquisadores (Márcio do Prado e Flávio Lemos).

10.1.1 Amostragem da pesquisa

No universo dos entrevistados 49% eram do sexo feminino e 51% masculino,


sendo a faixa etária até 30 anos correspondente a 20%, de 30 a 50 anos
correspondente a 43% e acima de 50 anos correspondente 37%.
Quanto ao grau de instrução os analfabetos correspondem a 10,2%, ensino
fundamental 32,9%, ensino médio 41,3%, superior incompleto 7,2% e nível superior
completo 8,4%.

10.1.2. Resultados obtidos

Observou-se que o tempo médio que a maioria dos entrevistados moram ou


residem nessas áreas há pouco mais de 10 anos e os principais motivos que os
levaram a esta situação foi por influência familiar, como por exemplo morar perto de
familiares, casamento e por associarem estes locais com melhoria na qualidade de
vida, outro fator relevante foi a condição econômica, como preços mais acessíveis e
facilidades de ocupação.
A média de moradores por unidade residencial é de 04 pessoas e as áreas dos
terrenos variam em média de 100,00m² a 500,00m². Dentre o universo de
entrevistados 29,3% alegam possuir escritura e 68,3% não a possuem e nesta mesma
proporção são os que alegam possuir planta aprovada pela prefeitura e/ou CETESB.
O abastecimento de água e coleta de lixo chega a 86% dos entrevistados e
coleta de esgoto a 50%. No universo dos 14% que não possuem abastecimento de
água, 78% utilizam-se de poços e o restante de ligações clandestinas.
Dos 50% dentre os que não dispõem de sistema de esgoto 47% descarregam
em córregos ou na represa e 52% usam fossa séptica e 1% não opinou.
Um fator impressionante foi que 92% dos pesquisados alegam não terem
percepção da atuação do poder público e dos órgãos fiscalizadores e/ou reguladores
61

em seu dia a dia. A partir deste fato, ficam ressabiados e desconversam quando
mencionado por exemplo que a pesquisa é para um curso acadêmico da CETESB.

10.2 DADOS GERAIS DA PESQUISA DE OPINIÃO PÚBLICA

• Pesquisa qualitativa, domiciliar, estratificada por gênero, faixa etária e


instrução.
• Universo: Bacia da Billings (Região do Grande ABC) - SP.
• Amostra: 167 entrevistas divididas em diferentes regiões.
• Margem de erro: 5%, com grau de confiança de 95%.
• Período: primeira semana de março de 2018.

10.2.1 Gênero

Gráfico 4 - Gênero dos entrevistados

Fonte: Elaboração da autora (2018).

10.2.2 Faixa etária

Gráfico 5 - Faixa etária

Fonte: Elaboração da autora (2018).


62

10.2.3 Nível de escolaridade

Gráfico 6 - Nível de escolaridade

Fonte: Elaboração da autora (2018).

10.3 AMBIENTE POPULACIONAL

Perfis de imóveis e moradores das regiões pesquisadas.

10.3.1 Tempo de residência

Gráfico 7 - Tempo de residência

Fonte: Elaboração da autora (2018).


63

10.3.2 Número de pessoas por residência

Gráfico 8 - Número de pessoas por residência

Fonte: Elaboração da autora (2018).

10.3.3 Número de residências por lote

Gráfico 9 - Número de residências por lote

Fonte: Elaboração da autora (2018).


64

10.3.4 Metragem média dos terrenos (m²)

Gráfico 10 - Metros quadrados do lote

Fonte: Elaboração da autora (2018).

10.3.5 Existência de área vegetada no terreno

Gráfico 11 - Área vegetada

Fonte: Elaboração da autora (2018).


65

10.3.6 Titularidade do imóvel - escritura

Gráfico 12 - Titularidade

Fonte: Elaboração da autora (2018).

10.3.7 Planta aprovada pela CETESB e/ou Prefeitura

Gráfico 13 - Planta aprovada

Fonte: Elaboração da autora (2018).


66

10.4 SANEAMENTO BÁSICO – ABASTECIMENTO DE ÁGUA

Gráfico 14 - Abastecimento de água

Fonte
Fonte: Elaboração da autora (2018).

10.4.1 Alternativa para obtenção de água

Fonte alternativa de captação água, daqueles que não possuem acesso ao


sistema público.

Gráfico 15 - Outros tipos de abastecimento

Fonte: Elaboração da autora (2018).


67

10.4.2 Acesso a rede pública de coleta de efluentes domésticos

Gráfico 16 - Rede pública de esgoto

Fonte: Elaboração da autora (2018).

10.4.3 Destinação final do esgoto

Destino dos efluentes gerados dos imóveis que não são atendidos pela rede
pública.
Gráfico 17 - Outras destinações para o esgoto

Fonte: Elaboração da autora (2018).


68

10.4.4 Coleta pública de resíduos sólidos

Gráfico 18 - Coleta de resíduos sólidos

Fonte: Elaboração da autora (2018).

10.5 PERCEPÇÃO SOBRE AÇÕES DE PRESERVAÇÃO DA REPRESA BILLINGS


POR PARTE DA PREFEITURA OU DA CETESB

Gráfico 19 - Percepção sobre as ações de preservação

Fonte: Elaboração da autora (2018).


69

10.6 OUTROS DADOS OBSERVADOS

A população das áreas de favelas inseridas no manancial no município de


Diadema divisa com São Paulo é afetada diariamente pela exclusão social. Há
situações de risco que envolvem crianças e adolescentes, vulneráveis ao acesso e ao
uso de drogas, durante a pesquisa em campo uma criança de aproximadamente 08
anos interrompeu a pesquisa e disse: “mãe onde está minha maconha? - A mãe com
toda naturalidade informou que a droga esta no armário da cozinha e continuou a
responder a pesquisa.
Alguns moradores, comentaram sobre o sentimento de medo e insegurança
por estarem participando da pesquisa, pois poderiam passar por repressões dos
traficantes. Outros hesitaram em responder a pesquisa desconfiados em se tratar de
alguma ação do poder público, com o objetivo de remoção das famílias. Notou-se que
mesmo vivendo sob o controle do tráfico, os moradores destas comunidades, temem
e desconfiam mais as ações do poder público do que aos chefes do tráfico.
Outra situação vivenciada ocorreu durante a pesquisa onde a autora e outro
pesquisador foram expulsos da comunidade por 03 adolescentes a mando do tráfico
local.
Ainda nesta abordagem observou-se a total deficiência de saneamento básico,
esgoto a céu aberto em meios as ruas e presença de mosquitos.
Já em outro local um loteamento irregular no Bairro Parque América em Rio
Grande da Serra, os moradores pesquisados queixaram-se da omissão do poder
público na implantação de políticas de regularização fundiária.
No bairro Riacho Grande em São Bernardo do Campo, verificou-se uma outra
situação os proprietários das casas de alto padrão, alguns incidentes na faixa de ARO
da represa, informaram que realizam o tratamento do esgoto através de um
biodigestor coletivo, visando contribuir com a preservação do reservatório.
Durante as pesquisas em todos os municípios percorridos pode-se constatar a
construção de novas moradias sem a presença de placa de obra com informação das
devidas licenças.
70

10.7 FOTOS REALIZADAS DURANTE A PESQUISA DE OPINIÃO

Foto 13 - Munícipio de Santo André Corredor Polonês

Fonte: Thais Kanada (2018).

Foto 14 - Placa de sinalização e advertência em APM

Fonte: Autora (2018).


71

Foto 15 - Obras irregulares no manancial

Fonte: Autora (2018).

Foto 16 - Sistema de transposição Rio Grande - Alto Tietê

Fonte: Autora (2018).


72

Foto 17 - Precárias ocupações no Corpo Central II

Fonte: Autora (2018).

Foto 18 - Compartimento Rio Grande Rio Pequeno

Fonte: Autora (2018)


73

Foto 19 - Entrevista com moradora

Fonte: Thais Kanada (2018).

Foto 20 - Aglomerado de moradias a margem da represa

Fonte: Autora (2018).


74

Foto 21 - Vista de uma SUC em Ribeirão Pires

Fonte: Autora (2018).

Foto 22 - Processo de ocupação urbana no entorno da Billings

Fonte: Autora (2018).


75

Foto 23 - Lançamento de esgoto em corpo d’água em RGS

Fonte: Autora (2018).

Foto 24 - Residência na faixa da cota 747

Fonte: Autora (2018).


76

Foto 25 - Degradação de APP - Jd. Pedreira - São Paulo

Fonte: Autora (2018).

Foto 26 - Ocupações clandestinas sobre APP - Jd. Pedreira

Fonte: Autora (2018).


77

11. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Antes da Lei Específica APMR-B, mais precisamente nos anos 70, pode-se
dizer que o desenvolvimento e a expansão urbana na região do ABC Paulista estavam
praticamente estagnados, pois, tudo e qualquer intervenção nas áreas de preservação
e proteção de mananciais eram praticamente impossíveis, devido à rigorosa lei
existente e vigente à época, proibindo inclusive a instalação de serviços de
infraestrutura pública nas áreas em torno da bacia da Billings.
Entretanto, era uma legislação que cumpria o papel de preservar as áreas de
mananciais, mas, devido à inevitável expansão urbana, as ocupações irregulares
ocorrendo no entorno destas áreas, falta de abastecimento de água, coleta de lixo e
serviços de coleta e tratamento de esgoto e consequente desvalorização das áreas,
se fizeram necessárias uma nova ótica e novos procedimentos.
Neste cenário, a regulamentação da Lei Específica da Billings foi um marco,
passo importante que favoreceu equacionar o dilema, expansão urbana versus
abastecimento, tornando possível a regularização e o desenvolvimento caminhar em
par e passo com a preservação.
Neste estudo o propósito é diagnosticar pontos da legislação que possam ser
aprimorados e corroborar com o desenvolvimento de atividades econômicas no
manancial associado a medidas que assegurem a qualidade e a quantidade da água,
com foco principal nas cidades de Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra, partes
importantes de Santo André, São Bernardo do Campo e São Paulo.
É chegado novamente o tempo e o momento desafiador de aprimorar o que se
avalia como eficaz ao atendimento dos objetivos da Lei, tentando encontrar novas
alternativas e uma nova sinergia entre os atores envolvidos para conciliar os
interesses regionais, sociais, econômicos, ambientais e preservacionistas que são o
cerne e a gênesis de Lei da Billings.
A Lei Estadual nº. 9.866/97 estabeleceu uma nova política de proteção e
recuperação das áreas de mananciais do Estado de São Paulo.
Com novos critérios e procedimentos, atribuindo-se a cada bacia hidrográfica a
criação de leis específicas de proteção e recuperação de mananciais, elaboradas de
acordo com as idiossincrasias de cada região.
78

Esta nova proposta de proteção e recuperação está fundamentada em quatro


instrumentos de gestão, normativo: normas de uso e ocupação solo; programáticos:
planos de proteção e recuperação; financeiros: suporte financeiro e de Controle:
fiscalização integrada, controle, monitoramento e penalidades, sendo estes os pilares
do sistema de gestão participativo e descentralizado.
As Leis Específicas foram estabelecidas com ênfase na qualidade da água para
fins de abastecimento público e resolver o passivo ambiental, herdado pela falta de
articulação e integração das Leis n.os 898/75 e 1172/ 1976.
A Lei da Billings trouxe grandes avanços para a recuperação ambiental, sendo
o principal o zoneamento ambiental delimitando territórios distintos, reconhecendo os
compartimentos ambientais e respectivas subáreas, e as reais possibilidades de
preservação, recuperação e regularização embasadas na demografia de cada
subárea.
Neste trabalho buscou-se entender e compreender toda a dinâmica, esforços
empreendidos para a elaboração da Lei nº. 13.579/09, bem como, o histórico de sua
construção, partindo-se desta criteriosa análise para atingir os pontos que seguem
descritos abaixo.
A regulamentação da Lei Estadual nº. 9.146/95 que criou mecanismos de
compensação financeira para municípios que sofrem restrição por força de instituição
de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Estado, considerados nestes
espaços as Áreas de Proteção aos Mananciais é vital, pois no atual cenário os
administradores públicos municipais apenas têm o ônus social, econômico e político
de recuperar, fiscalizar e autuar os munícipes sem contrapartidas. A seguir são
indicados alguns dos desafios que o trabalho propiciou elencar.
O detalhamento das disposições gerais da lei de compensações financeiras
aos municípios, seria um instrumento extremamente interessante para o poder público
municipal criar e implantar mecanismos de fiscalização, defesa, recuperação,
regularização fundiária e preservação da fauna e flora, bem como a implantação de
programas de educação ambiental entre outros.
As populações e empresas inseridas no território do reservatório da Billings
prestam serviços gratuitos ao preservarem parte de suas propriedades permeáveis e
com vegetação para assegurar a produção de água para o abastecimento do
manancial de interesse regional. A Lei da Billings no Capítulo Objetivos determina
instituir mecanismos de compensação financeira aos proprietários de áreas
79

prestadoras de serviços ambientais. Todavia, apenas o município de Ribeirão Pires


criou uma lei que concede desconto na alíquota de IPTU para a preservação de áreas
verdes, modelo este que deve ser seguido pelos demais municípios.
O estímulo econômico embasado no princípio do protetor-pagador, previsto na
Lei, deve ser uma política aplicada nos planejamentos do poder público estadual e
municipal, pois é um incentivo social positivo, que traz ganhos ambientais e motivam
a mudança de comportamento ecologicamente correto das populações, rompendo-se
assim o ciclo vicioso da irregularidade imobiliária e destruição da mata nativa.
O Artigo 59, § 6º, dispõe que os pedidos de Alvará de Licença Metropolitana
deverão ser analisados no prazo de 90 dias, contados da data de seu protocolo.
Todavia, tal prazo não é cumprido pelos órgãos licenciadores, CETESB e Prefeituras
Municipais, devido aos numerosos tipos de processos e pedidos de análises, bem
como o limitado número de técnicos habilitados e/ou aptos a desempenhar tais
procedimentos e análises, destes complexos processos administrativos.
No que se refere a compreensão e entendimento das leis de proteção aos
mananciais e a aplicação da Lei Específica e seus instrumentos, assim como, os
mecanismos de compensação e sua intrínseca correlação com as demais leis,
resoluções, deliberações, portarias, decisões diretoria e demais legislações
correlatas, a figura do “entendimento técnico” e outras inúmeras situações não
previstas na Lei tornam-se grandes dificultadores para uma análise rápida e precisa.
Outro fator que dificulta o atendimento do prazo de análise dos pedidos de
alvarás é a inconformidade legal, insuficiência de dados e o conflito de informações
nos projetos apresentados para análise dos órgãos licenciadores.
Para atender e se cumprir os prazos é fundamental a admissão e treinamento
de técnicos/analistas para as administrações municipais e estadual,
preferencialmente através de concursos públicos para assegurar a efetividade na
gestão e aplicação do licenciamento, não havendo remotamente alterações em virtude
da transição quadrianual dos prefeitos.
Deve-se ainda regulamentar, em conjunto com todos os agentes licenciadores,
quais penalidades a serem empregadas pelo não cumprimento dos prazos de análise,
pois a morosidade na aprovação ou indeferimento dos projetos contribui
significativamente para o atraso no desenvolvimento econômico das cidades e a
desmotivação da população em promover a regularização de seus imóveis, desta
80

forma, também deixando de contribuir para o controle e a recuperação dos


mananciais.
Outro fator de agilidade seria a sistematização e padronização dos
procedimentos entre as empresas/consultorias de licenciamento ambiental e os
órgãos licenciadores contumazes. Buscando normatizar, organizar e tornar célere a
análise dos processos, através da promoção de cursos e/ou seminários de instrução
e orientação de normas e procedimentos técnicos, objetivando um padrão nos
documentos elaborados e apresentados por estas empresas, profissionais e
consultores licenciadores, mesmo que para tal haja um custo a ser repassado aos
interessados. Isto facilitaria na hora da distribuição dos processos dentro dos órgãos
licenciadores, dispensando por exemplo uma prévia análise de supervisores e
facilitando a visualização e análise dos técnicos.
Aos órgãos licenciadores seria interessante disponibilizarem modelos fac-
símile de como elaborar os projetos, laudos, relatórios, memoriais e demais
documentos e levantamentos para a abertura dos processos administrativos.
Outra proposta é a criação de um sistema integrado de aprovação
multidisciplinar de projetos, com a publicação de um manual de orientação e
planejamento de projetos administrativos em APRM, com a listagem de documentos
e plantas a serem encaminhadas à análise do grupo técnico, com base e referência
nas normas técnicas e legislações vigentes e estabelecimento de prazos legais para
a emissão de pareceres e/ou aprovações, visando dar padronização e celeridade aos
licenciamentos, com base nos princípios do Grupo de Análise e Aprovação de Projetos
Habitacionais do Estado de São Paulo (GRAPROHAB). Cada município licenciador
teria a competência de implantar seu sistema, norteado pelo padrão a ser
desenvolvido em esfera estadual.
O zoneamento e a delimitação dos compartimentos ambientais e respectivas
subáreas de ocupação e faixa de restrição à ocupação da cota 747, máximo
maximorum do reservatório Billings, foram representados e lançados graficamente em
escala 1:10.000 na base do Sistema Cartográfico Metropolitano da Emplasa, folhas
planilatimétricas de 1980/1981 da RMSP. Tal delimitação numa escala reduzida
representa uma enorme problemática aos municípios inseridos no manancial Billings.
Estes municípios estão numa região tradicionalmente industrial, conhecida como ABC
Paulista ainda em processo de crescimento, o terceiro maior polo da economia do
País, o qual conta um dos mais importantes reservatórios de água da Região
81

Metropolitana de São Paulo e ainda possui representativos fragmentos de vegetação


de Mata Atlântica, uma região com peculiaridades de vital importância.
A elaboração da Lei Específica da APRM-B, utilizando uma base cartográfica
da década 80 não indica a realidade dos municípios ao determinar os parâmetros
urbanísticos destes municípios numa escala tão reduzida. É totalmente incompatível
com real escala urbana e não considera a base física atual dos ecossistemas, a
ausência de transições entre subáreas dentro de um mesmo compartimento, trazendo
inúmeros conflitos no licenciamento ambiental. Por exemplo, se um lote incidir em
SUC e SCA, ou ainda, uma avenida completamente urbanizada, com lotes que variam
de 125m² a 250m² e esta estiver delimitada parcialmente em SUC e SCA, deve ser
aplicada a média ponderada, o que diminui ou até inviabiliza o uso da área, portanto,
restringe a ocupação e a regularização destes imóveis. Ocasiona, portanto, as
prefeituras, um conjunto de desafios, pois não podem remanejar os parâmetros da Lei
Estadual e nem podem regularizar as construções sem as onerosas compensações
ambientais. Cabendo-lhes ainda fiscalizar e autuar as ocupações que não atendem
aos parâmetros urbanísticos.
A delimitação das subáreas e os parâmetros urbanísticos estabelecidos devem
ser revistos e flexibilizados de acordo com a realidade das cidades, pois muitas taxas
de uso e ocupação do solo tornaram-se bastantes permissivas, possibilitando maior
desmatamento em algumas áreas de relevante interesse ambiental, enquanto outras
sofrem com demasiadas restrições em zonas já urbanizadas.
A Lei da Billings é paradigma a ser utilizado em outras APMs e APRMs, ainda
que precise de aperfeiçoamentos, pois comprova a eficácia da gestão integrada no
qual os órgãos estaduais, municipais e sociedade civil contribuem de forma efetiva na
preservação ambiental, geração de emprego e renda e direito à moradia com
qualidade de vida.
Para aprimoramento das ações e resultados a fiscalização deve ser integrada,
conforme previsão legal, pois o território do manancial é extenso e com muitos
conflitos, desigualdades sociais e carecendo de vigilância permanente e contínua.
Esta integração contribuiria e facilitaria aos cidadãos que querem informar
flagrantes e crimes ambientais e não sabem como proceder ou a quem informar, pois,
as competências são e estão fragmentadas entre a Coordenadoria de Fiscalização
Ambiental (CFA), CETESB e fiscalização municipal.
82

Observa-se que compete à Policia Militar Ambiental, vinculada à Secretaria do


Meio Ambiente, apenas fiscalizar e autuar as infrações ambientais previstas na
Resolução SMA nº. 48/2014, que dispõe sobre as condutas infracionais ao meio
ambiente e suas respectivas sanções administrativas.
E compete à CETESB e prefeituras, fiscalizar e autuar sobre as infrações
previstas na Resolução SMA nº. 32/2010 e sobre os empreendimentos, obras, usos e
atividades referidos nos Artigos n.os 59 a 98 da Lei da Billings e nos previstos na
Deliberação CONSEMA nº. 01/2014.
As prefeituras e a CETESB não possuem um plantão 24 horas, com equipes
de fiscalização, como ocorre rotineiramente com a Polícia Militar Ambiental. Reitera-
se a urgência na formação do grupo de fiscalização integrada, incluindo a este, a
Coordenadoria de Fiscalização Ambiental.
A Lei prevê no Artigo nº. 46, a criação do Sistema Gerencial de Informação
(SGI), vinculado ao Sistema de Planejamento e Gestão da APRM, a ser criado e
disponibilizado pelo Comitê da Bacia do Alto Tietê, garantindo a articulação entre os
envolvidos.
Porém, o SGI apenas foi regulamentado, e ainda hoje, quase uma década
depois da criação da Lei, nem sequer foi implantado. As informações das ações na
APRM-B são desconexas, cabendo a cada órgão licenciador atuar e fiscalizar com
suas próprias informações e condições.
Inúmeros aspectos ainda estão por ser quantificados e apurados, pois não há
uma base de dados integrada que forneça com precisão os resultados da aplicação
efetiva dos instrumentos urbanísticos, como licenciamento ambiental e regularização,
fiscalização e monitoramento da qualidade da água, compensações, projetos de
reabilitação de áreas verdes, PRIS, etc, para servir como base a pesquisas, estudos,
planejamentos, subsidiar e dar cumprimento às decisões, criar, revisar, atualizar e
assim possibilitar o estabelecimento de novas metas.
Atribuindo-se ao órgão colegiado fazer cumprir a implantação do SGI, seja por
ações direitas ou indiretas, é essencial a busca de incentivos e parcerias a projetos
que propiciem este fim.
A primeira lei específica em mananciais nº. 12.233/2006, promulgada em
16/01/2006, conhecida como Lei do Guarapiranga, utilizou modelos de crescimento
demográfico para o estabelecimento de suas metas. Já as metas da Lei da Billings,
83

foram estabelecidas pelo critério de investimento dos municípios, em um período que


o Brasil vivia uma perspectiva econômica satisfatória e uma projeção de crescimento.
Durante os trabalhos de estudo da Lei o reservatório Billings apresentava entre
os anos de 2006 a 2009, a média de 1.600kg/dia de fósforo total, conforme
apresentado no Gráfico 3. Diante do cenário promissor de crescimento do País
estabeleceu na Lei da APRM-B que a meta de qualidade da água para o Reservatório
Billings a ser atingida até o ano de 2015 era de 281 kg/dia de fósforo total, para os 05
compartimentos ambientais, uma meta ambiciosa e superestimada, porém, em virtude
da crise econômica e da falta de investimentos na ampliação de infraestrutura e
saneamento, reurbanização de favelas, implantação de PRIS e HIS, regularização das
áreas irregulares, recuperação e ampliação de áreas verdes, entre outros a meta para
2015 não foi atingida, tendo como resultado naquele ano 758 kg/dia de fósforo total,
ou seja, menos de 1/3 da meta estabelecida, conforme relatórios do Programa
Mananciais Sabesp.
Cabe destacar que a meta estabelecida pelo Programa Mananciais Sabesp,
considerando a possível falta de investimentos era de 725 kg/dia de fósforo total no
ano de 2015, ou seja, uma meta hiper-realista e atingida em quase 95% do estimado.
As projeções feitas para em 2015, claramente não foram atingidas, em 2015 a
crise econômica estava instalada, o Produto Interno Bruto (PIB) decaiu em 3,5% uma
das maiores retrações da história recente do Brasil, a situação econômica continua
ainda estagnada, assim uma retomada de crescimento na situação econômica
dependerá não só do Governo Federal, bem como, do mercado externo para fomentar
novamente o desenvolvimento do País.
A dinâmica do espaço urbano e o equilíbrio ambiental são preocupantes, pelos
diversos conflitos de interesses existentes. Os pontos positivos para o planejamento
e revisão das metas da Lei quanto à qualidade da água são as projeções de redução
da população no manancial, segundo estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE). Conforme mencionado no próprio PDPA a população na Billings
em 2018 está estimada em aproximadamente 1.000.000 de habitantes e para o ano
de 2035 a estimativa é de 1.089.104 de habitantes, devido ao fato das manchas
urbanas estarem mais consolidadas que outrora.
Ainda sobre o tema metas, a unidade de medida para controle de qualidade da
água no reservatório é o fósforo total, com o estabelecimento de cargas metas
84

referenciais por compartimentos, municípios e a manutenção mínima da cobertura


vegetal observada no ano 2000 por compartimento ambiental.
O estabelecimento de metas compartilhadas como limite para o planejamento
de ocupação do solo municipal é instrumento desigual e heterogêneo. Um município
busca cumprir suas metas ambientais e a promoção da fiscalização e outro não,
impossibilitando mensurar se os resultados individuais estão sendo atendidos.
Inexistem incentivos aos que buscam compatibilizar seu território com a Lei Específica
e faltam penalidades aos casos omissos.
A atual verificação da consecução das metas de qualidade da água vem sendo
efetuada através do monitoramento e avaliação por compartimentos apenas pela
Sabesp, tal medida eficaz para apurar o indicador global do reservatório, entretanto,
o monitoramento da carga de fósforo e índice de cobertura vegetal individualizado por
munícipio não é realizado com constância e ampla publicidade pela CETESB e
Prefeituras.
Criar um monitoramento municipal é imprescindível para o planejamento
urbano e desenvolvimento das cidades inseridas no manancial. Haja vista que entre
as competências e atribuições da administração pública, conforme previsto no Artigo
nº. 29 é facultada à legislação municipal a redução em até 50% a cota parte em
subáreas urbanas consolidadas e subáreas de ocupação especial, para fins de
implantação de condomínios. Todavia, salienta que para aplicação de tal instrumento
deverão ser respeitadas as diretrizes e metas de redução da carga de fósforo e
manutenção da cobertura vegetal por compartimento.
Dos seis municípios que integram o manancial, apenas as Prefeituras de Rio
Grande da Serra e Ribeirão Pires estão aplicando tal dispositivo legal.
Ambas as cidades estão no compartimento ambiental Rio Grande/Rio
Pequeno, com grandes áreas verdes, menores assentamentos urbanos e
desigualdades sociais. Comparados aos outros municípios tem os melhores
resultados bem próximos ao atendimento da meta estabelecida, mas ainda assim não
se pode afirmar que estão atendendo aos indicadores ambientais do compartimento.
As prefeituras estão aplicando a redução da cota-parte considerando as
certidões de esgotamento sanitário da Sabesp. As metas de qualidade de água não
são de simples compreensão, tampouco, factíveis de aplicação.
Metas com indicadores individualizados em sua avaliação seriam mais
apropriadas. Assim obter-se-iam percentuais diversos, tais como: esgoto tratado,
85

mata ciliar, arborização urbana, aumento do índice de cobertura vegetal. Também


avaliar-se-ia programas de habitação, leis de incentivo, diminuição da poluição do ar,
estrutura ambiental, número de residências e atividades com licença ambiental.
Reabilitação de áreas, campanhas de educação ambiental, além da criação de
prêmios anuais para os munícipios em destaque. Tais indicadores são de fácil
compreensão e avaliação das ações e metas, propiciando ao gestor público um
melhor planejamento técnico e político para agir conforme as necessidades de
desenvolvimento urbano e na qualidade de vida da população.
Outra ferramenta para aferir os resultados das metas ambientais (redução de
fósforo e manutenção da cobertura vegetal) por município é a elaboração de projetos
técnicos, financiados com recursos do Comitê da Bacia do Alto Tietê, para
levantamento do desempenho ambiental das municipalidades.
Quanto às metas estipuladas para o indicador ambiental cobertura vegetal,
existe como referência as observações do ano 2000. Desde então, não há novas
informações e/ou aferições disponíveis sobre resultados, diagnósticos e elementos
para futuras projeções, o que é algo de extrema relevância, pois as áreas verdes
contribuem diretamente na recarga hídrica do manancial.
O monitoramento ambiental deve ser contínuo, permanente e amplamente
divulgado, algo que compete às concessionárias de abastecimento de água de cada
região, sob a égide e fiscalização do Estado e auditoria do órgão colegiado.
Com o zoneamento da Lei APRM-B, áreas irregulares e degradadas, passaram
a ter diretrizes e instrumentos de requalificação e tratamento dos passivos ambientais.
O novo zoneamento possibilitou a instalação e ampliação de empresas e atividades
no manancial que no passado eram impedidas, gerando emprego, renda e
desenvolvimento social, utilizando a correlação de uso e ocupação do solo, associada
à qualidade da água. Houve também uma atualização e aprimoramento operacional,
além da inclusão de ferramentas de geoprocessamento disponíveis gratuitamente no
Sistema Ambiental Paulista (DataGEO). A legislação possibilitou a regularização de
imóveis e parcelamento do solo, em virtude da maior flexibilização nos índices de
ocupação, exemplo é o caso do tamanho de lote mínimo em áreas urbanizadas que
na LPM 1976 era de 500m² e a nova lei possibilitou a regularização de lotes mínimos
de 125,00m² para casos de preexistência e os benefícios do PRIS.
A regulamentação da Lei Específica impulsionou o setor imobiliário, atribuindo
valorização às propriedades inseridas no manancial, e aumento de financiamentos
86

imobiliários, em virtude da regularidade e da averbação das construções nas


matrículas.
A padronização e a definição de áreas de intervenção, compartimentos
ambientais e índices urbanísticos (lote mínimo, coeficiente de aproveitamento, taxa
de permeabilidade e índice de área vegetada), foi um importante marco da nova Lei,
trazendo instrumentos facilitadores e clareza da informação, possibilitando a todos
compreenderem e aplicar de forma efetiva o regramento legal.
A legislação da década de 70 era complexa, com conjuntos de numerosas
relações de cálculos de densidade bruta equivalente, cálculos de extrema
complexidade como a isodensidade, com critérios para delimitação de faixas de
classes de ocupação do solo, considerando como base territorial mínima de cálculo,
as quadrículas com área de 1 hectare, resultantes da subdivisão em 100 partes iguais,
das quadrículas formadas pelas coordenadas topográficas representadas nas cartas
planialtimétricas em escala 1:10.000 do Sistema Cartográfico Metropolitano, sendo
uma habilidade realizada por pouquíssimos especialistas.
Os novos mecanismos de compensação trouxeram avanços à regularidade
ambiental, outrora engessados e limitados à compensação por área equivalente
contígua ao imóvel.
O Artigo nº. 90 da Lei da Billings, cria mecanismos de compensação das
atividades em desconformidade, e prevê medidas de compensação de natureza
urbanística, sanitária ou ambiental. Entre as medidas estão a doação ao poder público
de terrenos localizado em ARO, criação de Reserva Particular do Patrimônio Natural
(RPPN), permissão da vinculação de áreas verdes não contíguas dentro dos limites
da APRM-B e pagamento de valores monetários.
Apesar do avanço no quesito compensação, a lei precisa ser aprimorada, pois
as áreas destinadas para compensação são exclusivamente as SBD e SCA, que em
geral estão afastadas dos loteamentos consolidados com infraestrutura urbana
implantada e possuem lotes mínimos entre 1.000m² e 10.000m². Entretanto, para
promover a compensação é adotado o lote mínimo da subárea onde dar-se-á a
compensação, os lotes a serem compensados em geral são urbanos e de menor
tamanho, portanto, não necessitam de áreas tão grandes para sua compensação.
A servidão ambiental prevista na Lei Federal nº. 6.938/1981, Art. 9-A com
redação dada pela Lei Federal nº 12.651/2012, conhecida popularmente, como “O
87

novo Código Florestal” é uma ferramenta mais coerente e adequada um instrumento


que permite maior flexibilidade e disponibilidade de áreas para fins de compensação.
Através do instrumento de servidão ambiental nas áreas onde incidem as
APRM com leis específicas, utilizando o modelo de Módulos de Compensação
(MCAs), definidos topograficamente com dados georreferenciados, com a delimitação
de módulos mínimos de 100m², com ênfase nas áreas de preservação ambiental em
SBD e SCA, fica permitido um aproveitamento melhor das grandes áreas, sem incidir
em fracionamento da área, pois os módulos serão apenas figurativos e descritos em
memoriais.
A área será apenas mapeada, delimitada, validada e organizada por sistemas
de informações georreferenciadas dos limites e porções dos MCAs, não havendo
nenhum tipo de intervenção antrópica na área de preservação, possibilitando aos
interessados em áreas de compensação, a aquisição e reserva na exata medida
necessária para cada caso.
Tal proposta, apresenta viabilidade econômica e ambiental, ao gerar novos
mecanismos de compensação, valorização econômica das áreas e por consequência
um maior interesse dos proprietários em sua preservação, ao contrário do que ocorre
hoje, onde áreas de vegetação em estágio avançado de regeneração são tidas pelos
proprietários como elefantes brancos, pelo seu grande ônus de manutenção, encargos
tributários, riscos de invasão e pouco aproveitamento construtivo.
Outro benefício é o incremento de fragmentos de vegetação preservados,
interligados contribuindo diretamente com função ambiental de preservar os recursos
hídricos.
A Lei nº.12.651/2012, permite o cômputo de APPs para agregar ao índice de
reserva legal, isto também deveria ser reavaliado para possível emprego nas
compensações nas APRMs.
O órgão colegiado do Sistema de Planejamento e Gestão, deve buscar
recursos para a implantação de sistema de monitoramento via satélite para a APRM-
B, bem como, o cadastramento das áreas em bases georreferenciadas semelhante
ao Sistema de Cadastro Ambiental Rural (Sicar), visando facilitar e agilizar a
fiscalização, identificação de desmatamento irregulares e novas ocupações, monitorar
as áreas de interesse ambiental, auxiliar os trabalhos técnicos dos responsáveis pelo
licenciamento e propiciar a mensuração de resultados das metas e traçar novos
planos e ações.
88

Em todas as AODs, há conflitos quanto a preexistência de lotes com tamanhos


inferiores ao previsto na Lei nº.13.579/09, os quais, estão devidamente matriculados
e implantados, exemplo (lote matriculado 1986 com área de 250,00m², com a nova
Lei zoneado como subárea de conservação ambiental do compartimento Rio
Grande/Rio Pequeno, devendo aplicar para fins de regularização ou construção, taxa
de permeabilidade de 225,00m², área vegetada 112,50m² e área edificada máxima de
apenas 25,00m²). O arquétipo é habitual nos lotes do manancial Billings.
Assim para o licenciamento de um novo empreendimento, no lote
exemplificado, deverá ser assegurado o quesito permeabilidade, considerando que o
Art. nº. 91, segundo o qual não se possibilita compensação deste parâmetro para
novos usos e atividades. Caso o interessado opte em extrapolar o coeficiente de
aproveitamento, ainda deverá realizar a compensação ambiental deste uso.
Outra questão é a aplicação da cota-parte, área resultante da divisão da área
total do terreno pelo número de unidades de uso residencial ou não. Dado o exemplo
de uma área em SUC: Um imóvel inserido no corpo Central I, com área de 500m² para
fins residenciais, poderá construir dois apartamentos, porém, poderá edificar até
1.250,00m², ou seja, duas vezes e meia o tamanho do lote. Caso fosse edificar 12
unidades de 100m² cada, terá de compensar 10 usos/unidades, isto pode levar ao
mascaramento do projeto (no projeto consta dois tríplex de 625,00m² e na prática são
12 unidades de 100,00m² cada) resultando em mais famílias morando na
informalidade e de forma irregular, eis um paradoxo a ser reavaliado.
Tais abordagens prescindem de revisões e alterações, para haver maior
atendimento aos parâmetros urbanísticos e envolvimento da população na
regularização e recuperação urbana e ambiental do manancial.
A Lei da Billings não antevê qualquer forma de anistia para a regularização e
recuperação das áreas incidentes no manancial, todos os que estão em situação
irregular perante aos dispositivos da Lei Específica devem participar e contribuir para
a melhoria e atendimento das metas. Quanto à sociedade civil inserida no manancial
a ação direta para a contribuição é a realização do licenciamento ambiental, por meio
do atendimento aos parâmetros legais de ocupação do solo, destinação adequada
dos efluentes e resíduos sólidos e compensações para os usos em desacordo.
Os recursos das compensações monetárias devem ser obrigatoriamente
destinados à execução de ações de recuperação e preservação da APRM-B, contudo
as compensações são realizadas diretamente aos órgãos responsáveis pelo
89

licenciamento (estado e municípios), não havendo conexão entre os recursos,


portanto, seria interessante haver uma conta bancária exclusiva para a APRM-B para
receber os valores das compensações de todos os municípios do manancial.
A unificação dos recursos, permitiria aos órgãos técnicos e gestores, planejar
elaborar projetos e programas em esfera regional, visando recuperar e manter o
equilíbrio do manancial. Os recursos financeiros das compensações e suas aplicações
devem assegurar ampla publicidade, garantindo a transparência das ações públicas
e privadas.
A divulgação dos resultados positivos e negativos da Lei, é uma prática de
gestão que contribui no envolvimento e participação social, nas ações de tomada de
decisão, através dos conselhos municipais, no planejamento e aplicação dos projetos,
na requalificação urbana da paisagem e na propagação da educação ambiental.
São complexos e extensos os pré-requisitos para a promoção e definição de
um Programa de Interesse Social e a implantação de Habitação de Interesse Social.
Observa-se nas entrevistas com os municípios que os entraves para a implantação e
consolidação de um PRIS é a total ausência de recursos financeiros próprios e a
dificuldade na obtenção de tais recursos junto a outros órgãos.
A elaboração dos trabalhos, levantamentos estudos preliminares, cadastros,
contratação de equipe técnica até a efetiva implantação do programa e sua
regularização fundiária são custosos e extremamente técnicos, portanto, parcerias e
apoio técnico dos órgãos da administração estadual, são de grande valia, bem como,
uma análise mais célere dos projetos junto ao órgão licenciador.
A escassez de áreas públicas aptas a implantar assentamento de interesse
social é outro limitador aos processos de reurbanização, tanto no que tange ao
atendimento dos parâmetros urbanísticos e ambientais, quanto à comprovação de
titularidade das áreas por meio das matrículas imobiliárias. Cabe salientar que as
áreas institucionais reservadas pelos loteadores ao poder público municipal,
costumam ser áreas com cobertura vegetal e em faixas de maior restrição para a
implantação de HIS.
A dinâmica de ocupação do espaço urbano é frenética, portanto, a retomada
de investimentos e ações de urbanização também deveriam o ser, pois são fatores
determinantes para a manutenção e proteção do reservatório Billings.
As reponsabilidades e exigências atribuídas aos municípios para a viabilização
de PRIS são inúmeras e implicam em altíssimos investimentos financeiros. Novas
90

diretrizes precisam advir da política ambiental, para transformar e equacionar de forma


eficaz os conflitos de habitação decorrentes da expansão desordenada do território
Billings. Articulações e negociações entre o Governo Federal, Estado e munícipios
são necessárias para desburocratizar e viabilizar a implantação de PRIS , além de
estabelecer-se mecanismos financeiros para a efetiva implantação dos projetos.
A articulação das políticas públicas em todas as esferas, e novos modelos de
planejamento incorporando a valorização deste reservatório paras as presentes e
futuras gerações, retomada de investimentos financeiros e obras de saneamento,
infraestrutura urbana, habitação e ampliação das áreas verdes, são emergentes para
o processo de recuperação da bacia hidrográfica Billings.
O pré-requisito fundamental para a regularização dos imóveis é o proprietário
dispor da certidão de matrícula imobiliária em seu nome, para poder efetuar no
Cartório de Registro de Imóveis a averbação das restrições ambientais estabelecidas
pela Lei, não possuir a titularidade legal, impede o órgão licenciador de emitir o Alvará
de Licença Metropolitana.
Portanto, possibilitar o órgão licenciador emitir o Alvará de Licença Provisório,
para os casos impedidos por força de processos de inventários, partilhas e usucapião,
conforme já previsto pelo Artigo nº. 55 da Lei Estadual nº. 15.913/2016, que dispõe
sobre a Área de Proteção e Recuperação dos Mananciais do Alto Tietê Cabeceiras,
possibilitaria e motivaria mais pessoas a promover o processo de licenciamento
ambiental.
A desigualdade urbana e social é caracterizada no território da Billings, onde é
possível observar populações com abundância econômica, social e excelente
qualidade de vida, condomínios de alto padrão, cercadas por áreas de populações de
baixíssima renda, geram uma situação antagônica, tipificada pela precariedade,
pobreza, segregação e exclusão territorial, uma situação dual entre a legalidade e
ilegalidade, regularidade e irregularidade, condições precárias de moradia e higiene
em contra ponto com o conforto, bem estar e a qualidade de vida.
A precariedade das áreas de favelas e ocupações irregulares no manancial e a
fragilidade das condições de moradia, saneamento, acesso à educação, lazer e
políticas direcionadas à dignidade humana, estão gerando um novo conflito social,
que está além das questões ambientais, sendo este o comando destas regiões por
facções de tráfico e drogas. A impunidade e insegurança são apontados inclusive
pelos moradores, que temem sobre a vida futura nestas regiões.
91

A consolidação das ocupações ilegais no manancial são reflexo da ausência


de assistência social, da presença do Estado e da falta de controle dos municípios,
estes últimos, responsáveis diretos por disciplinar, fiscalizar e controlar o uso e
ocupação do solo.
Algumas habitações subnormais ou melhor favelas da Billings são verdadeiros
“condomínios fechados do tráfico”, limitando o acesso de serviços, programas e
projetos de infraestrutura, só permitidos com prévio consentimento dos traficantes.
Como uma empresa responsável pelo sistema de abastecimento de água ou qualquer
outro serviço essencial poderá adentrar numa área destas? Não se deve esquecer
que grande parte das ligações de água nestes locais são clandestinas.
A garantia à segurança pública, habitação e qualidade de vida são tão
essenciais quanto a qualidade e quantidade da água do reservatório Billings.
A desconformidade entre a Lei da Billings e a realidade dos fatos, dificulta a
concretização do direito social à moradia, à dignidade humana e a preservação do
manancial. A nova Lei de Regularização Fundiária Federal nº. 13.464/17, permite a
flexibilização e simplificação dos procedimentos de regularização em todo o País,
possibilitando regularizar não apenas os imóveis particulares, mas também os
públicos, com transferência de domínio para os beneficiários.
A regularização fundiária urbana da nova lei é destinada à incorporação dos
núcleos urbanos informais, consolidados ou não, favelas, assentamentos, conjuntos
habitacionais, inclusive a regularização de ocupações em Área de Proteção Ambiental
(APAs), mananciais e Áreas de Restrição à Ocupação, não havendo vinculações com
as diretrizes municipais de zoneamento e as leis específicas.
O reservatório Billings terá agora um novo desafio com as implicações da Lei
13.464/17. A Lei Específica da APRM-B, quando criada era primordial, essencial e de
vanguarda, entretanto, a dinâmica de desenvolvimento das cidades o fator humano e
ambiental é cíclicos e necessita constantemente de ajustes, atualizações,
aprimoramentos e criação de novos e consistentes paradigmas.
O Quadro 9 apresenta uma síntese dos principais avanços e o Quadro 10 o
resumo dos principais desafios apurados e as sugestões de aprimoramento e melhoria
contínua.
92

Quadro 9 - Principais avanços

ASPECTOS AVANÇOS
Equacionou o dilema, expansão urbana versus abastecimento,
Zoneamento ambiental tornando possível a regularização e o desenvolvimento aliado
a preservação.
Novos critérios Procedimentos e regramentos elaborados de acordo com a
idiossincrasia de cada região.
Instrumentos de gestão Normativos, programáticos, financeiros e fiscalização integrada
descentralizada.
Regularização de imóveis e Novos mecanismos e compensação ambiental.
parcelamento do solo.
Paradigma para outras APRMs Eficácia na gestão integrada entre os órgãos estaduais,
municipais e sociedade civil.
Inclusão de ferramentas de geoprocessamento disponíveis
Aprimoramento operacional gratuitamente no Sistema Ambiental Paulista (DataGEO) e
licenciamentos municipais.
Atribuindo valorização às propriedades inseridas no manancial,
Impulso ao setor imobiliário e aumento de financiamentos imobiliários, em virtude da
regularidade.
Novos mecanismos de Avanços à regularidade ambiental, outrora engessados e
compensação limitados à compensação por área equivalente contígua.
Padronização dos parâmetros Clareza da informação, possibilitando a todos compreenderem
urbanísticos por e aplicar de forma efetiva o regramento legal.
compartimento

Fonte: Elaboração da autora (2018).

Quadro 10 - Principais desafios


(Continuação)

ASPECTOS DESAFIOS
O ônus social, econômico e Regulamentação da Lei Estadual nº. 9.146/95, possibilitando
político dos municípios em viabilizar a compensação financeira para municípios que
recuperar, fiscalizar e autuar os sofrem restrição por força de instituição de espaços territoriais
munícipes especialmente protegidos.
Ausência de incentivos aos Mecanismos de compensação financeira aos proprietários de
proprietários de áreas áreas prestadoras de serviços ambientais (protetor-pagador).
permeáveis/vegetadas
93

(Continuação)
Carência de incentivos Aplicação de leis de incentivos e benefícios fiscais por serviços
municipais e estaduais ambientais.
Atendimento de prazos na - Admissão e treinamento de técnicos/analistas concursados.
emissão de pareceres e alvarás - Regulamentação de penalidades por não cumprimento dos
prazos de aprovação.
Inconformidade legal, - Sistematização e padronização dos procedimentos, promoção
insuficiência de dados e o de cursos e/ou seminários.
conflito de informações nos - Criação de um sistema integrado de aprovação
projetos apresentados multidisciplinar, baseado nos princípios do (GRAPROHAB).
Delimitação e zoneamento em - Delimitar as subáreas e parâmetros urbanísticos de acordo
escala reduzida, incompatível com a realidade das cidades.
com peculiaridades de cada - Atualização da base cartográfica.
região
- Articulação e fiscalização integrada entre CETESB,
Necessidade de vigilância Prefeituras, Policia Militar e Polícia Civil de Crimes Ambientais.
permanente e contínua - Contratação de fiscais.
- Plantão 24h de equipes de fiscalização.
- Gestão integrada.
Falta de compatibilização de Aplicação de multas bimestrais aos municípios por
Plano Diretor com as diretrizes descumprimento.
da Lei Específica
Ausência do Sistema Gerencial
de Informação (SGI), Implantação da base de dados integrada pelo órgão colegiado,
dificuldade em mensurar seja por ações direitas ou indiretas (parcerias e
resultados e estabelecer novas financiamentos), para tal implantação.
metas
Não atendimento da meta de Reavaliação dos critérios e métodos adotados para
redução de fósforo total para estabelecimento da meta.
2015 em 281 kg/dia
Fósforo total como unidade de Aplicação de indicadores individualizados e elaboração de
medida para mensurar metas projetos técnicos, financiados com recursos do Comitê da Bacia
por município é díspar do Alto Tietê, para levantamento do desempenho ambiental das
municipalidades.
Estabelecimento de metas - Indicadores individualizados por município.
compartilhadas como limite - Métodos factíveis para apuração dos resultados,
para o planejamento de possibilitando aos gestores públicos e técnicos clareza para
ocupação do solo municipal é planejar o desenvolvimento das cidades.
um instrumento desigual e
heterogêneo.
94

(Continuação)
Dificuldade na obtenção de O monitoramento ambiental deve ser contínuo, permanente e
informações quanto o amplamente divulgado.
atendimento das metas
- Implantação da servidão ambiental – módulos de
Aumentar a flexibilidade e compensação ambiental.
disponibilidade de áreas para - Incrementos e conectividades entre as áreas verdes
fins de compensação contribuindo com o fluxo gênico.
- Cômputo das APPs nas áreas de compensação.
- Municípios aptos a realizar o licenciamento ambiental, devem
Aplicação da redução da cota- efetuar o monitoramento da qualidade da água.
parte em 50% em SUC e SOE - Na omissão do monitoramento municipal devem ser aplicadas
penalidades.
- Tais abordagens prescindem de revisões.
Controle das manchas urbanas - Mapeamento por sistemas de informações georreferenciadas
e preservação das áreas verdes (satélite).
- Intensificação da fiscalização e monitoramento.
Dispor da certidão de matrícula Possibilitar o órgão licenciador emitir o Alvará de Licença
imobiliária para obter o Provisório para casos específicos.
licenciamento ambiental
Conflitos quanto a Realizar e revisão de tais situações com parâmetros
preexistência de lotes com condizentes com a realidade das áreas.
tamanhos inferiores ao previsto
na Lei
Ausência de vinculação entre - Criação de uma conta bancária exclusiva para todas as
os recursos das compensações compensações recebidas pelos munícipios.
ambientais da APRM-B - Unificação de recursos, visando implantar programas e
projetos efetivos de recuperação ambiental.
Cota-parte em SOE e SUC – Maior flexibilização em SUC no quesito quantidade de usos.
usos em desacordo
Falta de conhecimento da - Emissão de relatórios semestrais as Secretarias de Meio
aplicação das verbas do Ambiente quanto a aplicação dos recursos.
repasses realizados ao CBH-AT - Prestação de contas à sociedade através de publicações no
SGI que também carece de implantação.
- Articulações e negociações entre o Governo Federal, Estado
e munícipios para desburocratizar e viabilizar a implantação de
Dificuldades na implantação de PRIS.
PRIS - Estabelecimento de mecanismos financeiros para a efetiva
implantação dos projetos
- Criação de um banco estadual de áreas para compensações.
95

(Conclusão)
03 pontos fundamentais da Lei - Criação Escritório Regional.
pendentes de aplicação - Grupo Integrado de Fiscalização.
- Sistema Gerencial de Informações.
Retomada de investimentos em projetos de interesse social,
Desigualdade urbana e social reurbanização de favelas, programas de educação social e
ambiental e assistência social.
Consolidação de novas Estado e municípios devem unir esforços no controle,
ocupações irregulares fiscalização.
Insegurança pública Garantia a qualidade de vida da população através de políticas
públicas.
Nova Lei de Regularização A nova lei permite a flexibilização e simplificação dos
Fundiária nº. 13.464/17 procedimentos de regularização em todo o País, sendo este um
novo desafio para a ARPM-B.
96

12..CONCLUSÃO

Este trabalho foi elaborado com o propósito de servir como indicador e material
de consulta auxiliar nos trabalhos futuros de revisão da Lei Específica da Billings. Nele
foram analisados todos aspectos, parâmetros e as diretrizes da Lei, bem como, a
abrangência dos potenciais resultados obtidos desde sua implantação em 2009 até o
primeiro semestre de 2018.
O objetivo geral proposto foi atingido e cumprido, pois obteve-se como
apresentado no Capítulo Considerações Finais, um diagnóstico dos aspectos
positivos e dos desafios a serem superados e/ou reavaliados da Lei Estadual nº.
13.579/2009.
Avaliou-se a aplicação dos parâmetros urbanísticos da Lei da APRM-B e as
ações municipais para atendimento das metas estabelecidas. Comparou-se os
resultados obtidos nas pesquisas e entrevistas com os objetivos da Lei.
Obteve-se um diagnóstico socioambiental da situação atual da área de
Proteção aos Mananciais do Reservatório Billings e foram descritos e mensurados os
resultados obtidos, por intermédio dos depoimentos, pesquisas e entrevistas.
Objetivando-se propor ações e contribuições para o aprimoramento e a melhoria
contínua na proteção e recuperação do reservatório Billings. Assim conclui-se que os
objetivos específicos elencados no início deste trabalho, também foram alcançados.
Não há nada tão bom que não possa melhorar e nada tão ruim que não possa
piorar. Cabe a todos nós estarmos sempre atentos, zelosos e dispostos a encarar
desafios, principalmente os mais instigantes, pois o mundo é de quem ousa, de quem
o desbrava e com fé e coragem o encara.
97

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regulamenta o inciso XIX, do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei
nº. 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº. 7.990, de 28 de dezembro
de 1989. Palácio do Planalto Presidência da República, 08 de janeiro de 1997.
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BRASIL. Lei Complementar 140, de 08 de dezembro de 2011.


Fixa normas, nos termos dos incisos III, VI e VII do caput e do parágrafo único do art.
23 da Constituição Federal, para a cooperação entre a União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios nas ações administrativas decorrentes do exercício da
competência comum relativas à proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção
do meio ambiente, ao combate à poluição em qualquer de suas formas e à
preservação das florestas, da fauna e da flora; e altera a Lei no 6.938, de 31 de agosto
de 1981. Palácio do Planalto Presidência da República, 08 de dezembro de 2011.
Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp140.htm>. Acesso
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BRASIL. Lei 12.651, de 12 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação


nativa; altera as Leis nos 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro
de 1996, e 11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis nos 4.771, de 15 de
98

setembro de 1965, e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida Provisória no 2.166-


67, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências. Palácio do Planalto
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VARGAS, E. V. Água e Relações Internacionais. In Revista Brasileira de Política


Internacional. Ano 2000, Volume 43, nº 001. Brasília, Brasil. Disponível
em:<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034732920000001000
10>. Acesso em: jun. 2017.
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APÊNDICE A - Transcrição da entrevista e autorização do Comitê de Bacias


Hidrográficas do Alto Tietê
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ESCOLA SUPERIOR DA CETESB


Curso de Pós Graduação
Conformidade Ambiental com Requisitos Técnicos e Legais

QUESTIONÁRIO - TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO


A LEI ESPECÍFICA DA BILLINGS: AVANÇOS E DESAFIOS

Nome do entrevistado: GILSON GONÇALVES GUIMARÃES

Instituição: Comitê de Bacias do Alto Tietê (CBH-AT)


Função:Relator da Câmara Técnica de Gestão Data: 21/02/2018
de Investimentos

A Lei Estadual nº. 13.579/09 define a Área de Proteção e Recuperação dos Mananciais da Bacia
Hidrográfica do Reservatório Billings (APRM-B), um manancial de interesse regional para o
abastecimento das populações atuais e futuras. Está em consonância e cumprimento ao Art. 4º
da Lei 9.866/1997. Este questionário é parte integrante do projeto de pesquisa apresentado à
Coordenação do Curso da Pós-Graduação “Conformidade Ambiental com Requisitos Técnicos
e Legais” Escola Superior da CETESB.

1-) Quais foram as principais integrações do CBH-AT entre os programas e políticas


regionais e/ou setoriais relativas a habitação, uso do solo, transporte, saneamento
ambiental, infraestrutura, educação ambiental, manejo dos recursos naturais e geração de
renda?
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2-) O Artigo 2º § 4º preconiza que o Sistema de Planejamento e Gestão deverá buscar e


destinar recursos financeiros para o financiamento dos programas previstos no PDPA, tais
como Programas Ambientais, Programa de Monitoramento Ambiental, Sistema Gerencial
de Informação, Programa de Fiscalização Integrada. Diante o exposto, quais os principais
e mais relevantes programas firmados em convênios com o Governo do Estado e os
municípios? Como se procede a fiscalização e auditória dos mesmos e qual o montante
destinado a eles em 2017?
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3-) Entre os objetivos da Lei Estadual 13.579/09, consta a consolidação de mecanismos de


compensação financeira para os municípios visando a execução de políticas de
recuperação e conservação do meio ambiente. Estes objetivos foram alcançados?
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4-) Poderia indicar ações de incentivo ao desenvolvimento econômico e a geração de


empregos na APRM-B?
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5-) Dos objetivos do artigo 3º, inciso XV, quais mecanismos garantem a transparência
das informações sobre os avanços obtidos com a implementação da Lei da Billings?
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6-) Foram concretizadas ações para a melhoraria das condições de moradia nos
alojamentos de habitações pela população, tais como implementação de saneamento
básico e/ou medidas de compensação? É possível mensurar quantos Programas de
Recuperação de Interesse Social foram implantados?
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7-) Quais os principais avanços obtidos para a APRM-B, desde a publicação da Lei
Específica?
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8-) Sobre o tema abordado, na sua opinião, quais aspectos podem ou devem ser revistos
e/ou aprimorados, e quais os principais desafios para tal?
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9-) Países como Áustria, Canadá, Bélgica, Noruega, França, Finlândia, Dinamarca,
Suécia e outros, cientes da toxicidade do flúor, proibiram e/ou interoperam o processo
de fluoretação na água potável de abastecimento, qual a posição do CBH-AT em relação
este cenário?
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NOTA: Caso queira acrescentar algo sobre o tema proposto, por favor, descreva.

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ESCOLA SUPERIOR DA CETESB


Curso de Pós Graduação
Conformidade Ambiental com Requisitos Técnicos e Legais

TRANSCRIÇÃO - ENTREVISTA
FINALIDADE: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

TÍTULO: A LEI ESPECÍFICA DA BILLINGS: AVANÇOS E DESAFIOS

Nome: GILSON GONÇALVES GUIMARÃES

Instituição: Comitê de Bacias do Alto Tietê (CBH-AT)


Função: Relator da Câmara Técnica de Gestão de Investimentos

Data da entrevista: 21/02/2018


Data da transcrição: 17/04/18
Duração do áudio: 54’14”
Palavras transcritas: 8.181
Páginas: 17

Gilson (0’00”): Entre 2012 e 2013, para ajustar, os representantes da Sociedade Civil
que o Estatuto do Comitê do Alto Tietê previa algumas situações, instituições, usuários
etc., que não estavam totalmente alinhadas com a Lei Federal, então a gente começou
a perceber algumas distorções e algumas coisas que não deveriam acontecer. Aí,
entre outras pequenas coisas de alteração do Estatuto, a parte maior de alteração foi
alinhar os segmentos de representação da Sociedade Civil com a legislação federal.
O que acontecia antes por exemplo? Uma coisa que é muito importante e está todo
mundo nesse contexto de gestão de recursos hídricos. Os representantes de uso de
água, por exemplo os usuários, não tinha usuários de uso doméstico e a nossa regra
não exigia que esse usuário tivesse outorga do DAEE. Que é um erro.

Andreza (1’08”): Sim.

G (1’09”): Só pode ser oficialmente tomado como usuário aquele cara que é
outorgado para poder usar. Então essa foi a alteração, foi das maiores. Também
fizemos pacote de universidades, institutos de pesquisa. E antes, para por exemplo,
institutos de pesquisa ou organizações não ambientais, não governamentais, que
tinham que provar algum tipo de atuação na bacia, era muito frágil. Coisas, as vezes
uma reportagem no jornal de um evento que uma determinada instituição participava,
não é uma publicação científica como diz a lei federal. Tinha que ter publicado em
uma revista. Então essas coisas todas a gente foi alterando para ter a
representatividade da sociedade civil mais fiel ao que a lei determina.

A (2’00”): Mais fortalecida.


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G (2’02”): E mais fortalecida também, porque aí você pega instituições que de fato
atuam com a questão não só ambiental, mas de recursos hídricos também. Essa foi a
primeira coisa. A segunda coisa foi a própria fundação da Bacia do Alto Tietê, a
FABHAT. A FABHAT vinha em um processo de desgaste, eu não sei nem se você já
conversou com o Hélio. O Hélio é o presidente atual da Fundação. Por conta dos ex-
presidentes, o presidente da Fundação era normalmente um prefeito e habitualmente
aquele prefeito que presidia o Comitê do Alto Tietê. Essa situação se demonstrou frágil
ao longo dos 10 anos da Fundação. Não me lembro quando a Fundação foi
constituída. O primeiro presidente, na época, foi o Bertaiolli, que era prefeito de Mogi
das Cruzes ou Suzano, naquela região. Mas a agenda desses prefeitos, mais a
agenda do Comitê e mais a agenda a Agência de Bacia não colou. Então o que nós
fizemos? Fizemos aprovar no Comitê uma deliberação para poder fazer uma seleção
pública para indicação do presidente da Fundação. Isso foi durante todo o ano de dois
mil e... O Hélio já tem um ano que está lá, então essa discussão aconteceu em 2014
e 2015, no auge da crise hídrica que aí teve um monte de conflitos também. Fizemos
o processo seletivo no ano de 2016, com uma empresa de RH contratada, fizemos
um certame bem... Nós pegamos algumas informações de como poderia ser essa
seleção, nós visitamos a Fundação PCJ que era bem estruturada e fomos até
Resende no Rio de Janeiro, e pegados da Fundação da AGEVAP do Sul, que é da
Paraíba. Também superlegal, deu um monte de contribuição, fizemos um termo de
referência e aí saiu a seleção. Foi muito bacana. Isso foi uma coisa legal porque o
hábito anterior, quase que mais político do que técnico, e aí foi uma briga grande,
quase desgastante e a gente queria puxar pro cara que tivesse um perfil, não do
executivo padrão porque também não caberia, seria muito para aquilo que a Agência
tem, mas um cara que tivesse essa parte do executivo associada ao técnico e não do
político e isso, apesar de ter sido uma briga bem grande foi muito legal, deu certo e
vem funcionando. Isso aí foi bem bacana. A outra coisa que aconteceu com essa
eleição. Na verdade, foi uma escolha, o plenário votou, então foi uma espécie de
eleição sim. Com a escolha do novo presidente, ele passou a fazer uma checagem de
uma situação que a gente não tinha muito clara, que eram os recursos advindos da
cobrança do uso da água. A gente tinha a informação que um devia, depois o outro
não devia, que já entra na gestão de recurso, tudo dentro desse pacote. Aí o Hélio
conseguiu, verificou que haviam algumas falhas, algumas discrepâncias entre o banco
do DAEE, o banco da CETESB e o banco da Fundação, que não pode. Tem um termo
de cooperação assinado entre esses três entes para fornecer essas informações
todas. É fundamental o banco. Ele foi atrás, corrigiu isso, verificou que algumas
situações não estavam sendo cobradas, aí ele foi atrás. Anualmente a regra, a lei
manda que você tem que oficiar todos no seu banco, todos aqueles que estão sendo
cobrados. Para quê? Para fazer uma atualização de vazões, ou por vazão de descarga
ou por vazão de captação. E aí você vai aferindo. Essa coisa não vinha acontecendo,
então o banco ficou um pouco desatualizado por isso também. Ele renegociou a dívida
com a Sabesp, que era uma coisa que estava mal conduzida. A Sabesp é a grande
provedora de recurso, acho que 80% vem das empresas da Sabesp primeiro e depois
de algumas municipais. Então isso foi outra coisa importante que aconteceu aqui para
gente poder saber e fazer a programação de gestão de tudo, de todo esse recurso
com mais fidelidade. “Acho que vamos ter R$ 40 milhões”. Não! A gente não pode
brincar de acho e isso foi ajeitado. Essa verba toda pela lei, pelo menos em 10 anos,
nos primeiros 10 anos da cobrança, é obrigado a ser investido 50% dela em área de
mananciais, e aí a gente volta de novo na gestão de dinheiro injetado na área de
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mananciais. Nós temos muita coisa para fazer. Infelizmente, o dinheiro apesar de ser
significativo, ele não é muito dinheiro para obra, mas dinheiro para projeto. Mas não
tem importância. Ou algumas outras coisas como sistema de informação, que está no
escopo para fazer esse ano agora depois da aprovação do Plano de Bacia, que é uma
coisa que está na lei e que não foi feita, é o sistema gerencial de informação. Mas a
gente, quando digo a gente é o comitê, tá. Já temos o entendimento de que a verba
deste ano vai ser não sei se R$ 3 milhões, se R$ 5 milhões, não tenho certeza. Vai
ser destinado a arquitetura de TI do sistema. Então isso a gente já tem combinado e
vamos fazer para cumprir uma daquelas metas que estavam na lei e acabou... das
metas não, uma das obrigações que estavam na lei e acabou não rolando. Mas isso
tudo, cada um desses passos que a gente foi dando nos ajudou a chegar nesse ponto
agora. Aí o restante do dinheiro, o ano passado foi extraordinário, porque teve
antecipação dos valores de 2018 e 2019, mas nós chegamos com investimento para
injetar do FEHIDRO na Bacia do Alto Tietê, de R$ 101 milhões o ano passado. Isso
são os royalties que vem de Itaipu, a cobrança, mais o que antecipou de 2018 e 2019.
Porque, não me lembro o percentual, não sei se foi 40%, então o montante foi 101,
que é um bom dinheiro. Aí nós tivemos acho que selecionados por volta de 30 projetos
dos 49 ou 59 apresentados, não me lembro. Nós demos peso. Ah, criamos a câmara
técnica de gestão de investimento, que eu esqueci de te falar, porque, antes existia a
câmera técnica de planejamento e gestão da qual nós também participávamos, na
época em que ainda era coordenado pelo Eduardo Trani, que é o nosso secretário
adjunto atual. Mas essa câmara técnica ficava meio que sozinha. Ela via tanto a parte
do planejamento em si, dos projetos, do dinheiro. E a gente percebeu ao longo do
tempo que talvez a gente tivesse que fazer algumas coisinhas diferentes. E aí, nessa
revisão de estatuto, que a gente fez entre 2011 a 2013, a gente criou uma câmara de
gestão mesmo, que é a antiga de planejamento, da qual a Marta Emerich participa, e
criamos uma câmara de gestão de investimento própria para criar regra para o uso
desse dinheiro, um uso que não digo mais nobre porque todos eles são no final, mas
para poder considerar aqueles que tem de fato mais relevância, não a relevância que
a câmara de gestão e articulação, que atualmente chama isso. É isso né?

A (10’24”): Planejamento de Gestão.

G (10’26”): Planejamento de Articulações, PDPA. É claro que ela vê todo um universo


diferente, com a profundidade do escopo do projeto em si e a gente procura ver essa
profundidade toda, todo esse escopo, abrangência dele mais regional possível.

A (10’44”): Com licença, esses projetos são aqueles que são lançados no programa
mananciais ou não necessariamente?

G (10’50”): Não, não.

A (10’52”): Lá, são apenas os PRIS?

G (10’53”): Aquele é outro.

G (10’55”): Aí são três dinheiros. Tem dinheiro do Banco Mundial, tem dinheiro das
prefeituras ou do Estado que podem ser injetados nesses PRIS e tem dinheiro da
cobrança, mais o dos royalties da Itaipu, que vem do FEHIDRO que são para projetos

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da bacia. Com isso a gente conseguiu também criar situação para, por exemplo, evitar
que projetos que não são nem tão interessantes assim para a bacia passe.

A (11’30”): E quem propõe os projetos é o Comitê?

G (11’32”): Qualquer um.

G (11’34”): O certame é aberto, qualquer um da sociedade civil, do Estado ou do


município pode apresentar sua ideia para ser analisada, ele passa a ser um
proponente e futuramente um tomador do recurso. Mas todos esses projetos que
chegam são analisados por cada uma dessas câmaras. Tem a de monitoramento que
é coordenada pela Lilian; tem a de educação ambiental que é coordenada pela
Francisca; e aí cada um no seu pacote avalia essas coisas todas. “Olha, isso aqui é
bacana para o Comitê do Alto Tietê”.

A (12’04”): Entendi.

G (12’05”): “Isso aqui é bacana, mas nesse momento não é”, ou “Isso aqui não é legal
e a gente não quer isso daqui”. É o exemplo do: “Ah, vamos fazer um filminho da
capivara do Rio Tietê, do Rio Pinheiros”. “Não”.

Marta Emerich (12’18”): Não é prioritário.

G (12’20”): Não é isso. Isso pode vir em algum momento, mas não é bem assim.
Teve outro exemplo que eu uso muito. Tem um curso d’agua que sai acho que de
Itaquaquecetuba e entra em São Paulo, na divisa dos dois lá. Aí São Paulo apresentou
um projeto... ou é o contrário, ele nasce em São Paulo e vai para Itaqua. Aí uma das
duas prefeituras, foi Itaqua, apresentou um super projeto, da metade do rio para baixo.
Aí nós falamos assim: “Gente, e a cabeceira? Então esse projeto é bacana, mas ele
não vai passar hoje. O que vocês têm que fazer? Vocês têm que articular com a
Prefeitura de São Paulo e fazer a proposta dele inteira. Porque não dá para gente
injetar dinheiro em uma situação aqui se continuar vindo carga de cima, etc.” Então
essa é outra orientação que a gente dá, e isso é uma coisa. É um exemplo de um
projeto que é bacana, mas ele não foi a frente porque faltou um entendimento maior
da área toda, de como é que poderia ser feito. Então esse tipo de coisa, essa câmara
de gestão de investimentos mais a câmara de planejamento ela consegue enxergar,
barrar, mandar aprimorar ou dizer “isso eu não quero”, ou então, por exemplo, um
desse como é um sistema de gerenciamento de informação que está na lei, que esse
não tem nem que ninguém discordar. Só tem que agir para contribuir e para que ele
seja um sistema de fato que mereça ser. A Secretaria de Recursos Hídricos, com
verba dela mesmo, do Banco Mundial, já desenvolveu o que seria o esqueleto desse
sistema com todo um... uma coisa imensa, como essa parede. E todo mundo que tem
informação, como a lei, ficou uma coisa gigantesca. Não vamos criar... vamos ter uma
espécie de um programa que vai receber de todo mundo, transforma e montar um
banco, é superbacana. Como o projeto teve um decreto do governador, acho que de
novembro de 2016, que fechou um monte de situações de contratação e de
investimento e cortou um monte de dinheiro, um desses dinheiro (sic), que era do
Banco Mundial, foi revisto, aquele contrato foi cortado, acabou tirando dinheiro que
seria investido para desenvolvimento desse sistema, do SGI. Aí mandou para a
Fundação, e aí a Fundação mais o Comitê entendeu que isso é uma prioridade para
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a gente. Como o Plano de Bacia atrasou, por conta de uma ação judicial, impetrada
pela segunda colocada, ficou mais de ano parada e nada do juiz resolver, e nós
amarrados, então não prevemos dinheiro o ano passado para contratar esse ano
porque a gente não tinha o Plano de Bacia atualizado. Esse processo se encerra
agora, do Plano de Bacia, depois de vencida a ação judicial, acho que agora em abril,
se não me engano, eu não lembro o prazo final.

M (15’16”): Audiência pública marcada para agora, no final de abril.

G (15’23”): Seria até legal você dar uma olhada nessas audiências. Vão acontecer aí,
estão programadas três ou quatro, não me lembro. Aí sim, aprovado o Plano de Bacia
a gente já vai ter um quadro um pouquinho diferente daquele desse plano que é de
2009. É claro que tem um monte de problemas que cresceram, parcialmente sanados,
as pendências continuam, então algumas mudanças não vão acontecer, vai continuar
algumas mesmas necessidades, mas tem pelo menos alguma característica nova,
novos dados. A partir dele aí sim a gente vai... Eles inclusive em contrato vão fazer
uma avaliação que estava no termo de referência do que deve ser ou como ser esse
sistema. A partir daí pega isso que está no Plano de Bacia, que é uma diretriz, pega
o que a Secretaria de Recursos Hídricos já havia desenhado e aí faz uma proposta
de contratação pela Fundação para desenvolvimento de arquitetura em TI desse
sistema. Esse projeto já está pré-selecionado, com concordância de todo mundo para
entrar na verba de 2019, para entrar no plano do ano que vem, não vai entrar nesse
ano porque o plano não ficou pronto. Outra coisa... ah sim, o dinheiro que o... 50% da
cobrança, ele tem que ir obrigatoriamente para a área de mananciais.

A (16’47”): Cinquenta por cento?

G (16’48”): Cinquenta por cento do valor recolhido. O ano passado foi 46 milhões se
não me engano, acho que 40 milhões está previsto para esse ano e o ano passado
foi um pouco mais, aproximadamente 53 milhões no ano passado. Então você tem aí
27, 28 milhões que obrigatoriamente você tem que investir em área de mananciais. Aí
a gente também direciona assim, dentro da situação. Primeiro a gente escolhe o
programa de duração continuada, que é uma coisa que o conselho estadual já define
de uma maneira geral para todos os comitês, e depois a gente vê dentro das nossas
necessidades quais são os itens que já estão descritos na deliberação do Conselho
Estadual de Recursos Hídricos e seleciona, visando o uso desses 50% que é
obrigatório na lei, a onde a gente investir. Aí a gente direciona sempre para esgoto,
erosão, repovoamento vegetal, nascentes, aí a gente... Que foi o que a deliberação
que saiu esse ano e aí, estando em área de mananciais... claro que tem proposta que
vem para o Tietê Cabeceiras, chega lá principalmente monitoramento; no Juqueri
Cantareira, mas todo mundo tem uma preocupação e uma visão de que quanto mais
for possível a gente jogar peso em projeto para a região da Billings e da Guarapiranga
é melhor. É uma leitura que quase todo mundo faz. É claro que não podemos fazer
em detrimento das outras regiões, mas sempre tem um foco. Atualmente sempre tem
um projeto que essas áreas levam. O ano passado, por exemplo, foram dois projetos
de obra da Sabesp, mas eram pequenos, por isso que o dinheiro deu. Três aliás, três.
Dois bairros em Ribeirão Pires e um bairro em Itapecerica da Serra, com extensão de
rede e aí a gente começou a perceber assim, foram aprovados esses aí, foram
indicados então eles devem sair com dinheiro esse ano. É que é dinheiro do ano
passado. Daqueles 101 milhões, nós usamos eu acho que próximo a 80 milhões.
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Ainda sobrou que voltou para a conta para usar esse ano. Nós fizemos duas
chamadas o ano passado, começamos antes, fizemos uma chamada que passou...

A (19’07”): Eu desconheço sobre a abordagem de investimentos.

G (19’10”): Ah, desculpa.

A (19’11”): Mas a Sabesp que apresentou o projeto?

G (19’14”): Sim.

A (19’15”): Mas ela não teria a obrigação de ela fazer isso?

G (19’18”): Então. Ela tem, mas por isso que a Sabesp é diferenciada. Qualquer um
de nós; nós eu digo ou a CETESB, ou a prefeitura, ou a sociedade civil; ela toma o
dinheiro, ela contrata o dinheiro à Fundo Perdido. Então esses entes não precisam
retornar. A Sabesp não. Pela lei ela pode tomar, mas ela tem que devolver. Esse é
um recurso reembolsável.

A (19’43”): Ah, entendido.

G (19’44”): O caso da Sabesp não vai de Fundo Perdido não, é reembolsável. Então
tem lá o contrato com ela, se ela não tiver... Porque ela capta dinheiro de tudo quanto
é banda e como é dinheiro possível para obra e é do nosso interesse esses dois
bairros de Ribeirão Pires e esse de Itapecerica da Serra...

A (20’03”): Um empréstimo entre aspas.

G (20’05”): É isso. Então a Sabesp devolve. E então esse dinheiro vai voltar para
conta e a gente vai usar ele lá na frente.

A (20’09”): Se fosse a prefeitura não devolveria?

G (20’12”): Não. Prefeitura, os demais órgãos do Estado, Sociedade Civil não


devolve. Agora a Sabesp... nem sei se tem outros, deve ter. A Sabesp pode tomar e
tem que devolver depois. Aí depois o que a gente começa a perceber nessa linha
aqui? Estão dando dinheiro para a rede? Ok. E depois? Aí na Guarapiranga a gente
tem uma situação um pouco mais confortável, e isso já é dado que o Ricardo Araújo
vai te passar, que desde aquele programa mananciais financiado pelo Banco Mundial
em 1991 já tem uma série de troncos coletores que exportam para fora da bacia e vai
bater lá em Barueri, com algumas exceções de furto que tem em estações
elevatórias...

A (21’05”): O Ricardo Araújo, comentou sobre a questão dos furtos.

G (21’07”): É, na Guarapiranga, mas é pouco. Agora na Billings isso é muito mais


grave. Então o que nós fizemos? Inclusive com os dados e conversando com o
Ricardo Araújo também e mais o representante da Sabesp, que é o Hélio Rubens. Ele
é um assessor do Paulo Massato, aqui responsável pela Diretoria Metropolitana da
Sabesp, ex-prefeito de Itapecerica da Serra, então ele conhece essa sistemática da
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área de mananciais... “Olha, vamos fazer o seguinte: tudo bem pedir dinheiro para a
rede porque a gente precisa. Só que nós vamos atrelar a estação elevatória e
bombeamento. Porque você só faz a rede depois...”

A (21’45”): Depois, volta o mesmo problema.

G (21’49”): É, concentrado em algum lugar do reservatório. Ou de algum rio,


normalmente o principal que vai bater lá num instantinho (sic). E aí começamos a fazer
isso também. E eles entenderam de que essa é uma necessidade. Inclusive do ano
passado para cá dois relatórios que o Ricardo Araújo apresentou já é possível
perceber uma diferença bem significativa no índice de operação das elevatórias. Tinha
elevatória que funcionava 90%, aliás, ficava sem funcionar 90% do tempo, lá no
Alvarenga. E aí foi a própria Sabesp com investimento dela e mais o que ela venha a
pedir no comitê que a gente entenda que é correto, com verba do FEHIDRO, isso está
sendo um foco importante para poder mandar o esgoto embora. Porque não adianta
você só ficar coletando e não mandar ele embora, né? E o Ricardo tem bastante dado
legal dessa eficiência das elevatórias que é uma coisa que a gente pegou no pé
também. Essas coisas todas estão dentro desse pacote que você falou que são
programas e políticas. O que não aconteceu efetivo? O da habitação, o comitê ele não
tem muita força para fazer isso porque se for levantamento, que o CHDU, a Secretaria
de Habitação faz, alguma secretaria municipal, com cadastramento, levantamento, ou
alguma coisa assim, é possível. Agora, uma remoção, uma realocação de pessoas,
de famílias e a construção dos prédios, aí não rola porque o dinheiro não é o suficiente
para isso.

A (23’35”): Sim, imagino.

G (23’36”): Sim, não dá. Mesmo que seja esse vulto de 101 não rola. Não é possível,
assim como grandes...

A (23’43”): Até porque é um longo prazo, precisa...

G (23’45”): E é muita grana para você construir o negócio desse porte. E aí eles vão
com as verbas deles mesmo. Então o que fica meio que limitado a estudos, não
projetos, a questão de habitação. O do uso de solo nós fizemos um investimento
grande em 2014. Quatorze milhões, o projeto mais que todo mundo queria e o mais
caro financiado até hoje, foram R$ 14 milhões com a Emplasa, para ela atualizar o
sistema cartográfico metropolitano que o levantamento aerofotogramétrico daquele é
de 1980-81. Então está super atrasado, teve algumas atualizações, mas esse era um
grande...

A (24’32”): E isso foi feito?

G (24’34”): Ainda não. Por quê? Duas empresas foram contratadas, é um trabalho
muito específico, muito técnico. Nós fomos várias vezes falar com a nossa colega lá,
Priscilla Masson. É uma coisa de você... não é só você pegar a imagem e depois
pegar a coisa, tem que ver linha por linha... e aí uma das empresas faliu.

G (24’58”): A Emplasa está vendo, o IPT é o agente técnico e está dando a força, já
foi apresentado com o produto da faixa oeste da região metropolitana, que foi o piloto
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CEE, conforme portaria, publicada no Diário Oficial, em 208/11/2015.
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que elas fizeram. E aí ele vai rodar o norte, o leste e depois vem para o sul e sudoeste,
fechando o pacote. Já era para estar pronto, acabou sendo atrasado. Mas aí são
problemas que não tem como a gente... a empresa faliu ...

A (25’33”): É que demorou tanto para ela fazer que faliu.

M (25’37”): Quando terminar de fazer o completo já vai estar desatualizado.

G (25’40”): É porque a Emplasa já tinha desejo de fazer isso antes, só que como nós
não tínhamos a cobrança, o dinheiro da cobrança, o dinheiro não dava. Porque o
dinheiro da partilha dos royalties da Itaipu pelos 21 comitês do estado, o Alto Tietê é
o que recebe a maior parcela, mas é assim, sete milhões, oito, teve um ano que foi
11, 11 ou 13, que foi o máximo. E aí quando você tem outros projetos, não dá para
pagar um desse.

A (26’15”): Mas a Emplasa não teria a obrigação de fazer essa contratação direta?

G (26’19”): A contrapartida dela de R$ 14 milhões. O projeto inteiro era 28. É isso. E


ela tinha na época, eu fui conversar com o presidente da Emplasa, era Ricardo...

M (26’31”): Predetti

G (26’32”): Não é o Predetti, é o que antecedeu o Predetti. E aquela moça que você
conhece que é da FAU, a Rovena, era diretora técnica, e esse cara era Ricardo, mas
não era o Predetti. Bem, enfim, nós fomos e ele assinou um termo de compromisso
que arrumaria esse restante que é a contrapartida, a metade. Tinha uma proposta de
verba com a Petrobrás e isso acabou também não acontecendo do jeito que foi
prometido.

A (27’12”): Este novo levantamento é interesse coletivo. Muitos setores necessitam


de tais informações...

G (27’16”): Esse não teve um que não sorriu, que não falou: “Esse aí eu quero”.
Porque todo mundo usa.

M (27’22”): Até nós para zoneamento.

G (27’24”): Tudo. Essa foi uma decisão que a gente tomou à época porque a gente
se certou. Agora não mais a gente, agora o pessoal do FEHIDRO. Eu tenho um
documento lá assinado por um presidente da instituição dizendo: “Eu vou lá arrumar
o dinheiro”. Na oportunidade você não pode dizer não. Não vou confiar? Mas de uso
do solo foi feito esse. De transporte... ah inclusive esse de uso do solo, o Eduardo
Trani, ele deu uma sugestão na época de incluir as habitações subnormais, que é um
dado que a gente não tinha, que é superlegal também. Que já ia ser meio voltado com
habitação e com uso do solo. Era uma incrível ideia que o Trani deu e eles tinham
programado de fazer um layer para subnormais.

A (28’10”): O que seria isso, as subnormais?

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CEE, conforme portaria, publicada no Diário Oficial, em 208/11/2015.
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G (28’13”): As subnormais é que a gente... É que é assim, é um termo que a


secretaria... isso já vem do Governo Federal né? Não sei se está lá no Estatuto das
Cidades, talvez...

M (28’25”): É um termo técnico que se usa.

G (28’27”): É favela.

A (28’29”): Eu imaginei, só queria ter certeza.

G (28’32”): Aí acho que tem uma classificação X lá. Vai tudo: condição de
saneamento.

G (28’48”): Ficamos sonhando com isso. Hoje ninguém tem isso. Muito raro. A
Prefeitura de São Paulo tem alguma coisa, mas é difícil você pegar. As nossas
prefeituras menores que não tem o corpo técnico ia ser uma maravilha isso. Então a
gente ficou sonhando muito com esse negócio. O de transporte aconteceu alguma
coisa? Eu não me lembro de ter acontecido alguma coisa de transporte. Bom de
saneamento é esse que eu te falei e educação ambiental nós fizemos o seguinte: No
passado, em 2011, nós recebemos um relatório do Tribunal de Contas do Estado de
São Paulo dos investimentos dos últimos cinco anos, quer dizer então de 2008 a 2011
né? 2007 a 2011, dos projetos contratados pelo FEHIDRO. Esse pessoal do Tribunal
de Contas fez um arrastão e descobriu um monte de coisa errada. Nota falsa, empresa
de fachada, e tudo empresa que tinha representante no comitê, que entravam como
representantes naquela regra de usuários e instituições científicas, que estava muito
mal feita, foi por essa razão também que a gente mudou e pegou a Lei Federal e reviu
o estatuto para evitar isso. Tem um caso de uma instituição lá da Billings, em que eles
foram atrás. Primeiro acharam um monte de nota fria, e projetinho assim: eles
pegavam 100 mil, 200 mil, 300 mil por ano, e cadê o produto disso? Eles foram lá e
acharam, a instituição era presidida por um senhor que era um motorista da Prefeitura
de São Bernardo que ele nem sabia que o nome dele estava lá, e uma senhora que
morava em um casebrinho que era o endereço do sindicato...

A (30’34”): O mesmo início de sempre das histórias irregulares, certo?

G (30’36”): É isso. Não precisa nem contar mais nada. É isso. E achou um monte de
coisas. Aí eu falei: “vamos parar com isso”. Foi aí que que a gente... e esses projetos
todos eles, sem exceção, eram de educação ambiental. Eu falei não. Eu não, o grupo.
O grupo na época, pelo Estado estava o Trani, da Secretaria de Habitação, Rui Brasil
de Saneamento, e eu e mais três da Sociedade Civil e três dos municípios. Os
municípios tinham um representante de Osasco, um de Caieiras. Aí falou: “olha, não
vamos mais fazer projeto isolado de educação ambiental nesses termos aí. O que nós
vamos fazer é o seguinte, exigir ações ou projetos de educação ambiental dentro de
cada projeto que a gente vier a aprovar”. Então não ficou assim: “Ah, um filminho da
capivara; um...” eles pegavam esse dinheiro para fazer cartilha.

A (31’36”): Eu já vi vários materiais impressos com o tema Billings, exemplo


aniversário da Billings, preservação do manancial, etc.

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G (31’40”): Cortamos impressões. Eventos cortamos. Então quer fazer? Eu, que sou
da CETESB vou fazer um projeto A, então eu vou atrás de você, que é uma instituição
reconhecida, que tem sua prática em educação ambiental, então eu vou junto com
você dentro de um projeto só. Eu vou fazer a parte de obra e você faz a parte de
educação ambiental. É isso o que a gente amarrou com essas alterações também
para evitar essas coisas que aconteceram no passado.

M (32’07”): E está dando certo, né?

G (32’09”): A gente tem conseguido. Tem algumas brigas lá, porque também tem
interesses pessoais. Sempre tem. Está no jogo. Ninguém é proibido de ter interesse.
Só que é assim, as regras e leis tem que ser atendidas.

A (32’23”): Porque tem que ter resultado, correto?

G (32’25”): ... Para não deixar acontecer isso. Entendeu? Inclusive no ano passado a
gente discutiu bastante, a Marta lembra. Falou: “Ó, abre aí artigo dois da deliberação
que criou a nossa câmara técnica de gestão de investimento”. É responsável pelo
investimento público. Se der algum problema, sair um outro relatório daquele do
Tribunal de Contas, quem que eles vão vir pegar no pé?” Quer vir, venha aqui...
Algumas coisas ainda passaram porque pareciam ser algumas coisas legais, mas isso
foi o ano passado para esse ano e nós amarramos mais ainda. Sozinho não vem. Que
é o Sub PDC 8 né? O oito é só de educação ambiental. Tem que ter, mas tanto é que
cada projeto, teve um deles que foi desclassificado agora porque veio a proposta
principal e não veio o termo de referência de educação ambiental. Está fora, foi
desabilitado logo na primeira seleção. Não apresentou o termo de referência para
educação ambiental amarrado com sua proposta, então a gente está amarrando isso
para pelo menos fazer valer mais, né. Isso aí foi só o número um viu. Geração de
renda...

M (33’41”): (risos altos) isso porque eu perguntei oito.

G (33’47”): Geração de renda, não me lembro de alguma coisa que a gente tenha
promovido para fazer geração de renda.

M (33’53”): Não é bem a função, né.

A (33’55”): Isso seriam os municípios que teriam que promover alguma coisa nesse
sentido?

G (33’59”): Então, eu acho que é todo mundo um pouco, mas o Comitê do Alto Tietê
e a Fundação Agência de Bacia, que é o seu braço técnico, não tem.

G (34’13”): O que tem aqui, se você quiser abordar um pouco talvez o pessoal da
Sabesp, o pessoal do FEHIDRO possa fazer, tem uma abertura de postos de trabalho.
cada um desses projetos tem isso, tem que contratação, equipe técnica, operacional,
se for o caro, se envolver plantio ou não sei o que, rola. Então, se for por esse lado
acontece isso como um reflexo da aprovação dos projetos.

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A (34’41”): Por exemplo, a deliberação Consema 01/14 que lista as atividades de


competência municipal no âmbito do licenciamento, acaba flexibilizando um pouco
mais as atividades que o manancial pode receber, tal medida, pode ser considerada
para o atendimento do objetivo de emprego e renda no manancial?

G (35’05”): Pode proporcionar isso. Não é direto mas indiretamente ele pode
proporcionar.

A (35’11”): Estaria dentro de alguma forma...

G (35’13”): Pode, pode. E os projetos, aí a hora que você tiver renda/trabalho você
acaba gerando renda também, nessa linha aí. Outro, o artigo dois e o quatro,
parágrafo quatro... Ah, investimento para recursos financeiros e financiamento dos
programas do PDPA. Aí é isso o que eu te falei. Está dentro desse pacote do dinheiro
para... O que a gente tem? O monitoramento a gente tem, o sistema gerencial de
informação é o que está reservado para esse ano, esses programas ambientais a
gente fez três, não, a gente fez cinco termos de referência em 2016 para captação de
2017 porque era o que tinha maior dinheiro. Nós fizemos, só para disposição de lixo,
plantio, vegetação, nós fizemos um de educação ambiental, então esse daqui é para
esses programas.

A (36’13”): Mas esses programas são para todos os mananciais ou, por exemplo, vai
só para a Billings?

G (36’18”): Não. Nós fizemos assim: quem tem prática de monitoramento? A


CETESB, então como você acha que deve ser um termo de referência para um
cidadão apresentar uma proposta de monitoramento na Billings, na Guarapiranga, no
Alto Tietê, em Cotia, onde for? Assim, desenvolver um termo. Lixo, pegamos um
pessoal de lixo, tanto da Secretaria de Meio Ambiente, quanto da CETESB. Quais são
as diretrizes? É isso. Então ele falou quais são as diretrizes? Inclusive isso que o
secretário hoje tem pregado com mais... que são os consórcios, fizemos um TR para
lixo, fizemos um para saneamento, isolado, aí fizemos uma de repovoamento vegetal,
recuperação de área degradada. Aí fomos na pessoa da CBRN, que é aqui da
secretaria. Eles têm toda uma sistemática de como faz o plantio, acompanhamento.

A (37’12”): E esses termos ficam disponíveis lá na câmara técnica?

G (37’14”): Esses termos estão na deliberação de 2015 ou de 2016. Eu não lembro


em que ano eles saíram.

M (37’25”): E são aplicáveis em quaisquer bacias.

G (37’28”): Então, em qualquer uma. Eles foram válidos para aquele certame, mas
não quer dizer que não sejam referência para certames futuros. E depois, SGI e o
programa de fiscalização integrada. Ah, o comitê não tem também essa atribuição, ele
não tem. Na verdade, ele fica assim: vocês estão cumprindo o PDPA, sim ou não? É
um papel que o comitê pode fazer. Ou por ofício, ou para chamar em plenário, a gente
fez muito isso na crise hídrica de 2014 a 2015. A CETESB e a Sabesp foram
demandadas várias vezes para ir em plenário e falar o que você está fazendo, como
está fazendo, como você está licenciando.
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A (38’16”): Neste contexto o prefeito, por exemplo, é diretamente esta pessoa?

G (38’21”): Ia lá, explicava e dizia, dava debate, dava queixa, dava não sei o que.
Mas ia lá, então é o papel que o comitê pode dizer. Cobrava. Fazer mesmo ele não
pode. “Diante do exposto, quais os principais programas firmados em convênio com o
Governo do Estado e os municípios?” Programas firmados em convênios do Governo
do Estado e os municípios?

A (38’44”): Acho que aí já seriam todos esses.

G (38’46”): É um pouco disso. Ah, aqui na questão de habitação nós não chegamos
no PRIS ainda. Não falamos ainda. Que aí a Marta entende tudo. Ela gerenciou a
área, e isso quando ela nasceu e aceitou a proposta.

M (38’58”): Não quando eu nasci, quando a área nasceu. (risos)

G (39’01”): Quando a área nasceu. Então ela entende tudo de PRIS, que está aqui
dentro também. Não com investimento de dinheiro, mas com a proposta do PDPA que
aí cabe, no nosso caso, licenciar, e no caso das prefeituras, propor. São Bernardo é
a campeã de projetos. Isso eu lembro de cabeça.

A (39’19”): É, eu peguei ontem um resultado, um gráfico que a Vivian apresentou na


reunião e realmente São Bernardo está à frente de todos.

G (39’27”): Ah, a Vi falou sobre isso? Ah ótimo.

M (39’30”): A Vivian está mais atualizada.

G (39’32”): Está bem mais porque ela pega o resultado das coisas que andam nas
agências. A gente já saiu um pouco desse circuito. Mas ela de PRIS, fora o programa
em si que a Marta entende tudo, e as coisas atuais, que aí a Vivian, em contato com
a Vivian ela te passa. “Como se procede a fiscalização e auditoria dos mesmos e de
qual é o montante destinados a eles em 2017?” Então, aí o sistema de gestão ele
também não tem muito... as... convênio com a prefeitura de São Paulo, por exemplo,
existe desde dois mil e não sei quando, 2017 talvez. A última versão foi 2015, que aí
foi uma opção do prefeito da época.

A (40’31”): Por exemplo, o Cantinho do Céu poderia ser com um convênio desses,
que foi na verdade a Prefeitura de São Paulo. Deve ter tido uma contrapartida do
comitê ou não?

G (40’42”): Não, não. Naquele projeto do Cantinho do Céu não. Eu acho que foi lá o
nosso colega, que esqueci o nome dele, gente boa. Ele que tocou esse projeto, com
apoio do Ministério Público. Eu lembro que só no Cantinho do Céu foram 15 ou 16
estações elevatórias, você imagina. Uma a cada... né? Para você ver a amplitude de
um projeto desse. Você ter em um bairro, apesar de ser um bairro grande, tudo bem,
mas em um bairro você ter 13, 15 estações elevatórias, é porque o projeto é muito
difícil. Eu acho que ele conseguiu dinheiro da própria prefeitura, conseguiu dinheiro
externo.
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M (41’18”): Acho que teve até investimento externo.

G (41’20”): E teve é claro do Governo do Estado, porque quem instalou essas


elevatórias todas foi a Sabesp, lógico. O sistema de esgotamento. Já havia sido
aprovado, foi feita uma aprovação aqui para esse projeto. Foi tudo bonitinho.
Normalmente essas coisas, quando se fala de fiscalização de projeto, normalmente
não tem repasse de dinheiro de um órgão para outro. Divide ele mais ou menos, na
competência de cada um e cada um usa o seu próprio dinheiro para fazer aquilo.
Assim é a fiscalização também.

A (41’50”): Ou seja, efetivamente as prefeituras não podem chegar e querer um


percentual para o município? Ela tem que ter projeto. Não tem uma divisão, nada que
vá direto para a conta do fundo de meio ambiente municipal?

G (41’59”): Não. No passado parece que tinham alguns comitês aí que faziam isso.
Então se tivesse um montante de dois, três milhões aí pegava 10 municípios mais
necessitados para uma coisa e davam 300 mil para cada um. Teve comitê que já fez
isso, mas aqui a gente não teve isso não. É projeto mesmo e aí tem a competência,
tem atribuição. Precisa ver se tem atribuição, apesar que aqui as vezes aparece
algumas coisas que você fica meio assim. “Nossa, isso aqui não pode”, aí vai embora.
O outro, “um dos objetivos da lei de consolidação de mecanismos de compensação
financeira”. Há anos se discute isso e nunca saiu nada. Aí a Secretaria de Recursos
Hídricos, foi o Hiroaki se não me engano, apresentou um projeto o ano passado para
isso. Veja bem, ele não vai propor a lei, a ideia é propor o levantamento de todo o
arcabouço legal que existe dentro e fora do país, e que situação seria mais... e aí tem
um viés financeiro que é assim: “Tudo bem eu fazer a compensação financeira para
você em município, da onde vem o dinheiro para fazer isso?” Então não basta só um
instrumento dizendo tem que fazer, tem que ver de onde vem o dinheiro. Então essa
proposta que foi feita pela Secretaria de Recursos Hídricos, ela visa fazer um
levantamento disso e já apresentar: “olha isso aqui pode ser viável se a gente seguir
esse caminho”. Então é projeto que deve ser contratado para esse ano. Já aprovado
o ano passado, para ser assinado esse ano como contrato para andar. É o que tem
de compensação financeira. “Os projetos em meio ambiente já foram alcançados?”
Ainda não. “Poderiam iniciar ações de incentivo ao desenvolvimento econômico e a
geração de emprego?” Esse aqui já está naquele primeiro. “Os objetivos do artigo
terceiro...” Eu não lembro quais são os do terceiro, mas enfim, “quais os mecanismos
garantem a transparência da informação sobre o avanço obtido na implementação?”
Então, aqui o que falta para consolidar essa transparência é o sistema, porque todo
mundo vai poder acessar. Acessar falta, isso falta. Agora, o comitê do Alto Tietê e
mais as suas câmeras técnicas e mais os subcomitês, que não estão funcionando
bem, não estão tão fortalecidos, mas enfim, isso garante a transparência de qualquer
coisa, basta a pessoa querer.

M (44’30”): Porque é tudo público, né.

A (44’31”): Mas aí cada prefeitura vai ter que colocar... essa é uma dúvida... os
licenciamentos que estão por conta dos municípios, eles vão ter que lançar?
G (44’38”): Sim.

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A (44’40”): Porque muitas das coisas agora estão com o município.

G (44’45”): Isso, está tudo dentro lá. Todas as que a CETESB faz, área contaminada,
o da atual área da mata, teve mudança climática, tudo que tem coisa, tem informação,
balneabilidade, monitoramento de não sei o que, tudo.

A (45’00”): As infrações e tudo mais?

G (45’01”): Tudo. Outorga do DAEE, a cobertura da Sabesp está lá também, das


prestadoras de saneamento...

A (45’09”): Os índices de área de cobertura vegetal, então tudo aquilo que tem de
metas este sistema irá controlar...

M (45’14”): Os autos de infração.

G (45’16”): Na verdade você vai dizer assim: “Eu quero o auto de infração da
secretaria”. Você vai dar o comando, o sistema vai ver onde você quer entrar...

A (45’22”): Gratuito?

G (45’24”): É. E aí você vai ver dentro do site que a secretaria já tem instalado para
isso.

A (45’31”): Você vai criar um link, né?

G (45’32”): É. Só que tem um monte de... é uma linguagem que eu não entendo muito.
Aquele menino, o Rodolfo, da Secretaria de Recursos Hídricos, nos apresentou como
é a estratégia, mas a ideia é essa: ter um servidor com um monte de gente entrando
dentro dele e ele transforma isso em um tease e ele dá acesso a todo mundo. É claro
que vai ter os níveis de segurança, só acessar e não poder alterar nada, não pode
copiar nada, sei lá. Isso também vai ser decidido nas conversas futuras, mas todo
mundo vai ter que colocar coisa lá dentro. E tem também algumas situações que
precisam ser resolvidas porque cada um tem um sistema desenvolvido em uma
linguagem diferente, então esse núcleo vai ter que entender a linguagem tua,
transformar para a nossa.

G (46’44”): “Ações para melhoria e condições de moradia nos alojamentos de


habitação, implementação de saneamento...”. Então, aqui está o PRIS, que é o que
você tem. Essa pergunta número seis são três das que você conversou, duas coisas
respondem ela. Essa questão das condições é mais as prefeituras, que é a melhoria
nas condições de moradia. Tem um monte de projeto que é de remoção, tem uns que
é de acerto mesmo, mais os índices que o Ricardo tem, que é o de meta, mais o que
a Vivian tem, que é o programa. Esse número seis aqui. “Os avanços obtidos desde
a publicação da lei”. Teve, eu acho que é assim, a lei proporcionou um monte de coisa
que a lei antiga não deixava, e eu acho que a população usou pouco isso. Querer se
regularizar, querer ter a sua documentação correta, é possível. É claro que tudo isso
tem um investimento, não é possível fazer simplesmente uma anistia como outras
gestões do município ou Estado de São Paulo fez. São Paulo fez várias em governos
anteriores, recentemente é que não tem feito. E durante esses anos todos passados
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a gente tem procurado cercear essa anistia, não a deixando entrar em área de
mananciais. A gente tem obtido um êxito disso. Mas não pode ser assim. Tem que ter
alguma contrapartida mínima, porque se não a gente não consegue recuperar nada.
Acho que as prefeituras também... você vê, todo mundo pode fazer o PRIS, mas aí
caixa é uma coisa, equipe técnica são coisas que dificultam. Tanto é que quem tem?
Diadema acho que apresentou um, ou Santo André pouco, São Bernardo...

A (48’36”): Ribeirão Pires tentou, mas não passou.

G (48’42”): Embu.

A (48’43”): Mas relacionado aquela questão, São Bernardo tem dinheiro. É difícil
comparar São Bernardo com Rio Grande da Serra, tem nem Plano Diretor
compatibilizado ainda.

M (48’51”): Tem a questão de que tem que adequar o Plano Diretor, que já é uma
dificuldade inicial.

A (48’56”): Que já era previsto na lei anterior ainda, a Lei 9866, já falava do Plano
Diretor né?

M (49’02”): A 9866.

G (49’03”): Já.

A (49’04”): É uma obrigação muito antiga que tem gente que ainda não...

G (49’08”): Então, mas tem uma discussão, que é assim: não é inconstitucional
porque se não essas leis não teriam passado. Mas também não tem como obrigar o
município a fazer isso, ele tem autonomia dele. Então se ele não quiser fazer ele
simplesmente não faz.

A (49’22”): O Estado continua licenciando para ele, certo?

G (49’24”): Então, eu acho que perde o interesse das duas partes isso daí. Tanto a
prefeitura, ela pode promover uma arrecadação maior, claro que não vai pagar para
ela emitir todos os passos do processo de licenciamento e já faz dois em um. Já faz
um documento, dois documentos emitidos na mesma hora. Isso para o cidadão, para
a população é uma beleza. Mas eu acho que não chegaram muito a essa situação.
Mairiporã, por exemplo, tem um projeto que se você quiser tirar alguma dúvida maior
você pode falar com a Vivian. A Prefeitura de Mairiporã teve interesse em fazer isso,
então ela veio atrás para “como a gente pode fazer para eu agilizar o processo de
licenciamento dos casos que estavam lá”. Mairiporã tem muito loteamento na Serra
da Cantareira, é um volume imenso na Agência, 80%, 60% do volume de processo da
Agência é de residência em loteamento que já é existente na Serra, já tem a regra
federal para desmatamento, já tem tudo. Tem Ministério Público encima. Aí ele veio,
a Vivian, eles pegaram um piloto, que eu não me lembro qual é, mas é um dos
loteamentos grandes que tem lá, e fizeram uma coisa bárbara, muito legal, inovadora,
que vai sair em forma de uma decisão de diretoria da CETESB. Apesar da exigência
da lei dizer que o município precisa ter a legislação compatibilizada, e apesar dessa
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deliberação do CONSEMA, que é da municipalização. O CONSEMA tem municípios


lá que na relação deles estão listados como aptos a licenciar e estão em área de
mananciais e não tem a lei compatibilizada, o Plano Diretor. Isso o que eles fizeram
não burla essa situação, por isso que é legal você ver com a Vivian como é que eles
viabilizaram isso junto com nosso departamento jurídico, e a direção da Companhia
vai fazer uma decisão de diretoria dizendo: neste caso aja dessa maneira. Ficou
superlegal o projeto. Conversa com ela. Isso é uma coisa que se pretende fazer com
os demais municípios, só que o município precisa querer fazer isso, entendeu. Isso
daí é uma coisa que não estava... pode-se dizer que é um subproduto dessa coisa
toda do licenciamento municipalizado
.
A (51’46”): A decisão para o município poder licenciar o loteamento, seria isso?

G (51’50”): Não, licenciar a ocupação dos loteamentos, porque os loteamentos já são


antigos, existentes.

M (51’55”): Porque a CETESB não licencia residência, só nesse caso de mananciais


mesmo porque não é objeto de licenciamento da CETESB, é só nesse caso.

A (52’06”): Entendi.

M (52’08”): Nem há interesse da CETESB.

G (52’14”): Olha, já tem norma da ABNT, muitos deles a rede de água é particular,
tem o tratamento, Vigilância Sanitária já verifica isso, a prefeitura já vai lá ver, tem
regra para federal que a gente não pode ultrapassar, que é a da supressão de
vegetação, preservação permanente. Tem a própria lei que estabelece o que tem que
fazer em cada subárea. Uma ideia superlegal. Se você desejar até ver os dois lados
depois de conversar com a Vivian, isso é uma coisa que você pode deixar como
proposta para a Billings. O cara da prefeitura que correu atrás disso chama Rafael da
Prefeitura de Mairiporã. Ele é antigo na prefeitura, parceiro assim, nós fizemos muita
coisa juntos de fiscalização na década de oitenta, de noventa.

A (53’09”): Quem quer fazer, encontra os caminhos.

G (53’12”): Também tem a vontade do prefeito, então ele veio atrás, a Vivian pegou
mais o diretor de departamento que é o Laércio e foi pra cima do diretor geral, o Amaral
e arredondou para levar para a decisão da diretoria.

A (53’31”): Basicamente o prefeito quer resultados. Até ele fazer o Plano Diretor já
passou os quatro anos.

G (53’36”): Mas isso dá um resultado bárbaro, viu.

A (53’39”): E isso aqui você resolveria muita coisa.

G (53’41”): Nossa, para o munícipe isso aqui é uma coisa superbacana. E aí você
pode ver, pegar a ideia do que a prefeitura enxerga com o Rafael, não tenho o telefone
dele, mas a Vivian tem. E aí com a Vi, se você quiser fazer uma conversinha para
você entrar em alguma proposta dessa futura.
Escola Superior da CETESB - Av. Prof. Frederico Hermann Junior, 345, prédio 6 - CEP 05.459-900 – São Paulo-SP – Tel (11) 3133-3892
Curso de Pós Graduação Latu Sensu “Conformidade Ambiental com Requisitos Técnicos e Legais”, autorizado pelo Conselho de Educação –
CEE, conforme portaria, publicada no Diário Oficial, em 208/11/2015.
121

M (53’57”): Atualizar a questão do PRIS.

G (53’59”): Até se a Marta concordar com essa coisa também a gente vai vendo, e
você concordar eu vou contando história para vocês. Tem uma menina que tem um
projeto da FAPESP, que é superlegal também.

A (54’14”): Vou parar aqui,...?

G (54’14”): Tudo bem. A interface do projeto dela é com a comunidade.

FIM EM 54’14”

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CEE, conforme portaria, publicada no Diário Oficial, em 208/11/2015.
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123

APÊNDICE B - Formulário, respostas da entrevista e autorização da


Secretaria do Meio Ambiente Estadual
124

ESCOLA SUPERIOR DA CETESB


Curso de Pós-Graduação
Conformidade Ambiental com Requisitos Técnicos e Legais

QUESTIONÁRIO - TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO


A LEI ESPECÍFICA DA BILLINGS: AVANÇOS E DESAFIOS

Nome do entrevistado: MÁRCIA DO NASCIMENTO

Instituição: Secretaria do Meio Ambiente

Função: Assessora da Coordenadoria de Planejamento Ambiental (CPLA) Data:


22/03/2018

A Lei Estadual nº. 13.579/09 define a Área de Proteção e Recuperação dos Mananciais da Bacia
Hidrográfica do Reservatório Billings (APRM-B), um manancial de interesse regional para o
abastecimento das populações atuais e futuras. Está em consonância e cumprimento ao Art. 4º
da Lei 9.866/1997. Este questionário é parte integrante do projeto de pesquisa apresentado à
Coordenação do Curso da Pós-Graduação “Conformidade Ambiental com Requisitos Técnicos
e Legais” Escola Superior da CETESB

1-) Como foi o processo de elaboração da minuta da Lei Específica da Billings?


De acordo com a Lei 9.866/97, foi iniciada no âmbito do Subcomitê de Bacia
Hidrográfica Billings Tamanduateí – SCBH-BT – com a participação de
representantes da sociedade civil e órgãos do Estado e dos municípios inseridos na
Área de Proteção e Recuperação dos Mananciais do Reservatório Billings, atendendo
aos princípios de gestão descentralizada, participativa e tripartite da Lei Estadual de
Recursos Hídricos, Lei Estadual 7.663/91.

2-) Os municípios cumpriram os prazos de informar ao Órgão Técnico a ocorrência de


assentamentos - Habitação de Interesse Social, desprovidos de infraestrutura e
saneamento ambiental, bem como as Áreas de Recuperação Ambiental ARA-1? Caso
afirmativo, quais? Caso negativo, é possível apontar as razões?
Sim, no momento de aprovação da lei específica foram encaminhadas as informações
no prazo legal, em especial, São Paulo, Diadema, Santo André e São Bernardo do
Campo. Ocorre que, ao mesmo tempo, a mudança de estrutura da aplicação das leis
de mananciais interferiu no processo de análise diante a aprovação da Lei Estadual
13.542/09, com a transferência das atribuições de licenciamento ambiental para a
CETESB.
125

3-) Por que os municípios têm dificuldades em implantar projetos de interesse social?
Diante da complexidade das intervenções e a conjuntura econômica, com retração
de investimentos, projetos desta natureza foram diretamente afetados na obtenção
de recursos financeiros necessários à sua execução.

4-) Qual a participação da Secretaria do Meio Ambiente no planejamento e gestão para


criação de programas de incentivos, administrativos e financeiros ou tributários para a
ampliação de áreas de permeáveis e florestadas do manancial APRM-B? Qual o papel do
FEHIDRO neste contexto?
O FEHIDRO define, de acordo com as demandas induzidas do CBH-AT para proteção
e recuperação dos recursos hídricos, quais temas serão objeto de aplicação dos
recursos, nos Planos de Duração Continuada - PDC. A SMA incentiva a restauração
vegetal mediante planejamento de ações e programas como, por exemplo, Programa
Nascentes.

5-) Quais os mecanismos de compensação financeira para os municípios inseridos na área


de proteção aos mananciais do Reservatório Billings?
A Lei Estadual nº 9.146/95 que previa a compensação financeira para estas áreas não
foi regulamentada para possibilitar o repasse de recursos financeiros.

6-) Existe incentivos e apoios oferecidos aos proprietários das áreas prestadoras de
serviços ambientais que a preservam e a regeneram?
A Lei 13.579/09 definiu um capítulo para tratamento de apoio financeiro, Capítulo XII
– Suporte Financeiro, porém é de conhecimento geral que os recursos utilizados se
restringem apenas aos do FEHIDRO e existem recursos referentes ao Artigo 109, item
VII, porém sem conhecimento de valores totais até hoje recebidos pela aplicação do
artigo da lei e tampouco sua aplicação. Os demais itens do referido artigo não
possuem informações de aplicação.

7-) É possível mensurar se ocorreu a diminuição do ritmo de desmatamento da vegetação


nativa na APRM-B e nos níveis de ocupações irregulares desde a promulgação da Lei
Específica?
Não existe levantamento oficial da ocorrência deste tipo de situação.
126

8-) Está previsto aos responsáveis pela degradação a elaboração e apresentação dos
Projetos de Recuperação Ambiental em Mananciais (PRAM). Houve algum projeto
apresentado e/ou aprovado? Existe incentivos para tal?
O órgão licenciador, até o momento, não disponibilizou dados de projetos solicitados
ou aprovados desta tipologia de empreendimento, sugiro consultar as regionais da
CETESB.

9-) Nas áreas de intervenção (SUC, SUCT, SOE, SBD e SCA), não foram considerados os
lotes preexistentes de tamanhos inferiores ao previsto na Lei Específica, porém,
devidamente matriculados e implantados. Por que isto ocorreu? E como retificar esta
situação?
A Lei 13.579/09, considera para todas as subáreas de Ocupação Dirigida, para efeito
de regularização, medidas de compensação ambiental de modo a manter o princípio
de que a simples aprovação da lei não regulariza a situação existente da forma como
se encontra, sem atender ao planejamento definido na lei atual e nas anteriormente
vigentes, no caso, Leis 898/75 e 1.172/76. A Lei específica da Billings, conforme artigo
76, reitera as situações regulares perante aquelas leis e dá a possibilidade de que,
em situações divergentes dos casos de já adaptados à Lei 1.172/76, as mesmas sejam
objeto de regularização mediante compensação ambiental.

10-) Sobre o tema abordado, na sua opinião, quais aspectos podem ou devem ser revistos
e/ou aprimorados, e quais os principais desafios para tal? E quais os avanços mais
relevantes para o Manancial Billings deste a criação da Lei Específica?
Inúmeros aspectos ainda estão por serem aplicados e divulgados sobre a Lei
específica da Billings, em especial, o conhecimento do resultado da aplicação dos
seus instrumentos urbanísticos, como licenciamento e regularização; aplicação de
índice de área vegetada no lote; compensação ambiental para regularização;
fiscalização integrada; monitoramento da qualidade das águas na aplicação de
análise de impacto de empreendimentos com número significativo de moradores ou
usuários, dentre outros. Sem conhecimento do cenário de aplicação desde 2009 até
2018, quase 10 anos de vigência da lei, torna-se difícil definir quais foram os acertos
e equívocos da lei. Porém, é inquestionável o avanço obtido com a possibilidade de
implantação de infraestrutura de saneamento em grande parte das áreas
consolidadas, ainda que, até o momento, não tenha sido totalmente efetivada pelos
órgãos estaduais e municipais e a concessionária de água e esgotos na RMSP,
responsáveis pela infraestrutura de saneamento ambiental da APRM Billings.
127

NOTA: Caso queira acrescentar algo sobre o tema proposto, por favor, descreva.
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129

APÊNDICE C - Formulário, respostas da entrevista e autorização da CETESB


130

ESCOLA SUPERIOR DA CETESB


Curso de Pós-Graduação
Conformidade Ambiental com Requisitos Técnicos e Legais

QUESTIONÁRIO - TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO


A LEI ESPECÍFICA DA BILLINGS: AVANÇOS E DESAFIOS

Nome do entrevistado: EMANUELE LIMA VENTURA SECO

Instituição: Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB)

Função: Supervisora Técnica Data:10/04/2018

A Lei Estadual nº. 13.579/09 define a Área de Proteção e Recuperação dos Mananciais da Bacia
Hidrográfica do Reservatório Billings (APRM-B), um manancial de interesse regional para o
abastecimento das populações atuais e futuras. Está em consonância e cumprimento ao Art. 4º
da Lei 9.866/1997. Este questionário é parte integrante do projeto de pesquisa apresentado à
Coordenação do Curso da Pós-Graduação “Conformidade Ambiental com Requisitos Técnicos
e Legais” Escola Superior da CETESB.

1.) Qual a média anual de Alvarás de Licença Metropolitana emitidos pela CETESB para os
imóveis inseridos na APRM-B?
As agências ambientais que trabalham com municípios inseridos em território de
APM e APRM emitiram, no ano de 2017, 359 Alvarás. Especificamente, as agências
do ABC I (CLA) e do ABC II (CLD) emitiram em 2017, respectivamente: Alvarás: 70 e
22; Termos de Indeferimento: 51 e 08; Pareceres de Viabilidade: 09 e 03.

2.) Quantos técnicos as Agências do ABC I e II, possuem para atender a demanda de
licenciamentos nas APMs?
Tanto na CLA quanto na CLD todos os técnicos licenciam empreendimentos em área
de manancial, entretanto, cabe destacar que a distribuição dos processos é realizada
após prévia análise dos gerentes / supervisores das agências.

3.) Quais as maiores dificuldades do Órgão Ambiental na análise e aprovação dos projetos
apresentados?
A insuficiência de dados ou as inconformidades de informações técnicas dos
projetos propostos para o licenciamento.

4.) Quantos Programas de Interesse Social foram efetivamente implantados desde a


criação desta Lei?
Até a presente data, pela Agência Ambiental do ABC I não houve aprovação de
empreendimentos enquadrados como PRIS.
131

5.) É previsto aos responsáveis pela degradação ambiental a elaboração e apresentação


de Projeto de Recuperação Ambiental em Mananciais (PRAM). Houve algum projeto
apresentado e/ou aprovado? Existe incentivos para tal?
Para as agências do ABC I e ABCII existe apenas 01 (um) projeto apresentado,
atualmente em análise pela CLD.

6.) O sistema de planejamento e gestão entre outras atribuições, compete a de publicar


anualmente na imprensa oficial a descrição da infração, com devido enquadramento legal
e a relação dos infratores, bem como a penalidade aplicada. Como está sendo aplicado
este mecanismo? As multas ambientais de infrações na Billings são pagas?
Mensalmente são publicadas em Diário Oficial as decisões desta Cia sobre as
solicitações de intervenção em APM/APRM concluídas pelas agências ambientais
(Alvará, Termo de Indeferimento, Parecer Técnico, Parecer de Viabilidade). Quanto às
infrações, tais tratativas (cobrança, publicação, lançamento para Dívida Ativa) são de
atribuição de outra Diretoria da CETESB, não sendo de conhecimento desta Agência
Ambiental os mecanismos adotados.

7.) Na sua opinião quais os avanços desde a publicação da Lei da Billings?

A Lei da Billings permitiu uma maior flexibilização dos usos e ocupações do território,
reconhecendo dentro de toda a extensão da Bacia as porções (Compartimentos e
respectivas subáreas) que possuíam condições de real preservação, recuperação e
de demais tipos de licenciamento, conforme o adensamento populacional existente
quando da sua elaboração.

8.) Sobre o tema abordado, na sua opinião, quais aspectos podem ou devem ser revistos
e/ou aprimorados, e quais os principais desafios para tal?
Mesmo sendo um instrumento menos engessado do que a LPM, a Lei 13.579/09 ainda
conservou situações de pouca adequação aos zoneamentos territoriais municipais.
Nota-se ainda ausência de transições entre Subáreas dentro de um mesmo
compartimento ambiental e conflitos nas delimitações das Subáreas (exemplo de
uma SUC de um lado da rua e do outro lado uma SCA).

NOTA: Caso queira acrescentar algo sobre o tema proposto, por favor, descreva.

Clique ou toque aqui para inserir o texto.


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133

APÊNDICE D - Formulário, respostas da entrevista e autorização da


Prefeitura de Santo André
134

ESCOLA SUPERIOR DA CETESB


Curso de Pós-Graduação
Conformidade Ambiental com Requisitos Técnicos e Legais

QUESTIONÁRIO - TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO


A LEI ESPECÍFICA DA BILLINGS: AVANÇOS E DESAFIOS

Nome do entrevistado: MÁRCIO MORGADO ARAÚJO

Instituição: Prefeitura Municipal de Santo André

Eng. Civil – Técnico da Secretaria de Meio Ambiente Depto. de


Função: Data:
10/04/2018
Gestão de Paranapiacaba e Parque Andreense

A Lei Estadual nº. 13.579/09 define a Área de Proteção e Recuperação dos Mananciais da Bacia
Hidrográfica do Reservatório Billings (APRM-B), um manancial de interesse regional para o
abastecimento das populações atuais e futuras. Está em consonância e cumprimento ao Art. 4º
da Lei 9.866/1997. Este questionário é parte integrante do projeto de pesquisa apresentado à
Coordenação do Curso da Pós-Graduação “Conformidade Ambiental com Requisitos Técnicos
e Legais” Escola Superior da CETESB.

1-) O Artigo nº. 78 da Lei Estadual13.579/09, preconiza que compete ao poder público a
regularização de Assentamentos Habitacionais de Interesse Social. Quais são os maiores
entraves e dificuldades para implantar o PRIS e/ou HIS na Cidade?
As dificuldades são: Escassez de terreno público para implantação de Habitação de
Interesse Social; falta de recursos para realizar obras de reurbanização
(pavimentação, drenagem, rede de esgoto, habitação) no caso de PRIS;
demora/burocracia para a licitação de contratação de projetos de
arquitetura/engenharia. Das poucas áreas públicas existentes, algumas não possuem
Matrícula Imobiliária, o que é exigência para financiamento do Minha Casa Minha
Vida. Dificuldade do licenciamento ambiental dos projetos do PRIS (adequar os
projetos de reurbanização ao que exige as leis ambientais, demora para obter as
licenças ambientais).

2-) Como está o Plano Diretor em relação as adequações e disposições da Lei Estadual
13.579/09?
O Plano Diretor atende ao estabelecido na Lei Estadual.
135

3-) É possível mensurar os impactos positivos e negativos gerados desde a implantação da


Lei da Billings?
Não temos mecanismos para poder fazer tal avaliação.

4-) Quais os programas adotados pela Administração Pública para a requalificação de


assentamentos e recuperação de áreas verdes?
Não há programa específico para isso. As requalificações e recuperações de áreas
se darão por meio do projeto proposto para cada assentamento a ser regularizado.

5-) A delimitação das subáreas de ocupação da APRM-B, foram realizadas através de fotos
aéreas, existem conflitos entre a delimitação e a situação real das zonas do Município?
Caso positivo, pode citar algum exemplo?
Sim, há casos de divergência nas ARO que margeiam o reservatório. A faixa de 50,00
metros a partir do nível máximo, cota 747,00 metros, avança sobre áreas até então
não afetadas por tal faixa.

6-) Como o Município realiza a fiscalização ambiental das atividades dentro do APRM?
Quantos fiscais ambientais a Prefeitura dispõe para esta função?
A fiscalização ambiental é realizada através de vistorias terrestres e aéreas
(realizadas 02 (duas) vezes por mês através de helicóptero com voo de 01 (uma)
hora), e quando necessário são realizadas trilhas e vistorias de barco. As vistorias
podem acontecer conjunta com outros setores, como Defesa Civil, Secretaria do
Meio Ambiente, acompanhamento da Guarda Municipal e outros. A fiscalização
percorre diariamente de carro os bairros, realizando orientação e aplicando
penalidades quando necessário. A prefeitura disponibiliza 07 (sete) agentes
ambientais para a fiscalização do setor ambiental.

7-) Os recursos monetários oriundos das compensações ambientais são aplicados para
quais projetos e programas?
Não foram recebidos pelo Munícipio recursos oriundos de compensações
ambientais previstos na lei.

8-) O Município está atendendo a meta de qualidade da água relativa a redução da carga
de fósforo lançada no reservatório, qual o mecanismo de avaliação e monitoramento?
Não informado.
136

9-) O Artigo 29, § 1º versa que para fins de implantação de condomínios, horizontais e
verticais a legislação municipal poderá reduzir em até 50% (cinquenta por cento) a cota-
parte nas SUC e SOE, o município aprovou alguma legislação que reduza a cota parte
para 125,00 m²?
Não existe legislação que tenha reduzido a cota-parte para 125,00 m².

10-) Sobre o tema abordado, na sua opinião, quais aspectos podem ou devem ser revistos
e/ou aprimorados, e quais os principais desafios para tal?
Devem ser revistos parâmetros urbanísticos, pois muitas taxas de uso e ocupação
do solo tornaram-se bastante permissivas, possibilitando maior desmatamento. As
metas de qualidade de água não são compreensíveis, factíveis e passíveis de serem
atendidas pelos Munícipios.

NOTA: Caso queira acrescentar algo sobre o tema proposto, por favor, descreva.
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138

APÊNDICE E - Formulário, respostas da entrevista e autorização da


Prefeitura de Diadema
139

ESCOLA SUPERIOR DA CETESB


Curso de Pós Graduação
Conformidade Ambiental com Requisitos Técnicos e Legais

DEPOIMENTO
FINALIDADE: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

TÍTULO: A LEI ESPECÍFICA DA BILLINGS: AVANÇOS E DESAFIOS


Data depoimento: 19/05/2018

Nome: JOSÉ ROQUE OLIVEIRA VENTURA

Instituição: Prefeitura Municipal de Diadema


Função: Eng. Agrônomo e Sanitarista da Secretaria de Meio Ambiente

A Prefeitura Municipal de Diadema está em processo compatibilização do


Plano Diretor Municipal com as diretrizes da Lei Estadual nº.13.579/2009.

Após a aprovação do novo zoneamento na Câmara Municipal, o Município irá


habilitar-se a realizar o Licenciamento Ambiental de Baixo, conforme disposições da
Deliberação CONSEMA nº. 01/2014.

O principal desafio é regularização fundiária e o controle de novas invasões na


área do Manancial Billings, estas áreas apresentam muita especulação imobiliária.

Diadema possui 23% do território inserido em APM do Reservatório Billings,


com muitas conflitos sociais e impactos ambientais.

Escola Superior da CETESB - Av. Prof. Frederico Hermann Junior, 345, prédio 6 - CEP 05.459-900 – São Paulo-SP – Tel (11) 3133-3892
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APÊNDICE F - Formulário, respostas da entrevista e autorização da


Prefeitura Municipal da Estância Turística de Ribeirão Pires
142

ESCOLA SUPERIOR DA CETESB


Curso de Pós-Graduação
Conformidade Ambiental com Requisitos Técnicos e Legais

QUESTIONÁRIO - TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO


A LEI ESPECÍFICA DA BILLINGS: AVANÇOS E DESAFIOS

Nome do entrevistado: SILMARA MATHIAS SOARES DELFINO

Instituição: Prefeitura Municipal da Estância Turística de Ribeirão Pires

Função: Arquiteta e Urbanista Data: 22/02/2018

A Lei Estadual nº. 13.579/09 define a Área de Proteção e Recuperação dos Mananciais da Bacia
Hidrográfica do Reservatório Billings (APRM-B), um manancial de interesse regional para o
abastecimento das populações atuais e futuras. Está em consonância e cumprimento ao Art. 4º
da Lei 9.866/1997. Este questionário é parte integrante do projeto de pesquisa apresentado à
Coordenação do Curso da Pós-Graduação “Conformidade Ambiental com Requisitos Técnicos
e Legais” Escola Superior da CETESB.

1-) O Artigo nº. 78 da Lei Estadual13.579/09, preconiza que compete ao poder público a
regularização de Assentamentos Habitacionais de Interesse Social. Quais são os maiores
entraves e dificuldades para implantar o PRIS e/ou HIS na Cidade?
Primeiramente destaco o interesse do poder público, o custo com levantamentos,
cadastros e disponibilidades de servidores.

2-) Como está o Plano Diretor em relação as adequações e disposições da Lei Estadual
13.579/09?
O Plano Diretor está totalmente compatibilizado com a Lei da Billings, em alguns
pontos até mais restritivo.

3-) É possível mensurar os impactos positivos e negativos gerados desde a implantação da


Lei da Billings?
Positivo: Os mecanismos criados para regularização dos imóveis e as
compensações ambientais.
Negativo: A Cartografia que não indica a realidade da situação.
143

4-) Quais os programas adotados pela Administração Pública para a requalificação de


assentamentos e recuperação de áreas verdes?
A municipalidade cadastrou as ocupações irregulares e apresenta um incentivo
tributário para preservação das áreas verdes que auxilia na recuperação.

5-) A delimitação das subáreas de ocupação da APRM-B, foram realizadas através de fotos
aéreas, existem conflitos entre a delimitação e a situação real das zonas do Município?
Caso positivo, pode citar algum exemplo?
Sim, existem muitos pontos em conflitos, pois quando houve a compatibilização
inicial, o município efetuou as devidas correções com base em plantas de
loteamentos e dados cadastrais de infraestrutura. Porém a CETESB (CPLA) não
aceitou o mapeamento da Prefeitura e determinou que fosse efetuado conforme as
cartas aerofotogramétricas da Lei Específica. Ou seja, o município não pode
remanejar os parâmetros conforme permitido na legislação.

6-) Como o Município realiza a fiscalização ambiental das atividades dentro do APRM?
Quantos fiscais ambientais a Prefeitura dispõe para esta função?
A fiscalização é efetuada em conjunto do setor do meio ambiente, do setor da
habitação e da Guarda Municipal, onde o município conta com aproximadamente 10
(dez) agentes fiscais.

7-) Os recursos monetários oriundos das compensações ambientais são aplicados para
quais projetos e programas?
Os recursos de compensação inicialmente foram aplicados na aquisição de
equipamentos de informática para as secretarias, 02 (dois) veículos para os serviços
de fiscalização e ainda aquisição de veículos para a coleta seletiva. Foram utilizados
também para a capacitação e educação ambiental.

8-) O Município está atendendo a meta de qualidade da água relativa a redução da carga
de fósforo lançada no reservatório, qual o mecanismo de avaliação e monitoramento?
Todo o licenciamento é efetuado através de propostas de tratamento de efluentes
sanitários e ainda vem efetuando gestão juntamente com a SABESP para achar
soluções de pontos de lançamentos irregulares.
144

9-) O Artigo 29, § 1º versa que para fins de implantação de condomínios, horizontais e
verticais a legislação municipal poderá reduzir em até 50% (cinquenta por cento) a cota-
parte nas SUC e SOE, o município aprovou alguma legislação que reduza a cota parte
para 125m²?
Sim, o município já aprovou a legislação, que causa redução da cota parte nas
subáreas de ocupação especial e consolidada, mediante manifestação da SABESP
que o local apresenta tratamento de efluentes. Porém, a Agencia CETESB São
Bernardo do Campo alega ser o agente responsável para licenciar nestes casos,
contrariando a Resolução CONSEMA 01/14 e trazendo morosidade em todos os
licenciamentos do município.

10-) Sobre o tema abordado, na sua opinião, quais aspectos podem ou devem ser revistos
e/ou aprimorados, e quais os principais desafios para tal?
Entendemos que a legislação foi um grande avanço para o município, garante a
preservação ambiental e ainda permite o desenvolvimento econômico, urbanístico e
principalmente social, com a regularização das ocupações irregulares. Porém, os
procedimentos de regularização e licenciamentos junto a CETESB apresentam
muitas exigências e longo período para análise e pareceres, que tornam
desanimador. Sugerimos a criação de um sistema como o GRAPROHAB,
estabelecendo prazos legais para analises e pareceres. Ainda a criação de um órgão
de monitoramento das cargas de fósforos geradas.

NOTA: Caso queira acrescentar algo sobre o tema proposto, por favor, descreva.

A Lei da Billings é um modelo de que união dos órgãos Estaduais, Municipais e a


Sociedade Civil podem fazer para garantir a preservação e o direito de moradia em
áreas de mananciais.
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APÊNDICE G - Formulário, respostas da entrevista e autorização da


Prefeitura Municipal de Rio Grande da Serra
147

ESCOLA SUPERIOR DA CETESB


Curso de Pós-Graduação
Conformidade Ambiental com Requisitos Técnicos e Legais

QUESTIONÁRIO - TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO


A LEI ESPECÍFICA DA BILLINGS: AVANÇOS E DESAFIOS

Nome do entrevistado: JULIANA RODRIGUES FERREIRA

Instituição: Prefeitura Municipal de Rio Grande da Serra

Função: Bióloga - Técnica da Secretaria de Meio Ambiente Data: 09/04/2018

A Lei Estadual nº. 13.579/09 define a Área de Proteção e Recuperação dos Mananciais da Bacia
Hidrográfica do Reservatório Billings (APRM-B), um manancial de interesse regional para o
abastecimento das populações atuais e futuras. Está em consonância e cumprimento ao Art. 4º
da Lei 9.866/1997. Este questionário é parte integrante do projeto de pesquisa apresentado à
Coordenação do Curso da Pós-Graduação “Conformidade Ambiental com Requisitos Técnicos
e Legais” Escola Superior da CETESB.

1-) O Artigo nº. 78 da Lei Estadual13.579/09, preconiza que compete ao poder público a
regularização de Assentamentos Habitacionais de Interesse Social. Quais são os maiores
entraves e dificuldades para implantar o PRIS e/ou HIS na Cidade?
Nosso maior entrave está diretamente ligado a necessidade de obtenção dos
recursos específicos para a realização de ações conforme preconiza a Legislação
Ambiental.

2-) Como está o Plano Diretor em relação as adequações e disposições da Lei Estadual
13.579/09?
A revisão do Plano Diretor deste município encontra-se em fase de elaboração,
dependendo ainda de Audiências Pública e demais ações ligadas a este processo.

3-) É possível mensurar os impactos positivos e negativos gerados desde a implantação da


Lei da Billings?
Não, pois não realizamos até o presente momento nenhum balanço relacionado a
está aplicabilidade.

4-) Quais os programas adotados pela Administração Pública para a requalificação de


assentamentos e recuperação de áreas verdes?
Não existem programas implantados, nem mesmo em andamento no município.
148

5-) A delimitação das subáreas de ocupação da APRM-B, foram realizadas através de fotos
aéreas, existem conflitos entre a delimitação e a situação real das zonas do Município?
Caso positivo, pode citar algum exemplo?
Sim, não é necessário um olhar minucioso para identificar incoerências nas
indicações de certas subáreas no mapa anexo da Lei Estadual 13.579/2009. A
indicação de SOE sobre a Pedreira Desativada, localização no Município, talvez
indique o erro que nos salta aos olhos, não podendo ser considerado como o único.
Outro local está indicando faixas de Preservação Permanente com subárea de
Ocupação Controlada, o que demonstra mais uma incoerência ambiental.

6-) Como o Município realiza a fiscalização ambiental das atividades dentro do APRM?
Quantos fiscais ambientais a Prefeitura dispõe para esta função?
Dispomos de um arcabouço diminuto para fiscalização, contando apenas com um
fiscal e um único veículo na Secretaria do Verde e Meio Ambiente.

7-) Os recursos monetários oriundos das compensações ambientais são aplicados para
quais projetos e programas?
Não dispomos destes recursos na esfera municipal.

8-) O Município está atendendo a meta de qualidade da água relativa a redução da carga
de fósforo lançada no reservatório, qual o mecanismo de avaliação e monitoramento?
Não, pois a Secretaria do Verde e Meio Ambiente não realiza qualquer tipo de ação
de monitoramento.

9-) O Artigo 29, § 1º versa que para fins de implantação de condomínios, horizontais e
verticais a legislação municipal poderá reduzir em até 50% (cinquenta por cento) a cota-
parte nas SUC e SOE, o município aprovou alguma legislação que reduza a cota parte
para 125m²?
Sim, a Lei Municipal nº 2215/2017.
149

10-) Sobre o tema abordado, na sua opinião, quais aspectos podem ou devem ser revistos
e/ou aprimorados, e quais os principais desafios para tal?
A própria Lei Estadual necessita de revisões em seu texto e em seus anexos, não
obstante necessitamos de ações efetivas de fiscalização local e integrada para que
se faça valer as prerrogativas da Legislação. O município de Rio Grande da Serra,
inserido 100% no manancial Billings, necessita ainda de previsões legais para
garantia de repasses a captação de recursos, afim de promover preservação
ambiental e educação ambiental.

NOTA: Caso queira acrescentar algo sobre o tema proposto, por favor, descreva.

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APÊNDICE H - Transcrição da entrevista e autorização da Companhia de


Saneamento Básico do Estado de São Paulo
152

ESCOLA SUPERIOR DA CETESB


Curso de Pós Graduação
Conformidade Ambiental com Requisitos Técnicos e Legais

TRANSCRIÇÃO - ENTREVISTA
FINALIDADE: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

TÍTULO: A LEI ESPECÍFICA DA BILLINGS: AVANÇOS E DESAFIOS

Nome: RICARDO ARAÚJO

Instituição: Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp)


Função: Coordenador do Programa Mananciais da Sabesp

Data da entrevista: 06/04/2018


Data da transcrição: 20/04/18
Duração do áudio: 45’52’’
Palavras transcritas: 6877
Páginas: 13

Andreza (0’01”): Bom dia, sou aluna do curso de pós-graduação da CETESB e estou
realizando esta entrevista para desenvolvimento do meu TCC, obrigada pela
oportunidade.

Ricardo Araújo (0’05”): Bom dia, disponho.

A (0’06”): Quais os resultados do monitoramento da qualidade da água realizados


pela Sabesp, este um comparativo com os resultados dos monitoramentos realizados
pela CETESB?

R (0’26”): Você fala especificamente da nossa qualidade da água?

A (0’28”): Sim, da qualidade da água.

R (0’29”): Ok, vamos tentar concentrar isso. Na verdade, o trabalho que eu vinha
coordenando, que eu venho por um tempo, ele é para todos os mananciais. Mas é
claro que o centro das minhas preocupações é Guarapiranga e a Billings. São os
reservatórios onde é muito maior a ocupação urbana, onde é muito maior o conflito
entre essa ocupação urbana, que tem características muito próprias e a questão da
preservação híbrida. Então eu gostaria de falar mais sobre isso. No caso da Billings
que os resultados estão completos mais prontos, a atualização do Plano de
Desenvolvimento de Preservação Ambiental eu já liberei, depois de muito trabalho
sobre ele. Qual a situação que nós temos hoje? Vou citar alguns números, mesmo
porque não tenho todos de cabeça se não se importar. A Billings hoje tem um milhão
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de habitantes, ou próximo disso, a população aproximada. No PDPA para 2015 se


calculou uma população de 980 mil habitantes. Então podemos falar de um milhão de
habitantes agora. É uma população muito grande que tem uma concentração enorme
na área de drenagem que é chamada de corpo central da represa. Vai desde a
barragem ali junto ao Rio Pinheiros, até a Rodovia Anchieta, é onde as cargas
poluidoras estão muito mais concentradas. No caso da Billings, para uma conta que
nós fizemos, e que tem como ponto de partida 2006, se nada tivesse sido feito até
agora nós teríamos uma carga de praticamente 1.400 quilos de fósforo. Qual é a meta
que nós temos lá? Nós temos uma meta agregada no reservatório de 282 quilos, 281,
nunca lembro. É coisa de idade. Essa meta, por sua vez, está desagregada por corpo
central 01, corpo central 02, por braço de Itaquaquecetuba, pelo braço do Rio Grande,
etc. Mas vamos tratar dos números globais. Bom, entre o 282 e o 1400, onde nós
estamos hoje? Nós estamos hoje com uma carga de 800 quilos, ou seja, estamos em
uma posição intermediária, à 500 quilos da meta e à 600 quilos da situação
hipoteticamente pior. No caso da Billings, como é que foi fixada essa meta? Eu não
trabalhei nesse projeto, eu trabalhei no do Guarapiranga, no primeiro PDPA do
Guarapiranga e na elaboração da lei e não trabalhei no da Billings. Aparentemente,
até onde eu sei, essa carga foi fixada a partir da consideração de um programa de
investimento que existia na segunda metade, programas que eram da Sabesp; da
Prefeitura de São Paulo, um programa muito importante; Prefeitura de São Bernardo,
etc., eu não conheço completamente esses investimentos e se chegou a um cálculo
dos seus efeitos que redundou nessa meta. É uma forma diferente do que foi feito no
Guarapiranga, mas depois eu falo o caso “guarapiranguês”. Veja bem, quando a lei
foi elaborada nós estávamos em plena evolução, sobretudo do programa de
urbanização de favelas e de melhoria de loteamentos da Prefeitura de São Paulo.
Havia um esforço enorme, com recurso da própria prefeitura, com recursos do
Governo Federal e com alguns recursos da Sabesp, inclusive a prefeitura executava
as obras de água e esgoto e a Sabesp pagava por elas, além de participar na
elaboração de projetos, de acompanhar a execução da obra, em uma parceria muito
interessante. E algum dinheiro do Governo do Estado através da CDHU, mais de R$
1 bilhão a valores da época, um investimento grande. Isso estava caminhando, claro
que um programa dessa natureza, aos trancos e barrancos, tanto na Billings quanto
no Guarapiranga. Então foi uma época onde era possível haver, digamos assim, uma
expectativa feliz em relação aos resultados futuros dentro de um certo lapso de tempo.
Eu acho que, como sempre, nós pecamos pelo excessivo otimismo, principalmente
quanto aos prazos, não apenas quanto aos prazos, mas principalmente quanto a eles.
Mas de toda a forma, digamos assim, havia a expectativa de que a redução da carga
fosse obtida de uma maneira muito substantiva. E até de certa maneira foi, são esses
600 quilos dos quais eu falei, não é pouco.

A (5’00”): Não, é bastante?

R (5’01”): É bastante, certamente. E mostra também, quer dizer, a falta de


infraestrutura que havia na bacia, que de toda a forma é marcada, como eu disse, por
características urbanas peculiares o que inclui muitas favelas, embora haja mais
favelas na Guarapiranga do que na Billings, tem muitas favelas na Billings. Uma
miríade de loteamentos precários, tumultuados, de natureza irregular em todas as,
pelo menos até agora, não sei se isso continuará ocorrendo no futuro, uma série de
barreiras jurídicas à expansão de infraestrutura. Então a prefeitura desenvolveu esse
trabalho, a Sabesp também fez muita rede de esgoto, com coletores tronco,
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interceptores emissários nessa área como fez no resto da metrópole, até porque a
partir de 2006 e 2007 o nível de investimentos da empresa foi muito elevado, por uma
série de razões. Então havia naquele momento essa expectativa, que eu acho se
manteve até 2012, quando os programas foram interrompidos. Os programas da
Prefeitura de São Paulo virtualmente paralisaram, não foram completamente
paralisados, mas a redução no ritmo de implantação foi enorme e de certa maneira
inexplicada, porque isso antecedeu a crise da economia brasileira, que tem forte
abatimento fiscal sobre as condições de financiamento do setor público, sobre as
condições de investimento do setor. Quando nós contratamos essa elaboração,
atualização dos PDPAs, nós já vivíamos esse período complicado. Então ao contrário
do que aconteceu na segunda metade da década passada, hoje as perspectivas não
são otimistas. Elas são relativamente sombrias, embora eu seja sempre otimista
quanto ao longo prazo, eu não sou nada otimista quanto ao curto prazo. As obras
foram paralisadas e esse stop and go de investimentos leva, do ponto de vista da
população, a uma descrença na ação pública, há uma incerteza quanto à ação pública
para dizer o mínimo; gente que trabalha na área vem alertando para isso há alguns
anos.

A (7’24”): Sim, conheço várias.

R (7’25”): E que há um crescimento aí inferior, que eu achei que esse assunto a gente
tem que tratar de maneira aberta, e há um crescimento do crime organizado com
efeitos que não são, digamos assim, tão isolados e tão ínfimos quanto alguns
gostariam de pensar. Nós tivemos que elaborar esse PDPA nessas circunstâncias.
Foi por isso que nós mudamos um pouco esse trabalho àquilo que normalmente se
faz no setor público. O que nós tínhamos de fazer? Bom, nós não atingimos a meta
em 2015, estamos longe dela. O que precisa fazer para atingir essa meta? O que
normalmente se faz é um documento que seleciona as melhores variáveis, as
melhores intervenções alicerçadas em uma perspectiva muito otimista de recursos e
mede, simula, o resultado disso. E aí sempre a meta é atingida ao cabo de um certo
tempo. E de certa maneira vinha sendo conduzido nesse sentido, que é o sentido
habitual, eu diria até convencional dos documentos públicos. Aí quando eu recebi o
documento contratado, havia sido... e que de maneira geral corresponde à expectativa
de uma parte das pessoas que lidam com isso, eu me senti incomodado.

R (9’00): Bom, eu me senti muito incomodado e achei melhor considerar hipóteses,


cenários menos otimistas. O que a gente faz nessas simulações? O grande elemento
previsto na legislação no caso da Billings e do Guarapiranga é o fósforo total, o
nutriente que se encontra predominantemente no esgoto doméstico, e todos os
nossos estudos são na verdade de um fluxo de cargas em tempo seco para o
reservatório. Há alguma consideração de tempos chuvosos, etc., quando o
comportamento das cargas muda um pouco, mas de maneira geral essa é uma
modelagem de tempo seco. Ela tem uma limitação, não é uma limitação tão grande
porque o chamado runoff urbano não é um runoff convencional também. Ele tem muita
carga de esgoto que de alguma maneira fica pelo caminho, não chega ao reservatório
em tempo seco, ela se sedimenta no leito dos córregos, ela fica na rua, ela fica na
fossa que fica cheia, mas não extravasa etc. Quando vem uma chuva forte, carreia
isso tudo para o reservatório e é claro que a carga de fósforo aumenta muito, mas
parte disso é esgoto. Então, o que nós fazemos nessas condições? A gente pensa em
uma questão que a gente chama de Rendimento do Sistema de Esgoto. Até onde
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você tem que avançar com esse Rendimento de Sistema de Esgoto para você abaixar
muito a carga? Por outro lado, esse Rendimento de Sistema de Esgoto não é um
problema setorial da concessionária, seja Sabesp, seja lá quem for, esse rendimento
está muito vinculado à qualidade urbana, qualidade dos assentamentos urbanos.
Onde você tem favelas, onde você tem ocupações de fundo de vale e todas essas
marcas distintivas da metrópole, principalmente nos seus zoneamentos periféricos, a
situação fica muito difícil e não há condições da concessionária atender de uma forma
mais ampla e absolutamente universal a todos. Bom, então o que nós fizemos? Para
atingir a meta, naquela velha postura. Não vamos chamar de velha postura porque é
um pouco pejorativo. Naquela postura mais convencional, a gente calcula que 90%
da população tipicamente urbana será atendida. Então no caso da Billings e
Guarapiranga é um percentual de famílias que moram em condições mais isoladas.
Nós não estamos considerando isso, em geral 3% da população. Então na Billings
são 30-40 mil pessoas em um milhão, não é uma coisa considerável. Bom, do que
sobra da população que é majoritária, nós imaginamos atender 90% dela e desses
90% nós calculamos que 95% dos esgotos coletados serão exportados para
tratamento, que normalmente é feito fora da bacia, como no caso da Billings. No caso
da Billings tem algum tratamento isolado, Jardim Pinheirinho e Riacho Grande, por
exemplo, essas duas ETES. Tem uma pequena ETE, bem pequena, em Santo André,
mas o tratamento normalmente é feito na ETE Barueri, é uma estação enorme longe
à beça, e na Estação ABC. Essas condições: 90% de atendimento, 90% de cobertura
efetiva com serviço de imóveis efetivamente ligados à rede; e 95 do esgoto, 95% do
esgoto coletado e transportado para tratamento é uma condição para o cenário urbano
que nós temos na Billings hoje, extraordinariamente otimista. Vamos dizer que é um
cenário idealizado. Com esse cenário, se executado, a carga ela fica em 230 quilos.

A (12’47”): Atende?

R (12’48”): Atende, com folga, etc. E ficamos todos felizes. O problema é que não
temos as condições hoje para prover esse tipo de cobertura tão eficiente assim. O
rendimento do sistema acaba sendo menor.

A (13’00”): Mas ele será feito, só não naquele prazo? Porque não...

R (13’05”): Isso também está em dúvida, depende muito das condições de


investimento urbano do Estado Brasileiro e das rendas das famílias. Se você tem uma
economia que não deslancha, você não tem nem renda fiscal para o Estado investir e
você também não tem renda das famílias para modificar o seu habitat próprio. Essas
condições não estão absolutamente dadas, ninguém garante que a história caminha
sempre para frente de forma positiva. Bom, eu pedi então para ser feita uma simulação
com ainda 90% de atendimento, sempre com 90% de atendimento, mas não com 95%
dos esgotos coletados, mas com 90%, com 80% e com 70%. Com 90% dos esgotos
coletados e encaminhados para tratamento chega-se muito perto da meta., pouco
abaixo de 300 quilos e pode-se dizer que ela está atendida. Mas a situação muda
muito se nós colocarmos 80 e 70%.

A (14’02”): É, recordo-me desse gráfico de sua apresentação no Consórcio do


Grande ABC. Muda muito.

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R (14’05”): Muda muito. A carga com 70% vai para o dobro do que aquela que
aumenta. E a carga com 80% fica em, se não me engano, 442 quilos, bem acima da
meta fixada. Mas essas condições, de 70% dos esgotos e 80% são condições mais
aderentes, são variáveis, não condições. São variáveis mais aderentes à realidade às
condições que hoje nós temos do que outra. Eu acho que hoje, nas condições que
nós temos, coletar 90%, encaminhar 80% dos esgotos já é uma meta considerável.
Mas com isso nós acabamos com 442, 450 quilos de carga. Ou seja, para que nós
continuemos baixando aquelas cargas no caso da Billings, nós temos dois tipos de
providências a tomar: no caso da Billings, ao contrário do Guarapiranga, há sim,
apesar de tudo o que eu disse, não obstante tudo o que eu disse, um espaço para
investimentos setoriais, que é basicamente ao meu ver constituído pelo programa Pró-
Billings da Sabesp, que deve atender. Está sendo retomado depois da interrupção
causada pela Crise Hídrica, em São Bernardo e no final das contas em Diadema.
Então ele deve melhorar as condições de algumas bacias como a bacia do Alvarenga,
a bacia do Eldorado, que são hoje muito ruins. Então devem melhorar as condições
de fluxo de cargas de fósforo para o corpo central número um da represa, que é aquele
onde existe mais gente morando na área de drenagem. Isso vai fazer baixar a carga.
Mas para que a carga baixe mais, baixe de uma forma substantiva e principalmente
sustentável... a sustentabilidade dos resultados é um outro problema... é preciso que
os investimentos urbanos sejam retomados. E num momento, as condições fiscais do
setor público, por esforços que a Prefeitura de São Paulo vem fazendo para retomar
algum nível de investimento, nós estamos muito distantes de uma situação que
poderia ser chamada, não de ideal, mas de boa. Então, no trabalho nós fizemos uma
projeção de cargas dentro dessas condições até 2035, mas não fornecemos prazos
para que elas aconteçam. Claro, há um deadline de 2035, mas se nós pegarmos esse
período de 17 anos que medeiam esse momento de hoje e a data final, e o horizonte
final do trabalho, poderia ser perfeitamente dividido. Nós dividimos em curto prazo,
médio prazo e longo prazo. Os exercícios que nós fizemos são exercícios arbitrários
porque nós não temos condições hoje e previsões de investimento em lugar nenhum.
A Sabesp tem alguma previsão de investimento, mas de maneira geral os demais
órgãos não têm.

A (16’46”): Ou seja, então vocês trabalham o PDPA em cima dos resultados do


monitoramento que a Sabesp realiza?

R (16’51”): Não. A Sabesp, CETESB, todo mundo.

A (16’54”): As ações são compartilhadas.

R (16’55”): Além disso, da simulação entre a realidade da ocupação do uso do solo e


a qualidade da água. A gente faz uma simulação. Você tem um modelo matemático,
chamado MQUAL, por causa da península MQUAL2, a que foi aplicado, que é um
modelo mais aderente à realidade dessas bacias mais urbanizadas. Esse modelo faz
o que? Ele tem coeficientes de geração de carga por tipo de uso, usos urbanos, usos
rurais, etc. Ele tem dezenas de tipos de uso, mas existem oito tipos agregados. Uso
urbano três tipos, uso rural cinco tipos. E nós fazemos um mapeamento do uso do
solo, uma identificação dos seus usos na atualização de como a bacia...

A (17’39”): Vocês fazem isso? Os municípios não enviam nada de informações?

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R (17’41”): Não, eles mandam documentação, mas a gente faz a parte de imagem de
satélite. E a gente calcula a população e faz uma projeção demográfica e junta tudo
isso. Entra com esses dados de população, de uso do solo, coeficiente de carga na
modelagem e ele roda um modelo, que é uma tentativa de aproximação com a
realidade. Então nós podemos chegar a uma noção de cargas para tempo seco, que
no caso da Guarapiranga e da Billings está relativamente próximo do real, mesmo
sem fazer o monitoramento. Agora, o monitoramento serve para a gente ajustar e
calibrar o motor. Então esses modelos já foram calibrados mais de uma vez e
possivelmente isso será feito mais no futuro. A primeira grande calibragem que teve
foi da passagem do MQUAL1, que foi utilizada no Guarapiranga, para o MQUAL2.
São as... podemos ver adiante na conversa, mas no caso da Guarapiranga foi utilizado
o primeiro modelo feito de depois de percebeu que alguns coeficientes de carga
tinham sido subestimados e a meta estabelecida era uma meta que não é aquela que
nós devíamos ter estabelecido, deveria ser um pouco maior, para chegar as condições
que nós havíamos colocado como alvo da ação pública e da ação da sociedade da
micro bacia. Então essa é a situação da Billings hoje em dia. Então eu espero que
essa fase, que essas perspectivas sombrias digam respeito a uma situação muito
transitória. Mas não é um dado fácil de lidar, não é um dado fácil, uma realidade muito
complicada.

A (19’10”): Sim. As metas são por compartimento e por municípios, as prefeituras


realizam monitoramentos da qualidade da água também?

R (19’22”): No caso da Billings foram feitas por compartimento dos reservatórios. São
cinco compartimentos e por município.

A (19’29”): O município não controla? Não tem um controle do monitoramento do


município?

R (19’34”): Não, normalmente não tem.

R (19’41”): Na verdade nós podemos fazer o cálculo por município usando o mínimo
uma modelagem matemática. No caso da Billings hoje em dia, quem cumpre a meta
é Rio Grande da Serra. Mas porque é o município menor também, com menos
contribuintes.

A (19’53”): Rio Grande da Serra está crescendo muito e desordenadamente, o que


é um problema.

R (20’04”): Essa é uma outra questão, veja bem: do ponto de vista mais geral, nossas
projeções demográficas hoje são muito benéficas para essa luta contra o passivo
urbano e contra o passivo ambiental, porque a população tem crescido muito pouco
de maneira geral. Os índices de crescimento, por exemplo, eu sempre cito que os
índices de crescimento demográfico no Distrito do Grajaú, que pega parte do
Guarapiranga e parte da Billings, é o maior distrito censitário de São Paulo, tinha mais
de 300 mil moradores. Ele foi entre 2000 e 2010, ele cresceu uma taxa anual média
de 0,8%. Isso não tem nada a ver, por exemplo, com os crescimentos das décadas
de 50, 60 e 70. Não no Grajaú no caso da metrópole, o Grajaú não existia na época.
Porque eram crescimento siderais.

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A (20’47”): Porém, estas áreas já estão com grande adensamento populacional,


Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, por exemplo, tem muitas áreas/lotes vazios
ainda.

R (20’51”): É porque reduziu a fecundidade. Reduziu a natalidade, o número de


pessoas por família diminuiu dramaticamente no Brasil e em todo o mundo, de uma
maneira incrivelmente acentuada. Nós temos hoje um padrão de fecundidade próximo
a países de primeiro mundo, onde isso daqui a pouco vai virar um problema, e
consequentemente o envelhecimento da população. A idade média está cada vez
mais elevada e isso cria problemas previdenciários, cria problemas de sobrevivência.
Qual é a idade de se aposentar? Aquela velha ideia de se aposentar aos 55 anos não
existe. Bom, então... agora é claro que em alguns lugares esse crescimento pode ser
maior. Durante o período intercensitário anterior, 2000-2010, você teve uma
reconcentração de população nas áreas centrais, a periferia cresceu pouco. Como
você tem uma crise econômica agora, eu não sei como isso vai se apresentar no
Censo de 2020. As nossas projeções demográficas foram feitas em 2015, a Crise
estava instalada, o PIB em 2015 decaiu 3,5% e outro tanto em 2016, mas esses efeitos
da Crise Econômica provavelmente não interferiram tanto na demografia, então pode
ser que nas pranchas periféricas nós tenhamos um certo recrudescimento localizado
da população, mas correspondem de certa maneira a migrações internas e não a um
crescimento de fecundidade. Isso não vai ocorrer, pelo contrário, é capaz de a Crise
Econômica até fazer cair um pouco mais. Porque as pessoas evitam filhos por causa
do custo.

A (22’32”): Essa questão dos municípios, porque por exemplo, tem um artigo da
legislação que fala que o município poderá reduzir a cota-parte nas áreas urbanas
(SUC e SOE) em até 50% para fins de implantação de condomínio... Ou seja, se eu
tenho de mil metros, poderia fazer quatro lotes, com este dispositivo legal posso fazer
oito unidades. Todavia para aplicar este artigo o município tem que comprovar que
está atingindo a meta de qualidade de redução de fósforo. Conheço dois municípios
que estão aplicando esta redução, porém conforme demonstrado na sua palestra no
Consórcio Intermunicipal de forma geral nenhum compartimento atendeu a meta,
certo?

R (23’19”): Na verdade eu sei que tem as medições pelos dois. Mas veja, eu tenho
uma posição muito heterodoxa a esse respeito. Eu não coloquei toda essa posição no
PDPA, mas eu conversando com você posso livremente colocar. Veja, o grande fator
que nos ajuda hoje, na verdade nós temos dois fatores que nos ajudam. Primeiro o
crescimento demográfico baixo, o qual já me referi. Se o crescimento estivesse quatro
ou cinco por cento ao ano nós teríamos um pequeno Inferno de Dante no caso. A
segunda questão é que está claro para todos a necessidade de fazer investimentos
na periferia urbana, de urbanizar favelas e etc. e tal. Pode parecer pouco, mas se você
for a outros lugares no Brasil, há 10 anos, urbanizar favelas era coisa que não estava
na pauta. Não se faziam urbanização de favelas antes da década de 1970 e na
verdade isso não avançou muito até a década de 1990, quando nós tivemos o
programa Guarapiranga, quando nós fizemos muita urbanização de favela,
incrivelmente de forma pioneira em área de manancial, e não fora. Aquele programa
merece um capítulo sempre em função dessas inovações. Então juntando as duas
coisas, eu acho que no longo prazo, não havendo um predomínio das incertezas
econômicas o tempo inteiro, você tem condições de ir baixando isso. Esse é um ponto.
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O outro ponto é que eu particularmente acredito muito pouco em legislações


excessivamente controladoras. De certa maneira, a Lei Específica do Guarapiranga
já não, embora eu tenha sido um dos coordenadores do trabalho, ela já não saiu do
jeito que eu queria. Eu imaginava uma coisa diferente. Eu imaginava uma coisa mais
centrada no controle da qualidade da água, num zoneamento de uso de solo mais
indicativo, mas tive que me curvar ao fato que houve técnicos de municípios que
pediram para essa legislação ser incorporada... para essa questão de o regramento
municipal ser incorporada na legislação estadual. Eu não acredito muito nisso. Eu
acredito mais nas forças vivas da economia e da sociedade. Se você tem condições
melhores, não condições ideais, bom crescimento econômico, taxa de crescimento
demográfico baixa, bom padrão de investimento público, etc. e tal, você vai resolvendo
as situações.

A (25’56”): Consequentemente a população também vai...

R (25’59”): A população também tem mais renda, melhora as condições de moradia


e saneamento.

R (26’09”): Ou fazer um sistema particular que seja uma fossa melhor. Tudo vai se
resolvendo. Não é um processo completamente virtuoso. Se você descer o olho no
detalhe, se você enxergar o processo de perto você vai ver, claro, muitas
anormalidades, mas no seu conjunto, isso para mim é muito importante, é um
processo que pode ser predominantemente positivo e é tudo o que nós podemos
desejar. Seremos bastante felizes. Então, acho que a tentativa de você fazer um
controle muito estrito, com regras muito estritas, é como dizia meu velho professor de
filosofia no tempo do colegial: “Regra existem para serem desrespeitadas”. É a
realidade que acaba se impondo, porque nós temos uma metrópole plena de
desigualdades de renda, de iniquidades sociais. E favela, loteamento irregular, morar
em área de risco são soluções habitacionais para uma população que não tem
alternativas. Por final, ponto final para mim, claro que isso não significa que a gente
não deva ter regras. Regras sim, mas a gente precisa ter muita sabedoria ao formulá-
las e depois ao aplica-las. Não é um assunto fácil de toda a forma. Porque alguém
podem me dizer o seguinte: “Do jeito que você está falando vai ser uma espécie de
Laissez-faire”, aí cada um faz o que quer e essa coisa toda. Não precisa chegar a
isso, mas também não confie demais em regras porque depois você não consegue
impor. Um caso típico da legislação específica que causou... é o lote de 250m 2. Você
tem lotes de 125m2 que já são um padrão muito bom e áreas enormes, aí você “não,
os lotes novos é que terão que ter 250”. Você reproduz na vizinhança um padrão
predominante que tem ali.

A (28’01”): Aí o pessoal faz casa geminada e faz de conta.

R (28’05”): Como disse o técnico de uma prefeitura do interior aqui, “a gente regulariza
lotes de 60m2”. Que ponto? Além do que, não sei se estou me antecipando um pouco,
nós temos uma legislação nova de regularização fundiária do Governo Federal que
regulariza tudo isso. Eu não sei, eu não tenho uma visão clara sobre essa legislação,
e apesar de me considerar razoavelmente progressista nessa questão, perante essa
legislação eu virei um conservador, mas o que nós temos claramente, isso eu escrevi
ontem na revisão que estou fazendo do PDPA do Alto Tietê Cabeceiras, nós temos
um processo que não é de agora, no sentido de reduzir as exigências de regras, para
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aproximar a cidade informal da cidade formal. O Estatuto das Cidades é isso. Os


programas de urbanização de favelas são esses, esforços de regularização fundiária
que já existem são esses, e tal. Então eu não sei se essa legislação pegará
imediatamente, se ela será... tem muita legislação no Brasil que não pega
imediatamente, mas ela faz parte dessa marela, só é mais radical do que vinha sendo
feito, bem mais radical do que vinha sendo feito até agora. Nós precisaríamos
considerar isso. Agora, depende muito da evolução política, de como as eleições
descobrirão os partidos, os gestores, se eles serão mais próximos de uma situação
em que você deve regularizar tudo ou não, embora eu não veja a meu ver, algo que
deva ser examinado a partir de uma clivagem de esquerda e direita. Posição de
regularizar tudo pode ser uma posição liberal.

A (29’47”): Mas acho importante isso porque dentro da legislação atual quem não
tem titularidade não regulariza e aí a pessoa fica impedida de ter o licenciamento
ambiental. A nova lei de regularização fundiária ainda é um enigma de como será sua
aplicação.

R (30’11”): É, a minha simpatia com ela é uma simpatia de cautela porque eu não sei
medir as consequências. Não sei se ela vai ser apropriada por invasores de terra, por
grupos mais da esquerda ou quem já está fazendo investimento imobiliário é o crime
organizado.

A(0’09”): Simples, regularização de lotes, sei lá, de 500 metros, comprovar pré-
existência, de que tem toda essa situação, nem isso consegue as vezes e quem dirá
um loteamento, um problema muito maior.

R (0’12”): Em todos os debates que a gente fez, em todos os lugares se reclama muito
disso. Praticamente em todos os lugares. Sempre tem alguém que reclama disso. Há
poucos dias teve uma visita aqui do pessoal da Sabesp a uma área periférica de...
acho que foi no Guarapiranga, onde encontraram um sujeito lá que trabalha com
regularização fundiária. Acho que ele vive disso, e ele reclamou muito disso. Ele não
consegue nem fazer regularização daquilo que aparentemente poderia ser
regularizado. Então, não é um assunto que eu domine completamente, o que eu sei...

A (0’42”): Até porque a compensação monetária e/ou compra de terrenos, acaba


sendo inviável para muitas famílias.

R (1’01”): Não tem cabimento. Eu espero que pelo menos essa veiculação ele... no
Brasil de hoje é possível que vire assim uma guerra de trincheiras entre os que são
contra e os que são a favor e não se resolva nada, mas seja um elemento de reflexão
para a gente, tem que seguir a regularização, que Santo Deus! É uma necessidade
social enorme.

A (1’19”): Aí outra corrente seria a compensação por área, que foi o que a Vivian
falou na reunião: “O objetivo é que sempre faça compensação vinculando áreas”.
Porém que comprar uma área, depois terá ônus de mantê-la preservada e livre de
qualquer intervenção. Muitas vezes acontecem invasões, há também que pagar IPTU,
sem haver descontos pela manutenção da área verde. O que ocorre na prática é um

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161

“faz de conta”, algumas prefeituras fazem de conta que tem área permeável em
especial nos casos de regularização e o processo passa pelo licenciamento ambiental.

R (2’00”): Imagino. Nós temos reclamações em todos os lugares, todos os lugares.


Seria interessante que o Estado, o Poder Público, começasse a ponderar esse tipo de
coisa e ver que simplesmente não está funcionando. Em uma das reuniões que nós
fizemos no Consórcio do ABC o secretário de Habitação, o Abukater, de São Bernardo
do Campo, fez uma defesa veemente da legislação dizendo uma coisa que
efetivamente é verdade: “Do jeito que está não está funcionando”. Então isso é algo
a ponderar. Os detalhes disso tudo pode ser objeto de discussão e tal, mas eu acho
que o sentido geral deveria ser de um esforço muito maior pela regularização. E que
exista mais flexibilidade, não regras rígidas. Regras rígidas não permitem isso.

A (2’48”): O PDPA na verdade só vai tratar do que é a meta, do que foi atingido. Para
rever a lei seria outra situação, ou é o PDPA que aponta isso para possível revisão
legal?

R (2’59”): Não, nós não temos. Essa é uma outra questão. Talvez devêssemos ter
começado por esse ponto. Qual foi a grande dificuldade que eu senti nesse trabalho?
Eu estava afastado há alguns anos, desde meados da década passada. O grande
problema, isso já foi dito em um workshop que fizemos com ajuda de Eduardo Trani,
que hoje é secretário de Meio Ambiente.

A (3’16”): Ele deu aula para mim na ESC.

R (3’19”): É que... a legislação de mananciais começo em novembro de 1997. Ela já


fazendo 21 anos em mais um pouco. Em outubro ela faz 21 anos. Está na hora de
rever as ideias. Em metrópoles como as nossas em expansão. Particularmente a de
São Paulo, muito dinâmica, etc., nós precisamos fazer um exame crítico do que está
funcionando e do que não está. O que eu acho que funcionou? Ele permitiu, por
exemplo, colocar na agenda... o que a legislação, os PDPAs e todo o movimento em
torno da reforma da ação pública na área de mananciais permite? Primeiro lugar é
colocar o assunto na pauta dos governos. Isso não elimina os Stop and Gol
Investimentos os quais me referi, mas é uma situação melhor do que nós tínhamos,
por exemplo, antes de mil novecentos e... antes do Programa Guarapiranga, onde o
índice de atendimento com coleta de esgoto na Billings era de 13%. E Santo Deus,
né. E 13% naquelas áreas melhores, etc e tal. O Guarapiranga ainda era maior, 35%,
também baixo. É verdade que o índice na época não é alto em todos os lugares, mas
no Guarapiranga e na Billings eles eram menores que em outras áreas periféricas, o
que é um contrassenso porque nós temos uma inicial e em outras áreas periféricas
não. Bom, então ele colocou isso na pauta e facilitou os investimentos, facilitou de
certa maneira os licenciamentos ambientais, não completamente, mas facilitou. Mas
enfim, trouxe luz, jogou para o palco o assunto. Agora, qual o incômodo que eu senti
no trabalho? O problema é que as ideias novas não germinaram completamente.
Quando eu falei de simular, problematizar o alcance da meta colocando variáveis não
tão felizes nas nossas simulações, de certa maneira é uma inovação. Não estou
querendo dizer que não é fácil atingir uma situação muito boa assim tão simplesmente.
Isso é uma questão. Mas há outros assuntos que precisariam ser avaliados. Dois
assuntos que me preocupam hoje claramente, quer dizer, três assuntos aliás.
Primeiro, a retomada dos investimentos, que não é fácil; segundo, há uma certa
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anomia social, que é uma palavras que os sociólogos gostam de usar que é uma certa
falta de regramento do convício social em periferia, onde leia-se presença da
criminalidade; em terceiro lugar eu acho que precisa ser repensada a relação
federativa entre estados e municípios no que diz respeito ao regramento do uso do
solo. O que a gente vai manter é sugerir que esse tema venha à baila e que talvez
valha a pena que a Lei Estadual não incorpore vinculatoriamente o regramento
municipal. Isso tem criado tensões federativas, isso cria dificuldades para
regularização. Outros casos poderiam... o caminho poderia ser mais fácil. Eu acho
que pelo menos esses três pontos. Esses são os pontos que eu pude identificar e de
certa maneira eu coloquei no PDPA com maior ou menor força, porque evidentemente
ele não é um trabalho individual. Se fosse individual talvez eu fosse mais afirmativo,
mais fleumático, mais... eu não acho que essas ideias esgotem as possibilidades
novas. Nós teremos de sentar, pensar bastante, fazer uma espécie de brainstorm de
ideias para a gente retomar o caminho da evolução com um discurso que seja
aderente às condições que nós temos hoje. De certa maneira a força das ideias,
quando as ideias envelhecem a força se esvai. Espero que tenham ideias mais nobres,
consistentes para conseguir, vamos dizer assim, revitalizar o assunto em novas
bases. Estou falando isso de uma maneira geral. Posto isso, se não a gente não
avança, no caso da Guarapiranga você tem uma carga meta fixada de 147 quilos de
fósforo. Segundo a contratada, fazendo uma simulação usando o Mqual, não o
eventual 1, essa carga deveria ser de 206 quilos de fósforo. Que tem muito a ver com
a realidade Guarapiranga e Billings. A Guarapiranga 206 quilos, a Billings 282. A
diferença é dada em grande parte pelo fato de que no Guarapiranga você tem algumas
várzeas que causam abatimento de cargas muito grande e que podem ajudar a
explicar um pouco essa diferença. São duas bacias que do ponto de vista populacional
são equivalentes. A população do Guarapiranga de 2015 foi estimada em 930 mil
habitantes, então muito próxima da Billings. Há um número maior de favelas no
Guarapiranga, em compensação um número menor de loteamentos irregulares. A
população da Billings está mais concentrada, especialmente na área do corpo central.
A população do Guarapiranga, embora haja concentração o uso urbano é meio um
pouco mais fragmentado. Fragmentado na margem esquerda, fragmentado na região
de Itapecerica da Serra, etc. Bom, no caso do Guarapiranga, onde nós medimos a
carga? Vou contar a história um pouco mais rapidamente. Eu não revisei ainda o PDP
do Guarapiranga, é o último que eu vou fazer. Espero terminar o Alto Tietê Cabeceiras
hoje ou segunda-feira, mas o do Guarapiranga eu não devo levar muito tempo. O da
Billings eu levei quatro ou cinco meses. A do Guarapiranga eu espero levar uma
semana, até pela semelhança das ações.

A (8’35”): E você faz isso sozinho?

R (8’36”): Eu faço sozinho.

A (8’39”): Parabéns.

R (8’40”): Eu faço sozinho. É porque não tem equipe. Esse foi um problema que a
gente teve. A contratada empenhou todos os esforços no setor público, porém esse
era meio desfalcado. Mas enfim. No caso do Guarapiranga nós medimos uma carga
em 340 quilos de fósforo, então é uma proporção. A distância para metro é uma
distância menor, o que não seja que ela seja fácil de ser diminuída. É muito difícil.
Essa carga tem se mantido mais ou menos estável desde 20 anos atrás. O que é
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ótimo se a gente pensar que há 20 anos nós tínhamos uma população então de 630,
640 mil habitantes e hoje nós estamos com 950. Nós temos 50% a mais, então não é
ruim. Mas em compensação, no Guarapiranga nós não temos grandes investimentos
setoriais para fazer. As redes de esgoto em larga escala já estão feitas. A Sabesp hoje
está discutindo executar sistemas de esgoto em áreas em que a densidade já é muito
baixa. As últimas áreas muito urbanizadas, a região do Crispim e a região do Branca
Flor em Itapecerica estão em obras de finalização. A partir de agora sobra assim muito
investimento para fazer para um número baixo de imediações. Você tem um outro
problema, que é a otimização do sistema, o que diz respeito à sua sustentabilidade
também. A Sabesp tem vários desafios pela frente. Um ela tem que resolver sozinha,
o outro talvez não seja possível. Qual é o que ela pode resolver sozinho? As
elevatórias de esgoto têm funcionamento muito problematizado pelas condições que
você encontra na periferia. São estações elevatórias de esgoto iguais às que se
fazem... são feitas na Europa, etc. e tal. O problema é que aqui elas não funcionam
da mesma maneira porque chega todo tipo de detrito na estação elevatória,
prejudicando as bombas e tudo o que você pode imaginar.

A (10’24”): Eu imagino.

R (10’25”): Então tem um estudo hoje em dia para se colocar nas elevatórias uns
trituradores na entrada delas para evitar a entrada de material sólido que de alguma
forma o gradeamento não retém e uma série de outras circunstâncias que não são
utilizadas em países desenvolvidos. A necessidade disso aqui, onde o sistema de
esgoto tem muita interpenetração do sistema de drenagem, e do ponto de vista de
cobertura física, ele é mais extensivo do que as redes de microdrenagem. Essas redes
de esgoto acabam muitas vezes fazendo papel de drenagem também para o qual elas
não foram projetadas. Mas esse é um assunto que a Sabesp tem que resolver. Nossa
última reunião feita anteontem aqui inclusive. A outra questão é você faz o sistema e
está operando dentro de certas limitações e ele passa a operar pior porque de repente
um assentamento novo foi feito em cima do coletor tronco, o coletor tronco foi rompido
e está jogando esgoto no córrego. É o caso, por exemplo da (ininteligível), cujo
deságue é o mais próximo possível da captação para tratamento. Três, quatros pontos
de dano no coletor tronco e cinco mil ligações familiares jogando no esgoto, que antes
não estava jogando.

A (11’34”): Essa fiscalização é um problema gravíssimo também.

R (11’37”): Não é só fiscalização, quer dizer, a fiscalização também, mas é um


problema de pobreza. É um problema de investimento urbano. Aí de repente começa
a chegar esgoto em uma quantidade no córrego e o que está havendo? Você vai
vendo e não encontra esse tipo de incidência e é um tipo de incidência que a empresa
não tem a rigor como resolver. Poderia fazer esse investimento sozinho? Poderia, mas
tem um custo para tarifa, enfim, e não é o certo fazer. Isso é um problema urbano, não
é um problema de investimento setorial. Então esse tipo de dificuldade a gente tem...
portanto, chegar perto da meta não significa dizer que o caminho é sempre seguro. É
uma luta inclusive manter o que você já conquistou. Então no Guarapiranga nós temos
isso com esse intervalo hoje em dia e nós estamos ainda fazendo algumas simulações
para ver como é que baixa isso.

A (12’28”): Diminuir ainda mais?


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R (12’29”): Abaixar a carga. Se você opta por aquelas variáveis legais você consegue.
O problema é que nós ainda estamos simulando. Eu pedi uma nova simulação para
ver onde a gente vai exatamente parar, certo? De toda a forma a empresa já pensa
em fazer algum tratamento extra de maior escala das águas dos córregos. É uma
coisa que está sendo aventada aqui, fazendo um tratamento localizado das águas do
córrego Embu Mirim, do rio Embu Mirim. O rio Embu Mirim é um dos principais
formadores do (ininteligível), junto com o Embu- Guaçu, o córrego Santa Rita e ele
tem poluição crescente. É um rio de vazão em torno de três, três metros cúbicos e
meio de água por segundo e está piorando porque ele drena uma área de expansão
urbana, e de expansão muito fragmentada. Como é que a gente pode fazer para
resolver a situação desse córrego? Aparentemente com o sistema convencional de
esgoto nós não vamos resolver porque eu sei o rendimento, é aquele problema do
rendimento, face às condições urbanas nunca vai ser completamente elevado. Então
qual é o recurso adicional que nós temos para fazer baixar as cargas? Talvez seja um
tratamento das chamadas águas naturais do córrego, que não são tão naturais assim.
Esse é um caso do Guarapiranga e da Billings e do quadro de cargas que nós temos
hoje em dia.

FIM EM 45’52”

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APÊNDICE I - Depoimento e autorização do Cartório de Registro de Imóveis


de Ribeirão Pires
167

ESCOLA SUPERIOR DA CETESB


Curso de Pós Graduação
Conformidade Ambiental com Requisitos Técnicos e Legais

DEPOIMENTO
FINALIDADE: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

TÍTULO: A LEI ESPECÍFICA DA BILLINGS: AVANÇOS E DESAFIOS


Data depoimento: 22/03/2018

Nome: DOUTOR LUC DA COSTA RIBEIRO

Instituição: Cartório de Registro de Imóveis de Ribeirão Pires-SP


Instituição: Oficial de Registro de Imóveis e Anexos da Comarca de Ribeirão Pires -
SP

No âmbito Constitucional, é competência privativa da União legislar sobre


registros públicos, conforme o art. 22, XXV, assim as imposições de restrição
ambiental estabelecidas nos documentos administrativos emitidos pelos
órgãos Estaduais e Municipais licenciadores, tais como a Declaração de
Vinculação (DV) e o Termo de Responsabilidade de Preservação de Área Verde
para Lote (TRPAVL), são ônus reais?

Tanto os registros públicos quanto o direito civil (no qual se encontram os


direitos reais) são competência privativa da União. Assim, Estados e Municípios não
podem criar direitos reais, nem interferir no funcionamento interno do Cartório (mas
lembre-se que é do Estado a competência para definir os emolumentos; bem como
da Corregedoria do Estado fiscalizar os Cartórios).
Eu bato muito em cima da sua pergunta. Não me parece que a legislação
Estadual poderia criar ônus. Em geral, ônus são direitos reais. E em geral, são
publicizados por registro.
A publicidade registral é erga omnes, ou seja, contra todos. Por isso, todos os
registros e averbações devem ser de conhecimento de qualquer pessoa do país todo.
Não é à toa que os registros públicos são de competência da União. O mesmo se diga
em relação aos direitos reais.

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Na minha visão, não é possível que a legislação Estadual crie um ônus, ainda
mais real (próprio do direito civil).
Por outro lado, acho plenamente possível que a legislação Estadual determine
levar-se à matrícula as restrições que ela impõe ao imóvel: como é o caso da DV e da
declaração de área contaminada.
Isso se aplica às restrições ambientais gerais, como lote mínimo (constante da
DV), por exemplo. Pois essas restrições ambientais são feitas dentro da competência
concorrente ambiental estadual e são gerais (servem para todos os imóveis nas
mesmas condições). Nesse caso a averbação serve para dar publicidade e está
dentro do princípio da concentração.
Já para a questão do TRPAVL, bem como da compensação ambiental através
de outro imóvel, a forma como é feita hoje, através de averbação-notícia, não é a
melhor do ponto de vista jurídico, pois não tem qualquer eficácia em relação a
terceiros. Ela só vale para aquele que assinou o compromisso perante o órgão
ambiental. Se a pessoa vende o imóvel, não me parece que o comprador tenha de
respeitar a obrigação do anterior proprietário. Esse efeito ultra vires da obrigação deve
ser previsto em legislação federal.
Quando é necessário submeter um imóvel a outro, a via jurídica correta é a
servidão.

Sobre quais outros assuntos ambientais gostaria de falar?

1- Um instrumento de suma importância a ser aplicado nos processos de


licenciamento e regularização e novas construções é a Servidão Ambiental, prevista
na Lei Federal 6.938/1981, Art. 9-A com redação dada pela Lei nº 12.651/2012 ---
Novo Código Florestal, que consiste na renúncia voluntária das faculdades de usar e
gozar o imóvel. O proprietário do imóvel pode, por instrumento público ou particular
ou termo administrativo firmado pelo órgão licenciador, limitar o uso de toda a sua
propriedade ou de parte dela para preservar, conservar ou recuperar os recursos
ambientais existentes, instituindo a servidão ambiental. Esta é a melhor solução
técnico-jurídica para vincular um imóvel a outro, ou mesmo para obrigar o proprietário,

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seja quem for, a limitar sua ação sobre o imóvel. Ademais, para fins de compensação,
mostra-se infinitamente mais barata, o que viabilizaria as regularizações ambientais.
O interessante é que passa a existir a figura do “empreendedor do verde”, que
vai ganhar mais dinheiro preservando do que desmatando. As normas sobre esse
assunto foram pensadas para imóveis rurais, então cabe um esforço interpretativo
para adequá-las aos urbanos. A maior crítica que faço é a impossibilidade de utilizar-
se as APPs para compensação. Na minha visão, o grande problema da legislação
ambiental que ganhou cenário a partir dos anos 70 foi a transferência de um grande
ônus ao proprietário sem nenhuma contrapartida. O resultado foi o abandono dos
imóveis por “quem tinha algo a perder” e a invasão e devastação deles por “quem não
tinha nada a perder”. Dessa forma, por mais que atualmente seja claro que não se
pode fazer nada em APP e que aparentemente seja sem sentido permitir que elas
sejam dadas em compensação, esta seria uma forma de dar retorno econômico a
quem a preservasse e, com isso, garantir que efetivamente sejam preservadas. Um
ponto importante é não permitir que o particular, depois de ganhar direito com a
servidão ambiental, aliene o imóvel serviendo ao Poder Público, pois este não tem
condição de fiscalizar e a finalidade se perderia: o particular ia ficar só com o bônus e
o meio ambiente com o ônus da ineficiência da fiscalização. Outro ponto importante,
de lege ferenda, é a instituição de um órgão nacional de fiscalização das áreas de
servidão ambiental (como existe nos países de onde o instituto foi importado).

2- Um ponto prático importante é a inconveniência de se condicionar a


expedição do Alvará Ambiental à apresentação da matrícula imobiliária com a
averbação das restrições ambientais (art. 59, §7º, da Lei Estadual-SP 13.579/2009).
O Brasil ainda está longe de ter todos os seus imóveis matriculados. Dessa forma,
muitos empreendimentos ficam impedidos de funcionar ou se regularizar por falta da
matrícula. A abertura da matrícula pode demorar anos, a depender do problema que
paira sobre o imóvel. Sugere-se, para os casos regularização de imóveis, que se
comprove a impossibilidade de averbação (por exemplo, processo de usucapião e
inventário), com a emissão de um Alvará de Licença Provisório pelo órgão ambiental
licenciador, desde que firmado um termo de compromisso mencionando a obrigação
de fazer constar as restrições ambientais tão-logo o problema com a matrícula seja
resolvido. Tal ação motivaria regularização de mais empreendimentos e atividades,

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além de propiciar ganhos ambientais ao ampliar o índice de imóveis regulares no que


tange ao atendimento das leis ambientais.

3- A Lei 13.465/2017, que dispõe sobre a regularização fundiária rural e


urbana, trouxe a simplificação e flexibilização dos processos de regularização
fundiária, trazendo um novo conflito em relação às disposições da Lei da Billings.
Nos estudos do GARF --- Grupo de Apoio à Regularização Fundiária
(fomentado pela Arisp) --- chegamos à conclusão de que existe uma incompatibilidade
entre a nova legislação federal de regularização fundiária e a legislação
ambiental estadual. A estadual é muito mais restritiva do que sugere a federal.
Nos termos do art. 24, VI e §4º da CF/881, parece-me que a União trouxe novas
regras gerais sobre regularização fundiária. Então, tudo que o Estado legislou de
específico que seja incompatível estaria suspenso.
Na minha visão, o PRIS é muito restritivo. A legislação federal dá possibilidade
de flexibilização de índices para qualquer interesse social. E mais, estou começando
a entender que, mesmo para interesse específico, o município deveria enquadrá-los
sempre em área de ocupação consolidada (lote mínimo de 125m²).
Falo isso em analogia ao tratamento que a lei deu a áreas rurais.
Sempre que tiverem características urbanas, deve-se regularizar como urbano.
Assim, me parece que mesmo que a área a regularizar esteja em zona de baixa
densidade ou conservação ambiental, é mais que razoável tratar como zona
consolidada por tratar-se de regularização.

Luc da Costa Ribeiro


Oficial de Registro de Imóveis de Ribeirão Pires-SP

1
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais,
proteção do meio ambiente e controle da poluição;
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas
gerais.
§ 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar
dos Estados.
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena,
para atender a suas peculiaridades.
§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual,
no que lhe for contrário.
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APÊNDICE J - Transcrição da entrevista e autorização do Prefeito de


Ribeirão Pires (exercícios de 2004 a 2012)
173

ESCOLA SUPERIOR DA CETESB


Curso de Pós Graduação
Conformidade Ambiental com Requisitos Técnicos e Legais

TRANSCRIÇÃO - ENTREVISTA
FINALIDADE: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

TÍTULO: A LEI ESPECÍFICA DA BILLINGS: AVANÇOS E DESAFIOS

Nome: CLÓVIS VOLPI

Instituição: Prefeito da Estância Turística de Ribeirão Pires de 2004 a 2012

Data da entrevista: 27/02/2018


Data da transcrição: 21/04/18
Duração do áudio: 41’20’’
Palavras transcritas: 3551
Páginas: 8

Andreza (0’00”): Boa tarde, obrigada pela disponibilidade Professor, Clóvis Volpi, Ex-
Prefeito da Estância Turística de Ribeirão Pires. As perguntas são: quais são os
maiores desafios que observa na Lei da Billings desde sua criação e porque muitas
das coisas que foram previstas nela ainda não foram implantadas há quase 10 anos
de sua publicação? E por que os prefeitos não tem, em grande maioria, um
envolvimento com essas questões ambientais?

Clóvis (0’37”): Bom, primeiro é bom que a gente diga que as leis específicas elas só
acontecem nas regiões metropolitanas, ou seja, você tem a bacia hidrográfica de uma
região metropolitana, que evidentemente congregam aí algumas cidades, aí você
pode fazer uma lei específica para uma das cidades inseridas naquela bacia. Essa
questão de dividir o Brasil em bacias hidrográficas ela está na Constituição de 1988.
Seria uma obrigatoriedade de todos os estados fazerem isso. Lamentavelmente só
São Paulo é que fez e só fez aqui, em Ribeirão Pires, aqui em nossa região. A única
lei específica hoje que eu sei que tem funcionando mesmo é Ribeirão Pires. Outras
regiões ainda não conseguiram concretizar por conta do processo que é altamente
burocrático.

A (1’44”): Sim.

C (1’45”): Bom, então ela foi um desafio desde o começo porque não havia nada que
se pudesse basear. Eu, na época prefeito, eu primeiro precisa provar para o subcomitê
de bacias... ah, esses comitês de bacias da região, das regiões metropolitanas tem os
subcomitês também... então nós tínhamos aqui o Subcomitê da Billings-Tietê. Então
o que acontece? Não havia nenhum exemplo, a gente não tinha nada para se basear
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como é que isso se procederia. Aí o subcomitê de bacias, eu me candidatei a


presidente do subcomitê de bacia, de bacias daqui da nossa região para poder dar
andamento nisso porque as pessoas que entram nesses subcomitês têm muita
comunidade, e elas defendem interesses individualizados, então era um conflito, um
grande conflito de ações. Até porque essas comunidades normalmente têm origem
em invasões e essas invasões poderiam, ou podem, mas poderiam estar inseridas em
soluções para elas. Como de fato tem, elas estão inseridas. Há um pouco de má
vontade do Poder Público local em fazer. Bem, a partir daí nós fizemos então o projeto
de lei. Nós elaboramos um pré-projeto de lei, mas o pré-projeto de lei precisaria
também passar pelo comitê de bacias. Que os problemas aí são maiores ainda, mais
comunidade, que daí você englobaria as 39 cidades...

A (3’40”): Muitos setores com interesses distintos...

C (3’42”): São interesses difusos. Uma coisa é você estar em Biritiba Mirim, na
cabeceira lá do Tietê, outra coisa é você estar lá em Guaianazes, cada região tem
suas necessidades.

A (4’01”): E vocação também, certo?

C (4’03”): Outra vocação inclusive. E, em São Paulo essas numerosas invasões


também tem os seus representantes, então também foi um conflito muito grande. E
eu também acabei me candidatando a presidente do comitê de bacias mais para tratar
desse assunto, o que eu entendia e entendo até hoje que é a única salvação para um
crescimento e desenvolvimento sustentável em Ribeirão Pires seria a Lei Específica,
que permitiria as empresas crescerem, as que estavam, tanto que cresceram, e vir
algumas como vieram na época para se instalar aqui. Porque nós tínhamos e temos
um pouco de... a ocupação do solo nossa é diferente, nós temos regiões
completamente inapropriadas para desenvolvimento empresarial, industrial, enfim.
Mas na época nós não tínhamos absolutamente nada, nós tínhamos essa lei acho que
de 1976.

A (5’12”): Exato.

C (5’14”): Então há muita coisa acontecendo da década de 70 para a década de


2010/2020. Então esse trabalho nosso foi conscientizar o subcomitê, o comitê, e
depois nós tínhamos ainda que passar por uma convenção estadual.

A (5’44”): Processo burocrático e trabalhoso.

C (5’46”): Então mais um longo debate. Tivemos que fazer explanação oral para todos
os representantes dos comitês de bacias do Estado de São Paulo.

A (5’56”): Convencer basicamente o comitê?

C (6’00”): O comitê como um todo, era um degrau, uma espécie de escada. O primeiro
degrau era o subcomitê, o segundo era o comitê e o terceiro era o estadual, o conselho
estadual. Então foi palestra feita no Palácio dos Bandeirantes. Bem, levamos quatro
anos para fazer isso.
A (6’17”): Foi rápido até.
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CEE, conforme portaria, publicada no Diário Oficial, em 208/11/2015.
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C (6’19”): É, quatro anos. Mas porque a gente ficou realmente encima disso. Aí veio
o problema, nós tínhamos que fazer elaborar a lei estadual, porque passaria pela
Assembleia, passaria pela promulgação do Governador, e como eu disse é tudo muito
novo. Aí nós passamos a fazer também palestras na Assembleia Legislativa porque
naquela época região nenhuma no Brasil tinha feito. Nós conseguimos em quatro,
perto de cinco anos demorou, mas nós aprovamos a Lei Específica da Billings que
passou a dar à Ribeirão Pires uma condição melhor. Por exemplo: regularização dos
imóveis que até haviam sido vendidos para as pessoas, subdivididos; a ocupação do
solo melhorou um pouquinho, nós tivemos na maioria dos lugares parece que 20% da
ocupação do solo; nós tivemos uma melhoria para até 70% do índice de ocupação do
solo; ampliação das empresas que estavam, muitas empresas conseguiram ampliar a
sua área industrial, então isso também melhorou a receita da cidade; algumas
empresas acabaram vindo, facilitadas também pelo custo barato que nós tínhamos na
época dos imóveis industriais que estavam parados. Criou uma dinâmica. Agora,
complementando aí, por que os prefeitos não se utilizam dela? Esse é o perfil de cada
prefeito, você não consegue mudar. Ela exige... você veja bem, começou a fazer junto
conosco aqui, só para ilustrar isso, o Tietê Cabeceiras. Eu era prefeito ainda, tantos
anos depois eu cheguei a fazer palestras, levar o pessoal lá, até hoje não saiu aquilo
porque não há um envolvimento. Na realidade os prefeitos não têm esse
envolvimento. Os secretários, normalmente de Meio Ambiente, não são secretários
que tem essa aptidão plena, são cargos políticos. Então, às vezes, estão cuidando do
licenciamento da cidade, só. Eles não têm essa visão da importância. E prefeito muda
a cada quatro anos, e então acaba abandonando e começa a gerar isso. Ele vai
encontrar barreiras no meio do caminho, e politicamente não são boas essas
barreiras, então o que ele faz? Ele recua porque ele vai ter que, de certa forma,
embora a lei amplie a atividade, mas ele vai encontrar alguns percalços no meio do
caminho. Então esses percalços, politicamente, ninguém gosta de correr. Eu acho que
ele não consegue entender a importância para a cidade. Essas importâncias são
momentâneas e política não é momentânea. Política é uma espécie de crescimento,
cada um faz um pedaço. Então eu classifico aí, e posso até estar sendo um pouco
duro, mas depende muito mais da equipe administrativa da prefeitura e do prefeito do
que propriamente da lei. A lei não emperra, a lei facilita, ela vem para facilitar. Ela foi
pensada em 1988 para facilitar. Ela foi elaborada e são estudadas e elaboradas para
facilitar o desenvolvimento sustentável das cidades, melhorar isso, melhorar a
qualidade de vida do cidadão que não podia ter escritura da sua casa e hoje passa a
ter; o sistema de compensação de áreas na mesma bacia para você cuidar. Ela deu
uma enorme, muitas alternativas para a cidade crescer e se desenvolver. E eu lamento
que muitas vezes ela não seja cada vez mais aprimorada. Como tudo na vida, precisa
ser aprimorado. Hoje você pensa de um jeito, amanhã vai pensar de outro. Então eu
lamento que não exista essa discussão de aprimoramento.

A (10’46”): Por exemplo, eu vejo uma dificuldade muito grande em implementar os


PRIS dentro das cidades, que realmente tem um regramento bem detalhado. É difícil
encontrar áreas hoje para implementação destes projetos.

C (11’11”): É que normalmente quando se faz loteamento, o que se deixa para o


Poder Público é a pior área.

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C (11’21”): O poder econômico sempre absorve essas coisas e muito emprego disso
dá comunidade daquela cidade, é uma judiação isso. Embora a lei preveja que você
faça a escolha, que o Poder Público faça a escolha, nós sabemos que por trás é aquilo
que se oferece. Então é muito difícil fazer funcionar essas coisas todas da forma como
elas foram pensadas né.

A (11’53”): Como são mensurados os resultados das metas?

C (12’20”): Essa unidade de medida o fósforo, é uma coisa estranha, porque nós
estamos falando fósforo não é um elemento químico, é uma unidade de medida. Eu
até hoje não consegui entender isso muito bem.

A (12’32”): Esta forma de mensurar resultados da Lei através do fósforo total foi
Comitê que propôs?

C (12’34”): É, o Comitê. Mas depois da minha entrada teve uma grande discussão
sobre isso daí. Eu até participei de uma das reuniões. Eu disse assim: “olha, eu não
vou conseguir entender isso daqui e dificilmente as prefeituras terão gente gabaritadas
para fazer essa correção”. Não tem. A gente vive em um mundo real...

A (12’54”): Percebo está carência também, talvez outras formas de medir resultados
como, quantidade de imóveis regularizados, percentuais de imóveis atendidos pelo
sistema público de coleta e tratamento de esgoto, aumento de áreas verdes, entre
outros métodos mais práticas. O que acha?

C (13’07”): É assim. O que é que precisa quando você tem um técnico dentro da
prefeitura? Ele precisa primeiro conhecer isso; segundo ele achar as alternativas
nessas facilitações e fazer implementação e fazendo as correções. Então precisa de
gente que se dedique exclusivamente àquilo. E tem que ter um prefeito que também
goste um pouco daquilo. Assim, precisa gostar um pouco daquilo. Normalmente o
Executivo é formado por pessoas que tem, pelo menos no meu ponto de vista, um
amplo conhecimento de todas as áreas. Deveria ser assim. Alguns tem médio
conhecimento, outros não tem nenhum conhecimento. O que não tem nenhum
conhecimento, esse é pernicioso porque nada técnico vai andar. O conhecimento é
só político então nada técnico vai andar. Quando é nada técnico, a cidade regride. Ela
regride, não tem como... E aí você não entende e não tem uma equipe que conheça,
fica pior ainda, cada vez pior, você vai regredindo. Não se atualizam, não dão
importância daquilo. Foi isso o que aconteceu, é isso o que vem acontecendo com as
regiões que não conseguiram fazer as suas leis.

A (14’27”): Você falou sobre a questão do conhecimento, além dos técnicos


municipais, há vereadores que mal sabem o que significa manancial. Difícil a relação
entre o poder executivo e o legislativo, não é?

C (15’03”): Sim são relações difíceis. Mesmo com a Lei Específica, quando ela
pensou na movimentação e populacional, ela não poderia, não conseguiria fazer isso.
Você não consegue deslocar os que estão, as pessoas que estão lá na beira da
represa, que estão contaminando. Você tem que ter investimento.

A (15’22”): Para fazer uma reurbanização por exemplo.


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C (15’25”): Aliás, a lei prevê isso. Você pode entrar e fazer onde já está...

A (15’29”): Mas isso seria a Administração Municipal que teria que assumir este
compromisso?

C (15’33”): O Poder Público teria que assumir isso, porém não disponibiliza recurso
para isso.

A (15’38”): A repasses aos municípios para este fim?

C (15’42”): Não, isso aí é a critério do prefeito colocar no orçamento público. Hoje,


ainda mais hoje, os orçamentos todos estão defasados em relação ao custeio da
máquina administrativa, quanto mais se aproximar disso menor será o investimento
nessa área. Nós caminhamos para um caos. É, essa questão e em outras também.
Nós caminhamos para um caos. Quem é que quer aplicar? Qual prefeito que quer ir
lá e botar tudo naquela população, naquela comunidade na beira da represa que era
invasão. Ela não tem captação, não poderia ter captação de esgoto, não poderia envio
de água, não poderia ter absolutamente nada e ainda você vai fazer e transformar em
um negócio funcional? O recurso é muito grande, nós estamos falando de bilhões. E
não há no mundo, nesses bancos de desenvolvimento mundiais aí ninguém que tenha
valores expressivos desse, e não há projeto expressivos desse.

A (16’55”): E o projeto, mais uma vez, parte da prefeitura? Não é um projeto, por
exemplo, do Comitê, ou a CETESB, ou a Secretaria?

C (17’03”): Você teria alternativa, mas normalmente seria do Poder Estadual, no meu
ponto de vista, o ideal seria a CETESB, Sabesp e Secretaria Estadual de Meio
Ambiente elaborar os projetos desde que as prefeituras oferecessem as áreas
adequadas. Exemplo: A Sabesp na área de ampliação da rede de água e de esgoto
tem todos os projetos, mesmo não conseguindo executar tudo de uma vez. O
problema é que vai fazendo investimento aos poucos e os cenários vão mudando, o
projeto já não atende a população instalada. A questão ambiental é complexa nas
zonas urbanas. - Quem é que vai levar asfalto lá na divisa de São Bernardo, que tem
que atravessar de balsa, que tem este dinheiro, isto custa bilhões.

A (17’59”): É complexa essa situação.

C (18’04”): É melhor morar do lado bom da cidade, digo com infraestrutura urbana.

A (18’07”): Mas as invasões e loteamentos irregulares acontecem, também há os


casos das mansões de luxo a margem da represa...

C (18’15”): Esse último eu acho que eles fazem um sistema que alguns são previstos
na Lei Específica de captação e tratamento.

A (18’24”): Sim, conseguem fazer. Acredito a maior parte tenha o licenciamento


ambiental, ou caso condições de o fazer.

C (18’30”): Eles têm licenciamento e fazem, mas o pobre não tem condição de fazer.

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A (18’32”): É muito caro realmente. Imagina fazer aquele que usa fossa, filtro
sumidouro, pagar o arquiteto, engenheiro, licenciamento, taxa, compensação. Não
tem como realmente fazer, não dá para fazer. E outra, às vezes, como você falou, é
invadido, não tem nem contrato, nada. E nem dá para fazer porque a lei requer que
tenha escritura.

C (18’53”): O sistema burocrático para você resolver esse problema. Olha o embate
que teve aqui na cidade com o cartório de registro de imóveis. Foi muito grande até
eles se adaptarem a essa lei. “Essa lei não vale, vale a federal, vale a estadual”. É
inacreditável. Você fez a Lei Específica, adequou à Lei Específica as leis municipais,
às leis estaduais, mas o cartório rejeitava.

A (19’21”): O cartório não participou da elaboração da lei, foi isso?

C (19’27”): Eu acho também que nem é da seara deles. A seara deles é pegar as leis
e adequar. “Olha, eu tenho que me adequar a isso”. Você vê os cartórios todos que
estão nessas áreas eles também não se preparam para isso, né. Não se prepararam
para isso. Difícil né. A implantação mesmo, total, não é fácil fazer, não é fácil. Acho
até que impossível.

A (19’57”): É porque ela deveria ser revista a cada 10 anos.

C (20’00”): Ela tem um período de revisão. Eu não me lembro aqui qual é. Não me
lembro, mas é... Por que a revisão? É como a vida da gente, você tem sempre que
fazer adequações na sua vida. Olha isso é bom hoje. O que eu pensava há vinte anos
não cabe mais. O que você imaginava fazer não adianta fazer.

A (21’35”): Apesar de todas as dificuldades, acredito que Ribeirão foi a única que fez
uma legislação municipal mais restritiva que a estadual, deixando um pouquinho mais
restritivo. Por exemplo, seria 20% permeável em SUCt, aí aplicamos 30% e todos os
parâmetros são mais conservadores.

C (24’18”): Você tem mais uma pergunta?

A (25’11”): falamos até agora em desafios. “Sobre o tema abordado, qual na sua
opinião quais aspectos podem e devem ser revistos e/ou aprimorados? E quais os
principais desafios para tal?”

C (30’41”): O grande problema do mundo, da Terra, é a água.

C (30’41”): Não, se custa a outros países, outros planetas para serem povoados por
conta de que nós teremos... Nós estamos em completa mutação. O ser humano, tudo
está em mutação. Nós estamos em mutação. A Terra está, ela já desapareceu duas
ou três vezes. Ela vai desaparecer de novo. Quando? Nós aqui não sabemos, mas
tem gente que já sabe quanto tempo ela vai durar. Então qual será um dos motivos
desse desaparecimento? O que sobrevive sem a água? Então precisa encontrar outro
lugar para povoar. Eu talvez não esteja vivo para...

A (31’36”): (risos). Mas vai ter gente aqui.

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C (31’41”): Não, mas os tataranetos lá na frente vão, será difícil sobreviver. Você
ainda vai ter o processo de dessalinização, que já tem.

C (32’07”): Eu acompanhava o Franco Montoro nas palestras e o grande mote dele


das palestras nas universidades era o término da água. O maior problema do mundo
vai ser a água. Não é petróleo, não é nada disso.

C (32’21”): Os países do oriente fazem a água do mar virar potável. O Egito já faz
isso. É alto custo, mas é a saída. Ou nós adaptamos o nosso organismo para precisar
de menos água. Tem tantas saídas.

A (34’00”): Você não me falou quais são os principais desafios e o que a gente pode
fazer para alcançar as metas que foram estipuladas...

C (34’13”): Olha, não tem readaptação e readequação da lei periodicamente,


constantes. Tudo muda por período. Você pode verificar 10 anos, cinco anos, mas é
para fazer a readequação.

A (34’26”): E essa readequação, ela teria que partir do comitê ou as prefeituras devem
intermediar?

C (34’33”): Tem uma abertura grande na lei que foi muito criticada na Assembleia,
quase que não passa por conta disso, é que eles disseram o seguinte: que era muito
poder para o município. O município pode... para o prefeito até... E qual foi meu mote
lá? Eu disse assim: “Olha, vocês estão... para os deputados... não, o município pode
fazer a readequação, o município pode”. Então é muito poder, eles diziam, na mão do
prefeito. E eu disse assim: “Olha, a vida da gente é feita de bons e de maus prefeitos,
nas cidades. Se você tiver um prefeito bom, o pessoal escolher um prefeito bom, ele
vai fazer uma boa adequação. Se ele for um prefeito ruim, que as pessoas votaram
nele, ele não vai fazer. A responsabilidade você tem que deixar para a sociedade.
Porque o prefeito é o representante da sociedade”. Eu falei: “Você não pode aqui
cessar essa possibilidade de a prefeitura ter poder sobre essa lei, pensando que só
vai ter gente ruim, em algum lugar vai ter gente boa”. Então você não pode, por causa
do mau, você prejudicar o bom. Eu brinco sempre que eu tenho uma teoria. Se tiver
um negócio e isso aqui for todo murado, mas tem um condômino daqui um usuário do
condomínio que ele pula a cerca, mas tem 99 que nunca pularam a cerca para entrar
na casa deles. Então você vai lá e aumenta o muro, e os outros 99? São os
prejudicados? Está errada essa conclusão. Você tem que dar liberdade. Agora, o povo
vota e desconhece isso totalmente, desconhece outras coisas. Ele escolhe. O cara é
bom, é bom; o cara é ruim, é ruim. Ele é que escolhe. Mas a liberdade tem que estar
no meio. A liberdade precisa estar lá.

A (36’29”): Eu não tinha conhecimento que o prefeito tinha essa autonomia.

C (36’31”): Ah, o município tem, ele tem um artigo lá, ou algum capítulo na Lei. Eu
não me lembro qual, mas eu me lembro dessa discussão. Foi uma defesa que eu fiz,
quando os deputados então aceitaram esse capítulo. Deve estar em algum artigo, mas
para mim é um capítulo. Que é a ascensão da prefeitura sobre a lei. Ela pode modificar
isso.

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C (38’24”): É o que eu te falei. Você cobra isso esporadicamente. Você cobra uma
vez por mês. O tempo passa muito depressa. Você precisa ter um técnico que vai
fazendo esta gestão. Olha eu sei porque eu sofri para aprovar essa lei. Só eu sei. Eu
me candidatei a presidente do subcomitê, me candidatei a presidente do comitê, perdi
a primeira. Perdi a primeira para o Junji Abe. Depois na outra eu disputei, eu ganhei a
segunda por unanimidade. Porque aí eu perdi, mas eu não fugi, eu comecei a
frequentar e eu fazia exposição. “Vou ganhar esse debate aqui debaixo mesmo”.
Depois eu me candidate de novo e aí eu ganhei. Tinha bastante prefeitos petistas na
região. O Marinho falou: “O PT vai votar em você, vou pedir voto para você”. Eu ganhei
por causa do Marinho, o Luiz Marinho, para fazer a Lei Específica.

A (39’23”): Mas é porque a maioria não tinha e ainda não tem conhecimento da
importância da preservação do reservatório para a nossa região.

C (39’30”): Difícil isso. O prefeito não tem. Ele dá importância. O que é importante
para um prefeito sempre? É ele ter o respaldo público, ou seja, faz pesquisa e ele está
bem. Como ele faz para estar bem? Carpindo rua, pintando guia, fazendo tapa-buraco.
Nem Educação faz o prefeito ficar bem. Eu brinco aqui, se faz pesquisa, Educação
tem 5%, 6%. É um absurdo, né. Às vezes eu falo assim: “Eu me matei tanto pela
Educação...”

A (40’40”): Muito obrigada.

C (40’43”): Precisa de mais coisa?

A (40’45”): Se você quiser acrescentar alguma coisa, fique à vontade.

C (40’53”): Acho que essa recuperação e atualização dos conceitos depende muito
das prefeituras.

A (41’01”): Muito obrigada Clóvis.

FIM EM 41’20”

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182

APÊNDICE K - Autorização do membro do Consórcio Intermunicipal do


Grande ABC
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184

APÊNDICE L - Formulário da pesquisa de opinião e mapas dos locais


pesquisados
185

ESCOLA SUPERIOR DA CETESB


Curso de Pós Graduação
Conformidade Ambiental com Requisitos Técnicos e Legais

Pesquisador: ________________________
Região nº_________________________________________________

FORMULÁRIO DE PESQUISA
A LEI ESPECÍFICA DA BILLINGS: AVANÇOS E DESAFIOS

Bom dia! (Boa tarde!) meu nome é________ e estou aqui fazendo uma pesquisa de opinião.
O Sr.(a) reside nesta cidade? ( ) SIM, (caso não, agradeça e aborde outra pessoa)

Nome do entrevistado: Idade:

Endereço:

SEXO: ESCOLARIDADE:
( ) Feminino ( ) ANALFABETO ( ) ENSINO FUNDAMENTAL
( ) ENSIMO MÉDIO ( ) SUPERIOR INCOMPLETO
( ) Masculino ( ) SUPERIOR COMPLETO

1-) A quanto tempo o Sr (a) , reside neste endereço? _________________

2-) Como e por que o Sr (a) veio morar aqui?


__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

3-) Quantas pessoas moram com você? _______________


Quantas casas há no lote? ___________________

4-) Há abastecimento público de água? ( ) sim ( ) não


Caso não como obtém água? __________________________________________________

5-) Sua residência é atendida pela coleta pública de esgoto? ( ) sim ( ) não
Caso não para onde é destinado o esgoto? ( ) fossa séptica ( ) rio/represa

6-) A coleta pública de lixo? ( ) sim ( ) não


Caso não para onde é destinado o lixo?

7-) Algum agente da Prefeitura e/ou da CETESB, já realizou alguma trabalho aqui no bairro a
respeito da preservação da represa Billings?

8-) Qual o tamanho do seu terreno? ______________m²


Tem área com vegetação/árvores? ( ) sim ( ) não

9-) O Sr (a) possui escritura? ( ) sim ( ) não


Possui planta da casa aprovada na prefeitura e/ou CETESB? ( ) sim ( ) não
186

MAPAS COM AS INDICAÇÕES DOS LOCAIS PESQUISADOS

JARDIM PEDREIRA – MUNICÍPIO DE SÃO PAULO

Imagem sem escala: Google Earth. Data da imagem 10/05/2018.


Nota: O círculo vermelho indica o raio de 250m dos locais pesquisados.
Coordenadas geográfica: UTM-E: 332.690 UTM-N: 7.377.350
187

BAIRRO ELDORADO – MUNICÍPIO DE DIADEMA

Imagem sem escala: Google Earth. Data da imagem 10/05/2018.


Nota: O círculo vermelho indica o raio de 250m dos locais pesquisados.
Coordenadas geográficas: UTM-E: 334.500 UTM-N: 7.375.165

RIACHO GRANDE – MUNICÍPIO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO

Imagem sem escala: Google Earth. Data da imagem 16/07/2018.


Nota: O círculo vermelho indica o raio de 250m dos locais pesquisados.
Coordenadas geográficas: UTM-E: 344.253 UTM-N: 7.369.367
188

BALSA – MUNICÍPIO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO

Imagem sem escala: Google Earth. Data da imagem 16/07/2018.


Nota: O círculo vermelho indica o raio de 650m dos locais pesquisados.
Coordenadas geográficas: UTM-E: 343.105 UTM-N: 7.366.405

PARQUE RIO GRANDE – MUNICÍPIO DE SANTO ANDRÉ

Imagem sem escala: Google Earth. Data da imagem 16/07/2018.


Nota: O círculo vermelho indica o raio de 180m dos locais pesquisados.
Coordenadas geográficas: UTM-E: 355.315 UTM-N: 7.369.054
189

CHÁCARAS CARREIRA – MUNICÍPIO DE SANTO ANDRÉ

Imagem sem escala: Google Earth. Data da imagem 16/07/2018.


Nota: O círculo vermelho indica o raio de 250m dos locais pesquisados.
Coordenadas geográficas: UTM-E: 361.764 UTM-N: 7.373.240

JD. NOSSA SENHORA DE FÁTIMA – MUNICÍPIO DE RIO GRANDE DA SERRA

Imagem sem escala: Google Earth. Data da imagem 04/05/2018.


Nota: O círculo vermelho indica o raio de 700m dos locais pesquisados.
Coordenadas geográficas: UTM-E: 358.531 UTM-N: 7.374.421
190

PARQUE AMÉRICA – MUNICÍPIO DE RIO GRANDE DA SERRA

Imagem sem escala: Google Earth. Data da imagem 04/05/2018.


Nota: O círculo vermelho indica o raio de 600m dos locais pesquisados.
Coordenadas geográficas: UTM-E: 355.981 UTM-N: 7.371.108

JD. VALENTINA – MUNICÍPIO DE RIBEIRÃO PIRES

Imagem sem escala: Google Earth. Data da imagem 04/05/2018.


Nota: O círculo vermelho indica o raio de 600m dos locais pesquisados.
Coordenadas geográficas: UTM-E: 361.764 UTM-N: 7.373.240
191

ESTÂNCIA NOBLESSE – MUNICÍPIO DE RIBEIRÃO PIRES

Imagem sem escala: Google Earth. Data da imagem 04/05/2018.


Nota: O círculo vermelho indica o raio de 400m dos locais pesquisados.
Coordenadas geográficas: UTM-E: 354.326 UTM-N: 7.375.453

BALNEÁRIO PALMYRA – MUNICÍPIO DE RIBEIRÃO PIRES

Imagem sem escala: Google Earth. Data da imagem 04/05/2018.


Coordenadas geográficas: UTM-E: 352.185 UTM-N: 7.373.515
192

APÊNDICE M – Autorizações de uso de imagem


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195

APÊNDICE N - Fotos de entrevistados e orientadores


196

Arquiteta MÁRCIA DO NASCIMENTO


Assessora da Secretaria do Meio Ambiente
Andreza Araújo (Autora)
Engenheira EMANUELE VENTURA SECO
Supervisora da Agência Ambiental do ABC I - CETESB

Fonte: Autora (2018).

Gestor GILSON GONÇALVES GUIMARÃES Sociólogo RICARDO ARAÚJO


Relator da Câmara Téc. de Gestão de Investimentos Coordenador do Programa
Comitê de Bacias Hidrográficas do Alto Tietê Mananciais da SABESP
Andreza Araújo (Autora) Andreza Araújo (Autora)

Fonte: Autora (2018). Fonte: Autora (2018).


197

Arquiteta VIVIAN MARRANI


Assessora da Diretoria de Controle e
Licenciamento da CETESB
Andreza Araújo (Autora)

Arquiteta SILMARA MATHIAS S. DELFINO


Prefeitura Municipal da Estância
Turística de Ribeirão Pires
Andreza Araújo (Autora)

Fonte: Autora (2018). Fonte: Autora (2018).

Professor CLÓVIS VOLPI


Prefeito da Estância Turística de Ribeirão Pires
(2004 a 2012)
Andreza Araújo (Autora)

Fonte: Autora (2018)


198

Doutor LUC DA COSTA RIBEIRO


Oficial de Registro de Imóveis
da Comarca de Ribeirão Pires
Andreza Araújo (Autora)

Fonte: Autora (2018).

Arquiteta MARTA EMERICH Engenheira CÉLIA REGINA B. PALIS POETA


Companhia Ambiental do Estado de São Paulo Engenheira LAURA STELA N. PEREZ
Orientadora desta Obra Arquiteta MARTA EMERICH
Andreza Araújo (Autora) Geógrafa LINA MARIA ACHÉ
Andreza Araújo (Autora)

Fonte: Autora (2018). Fonte: Autora (2018).


199

ANEXO I - Lei Estadual nº. 13.579/2009


231

ANEXO II - Decreto Estadual nº. 55.342/2010

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