Movimento Social Feminista .
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Movimento Social Feminista .
conquistas
RESUMO
A história do feminismo e das lutas das mulheres persiste por mais de dois séculos, marcada por
vários eventos e momentos históricos. Nesse contexto, o movimento ganhou força e apoio de
mulheres em diversos países, inclusive no Brasil. Diante dessa visão, como se deu o movimento
feminista, suas lutas e conquistas no Brasil? Uma vez que, as mulheres brasileiras há muito
vivenciam uma cultura arraigada de subjugação, desigualdade e patriarcado, onde eram
consideradas propriedade de seus pais, maridos, irmãos ou quem quer que fosse o chefe da família.
Isso ficou evidente no período das greves operárias de meados de 1907 a 1917, influenciadas por
imigrantes europeus, principalmente italianos e espanhóis, inspirados nos ideais anarco-sindicalistas.
As greves visavam melhorar as condições de trabalho nas fábricas, principalmente nas tecelagens,
onde as mulheres eram a principal força de trabalho. Entre as questões levantadas durante as greves
estavam a regularização do trabalho feminino, a implantação da jornada de oito horas e o fim do
trabalho noturno para as mulheres. As discussões sobre a participação da mulher na sociedade até
os dias atuais são temas de estudo acadêmico. Portanto, a presente pesquisa tem por finalidade
analisar o movimento social feminino apontando suas lutas e conquistas e como essa luta foi
importante para a evolução da mulher atualmente. De 1827 a 2021, o mundo das mulheres
conquistou grandes feitos, desde a luta pelo direito ao voto até os métodos contraceptivos,
impulsionado por mulheres que lideraram movimentos revolucionários em todos os campos da
sociedade. Assim, a luta das mulheres continuará em busca de novas quebras de barreiras e
conquistas em prol da igualdade de gênero, trabalhista, de raça independente de e etnia.
1. Introdução
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das conquistas, o movimento feminista no Brasil continua enfrentando desafios em
sua busca pela igualdade de gênero.
Diante dessa estimativa, a presente pesquisa busca responder o seguinte
questionamento: como o movimento feminista no Brasil foi consolidado e quais seus
desdobramentos?. Para tanto, os resultados foram divididos em três partes/seções,
visando esclarecer como o movimento feminista se desenvolveu acontecer no país.
A primeira parte retrata o movimento feminista, trazendo uma discussão
histórica e descrevendo inúmeras figuras significativas que fizeram história em
meados do século XIX, como Josefina Álvares de Azevedo, jornalista polêmica e
autora da peça “O voto feminino” de 1872; Francisca Senhorinha da Mota Diniz,
conhecida por seus discursos apaixonados em defesa das mulheres de 1875; e
Presciliana Duarte de Almeida, que editou o jornal “A Mensageira” de 15 de outubro
de 1897 a 15 de janeiro de 1900, na cidade de São Paulo.
Outra figura influente na história do movimento feminino foi Bertha Lutz,
amplamente conhecida como a principal responsável por assegurar o sufrágio
feminino. Foi ela que fundou a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino em
1920, e fez parte da elaboração do Código Eleitoral de 1931, sendo também,
deputada federal pelo estado do Rio de Janeiro em 1936, onde propôs a criação do
Departamento Nacional da Mulher.
Mas, não se podem esquecer as contribuições de Nísia Floresta Brasileira
Augusta, figura importante no discurso em torno do movimento pelos direitos das
mulheres, onde seus escritos refletem ideias ousadas e distintas sobre o papel
social das mulheres. Em 1938, Nísia fundou o Colégio Augusto dos Anjos, no Rio de
Janeiro, dedicado à formação de meninas onde eram lecionadas aulas de latim,
francês, inglês, italiano, história, geografia, música, dança, piano, desenho e
bordados. Além disso, ela se destacou como uma voz poderosa na literatura,
principalmente com sua obra “Direitos das Mulheres e Injustiça dos Homens” (1832).
A representação iconográfica de figuras femininas ilustres do movimento
feminista do século XIX estaria incompleta sem Maria Firmina dos Reis. Ela nasceu
em São Luís, Maranhão, em 11 de outubro de 1825, e era “filha natural” de Leonor
Felippa dos Reis, uma escrava alforriada, foi figura de destaque nos círculos
letrados da capital maranhense.
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Numa época em que a maioria das mulheres brasileiras estava confinada em
casa e sujeita à autoridade masculina, essas mulheres fizeram contribuições
significativas para a história do Brasil, e seus legados perduram até os dias atuais.
Na segunda parte será mostrado um panorama geral conciso sobre a
implementação de leis que abordam desigualdade de gêneros, classe, raça e etnia,
pois apesar da Constituição Federal brasileira de 1988, ter sido ratificada em 5 de
outubro de 1988, o que foi um marco importante na redemocratização do país, onde
estabeleceu uma completa paridade jurídica entre os gêneros e o direito à liberdade
de pensamento. No entanto, não foi suficiente para erradicar as desigualdades que
persistiam em relação à figura feminina, independentemente da etnia. Essa distinção
resultou no surgimento de novas representantes femininas, principalmente na esfera
política.
E por fim, a terceira parte mostra como foi a intensificação dos movimentos
feministas pela democratização dos direitos das mulheres em meados de 2006 a
2021, onde ocorreu um impacto significativo na valorização de novos atos políticos e
sociais, cuja dimensão desse movimento foi claramente transformadora na luta das
mulheres no passado, que não só contribuiu na mudança de leis, como no
reconhecimento da efetivação de direitos, garantias e oportunidades.
No entanto, vale ressaltar que o processo de consolidação de direitos não é
linear e está continuamente sujeito a avanços e retrocessos. Logo, a luta pelos
ideais feministas continua sendo uma batalha constante, visando romper os
conceitos tradicionais de dominação, firmando as mulheres como cidadãs.
Durante o período da redemocratização (após o ano de 1988), a participação
ativa das mulheres organizadas, inclusive feministas e as constituintes, teve papel
fundamental na definição das diretrizes da Constituição Federal de 1988.
Nesse contexto, o objetivo geral dessa pesquisa é demonstrar as lutas e
conquistas do movimento feminista no Brasil. A metodologia utilizada no estudo foi a
pesquisa bibliográfica. As fontes usadas para coleta de dados foram: periódicos
científicos, sites especializados, repositórios, sites institucionais, entre outros.
2. Metodologia da pesquisa
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Para atingir o objetivo geral pesquisa e responder o questionamento, utilizou-
se a pesquisa bibliográfica. A abordagem quanto a forma é qualitativa. A pesquisa
qualitativa preocupa-se, portanto, com aspectos da realidade que não podem ser
quantificados.
Para Minayo (2001), a pesquisa qualitativa trabalha com o universo de
significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a
um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não
podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis.
O instrumento utilizado para coleta de dados foi a pesquisa teórica. As fontes
utilizadas foram: periódicos científicos, sites especializados no tema, repositórios,
sites institucionais, documentos online (PDF), entre outros.
3. Resultados e Discussão
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Esse sistema fez despertar em algumas mulheres o desejo de desafiar o
costumeiro papel de submissão e essa mulher se chama Benedita da
Trindade do Lado de Christo, que se destacou pelo pioneirismo no ensino
público paulistano do século XIX. Na cidade imperial de São Paulo, capital
da província, cogitou-se a criação de uma classe feminina em abril de 1828,
seis meses após a promulgação da lei de 1827 que também criava
legalmente classes de primeiras letras para meninas. Foi à primeira
professora pública da cidade e a única a ocupar o cargo de 1828 a 1853
(Grifos do autora apud MUNHOZ, 20XX).
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Em 1832, Nísia fundamenta-se feminista com a impressão da obra “Direitos
das Mulheres e Injustiças dos Homens”. Neste livro, a autora enfatiza que as
mulheres possuem as mesmas capacidades que os homens para exercer funções
de liderança e assumir quaisquer atividades. Desde suas primeiras publicações,
foram cerca de quinze livros em português, francês e italiano, e uma infinidade de
artigos, ensaios, poemas e crônicas.
Em toda a imprensa local, Firmina dos Reis foi uma figura frequente com suas
obras que vão desde poesia, ficção, crônicas até enigmas. Ao longo dos seus
noventa e dois anos de vida, foi uma cidadã intelectual ativa e influente. Sua vida foi
dedicada à busca do conhecimento através da leitura, escrita, pesquisa e ensino.
Vale salientar que, a partir de 1849, a ordem foi restabelecida em todo o
império brasileiro, concluía-se a primeira parte do programa de D.Pedro II onde a
unidade nacional foi garantida em conjunto com os varões enérgicos que
contribuíram para independência do país (MOSSÉ, 2015).
A História tinha por função formar crianças e jovens pautados nos princípios
cristãos católicos e pelos fatos emblemáticos do império, ou seja, fazendo
uma junção da História Sagrada com a História Nacional, conciliando os
interesses do Estado e da Igreja, onde, “produzia-se e ensinava-se, a julgar
pelos programas e pelos textos dos livros didáticos, uma História
eminentemente política, nacionalista e que exaltava a colonização
portuguesa, a ação missionária da Igreja Católica e a monarquia”
(FONSECA, 2006, p.47).
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E diante desse condicionamento em que se encontrava o Brasil, proporcionou
a Firmina do Reis, contribuir significativamente nos campos da literatura, cultura e
também no folclore onde trabalhou incansavelmente para coletar e preservar textos.
Além disso, era uma compositora talentosa e criou um hino que celebrava a abolição
da escravatura.
Durante o ano de 1854, o âmbito da educação assistiu ao surgimento de mais
uma protagonista feminina, Adéle Marie Louise Sigaud. Nascida no Rio de Janeiro
em 1840, filha do médico francês naturalizado brasileiro José Francisco Xavier
Sigaud, ela nasceu com deficiência visual.
Apesar disso, a posição de seu pai na Corte Imperial não a impediu de se
alfabetizar por meio da orientação de José Álvares de Azevedo, escritor e
missionário educado em uma escola francesa para cegos. Azevedo foi considerado
o patrono da educação dos deficientes visuais no Brasil. Ele reconheceu o talento de
Adéle Marie Louise Sigaud e a apresentou ao imperador D. Pedro II em 1851, que
como resultado desse encontro, foi criado em 1854 o Instituto Benjamin Constant
para oferecer educação para crianças e adolescentes com deficiência visual, tendo
Adélia Sigaud sido apontada como sua primeira instrutora. E foi nesse instituto que o
Braille foi introduzido no Brasil (grifos da autora).
Em 1859, Firmina dos Reis reaparece marcando presença na história da
literatura com o livro intitulado “Úrsula”, primeira obra abolicionista escrita por uma
mulher negra, que retrata detalhadamente, o tráfico de escravos e seu regime brutal
a partir da perspectiva do indivíduo escravizado transformado em "mercadoria
humana" (PIRES, 2020).
A visão da autora, sobre a realidade brasileira no final do século XIX, inclui a
África como símbolo de progresso e emancipação, onde a autora condena
abertamente os traficantes de escravos como “incivilizados”, o que contradiz a
ideologia de Hegel que tolerava o colonialismo como forma de “educar” os escravos.
No entanto, a obra só foi autorizada a circular na sociedade brasileira em 1860.
Ao longo do final do século XIX e início do Século XX, as mulheres no Brasil
continuaram a perseverar, apesar das mudanças sociais como a criação da primeira
instituição de ensino superior do Brasil em 1808 que foi restrita as mulheres, o
decreto imperial de 1879 autorizando às mulheres a frequentar cursos universitários
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e obter diplomas acadêmicos, num período em que o preconceito sobre as mulheres
ainda existia (Grifos da autora apud FERNANDES, 2019).
Mas, foi em 1884, que uma figura feminina chamada Rita Lobato Velho Lopes
matriculou-se na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro onde durante os estudos,
transferiu-se para a Faculdade de Medicina da Bahia, concluindo o curso em 1887,
tornando-se a primeira mulher brasileira e a segunda latino-americana a obter
diploma de medicina só exercendo a função em 1888, ano que marcou uma nova
fase socioeconômica e política no Brasil com a abolição da escravatura. Dedicava-
se inteiramente ao seu trabalho e atendia todos os chamados. De 1910 a 1925, Rita
trabalhou incansavelmente em sua clínica domiciliar, atendendo a quem não podia
pagar. Ela continuou a praticar até quase os 60 anos, quando encerrou a carreira
profissional.
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Em 1890, Francisca Senhorinha publicou um artigo intitulado “Igualdade de
Direitos” no qual afirmava “Queremos que o sexo forte saiba que se nas suas leis
podem mandar-nos subir ao cadafalso, mesmo pelas ideias políticas que temos, eles
também nos devem justiça de direitos iguais quanto ao direito de voto”.
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Portanto, a revisitação aos escritos de Josefina Álvares de Azevedo é não só
honrar a voz de uma mulher extraordinária, mas também comemorar um período
político crucial que deu origem a subsequentes avanços sociais.
As tendências do movimento feminista começaram no final de 1800 e
continuaram ao longo dos primeiros trinta anos de 1900, quando:
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participação qualitativa junto às organizações políticas clandestinas” (TELES, 1993,
p. 57).
No ano de 1963, Betty Fridman lança a Mística Feminina mística feminina, no
qual retoma as ideias de Beauvoir e delata a opressão contra a mulher na sociedade
industrial.
Na década de 1960, as mulheres voltaram aos holofotes, porém, amparadas
por uma ideologia conservadora que estrategicamente preencheu o vazio deixado
pela proibição do movimento feminista e se firmou como um fiel escudo numérico
para provocar rumorosas marchas familiares que culminou em 500 mil pessoas em
São Paulo no dia 19 de março de 1964 e mais de um milhão de pessoas no Rio de
Janeiro em 2 de abril de 1964, que assinaram o discurso “ruptura institucional ou
morte”, que foi uma tentativa de obter uma falsa legitimidade para o golpe militar civil
que eclodiu no mesmo ano.
Na história da ditadura militar civil brasileira (1964-1985), as mulheres
aderiram aos movimentos que contestavam a perda de direitos e as inúmeras
formas de violência do Estado, organizando-se em partidos políticos e movimentos
sociais e atuando junto às massas. Por sua vez, foram registradas as ações
daqueles que saíram às ruas para exigir o afastamento do presidente João Goulart
(setembro de 1961 a março de 1964). No caso, eram mulheres de classe média com
perfil conservador que temiam o que a grande mídia e outras instituições “perigosas
comunistas” estavam construindo, junto com o clero e as elites rurais e urbanas, na
instauração da ditadura desempenhou um papel importante.
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No entanto, o país ainda não encontrou a solução para a questão do aborto
que continua ilegal, e, apesar de legislações como a de Maria da Penha (2006), a
violência contra mulheres sobrevém sendo um problema grave atualmente. Nos
últimos anos, a resistência conservadora continua viabilizando disparidade em
relação a igualdade entre homens e mulheres tornando o tema, centro de
discussões atualmente.
A participação das mulheres nos sindicatos entre os anos de 1960 a 1978 no
Brasil cresceu rapidamente do que sua participação no mercado de trabalho.
Em 1970, os direitos das mulheres passaram a fazer parte da pauta contra o
regime autoritário. Os coletivos de mulheres negras também começaram a se formar
nessa época. Um ponto crescente em evidência nessa época, foi o número de
mulheres sindicalizadas que aumentou 176% até 1978, e com isso, surgiu o trabalho
das mulheres dentro dos sindicatos, que passaram a formar grupos, conselhos e
núcleos dedicados às mulheres e às suas necessidades (PEREIRA, 2021).
Em 1980, mulheres frustradas com a dominação e a violência desenfreada
fundaram o SOS Corpo, um espaço pioneiro de resistência. Foram as primeiras
organizações a defender a consciência nacional e a condenar a violência contra as
mulheres sem qualquer apoio institucional por meio de ações críticas e afirmativas
da sociedade civil organizada (BANDEIRA, 2009). Ainda no mesmo ano, uma série
de campanhas foram realizadas contra trágicos assassinatos de milhares de
mulheres em nome da “honra”, “submissão” e “amor” de seus maridos, parceiros e
outros amantes.
Dois anos depois, após a eleição do governo democrático, foi instituído o
primeiro Conselho da Condição Feminina em São Paulo e em seguida, no Estado de
Minas Gerais através do Conselho Nacional dos Direitos das Mulheres (CNDM).
Foi a Constituição de 1988, que favoreceu os direitos e garantias da mulher
nas primeiras clausulas tornando-se um ato inédito deixando para o segundo plano,
os direitos e garantias do Estado cujo ato, constituiu o núcleo material intangível da
Constituição (art. 60, § 4o). A mesma também previu, o reconhecimento da
titularidade coletiva de direitos envolvendo sindicatos, associações e entidades de
classe (BRASIL, 1988).
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de participação direta da vontade popular (como o plebiscito, o referendo e
a iniciativa popular, nos termos do art. 1º, parágrafo único, e do art. 14),
estimulando, ainda, o direito de participação orgânica e comunitária (arts.
10, 11, 194, VII e 198, III). De todas as Constituições brasileiras, foi a Carta
de 1988 a que mais assegurou a participação popular em seu processo de
elaboração, a partir do recebimento de elevado número de emendas
populares (PIOVESAN, 2008, p. 2).
Portanto, a Constituição tem o mais alto grau de legitimidade popular. Na
avaliação do movimento de mulheres, um momento de destaque na defesa dos
direitos humanos das mulheres é a articulação desenvolvida na véspera da
constituinte de 1988 para triunfar na arena constitucional. Esse processo culminou
na Carta da Mulher Brasileira, a partir de amplas discussões e debates nacionais,
levando em consideração as principais reivindicações do movimento de mulheres.
Foi na Cconferência Mmundial de Ddireitos Humanos, realizada em Viena, em
1993, que o Tribunal de crimes contra as mulheres expôs a necessidade de se
inserir o direito à vida sem violência como indissociável da luta pelos direitos
Humanos no mundo, antecedendo a Declaração sobre a Eliminação da Violência
contra a mulher, aprovada pela ONU (BANDEIRA, 2009 p. 403).
A ratificação da Convenção Interamericana pelo Brasil em 1994 marcou a
lutas das mulheres contra a violência de gênero porque esse acontecimento,
pressionou os países a reformar a legislação e implementar políticas públicas de
prevenção e atendimento às mulheres vítimas de violência seja física ou psicológica.
A vulnerabilidade a crimes violentos contra a mulher criou uma resistência
feminista, moldada pela crítica ao uso opressivo da Lei nº 9.099/95 contra a mulher.
Em segundo lugar, na ausência de uma jurisprudência específica antiviolência, a
DEAM passou a utilizar essa lei como base legal para combater crimes violentos de
gênero, especialmente crimes de agressão e intimidação.
Por um lado, nas sociedades ocidentais modernas, os conflitos entre os
indivíduos, tomaram tal magnitude nas sociabilidades da vida privada cotidiana, que
transformaram a relação conjugal numa espécie de contrato social desigual e
hierarquizado contrário aos ideais de igualdade e direitos universais entre homens e
mulheres. O que em tese, só aumenta as demandas dos movimentos feministas.
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O art. 7º regulamentado pela lei nº 9.799, de 26 de maio de 1999, inseriu na
consolidação das leis regras sobre a participação da mulher no mercado de trabalho
permitindo que as mesmas, realize um planejamento familiar livre, ou seja, de
acordo com a conformidade do casal e pós decisão, o Estado deve fornecer
recursos educacionais e científicos para que tanto a mulher, homem e a família
tenham na prática o exercício desse direito.
Finalmente, em 2002, com a adoção do novo Código Civil, houve o
saneamento da ordem jurídica brasileira como observa Leila Linhares Barsted. A
família descrita no Código era organizada de forma hierárquica, tendo o homem
como chefe e a mulher em situação de inferioridade legal. O texto de 1916
privilegiou o ramo paterno em detrimento do materno, exigiu a monogamia, aceitou a
anulação do casamento face à não virgindade da mulher, afastou da herança a filha
mulher de comportamento “desonesto”.
O Código também não reconheceu os filhos nascidos fora do casamento. Por
esse Código, com o casamento, a mulher perdia sua capacidade civil plena, ou seja,
não poderia mais praticar, sem o consentimento do marido, inúmeros atos que
praticariam sendo maior de idade e solteira. Deixava de ser civilmente capaz para se
tornar “relativamente incapaz”. Enfim, esse Código Civil regulava e legitimava a
hierarquia de gênero e o lugar subalterno da mulher dentro do casamento civil
(BARSTED, 1999, p. 17).
Discutir e implementar um novo modelo de normas e políticas públicas, há
muito reivindicado pelo movimento feminista, com e para as mulheres, mais
transparente, forte e democrático, com orçamento e equipe próprios,
consubstanciado na Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM), criada
em 2003, encontra-se atualmente sob tutela do Ministério dos Direitos Humanos,
cujo “objetivo principal é promover a igualdade entre homens e mulheres e combater
todas as formas de preconceito e discriminação herdadas das sociedades patriarcais
e xenófobas”.
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A intensa mobilização nacional das mulheres para pressionar o Estado
brasileiro em solucionar a questão de violência contra as mulheres levou o
Congresso Nacional a aprovar a lei de n.º 11.340, conhecida como Lei Maria da
Penha, em 2006. Essa lei representa uma ruptura sobre os conteúdos das
denúncias recebidas pela Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher
(DEAM) em relação à violência doméstica. No entanto, há uma lacuna, na prática,
por não compreender a dinâmica e complexidade dos conflitos interpessoais que
caracterizam o cotidiano das mulheres.
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Em 2007, foi realizada uma segunda conferência nacional para avaliar a
implementação do II PNPM com base nas principais necessidades identificadas.
Nesse processo participaram 200 mil mulheres com foco nos princípios e diretrizes
do I PNPM onde reafirmaram e ampliaram áreas estratégicas de atuação junto com
parcerias inter-institucionais. A proposta era retificar o plano sem alterar os
pressupostos, princípios e diretrizes do I PNPM. A partir das discussões da II
Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, foi lançado em março de 2008
o II Plano Nacional de Políticas para as Mulheres, com 388 ações distribuídas em
onze grandes eixos de atuação.
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O ano de 2010 é um marco significativo na história política brasileira ao
marcar a primeira vez que duas mulheres, Dilma Vana Rousseff pela chapa do PT
(Partido dos Trabalhadores) e Marina Silva pelo PV (Partido Verde), representaram
as eleições presidenciais. No segundo turno, a vitória foi garantida pela candidata do
PT, marcando a primeira candidata presidencial feminina no Brasil a vencer as
eleições. Durante a gestão Dilma, o Programa Mulher: Viver sem Violência foi
iniciado em 2013, introduzindo novos serviços e estruturas físicas para atender
mulheres em diferentes contextos. No mesmo ano foi aprovada a PEC do Lar,
garantindo aos trabalhadores domésticos os mesmos direitos dos demais
trabalhadores. Em 2015, foi aprovada a Lei do Feminicídio (Lei nº 13.104/2015), que
dispõe sobre o crime de feminicídio e suas penas correspondentes.
Nesse mesmo ano, foi inaugurado o primeiro Lar da Mulher Brasileira,
integrando em um mesmo espaço físico, diversos serviços para mulheres em
situação de violência. Ao final de seu governo, em 2016, a Secretaria Especial de
Políticas para as Mulheres foi incorporada a outras instâncias do Ministério da
Mulher, Igualdade Racial e Direitos Humanos.
Durante o governo Temer, a pasta de políticas para mulheres perdeu seu
espaço institucional e passou a fazer parte do Ministério da Justiça e Cidadania. Em
2018, a Lei do Assédio Sexual foi aprovada tornando tal conduta uma ofensa punível
com prisão. Ao final de seu mandato, foram instituídos o Sistema Nacional de
Políticas para as Mulheres (Sinapom) e o Programa Nacional de Enfrentamento à
Violência Doméstica (PnaViD).
Criada em 2016, a Lei do Assédio Sexual só foi aprovada e ratificada em
2018. O texto foi reforçado depois que vieram à tona casos de homens se
masturbando e ejaculando em mulheres em ônibus. Em 2019, foram realizadas
grandes ações voltadas para as mulheres, e o status das mulheres na assistência
humanitária tornou-se mais proeminente. O texto trata como assédio sexual
qualquer conduta obscena na presença de uma pessoa e sem o seu consentimento,
como toque inapropriado ou beijo “roubado”. A pena é de reclusão de um a cinco
anos. A Lei também prevê o crime de divulgar ou vender vídeos ou fotografias de
estupro ou induzir tais crimes no Código Penal.
Em 2021, a Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher tem muito a ganhar.
Após um ano de inatividade, em 2020, a Comissão da MULHER obteve neste ano
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importantes avanços devido à pandemia de COVID-19 e ajustes para permitir que os
eventos da Câmara ocorram remotamente. Em março, a Câmara de Comércio
aprovou a Lei nº 6.298/19, que cria uma ficha nacional de avaliação de risco,
idealmente utilizada por policiais civis no registro de violência contra a mulher. O PL,
de autoria da presidente da Comissão da Mulher, Elcione Barbalho (MDB-PA), foi
aprovado na comissão e aprovou a proposta no dia 5 de maio como Lei 14.149/21.
Outro projeto importante passou pela Comissão MULHER e se tornou lei,
criminalizando essa prática conhecida como stalking, que inclui a perseguição
coercitiva.
4. Considerações Finais
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Com o início de uma nova década, o feminismo brasileiro se depara com uma
infinidade de desafios. O Brasil detém atualmente uma das maiores taxas de
feminicídio do mundo, e o número de mulheres vítimas de estupro aumenta a cada
ano. Apesar dos contratempos e obstáculos, o tema visa reconhecer as
contribuições de mulheres que desempenharam um papel significativo na história
feminista, destacando suas perspectivas e conquistas, pois, desde o advento da
democracia, o movimento de mulheres deu passos consideráveis e alcançou
inúmeras vitorias.
Em 2020, o movimento feminista no Brasil foi fortalecido por um número
crescente de jovens que aderiram à causa, principalmente em questões voltadas
para comunicação e a internet atrelada as plataformas de mídias sociais. E como
resultado, há nas ações uma consciência crescente da importância do
empoderamento feminino e do significado desses princípios orientadores.
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