Estudo Panorâmico Do Livro Do Profeta Habacuque
Estudo Panorâmico Do Livro Do Profeta Habacuque
Estudo Panorâmico Do Livro Do Profeta Habacuque
INTRODUÇÃO:
O livro de Habacuque é um daqueles livros que se tornam muito conhecidos por uma ou duas passagens em
particular, no caso de Habacuque, a oração – ou salmo, cantada no capítulo 3 tornou o livro – seu nome, e NÂO
seu conteúdo, muito popular entre os cristãos, canções e citações de algumas frases deste “Salmo” são bem
populares no meio da cristandade, versos estes que estão presentes também no NT (Rm, Gl e Hb)
Há no profeta um misto de indignação e temor. É de conhecimento de todo povo o que sucedera a Israel – o
reino do norte, cerca de 120 anos antes, quando sob o juízo do Senhor contra toda impiedade, foram levados
cativos pelos assírios e exterminados como nação. Então, ao mesmo tempo que não se conforma com a
constante e deliberada violação dos termos da aliança e com uma aparente indiferença de Deus, ele também
teme um possível juízo.
É de espantar o profeta – como por exemplo o apóstolo Paulo se espanta com os gálatas, que Judá tão
rapidamente tenha se afastado da vida piedosa a que fora conduzida através da reforma religiosa liderada pelo
justo e piedoso rei Josias que fora substituído por um curto e terrível período de 3 meses por seu filho Jeocaz,
que só fez o que era mau aos olhos do Senhor, sendo deposto pelo faraó Neco, ainda assim teve tempo
suficiente para deixar pavimentando o caminho para um longo reinado de impiedade a ser trilhado por seu
intercessor, agora, sob o governo de Jeoiaquim – antes chamado Eliaquim, voltando a violar a aliança.
Algo muito importante a ser notado neste profeta é a sua legítima – e necessária, indignação com o
comportamento do povo da aliança, o povo de Deus. O servo de Deus não pode aceitar passivamente – com
isso não digo que deve sair brigando, ofendendo e provocando dissenções, a corrupção do povo de Deus, não
pode ver com naturalidade o “justo se desviar do seu caminho de justiça”, antes deve adverti-lo e, acima de
tudo, colocar diante do Senhor a situação.
Uma leitura mais minuciosa do livro, do autor e de tudo contexto envolvido, logo descarta a ideia racionalista
de uma “certa polêmica entre o profeta e seu Deus”. Considerando que a escrita dos livros inspirados é
posterior ao encontro com o Deus que o inspira, é fato que quando Habacuque registra sua experiência, está
plenamente seguro que, até a sua santa indignação contra o pecado do povo, é movida por Deus. Logo, não
é uma crise com Deus, mas Deus faz com que o profeta veja e sinta a Sua própria indignação e, a partir de então
o faz ver como Deus retribuirá tal comportamento do seu povo.
“Os profetas não eram apenas pregadores inspirados de mensagens divinas para
o povo de Deus, como também compartilhavam a preocupação do Senhor com o
seu mundo caído e seu profundo interesse por seu povo desobediente.” (BEFR)
UM BREVE PANORAMA DO LIVRO:
Habacuque lida com o controle do Deus soberano sobre os afazeres humanos, não quando Ele intervém
em julgamento, mas nos tempos em que não deixa seu controle evidente. O profeta se inquieta
especificamente com (1) esta Aparente inatividade; (2) Ausência de vida e obediência pactual; (3) Um
Deus santo que usa ímpios como a “vara” para corrigir o povo da aliança.
Por fim, reconhece o quão são inescrutáveis – Paulo afirma que somente o Espírito do próprio Deus
pode conhecer o que lhe é próprio, mas seus propósitos são consistentes. E a revelação da soberania
do Senhor no governo da história transforma a queixa em um hino de alegria.
I. A 1ª QUEIXA (1.2-4): OS ÍMPIOS PREVALECEM SOBRE OS JUSTOS e seria Deus insensível a esta
realidade e indiferente ao clamor de um fiel?
II. A 1ª RESPOSTA (5-11): A CORREÇÃO DO SENHOR VIRÁ, e para tal, ele usará uma nação ímpia,
os babilônios. Definitivamente NÃO! Deus não é indiferente a maldade e seu juízo virá de
maneira assombrosa.
III. A 2ª QUEIXA (1.12-17): POR QUE PARA A CORREÇÃO DOS PECADOS DE JUDÁ, usar uma nação
ainda pior? O uso de instrumento injustos faz o profeta, humilde e corajosamente questionar a
coerência divina em Seu trato com a humanidade
IV. A 2ª RESPOSTA (cap.2): Uma grande diferença: VIDA PARA OS FIÉIS, MAS DESTRUIÇÃO PARA
OS ÍMPIOS. Deus não somente garante que cumprirá sua palavra, como também revela que,
apesar da aparente incoerência, no fim das contas, ele faz distinção entre os justos –
justificados, e injustos.
V. A ORAÇÃO DO PROFETA (Cap. 3): O louvor esperançoso de quem agora trás a memórias as
grandes intervenções divinas do passado, traz segurança quanto ao futuro, quanto à justiça
soberana de Deus (1-19)
a. O fiel consciente dos grandes feitos do SENHOR, anseia que Ele novamente aja (1,2)
b. O fiel se maravilha ao relembrar os feitos do SENHOR (3-15)
c. O fiel se alegra com Deus, certo de que Ele procederá de forma natural a seu ser, trará justiça.
O GRANDE DESFECHO
O capítulo 3 do livro - especialmente do verso 16-19, apresenta uma grande virada, uma
mudança de postura do profeta. Mas essa mudança não se dá pelo acaso, mas pela revelação
de Deus, pela Palavra de Deus. O profeta ouviu a palavra de Deus e ouvi-la produz segurança.
Vamos refletir a partir de agora no texto proposto para nossa reflexão Hb 3.17,18, destoando,
no entanto, do tema, pois chamarei esse desfecho final de “A Grande Mudança: da angústia a
alegria da fé inabalável.
Depois que o inquiridor se põe em oração, ele declara que tem ouvido dos grandes feitos do
SENHOR e clamar para que tudo se repita (3.1, 2), Nos versos seguintes (3-7), ele destaca o
poder de Deus. Seguindo (8-15), respondendo as perguntas retóricas do verso 8, o profeta
registra como se dará a ação de Deus, mostrando um Deus guerreiro, mas não um guerreiro
que se detém naquilo que o profeta “apresentou” nas suas queixas, mas sim um soberano sobre
toda terra, um guerreiro cósmico (Luiz Sayão).
“Mesmo não florescendo a figueira, não havendo uvas nas videiras; mesmo
falhando a safra de azeitonas, não havendo produção de alimento nas
lavouras, nem ovelhas no curral nem bois nos estábulos,
ainda assim eu exultarei no Senhor e me alegrarei no Deus da minha
salvação. O Senhor Soberano é a minha força; ele faz os meus pés como os
do cervo; ele me habilita a andar em lugares altos.”
1. AS CIRCUNSTÂNCIAS ADVERSAS RESULTANTES DA INTERVENÇÃO DIVINA SÃO COMPENSADAS
PELA ALEGRIA CONFIANTE (17,18)
CONCLUSÃO:
3. UMA LIÇÃO GLORIOSA: A história tem um rumo. É Deus quem determina seu curso: “Ele muda
os tempos e as estações; ele remove os reis e estabelece os reis.” (Dn 2.21)
6. UMA LIÇÃO TEOLÓGICA: O JUSTO VIVERÁ PELA FÉ. “O meu justo viverá pela fé. E, se retroceder,
não me agradarei dele.” (Hb 10.38)
7. UMA LIÇÃO ENCORAJADORA: A fé segura traz alegria e conforto. “Não se turbe o vosso
coração; credes em Deus, crede também em mim.” (Jo 14.1)
É um fato incontestável o poder transformador da palavra de Deus e, isso fica mais evidente
a cada dia de nossa caminhada de fé, como somos mais vacilantes ou constantes a medida
que somos mais ou menos nutridos e fortalecidos pela palavra de Deus. Quando temos a
segurança da palavra de Deus, como disse certa vez o “Pai da Igreja” Cipriano: