E.D.F.L - Aula 2 Pregação Bíblica
E.D.F.L - Aula 2 Pregação Bíblica
E.D.F.L - Aula 2 Pregação Bíblica
Através dos séculos, as Escrituras Sagradas têm sido uma luz de sabedoria e
orientação, fornecendo uma bússola confiável para guiar as pessoas. À medida que
exploramos a Palavra de Deus, encontramos referências como Provérbios 3:5-6, que nos
exorta a confiar no Senhor de todo o coração e a não depender do nosso entendimento,
reconhecendo-O em todos os nossos caminhos.
Vai além da mera troca de compartilhamento teológico; ela se apresenta como
uma oportunidade de conduzir as pessoas a uma experiência que vai além do terreno,
elevando-as à esfera celestial. Ao explorarmos as Escrituras, encontramos em
Colossenses 3:1-2 uma exortação para buscar as coisas lá do alto, onde Cristo está
assentado à direita de Deus. Isso destaca a relevância de elevar nossas perspectivas e
focar nas realidades celestiais durante a pregação. Além disso, em João 12:32, Jesus
afirma que, quando Ele for levantado na cruz, atrairá todos a Si mesmo, sinalizando, por
que não, que Ele seria o foco de toda a pregação.
Essa compreensão mais profunda da pregação bíblica é reforçada ainda mais por
2 Timóteo 4:2, onde Paulo instrui a pregar a palavra, estar preparado a tempo e fora de
tempo, buscando corrigir, repreender e encorajar. Isso destaca não apenas a urgência,
mas também a abrangência da pregação e regeneração, afinal, como disse Matheus
Moreno, “a pregação bíblica fervorosa não traz apenas emoções fortes; acima de tudo,
promove uma transformação de vida”.
No Salmo 19:14, o salmista ora para que as palavras de sua boca e as reflexões
do seu coração sejam agradáveis a Deus, evidenciando a necessidade de alinhar a
comunicação verbal com a verdade e a bondade divinas. Além disso, em Jeremias 1:9,
Deus capacita o profeta Jeremias, tocando seus lábios e conferindo-lhe autoridade para
proclamar Sua mensagem. A busca diária pela plenitude da presença divina como
mencionada na premissa encontra respaldo em passagens como Tiago 4:8, que exorta a
nos aproximarmos de Deus, prometendo que Ele se aproximará de nós. Essa
proximidade é crucial para que as palavras proferidas durante a pregação ecoem com a
autenticidade e a autoridade da presença de Deus. Sobre proximidade, como descreveu
Matheus Cardoso, “o lema de todo pregador deve ser: joelhos no chão; verdade nos
lábios; fogo no coração”. Uma situação atrai naturalmente a outra.
Outro pensamento que possui o mesmo princípio é o de Carlos Novais que
afirma, “o maior pregador não é aquele que vive pregando, antes, porém, aquele que
prega vivendo.” Viver a mensagem é prerrogativa de viver na presença do autor da
mensagem. Considere que a chave para transmitir uma mensagem avivada reside em
uma pessoa que luta diariamente para ter um caráter avivado. Essa conexão entre o
avivamento pessoal e a eficácia da mensagem encontra respaldo nas Escrituras. Em
Gálatas 5:22-23, o apóstolo Paulo fala sobre o fruto do Espírito, destacando
características como amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade,
mansidão e domínio próprio. Cultivar essas qualidades no caráter é fundamental para
que a pregação reflita a natureza transformadora do avivamento. Mas isso só é possível
se houve conexão com o autor desse fruto.
No Salmo 51:10, o salmista clama: "Cria em mim, ó Deus, um coração puro e
renova em mim um espírito reto." Este é um apelo para transformação interna, um
1
Pastor Ministerial na Associação Cearense.
avivamento pessoal que impacta diretamente a comunicação da mensagem divina.
Assim, ao buscar o avivamento pessoal, permitindo que o Espírito Santo transforme o
coração e característica do pregador, a mensagem compartilhada adquire um eco
poderoso, impactando aqueles que a ouvem. O caráter avivado não apenas adiciona
vigor à pregação, mas também reflete a autenticidade do relacionamento com Deus,
tornando a mensagem uma expressão vívida do poder e da graça divina.
É válido lembrar que a pregação mais significativa, capaz de tocar e converter
uma multidão, tem suas raízes profundas no silêncio do quarto do pregador, um lugar de
comunhão íntima com Deus. Essa ligação entre a vida devocional e o impacto da
mensagem encontra apoio em princípios bíblicos. Jesus, não poderia haver exemplo
melhor, retirava-se frequentemente para lugares solitários para orar e buscar a vontade
do Pai (Lc 5:16). Essa prática demonstra a importância da intimidade com Deus na
preparação para o ministério e a pregação.
O Salmo 119:105 destaca a relevância da Palavra de Deus como uma” lâmpada
para os nossos pés e uma luz para o nosso caminho”. O estudo da Palavra, muitas vezes
realizados no silêncio do quarto, proporcionam a base para uma pregação
profundamente inspiradora.
Os heróis da fé, como George Müller e Charles Spurgeon, eram conhecidos por
dedicar tempo considerável em oração e estudo silencioso antes de se envolverem em
seus ministérios públicos. Suas vidas testificam da relação entre o retiro silencioso e a
eficácia da pregação. Assim, o silêncio do quarto não é apenas um local de preparação,
mas um terreno sagrado onde a mensagem é moldada, refinada e enriquecida pela
comunhão com Deus. O resultado será, inevitavelmente, uma pregação que tocará
corações e transformará vidas.
Conforme afirma Marinho (2008, p. 21), “as pessoas são diferentes. Os ouvintes
são diferentes. Os pregadores são diferentes. Cada ouvinte tem um estilo diferente de
aprender e de absorver a mensagem”. Por essa razão, é inapropriado comparar-se com
outras pessoas ou tentar ajustar-se a um estilo que não seja genuinamente da própria
pessoa. A importância da diversificação na pregação do ministério é destacada por
princípios bíblicos. Paulo, ao discutir a diversidade de dons espirituais na igreja, enfatiza
que "há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo" (1 Co 12:4). Essa diversidade é
celebrada como parte do plano divino para a eficácia do corpo de Cristo.
Ellen White (2021, p. 55), em seus escritos, também destaca a importância da
diversidade de dons e estilos na obra do ministério cristão. Em "Ciência do bom viver",
ela ressalta que cada indivíduo possui um lugar e uma missão específicos na obra de
Deus.
A ideia central é que a diversidade de estilos, dons e experiências, não é apenas
aceitável, mas essencial para o agir do Espírito Santo na proclamação do Evangelho. Se
todos adotassem exatamente o mesmo estilo, muitas pessoas poderiam ficar
inalcançadas, já que diferentes estilos ressoam com diferentes audiências e
necessidades espirituais.
Assim, ao abraçar a diversificação, reconhecemos a riqueza da obra do Espírito
Santo em capacitar uma variedade de estilos e abordagens no ministério, garantindo que
a mensagem do Evangelho alcance e toque corações de maneiras diversas.
Essa compreensão é respaldada pela Escritura. Paulo, ao discutir a diversidade de
dons na igreja, destaca que "há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo" (1
Co 12:5). Os dons são esqueletos de princípios ainda maiores. A diversidade de estilos
de pregação também é evidenciada pelos exemplos bíblicos de diferentes pregadores,
como Pedro, Paulo, João e outros, cada um contribuindo com sua própria abordagem na
proclamação do Evangelho. A multiplicidade de estilos é uma expressão da riqueza da
obra do Espírito Santo em nós. Na prática, essa diversidade oferece estímulo constante
aos ouvintes, mantendo suas mentes envolvidas e abertas a diferentes formas de
comunicação.
Ellen White, diversas vezes, enfatizou a importância de adaptar a mensagem às
necessidades e características específicas dos ouvintes, reconhecendo que diferentes
estilos e métodos são necessários para alcançar um público diversificado. Por exemplo,
Ellen White argumenta que a busca por uniformidade entre as pessoas “não é um plano
divino, mas humano”. Ela ressalta que Deus possui flores distintas em Seu jardim (WHITE,
2021, p. 70). Ela também escreveu que “Em todas as disposições do Senhor, não existe
nada mais belo do que Seu plano de dar aos homens e às mulheres uma diversidade de
dons. A igreja é Seu jardim, adornado de uma variedade de árvores, plantas e flores”
(WHITE, 1999, p. 191). Tal ensinamento não é “whiteano”, mas bíblico: “Ora, os dons são
diversos, mas o Espírito é o mesmo”. E há “diversidade nos serviços, mas o Senhor é o
mesmo. E há diversidade nas realizações, mas o mesmo Deus é quem opera tudo em
todos” (1Co. 12:1, 4-6).
Ellen White também enfatiza que, independentemente do nível de capacidades,
Deus reserva uma obra singular para todas as classes de pessoas. O propósito divino
abraça a diversidade de características, habilidades, experiências e preparo distinto,
atendendo a necessidades também diversas. Assim, cada indivíduo é convocado a
desempenhar um papel valioso na obra divina, contribuindo de maneira única para o
cumprimento dos desígnios celestiais2. Ela também escreveu que, “uma pessoa “pode
ser um bom orador, outro um bom escritor, outro ainda pode possuir o dom da oração
sincera, fervorosa, outro o de cantar, e ainda outro a capacidade de expor com clareza a
Palavra de Deus. E cada um desses dons se deve tornar numa força em favor de Deus,
pois Ele opera por meio do obreiro. A uns dá o Senhor a palavra de sabedoria, a outro
conhecimentos, a outro fé; todos, porém, devem trabalhar sob a mesma direção, isto é,
tendo Cristo por Cabeça. A diversidade de dons conduz à diversidade de operação; “mas
é o mesmo Deus que opera tudo em todos”. 1 Coríntios 12:6” (WHITE, 2023, p. 70).
Reforçando: A diversidade não ocorre apenas na diversificação dos dons. Em cada dom
também há diversidade com características que atenderão propósitos diferentes.
TIPOS DE PREGAÇÃO
2
. Cf. WHITE, Ellen G. Signs of the Times, 15 de março de 1910; Evangelismo, p. 99.
INTERPRETATIVOS:
Esses sermões buscam aprofundar a compreensão das Escrituras, fornecendo
explicações detalhadas e contextuais. O foco está na interpretação precisa e contextual
do texto bíblico.
ÉTICOS:
Sermões éticos concentram-se em orientar a conduta moral e comportamental
dos ouvintes. Abordam questões éticas, princípios morais e oferecem direcionamento
prático para a vida diária.
DEVOCIONAIS:
Com ênfase na espiritualidade e na devoção, esses sermões visam inspirar um
relacionamento mais profundo com Deus. Eles frequentemente destacam a importância
da adoração, oração e comunhão pessoal.
DOUTRINÁRIOS:
Centrados na explanação e ensino de doutrinas fundamentais da fé, esses
sermões buscam fortalecer a compreensão teológica dos ouvintes. Eles podem abordar
temas como a Trindade, a salvação e outros aspectos doutrinários.
FILOSÓFICOS OU APOLOGÉTICOS:
Estes sermões envolvem a defesa da fé cristã e a exploração de princípios
filosóficos subjacentes à crença. Eles buscam responder a questionamentos críticos e
fortalecer a base intelectual da fé.
EVANGELÍSTICOS:
Com o objetivo primário de proclamar o Evangelho, os sermões evangelísticos
buscam conduzir os ouvintes a uma decisão de fé em Jesus Cristo. Eles frequentemente
incluem apelos para aceitar a salvação oferecida por meio de Cristo.
Essas classificações oferecem uma visão abrangente da variedade de sermões,
destacando a flexibilidade e a adaptabilidade da pregação para atender às diversas
necessidades congregação. Ao compreender essas abordagens, os pregadores podem
escolher a categoria que melhor se alinha ao propósito específico de sua mensagem e
ao contexto e realidade da audiência3.
Leve em consideração que o que importa não é a classificação, mas ter um
método simples e prático de construir o sermão com base na Bíblia. Entre as várias
abordagens, o método mais eficaz divide os sermões em:
• Temáticos
• Textuais
• Expositivos
3
Para mais detalhes conferir MARINHO, Robison. A arte de pregar, c. 16
Um sermão temático se concentra em um tema específico, reunindo passagens
bíblicas de diferentes partes da Escritura para explanar o tema proposto.
Para organizar o sermão temático, após escolher o tema, o pregador deve
organizar os subtemas e buscar os textos adequados.
I. INTRODUÇÃO
a. Ilustração (Algo que ilustre o tema proposto)
b. Transição (Algo que justifique o que será falado a partir desse momento.
4
Boa parte dos exemplos extraídos foram extraídos do livro “A arte de pregar”, de Robson Marinho.
5
(Outros exemplos: Cf. MARINHO, Robson. A arte de pregar, p. 195)
b. A justificação oferecida pela fé (Texto bíblico)
1. Jacó foi justificado pela fé (Texto bíblico)
2. Abraão foi justificado pela fé (Texto bíblico)
3. Davi foi justificado pela fé (Texto Bíblico)
CONCLUSÃO
a. Síntese em uma frase
b. Apelo
I. INTRODUÇÃO
a. Ilustração (Algo que ilustre o tema proposto)
b. Transição (Algo que justifique o que será falado a partir desse momento.
CONCLUSÃO
a. Síntese em uma frase
b. Apelo6
SERMÃO EXPOSITIVO
6
Cf. MARINHO, Robson. A arte de pregar, p. 199, 200
7
(Cf. “Pregação expositiva”, c. 38)
1. O que o texto significa:
2. Como posso saber o que o texto significa?
3. Quais as circunstâncias que levaram o texto a ser escrito?
4. O que nós temos em comum com as personagens do texto?
5. Como as pessoas de hoje deveriam reagir á verdade do texto?
6. Qual a maneira mais eficiente de comunicar a mensagem do texto? 8
I. INTRODUÇÃO
a. Ilustração (Algo que ilustre o tema proposto)
b. Transição (Algo que justifique o que será falado a partir desse momento.
8
(Cf. CHAPBELL, Bryan. Redimindo o sermão expositivo, 2005)
9
(Outros exemplos: Cf. MARINHO, Robson. A arte de pregar, p. 210, 211)
b. A humildade do centurião (v. 6)
1. “Não sou digno”
2. Não queria incomodar o Mestre
c. A fé do centurião (v. 7)
1. Pediu apenas “uma palavra”
2. Tinha certeza da cura
3. Vida que é abundante
CONCLUSÃO
a. Síntese em uma ou duas frases
b. Apelo10
10
(Cf. MARINHO, Robson. A arte de pregar, p. 212)
13)), “a pregação expositiva é um dos melhores instrumentos para produzir o
crescimento sadio da igreja”.
A pregação expositiva é amplamente reconhecida como uma das formas mais
abrangentes de comunicar a mensagem. Este estilo de sermão destaca-se em diversos
aspectos, atribuindo-lhe uma importância especial em comparação com outros
métodos, pelas razões a seguir:
PARA REFLETIR
“Ponha fogo no seu sermão ou ponha o seu sermão no fogo” (John Wesley)
“A pregação bíblica é a comunicação de um conceito bíblico, derivado e
transmitido por meio de um estudo histórico, gramatical e literário de uma passagem no
seu contexto, que o Espírito Santo aplica à personalidade e experiência do pregador, e
depois, por meio dele, aos seus ouvintes” (Haddon Robinson)
REFERÊNCIAS