3 Apaixonados Pelo Fogo - Renata Pantozo

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 295

APAIXONADOS PELO FOGO

3ª Temporada

“ O amor é fogo que arde sem se ver...”

Não existe explicação para o amor,


uma fórmula mágica para
vivê-lo de forma perfeita.

A única certeza sobre o amor é


que ele consome a alma, preenche
o vazio do coração, transforma o
simples em algo sublime.

É preciso coragem para viver o amor,


se jogando nele sem temer.
Nada explica como esses dois loucos
não entendem que se amam, mas
nunca houve lógica no amor.

Eles não precisam dizer,


somente viver esse sentimento...
FOFOQUEIRA DE PLANTÃO
NARRAÇÃO LUNA

Observo Arthur e Vick irem para o quarto e fico feliz em ver que manter
o casamento não assustou os dois. Tive medo que a idéia da Sueli de
obrigá-los a ficarem casados por ela, para não machucá-la, fizessem os dois
surtarem ou se afastarem.

- Luna, seu celular está tocando!

Tiffany avisa da sala e peço para ela me trazer o telefone.

- Quem é "Gatona"?

Fico sem graça e ela ri de mim.


- Está com vergonha? É uma namorada?

Sueli ficou com medo de descobrirem nosso plano e decidimos usar


apelidos para ninguém desconfiar que conversamos. Ela é a Gatona e sou o
Gatão, como se fossemos namorados secretos. Justificaria muito a
quantidade de vezes que falamos ao telefone, já que vivemos nos ligando.

- Fica de olho na carne, não deixa queimar. Já volto!

Largo Tiffany na cozinha e vou para a sala pra fugir de ouvidos


curiosos.

- Gatona!

- Gatão, como estão as coisas?

- Bem! Eles estão no quarto arrumando as coisas da Vick para irem pra
sua casa.
- Então ela vem mesmo morar aqui?

- Sim!
- Maravilha! Me diz como eles estão, se parecem bem e felizes.

Pergunta e fico de olho na cozinha, pra ver se Tiffany aparece. Escuto


barulho no banheiro e sem fazer barulho tento ver quem está lá.

- Arthur está no banheiro arrumando as coisas da Vick em uma


bolsinha.

Conto com a voz baixa, quase sussurrando.

- Ele está arrumando as coisas dela?

- Sim!

- Eles são tão companheiros!

Sueli diz suspirando demais.

- Estava com medo deles não suportarem a idéia de ficarem casados por
obrigação, mas parece que gostam.

- Você não faz idéia de como gostam. Eu não sei explicar os dois, só sei
que se amam tanto que aceitariam qualquer coisa para ficarem juntos, só
não enxergam que isso ocorre porque se amam.

Sueli é ainda mais louca do que eu por esses dois. De fato eles são
perfeitos demais, só não conseguem ver o amor lindo deles. Arthur volta
para o quarto e conto para Sueli.

- Vai lá ouvir o que falam e me conta tudo.


- Espera!

Nas pontas dos pés vou até a porta do quarto que está um pouco aberta.
Escuto os dois discutirem sobre a mala que Victória está sentada em cima.

- O que estão falando?

- Espera!
- Dá um jeito de me fazer ouvir a conversa também.

Me deito no chão, enfio o braço pra dentro do quarto e seguro o celular


lá dentro.

************

NARRAÇÃO VICTÓRIA

- Quando tivermos nosso filho, eu vou arrumar as coisas dele! Você está
proibida de tocar nas roupinhas e nos acessórios. Papai vai ensinar desde
cedo a ser organizado.

Fico feliz em ouvir isso, seria uma catástrofe de verdade o armário do


nosso filho, se dependesse de mim. Não consigo lidar com as minhas
roupas, imagina aquelas pequenininhas que precisam de maior cuidado?!

- Vamos dividir as funções então! Você fica com a organização das


roupas e as papinhas. Você gosta de cozinhar e se te conheço bem, vai ser
super chato com a alimentação do nosso filho.

- Perfeito! Posso assumir essas funções sem problema.

- Ótimo! Só não torne nosso filho um mini Rocha, por favor!


- Rochinha!

Fala sorrindo e reviro meus olhos.

- Deus não me daria tamanha punição, já basta você na minha vida.

- Já estou vendo ele todo engomadinho nos seus braços, te fazendo


lembrar constantemente quem é o papai lindão dele.

- Para de falar essas coisas e volta para sua tarefa.

- Falando em tarefa, o que vai sobrar pra você fazer com nosso filho?

Questiona dobrando minhas roupas e não acredito que está separando


por cor e tipo de tecido. Ele é muito chato com organização.
- Fico com os banhos, as fraldas sujas e as madrugadas sem dormir.

- Por que você fica com as madrugadas sem dormir? Também quero ter
esses momentos com ele.

- Por que quer ficar com ele nas madrugadas?

Pergunto sem entender o motivo de querer dividir isso comigo.

- Não sei, só sei que quero.

- Isso não é uma explicação, Arthur !

Ele faz uma pausa para refletir sobre o assunto. Seu silêncio me deixa
preocupada e saio da cama, indo até ele.
- Está tudo bem?

Ele me olha a apenas me responde com um balançar de cabeça que sim.

- Tem certeza?

- Mais ou menos!

Fala e solta à roupa que segurava, virando o corpo para mim.

- Até um tempo atrás eu não imaginava de forma alguma ter um filho e


agora estou negociando minhas funções com ele, até as madrugadas sem
dormir com você.

- Isso te assustou?

- Não, por isso estou sem entender. A paternidade ao seu lado não me
assusta.

- Fico feliz ouvindo isso! Ser mãe é meu sonho e realizá-lo junto com
você tornaria tudo ainda mais perfeito. Vamos deixar tudo acontecer e
depois negociamos nossas funções, pode ser?

- Sim!
Ganho um beijo carinhoso nos lábios. Abraço Arthur e vejo uma mão
dentro do quarto vindo do chão, segurando um celular.

- Tem algo estranho acontecendo!

Sussurro pra ele e assim que o solto, mostro a mão. Juntos caminhamos
até a porta e abrimos para ver o que está acontecendo.

- Luna!

***************

NARRAÇÃO LUNA

Meu Deus! Eles estão falando de filhos? Queria falar com a Sueli agora
sobre isso, mas mantenho minha mão lá dentro e deixo-a ouvir tudo que
estou ouvindo. Eles realmente estão pensando em gerar um bebê. Ai meu
Deus, um rochinha seria o sonho da Sueli. Ela deve estar surtando no
telefone com isso tudo. Tudo fica em silêncio do nada, será que estão se
beijando? A porta se abre do nada e fecho meus olhos.

- Luna!

Escuto meu nome na voz grossa do Arthur e mantenho meus olhos


fechados.

- Você está bem?

Vick pergunta e não sei o que fazer. Que desculpa dar por estar com a
mão segurando o celular dentro do quarto? Alias, como explicar que estou
deitada no chão? Queda! Vou fingir que cai e perdi a consciência. Graças a
Deus estou de bruços no chão e não podem ver meu rosto.

- Luna!

Eles me viram e mantenho os olhos fechados.

- Está desacordada, acho que desmaiou na porta do quarto.


Vick diz e sinto mãos delicadas em meu rosto.

- Ela estava no telefone com alguém!

Tiram o celular da minha mão e meu coração acelera. Vão descobrir a


Sueli

- A pessoa desligou!

Contenho a vontade de suspirar aliviada.

- Está escrito Gatona no contato.

Sueli muito esperta em mandar colocar apelido.

- Gatona?

Vick pergunta com humor e os dois criam teorias sobre a Gatona. Já sei
que vou ter um interrogatório longo quando acordar desse falso desmaio.

- Vamos colocá-la na cama.

Me carregam para a cama e penso se devo continuar assim até irem


embora ou se acordo logo e enfrento as perguntas.

- Luna a car...

Escuta a Tiffany, mas logo sua voz some.

- O que aconteceu com ela?

Pergunta preocupada e meu corpo pula quando ela senta na cama ao


meu lado.

- Desmaiou!
- Como? Não ouvi nenhum som de queda ou de pedido de ajuda. As
pessoas que desmaiam fazem barulho.

- A encontramos desmaiada na porta do quarto.


- Será que foi algo que a tal Gatona falou?

- Quem é essa Gatona?

Arthur pergunta e Tiffany avisa que não sabe.

- Estranho!

Definitivamente devo manter o desmaio até amanhã.

- Acha que devemos levá-la ao médico?

Ai merda! Certo! Está na hora de acordar! Começo com pequenos


gemidos, suspiros e lentamente abro meus olhos. Coloco a mão na cabeça e
finjo que está doendo.

- Luna, você está bem?

Tiffany pergunta segurando minha mão. Vou fingir que não sei de nada,
que não lembro.

- O que aconteceu?

Uso minha melhor voz de doente.

- Você desmaiou na porta do quarto.

Vick me diz com a voz baixa, toda preocupada.


- Atendi o telefone, estava falando com uma pessoa enquanto vinha para
o banheiro. Não lembro de nada, só de andar pelo corredor.

- Você não se alimentou bem hoje, pode ser isso.

Tiffany diz e passa a mão no meu rosto.

- Vamos comer antes que desmaie de novo.

- Está bem!
***********

Arthur me ajuda a sentar enquanto as meninas colocam a mesa.

- Quer água, alguma coisa?

- Não precisa, só quero comer, estou com fome.

Todos sentam e começam a se servir. Pego o suco e lentamente bebo.

- Quem é Gatona?

Vick pergunta e cuspo todo o suco na Tiffany ao meu lado.

- Porra, Luna!

- Desculpa!

Ela levanta e vai para o banheiro se limpar.

- Uma amiga!

Respondo sem olhá-los, secando a boca suja de suco.

- Amiga?

- Sim!

- Por que está olhando para todos os lados como se fosse culpada de
algo?

Arthur observador demais como sempre.

- Estou envergonhada pelo desmaio.

Vick segura minha mão e pelo canto dos olhos, observo seu rosto com
um pequeno sorriso.
- Está tudo bem! Não fique envergonhada, importante é que está bem
agora.

- Vamos comer e falar de outras coisas.

***********

NARRAÇÃO ARTHUR

Paro o carro na frente de casa e descemos dele. Pego a mala grande da


Victória e ela a pequena. Seguimos de mãos dadas para dentro e nem bem
abrimos a porta, encontramos um enorme sorriso no rosto nos esperando.

- Mãe!

Cheia de uma felicidade que me assusta nos abraça forte e parece


chorar.

- Está tudo bem?

Pergunto e olho para Victória sem entender essa reação da minha mãe.

- Saudades de vocês! Passo o dia todo esperando por vocês, para


alegrarem o meu dia.

- Também sentimos sua falta.

Victória diz e somos liberados do abraço.

- Vou subir para dormir, amanhã tenho que ver alguns detalhes em
aberto do casamento. Aliás, Vick amanhã você é minha, vamos ver o
vestido.

- Amanhã?

- Sim! Temos pouco tempo e precisamos ver isso logo.

Victória me olha com um pedido de socorro gritando em seus olhos.


- Amanhã não temos nada importante na empresa, ela pode ser toda sua,
mãe!

Recebo olhos azuis raivosos com um grande sorriso em meu rosto.

- Maravilha! Depois é você, desmarque tudo da sua agenda para vermos


o terno.

- Não acho que eu...

- Farei com todo prazer o cancelamento dos compromissos do Arthur.


Invertemos agora o momento e enquanto queimo Victória com os olhos,
ela sorri satisfeita.

- Perfeito! Durmam bem meus amores! Amo vocês!

Minha mãe nos beija e vai toda radiante para o quarto.

- Vai ficar sem me tocar até terminar a prova do vestido.

- O que?

- Isso mesmo que ouviu! Sua punição por não ser meu companheiro de
escapada de cilada será essa.

Vamos para o quarto e tento convencer Victória a não me punir.

- Mas eu também vou ter que passar um dia com a minha mãe vendo
terno, já não é punição suficiente?

Entramos no quarto, tiramos nossas roupas e vamos para o chuveiro.

- Posso te lavar?

Peço me aproximando, dando meu melhor sorriso sensual.

- Não!

- Então me lava!
Ela pega a bucha, coloca sabonete liquido e do nada começa a bater a
esponja em mim.

- Isso dói!

- Você me pediu para te lavar.

- Não era bem assim que imaginei essa lavada.

- Arthur, se vamos viver uma vida juntos precisa focar em ser meu
parceiro e me ajudar a se livrar de coisas como provar vestido de noiva.

- Desculpa! É que achei divertido a idéia de você provar muitos vestidos


com a minha mãe. Provavelmente ela vai ficar radiante, toda feliz e você se
sentirá bem por proporcionar isso a ela.

Pela forma como ergue uma sobrancelha, acredito que amoleci a fera.

- A idéia de nos mantermos ainda casados e não anular o que fizemos


foi por causa da minha mãe, do quanto ficou feliz com o nosso casamento.
Estamos fazendo isso por ela, então vamos fazer como sempre sonhou.
Pode ser?

- Pode!

- Sei que não é algo que te agrade, assim como não me agradará provar
ternos, mas vamos fazer por aquela senhora irritantemente sorridente.

- Ela estava mesmo feliz hoje.

- Sim!

- Certo!

- Nós sempre nos apoiamos, mas quando se trata da minha mãe as


coisas perdem o controle.

- Já estou me acostumando!
- Já que vou ficar sem você amanhã, o que acha de um sexo no
chuveiro?

- Não sei!

Responde toda manhosa e vira o corpo me dando uma bela visão de sua
bunda.

- Você vai guardar minhas roupas no armário?

- Sim!

- Pode vir, jubileu!

**********

Termino de guardar as roupas da Victória no meu armário e deixo os


sapatos para amanhã. Ela está na cama me olhando, mas claramente lutando
contra o sono. Mesmo tendo pego seu pijama, está usando uma camiseta
minha.

- Você esta caindo de sono, devia ter dormido já.

- Estou esperando você.

Subo na cama, ela ergue o cabelo pra cima do travesseiro, deito


encaixado em seu corpo, abraço-a bem forte e cheiro seu pescoço.

- Boa noite, Sra. Fantini!

- Boa noite, Sr. Fantini!

************
Victória já terminou de se arrumar e está na mesa tomando café da
manhã com a minha mãe. Termino de responder um email e me junto a elas.

- Filho, o que é isso em seu pescoço?


Minha mãe pergunta e passo a mão no pescoço para ver se encontro
algo.

- Conte para a sua mãe, Sr. Fantini!

Victória diz em tom raivoso e não entendo nada.

- Contar o que?

Pergunto e ela bufa alto, virando o rosto para a minha mãe. Balança a
cabeça como se estivesse indignada e fecha os olhos com força.

- Seu filho querido está tendo um caso com a secretária! Ele está me
traindo com aquela vagabunda!
SUA AMANTE!
NARRAÇÃO ARTHUR

O que? Como assim? Fico sem entender nada e as duas se olham como
se estivessem me odiando.

- Aquela mulher bonita, inteligente, sensual e claramente safada está


fazendo o que bem quer com seu filho naquele escritório, dentro daquela
sala.

- Que vergonha! Que vergonha, meu filho!

Minha mãe esbraveja e me olha. Começo a ter uma crise de riso


absurda, porque Victória não está aqui nem 24h e já ensinou minha mãe a
atuar.

- Sua esposa passa o dia aqui comigo cuidando das suas coisas com
amor e você traindo a coitada com uma secretária?

Meu Deus! Se estivesse alguém aqui comigo que não soubesse que a
minha esposa é minha secretária, estaria me odiando pela incrível cena que
estão fazendo. Minha vida nunca será monótona com essas duas. Vamos
entrar na brincadeira.

- Vocês duas estão loucas! Como eu trairia minha linda mulher com uma
secretária? Ela é apenas muito eficiente, trabalha muito bem no sofá.

Escuto um som engraçado saindo da Victória que tenta não rir. Ela
lembrou do sexo no sofá!

- Trabalha muito bem na mesa, no meu banheiro...

- Sei muito bem que tipo de trabalho ela faz nesses lugares. Ela deixa
inclusive seu rastro de eficiência.

Ah! Agora eu entendi tudo! Filha da mãe! Victória armou pra mim, já
pensando nessa cena. A imagem dela chupando meu pescoço e arranhando
meu corpo me faz rir alto. Devo estar com um chupão maravilhoso e
entendo porque ela arrumou minha camisa e colocou a gravata em mim.
Não queria que eu descobrisse o chupão antes da minha mãe.

- Não criei você com tanto amor e educação, para ter um caso com a
secretaria. Olha como está abalando sua esposa! Ela não merece isso!

Victória funga, ergue uma mão no rosto para esconder o choro e fico
impressionado por ver seus olhos lacrimejando.

- Nunca imaginei em toda a minha vida passar por isso. Estou sem
fome! Vou levar minhas coisas para a cozinha e terminar de me arrumar
para sairmos, querida sogra.

Pega um prato, coisas para comer, suco e vai para a cozinha. A safada
está levando comida para terminar o café da manhã, só pra finalizar o teatro
todo em grande estilo, a esposa ferida. Quando vai embora encaro minha
mãe que está tentando não sorrir. Ergo uma sobrancelha e é o suficiente
para ela cair na gargalhada.

- Eu amo aquela mulher!

Confessa e suspira quando para de rir.

- Ela torna as nossas vidas mais divertidas.

- Você não faz idéia de como, mãe!

Levanta, vem ate mim e beija minha cabeça.

- Obrigada por trazer Vick para nós. Espero que vocês sejam muito
felizes.

Vai embora e decido me juntar a uma incrível mulher na cozinha. Assim


que entro, encontro Victória devorando seu pão. Ela sorri pra mim e me
aproximo. Paro atrás do seu corpo, puxo seu cabelo para o lado e cheiro seu
pescoço.
- O que devo fazer para compensar minha mulher, já que sou um
péssimo marido que tem um caso com a secretária!?

- Talvez jóias!

Fala com um tom de desprezo por mim.

- Um carro caro!

Solta o pão, limpa a boca com delicadeza e só consigo pensar em meus


lábios em sua pele.

- Talvez um jantar hoje à noite.

Seu corpo vira e ficamos frente a frente. Minhas mãos seguram sua
cintura e as dela estão em minha camisa.

- Jantar fora ou um preparado por mim?

- Me surpreenda, Sr. Fantini!

Sussurra e abre um lindo sorriso.

- Se precisar de ajuda em qualquer coisa me liga.

- Acho que posso sobreviver um dia sem você no escritório.

- Acha?

Pergunta com diversão e tomba a cabeça para a direita enquanto me


olha.

- Acho que vai me ligar muitas vezes durante o dia.

Fecho um olho, mostrando que reflito sobre essa possibilidade.

- Não! Tenho certeza que não lembrarei de você o dia todo.

Seu corpo cola ao meu, sua boca vem para o meu ouvido.
- Cada canto que olhar dentro daquele escritório, vai pensar em mim, no
meu corpo, em como poderia me possuir gostoso.

- Achei que estava falando do trabalho, Victória!

Seus dentes mordem a parte fofa da minha orelha e sinto sua língua.

- Nessa parte você sobrevive sem mim, Arthur. Só não sobrevive mais
sem meu corpo.

Beija meu pescoço e vai andando para sair da cozinha.

- Boa sorte no seu dia, querido!

***************

São quase 10h da manhã e ainda não consegui concentrar minha atenção
em nada. Já tentei ler contrato, relatórios, ver as planilhas, resolver
pequenos problemas, mas não consigo fazer nada.
Elisa está na recepção apenas controlando as ligações e minha agenda,
como deve ser uma secretária, mas... Respiro fundo e solto meu corpo na
cadeira. Olho para a janela, para os cantos da sala, sofá, mesa... Sim, ela
estava certa quando disse que imaginar seu corpo perfeito em cada canto.
Só que não sinto falta só de seu corpo, é como se faltasse algo no meu dia.
Escuto batidas na porta e autorizo a entrar. Elisa me avisa que Luna está
aqui e peço para deixá-la entrar.

- Arthur!

- Luna!

Nos abraçamos forte e nos sentamos no sofá.

- Onde está a Vick?

- Vendo o vestido de noiva com a minha mãe.

- Claro! O vestido do casamento no dia 22, está chegando o grande dia.


- Como você sabe do casamento se ainda não anunciamos nada e nem a
data ainda sei, só a minha mãe?

Pergunto e seus olhos desviam dos meus.

- Vick me contou hoje cedo, sua mãe deve ter falado pra ela já.

- Parece que o noivo é o ultimo a saber o dia do próprio casamento.

- Desculpa! Acho que causei problemas para sua mãe e Vick.

- Não causou! Pode ficar tranquila que está tudo bem.


Percebo que evita me olhar e acho que tem alguma coisa errada aqui.

- O que está acontecendo, Luna? O que está escondendo de mim?

- Escondendo? Como assim escondendo?

- Por que não está olhando pra mim?

Ela me olha e sorri forçado.

- Estou nervosa! Vim falar sobre o emprego.

Seguro sua mão e sinto-a muito fria.

- Vamos resolver isso agora. Onde está a Tiffany?

- Perdida nessas lojas de roupas da avenida. Disse que precisava renovar


o armário já que teria um emprego chique.

Meu celular começa a tocar e corro para atender, deve ser Victória. Vejo
que é o Sr. Smith, CEO da empresa que busco parceria para substituir
Oscar. Atendo e conversamos por alguns minutos. Ele quer uma reunião
com urgência para acertarmos os termos. Informo que no fim do dia
enviarei meus dias e horários disponíveis para agendarmos. Desligo o
telefone e verifico se tem alguma mensagem.
- Você correu animado para atender, mas depois perdeu a empolgação.
O que houve?

Luna pergunta e volto para o sofá com ela.

- Achei que fosse a Victória!

- Posso te fazer uma pergunta?

- Sim!

Ela se aproxima mais de mim e seus olhos encaram os meus.

- Por que você não a chama de Vick? Todo mundo a chama assim.

- Não quero ser todo mundo!

Respondo dando de ombros e Luna abre um enorme sorriso.

- Você consegue enxergar o quanto ama aquela mulher?

- Claro que amo, ela é minha melhor amiga!

- Não! Estou falando de outro tipo de amor. Você ama a Vick como sua
melhor amiga, como companheira, como a mulher que alegra seus dias,
como a pessoa que você deseja ao seu lado o tempo todo.

- Luna, você fala como a minha mãe. Vocês criaram em torno de mim e
da Victória um romantismo ilusório. Nós não somos um casal, não somos
essa ilusão de união de pessoas baseado no amor, que vão viver um falso
felizes para sempre.

- Não, definitivamente vocês não são assim! Vocês são incrivelmente


perfeitos do jeitinho que são, então não mudem nada. Um dia você vai
entender o que estamos vendo e aguardo ansiosa por essa sua descoberta do
amor.

- Estamos bem do jeitinho que somos, não quero enxergar e mudar


nada.
Luna passa a mão no meu rosto e me olha com carinho.
- Se está com saudade dela, liga!

- Não posso! Victória não pode saber que sinto falta dela.

- Por que não pode saber?

- Quando conhecer o ego da minha mulher vai entender.

- Quer que eu ligue e coloque no viva voz?

- Faz chamada de vídeo.

- Não basta só ouvir a voz, quer também ver a mulher?

- Luna, sei muito bem o que está insinuando!

Digo tentando não rir, porque todo mundo tenta me fazer ver um amor
que não existe. Pelo menos não na forma como eles enxergam. Ninguém
nunca vai entender o que somos, somente Victória e eu entendemos.

- Não estou tentando insinuar nada! Vou fazer chamada de vídeo, quer
aparecer?

- Não! Ela não pode saber que estou aqui.

- Certo! Então fica na minha frente e apenas escute a voz de sua amada.

Reviro os olhos e sento sobre a mesinha em frente ao sofá. Luna


literalmente enfia o celular na minha cara e fico olhando seus dedos
grossos.

- Silêncio que está chamando!

Viro a cabeça e coloco meu ouvido mais perto do telefone.

- Vick!

- Luna, está tudo bem?


- Sim, querida! Estava apenas com saudade e queria te ver.

- Saudade? Jantamos juntas ontem?!

- Não estou vendo você, aparece apenas um teto.

- Estou terminando de tirar um vestido de noiva.

- Posso ver?

- Só um minuto!

Apenas escuto os ruídos e tombo a cabeça para ver a reação da Luna ao


ver Victória de noiva. Ela percebe meu olhar e sorri. Seus olhos se voltam
para o celular e ganham um brilho. Sua boca se abre, sua mão livre vai até o
peito e vejo suspirar.

- Vick, você está linda!

- Tem certeza? Não ficou muito chamativo, escandaloso?

A curiosidade começa a crescer dentro de mim e controlo a vontade de


virar o celular para ver.

- Você é a noiva mais linda que já vi e olha que Arthur ocupava esse
primeiro lugar.

Minha risada escapa sem querer e cubro a boca.

- Arthur está com você?

Peço pra ela dizer que não.

- Está! Disse que vai ficar escondido pra você não saber que sente sua
falta. Ele quem mandou fazer chamada de vídeo.

- Você é muito bocão!

Digo entre os dentes e a Luna abre um enorme sorriso.


- Diga um oi pra Vick!

Vira o celular pra mim e vejo o rosto radiante da mulher que agora tem
certeza que senti sua falta.

- Sr. Fantini, saudades de mim?

- Não!

- Tem certeza?

- Você vem de tarde trabalhar?

- Não sei! Acho que vou passar o dia com a sua mãe.

- Tenho alguns gráficos para analisar e preciso da sua ajuda.

- Diz que sente a minha falta!

- Não!

- Então não vou! Nos vemos em casa, Sr. Fantini!

Desliga a chamada e respiro fundo.


- Besta demais!

Luna diz e arranca o celular da minha mão.

- Vou embora, preciso tentar encontrar a Tiffany.

- Fica, vamos falar sobre o trabalho.

Peço e Luna levanta do sofá.

- Não! Vou te deixar sozinho com sua saudade, assim quem sabe
descobre alguma coisa importante.

***********
Olho meu relógio e já são 18h. Nada da Victória ligar ou mandar
mensagem, ela não sentiu minha falta também? Recolho minhas coisas,
desligo o computador e meu celular anuncia o recebimento de uma
mensagem.

De: Victória
Sr. Fantini, aguardo ansiosa um convite para jantar.

Com um enorme sorriso respondo.

Para: Victória
Sra. Fantini, o que acha de jantarmos no novo restaurante que abriu no
centro da cidade? Posso te pegar em vinte minutos?

Fico encarando o celular, esperando atento sua resposta. A mensagem


chega e já abro.

De: Victória
Sr. Fantini, não precisa me buscar, te encontrarei no restaurante,
apenas me envie o endereço.
O que ela está aprontando? Como assim não preciso buscá-la? Estranho
como sempre!
************

Faz meia hora que espero por Victória e nada dela. Ligo para o celular
dela e cai direito na caixa postal. Não me responde as mensagens e começo
a ficar preocupado. Finalmente recebo uma mensagem dela.

De: Victória
Querido esposo, não poderei te encontrar agora, sua mãe precisa da
minha ajuda para decidir algumas coisas sobre o casamento. Aproveite seu
jantar e nos encontramos em casa.

Respiro fundo e deixo o celular sobre a mesa. Não quero jantar, perdi
por completo o apetite. Acho melhor ir embora! Ergo a mão para pedir a
conta e sou surpreendido por uma linda mulher de vestido vermelho e um
olhar sedutor. Ela acabou de dizer que não podia vir, que ficaria ajudando
minha mãe com as coisas do casamento. O que Victória faz aqui? Alias,
porque está aqui tão gostosa assim?

- Boa noite! Vi que o senhor está sozinho e...

Fala com a voz doce e olha as mesas no restaurante.

- Não possui mais mesa disponível aqui, será que poderia me sentar com
você?

Certo! Meu cérebro ainda não conseguiu entender o que está


acontecendo.

- Meu marido está em uma viagem de negócios e estou sozinha essa


noite. Só pensei que talvez pudéssemos fazer companhia um ao outro já que
percebi que também está sozinho.
TODAS EM UMA SÓ!

NARRAÇÃO VICTÓRIA

Saímos de casa e Sueli me pede para dirigir o carro. Me entrega a chave


e nos preparamos para seguir com meu dia de sacrifício.

- Onde nós iremos ver o vestido?

- Separei algumas lojas que pretendo ir com você.

- Algumas lojas?

Pergunto paralisada no banco do carro, decidindo se continuo ou não


dentro do carro. Ainda dá tempo de fugir e ir para o escritório com o Arthur.

- Tudo vai depender da sua escolha do vestido. Se encontrar o ideal


rápido, não iremos a muitas lojas.

Perfeito! O primeiro vestido que eu provar, vai ser o escolhido, assim


não prolongamos a tortura. Dependendo se formos rápidas, ainda posso ir
trabalhar na parte da tarde. Coloco o cinto, ligo o carro e foco no primeiro
endereço que Sueli me passa.

- Esqueci de falar com vocês ontem, já marquei a data e o local do


casamento. Se tudo correr como eu desejo, dia 22 será realizado meu sonho.

- Dia 22?

Digo assustada e confusa.

- Isso é daqui poucos dias.


- Sim! Na verdade foi o mais próximo que consegui, por mim casariam
hoje mesmo.

- Não acha que está muito perto?


- Vick, vocês já estão casados, só estou fazendo uma festa para tornar o
casamento algo memorável.

- Certo!

É melhor não dizer nada, isso tudo é por ela mesmo. De fato o
casamento já aconteceu, então não tenho porque surtar agora.

- Posso te fazer uma pergunta muito particular?

Desvio por alguns segundos minha atenção da rua e olho para Sueli. Ela
parece preocupada com alguma coisa.

- Pode!

Respira fundo antes de perguntar.

- Você sabe tudo que Arthur pensa do pai dele. Sabe que Osvaldo não
foi um homem fiel, não pense que eu não sabia dos casos dele com várias
mulheres.

Fico feliz por saber que Sueli sabia dos casos, mas triste por ela ter
aceitado calada.

- Tenho meus motivos para continuar meu casamento, mesmo com


todas as traições.

- Um dia vai me contar o motivo?

Pergunto e sua cabeça balança de forma negativa.


- É um motivo que levarei ao túmulo.

Acho que sei qual é, mas não pretendo demonstrar que sei. Arthur me
fez prometer que não contaria a ninguém a trama que a mãe e a Vanusa
fizeram. Se depender de mim, ninguém saberá que ele não é filho de
Osvaldo Fantini. A culpa de ter enganado o marido, mesmo que para sua
felicidade, deve atormentá-la muito. Talvez tenha aceitado as traições e
permanecido no casamento como forma de se punir pelo que fez.
- Ainda não fez sua pergunta.
Ela sorri e me olha.

- Sei o quanto Osvaldo traumatizou meu filho. Não só quanto a sua


ausência, mas também na sua forma de olhar o amor.

- Sim, existem traumas que mesmo a gente não querendo permanecem


gravados profundamente em nossos corações.

- Arthur não acha que pode existir um amor único, alguém para se amar
e ser fiel pelo resto da vida. Você veio para mostrar a ele que é possível.

Me sinto péssima ouvindo isso. Sueli realmente acredita que nos


amamos e que sou capaz de curar os traumas do Arthur com amor. O pior
de tudo é não poder dizer a verdade, então decido ficar em silêncio.

- O medo do meu filho é se tornar como o pai, por isso tem medo de
amar. Ele não consegue entender como Osvaldo me amava e me traia. Em
sua cabeça é tudo confuso e por isso ele não acredita no amor. O simples
fato de amar não está ligado a fidelidade. Existem pessoas que amam e
ainda sim são infiéis e nunca saberemos a razão desse comportamento. Só
que nem todos são iguais e Arthur não é como o pai dele.
- Arthur luta todos os dias contra o medo de ser como o pai. Todos os
dias dentro daquela empresa ele é comparado, assemelhado e as pessoas
não conseguem ver como isso o machuca. Acredito que nossa relação de
amizade se fortaleceu por um único motivo.

Decido encostar o carro e ter essa conversa com total atenção nela.

- Qual o motivo?

Ela pergunta e viro meu corpo para olhar em seus olhos.

- Meus olhos só enxergaram ele!

Um pequeno sorriso se forma em seu rosto.

- Meus olhos nunca enxergaram o Sr. Osvaldo, então eu não tenho ele
em meus pensamentos. Desde o primeiro dia que conheci o Arthur, odiei,
admirei, briguei, me conectei, me encontrei nele e em mais ninguém. As
pessoas naquela empresa carregam pai e filho como se fossem um só,
enquanto eu carrego o Arthur, porque somente ele cabe em meus braços.

Seus olhos se enchem de lágrimas.

- Você sabe como isso se chama?

Pergunta e segura minha mão.

- Amor!

- Claro que amo seu filho, ele é meu melhor amigo.

- Não! Você ainda não consegue ver o sentimento, assim como o meu
filho, mas em breve vai entender. Agora vou fazer minha pergunta. Por que
você cria versões suas?

- Não entendi sua pergunta.

- Você cria varias Victória para o meu filho, quero entender o motivo.

- Diversão! Gostamos dessa loucura, de tornar nosso dia a dia mais


engraçado. Ver seu filho perdido em meio as minhas várias versões é muito
bom. Ele nunca sabe quem vai aparecer na vida dele quando eu me
aproximo.

- Tenho uma teoria sobre isso.

- Qual a sua teoria?

Questiono e ela aproxima o rosto do meu.

- Você está ajudando meu filho a não surtar com esse casamento. De
alguma forma está tornando pra ele esse momento mais leve, mostrando
que vocês podem fazer isso dar certo.

- Não entendi!
- Ele teme o amor, porque não acredita em um coração fiel. Você está
preenchendo todo o espaço da vida do meu filho com todas as versões de
amantes que poderia existir. Ele é infiel a você, com você mesma. Você é
brilhante, Victória! Está dando a ele a esposa e as amantes no único pacote.

- Não vejo dessa forma, acredito mais ma minha teoria de diversão.


- Se você acredita na sua teoria, então permaneça nela. A única coisa
que tenho certeza é que vocês são perfeitos um para o outro.

*********

ALGUMAS HORAS DEPOIS

Já não sei quanto vestidos provei, estamos na quinta loja e quero sair
correndo daqui. Odeio admitir isso, mas estou com saudade do Arthur, da
empresa e aceitaria até ficar lá como secretária submissa a essa tortura de
noiva. Está bem complicado achar um vestido certo, quando sua sogra quer
penas e você se nega a parecer uma pomba da paz. Acordamos que penas e
transparência não estarão no meu vestido. O que nos resta e a renda e o
cetim, mas nada até agora ganhou nossos corações. Olho meu celular mais
uma vez e não tem nenhuma ligação ou mensagem do Arthur. Pelo jeito ele
não sentiu minha falta. A atendente surge com seis vestidos para provar e
quero chorar em posição fetal. Sueli me olha toda manhosa, como fez nas
outras lojas me amolecendo por dentro.

- Você vai provar todos?

Voz mansa, mãos no coração e olhos brilhantes. Eu conheço bem essa


encenação e não sei como ainda caio nela.

- Já volto!

Pego os vestidos e vou sozinha para o provador. Penduro todos, um em


cada gancho e observo para ver qual parece mais comigo. Meus olhos
focam no último, que não parece nada com o tipo de vestido que gosto, mas
algo nele conquista meu sorriso. Ele é tomara que caia com uma leve calda
de sereia, mas sobre ele tem uma renda que cobre o colo e os braços,
deixando meus ombros expostos.
Me imagino nele com o cabelo preso, meu pescoço livre para os lábios
do Arthur que adora me beijar nessa região.

- Vick, precisa de ajuda?

Sueli pergunta atrás da porta.

- Não, já estou me trocando.

Tiro minha roupa, faço um coque em meu cabelo e começo pelo vestido
que ganhou meu sorriso. Com a ajuda da atendente fecho todo o vestido e
me olho no espelho.

- Você ficou deslumbrante!

Ela diz com um sorriso enorme no rosto.

- Gostei dele!

Meu telefone começa a tocar e meu coração fica acelerado, talvez com
esperança de que seja Arthur para me tirar dessa tortura e me pedir para ir
trabalhar. Que ele diga que sentiu minha falta e me ordene a voltar. Se bem
que... ele nunca confessaria que sentiu minha falta. Pego o celular na bolsa
tentando não sorrir com a possibilidade daquela rocha assumir que faço
falta no escritório. Suspiro alto ao ver que é a Luna em uma chama de
vídeo. Atendo, mas deixo o celular sobre o pequeno sofá para poder
conversar enquanto tiro o vestido. Ainda não entendi o porque da chamada
de vídeo.

- Vick!

- Luna, está tudo bem?

- Sim, querida! Estava apenas com saudade e queria te ver.


- Saudade? Jantamos juntas ontem?!

- Não estou vendo você, aparece apenas um teto.

- Estou terminando de tirar um vestido de noiva.


- Posso ver?

- Só um minuto!

Tropeço em uma caixa de sapato e quase caio com o vestido. Pego o


telefone e mostro o vestido para Luna. Enquanto ela me olha encantada e
toda emotiva, percebo que o quadro atrás dela é da sala do Arthur, ele fica
atrás do sofá.

- Vick, você está linda!

- Tem certeza? Não ficou muito chamativo, escandaloso?

Pergunto na intenção de causar curiosidade em um certo marido que


está escondido ouvindo nossa conversa. Aposto que deve estar imaginando
o vestido agora e doido para ver como é.

- Você é a noiva mais linda que já vi e olha que Arthur ocupava esse
primeiro lugar.

Não tenho tempo de rir, já que o Sr. Fantini gargalha antes de mim,
confirmando que está atento a conversa. Será que ele pediu pra Luna me
ligar? Vamos descobrir isso agora!

- Arthur está com você?


Pergunto como se não tivesse certeza que a gargalhada é dele.

- Está! Disse que vai ficar escondido pra você não saber que sente sua
falta. Ele quem mandou fazer chamada de vídeo.
- Você é muito bocão!

Agora sou eu quem gargalha com a sinceridade fofoqueira da Luna. Ela


está sorrindo para ele e agora sei que está atrás do celular.

- Diga um oi pra Ana!

Ergo o celular para que o Arthur não veja o vestido e quando ele surge
na tela sorrimos juntos. Não vou dizer que senti falta, mas posso fazê-lo
confessar que sentiu a minha.
- Sr. Fantini, saudades de mim?

- Não!

- Tem certeza?

- Você vem de tarde trabalhar?

- Não sei! Acho que vou passar o dia com a sua mãe.

Digo como se estivesse adorando procurar meu vestido de noiva. Não


vou dar o gostinho de saber que é uma tortura.

- Tenho alguns gráficos para analisar e preciso da sua ajuda.

Era tudo que eu queria ouvir, que ele precisa da minha ajuda e posso
fugir daqui. Mas... ele precisa antes assumir que sentiu minha falta.

- Diz que sente a minha falta!

- Não!

- Então não vou! Nos vemos em casa, Sr. Fantini!

Desligo e me arrependo imediatamente. Merda!

- Vick, posso ver o primeiro vestido?

Sueli pede e me olho no espelho.

- Não! Acho que ele é o escolhido e quero fazer surpresa.

- Tem certeza disso?

- Sim!

- Devo esperar algo como no evento em homenagem ao meu marido na


empresa?
Começo a rir ao lembrar do meu lindo vestido azul turquesa em meio a
tanta gente no branco e preto.

- Pode se preparar para algo ainda mais chamativo.

- Certo! Se você gostou, então será ele.

- Não está preocupada?

Pergunto curiosa, já que insinuo ser algo muito anormal.

- Eu só quero que se sinta bem no seu dia, o vestido que te deixar mais
radiante.

- Obrigada por isso!

- Podemos ir almoçar no shopping?

- Claro! Vou me trocar e já saio.

*******

Terminamos o almoço e estamos andando nos corredores do shopping.


Paro em frente a uma vitrine com lindos vestidos e um deles me chama
atenção. Um vermelho frente única que vai até os joelhos e tenho uma idéia
de como usá-lo.

- Por que está sorrindo assim para o vestido?

Sueli pergunta me observando e olho pra ela.

- Seu filho hoje vai conhecer a arquiteta Isabela Fiorini. Uma mulher
casada, com o marido viajando a trabalho, extremamente carente e pronta
para viver uma aventura de uma noite apenas.

- Prazer Isabela Fiorini!

Diz estendendo a mão para me cumprimentar.


- O prazer será todo seu filho, Sra. Fantini!
SACIANDO OS DESEJOS

NARRAÇÃO ARTHUR

O que Victória faz aqui? Alias, porque está aqui tão gostosa assim?

- Boa noite! Vi que o senhor está sozinho e...

Fala com a voz doce e olha as mesas no restaurante.

- Não possui mais mesa disponível aqui, será que poderia me sentar com
você?

Certo! Meu cérebro ainda não conseguiu entender o que está


acontecendo.

- Meu marido está em uma viagem de negócios e estou sozinha essa


noite. Só pensei que talvez pudéssemos fazer companhia um ao outro já que
percebi que também está sozinho.

Percebendo que estou completamente fora dessa cena criada em sua


mente, sorri e estica a mão em minha direção.

- Acho que será mais fácil aceitar dividir a mesa comigo, se souber
quem sou.

Pego sua mão e encaro seus olhos, esperando que versão dela surgirá
hoje.

- Isabela Fiorini, sou arquiteta, acabei de me mudar depois de morar


quase dez anos na Itália.

A vontade de rir fica entalada em minha garganta.

- Prazer, sou Arthur Fantini!


- Só isso?

- É o que deve saber por enquanto.

- Homem de poucas palavras, só espero que seja do tipo cheio de


atitudes.

Pisca para mim e solta minha mão.

- Posso me sentar?

- Por favor!

Ao invés de sentar na cadeira a minha frente, fica na cadeira ao meu


lado. Seu cheiro imediatamente invade meu nariz e suprimo a vontade de
suspirar.

- Então você é arquiteta?

Seu rosto vira para mim e seu olhar sexy queima todo o meu corpo.

- De tudo que te disse até agora essa é sua pergunta para mim?

- Qual deveria ser minha pergunta?

Sua mão apóia na minha coxa, seu corpo tomba um pouco e sua boca
vem para o meu ouvido.

- Te disse que estou sozinha essa noite...

Fala com uma voz baixa sensual e sinto seus lábios quase me tocando.
- Deveria me perguntar se tenho planos para essa noite tão solitária.

Antes de se afastar Victória Isabela passa a boca em minha bochecha e


tira a mão da minha perna.

- Acredito que seus planos estejam voltados a um jantar e voltar para


sua casa.
Sua língua percorre seus lábios marcados por seu batom vermelho. Essa
mulher ainda vai me matar de tesão com essas loucuras.

- Jantar sim! Voltar para casa, não!

Morde o lábio inferior e tomba a cabeça me olhando com desejo. Puxa o


cabelo para o lado deixando seu pescoço exposto.

- Pretendo saciar meus desejos antes de voltar para casa.

- Desejo?

- Sim!

- Quais desejos?

- Logo descobrirá!

O garçom se aproxima e peço o cardápio.

- Deseja beber algo, Sra. Fiorini?

Novamente sua mão está em minha coxa, só que de forma mais


atrevida, no interior da perna.

- Me chame de Isabela!

- Como quiser, Isabela!

- Vinho!

Diz em um sussurro e escolho nossa garrafa de vinho.

- Desejam realizar o pedido do jantar?

O garçom pergunta e entrego o cardápio a minha esposa, secretária,


policial, amante, para que escolha o que vamos comer.

- Escolhi o vinho, você escolhe o que vamos comer.


Vejo se arrumar na cadeira, cruza as pernas e inclino a cabeça para trás
vendo suas costas nua. Está tudo tão exposto aqui atrás que me pergunto se
existe alguma calcinha por baixo desse vestido.

- Não estou usando nada por baixo!

Ela confessa e volto a cabeça para frente, vendo seu rosto.

- Posso ouvir seus pensamentos impuros, Sr. Fantini!

- Apenas estava pensando se não sente frio nas costas.

Seus olhos encontram os meus.

- E possível sentir frio ao seu lado?

- Normalmente reclamo do excesso de calor.

Digo com um pequeno sorriso e um pigarrear nos tira do pequeno jogo


de sedução.

- Devo voltar depois para anotar o pedido?

Olhamos juntos para o garçom que está sem graça, bochechas


vermelhas e a testa molhada de suor.

- Vamos querer ostras de entrada, salmão com legumes e lula recheada


com arroz negro.

- Perfeito!

O garçom diz e assim que pega o cardápio some de perto de nós.

- Qual desses será o meu prato?

- Todos!

Sua resposta me faz sorrir.


- Em agradecimento por compartilhar a mesa comigo, vou te alimentar.

- Vai me alimentar?

- Sim!

- Seu marido não acharia isso estranho?

- Meu marido não está aqui neste momento.

- Não tem medo que alguém te veja me alimentar e conte para ele?

- Não!
Suspira e olha em volta.

- Você tem medo que sua esposa nos veja?

- Ela confia em mim!

- Sério?

- Sim!

- Interessante!

- O que seria interessante?

- O que ela diria dessa sua mão alisando minhas costas?

Meus olhos vão para a minha mão boba tocando-a livremente.

- Diria que estou aquecendo sua pele para não ficar com frio.

- Talvez você possa aquecer outra parte do meu corpo para que não sinta
frio.

Suas pernas se abrem me dizendo que parte devo tocar.

- Sra. Fiorini, você me intriga muito.


Digo e novamente o garçom aparece, agora trazendo um prato de ostras
deitadas sobre uma cama de sal grosso e fatias de limão. Outro garçom traz
o vinho e as taças. Esperamos eles nos servirem e irem embora.

- Parece divino! Chego a salivar de vontade de provar.

Comento olhando para ela e ganho um sorriso safado nesse belo rosto.

- Está falando das ostras?

- Talvez sim!

- Que bom que sua esposa confia em você.

- Também acho!

Quando vou pegar uma ostra, sua mão me impede.

- Eu te alimento!

Recolho minha mão e apenas observo Victória Isabela espremer o limão


na concha onde está a ostra. Ergue ela, apóia à outra mão embaixo para não
derrubar o caldo e traz até minha boca. Acomoda a concha em meus lábios
e abro-os um pouco para receber o alimento. Quando a ostra entra na minha
boca, um pouco do caldo escorre pelo canto da minha boca e me surpreendo
quando sua língua é quem faz o maravilhoso trabalho de limpar o líquido.
Isso é sexy! Muito sexy eu diria! Volta à concha para o prato e me olha
esperando que eu diga algo.

- Gostoso?

- Muito!

Respondo sua pergunta e passo a língua onde a dela passou no canto da


minha boca.

- Tem sabor de quero mais.

- Terá em breve, mas agora é minha vez.


Espreme o limão, pega a concha e fica olhando pra ela com admiração.

- Tenho uma habilidade muito incrível sabia?

- Qual seria essa habilidade?

Desvia os olhos da ostra e foca em mim.

- Minha boca! Ela acolhe tudo que entra nela sem engasgar e posso
engolir qualquer coisa.

Uma bela ereção acaba de surgir na minha calça, imaginando essa


habilidade que já conheço bem. Sem conseguir piscar ou desviar os olhos,
assisto a cena erótica da Victória virando a ostra pra dentro da boca, sua
garganta recebendo e então sua língua limpando seus lábios.

- Muito bom!

Diz com a voz baixa e devolve a concha para o prato. Para me acalmar
decido beber o vinho e me concentrar em saber mais da nova personagem
sexy da minha querida esposa.

- Me fale mais sobre você.

Peço e tomo um grande gole do vinho.

- Me faça perguntas, fica mais interessante do que apenas falar sobre


mim.

- Certo!

Me arrumo na cadeira e ficamos nos olhando.

- Casada há muito tempo?

- Tem certeza que quer falar sobre meu casamento?

- Sim! Preciso saber que terreno estou pisando nessa noite.


- O tipo de terreno embaixo dos seus pés dependerá das suas intenções
ao entrar nele.

Sua resposta me faz sorrir e Victória come mais uma ostra.

- Por que eu deveria entrar nesse terreno?

Pergunto e ela me alimenta.

- Por que ele tem uma paisagem linda, que causa total prazer apenas
olhando.

- Não sou o tipo de homem que sente prazer apenas olhando, gosto de
sentir.

- Então toca para sentir...

Meus olhos descem dos dela a tempo de ver suas pernas se abrindo
novamente para mim. Agora é a vez de suas mãos entrarem no jogo e subir
um pouco de seu vestido, mostrando mais suas coxas.

- Preciso saber se é seguro tocar. Talvez você possa primeiro ver se é


seguro para mim.

Sua boca vem para o meu pescoço, mas não toca. Sua respiração baixa
me excita e fico atenta em suas mãos que entram no meio de suas pernas.
Quando escuto seu suspiro, sei que alcançou seu sexo e meus dedos
formigam de vontade de também tocá-la.
Um gemido sensual escapa de sua boca e meu membro pulsa, louco de
tesão por ela. Sem dúvida alguma Victória sabe como enlouquecer um
homem e tenho muita sorte em ter ela toda só pra mim. Minha melhor
amiga é também a esposa falsa mais perfeita do mundo.

- Estou pensando em você, em como seria sentir seu toque.

- Me diz se é seguro e te tocarei.

- É seguro, prazeroso e muito gostoso. Me toca!


Pede ofegante e quando penso em levar minha mão para o meio de suas
pernas, o garçom aparece com nosso jantar.

- Lula recheada com arroz negro!

Fala tentando descobrir a quem pertence o prato.

- Meu!

Digo na intenção de que seja rápido e suma daqui. Ele coloca a minha
frente à lula e na frente da Victória Isabela o salmão.

- Posso levar as ostras?

- Sim!

- Querem mais alguma coisa?

- Não!

Respondo tudo rápido e sem paciência, fazendo Victória rir.

- Bom apetite!
- Sem paciência, Sr. Fantini?

- Apenas ansioso para ter acesso á alguns lugares.

- Talvez mais tarde tenha acesso ao terreno todo.

Victória Isabela diz e levanta da mesa.

- Aonde vai?

Não me responde e segue em direção ao banheiro sem me olhar. Será


que devo ir atrás? Sexo no banheiro do restaurante? É isso que ela quer?
Estou confuso e sem entender a arquiteta Isabela. Devemos fazer mais
desse joguinho de sedução ou já vamos partir para o sexo foda? Olho em
volta e percebo que o garçom me vigia, ele já entendeu que somos dois
safados prontos pra cometer loucuras. Melhor ficar aqui e esperar por ela.
Decido comer mais uma ostra e esperar a louca e deliciosa Victória Isabela
voltar para a mesa. Olho meu relógio e dez minutos depois ela finalmente
volta do banheiro. Tem uma leveza no andar, um sorriso aliviado e uma
calma que me faz entender tudo. Assim que senta me olha serena e aliviada.

- Você se masturbou dentro do banheiro?

- Que pergunta mais indelicada, Sr. Fantini!

Estreito meus olhos para ela que faz o mesmo para mim.

- Demorou demais!

- O suficiente para ficar mais relaxada.

Puxa o meu prato para perto dela e começa a nos alimentar.

- Enquanto comemos, quero compartilhar um pouco sobre mim com


você.

Diz me dando um pouco de arroz e lula.

- Compartilhe!

Agora é a vez dela comer o salmão com legumes.

- Tenho uma compulsão!

Solta como se fosse algo simples e continua pegando a comida.

- Que compulsão?

Pergunto, ganho um pouco de salmão e legumes para provar e Victória


Isabela toma um gole do vinho.

- Meu marido sabe que tenho e mesmo assim me deixou sozinha essa
noite.

- Me conte sobre sua compulsão.


Peço e seus olhos encontram os meus.

- Tenho compulsão por sexo, preciso desesperadamente transar todos os


dias.

Limpo minha boca com o guardanapo e pego minha taça de vinho.

- Quando seu marido viajou?

- Noite passada!

Tomo um gole demorado do vinho e volto à taça para a mesa.


- Quando ele volta?

- Amanhã!

- Então você precisa transar essa noite para saciar sua compulsão?

- Exatamente!

- Seus dedos não foram suficiente, Sra. Fiorini?

- Não quero meus dedos, Sr. Fantini!

- O que você quer?

- Você!
UMA NOITE APENAS

NARRAÇÃO ARTHUR

A resposta de Victória Isabela me faz querer sorrir, mas me controlo já


que sou casado e estou sendo assediado por uma arquiteta compulsiva por
sexo. Devo me manter chocado, encenando um constrangimento. Mantenho
meu olhar firme e foco em olhos azuis me encarando intensamente.

- Não sou um objeto, Sra. Fiorini! Você não pode ter a mim e mesmo se
isso fosse possível, já pertenço a uma mulher.

Um pequeno sorriso sensual se forma em seus lábios.

- Está falando da sua esposa?

- Sim! Minha doce, gentil, meiga, delicada e angelical esposa.

- Uau! Você casou com uma santa?

- Sim! Por essa razão amo aquela mulher com todo o meu coração.

- Vocês pedem permissão a Deus para transar? Porque é pecado trepar


com anjos.

Seu deboche provocativo é sensual pra caramba.

- Não estou te pedindo para ser meu para sempre, Sr. Fantini! Quero que
seja meu por uma noite apenas.

- Uma noite?

- Sim! Que saia um momento de sua vida angelical e conheça o inferno


comigo.

- O que faz no inferno, Sra. Fiorini?


Pergunto e ganho uma mão muito ligeira na minha ereção, apertando
com vontade.

- Estou queimando no inferno, esperando que alguém apague meu fogo.

- Não sei se sou a pessoa indicada para apagar esse fogo.

- Só vai saber se tentar!

Pega o guardanapo, limpa a boca e então pega de sua bolsa um papel.

- Te encontro nesse lugar!

Me entrega, levanta e vai embora me deixando excitado e curioso. Olho


o endereço, é uma rua aqui perto, se bem me lembro é um local industrial
que há esta hora deve estar vazio. Ergo minha mão e peço a conta, sentindo
o coração acelerado e sorrindo como um idiota. Gosto de me sentir assim,
dessas sensações estranhas que Victória me causa.

************

Paro o carro em frente a um galpão abandonado. A rua está


completamente deserta, não vejo Victória em lugar algum. Saio do carro e
me assusto ao ver luzes vindo de uma rua sem saída a minha frente.
Olhando em volta pra ver ser é perigoso, vou até a rua encontrando um
carro.
As luzes se apagam e posso ver Victória dentro do veículo. Ela abre a
porta, sai do carro e vai para a frente. Ergue o vestido até sua cintura, senta
no capo do carro e abre as pernas fazendo um belo convite para me enterrar
nela. Meu corpo não espera meu cérebro processar nada, já segue até a
mulher fodidamente sexy no carro. Paro quase entre suas pernas e suas
mãos seguram meu paletó, enquanto seus olhos me devoram com fome.

- Pronto para ter uma noite quente?

- Tem certeza que deseja trair seu marido?

- Tem certeza que deseja trair sua mulher?


Devolve minha pergunta e sua boca se aproxima da minha.

- Não estamos aqui entregando nossos corações, Sr. Fantini! Deixo para
sua esposa seu coração e fico com seu corpo essa noite.

- Então nunca mais nos veremos, certo?

- Essa é a idéia! Só uma noite!

Sussurra contra os meus lábios e desce as mãos para a minha calça.


Acaricia minha ereção e seguro seu rosto em minhas mãos.

- Você é uma mulher incrível!

Digo para Victória e não para a Isabela.

- Guarde seus elogios para sua mulher!

Sorri e morde meus lábios com força.

- De você eu só quero ouvir gemidos.

Solta meu cinto, abre minha calça e liberta minha ereção. Meus dedos
se perdem em seu cabelo e puxo alguns fios ouvindo seu suspiro. Quando
começa a me masturbar, meus lábios avançam na dela e minha língua
afunda em sua boca. Percebo que passei o dia todo sentindo falta do seu
cheiro, dos seus beijos, do seu toque. Victória abaixa desesperada minha
calça e cueca até as coxas e sei que também sentiu minha falta. Suas mãos
seguram minha bunda e me puxam para penetrá-la. Meu membro afunda
em seu sexo e nós dois gememos alto. Enterrado nela, não me movo, foco
em sua boca, no nosso beijo, na saudade que senti de beijá-la. Nossas
respirações ficam pesadas, nossos corpos tremem querendo mais, querendo
consumir um ao outro. Encontro em seu pescoço um pequeno laço que
prende a parte da frente do vestido. Desfaço o nó e o tecido cai expondo
seus seios. Empurro seu corpo para deitar no capo e então caio de boca em
seus seios com muita fome.

- Arthur!
Meu nome escapa em desespero entre seus lábios e seu corpo se curva
de prazer. Victória agarra meu cabelo e não consigo controlar a força dos
chupões, minha boca está descontrolada. Beijo, sugo, mordo e seus gemidos
são cada vez mais altos. Começo a me mover, investindo forte e rápido
contra seu sexo.

- Eu vou...

Ela não consegue terminar a frase porque seu orgasmo explode


violentamente. Me abraça e posso sentir seus tremores percorrendo cada
canto de seu corpo. Vai amolecendo em meus braços e sua respiração se
acalmando.
- Saciei sua compulsão?

Pergunto com um sorriso enorme no rosto e Victória Isabela me olha.

- Ainda não! Quero mais!

Me empurra e meu membro sai de dentro do seu sexo. Sai de cima do


capô, tira por completo o vestido ficando apenas em seus saltos, vai até a
porta do motorista e joga lá dentro o tecido vermelho. Volta pra frente do
carro, fica de costas pra mim e me olha por cima de seu ombro. Abre as
pernas e lentamente vai deitando sobre o carro. Rosto e tronco
completamente debruçados sobre o veículo e uma linda bunda exposta pra
mim. Uma visão muito gostosa da mulher que me enlouquece em todos os
sentidos. Enquanto me aproximo ela ergue uma perna e coloca sobre o
carro, mostrando ainda mais seu sexo. Me debruço sobre seu corpo, beijo
seu rosto, pescoço, ombro, sentindo sua pele quente em meus lábios.

Procuro suas mãos apoiadas no capo do carro e quando as encontro,


meus dedos se enroscam no dela. Meu membro encaixa em sua entrada e
meto até o fundo, bem gostoso. Cada investida forte é uma pressão de seu
corpo no capo e um gemido meu em seu ouvido. Quero que me ouça gemer,
que entenda o quanto ela me excita, me enlouquece, me deixa queimando
de desejo. Seus dedos apertam mais os meus e seus olhos se fecham, se
entregando as sensações. Sinto que estou perto e ela também.
- Você... é... perfeita!

Sussurro em seu ouvido e nós dois gozamos juntos.

************

Victória Isabela está deitada em meu peito, enquanto acaricio suas


costas nua. Estamos dentro do carro depois de termos usado todos os espaço
externos e internos dele para transar. Estou no banco do motorista, ela está
montada em mim ainda com meu membro meio mole dentro dela.

- Saciada?

Pergunto e ganho um beijo no pescoço.

- Por enquanto!

Nós dois rimos e dou um beijo em sua cabeça.

- Preciso ir embora, minha esposa deve estar me esperando preocupada!

Digo cutucando a Victória e ela me olha tentando não sorrir.

- Também acho melhor voltar para ela, deve estar preocupada.

Nos desconectamos, saímos do carro, arrumo minha calça e a ajudo com


o vestido, amarrando em seu pescoço o tecido. Beijo seu ombro e cheiro
embaixo de seu ouvido.

- Foi um prazer te conhecer, Isabela Fiorini!

- O prazer foi todo meu, Arthur Fantini!

Vira-se e carinhosamente beija o canto da minha boca.

- Seja muito feliz com sua esposa!

- Já sou! Ela me faz muito feliz.


Um enorme e lindo sorriso cresce em seu rosto.

- Boa noite!
*********

Entro em casa e encontro minha mãe lendo um livro na sala.

- Mãe!

Ela me olha e abre um lindo sorriso.

- Estava te esperando, não queria dormir sem antes te ver. Está tudo
bem?

Pergunta vindo até mim.

- Está tudo ótimo! Onde está Victória?

- No quarto, hoje tivemos um dia incrível. Jantou comigo, conversamos


até agora e ela foi tomar um banho para dormir.

- De manhã até agora com você?

Pergunto com vontade de rir e minha mãe como sempre fazendo parte
das encenações da Victória. Tenho certeza que sabia da Isabela Fiorini.

- Sim! Não desgrudamos nenhum momento, só agora que ela foi deitar.

- Certo! Vou matar a saudade da minha esposa, já que não nos vimos o
dia todo.

- Boa noite, querido!

Beijo sua cabeça e vou para o meu quarto. Abro a porta e sinto um
aroma maravilhoso. O quarto está escuro, mas o banheiro tem uma
iluminação suave causado por velas, imagino. Fecho a porta e caminho até
o banheiro. Paro na porta e me encosto nela ao ver Victória na banheira,
coberta por espuma, cabelo preso em um coque e as velas tornando a visão
que tenho agora em uma das mais lindas que já tive na vida.
- Sr. Fantini, está me olhando como se tivesse sentido minha falta o dia
todo.

- Senti sua falta, Sra. Fantini!

Victória sorri e me pego sorrindo junto.

- Também senti sua falta!

Confessa e me olha da cabeça aos pés.

- Vem pra banheira comigo.

Pede e sob seu olhar intenso começo a tirar minha roupa. Me pergunto
como ela conseguiu chegar tão rápido e preparar esse banho. A resposta é
obvia, minha mãe fez tudo isso para nós. As duas se tornaram cúmplices e
não estou assustado com isso, estou muito feliz. Encontrar Victória foi um
presente para mim e para a minha mãe. Entro na banheira e ela me manda
sentar de costas entre suas pernas. Me sento e Victória me puxa para
encostar em seus seios e minha cabeça fica em seu ombro. Seu rosto ao lado
do meu, suas pernas envolvendo meu corpo e suas mãos acariciando meu
peito. Fecho meus olhos e relaxo, me sentindo muito bem. É como se o
mundo lá fora tivesse parado para que eu possa desfrutar desse momento,
que nada pudesse nos atrapalhar ou incomodar.
Seu nariz percorre minha barba que cresce, meu ouvido e suspiro
sentindo seus lábios depositando um beijo em minha têmpora.

- Como foi seu dia?

- Cansativo!

- Sua secretária não aliviou seu cansaço?

Morde minha orelha e quero rir.

- Ela não foi hoje.

- Interessante! Então não teve nenhuma vadia no seu caminho hoje?


- Não!

- Tem certeza?

- Sim!

- Como foi o jantar no restaurante novo?

- Solitário, mas a comida é incrível. O polvo, a ostra e o salmão


estavam divinos.

- Comeu tudo isso sozinho?

- Estava com muita fome.

Beija meu pescoço e continua passando a mão em meu peito.

********

NARRAÇÃO VICTÓRIA

Arthur suspira, fecha os olhos e parece realmente relaxar.

- Deixou as planilhas para eu ver amanhã?

Pergunto e ele responde que sim gemendo.

- Teve retorno da empresa que pode substituir a do Oscar?

- Sim! Estou aguardando uma data para nos reunirmos, querem discutir
os termos novos.

- Amanhã verifico isso.

- Quero que faça algo importante amanhã.

- O que?
Pergunto, Arthur pega minha mão e leva até seus lábios. Mesmo ela
estando com espuma, beija com carinho.

- Marque um horário pra gente com a sua ginecologista.

- Por que?

- Você usa DIU, precisamos tirá-lo o mais rápido possível.

Prendo a respiração e parece que só escuto o som do meu coração


batendo forte, ecoando em meu ouvido. Ele afasta de mim, vira na banheira
fazendo um pouco da água sair e me olha.

- Quero nosso filho!


DESCOBRINDO MUITAS COISAS

NARRAÇÃO VICTÓRIA

Literalmente fico sem reação, sem saber o que dizer ou pensar. Meus
olhos não desviam dos dele e vejo que sorri.

- Era só dizer que quero um filho com você pra te deixar sem palavras?
Era só isso que eu tinha que fazer?

Sem me importar com a quantidade de água que vou jogar pra fora da
banheira, me lanço contra o seu corpo e abraço Arthur com todas as forças
que tenho. Meus olhos estão cheios de lágrimas e sinto vontade de chorar.
Seus braços correspondem ao abraço e ganho um beijo no pescoço. Não
aguento e começo a chorar, molhando seu ombro todo.

- Não chora!

Pede e começa a beijar todo meu pescoço, ombro e vem para o meu
rosto. Segura ele em suas mãos e me olha de um jeito tão cheio de carinho,
nunca me olharam assim antes. Seca minhas lágrimas e sorri.

- Nós dois estamos trilhando um caminho juntos e ele é carregado de


traumas e medos.

Confessa e solta um longo suspiro.

- Não poderia percorrer esse caminho com outra pessoa, tinha que ser
com você.

Sorri e carinhosamente me dá um beijo de leve nos lábios.

- Ao seu lado eu não tenho medo dos passos que dou em meio aos
traumas, se quer me lembro deles.
Deito minha cabeça em sua mão, fecho os olhos e deslizo meu rosto
para sentir seu toque.

- Sei como se sente, também estou assim.

Digo com a voz baixa e abro meus olhos.

- A sensação que tenho é que ao seu lado todo o passado se apaga.


Como se minha vida tivesse começado naquela primeira vez que entrei na
sua sala. Ali eu comecei a viver.

Arthur sorri com minhas palavras e beija minha testa.

- Você tem medo de tudo isso?

Pergunta e afasto meu rosto de suas mãos.

- Não, você tem?

Sua resposta vem com um movimento negativo da cabeça.

- Está tudo confuso aqui dentro de mim, mas a única certeza que tenho é
que não tenho medo e muito menos quero fugir do que sinto.

Me arrasto mais e sento em cima de suas pernas, arrumando minhas


pernas em volta de sua cintura. Toco seu rosto, seus olhos, seu nariz, seus
lábios e encaro cada pequeno detalhe dele.

- Acha que nos apaixonamos um pelo outro?

Pergunto e paro meu dedo em seu lábio inferior.


- Não sei! Nunca me apaixonei antes, então não consigo dar nome ao
que sinto por você.

- Também estou confusa.

Beijo seus lábios e depois o abraço.

- O que vamos fazer com todos esses sentimentos?


Preciso saber como lidar com tudo isso, como ficar perto dele, como
devemos nos comportar até entender o que sentimos.

- Acho que devemos continuar como estamos, sem mudar nada, nadinha
do que somos e fazemos.

Respiro fundo e concordo com o Arthur.

- Se for amor o que sentimos, vamos nos afastar? Acha que é melhor
ficarmos longe?

Questiono e seu corpo se afasta do meu abraço.

- Não existe qualquer possibilidade de ficar longe de você, Victória. Me


pede qualquer coisa, menos distância.

- Estamos prontos para viver o amor pela primeira vez?

Pergunto com um pequeno sorriso no rosto.

- Sim!

Seu sorriso e sua resposta me deixam tímida e isso é algo estranho pra
mim.

- Você ficou com a bochecha corada.


Diz rindo de mim e o empurro pra sair de cima dele.

- É o calor da água, acho que está na hora de sair da banheira.

Levanto, pego uma toalha e sem olhar para ele, vou para o chuveiro.

- Você fica sexy com vergonha!

- Para, Arthur! Já disse que é o calor da água que me deixou assim.

- Sei!

Vem correndo pra entrar comigo no chuveiro e me abraça.


- Você tímida é uma versão nova que me agrada.

- Não se acostume com ela.

************

Deitamos na cama, ergo meu cabelo no travesseiro, Arthur se encaixa


todo nas minhas costas e seu nariz percorre todo o meu pescoço. Me abraça
forte e nossas pernas se embolam.

- Boa noite, Victória!

- Boa noite, Arthur!

Minha mão fica sobre a dele em minha barriga e nossos dedos se


enlaçam.

- Daqui alguns meses, nossas mãos estarão lá na frente por causa da


minha barriga.
Digo com um sorriso enorme no rosto, sentindo meu coração até pular
de alegria no peito.

- Posso confessar uma coisa?

Pergunta e sua boca vem pra perto do meu ouvido.

- Acho que sua versão grávida vai me deixar louco.

- Louco em que sentido?

- Em todos os sentidos!

Beija meu rosto e suspira.

- Vamos dormir!

***********
NARRAÇÃO ARTHUR
Tomamos nosso café da manhã sem conseguir parar de sorrir. Mamãe
fica nos olhando tentando entender, encontrar pista do porque tanta
felicidade logo cedo. Decidimos não contar a ninguém sobre os planos da
gravidez, sabemos que é um processo sem data ou certeza, então será entre
nós dois.

- Mamãe, quando vamos ver o meu terno para o casamento?

- Pode ser hoje de tarde?

- Posso te responder quando chegar no escritório? Como minha


secretária não foi ontem, preciso ver com ela hoje como ficou meu dia.
- Nossa, sua vida é literalmente cuidada por aquela mulher. Você não faz
nada sem antes falar com ela. Não acha que essa vagabunda manda demais
na sua vida?

Victória diz com um olhar furioso pra mim e minha mãe faz o mesmo.

- Não gosto dessa secretária, você devia procurar outra. Talvez um


homem, pra evitar que fique marcado de novo, não é meu filho?

- Vocês estão ficando loucas! Não existe nada com a minha secretária,
ela nem faz meu tipo.

Minha querida esposa estreita os olhos pra mim com indignação.

- Aquela mulher linda, gostosa, sensual, de uma beleza sobrenatural não


faz seu tipo?

- Não!

- E o que faz seu tipo, querido?

Pergunta irônica e pego sua mão.

- O oposto dela, no caso você minha querida!

Bufa, aperta minha mão com força e quero rir.


- Diga o que seria esse oposto, por favor!

- Estamos atrasados!

Solto sua mão, levanto da cadeira e desejo um bom dia para a minha
mãe.

- Vamos!

Chamo Victória que parece furiosa comigo. Ela levanta, sai andando
batendo os pés e vai para sala sem me esperar.

- Bom trabalho e não deixe de comprar flores para a sua mulher para
arrumar a merda que disse.

- Pode deixar que me entendo de uma forma diferente com a minha


esposa.

Caminho em direção a sala e encontro Victória pegando sua bolsa.

- Vamos logo que quero ligar para a médica assim que chegar.

Fala empolgada, pega minha mão e sorri.

- De noite eu vou sentar sem dó no seu pau como punição pelo que disse
a sua mulher.

- Aceito a punição sem reclamar.

- Ótimo, agora vamos!

**********

Victória termina de passar minha agenda e encontramos um horário para


a minha mãe.

- Você almoça com ela no restaurante perto do local onde vão ver o
terno, assim ganhará tempo na prova. Após o almoço tem 2h para encontrar
o terno e voltar para a reunião.
- Certo! Já tivemos retorno da empresa que pode substituir a do Oscar?
- Ainda não! Vou ligar pra eles mais tarde, depois que tiver analisado os
orçamentos que você ignorou ontem.

- Sabe que sem você tudo aquilo parece uma guerra de números para
mim.

- Por isso que vou passar meu almoço todo trabalhando na sua mesa,
fazendo seu serviço.

- Por isso que você é incrível!

- Repete!

Pede com uma cara de safada mimada, o tipo que só faz safadeza se for
elogiada.

- Você é incrível, inteligente, maravilhosa, gostosa, todas as qualidades


do mundo estão dentro de você.

- Você não tem vergonha de me elogiar assim pra ganhar sexo, tendo um
monte de coisa pra fazer? Que vergonha, Sr. Presidente dessa empresa.

Fala com diversão e fecha a agenda.

- Vou confirmar com a sua mãe o encontro de vocês, posso chamar o


Rui, ele queria falar com você.

- Pode!

Vai em direção a porta e antes de sair me olha.

- Tem certeza sobre a gravidez? Estou esperando um retorno do


consultório sobre vaga no atendimento, ainda dá tempo para desistir.
- Não vou desistir, quero realmente ter um filho com você.

- Não quero que abrace o meu sonho se não estiver preparado, Arthur!
- Não é mais o seu sonho, agora é o nosso sonho! Não vou desistir,
estou pronto para a paternidade. Mas...

Saio da minha cadeira, vou até ela e paro a sua frente.

- Continuo não querendo as partes chatas, então as fraldas sujas ainda


são suas.

- Ainda será sua a obrigação da alimentação e vai dividir as noites


comigo?

- Sim!

- Então estamos prontos para um filho.

Victória beija meus lábios e sorri.

- Vai trabalhar!

Sussurra e beijo sua testa.

- Vem às vezes na minha sala me dar um beijo.

Peço e ganho mais um beijo.

- Quer marcar na sua agenda intervalos de beijos?

- Sim!

- Como devo agendar esses beijos? Qual o período de intervalo entre


eles?

- A cada uma hora você vem me beijar.

- Uma hora?

Fala com diversão e fecha um olho.

- Longe demais, podemos fazer a cada meia hora.


Avisa olhando minha agenda como se estivesse mesmo verificando as
possibilidades.

- Pra mim está perfeito! Te espero daqui...

Olho meu relógio e calculo o tempo.

- Vinte nove minutos e quinze segundos.

- Já começou há contar o tempo? Começou errado!

- Cada vez que sua boca se afasta da minha o tempo começa a correr.

- Você está falando como um homem apaixonado, Sr. Fantini?

- Acha que sou um homem apaixonado, Victória?

- Somente você pode responder essa pergunta.

- Acho que estou descobrindo sentimentos novos.

- Vou te deixar agora para que reflita melhor sobre isso.


Victória sai da minha sala e antes de fechar minha porta, nos olhamos
mais uma vez.

- Vai trabalhar, Arthur!

- Estou indo! Te vejo daqui vinte e oito minutos e trinta e seis segundos.

************

Rui me explica detalhadamente os levantamentos que fez sobre as


filiais, principalmente sobre a que o Henrique levou para o buraco. Ele
passou o dia ontem naquela empresa e conseguiu falar com os funcionários.
De fato estão dispostos a colaborar com a empresa e ajudar a reerguê-la de
novo. A idéia da Victória deu muito certo, vamos diminuir jornada, realizar
acordo trabalhista de diminuição salarial, pelo menos até tudo começar a
voltar ao normal. Se conseguir a parceria com a nova empresa tudo vai ficar
bem. A porta da minha sala se abre e Victória entra. Vem até mim, se curva
e sela seus lábios aos meus.

- Trinta minutos!

Sussurra e vai embora, me deixando com um sorriso idiota no rosto.

- Vocês se amam de verdade!

Rui comenta e fico sem graça.

- Desculpa por isso, é que está agendado já os beijos e sempre cumpro


minha agenda.

Ele ri, balança a cabeça e voltamos ao trabalho.

*************

Entro no restaurante e procuro por minha mãe nas mesas. Encontro ela
sentada perto da janela.

- Pronta para me torturar por duas horas?

Digo e ela se vira para me olhar.

- Filho!

Levanta, me abraça e beijo sua cabeça.

- Prontíssima!

Nos sentamos e meu celular dispara o alarme me lembrando que eu


ganharia um beijo nesse exato momento. Vou somar os beijos que não
ganhei para cobrar depois. Uma mensagem da Victória chega e quando abro
é uma foto. Ela está mandando um beijo e tento de verdade não sorrir
demais.

- Se você pudesse ver com meus olhos o quanto está apaixonado por
ela.
Minha mãe solta com a voz baixa e não sei se tinha a intenção de me
fazer ouvi-la.

- Acho que meus olhos já começaram a enxergar como os seus.

Confesso e quando olho para a minha mãe, vejo lágrimas em seus olhos.

- Nós não estamos com pressa para descobrir os sentimentos, mãe.


Então se puder nos deixar caminhar com nossos próprios pés sobre esse
caminho...
- Posso pelo menos segui-los para assistir esse lindo passeio pelo amor?

- Você pode tudo!

***********

NARRAÇÃO VICTÓRIA

Termino de fazer o relatório para o Arthur e deixo sobre sua mesa. O


telefone toca e agradeço por ter transferido as ligações da recepção para a
sala dele.

- Pronto!

- Vick, o presidente da empresa Calmec está aqui para a reunião.

- O que? Deve ser algum engano, não havia nenhum agendamento para
hoje com eles. O Sr. Fantini não está aqui!

- Parece que ele está com hora marcada com o Vice Presidente.

- Com o Henrique? Isso só pode ser brincadeira.

- O que eu faço?

- Deixa subir e os acomode na sala de reuniões. Vou falar com o Sr.


Fantini e ver se pode vir.

- Certo!
Desligo e pego meu celular em cima da mesa, já ligando para o Arthur.

- Já com saudades?
- Um pouco, mas não foi por isso que liguei. O presidente da empresa
Calmec está aqui.

- Eu sei! Me ligaram de manhã e marcamos a reunião.

- Como você marca uma reunião com eles quando está com a sua mãe
procurando terno?

- Não marquei para eles falarem com o Presidente, mas sim com o Vice
Presidente.

- Você é louco? Quer que o Henrique resolva algo importante para nós?

- Taylor não é mais o Vice Presidente, desde ontem nomeei um novo.

Fico calada, sem entender nada.

- Ontem que fiquei longe você fez uma bela mudança e achou que não
deveria me contar?

- Já vai entender em cinco segundos.

A porta da sala se abre e Luna surge em toda elegante.

- Luna?

- Sra. Fantini!

- O que... o que...

- Sou a nova secretaria do Sr. Fantini, ele me orientou hoje para cuidar
da senhora até que sua secretaria assuma o posto.

- O que?

- Olhe a primeira gaveta!


Arthur pede ao telefone e abro a gaveta. Pego um documento que ele
assinou, me nomeando Vice Presidente da empresa.

- Ontem eu percebi que essa empresa não funciona sem você, que só
consigo cuidar dela se estiver ao meu lado. Luna me ajudou ontem com
tudo, ela será minha nova secretária e a Tiffany será sua. Ela hoje foi
resolver alguns problemas com os documentos pessoais, então pode usar a
Luna hoje. Já passei algumas informações pra ela sobre o que você vai
precisar.

- Arthur, não posso assumir essa responsabilidade, não posso fazer isso.

- Não existe ninguém mais perfeito do que você Victória, para dividir
uma vida comigo. Boa sorte e faça essa empresa comer na nossa mão.
RAZÃO X EMOÇÃO

NARRAÇÃO Victória

Arthur desliga e sinto que estou á beira de um ataque de pânico. Uso o


papel que me nomeia vice-presidente para me abanar e tentar ganhar um
pouco de ar. Nem uso gravata e sinto que tem uma no meu pescoço.

- Vick!

Luna me chama e vem se aproximando assustada.

- Você está bem?

Minhas mãos tremem e mil coisas se passam na minha cabeça.

- Você parece nervosa!

- Estou apavorada, Luna! Não quero pensar que o Arthur tomou essa
decisão porque pode ter se apaixonado por mim. Dizem que o amor é cego
e não aceito isso com a gente. Não quero ser Vice-Presidente disso tudo, só
porque me casei com ele, porque existe sentimento, não quero um cargo por
emoção. Ele não pode simplesmente deixar o coração comandar assim!
Uma secretária que se casa com o dono da empresa e do nada se torna Vice-
Presidente sem ter qualquer experiência? Esperava tudo do Arthur nas
nossas loucuras, mas isso aqui vai muito além. Estou com medo do quanto
nossos sentimentos podem afetar quem somos. Solto tudo de uma vez e
sinto um alívio no peito, mas ainda sim quero gritar com ele e dar uma surra
naquele idiota.

- Ele disse que se apaixonou por você?

Pergunta com um enorme sorriso e agora quero bater nela.


- De tudo que eu disse, ele poder estar apaixonado é o mais importante
pra você?
Luna continua com um sorriso irritante no rosto e praticamente esfrego
o papel que seguro furiosamente a sua frente.

- Quem sou eu para assumir a vice-presidência disso aqui?

- Você é Victória Silvestre Fantini!

Começo a rir alto, levanto da mesa e começo a andar de um lado para o


outro.

- Vick, agora não é hora de surtar, temos o presidente da Calmec na sala


de reuniões esperando por você. Arthur confiou na gente hoje para
conseguir essa parceria. Na verdade ele acredita em você, no seu potencial,
na sua inteligência.

- O amor cega, Luna! Isso é um fato e agora mais do que nunca entendo
porque fugi desse sentimento!

Pego os arquivos da parceria nas mãos dela e ando até a sala de reuniões
com o coração apertado, não acreditando que o Arthur deixou as emoções
dominarem a razão. Luna praticamente corre atrás de mim e quando entro
na sala de reuniões vejo dois homens.

- Sr. Albac!

Digo ao homem de idade avançada, que me olha com indiferença. Não


preciso de muito para já entender o que se passa na cabeça dele. Uma
mulher vice-presidente vai tentar me convencer dessa parceria? Ao seu lado
tem um homem mais jovem, que me olha ainda confuso.

- Você seria?
Pergunta vindo em minha direção.

- Victória Silvestre!

Nos cumprimentamos e ele olha para Luna. Olhar julgador, condenando


minha amiga e isso me irrita muito. É o típico homem com valores antigos,
preconceituoso e medíocre. Não podemos trocar o Sr. Oscar por alguém tão
antiquado quanto ele.
- O Sr. Fantini não estará na reunião?

- Não! Podemos nos sentar?

Digo apontando para as cadeiras. Nos sentamos em frente um ao outro,


enquanto Luna fica em pé atrás de mim.

- Luna, sente-se ao meu lado.

Peço com um tom calmo e ela senta. O outro homem que ainda não se
apresentou ainda me encara confuso.

- Os termos enviados pelo...

- Não haverá mais parceria!

Solto de uma vez o interrompendo.

- O que?

- Nós não temos mais interesse nessa parceria, Sr. Albac!

Seu rosto confuso quase me faz rir.

- Estamos aqui para dizer que concordamos com os termos.

- Ótimo! Só que agora nós não desejamos mais nos unir a vocês.

- Por que?

- Essa empresa não aceita discriminação, olhares julgadores, tão pouco


apóia qualquer pensamento machista, preconceituoso ou desrespeitoso.
Todos os nossos funcionários aqui são tratados com respeito e buscamos
total igualdade e equidade entre nós.

Relaxo o corpo ao perceber como o Sr. Albac está em choque.

- No momento que entrei nessa sala, me julgou por eu ser uma mulher.
Em seguida julgou minha secretária, como se coubesse ao senhor condená-
la a qualquer coisa. Não queremos nos unir a uma empresa julgadora,
queremos nos unir a uma empresa correta, disposta a unir forças e ganhar o
mercado.

Levanto e arrumo a cadeira antes de sair.

- Sinto muito se o fizemos perder seu tempo. Tenha um bom dia, Luna
te acompanhará até o elevador.

Saio da sala de reuniões, sigo para a sala do Arthur e assim que entro
me tranco. Meu corpo todo treme e não acredito que acabei de dispensar a
chance dessa empresa de se livrar do Sr. Oscar e do Henrique de uma vez.

**********

NARRAÇÃO ARTHUR

Termino de colocar o paletó e minha mãe fica em sua cadeira me


olhando com os olhos cheios de lágrimas. O alfaiate começa a fazer os
ajustes e meu celular toca.

- Posso atender?

Pergunto e ele me autoriza, enquanto arruma a barra.

- Luna!

- Arthur, que Vick maravilhosa! Que mulher! Meu Deus! Não consigo
controlar o sorriso, a vontade de abraçá-la e dizer o quanto a admiro.

- Me conta tudo!

Peço sorrindo e minha mãe fica me observando.

- Primeiro, você deve saber que ela está trancada na sua sala e não quer
sair de jeito nenhum.

Respiro fundo e espero não ter feito nada para deixá-la triste.
- O que aconteceu depois que desliguei o telefone?

- Ela surtou! Tem quase certeza que você só a nomeou vice-presidente


porque se apaixonou por ela. Você se apaixonou pela Vick?

- Luna, o assunto agora não é esse.

- Desculpa!

- Ela fez a reunião?

- Sim!

- Como foi?
- O Sr. Albac já começou com um olhar preconceituoso com ela e
comigo. Sabe o tipo de homem que vem do tempo das cavernas?

- Sim!

- Ele já começou errado, Vick percebeu na hora que tipo de pessoa está
a sua frente.

- Se conheço bem a minha mulher, ela tomou providencias quanto a


isso.

- O coitado nem teve chance de falar sobre o contrato. Vick já deu uma
voadora nele, dizendo que a empresa não se aliaria a tanto preconceito,
julgamento e ainda deu lição de moral.

- Depois que ela o enfrentou, se trancou na sala?

- Sim!

- Certo! Vou terminar minha prova da roupa e retorno para a empresa.

- O que devo fazer?

- Me avisa se ela sair da sala.


- Pode deixar.

***********

NARRAÇÃO VICTÓRIA

Me perco na linda paisagem que tenho da cidade sob os pés do edifício.


Gosto da natureza, das flores e das arvores, mas a visão da selva de pedra
tem seus encantos também.
O dia lá fora está cinza, provavelmente começará a chover em breve,
mas nem por isso a paisagem perde seu encanto. Escuto o som do elevador
e meus olhos se voltam pra ele. Não demora muito para as portas se abrirem
e Arthur surgir com uma caixa de pizza e bebidas. Sorri ao meu ver e minha
vontade e de colar sua boca com fita, impedindo que sorria pra mim. Meus
olhos o acompanham até a mesinha perto do sofá e vejo deixar as coisas
sobre ela. Bufo, respiro alto, deixando claro minha irritação. O filho da mãe
pega um pedaço de pizza com a mão e vem em minha direção. O cheiro é
tão bom que faz meu estomago roncar. Me lembro que ainda não comi
nada.

- Sra. Fantini, posso te alimentar?

- Se sua mão chegar perto da minha boca, em uma mordida arranco seus
dedos.

- Vou correr o risco.

Para ao meu lado e coloca a pizza em frente a minha boca.

- Como foi seu dia?

- Como foi meu dia?

Repito sua pergunta idiota e quando tento soltar a raiva, a pizza entra na
minha boca.

- Me conte tudo depois de comer.

Mordo a comida e mastigo com ódio.


- Você é um idiota!

Murmuro e mordo mais um pedaço da pizza, ela está deliciosa.


- Muito idiota?

- O mais idiota do mundo!

Arranco a comida de sua mão e me alimento sozinha.

- Que idiotice eu fiz dessa vez?

Pergunta e vem pra trás do meu corpo.

- Não se faça de burro, Arthur!

Seu corpo cola nas minhas costas, sua boca fica em meu pescoço.

- Idiota por contratar a Luna?

- Não!

Respondo e suas mãos seguram a lateral do meu corpo.

- Idiota por colocá-la como minha secretária?

- Não!

Suas mãos abrem o zíper e o botão da minha calça e minha respiração


acelera.

- Onde fui idiota, Victória?

Pergunta e sua mão direita entra por dentro da minha calcinha,


encontrando muito rápido meu sexo.

- Não devia te trazer pizza?


Meus olhos se fecham ao sentir seus dedos deslizando e sua mão
esquerda entra por baixo da minha blusa de seda, encontrando meu sutiã.
Puxa para baixo e toca meu seio.
- Você não pode me distrair assim, estou furiosa com você.

- Muito furiosa?

Pergunta com a voz baixa e roca, fazendo meu corpo todo arrepiar.

- Muito!

- Por que?

- Você não pode agir com a emoção comigo.

- Então é errado me apaixonar por você?

- É errado tomar decisões profissionais com base nessa paixão.

Meu quadril começa a se mover, querendo desesperadamente seus


dedos afundando em meu sexo.

- Quem disse que minha decisão profissional foi com base na emoção?

- Em menos de 24h descobrimos que podemos estar apaixonados e


nesse tempo me coloca como Vice-Presidente.

- Você está apaixonada por mim?

Pergunta e seus dedos afundam em meu sexo, me fazendo gemer.

- Esse não é o assunto importante do momento, Arthur!


- Você acabou de me acusar dizendo que usei minha paixão para te
nomear. Acho importante sabermos se sua paixão por mim a faz pensar
assim.

Seus dedos começam o vai e vem, mas sem muita velocidade, me


torturando.

- Tenho medo de que esses sentimentos nos deixem cegos.


- Conheço seus medos e você conhece os meus. Acha mesmo que eu
tomaria uma decisão dessas por impulso, por paixão?

Seus dedos saem de dentro de mim, suas mãos seguram meus braços e
ele gira meu corpo para ficarmos de frente. Seus olhos encontram os meus e
sinto meu coração acalmar.

- Por dias vem sendo meu braço direito, a pessoa que mais confio nessa
empresa. Já era hora de me livrar do Henrique, mas não podia deixar a vice-
presidência sem ninguém. Domino os contratos, as reuniões, mas não
consigo lidar com as planilhas, orçamentos, aqueles números irritantes que
você tanto gosta. Não te coloquei onde está agora por ser minha mulher, por
provavelmente estar apaixonado, pelo sexo gostoso que temos.

Tento não sorrir, mas é impossível.

- Não tenho qualquer formação acadêmica, Arthur!

- Você se formou na faculdade da vida. Tem mais experiência e vivência


de vida que muitos presidentes de empresa que conheço. Henrique perto de
você é um nada.

- O que as pessoas vão dizer sobre isso?

- Desde quando você se importa o que dizem sobre você?


- Não é comigo que me importo é com você. É fácil ignorar o que dizem
ou pensam sobre mim quando se vive a vida toda sozinha. Agora eu tenho
você e tudo que vão fazer contra você me dói.

Suas mãos seguram meu rosto.

- Isso significa que me ama?


DESCOBRINDO A LUNA

NARRAÇÃO ARTHUR

Victória estreita os olhos para mim e estamos tentando não sorrir.

- Esse não é o assunto importante agora!

Diz com a voz divertida e meus olhos seguem suas mãos que começam
a soltar meu cinto, abrem o botão da calça e descem o zíper.

- Qual seria o assunto importante? Estou um pouco confuso, sua


distração não me deixa pensar direito.

Ela abaixa só um pouco a cueca, o suficiente para tirar meu membro


meio duro pra fora.

- A distração é fundamental para não brigar comigo.

Diz já se abaixando, ficando de joelhos e encarando minha quase


ereção. Segura meu membro com as duas mãos e começa a me masturbar,
fazendo o garoto ficar completamente duro. Sorri e me olha toda doce e
angelical.

- Você usa masturbação para tirar o foco de uma possível cagada que
fez?

- Você fez a mesma coisa comigo, para me acalmar. Acha que sou burra
e não percebi que me alimentou e me tocou para me deixar mansa?

- Somos tão iguais!

Confesso e ganho um beijo na cabeça do meu membro.


- Você é tão lindo, gostoso, fodedor, inteligente, sexy...

- Solta logo, Victória!


- Nunca vi um pau tão grande e duro desse jeito. É tão grosso, saboroso,
latejante, pulsante!

Começo a rir e sua boca abocanha até a metade da minha ereção,


sugando e soltando.

- Que delícia!

- Victória, diz logo o que fez!

- Sabe que o erro foi seu em me nomear vice-presidente, então qualquer


estupidez e decisão errada é culpa sua por confiar em mim.

Sei muito bem o que tenta me dizer, concordo com o que fez com o Sr.
Albac, mas não vou dizer nada para torturá-la. Não vou impedir que me
acalme, mesmo não estando bravo, porque essa boca merece trabalhar um
pouco em mim. Seria um erro impedir esses lábios perfeitos de realizarem
esse magnífico trabalho. Se ela gosta de atuar, vamos fazer uma cena aqui
pra ganhar um sexo. Respiro fundo fingindo que estou nervoso e suas mão
apertam mais meu membro.

- Acho que devemos aliviar seu corpo.

Fala rápido e cai de boca no meu membro, chupando com muita


vontade de me acalmar. Ela está focada em me fazer ter prazer logo e
relaxar.

- Não quero isso, quero que me diga logo o que fez.


Tento me afastar, mas não uso muito empenho, já que não quero perder
esse oral.

- Espera!

Victória diz e crava as unhas na minha bunda, me mantendo onde estou.

- Fode minha boca!

Pede e me faço de desinteressado.


- Prefiro que me diga logo o que fez.

Ela volta a me engolir e preciso fechar as mãos com força para controlar
o tesão e as sensações incríveis que ela me proporciona com o desespero.

- Vi...

Tento chamá-la, mas minha voz falha ao sentir sugar forte.

- Vict...

Tento de novo e minhas pernas tremem, a filha da mãe está selvagem


demais. Desisto de tentar controlar meu corpo, seguro sua cabeça e meto
duas vezes em sua boca até gozar. Jorro forte e meu gemido é quase um
urro de prazer.

- Mandei embora o Sr. Albac, disse que não haveria mais parceria.

Fala com uma voz estranha e quando foco em seu rosto, percebo que
está com todo o meu gozo acumulado na boca.

- Já volto!
Corre para o banheiro e escuto cuspir na pia. O som da torneira me faz
rir e ainda meio dominado pelo orgasmo, procuro o sofá e sento.

- Ele é um machista preconceituoso, não mudaria nada substituir o Sr.


Oscar por ele.

Volta já metralhando as palavras e se joga ao meu lado.

- Ainda tenho gosto de porra na boca.

Pega um pedaço de pizza e começa a comer.

- É difícil engolir aquilo quando se está entalada com a culpa.

Mastiga e suspira aliviada por me contar o que fez.


- Não fica bravo comigo, por favor! Sei que essa parceria era
importante, a empresa era perfeita, mas teríamos grandes problemas com os
responsáveis por ela.

Enfia o resto da pizza na boca e me olha culpada. Viro no sofá para ficar
de frente com seu corpo, levo minha mão até sua boca e limpo o canto sujo.

- Não me olha fofo assim, me sinto ainda pior pelo que fiz.
- Sabe por que escolhi você pra cuidar dessa empresa comigo?

Pergunto e sua cabeça balança de um lado para o outro.

- Porque eu sou a razão e você a emoção quando se trata de trabalho.


Preciso de alguém que sinta no coração o que é melhor para nós e você é
perfeita para isso. Sua coragem de dizer não, seus olhos que analisam a
situação com total compreensão é o que me completa aqui.
Victória solta o ar com tudo, aliviada pelo que eu disse. Sua cabeça
tomba na minha mão e um pequeno sorriso cresce em seu rosto.

- Se eu tivesse feito a reunião, não veria o machismo no Sr. Albac. Se


você fosse minha secretária e não a Luna, não veria seu preconceito naquele
homem. Teria fechado a parceria e a dor de cabeça viria depois. Fico feliz
que você tenha enxergado tudo e feito a coisa certa. Vamos procurar outro
parceiro ainda melhor.

Seu sorriso some e agora ganho um olhar julgador.

- Você já tinha conversado com a Luna antes de entrar aqui e falar


comigo. Trouxe a pizza já para me acalmar, porque sabia que surtei com a
vice-presidência. Me tocou para que eu relaxasse depois de achar que fodi a
empresa não fechando a parceria.

- Não!

Respondo com a voz falhada, entregando que já sabia.

- Filho da mãe!

Ganho um tapa na perna.


- Fez toda aquela cena me pedindo pra contar o que fiz, só pra ganhar
um oral?

Minha gargalhada ecoa pela sala e mesmo ela vindo pra cima de mim,
não consigo parar de rir. Faz cócegas em mim e abraço seus braços para
impedi-la de continuar. Seu rosto fica em frente ao meu e paro de rir,
ouvindo apenas o som das nossas respirações pesadas. Seu peito sobe e
desce e seus olhos brilham encarando os meus.

- Já que resolvemos esse assunto, podemos voltar ao outro.

Digo e passo a ponta do meu nariz no dela.

- Qual assunto seria?

- Sua confissão!

- Que confissão?

Passo meu rosto no dela e meus lábios tocam seu ouvido.

- Que me ama!

- Esse assunto ainda não é mais importante que o outro.

Diz em meu ouvido e o morde de leve.

- Ainda estou com tesão, com a calça aberta e louca para gozar.

- Talvez só te faça gozar quando confessar!

- Acho que você deveria confessar primeiro, já que provavelmente


começou a sentir antes de mim.

- O que eu comecei a sentir?

Pergunto fingindo não entender o que sinto por ela. A verdade é que a
cada hora, minuto, segundo, tenho mais certeza que pela primeira vez estou
vivendo o amor com a Victória.
- Acho que devemos entender melhor o que sentimos, antes de
confessar qualquer coisa.

Ela sussurra e volta a me olhar.


- Concordo!

Beija minha testa, meus olhos, nariz, bochecha e quando acho que vem
para os meus lábios para.

- Tem certeza mesmo da escolha que fez?

Pergunta e fica me olhando pra ter confiança em minha resposta.

- A mesma certeza de quando te disse que teríamos um filho. Vamos


cuidar do nosso filho e da empresa, o que me diz?

- Tenho outra escolha?

- Não!

Respondo e beijo seus lábios rapidamente.

- Adoraria te fazer gozar agora, mas...

Mordo sua boca e puxo de leve.

- Minha mãe quer jantar com a gente hoje e ainda convidou a Luna e a
Tiffany para conhecê-las.

Cheiro seu pescoço, beijo sua pele macia e solto seu corpo.

- Enquanto come sua pizza, vou verificar meus emails, fazer algumas
coisas e vamos embora.

Coloco Victória no sofá, fecho sua calça e beijo sua cabeça.

- Come!
Vou para a minha mesa e tento me concentrar, já que a vontade é de
ficar olhando pra ela o tempo todo.

- Luna está lá fora?

- Não! Dispensei mais cedo para se arrumar, hoje a presidência não


funcionará mais.

- Por que me deixou a Tiffany e não a Luna?

- Por que a Luna é mais ligeira, vai me entender melhor. Se vira para
aguentar a Tiffany.

- Que coisa feia! Vou me lembrar disso quando tornar a Tiffany a


melhor secretaria do mundo.

- Boa sorte!
**************

NARRAÇÃO SUELI

Olho meu relógio mais uma vez, já era para o Arthur e a Vick terem
chego.

- Mãe!

Arthur diz ao entrar de mãos dadas com a Vick.

- Achei que chegariam na hora do jantar.

- Calma, ainda falta meia hora para o horário que marcou com as
meninas. Vamos tomar um banho rápido e já descemos.

Meu filho acha mesmo que existe a possibilidade de um banho rápido


com ele e a Vick no mesmo chuveiro?
- Se não descerem em trinta minutos, vou invadir o quarto de vocês e
trazê-los para o jantar do jeito que estiverem.

- Amo sua mãe, mas às vezes ela me assusta.


Vick diz com um lindo sorriso, os dois beijam meu rosto ao mesmo
tempo e seguem para o quarto.

*********

Hernandes avisa que nossas convidadas chegaram, seguindo para a


porta para abri-la. Não sei porque estou tão nervosa, meu coração está
acelerado e minhas mãos frias. Vick e Arthur aparecem finalmente na sala e
ficamos em pé esperando as meninas. Acho que já sei o motivo do meu
nervosismo. É a primeira vez que vou ver a Luna, nos tornamos intimas
pelo telefone, nos unindo pelo casal, mas não sabemos como somos
fisicamente. Na verdade desde que ela chegou tento encontrá-la, mas Luna
sempre tem algo importante para fazer. Passamos tanto tempo no telefone
que minha mente a imaginou conforme sua voz. Criei uma versão dela em
minha mente e espero que seja próxima a realidade. Escuto o som de saltos,
meus olhos focam na entrada da sala e uma mulher toda sorridente, com
roupas chamativas e um cabelo loiro bem cuidado e hidratado. Tem
enormes seios, mas não é muito alta.

- Tifanny, essa é a minha mãe!

Suspiro aliviada por não ser a Luna estaria bem desapontada se fosse
ela.

- Muito prazer, Sra. Fantini!

- Pode me chamar de Sueli!

Escuto som de passos, mas a pessoa não usa salto. Volto meus olhos
para a porta da sala e uma outra mulher aparece. Cabelos negros, cabeça
baixa e não consigo ver seu rosto. É bem alta, com ombros largos, usa uma
calça jeans escura, sapatilhas e uma camisa delicada. Tento ver seu rosto,
mas ela está evitando me olhar.

- Luna, essa é a minha mãe!

Arthur me dando certeza que é a Luna, só não entendo porque não me


olha, quero ver seu rosto.
- Não precisa ter vergonha, minha mãe não morde.

Após um longo suspiro, Luna ergue a cabeça me dando a visão de seu


rosto e seus olhos encontram os meus.
MEDO DA REAÇÃO

NARRAÇÃO LUNA

O táxi para em frente a casa do Arthur, ela e enorme e toda elegante.


Tiffany está animada, toda deslumbrada com o luxo. Só consigo pensar na
reação da Sueli ao saber quem sou de verdade. Sinto meu coração
acelerado, minhas mãos frias e minhas pernas trêmulas.

- Vamos logo, Luna!

Tiffany diz saindo do táxi, correndo para a porta da casa e acerto o valor
da corrida com o taxista. Quando saio do carro não a encontro mais na
porta, apenas um senhor me espera com um sorriso acolhedor.

- Todos a esperam na sala de estar.

Fala educado, mas não consegue evitar o olhar curioso, analisando o


homem vestido de mulher a sua frente. Não devia ter vindo! Sueli com
certeza vai se espantar comigo, ficar em choque e talvez até deixe de pedir
minha ajuda com o casal.

- Obrigada!

Entro, ele fecha a porta e segue para dentro da enorme casa. Posso ouvir
vozes vindo da porta seguinte e tento de verdade respirar fundo várias para
me acalmar. Será que Arthur disse a mãe dele que sou uma trans? Talvez
esteja sofrendo a toa e aquela mulher gentil, alegre e divertida já saiba
quem eu sou. Caminho em direção a porta tentando manter a calma, mas
assim que entro, abaixo a cabeça com medo. O que ela vai pensar sobre
mim?
Desde que cheguei, Sueli pede para nos encontrarmos e venho fugindo
desse encontro. Gosto da nossa amizade, é importante para mim e vou
sofrer demais se ela me olhar com julgamento.

- Luna, essa é a minha mãe!


Arthur diz quando paro perto deles e mantenho minha cabeça baixa.

- Não precisa ter vergonha, minha mãe não morde.

Avisa com diversão, tomo coragem e ergo a cabeça. Preciso olhar seus
olhos enquanto percebe quem eu sou. Sueli olha profundamente dentro dos
meus olhos e para mais nenhum lugar. Sorri de uma forma tão doce que
meus lábios automaticamente refletem seu sorriso.

- Prazer, Sra. Fantini!

- O prazer é todo meu, Luna! Por favor, me chame de Sueli.

Não desvia os olhos dos meus, não analisa minhas roupas, meu corpo,
nada que não seja apenas meus olhos.

- Vamos para o jantar?

Diz animada e é a primeira a seguir para outro cômodo, sendo seguida


por Tiffany que não para de falar, Arthur que ri da empolgação da minha
amiga, mas Vick fica comigo na sala. Vem até mim, segura minhas mãos e
carinhosamente beija meu rosto.

- Sueli é uma mulher incrível, ela nunca te julgaria!

Sussurra antes de se afastar e meus olhos se enchem de lágrimas.


- Ela não se importa com casca, ama o que vem por dentro e você é
perfeita para ser amada.

Limpa minhas lágrimas e tento parar de chorar.

- Boa sorte para fugir dela quando se tornarem melhores amigas. Sueli
consegue nos forçar a fazer o que ela quer, sem dar espaço para desculpas.

Nós duas rimos e de mãos dadas seguimos para a sala de jantar. Sueli
está sentada na ponta da mesa, Vick senta ao lado do Arthur e sento em
frente a eles, ao lado da Tiffany.

- Espero que apreciem o que escolhi para nós hoje.


O cheiro está divino e diferente do que imaginei de um jantar cheio de
coisas chiques, temos batata frita, filé em um molho escuro, arroz, salada de
folhas e legumes. Olho rapidamente para Sueli e quando nossos olhares se
cruzam, sorrimos envergonhadas. Ela aponta com a cabeça para os
pombinhos que estão se divertindo colocando a comida deles. Arthur coloca
batata na boca da Vick, que agradece com um beijo no pescoço dele. Olho
seus pratos e percebo que cada um pegou uma coisa e que ambos se
alimentam com o que pegaram, completando a alimentação um do outro.
Acho que vou morrer de amores por eles. Parece que não existimos na
mesa, que estão em seu mundinho romântico, vivendo apenas para se
amarem. Tiffany puxa conversa com Sueli sobre a cidade e as lojas de
roupas que viu no centro da cidade. Ela é apaixonada por moda, sabe das
tendências, mas seu estilo é bem estranho e único.

- Qualquer dia sairemos para fazer compras juntas.

- Que incrível! Vou amar ter um momento assim com você, Sueli.

- Luna, se quiser pode escolher algo para fazermos juntas. Terei muito
prazer em ter um momento nosso para nos conhecermos melhor. O que
gosta de fazer?

Paro de comer e tento pensar em algo.

- Não gosto de lugares cheios, tão pouco de fazer compras. Se for para
escolher algo, gostaria de conhecer um lugar lindo, tranquilo, com flores.

- Vou pensar em um lugar que preencha seus desejos e te aviso.

Sueli muda o foco para o filho e a nora.

- Acho que devemos comemorar algo incrível hoje.

Vick fica sem graça e com o rosto corado.

- Você contou à loucura que fez para a sua mãe?

- Loucura? Meu filho escolher a mulher que ama para dividir a vida, a
empresa e os sonhos é loucura?
- Mulher que ama?

Vick pergunta com humor e vira o rosto para o Arthur que está com um
enorme sorriso pra ela.

- Ama?

Ela pergunta com a voz baixa e ganha como resposta um cheiro no


pescoço. Vou morrer com esses dois!

- Não é essa a pergunta da minha mãe, ela quer saber se é loucura!


Arthur fala se afastando do pescoço da amada e os dois se olham com
uma intensidade que faz o ambiente ficar quente.

- Estou me acostumando com a idéia, então a palavra loucura começa a


perder efeito.

Vick beija rapidamente os lábios de seu amado e percebo que estou


encarando os dois com a cabeça apoiada no ombro da Tiffany.

- Para de ser cadelinha dos apaixonados.

Ela briga comigo e empurra o ombro.

- Não tem como resistir a esses dois.

Digo sem graça e todos riem de mim. Continuamos o jantar


conversando sobre tudo. Sobre o primeiro dia de trabalho, sobre a reunião
que Vick pisou no Sr. Albac e a prova do terno do Arthur.

- Vou pegar a sobremesa, Luna, pode me ajudar?

Sueli pede minha ajuda e levanto da cadeira.

- Claro!

Sigo seus passos até a cozinha e quando estamos longe de todos, me


assusto quando ela pula em cima de mim e me abraça.
- Passei a noite toda me controlando para não te abraçar. Finalmente nos
conhecemos!

Me aperta forte e tento controlar meu abraço para não machucá-la,


parece tão pequena e frágil em meus braços.
Sueli é muito menor do que eu, um porte físico impecável, alinhado,
não parece ser a mãe do Arthur de tão jovem que aparenta ser. Seu cabelo é
um cobre quase loiro e seus olhos um mel claro, encantadores.

- Você viu como eles são lindos juntos!

Diz radiante me soltando e vai para a geladeira.

- Eles não conseguem fazer nada separados, até pra comer os bonitinhos
fazem grudadinhos! Quero apertar aqueles dois tão forte, tão...

Espreme as mãos e treme o corpo, me fazendo rir.

- Achei alguém mais fã desses dois do que eu.

- Luna, sou completamente louca por essa união. Você não faz idéias de
quantas vezes pedi a Deus para o meu filho encontrar o amor na forma mais
pura e intensa que existe. Eles merecem esse amor e só posso suspirar toda
besta atrás deles.

- Eles já descobriram que podem estar apaixonados, estão na fase de


transição.

- Me explica melhor!

Sueli pede enquanto pega os potes de sobremesa.

- Já entenderam que existe um sentimento forte, estão dando nome a ele


e estão dispostos a conhecê-lo juntos. Diferente do que achávamos, não
estão assustados e tão pouco fugindo dessa paixão. Os dois são aventureiros
e querem se aventurar no amor.

- O medo de perderem um ao outro faz o medo sumir. Maior que o


medo de viver o amor, é o medo de perdê-lo.
Sueli fala e dá um sorriso triste, aqueles que nos dizem que tem algo
errado em meio a felicidade.

- Só precisamos entender a mente deles quanto a coisa do filho. Aquela


conversa que ouvimos deles no quarto me deixou confusa. Que Vick quer
um filho, isso já entendemos, mas o Arthur parecia ceder a ela e isso ficou
claro para a coitada. Será que eles já resolveram essa parte?

- Acho que sim! Hoje agendei para Vick uma consulta com a
ginecologista. Com a secretária da médica descobri que Vick pretende
retirar o DIU.

Sueli parece uma pipoca pulando pela cozinha e tento contê-la para não
chamar atenção.

- Eu vou ser avó!

Bate palmas e volta a me abraçar.

- Obrigada por estar aqui compartilhando tudo comigo. Será meus olhos
e coração naquela empresa. Vamos cuidar desses dois pra ninguém
atrapalhar esse amor.

Pela primeira vez sinto o cheiro de seu perfume, gosto dele, é doce,
acalma e me faz suspirar.

- Não deixaremos ninguém tocar nos nossos bebês.

Sueli me solta e rapidamente preenche minhas mãos com a travessa de


sobremesa.

- Vamos voltar!

************

Queria conseguir prestar atenção no meu doce, mas só consigo ficar


igual idiota namorando o casal a minha frente. Arthur é quem alimenta
Vick, estão dividindo o mesmo pote e colher. Sueli conversa com a Tiffany
sobre coisas aleatórias e sabe aquela sensação de estar em família, o
coração preenchido de amor? É assim que me sinto agora e não me lembro
de alguma vez sentir isso. Faz anos que venho apenas sobrevivendo ao
mundo e agora me sinto viva e pronta para ser feliz.

- Luna, como está minha agenda de amanhã?

Arthur pergunta e tento me lembrar de tudo que tem. Falo a seqüência


de afazeres, horário e as pausas.

- Lembrem-se as duas que meu horário de almoço sempre junto com a


Victória.

Avisa e junto com a Tiffany confirmo vamos arrumar as agendas.

- Toda viagem que tiver, iremos os dois.

- Arthur, não acho que seja bom para a empresa presidente e vice-
presidente fora na mesma viagem.

Vick diz e os dois se olham.

- Não vou fazer qualquer viagem sem você. A empresa sobrevive sem
nós, mas não viajo sem você.

Que soco de amor acabei de levar na cara. Os dois se beijam e nós três
suspiramos alto o som dos invejosos.
- Vick, você tem consulta amanhã com a ginecologista.

Aviso e os dois me olham como se eu tivesse contado um segredo


intimo.

- Luna, essas coisas você avisa na empresa.

Vick me repreende e Sueli foca o olhar na nora.

- Vick, o que vai fazer na ginecologista?

- Consulta de rotina!
A resposta vem rápida e então Arthur puxa um assunto qualquer para
fugir de mais perguntas da Sueli. Ela me olha e tentamos não sorrir
cúmplices.

***********

Nos despedimos de todos, agradeço pelo jantar e antes de entrar no táxi,


Arthur me puxa para longe das meninas.

- Não me contou sobre a consulta da Victória!

- Foi confirmada no fim do dia, é um encaixe.

- Desmarque o meu compromisso do mesmo horário, vou com ela.

- Impossível, já que é uma reunião com o Sr. Oscar. Você mesmo me


pediu para marcar com urgência e esconder da Vick isso.

- Merda!

Solta com raiva e passa a mão no rosto.


- Ele está vindo amanhã em um jatinho privado só para esse encontro.

- No mesmo horário?

- Sim!

- Por que aceitou a consulta da Victória para o mesmo horário?

- Achei que seria bom ela estar fora da empresa durante esse encontro.

- Certo! Você fez a coisa certa!

***********

DIA SEGUINTE

NARRAÇÃO ARTHUR
Victória entra na minha sala e vem sorridente até a minha cadeira. Me
gira tirando minhas pernas de baixo da mesa e senta no meu colo. Seus
braços já estão em torno do meu pescoço e ganho um beijo demorado nos
lábios.

- Você está sério demais desde que chegamos na empresa.

Diz e enfia o nariz em meu pescoço. Aspira meu cheiro, esfrega o


nariz na minha pele e meu corpo todo relaxa.

- Impressão sua, só estou cansado.

- Tem certeza?

- Sim!
- Na sua agenda tem uma reunião marcada para daqui uma hora, mas
não diz com quem.

- Na sua agenda tem uma consulta com a ginecologista e não estou feliz
por não poder ir.

- Não fique, vão só enfiar uma coisa na minha vagina, dilatar ela e olhar
tudo lá dentro. Talvez até já retire o DIU hoje.

Encaro seu rosto tentando ver se é alguma piada.

- O que foi?

- Isso é sério?

- Sim!

- Onde encontro esse negócio que dilata ela e me deixa ver tudo lá
dentro?

- Besta!

Ganho uma mordida no queixo um pouco leve.


- É por causa desse exame que não transamos ontem? Que me fez te
chupar até gozar?

- Sim! Preciso estar limpa e você goza demais. Tenho até medo de
engravidar de gêmeos com a quantidade de esperma que libera.

- Existe essa possibilidade?

- Estou brincando!

Beija meus lábios e ficamos nos olhando.


- Você ainda volta para a empresa?

Pergunto e sua mão direita alisa meu rosto.

- O que acha de dormirmos fora essa noite?

Diz com a voz baixa, sem desviar os olhos dos meus.

- Onde?

Sua boca vem até meu ouvido.

- Surpresa!

Sussurra e beija meu pescoço.

- Quando sair da consulta te mando o endereço, Sr. Fantini!

Sai do meu colo e com um lindo sorriso me deixa sozinho na sala.

**********

Luna entra na minha sala e avisa que o Oscar chegou. Peço para levá-lo
até a sala de reuniões e servir café que seguirei em seguida. Ela sai da
minha sala, recolho o documento que fiz, meu celular e respiro fundo. Saio
da minha sala e caminho em direção a sala de reuniões. Posso ouvir risos,
piadinhas idiotas vindo de um escroto. Entro na sala e Henrique cerca Luna,
dizendo coisas preconceituosas, atacando-a com palavras baixas.
- Luna!

Digo firme e ela me olha. Com um movimento de cabeça autorizo-a a se


defender e com um sorriso enorme ela enfia um soco na cara do Henrique
que cai de bunda no chão.
Quando Oscar tenta intervir o pego pelo braço com força. Seus olhos se
voltam pra mim com fúria, como se eu fosse sentir medo.

- Luna, me ajuda a recolher o lixo.

Peço carregando Oscar pelo braço pra fora da sala, em direção ao


elevador. Olho para trás e ela arrasta Henrique pelo braço, que ainda está
meio fora do ar pelo soco que levou. Enfiamos pai e filho no elevador e
entrego ao Oscar o documento.

- Seu filho está fora da vice-presidência e nossa parceria está desfeita!


Não quero ver esse imbecil nunca mais na minha empresa, perto dos meus
funcionários, da minha mãe e da minha mulher. Mantenham-se na vida de
merda de vocês, bem longe dos meus olhos ou não respondo por mim.

Aperto o botão do térreo e assim que as portas do elevador se fecham,


Luna me abraça.

- Obrigada!

- Avise os seguranças que o Sr. Oscar e o Sr. Henrique estão proibidos


de entrar nessa empresa. Tome cuidado quando sair da empresa, se achar
que corre algum perigo me liga. Henrique é um idiota vingativo, então tome
cuidado.

- Estou acostumada a cuidar de filho de papai mimado e preconceituoso.

- Ainda assim, tome cuidado.

- Pode deixar!

Seguimos para a minha sala e pego minha carteira.

- Vai sair?
- Sim! Vou para a consulta da Victória.

- Por que? Acho que não pode acompanhar o exame dela.

- Acha mesmo que vão dilatar a minha mulher e não estarei lá pra ver
como é?
SENDO EXAMINADA

NARRAÇÃO VICTÓRIA

Entro no andar do consultório médico e caminho até a recepção.

- Oi! Sou Victória Silvestre e tenho horário marcado com a Sra.


Mariana.

A garota da recepção olha em seu monitor se estou marcada, sorri e


acho que me encontrou.

- Victória Silvestre Fantini?

- Isso!

- Só aguardar que vou levar sua ficha para o consultório e logo será
atendida.

- Obrigada!

Olho em volta e vejo alguns sofás na sala de espera. Tem algumas


mulheres aguardando atendimento e não tem como reparar na barriga das
que estão gestante. Tento de verdade não me imaginar barriguda, mas é
impossível. Sinto meu rosto doer com o sorriso que não consigo conter.
Sento ao lado de uma das gestantes, sua barriga está enorme. Ela tem um
pote apoiado na barriga, com frutas picadas. Cada vez que pega uma fruta,
suspira frustrada e enfia o que pegou inteiro na boca. Mastiga com uma cara
nada boa e começo a rir.

- Suas frutas não parecem te agradar.

Digo e ganho a atenção da gestante.

- Queria que fossem pedaços de chocolate.


- Você não pode comer chocolate?

- Não!

Responde revirando os olhos irritada.

- Nada de açúcar, estou com diabete gestacional. Achei que o pior de


tudo seria a pressão alta, mais então a gestação resolveu me dar mais um
presente.

- É difícil estar grávida?

Pergunto preocupada, porque eu não pensei nas coisas ruins ou difíceis,


apenas pensei nas coisas boas.

- Gerar um bebê é um milagre. Saber que você é responsável pelo


crescimento saudável de uma pessoinha é muito assustador. Só que quando
ele se mexe aqui dentro...

Acaricia a barriga e sorri toda boba.

- Esqueço tudo e só quero ter essa coisinha linda nos meus braços logo.

- É menino ou menina?

- Menino! Meu pequeno Davi!

- Lindo nome!

- Obrigada!

- Lavínia Torres!
A recepcionista chama e a grávida ao meu lado começa a recolher suas
coisas.

- É a minha vez!

Fala e é tão desastrada que dá vontade de rir.


***********

Termino de folhear a terceira revista e já estou sem paciência para


esperar. Decido olhar o celular, talvez alguma notícia nova me distraia um
pouco. É claro que minha nomeação como Vice-Presidente estaria como um
dos assuntos mais comentados do momento. Lógico que como eu
imaginava, todos questionam a relação rápida, o casamento, a nomeação,
tudo como se eu tivesse super poderes e o Arthur sofresse lavagem cerebral
comigo. Ele é a vitima de uma mulher interesseira, manipuladora, que usa
sexo como forma de prender um homem.

- Sra. Fantini!

Chamam e olha em volta, procurando a Sueli.

- Sra. Fantini!

A recepcionista repete e continuo procurando a mãe do Arthur. A garota


se aproxima e me olha.

- Sra. Fantini!

- Ah! Eu sou a Sra. Fantini!

Digo rindo e ela fica sem entender.

- Acabei de casar, ainda não me acostumei a ser chamada assim.


- Entendo! A Dra. Mariana vai atendê-la no consultório sete.

- Obrigada!

Entro no consultório e sou recebida com um sorriso doce. Dra. Mariana


é uma senhora de idade avançada, com o cabelo todo branco parecendo uma
vovózinha fofa.

- Não achei que retornaria tão cedo, Victória! Aconteceu alguma coisa
com o seu DIU?

- Não, está tudo bem!


Encosto a porta e sento na cadeira em frente a sua mesa.

- Consulta de rotina?

- Não, quero retirar o DIU.

- Quer mudar o meio de contracepção?

- Não, quero parar de me prevenir.

A senhorinha fofa fica me olhando sem entender nada.

- Eu me casei e decidimos ter um bebê.

Seu sorriso é enorme e sua mão procura a minha sobre a mesa.

- Adoro casais nessa fase. É tão gostoso acompanhar vocês nessa


caminhada até o bebê nascer. Me divirto tanto! Se casou assim que
colocamos o DIU?

- Não! Nos casamos há poucos dias.

Sua mão aperta forte a minha e seus olhos agora carregam preocupação.

- Tem certeza que é o momento para engravidar? Não quer curtir um


pouco mais o casamento, conhecer melhor seu marido?

- Não! Nós temos certeza que queremos um filho. Na verdade...

Me curvo um pouco e tento sorrir, mesmo sabendo que o sorriso está


estranho.

- Existe alguma possibilidade de fazer tratamento para gêmeos?

- Por que?

- Pode ser que depois do primeiro filho eu desista de ter outro com o
meu marido. Prevejo-o me deixando louca com sua organização e excesso
de cuidados com o nosso filho. Então se a gente tiver tudo de uma vez, é
um surto apenas.

- Ele sabe dessa sua intenção?

- Não precisamos contar a ele. Segredinho nosso!

- Vamos primeiro tirar o DIU e ver como as coisas funcionam.

- Vai tentar me convencer a fazer as coisas de forma padrão, né?

Pergunto e ganho como resposta um sorriso enorme.

- Tá bom!

- Tire sua roupa e me encontre na sala ao lado para realizarmos o exame


e ver o seu DIU.
**************
Tiro toda a minha roupa e coloco a camisola de bunda de fora que odeio
usar. Olho minhas roupas jogadas na cadeira de qualquer jeito e fico
imaginando o Arthur aqui recolhendo e dobrando. Sinto falta dele, estou
contando os minutos para encontrá-lo mais tarde, só espero que goste da
minha surpresa. Ajeito a parte de trás da camisola sem muito sucesso, ainda
continuo com a bunda de fora. Ainda bem que só a Dra. Mariana vai ver
minha bunda nisso. Abro a porta do banheiro e entro na sala de exame.
Paraliso sem conseguir dar mais nenhum passo ao ver Arthur segurando o
instrumento que enfiam dentro de mim.

- O que faz aqui?

Pergunto cruzando meus braços e ele sorri descaradamente.

- Vim te dilatar.

- Solta isso, agora!

- Deita que eu vou te examinar.

- Arthur, solta isso!


- Vamos brincar de ginecologista safado? Faz de conta que sou o Dr.
Pinto e você é minha paciente.

- Agora não é hora de brincar de filme pornô.

- Se eu te dilatar com isso, consigo enfiar meu pau sem você sentir ele
entrar?

- Me dá isso!

Vou até ele e tento tirar de sua mão o instrumento ginecológico, mas o
infeliz ergue o braço no alto.
Estico a mão, mas não alcanço.

- Vamos comprar camisolas iguais a essas pra você em casa.

- Merda!

Abaixo a mão e encosto a bunda na parede.

- Victória!

Olho para a porta e a Dra. Mariana fica nos analisando.

- Está tudo bem aqui?

- Sim! Esse é o Arthur, meu...

Paro ao perceber que é a primeira que o apresento como marido.

- Seu...

Dra. Mariana diz esperando que eu complete o raciocínio.

- Meu marido!

Falo fazendo careta e Arthur segue sorrindo até a médica.

- Muito prazer, doutora!


- O que o senhor faz segurando o meu espéculo?

- Então é assim que isso chama?

- Arthur, entrega para a Dra. Mariana o instrumento.

Peço envergonhada e finalmente ele solta o que vê como brinquedo


divertido.

- Victória, pode deitar na mesa e o seu marido pode ficar na cadeira ao


seu lado.

Vou para a mesa e apenas observo o Arthur pegar a cadeira e levar para
onde está a médica. Coloca ao lado da cadeira dela e nós duas erguemos a
sobrancelha quando o bonitão senta.

- O que está fazendo?

Dra. Mariana pergunta e ganha como resposta um lindo sorriso.

- Meu jovem, olha bem pra mim.

Cruzas os braços e faz cara de durona.

- Acha mesmo que um sorrisinho desses vai me amolecer?

*************

ALGUNS MINUTOS DEPOIS

- Relaxa o corpo, Victória!

- Você não é minha médica, Arthur!

- Dra. Mariana, pede pra nossa paciente relaxar que eu não estou
conseguindo introduzir o espéculo?

Não acredito que ela cedeu ao sorriso encantador dele. Não precisou
nem pedir muito, ela já se derreteu no primeiro elogio. E o que foi aquela
conversa idiota sobre o sonho de ser médico, mas o pai nunca permitiu?
- Seu lindo esposo está certo, você precisa relaxar.

- Não acredito que estou passando por isso! Se contar para as pessoas
vão achar que é mentira!

- Quer que a linda Dra. Mariana tire uma foto nossa, comprovando que
estou te dilatando com o espéculo?

- Não! Faz isso logo e me tira desse pesadelo.

- Doutora, é normal ela ter uma pressão forte nos músculos da vagina?
Às vezes ela me aperta tão forte que tenho a sensação que vai esmagar.

- Meu Deus! Você não fez essa pergunta.

- Pode ser que Victória tenha maior controle nessa musculatura e por
isso a facilidade na contração.

- É possível exercitar esse músculo? Acho que ela faz alguma coisa.

- Chega! Não quero mais fazer o exame!

Tento sair da maca, mas sou impedida pelos dois.

- Já vamos terminar aqui.

Dra. Mariana avisa e tira do meu marido o brinquedinho dele.

- Coisinha linda, deixa que eu dilato, você só observa a cavidade.

- Gosto de ver essa cavidade.

- Fica quieto, Arthur!


*************

Saio do banheiro já com as minhas roupas e no consultório tem dois


amigos íntimos rindo e falando sobre a minha vagina.
- Podemos acabar logo com isso?

- Vou agendar sua retirada do DIU. Provavelmente já terei o resultado


dos exames que fiz hoje, então podemos começar a pensar na sua gravidez.

- Ótimo!

- Arthur, como estão seus exames?

- Quer que traga os meus exames no retorno?

- Seria muito bom!

Levantam e se abraçam.

- Obrigada por tudo, a senhora realizou meu sonho e me fez tão feliz
hoje.

- Cuide desse meninão, Victória! Você encontrou uma preciosidade.

- Não faz idéia de como é precioso!

Digo irônica e Arthur me puxa pra ele.

- O sortudo aqui sou eu, por ter encontrado uma mulher tão dilatada.

Os dois riem como bons amigos e ganho um beijo na cabeça.


*****************

Chegamos no estacionamento onde Arthur parou o carro, ele pega as


chaves e paga.

- Por que esse bico lindo?

Pergunta e beija minha boca.

- Acabei de passar pelo maior constrangimento da minha vida.


- Você disse que se a Dra. Mariana deixasse eu podia fazer o exame
junto.

- Não achei que ela deixaria! Esqueci do seu poder de convencimento.

Pego a chave de sua mão e vou para o lado do motorista.

- Pra onde vai me levar?

- Para um lugar bem dilatado!

Solto debochada e sua gargalhada me faz querer rir.

- Você disse que teria uma surpresa, estou curioso!

- Já vai saber o que é.

Coloco minha bolsa no banco de trás, puxo o cinto e o conecto.

- Tiffany me entregou hoje cedo uma caixa que estava embaixo da


minha cama. Adivinha o que encontrei guardado nela?

- Não faço idéia!


- A gravação do nosso casamento em Vegas.

- Não me diz que vamos ver esse vídeo, que essa é a surpresa!?

- Como é doce a vingança! Você me dilatou, agora vamos ver sua


vergonha, seu momento noiva.

- Você é cruel, Sra. Fantini!

- Para de fazer drama, vai ser legal ver como aconteceu o casamento
mais louco de Vegas.

- Vamos para o seu antigo apartamento ou vamos para a nossa casa,


vulgo casa da nossa mãe.

- Vamos dormir fora hoje, Sr. Fantini.


*************

NARRAÇÃO ARTHUR

Victória para o carro no subsolo de um prédio. Pega de sua bolsa um


pequeno cartão de identificação e coloca no painel do carro.

- O que significa o número 1154?

- Um lugar!

- Um lugar?

Ela não diz mais nada e sai do carro.

- Vem logo!

Desço do carro, vou até Victória e seguro sua mão. Quando ela sorri
assim me deixa curiosamente feliz. Mesmo não sabendo o que está
acontecendo, se é algo que a deixa radiante, então me faz muito bem.
Entramos no elevador e ela aperta o décimo primeiro andar. Seus olhos
encontram os meus e é impossível não rir com sua empolgação, ela chega a
não conseguir ficar parada no lugar.

- O que está aprontando, Victória?

Chegamos ao andar e as portas do elevador se abrem.

- Já vai saber.

Pega da bolsa uma chave e seguimos pelo corredor, até pararmos na


porta 1154.

- Se você não gostar, podemos procurar outro lugar.

Diz agora nervosa e abre a porta com a chave que segurava.

- É o nosso cantinho! Nosso lugar pra fugir de todos, do mundo, pra


apenas curtirmos nós dois.
Passo pela porta e encontro um loft todo decorado, pronto para morar.

- O que achou?
VOCÊ SABE, VOCÊ SENTE...

NARRAÇÃO VICTÓRIA

Arthur entra no loft e começa a olhar tudo, sem dizer nada. Fecho a
porta e o sigo pelo pequeno, mas acolhedor espaço.

- Não acho que estamos prontos para ter a nossa casa, a idéia ainda me
assusta. Talvez, quando nosso filho estiver dentro de mim, a idéia seja mais
confortável.

Ele me olha rapidamente e posso ver um sorriso encantador em seu


rosto.

- Acho que precisamos ter alguns momentos nossos, fora da loucura que
nossas vidas estão se tornando.

Seus olhos se erguem e encontram o acesso a cama e ao banheiro. Anda


até a escada, sobe e continuo o seguindo.

- Não precisamos de algo grande, só precisamos de uma cozinha pra


você cozinhar pra mim, um banheiro para tomarmos banho juntos e uma
cama para dormirmos.

- Dormir?

Pergunta divertido parando ao lado da enorme cama.

- Dormir! O que achou que faríamos nela?

Fecha um olho, vem a passos lentos até onde estou, anda em torno do
meu corpo e para atrás de mim. Puxa meu cabelo para o lado e beija meu
pescoço.

- Posso pensar em algumas coisas para fazermos na cama, no chuveiro,


no sofá, no balcão, na cozinha...
Meu corpo todo arrepia com sua voz sexy em meu ouvido e prendo a
respiração.

- Você como sempre, uma caixinha de surpresa, Victória!

- Sei que estar com sua mãe é importante, mas também sei o quanto é
necessário pra você desligar de tudo. Não quero que fique naquele
escritório dormindo naquele sofá cama, acho que precisa de um lugar assim,
pequeno, mas seu.

- Nosso!

Diz e me vira para ficar de frente com ele.

- Precisamos de um lugar nosso, para desligarmos do mundo.

- Sim!

Sua mão delicadamente prende meu cabelo atrás da orelha, enquanto


seus olhos percorrem meu rosto todo.

- Aos poucos estamos nos libertando do que nos assusta quando o


assunto é unir nossas vidas.

- Não tenho medo do que estou sentindo, tenho medo desse sentimento
me cegar.

Confesso e ganho um beijo delicado na testa.

- Sabe o que eu acho?

Pergunta e desce os lábios pra perto dos meus.


- Acho que não precisamos pensar no que sentimos, rotular, dizer,
somos bons em apenas sermos nós e não precisamos de mais nada a não ser
um do outro.

Suas mãos seguram meu rosto, erguem um pouco até meus olhos
encontrar os dele.
- Você sabe, você sente...

Sussurra com a voz rouca e passa a ponta do nariz no meu.

- Isso é o que importa!

- O que eu sei, o que eu sinto?

Finjo não entender suas indiretas e seu enorme sorriso me faz suspirar.

- Você me ama!

- Amo?

- Ama muito! Ama tanto que não consegue me dizer.

- É mesmo?

- Sim!

- Acho que não!

Digo movendo a cabeça negativamente e seus olhos estreitam.

- Acho que você me ama, está tentando me forçar a sentir o mesmo.

- Amo?

Agora e a vez do Arthur de se fazer de desentendido.

- Sim!

- Não!

- Sim! Você me ama tanto que não consegue ficar um segundo longe de
mim.

- Não!

- Sim!
- Será?

- Tenho certeza!

- Acho que amo o sexo foda!

- O sexo foda é o que te faz me amar.

Faz careta e nega com a cabeça.

- Você é a pessoa mais louca que já conheci na vida, como posso ter me
apaixonado por você?

Questiona com um falso tom de deboche e fecho um olho, como se


estivesse pensando.

- A minha loucura encontrou seu coração e agora ele não vive sem ela.

- Acho que devíamos tomar um banho, transar no chuveiro e refletir


após o orgasmo sobre esse assunto.

Sua idéia é maravilhosa, mas estou muito ansiosa para ver um certo
vídeo de casamento. Quero tomar banho, fazer o jantar com ele e depois
assistir nossa loucura em Vegas. Se conheço bem o Arthur, vai querer
transar no banho, enquanto cozinhamos, enquanto comemos e enquanto
olhamos o vídeo. Preciso eliminar fodas para chegar às filmagens logo.

- Nada de sexo no chuveiro, estou com fome.

- Te dou leite!

- Preciso de mais do que seu leite, gatinho!

*****************

Termino de me secar e abro o armário.

- Quando arrumou nossas coisas aqui?


Arthur pergunta atrás de mim, com a toalha enrolada na cintura. Seu
corpo ainda tem gotas de água e a visão é deliciosa. Ele secou o cabelo e
deixou bagunçado, ficando lindo e sexy.

- Daqui a pouco vai começar a babar! Devia ter deixado eu te foder no


banho.

Balanço a cabeça para afastar a tentação da mente e volto a olhar o


armário.

- Tiffany veio hoje cedo, trouxe suas roupas que estavam em casa e as
minhas que ainda estavam no apartamento. Ela comprou nossas coisas de
higiene e abasteceu o armário e a geladeira.
- Sua secretária no primeiro dia de trabalho está mais eficiente do que a
minha ex-secretária.

- Eu sou sua ex-secretaria!

Digo brava e bato em seu braço.

- Me lembro apenas da sua camisa aberta e minha sanidade quase


morrendo naquele dia. Não faz idéia de como me esforcei para não ficar
olhando. Tive o respeito da situação, mas a tentação foi grande.

- O Rocha desmoronando por causa de dois montes carnudos.

Me puxa para o seu corpo, sinto as gotas de água tocarem minha pele e
quando sua mão entra por baixo do meu cabelo, um arrepio percorre meu
corpo todo. Sua mão empurra minha cabeça e meus lábios se chocam contra
o dele. O filho da mãe me beija com fome, desespero, fogo e não sei se
posso me segurar mais. Minhas mãos agarram seu cabelo, puxo e seu
gemido ecoa em minha boca. Nossos corpos se esfregam tanto que as
toalhas de soltam e nós dois ficamos nus. Sou empurrada para a porta do
armário e prensada o suficiente para sentir sua ereção na minha barriga.
Quando sua boca desce para os meus seios, o telefone do Arthur começa a
tocar. Não é qualquer toque, é a música que ele colocou para a Sueli. Graças
a Deus ela está ligando e me salvando da tentação. A curiosidade é ainda
maior que o meu tesão, quero ver como foi meu casamento logo.
- Sua mãe!

Arthur bufa entre meus seios, me fazendo rir.

- Ela pode esperar.

- Pode ser algo importante.

- Também pode ser alguma besteira dela.

- Sua mãe pode estar precisando de ajuda.

Grito de dor quando ele morde meu bico.

- Já volto!

Desce pelado a escada indo até a sala e fico olhando da pequena


proteção de ferro ele atender o telefone.

- Mãe!

A vista desse homem daqui de cima é muito boa.

- Nós não vamos jantar hoje em casa.

Volto para o armário, pego uma camisola e visto rápido.

- Vamos dormir fora, vamos realizar uma fantasia sexual da Victória.

Como assim uma fantasia sexual minha? Do que ele está falando?
Desço a escada, mas paro no meio dela ao ouvi-lo contando para a mãe.

- Serei o ginecologista e ela a paciente. Vou fazer exame de toque e tudo


mais nela.

Começo a rir alto e ele vira-se pra mim.

- Pensando até em usar um jaleco e óculos.


Fico imaginando esse homem vestido de médico e fico excitada, mais
desejosa ainda por ele.

- Depois te conto como foi, beijos, te amamos!

Desliga e quando vejo sua intenção de me pegar para continuar o que


estávamos fazendo lá em cima, corro para a cozinha.

- Vai se vestir, estou com fome.

- Também estou com fome!

- Arthur, é fome de comida!

- Você é a comida mais gostosa do mundo.

- Para!

Bato em sua mão boba que tenta entrar por baixo da minha camisola.

- Eu sei o que está fazendo, Sra. Fantini!

Diz me abraçando de lado e morde minha orelha.

- Está fugindo do sexo, querendo fazer as coisas rápido para assistir


logo as filmagens do nosso casamento.

Minha risada alta me declara culpada.

- Você é cruel!

- Preciso saber como você ficou de vestido e que loucura dissemos um


para o outro bêbados.

- Depois que assistirmos o vídeo, vai liberar o sexo?

Pergunta todo manhoso, beijando meu pescoço.

- Sim!
- Muito sexo?

- Muito!

Me tira do chão, nos roda e sorrimos juntos.

- Vou colocar uma cueca e já volto!

Me solta e corre para o acesso de cima. Verifico os armários, a geladeira


e não faço idéia do que pode ser feito com o que tem aqui. Melhor esperar o
cozinheiro para começar a fazer alguma coisa. Arthur volta só de cueca
preta e pega o avental também preto pendurado perto da geladeira.

- Nossa, que delícia que você ficou!

Digo o medindo dos pés a cabeça.

- Gostou?

Pergunta e roda me dando uma visão até de sua bundinha linda na


cueca.

- Acho que devia largar o terno e a gravata e trabalhar assim agora.

- Acha que eu conseguiria fechar bons negócios assim?

- Os melhores negócios, tenho certeza!


- Quando você fica excitada, o bico do seu seio fica duro e nessa
camisola de seda fica uma visão muito foda.

Olho para baixo e encaro meus faróis acesos.

- É uma ereção bical.

Sua gargalhada alta é tão gostosa de ouvir. Quando estamos no meio das
pessoas tentamos nos controlar em tudo, mas aqui parece que não haverá
limites. Acho que foi a coisa certa a fazer por nós dois, para o nosso bem,
para sermos nós mesmos sem olhares julgadores e esperançosos como o da
Sueli. Sei que ela só quer o nosso bem, mas suas expectativas são altas e
podemos em algum momento não suportar. Amamos demais aquela mulher,
mas ela realmente não consegue entender que minha amizade e ligação com
o Arthur vai além da coisa homem e mulher. Somos mais que um casal,
somos parceiros, somos necessários um ao outro. Não é o amor a coisa mais
importante que precisamos nutrir, cuidar e zelar na nossa relação. O cuidar
um do outro e querer sempre o bem é o essencial. Eu confio, eu permito, eu
aceito me entregar a ele sem medo algum.

- Você está com um olhar estranho pra mim. O que está pensando?

Arthur pergunta me tirando dos pensamentos.

- Estou pensando no quanto eu confio e me entrego a você.

- Você não anda se entregando muito pra mim.

Fala irônico e reviro os olhos.

- Estou brincando!

Me chama com o dedo e quando me aproximo, coloca em mim um


avental laranja que não combina muito com minha camisola rosa.

- Vai me ajudar no jantar.

- Tem certeza disso? Sabe que sou uma catástrofe na cozinha.

- Tenho total certeza que preciso de você ao meu lado para tudo.

Passa o nariz pelo meu rosto, fecha os olhos e suspira.

- Você é como o ar pra mim.

Sua boca vem para o meu ouvido.

- Não posso respirar sem você por perto.


OLHAREI EM SEUS OLHOS

NARRAÇÃO VICTÓRIA

Quando seu rosto se afasta do meu, sorrimos da mesma forma divertida.

- Foi demais o que eu disse?

Pergunta e agora parece envergonhado.

- Pareceu declaração de homem muito apaixonado.

- Pareceu?

- Sim!

- Hum!

Faz uma careta divertida e volta sua atenção para a cozinha.

- Às vezes sou um pouco intenso demais.

Confessa quase em um sussurro e começa a abrir as gavetas procurando


algo, mas acredito que esteja fazendo apenas barulho, distraindo minha
atenção para fugir da declaração linda que fez. Passo por trás de seu corpo,
fecho a gaveta e quando ganho sua atenção, fico na ponta dos pés para que
meus olhos e boca fiquem na direção de seus olhos e boca. Aproximo
nossos lábios e encosto meu nariz no dele.

- Sempre estarei aqui para que consiga respirar.

Suas mãos rapidamente seguram meu rosto e sua boca se funde a minha
em um beijo intenso.
Não demora muito para que nossos corpos se enrosquem, nossos
desejos explodam e a vontade de consumir um ao outro nos engula.
- Comida!

Digo ofegante, tentando conter todo esse fogo que queima dentro de
mim.

- Você vai mesmo me torturar?

- Vou! Quero assistir nosso casamento.

- Antes do casamento você era o tipo de mulher que não passava


vontade. As coisas mudaram muito depois que passou a ser a Sra. Fantini.

Fala debochado e beija meu pescoço.

- Vamos então de tortura!

Sussurra com a voz rouca, se afasta e apenas observo seu corpo lindo de
cueca e avental separar as coisas para o jantar.

- Já sabe o que vai cozinhar?

Pergunto encostada na pia, o esperando começar a fazer as coisas e


saber no que posso ajudar.

- Sim! Vou fazer algo bem demorado, que requer total calma, tempo e
delicadeza.

- Sério?

- Sim! Vai me torturar sem sexo pra ver logo nosso vídeo de casamento,
então vou te torturar demorando na comida.

- Vamos fazer um omelete!

- Não! Vamos fazer massa com molho caseiro e uma carne assada para
acompanhar.

- Já tem pacote de massas no armário, só colocar a água para ferver e


tacar dentro.
- Não! Vamos fazer massa caseira.

- Se você quer complicar e demorar, quem sou eu para falar qualquer


coisa. Demoramos na comida, no vídeo e no fim o sexo que fica por ultimo.

- Não tenho mais pressa pra transar, estou feliz em te torturar agora.

Coloca farinha e os ovos no balcão. Pega na geladeira tomates, cebola,


alho, umas folhinhas que ele cheira e coloca sobre a pia.

- O que são essas folhinhas?

- Manjericão.

Pega uma e coloca perto do meu nariz.

- Amo o cheiro dos temperos, das ervas.

- Cheiro gostoso!

- Nada cheira melhor do que você.


Solta todo sedutor e enfia o nariz em meu pescoço, puxa o meu cheiro
fazendo meu corpo todo arrepiar.

- Vamos cozinhar!

Diz se afastando e olhando tudo que temos.

- Por onde começo? Como posso te ajudar?

Pergunto sem saber de verdade o que fazer.

- Primeiro...

Vem atrás de mim, recolhe meu cabelo, faz um rabo de cavalo e depois
um coque.

- Vamos lavar as mãos.


Diz perto do meu ouvido e começo a entender seu jogo. Vamos
cozinhar, mas ele lógico vai ser sedutor e me excitar enquanto isso. Gosto
das possibilidades que temos nessa sedução. Juntos lavamos as mãos na pia
e secamos no pano de prato.

- Vamos primeiro colocar os tomates para assar.

Pega um refratário de vidro e coloca na pia.

- Lava os tomates pra mim.

Pede e pega uma faca na gaveta. Lavo os tomates e coloco em uma


vasilha. Arthur descasca o alho e a cebola, usando a tábua em seguida para
cortar tudo. Sua habilidade com a faca me deixa encantada.

- Corte os tomates ao meio e coloque no refratário pra mim.


Diz e segue para o fogão, acendendo o forno. Pego uma faca e corto ao
meio os tomates, acomodando tudo onde me pediu.

- Acha necessário a carne? Acredito que somente a massa esteja bom.


Um bom vinho para acompanhar é o suficiente.

Falo e espero sua resposta que não vem. Antes que consiga virar a
cabeça para ver onde Arthur está, seu corpo cola atrás do meu e sua boca
toca meu ouvido.

- Não quer carne?

Pergunta e morde a parte fofa da minha orelha.

- Não!

Sua mão toca minha coxa, seus dedos deslizam em minha pele e minha
camisola vai subindo expondo minha bunda.

- Tem certeza? Acho importante ter carne em nossa alimentação.

Aperta minha bunda com força me fazendo gemer alto, simbolizando


literalmente a minha carne como necessária pra ele.
- Pode comer a carne que quiser depois do vídeo.

- Qualquer carne?

Pergunto safado e sua mão vem para a frente do meu corpo,


encontrando meu sexo.

- Sim!

Respondo ofegante e seu dedo brinca em meu sexo, me fazendo


suspirar.
- Tudo bem, então!

Afasta-se me deixando molhada, excitada e querendo mais. Lava


novamente a mão e volta sua atenção para as coisas que cortava na tábua.
Coloca tudo no refratário com os tomates, coloca azeite e sal e leva ao
forno.

- Enquanto os tomates assam, vamos para a massa.

Me puxa para o balcão e faz uma sujeira enorme tacando farinha no


mármore.

- Por que está fazendo isso?

- É assim que se faz uma bela massa italiana.

Com o dedo faz um buraco no meio da farinha, criando algo parecido


com um vulcão. Salpica sal, em um pote quebra os ovos e bate com um
garfo.

- Vamos fazer juntos essa massa.

Me coloca em frente a farinha, se posiciona atrás de mim e seu rosto


fica ao lado do meu.

- Pega o outro garfo.


Pego o garfo e Arthur me orienta a mexer dentro do buraco da farinha o
ovo que vai jogar, puxando a farinha junto.

- Com mais calma!

Sua voz é baixa, perto demais do meu ouvido. Despeja todo o ovo
batido, coloca o pote com o garfo no balcão e mantém os olhos no que faço.
- Agora vamos mexer com as mãos.

Tira o garfo de mim e coloca do lado.

- Pronta para sujar as mãos?

- Sim!

- Antes tira a aliança.

Tiramos nossas alianças e suas mãos ficam sobre a minha.

- Deixa minhas mãos conduzirem as suas, sinta a massa.

Começa os movimentos, me levando junto, moldando e amassando.


Enquanto nossas mãos trabalham juntas, seu nariz percorre meu rosto,
pescoço e sinto o toque leve dos seus lábios em minha pele algumas vezes.
Suas mãos são firmes e nossos dedos se enlaçam da mesma forma quando
vamos gozar juntos. Nossas respirações aceleram e viro um pouco o rosto
para poder ver as expressões do rosto do Arthur. Nos olhamos com desejo,
sabendo muito bem o quanto queremos um ao outro. Seus lábios chegam
perto dos meus, mas não se tocam. Sentir sua boca tocar minha pele é a
melhor sensação do mundo. Sua barba deixa um rastro gostoso por onde
passa e prendo o ar quando novamente quase nos beijamos.

- Consegue sentir o ponto da massa?

Murmuro qualquer coisa como resposta a sua pergunta, porque na


verdade eu sinto tudo em meu corpo, menos a massa em minhas mãos.

- Victória, foca na massa!


- Estou focada!

Digo passando meus lábios em seu queixo.

- Você está amassando o pano de prato!

Paro tudo e olho para o balcão. A massa está de um lado e estou


apertando o pano de prato.

- Como chegamos até o pano?

- Você puxou minha mão e nos levou até o pano.

- Você me desconcentra, Arthur!

Ele ri e me aperta entre seus braços.

- Solta o pano e vem sentir a massa.

Me mostra o ponto enfiando o dedo e se afasta.

- Vamos deixar descansar um pouco e preparar a água para cozinhar a


massa.

- Isso eu sei fazer.

Digo empolgada e procuro pelas panelas. Encontro uma grande e encho


de água. Ligo o fogo, coloco a panela e vejo que Arthur preparou o
liquidificador.

- Vamos bater tudo que colocamos no refratário, depois apurar o molho


pra tirar a acidez e finalizar com manjericão e queijo parmesão ralado.

- Temos queijo parmesão?


Pergunto indo até a geladeira. Encontro um grande pedaço dele e levo
para o Arthur.

- Vamos ralar!
Diz abrindo as gavetas e pega o ralador.

- Sabe ralar queijo?

- Por favor, né Arthur!?

Falo, bufo e pego uma vasilha.

- Todo mundo sabe ralar queijo.

Preparo tudo, corto um pedaço do queijo e quando começo a ralar, nada


sai do outro lado. Olho o ralador pra ver se está do lado certo, se tem algo
errado e nada. Tento mais uma vez e escuto a risada divertida do Arthur.

- Nem todo mundo sabe ralar um queijo.

Diz debochando de mim e se aproxima.

- Você está passando o queijo no sentido errado.

Segura minha mão, leva até o ralador e então começamos a ralar juntos.

- Faz pressão para ralar melhor.

Odeio quando ele se sente o fodão em cima de algo que eu não sei fazer.

- Você gosta quando sabe algo que eu não sei.


- Gosto!

Reviro meus olhos e tento não sorrir.

- Mas gosto ainda mais quando você me surpreende fazendo algo que eu
não esperava que fizesse.

- Como por exemplo?

- Nosso lugar!

Diz com os lábios quase tocando minha bochecha.


- O fato de que a qualquer momento essa cabecinha vai planejar algo
louco, me deixa maravilhado. Posso passar anos ao seu lado, Victória, ainda
sim você será uma deliciosa surpresa para mim.

- Preciso confessar algo!

Digo virando o rosto e encarando seus olhos.

- Por muito tempo procurei um lugar que eu fosse aceita do jeito que
sou, com minhas loucuras. Percorri o mundo procurando meu lugar e o
encontrei onde nunca imaginei encontrar.

- Onde é o seu lugar?

Puxo seus braços em torno do meu corpo, com a mão toco de leve seu
rosto, sentindo sua barba ainda baixa.

- Em seus braços!

Arthur me aperta contra o seu corpo e suas enormes mãos espalmam


minhas costas, me mostrando que estou segura.
- Não importando onde estivermos, meu lugar sempre será dentro do
seu abraço.

Minha boca procura a dele e nos beijamos de uma forma completamente


diferente da que costumamos beijar. Não existe desespero, fome, desejo...
só existe nós dois em um sentimento novo para nós dois. Nos tornamos
dependentes um do outro, dependentes desse sentimento que nos assustou a
vida toda e desejamos nunca conhecê-lo.

************

Arthur prepara um enorme prato de massa pra gente com dois garfos.
Tem uma camada bem generosa de queijo parmesão em cima e tudo cheira
muito bem. Vamos para a sala e levo nossas duas taças de vinho.

- O que você imagina que vamos encontrar nessas filmagens?

Ele pergunta colocando nossa comida sobre a mesinha de centro.


- Alguma explicação do porque decidimos nos casar.

- A bebida já não é uma explicação boa?

- Não! Já fiquei bêbada outras vezes e nunca decidi me casar.

- Acho que meu vestido de noiva te convenceu. Devo ter ficado no


mínimo encantador.

Nós dois rimos e arrumo o DVD. Pego a filmagem na minha bolsa e


coloco no aparelho, indo com os controles para o meu lugar. Assim que
sento, Arthur me alimenta com um pouco, e de verdade é um orgasmo no
estomago essa massa.

- Muito bom!

Falo de boca cheia e ele limpa o canto da minha boca. Come enquanto
arruma tudo e antes de liberar as filmagens, tomo um gole do vinho.

- Preparado?

- Sim!

Começa a introdução de todo DVD de casamento, a música brega,


imagens aleatórios nossas e parece que estávamos bem felizes. As meninas
da despedida de solteiro estavam com a gente, porque não nos impediram.
Vamos comendo enquanto a filmagem apenas mostra o depoimento delas
dizendo que não nos conhecem, mas sabem que seremos muito felizes.
Estavam tão bêbadas quanto nós dois. Um senhor de peruca aparece e conta
sobre como aparecemos na capela.

"- Fique aqui registrado que eu não queria realizar esse casamento,
pela situação em que vocês se encontram no momento. Neste exato
momento estão sendo carregados para a limusine, sem conseguir andar
direito."

Pauso o vídeo e olho para o Arthur.

- O que fez esse homem aceitar nos casar bêbados?


- Não faço idéia, mas acredito que saberemos o porque em breve.
Ninguém ali estava em condições de nada, mas algo fez aquele homem
aceitar nos casar.

- Tenho até medo de descobrir o que prometemos.

- Victória, acredito que não seja nada absurdo.


Libero o vídeo novamente e voltamos a comer.

" - Poderia tentar explicar aqui as minhas razões, mas nada seria tão
perfeito quanto os votos de vocês. Vão entender o porque deste casamento e
espero do fundo do meu coração que não esteja errado quando digo que
vocês são perfeitos juntos. Não se arrependam, não anulem, se permitam
viver o que acabaram de descobrir juntos."

Assim que o homem desaparece, surge a imagem da capela comigo no


pequeno altar ao lado daquele homem, sorrindo com uma felicidade
absurda. A tradicional musica de entrada da noiva começa e Arthur surge
em seu vestido, tendo as meninas carregando sua calda. Nós dois estamos
rindo muito, porque ele usa uma tiara na cabeça e dela sai um véu cobrindo
seu rosto. Segura um arranjo de flores e acho que era uma das decorações
dos vasos da capela. Seu vestido parece que vai explodir, mas ele parece
radiante.

- Não vamos mostrar isso para mais ninguém.

Avisa chorando de rir e coloca o prato com a comida sobre a mesinha.


Me sento melhor ao seu lado e seu braço passa pelo meu pescoço, me
encaixando na lateral de seu peito. Focamos novamente na filmagem.
Arthur noiva chega até o altar, levanto seu véu e fico em choque ao
perceber que estávamos sérios, não rimos nenhuma vez. Parece até que
estávamos de verdade entregues ao momento, ao nosso casamento. Ele se
curva e beijo sua testa. Olho para o lado e Arthur espreme os lábios não
acreditando na noiva que ele se tornou. Balança a cabeça com diversão e
beijo seu rosto.

- A noiva mais linda que já vi.


- Duvido superar meu vestido, quando for nosso casamento de verdade
no dia 22.

Beija minha cabeça e continuamos assistindo. O homem explica sobre a


validade do casamento, a importância de termos certeza e nos pergunta se
ainda temos o desejo de nos casar. Respondemos juntos que sim e ele
continua. Faz um discurso breve sobre o amor e pede para as meninas nos
entregarem as alianças. Enquanto assistimos tudo, nossas mãos esquerdas se
unem e nossas alianças se tocam. Chega a hora dos votos, que é a parte que
o senhor disse ser importante.

"- Arthur, primeiro eu preciso que arrume seu vestido, seu bico da teta
está pra fora e estou perdendo o foco.

- Desculpa, não percebi!

- Eu não sei de verdade o que estamos fazendo aqui! Quando me pediu


em casamento, era pra eu ter surtado, achado um absurdo, mas minha boca
disse sim sem eu mandar. Por alguma razão que eu desconheço, quero dizer
sim a tudo que me propor, sem me importar se é loucura ou não. Poderia
pular de um prédio sem pára-quedas, se você segurasse minha mão e fosse
comigo. Não sei como será amanhã quando acordar como a Sra. Fantini,
mas uma coisa eu tenho certeza, ao seu lado vou viver as maiores e mais
incríveis aventuras do mundo. De olhos fechados e me entregando sem
medo a você digo sim para uma vida toda ao seu lado."

Meus olhos estão cheios de lágrimas e fico sem reação ao assistir os


meus votos. Não tenho coragem de olhar para o Arthur e agradeço por
começar a parte dos seus votos.

"- Victória! Toda a minha vida eu duvidei da existência do amor. Não


conseguia imaginar duas pessoas se amando pela vida toda, focadas em
fazer feliz a pessoa que ama. Meus olhos ainda não tinham enxergado esse
amor, meu coração ainda não conhecia esse sentimento. Confesso que eu
ainda não consigo lidar com tudo isso dentro de mim e tento me enganar
dizendo que é um amor de melhores amigos. Amanhã talvez eu não me
lembre da certeza que tive hoje do que sinto por você, por causa da bebida
e por isso eu preciso que aceite ser minha para sempre nesse instante, para
não te perder, não cometer o erro de continuar achando que te amo como
amiga. Hoje você se torna minha, para amanhã eu vencer meus medos e
aprender a amar. Mesmo que amanhã eu não me lembre que te amo, quero
que escute agora que descobri o amor ao seu lado. Prometo que em algum
momento tudo se tornará claro dentro de mim e sem a bebida olharei em
seus olhos e direi sem medo, eu te amo!"
JÁ VOLTO

NARRAÇÃO VICTÓRIA

Meus olhos ficam desfocados, não enxergo nada na televisão e meus


ouvidos simplesmente silenciam tudo ao meu redor, deixando apenas o som
do meu coração ecoar dentro de mim. Arthur disse claramente em seus
votos, mesmo bêbado, que descobriu que me amava. Em Vegas ele sabia o
que sentia por mim, reconhecia o sentimento mas temia esquecer a
descoberta. Não nos casamos por erro, foi tudo um plano dele! O que dizer
dos meus votos? Somente alguém muito apaixonada seria capaz de confiar
à vida, o mundo, o coração, tudo nas mãos de outra pessoa. É assim que o
amor modifica a pessoa? Nunca em toda a minha vida confiei e acreditei em
alguém como faço com o Arthur.

Sim, eu sei que existe algo forte, um sentimento que eu nunca havia
sentido antes e agora ele parece ganhar forma, nome, lugar certo para morar
dentro de mim. Sinto algo tocar meu rosto e saio dos meus pensamentos,
me entregando ao toque delicado do Arthur limpando minhas lágrimas.
Prendo a respiração quando seus dedos tocam meu queixo e viram meu
rosto para ele. Meu coração parece querer sair do peito de tão forte que
bate. Fecho meus olhos com medo de encarar os dele, tendo sua frase dos
votos ecoando em minha cabeça.

"...olharei em seus olhos e direi sem medo, eu te amo!"

Seu dedo passa pelos meus lábios, solto o ar que prendi suavemente e
Arthur aproveita minha boca entreaberta para encaixar seus lábios nos
meus. Suga com uma leva pressão, desliza para o meu queixo e minha
cabeça tomba para trás. Carinhosamente sua mão esquerda se encaixa em
meu pescoço, a direita em minha cintura e sou puxada pra cima dele.
Sento sobre suas pernas, ficando com os joelhos nas laterais, suas mãos
agora estão em meu pescoço me segurando firme em frente ao seu rosto,
mas não consigo abrir meus olhos. Meu coque se desfaz e meu cabelo cai
sobre meus ombros. Sinto seu nariz tocar de leve o meu, sei que sua boca
está perto da minha, pelo ar quente que sai dela. Minha respiração acelera,
não consigo tocá-lo, me mover, apenas espero por Arthur, pelo que pretende
fazer. Seu rosto se esfrega na lateral do meu, seus dedos afundam em meu
cabelo e suspiro alto quando segura alguns fios com força. Sua boca toca
meu pescoço, suga, beija e fico ainda mais ofegante. Sinto seus lábios em
meu ombro e sua mão direita desce da minha nuca, acompanhando o
caminho que sua boca faz. Segura a alça da minha camisola e deslizando
ela pelo meu ombro, desce até cair em meu braço. Sobe a mão novamente
para a minha nuca, faz a mesma tortura com a esquerda e minha camisola
escorrega até minha cintura, expondo meus seios. Estar de olhos fechados,
entregue somente as sensações torna tudo ainda mais intenso. Suas mãos se
unem atrás do meu cabelo, segura ele em um rabo de cavalo e puxa,
fazendo meu corpo curvar e meus seios empinarem.

Arthur beija entre meus seios, trilha um caminho quente com sua boca e
sinto algumas vezes sua língua. Alcança meu mamilo esquerdo, passa a
língua em torno dele, os dentes e então seus lábios se moldam
perfeitamente, sugando com uma leve força. Um gemido baixo de prazer
escapa pela minha boca e finalmente minhas mãos se movem indo até seu
cabelo. Os sons do meu corpo desaparecem quando minha atenção se volta
aos suspiros e gemidos do Arthur. Finalmente abro meus olhos e encaro o
teto sobre nós, enquanto sua boca devora meus seios. Agarro seu cabelo,
puxo sua boca e tomada por uma coragem, um desejo louco de ver seus
olhos, trago seu rosto para a frente do meu. Ficamos nos olhando por
minutos, como se as palavras não fossem necessárias, já que os nossos
corpos entregam o que sentimos e nossas mentes conectadas conseguem se
ler.
Nossas mãos percorrem nossos corpos como se tocassem algo puro,
delicado, sensível. Nossas peles se unem, nos esfregamos um no outro com
uma necessidade sufocante de sentir. Quando sua boca encosta na minha, o
desespero do beijo é alucinante e nos devoramos. Arthur rasga minha
camisola, joga os tecidos picados para longe e minhas mãos rapidamente
livram seu membro de dentro de sua cueca. O masturbo rapidamente e seus
gemidos ecoam pela sala. Suas mãos agarram minha bunda a erguendo e
levando sobre sua ereção.
Posiciono ele na minha entrada, encaro seus olhos e nossos lábios se
abrem um pouco, o suficiente para gemermos juntos de prazer, quando seu
membro me penetra até o fundo. Seus braços envolvem o meu corpo,
minhas mãos seguram seu rosto e começamos com movimentos calmos,
sentindo nossa conexão. Nos beijamos e sua língua dança em minha boca,
se embolando gostoso com a minha. Ergo a bunda e desço forte, arrancando
seu suspiro de prazer. Repito mais algumas vezes, em um ritmo mais
intenso, mais gostoso. Arthur agarra minha cintura e nos levanta do chão
sem muita dificuldade. Nos mantém conectados, minhas pernas agarram sua
cintura e meus braços seu pescoço. Sorri enquanto nos leva para a parte
superior onde fica na nossa cama. Beijo todo seu rosto, parando em seus
lábios. Danço minha boca sobre a dele e finalmente sou colocada na cama.

Sorrimos juntos sem qualquer motivo. Acomodo melhor seu corpo entre
minhas pernas e Arthur começa a se mover. Empurra seu quadril com força,
fazendo seu membro ir fundo dentro de mim e meu corpo afunda no
colchão. Minhas mãos percorrem seus braços, apertando conforme o prazer
aumenta dentro de mim. Os movimentos aceleram e encaro seus olhos que
brilham pra mim.
Nossas bocas não se tocam, apenas emitem para nós o som do prazer
que nossos corpos sentem agora. Sua mão direta procura a minha esquerda
e a leva até seu peito, me fazendo sentir seu coração acelerado.
Agarro sua cintura com as pernas, nos rodo na cama e fico por cima do
Arthur. Ele tenta arrumar meu cabelo para ver meu rosto, mas impeço sua
mão de tentar segurar alguns fios. Trago ela para o meu peito, pra que
também sinta o quanto meu coração bate acelerado por ele. Nossas bocas se
procuram e quando se encontram, o beijo que não posso mais viver sem
acontece.

- Arthur!

- Victória!

A explosão acontece e desabo sobre seu corpo, sentindo os tremores, o


alívio, o prazer me consumir. Tudo se acalma, meus olhos se fecham e
adormeço no peito do Arthur!

**************
Escuto uma voz no fundo da minha cabeça. Tento abrir meus olhos, mas
não consigo, o sono é muito grande.

- Prepara o jatinho que estarei no aeroporto em duas horas.

É a voz do Arthur! Minhas mãos procuram por ele na cama, mas não o
encontro. Forço meus olhos, abro e tento ver algum sinal dele perto da
cama.

- Volta a dormir!

Ele surge ao meu lado e sorri.

- Com quem estava falando? Pra que o jatinho?

Pergunto sonolenta e seu sorriso some.

- Preciso resolver uma coisa com urgência, prometo que volto rápido.

- Você não me disse nada sobre ter uma viagem hoje.

- É algo rápido e pessoal!

Beija minha testa e percebo quando se afasta que está todo arrumado.

- Cuida da nossa empresa até eu voltar.

Beija meus lábios e volta a sorrir.

- Já volto!

Uma sensação estranha no peito me incomoda muito.

- Vou com você!

- Não! Preciso de você na empresa, até o fim do dia estarei de volta.

Beija minha mão, se levanta e vai se afastando.


- Volta a dormir, ainda está cedo!

Ele vai descendo a escada e some da minha vista. Olho o despertador ao


lado da cama e são quase 4h da manhã. Escuto o barulho da porta se abrir e
em seguida se fechar. Respiro fundo para tentar acalmar a coisa em meu
peito, mas não consigo. Abraço meu travesseiro e tento voltar a dormir.

*********
Ligo mais uma vez para o celular do Arthur e novamente caixa postal.

- Luna!

Grito por ela enquanto caminho em direção a sala da presidência.

- Vick!

- Conseguiu falar com o Arthur?

- Não!

- Tem certeza que ele não te falou para onde estava indo?

- Tenho!

Paro em frente a ela e olho fundo em seus olhos.

- Não minta pra mim, por favor! Alguma coisa aconteceu nessa
madrugada que o fez viajar. Não é possível que até agora ele não tenha
falado com ninguém.

Digo nervosa, porque já são 14h da tarde.

- Vick, só fiquei sabendo da viagem dele, porque você me contou


quando chegou. Sueli também não faz idéia de onde ele está.

- Liga para a empresa que locamos sempre o jatinho. Avisa que preciso
da rota de vôo que o Arthur usou.

- Vou fazer isso agora.


- Estarei na sala dele esperando.

Vou para a sala e Tiffany entra nervosa logo em seguida.

- Vick...

Diz meu nome, mas logo para como se estivesse encontrando palavras
para continuar. Seus olhos estão arregalados e começo a ficar preocupada.

- O que foi, Tiffany?

- Boston! Arthur foi para Boston no jatinho, mas cancelaram seu retorno
agora de tarde.

Luna avisa entrando na sala e só existe uma razão para ele ir para
Boston. Me pergunto o que o Sr. Oscar e o Henrique fizeram agora para
levar o Arthur até eles. Que merda fizeram?!

- Vick...

Novamente Tiffany pronuncia meu nome em tom de susto.

- O que foi?

Entrega o celular que está em sua mão e quando olho a tela, vejo uma
reportagem com a foto do Arthur. Meus olhos sobem para as letras enormes
que anunciam a matéria.

“EMPRESÁRIO ARTHUR FANTINI É ATINGIDO POR TIRO EM


CONFRONTO DA POLÍCIA E BANDIDOS QUE TENTAVAM
SEQUESTRÁ-LO.”
PASSADO DE MERDA

NARRAÇÃO ARTHUR

Observo Victória dormindo ao meu lado. Ela está de bruços agarrada ao


travesseiro e não consigo dormir, porque quero ficar olhando seu rosto a
noite toda. Estou com sono, mas me nego a perder esse momento único,
onde posso apenas admirar cada traço de seu rosto. Um pequeno sorriso
surge em seus lábios e me pergunto com o que ela sonha. Meu celular
começa a tocar e lembro que o deixei no balcão da cozinha. Saio da cama o
mais rápido que consigo, desço a escada e tento desligar o celular antes que
ele acorde Victória. Ele para de tocar em minhas mãos e paro de me mover
para tentar escutar algo na parte de cima, parece que ela não acordou. Olho
o visor e o nome do Henrique aparece como chamada não atendida. São
quase 03h da manhã, o que esse infeliz quer? Recebo um email dele e clico
para abrir.

DE: HENRIQUE
PARA: ARTHUR FANTINI
ASSUNTO: LEIA COM ATENÇÃO!

Como vai, meu caro amigo? Devo lhe dar os parabéns pelo casamento?
Como se sente roubando a mulher de um amigo? Aposto que Victória só
aceitou ser sua, porque você ofereceu a vice-presidência pra ela. A cretina
se dizia diferente, que não estava à venda como mulher interesseira e
acabou dando o golpe no mais burro de nós dois. Só me pergunto se ela é
realmente tudo isso na cama, chegando a te fazer dar tudo a ela.

O assunto aqui não é a vadia, mas sim sua querida mamãe e todo o
passado podre do seu pai. Não foi difícil encontrar as amantes dele,
comprar provas, reunir coisas bem interessantes sobre o passado nada
correto do seu pai.
Quem diria que o justo Arthur Fantini compraria o silêncio das
amantes de Osvaldo Fantini, para que a mamãe não sofresse. Você tem até
ás 10h da manhã para me encontrar em Boston ou jogo toda essa merda na
imprensa. Não venha com ninguém, o assunto é só nosso! Segue endereço
do local onde deve me encontrar, prepare o bolso, acredito que meu
silêncio vale muito. Mande um beijo para nossa deliciosa Victória. Ainda
sonho com seu corpo e seu cheiro.

Não se atrase!

- Filho da...

Me controlo para não tacar o celular na parede. Podre, escroto, imbecil!


Sento no sofá e passo as mãos no rosto e no cabelo, tentando de verdade me
acalmar. Calculo o tempo que tenho para chegar em Boston no horário e
decido que de jatinho será mais rápido. Isso não vai ficar assim, esse filho
da mãe vai ser preso ainda hoje. Pego o celular e pego na agenda o telefone
de um amigo meu na polícia. Ligo e espero que atenda a essa hora da noite.

- Arthur!

- Olavo, preciso de sua ajuda!

- Cara, faz tempo que não nos falamos!

- Eu sei, desculpa ligar e já começar pedindo sua ajuda, mas o assunto e


sério.

Conto a ele tudo sobre o Henrique, sem esconder nada. Olavo está na
delegacia e por isso consegue ter acesso rápido aos boletins de ocorrências
e denúncias.
- Tem uma ordem de prisão preventiva pra ele, mas não conseguiram
realizar o cumprimento porque o infeliz está desaparecido.

- Está em Boston, marcou um encontro comigo ás 10h. Tenho o


endereço do local e estou alugando um jatinho para me levar.

- Vou verificar com a polícia de Boston se conseguimos algum apoio.


Não acho que seja bom encontrá-lo sozinho.

- Certo! Vai me comunicando tudo por telefone, te envio o local do


encontro por mensagem.
- Arthur, não faça nada sem reforço da polícia, esse homem pode estar
armando alguma coisa.

- Eu sei, por isso te procurei.

- Vamos nos comunicando!

Desligo e entro em contato com a companhia responsável pela locação


de jatinhos. Informam que vão tentar verificar um de imediato e me
retornam a ligação. Deixo o celular no silencioso e volto para a parte de
cima. Sem acordar Victória pego roupas, meu sapato e vou para o banheiro.

***********

Termino de colocar o sapato e meu celular acende a luz, conforme


ligam.

- Alô!

Atendo com a voz baixa, indo para o canto do quarto.


- Sr. Fantini, conseguimos o jatinho, mas não se encontra no aeroporto
que deseja, somente no aeroporto da cidade vizinha.

- Prepara o jatinho que estarei no aeroporto em duas horas.

Aviso e desligo, guardando o celular no bolso. Escuto a respiração


pesada da Victória e vejo suas mãos me procurando na cama. Ela está tão
sonolenta que não consegue abrir os olhos.

- Volta a dormir!

Digo me sentando ao seu lado, vendo como fica encantadora tentando


me olhar com sono.

- Com quem estava falando? Pra que o jatinho?

Não quero deixá-la preocupada por causa do Henrique. Sei que vai
querer ir comigo, mas o melhor é resolver isso sem ela, sem qualquer
perigo.
- Preciso resolver uma coisa com urgência, prometo que volto rápido.

- Você não me disse nada sobre ter uma viagem hoje.

- É algo rápido e pessoal!

Beijo sua testa e não me sinto culpado por esconder, já que de fato é
algo pessoal, do passado de merda do meu pai.

- Cuida da nossa empresa até eu voltar.

Beijo seus lábios e minha vontade agora é puxá-la para os meus braços
e apertá-la forte. Ainda não sai de perto da Victória, mas já sinto saudade de
seu calor, seu perfume, seu sorriso...
- Já volto!

- Vou com você!

- Não! Preciso de você na empresa, até o fim do dia estarei de volta.

Ela realmente não pode vir junto, não é seguro. Beijo sua mão e estou
pronto para partir.

- Volta a dormir, ainda está cedo!

Sussurro e sinto um aperto estranho no peito que piora muito a cada


passo que dou me distanciando dela.

*************

O piloto informa que em breve pousaremos em Boston. Coloco meu


cinto e olho mais uma vez a mensagem que Olavo me mandou, dizendo que
um policial vai me esperar na frente do aeroporto como taxista e irá me
levar até o local marcado com Henrique. Me passa o registro do táxi e a
placa, para não haver confusão. O policial se chama Handy e parece que
outro carro nos acompanhará em uma distância segura. Em pouco tempo
encontro o táxi e o policial disfarçado. Olho em volta para ver se tem algo
estranho, alguém me seguindo, mas não há nada. Se Henrique me mandou
vir sozinho, porque não estou sendo observado? Ele não confiaria em mim,
deveria ser abordado por algum cúmplice ou sendo vigiado. Está tudo muito
estranho. Entro no táxi e o policial com um movimento de cabeça me diz
que está tudo certo. Saímos com o carro para encontrar Henrique no local
marcado.

***********
Paramos em frente a um galpão abandonado e antes que eu consiga
olhar em volta ou sair do táxi, alguns homens se aproximam e tentam abrir
a porta do táxi.

- É emboscada!

O policial grita e acelera o carro, nos tirando do local. Um outro carro


surge a nossa frente e começa a atirar em nossa direção.

- Abaixa!

Faço o que o policial pede, mas percebo que os tiros não estão vindo em
direção a gente, mas sim no pneu. Nada atinge a lataria, é como se só
quisessem nos manter no carro escondidos e não nos matar. Handy pede
ajuda pelo celular e escutamos o som de pneus de carro. Mais tiros surgem
e dessa vez e uma troca e estamos no meio do fogo. A lataria do nosso carro
e atingida algumas vezes e algo acerta meu braço, fazendo-o queimar
muito. Arde, queima e quando coloco a mão sinto molhado. Olho meus
dedos e vejo sangue.

- Um tiro me acertou de raspão.

Aviso ao policial e parece que os carros se afastam. Os tiros cessam e


quando volto a me sentar no banco do carro consigo ver melhor onde o tiro
passou.

- Alguns policiais estão em perseguição com os homens que tentaram te


matar.

- Eles não estavam tentando me matar, os tiros no começo não estavam


vindo na direção do carro.
- Acha que eles queiram te sequestrar?

- Não! Se fosse isso teriam vindo até o carro e me levado a força.

- Então o que eles queriam?

- Não sei! Só vamos descobrir quando pegarem o Henrique.

- Vamos para o hospital ver seu braço.

*************

A enfermeira termina de dar o ultimo ponto no meu braço e cobre com


um curativo.

- Evite movimentos bruscos para não abrir os pontos.

- Obrigado!

Entrega meu casaco e quando puxo o celular do bolso dele, vejo que
estou sem bateria.

- Tem algum telefone que eu possa usar?

- Pode usar o daqui da sala. Vou te deixar sozinho um pouco, mas já


aviso que o hospital está cercado de jornalistas.

Respiro fundo e a enfermeira vai embora. Imagino que eu esteja em


vários sites de fofoca já, minha mãe e Victória devem estar preocupadas.
Antes que eu consiga ligar para Victória e dizer que estou bem, Handy entra
na sala e não parece nada feliz.

- O que houve?

- Conseguiram prender os homens que nos atacaram, mas Henrique não


estava com eles e muito menos no galpão. Nenhum sinal dele em torno do
local, nada.
- Como assim nada? Ele não marcaria um encontro, mandaria aqueles
homens para nada.
- Sinto muito, mas não tem nada dele, que ligue esses homens ao
Henrique.

- Vou fazer uma ligação e depois penso nisso.

Handy sai da sala e ligo para o celular na Victória, que cai direto na
caixa de mensagem. Ligo de novo e vai para o mesmo lugar. Não quero
ligar agora para a minha mãe, vai surtar comigo e chorar, preciso encontrar
a Victória. Ligo para o telefone da presidência e Tiffany atende bem rápido.

- Tiffany, sou eu!

- Arthur, você está bem?

Pergunta com a voz chorosa.

- Sim! Preciso falar com a Victória pode chamá-la?

Seu choro aumenta e percebo que tem alguma coisa errada.

- O que aconteceu?

- Vick assim que soube que sobre você, alugou um jatinho para ir te
encontrar.

Sua pausa faz meu coração acelerar e um calafrio percorrer meu corpo.

- O jatinho foi sequestrado pelo Henrique, ainda não sabemos pra onde
ele está a levando.
O SEQUESTRO

NARRAÇÃO VICTÓRIA

Leio mais uma vez a matéria e percebo que foi postada há dez minutos,
então acabaram de receber essa informação.

- Luna, você precisa ir até a Sueli agora e ver se ela já leu essa matéria.
Se ainda não leu, quero que fique com ela até eu ligar com noticias sobre o
que aconteceu com Arthur. Antes de deixá-la nervosa, vamos saber de fato
o que aconteceu.

Olho para Tiffany que chora muito.

- Preciso que você pare de chorar e me ajude a chegar até o Arthur.


Alugue um jatinho pra mim, seguirei para Boston imediatamente. Faça o
que for preciso para sairmos imediatamente, pague o dobro, resolva isso.

- Vick!

Luna me chama e quando se aproxima seca as lágrimas que descem


pelo meu rosto e nem percebi que chorava.

- Enquanto estiver indo para Sueli, vou tentar descobrir alguma coisa
sobre o Arthur.

Diz com a voz doce e só consigo mover minha cabeça concordando,


porque se abrir minha boca agora sei que vou chorar. Não posso fraquejar
agora, deixar o medo e o desespero me dominar. Se alguma coisa aconteceu
ao Arthur, preciso ser forte por ele agora.

- Tome cuidado! Quem fez isso a ele pode tentar alguma coisa contra
você também.
- Vou ser cuidadosa! Cuida da Sueli pra mim!

- Pode deixar!
- Vick, consegui um jatinho e estará pronto em trinta minutos.

- Tão rápido assim?

- Disseram que houve uma desistência de um cliente, que o jatinho já


está na pista te aguardando.

- Certo! Vou recolher minhas coisas e correr para o aeroporto.

Corro para a minha sala, pego bolsa, casaco e olho mais uma vez meu
celular para ver se tem alguma mensagem dele. Percebo que estou quase
sem bateria e não trouxe o carregador.

- Tiffany, preciso do celular da empresa vou levar pra usar quando o


meu acabar a bateria. Me ligue nele se não conseguir falar no meu.

- Toma!

Me entrega o celular e tenta de verdade conter as lágrimas.

- Não esquece de nos avisar sobre o Arthur quando tiver noticias.

- Pode deixar! Preciso que fique aqui, caso liguem de algum lugar para
falar dele.

- Vou ficar!

**********
Consigo entrar na pista do aeroporto e um segurança do aeroporto me
aguarda na escada do jatinho.
- Boa tarde!

Digo a ele que me ajuda a subir e entrar no jatinho. Assim que passo
pela porta, me assusto com a velocidade que ela se fecha atrás de mim.

- Sra. Fantini!

A comissária de bordo surge e seus olhos estão em todos os cantos,


menos em mim.
- Partiremos assim que estiver em seu assento.

Aponta uma poltrona e me sento. Enquanto coloco meu cinto, escuto


um sussurro em meu ouvido.

- Estamos em perigo!

Olho para a mulher que tem lágrimas nos olhos, finge me ajudar com o
cinto e suas mãos tremem demais.

- Tem um homem na cabine com uma arma na cabeça do piloto.

Quando vou virar a cabeça para olhar, ela pede pra não ter reações
bruscas.

- Ele tirou nossos telefones, se tiver algum com a senhora avise alguém
que o avião foi sequestrado, antes dele tomar seu celular.

- Se tentarmos fugir ele atira no piloto?

- Sim!

Fecho meus olhos e respiro fundo.


- Ele pretende te dopar, me pediu para colocar remédio na taça do seu
vinho.

Um aviso de decolagem surge e a comissária se afasta. De cabeça baixa


vai para o fundo do jatinho e pego meu celular na bolsa. Abro a parte das
mensagens e envio uma para Luna.

PARA: Luna

Luna, o jatinho que estou foi sequestrado e só consigo pensar em uma


pessoa que poderia tentar matar o Arthur e me sequestrar. Avisa a polícia
que o Henrique é o responsável por tudo isso. Não me ligue ou mande
mensagem, aguarde meu contato.

Seguro o celular com força enquanto o avião decola e tento pensar em


algum plano para me livrar do Henrique e nos salvar desse louco. O aviso
de que posso soltar cinto surge e quando solto o meu, escuto um suspiro
pesado perto do meu ouvido.

- Seu cheiro é único!

A voz do Henrique me causa nojo e controlo a vontade de mandá-lo ir à


merda. Atacá-lo não e uma saída, isso só o fará querer me apagar mais
rápido. Preciso arrancar dele a verdade sobre o que aconteceu com Arthur e
seus planos comigo.

- Henrique!

Sussurro com muita calma seu nome e logo ele aparece á minha frente.
Seu sorriso me causa calafrio e em sua mão vejo a arma.

- Sequestrar um avião só para ficar comigo? Incrível! Acho que é a


maior loucura que já fizeram por mim.

Tento inflar seu ego e pelo jeito como me olha, deu certo.
- Nenhuma loucura é suficiente para uma mulher como você.

- Desse jeito vou me sentir especial!

- Você é especial!

Senta na poltrona a minha frente e seus olhos logo focam no celular na


minha mão.

- Preciso que me entregue seu telefone.

- Com medo que eu o use para contar sua loucura para a polícia e o
Arthur?

- Acho que você não conseguiria contar ao Arthur, ele está em uma
situação difícil no momento.

Controlo a vontade de voar nesse filho da mãe e bater sem dó.

- O que você fez com ele?


- Por enquanto nada! A verdade é que Arthur foi só uma isca para te
pegar. Precisava dele longe e atraí-lo com falsas provas sobre as traições do
pai foi muito fácil. Marcamos um encontro em Boston, mas eu tinha outros
planos.

Sorri como se fosse o homem mais inteligente do mundo.

- Agora ele está com alguns amigos meus e o futuro dele vai depender
de você.

Espera! Henrique acredita que o sequestro deu certo, ainda não soube
que a tentativa deu errado e o Arthur está no hospital ferido. Essa é uma
informação que preciso manter escondida dele.

- O que posso fazer? Qual seu plano para mim?

- Você sabe quais os meus planos para nós!

Abro um pequeno sorriso e mantenho meus olhos conectados ao dele.

- Você sabia que eu alugaria o jatinho para ir a Boston saber mais do


sequestro do Arthur, ajudar a encontrá-lo.

- Sabia! Você não é o tipo de esposa que espera apavorada informações


sobre o marido.

- Que tipo de mulher sou?

- O tipo que não espera noticias, vai até elas. Aluguei o jatinho, deixei
na pista e só esperei sua secretaria procurar um disponível. Passei minha
locação para você e te esperei.

- Muito inteligente da sua parte.

- Obrigado!

- Agora eu só gostaria de saber para onde vamos. Seguimos o plano de


vôo para Boston?
- Não!

Estica a mão e pede meu celular. Agradeço muito o fato de ter pego o
celular da empresa antes de sair, por isso não tenho medo de entregar o
meu. Coloco em sua mão com um sorriso e o vejo guardar no bolso.

- Você está me surpreendendo, Victória!

- Em que sentido?

- Achei que me daria trabalho, já que nosso ultimo encontro você foi um
tanto violenta comigo.

- Você me tocou sem a minha permissão! Começa a ser gentil, que terá
de mim gentileza.

- Se pedir para te tocar agora vai deixar?

- Não! Você me sequestrou, me nega informações sobre onde vamos,


então não poderá me tocar.

- Estou armado e ainda assim você tenta fazer as regras do jogo?

- Você não vai atirar em mim até ter o que quer.

- O que eu quero?

Pergunta e se inclina para me olhar sedutor.

- O que você deseja está a sua frente e a minha morte não vai satisfazer
seus desejos.

- Garota esperta!

- Henrique, você não vai me tocar, ter nada de mim enquanto eu não
souber para onde estamos indo. Tem meu celular, não existe nenhuma
chance de contar a alguém sobre nossa rota.

- NÃO CONFIO EM VOCÊ!


Fala com a voz firme e isso me assusta.

- Você e o Arthur conseguem de alguma forma se livrar de mim, me


ferrar, me foder. Você roubou de mim a vice-presidência!

Solta a ultima frase com ódio e a expressão de seu rosto me diz que
preciso mudar o destino da conversa.

- Certo! Não me conte então seus planos, deixe tudo acontecer.

- Vamos beber em comemoração ao nosso destino, nosso momento.

Chama a comissária e ela se aproxima com duas taças de vinho. De


costas pra ele se curva com a bandeja e com os olhos me indica a taça com
remédio. Pego a taça ao lado e escuto a risada do Henrique.

- A outra taça, Victória!

- Por que não pode ser essa?

- Apenas pegue a outra.

Pego a que tem os remédios e a seguro com os pensamentos em como


me livrar dessa bebida. É claro que se tentar me livrar dessa, novas surgirão
com mais remédios.

- Obrigado!

Ele diz a comissária quando pega sua taça. Antes que ela saia, puxo seu
braço e rapidamente levo minha boca ao seu ouvido.

- Descubra nosso destino com o piloto.

Sussurro e a solto.

- O que disse a ela?

Henrique pergunta furioso e quando tenta pegar o braço da mulher o


impeço segurando sua mão.
- Perguntei se tem remédio para cólica, estou com dor. Quer saber
também do meu ciclo menstrual? Sim, por causa desse estresse acho que
adiantei meu período e estou com medo de me sujar toda também.

Digo rápido e finjo estar envergonhada. Solto sua mão, abaixo minha
cabeça e forço minhas lágrimas que logo surge.

- Estou realmente cansada dessa vida ao lado do Arthur. Cansada das


pessoas me julgando, dizendo que sou interesseira, que só quero o dinheiro
dele. Cansada da alta sociedade me medindo das cabeças aos pés, me
dizendo que não sirvo pra ele. Cansada de assumir responsabilidades que eu
não queria, a vice-presidência só me irrita, é problema atrás de problema.
Sabe o que eu queria de verdade?

Olho para ele com o rosto tomado pelas lágrimas.

- Sumir! Meu desejo agora é sumir e ficar longe de toda essa merda por
muito tempo.

Henrique sai de sua poltrona e fica de joelhos á minha frente.

- Vem sumir comigo!

- Você vai ser um escroto comigo? Não quero que me force a nada, não
gosto disso.

- Não vou forçar, mas você precisa me dar uma chance de te dar o
mundo.
Limpa meu rosto e fica me olhando.

- Não fuja de mim, preciso que me deixe conduzir nossas vidas.

- Vou deixar!

- Então beba o vinho e espere nosso destino chegar.

- Posso ir ao banheiro antes! Posso?

- Sim!
Levanto com a bolsa e sua mão a segura.

- Sem a bolsa!

- Preciso do que tem dentro dela e do remédio que a comissária vai


pegar pra mim.

- Se demorar mais que cinco minutos, vou te arrancar daquele banheiro.

- Não vou demorar, só vou ver minha situação. Posso pegar o remédio
com a comissária?

- Sim!

Com calma sigo até a pequena cozinha. Ao me ver a mulher fica


nervosa e sem tempo para acalmá-la pego o celular da empresa na bolsa.

- Descobriu o destino?

- Sim! Estamos indo para Berlim, estamos sem comunicação alguma,


voando no escuro para não nos acharem.
- Mande uma mensagem para o contato Luna avisando nosso destino e
fique com o celular mantendo eles informados sobre nós. Vou beber aquela
merda e apagar, preciso que seja agora a responsável por nos salvar.

- Eu...

- Você consegue!

Entrego o celular e olho para ver se Henrique se aproxima.

- Tenha cuidado!

Vou para o banheiro e me tranco. Lavo meu rosto, meu pescoço e só


consigo pensar em como Arthur está agora. Não sei como foram seus
ferimentos, se está lutando pela vida, se está em segurança e bem. Só espero
que esse inferno aqui acabe bem e eu consiga ir até ele logo. Respiro fundo,
seco meu rosto e minhas mãos. Abro a porta do banheiro e me assusto ao
ver Henrique.
- Cinco minutos!

Diz e pegando minha mão me leva de volta para a poltrona.

- Senta e tome o vinho.

Ordena e sento de volta na minha poltrona. Pego a taça e encaro o


liquido dentro dela.

- Vou beber e imagino o que vai acontecer depois.

Meus olhos se voltam para os do Henrique.

- Vou confiar em você e não vou temer beber isso aqui. Só que preciso
da sua palavra de que não me tocará, não fará nada até eu voltar a acordar.

- Tem a minha palavra!

Encarando seus olhos viro toda a taça e bebo tudo que tem nela. Seu
sorriso é enorme e devolvo a taça pra ele. Encosto na poltrona e começo a
enxergar tudo desfocado. Meus olhos pesam e sinto uma mão alisando meu
rosto.

- Minha! Só minha!
MOVENDO O MUNDO POR ELA

NARRAÇÃO ARTHUR

Agora tudo se encaixa, fazendo muito sentido! Henrique me fez vir para
Boston, me separou da Victória e armou toda essa cena pra ela ficar
preocupada e vir atrás. Os tiros que não eram certos, a tentativa de me
pegar, uma armação de merda. O que não consigo entender é como ele
conseguiu entrar no jatinho com ela, como isso aconteceu? Como?

- Arthur!

Tiffany me chama preocupada com meu silêncio e respiro fundo para


tentar não surtar, só que é impossível como fui tão idiota em cair nesse
plano? Preciso entender tudo, focar em como tirar Victória das mãos do
Henrique.

- Me conta tudo que sabemos até agora.

- O celular da Vick está desligado, mas ela mandou mensagem para a


Luna antes disso avisando o sequestro. Depois não sabemos se desligou,
acabou a bateria ou jogaram fora ele pra não termos mais contato com ela.

- A rota do vôo era Boston?

- Sim, mas pelo que a empresa aérea comunicou, o jatinho saiu do radar
e não sabemos mais se segue para Boston.

- Tiffany, preciso saber tudo que a Victória fez até seguir para o jatinho,
alguma coisa que possa nos ajudar.

- Eu não sei! Não sei!

Começa a ficar nervosa e tento acalmá-la.

- A polícia já foi informada?


- Sim! Luna está em contato com eles, mas estão todos perdidos.

- Preciso desligar, vou tentar pegar um celular e mudar meu chip de


telefone. Vou ligar para a Luna e ver se tem novidade.

Antes de desligar, Tiffany grita meu nome.

- O telefone da empresa! Ela levou o telefone da empresa porque estava


sem bateria o dela.

- Já tentaram ligar pra ele?

- Não! Vou ligar agora!

- Não, deixa que eu ligo.

- Desculpa não lembrar disso antes.

- Me mantenha informado sobre tudo.

Desligo e saio da sala procurando o policial que estava comigo. Assim


que encontro o Handy passo tudo que esta acontecendo.

- Precisamos fazer alguma coisa, colocar policiais em todos os


aeroportos do mundo, descobrir quem é o piloto do jatinho, tem que ter
alguma forma de rastreá-los.

- Sr. Fantini, não é tão fácil assim! Não existe a possibilidade de


comunicar todas as polícias do mundo para que fiquem em todos os
aeroportos procurando pelo Henrique. Existe toda uma burocracia, que
exige um tempo que não temos.
- Eu sei que não é, mas vamos fazer. Temos que fazer de tudo, não
posso permitir que aquele merda fique mais tempo com a minha mulher. Se
ele consegue pousar sem interferência, em segundos some de qualquer
possibilidade de o encontrarmos.

- Tenta se acalmar!
Pede ao me ver andando de um lado para o outro e estou quase
arrancando meu cabelo.

- Me acalmar? Um louco sequestra a minha mulher, tem uma obsessão


doentia por ela e você quer que eu me acalme? Estão desaparecidos em
algum lugar no céu e não sei como salvar a mulher que amo!

Meu peito parece que vai explodir e o ar começa a faltar.

- Não importa... como... não importa nada...

Tento puxar o ar de volta pra dentro de mim.

- Farei tudo... pra salvar a Victória!

Me apoio na parede do hospital e a enfermeira se aproxima.

- Você não se sente bem!

- Preciso de um celular! Compro qualquer um usado... pago o que


quiserem... por ele.

Ela tira do bolso seu aparelho e me entrega.

- Pode usar!

- Obrigado!
Pego o meu, tiro o chip e coloco em sua mão.

- Preciso carregar!

- Vou ver o que consigo fazer.

Arrumo o aparelho em minha mão com o meu chip e espero reiniciar.

- Victória está com dois aparelhos com ela. Um sem bateria e o outro
ainda não sabemos como está, se ainda está com ela.
Aviso ao Handy que pede o número para tentar rastrear. Antes que
consiga dizer os números, Luna me liga e atendo rápido.

- Me diz que tem novidades sobre a Victória.

- Berlim! O filho da puta está em rota para Berlim. Já pedi um jatinho


pra você, se sair em trinta minutos, sua chegada será antes da dele. Corre
para o aeroporto, Arthur!

- Espera!

Peço a Luna para que não desligue, enquanto conto ao Handy a rota do
Henrique.

- Preciso chegar ao aeroporto o mais rápido possível.

- Tem uma viatura lá fora, podemos sair agora mesmo.

- Luna, estou seguindo para o aeroporto, tem certeza que estão indo para
Berlim?

- Estou conversando com a comissária do jatinho pelo celular da


empresa.
- Por que não está falando com a Victória?

Luna fica em silêncio e paro de andar sentindo um aperto no peito.

- Ela ainda está viva?

- Eu não sei! As mensagens são curtas, apenas dizendo rota e tempo


estimado para pouso.

- Como sabe que não é uma armação do Henrique?

- A comissária mandou uma foto escondida da Vick na poltrona.

- Como ela estava?

- Arthur, é melhor parar de fazer pergunta e focar em salva-la.


- Como ela estava?

Peço gritando e tentando de verdade controlar a raiva dentro de mim.

- Inconsciente! Aparentemente sem nenhum machucado, mas


inconsciente.

- Vou matar o Henrique! Juro que se ele tocar nela, arranco todos os
dedos da mão dele.

Desligo e sigo para a viatura, não posso perder nenhum segundo, nada
do meu tempo.

***************

O jatinho pousa e segundo orientação do controle aéreo daqui, um outro


jato particular pousará em breve. Handy veio comigo e está sendo nosso
contato com a policia local. Estamos verificando uma forma de tirar
Henrique do jatinho sem que perceba que estamos aqui, que esse infeliz
será preso. Não recebemos mais nenhuma mensagem da comissária e não
sabemos se ele está armado, mas acredito que para manter todos reféns,
esteja sim armado. Não podemos invadir o jatinho, então teremos que
afastá-lo para pegá-lo sem perigo que machuque ninguém.

- Sr. Fantini, vamos posicionar dois carros da empresa aérea com


policiais perto de onde o jatinho pousará. Vamos esperar o Sr. Henrique
aparecer, um dos funcionários daqui vai dizer que ouve um problema na
pista e quando estiver longe das vitimas realizaremos a prisão. Vou pedir
para que aguarde dentro da sala de segurança que fica na parte interna do
aeroporto.

- Não! Não tem a menor possibilidade de ficar longe.

- Será mais seguro!

- Não! Quando prenderem o Henrique, entrarei naquele jatinho pra


pegar a minha mulher.

- Prometa que não vai fazer nada até termos ele em nossas mãos.
- Prometo!

*************

De dentro do carro assisto o jatinho pousar e passo minhas mãos nas


pernas, tentando me acalmar. O som das batidas do meu coração aumentam,
calando os sons a minha volta. Repito mil vezes em minha mente que ela
está bem, que vai ficar tudo bem.
Os policias no carro comigo conversam entre si e um deles fala ao
telefone, mas parece que tudo em torno está sem som ainda. Handy me olha
e assisto sua boca se movendo, sem entender nada. Meus olhos desviam
dele e focam no jatinho. Conectam a escada em frente à porta, que logo se
abre. Meu corpo se move para perto da porta e Handy segura minha mão.
Olho pra ele que parece nervoso e pela expressão em seu rosto está
preocupado. Volto meus olhos para o jatinho e vejo Henrique descendo pela
escada, ao seu lado está à comissária. Estão muito próximos e imagino que
a esteja usando como escudo, desconfiado de alguma coisa. Seguro o trinco
da porta do carro e me solto do Handy.

Quando abro a porta e saio, vejo a comissária empurrando o Henrique


com tudo e correndo pra longe dele. O infeliz ergue a mão e vejo mirar na
comissária para atirar. Nossa distância não é pequena, mas mesmo que
corra, não conseguirei impedir o tiro. Grito por ele, tentando chamar sua
atenção e corro em direção ao seu corpo. Henrique se vira pra mim, mas
não mantém a mão erguida e a arma é apontada para o chão. Me jogo contra
o seu corpo e nós dois caímos no asfalto da pista de pouso. Ele tenta trazer a
arma pra atirar em mim, mas arranco de sua mão e jogo longe. Seu corpo
vai lutando pra escapar de mim e acerto um soco nele.

- Seu merda!

Soco seu rosto sem parar e seus braços tentam impedir as porradas.

- Desgraçado! Filho da puta!

Bato com todas as forças que tenho, sem me importar com o sangue que
suja minhas mãos e a dor insuportável onde o tiro pegou de raspão.
Os pontos devem estar abrindo, mas que se dane, Henrique merece cada
soco e vou arrancar cada suspiro de vida dele com minhas mãos.

- Sr. Fantini!

Handy me grita, vários policiais me seguram e começam a me tirar de


cima do Henrique.

- Você vai matá-lo assim.

- Que morra!

Grito furioso e meus braços ficam presos.

- Vai ver sua mulher, se está bem!

- Victória!

Seu nome escapa da minha boca como um pedido de socorro e


empurrando os policiais para me soltarem, corro pra dentro do jatinho. Subo
os degraus, passo pela porta e paro a encontrá-la na poltrona desacordada.
Está presa ao cinto, corpo tombado para o lado e parece... morta.

- Não! Não! Não! Não!

Corro até ela, caio de joelhos a sua frente e empurrando seu cabelo para
o lado tento ver seu rosto.

- Victória!

Chamo, mas não vejo qualquer reação.

- Olha pra mim! Abre os olhos por favor!


Peço chorando, solto seu cinto e puxo seu corpo para o chão comigo.

- Olha pra mim! Olha pra mim!

Sua cabeça está em meu braço esquerdo e com a mão direita mexo em
seu rosto.
- Por favor! Por favor!

Pego sua mão e sinto ela tão fria. Verifico seu pulso e os batimentos são
tão baixos que quase não os sinto.

- Você precisa abrir os olhos pra mim! Fiz uma promessa e preciso
cumprir! Por favor! Preciso dizer o que sinto olhando pra eles. Por favor!

Trago seu corpo para o meu, aperto seu rosto contra o meu peito e tento
de alguma forma aquecê-la, parece tão fria.

- Acorda e diz pra mim que está bem, que ele não te tocou, não te
machucou!

Olho mais uma vez seu rosto e sua falta de reação me apavora. Uma
equipe médica entra no jatinho e tiram ela dos meus braços.

- Sinais fracos demais!


- Ele me obrigou a dopar ela.

A comissária aparece no jatinho, enrolada em uma coberta e chorando


tanto quanto eu.

- Não sei o que era, mas ela apagou rápido demais e até ele ficou
preocupado. Falava nervoso com alguém no telefone, dizia que havia
problema e que talvez tivesse dado remédio demais.
MEDO DO AMOR
NARRAÇÃO ARTHUR

Meus dedos rodam impaciente a aliança de casamento em meu dedo,


que já está vermelho de tanto que já fiz isso. Fecho meus olhos tentando de
verdade não ser consumido pelo medo, pelo desespero, por todos esses
sentimentos ruins que me assombram desde que soube que Victória foi
sequestrada. Nunca em toda a minha vida senti algo assim, esse medo
sufocante de perder alguém. Meu celular começa a tocar e sei que é minha
mãe pela musica do toque.

- Mãe!

- Filho, alguma novidade?

Pergunta nervosa e sinto meus olhos se encherem de lágrimas mais uma


vez. Estou usando todas as minhas forças desde que chegamos ao hospital
para não chorar.

- Ainda nada!

- Oh Deus!

Solta aos prantos e limpo meu rosto das lágrimas que escorrem.

- Se Deus quiser não será nada grave.

- Mãe, ela estava tão mole em meus braços, parecia sem vida!

Digo aos prantos, tendo a imagem remoendo a minha mente.

- Tenha fé, Arthur! Tenha fé!

Respiro fundo e volto a limpar meu rosto.

- Queria tanto estar com você agora!


- Queria seu colo!

- Meu bem! O que está sentindo? Só pede meu colo quando está doente.

- A sensação que tenho é que me tiraram o ar, que estou sufocando, que
procuro desesperadamente um sopro de ar e não encontro nada. É como se
eu só pudesse respirar com a Victória ao meu lado.

- Isso é amor, meu filho! Somos incapazes de viver, de respirar, sem a


pessoa.

- Esse era o meu medo!

Confesso e sinto o peito doer.

- Qual era o seu medo?

- Amar e me tornar dependente da pessoa ao ponto da minha vida só


existir se estiver ao lado dela. Medo que esse amor fosse dor, todos os
sentimentos ruins. Minha vida toda escondi meu coração do amor, porque
eu sabia que com ele não viria somente coisas boas. Não consigo lidar com
tantos sentimentos assim, com a inconstância deles. Odeio a falta de
controle que perco por amar a Victória mais do que tudo.

- Arthur...

Minha mãe tenta falar, mas para quando o médico me chama.

- Preciso desligar!
- Antes me escute!

Ordena e respira fundo.

- Não é Vick que te causa dor, todas as coisas ruins. Até hoje só vi ela
arrancar de você os melhores sentimentos. Isso tudo que sente nesse
momento não é culpa do seu amor por ela, mas sim do Henrique.

Novamente o médico me chama e caminho com medo em sua direção.


- Cuide da Ana!

Desliga e enfio o celular no bolso.

- Sr. Fantini, sou o Dr. Kuhn!


- Como está a minha mulher?

- Estamos aguardando os exames de sangue e urina para saber se


encontramos o tipo de remédio utilizado na Sra. Fantini. Podemos apenas
confirmar que foi uma dosagem excessiva, que causou uma overdose. Já
fizemos a lavagem para retirada do que ainda existia em seu corpo da droga
usada. Os demais exames físicos não apresentaram nada, tudo está bem.

- Ela já acordou?

- Não, mas seus sinais vitais já estão estabilizados. A droga utilizada


desacelerou seu coração e sua pressão arterial ficou muito baixa, estando
ela em algo como um pré-coma. Sua esposa logo estará no quarto e poderá
ficar com ela, não se preocupe. Ela está bem, só temos que esperar acordar.
Assim que estiver no quarto, uma das enfermeiras virá te chamar.
- Obrigado!

O médico vai embora e volto para a minha cadeira.

- Sr. Fantini!

Ergo a cabeça e vejo a comissária, que senta ao meu lado.

- Desculpa!

Pede chorando e parece devastada.

- Tentei ajudar, mas não sabia como.

- Consegue me contar tudo o que aconteceu?

- Sim!

- Não me esconda nenhum detalhe, mesmo que seja doloroso.


Ela respira fundo e fica olhando sua mão.

- Fomos chamados para atender um vôo para Boston. Perto da hora de


decolar fomos avisados que havia o cancelamento do plano de vôo. Quando
estávamos prontos para ir embora, a empresa nos avisou que um novo
cliente apareceu com a mesma rota. Isso é muito estranho, mas como já
estávamos por lá, continuamos com as mesmas orientações.

Fecha os olhos e sua respiração acelera.

- O piloto estava na cabine, estava verificando pela ultima vez as


poltronas, quando aquele homem entrou armado.

Volta a chorar muito e seguro sua mão.


- Me levou para cabine e enquanto dava as ordens, manteve a arma na
cabeça do piloto. Me entregou um vidro com algumas pílulas e mandou
colocar no vinho que iria servir a ele e sua amada.

Ouvi-la dizer que Henrique chamou Victória de amada, faz meu


estomago revirar.

- Percebi na hora que era um sequestro e que provavelmente a mulher


não estaria ali com ele por vontade própria. Ele pegou nossos telefones, me
mandou ir para a cozinha e disse que se eu tentasse fugir, mataria o piloto.
Bill trabalha comigo há dez anos, tem dois filhos novos e uma esposa que
ama muito.

- Eu entendo! Você precisava salva-lo.

- Sim! Preparei as taças, minhas mãos tremiam e não demorou muito


para o homem entrar na cozinha. Suas ordens foram para colocar tudo em
uma taça apenas, servir assim que ele sentasse com a mulher. Tentei fazer
perguntas, mas ele me ameaçou e me mandou apenas obedecer suas ordens.
Parecia alucinado, louco, obsessivo pela mulher, tive medo.

Me olha e vejo culpa por tudo que aconteceu.


- Assim que ela entrou no jatinho, ele me mandou recebê-la sem dizer
nada sobre o que estava acontecendo. Disse que estaria na cabine com a
arma na cabeça do piloto e que atiraria sem dó se eu fizesse alguma loucura.
Fui até Victória e em tendo segundos de coragem contei que o jatinho foi
sequestrado, que ela seria dopada e que ele pegaria seu celular, que deveria
avisar alguém imediatamente sobre o sequestro.

- Ela avisou a Luna, nossa secretaria.


- Voltei para o meu lugar, prendi meu cinto e quando decolamos, minha
coragem sumiu e o medo me dominou. Assisti do meu assento aquele
homem sentar em frente a ela e com seu olhar de loucura conversar sobre o
que estava fazendo. Devo dizer que a forma como Victória ficou calma e
dominou aquele homem me deixou em choque. Não entrou em desespero,
entrou na mente dele, em seus delírios e fez aquele homem ficar manso pra
ela. Era nítido que estava tentando tirar mais informações, saber sobre você,
saber para onde estávamos indo. Podia ver que ela criou uma ilusão para ele
de que estava infeliz, que queria ele e sumir da vida que tinha, isso criou
uma felicidade nele, que acalmou tudo. Se tivesse confrontado o idiota,
seria imediatamente dopada e não teríamos o plano brilhante dela para
executar.

- Que plano?

- Ela tinha mais um celular, que me entregou quando disse que


precisava ir ao banheiro. Me pediu para manter a Luna informada sobre o
que acontecia, que era para saber nosso destino com o piloto, enquanto ela
estava com o homem. Victória sabia que ficar acordada o vôo todo seria um
perigo e que em algum momento aquele homem tentaria algo ou cairia em
si sobre a mentira que ela contava. Me deixou responsável por manter vocês
atualizados sobre tudo e mesmo sabendo qual era a taça com remédio,
tomou após pedir para o homem prometer que não faria nada com ela. O
acalmou quanto a confiar nele para levá-la onde quisesse, desde que ele a
respeitasse em estado de inconsciência.

- Ele respeitou?
- Sim! Tive medo que não o fizesse, mas ficou ali admirando Victória
como se ela fosse algo divino, algo intocável, algo celestial. Era doentio de
ver e assustador! Só que ela mesmo adormecida tinha ânsia, tentava
vomitar, o desespero começou e a colocamos com a cabeça de lado quando
os vômitos vieram. Enquanto eu limpava sua boca e a ajudava a vomitar
porque estava apagada, ele gritava com alguém ao telefone, alguém que
tinha lhe dado a receita e a quantidade de medicação que precisava usar.

- Estava falando com algum médico que o ajudou com a receita para ter
acesso aos medicamentos. Provavelmente houve erro de dosagem, por isso
as complicações.

- Depois do meu depoimento a polícia disse a mesma coisa.

Passo as mãos em meu cabelo e suspiro aliviado ao saber que Henrique


não fez nada á Victória.

- Sua mulher foi incrível! Controlou aquele homem, me orientou a tudo


e sabia de alguma forma que no fim você estaria ali para salva-la.

- Victória é a mulher mais corajosa e incrível do mundo.

Digo com um pequeno sorriso e a comissária segura minha mão.

- Em um momento antes de beber o vinho ela encarou a taça e parecia


que o medo a dominava. Acho que ela só teve coragem de fazer aquilo,
porque pensou em você, pela confiança de que estaria ali para salva-la
quando o jatinho pousasse.

- Obrigado por tudo que fez! Foi essencial para que Victória pudesse
pensar em como cuidar do Henrique.

- Desculpa por não ter feito mais por ela.

- Não se culpe, Henrique é o culpado de tudo.

O policial chama por ela, acredito que para levá-la embora.

- Espero que tudo corra bem com a Victória.


- Obrigado!

****************

Termino meu café e quando jogo o copo no lixo, uma enfermeira me


chama.

- Sr. Fantini, vou levá-lo até o quarto de sua esposa.

Seguimos até o elevador, entramos e subimos até o quinto andar. Sabe


quando você prende a respiração e isso faz os sentidos sumirem? É assim
que me sinto agora! Andamos até a porta do quarto e a enfermeira abre para
mim.

- Qualquer coisa é só me chamar.

Não consigo responder e entro no quarto, ouvindo a porta se fechar atrás


de mim. Meus olhos focam na cama do hospital, em Victória, ela está ligada
ao monitor cardíaco e com um acesso em sua mão. Caminho até a cama, do
lado onde não tem nada ligado a ela. Meus olhos percorrem todo o seu
corpo, seu rosto parece finalmente corado, mas seus lábios ainda estão
pálidos. Sem pensar em nada, se posso, se devo, se vou machucá-la, tiro
meus sapatos, subo na cama e me deito ao seu lado. Com muito cuidado
viro um pouco seu corpo e a encaixo em mim.

Puxo seu cabelo para cima, abraço-a contra o meu peito e aspiro seu
cheiro, voltando finalmente a sentir o ar invadir meu corpo, me dando a
sensação de paz após um longo período sem respirar. Passo meu nariz por
seu pescoço e fecho meus olhos.

- Preciso desesperadamente que abra seus olhos para que eu diga o que
sinto, porque não suporto mais sentir e não dizer.
Sussurro só pra ela, sinto seu corpo se mexer e então se virar pra mim.
Olhos cansados, mas incrivelmente lindos me encaram prontos para ouvir
minha confissão.
EU TE AMO!
NARRAÇÃO ARTHUR

Os olhos da Victória se enchem de lágrimas e sua mão mesmo cansada


se ergue, tocando meu rosto.

- Tive medo... que estivesse... ferido...

Sussurra pausadamente quase sem voz, enquanto seus dedos de leve


acariciam minha barba. Passo meu braço por baixo de sua cabeça,
acomodando-a melhor. Com cuidado coloco seu cabelo para trás, me dando
uma visão mais perfeita de seu rosto. Meus dedos tocam a lateral de seu
rosto e seus olhos se fecham, entregues a esse simples ato. É como se sua
pele estivesse matando a saudade do meu toque. Enxugo suas lágrimas e
não consigo afastar minhas mãos.

- Tive medo de te perder!

Confesso e seus olhos se abrem, focando nos meus.

- Me odeio muito por ter caído no plano do Henrique e te deixado


sozinha. Não passou pela minha cabeça que ele seria capaz de tamanha
loucura. Acreditei realmente que ele fosse usar o passado do meu pai para
conseguir algo da empresa, quando na verdade ele só queria você.

- Me diz que ele está preso, por favor!

- Está!

Suspira aliviada e se aconchega no meu peito, aspirando forte o meu


cheiro.

- Só quero voltar pra casa!

Beijo sua cabeça e aproximo minha boca de seu ouvido.

- Preciso te dizer uma coisa.


Lentamente sua cabeça se afasta de mim e nos olhamos.

- Por alguns dias tenho pensado em como te dizer isso, o que fazer para
tornar o momento único, nosso!

Meu coração está muito acelerado e para tomar coragem, beijo seus
lábios de leve.

- Não sei ser romântico e a verdade é que nunca precisei ser. E nós dois
sabemos que romantismo não é algo que combine com a gente.

Victória sorri contra os meus lábios e me pego sorrindo também.

- Não espero de você flores, jantar romântico, velas e tão pouco uma
serenata.

Fala com diversão e fico feliz que esteja voltando a sua sanidade, após
tanto remédio.

- Eu poderia fazer tudo isso!

Digo com os olhos estreitos, tentando não sorrir.

- Mas você não seria capaz de apreciar tamanho romantismo, cairia na


risada.

- Acho que esqueceu a minha habilidade extraordinária de atuação. O


papel de romântica boba seria incrivelmente interpretado por mim.

- Quer uma noite romântica para sua atuação?

- Não!

Responde e passa a ponta do nariz no meu.

- Quero a realidade, o que realmente somos. Se tem alguma coisa pra


me dizer que seja do nosso jeito, da nossa forma gostosa de levar as coisas
da vida.
Passo meu nariz em seu rosto, parando ele perto de seu ouvido.

- Você já sabe o que vou dizer?

Pergunto baixinho, com um sorriso idiota no rosto.

- Sim!

- Então acho que eu não preciso confirmar o que já sabe.

Seu rosto se afasta e seus olhos procuram os meus.


- Acho que precisa! Pode ser que eu esteja entendendo tudo errado.

Seus lábios dançam sobre os meus.

- Você é muito esperta, entenderia algo tão obvio.

- O que é tão obvio?

Pergunta se fazendo de desentendida e mordo seu lábio inferior de leve.

- O que tenho pra dizer!

- Que é...

Instiga e amo demais seu humor, sua forma de dar leveza a tudo. Ela
sabe o quanto é difícil pra mim o amor, lidar com esse sentimento, só não
sabe ainda que por ela tudo se torna fácil pra mim, incluindo amar. Hoje
percebi o quanto amá-la pode desencadear em mim sentimentos novos,
sensações estranhas, as vezes ruins e desesperadoras como foi no caso do
Henrique. Só que nenhum sentimento é maior do que o meu amor por ela.
Nada é mais importante e necessário na minha vida do que amá-la, seja com
tudo, seja de qualquer forma, desde que seja com a Victória.

- Um dia você me perguntou se eu acreditava em amor para a vida toda,


em casamento feliz, na fidelidade a uma única pessoa pelo resto da vida.

- Você disse que não acreditava na possibilidade de amar alguém pela


vida toda, sendo fiel e só vivendo esse amor.
- Me pergunta de novo o que eu acho!

Peço e vejo um sorriso tímido em seu rosto.

- Tem certeza?

- Pergunta!

Victória respira fundo e seus olhos brilham para mim.

- Arthur Fantini, você acredita no amor? Acredita que pode amar a


mesma mulher para o resto de sua vida, sendo fiel a ela?

- Se a mulher for você e todas as suas personalidades deliciosas, SIM.

Sua risada me faz sorrir e puxo seu corpo para o meu.

- Eu te amo!

Digo de uma vez e sua risada some, restando apenas seus olhos
paralisados nos meus.

- Amo de uma forma tão avassaladora que eu não consigo respirar sem
ter você por perto. Amo com tanta intensidade que seria capaz de suportar
as dores do mundo, para que você não sentisse dor. Silenciaria o mundo pra
poder apenas ouvir sua voz, o som da sua respiração, dos seus gemidos de
prazer. Conto os segundos para te ver quando estou longe, pra sentir seu
corpo no meu, o seu cheiro, seu calor. Quando está perto de mim, só
consigo pensar em ter você em meus braços e quando está longe, todo o
meu corpo e mente trabalham em uma forma de ficar perto de você. Me
sinto como um girassol que busca o brilho do sol a vida toda. Você é o meu
sol e enquanto brilhar pra mim, estarei sempre aqui para te admirar. Eu te
amo! Eu te amo!

Seu rosto está todo molhado pelas lágrimas e em seus lábios tem um
lindo sorriso.

- Você disse que não era romântico!


Diz rindo e limpo suas lágrimas..

- Tenho medo do dia que decidir ser romântico.


Encosta a testa na minha e respiro fundo, aliviado por ter finalmente
dito o que meu coração por dias vem tentando dizer. Seus lábios encostam
nos meus e fecho meus olhos para me entregar ao seu beijo, mas ele não
vem. Abro um olho e percebo que Victória está me encarando.

- O que foi?

- Preciso arranjar uma declaração melhor que a sua.

- O QUE?

Digo alto e ganho uma mordida no lábio.

- Acabei de dizer que te amo e você só consegue pensar em uma forma


de devolver esse amor de um jeito mais foda?

- Sim!

- Você não pode só dizer que também me ama?

- Não! Agora você elevou o nível de declaração e preciso pensar em


algo muito grandioso e intenso.

- Algumas pessoas diriam agora que o importante não e a cena, mas sim
o sentimento dito de coração.

Viro a cabeça e deixo meu ouvido perto de sua boca.

- Estou pronto para ouvir as palavras lindas que tem pra me dizer.

Sua boca encosta no meu ouvido e sua respiração sensual me faz


prender o ar nos pulmões. Ela vai dizer do jeitinho safado dela. Fecho os
olhos e espero ansioso seu "eu te amo" com tesão.

- Não vou dizer agora, vai ter que esperar o momento certo.
Bufo e ganho um beijo no pescoço.

- Quero ir pra casa, podemos ver logo a minha liberação?

Pede e beijo sua cabeça, soltando seu corpo na cama.

- Acredito que logo terá alta, mas vai precisar falar com a polícia antes.
Vou verificar se eles conseguem vir aqui conversar com você, assim saímos
daqui direto para o aeroporto.

- Tá bom!

Antes de sair do quarto para organizar tudo, da porta olho para Victória.

- Te amo!

Digo com um pequeno sorriso e seu rosto fica corado.

- Obrigada?!

Responde sem graça.

- Não é assim que se responde.

- Valeu!?

É o deboche puro essa minha mulher.

- Acredito que também não seja assim.

- Deus te devolva esse amor em dobro?


- Versão religiosa é nova pra mim! Teremos em breve um pornô com
uma noviça?

- Isso te excita?

- Qualquer coisa com você, menos incesto, me excita.

- Padre e a noviça? Devo procurar as fantasias?


- Vai confessar seu amor por mim quando eu estiver vestido de padre?

- Vai me punir por esse amor cheio de pecado, Padre Arthur?

- É melhor eu ir logo resolver suas coisas pra gente ir embora pra casa e
realizar essa confissão.

- Vai rápido!

- Estou excitado!

- Vai logo, Padre Arthur!

- Assim você piora as coisas.

A safada ri e faz uma carinha de pura, casta, virgem e devota á Deus.

- Vou orar para que sua ereção seja curada e que nunca mais isso volte
acontecer, padre. Não queremos que este pecado volte a acontecer.

- Victória, não brinca com isso! Deus pode nos castigar me deixando
com problemas de ereção.
- Como sua esposa, que prometeu te amar de todo jeito, incluindo na
doença, devo dizer que posso viver sentada na sua língua e nos seus dedos.

Escuto um pigarrear atrás de mim e quando olho para o corredor vejo a


enfermeira com uma bandeja, com soro e algumas outras coisas. Ela está
vermelha e claramente constrangida. Me pergunto há quanto tempo estou na
porta evitando sua passagem e o quanto ela ouviu da nossa conversa.

- Preciso trocar o soro da Sra. Fantini!

- Claro!

Digo dando passagem e a coitada entra no quarto.

- Já volto!

**********
Finalmente estamos chegando em casa. Ajudo Victória a sair do carro e
de mãos dadas seguimos para a porta. Não precisamos abri-la, já que minha
mãe faz isso e pula em cima da gente junto com a Luna e a Tiffany.

- Vick!

Dizem juntas aliviadas e somos amassados por muitos braços.

- Que susto levamos aqui!

Minha mãe diz nos soltando, mas decide tocar toda a minha mulher pra
ver se realmente ela está bem.

- Tem certeza que está bem, que pode andar?


- Tenho!

- Acho melhor não forçar.

Fala e ganho um tapa no braço.

- Pegue sua mulher no colo, cuida dela direito.

Sem questionar e obedecendo a mulher que me colocou no mundo, pego


Victória no colo.

- Vamos para o quarto de vocês.

********

Acomodo Victória na cama, ela parece cansada da viagem de volta.


Ainda não está recuperada 100% da overdose que teve.

- Quer sopa, água, suco, fruta...

- Estou sem fome.

Responde a minha mãe e quando sento na cama ao seu lado, ficamos em


frente as três com cara de dó.
- Não precisam ficar assim, Victória está bem.

As três suspiram juntas e Tiffany e minha mãe seguram o braço da


Luna. Claramente nasceu uma amizade linda entre elas. Fico feliz em ver
que estamos nos tornando uma família. Meu celular começa a tocar e
quando olho o visor, o nome do Oscar pisca várias vezes. Desligo o
aparelho e coloco no criado ao meu lado.

- Quem era?

Victória pergunta me olhando.

- Oscar!

- Não era bom atender?

- Não! Agora vou cuidar da mulher que amo!

- Oh!

Escuto suspiro em coro e fico sem graça.

- Mulher que ele ama!

Minha mãe sussurra não tão discretamente para a Luna, que parece tão
boba quanto ela no sorriso.

- Vocês poderiam nos deixar descansar um pouco? Acho que


merecemos um banho e um sono tranquilo depois de tudo que passamos.

- Claro! Vamos meninas!

Minha mãe diz e Tiffany é a primeira a sair do quarto. O que me deixa


curioso é o fato da minha mãe sair de mãos dadas com a Luna. Quando
fecham a porta, Victória e eu nos olhamos e sei que pensamos a mesma
coisa.

- Luna e sua mãe?


- Acha?

- Não sei!

- Luna seria capaz de sentir atração por mulher?


- Sua mãe seria capaz de sentir atração por uma trans?

- Será que minha mãe percebeu que a Luna é trans?

- Claro que percebeu! Não seja bobo!

- Acho que não devemos pensar nisso agora. Vamos para o banho e
depois dormir um pouco que estou precisando.

*********

Deitamos na cama muito exaustos, nos encaixamos de lado e Victória


joga o cabelo pra cima do travesseiro. Cheiro seu pescoço, beijo e fecho
meus olhos.

- Eu te amo, Victória!

- Idem!

- Essa não é a resposta certa ainda!

- É o que temos pra hoje, Arthur!

- O que terei amanhã?

- Quando acordarmos faremos uma oração a Deus e esperar que ele


ilumine meus pensamentos e me diga como devo responder.

- Diga que também o ama, minha filha!

Fala com voz grossa, como se fosse Deus falando.

- Dorme, Arthur!
- É só dizer: Eu te amo!
- Dorme!

Coloco minha mão em sua boca e movo como se estivesse falando


comigo.

- Também te amo com todo meu coração, meu amor!

- Arthur, agora eu quero de verdade te torturar não dizendo o que sinto.

- Parei!

Abraço-a forte e fico em silêncio.

- Victória!

- O que foi?

- Amanhã seria um lindo dia pra confessar seu amor por mim.

- Amanhã é um lindo dia para tirar meu DIU, quem sabe depois.

- Já marcou a retirada?

- Sim!

- Então depois podemos começar a tentar?

- Sim!

- Vamos tentar um filho de verdade?

- Sim!

Ela responde rindo da minha empolgação.


- Em alguns dias será nosso casamento. Acha que podemos gerar um
bebê na lua de mel?

- Vamos ter uma lua de mel?


Pergunta como se não houvesse essa possibilidade.

- Sim!

- Posso escolher nosso destino?

Fala animada e concordo.

- Desde que não seja Boston ou Berlim, pode escolher.

Voltamos a ficar em silêncio e o sono começa a vir com tudo.

- Arthur!

- Hum!

- Diz que me ama de novo.

- Por que?

- Porque estou começando a depender dessa frase pra sentir meu


coração bater de verdade no meu peito.

- Eu te amo!
ESPERANDO
NARRAÇÃO VICTÓRIA

Arthur sai da mesa e percebo que está nervoso. Sei que acordou na
madrugada e ficou no escritório, voltando apenas perto do horário que
acordo. Ele não faz idéia que não dormi até voltar pra cama e que fiquei por
trinta minutos fingindo dormir em seus braços.

- O que está acontecendo?

Sueli pergunta preocupada e nos olhamos.

- Acho que ainda resolvendo a merda do Henrique!

Digo e dou de ombros, recebendo de volta a revirada de olhos dela.

- Aquele homem merece passar o resto da vida na prisão.

- Nós sabemos que não será assim! Acredito que neste momento Arthur
esteja com o Sr. Oscar no telefone, já que desde ontem esse homem está
ligando.

- O que acha que conversam?

- Se conheço seu filho, está rescindindo contrato com ele, ainda


deixando claro que vai fazer Henrique pagar por tudo de todas as formas
possíveis.

- Acha que o Arthur vai entrar com alguma ação no sentido de


indenização, danos, algo assim?

- Tirando o poder econômico das mãos do Henrique, tiraremos as


chances de sair impune também. Claro que o pai deve fazer algo, mas
quanto a isso não podemos fazer nada.
- Que isso acabe logo!

Sueli fala e suspira alto demais.


- Vamos focar no casamento que será em dois dias.

- Quer ajuda para alguma coisa?

Pergunto por educação, esperando que me livre de qualquer obrigação


quanto a esse casamento. Só de imaginar o tamanho da festa, enfrentar
convidados, fotos, sorrir o tempo todo, começo a ficar nervosa. Melhor não
saber como será e só enfrentar.

- Está tudo sob controle, Luna está me ajudando com os últimos


detalhes.

- Luna?

Pergunto sem demonstrar muito interesse nessa amizade que acabou de


nascer.

- Sim! Ela é incrível, tem bom gosto, pensa como eu, me ajuda na
indecisão e uma ótima companhia.

- Vocês estão bem intimas para tão pouco tempo de amizade.

- Você e meu filho se tornaram íntimos sem ter amizade alguma se bem
me lembro.

- Mas nós tivemos uma intimidade diferente antes da amizade.

Sueli arregala os olhos ao entender a que intimidade delas me refiro.


Seu rosto fica corado e seus olhos desviam para todos os lugares, fugindo
de mim.
- Não é o que está pensando, nós realmente nos relacionamos bem.

- Certo! Só preciso saber de uma coisa.

Seguro sua mão e espero Sueli me olhar.

- Você sabe que a Luna é trans, né?


- Claro que sei, só não entendo porque está me perguntando isso. Ela ser
trans deveria ser algum problema pra mim?

- Sueli, eu nunca diria que há um problema, porque só quero a


felicidade das pessoas que amo e amo demais vocês duas. Só precisava ter
certeza que você compreendeu a Luna, para então entender a amizade de
vocês.

- Vick, de forma alguma eu julgaria alguém por sua essência, sua alma,
suas mudanças, suas escolhas, sua libertação, seja qualquer coisa que a
torne livre. Luna brilha tanto diante dos meus olhos com tudo que ela é, que
seria impossível não desejar fazer parte de sua vida. Podemos dizer que
encontrei uma melhor amiga, que compartilha comigo das mesmas
loucuras.

- Fico feliz! Muito feliz eu diria.

- Preciso da sua ajuda para uma coisa.

- Qual?

- Marquei um encontro com um homem que conheci naquele aplicativo


que colocou no meu celular.

- Quem é? Qual o nome? Quando se conheceram?


- Calma! Luna está me ajudando com isso, não me deixando fazer
nenhuma loucura. Ela estará no restaurante nos observando, enquanto tento
ter esse encontro.

- Mesmo com a Luna, me mantenha informada de tudo.

- Pode deixar!

- Quero mensagem a cada trinta minutos.

- Trinta minutos?

- Sim!
- Luna pode mandar por mim essas mensagens, contando como está
indo?

- Pode! Quero vídeos de vocês, também.

- Vick, isso já é demais!

- Seu pedido de ajuda é com o Arthur?

- Sim!

- Quero mensagens e vídeos, caso contrario conto pra ele tudo.

Seus olhos se estreitam pra mim.

- Parece que aprendeu chantagem e a ser má no pouco tempo que ficou


com Henrique.

Nós duas rimos e Arthur volta para a mesa do café da manhã.

- Por que estão rindo?


- Sua mãe tem um...

- Um ótimo humor e vou mandar para a Vick os vídeos que me


mandaram sobre coisas idiotas da internet. Te mandarei por mensagem os
vídeos.

Abro um enorme sorriso e minha linda sogra revira os olhos.

- Victória, precisamos ir para o escritório. Tenho que assinar algumas


coisas antes de irmos para a Dra. Mariana.

- O que aconteceu? Não se sente bem?

Sueli pergunta nervosa e não quero contar a ela sobre nossos planos
para engravidar, quero que seja surpresa.

- Nada de grave, preciso apenas saber se as substâncias já saíram do


meu corpo. Exame de sangue padrão!
Digo rápido e ela se acalma.

- Certo! Espero que esteja tudo bem!

Olho para o Arthur que segura o sorriso no canto da boca. Ele adora
quando me coloca em situações assim.

- Vamos logo, então!

**************

NARRAÇÃO ARTHUR

Folheio mais um pouco da revista, mas minha atenção não está nela e
sim nas mulheres na recepção do consultório. Na verdade a atenção delas
estão em mim.
Me sinto como um pedaço enorme de filé no meio de leoas famintas.
Uma delas está com a barriga tão grande, que está estirada na cadeira com a
bunda na ponta. Mesmo assim posso ver seus olhos por cima da montanha
que algumas vezes se mexe e ela a acalma passando a mão. Acredito que
logo saia um lindo bebê de dentro dessa enorme barriga.

- Ameixa?

A mulher ao meu lado pergunta, enfiando o pote com a fruta no meu


nariz.

- Não, obrigado!

- Ajuda no intestino, faz três dias que não vou ao banheiro.

Acho que eu não precisava dessa informação.

- Café com leite quente também me ajuda a fazer o número dois, mas
libera tanto que tenho medo de ter hemorróida.

Olho em volta e as outras mulheres concordam, achando o assunto


super normal.
- Já tentou bater iogurte natural com ameixa e tamarindo?

Do nada receitas para soltar intestino começam a ser trocadas.

- Sentiu que seu cabelo caiu?

- Muito! Às vezes eu junto tudo e parece uma aranha gigante.

- Não me fale em aranha, por favor! Já nem sei mais como é lá embaixo,
meu marido que está me depilando.
Me encolho na cadeira, ouvindo desabafos e confissões que eu não
devia escutar.

- Você perdeu a vontade de transar? Eu não sinto mais tesão no meu


marido, não consigo. Olho pra ele, para aquela coisa dura toda e tenho
vontade de tentar quebrar no meio de ódio.

Sinto uma leve dor no meu membro, com pena do marido dessa mulher.

- Tive tesão no começo, depois comecei a fugir do sexo porque fiquei


apertada e agora no fim estou tão dilatada que abro as pernas e deixo ele
fazer o que quiser. Parece uma agulha entrando no pote de mel.

Todas estão rindo e a imagem de uma agulha se perdendo em um pote


de mel invade minha cabeça.

- Sinto o bico dos meus seios sensíveis, alguém está assim também?
Não consigo nem tocar de tanto que dói.

- Já começou a sair leite? Infelizmente perdi o colostro, meu leite


começou a vazar essa semana.

Diz a mulher que se esconde atrás da barriga. Me pergunto o que é


colostro, porque é tão importante.

- Vocês já falaram sobre o puerpério? Disse ao meu marido que dura


quatro meses.
As gargalhadas altas fazem minha curiosidade gritar e pego o celular no
bolso, procurando o que é esse puerpério.

"Puerpério é o período após o parto até que o organismo da mulher


volte às condições normais (pré-gestação).
Assim, ele se inicia com a saída da placenta e termina com a primeira
ovulação, que será seguida de menstruação. Sua duração costuma ser
variável, especialmente por conta da amamentação, uma vez que está
bloqueia a ovulação. Assim, mulheres que amamentam têm puerpério mais
duradouro. Alguns consideram o período de 45 a 60 dias pós-parto, pois
acredita-se que nesta fase todos os órgãos (exceto as mamas) já retornaram
às condições prévias, independentemente da amamentação."

- Ele não desconfiou de nada? A médica disse que são quarenta dias e
na frente do meu marido. Não tive a chance de estender meu período sem
sexo com uma mentirinha.

Olha só! Um plano diabólico contra os maridos pra fugir do sexo depois
do parto. Será que a Victória vai fazer o mesmo comigo? Ela não pode
saber que sei dessa informação. Preciso ler mais sobre a gravidez e o pós
parto, assim não serei mais um pai enganado.

- Não aguento mais meus pés, eles estão tão inchados. Não consigo
mais usar nada a não ser chinelos.

Meus olhos vão para os pés da mulher atrás da barriga e me assusto ao


perceber que suas unhas estão escondida em dedos gordinhos.

- Ontem quase fiz xixi na roupa.

A mulher do meu lado confessa com uma enorme bufada em seguida.

- Matheus empurrou minha bexiga com tudo e quase me mijei toda.

- Quem é Matheus?
Pergunto curioso e ela aponta pra sua barriga.

- O bebê!
Fala com deboche e ainda solta o ar pelo nariz, como se minha pergunta
fosse idiota.

- Desculpa!

Peço sem graça e ganho a atenção de todas.

- Por que está aqui?

Uma delas pergunta e aponto para a sala da Dra. Mariana.

- Minha mulher veio tirar o DIU, vamos tentar um bebê.

- Que legal! Você veio mesmo não podendo entrar?

- Sim! Acho que é importante passar por tudo junto com ela.

Vários olhos lacrimejando me encaram.

- Meu marido não fez isso comigo!

- Victória deseja muito a maternidade e se é um desejo dela, farei de


tudo pra ser perfeito. Vocês podem me ajudar com dicas?

*********
NARRAÇÃO VICTÓRIA

Me despeço da Dra. Mariana e ela me receita remédio para dor. Sinto


uma cólica chata e ela diz que é normal.

- Vou te acompanhar para ver meu lindo futuro papai.

Fala toda sorridente e temos uma apaixonada pelo Arthur aqui.

- Está na recepção, espero que não esteja incomodado por esperar tanto.

A médica abre a porta da sala, saímos falando sobre as orientações que


recebi para esse começo de tentativas, meus exames apontaram que estou
perfeita para engravidar.
- Meu... Deus....!

Dra. Mariana diz olhando a recepção e procuro o que a deixou em


choque. Encontro meu querido marido massageando os pés de uma das
gestantes, que come ameixa em um pote acomodado em sua barriga.

- Me explica de novo sobre os enjôos no começo da gravidez. O que te


fazia bem, mesmo?

As mulheres estão em torno dele falando sobre enjôo, inchaço, dores


nos seios e falta de interesse sexual.

- Vocês não sentem nada em nenhuma região do corpo? Nenhum lugar


que toca excita?

- Arthur!

Chamo por ele que sorri agarrado ao pé gordinho que massageia.

- Meninas, essa e a Victória!

Me apresenta ao seu novo grupo de amigas que me olham como se eu


fosse a mulher mais sortuda do mundo.
- Podemos ir, estou com cólica!

Ele acomoda o pé da gestante com cuidado no chinelo dela e vem até


mim.

- Está com muita dor?

- Não muita, só com aquela cólica que você já conhece.

- Vamos pra casa!

- Não, precisamos voltar pra empresa.

- Esquece empresa hoje, vamos cancelar tudo e ficar na cama.

Escuto muitos suspiros apaixonados e sons fofos.


- Obrigada Dra. Mariana por tudo!

- Não precisa agradecer!

Ela dá dois tapas no rosto dele, no estilo vovó que ama o neto e os dois
sorriem. Na verdade a recepção toda está bem sorridente e feliz com ele.

- Vamos!

Me abraça e com calma caminhamos pra fora do consultório.

- O que a Dra. Mariana receitou, o que orientou a fazer agora?

- Duas semanas sem sexo! Nada! Nem tocar, nem lamber, nadinha.
Irmãos por duas semanas.
SENDO PUNIDO
NARRAÇÃO ARTHUR

Paro de andar e olho para Victória tentando ver em seu rosto se está
mentindo. Hoje tive aulas intensivas com as minhas novas amigas de como
as mulheres nos enganam fácil com informações que a gente nunca vai
verificar se são reais. Se for mentira, o que eu acho que é, preciso entender
porque estou sendo punido. Falta de sexo é uma punição grave e não me
lembro de merecer isso em nada do que fiz ou disse hoje.

- O que foi?

Victória pergunta com os olhos estreitos e sei que está irritada.

- Acho que estou sendo punido por alguma coisa.

Revira os olhos e me deixando pra trás segue andando em direção ao


carro.

- Não estou punindo!

Resmunga e para na frente da porta do carro, me esperando abri-lo. Sei


onde obter a resposta para essa questão. Abro a porta do carro, deixo
Victória entrar e fecho. Pego meu celular no bolso e ligo para a Dra.
Mariana.

- Alô!

- Dra. Mariana, é o Arthur!

- Oi, querido! Tudo bem com a Vick? Vocês acabaram de sair daqui.
- Está tudo bem, ela só esta levemente incomodada com alguma coisa.

- Que coisa?

- Ela não lembra se podemos ter relação, por isso estou ligando.
Dra. Mariana ri de forma divertida e engraçada.

- Esses jovens casais! Claro que podem, desde que ela esteja confortável
e não sinta dor.

Olha só, minha geniosa mulher está me punindo por alguma coisa. Me
pergunto o que fiz para merecer isso. Olho em volta na rua e depois para
Victória de braços cruzados e bicuda dentro do carro.

- Dra. Mariana, a senhora acha que a minha mulher pode ter ficado
irritada por me pegar massageando os pés daquela pobre gestante?

- Não diria irritada, mas enciumada. Você estava fazendo uma boa ação,
mas talvez ela deseja essa atenção pra ela e não para outras mulheres.

- Isso é estranho, Victória não é o tipo de mulher que tem ciúmes.

- Não é ciúmes de você, mas sim dos seus cuidados destinados a outra
mulher.

- Devo massagear os pés dela?

Novamente ela volta a rir no telefone.

- Acho que pode fazer muitas coisas além de uma massagem nos pés
para deixá-la feliz.
- Obrigado pela ajuda! Vou cuidar da enciumada antes que ela me deixe
sem sexo por um mês.

- Boa sorte, querido!

- Bom trabalho, doutora!

Desligo e vou para o carro, me mantendo em silêncio para ver se o bico


enorme ao meu lado diminui. Victória suspira pesado, muda de posição
muitas vezes, mexe no cinto e finalmente vira o corpo para me olhar.

- O que tanto conversava com as gestantes?


Pergunta como se não estivesse interessada demais na resposta, como se
apenas puxasse um assunto banal. É incrível como conheço cada expressão
de seu rosto e tom de voz. Hoje descobri uma versão nova dela que me faz
ficar bobo por entender que sou o motivo. Nunca imaginei que ver uma
mulher com ciúmes de mim seria algo divertido.

- Quer saber mesmo?

- Por favor! Quero entender como chegou ao ponto de massagear os pés


de uma delas.

- Antes de chegar nisso, quero te contar que silenciosamente ouvi coisas


assustadoras sobre a gravidez.

- Coisas assustadoras?

- Sim!

- Por exemplo?!
Questiona e vejo um sorriso lindo em seu rosto. Prefiro ele ao bico
horrível emburrado que tinha antes.

- Intestino preso, bexiga solta, queda de cabelo, inchaço nos pés,


impossibilidade de se depilar onde você perde visão de sua parte íntima,
mamilos doloridos e o principal que era a falta de apetite sexual.

Victória está gargalhando e me uno a ela.

- É sério! Me senti invisível entre elas que falavam absolutamente tudo.


Tudo!

- Com pena decidiu massagear pés?

- Não! Percebi que havia muita coisa a aprender sobre gravidez, sobre
como seu corpo mudaria. Decidi fazer um curso intensivo com as minhas
amigas gestantes de como te ajudar. Aprendi receitas caseiras pra soltar
intestino, massagem nos pés para diminuir inchaço, coisas que ajudam na
fase do enjôo e algumas dicas de como manter seu desejo em mim.
Escondo a historia do resguardo, pra ver como ela vai usar isso contra
mim no futuro. Seus olhos brilham me encarando e sinto lá no fundo que se
arrepende da mentira das duas semanas sem sexo. Só que ela não faz idéia
de que sei a verdade e vou usar sua mentira como punição a ela. Claro que
Victória não vai desmentir, mas vai querer quebrar o suposto resguardo.
Serei um marido maravilhoso que segue com zelo as orientações da médica.
Ganho um beijo no rosto e seguimos para casa.

***********

Assim que entramos em casa, minha mãe nos recebe preocupada.

- Aconteceu alguma coisa?

- Victória está com dor e resolvemos voltar pra casa.

- Dor?

- Sueli, seu filho que está preocupado demais. Estou com cólica,
poderia muito bem trabalhar como toda mulher faz nesse período.

Victória diz levemente brava comigo.

- Me lembro do mês passado como ficou com cólica e não quero te ver
com dor. Mãe, preciso comprar os remédios, pode cuidar da sua nora
rapidinho pra mim?

- Claro! Vou levá-la para o quarto.

- Já volto!

Beijo Victória rapidamente nos lábios e a cabeça da minha mãe.

- Juízo vocês duas!

***********

NARRAÇÃO VICTÓRIA
Tomo um banho rápido, coloco meu pijama e quando volto para o
quarto encontro Sueli me esperando sentada na poltrona.

- Sente-se melhor?

- Sim!

Olho para a minha cama e vejo algumas roupas.


- Me ajuda a escolher a roupa para o encontro?

- Claro!

Sueli fica empolgada me mostrando as opções. Aos meus olhos tudo é


elegante demais, chamativo em excesso.

- Conheço essa carinha, usava quando o vestido de noiva não te


agradava.

Ela diz e fico sem graça. Às vezes esqueço que mãe e filho me
conhecem bem demais. Passei minha vida toda sem ter alguém que me
entendesse e agora tenho duas.

- Parece que vai a um evento da empresa.

- Chique demais?

- Sim!

- Me ajuda!

Pede toda nervosa e vamos de mãos dadas para o quarto dela. É a


primeira vez que entro em seu quarto, é enorme e de cor clara, oposto do
quarto do Arthur que tem possui o azul marinho como predominante.

- Vamos no meu closet.

Quando abre a porta, quase caio pra trás com o tamanho do closet.

- Pra que tanta roupa?


- Eu sei! Não tenho costume de doar e compro muito nas viagens.

- Me mostra o lado das roupas que não são chamativas.

Ela me mostra um canto escondido.

- Qual o nome do pretendente de hoje?

- Roberto!

- O que ele faz?

Pergunto enquanto mexo em algumas calças jeans que provavelmente


não usadas há anos.

- Tem uma fábrica de vidros.

- Interessante! Sobre o que conversam?

Pego um jeans azul marinho e jogo no ombro.

- Ele é viúvo também, tem três filhos a mais nova na faculdade ainda.

- Então é um homem de idade mais adequada?

- Não sei se poderia me envolver com um garoto.

Sueli fala tímida, mas com um sorriso fofo.

- Acho que deveria tentar de tudo.

- Vamos ver!

Pego uma camiseta básica branca e passo para a parte dos cardigans e
suéteres.

- O que acha do amarelo?


Mostro para Sueli a combinação jeans azul marinho, camiseta básica
branca e um cardigan amarelo gema de ovo.

- Acho que fica despojado e com uma sapatilha, corrente longa e


simples ficará perfeito.

- Acho que faz muito tempo que não me visto assim.

- Gosta?

- Sim!

- Victória!

Arthur me chama e logo surge no closet com a gente.

- O que estão fazendo aqui?

- Sua mãe me deixou ajudá-la a se vestir para o jantar que tem hoje.

Levo um beliscão da Sueli e vejo o olhar curioso do filho sobre a mãe.

- Ela vai acertar os ultimo detalhes com a organizadora do nosso


casamento. Sua mãe queria que fossemos, mas como faltamos ao trabalho
por causa da minha cólica, vamos faltar a esse evento também.

Olho pra ele pedindo pra confirmar que vamos faltar, como se eu não
quisesse de forma alguma ver coisas do casamento.

- Claro! Melhor ficarmos em casa.


- Tudo bem, vou sozinha!

Beijo o rosto da Sueli e abro um pequeno sorriso.

- Espero que dê tudo certo!

- Se não der certo a Luna estará lá.

- Luna?
Arthur pergunta e Sueli percebe que falou demais.

- Luna tem um gosto impecável, está me ajudando a escolher os


detalhes. Victória pediu para que ela me ajudasse, assim não fico com tudo
pra fazer sozinha.

- Certo!

- Vamos pra cama assistir um filme?

Peço arrastando Arthur comigo.

- Filme?

- Sim!

************

Entramos no quarto e vou para a cama.

- Quer alguma coisa?

Arthur pergunta e começa a tirar a roupa. Só que não faz de qualquer


jeito, parece um desses homens do clube das mulheres, exibindo seu corpo.
Até os sapatos são retirados com movimentos exibicionistas. Tira o
cinto e o joga na cadeira. Quero rir, porque entendi tudo! Esse homem
organizado nunca jogaria nada se não fosse pra parecer sensual. Passa a
mão no peito sentindo os botões da camisa e um a um vai abrindo, deixando
aos poucos seu peitoral gostoso aparecer. Percebo que seu quadril se move
no ritmo de alguma musica que deve tocar apenas em sua cabeça. Merda!
Aparentemente a musica também toca na minha cabeça. Cubro minha boca
para esconder o sorriso e novamente ele lança a roupa para a cadeira. Abre
o botão e desce o zíper da calça.

- Está me seduzindo, Sr. Fantini?

- Não faria isso, Sra. Fantini! Nós sabemos que não posso te tocar por
duas semanas e vamos respeitar esse período, certo?
- Certo!

- Só estou tirando as roupas para tomar banho.

Vira de costas e desce a calça por suas pernas me dando uma linda visão
de sua bunda. Ele é muito, muito, muito gostoso. Por que eu disse duas
semanas? Por que fiquei incomodada com ele e as gestantes?

- Talvez a gente deva estender as duas semanas para um mês!

Diz e vira-se mostrando seu membro duro. Por que ele está duro? Como
ficou duro tão rápido? Provocação com corpo, está super bem com as duas
semanas sem sexo e quer esticar mais, tem alguma coisa ai. Meu cérebro
trabalha em uma explicação e algo aconteceu naquela ligação que fez fora
do carro em frente ao consultório.

- Vou tomar um banho e...


Faz uma pose toda máscula apontando para o banheiro.

- Qualquer coisa me chama que venho correndo.

Fala com a voz rouca sensual.

- Já volto!

Assim que entra no banheiro e fecha a porta, corro para o celular dele e
tento verificar as ligações. Filho da mãe! Ele ligou para a Dra. Mariana
assim que me colocou no carro. Certeza que foi confirmar as duas semanas
sem sexo e claro ela negou dizendo que estamos liberados. Isso significa
que ele vai me provocar até me ver implorar para ter sexo.

- Você ainda tem muito pra aprender comigo, Arthur! Vamos ver quem
vai implorar por sexo primeiro.
JANTAR X JANTAR
NARRAÇÃO LUNA

Espero Sueli entrar no restaurante para não parecer que estamos juntas.
Ela reservou duas mesas, uma ao lado da outra pra que eu consiga ouvir a
conversa e ajudar quando preciso. Olho em volta, aguardo a atendente levá-
la pra dentro do restaurante e percebo como ela ficou linda em roupas
simples. Quase sou derrubada no chão quando um homem passa por mim
com pressa. Ele se quer pede desculpa pelo empurrão e ainda me lança um
olhar nojento julgando quem sou. Cretino! Arruma seu casaco, segue para
entrar no restaurante e respirando fundo decido ir cuidar da Sueli. A jovem
atendente me direciona até a mesa reservada para mim, me deseja um bom
jantar e sento ao lado da Sueli praticamente, já que nossas mesas estão bem
próximas. Nos olhamos rapidamente e sorrimos, o que não deveria ocorrer.
Fechamos o semblante e ela volta à atenção para o seu paquera.

- Deseja beber alguma coisa?

O garçom pergunta ao meu lado e tem outro na mesa do casal que vigio.

- Um vinho branco, por favor!

Peço ao mesmo tempo que Sueli e nós duas nos olhamos sorrindo.

- Bela escolha!

Diz para mim e ficamos sem graça.


- Quero Whisky e não me vem com qualquer um, que seja 12 anos.

Meus olhos finalmente encontram o acompanhante arrogante da Sueli e


percebo que é o mesmo homem que esbarrou comigo e não pediu desculpa.
Ele me ignora, mesmo eu lançando meu melhor olhar de ódio.

- Já deseja realizar o pedido do jantar?

O garçom pergunta e me entrega o cardápio. Enquanto escolho o meu


jantar, percebo que a mesa ao lado anda com problemas.
- Sueli querida, qual o problema em fazer o nosso pedido?

O homem pergunta e sei que finge a voz doce.

- Você se quer me perguntou se eu gosto de carne e gostaria de comer


cordeiro. Acredito que antes de escolher por nós, deveria ao menos me
perguntar se tenho algo em mente.

- O cordeiro daqui e divino e quero cordeiro.

- Coma seu cordeiro, me deixe comer o que eu quero.

Os dois ficam se olhando firme, esperando quem vai ceder primeiro.


Quero me virar na cadeira e assistir como se fosse uma luta, mas acredito
que não seja correto. Vamos, Sueli! Devora a masculinidade escrota desse
homem.

- Por anos vivi ao lado de um homem que me calou, que nunca soube
das minhas vontades. Não vou mais aceitar isso, não quero alguém que me
diga o que devo comer e sim que me alimente com as coisas que eu amo.

- Querida, eu apenas achei que poderíamos comer a mesma coisa.

- Não use seu tom de voz calmo para esconder seus pensamentos. Acha
que não percebi seus olhos me analisando procurando por jóias e um
vestido elegante? Você está procurando aqui uma mulher para exibir para
seus amigos.

- Não vou ficar aqui ouvindo absurdos!

O homem se levanta irritado e olha bravo para Sueli.

- Você é mais educada pelo telefone.

- E você deveria abrir menos a boca para falar besteiras machistas.


Talvez deva fazer uma reflexão sobre o tipo de homem que é, nos tempos
que vivemos hoje.

- Devo ser um homem como ele?


Aponta para mim com desprezo.

- Isso é o tipo de homem que deseja? Acredito que sou muito melhor
que essas coisas de hoje em dia.

Sueli segura meu braço, me impedindo de levantar e isso também me


cala.

- Sim! Esse é o tipo de mulher com quem eu me envolveria e seria


muito feliz. Completamente realizada e amada, com toda a certeza do
mundo. Uma felicidade que eu nunca teria ao seu lado, sendo oprimida e
obrigada a sorrir para uma vida infeliz. Já estive ao lado de um homem
fingindo felicidade, agora pode ser que seja o momento de viver ao lado de
uma mulher para realmente sorrir.

Abro um enorme sorriso para o cretino e simplesmente abraço Sueli a


tomando como minha.

- Tchau!

Digo com muita alegria, quase levando ele para fora do restaurante pelo
braço. O tal Roberto vira-se e sai batendo os pés no chão com força como
se fosse uma criança mimada contrariada pelo pai.

- Passa para a outra cadeira.

Sueli pede e vou para a cadeira ao lado, enquanto ela senta onde eu
estava.

- Cancela essa mesa e passa todos os pedidos para a que estou agora.

- E o Whisky?

- Cancela!

O garçom concorda e espera para fazermos o pedido.

- Estou indecisa sobre o que pedir.


Minha amiga diz olhando o cardápio.

- Camarão... lula... risotto...

- Posso pedir a lula com risotto e você pede o camarão com arroz de
frutos do mar. Podemos dividir os pratos e comer de tudo.

- Ótima escolha, Luna!

Fechamos o cardápio e realizamos nosso pedido. Nosso vinho chega e o


garçom nos deixa sozinhas.

- Parece que seu encontro foi um caos.

Comento e nós duas rimos.

- Já não gostei dele no momento que apareceu na minha frente


reclamando com o garçom sobre a mesa que escolhi.

- Que idiota! Acredita que ele esbarrou comigo lá fora e não pediu
desculpa?

- Deus me livre de mais um relacionamento onde me calo.

- O Sr. Fantini era machista opressor?

Pergunto e recebo um suspiro alto como resposta.

- Osvaldo era uma montanha russa na minha vida. Era extremamente


carinhoso e romântico quando queria e vivíamos um amor lindo. Então
quando estava no topo da montanha russa, desabava e caia em uma
escuridão solitária. Meu marido sumia, me deixando sozinha por dias com o
Arthur.

Seus olhos estão focados na taça de vinho.

- Você sabia o que ele fazia quando sumia?

- Sim!
Sua resposta vem baixa.

- E mesmo assim continuou esperando por ele e sendo a esposa


perfeita? Isso não combina com a Sueli que eu acabei de ver. Não me diga
que mudou, porque sua essência é essa.

- Existe algo em minha vida que me fez calar por anos.


- Muito grave?

- Sim!

- Quer compartilhar comigo?

- Talvez um dia!

Sussurra e pega sua taça de vinho, levando até a boca. Assisto seus
olhos se fechando, sua boca acolher o vinho com muita apreciação. Sueli é
uma mulher incrível e linda, merece ser muito amada.

- O que acha de deixarmos o passado longe do nosso jantar?

Peço e ganho um lindo sorriso em resposta.

- Fico feliz em ser você aqui comigo, Luna!

Sua mão se ergue e toca meu rosto com muito carinho. Faz tempo que
não tocam assim. Minha cabeça tomba um pouco em sua mão e ficamos nos
olhando.

- Você parece um cachorro abandonado pelos donos, que depois de


muito tempo sozinho e lutando para sobreviver, encontra um novo lar.

- Exatamente assim que me sinto.

Ganho um beijo na testa demorado.

- Não te abandonarei, Luna! Estou aqui pra você.

Afasta-se tirando a mão do meu rosto, leva até a minha mão e segura.
- O que acha de sairmos mais vezes juntas?

Minha resposta está em um enorme sorriso.

- Teatro?

- Amo teatro!

Confesso e sei que meus olhos brilham.

- Vou te levar para assistir um musical lindo.

- Amo musical!

- Finalmente uma companhia para as coisas que gosto.

Sueli fala radiante e me aproximo dela.

- Descobri um cinema no centro da cidade que passa apenas filmes


antigos, aqueles bem velhos mesmo que são incríveis.

- Amo filmes antigos, mas não sabia onde encontrar.

- Podemos ir depois do casamento da Ana e do Arthur.

Digo empolgada e Sueli bate as mãos toda radiante.

- Combinado!

Nossos pratos chegam e como havíamos acordado, dividimos tudo e


provamos coisas maravilhosas.

**************

Sueli está gargalhando radiante, talvez pelo excesso de vinho. Já está


tarde e passamos um bom tempo conversando e rindo.

- Preciso ir ao banheiro, me acompanha?


Pede e sem graça olho em volta.

- Melhor não!

Encarando meu rosto e como sempre lendo meus medos, Sueli tomba a
cabeça de lado

- Por que?

- Não costumo frequentar banheiros públicos.

- Por que?

- Você pergunta muito, Sueli!

- Me responda, Luna!

- Não me encaixo em banheiros públicos. Qualquer um que eu entre


serei expulsa de qualquer jeito.

- Que absurdo!

Sueli esbraveja, pega a minha mão e me arrasta em direção aos


banheiros.

- Quero ver quem vai impedir duas mulheres lindas de usarem o


banheiro.

Antes que a gente alcance o banheiro feminino, um homem surge a


nossa frente nos parando.
- Boa noite!

Diz todo educado e me olha já deixando claro que no feminino eu não


entro. Solto a mão da Sueli e peço para ela ir sozinha.

- Você esta impedindo a Luna de entrar no banheiro feminino?

Pergunta furiosa e o homem não responde nada.


- Não vai me dizer o por que?

Ainda não temos resposta e minha mão é novamente agarrada.

- Ótimo! Então essas duas damas vão no banheiro masculino mesmo.

Meu Deus! O que ela está fazendo? Entramos no banheiro, Sueli tranca
a porta rindo e olha em volta.

- Sempre que quiser saber como era o banheiro masculino.

Olha o mictório e faz careta.

- Desnecessário, em casa não tem isso, porque aqui tem? Homens fora
de casa desaprendem a fazer xixi no vaso?

Vai até uma das cabines e me manda ir para a do lado. Entramos e


fechamos a porta.

- Luna!

- Oi!

- Banheiro masculino fede mijo.

Nos duas rimos e ainda estou chocado com o que ela fez. Fazemos
nossas necessidades, lavamos as mãos e Sueli se olha no espelho.

- Estou velha! Acha que alguém da minha idade ainda pode encontrar o
amor?

Olha pra mim com um olhar triste.

- Você quer encontrar o amor?

- Quero ser feliz!

- Então deseje a felicidade e não o amor.


- Eu sou feliz quando estamos juntas.

Me abraça forte e beijo sua cabeça.

- Você não faz idéia de como eu sou feliz ao seu lado, Sueli!

- Estamos tirando a masculinidade desse banheiro com nosso momento


fofo.

Diz e ao me soltar começa a dançar, fingindo soltar amor pelo banheiro.

- Agora vamos embora que preciso dormir, amanhã fecho as ultimas


coisas do casamento do meu filho.

Seus olhos brilham e sei que está realizando um sonho.

- Conhece amor mais lindo que o daqueles dois?

- Não!

- Vamos pra casa!

***********

NARRAÇÃO SUELI

Me despeço de Luna com um forte abraço e um beijo no rosto.

- Até amanhã!

- Durma bem!

Me deseja e fica me olhando ir para casa. Vejo entrar no táxi e espero ir


embora para entrar. Assim que entro em casa, escuto risadas encantadoras e
uma música romântica e sexy de fundo. Sigo o barulho que vem da cozinha
e paro na porta ao ver Arthur e Vick. Eles estão pelados, sujos de farinha, a
cozinha está uma bagunça, mas eles estão felizes, abraçados se beijam
apaixonadamente e meu coração parece que vai explodir.
- Que seja eterno esse amor!

Decido deixá-los em seu mundo e vou para o quarto.


EU SEI QUE VOCÊ SABE QUE EU
SEI
NARRAÇÃO ARTHUR

Saio do banheiro enrolado na toalha e de propósito não me sequei


direito, quero fazer isso na frente da Victória. Procuro por ela e não
encontro na cama em lugar nenhum.

- Victória!

Chamo saindo do quarto, andando pelo corredor e nada. Minha mãe já


deve ter saído e me pergunto se arrastou a minha mulher junto. Não! Elas
teriam me avisado sobre qualquer mudança. Assim que passo pela sala,
escuto um barulho vindo da cozinha.

- Victória!

Abro a porta da cozinha e tenho uma bela visão.

- O que está fazendo?

Pergunto enquanto meus olhos analisam toda a situação. Ela está só de


calcinha e avental, batendo uma massa de bolo. Seu cabelo preso em um
coque e um de seus seios escapou do avental e o vejo melecado de massa de
bolo de chocolate. Minha boca chega a salivar de vontade de chupar seu
seio e limpá-lo, mas cérebro entra em alerta, desconfiando da situação toda.
Victória estava de moletom no quarto, firme na decisão de duas semanas
sem sexo, querendo assistir um filme. O que mudou? Não foi o meu
pequeno striptease, ele não foi tão sexy assim para deixá-la com tesão e já
querer sexo na cozinha. Melhor investigar antes de criar teorias, vamos ver
se ela está para seduzir ou para transar.

- Resolvi fazer um bolo de chocolate, mas parece que não está dando
certo. Pode me ajudar?
A voz doce, o pedido de ajuda como se dependesse de mim, o olhar
sedutor... Filha da mãe, ela entrou no jogo pra me fazer implorar por sexo
também. Mas por que ela faria isso? Como Victória percebeu que minha
jogada pra ela sair da própria mentira era sedução até uma foda gostosa?

- Acho que está se saindo muito bem, vou esperar no quarto o bolo
pronto.

Digo firme, não entrando no plano dela. Volta a mexer o bolo e seus
seios balançam muito me hipnotizando e quando percebo já estou no meio
da cozinha encarando eles.

- Prova a massa e vê se ficou boa.

Atola o dedo dentro da vasilha, meleca de massa e traz até minha boca.
Me sinto um idiota por cair nessa cena cretina, porque é claro que Victória
deixaria cair a massa no meu peito.

- Desculpa!

Sorri toda tímida, envergonhada, claramente uma atriz pornô de muitos


prêmios. Coloca a vasilha no balcão, vem até mim e sua boca muito quente
chupa a massa que escorre no meu peito. Suga, lambe e prendo a respiração
para não emitir nenhum ruído prazeroso. Preciso ser forte! Meu mamilo e
eu devemos mostrar resistência. Só que tem um soldado fraco, que sempre
demonstra quando está rendido. Ereção agora não, companheiro! Victória
finge esbarrar na toalha, que desaba no chão em torno dos meus pés. Seu
sorriso no canto da boca confirma que o inimigo encontrou a fraqueza.

- Deixa que eu pego a toalha pra você.

Abaixa-se e fica com o rosto em frente ao meu membro duro. Foca os


olhos em mim e pega a toalha no chão. Um espasmo de merda faz minha
ereção encostar em seu rosto.

- Desculpa!

Peço me afastando e pegando a toalha de sua mão.

- Melhor eu subir e...


Victória tenta se levantar, se desequilibra e para não cair segura meu
membro duro.

- Um ótimo apoio!

Fala com a voz baixa e enquanto se ergue me masturba de leve.

- Achei que pudéssemos cozinhar algo pra comer e o bolo ficar de


sobremesa.

- Acho que devemos nessas duas semanas evitar essas coisas, sabe
muito bem que a gente sempre termina transando no meio da comida e você
não pode.

Seu corpo encosta no meu e sua boca fica perto demais da minha.

- Acho que a gente consegue se controlar, pelo bem da minha saúde.


Não é mesmo? Dra. Mariana confia em você para cuidar de mim.

Seus olhos se estreitam e tudo se torna bem claro agora. Ela sabe que eu
sei a verdade e já entendeu que pretendo fazê-la implorar por sexo. Se ela
sabe... então vamos ao jogo, porque Victória não sabe que eu sei que ela
sabe.

- Claro que Dra. Mariana pode confiar em mim. Acredito que duas
semanas seja pouco para sua recuperação. Pensei em prolongar por um mês,
o que acha?

- Acho ótimo!

- Nem precisamos de lua de mel.

- Exatamente!

- Vamos ficar em casa com a minha mãe, não vamos nem usar nosso
loft.

- Perfeito!
Diz e sorri como uma vilã de novela.

- Então podemos sem problemas algum cozinhar juntos, sem roupas.

Fala e começa a tirar o avental, colocando na cadeira ele.

- Vou limpar aqui pra você.

Aviso erguendo a mão e massageando com vontade seu seio sujo,


espalhando ainda mais a massa.

- Acho que vou usar sua técnica de limpeza.

Desço o rosto bem rente ao dela, meus lábios deslizam entre seus seios
e então chegam até onde está sujo. Chupo, dou uma leve lambida e chupo
uma ultima vez.

- Pronto!

Digo encarando seu bico extremamente duro apontando pra mim.

- Limpa e pronta para cozinhar.

- Obrigada por cuidar de mim.

- Como seu marido é meu dever te manter bem.

- Tão atencioso!

Fala em tom de deboche e tenta não rir.

- Obrigado! O que precisa de ajuda?

- Unta a forma pra mim?

- Claro!

- Vou terminar a massa e podemos pensar em alguma coisa para o jantar.


- Podemos aproveitar o forno e fazer pizza.

- Sr. Fantini sabe fazer pizza?

- O que eu não sei fazer, Sra. Fantini?!

- Que sorte a minha ter me casado com você.

Sorrimos juntos e vou para o armário procurar a forma. Pego uma


redonda e volto para o balcão. Passo a manteiga, jogo farinha e quando
começo a espalhar, seios encostam nas minhas costas.

- Preciso disso!

Victória sussurra atrás de mim, seu braço passa pela lateral do meu
corpo e pega a colher. Afasta-se e mordo meu lábio para não rir.

- Mais alguma coisa?

- Não!

Afasta-se e vejo que fica perto da pia. Hora de jogar o restinho de


farinha da forma fora. Empurro com meu corpo o de Victória e a prendo na
pia. Minha ereção fica em sua bunda e viro a forma de cabeça pra baixo,
fazendo a farinha cair. Bato na forma algumas vezes e isso faz meu corpo
balançar e meu membro automaticamente dançar em sua bunda.

- Forma untada!

Aviso ao colocá-la no mármore da pia e minha linda esposa vira-se


ficando de frente pra mim.

- Você unta muito bem?

- Obrigado!

- Que tal me ajudar a despejar a massa na forma?

- Com certeza te ajudo.


Ela volta a ficar de costas pra mim, pega a vasilha e eu a forma.

- Segura que vou despejar.

- Pode despejar.
Sussurro em seu ouvido com a voz rouca e ela começa a colocar a
massa na forma. Enquanto isso aproveito para passar meu nariz em seu
pescoço, embaixo do ouvido, sentindo seu cheiro.

- Acho que escapou um pouco pra fora da forma.

Olho meu dedo melecado, que logo é levado até sua boca. Fecho meus
olhos quando ela o abocanha, chupa como se fosse meu membro que
corresponde lá embaixo com pulsações.

- Acha que devo fazer uma calda para o bolo?

Pergunta sexy e lambe a ponta do meu dedo.

- Acho!

- Quer me ajudar?

- Sim!

Juntos vamos para o fogão, quase irmãos gêmeos siameses. Colocamos


em total sincronia as coisas na panela e levamos ao fogo. Victória começa a
mexer e minha função agora é me aproveitar de sua pele perfeita. Meus
dedos percorrem seu braço, minha boca seu ombro e sua cabeça tomba de
lado apreciando tudo. Toco sua barriga, faço pequenos círculos e escuto sua
respiração acelerar.

- Mexe bem o fundo!

Aviso quando percebo que sua mão está parada.

- Quer mexer?

- Não!
Se trocarmos, então darei a ela o poder me tocar.

- Mexe, por favor!

Pede com a voz sensual e como não sei negar nada a essa mulher
minhas mãos logo estão na panela e na colher de pau. Victória se vira entre
os meus braços, mas não consigo ver seu rosto. Tenho o mesmo efeito nela,
que ela tem em mim. Meu cheiro a atrai da mesma forma, seu nariz passa
pelo meu peito, sobe para o meu pescoço aspirando com paixão. Suas mãos
tocam minha barriga e tudo é tão leve que parece uma brisa de verão.
Seguem para as minhas costas e seus dedos se tornam mais firmes, mais
desejosos. Ela fica na ponta dos pés e sua boca toca meu ouvido, soltando
um ar quente que me faz suspirar. Beija minha orelha e passa a ponta do
nariz.

- Você ainda me ama?

Pergunta baixinho e seus dentes mordiscam meu ouvido.

- Sim!

- Então diz que me ama!

- Acho que não sou eu quem deve dizer isso no momento. Estou
aguardando uma confissão.

- Diz, por favor!

Respiro fundo, desço minha boca para o seu ouvido e sinto suas mãos
me apertarem ansiosas por minhas palavras.

- Eu...

Beijo seu ouvido.


- te...

Beijo seu pescoço de leve.

- Não lembro o resto.


Escuto seu riso baixo e ganho um beijo de leve.

- Daqui a pouco você lembra.

- Pode ser que sim... pode ser que não...

Seu rosto se afasta e seus olhos encontram os meus.

- Para eu lembrar, preciso saber se o que sentimos é mutuo. Então...


você poderia dizer o que sente e tenho certeza que lembrarei o que preciso
dizer.

- Acho que não é mútuo, claramente você sente isso muito mais do que
eu. Seus sentimentos são mais intensos!

- Como sabe disso?

- Instinto!

- Você não parece ser boa nessa coisa de instinto.

- Eu sou ótima!

- O que seu instinto diz agora?

Ela fecha um olho para pensar.

- Que você está queimando a calda.

- Merda!

Digo voltando a mexer a calda que esta queimando no fundo.

- Vou te deixar sozinho para não perder a atenção de novo.

Sai do meio dos meus braços e começa a limpar a bagunça do bolo.

- Me diz o que vamos precisar para a massa da pizza que vou separando.
Falo os ingredientes e escolhemos fazer uma quatro queijos.

- Tem molho pronto congelado no freezer, pote azul.

- Você que fez?

- Não! Já te disse que minha mãe não me deixa cozinhar.

- Mas você gosta de cozinhar!

- Mas não me deixa cozinhar.

- O que acha de uma vez por semana o jantar ser nosso? A gente
cozinha pra ela.

Estou sorrindo porque gosto muito da idéia. Cozinhar para a minha mãe
é um sonho meu e fazer isso com a Victória é ainda mais perfeito.

- Gosto da idéia!

- Maravilha! Pode ser todas as quartas?

- Sim!

- Podemos chamar a Luna e a Tiffany?

Pede empolgada e desligo o fogo da calda, deixando descansar.

- Sim!

- Algum dia vai conseguir me dizer não?

Pergunta colocando as mãos na cintura e faço um bico pensativo.

- Não!

Sua risada é tão gostosa que me atrai até ela e sinto necessidade de
abraçá-la. Aperto Victória contra o meu peito e meu rosto afunda em seu
pescoço.
- Eu sei que você sabe que eu sei...

Sussurro e ergo seu corpo do chão indo até a mesa. Sento-a com
cuidado e fico entre suas pernas.

- Por que me pune com duas semanas sem sexo?

Nos mantemos abraçados sem nos olhar.

- Porque me incomoda o fato das mulheres ficarem rendidas por você.


Confio em você, sei que não seduz ninguém, mas aparentemente Arthur
Fantini é perfeito demais e isso atrai a atenção feminina. O simples fato de
ser atencioso com aquelas gestantes fez todas caírem de amor por você e
isso acontece com todas as mulheres, não só as grávidas.

- O que devo fazer?


- Nada! Continua sendo perfeito, eu que preciso me acostumar com esse
desejo de querer arrancar seu pau quando as mulheres te idolatram demais.

- Você quer arrancar meu pau quando isso acontece?

- Sim! Arrancar e sair correndo igual uma louca gritando que seu pau é
meu.

Minha gargalhada alta faz Victória me morder e me afasto dela.

- Isso é ciúmes?

- Não! Acho que não! Ciúmes acontece quando não se confia e eu


confio em você. Está mais para o sentimento de posse. Você é meu e não
gosto quando desejam o que é meu.

- Eu sou seu?

- Sim!

- Você é minha?

- Sim!
- Eu te amo?

Pergunto com os olhos estreitos.

- Sim!

- E você me ama?

Agora é ela quem estreita os olhos pra mim.

- Pode dizer sem medo.

Digo virando a cabeça e deixando meu ouvido perto de sua boca.

- Liberta esse sentimento lindo pra mim. Pode dizer!

Escuto ela respirar fundo.

- Eu...

Diz baixinho com os lábios em meu ouvido.

- Te...
AINDA NÃO É O MOMENTO

NARRAÇÃO ARTHUR

Os lábios de Victória saem do meu ouvido e deslizam pela minha


bochecha até chegar em meus lábios. Não me beija, me tortura e seus olhos
encaram os meus.

- Acho que esqueci o resto!

Sorri contra a minha boca e estreita os olhos em seguida.

- Talvez você possa me lembrar o resto. O que eu deveria dizer agora?

- Se eu disser, vai repetir pra mim?

- Você vai gostar se eu apenas repetisse?

- Não!

- Então acho melhor fazer esse seu coraçãozinho ansioso esperar mais
um pouco. Ainda não é o momento para minha linda e incrível declaração.

- Será linda e incrível?

- Sim!

- Mais perfeita que a minha?

- Muito mais!

- Vai valer a pena esperar?

- Sim!

- Aguardo ansioso por esse momento.


- Eu sei!

Beija meus lábios com carinho.

- Você pode continuar dizendo o que sente por mim, sabe disso né?

Fala com um lindo sorriso. Seguro seu rosto em minhas mãos e encaro a
imensidão azul mais linda do mundo.

- Sou fodidamente apaixonado por você! Te amo loucamente!

- Tão intenso!

- Sempre!

Avanço em seus lábios e finalmente me perco em seu beijo gostoso,


sentindo meu corpo todo acender de paixão, desejando mais e mais.

- Bolo!

Ela sussurra ofegante, agarrada em meu cabelo.

- Bolo vai queimar!

- Está fugindo de um sexo gostoso?

Pergunto sem entender a troca do sexo pelo bolo, que antes não
ligaríamos se queimaria durante uma foda gostosa.

- Sim!

- Por que?

- Não me julgue, mas nos casaremos em breve e acho legal se não


fizermos nada até lá. Sei que é estranho para nós, uma coisa antiquada e
idiota de pensar.

Respira fundo e acho que consigo entender o que passa em sua cabeça.
- Nosso casamento em Vegas foi louco e fora do normal, algo surreal.
Nossa vida após casamento está tentando encontrar um caminho e nós dois
descobrimos o que sentimos. Está tentando fazer desse novo casamento
algo normal para que sinta ser de verdade. Não te julgo por desejar
normalidade para se sentir de verdade casada comigo.

Seu suspiro pesado me diz que acertei.

- Não achei que tudo isso mexeria comigo, mas enquanto eu escolhia o
vestido de noiva e os sentimentos dentro de mim ganhavam nome, comecei
a pensar em como seria o casamento. Estaremos sóbrios, nos entregando de
verdade ao sentimento e prontos para uma vida juntos. Podíamos também
guardar um pouquinho dos nossos desejos pra usar depois.

- Tudo bem!

Beijo sua testa, seu rosto, seus lábios e termino em seu pescoço.

- Diminuímos duas semanas para um dia.

Sussurra com diversão e me abraça forte.

- Podemos cozinhar pelados sem fazer nenhuma putaria?

Pergunta e me solta de seu abraço.

- Deixa eu pensar!

Digo olhando para o teto, seus olhos acompanham os meus e minhas


mãos aproveitam sua distração para tocar seus seios, seu sexo, tudo que
consigo.

- Para!

Victória pede rindo e o que era apenas toque se torna cócegas.

- Acabo de descobrir o segundo som mais lindo do mundo.

Digo parando de tocá-la e arrumo seu cabelo atrás da orelha.


- Qual som?

- Do seu riso!

Victória fica corada e sorri toda tímida.

- Qual o primeiro?

- Seus gemidos.

Morde os lábios toda sensual e me empurra, descendo da mesa.

- Quer gravar meu gemido como toque de celular?

Vai até o forno e o desliga sem ver se o bolo está pronto. Tenho certeza
que vai dar merda, mas decido deixar que ela descubra sozinha.
- Estou morta de forme, acho que fazer uma pizza vai demorar demais.
O que acha de um sanduíche e bolo?

- Por mim tudo bem! Fazemos pizza na nossa lua de mel, o que acha?

- Perfeito!

- Já sabe para onde quer ir?

Pergunto e começo a guardar o que separamos para pizza e pego as


coisas para o sanduíche.

- Não quero viajar, quero ficar no sítio.

- Tem certeza? O sítio podemos ir qualquer dia, mas lua de mel acho
que só se faz uma vez.

- Não preciso ir muito longe para ter um momento gostoso com você e
realmente depois do Henrique, não quero viajar.

- Então vou pedir para prepararem o sítio para ficarmos por alguns dias.
- Dois dias no máximo, vamos ficar entediados se for mais que isso.
Podemos depois planejar uma viagem para algum lugar legal.

- Uma viagem antes do bebê?

Pergunto e sua cabeça balança muito rápido e feliz, me dizendo que sim.

- Nossos últimos momentos sendo somente dois.

Ela fica tão radiante quando o assunto é nosso futuro filho.


- O que você quer no lanche?

- Faz do jeitinho que fizer o seu.

- Tem certeza?

- Sim!

Pega seu celular e começa a mexer.

- O que está olhando?

- Nada!

- Nada?! Tem certeza?

Me olha pelo canto dos olhos e sei que está me escondendo algo.

- O que está me escondendo, Victória?

- Nada!

Ergo uma sobrancelha e minha confirmação de que tem algo


acontecendo vem com seu olhar perdido evitando o meu.

- Vem aqui me ajudar com o sanduíche e me conta logo o que está


acontecendo.
Vagarosamente vem se aproximando e me mostra uma foto no celular.
Luna e minha mãe estão juntas e sorrindo com uma felicidade que me
agrada muito.

- Estão no encontro com a organizadora do casamento?

- Não!
Sua negativa me faz novamente olhá-la com a sobrancelha erguida.

- Sua mãe teve o primeiro encontro fora do mundo virtual. Ela estava
conversando com o Roberto e então decidiram sair para jantar. Luna foi
como apoio, mas sem que ele soubesse.

- Por que minha mãe não me contou sobre o encontro?

Pergunto irritado e paro de fazer o sanduíche.

- Ela estava com medo de seu sermão, queria evitar essa cara de
descontentamento.

- Não ficaria irritado ou descontente pelo encontro, mas agora fiquei


pela mentira.

- Não briga com ela, estava nervosa e pelo que entendi na mensagem
que a Luna enviou, o cara era um machista babaca e sua mãe foi
maravilhosa expulsando ele do jantar.

- Ela expulsou o cara no meio do jantar?

- Não foi no meio, foi bem no começo. Agora ela está jantando com a
Luna e parece que estão bem felizes.

- Sim!

Ela deixa o celular de lado e aproxima-se com um jeito de quem vai


aprontar.

- Eles estão no restaurante que teríamos jantado juntos, mas acabei não
indo. Aquele que você jantou sozinho.
Lembranças deliciosas da Isabela Fiorini me fazem quase ter uma
ereção.

- Pensando em algo especial, Sr. Fantini?

Pergunta divertida e seus olhos estão em meu membro.

- Pensando em você, querida!

Beijo sua boca e ganho uma mordida gostosa no lábio inferior.

- Preciso te apresentar a outras personalidades minhas.

- Quer me contar sobre elas?

Observo Victória sorrir safada enquanto passa a maionese no pão.

- Não! Deixa que elas se apresentem a você, é mais divertido.

- Depois da lua de mel uma delas pode aparecer se quiser.

- Talvez elas apareçam no casamento, todas juntas.

Diz e já começa a rir.

- Acho que seria um bom momento para reuni-las e aproveito e me caso


com todas. Assim eu não te trairia com você mesma.

- Não pediria isso se fosse você. Acho que a Beatriz não diria sim no
casamento.

- Beatriz?

- Sim!

- Uma versão má?

- Chamá-la de má é elogio positivo.


- Quando Beatriz costuma aparecer?

- Não vou dar dica, melhor ficar atento que á qualquer momento ela
aparece.

- Beatriz é possessiva e violenta? Ela tem ciúmes, alguma coisa assim?


Penso em punição quando imagino a Beatriz.

Seu sorriso satisfeito por me deixar preocupado me faz abraçá-la.

- Beatriz realmente existe?

- A existência dela depende de você, Arthur!

- Aprendi recentemente que mulheres mentem para o marido para


conseguir as coisas. Beatriz é uma mentira para conseguir as coisas
comigo?

- Talvez sim... talvez não...

- Melhor então ser maravilhoso pra você.

- Exatamente! Agora termina meu lanche, me alimente ou encontrará


Beatriz.

*********

Terminamos de comer o sanduíche e me preparo para ver o bolo de


Victória. Ela me entregou a calda pra jogar assim que tirar o bolo do forno.
Observo se abaixar com a luva na mão, abrir a porta do forno e assim que
puxa a forma tento de verdade não rir.
- Isso não me parece normal.

Fala encarando o bolo que afundou no meio.

- O bolo parece um cu.

Comenta e começa a rir muito. Sem me aguentar me uno a ela na


gargalhada.
- Se não vamos transar, pelo menos comerei o bolo cu.

- Não entendo o que aconteceu.

- Você desligou o forno sem ver se o bolo estava pronto. Provavelmente


ainda estava cru e a merda aconteceu.

- Posso resolver isso.

Coloca o bolo no balcão, tira a panela de calda de mim e vira tudo sobre
o bolo.

- Pronto! Agora tá parecendo um cu cagado.

- Amo seu humor! Amo muito!

Digo beijando sua cabeça e paro atrás de seu corpo.

- Fico feliz que você saiba cozinhar, assim não preciso me preocupar
com isso. Nosso filho terá um armário organizado e será bem alimentado.

Fala enquanto beijo todo seu pescoço.

- Vamos comer seu cu com colher?

- É o jeito!

Solto seu corpo, pego duas colheres e começamos a comer. O bolo está
horrível e a calda com gosto de queimado. Mastigo tentando parecer que
está bom, mas sinto que não vou conseguir engolir.

- Ficou bom?

Victória pergunta de boca cheia e respondo com um gemido de gostoso.

- Mentiroso, isso aqui está horrível!

Cospe tudo que tinha na boca na mão e corre pra pia para lavar a boca.
- Nem a calda ficou boa.

- Você me fez queimá-la.

- Não me culpa, Beatriz não gosta disso.

- Vamos tentar fazer outra coisa doce, aquilo ali não dá pra comer.

Minha péssima cozinheira fala e vai para a geladeira.

- Preciso de algo doce urgente.

- Quer panqueca com mel?

- Pode ser!

Pego os ingredientes que vou precisar e coloco no balcão. Vou fazendo


a massa sob seu olhar atento.

- O que é isso na farinha?

Pergunto com um monte de farinha na mão.

- O que?

Quando Victória aproxima a cabeça para ver a farinha, assopro tudo


nela que fica toda branca.

- Acho que saiu voando.

Falo rindo e com um olho só aberto ela me olha.

- Você assoprou farinha em mim?

- Não! Acho que foi o Gilberto.

- Quem é o Gilberto?

- A minha versão masculina da Beatriz.


- Arthur... Arthur... Arthur...

A forma como fala três vezes meu nome me assusta.

- Querido, Arthur!

Pega o saco da farinha e vem se aproximando enquanto recuo.

- Beatriz, é você?

A sobrancelha erguida como se invocasse o inferno agora, me faz rir de


nervoso.

- O que vai fazer?


Pergunto vendo suas mãos erguendo e em segundos tudo a minha volta
vira uma névoa branca e não vejo nada porque estou cheio de farinha.
Começo a tossir e então um ovo se quebra no meio do meu peito. Olho
Victória rindo e segurando um ovo.

- Vamos fazer a massa da panqueca no seu corpo, depois vamos te jogar


na frigideira e fritar.

Joga o ovo em mim e me viro. Sinto o ovo quebrar em minhas costas e


escorrer.

- Guerra!

Anuncio e vou ate o balcão onde estão as coisas. Não faço idéia de
como Victória está agora, só sei que é ovo, farinha e leite para todo lado.
Nossos corpos se aproximam e vamos nos esfregando pra sujar ainda mais.
Sua risada se mistura a minha e estamos melecados demais.

- Acho que precisamos limpar essa bagunça e depois um banho.

Digo vendo o caos que causamos.

- Acho que o Gilberto deveria limpar tudo.

- Beatriz também merece ficar aqui limpando.


- Você não pode criar personalidades para enfrentar as minhas.

- Criar? Gilberto e os outros sempre existiram em mim.

- Outros?

- Vamos limpar e ir para o banho.

- Vai me mostrar os outros?

- Um dia quem sabe!

**********

Deitamos na cama exaustos e prontos para capotar. Minha mãe já está


em seu quarto dormindo e não sei como não a ouvimos chegar. Victória
ergue o cabelo no travesseiro, nossos corpos se encaixam como sempre e
meu nariz afunda em seu pescoço.

- Te amo!

Sussurro e beijo sua pele macia, tendo o som de seu suspiro como
resposta.

************

DIA DO CASAMENTO

Termino de arrumar a gravata e me olho no espelho. Pelo reflexo vejo a


porta do quarto se abrir e minha mãe entrar em seu belo vestido rosa claro.
Seus olhos se enchem de lágrimas e suas mãos se unem sobre seu peito
onde fica seu coração.

- O homem mais lindo do mundo!

Fala chorosa e vem me abraçar.

- Hoje é o segundo dia mais feliz da minha vida.


- O primeiro dia foi seu casamento com o papai?

Pergunto e beijo sua cabeça encostada em meu peito.

- Não! Foi o dia do seu nascimento.

- Então ocupo os melhores dias de sua vida.

- Sempre será assim, porque você é a minha vida.

Seus olhos se erguem e cheios de lágrimas me encaram com tanta


felicidade que só consigo retribuir com um enorme sorriso.

- Pronto para se unir de verdade a mulher da sua vida?

- Sim!

- Meu coração deseja que você seja imensamente feliz meu filho. Vou te
dar um conselho e espero que use sempre.

Respira fundo, limpa suas lágrimas e segura minha mão.

- Não tenha medo de amar! Não tenha medo do sentimento mais forte
que existe no mundo. Quando se ama da forma correta, o amor é perfeito.
Eu sei e sempre soube que você Victória se amavam da forma correta. O
amor de vocês pertence a vocês e a mais ninguém. Nunca se importaram
com o mundo ao redor e que assim seja pela eternidade.

- Eu te amo tanto! Tudo que sou é reflexo da mulher maravilhosa que


você é.

- Hoje não serei mais a mulher que você reflete, passo essa
responsabilidade para Victória. Hoje quando se olharem vão entender que
serão o reflexo, a força, tudo um para o outro.

Beija meu rosto e parece ganhar uma energia nova quando se afasta.

- Já estamos prontos para vocês.


- Convidados já chegaram?

Pergunto nervoso, pois minha mãe me manteve preso no quarto o dia


todo. Não vi decoração, não vi Victória, não vi nada.

- Sim!

- O que devo fazer?

- Vou para o jardim ficar com os convidados, você vai buscar sua noiva.

- Vou junto com ela para o jardim?

- Sim!

Minha mãe vai para a porta e antes de sair sorri com toda a felicidade
que cabe em um sorriso.

- Vai buscar nossa Vick.

Vai embora e sigo para o quarto ao lado, buscar Victória. Paro em frente
à porta e sinto meu coração acelerado, minhas mãos frias, pernas tremem
muito. Bato na portas duas vezes e Victória me manda entrar. Seguro a
maçaneta, respiro fundo duas vezes e abro a porta.
SIM...

NARRAÇÃO VICTÓRIA

A porta do quarto se abre e Sueli aparece com um lindo sorriso.

- Pronta para se tornar minha filha?

Pergunta e apenas movo a cabeça em total afirmação, tendo os olhos


ardendo para não chorar. Ela encosta a porta e vem até mim.

- É a noiva mais linda que já vi. Sua escolha foi perfeita.

Olha todo o meu vestido e então segura minhas mãos.

- Sei o quanto esse passo é delicado para você e o meu filho. Sei o
quanto vai contra os pensamentos que tinham sobre o amor, o casamento...

Leva minhas mãos até seu peito, deixando sobre meu coração.

- Vick, você é nosso lindo presente! Arthur encontrou o amor e eu


encontrei a filha que sempre sonhei. Não tem como essa união ser errada
quando ela preenche o vazio em todos nós. Sei que também preenchemos
um espaço dentro do seu coração que te fazia infeliz.

- Você é a mãe que eu sempre sonhei ter!

- Sempre serei! De hoje em diante, não importa o que aconteça, não


soltarei sua mão e estarei aqui para você sempre.

Nos abraçamos forte e o choro que estava segurando já inunda meu


rosto.

- Daqui a pouco Arthur vem te buscar, fique preparada.


- Vamos descer juntos?
Pergunto assim que nos soltamos do abraço.

- Sim! Acho que vai ser mais bonito assim.

- Se você acha...

Sorrimos e ganho um beijo maternal na testa.

- Te amo!

- Também te amo, Sueli!

Ela vai embora e me olho mais uma vez no espelho. Puxo o ar e solto,
tentando me acalmar, mas não funciona. Meu coração está tão acelerado
que parece que vai sair do peito. Minhas mãos estão frias, na minha barriga
parece que meus órgãos estão fazendo uma festa. Não sei se sento pra não
desmaiar ou se fico em pé para não estragar o vestido. Estou com ânsia de
vomito de tão nervosa que estou e mais uma vez tento pensar em tudo que
preciso dizer nos meus votos. Duas batidas na porta fazem meu coração
simplesmente parar de bater.

- Entra!

***************

NARRAÇÃO ARTHUR

Abro a porta do quarto e quando meus olhos encontram Victória no


canto do quarto, todo o ar some de dentro de mim, tudo em torno dela some
e só a mulher que amo parece existir. Achei que seria impossível ela ficar
ainda mais bonita, mas hoje percebo que sua beleza não tem limites.
- Respira!

Ela pede com a voz calma e aspiro o ar de volta pra dentro de mim.

- Esqueci como se respira quando te vi.

Victória sorri lindamente e entro no quarto sem tirar os olhos dela. Seu
cabelo está preso em um coque, com alguns fios soltos. O vestido é simples,
mas deslumbrante. Sua maquiagem delicada, não tem nada decotado ou
evidente demais e se não conhecesse bem a minha mulher, diria que é um
anjo.

- Estou nervosa!

Confessa colocando a mão no peito, talvez sentindo seu coração


acelerado.

- Se quiser podemos ficar aqui escondidos, aproveitando seu vestido


lindo.

Digo com um enorme sorriso e minha mão desliza por seu braço todo
até chegar em sua mão descansando no peito.

- Sua mãe viria nos buscar e nos arrastaria até a festa.

- Isso é verdade!

Pego sua mão e coloco sobre o meu peito, pra que sinta que também
estou nervoso. Encosto minha testa na dela e ficamos nos olhando.

- Acho que se disser o quanto me ama, vai se sentir mais leve, menos
nervosa.

- Ainda esperando por isso, Arthur?

- Nunca esperei tanto por algo, como espero pelo seu amor.

Seu nariz passa suavemente pelo meu e seus lábios se aproximam da


minha boca.

- Vamos descer!

Sussurra e beija o canto da minha boca.

- Não queremos deixar nossos convidados esperando.


- Pronta para enfrentar todo mundo e esfregar na cara deles nosso amor
verdadeiro?

- Sim!

De mãos dadas saímos do quarto e seguimos andando lado a lado. Não


sei qual mão está mais gelada agora. Encontramos a organizadora perto da
porta para o jardim, que está com uma linda cortina branca. Trago a mão da
Victória até minha boca e beijo delicadamente.

- Pronta, Sra. Fantini?

- Sim, Sr. Fantini!

Passamos pela cortina e paramos ao ver um lindo caminho de velas


acesas. Para a nossa surpresa não possui ninguém em volta e no fim do
caminho estão apenas minha mãe, Luna, Tiffany e o padre Miguel amigo da
minha mãe. Em torno deles uma pequena armação com tecidos leves que
estão voando com a brisa. Minha mãe sorri ao perceber que estamos
realmente felizes com sua escolha. Não precisamos de ninguém além deles
aqui com a gente. Olho para Victória que está radiante também com tudo
que minha mãe preparou. O sol se pondo transforma tudo em uma linda
cena diante dos nossos olhos. Caminhamos juntos entre as velas e
chegamos até o padre Miguel. Claro que já temos uma mãe toda chorona,
ao lado de uma Luna que não para de fungar. Tiffany não consegue
esconder o sorriso, assim como eu. Aperto a mão da Victória que respira
fundo. Padre Miguel começa a cerimônia dizendo o quanto se sente
honrado em realizar meu casamento, que era o maior desejo do coração da
minha mãe. Ouvimos suas breves palavras sobre o amor, a união, o quanto é
importante diante dos olhos de Deus realizar esse passo para a construção
de uma família. Fala sobre fé, pecado, força, paciência, amizade, se livrar
dos medos e assumir responsabilidades. Meus ouvidos estão atentos a ele,
mas todos os outros sentidos pertencem a Victória agora.

- Como estamos entre amigos, sem muita obrigação de seguir regras,


querem falar os votos primeiro ou depois de colocar as alianças?

- Alianças!
Victória fala rápido e nervosa.

- Certo! A noiva parece querer o sim o mais rápido possível.

Minha mãe nos entrega a caixinha com as nossas novas alianças.

- Arthur Fantini, você aceita Victória Silvestre como sua legítima


esposa, prometendo amá-la, respeitá-la, todos os dias de sua vida?

- Sim!

Respondo firme e em tom alto, sem duvida alguma. Coloco a aliança


em seu dedo e beijo.
- Victória Silvestre, você aceita Arthur Fantini como seu legitimo
esposo, prometendo amá-lo, respeitá-lo, todos os dias de sua vida?

- Sim!

Victória responde com a voz trêmula, mas também com muita certeza.
Coloca minha aliança e beija.

- As demais promessas deixo para vocês fazerem, antes que eu os


declare marido e mulher. Arthur, pode começar.

Respiro fundo e seguro as mãos da minha mulher.

- Victória, acho que fiz tantas declarações esses últimos dias que me
faltam novas palavras para não parecer repetitivo.

Ela sorri e sei que nunca me faltarão palavras para dizer pelo resto da
minha vida que a amo.

- Não quero fazer promessas, como se fossem obrigações. Não somos


assim, não seria o nosso jeito, a nossa forma de viver. Promessas são vagas,
palavras jogadas que ao longo do tempo podem ser esquecidas. A única
certeza que hoje tenho e que nunca poderá ser esquecida é que te amo. Que
esse amor não é pequeno, tão pouco passageiro. Poderia agora dizer o que
sonho para nós, mas a verdade é que tudo que vivo ao seu lado é muito
melhor e mais mágico do que qualquer sonho que eu possa ter. Sonhar é
para aqueles que não são felizes com o que são ou o que possuem e desde
que você entrou na minha vida sou o homem mais feliz do mundo. Não
saber como será minha vida ao seu lado amanhã é o que torna meu amor
por você ainda maior, ainda mais perfeito. Que sejamos sempre a loucura, a
surpresa, o desconhecido, os apaixonados.

Seco as lágrimas da Victória que não consegue parar de chorar.


- Você continua aumentando o padrão da declaração, fica difícil te
superar agora.

Murmura chorosa e beijo sua testa.

- Anos guardando um coração para ser só seu, não me culpe se estou te


dando uma overdose de romantismo.

Beijo suas mãos e escuto seu suspiro longo.

- Victória, sua vez!

Padre Miguel avisa e seus olhos azuis parecem me engolir nesse


momento.

************

NARRAÇÃO VICTÓRIA

Todas as palavras que por dias venho planejando dizer, somem da


minha mente agora e olhando fundo em seus olhos eu só queria gritar que o
amo muito, mas Arthur merece mais do que uma simples confissão.

- Arthur...

Seu nome quase não sai e sinto minha garganta doer pela vontade
enorme que sinto de chorar. Respiro fundo e mesmo não enxergando nada
por causa das lágrimas presas em meus olhos decido dizer o que meu
coração sente.

- Desde pequena meus olhos nunca enxergaram o amor como algo bom.
Cresci com a certeza de que amar era dor, era sofrimento, era uma ferida
constantemente cutucada por aqueles que passam em nossa vida achando
que sabem amar.
Respiro fundo e continuo.

- Como você disse, sonhar é para aqueles que não são felizes com o que
tem ou o que são e sonhei minha vida toda como seria ser feliz. Nunca
desejei pertencer á alguém porque para mim isso é uma prisão. Ser de
alguém na minha mente e coração estava ligado à posse, a anular você
mesma para pertencer a uma pessoa. Recentemente me perguntou se você
era meu e rapidamente respondi que sim. Então perguntou se eu era sua e da
mesma forma respondi que sim.

Pisco profundamente para que as lágrimas presas se libertem e quando


abro meus olhos, encontro os olhos do Arthur brilhando com suas lágrimas.

- Sim, sou sua e você é meu. Descobri que pertencer a alguém quando
se é feliz não é posse, tão pouco perder sua identidade. Pertenço a você,
porque depois de andar pelo mundo procurando meu lugar, minha felicidade
encontrei em seus braços. Pertenço a você porque não existe lugar no
mundo para ser eu mesma, para realizar minhas loucuras, se não no seu
abraço. Não me anulo, ainda sou dona de mim e sou sua, assim como você
é meu. Ao seu lado entendi o amor, aceitei ser amada e me libertei para
amar.

Ergo minha mão, limpo suas lágrimas e sua cabeça se inclina para o
meu toque.

- Preparado para ouvir?

Seu enorme sorriso de menino faz meu coração quase sair pela boca.

- Eu te amo! Te amo demais, com todas as minhas personalidades,


incluindo a Beatriz.
ROMANTISMO ÚNICO

NARRAÇÃO ARTHUR

Minhas mãos inquietas e minha boca com saudade logo trabalham


juntas quando finalmente escuto que Victória me ama. Meu coração já
sabia, mas é tão bom ouvi-la dizer. Seguro seu rosto e trago sua boca até a
minha, me perdendo em seus lábios macios.

- Não esperou nem eu ter o gostinho de mandar beijar a noiva.

Padre Miguel reclama e afasto meus lábios, sorrindo como um idiota


apaixonado.

- Desculpa!

- Posso ao menos terminar a cerimônia?

- Sim!

Respondo, mas não desvio meus olhos dos de Victória.

- Eu os declaro marido e mulher! Você já beijou a noiva.

- Beijo de novo!

Digo já avançando para um beijo, mas dessa vez nossos corpos também
se unem. Escuto minha mãe bater palmas, os gritos da Tiffany e um assovio
que imagino ser da Luna.

- Se soltem, deixem a gente abraçar vocês e depois vão grudar de novo


na lua de mel.

Minha mãe diz me afastando da minha mulher e quando penso que ela
vai me abraçar primeiro, agarra Victória como se fosse a filha.
- Já me trocou? Não sou mais o filho amado?

- Vem aqui!

Luna fala com bico fofo e me abraça forte.

- Parabéns! Desejo de todo o coração que seja muito feliz. Vocês são
perfeitos juntos e merecem viver esse amor.

- Obrigado!

- Minha vez!

Tiffany grita puxando a Luna e pulando em cima de mim.

- Perdemos um gostosão para o mundo dos casados, mas ganhamos um


casal lindo para acreditarmos que ainda existe o amor.

Me solta e então minha mãe se aproxima com o rosto todo molhado


pelo choro que teve com Victória.

- Sem chorar, por favor!

- Estou feliz! Tão feliz que eu poderia morrer agora em paz.

- Não brinque com isso! Ainda tem os netos, vamos precisar da sua
ajuda com eles.

- Netos? Assim tão rápido?

- Talvez!

Trago minha mãe para o meu abraço e beijo sua cabeça.

- Te amo! Você ainda é a mulher mais importante da minha vida.

- O que Victória virou?

- A mulher da minha vida!


- Não é a mesma coisa?

Ri e me aperta bem forte.

- Seja muito feliz meu filho!

*************

Estamos sentados desfrutando de um delicioso jantar, conversando


sobre tudo. Sobre o passado, o presente e o futuro. Enquanto Victória conta
uma de suas aventuras no Chile, seguro sua mão em meus lábios e beijo
seus dedos. É possível que em algum momento eu consiga deixar de tocá-
la? Olho em volta, vendo apenas nós cinco no casamento e pra mim está
mais do que perfeito.

- Vou pedir o bolo!

Minha mãe avisa e Victória me olha..

- Não quero fazer a cena padrão de cortar o bolo e tomar champagne em


taças invertidas. Por favor, não!

Todos á mesa começam a rir e logo ela é confortada por Luna que avisa
que não teremos esse momento. Parece que minha mãe nos conhece muito
bem e nos privou desse momento.

- Mas... é claro que teremos a dança!

Mamãe volta com o garçom que segura um pequeno bolo de cobertura


branca e sobre ele tem dois bonecos.

- Essa sou eu?

Victória pergunta apontando para a bonequinha sexy com vestido azul


turquesa, exatamente igual ao que usou no evento da empresa para
homenagear meu pai. A bonequinha está sentada em uma mesa de escritório
com as pernas cruzadas.

- Igualzinha!
Comento e ganho um sorriso encantador.

- Meu boneco está com a sobrancelha erguida?

Pergunto e o encaro melhor vendo que está em pé, de terno, sua cara de
falso bravo para a bonequinha.

- Olha isso!

Minha mãe diz animada e quando ergue o vestido da bonequinha tem


um coração no meio das pernas onde seria o órgão genital.

- Meu Deus!

Victória solta e começa a rir alto.

- Olha sua calça, filho!


Pede e quando foco na região onde deveria ser meu membro, tem um
volume em formato de coração.

- Foi isso mesmo que aconteceu!

Ganho um tapa da minha mulher pelo que disse e cheiro seu pescoço.

- Não tenho culpa que ganhou meu pau antes do coração.

- Pelo que entendi seu coração vive no mesmo lugar do seu pau.

Sorrimos juntos e selamos nossos lábios rapidamente.

- Vamos comer bolo!

Minha mãe nos entrega colheres e fico sem entender nada.

- Todos juntos direto no bolo?

Questiono e ganho como resposta um sorriso animado.

- No três!
Fala empolgada e antes de chegar no três avança no bolo primeiro
pegando uma colherada enorme dele. Todos pegamos com a colher um
pedaço grande e quando coloco na boca sinto o sabor maravilhoso de
chocolate. Entre risos e mais conversa, devoramos o bolo. Minha mãe lança
um olhar misterioso para Tiffany que abre um enorme sorriso.

- Vou ao banheiro.

Avisa e rapidamente desaparece para dentro de casa. Victória me encara


com a sobrancelha erguida e sei que também percebeu o movimento
estranho.

- Nós queremos fazer uma surpresa para vocês. Todo casal possui uma
música e como vocês são estranhos e fora do romantismo, escolhemos a
música por vocês.

- Estão nos presenteando com uma música romântica?

Pergunto sem conseguir deixar de sorrir. Percebo que sorrir se tornou


normal no meu dia a dia.

- Sim! Sempre que estiverem passando por algum momento difícil,


precisando lembrar do amor de vocês, escutem essa canção.

Minha mãe segura minha mão e a de Victória e nos leva até o meio de
um pequeno tablado de madeira. Nos une, se afasta toda emotiva e a música
começa a tocar. Pelos acordes já reconheço From this moment da Shania
Twain. Quando sua voz sussurrada entra como uma confissão a alguém,
meu corpo se une ao de Victória, minha mão direita repousa em suas costas
enquanto a outra segura a mão dela. Nossos olhos se conectam atentos a
cada palavra dita na canção.

"Eu juro que sempre estarei ao teu lado


Eu darei qualquer coisa e todas as coisas
E eu sempre me importarei
Na fraqueza e na força,
felicidade e tristeza, no melhor, no pior,
Eu te amarei a cada batida do meu coração"
Minha testa encosta na dela e suspiramos juntos antes de começarmos a
dançar.
"A partir de agora, a vida começou
A partir de agora, você é único
Bem ao seu lado é o meu lugar
De agora em diante
A partir de agora, eu fui abençoada
Eu vivo somente pela sua felicidade
E pelo seu amor eu daria meu último suspiro
De agora em diante
Te dou minha mão com todo o meu coração
Mal posso esperar para viver minha vida com você
Mal posso esperar para começar
Você e eu nunca nos separaremos
Meus sonhos se tornaram realidade por sua causa
A partir de agora, enquanto eu viver
Eu vou te amar
Eu te prometo isso
Não há nada que eu não conceda
De agora em diante
Você é a razão pela qual eu acredito no amor
E você é a resposta do céu às minhas orações
Tudo que precisamos é só de nós dois
Meus sonhos se tornaram realidade por causa de você
A partir de agora, enquanto eu viver
Eu vou te amar
Eu te prometo isso
Não há nada que eu não conceda
De agora em diante
Eu vou te amar enquanto eu viver
De agora em diante"

A música termina e meus lábios rapidamente se unem ao de Victória.


Olhamos em volta e percebemos que minha mãe dançava com a Luna e a
Tiffany com o garçom. Uma nova música começa com toque sexy, pegada
de putaria boa.
Olhamos para a Tiffany que fica sem graça enquanto Justin Timberlake
diz que vai trazer a sensualidade de volta que outros caras não sabem como
agir. Me assusto quando minha mãe começa a dançar em volta de mim. Na
verdade todas estão dançando e se esfregando em mim, incluindo a minha
mulher. Claro que ela tomou posse da frente do meu corpo, de uma certa
região que é só dela. Minha mãe cobre a bunda e as laterais ficaram para
Luna e Tiffany. Não tenho outra escolha a não ser dançar com elas, que
gritam ao me ver mover o corpo.

- Me sinto tão jovem e sexy!

- Mãe, se controla!

- Poderia sair daqui agora e ir para um baile dançar essas músicas?

- Baile?

Tiffany pergunta rindo do vocabulário antigo da Sra. Fantini.

- Vou te levar para boate, vai aprender a dançar gostoso essas músicas.

- Tiffany, se afasta da minha mãe.

- Assim que você for para a lua de mel, levo sua mãe para o pecado.

Olho para a Luna que move a cabeça negativamente, me deixando


seguro de que não irá permitir. Respiro aliviado e volto a dançar.

********

Estaciono o carro em frente à entrada do sítio. Por algum motivo que


desconheço, Victória está inquieta e tensa.
Até parece que vamos ficar sozinhos e fazer sexo pela primeira vez.
Percebi que o tempo todo olhava o celular e por duas vezes enviava
mensagem a alguém.

- O que está acontecendo?

Pergunto assim que solto o cinto e suas mãos cobrem todo o celular.
- Nada!

- Tem certeza?

- Sim!

Certo! Não vou ficar perguntando, quando ela quiser conversar estarei
aqui para ouvir.

- Vamos entrar?

- Sim!

Saímos do carro, pego nossas malas e assim que paramos em frente à


porta, solto tudo e a pego em meus braços.

- O que está fazendo?

- Minha mãe disse que eu devia entrar com você assim, pisando com o
pé direito pra dar sorte.

- Estamos sendo casal padrão?

- Sim!

- Tá bom!
Fala relaxando o corpo e abraça meu pescoço. Por que ela relaxou com
o casal padrão? Ela está confortável com isso? Casamos e perdemos a
loucura? Entro na casa com o pé direito, coloco Victória no chão e pego as
malas, fechando a porta em seguida. Me surpreendo quando sua mão pega
a minha e sou arrastado por uma noiva até o quarto. Paramos em frente à
porta e ela me olha com um sorriso divertido.

- Sua mãe me mandou fazer isso, porque segundo ela é romântico e


nossa primeira noite casados deve ser assim.

Abre a porta do quarto e vejo velas, um caminho de pétalas de rosas


vermelhas que vai até a cama, que também tem muitas pétalas. Entramos
rindo, mas paramos assim que o cheiro das velas e rosas se misturam
tornando o ar insuportável para respirar.

- Muito romântico!

Digo tossindo e ela também parece não suportar o cheiro.

- Não precisa me carregar no colo e muito menos fazer as coisas que sua
mãe diz.

Victória fala me puxando pra fora do quarto e encostamos na parede no


corredor.

- Esquece velas e pétalas, só preciso do seu corpo não importa onde


seja. Temos nosso romantismo único, não precisamos ser padrão.

- Vamos para o outro quarto.

Novamente sou arrastado e dessa vez para o quarto ao lado.

Entramos e não tem velas, mas tem uma cama também cheia de pétalas.

- Sua mãe sabia que fugiríamos daquilo lá.

- Pelo menos o cheiro é mais suportável aqui

- Sabe que ela vai perguntar pra gente como é fazer amor sobre as
pétalas, certo?

- Sim!

Respondo com um suspiro pesado e fechamos a porta.

- Foda gostosa no mar de rosas?

- Sim!
FAZER AMOR DO NOSSO JEITO

NARRAÇÃO VICTÓRIA

Entramos no quarto e enquanto Arthur fecha a porta vou até a beirada


da cama. Tento soltar meu vestido, mas sou parada por mãos enormes.

- Por que acha que pedi para vir com o vestido e não se trocar?

Sussurra em meu ouvido e seu peito encosta em minhas costas.

- Quer ter o prazer de despir sua noiva?

- Com certeza! Pelo menos essa tradição quero ter, já que tirar sua roupa
é uma das coisas que mais amo fazer.

Seu nariz percorre minha orelha, meu cabelo e suas mãos deslizam em
meu braço, subindo e me fazendo prender o ar.

- Primeiro vou soltar o vestido, depois seu cabelo.

- E depois?

Pergunto com a voz baixa, com um pequeno sorriso no rosto.

- Depois vou beijar seu corpo todo e fazer amor com a minha esposa.

- Fazer amor? Estamos nos tornando românticos daquele tipo de filme


meloso.

- Você sabe que o nosso fazer amor é diferente.

- Sei?!
Sinto seus dedos soltando a parte de trás do meu vestido, que aos
poucos vai se desprendendo do meu corpo. Suas mãos delicadamente
empurram a parte da frente do vestido e então ele desaba sobre os meus pés.
Seu suspiro alto me faz morder o lábio inferior e quando sinto tocar meus
seios, minha cabeça tomba para trás se apoiando em seu ombro.

- Existem casais que fazem amor para demonstrar paixão, devoção.

- Somos esse tipo de casal?

- Não!

Responde e beija a lateral da minha cabeça.

- Que tipo de casal somos?

Antes de responder começa a tirar os grampos do meu cabelo.

- O tipo que faz amor pra saciar desejo, pela luxuria do ato, para atingir
um prazer enorme e tudo isso misturado a um amor que sabemos ser
realmente verdadeiro, sem precisar mostrar devoção ou qualquer outra coisa
no sentido de jurar pertencer, ser fiel.

Tira o ultimo grampo e meu cabelo cai sobre meus ombros.

- Então não fazemos amor como juramento de amor eterno, mas sim
como forma de saciar apaixonadamente o fogo que nos queima quando
estamos juntos?

Digo e me viro ficando em frente ao Arthur. Encaro seus olhos e vou


tirando seu paletó.

- Consegue sentir o fogo que nos queima quando estamos próximos?

Pergunta com um sorriso safado e assim que coloco o paletó na chão,


vou para a gravata.

- Qualquer pessoa que esteja perto da gente sente esse calor e se


queima, Sr. Fantini.

- Então somos bem quentes, prejudicial demais para quem não suporta
grandes temperaturas.
Jogo a gravata no chão, abro os botões de sua camisa e seus olhos
apenas me assistem.

- Sabe o que percebi?

Pergunto e sua cabeça se move negativamente.

- Que sou o fogo e você o combustível, por isso somos bons juntos e
não nos machucamos. Preciso de você para queimar e você precisa de mim
para existir. Que adianta ser combustível se não pode ser usado para
queimar?

- Está me dizendo que antes de entrar na minha vida eu era um


combustível inútil?

Sua pergunta vem junto com uma sobrancelha erguida de diversão.

- Você ouviu a parte que eu não existia antes de você?

- Entendi a referência, mas precisava ouvir de sua boca que não existe
sem mim.

- Está ficando mal acostumado com declarações de amor.

- Até agora eu ouvi só uma declaração de amor.

- Gravou essa única que aconteceu?

- Sim!

- Ótimo! Guarda as palavras que daqui vinte anos vem a próxima


declaração.

Suas mãos seguram meu rosto e seus olhos cheios de brilho encaram os
meus.

- Você nos vê juntos daqui vinte anos?

Pergunta todo bobo e me controlo para não beijá-lo todinho agora.


- Minha meta é tornar a Jubiléia com você, meu Jubileu. Comprarmos
um camping de nudismo e dar comida com temperinhos mágicos que deixa
o tesão no topo.

Sua risada alta ecoa pelo quarto e sei que entendo a referência que
tivemos com pardalzinho e codorninha.

- Estou me imaginando pelado, velho e com a coisa mole caída entre as


pernas.

- Não se preocupe, andarei segurando sua coisa mole pelo camping,


mostrando a todos nosso amor.

Seus lábios encostam nos meus suavemente, nossos olhos se fecham e


aos poucos andamos em direção a cama. Paramos de andar quando sinto a
cama atrás de mim e segurando minha nuca, Arthur me deita delicadamente
sobre as pétalas.
Elas começam a grudar em minhas costas e tento não me sentir
incomodada.

- Pronta para ser beijada?

- Sim!

Arthur fica em pé á minha frente e tira o resto da roupa, enquanto tento


encontrar um lugar em meio às pétalas. Algumas delas grudam em meus
cotovelos, na bunda e me irrita.

- Espera!

Viro e tento jogar o que consigo das pétalas na cama no chão. A risada
escandalosa do meu querido marido me faz olhá-lo.

- O que foi?

- Tem pétalas perdidas no meio da sua bunda.

- Estou plantando rosas no meu orifício. Dizem que são nesses lugares
que nascem as mais belas rosas.
Rindo de mim ele estende a mão.

- Vamos sair daqui!

- Pra onde vamos? Sua mãe deve tacado rosa e velas na casa toda
achando que combina com a gente.

- Na sala não tem nada!

Pego sua mão e antes de sairmos do quarto pegamos travesseiros e


cobertas.
No chão da sala espalhamos as almofadas do sofá sobre o tapete peludo.
Colocamos as coisas que trouxemos do quarto e sento vendo Arthur acender
a lareira.

- Cuidado para não queimar o regador, vou usá-lo para regar minha rosa
no orifício.

- Pode deixar!

Coloca mais lenha sobre o fogo que queima e vem para o tapete
comigo. Me surpreendo quando senta atrás de mim, abre as pernas e me
coloca entre elas. Nos envolve na coberta e me abraça. Sua cabeça está ao
lado da minha, minhas costas apoiadas em seu peito e estou presa entre seus
braços fortes. Seu nariz dança em meu cabelo e quando fecho meus olhos, o
som de seus suspiros se misturam aos pequenos estouros da lenha
queimando. Acho que foram poucos os momentos em que me senti segura
assim, como se eu pudesse parar de ser forte e deixar alguém ser minha
proteção.

- Acho que entendi mais uma coisa sobre o amar.

Digo com a voz baixa e abro meus olhos.

- O que?

Arthur pergunta usando o mesmo tom de voz baixo.


- Amar é permitir ser frágil, quando sente-se segura nos braços de
alguém. Me sinto segura em seus braços, Arthur e é tão bom parar nem que
seja por segundos de ser forte.

- Aprendi algo sobre amar também.

Beija meu rosto e respira fundo.


- Lembra quando te disse que não era da minha natureza estar com
alguém que dependia de mim, que fosse frágil e tudo mais?

- Sim!

- Amar não é tornar alguém frágil, dependente de sua força, mas sim ser
à força da pessoa quando ela precisa ser frágil. Você é a mulher mais
incrível e forte que conheço Victória, mas quando te abraço e sinto sua
fragilidade, entendo o quanto deve ser cansativo pra você ser forte o tempo
todo. É nesse momento que consigo ver sua alma, sua fragilidade e me
apaixono ainda mais por você. Não é somente sua força que encanta, mas
também a sua fragilidade que te torna tão humana e correta. Quantas vezes
precisar, serei sua fortaleza para deixar a força de lado e ser frágil sem
medo.

- Você realmente precisa parar de ser tão apaixonante assim. Não pode
simplesmente fazer declarações o tempo todo, me fazendo te amar ainda
mais. Volta agora com o Rocha, antes que me torne uma emotiva irracional.

Arthur me aperta em seus braços e suas pernas ficam por cima das
minhas, me deixando exposta.

- Você quem pediu, Victória!

Sussurra de forma sexy, com a voz rouca de quem vai me devorar


gostoso.

- Vamos começar sentindo sua pele tão macia.

Suas mãos se unem em meu pescoço, a coberta cai no chão, afasto meus
braços para trás, dando acesso ao meu corpo. Seus dedos enormes dançam
em meu pescoço, vão para os seios e não são nada delicados. Minha carne
sente a pressão, o desejo em cada toque.
Meus seios são massageados, apertados e meus bicos endurecem
rapidamente. Meus gemidos já ecoam pela sala e sinto seu membro
endurecer atrás de mim.

- Ergue as mãos e segura minha nuca.

Pede em meu ouvido e obedeço sem questionar. Sua mão esquerda se


mantém em meu seio e a direta desce pela minha barriga, me fazendo travar
a respiração. Quando chega em meu sexo solto o ar de uma vez e sinto o
tremor do prazer.

- Olha para a lareira!

Abro meus olhos e foco no fogo, que está bem intenso, com cores
incríveis.

- Quero que queime mais que aquele fogo.

Me estimula, aperta meu seio e me seguro mais forte em sua nuca.

- Queime... pra mim...

Introduz seus dedos em meu sexo e grito de prazer. Solta meu seio e
segura meu pescoço, colando os lábios em meu ouvido.

- Tão molhada, tão quente, tão gostosa.

Seus movimentos se tornam mais rápidos e intensos.

- Arthur!

Seu nome sai da minha boca de forma desesperada e meu corpo todo
treme.

- Queima...
A explosão acontece e meu corpo todo se contorce, enquanto prendo
seus dedos dentro de mim com as pernas. Em uma mistura de prazer e
desespero, saio do meio de suas pernas e viro para o Arthur. Seguro seu
membro, me arrumo pronta para sentar nele e não demoro muito para
introduzi-lo dentro de mim. Nós dois gememos juntos e fico com os joelhos
acomodados na lateral de suas pernas que estão esticadas e fechadas. Não
me movimento, apenas mantenho meus olhos nos dele, que queima de
tesão. Nossas mãos agarram nossos pescoços, nossas bocas se procuram em
desespero, o encontro perfeito do fogo e do combustível.

Começo a me mover, subindo e descendo o corpo, sentando gostoso e


beijando com tanta intensidade que faz meus lábios arderem. Sua boca
desgruda da minha e ataca meu seio, sugando com vontade. Colo os meus
lábios em seu ouvido e direciono todos os meus gemidos de prazer pra ele.
Nossos corpos tremem, nossa respiração perde totalmente o ritmo e agarro
sua cabeça quando sinto o orgasmo crescendo novamente. Me entrego aos
tremores e gozo gostoso com seu membro enterrado dentro de mim. Arthur
me agarra e começo a rir quando me gira com facilidade me colocando de
joelhos no chão, em frente ao sofá e fica atrás de mim. Me empurra para
deitar a cabeça no sofá e minha bunda empina pra ele.

- Tão lindo esse orifício de rosas.

Beija minha bunda, passa a língua sentindo minhas entradas e percebo


seu membro também reconhecendo os locais. Sua boca sobe pelas minhas
costas e para no meu ouvido.

- Pronta pra queimar a noite toda?

- Sim!

Introduz seu membro em meu sexo, deita sobre minhas costas e isso me
faz senti-lo muito fundo dentro de mim. Não se move, apenas rebola e isso
é tão foda. Sua mão tira os fios de cabelo do meu rosto, para me ver delirar
de prazer.

- Gosta assim?

- Sim! Gosto quando ele vai até o fundo, me fodendo de verdade.


Arthur afasta e mete com tudo, me fazendo gritar.

- Gosta assim?

- Sim!

Mete de novo, de novo, de novo e perco as contas enquanto sou


consumida pelo prazer. Tento me segurar no sofá, mas não consigo e gozo
de novo. Sinto beijos em meu ombro, rosto, costas e vou tentando voltar ao
normal.

- Estamos só começando!

*************

Meus olhos estão quase se fechando, o sono está vindo com tudo.
Estamos no sofá, estou deitada no peito do Arthur que faz carinho em
minhas costas. O fogo da lareira está igual o meu, só na brasinha pra apagar.

- Está acordada?

Ele pergunta e ergo meus olhos para ver seu rosto.

- Sim!
- Quero construir nossa vida, nossa casa, nossa família.
Fala e não digo nada, aguardo que me conte mais sobre seus planos.

- Quero a nossa casa! Quero a rotina de acordar e juntos nos arrumar


para ir à empresa. Quero voltar pra casa e fazer nosso jantar, depois sentar e
conversar com você sobre tudo, menos trabalho. Quero reclamar da sua
desorganização e ouvir suas piadas sobre meu excesso de organização.
Quero ter nossas brigas de casais e depois terminar com sexo gostoso.
Quero marcar cada canto da nossa casa com nossos corpos e sorrir cada vez
que lembrar de como foi quando olhar. Quero ter nossos filhos e ser um pai
que eu nunca tive. Quero ser o melhor pai do mundo, ser o herói dos meus
filhos.

Para de falar e espera que eu diga alguma coisa.


- Sei que tivemos a conversa antes do seu medo de...
- Quero tudo isso!

O interrompo e passo a mão em seu rosto.

- Tem certeza que podemos ver uma casa pra gente?


- Sim!
- Podemos construir uma sem pressa, do jeitinho que quisermos.
- Uma ótima idéia.

Falo e ganho em resposta um sorriso lindo de um homem apaixonado.

- Eu te amo!

Sussurra e me arrasto mais para cima.

- Também te amo!
SURTANDO DEMAIS

DUAS SEMANAS DEPOIS

NARRAÇÃO VICTÓRIA

Olho meu relógio e já são quase 14h da tarde. Verifico mais uma vez a
coisas que preciso fazer e tento calcular quanto tempo tenho para uma
pausa. Estou com fome, mas o tempo me falta já que estou levantando as
possibilidades para sobrevivermos sem um parceiro.

- Vick!

Ergo meus olhos e vejo Tiffany segurando um prato e um copo que


imagino ter suco.

- Arthur me pediu para te trazer.

Entra e coloca a minha frente um macarrão com legumes que cheira


muito bem.

- Arthur que mandou?

- Sim! Quando cancelou mais uma vez o almoço com o dele porque as
agendas não batiam, foi para a cozinha rapidinho e fez o macarrão pra você.

- Por que ele não me trouxe?

- A intenção era trazer, mas Luna o arrastou para uma reunião no andar
de baixo.

Para ficarmos perto um do outro, Arthur fez da sala de reuniões ao lado


da dele a minha sala e no andar de baixo que era o andar da vice-
presidência fez a nova sala de reuniões. Isso não ajudou em nada, ainda
estamos distantes dentro da mesma empresa. Não conseguimos encaixar as
agendas e só nos vemos na hora de ir embora. Parece que entramos aqui e
sumimos da vida um do outro.

- Quer alguma coisa?

Tiffany pergunta me olhando preocupada e talvez o motivo seja meu


olhar cansado.

- Não imaginei que teria tanto trabalho assim.

- Por causa da parceria que acabou com o Sr. Oscar, ficou pra você a
responsabilidade deles né?

- Sim!

- Vão procurar um novo parceiro?

- Arthur quer, mas tenho certeza que conseguimos sobreviver sem


parceiro.

- Por isso está trancada aqui com todos esses contratos e planilhas?

- Sim!

- Vou te deixar comer, depois venho pegar o prato e copo.

- Obrigada, Tiffany!

- Posso confirmar sua consulta com a Dra. Mariana amanhã?


- Sim! Só tenta ver se ela pode me atender após o trabalho.

- Certo!

*********

NARRAÇÃO ARTHUR

Volto para o andar da presidência e vejo Tiffany saindo da sala da


Victória. Quando meu corpo vira para ir ver minha mulher, escuto o
pigarrear da Luna atrás de mim.

- Precisa ligar para o Sr. Alcântara, ele quer conversar sobre o serviço
que prestamos a ele.

Respiro fundo, penso em dar mais um passo, mas ela não deixa.

- Nem pense nisso, Sr. Fantini!

- Nunca imaginei que sentiria falta da Victória como secretária.

- Você que me pediu para ser firme e não deixá-lo cair na tentação da
vice-presidência. Essas foram suas palavras...

Coça a garganta e olho minha secretária pelo canto dos olhos.

- De forma alguma me deixe cair na tentação de ir na sala da Victória


pra fazer besteira. Se perceber que estou matando trabalho para transar, me
impeça e seja chata se preciso. Me bata e me amarre na cadeira pra que eu
consiga suportar conviver com a tentação na sala ao lado.

- Disse isso?

- Sim!
Viro e tento não rir, mantendo o olhar sério.

- Se eu disse, tenho poder de retirar todas as palavras. Não precisa mais


me segurar, pode me deixar cair na tentação, me afogar nela, me lambuzar.

Volto para ir até Victória e uma mão segura meu braço.

- Você mesmo me preveniu sobre isso, disse que de forma alguma era
para aceitar que retirasse suas palavras. Aparentemente se conhece bem
demais para saber que encontraria meios de se sabotar. Juro que se não
tivesse nada para fazer o deixaria em paz, mas sua agenda está lotada.

- Luna, nesse momento estou te odiando.


- Ótimo! Amor e ódio andam de mãos dadas. Agora volta pra sua sala e
liga para o Sr. Alcântara

Batendo os pés igual criança contrariada, ando em direção a minha sala.

- Tem certeza que a Dra. Mariana não consegue atender após ás 18h?
Sra. Fantini não possui tempo para uma consulta antes desse horário.

Paro de andar ficando ao lado da mesa da Tiffany. Espero ela discutir o


horário com a secretária da Dra. Mariana, enquanto Luna fica igual um cão
de guarda ao meu lado.

- Certo, vou verificar com a Sra. Fantini se é possível uma consulta


domiciliar nesse horário. Retorno em alguns minutos.

Desliga, me olha e sorri animada.

- Precisa de algo Arthur?

- O que Victória tem? Ela não reclamou de nada comigo esses dias.

- Vick não me falou nada, só me pediu para marcar a consulta.

Estranho! Será que Victória está com algum problema, alguma coisa e
está me escondendo?

- Sr. Alcântara!

Luna sussurra me lembrando do meu compromisso, mas minha mulher


nesse momento é mais importante. Espera! Será?! Pego do meu bolso o
celular e procuro meu calendário. Verifico quando foi a ultima vez que
Victória teve sua regra, quando começou e quando terminou. Aprendi com a
Dra. Mariana a calcular o período fértil, mas não preciso fazer isso para
saber se transamos nesse período, já que fazemos todos os dias. Só preciso
saber quando deveria vir à próxima regra e seria ontem, mas não veio e sei
disso porque transamos no banho hoje de manhã. Será que hoje posso
contar como primeiro dia de atraso?

- Arthur!
Viro para a Luna bravo e ganho um sorriso assustado.

- Não fica bravo, você realmente precisa voltar ao trabalho.

- Tiffany, depois me passa as informações da consulta e quando Victória


estiver livre pede para vir até minha sala.

- Ela só tem horário para o senhor na sexta após as 15h.

Diz rindo e começo a achar que deveria ter ficado com ela ao invés da
sombra Luna.

- Estou brincando, vou avisá-la que quer falar com ela.

- Obrigado!

Vou para a minha sala e pego o telefone assim que sento na minha
cadeira.

- Pronto, já pode sair e me deixar trabalhar.

Luna ergue uma sobrancelha e cruza os braços.

- Que foi?

- Aprendi a ler suas expressões, sei que vai fazer algo sobre Vick antes
de ligar, só não sei o que é.

- Juro que vai demorar dois minutos.

Ela bufa, sai da sala, ligo para a farmácia aqui da rua e pergunto se tem
teste de gravidez.

- Temos sim, quantos precisa?

Como assim quantos preciso? Achei que um só já me daria uma


resposta.

- Quero uns 10.


- Tem certeza?

A atendente pergunta com uma voz estranha e acho que peguei poucos.
- Na verdade preciso de 20.

Fica um silêncio estranho no telefone por alguns segundos e então a


mulher volta a falar, me passando o preço de tudo.

- Vou te passar o endereço de entrega, vou pagar na entrega.

- Perfeito, Sr. Fantini! Mais alguma coisa?

- Não, obrigado!

**********

Luna entra na minha sala com um saco de papel que enviaram da


farmácia.

- Devo me preocupar? Está doente ou alguma coisa assim?

Pergunta me olhando firme e percebi esses dias que ela e minha mãe
andam bem unidas, compartilhando tudo e se contar que são testes de
gravidez minha mãe logo ficará sabendo e será um caos. Provavelmente vai
surtar, ficar toda ansiosa e nos forçar a fazer coisas, comer coisas para
aumentar as chances de gravidez. Capaz ainda de verificar dentro da
Victória se gozei direito.

- Por que está rindo?

Minha secretária pergunta e paro de rir na hora.

- Nada! Pode me passar isso, não precisa se preocupar só estou repondo


os itens de primeiro socorros da minha caixa.

Luna me entrega o saco de papelão e antes de sair me avisa que


recebemos o email de um orçamento de materiais.

- Vou analisar agora.


Sai da sala e quando fecha a porta vou para o meu banheiro. Arrumo um
espaço no meu armário e preciso pensar em como fazer Victória realizar os
testes. Abro o saco e pego um exame, leio atento como deve ser feito.

- Arthur!

É a voz da minha mulher. Guardo o teste de novo no saco e ela aparece


na porta do banheiro.

- Tenho dez minutos pra você.

Diz já avançando em meu corpo, na minha boca e minhas costas se


chocam contra a parede.

- Odeio trabalhar perto de você e não ter tempo pra um beijo, uma
loucura.

Fala com a voz desejosa e suas mãos já estão em minha calça abrindo o
zíper.

- Só precisamos de cinco minutos.

Digo e vejo seu sorriso safado.

- O tesão está intenso e vai gozar rápido?

- Não!

Fujo de seu ataque e fecho meu zíper.

- Tenho algo pra você.

- Algo pra lubrificar ou excitar?

Pego o teste de gravidez e mostro pra ela que fica de boca aberta.

- Um teste de gravidez?

- Por que?
- Está atrasado um dia.

- Não está!

- Está sim!

Pego meu celular e mostro o calendário.

- Está marcando minha menstruação?

- Sim! Quero saber seu período de ovulação e quando atrasa. Está


atrasado um dia!

- Meu Deus! Como assim?

- Na verdade não deu atraso de um dia completo, mas sua menstruação


parou de noite, então na noite de ontem tinha que vir e ...

- Para!

Começa a rir, mas não acho que seja de felicidade.

- Você comprou um teste de gravidez só por causa de quase um dia de


atraso?

- Não comprei um, comprei vinte.


- Vinte?

- Não sabia quantos precisávamos para garantir a resultado.

Seu riso se torna gargalhada e então senta na tampa da privada.

- Você agendou consulta com a Dra. Mariana!

- Sim!

- Por que? Era pra falar desse atraso?

- Eu não faço idéia de quando foi minha ultima menstruação.


- Dia 25 do mês passado.

Ganho um olhar estreito que me faz sorrir sem graça.

- Estou nesse momento tentando não ter nossa primeira briga.

- Por que iríamos brigar?

- Como você compra vinte testes de gravidez sem antes falar comigo?
Não fazia idéia desse controle do meu ciclo.

- Você não é a parte do casal organizada.

Uma sobrancelha erguida é o suficiente para me dizer que não deveria


ter falado isso.

- Mas você é a parte inteligente que não compraria vinte testes.

Muda de sobrancelha erguida.

- É a parte equilibrada que agenda hora com a Dra. Mariana para falar
sobre isso.

Abro um enorme sorriso e seu dedo me chama. Vou até ela e me ajoelho
a sua frente.

- Minha consulta com a Dra. Mariana é para conversar mais sobre a


gestação. Percebi naquele dia que você estava no meio das gestantes que se
preocupou em saber como meu corpo mudaria e como seria pra mim a
gestação, só que eu mesma não pensei nisso. Sonhar com a maternidade é
uma coisa, viver a gravidez é outra. Quero saber sobre as mudanças no meu
corpo, o que é normal e o que é perigoso.

- Então é uma conversa para entender a gestação melhor?

- Sim!

- Podia ter me dito!


- Estava esperando a data para compartilhar com você. Conversar sobre
o assunto e perguntar se quer me acompanhar.

- Claro que quero!

- Ótimo! Amanhã ás 20h no loft, achei melhor ser longe da sua mãe ou
ela apareceria do nada com uns trinta testes de gravidez, porque é mais
louca que o filho.

Ganho um beijo carinhoso nos lábios e na testa.

- Preciso voltar para a minha sala, você perdeu seus dez minutos de
diversão comigo.

- Espera!
Seguro sua mão assim que se levanta, impedindo de sair do banheiro.

- Podemos fazer um teste?

- Arthur, ainda está cedo demais para começar a pensar em uma


gravidez. Pode demorar pra isso acontecer e nem sempre minha regra é
regular.

- Por favor! Não estou pedindo pra usar os vinte, só um.

Faço cara fofa e sei que ganhei o que quero quando ela começa soltar a
calça.

- Me dá o teste e sai.

- Não, quero fazer parte desse momento.

Pego um teste, abro a caixa e entrego um negocio que parece um


termômetro.

- Tem que fazer xixi nessa pontinha e depois me dá.

- Já leu as instruções?
- Sim! Tenta não molhar tudo, só a pontinha ou estraga o teste.

- Acho que posso estragar sem medo dezenove testes.

Diz irônica e fechando um olho, começa a fazer xixi. Me entrega o


termômetro de mijo, tampo a ponta que tem urina e coloco em cima do
mármore da pia. Meus olhos focam no pequeno espaço que deve aparecer
mais um traço. Escuto a descarga, Victória vem lavar a mão e parece
despreocupada, ignorando o que pode ser a confirmação do nosso bebê.
- Vou para a minha sala, quando terminar minhas coisas volto aqui para
irmos embora.

- Não vai esperar a resposta do teste?

Meus olhos agora estão nela, que sorri para mim toda linda.

- Se der positivo, sei que vai invadir minha sala radiante, então prefiro
assim a ficar e ver sua tristeza com o negativo. Te amo!

Beija meu rosto, sai do banheiro e respiro fundo antes de olhar o teste.
COM PENA

NARRAÇÃO VICTÓRIA

Minha mente há quase quatro horas está totalmente fora dessa sala, do
trabalho e das coisas que preciso fazer. Confesso que esperei ansiosa a
entrada na minha sala de um homem todo radiante, gritando que seria pai.
Dra. Mariana me avisou que nem sempre a gravidez ocorre de forma rápida,
não por problemas nossos, mas por não ser à hora ainda. Devia ter deixado
Arthur ouvir essa parte, assim não criaria tanta esperança, não ficaria tão
ansioso. Estou com pena dele agora, o imaginando em sua sala de bico.

- Vick!

Tiffany surge na porta da minha sala, segurando uma pasta.

- Chegou!

Avisa com um grande sorriso e saio da minha cadeira indo até ela.

- Arthur está na sala dele?

- Sim! Desde que você saiu de lá, está trancado trabalhando. Luna acha
que ele está doente, já que vivia na luta para mantê-lo naquela cadeira longe
de você e agora está sentadinho quieto trabalhando sem reclamar.

- Certo! Assim que eu entrar naquela sala, avise a Luna para cancelar o
que tiver na agenda dele.

- Pode deixar. Sabe o que aconteceu com ele?

- Sim!
- Foi algo que fizemos?

- Não! Coisa minha e dele, mas isso aqui vai animá-lo um pouco.
Balanço a pasta e vou em direção a sala do Arthur. Luna fica apenas me
observando, enquanto bato na porta.

- Pode entrar, Luna!

Arthur diz e abro a porta.

- Já assinei os documentos que me entregou e já te enviei por email as


atas que precisa imprimir.

- Claro, Sr. Fantini!

Respondo da forma que fazia quando tentava ser a secretária submissa,


fechando a porta assim que entro. Seus olhos encontram os meus, mas não
encontro o sorriso lindo do homem que amo. Arthur fica me olhando
enquanto caminho em sua direção. Tiro suas mãos apoiadas da mesa,
coloco a pasta nela e sento em seu colo. Seus braços rapidamente circulam
meu corpo e seu rosto encosta em meu peito. Escuto seu suspiro e seus
ombros relaxam. Mexo em seu cabelo e beijo sua cabeça, sentindo muita
pena dele assim. Não imaginei que a paternidade se tornaria um sonho tão
importante assim pra ele. Nunca imaginaria Arthur Fantini profundamente
triste por não ser pai. Esperava a decepção do negativo, mas não a tristeza.

- Quer conversar?

- Não!

- Tem certeza?

- Não!

Deito minha cabeça sobre a dele e o abraço também.

- As coisas podem não acontecer tão rápido assim, precisamos ter


paciência e não nos abalar toda vez que der negativo o exame.

- Será que vamos ter que usar os outros dezenove testes até encontrar o
positivo?
Pergunta todo magoado e queria tanto tirar esse sentimento dele.

- Não vamos pensar nisso, certo? Vamos tentar não controlar ovulação,
não contar dias de atraso.

- Não sei se consigo fazer isso, gosto da organização, de ter controle dos
períodos.

- Só dessa vez tenta não controlar nada, Sr. Rocha!

- Vai ser difícil, já que mentalmente já refiz todo o seu ano menstrual.
Isso se seus atrasos não prejudicarem meu controle.

- Agora é minha culpa o atraso?

- É! Por sua causa, do seu corpo sem organização e controle, estou


vivendo essa tortura.

Olho para o seu rosto e vejo um pequeno sorriso.

- Parece que novamente estou tirando sua vida do rumo.

- Exatamente! Te amar é um descontrole total na minha vida.

- Está arrependido?
- Não! Gosto do seu descontrole, apesar de me deixar louco como
agora.

- O que devo fazer para compensar essa loucura?

Sua cabeça se afasta do meu peito e seu rosto fica em frente ao meu.
Um pequeno sorriso safado se forma no canto de sua boca e uma
sobrancelha se ergue.

- Pensando besteira, Sr. Fantini?

- E existe outro pensamento em mim quando estou com você?


Avança em minha boca e sua mão se enfia por baixo do meu cabelo, já o
segurando firme.

- Espera!

Peço entre o beijo, mas ele está bem focado em se perder no meu corpo.

- Preciso te mostrar uma coisa.

Tento sair de seu colo, mas não consigo, seu rosto já está no meio do
meu decote procurando meus seios.

- Arthur, espera!

Consigo me soltar, saio de seu colo e quando tento pegar a pasta sou
empurrada pra mesa. Arthur está se esfregando em mim, sinto sua ereção
em minha bunda e suas mãos em meu corpo todo. Meu Deus! Foco! Preciso
ser mais forte, pelo menos agora. Minhas mãos se apoiam na mesa e sinto
seu toque em meu sexo ainda coberto pela calça.

- Quero te mostrar algo!

Digo ofegante, quase vencida pela tentação.

- É importante?

- Sim!

- Muito!

- Sim!

- Mais do que sexo na minha mesa?

- Sim!

Suspira pesado e para tudo, deixando de me torturar.

- Mostra!
Pego a pasta e abro sobre a mesa. Seu rosto fica encaixado no meu
ombro, ficamos com as cabeças lado a lado.

- Você não vai me mostrar coisa de trabalho, né? Isso não pode ser
melhor e mais importante do que sexo na minha mesa.

- Não!

Tiro alguns papéis da pasta e coloco espalhado sobre a mesa.

- Depois da nossa conversa na lua de mel, não tivemos tempo para


voltar ao assunto, então decidi começar sozinha.

Seu corpo sai de trás do meu e seus olhos analisam tudo que mostro.
- Entrei em contato com o corretor que me ajudou a encontrar o loft. Sei
que não conversamos sobre local, o que desejamos, nada, mas...

Respiro fundo e me viro para focar só nele.

- Eu não quero sair de perto da sua mãe, por isso limitei nossas buscas
na região dela e aqui estão as opções. Temos apenas um terreno caso prefira
construir, o resto são casas.

Não consigo decifrar o que se passa em sua cabeça, Arthur apenas olha
tudo com muita atenção.

- Fala alguma coisa!

- Sabe muito bem que eu queria muito nosso lugar, quem tinha medo era
você.

Me olha pelo canto dos olhos e vejo um sorriso.

- Depois da lua de mel, da nossa conversa, tive medo de te assustar de


novo e então me calei.

- Não devia se calar nunca. Acredito que para esse casamento dar certo,
devemos dizer sempre o que sentimos, não esconder nada, muito menos
nossos medos.
Agora seu corpo vira-se pra mim e sua mão toca meu rosto.

- Estava esperando o assunto surgir de novo na sua boca e não na


minha, mas como sempre você torna tudo mais incrível. Não só falou, mas
trouxe caminhos para realizarmos.

- Isso te deixou mais animado?

- Muito!

Me beija rapidamente, senta e me coloca em seu colo mais uma vez.

- Vamos olhar o que temos aqui. Devo dizer que me agrada muito o fato
de não querer se afastar da minha mãe.

- Nunca! Por ela não sairíamos nunca de suas asas, mas acho que
precisamos de algo nosso. Não quero que se sinta sozinha, então podemos
jantar com ela algumas noites, o que acha?

- Acho perfeito!

Pegamos os papéis e analisamos o que temos.

- Essa casa é a do Sr. Wilson!

- Conhece?

- É a casa em frente a da minha mãe. Se não me engano ele aposentou e


foi com a esposa morar perto do mar. Faz tempo que a casa deles está á
venda.

- Quer dar uma olhada?

- Agora?

- O corretor disse que se tivesse interesse em alguma era só avisá-lo que


tentaria agendar visita. Quem sabe não conseguimos ir hoje?

- Pode ser!
- Vamos ligar pra ele.
********
Entramos com o carro na propriedade. Tem um enorme jardim que
precisa de muito de reparo, está bem abandonado, mas ainda sim é lindo.
Tem enormes árvores em torno da casa principal e no canto uma casinha de
madeira feita para crianças.

- Lembro que o Sr. Wilson tinha muitos netos.

Arthur fala e o vejo ficar radiante vendo a casinha de madeira. O lado


papai está bem ativo dentro dele, muito mais que o meu lado mamãe diria.

- Gostei do espaço do quintal.

Digo vendo que tem espaço de sobra para crianças brincarem e os


carros.

- A casa parece bem grande.

Ele comenta e vejo que possui três andares.

- O Pedro, nosso corretor me falou no telefone que o ultimo andar é


todo aberto, não tem divisão. Tudo em conceito aberto, antigos moradores
usavam como espaço de lazer. Tinha televisão, sofá, mesa de jogos,
brinquedos, um espaço para todos.

- Gosto disso!

Arthur fala animado e saímos do carro, encontrando o corretor.

- Prontos para conhecer a casa?


- Sim!

A casa por fora é toda branca, por dentro mantém a suavidade dos tons.
Paredes brancas, assoalho de madeira escura, bem espaçosa. Está tudo
vazio, é preciso imaginar como ficaria com móveis.
- Acho que um sofá enorme ali ficaria ótimo.

Digo apontando para o canto e Arthur está sorrindo safado.


- O que foi?

- Nada! Vamos continuar.

No andar de baixo ainda olhamos o escritório, cozinha, sala de jantar e


terminamos aos pés de uma escada.

- O próximo andar são dos quatro quartos.

Enquanto subimos a escada, tento entender o sorriso do meu marido.

- O que foi?

- Nada!

São três quartos do mesmo tamanho com banheiro e um maior também


com banheiro.

- Esse é o quarto do casal.

Tem uma enorme varanda, muito espaço para cama e alguns móveis, um
closet gigante para nós dois e no banheiro temos duas pias e uma banheira
além do chuveiro.

- Por que esse sorriso? Me explica por favor?

Peço ao Arthur incomodada, com a voz baixa para o corretor não ouvir.
Ganho um beijo na cabeça e o filho da mãe vai para a varanda.

- Dá para ver a casa da minha mãe.

Avisa e vou até ele, sentindo o vento gostoso da noite.

- Dá para ver todo o quintal da sua casa e a porta da frente.


- Sim!
- Acordaremos dando bom dia para a sua mãe?
- Ela vai adorar essa idéia!
Me abraça de lado e olhamos para baixo, vendo o espaço com
churrasqueira e piscina.

- Consigo me ver em um churrasco em família.

Fala com diversão e abraço sua cintura.

- Tiozão do churrasco.
Digo rindo e ganho um aperto bem forte.

- Me diz porque está rindo!

Peço, ele olha para ver onde está o corretor e depois vem para sussurrar
em meu ouvido.

- Você imaginando os móveis e eu só conseguia imaginar seu corpo em


todos os lugares, tendo muito prazer.

Tombo minha cabeça de lado, fechando meus olhos e esperando sua


boca em meu pescoço para me provocar.

- É a minha mãe saindo com a Luna de mãos dadas?


ALGUNS TESTES

NARRAÇÃO ARTHUR

Observo com Victória minha mãe e Luna entrarem no carro, parecem


muito animadas.

- Sabe aonde elas vão?

Pergunto a minha mulher que move a cabeça de forma positiva.

- Descobriram uma paixão em comum, cinema antigo. Luna está


levando sua mãe para um cinema que tem perto da empresa. Só não me
lembro o nome do filme que vão assistir.

- Elas parecem se dar muito bem.

Comento e ganho um beijo no pescoço.

- Sua mãe merece ter alguém que compartilhe os mesmos gostos, assim
como tenho você.

Pelo canto dos olhos analiso a expressão da Victória que tenta não
sorrir.

- Compartilhamos mesmos gostos?

Questiono com diversão e ganho uma sobrancelha erguida.

- Não acha?

- Quem sou eu para dizer não?

- Já está virando marido obediente, que coisa mais linda!


A puxo pra mim e ficamos agarradinhos olhando para dentro do quarto.
- Consegue nos imaginar nessa casa com nossos filhos?

Victória pergunta e por incrível que pareça tive uma linda visão da
nossa família no jardim.

- Arthur!

Me chama para responder e beijo sua cabeça.

- Imagino a gente brincando com nossos filhos no jardim, nós dois


cozinhando naquela cozinha, no escritório tentando organizar tudo para
ficar mais tempo em casa com os filhos, você me gritando do quarto para
saber onde guardei suas coisas, enquanto estou na sala guardando os
brinquedos das crianças. Imagino minha mãe vindo aqui o tempo todo e a
gente indo pedir pra ela ficar com as crianças pra gente namorar.

Victória está rindo e sobe na ponta dos pés.

- Imaginou tudo isso?

- Sim!

Ganho um beijo delicado nos lábios.

- Você fala em crianças, quantas você imagina?

- Duas! Uma menina e um menino. Ela é mais arteira, geniosa e


desorganizada.

- Uma versão minha?

- Para o meu desespero! Só que ela tem os meus traços lindos.

- Como é o menino?

- Tímido, mas com um sorriso radiante. Gosta de histórias de


dinossauros e me ajuda a guardar a bagunça.

- Meus traços?
- Sim! Lindos e encantadores olhos azuis.

- Teremos lindos filhos!

- Sim!

- Você imaginou tudo isso só ao entrar nessa casa?

- Não! Imagino tudo isso desde que descobri que te amo!

Seus olhos encaram os meus e aos poucos vão se enchendo de lágrimas.

- Por que nunca conversamos sobre isso?

- Porque não era a hora. Precisávamos estar maduros para entender esse
sentimento e certos de que estamos no mesmo caminho, lado a lado nessa
caminhada.

Passo a mão em seu rosto e encosto a ponta do nariz no dela.

- Podemos chamar de nosso lar essa casa?

Pergunto e ganho um enorme sorriso.

- Sim!
**************

TRÊS MESES DEPOIS

NARRAÇÃO VICTÓRIA

Termino de colocar minhas roupas sobre a cama, para guardar em


seguida no closet. Hoje estamos tentando colocar tudo em ordem na nossa
casa, para finalmente morarmos nela. Estamos nos dividindo entre a casa da
Sueli e a nossa e já estou ficando maluca. Além da nossa mudança, Tiffany
e Luna também estão saindo do apartamento. Sueli teve a brilhante idéia de
levá-las para sua casa, agora estão todas juntas. Olho em volta as caixas que
ainda tenho que esvaziar e penso seriamente em desistir.
- Nem pense em fugir desse momento!

Arthur diz ao entrar no quarto, me conhecendo muito bem.

- É muita coisa!

- Só falta o nosso quarto!

Senta na cama e respira fundo.

- O que foi?

Pergunto vendo seu rosto péssimo.

- Não sei! Ando bem sonolento, com muita fome, irritado, sensível.

Bufa e cai de costas na cama, encarando o teto.

- Sente-se doente?
- Não! Só que às vezes quero chorar, então mudo para vontade de rir e
às vezes só não quero fazer nada. Nada mesmo, nadinha!

- Estranho! Quer ir ao médico?

- Não!

- Tem certeza?

- Sim! Só de não estar na minha sala sentindo o cheiro do produto que


passaram já fico bem.

- Cheiro?

- Sim! Algum produto novo fedido que me incomodou.

Ele fecha os olhos e pego algumas peças de roupas indo para o closet.

- Acho que deveria ligar para algum médico conhecido.


- Único medico que conheço é a Dra. Mariana.

Grita de volta pra mim e em segundos aparece na porta do closet.

- E isso me lembra que...

Olha seu celular e está sorrindo muito.

- Cinco dias de atraso.

- Arthur, não começa.

- Você disse que eu só podia te obrigar a mijar em mais um teste, se


estivesse atrasado mais de cinco dias.
- Isso porque eu já mijei em dois meses em dezessete testes.

- Faltam 3!

- Não! Nem pensar! Vamos esperar mais, não vou aguentar você triste
mais uma vez vendo um negativo.

Ele enche os olhos de lágrimas e pega os três testes.

- Você não me ama! Se me amasse faria esses três últimos testes. Acaba
logo com isso, por favor!

Meu Deus! Fico assustada com o drama mexicano dele, o excesso de


sofrimento como se fosse morrer. Ele realmente não está bem, deve ser
algum desequilíbrio emocional.

- Estou cansado, enjoado, com sono, com fome, com sentimentos


estranhos e você não está me ajudando.

- Desculpa!

Peço indo até ele e o abraço. É uma TPM masculina, com certeza.
Primeira vez que o vejo assim e estou assustada.

- Vamos fazer assim!


Me afasto e seguro suas mãos.

- Vamos até a cozinha beber e comer alguma coisa, depois que eu tiver
bastante liquido dentro de mim faço os testes.

- Tá bom!

Funga e abraçados vamos até a cozinha.

- Você faz nosso lanche, vou só pegar meu celular e já volto.

- Tá bom!

Vou para o escritório e decido ligar para a Dra. Mariana.

- Vick, querida! Está tudo bem?

- Mais ou menos!

- O que houve? Está atrasada?

- Sim!

- Quantos dias?

- Cinco!

- Arthur deve estar surtando já!

- Sim! Dra. Mariana me responda uma coisa.

Olho para ver se Arthur aparece.

- Fome em excesso, sono, incomodo com odores, mudanças de humor,


sensibilidade ao extremo...

- Oh Vick!

Solta toda emotiva e parece até que vai chorar.


- Querida, são sintomas de gravidez.

Sento na cadeira e fico pensativa.

- Dra. Mariana, acho que Arthur está grávido.

- O que?

- Tudo isso está acontecendo com ele e não comigo.

- Sério?

- Sim! Se são sintomas de gravidez, acho que fecundei meu marido.

Nós duas rimos e então Arthur aparece no escritório.

- Com quem está falando?

- Dra. Mariana! Ela disse para fazermos o teste. Acho que será
interessante você mijar em um também.

Minha gargalhada ecoa pelo escritório e a da doutora pelo telefone.

- Me conte o que deu, estou ansiosa também.

- Pode deixar.

Desligo e vou para a cozinha com o meu possível gestante.

- Fiz um lanche pra você e dois pra mim, fiquei em duvida do recheio e
fiz duas opções.

Olho meu lanche normal e o dele tem um normal e outro com melão e
abacate. Finjo que é normal, mas por dentro estou com vontade de vomitar.

- Quer um pedaço?
- Não, pode comer tudo.
Ele dá uma mordida enorme no lanche e fecha os olhos, suspirando em
seguida com o sabor.

- Abacate e melão combinam.

Abro um sorriso forçado e perco o apetite vendo ele comer essa coisa.

*********

Depois de comer os dois lanches que fez pra ele e o meu, toma seu
refrigerante e parece um urso pronto para hibernar.

- Já quer fazer xixi?

- Sim!

Respondo e Arthur ganha animo.

- Vamos para o banheiro do nosso quarto.

Abaixo minha calça do pijama, meu marido senta no chão a minha


frente e me entrega o teste. Sento na privada e tomo cuidado para não fazer
xixi no lugar errado.

- Já faz todos, acaba com eles.

Abre os outros dois e molho com a minha urina. Ele tampa as pontas e
segura os testes, enquanto me limpo.

- Se der negativo...

- Não vou ficar triste, vamos continuar tentando.


Solta já triste e isso me corta o coração. Sento ao seu lado, pego um dos
testes e ficamos olhando.

- Victória!

- O que?
- Isso aqui é um segundo risco?

Pergunta me mostrando o primeiro teste que fiz.

- É igual ao que está aparecendo no segundo e...

Olho o que está na minha mão.

- Os três estão com dois risquinhos.

Um enorme bico se forma em seu rosto, olhos marejados me encaram e


talvez seja a expressão mais linda que já vi em seu rosto desde que estamos
juntos. O bicão se desfaz, dando espaço a um enorme sorriso.

- É um positivo!

- Na verdade são três!

Corrijo também sorrindo e ganho um beijão. Suas mãos me seguram,


me puxam para o seu colo e sou apertada bem forte.

- Não sei explicar como me sinto agora, só sei que...

Me solta, pega meu rosto em suas mãos e me olha fundo nos olhos.

- Vamos ter um bebê!


Seus olhos descem para a minha barriga e ele não consegue parar de
sorrir.

- Tem um pedacinho nosso dentro de você.

Sussurra como se fosse o maior segredo do mundo.

- Eu vou ser pai!

Diz e então seus olhos voltam assustados para os meus.

- Eu... vou... ser... pai...


Sua voz vai sumindo e Arthur simplesmente desmaia.

CONTINUA ...

Você também pode gostar