Resumo Memoriais-Defesa 18h02 2
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1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
1.1. CONDIÇÕES DE ADMISSIBILIDADE
Afirmar-se que "um impeachment nunca será um golpe porque está previsto na
Constituição" é, sem sombra de dúvida, ignorar com pretensa ingenuidade que um
texto constitucional vigente pode ser respeitado ou não.
Em terceiro e último lugar, torna-se oportuno lembrar que não há argumentos falsos
ou construções jurídicas fraudulentas que sobrevivam à marcha inexorável do tempo e
às duras páginas da história que serão escritas sobre quem eventualmente, por seus
interesses menores, tenha violentado ou tentado violentar a existência de um
verdadeiro Estado Democrático de Direito. Cedo ou tarde, a história costuma ser
sempre impiedosa com os que perpetram violações constitucionais na busca
personalista de um golpe de Estado.
1.2. A LEGITIMIDADE DA AGU PARA DEFENDER A PRESIDENTA
Nesse ponto, convém ter presente, para além de tudo que já foi dito, que essa
atividade de representação judicial da Presidenta da República se reveste de especial
relevância no caso. Isso porque, como visto, a Advocacia-Geral da União representa
inúmeros agentes públicos. Porém, no Executivo federal, apenas um desses
agentes ascendeu ao cargo por meio da votação direta, que é justamente a
Presidenta da República. Daí a relevância de a advocacia pública assumir essa
tarefa com a responsabilidade de quem assume a defesa da própria democracia.
(I) edição de seis decretos não numerados nos meses de julho e agosto, todos
fundamentados no art. 38 da Lei nº 13.080, de 2 de janeiro de 2015 (Lei de
Diretrizes Orçamentárias de 2015 – LDO de 2015) e no art. 4º da Lei nº 13.115,
de 20 de abril de 2015 (Lei Orçamentária Anual de 2015), e
2. QUESTÕES PRELIMINARES
2.1. NULIDADE DO RECEBIMENTO DA DENÚNCIA
Desse modo, como acima salientado, muito antes de ameaçar o governo com a
abertura do atual processo de impeachment, o Sr. Presidente da Câmara, Eduardo
Cunha, já evidenciava a trilha do seu desvio de poder. Queria que se obstassem as
investigações da denominada operação “Lava-Jato” contra ele e seus familiares, queria
que se barrasse o processo de cassação de seu mandato na Câmara dos Deputados.
Usou – como continua a usar – de todos os expedientes e de todas as artimanhas
possíveis e imagináveis na busca de seus reprováveis interesses. Ameaçou com
iniciativas legislativas que poderiam desestabilizar o governo. Foi o principal
incentivador da construção de um clima de aparente ingovernabilidade, amplamente
articulou com setores oposicionistas que, explicitamente ou de forma oculta, a ele se
aliavam, para a construção de um processo de impeachment. A ideia do “quanto pior
melhor, orientava as ações”. Utilizou do seu poder para criar regras que criaram um
processo de impeachment sumário, como votações sigilosas e sem direito de defesa
legítimo, no que foi rechaçado por corretas decisões tomadas pelo Supremo Tribunal
Federal, a partir de ações propostas por parlamentares e por partidos políticos. Decidiu
abrir o atual processo de impeachment em bases reconhecidamente infundadas. Só
não acolheu a todos os argumentos lançados na denúncia original, porque
indeferimentos anteriores já o vinculavam a esta decisão.
Cumpre observar, ainda, que não bastasse o desvio de poder que maculou de forma
insanável o ato de recebimento parcial da presente denúncia, a cada dia o inesgotável
“animus belligerendi” do Presidente da Câmara reforça ainda mais convicção de que o
mal uso da sua competência é contínuo, ininterrupto e obsessivo. Um “desvio de poder”
permanente emerge de seus atos e de suas condutas, poder-se-ia dizer sem risco de
se incorrer em qualquer equívoco.
Mas na arte do desvio de poder o Sr. Presidente da Câmara parece, com todas as
vênias, insaciável. É de todos sabido que quando os trabalhos do Conselho de Ética
avançavam na apreciação do processo em que é acusado, o Presidente da Câmara
jamais chegou a marcar sessões deliberativas às segundas e sextas-feiras (art. 65, do
Regimento Interno da Câmara dos Deputados). Tal postura acarretaria, por óbvio,
maior celeridade na contagem de prazos na tramitação do seu processo de cassação.
A lentidão do processamento era, assim, a regra que aplaudia e prestigiava. Todavia,
agora, diante da tramitação do processo de impeachment da Sra. Presidenta da
República, segue comportamento radicalmente diverso. Sessões deliberativas
passaram a ser marcadas nestes dias. Ou seja: em desfavor da Sra. Presidenta da
República, “o tempo urge”. Dois pesos e duas medidas, conforme as conveniências de
momento.
Repita-se pela derradeira vez: o que quer o Sr. Presidente da Câmara, Eduardo
Cunha, “o juiz-algoz” deste processo? Quer com rapidez e aparência de legalidade
construir a destituição do atual governo para que um novo, talvez mais amoldado aos
seus desígnios e submetido a seus cordéis, às suas ameaças de vingança, e às suas
“pautas-bomba”, cumpra com seus desejos em relação às investigações que abomina
e aos processos criminais que podem atingi-lo, comprometendo a sua vida política e a
sua própria liberdade.
Incorre, portanto, em desvio de poder continuado que, por direito e por justiça, não
pode deixar de ser barrado. Deveras, todos os fatos acima expostos deixam mais que
evidente que in casu o exercício da competência atribuída pelo art. 19 da Lei nº 1.079,
de 1950, combinado com o art. 218, § 2º do Regimento Interno da Câmara dos
Deputados, ocorreu e continua a ocorrer de maneira viciada por indiscutível desvio de
poder ou desvio de finalidade.
Em tais circunstâncias, como nula de pleno direito deve ser reconhecida a decisão que
recebeu parcialmente a denúncia por crime de responsabilidade que motiva o presente
procedimento. Nulos são seus atos subsequentes, seja porque não poderiam ser
validamente praticados a partir de uma primeira decisão procedimental viciada, seja
porque o desvio de poder permanece contínuo e inalterável no exercício de vários
outros atos praticados pelo Sr. Presidente da Câmara neste processo.
Não há, pois, como se prosseguir, no caso presente, com a avaliação de mérito da
denúncia que se coloca sub examine neste procedimento. É de se reconhecer a
nulidade da decisão primeira proferida e que vicia a todos os atos procedimentais que a
ela se seguiram, sem exceção. O presente processo foi instaurado a partir de
premissas ilegais, ilegítimas, imorais e manifestamente injustas, a partir de um
clamoroso abuso de poder no qual ninguém no exercício da Presidência da Câmara
poderia ter incorrido. Perante esta nobre Casa de Leis, perante o Poder Judiciário (que
ainda não se pronunciou definitivamente sobre esta matéria), e perante a História, uma
tal iniciativa, partindo de uma tal torpeza de propósitos, jamais poderá prosperar em um
Estado Democrático de Direito.
Donde, por força de todo o exposto, o que ora aqui se requer é o reconhecimento da
nulidade do ato de instauração do presente processo de impeachment
determinado pelo Sr. Presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e de todos os seus
atos subsequentes, com a extinção do presente processo, em razão do manifesto
desvio de poder que definitivamente o viciou, sem que, em bom direito, seja possível
a ocorrência de qualquer possibilidade jurídica plausível de convalidação.
Por isso, por respeito à legalidade e aos contornos preestabelecidos no objeto que
motiva o presente processo de impeachment, esta manifestação firmada em nome da
Sra. Presidenta da República limitar-se-á, única e exclusivamente, a abordar os
fatos que integram a denúncia recebida parcialmente pelo Sr. Presidente da
Câmara, Deputado Eduardo Cunha. A defesa não irá compactuar com desmandos e
com a ofensa desabrida a seu direito de defesa nacional e internacionalmente
reconhecido.
Desse modo, para que se restaure a legalidade processual, cumpre que se determine a
anulação de todos os atos processuais praticados por esta DD. Comissão, a
partir do momento em que foi juntado, por decisão do Sr. Presidente da Câmara,
Deputado Eduardo Cunha, em novo e manifesto desvio de poder, os documentos
pertinentes à delação premiada do Senador Delcídio do Amaral. Esta juntada,
seguida da decisão do Presidente desta Comissão Especial, Deputado Rogério Rosso,
como demonstrado, ofendeu diretamente direitos subjetivos da Sra. Presidenta da
República no exercício de sua defesa, na medida em que afrontaram clara e
induvidosamente o princípio do devido processo legal, do contraditório e da ampla
defesa (art. 5o, LV, da Constituição Federal).
Nesse sentido, requer-se, outrossim, que seja afirmado juridicamente, para todos
os fins de direito e para que não pairem quaisquer dúvidas sobre o objeto deste
processo de impeachment que este se limita, exclusivamente, à apreciação dos
crimes de responsabilidade objeto da denúncia originalmente recebida pelo Sr.
Presidente da Câmara, e por conseguinte, que seja também determinada a
reabertura do prazo para a apresentação da manifestação de defesa da Sra.
Presidenta da República, pelo inequívoco prejuízo processual que estes vícios
trouxeram à sua oferta.
Requer-se ainda, finalmente, que tanto a defesa, como o Sr. Relator designado por
essa DD. Comissão, bem como os parlamentares que deverão, nestes autos,
firmarem suas manifestações sobre a matéria sub examine, considerem
exclusivamente, em sua análise sobre a ocorrência ou não de crimes de
responsabilidade da Sra. Presidenta da República, unicamente, as acusações que
determinaram efetivamente a abertura do presente procedimento pela decisão
original do Sr. Presidente da Câmara, determinando-se também o
desentranhamento dos documentos relativos às delações.
Com efeito, ao arrepio das normas processuais aplicáveis à espécie, realizou-se, sem
qualquer objetivo jurídico plausível, uma curiosa etapa destinada “ao esclarecimento
da denúncia” parcialmente já recebida pelo Sr. Presidente da Câmara, Deputado
Eduardo Cunha. Nesta estranha e imprevista etapa procedimental, decidiu-se por
convocar, in personam, os próprios subscritores da denúncia original para prestarem
esclarecimentos adicionais sobre o seu pleito original.
Ofendeu-se, com isso o princípio do devido processo legal, do contraditório e da
possibilidade de oferta de uma defesa que com segurança e certeza pudesse
propiciar uma adequada apreciação do que se encontra debatido nestes atos.
Violado restou, por conseguinte, o disposto no art. 5 o, LV, da Constituição Federal.
Violada restou a Lei nº 1.079, de 1950 e o próprio Código de Processo Penal a ela
subsidiariamente aplicado, por se permitir, de forma reflexa, um estranho
“esclarecimento” aos termos da denúncia originalmente recebida e, por que não dizer,
um “malicioso” e “impróprio” aditamento ao objeto deste processo. Finalmente, violada
também restou a decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal na ADPF nº 378 que
decidiu como parâmetro de processamento dos processos de impeachment o
regramento acolhido à época do Ex-Presidente Fernando Collor de Mello que foi, em
face da estapafúrdia inovação em comento introduzida por decisão desta DD.
Comissão Especial, claramente ignorado.
Cumpre, assim, afirmar que a não cientificação formal e jurídica da Sra. Presidenta da
República, para que, querendo, pudesse comparecer, diretamente ou pela sua defesa,
na sessão designada para a oitiva dos denunciantes (marcada com o objetivo único de
que pudessem esclarecer aspectos da sua denúncia originalmente apresentada), trouxe
também vício insanável a este procedimento, a partir da sua imprópria e indevida
realização.
Note-se, ainda, que todo este nebuloso cenário processual restou ainda mais
agravado pelo inadmissível fato de ter havido a expressa recusa, por parte desta
DD. Comissão, em se conceder novo prazo à defesa para manifestar-se após os
“esclarecimentos” realizados à denúncia pelos denunciantes. Ou seja: mesmo
tendo sido feitos novos esclarecimentos às denúncias ofertadas pelos cidadãos,
não foi concedido um único dia adicional sequer para que a defesa da Sra.
Presidenta da República pudesse analisar o que foi dito pelos denunciantes,
mesmo naquilo que relataram estritamente em relação ao objeto da denúncia
parcialmente aceito pelo Sr. Presidente da Câmara.
3. MÉRITO
3.1. AS CARACTERÍSTICAS JURÍDICAS DO CRIME DE RESPONSABILIDADE:
SUA TIPIFICAÇÃO, APURAÇÃO E JULGAMENTO
Cuida-se de crime de responsabilidade, aos quais se aplicam todas as garantias do
Direito Penal. Assim, exige-se a configuração de fato típico, ilícito e culpável. Claro,
assim, que um dos primeiros requisitos a serem preenchidos para a qualificação de um
crime de responsabilidade é a existência efetiva de um ato praticado pelo
Presidente da República. Acresce-se, ainda, que o ato praticado precisa ser de
natureza funcional e praticado no exercício de mandato presidencial corrente,
nos termos da redação do § 4º do art. 86 da Constituição. Repitam-se, mais uma vez
os seus dizeres: “O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode
ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções”.
Por determinação da Constituição Federal (parágrafo único do art. 85), impõe-se ainda
como devida análise da tipificação dos crimes de responsabilidade, a partir da Lei que
os define, qual seja, a também já aludida Lei nº 1.079, de 1950. É nessa análise
exegética que, por óbvio, que nos depararemos com a necessidade de cotejarmos
estes dispositivos com as firmes e sempre intransponíveis diretrizes constitucionais
decorrentes do princípio da legalidade em matéria penal. De acordo com este
princípio fundamental da nossa ordem jurídica, o crime que se pretende imputar ao
Presidente da República deve estar sempre previsto em lei, de forma clara,
compreensível e bem definida, não cabendo falar de sua prática fora das
hipóteses previstas expressamente na redação firmada no diploma legislativo.
Cumpre também notar que os tipos delituosos que se pretende imputar à Sra.
Presidenta da República no caso presente, por definição, são juridicamente definido
como “dolosos” (ou seja, devem ser praticados com a dimensão subjetiva da má-fé da
autoridade), não podendo ser admitida, sob nenhum argumento, no caso, a
modalidade culposa (ação subjetiva decorrente de negligência, imprudência ou
imperícia da autoria), seja por força do arquétipo constitucional definido para o conceito
de crime de responsabilidade no art. 85, da Constituição Federal (conforme
anteriormente já exposto nas considerações preliminares), seja por absoluta ausência
de previsão legal que pudesse, em tese, vir admitir (mesmo que equivocadamente, do
ponto de vista constitucional) esta hipótese.
Em outras palavras, seja pela análise direta do texto constitucional, seja pela análise
das nossas leis, no direito brasileiro, não existe crime de responsabilidade cometido
por ação culposa, ou seja, por ato imprudente, negligente ou imperito daquele
que ocupa o cargo de chefe de Estado e de Governo. Sendo, assim, esta
constatação se aplica por inteiro à imputação que se pretende fazer, em tese, nos
presentes autos, às condutas da Sra. Presidenta da República, Dilma Rousseff.
Finalmente, um último aspecto necessita ainda ser analisado dentro daquilo que nos
ensina o moderno direito penal. Considerando-se a ocorrência de um eventual fato
típico e possivelmente ilícito, há que se perguntar: poderia a Sra. Presidenta da
República, no caso concreto, ou seja, diante dos fatos da vida que lhe eram postos, ter
efetivamente seguido outra conduta diferente daquela que efetivamente seguiu?
Poderia ter-lhe sido exigida conduta jurídica diversa da que adotou? É o que âmbito do
moderna doutrina penalista se convencionou denominar de culpabilidade objetiva
decorrente do tipo delituoso. Esta “culpabilidade objetiva da conduta do agente que
decorre da possibilidade de que ele pudesse, de fato, ter seguido outro caminho
distinto daquele que adotou ao incorrer na conduta reputada delituosa, por óbvio, em
nada se confunde com a culpa subjetiva (negligência, imprudência e imperícia) do
agente que se contrapõe ao seu dolo (má intenção subjetiva) indispensável para a
tipificação de um crime de responsabilidade. Aqui, se trata de saber: poderia ter a Sra.
Presidenta da República, concretamente, ter tomado uma outra decisão sem ofensa
aos interesses públicos, sem prejuízo à ordem social e econômica? Se pudesse, a
tipificação delituosa, por óbvio, restaria configurada. Se não pudesse, o delito
denunciado restará inteiramente descaracterizado na sua prefiguração ilícita.
3.2. DECRETOS SUPLEMENTARES
3.2.1. DA IMPUTAÇÃO
3.2.2. DISTINÇÃO ENTRE GESTÃO ORÇAMENTÁRIA E GESTÃO
FINANCEIRA
3.2.3. DA AUTORIZAÇÃO DE CRÉDITOS SUPLEMENTARES AO
ORÇAMENTO APROVADO
3.2.4. COMO É ELABORADO UM DECRETO DE CRÉDITO SUPLEMENTAR
3.2.5. OS DECRETOS DE CRÉDITO SUPLEMENTAR QUESTIONADOS NA
DENÚNCIA
3.2.6. DESPESAS FINANCEIRAS - DESTINADAS AO PAGAMENTO DA
DÍVIDA
3.2.7. DESPESAS OBRIGATÓRIAS
3.2.8. DESPESAS DISCRICIONÁRIAS
5. Não há, pois, que se falar em ação dolosa da Presidenta da República por prática de
atos jurídicos, a partir de solicitações, pareceres, e manifestações jurídicas, expressas
em atos administrativos expedidos, por servidores de órgãos técnicos, e que se
encontram inteiramente ao abrigo da presunção de legitimidade que envolve todos
os atos administrativos em geral.
1. Não há qualquer conduta descrita como tendo sido praticada pela Presidenta
da República e nem mesmo omissão;
2. As subvenções referentes ao plano Safra são autorizadas por lei, que confere a
regulamentação e a execução das políticas aos Ministérios responsáveis por sua
gestão, não sendo prevista conduta a ser praticada pela Presidenta da República;
8. Os artigos de lei que supostamente teriam sido violados são artigos da Lei de
Responsabilidade Fiscal. No entanto, para que se configurasse crime de
responsabilidade seria necessária alegação de violação de lei orçamentária.
Assim, até mesmo o bem jurídico apontado pelos denunciantes está errado. Sem
ofensa ao bem jurídico, a conduta é atípica;
9. Ainda que se pudesse considerar a LRF como bem jurídico protegido desse crime,
também a ela não houve infração, pois essas subvenções não constituem
operações de crédito, nos termos de seu art. 26, nem a elas podem ser equiparadas.
Além de se tratar de contratos de prestação de serviços entre a União e o Banco do
Brasil, no ano de 2015 não houve sequer atraso de repasses ao Banco do Brasil.
Assim, se conduta houvesse, ela seria atípica;
A posição dos denunciantes implica, na prática, que eles estão impondo ao Poder
Executivo que não cumpra com os seus deveres constitucionais, em razão de visões
ideológicas que colocam o equilíbrio fiscal estrito, acima do bem estar da população.
Os argumentos dos denunciantes distorcem a realidade. Os denunciantes invertem a
causalidade dos fatos, desconsideram que os resultados fiscais menos robustos, após
a introdução de políticas anticíclicas, são consequência da real desaceleração
econômica e não a causa. A experiência internacional mostrou que a redução do
gasto público num momento de crise levaria ao aprofundamento da crise econômica e
não o contrário.
A partir de tal postura dos denunciantes, a política fiscal, que até então era um tema
meramente econômico, passou a ser criminalizada, ao ser usada para embasar um
pedido de impeachment com o argumento de que supostas infrações à LOA e à LRF,
que concorreriam para o não cumprimento da meta fiscal, poderiam ser caracterizadas
como crime de responsabilidade da Presidenta.
5. CONCLUSÃO
Na falta de fatos que possibilitassem a revisão direta do resultado das urnas, outras
formas de revanchismo eleitoral passaram a ser buscadas com avidez por setores
oposicionistas. A busca de um fundamento para o impeachment da Sra. Presidenta da
República passou a ser uma estratégia política. Parte-se de um desejo político de
cassação do mandato presidencial para se conseguir, a qualquer preço, um fato que
possa justificar esta medida.
Em situação absolutamente ofensiva à Constituição vigente em nosso país foi
determinada a abertura do presente processo de impeachment. Foi aberto, a partir de
uma decisão ilegal e viciada tomada pelo Sr. Presidente da Câmara dos Deputados,
em claro e notório desvio de poder, decorrente de ameaças e de chantagens não
atendidas pela Sra. Presidenta da República e pelos membros do seu governo. Está
sendo processado com claras e indiscutíveis violações aos princípios constitucionais
vigentes, em especial ao do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa.
Encontra-se fundado em denúncias inconsistentes, juridicamente insustentáveis e de
improcedência manifesta.
Pela defesa que ora se apresenta a esta DD. Comissão especial em nome da Sra.
Presidenta da República Dilma Rousseff, assim, não se defende apenas o seu direito
subjetivo ao exercício regular do mandato presidencial para o qual legitimamente foi
eleita pela maioria dos cidadãos brasileiros. Por esta defesa também se defende a
Constituição brasileira e o nosso Estado Democrático Brasileiro historicamente
conquistado após anos sombrios da nossa história.
6. DOS REQUERIMENTOS
b) que seja afirmado juridicamente, para todos os fins de direito e para que não pairem
quaisquer
dúvidas sobre o objeto deste processo de impeachment, que este se limita,
exclusivamente, à apreciação dos crimes de responsabilidade objeto da denúncia
originalmente recebida pelo Sr. Presidente da Câmara, e por conseguinte, que seja
também determinada a reabertura do prazo para a apresentação da manifestação de
defesa da Sra. Presidenta da República, pelo inequívoco prejuízo processual que estes
vícios trouxeram à sua oferta;
c) que tanto a defesa como o Sr. Relator designado por essa DD. Comissão, bem
como os parlamentares que deverão, nestes autos, firmar suas manifestações sobre a
matéria sub examine, considerem, em sua análise sobre a ocorrência ou não de crimes
de responsabilidade da Sra. Presidenta da República, unicamente as acusações que
determinaram efetivamente a abertura do presente procedimento pela decisão original
do Sr. Presidente da Câmara, determinando-se também o desentranhamento dos
documentos relativos às delações;
e) que, caso seja mantida como válida a sessão em que foram ouvidos os
denunciantes para o esclarecimento dos fatos pertinentes à sua denúncia, seja
reaberto o prazo de 10 (dez) sessões para que se possa, regularmente, fazer a
apresentação da defesa da Sra. Presidenta da República;