3 Apaixonados Pelo Fogo - Renata Pantozo
3 Apaixonados Pelo Fogo - Renata Pantozo
3 Apaixonados Pelo Fogo - Renata Pantozo
3ª Temporada
Observo Arthur e Vick irem para o quarto e fico feliz em ver que manter
o casamento não assustou os dois. Tive medo que a idéia da Sueli de
obrigá-los a ficarem casados por ela, para não machucá-la, fizessem os dois
surtarem ou se afastarem.
- Quem é "Gatona"?
- Gatona!
- Bem! Eles estão no quarto arrumando as coisas da Vick para irem pra
sua casa.
- Então ela vem mesmo morar aqui?
- Sim!
- Maravilha! Me diz como eles estão, se parecem bem e felizes.
- Sim!
- Estava com medo deles não suportarem a idéia de ficarem casados por
obrigação, mas parece que gostam.
- Você não faz idéia de como gostam. Eu não sei explicar os dois, só sei
que se amam tanto que aceitariam qualquer coisa para ficarem juntos, só
não enxergam que isso ocorre porque se amam.
Sueli é ainda mais louca do que eu por esses dois. De fato eles são
perfeitos demais, só não conseguem ver o amor lindo deles. Arthur volta
para o quarto e conto para Sueli.
Nas pontas dos pés vou até a porta do quarto que está um pouco aberta.
Escuto os dois discutirem sobre a mala que Victória está sentada em cima.
- Espera!
- Dá um jeito de me fazer ouvir a conversa também.
************
NARRAÇÃO VICTÓRIA
- Quando tivermos nosso filho, eu vou arrumar as coisas dele! Você está
proibida de tocar nas roupinhas e nos acessórios. Papai vai ensinar desde
cedo a ser organizado.
- Falando em tarefa, o que vai sobrar pra você fazer com nosso filho?
- Por que você fica com as madrugadas sem dormir? Também quero ter
esses momentos com ele.
Ele faz uma pausa para refletir sobre o assunto. Seu silêncio me deixa
preocupada e saio da cama, indo até ele.
- Está tudo bem?
- Tem certeza?
- Mais ou menos!
- Isso te assustou?
- Não, por isso estou sem entender. A paternidade ao seu lado não me
assusta.
- Fico feliz ouvindo isso! Ser mãe é meu sonho e realizá-lo junto com
você tornaria tudo ainda mais perfeito. Vamos deixar tudo acontecer e
depois negociamos nossas funções, pode ser?
- Sim!
Ganho um beijo carinhoso nos lábios. Abraço Arthur e vejo uma mão
dentro do quarto vindo do chão, segurando um celular.
Sussurro pra ele e assim que o solto, mostro a mão. Juntos caminhamos
até a porta e abrimos para ver o que está acontecendo.
- Luna!
***************
NARRAÇÃO LUNA
Meu Deus! Eles estão falando de filhos? Queria falar com a Sueli agora
sobre isso, mas mantenho minha mão lá dentro e deixo-a ouvir tudo que
estou ouvindo. Eles realmente estão pensando em gerar um bebê. Ai meu
Deus, um rochinha seria o sonho da Sueli. Ela deve estar surtando no
telefone com isso tudo. Tudo fica em silêncio do nada, será que estão se
beijando? A porta se abre do nada e fecho meus olhos.
- Luna!
Vick pergunta e não sei o que fazer. Que desculpa dar por estar com a
mão segurando o celular dentro do quarto? Alias, como explicar que estou
deitada no chão? Queda! Vou fingir que cai e perdi a consciência. Graças a
Deus estou de bruços no chão e não podem ver meu rosto.
- Luna!
- A pessoa desligou!
- Gatona?
Vick pergunta com humor e os dois criam teorias sobre a Gatona. Já sei
que vou ter um interrogatório longo quando acordar desse falso desmaio.
- Luna a car...
- Desmaiou!
- Como? Não ouvi nenhum som de queda ou de pedido de ajuda. As
pessoas que desmaiam fazem barulho.
- Estranho!
Tiffany pergunta segurando minha mão. Vou fingir que não sei de nada,
que não lembro.
- O que aconteceu?
- Está bem!
***********
- Quem é Gatona?
- Porra, Luna!
- Desculpa!
- Uma amiga!
- Amiga?
- Sim!
- Por que está olhando para todos os lados como se fosse culpada de
algo?
Vick segura minha mão e pelo canto dos olhos, observo seu rosto com
um pequeno sorriso.
- Está tudo bem! Não fique envergonhada, importante é que está bem
agora.
***********
NARRAÇÃO ARTHUR
- Mãe!
Pergunto e olho para Victória sem entender essa reação da minha mãe.
- Vou subir para dormir, amanhã tenho que ver alguns detalhes em
aberto do casamento. Aliás, Vick amanhã você é minha, vamos ver o
vestido.
- Amanhã?
- O que?
- Isso mesmo que ouviu! Sua punição por não ser meu companheiro de
escapada de cilada será essa.
- Mas eu também vou ter que passar um dia com a minha mãe vendo
terno, já não é punição suficiente?
- Posso te lavar?
- Não!
- Então me lava!
Ela pega a bucha, coloca sabonete liquido e do nada começa a bater a
esponja em mim.
- Isso dói!
- Arthur, se vamos viver uma vida juntos precisa focar em ser meu
parceiro e me ajudar a se livrar de coisas como provar vestido de noiva.
Pela forma como ergue uma sobrancelha, acredito que amoleci a fera.
- Pode!
- Sei que não é algo que te agrade, assim como não me agradará provar
ternos, mas vamos fazer por aquela senhora irritantemente sorridente.
- Sim!
- Certo!
- Já estou me acostumando!
- Já que vou ficar sem você amanhã, o que acha de um sexo no
chuveiro?
- Não sei!
Responde toda manhosa e vira o corpo me dando uma bela visão de sua
bunda.
- Sim!
**********
************
Victória já terminou de se arrumar e está na mesa tomando café da
manhã com a minha mãe. Termino de responder um email e me junto a elas.
- Contar o que?
Pergunto e ela bufa alto, virando o rosto para a minha mãe. Balança a
cabeça como se estivesse indignada e fecha os olhos com força.
- Seu filho querido está tendo um caso com a secretária! Ele está me
traindo com aquela vagabunda!
SUA AMANTE!
NARRAÇÃO ARTHUR
O que? Como assim? Fico sem entender nada e as duas se olham como
se estivessem me odiando.
- Sua esposa passa o dia aqui comigo cuidando das suas coisas com
amor e você traindo a coitada com uma secretária?
Meu Deus! Se estivesse alguém aqui comigo que não soubesse que a
minha esposa é minha secretária, estaria me odiando pela incrível cena que
estão fazendo. Minha vida nunca será monótona com essas duas. Vamos
entrar na brincadeira.
- Vocês duas estão loucas! Como eu trairia minha linda mulher com uma
secretária? Ela é apenas muito eficiente, trabalha muito bem no sofá.
Escuto um som engraçado saindo da Victória que tenta não rir. Ela
lembrou do sexo no sofá!
- Sei muito bem que tipo de trabalho ela faz nesses lugares. Ela deixa
inclusive seu rastro de eficiência.
Ah! Agora eu entendi tudo! Filha da mãe! Victória armou pra mim, já
pensando nessa cena. A imagem dela chupando meu pescoço e arranhando
meu corpo me faz rir alto. Devo estar com um chupão maravilhoso e
entendo porque ela arrumou minha camisa e colocou a gravata em mim.
Não queria que eu descobrisse o chupão antes da minha mãe.
- Não criei você com tanto amor e educação, para ter um caso com a
secretaria. Olha como está abalando sua esposa! Ela não merece isso!
Victória funga, ergue uma mão no rosto para esconder o choro e fico
impressionado por ver seus olhos lacrimejando.
- Nunca imaginei em toda a minha vida passar por isso. Estou sem
fome! Vou levar minhas coisas para a cozinha e terminar de me arrumar
para sairmos, querida sogra.
Pega um prato, coisas para comer, suco e vai para a cozinha. A safada
está levando comida para terminar o café da manhã, só pra finalizar o teatro
todo em grande estilo, a esposa ferida. Quando vai embora encaro minha
mãe que está tentando não sorrir. Ergo uma sobrancelha e é o suficiente
para ela cair na gargalhada.
- Obrigada por trazer Vick para nós. Espero que vocês sejam muito
felizes.
- Talvez jóias!
- Um carro caro!
Seu corpo vira e ficamos frente a frente. Minhas mãos seguram sua
cintura e as dela estão em minha camisa.
- Acha?
Seu corpo cola ao meu, sua boca vem para o meu ouvido.
- Cada canto que olhar dentro daquele escritório, vai pensar em mim, no
meu corpo, em como poderia me possuir gostoso.
Seus dentes mordem a parte fofa da minha orelha e sinto sua língua.
- Nessa parte você sobrevive sem mim, Arthur. Só não sobrevive mais
sem meu corpo.
***************
São quase 10h da manhã e ainda não consegui concentrar minha atenção
em nada. Já tentei ler contrato, relatórios, ver as planilhas, resolver
pequenos problemas, mas não consigo fazer nada.
Elisa está na recepção apenas controlando as ligações e minha agenda,
como deve ser uma secretária, mas... Respiro fundo e solto meu corpo na
cadeira. Olho para a janela, para os cantos da sala, sofá, mesa... Sim, ela
estava certa quando disse que imaginar seu corpo perfeito em cada canto.
Só que não sinto falta só de seu corpo, é como se faltasse algo no meu dia.
Escuto batidas na porta e autorizo a entrar. Elisa me avisa que Luna está
aqui e peço para deixá-la entrar.
- Arthur!
- Luna!
- Vick me contou hoje cedo, sua mãe deve ter falado pra ela já.
Meu celular começa a tocar e corro para atender, deve ser Victória. Vejo
que é o Sr. Smith, CEO da empresa que busco parceria para substituir
Oscar. Atendo e conversamos por alguns minutos. Ele quer uma reunião
com urgência para acertarmos os termos. Informo que no fim do dia
enviarei meus dias e horários disponíveis para agendarmos. Desligo o
telefone e verifico se tem alguma mensagem.
- Você correu animado para atender, mas depois perdeu a empolgação.
O que houve?
- Sim!
- Por que você não a chama de Vick? Todo mundo a chama assim.
- Não! Estou falando de outro tipo de amor. Você ama a Vick como sua
melhor amiga, como companheira, como a mulher que alegra seus dias,
como a pessoa que você deseja ao seu lado o tempo todo.
- Luna, você fala como a minha mãe. Vocês criaram em torno de mim e
da Victória um romantismo ilusório. Nós não somos um casal, não somos
essa ilusão de união de pessoas baseado no amor, que vão viver um falso
felizes para sempre.
- Não posso! Victória não pode saber que sinto falta dela.
Digo tentando não rir, porque todo mundo tenta me fazer ver um amor
que não existe. Pelo menos não na forma como eles enxergam. Ninguém
nunca vai entender o que somos, somente Victória e eu entendemos.
- Não estou tentando insinuar nada! Vou fazer chamada de vídeo, quer
aparecer?
- Certo! Então fica na minha frente e apenas escute a voz de sua amada.
- Vick!
- Posso ver?
- Só um minuto!
- Você é a noiva mais linda que já vi e olha que Arthur ocupava esse
primeiro lugar.
- Está! Disse que vai ficar escondido pra você não saber que sente sua
falta. Ele quem mandou fazer chamada de vídeo.
Vira o celular pra mim e vejo o rosto radiante da mulher que agora tem
certeza que senti sua falta.
- Não!
- Tem certeza?
- Não sei! Acho que vou passar o dia com a sua mãe.
- Não!
- Não! Vou te deixar sozinho com sua saudade, assim quem sabe
descobre alguma coisa importante.
***********
Olho meu relógio e já são 18h. Nada da Victória ligar ou mandar
mensagem, ela não sentiu minha falta também? Recolho minhas coisas,
desligo o computador e meu celular anuncia o recebimento de uma
mensagem.
De: Victória
Sr. Fantini, aguardo ansiosa um convite para jantar.
Para: Victória
Sra. Fantini, o que acha de jantarmos no novo restaurante que abriu no
centro da cidade? Posso te pegar em vinte minutos?
De: Victória
Sr. Fantini, não precisa me buscar, te encontrarei no restaurante,
apenas me envie o endereço.
O que ela está aprontando? Como assim não preciso buscá-la? Estranho
como sempre!
************
Faz meia hora que espero por Victória e nada dela. Ligo para o celular
dela e cai direito na caixa postal. Não me responde as mensagens e começo
a ficar preocupado. Finalmente recebo uma mensagem dela.
De: Victória
Querido esposo, não poderei te encontrar agora, sua mãe precisa da
minha ajuda para decidir algumas coisas sobre o casamento. Aproveite seu
jantar e nos encontramos em casa.
Respiro fundo e deixo o celular sobre a mesa. Não quero jantar, perdi
por completo o apetite. Acho melhor ir embora! Ergo a mão para pedir a
conta e sou surpreendido por uma linda mulher de vestido vermelho e um
olhar sedutor. Ela acabou de dizer que não podia vir, que ficaria ajudando
minha mãe com as coisas do casamento. O que Victória faz aqui? Alias,
porque está aqui tão gostosa assim?
- Não possui mais mesa disponível aqui, será que poderia me sentar com
você?
NARRAÇÃO VICTÓRIA
- Algumas lojas?
- Dia 22?
- Certo!
É melhor não dizer nada, isso tudo é por ela mesmo. De fato o
casamento já aconteceu, então não tenho porque surtar agora.
Desvio por alguns segundos minha atenção da rua e olho para Sueli. Ela
parece preocupada com alguma coisa.
- Pode!
- Você sabe tudo que Arthur pensa do pai dele. Sabe que Osvaldo não
foi um homem fiel, não pense que eu não sabia dos casos dele com várias
mulheres.
Fico feliz por saber que Sueli sabia dos casos, mas triste por ela ter
aceitado calada.
Acho que sei qual é, mas não pretendo demonstrar que sei. Arthur me
fez prometer que não contaria a ninguém a trama que a mãe e a Vanusa
fizeram. Se depender de mim, ninguém saberá que ele não é filho de
Osvaldo Fantini. A culpa de ter enganado o marido, mesmo que para sua
felicidade, deve atormentá-la muito. Talvez tenha aceitado as traições e
permanecido no casamento como forma de se punir pelo que fez.
- Ainda não fez sua pergunta.
Ela sorri e me olha.
- Arthur não acha que pode existir um amor único, alguém para se amar
e ser fiel pelo resto da vida. Você veio para mostrar a ele que é possível.
- O medo do meu filho é se tornar como o pai, por isso tem medo de
amar. Ele não consegue entender como Osvaldo me amava e me traia. Em
sua cabeça é tudo confuso e por isso ele não acredita no amor. O simples
fato de amar não está ligado a fidelidade. Existem pessoas que amam e
ainda sim são infiéis e nunca saberemos a razão desse comportamento. Só
que nem todos são iguais e Arthur não é como o pai dele.
- Arthur luta todos os dias contra o medo de ser como o pai. Todos os
dias dentro daquela empresa ele é comparado, assemelhado e as pessoas
não conseguem ver como isso o machuca. Acredito que nossa relação de
amizade se fortaleceu por um único motivo.
Decido encostar o carro e ter essa conversa com total atenção nela.
- Qual o motivo?
- Meus olhos nunca enxergaram o Sr. Osvaldo, então eu não tenho ele
em meus pensamentos. Desde o primeiro dia que conheci o Arthur, odiei,
admirei, briguei, me conectei, me encontrei nele e em mais ninguém. As
pessoas naquela empresa carregam pai e filho como se fossem um só,
enquanto eu carrego o Arthur, porque somente ele cabe em meus braços.
- Amor!
- Não! Você ainda não consegue ver o sentimento, assim como o meu
filho, mas em breve vai entender. Agora vou fazer minha pergunta. Por que
você cria versões suas?
- Você cria varias Victória para o meu filho, quero entender o motivo.
- Você está ajudando meu filho a não surtar com esse casamento. De
alguma forma está tornando pra ele esse momento mais leve, mostrando
que vocês podem fazer isso dar certo.
- Não entendi!
- Ele teme o amor, porque não acredita em um coração fiel. Você está
preenchendo todo o espaço da vida do meu filho com todas as versões de
amantes que poderia existir. Ele é infiel a você, com você mesma. Você é
brilhante, Victória! Está dando a ele a esposa e as amantes no único pacote.
*********
Já não sei quanto vestidos provei, estamos na quinta loja e quero sair
correndo daqui. Odeio admitir isso, mas estou com saudade do Arthur, da
empresa e aceitaria até ficar lá como secretária submissa a essa tortura de
noiva. Está bem complicado achar um vestido certo, quando sua sogra quer
penas e você se nega a parecer uma pomba da paz. Acordamos que penas e
transparência não estarão no meu vestido. O que nos resta e a renda e o
cetim, mas nada até agora ganhou nossos corações. Olho meu celular mais
uma vez e não tem nenhuma ligação ou mensagem do Arthur. Pelo jeito ele
não sentiu minha falta. A atendente surge com seis vestidos para provar e
quero chorar em posição fetal. Sueli me olha toda manhosa, como fez nas
outras lojas me amolecendo por dentro.
- Já volto!
Tiro minha roupa, faço um coque em meu cabelo e começo pelo vestido
que ganhou meu sorriso. Com a ajuda da atendente fecho todo o vestido e
me olho no espelho.
- Gostei dele!
Meu telefone começa a tocar e meu coração fica acelerado, talvez com
esperança de que seja Arthur para me tirar dessa tortura e me pedir para ir
trabalhar. Que ele diga que sentiu minha falta e me ordene a voltar. Se bem
que... ele nunca confessaria que sentiu minha falta. Pego o celular na bolsa
tentando não sorrir com a possibilidade daquela rocha assumir que faço
falta no escritório. Suspiro alto ao ver que é a Luna em uma chama de
vídeo. Atendo, mas deixo o celular sobre o pequeno sofá para poder
conversar enquanto tiro o vestido. Ainda não entendi o porque da chamada
de vídeo.
- Vick!
- Só um minuto!
- Você é a noiva mais linda que já vi e olha que Arthur ocupava esse
primeiro lugar.
Não tenho tempo de rir, já que o Sr. Fantini gargalha antes de mim,
confirmando que está atento a conversa. Será que ele pediu pra Luna me
ligar? Vamos descobrir isso agora!
- Está! Disse que vai ficar escondido pra você não saber que sente sua
falta. Ele quem mandou fazer chamada de vídeo.
- Você é muito bocão!
Ergo o celular para que o Arthur não veja o vestido e quando ele surge
na tela sorrimos juntos. Não vou dizer que senti falta, mas posso fazê-lo
confessar que sentiu a minha.
- Sr. Fantini, saudades de mim?
- Não!
- Tem certeza?
- Não sei! Acho que vou passar o dia com a sua mãe.
Era tudo que eu queria ouvir, que ele precisa da minha ajuda e posso
fugir daqui. Mas... ele precisa antes assumir que sentiu minha falta.
- Não!
- Sim!
- Eu só quero que se sinta bem no seu dia, o vestido que te deixar mais
radiante.
*******
- Seu filho hoje vai conhecer a arquiteta Isabela Fiorini. Uma mulher
casada, com o marido viajando a trabalho, extremamente carente e pronta
para viver uma aventura de uma noite apenas.
NARRAÇÃO ARTHUR
O que Victória faz aqui? Alias, porque está aqui tão gostosa assim?
- Não possui mais mesa disponível aqui, será que poderia me sentar com
você?
- Acho que será mais fácil aceitar dividir a mesa comigo, se souber
quem sou.
Pego sua mão e encaro seus olhos, esperando que versão dela surgirá
hoje.
- Posso me sentar?
- Por favor!
Seu rosto vira para mim e seu olhar sexy queima todo o meu corpo.
- De tudo que te disse até agora essa é sua pergunta para mim?
Sua mão apóia na minha coxa, seu corpo tomba um pouco e sua boca
vem para o meu ouvido.
Fala com uma voz baixa sensual e sinto seus lábios quase me tocando.
- Deveria me perguntar se tenho planos para essa noite tão solitária.
- Desejo?
- Sim!
- Quais desejos?
- Logo descobrirá!
- Me chame de Isabela!
- Vinho!
- Perfeito!
- Todos!
- Vai me alimentar?
- Sim!
- Não tem medo que alguém te veja me alimentar e conte para ele?
- Não!
Suspira e olha em volta.
- Sério?
- Sim!
- Interessante!
- Diria que estou aquecendo sua pele para não ficar com frio.
- Talvez você possa aquecer outra parte do meu corpo para que não sinta
frio.
Comento olhando para ela e ganho um sorriso safado nesse belo rosto.
- Talvez sim!
- Também acho!
- Eu te alimento!
- Gostoso?
- Muito!
- Minha boca! Ela acolhe tudo que entra nela sem engasgar e posso
engolir qualquer coisa.
- Muito bom!
Diz com a voz baixa e devolve a concha para o prato. Para me acalmar
decido beber o vinho e me concentrar em saber mais da nova personagem
sexy da minha querida esposa.
- Certo!
- Por que ele tem uma paisagem linda, que causa total prazer apenas
olhando.
- Não sou o tipo de homem que sente prazer apenas olhando, gosto de
sentir.
Meus olhos descem dos dela a tempo de ver suas pernas se abrindo
novamente para mim. Agora é a vez de suas mãos entrarem no jogo e subir
um pouco de seu vestido, mostrando mais suas coxas.
Sua boca vem para o meu pescoço, mas não toca. Sua respiração baixa
me excita e fico atenta em suas mãos que entram no meio de suas pernas.
Quando escuto seu suspiro, sei que alcançou seu sexo e meus dedos
formigam de vontade de também tocá-la.
Um gemido sensual escapa de sua boca e meu membro pulsa, louco de
tesão por ela. Sem dúvida alguma Victória sabe como enlouquecer um
homem e tenho muita sorte em ter ela toda só pra mim. Minha melhor
amiga é também a esposa falsa mais perfeita do mundo.
- Meu!
Digo na intenção de que seja rápido e suma daqui. Ele coloca a minha
frente à lula e na frente da Victória Isabela o salmão.
- Sim!
- Não!
- Bom apetite!
- Sem paciência, Sr. Fantini?
- Aonde vai?
Estreito meus olhos para ela que faz o mesmo para mim.
- Demorou demais!
- Compartilhe!
- Que compulsão?
- Meu marido sabe que tenho e mesmo assim me deixou sozinha essa
noite.
- Noite passada!
- Amanhã!
- Então você precisa transar essa noite para saciar sua compulsão?
- Exatamente!
- Você!
UMA NOITE APENAS
NARRAÇÃO ARTHUR
- Não sou um objeto, Sra. Fiorini! Você não pode ter a mim e mesmo se
isso fosse possível, já pertenço a uma mulher.
- Sim! Por essa razão amo aquela mulher com todo o meu coração.
- Não estou te pedindo para ser meu para sempre, Sr. Fantini! Quero que
seja meu por uma noite apenas.
- Uma noite?
************
- Não estamos aqui entregando nossos corações, Sr. Fantini! Deixo para
sua esposa seu coração e fico com seu corpo essa noite.
Solta meu cinto, abre minha calça e liberta minha ereção. Meus dedos
se perdem em seu cabelo e puxo alguns fios ouvindo seu suspiro. Quando
começa a me masturbar, meus lábios avançam na dela e minha língua
afunda em sua boca. Percebo que passei o dia todo sentindo falta do seu
cheiro, dos seus beijos, do seu toque. Victória abaixa desesperada minha
calça e cueca até as coxas e sei que também sentiu minha falta. Suas mãos
seguram minha bunda e me puxam para penetrá-la. Meu membro afunda
em seu sexo e nós dois gememos alto. Enterrado nela, não me movo, foco
em sua boca, no nosso beijo, na saudade que senti de beijá-la. Nossas
respirações ficam pesadas, nossos corpos tremem querendo mais, querendo
consumir um ao outro. Encontro em seu pescoço um pequeno laço que
prende a parte da frente do vestido. Desfaço o nó e o tecido cai expondo
seus seios. Empurro seu corpo para deitar no capo e então caio de boca em
seus seios com muita fome.
- Arthur!
Meu nome escapa em desespero entre seus lábios e seu corpo se curva
de prazer. Victória agarra meu cabelo e não consigo controlar a força dos
chupões, minha boca está descontrolada. Beijo, sugo, mordo e seus gemidos
são cada vez mais altos. Começo a me mover, investindo forte e rápido
contra seu sexo.
- Eu vou...
************
- Saciada?
- Por enquanto!
- Boa noite!
*********
- Mãe!
- Estava te esperando, não queria dormir sem antes te ver. Está tudo
bem?
Pergunto com vontade de rir e minha mãe como sempre fazendo parte
das encenações da Victória. Tenho certeza que sabia da Isabela Fiorini.
- Sim! Não desgrudamos nenhum momento, só agora que ela foi deitar.
- Certo! Vou matar a saudade da minha esposa, já que não nos vimos o
dia todo.
Beijo sua cabeça e vou para o meu quarto. Abro a porta e sinto um
aroma maravilhoso. O quarto está escuro, mas o banheiro tem uma
iluminação suave causado por velas, imagino. Fecho a porta e caminho até
o banheiro. Paro na porta e me encosto nela ao ver Victória na banheira,
coberta por espuma, cabelo preso em um coque e as velas tornando a visão
que tenho agora em uma das mais lindas que já tive na vida.
- Sr. Fantini, está me olhando como se tivesse sentido minha falta o dia
todo.
Pede e sob seu olhar intenso começo a tirar minha roupa. Me pergunto
como ela conseguiu chegar tão rápido e preparar esse banho. A resposta é
obvia, minha mãe fez tudo isso para nós. As duas se tornaram cúmplices e
não estou assustado com isso, estou muito feliz. Encontrar Victória foi um
presente para mim e para a minha mãe. Entro na banheira e ela me manda
sentar de costas entre suas pernas. Me sento e Victória me puxa para
encostar em seus seios e minha cabeça fica em seu ombro. Seu rosto ao lado
do meu, suas pernas envolvendo meu corpo e suas mãos acariciando meu
peito. Fecho meus olhos e relaxo, me sentindo muito bem. É como se o
mundo lá fora tivesse parado para que eu possa desfrutar desse momento,
que nada pudesse nos atrapalhar ou incomodar.
Seu nariz percorre minha barba que cresce, meu ouvido e suspiro
sentindo seus lábios depositando um beijo em minha têmpora.
- Cansativo!
- Tem certeza?
- Sim!
********
NARRAÇÃO VICTÓRIA
- Sim! Estou aguardando uma data para nos reunirmos, querem discutir
os termos novos.
- O que?
Pergunto, Arthur pega minha mão e leva até seus lábios. Mesmo ela
estando com espuma, beija com carinho.
- Por que?
NARRAÇÃO VICTÓRIA
Literalmente fico sem reação, sem saber o que dizer ou pensar. Meus
olhos não desviam dos dele e vejo que sorri.
- Era só dizer que quero um filho com você pra te deixar sem palavras?
Era só isso que eu tinha que fazer?
Sem me importar com a quantidade de água que vou jogar pra fora da
banheira, me lanço contra o seu corpo e abraço Arthur com todas as forças
que tenho. Meus olhos estão cheios de lágrimas e sinto vontade de chorar.
Seus braços correspondem ao abraço e ganho um beijo no pescoço. Não
aguento e começo a chorar, molhando seu ombro todo.
- Não chora!
Pede e começa a beijar todo meu pescoço, ombro e vem para o meu
rosto. Segura ele em suas mãos e me olha de um jeito tão cheio de carinho,
nunca me olharam assim antes. Seca minhas lágrimas e sorri.
- Não poderia percorrer esse caminho com outra pessoa, tinha que ser
com você.
- Ao seu lado eu não tenho medo dos passos que dou em meio aos
traumas, se quer me lembro deles.
Deito minha cabeça em sua mão, fecho os olhos e deslizo meu rosto
para sentir seu toque.
- Está tudo confuso aqui dentro de mim, mas a única certeza que tenho é
que não tenho medo e muito menos quero fugir do que sinto.
- Acho que devemos continuar como estamos, sem mudar nada, nadinha
do que somos e fazemos.
- Se for amor o que sentimos, vamos nos afastar? Acha que é melhor
ficarmos longe?
- Sim!
Seu sorriso e sua resposta me deixam tímida e isso é algo estranho pra
mim.
Levanto, pego uma toalha e sem olhar para ele, vou para o chuveiro.
- Sei!
************
- Em todos os sentidos!
- Vamos dormir!
***********
NARRAÇÃO ARTHUR
Tomamos nosso café da manhã sem conseguir parar de sorrir. Mamãe
fica nos olhando tentando entender, encontrar pista do porque tanta
felicidade logo cedo. Decidimos não contar a ninguém sobre os planos da
gravidez, sabemos que é um processo sem data ou certeza, então será entre
nós dois.
Victória diz com um olhar furioso pra mim e minha mãe faz o mesmo.
- Vocês estão ficando loucas! Não existe nada com a minha secretária,
ela nem faz meu tipo.
- Não!
- Estamos atrasados!
Solto sua mão, levanto da cadeira e desejo um bom dia para a minha
mãe.
- Vamos!
Chamo Victória que parece furiosa comigo. Ela levanta, sai andando
batendo os pés e vai para sala sem me esperar.
- Bom trabalho e não deixe de comprar flores para a sua mulher para
arrumar a merda que disse.
- Vamos logo que quero ligar para a médica assim que chegar.
- De noite eu vou sentar sem dó no seu pau como punição pelo que disse
a sua mulher.
**********
- Você almoça com ela no restaurante perto do local onde vão ver o
terno, assim ganhará tempo na prova. Após o almoço tem 2h para encontrar
o terno e voltar para a reunião.
- Certo! Já tivemos retorno da empresa que pode substituir a do Oscar?
- Ainda não! Vou ligar pra eles mais tarde, depois que tiver analisado os
orçamentos que você ignorou ontem.
- Sabe que sem você tudo aquilo parece uma guerra de números para
mim.
- Por isso que vou passar meu almoço todo trabalhando na sua mesa,
fazendo seu serviço.
- Repete!
Pede com uma cara de safada mimada, o tipo que só faz safadeza se for
elogiada.
- Você não tem vergonha de me elogiar assim pra ganhar sexo, tendo um
monte de coisa pra fazer? Que vergonha, Sr. Presidente dessa empresa.
- Pode!
- Não quero que abrace o meu sonho se não estiver preparado, Arthur!
- Não é mais o seu sonho, agora é o nosso sonho! Não vou desistir,
estou pronto para a paternidade. Mas...
- Sim!
- Vai trabalhar!
- Sim!
- Uma hora?
- Cada vez que sua boca se afasta da minha o tempo começa a correr.
- Estou indo! Te vejo daqui vinte e oito minutos e trinta e seis segundos.
************
- Trinta minutos!
*************
Entro no restaurante e procuro por minha mãe nas mesas. Encontro ela
sentada perto da janela.
- Filho!
- Prontíssima!
- Se você pudesse ver com meus olhos o quanto está apaixonado por
ela.
Minha mãe solta com a voz baixa e não sei se tinha a intenção de me
fazer ouvi-la.
Confesso e quando olho para a minha mãe, vejo lágrimas em seus olhos.
***********
NARRAÇÃO VICTÓRIA
- Pronto!
- O que? Deve ser algum engano, não havia nenhum agendamento para
hoje com eles. O Sr. Fantini não está aqui!
- Parece que ele está com hora marcada com o Vice Presidente.
- O que eu faço?
- Certo!
Desligo e pego meu celular em cima da mesa, já ligando para o Arthur.
- Já com saudades?
- Um pouco, mas não foi por isso que liguei. O presidente da empresa
Calmec está aqui.
- Como você marca uma reunião com eles quando está com a sua mãe
procurando terno?
- Não marquei para eles falarem com o Presidente, mas sim com o Vice
Presidente.
- Você é louco? Quer que o Henrique resolva algo importante para nós?
- Ontem que fiquei longe você fez uma bela mudança e achou que não
deveria me contar?
- Luna?
- Sra. Fantini!
- O que... o que...
- Sou a nova secretaria do Sr. Fantini, ele me orientou hoje para cuidar
da senhora até que sua secretaria assuma o posto.
- O que?
- Ontem eu percebi que essa empresa não funciona sem você, que só
consigo cuidar dela se estiver ao meu lado. Luna me ajudou ontem com
tudo, ela será minha nova secretária e a Tiffany será sua. Ela hoje foi
resolver alguns problemas com os documentos pessoais, então pode usar a
Luna hoje. Já passei algumas informações pra ela sobre o que você vai
precisar.
- Arthur, não posso assumir essa responsabilidade, não posso fazer isso.
- Não existe ninguém mais perfeito do que você Victória, para dividir
uma vida comigo. Boa sorte e faça essa empresa comer na nossa mão.
RAZÃO X EMOÇÃO
NARRAÇÃO Victória
- Vick!
- Estou apavorada, Luna! Não quero pensar que o Arthur tomou essa
decisão porque pode ter se apaixonado por mim. Dizem que o amor é cego
e não aceito isso com a gente. Não quero ser Vice-Presidente disso tudo, só
porque me casei com ele, porque existe sentimento, não quero um cargo por
emoção. Ele não pode simplesmente deixar o coração comandar assim!
Uma secretária que se casa com o dono da empresa e do nada se torna Vice-
Presidente sem ter qualquer experiência? Esperava tudo do Arthur nas
nossas loucuras, mas isso aqui vai muito além. Estou com medo do quanto
nossos sentimentos podem afetar quem somos. Solto tudo de uma vez e
sinto um alívio no peito, mas ainda sim quero gritar com ele e dar uma surra
naquele idiota.
- O amor cega, Luna! Isso é um fato e agora mais do que nunca entendo
porque fugi desse sentimento!
Pego os arquivos da parceria nas mãos dela e ando até a sala de reuniões
com o coração apertado, não acreditando que o Arthur deixou as emoções
dominarem a razão. Luna praticamente corre atrás de mim e quando entro
na sala de reuniões vejo dois homens.
- Sr. Albac!
- Você seria?
Pergunta vindo em minha direção.
- Victória Silvestre!
Peço com um tom calmo e ela senta. O outro homem que ainda não se
apresentou ainda me encara confuso.
- O que?
- Ótimo! Só que agora nós não desejamos mais nos unir a vocês.
- Por que?
- No momento que entrei nessa sala, me julgou por eu ser uma mulher.
Em seguida julgou minha secretária, como se coubesse ao senhor condená-
la a qualquer coisa. Não queremos nos unir a uma empresa julgadora,
queremos nos unir a uma empresa correta, disposta a unir forças e ganhar o
mercado.
- Sinto muito se o fizemos perder seu tempo. Tenha um bom dia, Luna
te acompanhará até o elevador.
Saio da sala de reuniões, sigo para a sala do Arthur e assim que entro
me tranco. Meu corpo todo treme e não acredito que acabei de dispensar a
chance dessa empresa de se livrar do Sr. Oscar e do Henrique de uma vez.
**********
NARRAÇÃO ARTHUR
- Posso atender?
- Luna!
- Arthur, que Vick maravilhosa! Que mulher! Meu Deus! Não consigo
controlar o sorriso, a vontade de abraçá-la e dizer o quanto a admiro.
- Me conta tudo!
- Primeiro, você deve saber que ela está trancada na sua sala e não quer
sair de jeito nenhum.
Respiro fundo e espero não ter feito nada para deixá-la triste.
- O que aconteceu depois que desliguei o telefone?
- Desculpa!
- Sim!
- Como foi?
- O Sr. Albac já começou com um olhar preconceituoso com ela e
comigo. Sabe o tipo de homem que vem do tempo das cavernas?
- Sim!
- Ele já começou errado, Vick percebeu na hora que tipo de pessoa está
a sua frente.
- O coitado nem teve chance de falar sobre o contrato. Vick já deu uma
voadora nele, dizendo que a empresa não se aliaria a tanto preconceito,
julgamento e ainda deu lição de moral.
- Sim!
***********
NARRAÇÃO VICTÓRIA
- Se sua mão chegar perto da minha boca, em uma mordida arranco seus
dedos.
Repito sua pergunta idiota e quando tento soltar a raiva, a pizza entra na
minha boca.
Seu corpo cola nas minhas costas, sua boca fica em meu pescoço.
- Não!
- Não!
- Muito furiosa?
Pergunta com a voz baixa e roca, fazendo meu corpo todo arrepiar.
- Muito!
- Por que?
- Quem disse que minha decisão profissional foi com base na emoção?
Seus dedos saem de dentro de mim, suas mãos seguram meus braços e
ele gira meu corpo para ficarmos de frente. Seus olhos encontram os meus e
sinto meu coração acalmar.
- Por dias vem sendo meu braço direito, a pessoa que mais confio nessa
empresa. Já era hora de me livrar do Henrique, mas não podia deixar a vice-
presidência sem ninguém. Domino os contratos, as reuniões, mas não
consigo lidar com as planilhas, orçamentos, aqueles números irritantes que
você tanto gosta. Não te coloquei onde está agora por ser minha mulher, por
provavelmente estar apaixonado, pelo sexo gostoso que temos.
NARRAÇÃO ARTHUR
Diz com a voz divertida e meus olhos seguem suas mãos que começam
a soltar meu cinto, abrem o botão da calça e descem o zíper.
- Você usa masturbação para tirar o foco de uma possível cagada que
fez?
- Você fez a mesma coisa comigo, para me acalmar. Acha que sou burra
e não percebi que me alimentou e me tocou para me deixar mansa?
- Que delícia!
Sei muito bem o que tenta me dizer, concordo com o que fez com o Sr.
Albac, mas não vou dizer nada para torturá-la. Não vou impedir que me
acalme, mesmo não estando bravo, porque essa boca merece trabalhar um
pouco em mim. Seria um erro impedir esses lábios perfeitos de realizarem
esse magnífico trabalho. Se ela gosta de atuar, vamos fazer uma cena aqui
pra ganhar um sexo. Respiro fundo fingindo que estou nervoso e suas mão
apertam mais meu membro.
- Espera!
Ela volta a me engolir e preciso fechar as mãos com força para controlar
o tesão e as sensações incríveis que ela me proporciona com o desespero.
- Vi...
- Vict...
- Mandei embora o Sr. Albac, disse que não haveria mais parceria.
Fala com uma voz estranha e quando foco em seu rosto, percebo que
está com todo o meu gozo acumulado na boca.
- Já volto!
Corre para o banheiro e escuto cuspir na pia. O som da torneira me faz
rir e ainda meio dominado pelo orgasmo, procuro o sofá e sento.
Enfia o resto da pizza na boca e me olha culpada. Viro no sofá para ficar
de frente com seu corpo, levo minha mão até sua boca e limpo o canto sujo.
- Não me olha fofo assim, me sinto ainda pior pelo que fiz.
- Sabe por que escolhi você pra cuidar dessa empresa comigo?
- Não!
- Filho da mãe!
Minha gargalhada ecoa pela sala e mesmo ela vindo pra cima de mim,
não consigo parar de rir. Faz cócegas em mim e abraço seus braços para
impedi-la de continuar. Seu rosto fica em frente ao meu e paro de rir,
ouvindo apenas o som das nossas respirações pesadas. Seu peito sobe e
desce e seus olhos brilham encarando os meus.
- Sua confissão!
- Que confissão?
- Que me ama!
- Ainda estou com tesão, com a calça aberta e louca para gozar.
Pergunto fingindo não entender o que sinto por ela. A verdade é que a
cada hora, minuto, segundo, tenho mais certeza que pela primeira vez estou
vivendo o amor com a Victória.
- Acho que devemos entender melhor o que sentimos, antes de
confessar qualquer coisa.
Beija minha testa, meus olhos, nariz, bochecha e quando acho que vem
para os meus lábios para.
- Não!
- Minha mãe quer jantar com a gente hoje e ainda convidou a Luna e a
Tiffany para conhecê-las.
Cheiro seu pescoço, beijo sua pele macia e solto seu corpo.
- Enquanto come sua pizza, vou verificar meus emails, fazer algumas
coisas e vamos embora.
- Come!
Vou para a minha mesa e tento me concentrar, já que a vontade é de
ficar olhando pra ela o tempo todo.
- Por que a Luna é mais ligeira, vai me entender melhor. Se vira para
aguentar a Tiffany.
- Boa sorte!
**************
NARRAÇÃO SUELI
Olho meu relógio mais uma vez, já era para o Arthur e a Vick terem
chego.
- Mãe!
- Calma, ainda falta meia hora para o horário que marcou com as
meninas. Vamos tomar um banho rápido e já descemos.
*********
Suspiro aliviada por não ser a Luna estaria bem desapontada se fosse
ela.
Escuto som de passos, mas a pessoa não usa salto. Volto meus olhos
para a porta da sala e uma outra mulher aparece. Cabelos negros, cabeça
baixa e não consigo ver seu rosto. É bem alta, com ombros largos, usa uma
calça jeans escura, sapatilhas e uma camisa delicada. Tento ver seu rosto,
mas ela está evitando me olhar.
NARRAÇÃO LUNA
Tiffany diz saindo do táxi, correndo para a porta da casa e acerto o valor
da corrida com o taxista. Quando saio do carro não a encontro mais na
porta, apenas um senhor me espera com um sorriso acolhedor.
- Obrigada!
Entro, ele fecha a porta e segue para dentro da enorme casa. Posso ouvir
vozes vindo da porta seguinte e tento de verdade respirar fundo várias para
me acalmar. Será que Arthur disse a mãe dele que sou uma trans? Talvez
esteja sofrendo a toa e aquela mulher gentil, alegre e divertida já saiba
quem eu sou. Caminho em direção a porta tentando manter a calma, mas
assim que entro, abaixo a cabeça com medo. O que ela vai pensar sobre
mim?
Desde que cheguei, Sueli pede para nos encontrarmos e venho fugindo
desse encontro. Gosto da nossa amizade, é importante para mim e vou
sofrer demais se ela me olhar com julgamento.
Avisa com diversão, tomo coragem e ergo a cabeça. Preciso olhar seus
olhos enquanto percebe quem eu sou. Sueli olha profundamente dentro dos
meus olhos e para mais nenhum lugar. Sorri de uma forma tão doce que
meus lábios automaticamente refletem seu sorriso.
Não desvia os olhos dos meus, não analisa minhas roupas, meu corpo,
nada que não seja apenas meus olhos.
- Boa sorte para fugir dela quando se tornarem melhores amigas. Sueli
consegue nos forçar a fazer o que ela quer, sem dar espaço para desculpas.
Nós duas rimos e de mãos dadas seguimos para a sala de jantar. Sueli
está sentada na ponta da mesa, Vick senta ao lado do Arthur e sento em
frente a eles, ao lado da Tiffany.
- Que incrível! Vou amar ter um momento assim com você, Sueli.
- Luna, se quiser pode escolher algo para fazermos juntas. Terei muito
prazer em ter um momento nosso para nos conhecermos melhor. O que
gosta de fazer?
- Não gosto de lugares cheios, tão pouco de fazer compras. Se for para
escolher algo, gostaria de conhecer um lugar lindo, tranquilo, com flores.
- Loucura? Meu filho escolher a mulher que ama para dividir a vida, a
empresa e os sonhos é loucura?
- Mulher que ama?
Vick pergunta com humor e vira o rosto para o Arthur que está com um
enorme sorriso pra ela.
- Ama?
- Claro!
- Eles não conseguem fazer nada separados, até pra comer os bonitinhos
fazem grudadinhos! Quero apertar aqueles dois tão forte, tão...
- Luna, sou completamente louca por essa união. Você não faz idéias de
quantas vezes pedi a Deus para o meu filho encontrar o amor na forma mais
pura e intensa que existe. Eles merecem esse amor e só posso suspirar toda
besta atrás deles.
- Me explica melhor!
- Acho que sim! Hoje agendei para Vick uma consulta com a
ginecologista. Com a secretária da médica descobri que Vick pretende
retirar o DIU.
Sueli parece uma pipoca pulando pela cozinha e tento contê-la para não
chamar atenção.
- Obrigada por estar aqui compartilhando tudo comigo. Será meus olhos
e coração naquela empresa. Vamos cuidar desses dois pra ninguém
atrapalhar esse amor.
Pela primeira vez sinto o cheiro de seu perfume, gosto dele, é doce,
acalma e me faz suspirar.
- Vamos voltar!
************
- Arthur, não acho que seja bom para a empresa presidente e vice-
presidente fora na mesma viagem.
- Não vou fazer qualquer viagem sem você. A empresa sobrevive sem
nós, mas não viajo sem você.
Que soco de amor acabei de levar na cara. Os dois se beijam e nós três
suspiramos alto o som dos invejosos.
- Vick, você tem consulta amanhã com a ginecologista.
- Consulta de rotina!
A resposta vem rápida e então Arthur puxa um assunto qualquer para
fugir de mais perguntas da Sueli. Ela me olha e tentamos não sorrir
cúmplices.
***********
- Merda!
- No mesmo horário?
- Sim!
- Achei que seria bom ela estar fora da empresa durante esse encontro.
***********
DIA SEGUINTE
NARRAÇÃO ARTHUR
Victória entra na minha sala e vem sorridente até a minha cadeira. Me
gira tirando minhas pernas de baixo da mesa e senta no meu colo. Seus
braços já estão em torno do meu pescoço e ganho um beijo demorado nos
lábios.
- Tem certeza?
- Sim!
- Na sua agenda tem uma reunião marcada para daqui uma hora, mas
não diz com quem.
- Na sua agenda tem uma consulta com a ginecologista e não estou feliz
por não poder ir.
- Não fique, vão só enfiar uma coisa na minha vagina, dilatar ela e olhar
tudo lá dentro. Talvez até já retire o DIU hoje.
- O que foi?
- Isso é sério?
- Sim!
- Onde encontro esse negócio que dilata ela e me deixa ver tudo lá
dentro?
- Besta!
- Sim! Preciso estar limpa e você goza demais. Tenho até medo de
engravidar de gêmeos com a quantidade de esperma que libera.
- Estou brincando!
- Onde?
- Surpresa!
**********
Luna entra na minha sala e avisa que o Oscar chegou. Peço para levá-lo
até a sala de reuniões e servir café que seguirei em seguida. Ela sai da
minha sala, recolho o documento que fiz, meu celular e respiro fundo. Saio
da minha sala e caminho em direção a sala de reuniões. Posso ouvir risos,
piadinhas idiotas vindo de um escroto. Entro na sala e Henrique cerca Luna,
dizendo coisas preconceituosas, atacando-a com palavras baixas.
- Luna!
- Obrigada!
- Pode deixar!
- Vai sair?
- Sim! Vou para a consulta da Victória.
- Acha mesmo que vão dilatar a minha mulher e não estarei lá pra ver
como é?
SENDO EXAMINADA
NARRAÇÃO VICTÓRIA
- Isso!
- Só aguardar que vou levar sua ficha para o consultório e logo será
atendida.
- Obrigada!
- Não!
- Esqueço tudo e só quero ter essa coisinha linda nos meus braços logo.
- É menino ou menina?
- Lindo nome!
- Obrigada!
- Lavínia Torres!
A recepcionista chama e a grávida ao meu lado começa a recolher suas
coisas.
- É a minha vez!
- Sra. Fantini!
- Sra. Fantini!
- Sra. Fantini!
- Obrigada!
- Não achei que retornaria tão cedo, Victória! Aconteceu alguma coisa
com o seu DIU?
- Consulta de rotina?
Sua mão aperta forte a minha e seus olhos agora carregam preocupação.
- Por que?
- Pode ser que depois do primeiro filho eu desista de ter outro com o
meu marido. Prevejo-o me deixando louca com sua organização e excesso
de cuidados com o nosso filho. Então se a gente tiver tudo de uma vez, é
um surto apenas.
- Tá bom!
- Vim te dilatar.
- Se eu te dilatar com isso, consigo enfiar meu pau sem você sentir ele
entrar?
- Me dá isso!
Vou até ele e tento tirar de sua mão o instrumento ginecológico, mas o
infeliz ergue o braço no alto.
Estico a mão, mas não alcanço.
- Merda!
- Victória!
- Seu...
- Meu marido!
Vou para a mesa e apenas observo o Arthur pegar a cadeira e levar para
onde está a médica. Coloca ao lado da cadeira dela e nós duas erguemos a
sobrancelha quando o bonitão senta.
*************
- Dra. Mariana, pede pra nossa paciente relaxar que eu não estou
conseguindo introduzir o espéculo?
Não acredito que ela cedeu ao sorriso encantador dele. Não precisou
nem pedir muito, ela já se derreteu no primeiro elogio. E o que foi aquela
conversa idiota sobre o sonho de ser médico, mas o pai nunca permitiu?
- Seu lindo esposo está certo, você precisa relaxar.
- Não acredito que estou passando por isso! Se contar para as pessoas
vão achar que é mentira!
- Quer que a linda Dra. Mariana tire uma foto nossa, comprovando que
estou te dilatando com o espéculo?
- Doutora, é normal ela ter uma pressão forte nos músculos da vagina?
Às vezes ela me aperta tão forte que tenho a sensação que vai esmagar.
- Pode ser que Victória tenha maior controle nessa musculatura e por
isso a facilidade na contração.
- É possível exercitar esse músculo? Acho que ela faz alguma coisa.
- Ótimo!
Levantam e se abraçam.
- Obrigada por tudo, a senhora realizou meu sonho e me fez tão feliz
hoje.
- O sortudo aqui sou eu, por ter encontrado uma mulher tão dilatada.
- Não me diz que vamos ver esse vídeo, que essa é a surpresa!?
- Para de fazer drama, vai ser legal ver como aconteceu o casamento
mais louco de Vegas.
NARRAÇÃO ARTHUR
- Um lugar!
- Um lugar?
- Vem logo!
Desço do carro, vou até Victória e seguro sua mão. Quando ela sorri
assim me deixa curiosamente feliz. Mesmo não sabendo o que está
acontecendo, se é algo que a deixa radiante, então me faz muito bem.
Entramos no elevador e ela aperta o décimo primeiro andar. Seus olhos
encontram os meus e é impossível não rir com sua empolgação, ela chega a
não conseguir ficar parada no lugar.
- Já vai saber.
- O que achou?
VOCÊ SABE, VOCÊ SENTE...
NARRAÇÃO VICTÓRIA
Arthur entra no loft e começa a olhar tudo, sem dizer nada. Fecho a
porta e o sigo pelo pequeno, mas acolhedor espaço.
- Não acho que estamos prontos para ter a nossa casa, a idéia ainda me
assusta. Talvez, quando nosso filho estiver dentro de mim, a idéia seja mais
confortável.
- Acho que precisamos ter alguns momentos nossos, fora da loucura que
nossas vidas estão se tornando.
- Dormir?
Fecha um olho, vem a passos lentos até onde estou, anda em torno do
meu corpo e para atrás de mim. Puxa meu cabelo para o lado e beija meu
pescoço.
- Sei que estar com sua mãe é importante, mas também sei o quanto é
necessário pra você desligar de tudo. Não quero que fique naquele
escritório dormindo naquele sofá cama, acho que precisa de um lugar assim,
pequeno, mas seu.
- Nosso!
- Sim!
- Não tenho medo do que estou sentindo, tenho medo desse sentimento
me cegar.
Suas mãos seguram meu rosto, erguem um pouco até meus olhos
encontrar os dele.
- Você sabe, você sente...
Finjo não entender suas indiretas e seu enorme sorriso me faz suspirar.
- Você me ama!
- Amo?
- É mesmo?
- Sim!
- Amo?
- Sim!
- Não!
- Sim! Você me ama tanto que não consegue ficar um segundo longe de
mim.
- Não!
- Sim!
- Será?
- Tenho certeza!
- Você é a pessoa mais louca que já conheci na vida, como posso ter me
apaixonado por você?
- A minha loucura encontrou seu coração e agora ele não vive sem ela.
Sua idéia é maravilhosa, mas estou muito ansiosa para ver um certo
vídeo de casamento. Quero tomar banho, fazer o jantar com ele e depois
assistir nossa loucura em Vegas. Se conheço bem o Arthur, vai querer
transar no banho, enquanto cozinhamos, enquanto comemos e enquanto
olhamos o vídeo. Preciso eliminar fodas para chegar às filmagens logo.
- Te dou leite!
*****************
- Tiffany veio hoje cedo, trouxe suas roupas que estavam em casa e as
minhas que ainda estavam no apartamento. Ela comprou nossas coisas de
higiene e abasteceu o armário e a geladeira.
- Sua secretária no primeiro dia de trabalho está mais eficiente do que a
minha ex-secretária.
Me puxa para o seu corpo, sinto as gotas de água tocarem minha pele e
quando sua mão entra por baixo do meu cabelo, um arrepio percorre meu
corpo todo. Sua mão empurra minha cabeça e meus lábios se chocam contra
o dele. O filho da mãe me beija com fome, desespero, fogo e não sei se
posso me segurar mais. Minhas mãos agarram seu cabelo, puxo e seu
gemido ecoa em minha boca. Nossos corpos se esfregam tanto que as
toalhas de soltam e nós dois ficamos nus. Sou empurrada para a porta do
armário e prensada o suficiente para sentir sua ereção na minha barriga.
Quando sua boca desce para os meus seios, o telefone do Arthur começa a
tocar. Não é qualquer toque, é a música que ele colocou para a Sueli. Graças
a Deus ela está ligando e me salvando da tentação. A curiosidade é ainda
maior que o meu tesão, quero ver como foi meu casamento logo.
- Sua mãe!
- Já volto!
- Mãe!
Como assim uma fantasia sexual minha? Do que ele está falando?
Desço a escada, mas paro no meio dela ao ouvi-lo contando para a mãe.
- Para!
Bato em sua mão boba que tenta entrar por baixo da minha camisola.
- Você é cruel!
- Sim!
- Muito sexo?
- Muito!
- Gostou?
Sua gargalhada alta é tão gostosa de ouvir. Quando estamos no meio das
pessoas tentamos nos controlar em tudo, mas aqui parece que não haverá
limites. Acho que foi a coisa certa a fazer por nós dois, para o nosso bem,
para sermos nós mesmos sem olhares julgadores e esperançosos como o da
Sueli. Sei que ela só quer o nosso bem, mas suas expectativas são altas e
podemos em algum momento não suportar. Amamos demais aquela mulher,
mas ela realmente não consegue entender que minha amizade e ligação com
o Arthur vai além da coisa homem e mulher. Somos mais que um casal,
somos parceiros, somos necessários um ao outro. Não é o amor a coisa mais
importante que precisamos nutrir, cuidar e zelar na nossa relação. O cuidar
um do outro e querer sempre o bem é o essencial. Eu confio, eu permito, eu
aceito me entregar a ele sem medo algum.
- Você está com um olhar estranho pra mim. O que está pensando?
- Estou brincando!
- Tenho total certeza que preciso de você ao meu lado para tudo.
NARRAÇÃO VICTÓRIA
- Pareceu?
- Sim!
- Hum!
Suas mãos rapidamente seguram meu rosto e sua boca se funde a minha
em um beijo intenso.
Não demora muito para que nossos corpos se enrosquem, nossos
desejos explodam e a vontade de consumir um ao outro nos engula.
- Comida!
Digo ofegante, tentando conter todo esse fogo que queima dentro de
mim.
Sussurra com a voz rouca, se afasta e apenas observo seu corpo lindo de
cueca e avental separar as coisas para o jantar.
- Sim! Vou fazer algo bem demorado, que requer total calma, tempo e
delicadeza.
- Sério?
- Sim! Vai me torturar sem sexo pra ver logo nosso vídeo de casamento,
então vou te torturar demorando na comida.
- Não! Vamos fazer massa com molho caseiro e uma carne assada para
acompanhar.
- Não tenho mais pressa pra transar, estou feliz em te torturar agora.
- Manjericão.
- Cheiro gostoso!
- Vamos cozinhar!
- Primeiro...
Vem atrás de mim, recolhe meu cabelo, faz um rabo de cavalo e depois
um coque.
Falo e espero sua resposta que não vem. Antes que consiga virar a
cabeça para ver onde Arthur está, seu corpo cola atrás do meu e sua boca
toca meu ouvido.
- Não!
Sua mão toca minha coxa, seus dedos deslizam em minha pele e minha
camisola vai subindo expondo minha bunda.
- Qualquer carne?
- Sim!
Sua voz é baixa, perto demais do meu ouvido. Despeja todo o ovo
batido, coloca o pote com o garfo no balcão e mantém os olhos no que faço.
- Agora vamos mexer com as mãos.
- Sim!
- Vamos ralar!
Diz abrindo as gavetas e pega o ralador.
Segura minha mão, leva até o ralador e então começamos a ralar juntos.
Odeio quando ele se sente o fodão em cima de algo que eu não sei fazer.
- Mas gosto ainda mais quando você me surpreende fazendo algo que eu
não esperava que fizesse.
- Nosso lugar!
- Por muito tempo procurei um lugar que eu fosse aceita do jeito que
sou, com minhas loucuras. Percorri o mundo procurando meu lugar e o
encontrei onde nunca imaginei encontrar.
Puxo seus braços em torno do meu corpo, com a mão toco de leve seu
rosto, sentindo sua barba ainda baixa.
- Em seus braços!
************
Arthur prepara um enorme prato de massa pra gente com dois garfos.
Tem uma camada bem generosa de queijo parmesão em cima e tudo cheira
muito bem. Vamos para a sala e levo nossas duas taças de vinho.
- Muito bom!
Falo de boca cheia e ele limpa o canto da minha boca. Come enquanto
arruma tudo e antes de liberar as filmagens, tomo um gole do vinho.
- Preparado?
- Sim!
"- Fique aqui registrado que eu não queria realizar esse casamento,
pela situação em que vocês se encontram no momento. Neste exato
momento estão sendo carregados para a limusine, sem conseguir andar
direito."
" - Poderia tentar explicar aqui as minhas razões, mas nada seria tão
perfeito quanto os votos de vocês. Vão entender o porque deste casamento e
espero do fundo do meu coração que não esteja errado quando digo que
vocês são perfeitos juntos. Não se arrependam, não anulem, se permitam
viver o que acabaram de descobrir juntos."
"- Arthur, primeiro eu preciso que arrume seu vestido, seu bico da teta
está pra fora e estou perdendo o foco.
NARRAÇÃO VICTÓRIA
Sim, eu sei que existe algo forte, um sentimento que eu nunca havia
sentido antes e agora ele parece ganhar forma, nome, lugar certo para morar
dentro de mim. Sinto algo tocar meu rosto e saio dos meus pensamentos,
me entregando ao toque delicado do Arthur limpando minhas lágrimas.
Prendo a respiração quando seus dedos tocam meu queixo e viram meu
rosto para ele. Meu coração parece querer sair do peito de tão forte que
bate. Fecho meus olhos com medo de encarar os dele, tendo sua frase dos
votos ecoando em minha cabeça.
Seu dedo passa pelos meus lábios, solto o ar que prendi suavemente e
Arthur aproveita minha boca entreaberta para encaixar seus lábios nos
meus. Suga com uma leva pressão, desliza para o meu queixo e minha
cabeça tomba para trás. Carinhosamente sua mão esquerda se encaixa em
meu pescoço, a direita em minha cintura e sou puxada pra cima dele.
Sento sobre suas pernas, ficando com os joelhos nas laterais, suas mãos
agora estão em meu pescoço me segurando firme em frente ao seu rosto,
mas não consigo abrir meus olhos. Meu coque se desfaz e meu cabelo cai
sobre meus ombros. Sinto seu nariz tocar de leve o meu, sei que sua boca
está perto da minha, pelo ar quente que sai dela. Minha respiração acelera,
não consigo tocá-lo, me mover, apenas espero por Arthur, pelo que pretende
fazer. Seu rosto se esfrega na lateral do meu, seus dedos afundam em meu
cabelo e suspiro alto quando segura alguns fios com força. Sua boca toca
meu pescoço, suga, beija e fico ainda mais ofegante. Sinto seus lábios em
meu ombro e sua mão direita desce da minha nuca, acompanhando o
caminho que sua boca faz. Segura a alça da minha camisola e deslizando
ela pelo meu ombro, desce até cair em meu braço. Sobe a mão novamente
para a minha nuca, faz a mesma tortura com a esquerda e minha camisola
escorrega até minha cintura, expondo meus seios. Estar de olhos fechados,
entregue somente as sensações torna tudo ainda mais intenso. Suas mãos se
unem atrás do meu cabelo, segura ele em um rabo de cavalo e puxa,
fazendo meu corpo curvar e meus seios empinarem.
Arthur beija entre meus seios, trilha um caminho quente com sua boca e
sinto algumas vezes sua língua. Alcança meu mamilo esquerdo, passa a
língua em torno dele, os dentes e então seus lábios se moldam
perfeitamente, sugando com uma leve força. Um gemido baixo de prazer
escapa pela minha boca e finalmente minhas mãos se movem indo até seu
cabelo. Os sons do meu corpo desaparecem quando minha atenção se volta
aos suspiros e gemidos do Arthur. Finalmente abro meus olhos e encaro o
teto sobre nós, enquanto sua boca devora meus seios. Agarro seu cabelo,
puxo sua boca e tomada por uma coragem, um desejo louco de ver seus
olhos, trago seu rosto para a frente do meu. Ficamos nos olhando por
minutos, como se as palavras não fossem necessárias, já que os nossos
corpos entregam o que sentimos e nossas mentes conectadas conseguem se
ler.
Nossas mãos percorrem nossos corpos como se tocassem algo puro,
delicado, sensível. Nossas peles se unem, nos esfregamos um no outro com
uma necessidade sufocante de sentir. Quando sua boca encosta na minha, o
desespero do beijo é alucinante e nos devoramos. Arthur rasga minha
camisola, joga os tecidos picados para longe e minhas mãos rapidamente
livram seu membro de dentro de sua cueca. O masturbo rapidamente e seus
gemidos ecoam pela sala. Suas mãos agarram minha bunda a erguendo e
levando sobre sua ereção.
Posiciono ele na minha entrada, encaro seus olhos e nossos lábios se
abrem um pouco, o suficiente para gemermos juntos de prazer, quando seu
membro me penetra até o fundo. Seus braços envolvem o meu corpo,
minhas mãos seguram seu rosto e começamos com movimentos calmos,
sentindo nossa conexão. Nos beijamos e sua língua dança em minha boca,
se embolando gostoso com a minha. Ergo a bunda e desço forte, arrancando
seu suspiro de prazer. Repito mais algumas vezes, em um ritmo mais
intenso, mais gostoso. Arthur agarra minha cintura e nos levanta do chão
sem muita dificuldade. Nos mantém conectados, minhas pernas agarram sua
cintura e meus braços seu pescoço. Sorri enquanto nos leva para a parte
superior onde fica na nossa cama. Beijo todo seu rosto, parando em seus
lábios. Danço minha boca sobre a dele e finalmente sou colocada na cama.
Sorrimos juntos sem qualquer motivo. Acomodo melhor seu corpo entre
minhas pernas e Arthur começa a se mover. Empurra seu quadril com força,
fazendo seu membro ir fundo dentro de mim e meu corpo afunda no
colchão. Minhas mãos percorrem seus braços, apertando conforme o prazer
aumenta dentro de mim. Os movimentos aceleram e encaro seus olhos que
brilham pra mim.
Nossas bocas não se tocam, apenas emitem para nós o som do prazer
que nossos corpos sentem agora. Sua mão direta procura a minha esquerda
e a leva até seu peito, me fazendo sentir seu coração acelerado.
Agarro sua cintura com as pernas, nos rodo na cama e fico por cima do
Arthur. Ele tenta arrumar meu cabelo para ver meu rosto, mas impeço sua
mão de tentar segurar alguns fios. Trago ela para o meu peito, pra que
também sinta o quanto meu coração bate acelerado por ele. Nossas bocas se
procuram e quando se encontram, o beijo que não posso mais viver sem
acontece.
- Arthur!
- Victória!
**************
Escuto uma voz no fundo da minha cabeça. Tento abrir meus olhos, mas
não consigo, o sono é muito grande.
É a voz do Arthur! Minhas mãos procuram por ele na cama, mas não o
encontro. Forço meus olhos, abro e tento ver algum sinal dele perto da
cama.
- Volta a dormir!
- Preciso resolver uma coisa com urgência, prometo que volto rápido.
Beija minha testa e percebo quando se afasta que está todo arrumado.
- Já volto!
*********
Ligo mais uma vez para o celular do Arthur e novamente caixa postal.
- Luna!
- Vick!
- Não!
- Tem certeza que ele não te falou para onde estava indo?
- Tenho!
- Não minta pra mim, por favor! Alguma coisa aconteceu nessa
madrugada que o fez viajar. Não é possível que até agora ele não tenha
falado com ninguém.
- Liga para a empresa que locamos sempre o jatinho. Avisa que preciso
da rota de vôo que o Arthur usou.
- Vick...
Diz meu nome, mas logo para como se estivesse encontrando palavras
para continuar. Seus olhos estão arregalados e começo a ficar preocupada.
- Boston! Arthur foi para Boston no jatinho, mas cancelaram seu retorno
agora de tarde.
Luna avisa entrando na sala e só existe uma razão para ele ir para
Boston. Me pergunto o que o Sr. Oscar e o Henrique fizeram agora para
levar o Arthur até eles. Que merda fizeram?!
- Vick...
- O que foi?
Entrega o celular que está em sua mão e quando olho a tela, vejo uma
reportagem com a foto do Arthur. Meus olhos sobem para as letras enormes
que anunciam a matéria.
NARRAÇÃO ARTHUR
DE: HENRIQUE
PARA: ARTHUR FANTINI
ASSUNTO: LEIA COM ATENÇÃO!
Como vai, meu caro amigo? Devo lhe dar os parabéns pelo casamento?
Como se sente roubando a mulher de um amigo? Aposto que Victória só
aceitou ser sua, porque você ofereceu a vice-presidência pra ela. A cretina
se dizia diferente, que não estava à venda como mulher interesseira e
acabou dando o golpe no mais burro de nós dois. Só me pergunto se ela é
realmente tudo isso na cama, chegando a te fazer dar tudo a ela.
O assunto aqui não é a vadia, mas sim sua querida mamãe e todo o
passado podre do seu pai. Não foi difícil encontrar as amantes dele,
comprar provas, reunir coisas bem interessantes sobre o passado nada
correto do seu pai.
Quem diria que o justo Arthur Fantini compraria o silêncio das
amantes de Osvaldo Fantini, para que a mamãe não sofresse. Você tem até
ás 10h da manhã para me encontrar em Boston ou jogo toda essa merda na
imprensa. Não venha com ninguém, o assunto é só nosso! Segue endereço
do local onde deve me encontrar, prepare o bolso, acredito que meu
silêncio vale muito. Mande um beijo para nossa deliciosa Victória. Ainda
sonho com seu corpo e seu cheiro.
Não se atrase!
- Filho da...
- Arthur!
Conto a ele tudo sobre o Henrique, sem esconder nada. Olavo está na
delegacia e por isso consegue ter acesso rápido aos boletins de ocorrências
e denúncias.
- Tem uma ordem de prisão preventiva pra ele, mas não conseguiram
realizar o cumprimento porque o infeliz está desaparecido.
***********
- Alô!
- Volta a dormir!
Não quero deixá-la preocupada por causa do Henrique. Sei que vai
querer ir comigo, mas o melhor é resolver isso sem ela, sem qualquer
perigo.
- Preciso resolver uma coisa com urgência, prometo que volto rápido.
Beijo sua testa e não me sinto culpado por esconder, já que de fato é
algo pessoal, do passado de merda do meu pai.
Beijo seus lábios e minha vontade agora é puxá-la para os meus braços
e apertá-la forte. Ainda não sai de perto da Victória, mas já sinto saudade de
seu calor, seu perfume, seu sorriso...
- Já volto!
Ela realmente não pode vir junto, não é seguro. Beijo sua mão e estou
pronto para partir.
*************
***********
Paramos em frente a um galpão abandonado e antes que eu consiga
olhar em volta ou sair do táxi, alguns homens se aproximam e tentam abrir
a porta do táxi.
- É emboscada!
- Abaixa!
Faço o que o policial pede, mas percebo que os tiros não estão vindo em
direção a gente, mas sim no pneu. Nada atinge a lataria, é como se só
quisessem nos manter no carro escondidos e não nos matar. Handy pede
ajuda pelo celular e escutamos o som de pneus de carro. Mais tiros surgem
e dessa vez e uma troca e estamos no meio do fogo. A lataria do nosso carro
e atingida algumas vezes e algo acerta meu braço, fazendo-o queimar
muito. Arde, queima e quando coloco a mão sinto molhado. Olho meus
dedos e vejo sangue.
*************
- Obrigado!
Entrega meu casaco e quando puxo o celular do bolso dele, vejo que
estou sem bateria.
- O que houve?
Handy sai da sala e ligo para o celular na Victória, que cai direto na
caixa de mensagem. Ligo de novo e vai para o mesmo lugar. Não quero
ligar agora para a minha mãe, vai surtar comigo e chorar, preciso encontrar
a Victória. Ligo para o telefone da presidência e Tiffany atende bem rápido.
- O que aconteceu?
- Vick assim que soube que sobre você, alugou um jatinho para ir te
encontrar.
Sua pausa faz meu coração acelerar e um calafrio percorrer meu corpo.
- O jatinho foi sequestrado pelo Henrique, ainda não sabemos pra onde
ele está a levando.
O SEQUESTRO
NARRAÇÃO VICTÓRIA
Leio mais uma vez a matéria e percebo que foi postada há dez minutos,
então acabaram de receber essa informação.
- Luna, você precisa ir até a Sueli agora e ver se ela já leu essa matéria.
Se ainda não leu, quero que fique com ela até eu ligar com noticias sobre o
que aconteceu com Arthur. Antes de deixá-la nervosa, vamos saber de fato
o que aconteceu.
- Vick!
- Enquanto estiver indo para Sueli, vou tentar descobrir alguma coisa
sobre o Arthur.
- Tome cuidado! Quem fez isso a ele pode tentar alguma coisa contra
você também.
- Vou ser cuidadosa! Cuida da Sueli pra mim!
- Pode deixar!
- Vick, consegui um jatinho e estará pronto em trinta minutos.
Corro para a minha sala, pego bolsa, casaco e olho mais uma vez meu
celular para ver se tem alguma mensagem dele. Percebo que estou quase
sem bateria e não trouxe o carregador.
- Toma!
- Pode deixar! Preciso que fique aqui, caso liguem de algum lugar para
falar dele.
- Vou ficar!
**********
Consigo entrar na pista do aeroporto e um segurança do aeroporto me
aguarda na escada do jatinho.
- Boa tarde!
Digo a ele que me ajuda a subir e entrar no jatinho. Assim que passo
pela porta, me assusto com a velocidade que ela se fecha atrás de mim.
- Sra. Fantini!
- Estamos em perigo!
Olho para a mulher que tem lágrimas nos olhos, finge me ajudar com o
cinto e suas mãos tremem demais.
Quando vou virar a cabeça para olhar, ela pede pra não ter reações
bruscas.
- Ele tirou nossos telefones, se tiver algum com a senhora avise alguém
que o avião foi sequestrado, antes dele tomar seu celular.
- Sim!
PARA: Luna
- Henrique!
Sussurro com muita calma seu nome e logo ele aparece á minha frente.
Seu sorriso me causa calafrio e em sua mão vejo a arma.
Tento inflar seu ego e pelo jeito como me olha, deu certo.
- Nenhuma loucura é suficiente para uma mulher como você.
- Você é especial!
- Com medo que eu o use para contar sua loucura para a polícia e o
Arthur?
- Acho que você não conseguiria contar ao Arthur, ele está em uma
situação difícil no momento.
- Agora ele está com alguns amigos meus e o futuro dele vai depender
de você.
Espera! Henrique acredita que o sequestro deu certo, ainda não soube
que a tentativa deu errado e o Arthur está no hospital ferido. Essa é uma
informação que preciso manter escondida dele.
- O tipo que não espera noticias, vai até elas. Aluguei o jatinho, deixei
na pista e só esperei sua secretaria procurar um disponível. Passei minha
locação para você e te esperei.
- Obrigado!
Estica a mão e pede meu celular. Agradeço muito o fato de ter pego o
celular da empresa antes de sair, por isso não tenho medo de entregar o
meu. Coloco em sua mão com um sorriso e o vejo guardar no bolso.
- Em que sentido?
- Achei que me daria trabalho, já que nosso ultimo encontro você foi um
tanto violenta comigo.
- Você me tocou sem a minha permissão! Começa a ser gentil, que terá
de mim gentileza.
- O que eu quero?
- O que você deseja está a sua frente e a minha morte não vai satisfazer
seus desejos.
- Garota esperta!
- Henrique, você não vai me tocar, ter nada de mim enquanto eu não
souber para onde estamos indo. Tem meu celular, não existe nenhuma
chance de contar a alguém sobre nossa rota.
Solta a ultima frase com ódio e a expressão de seu rosto me diz que
preciso mudar o destino da conversa.
- Obrigado!
Ele diz a comissária quando pega sua taça. Antes que ela saia, puxo seu
braço e rapidamente levo minha boca ao seu ouvido.
Sussurro e a solto.
Digo rápido e finjo estar envergonhada. Solto sua mão, abaixo minha
cabeça e forço minhas lágrimas que logo surge.
- Sumir! Meu desejo agora é sumir e ficar longe de toda essa merda por
muito tempo.
- Você vai ser um escroto comigo? Não quero que me force a nada, não
gosto disso.
- Não vou forçar, mas você precisa me dar uma chance de te dar o
mundo.
Limpa meu rosto e fica me olhando.
- Vou deixar!
- Sim!
Levanto com a bolsa e sua mão a segura.
- Sem a bolsa!
- Não vou demorar, só vou ver minha situação. Posso pegar o remédio
com a comissária?
- Sim!
- Descobriu o destino?
- Eu...
- Você consegue!
- Tenha cuidado!
- Vou confiar em você e não vou temer beber isso aqui. Só que preciso
da sua palavra de que não me tocará, não fará nada até eu voltar a acordar.
Encarando seus olhos viro toda a taça e bebo tudo que tem nela. Seu
sorriso é enorme e devolvo a taça pra ele. Encosto na poltrona e começo a
enxergar tudo desfocado. Meus olhos pesam e sinto uma mão alisando meu
rosto.
- Minha! Só minha!
MOVENDO O MUNDO POR ELA
NARRAÇÃO ARTHUR
Agora tudo se encaixa, fazendo muito sentido! Henrique me fez vir para
Boston, me separou da Victória e armou toda essa cena pra ela ficar
preocupada e vir atrás. Os tiros que não eram certos, a tentativa de me
pegar, uma armação de merda. O que não consigo entender é como ele
conseguiu entrar no jatinho com ela, como isso aconteceu? Como?
- Arthur!
- Sim, mas pelo que a empresa aérea comunicou, o jatinho saiu do radar
e não sabemos mais se segue para Boston.
- Tiffany, preciso saber tudo que a Victória fez até seguir para o jatinho,
alguma coisa que possa nos ajudar.
- Tenta se acalmar!
Pede ao me ver andando de um lado para o outro e estou quase
arrancando meu cabelo.
- Pode usar!
- Obrigado!
Pego o meu, tiro o chip e coloco em sua mão.
- Preciso carregar!
- Victória está com dois aparelhos com ela. Um sem bateria e o outro
ainda não sabemos como está, se ainda está com ela.
Aviso ao Handy que pede o número para tentar rastrear. Antes que
consiga dizer os números, Luna me liga e atendo rápido.
- Espera!
Peço a Luna para que não desligue, enquanto conto ao Handy a rota do
Henrique.
- Luna, estou seguindo para o aeroporto, tem certeza que estão indo para
Berlim?
- Vou matar o Henrique! Juro que se ele tocar nela, arranco todos os
dedos da mão dele.
Desligo e sigo para a viatura, não posso perder nenhum segundo, nada
do meu tempo.
***************
- Prometa que não vai fazer nada até termos ele em nossas mãos.
- Prometo!
*************
- Seu merda!
Soco seu rosto sem parar e seus braços tentam impedir as porradas.
Bato com todas as forças que tenho, sem me importar com o sangue que
suja minhas mãos e a dor insuportável onde o tiro pegou de raspão.
Os pontos devem estar abrindo, mas que se dane, Henrique merece cada
soco e vou arrancar cada suspiro de vida dele com minhas mãos.
- Sr. Fantini!
- Que morra!
- Victória!
Corro até ela, caio de joelhos a sua frente e empurrando seu cabelo para
o lado tento ver seu rosto.
- Victória!
Sua cabeça está em meu braço esquerdo e com a mão direita mexo em
seu rosto.
- Por favor! Por favor!
Pego sua mão e sinto ela tão fria. Verifico seu pulso e os batimentos são
tão baixos que quase não os sinto.
- Você precisa abrir os olhos pra mim! Fiz uma promessa e preciso
cumprir! Por favor! Preciso dizer o que sinto olhando pra eles. Por favor!
Trago seu corpo para o meu, aperto seu rosto contra o meu peito e tento
de alguma forma aquecê-la, parece tão fria.
- Acorda e diz pra mim que está bem, que ele não te tocou, não te
machucou!
Olho mais uma vez seu rosto e sua falta de reação me apavora. Uma
equipe médica entra no jatinho e tiram ela dos meus braços.
- Não sei o que era, mas ela apagou rápido demais e até ele ficou
preocupado. Falava nervoso com alguém no telefone, dizia que havia
problema e que talvez tivesse dado remédio demais.
MEDO DO AMOR
NARRAÇÃO ARTHUR
- Mãe!
- Ainda nada!
- Oh Deus!
Solta aos prantos e limpo meu rosto das lágrimas que escorrem.
- Mãe, ela estava tão mole em meus braços, parecia sem vida!
- Meu bem! O que está sentindo? Só pede meu colo quando está doente.
- A sensação que tenho é que me tiraram o ar, que estou sufocando, que
procuro desesperadamente um sopro de ar e não encontro nada. É como se
eu só pudesse respirar com a Victória ao meu lado.
- Arthur...
- Preciso desligar!
- Antes me escute!
- Não é Vick que te causa dor, todas as coisas ruins. Até hoje só vi ela
arrancar de você os melhores sentimentos. Isso tudo que sente nesse
momento não é culpa do seu amor por ela, mas sim do Henrique.
- Ela já acordou?
- Sr. Fantini!
- Desculpa!
- Sim!
- Que plano?
- Ele respeitou?
- Sim! Tive medo que não o fizesse, mas ficou ali admirando Victória
como se ela fosse algo divino, algo intocável, algo celestial. Era doentio de
ver e assustador! Só que ela mesmo adormecida tinha ânsia, tentava
vomitar, o desespero começou e a colocamos com a cabeça de lado quando
os vômitos vieram. Enquanto eu limpava sua boca e a ajudava a vomitar
porque estava apagada, ele gritava com alguém ao telefone, alguém que
tinha lhe dado a receita e a quantidade de medicação que precisava usar.
- Estava falando com algum médico que o ajudou com a receita para ter
acesso aos medicamentos. Provavelmente houve erro de dosagem, por isso
as complicações.
- Obrigado por tudo que fez! Foi essencial para que Victória pudesse
pensar em como cuidar do Henrique.
****************
Puxo seu cabelo para cima, abraço-a contra o meu peito e aspiro seu
cheiro, voltando finalmente a sentir o ar invadir meu corpo, me dando a
sensação de paz após um longo período sem respirar. Passo meu nariz por
seu pescoço e fecho meus olhos.
- Preciso desesperadamente que abra seus olhos para que eu diga o que
sinto, porque não suporto mais sentir e não dizer.
Sussurro só pra ela, sinto seu corpo se mexer e então se virar pra mim.
Olhos cansados, mas incrivelmente lindos me encaram prontos para ouvir
minha confissão.
EU TE AMO!
NARRAÇÃO ARTHUR
- Está!
- Por alguns dias tenho pensado em como te dizer isso, o que fazer para
tornar o momento único, nosso!
Meu coração está muito acelerado e para tomar coragem, beijo seus
lábios de leve.
- Não sei ser romântico e a verdade é que nunca precisei ser. E nós dois
sabemos que romantismo não é algo que combine com a gente.
- Não espero de você flores, jantar romântico, velas e tão pouco uma
serenata.
Fala com diversão e fico feliz que esteja voltando a sua sanidade, após
tanto remédio.
- Não!
- Sim!
- Que é...
Instiga e amo demais seu humor, sua forma de dar leveza a tudo. Ela
sabe o quanto é difícil pra mim o amor, lidar com esse sentimento, só não
sabe ainda que por ela tudo se torna fácil pra mim, incluindo amar. Hoje
percebi o quanto amá-la pode desencadear em mim sentimentos novos,
sensações estranhas, as vezes ruins e desesperadoras como foi no caso do
Henrique. Só que nenhum sentimento é maior do que o meu amor por ela.
Nada é mais importante e necessário na minha vida do que amá-la, seja com
tudo, seja de qualquer forma, desde que seja com a Victória.
- Tem certeza?
- Pergunta!
- Eu te amo!
Digo de uma vez e sua risada some, restando apenas seus olhos
paralisados nos meus.
- Amo de uma forma tão avassaladora que eu não consigo respirar sem
ter você por perto. Amo com tanta intensidade que seria capaz de suportar
as dores do mundo, para que você não sentisse dor. Silenciaria o mundo pra
poder apenas ouvir sua voz, o som da sua respiração, dos seus gemidos de
prazer. Conto os segundos para te ver quando estou longe, pra sentir seu
corpo no meu, o seu cheiro, seu calor. Quando está perto de mim, só
consigo pensar em ter você em meus braços e quando está longe, todo o
meu corpo e mente trabalham em uma forma de ficar perto de você. Me
sinto como um girassol que busca o brilho do sol a vida toda. Você é o meu
sol e enquanto brilhar pra mim, estarei sempre aqui para te admirar. Eu te
amo! Eu te amo!
Seu rosto está todo molhado pelas lágrimas e em seus lábios tem um
lindo sorriso.
- O que foi?
- O QUE?
- Sim!
- Algumas pessoas diriam agora que o importante não e a cena, mas sim
o sentimento dito de coração.
- Estou pronto para ouvir as palavras lindas que tem pra me dizer.
- Não vou dizer agora, vai ter que esperar o momento certo.
Bufo e ganho um beijo no pescoço.
- Acredito que logo terá alta, mas vai precisar falar com a polícia antes.
Vou verificar se eles conseguem vir aqui conversar com você, assim saímos
daqui direto para o aeroporto.
- Tá bom!
Antes de sair do quarto para organizar tudo, da porta olho para Victória.
- Te amo!
- Obrigada?!
- Valeu!?
- Isso te excita?
- É melhor eu ir logo resolver suas coisas pra gente ir embora pra casa e
realizar essa confissão.
- Vai rápido!
- Estou excitado!
- Vou orar para que sua ereção seja curada e que nunca mais isso volte
acontecer, padre. Não queremos que este pecado volte a acontecer.
- Victória, não brinca com isso! Deus pode nos castigar me deixando
com problemas de ereção.
- Como sua esposa, que prometeu te amar de todo jeito, incluindo na
doença, devo dizer que posso viver sentada na sua língua e nos seus dedos.
- Claro!
- Já volto!
**********
Finalmente estamos chegando em casa. Ajudo Victória a sair do carro e
de mãos dadas seguimos para a porta. Não precisamos abri-la, já que minha
mãe faz isso e pula em cima da gente junto com a Luna e a Tiffany.
- Vick!
Minha mãe diz nos soltando, mas decide tocar toda a minha mulher pra
ver se realmente ela está bem.
********
- Quem era?
- Oscar!
- Oh!
Minha mãe sussurra não tão discretamente para a Luna, que parece tão
boba quanto ela no sorriso.
- Não sei!
- Acho que não devemos pensar nisso agora. Vamos para o banho e
depois dormir um pouco que estou precisando.
*********
- Eu te amo, Victória!
- Idem!
- Dorme, Arthur!
- É só dizer: Eu te amo!
- Dorme!
- Parei!
- Victória!
- O que foi?
- Amanhã seria um lindo dia pra confessar seu amor por mim.
- Amanhã é um lindo dia para tirar meu DIU, quem sabe depois.
- Já marcou a retirada?
- Sim!
- Sim!
- Sim!
- Sim!
- Arthur!
- Hum!
- Por que?
- Eu te amo!
ESPERANDO
NARRAÇÃO VICTÓRIA
Arthur sai da mesa e percebo que está nervoso. Sei que acordou na
madrugada e ficou no escritório, voltando apenas perto do horário que
acordo. Ele não faz idéia que não dormi até voltar pra cama e que fiquei por
trinta minutos fingindo dormir em seus braços.
- Nós sabemos que não será assim! Acredito que neste momento Arthur
esteja com o Sr. Oscar no telefone, já que desde ontem esse homem está
ligando.
- Luna?
- Sim! Ela é incrível, tem bom gosto, pensa como eu, me ajuda na
indecisão e uma ótima companhia.
- Você e meu filho se tornaram íntimos sem ter amizade alguma se bem
me lembro.
- Vick, de forma alguma eu julgaria alguém por sua essência, sua alma,
suas mudanças, suas escolhas, sua libertação, seja qualquer coisa que a
torne livre. Luna brilha tanto diante dos meus olhos com tudo que ela é, que
seria impossível não desejar fazer parte de sua vida. Podemos dizer que
encontrei uma melhor amiga, que compartilha comigo das mesmas
loucuras.
- Qual?
- Pode deixar!
- Trinta minutos?
- Sim!
- Luna pode mandar por mim essas mensagens, contando como está
indo?
- Sim!
Sueli pergunta nervosa e não quero contar a ela sobre nossos planos
para engravidar, quero que seja surpresa.
Olho para o Arthur que segura o sorriso no canto da boca. Ele adora
quando me coloca em situações assim.
**************
NARRAÇÃO ARTHUR
Folheio mais um pouco da revista, mas minha atenção não está nela e
sim nas mulheres na recepção do consultório. Na verdade a atenção delas
estão em mim.
Me sinto como um pedaço enorme de filé no meio de leoas famintas.
Uma delas está com a barriga tão grande, que está estirada na cadeira com a
bunda na ponta. Mesmo assim posso ver seus olhos por cima da montanha
que algumas vezes se mexe e ela a acalma passando a mão. Acredito que
logo saia um lindo bebê de dentro dessa enorme barriga.
- Ameixa?
- Não, obrigado!
- Café com leite quente também me ajuda a fazer o número dois, mas
libera tanto que tenho medo de ter hemorróida.
- Não me fale em aranha, por favor! Já nem sei mais como é lá embaixo,
meu marido que está me depilando.
Me encolho na cadeira, ouvindo desabafos e confissões que eu não
devia escutar.
Sinto uma leve dor no meu membro, com pena do marido dessa mulher.
- Sinto o bico dos meus seios sensíveis, alguém está assim também?
Não consigo nem tocar de tanto que dói.
- Ele não desconfiou de nada? A médica disse que são quarenta dias e
na frente do meu marido. Não tive a chance de estender meu período sem
sexo com uma mentirinha.
Olha só! Um plano diabólico contra os maridos pra fugir do sexo depois
do parto. Será que a Victória vai fazer o mesmo comigo? Ela não pode
saber que sei dessa informação. Preciso ler mais sobre a gravidez e o pós
parto, assim não serei mais um pai enganado.
- Não aguento mais meus pés, eles estão tão inchados. Não consigo
mais usar nada a não ser chinelos.
- Quem é Matheus?
Pergunto curioso e ela aponta pra sua barriga.
- O bebê!
Fala com deboche e ainda solta o ar pelo nariz, como se minha pergunta
fosse idiota.
- Desculpa!
- Sim! Acho que é importante passar por tudo junto com ela.
*********
NARRAÇÃO VICTÓRIA
- Está na recepção, espero que não esteja incomodado por esperar tanto.
- Arthur!
Ela dá dois tapas no rosto dele, no estilo vovó que ama o neto e os dois
sorriem. Na verdade a recepção toda está bem sorridente e feliz com ele.
- Vamos!
- Duas semanas sem sexo! Nada! Nem tocar, nem lamber, nadinha.
Irmãos por duas semanas.
SENDO PUNIDO
NARRAÇÃO ARTHUR
Paro de andar e olho para Victória tentando ver em seu rosto se está
mentindo. Hoje tive aulas intensivas com as minhas novas amigas de como
as mulheres nos enganam fácil com informações que a gente nunca vai
verificar se são reais. Se for mentira, o que eu acho que é, preciso entender
porque estou sendo punido. Falta de sexo é uma punição grave e não me
lembro de merecer isso em nada do que fiz ou disse hoje.
- O que foi?
- Alô!
- Oi, querido! Tudo bem com a Vick? Vocês acabaram de sair daqui.
- Está tudo bem, ela só esta levemente incomodada com alguma coisa.
- Que coisa?
- Ela não lembra se podemos ter relação, por isso estou ligando.
Dra. Mariana ri de forma divertida e engraçada.
- Esses jovens casais! Claro que podem, desde que ela esteja confortável
e não sinta dor.
Olha só, minha geniosa mulher está me punindo por alguma coisa. Me
pergunto o que fiz para merecer isso. Olho em volta na rua e depois para
Victória de braços cruzados e bicuda dentro do carro.
- Dra. Mariana, a senhora acha que a minha mulher pode ter ficado
irritada por me pegar massageando os pés daquela pobre gestante?
- Não diria irritada, mas enciumada. Você estava fazendo uma boa ação,
mas talvez ela deseja essa atenção pra ela e não para outras mulheres.
- Não é ciúmes de você, mas sim dos seus cuidados destinados a outra
mulher.
- Acho que pode fazer muitas coisas além de uma massagem nos pés
para deixá-la feliz.
- Obrigado pela ajuda! Vou cuidar da enciumada antes que ela me deixe
sem sexo por um mês.
- Coisas assustadoras?
- Sim!
- Por exemplo?!
Questiona e vejo um sorriso lindo em seu rosto. Prefiro ele ao bico
horrível emburrado que tinha antes.
- Não! Percebi que havia muita coisa a aprender sobre gravidez, sobre
como seu corpo mudaria. Decidi fazer um curso intensivo com as minhas
amigas gestantes de como te ajudar. Aprendi receitas caseiras pra soltar
intestino, massagem nos pés para diminuir inchaço, coisas que ajudam na
fase do enjôo e algumas dicas de como manter seu desejo em mim.
Escondo a historia do resguardo, pra ver como ela vai usar isso contra
mim no futuro. Seus olhos brilham me encarando e sinto lá no fundo que se
arrepende da mentira das duas semanas sem sexo. Só que ela não faz idéia
de que sei a verdade e vou usar sua mentira como punição a ela. Claro que
Victória não vai desmentir, mas vai querer quebrar o suposto resguardo.
Serei um marido maravilhoso que segue com zelo as orientações da médica.
Ganho um beijo no rosto e seguimos para casa.
***********
- Dor?
- Sueli, seu filho que está preocupado demais. Estou com cólica,
poderia muito bem trabalhar como toda mulher faz nesse período.
- Me lembro do mês passado como ficou com cólica e não quero te ver
com dor. Mãe, preciso comprar os remédios, pode cuidar da sua nora
rapidinho pra mim?
- Já volto!
***********
NARRAÇÃO VICTÓRIA
Tomo um banho rápido, coloco meu pijama e quando volto para o
quarto encontro Sueli me esperando sentada na poltrona.
- Sente-se melhor?
- Sim!
- Claro!
Ela diz e fico sem graça. Às vezes esqueço que mãe e filho me
conhecem bem demais. Passei minha vida toda sem ter alguém que me
entendesse e agora tenho duas.
- Chique demais?
- Sim!
- Me ajuda!
Quando abre a porta, quase caio pra trás com o tamanho do closet.
- Roberto!
- Ele é viúvo também, tem três filhos a mais nova na faculdade ainda.
- Vamos ver!
Pego uma camiseta básica branca e passo para a parte dos cardigans e
suéteres.
- Gosta?
- Sim!
- Victória!
- Sua mãe me deixou ajudá-la a se vestir para o jantar que tem hoje.
Olho pra ele pedindo pra confirmar que vamos faltar, como se eu não
quisesse de forma alguma ver coisas do casamento.
- Luna?
Arthur pergunta e Sueli percebe que falou demais.
- Certo!
- Filme?
- Sim!
************
- Não faria isso, Sra. Fantini! Nós sabemos que não posso te tocar por
duas semanas e vamos respeitar esse período, certo?
- Certo!
Vira de costas e desce a calça por suas pernas me dando uma linda visão
de sua bunda. Ele é muito, muito, muito gostoso. Por que eu disse duas
semanas? Por que fiquei incomodada com ele e as gestantes?
Diz e vira-se mostrando seu membro duro. Por que ele está duro? Como
ficou duro tão rápido? Provocação com corpo, está super bem com as duas
semanas sem sexo e quer esticar mais, tem alguma coisa ai. Meu cérebro
trabalha em uma explicação e algo aconteceu naquela ligação que fez fora
do carro em frente ao consultório.
- Já volto!
Assim que entra no banheiro e fecha a porta, corro para o celular dele e
tento verificar as ligações. Filho da mãe! Ele ligou para a Dra. Mariana
assim que me colocou no carro. Certeza que foi confirmar as duas semanas
sem sexo e claro ela negou dizendo que estamos liberados. Isso significa
que ele vai me provocar até me ver implorar para ter sexo.
- Você ainda tem muito pra aprender comigo, Arthur! Vamos ver quem
vai implorar por sexo primeiro.
JANTAR X JANTAR
NARRAÇÃO LUNA
Espero Sueli entrar no restaurante para não parecer que estamos juntas.
Ela reservou duas mesas, uma ao lado da outra pra que eu consiga ouvir a
conversa e ajudar quando preciso. Olho em volta, aguardo a atendente levá-
la pra dentro do restaurante e percebo como ela ficou linda em roupas
simples. Quase sou derrubada no chão quando um homem passa por mim
com pressa. Ele se quer pede desculpa pelo empurrão e ainda me lança um
olhar nojento julgando quem sou. Cretino! Arruma seu casaco, segue para
entrar no restaurante e respirando fundo decido ir cuidar da Sueli. A jovem
atendente me direciona até a mesa reservada para mim, me deseja um bom
jantar e sento ao lado da Sueli praticamente, já que nossas mesas estão bem
próximas. Nos olhamos rapidamente e sorrimos, o que não deveria ocorrer.
Fechamos o semblante e ela volta à atenção para o seu paquera.
O garçom pergunta ao meu lado e tem outro na mesa do casal que vigio.
Peço ao mesmo tempo que Sueli e nós duas nos olhamos sorrindo.
- Bela escolha!
- Por anos vivi ao lado de um homem que me calou, que nunca soube
das minhas vontades. Não vou mais aceitar isso, não quero alguém que me
diga o que devo comer e sim que me alimente com as coisas que eu amo.
- Não use seu tom de voz calmo para esconder seus pensamentos. Acha
que não percebi seus olhos me analisando procurando por jóias e um
vestido elegante? Você está procurando aqui uma mulher para exibir para
seus amigos.
- Isso é o tipo de homem que deseja? Acredito que sou muito melhor
que essas coisas de hoje em dia.
- Tchau!
Digo com muita alegria, quase levando ele para fora do restaurante pelo
braço. O tal Roberto vira-se e sai batendo os pés no chão com força como
se fosse uma criança mimada contrariada pelo pai.
Sueli pede e vou para a cadeira ao lado, enquanto ela senta onde eu
estava.
- Cancela essa mesa e passa todos os pedidos para a que estou agora.
- E o Whisky?
- Cancela!
- Posso pedir a lula com risotto e você pede o camarão com arroz de
frutos do mar. Podemos dividir os pratos e comer de tudo.
- Que idiota! Acredita que ele esbarrou comigo lá fora e não pediu
desculpa?
- Sim!
Sua resposta vem baixa.
- Sim!
- Talvez um dia!
Sussurra e pega sua taça de vinho, levando até a boca. Assisto seus
olhos se fechando, sua boca acolher o vinho com muita apreciação. Sueli é
uma mulher incrível e linda, merece ser muito amada.
Sua mão se ergue e toca meu rosto com muito carinho. Faz tempo que
não tocam assim. Minha cabeça tomba um pouco em sua mão e ficamos nos
olhando.
Afasta-se tirando a mão do meu rosto, leva até a minha mão e segura.
- O que acha de sairmos mais vezes juntas?
- Teatro?
- Amo teatro!
- Amo musical!
- Combinado!
**************
- Melhor não!
Encarando meu rosto e como sempre lendo meus medos, Sueli tomba a
cabeça de lado
- Por que?
- Por que?
- Me responda, Luna!
- Que absurdo!
Meu Deus! O que ela está fazendo? Entramos no banheiro, Sueli tranca
a porta rindo e olha em volta.
- Desnecessário, em casa não tem isso, porque aqui tem? Homens fora
de casa desaprendem a fazer xixi no vaso?
- Luna!
- Oi!
Nos duas rimos e ainda estou chocado com o que ela fez. Fazemos
nossas necessidades, lavamos as mãos e Sueli se olha no espelho.
- Estou velha! Acha que alguém da minha idade ainda pode encontrar o
amor?
- Você não faz idéia de como eu sou feliz ao seu lado, Sueli!
- Não!
***********
NARRAÇÃO SUELI
- Até amanhã!
- Durma bem!
- Victória!
- Victória!
- Resolvi fazer um bolo de chocolate, mas parece que não está dando
certo. Pode me ajudar?
A voz doce, o pedido de ajuda como se dependesse de mim, o olhar
sedutor... Filha da mãe, ela entrou no jogo pra me fazer implorar por sexo
também. Mas por que ela faria isso? Como Victória percebeu que minha
jogada pra ela sair da própria mentira era sedução até uma foda gostosa?
- Acho que está se saindo muito bem, vou esperar no quarto o bolo
pronto.
Digo firme, não entrando no plano dela. Volta a mexer o bolo e seus
seios balançam muito me hipnotizando e quando percebo já estou no meio
da cozinha encarando eles.
Atola o dedo dentro da vasilha, meleca de massa e traz até minha boca.
Me sinto um idiota por cair nessa cena cretina, porque é claro que Victória
deixaria cair a massa no meu peito.
- Desculpa!
- Desculpa!
- Um ótimo apoio!
- Acho que devemos nessas duas semanas evitar essas coisas, sabe
muito bem que a gente sempre termina transando no meio da comida e você
não pode.
Seu corpo encosta no meu e sua boca fica perto demais da minha.
Seus olhos se estreitam e tudo se torna bem claro agora. Ela sabe que eu
sei a verdade e já entendeu que pretendo fazê-la implorar por sexo. Se ela
sabe... então vamos ao jogo, porque Victória não sabe que eu sei que ela
sabe.
- Claro que Dra. Mariana pode confiar em mim. Acredito que duas
semanas seja pouco para sua recuperação. Pensei em prolongar por um mês,
o que acha?
- Acho ótimo!
- Exatamente!
- Vamos ficar em casa com a minha mãe, não vamos nem usar nosso
loft.
- Perfeito!
Diz e sorri como uma vilã de novela.
Desço o rosto bem rente ao dela, meus lábios deslizam entre seus seios
e então chegam até onde está sujo. Chupo, dou uma leve lambida e chupo
uma ultima vez.
- Pronto!
- Tão atencioso!
- Claro!
- Preciso disso!
Victória sussurra atrás de mim, seu braço passa pela lateral do meu
corpo e pega a colher. Afasta-se e mordo meu lábio para não rir.
- Não!
- Forma untada!
- Obrigado!
- Pode despejar.
Sussurro em seu ouvido com a voz rouca e ela começa a colocar a
massa na forma. Enquanto isso aproveito para passar meu nariz em seu
pescoço, embaixo do ouvido, sentindo seu cheiro.
Olho meu dedo melecado, que logo é levado até sua boca. Fecho meus
olhos quando ela o abocanha, chupa como se fosse meu membro que
corresponde lá embaixo com pulsações.
- Acho!
- Quer me ajudar?
- Sim!
- Quer mexer?
- Não!
Se trocarmos, então darei a ela o poder me tocar.
Pede com a voz sensual e como não sei negar nada a essa mulher
minhas mãos logo estão na panela e na colher de pau. Victória se vira entre
os meus braços, mas não consigo ver seu rosto. Tenho o mesmo efeito nela,
que ela tem em mim. Meu cheiro a atrai da mesma forma, seu nariz passa
pelo meu peito, sobe para o meu pescoço aspirando com paixão. Suas mãos
tocam minha barriga e tudo é tão leve que parece uma brisa de verão.
Seguem para as minhas costas e seus dedos se tornam mais firmes, mais
desejosos. Ela fica na ponta dos pés e sua boca toca meu ouvido, soltando
um ar quente que me faz suspirar. Beija minha orelha e passa a ponta do
nariz.
- Sim!
- Acho que não sou eu quem deve dizer isso no momento. Estou
aguardando uma confissão.
Respiro fundo, desço minha boca para o seu ouvido e sinto suas mãos
me apertarem ansiosas por minhas palavras.
- Eu...
- Acho que não é mútuo, claramente você sente isso muito mais do que
eu. Seus sentimentos são mais intensos!
- Instinto!
- Eu sou ótima!
- Merda!
- Me diz o que vamos precisar para a massa da pizza que vou separando.
Falo os ingredientes e escolhemos fazer uma quatro queijos.
- O que acha de uma vez por semana o jantar ser nosso? A gente
cozinha pra ela.
Estou sorrindo porque gosto muito da idéia. Cozinhar para a minha mãe
é um sonho meu e fazer isso com a Victória é ainda mais perfeito.
- Gosto da idéia!
- Sim!
- Sim!
- Não!
Sua risada é tão gostosa que me atrai até ela e sinto necessidade de
abraçá-la. Aperto Victória contra o meu peito e meu rosto afunda em seu
pescoço.
- Eu sei que você sabe que eu sei...
Sussurro e ergo seu corpo do chão indo até a mesa. Sento-a com
cuidado e fico entre suas pernas.
- Sim! Arrancar e sair correndo igual uma louca gritando que seu pau é
meu.
- Isso é ciúmes?
- Eu sou seu?
- Sim!
- Você é minha?
- Sim!
- Eu te amo?
- Sim!
- E você me ama?
- Eu...
- Te...
AINDA NÃO É O MOMENTO
NARRAÇÃO ARTHUR
- Não!
- Então acho melhor fazer esse seu coraçãozinho ansioso esperar mais
um pouco. Ainda não é o momento para minha linda e incrível declaração.
- Sim!
- Muito mais!
- Sim!
- Você pode continuar dizendo o que sente por mim, sabe disso né?
Fala com um lindo sorriso. Seguro seu rosto em minhas mãos e encaro a
imensidão azul mais linda do mundo.
- Tão intenso!
- Sempre!
- Bolo!
Pergunto sem entender a troca do sexo pelo bolo, que antes não
ligaríamos se queimaria durante uma foda gostosa.
- Sim!
- Por que?
Respira fundo e acho que consigo entender o que passa em sua cabeça.
- Nosso casamento em Vegas foi louco e fora do normal, algo surreal.
Nossa vida após casamento está tentando encontrar um caminho e nós dois
descobrimos o que sentimos. Está tentando fazer desse novo casamento
algo normal para que sinta ser de verdade. Não te julgo por desejar
normalidade para se sentir de verdade casada comigo.
- Não achei que tudo isso mexeria comigo, mas enquanto eu escolhia o
vestido de noiva e os sentimentos dentro de mim ganhavam nome, comecei
a pensar em como seria o casamento. Estaremos sóbrios, nos entregando de
verdade ao sentimento e prontos para uma vida juntos. Podíamos também
guardar um pouquinho dos nossos desejos pra usar depois.
- Tudo bem!
Beijo sua testa, seu rosto, seus lábios e termino em seu pescoço.
- Deixa eu pensar!
- Para!
- Do seu riso!
- Qual o primeiro?
- Seus gemidos.
Vai até o forno e o desliga sem ver se o bolo está pronto. Tenho certeza
que vai dar merda, mas decido deixar que ela descubra sozinha.
- Estou morta de forme, acho que fazer uma pizza vai demorar demais.
O que acha de um sanduíche e bolo?
- Por mim tudo bem! Fazemos pizza na nossa lua de mel, o que acha?
- Perfeito!
- Tem certeza? O sítio podemos ir qualquer dia, mas lua de mel acho
que só se faz uma vez.
- Não preciso ir muito longe para ter um momento gostoso com você e
realmente depois do Henrique, não quero viajar.
- Então vou pedir para prepararem o sítio para ficarmos por alguns dias.
- Dois dias no máximo, vamos ficar entediados se for mais que isso.
Podemos depois planejar uma viagem para algum lugar legal.
Pergunto e sua cabeça balança muito rápido e feliz, me dizendo que sim.
- Tem certeza?
- Sim!
- Nada!
Me olha pelo canto dos olhos e sei que está me escondendo algo.
- Nada!
- Não!
Sua negativa me faz novamente olhá-la com a sobrancelha erguida.
- Sua mãe teve o primeiro encontro fora do mundo virtual. Ela estava
conversando com o Roberto e então decidiram sair para jantar. Luna foi
como apoio, mas sem que ele soubesse.
- Ela estava com medo de seu sermão, queria evitar essa cara de
descontentamento.
- Não briga com ela, estava nervosa e pelo que entendi na mensagem
que a Luna enviou, o cara era um machista babaca e sua mãe foi
maravilhosa expulsando ele do jantar.
- Não foi no meio, foi bem no começo. Agora ela está jantando com a
Luna e parece que estão bem felizes.
- Sim!
- Eles estão no restaurante que teríamos jantado juntos, mas acabei não
indo. Aquele que você jantou sozinho.
Lembranças deliciosas da Isabela Fiorini me fazem quase ter uma
ereção.
- Não pediria isso se fosse você. Acho que a Beatriz não diria sim no
casamento.
- Beatriz?
- Sim!
- Não vou dar dica, melhor ficar atento que á qualquer momento ela
aparece.
*********
Coloca o bolo no balcão, tira a panela de calda de mim e vira tudo sobre
o bolo.
- Fico feliz que você saiba cozinhar, assim não preciso me preocupar
com isso. Nosso filho terá um armário organizado e será bem alimentado.
- É o jeito!
Solto seu corpo, pego duas colheres e começamos a comer. O bolo está
horrível e a calda com gosto de queimado. Mastigo tentando parecer que
está bom, mas sinto que não vou conseguir engolir.
- Ficou bom?
Cospe tudo que tinha na boca na mão e corre pra pia para lavar a boca.
- Nem a calda ficou boa.
- Vamos tentar fazer outra coisa doce, aquilo ali não dá pra comer.
- Pode ser!
- O que?
- Quem é o Gilberto?
- Querido, Arthur!
- Beatriz, é você?
- Guerra!
Anuncio e vou ate o balcão onde estão as coisas. Não faço idéia de
como Victória está agora, só sei que é ovo, farinha e leite para todo lado.
Nossos corpos se aproximam e vamos nos esfregando pra sujar ainda mais.
Sua risada se mistura a minha e estamos melecados demais.
- Outros?
**********
- Te amo!
Sussurro e beijo sua pele macia, tendo o som de seu suspiro como
resposta.
************
DIA DO CASAMENTO
- Sim!
- Meu coração deseja que você seja imensamente feliz meu filho. Vou te
dar um conselho e espero que use sempre.
- Não tenha medo de amar! Não tenha medo do sentimento mais forte
que existe no mundo. Quando se ama da forma correta, o amor é perfeito.
Eu sei e sempre soube que você Victória se amavam da forma correta. O
amor de vocês pertence a vocês e a mais ninguém. Nunca se importaram
com o mundo ao redor e que assim seja pela eternidade.
- Hoje não serei mais a mulher que você reflete, passo essa
responsabilidade para Victória. Hoje quando se olharem vão entender que
serão o reflexo, a força, tudo um para o outro.
Beija meu rosto e parece ganhar uma energia nova quando se afasta.
- Sim!
- Vou para o jardim ficar com os convidados, você vai buscar sua noiva.
- Sim!
Minha mãe vai para a porta e antes de sair sorri com toda a felicidade
que cabe em um sorriso.
Vai embora e sigo para o quarto ao lado, buscar Victória. Paro em frente
à porta e sinto meu coração acelerado, minhas mãos frias, pernas tremem
muito. Bato na portas duas vezes e Victória me manda entrar. Seguro a
maçaneta, respiro fundo duas vezes e abro a porta.
SIM...
NARRAÇÃO VICTÓRIA
- Sei o quanto esse passo é delicado para você e o meu filho. Sei o
quanto vai contra os pensamentos que tinham sobre o amor, o casamento...
Leva minhas mãos até seu peito, deixando sobre meu coração.
- Se você acha...
- Te amo!
Ela vai embora e me olho mais uma vez no espelho. Puxo o ar e solto,
tentando me acalmar, mas não funciona. Meu coração está tão acelerado
que parece que vai sair do peito. Minhas mãos estão frias, na minha barriga
parece que meus órgãos estão fazendo uma festa. Não sei se sento pra não
desmaiar ou se fico em pé para não estragar o vestido. Estou com ânsia de
vomito de tão nervosa que estou e mais uma vez tento pensar em tudo que
preciso dizer nos meus votos. Duas batidas na porta fazem meu coração
simplesmente parar de bater.
- Entra!
***************
NARRAÇÃO ARTHUR
Ela pede com a voz calma e aspiro o ar de volta pra dentro de mim.
Victória sorri lindamente e entro no quarto sem tirar os olhos dela. Seu
cabelo está preso em um coque, com alguns fios soltos. O vestido é simples,
mas deslumbrante. Sua maquiagem delicada, não tem nada decotado ou
evidente demais e se não conhecesse bem a minha mulher, diria que é um
anjo.
- Estou nervosa!
Digo com um enorme sorriso e minha mão desliza por seu braço todo
até chegar em sua mão descansando no peito.
- Isso é verdade!
Pego sua mão e coloco sobre o meu peito, pra que sinta que também
estou nervoso. Encosto minha testa na dela e ficamos nos olhando.
- Acho que se disser o quanto me ama, vai se sentir mais leve, menos
nervosa.
- Nunca esperei tanto por algo, como espero pelo seu amor.
- Vamos descer!
- Sim!
- Alianças!
Victória fala rápido e nervosa.
- Sim!
- Sim!
Victória responde com a voz trêmula, mas também com muita certeza.
Coloca minha aliança e beija.
- Victória, acho que fiz tantas declarações esses últimos dias que me
faltam novas palavras para não parecer repetitivo.
Ela sorri e sei que nunca me faltarão palavras para dizer pelo resto da
minha vida que a amo.
************
NARRAÇÃO VICTÓRIA
- Arthur...
Seu nome quase não sai e sinto minha garganta doer pela vontade
enorme que sinto de chorar. Respiro fundo e mesmo não enxergando nada
por causa das lágrimas presas em meus olhos decido dizer o que meu
coração sente.
- Desde pequena meus olhos nunca enxergaram o amor como algo bom.
Cresci com a certeza de que amar era dor, era sofrimento, era uma ferida
constantemente cutucada por aqueles que passam em nossa vida achando
que sabem amar.
Respiro fundo e continuo.
- Como você disse, sonhar é para aqueles que não são felizes com o que
tem ou o que são e sonhei minha vida toda como seria ser feliz. Nunca
desejei pertencer á alguém porque para mim isso é uma prisão. Ser de
alguém na minha mente e coração estava ligado à posse, a anular você
mesma para pertencer a uma pessoa. Recentemente me perguntou se você
era meu e rapidamente respondi que sim. Então perguntou se eu era sua e da
mesma forma respondi que sim.
- Sim, sou sua e você é meu. Descobri que pertencer a alguém quando
se é feliz não é posse, tão pouco perder sua identidade. Pertenço a você,
porque depois de andar pelo mundo procurando meu lugar, minha felicidade
encontrei em seus braços. Pertenço a você porque não existe lugar no
mundo para ser eu mesma, para realizar minhas loucuras, se não no seu
abraço. Não me anulo, ainda sou dona de mim e sou sua, assim como você
é meu. Ao seu lado entendi o amor, aceitei ser amada e me libertei para
amar.
Ergo minha mão, limpo suas lágrimas e sua cabeça se inclina para o
meu toque.
Seu enorme sorriso de menino faz meu coração quase sair pela boca.
NARRAÇÃO ARTHUR
- Desculpa!
- Sim!
- Beijo de novo!
Digo já avançando para um beijo, mas dessa vez nossos corpos também
se unem. Escuto minha mãe bater palmas, os gritos da Tiffany e um assovio
que imagino ser da Luna.
Minha mãe diz me afastando da minha mulher e quando penso que ela
vai me abraçar primeiro, agarra Victória como se fosse a filha.
- Já me trocou? Não sou mais o filho amado?
- Vem aqui!
- Parabéns! Desejo de todo o coração que seja muito feliz. Vocês são
perfeitos juntos e merecem viver esse amor.
- Obrigado!
- Minha vez!
- Não brinque com isso! Ainda tem os netos, vamos precisar da sua
ajuda com eles.
- Talvez!
*************
Todos á mesa começam a rir e logo ela é confortada por Luna que avisa
que não teremos esse momento. Parece que minha mãe nos conhece muito
bem e nos privou desse momento.
- Igualzinha!
Comento e ganho um sorriso encantador.
Pergunto e o encaro melhor vendo que está em pé, de terno, sua cara de
falso bravo para a bonequinha.
- Olha isso!
- Meu Deus!
Ganho um tapa da minha mulher pelo que disse e cheiro seu pescoço.
- Pelo que entendi seu coração vive no mesmo lugar do seu pau.
- No três!
Fala empolgada e antes de chegar no três avança no bolo primeiro
pegando uma colherada enorme dele. Todos pegamos com a colher um
pedaço grande e quando coloco na boca sinto o sabor maravilhoso de
chocolate. Entre risos e mais conversa, devoramos o bolo. Minha mãe lança
um olhar misterioso para Tiffany que abre um enorme sorriso.
- Vou ao banheiro.
- Nós queremos fazer uma surpresa para vocês. Todo casal possui uma
música e como vocês são estranhos e fora do romantismo, escolhemos a
música por vocês.
Minha mãe segura minha mão e a de Victória e nos leva até o meio de
um pequeno tablado de madeira. Nos une, se afasta toda emotiva e a música
começa a tocar. Pelos acordes já reconheço From this moment da Shania
Twain. Quando sua voz sussurrada entra como uma confissão a alguém,
meu corpo se une ao de Victória, minha mão direita repousa em suas costas
enquanto a outra segura a mão dela. Nossos olhos se conectam atentos a
cada palavra dita na canção.
- Mãe, se controla!
- Baile?
- Vou te levar para boate, vai aprender a dançar gostoso essas músicas.
- Assim que você for para a lua de mel, levo sua mãe para o pecado.
********
Pergunto assim que solto o cinto e suas mãos cobrem todo o celular.
- Nada!
- Tem certeza?
- Sim!
Certo! Não vou ficar perguntando, quando ela quiser conversar estarei
aqui para ouvir.
- Vamos entrar?
- Sim!
- Minha mãe disse que eu devia entrar com você assim, pisando com o
pé direito pra dar sorte.
- Sim!
- Tá bom!
Fala relaxando o corpo e abraça meu pescoço. Por que ela relaxou com
o casal padrão? Ela está confortável com isso? Casamos e perdemos a
loucura? Entro na casa com o pé direito, coloco Victória no chão e pego as
malas, fechando a porta em seguida. Me surpreendo quando sua mão pega
a minha e sou arrastado por uma noiva até o quarto. Paramos em frente à
porta e ela me olha com um sorriso divertido.
- Muito romântico!
- Não precisa me carregar no colo e muito menos fazer as coisas que sua
mãe diz.
Entramos e não tem velas, mas tem uma cama também cheia de pétalas.
- Sabe que ela vai perguntar pra gente como é fazer amor sobre as
pétalas, certo?
- Sim!
- Sim!
FAZER AMOR DO NOSSO JEITO
NARRAÇÃO VICTÓRIA
- Por que acha que pedi para vir com o vestido e não se trocar?
- Com certeza! Pelo menos essa tradição quero ter, já que tirar sua roupa
é uma das coisas que mais amo fazer.
Seu nariz percorre minha orelha, meu cabelo e suas mãos deslizam em
meu braço, subindo e me fazendo prender o ar.
- E depois?
- Depois vou beijar seu corpo todo e fazer amor com a minha esposa.
- Sei?!
Sinto seus dedos soltando a parte de trás do meu vestido, que aos
poucos vai se desprendendo do meu corpo. Suas mãos delicadamente
empurram a parte da frente do vestido e então ele desaba sobre os meus pés.
Seu suspiro alto me faz morder o lábio inferior e quando sinto tocar meus
seios, minha cabeça tomba para trás se apoiando em seu ombro.
- Não!
- O tipo que faz amor pra saciar desejo, pela luxuria do ato, para atingir
um prazer enorme e tudo isso misturado a um amor que sabemos ser
realmente verdadeiro, sem precisar mostrar devoção ou qualquer outra coisa
no sentido de jurar pertencer, ser fiel.
- Então não fazemos amor como juramento de amor eterno, mas sim
como forma de saciar apaixonadamente o fogo que nos queima quando
estamos juntos?
- Então somos bem quentes, prejudicial demais para quem não suporta
grandes temperaturas.
Jogo a gravata no chão, abro os botões de sua camisa e seus olhos
apenas me assistem.
- Que sou o fogo e você o combustível, por isso somos bons juntos e
não nos machucamos. Preciso de você para queimar e você precisa de mim
para existir. Que adianta ser combustível se não pode ser usado para
queimar?
- Entendi a referência, mas precisava ouvir de sua boca que não existe
sem mim.
- Sim!
Suas mãos seguram meu rosto e seus olhos cheios de brilho encaram os
meus.
Sua risada alta ecoa pelo quarto e sei que entendo a referência que
tivemos com pardalzinho e codorninha.
- Sim!
- Espera!
Viro e tento jogar o que consigo das pétalas na cama no chão. A risada
escandalosa do meu querido marido me faz olhá-lo.
- O que foi?
- Estou plantando rosas no meu orifício. Dizem que são nesses lugares
que nascem as mais belas rosas.
Rindo de mim ele estende a mão.
- Pra onde vamos? Sua mãe deve tacado rosa e velas na casa toda
achando que combina com a gente.
- Cuidado para não queimar o regador, vou usá-lo para regar minha rosa
no orifício.
- Pode deixar!
Coloca mais lenha sobre o fogo que queima e vem para o tapete
comigo. Me surpreendo quando senta atrás de mim, abre as pernas e me
coloca entre elas. Nos envolve na coberta e me abraça. Sua cabeça está ao
lado da minha, minhas costas apoiadas em seu peito e estou presa entre seus
braços fortes. Seu nariz dança em meu cabelo e quando fecho meus olhos, o
som de seus suspiros se misturam aos pequenos estouros da lenha
queimando. Acho que foram poucos os momentos em que me senti segura
assim, como se eu pudesse parar de ser forte e deixar alguém ser minha
proteção.
- O que?
- Sim!
- Amar não é tornar alguém frágil, dependente de sua força, mas sim ser
à força da pessoa quando ela precisa ser frágil. Você é a mulher mais
incrível e forte que conheço Victória, mas quando te abraço e sinto sua
fragilidade, entendo o quanto deve ser cansativo pra você ser forte o tempo
todo. É nesse momento que consigo ver sua alma, sua fragilidade e me
apaixono ainda mais por você. Não é somente sua força que encanta, mas
também a sua fragilidade que te torna tão humana e correta. Quantas vezes
precisar, serei sua fortaleza para deixar a força de lado e ser frágil sem
medo.
- Você realmente precisa parar de ser tão apaixonante assim. Não pode
simplesmente fazer declarações o tempo todo, me fazendo te amar ainda
mais. Volta agora com o Rocha, antes que me torne uma emotiva irracional.
Arthur me aperta em seus braços e suas pernas ficam por cima das
minhas, me deixando exposta.
Suas mãos se unem em meu pescoço, a coberta cai no chão, afasto meus
braços para trás, dando acesso ao meu corpo. Seus dedos enormes dançam
em meu pescoço, vão para os seios e não são nada delicados. Minha carne
sente a pressão, o desejo em cada toque.
Meus seios são massageados, apertados e meus bicos endurecem
rapidamente. Meus gemidos já ecoam pela sala e sinto seu membro
endurecer atrás de mim.
Abro meus olhos e foco no fogo, que está bem intenso, com cores
incríveis.
Introduz seus dedos em meu sexo e grito de prazer. Solta meu seio e
segura meu pescoço, colando os lábios em meu ouvido.
- Arthur!
Seu nome sai da minha boca de forma desesperada e meu corpo todo
treme.
- Queima...
A explosão acontece e meu corpo todo se contorce, enquanto prendo
seus dedos dentro de mim com as pernas. Em uma mistura de prazer e
desespero, saio do meio de suas pernas e viro para o Arthur. Seguro seu
membro, me arrumo pronta para sentar nele e não demoro muito para
introduzi-lo dentro de mim. Nós dois gememos juntos e fico com os joelhos
acomodados na lateral de suas pernas que estão esticadas e fechadas. Não
me movimento, apenas mantenho meus olhos nos dele, que queima de
tesão. Nossas mãos agarram nossos pescoços, nossas bocas se procuram em
desespero, o encontro perfeito do fogo e do combustível.
- Sim!
Introduz seu membro em meu sexo, deita sobre minhas costas e isso me
faz senti-lo muito fundo dentro de mim. Não se move, apenas rebola e isso
é tão foda. Sua mão tira os fios de cabelo do meu rosto, para me ver delirar
de prazer.
- Gosta assim?
- Gosta assim?
- Sim!
- Estamos só começando!
*************
Meus olhos estão quase se fechando, o sono está vindo com tudo.
Estamos no sofá, estou deitada no peito do Arthur que faz carinho em
minhas costas. O fogo da lareira está igual o meu, só na brasinha pra apagar.
- Está acordada?
- Sim!
- Quero construir nossa vida, nossa casa, nossa família.
Fala e não digo nada, aguardo que me conte mais sobre seus planos.
- Eu te amo!
- Também te amo!
SURTANDO DEMAIS
NARRAÇÃO VICTÓRIA
Olho meu relógio e já são quase 14h da tarde. Verifico mais uma vez a
coisas que preciso fazer e tento calcular quanto tempo tenho para uma
pausa. Estou com fome, mas o tempo me falta já que estou levantando as
possibilidades para sobrevivermos sem um parceiro.
- Vick!
- Sim! Quando cancelou mais uma vez o almoço com o dele porque as
agendas não batiam, foi para a cozinha rapidinho e fez o macarrão pra você.
- A intenção era trazer, mas Luna o arrastou para uma reunião no andar
de baixo.
- Por causa da parceria que acabou com o Sr. Oscar, ficou pra você a
responsabilidade deles né?
- Sim!
- Por isso está trancada aqui com todos esses contratos e planilhas?
- Sim!
- Obrigada, Tiffany!
- Certo!
*********
NARRAÇÃO ARTHUR
- Precisa ligar para o Sr. Alcântara, ele quer conversar sobre o serviço
que prestamos a ele.
Respiro fundo, penso em dar mais um passo, mas ela não deixa.
- Você que me pediu para ser firme e não deixá-lo cair na tentação da
vice-presidência. Essas foram suas palavras...
- Disse isso?
- Sim!
Viro e tento não rir, mantendo o olhar sério.
- Você mesmo me preveniu sobre isso, disse que de forma alguma era
para aceitar que retirasse suas palavras. Aparentemente se conhece bem
demais para saber que encontraria meios de se sabotar. Juro que se não
tivesse nada para fazer o deixaria em paz, mas sua agenda está lotada.
- Tem certeza que a Dra. Mariana não consegue atender após ás 18h?
Sra. Fantini não possui tempo para uma consulta antes desse horário.
- O que Victória tem? Ela não reclamou de nada comigo esses dias.
Estranho! Será que Victória está com algum problema, alguma coisa e
está me escondendo?
- Sr. Alcântara!
- Arthur!
Viro para a Luna bravo e ganho um sorriso assustado.
Diz rindo e começo a achar que deveria ter ficado com ela ao invés da
sombra Luna.
- Obrigado!
Vou para a minha sala e pego o telefone assim que sento na minha
cadeira.
- Que foi?
- Aprendi a ler suas expressões, sei que vai fazer algo sobre Vick antes
de ligar, só não sei o que é.
Ela bufa, sai da sala, ligo para a farmácia aqui da rua e pergunto se tem
teste de gravidez.
A atendente pergunta com uma voz estranha e acho que peguei poucos.
- Na verdade preciso de 20.
- Não, obrigado!
**********
Pergunta me olhando firme e percebi esses dias que ela e minha mãe
andam bem unidas, compartilhando tudo e se contar que são testes de
gravidez minha mãe logo ficará sabendo e será um caos. Provavelmente vai
surtar, ficar toda ansiosa e nos forçar a fazer coisas, comer coisas para
aumentar as chances de gravidez. Capaz ainda de verificar dentro da
Victória se gozei direito.
- Arthur!
- Odeio trabalhar perto de você e não ter tempo pra um beijo, uma
loucura.
Fala com a voz desejosa e suas mãos já estão em minha calça abrindo o
zíper.
- Não!
Pego o teste de gravidez e mostro pra ela que fica de boca aberta.
- Um teste de gravidez?
- Por que?
- Está atrasado um dia.
- Não está!
- Está sim!
- Para!
- Sim!
- Como você compra vinte testes de gravidez sem antes falar comigo?
Não fazia idéia desse controle do meu ciclo.
- É a parte equilibrada que agenda hora com a Dra. Mariana para falar
sobre isso.
Abro um enorme sorriso e seu dedo me chama. Vou até ela e me ajoelho
a sua frente.
- Sim!
- Ótimo! Amanhã ás 20h no loft, achei melhor ser longe da sua mãe ou
ela apareceria do nada com uns trinta testes de gravidez, porque é mais
louca que o filho.
- Preciso voltar para a minha sala, você perdeu seus dez minutos de
diversão comigo.
- Espera!
Seguro sua mão assim que se levanta, impedindo de sair do banheiro.
Faço cara fofa e sei que ganhei o que quero quando ela começa soltar a
calça.
- Me dá o teste e sai.
- Já leu as instruções?
- Sim! Tenta não molhar tudo, só a pontinha ou estraga o teste.
Meus olhos agora estão nela, que sorri para mim toda linda.
- Se der positivo, sei que vai invadir minha sala radiante, então prefiro
assim a ficar e ver sua tristeza com o negativo. Te amo!
Beija meu rosto, sai do banheiro e respiro fundo antes de olhar o teste.
COM PENA
NARRAÇÃO VICTÓRIA
Minha mente há quase quatro horas está totalmente fora dessa sala, do
trabalho e das coisas que preciso fazer. Confesso que esperei ansiosa a
entrada na minha sala de um homem todo radiante, gritando que seria pai.
Dra. Mariana me avisou que nem sempre a gravidez ocorre de forma rápida,
não por problemas nossos, mas por não ser à hora ainda. Devia ter deixado
Arthur ouvir essa parte, assim não criaria tanta esperança, não ficaria tão
ansioso. Estou com pena dele agora, o imaginando em sua sala de bico.
- Vick!
- Chegou!
Avisa com um grande sorriso e saio da minha cadeira indo até ela.
- Sim! Desde que você saiu de lá, está trancado trabalhando. Luna acha
que ele está doente, já que vivia na luta para mantê-lo naquela cadeira longe
de você e agora está sentadinho quieto trabalhando sem reclamar.
- Certo! Assim que eu entrar naquela sala, avise a Luna para cancelar o
que tiver na agenda dele.
- Sim!
- Foi algo que fizemos?
- Não! Coisa minha e dele, mas isso aqui vai animá-lo um pouco.
Balanço a pasta e vou em direção a sala do Arthur. Luna fica apenas me
observando, enquanto bato na porta.
- Quer conversar?
- Não!
- Tem certeza?
- Não!
- Será que vamos ter que usar os outros dezenove testes até encontrar o
positivo?
Pergunta todo magoado e queria tanto tirar esse sentimento dele.
- Não vamos pensar nisso, certo? Vamos tentar não controlar ovulação,
não contar dias de atraso.
- Não sei se consigo fazer isso, gosto da organização, de ter controle dos
períodos.
- Vai ser difícil, já que mentalmente já refiz todo o seu ano menstrual.
Isso se seus atrasos não prejudicarem meu controle.
- Está arrependido?
- Não! Gosto do seu descontrole, apesar de me deixar louco como
agora.
Sua cabeça se afasta do meu peito e seu rosto fica em frente ao meu.
Um pequeno sorriso safado se forma no canto de sua boca e uma
sobrancelha se ergue.
- Espera!
Peço entre o beijo, mas ele está bem focado em se perder no meu corpo.
Tento sair de seu colo, mas não consigo, seu rosto já está no meio do
meu decote procurando meus seios.
- Arthur, espera!
Consigo me soltar, saio de seu colo e quando tento pegar a pasta sou
empurrada pra mesa. Arthur está se esfregando em mim, sinto sua ereção
em minha bunda e suas mãos em meu corpo todo. Meu Deus! Foco! Preciso
ser mais forte, pelo menos agora. Minhas mãos se apoiam na mesa e sinto
seu toque em meu sexo ainda coberto pela calça.
- É importante?
- Sim!
- Muito!
- Sim!
- Sim!
- Mostra!
Pego a pasta e abro sobre a mesa. Seu rosto fica encaixado no meu
ombro, ficamos com as cabeças lado a lado.
- Você não vai me mostrar coisa de trabalho, né? Isso não pode ser
melhor e mais importante do que sexo na minha mesa.
- Não!
Seu corpo sai de trás do meu e seus olhos analisam tudo que mostro.
- Entrei em contato com o corretor que me ajudou a encontrar o loft. Sei
que não conversamos sobre local, o que desejamos, nada, mas...
- Eu não quero sair de perto da sua mãe, por isso limitei nossas buscas
na região dela e aqui estão as opções. Temos apenas um terreno caso prefira
construir, o resto são casas.
Não consigo decifrar o que se passa em sua cabeça, Arthur apenas olha
tudo com muita atenção.
- Sabe muito bem que eu queria muito nosso lugar, quem tinha medo era
você.
- Não devia se calar nunca. Acredito que para esse casamento dar certo,
devemos dizer sempre o que sentimos, não esconder nada, muito menos
nossos medos.
Agora seu corpo vira-se pra mim e sua mão toca meu rosto.
- Muito!
- Vamos olhar o que temos aqui. Devo dizer que me agrada muito o fato
de não querer se afastar da minha mãe.
- Nunca! Por ela não sairíamos nunca de suas asas, mas acho que
precisamos de algo nosso. Não quero que se sinta sozinha, então podemos
jantar com ela algumas noites, o que acha?
- Acho perfeito!
- Conhece?
- Agora?
- Pode ser!
- Vamos ligar pra ele.
********
Entramos com o carro na propriedade. Tem um enorme jardim que
precisa de muito de reparo, está bem abandonado, mas ainda sim é lindo.
Tem enormes árvores em torno da casa principal e no canto uma casinha de
madeira feita para crianças.
- Gosto disso!
A casa por fora é toda branca, por dentro mantém a suavidade dos tons.
Paredes brancas, assoalho de madeira escura, bem espaçosa. Está tudo
vazio, é preciso imaginar como ficaria com móveis.
- Acho que um sofá enorme ali ficaria ótimo.
- O que foi?
- Nada!
Tem uma enorme varanda, muito espaço para cama e alguns móveis, um
closet gigante para nós dois e no banheiro temos duas pias e uma banheira
além do chuveiro.
Peço ao Arthur incomodada, com a voz baixa para o corretor não ouvir.
Ganho um beijo na cabeça e o filho da mãe vai para a varanda.
- Tiozão do churrasco.
Digo rindo e ganho um aperto bem forte.
Peço, ele olha para ver onde está o corretor e depois vem para sussurrar
em meu ouvido.
NARRAÇÃO ARTHUR
- Sua mãe merece ter alguém que compartilhe os mesmos gostos, assim
como tenho você.
Pelo canto dos olhos analiso a expressão da Victória que tenta não
sorrir.
- Não acha?
Victória pergunta e por incrível que pareça tive uma linda visão da
nossa família no jardim.
- Arthur!
- Sim!
- Como é o menino?
- Meus traços?
- Sim! Lindos e encantadores olhos azuis.
- Sim!
- Porque não era a hora. Precisávamos estar maduros para entender esse
sentimento e certos de que estamos no mesmo caminho, lado a lado nessa
caminhada.
- Sim!
**************
NARRAÇÃO VICTÓRIA
- É muita coisa!
- O que foi?
- Não sei! Ando bem sonolento, com muita fome, irritado, sensível.
- Sente-se doente?
- Não! Só que às vezes quero chorar, então mudo para vontade de rir e
às vezes só não quero fazer nada. Nada mesmo, nadinha!
- Não!
- Tem certeza?
- Cheiro?
Ele fecha os olhos e pego algumas peças de roupas indo para o closet.
- Faltam 3!
- Não! Nem pensar! Vamos esperar mais, não vou aguentar você triste
mais uma vez vendo um negativo.
- Você não me ama! Se me amasse faria esses três últimos testes. Acaba
logo com isso, por favor!
- Desculpa!
Peço indo até ele e o abraço. É uma TPM masculina, com certeza.
Primeira vez que o vejo assim e estou assustada.
- Vamos até a cozinha beber e comer alguma coisa, depois que eu tiver
bastante liquido dentro de mim faço os testes.
- Tá bom!
- Tá bom!
- Mais ou menos!
- Sim!
- Quantos dias?
- Cinco!
- Oh Vick!
- O que?
- Sério?
- Dra. Mariana! Ela disse para fazermos o teste. Acho que será
interessante você mijar em um também.
- Pode deixar.
- Fiz um lanche pra você e dois pra mim, fiquei em duvida do recheio e
fiz duas opções.
Olho meu lanche normal e o dele tem um normal e outro com melão e
abacate. Finjo que é normal, mas por dentro estou com vontade de vomitar.
- Quer um pedaço?
- Não, pode comer tudo.
Ele dá uma mordida enorme no lanche e fecha os olhos, suspirando em
seguida com o sabor.
Abro um sorriso forçado e perco o apetite vendo ele comer essa coisa.
*********
Depois de comer os dois lanches que fez pra ele e o meu, toma seu
refrigerante e parece um urso pronto para hibernar.
- Sim!
Abre os outros dois e molho com a minha urina. Ele tampa as pontas e
segura os testes, enquanto me limpo.
- Se der negativo...
- Victória!
- O que?
- Isso aqui é um segundo risco?
- É um positivo!
Me solta, pega meu rosto em suas mãos e me olha fundo nos olhos.
CONTINUA ...