Práticas Integrativas Na Atenção

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“ Práticas integrativas na atenção


primária na vigência pandemia
da covid-19: experiência de
Santa Catarina

Gisele Damian Antonio Gouveia


SES - SC

10.37885/201001890
RESUMO

O uso de práticas integrativas para fins terapêuticos tem sido incentivado desde a década
de 70 pela Organização Mundial de Saúde. O Estado de Santa Catarina apoiou o uso
de diferentes práticas integrativas, na vigência da COVID19, de forma complementar,
individualizada e ponderada caso-a-caso para prevenção de agravos de saúde, promoção
e recuperação de saúde, podendo compor estratégias de cuidado em saúde aos traba-
lhadores de saúde e cidadãos no enfrentamento da COVID-19, no contexto da atenção
primária à saúde. Para isso, foi realizado uma vasta revisão de literatura para constru-
ção de uma Nota Técnica para orientação do uso das PIC pelos profissionais de saúde
neste período. Das 29 práticas integrativas da PNPIC, foram selecionadas 10 práticas
para compor o documento técnico de orientação do uso dessas práticas na vigência da
pandemia. A inserção das práticas integrativas e complementares no cuidado à saúde
do trabalhador em saúde e do cidadão na vigência da pandemia foi uma estratégia pro-
missora e estimulou os gestores a oferta de novas opções terapêuticas inovadoras e
humanizada, exemplificada pelas dez PICs citadas na nota técnica.

Palavras-chave: Práticas Integrativas, Atenção Primária, Autocuidado, COVID19.


INTRODUÇÃO

As Práticas Integrativas e Complementares (PICs) foram institucionalizadas no Sistema


Único de Saúde (SUS) pela Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares
(PNPIC), por meio da Portaria GM/MS nº 971/2006 e, atualmente, é orientada pelo Anexo
XXV da Portaria Consolidada n. 2, de 28 de setembro de 2017. A PNPIC tem como objetivo:
incorporar e implementar as PICs no SUS com ênfase na atenção básica para fortalecer o
cuidado integral em saúde (BRASIL, 2017). Considerando-se também as Portaria nº 849
de 27 de março de 2017 e Portaria nº 702, de 21 de março de, hoje, em nosso SUS, temos
29 práticas reconhecidas: acupuntura, homeopatia, fitoterapia, antroposofia e termalismo,
as primeiras a integrarem a PNPIC na sua criação, em 2006. A Portaria nº 849/2017, incluiu
outras 14 práticas: arteterapia, ayurveda, biodança, dança circular, meditação, musicotera-
pia, naturopatia, osteopatia, quiropraxia, reflexoterapia, reiki, shantala, terapia comunitária
e yoga. A Portaria nº 702/2018, por sua vez, integrou mais 10 práticas ao SUS, sendo:
apiterapia, aromaterapia, bioenergética, constelação familiar, cromoterapia, geoterapia,
hipnoterapia, imposição de mãos, ozonioterapia e terapia de florais (BRASIL, 2017).
As práticas integrativas e complementares (PICs) sempre tiveram grande importância na
cultura, na promoção e no cuidado em saúde das sociedades no mundo. As populações, por
meio de seus curadores e do uso autônomo, acumularam experiências e vasto conhecimen-
to a seu respeito. Há uma heterogeneidade de saberes e práticas relacionados as práticas
integrativas circulantes nas sociedades e, assim, em alguma medida, na Atenção Primária
à Saúde (APS) brasileira (ANTONIO, TESSER, MORETTI-PIRES, 2013). Elas envolvem
diferentes abordagens que buscam estimular os mecanismos naturais de promoção da saú-
de, prevenção de agravos e recuperação da saúde com ênfase na escuta acolhedora, no
desenvolvimento do vínculo terapêutico e na integração do ser humano com o meio ambiente
e a sociedade (SANTOS, TESSER, 2012; ANTONIO, TESSER, MORETTI-PIRES, 2013).
No Brasil, as práticas integrativas aparecem em 16.007 serviços de saúde do Sistema
Único de Saúde, sendo 14.508 (90%) da APS, distribuídos em 4.159 municípios (74%) e em
todas das capitais (100%) (BRASIL, 2020). É importante destacar que no Estado de Santa
Catarina (SC), o Plano Estadual de Saúde contempla metas e estratégias de teleeducação
para estimular a implementação de práticas integrativas, corroborando com a PNPIC para
institucionalização destas práticas no SUS de forma integral e qualificada, preferencialmente
na APS. Há, também, duas Leis Estaduais que contribuem para o fortalecimento das políticas
públicas nacionais: a Lei Estadual no 12.386, de 16 de agosto de 2002, que dispõe sobre o
Programa Estadual de Fitoterapia e Plantas medicinais em SC e a Lei Estadual no 17.706, de
22 de janeiro de 2019. Além de um Observatório Catarinense das PICS (OC-PICS) coorde-
nado pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), que incentivam e fortalecem

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a importância das PICs no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) catarinense (SANTA
CATARINA, 2002; SANTA CATARINA, 2019). Outro ponto essencial a ser destacado são as
teleconsultorias, reuniões de matriciamento e teleeducação em PICs realizadas por meio da
parceria entre Diretoria de Atenção Primária em Saúde, Diretoria de Educação Permanente
em Saúde e o Núcleo Telessaúde UFSC/SC para qualificar os profissionais nesta área,
totalizando 4.350 participantes entre 2016 a 2018 (GOUVEIA, ROSA, 2020). Atualmente,
as ações de educação on line da SES/SC são realizadas pela estratégia EducaSaúde SC,
criada no ano de 2020 para dar continuidade ao projeto Telessaúde SC descontinuado pelo
Ministério da Saúde, em 2019.
Segundo o monitoramento nacional do Ministério da Saúde, em 2018, o estado
de SC apresenta 258 estabelecimentos de saúde que ofertam acupuntura, 25 antropo-
sofia aplicado à saúde, 9 aromaterapia, 13 ayruveda, 84 fitoterapia, 48 homeopatia, 15
imposição de mãos, 260 outras práticas da medicina tradicional chinesa, 1 ozonioterapia,
237 práticas corpo-mente, 29 práticas manuais, 19 psicodinâmicas, 21 termalismo. Essas
ações estão presentes também nos polos de Academia da Saúde catarinense. A média de
procedimentos/ano por 1.000 habitantes, em SC, é de 37.69, sendo considerado acima da
média comparada com a média nacional e da região sul, respectivamente 13,16/1000 e
12,37/1000 (BRASIL, 2020).
A estratégia de apoio institucional e teleeducação adotada pelo Estado de SC, nos últi-
mos 10 anos, foram medidas promissoras para fortalecer, capacitar e estimular os gestores
municipais e profissionais quanto a inserção de novas opções terapêuticas inovadoras e
humanizadas apoiadas pela PNPIC.

OBJETIVO

Apresentar o instrumento de apoio institucional criado para orientar a oferta de práticas


integrativas e complementares por profissionais de saúde da atenção primária em saúde na
vigência da pandemia da COVID19, no Estado de Santa Catarina.

MÉTODO

Realizou-se uma revisão de literatura de artigos, teses, artigos de opinião, guias téc-
nicos de conselhos profissionais, formulários, mementos e notas técnicas de gestores mu-
nicipais, estaduais e federais que abordassem o uso de práticas integrativas individuais
e coletivas, em serviços de atenção primária, na vigência da pandemia da COVID19. Foi
pesquisado publicações disponíveis na íntegra na Biblioteca Virtual em Saúde/Medicina
Tradicional, Complementar e Integrativa dos últimos 5 anos. Também, foi utilizado o mapa

Práticas Integrativas e Complementares: Visão Holística e Multidisciplinar 223


de evidência “Contribuição das MTCI no contexto da pandemia COVID19 elaborado pelo
Consórcio Acadêmico de PICs. Foram excluídas publicações indisponíveis para acesso
livre na internet. Adotou-se combinações de palavras-chave e descritores como estratégia
de busca, tais como: “práticas integrativas” and “COVID19”; acupuntura and “COVID19”;
aromaterapia and “COVID19”, fitoterapia and “COVID19”; floralterapia and “COVID19”, ho-
meopatia and “COVID19”; “práticas corporais” and “COVID19”, Apiterapia and “COVID19”,
“imposição de mãos” and “COVID19”; reiki and “COVID19”, musicorerapia and “COVID19”,
automassagem and “COVID19”.
Foi realizado a leitura dos documentos selecionados para seleção das práticas inte-
grativas e elaboração da nota técnica sobre a oferta de práticas integrativas na vigência da
COVID19. O documento foi publicado no dia 16/04/2020 na página oficial da Secretaria de
Estado da Saúde de SC.

RESULTADO

Foram analisados os 126 estudos disponíveis no mapa de evidências das Medicinas


Tradicionais, Complementares e Integrativas da Biblioteca Virtual de Saúde, sete guias de
instituições governamentais e profissionais sobre o uso de práticas integrativas no cuidado
em saúde. Deste total, foi selecionado 26 publicações para nortear as orientações estaduais
para uso de práticas integrativas para prevenção de agravos e promoção de saúde na vi-
gência da pandemia. As práticas integrativas escolhidas para compor a nota técnica foram:
Medicina tradicional chinesa, apiterápicos, aromaterapia, fitoterapia, homeopatia, imposição
de mãos/reiki, práticas corporais por vídeo-aula, musicoterapia, automassagem, terapia floral.
O Estado de Santa Catarina elaborou uma nota técnica, a Nota Técnica nº 10/2020
– DAPS/SPS/SES, para orientar os profissionais de saúde o uso de práticas integrativas e
complementares no período da pandemia da COVID19. Essa nota técnica levou em consi-
deração a atual situação em relação à pandemia do Coronavírus (COVID 19) e as recomen-
dações emitidas pelo Centro de Operações e Emergência em Saúde (COES), bem como,
a emergência declarada em todo o território catarinense (Decreto nº 515/2020), para fins
de prevenção e enfrentamento à COVID-19. Também, pautou-se na Política Nacional de
Práticas Integrativas e Complementares em Saúde, que incentiva a inserção das práticas
integrativas (BRASIL, 2017) e a Lei Estadual 17.706, de 22 de janeiro de 2019, que respal-
dam a inserção das práticas integrativas e complementares, no Estado de Santa Catarina,
para servir como estratégia de prevenção de doenças, promoção e tratamento de saúde no
contexto da atenção primária à saúde.

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Esse documento técnico recomendou:

• Que as práticas integrativas e complementares em saúde (PIC) sejam realizadas


de forma complementar, individualizada e ponderada caso-a-caso para prevenção
de agravos de saúde, promoção e recuperação de saúde, podendo compor estra-
tégias de cuidado em saúde aos trabalhadores de saúde e cidadãos no enfrenta-
mento da COVID-19, no contexto da atenção primária à saúde.
• Que o uso das PICs possa ser sugerido pelos profissionais de saúde para promover
equilíbrio mental e emocional, aliviar sintomas respiratórios leves, fortalecer a função
imunológica do corpo e ajudar na recuperação do cidadão após doenças infecciosas.
• Que os atendimentos individuais de práticas integrativas que demandem contato e
manipulação do corpo, como por exemplo, acupuntura, auriculoterapia, massoterapia,
moxabustão nas UBS sejam orientadas na forma de auto-aplicação para pessoas com
sintomas respiratórios sem sinais de gravidade, para evitar transmissão da COVID-19.
• As atividades e atendimentos coletivos presenciais de práticas integrativas estão
suspensos nas UBS pela necessidade de distanciamento social. Sugere-se a ela-
boração de videoaulas ou folders autoinstrucionais com a sequência dos exercícios
sugeridos para melhora da qualidade de vida e bem-estar.
• Que os recursos terapêuticos indicados por meio de consulta e prescrição por um
profissional habilitado, como fitoterapia, aromaterapia, floralterapia, homeopatia, api-
terapia, sugere-se que a sua orientação possa ser realizada por teleatendimento.
• Que os registro das atividades sejam registrados no prontuário eletrônico do ci-
dadão (PEC) do e-SUS-APS e/ou sistema de informação utilizado pelo município
para a efetiva da inserção das PICs na rede. Ressalta-se a importância do registro
da evolução clínica dos usuários em relação às PICs também para fins de moni-
toramento e avaliação da satisfação do usuário. Sugere-se monitorar e avaliar os
resultados da inserção das PICs no município por meio da análise de indicadores
construídos pela gestão municipal. Esses indicadores poderão conter fatores como
o consumo de medicamentos, índice de internações, índice de qualidade de vida,
por meio de metodologias validadas e reconhecidas para avaliar a inserção das
práticas integrativas no SUS.

Das 29 práticas integrativas contempladas na PNPIC e portarias complementares do


governo federal, foram selecionadas 10 PIC com potencial para o autocuidado, promoção
de saúde e prevenção de agravos relacionados ou não com a COVID19 para compor o
documento técnico das práticas integrativas na vigência da pandemia. Na discussão deste
capítulo, apresentaremos a orientações elaboradas pela área técnica das PIC do Núcleo de
Condições Crônicas da Diretoria de Atenção Primária em Saúde da SES-SC.

Práticas Integrativas e Complementares: Visão Holística e Multidisciplinar 225


DISCUSSÃO

As recomendações da Nota Técnica nº 10/2020 – DAPS/SPS/SES de Santa Catarina


focaram nas práticas integrativas que poderiam ser ofertadas na forma de auto-aplicação
pelo próprio cidadão com a orientação de um profissional habilitado, garantindo o distan-
ciamento social e regras de vigilância em saúde entre profissionais e pessoas com ou sem
sintomas respiratórios ou com ou sem gravidade. Também, buscou-se apresentar práticas
que auxiliassem no controle de náusea, vômito, fadiga e tosse e/ou situação de estresse,
ansiedade, transtornos do humor, insônia associada ou não a COVID-19 pautado na eficácia
e segurança. As práticas selecionadas para compor o documento foram:

ACUPUNTURA (POR DIGITOPRESSÃO OU MOXABUSTÃO)

A estimulação de pontos de acupuntura por digitopressão ou autoaplicação moxa-


bustão, para evitar a transmissibilidade pelo contato, pode ser recomendada para ajudar
na regulação da função imunológica, potencializar a ação antiinflamatória, para prevenção
e recuperação do organismo após doenças infecciosas (WFAS, 2020), para melhora da
qualidade do sono, do humor, do bem-estar, para redução da percepção da intensidade de
dor, melhora os sintomas como falta de apetite, tosse, dor de cabeça.
Na vigência da COVID-19, os cidadãos podem ser orientados a estimular os pontos
de acupuntura através da digitopressão por meio do toque, pressão ou golpes leves com
os dedos ou objetos arredondados ou realizar autoaplicação de moxabustão para evitar a
transmissibilidade pelo contato (FLORIANÓPOLIS, 2020). Pode ser feita por 10 a 15 minutos
diariamente (WFAS, 2020).
Também, pode-se sugerir a automassagem no trajeto dos meridianos. Utilizar método
como amassar, pressionar, esfregar e bater nos canais do pulmão e coração nos membros
superiores e os canais do estômago e baço-pâncreas nos membros inferiores. 15 a 20 mi-
nutos para cada um. Pode-se sentir dor nas partes afetadas (WFAS, 2020).
A escolha dos acupontos deve ser realizada de forma individualizada e de acordo com
os sinais e sintomas clínicos de cada cidadão, buscando estimular e fortalecer o Qi (ener-
gia), expelir o fator patogênico externos e internos. Essa escolha deve pautar-se nos livros
clássicos da medicina tradicional chinesa, pesquisas clínicas contemporâneas que enfo-
quem melhoria da função pulmonar, saúde mental e emocional, regulação da imunidade,
fatores antiinflamatórios e pró-inflamatórios do sistema vagal-colinérgico (WFAS, 2020;
TRKULIA, BARIC, 2020).

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Para estimular o Qi e as funções do pulmão e remover os fator patogênico, recomenda-
-se estimular os acupontos: B13 (Feishu), IG4 (Hegu), B20 (Pishu), IG11 (Quchi), P5 (Chize),
P10 (Yuji) , E36 (Zusanli), VC6 (Qihai), BP6 (Sanyinjiao) (WFAS, 2020).
Para febre, garganta e tosse seca sugere-se combinar VG14 (Dazhui), VC22 (Tiantu), PC6
(Neiguan); náusea, vômito e fezes soltas: VC12 (Zhongwan), E25 (Tianshu), E40 (Fenglong);
Fadiga, fraqueza, falta de apetite: VC12 (Zhongwan) e os 4 pontos extras ao redor do
umbigo (1cun cada lado), B20 (Pishu); Corisa, dor no ombro e nas costas: B10 (Tianzhu),
B12 (Fengmen), VG14 (Dazhui)24. A acupuntura deve ser feita de maneira suave.
Autoaplicação da moxabustão no E36 (Zusanli), PC6 (Neiguan), IG4 (Hegu), VC6
(Qihai), VC4 (Guanyuan). Estimular cada ponto por 10 minutos (WFAS, 2020b).
A localização dos pontos de acupuntura pode ser consultada no atlas de acupuntura:
http://www.meihuanet.com/Atlas/
Auriculoterapia para fortalecer a resposta imunológica do corpo e reduzir a ansiedade
pode-se sugerir a automassagem, para evitar a transmissibilidade pelo contato, nas
zonas reflexas auriculares do Pulmão, Intestino Grosso, Amidalas, Alergia, Rim, Shenmen.
Pontos para ansiedade: ansiedade, coração, shen mem. Estimular cada zona r por 1 minutos
4 a 6 vezes ao dia. A localização dos pontos auriculares pode ser consultada no atlas de
auriculoterapia: http://www.meihuanet.com/auriculo/menu.htm.
Os resultados observados em uma revisão de literatura sugerem que a acupuntura e
suas variantes - principalmente acupuntura auricular, acupuntura craniana e acupressão, têm
a capacidade de oferecer excelentes resultados no tratamento de insônia (SILVA, PRADO,
2007; LIANG; LITSCHER, 2020).

APITERÁPICOS

Tintura de própolis é uma substância resinosa obtida pelas abelhas através da colheita
de resinas da flora (pasto apícola) da região, e alteradas pela ação das enzimas contidas em
sua saliva. A cor, sabor e o aroma da própolis variam de acordo com sua origem botânica
e vem do mel. É rico em aminoácidos, vitaminas e bioflavonoides. Diferença entre os tipos
de própolis (PAULINO, 2008):

• A própolis verde do Brasil está associada a planta Baccharis dracunlifolia (alecrim-


-do-campo).
• A própolis vermelha do Brasil está associada as folhas e flores do cajueiro (alimento
para as abelhas africanas). Possui propriedades antioxidante, antibiótica e antiin-
flamatória.

Práticas Integrativas e Complementares: Visão Holística e Multidisciplinar 227


Pode ser usada para prevenção de doenças virais e melhoria da resposta imunológica
e antiinflamatória. A própolis pode ser administrada na forma de solução líquida de extrato
aquoso, extrato alcóolico ou em cápsulas de extrato seco padronizado.
Recomenda-se 15 a 30gts do extrato aquoso (antioxidante e imunomodulador) ou
alcóolico (antiinflamatório) de própolis ou cápsulas de extrato seco padronizado de própolis
(cytopropolis) 750mg 3 a 9 cápsulas/dia (PAULINO, 2008).
Geleia real é o alimento produzido pelas abelhas jovens para a rainha. Contém proteí-
nas, lipídeos, carboidratos, vitaminas, hormônios, enzimas, substâncias minerais, substâncias
biocatalizadoras nos processos de regeneração das células, desenvolvendo uma importante
ação fisiológica. Recomenda-se o uso em situações de cansaço físico e mental, doenças
graves, problemas respiratórios. É necessário estocar a Geleia Real a temperaturas abai-
xo de 0º C. (Freezer). Ao abrir a embalagem, manter na geladeira enquanto se consome.
Recomenda-se para o uso:

• Em Geral: usar uma espátula, que corresponde a 1,00g diariamente em jejum,


colocando embaixo da língua. Pode ser inserida com mel, sucos, diluída em água
filtrada (3 dedos em um copo).
• Em caso de fraqueza, doenças graves e convalescença: Sugere-se tomar mais
vezes ao dia ( 5 a 7 vezes) com doses menores, de 0,25g. (1/4 de espátula)
• Em caso de doenças pulmonares, fígado e intestino: Sugere-se ingerir a geleia em
jejum 0,5g a 1,00g e antes de dormir: 0,5g

AROMATERAPIA

Os óleos essenciais destacam-se pelas suas propriedades antivirais, antissépticas,


imunomoduladores, antimicrobianos, antiinflamatórios e para auxiliar a sanitizar o ambiente.
Os óleos essenciais devem ser diluídos em óleo vegetal (OV) ou creme neutro para apli-
cação tópica (na proporção de 2mL óleo vegetal para cada 1 gota de óleo essencial). Os óleos
essenciais (OE) não devem ser utilizados internamente. Também, pode ser usado para
sanitizar o ambiente ou consultório por meio spray (PORTELLA, 2020).
Exemplos de Óleos essenciais antivirais: orégano, tomilho, canela, cravo e anis estre-
lado (VIMALANATHAM, HUDSON, 2014).
Exemplos de Óleos essenciais para aumentar a resposta imunológico: eucalipto, me-
laleuca, hortelã, limão e copaíba.
Para afecções do sistema respiratório, sugere-se pingar2 gts de óleo essencial de me-
laleuca (teatree), 2 óleo essencial de lavanda e 2 gotas de óleo essencial de eucalipto em
12mL de óleo vegetal de amêndoas ou 12g creme neutro. Essa sinergia pode ser aplicada,

228 Práticas Integrativas e Complementares: Visão Holística e Multidisciplinar


em massagem, no tórax e costas, 3x ao dia, por 15 dias. Considerar as contraindicações de
cada óleo essencial antes do uso (PORTELLA, 2020; SADLON; LAMSON, 2010; SALLES,
SILVA, 2012; KARAN, 2019).
Para síndromes gripais, sugere-se a associação de óleo essencial de 2 gts melaleuca
(tea tree), 2gts óleo essencial de capim limão e 3gts óleo essencial de patchouli em 14mL
de óleo vegetal de amendoas. Essa sinergia pode ser utilizada em ambientes com pessoas
doentes em spray (10gts de cada em 100mL de álcool 70%).
Para uso em spray para sanitizar o ambiente, pingar2 gts de óleo essencial de melaleuca
(teatree), 4gts de óleo essencial de eucaliptro e 1 gts de óleo essencial de cravo em 100mL
de álcool 70%4. Também, pode-se associar 15gts de óleo de melaleuca, 15 gotas de óleo
essencial de alecrim em 100mL de álcool 70%.

FITOTERAPIA

Para o uso de plantas medicinais e fitoterápicos deve considerar as características de


segurança, em especial em pessoas idosas, gestantes, crianças menores de 2 anos de idade
e pessoas com comorbidades associadas, principalmente devido à interação medicamento-
sa. Recomenda-se consultar as informações de contraindicações, indicação, tempo de uso
de cada planta conforme descrito no Formulários Nacional de Fitoterápico da Farmacopeia
Brasileira (BRASIL, 2011; BRASIL, 2018) e Memento Terapêutico Fitoterápico da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (BRASIL, 2016a) e estudos clínicos. Cita-se o uso:

• Echinaceapurpurea( L.) Moenc(equinácea), Pfaffiaglomerata(Spreng.) Pedersen


(ginseng brasileiro), AlliumsativumL. (alho) para fortalecer o sistema imunológico
(BRASIL, 2016; GOUVEIA, SIMIONATO, 2019; FLORIANÓPOLIS, 2020);
• Passiflorasp (maracujá), Melissa officinalis (melissa),Lippia alba (Mill.) N.E. Br.
exBritton& P. Wilson(salva-gripe, erva cideira) (GOUVEIA, SIMIONATO, 2019;
FLORIANÓPOLIS, 2020), Matricariachamomilla L. (camomila), Valeriana officinalis
L.(valeriana), Piper metysticum (Kawakawa) (BRASIL, 2016a), Citrus sinensis(la-
ranja comum)27para promover sono reparador, reduzir estresse, ansiedade e trans-
tornos emocionais;
• ZingiberofficinaleRoscoe(gengibre) para o amenizar náuseas e vômito3;
• Mikaniasp. (guaco), Hederahelix (hera), Plectranthusamboinicus (Lour.) Spreng.
(malvariço) (GOUVEIA, SIMIONATO, 2019) para tratamento de tosse e doenças
das vias respiratórias (BRASIL, 2016d).
• Plantago major L. hera(tancagem), Ocimumamericanum(manjericão), Malva syl-
vestris L. (malva) para garganta irritada e seca (GOUVEIA, SIMIONATO, 2019).

Práticas Integrativas e Complementares: Visão Holística e Multidisciplinar 229


A forma de uso pode ser consultada: https://ares.unasus.gov.br/acervo/
handle/ARES/13389.
Recomenda-se o uso de infusões quentes para fortalecer o sistema imunológico
e expelir o frio.
Pode ser recomendado a realização de escalda pés com água até 45º e sal marinho,
alecrim e eucalipto durante 30 minutos. No escalda-pés, tem o efeito calmante, revigorante,
energizante e estimulante.

HOMEOPATIA

Para a prescrição e utilização dos medicamentos homeopáticos recomendam-se as


diretrizes clínicas da Associação Médica Homeopática Brasileira (AMHB, 2020a; AMHB,
2020b) e de Santa Catarina (AMHB-SC, 2020) e da Associação Brasileira de Farmacêuticos
Homeopatas (ABFH, 2020).
A manipulação e dispensação dos medicamentos homeopáticos deve seguir as normas
da Vigilância Sanitária Estadual; não sendo permitido o aviamento de fórmulas homeopá-
ticas compartilhadas. Recomenda-se a individualização dos frascos do medicamento ho-
meopático, na dose unitária, por pessoa, de acordo com a Resolução RDC 67 de 2007, da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária, dispõe sobre Boas Práticas de Manipulação das
Preparações Magistrais e Oficinais para uso humano (BRASIL, 2007).
A Camphoraofficinalis1M X/15 ml AA 5% por via oral na homeopatia sugerida para pre-
venção e tratamento da COVID-19 pela AMBH-SC (2020) é derivada da planta Cinnamomum
camphora, trata-se de um medicamento homeopático, produzido, dinamizado de acordo com
a Farmacopeia brasileira homeopática, 3 edição, 201116. Esse medicamento homeopático
é diferente em relação ao uso de cristais de cânfora e naftalina, ou ainda o infuso (chá)
da planta conhecida popularmente por canfoeira (Cinnamomum camphora). Os cristais de
cânfora, naftalina ou infuso da canfoeira não devem ser administrados por via oral, nem
empregados preventiva ou terapeuticamente contra COVID-19 (ABFH, 2020).
O uso dos medicamentos homeopáticos pode ser feito de forma complementar ao trata-
mento alopático. O medicamento homeopático não é uma vacina. Orienta-se evitar encostar
o conta-gotas na boca, manter o medicamento homeopático em temperatura ambiente, não
refrigerar, não deixar o frasco aberto por muito tempo (ABFH. 2019).
O medicamento homeopático pode contribuir para a imunidade do organismo frente a
pandemia do COVID-19. Sugere-se a repertorização individualizada dos sintomas de cada
cidadão acometido, por um médico homeopata, que deverá acompanhar a evolução do caso,
ajustando os medicamentos mais adequados a cada pessoa (ABFH, 2019).

230 Práticas Integrativas e Complementares: Visão Holística e Multidisciplinar


IMPOSIÇÃO DE MÃOS/REIKI

O Reiki é uma técnica criada no Japão que consiste na imposição de mãos para alinhar
os centros de bioenergéticos do corpo, conhecidos como chakras, promovendo o equilíbrio
energético, necessário para manter o bem-estar físico e mental.
Há evidências que sugerem que a terapia reiki pode ser eficaz para dor e ansiedade
(TRKULJA; BARIC, 2020) .
Na vigência da COVID-19, sugere-se a aplicação do reiki à distância por um profissional
formado em nível II para evitar a transmissibilidade pelo contato.

PRÁTICAS CORPORAIS POR VÍDEO-AULA

O Taichi-chuan, Qi Gong, Lian Gong, Ba Duan Jin, Wu Qin Xi, Yoga e Meditação po-
dem ser recomendadas, com pouco esforço físico, por videoaula para prevenção e na fase
de recuperação da infecção da COVID-194. Os benefícios dessas práticas favorecem os
aspectos biológicos, psicológicos e sociais. Dentre eles destaca-se: preservação da indepen-
dência; redução da ansiedade e do estresse, melhora do estado de humor e da autoestima,
promove sono reparador e pode auxiliar na imunidade (BRASIL, 2016c).
O Qi Gong (exercício Yi Jin Jing – músculo e tendões) pode melhorar a situação de
dor ao longo e fadiga das pessoas com COVID-19 leve (LIANG, LITSCHER, 2020; WFAS,
2020). As práticas podem ser feitas diariamente por 15 a 30 minutos. A sequência dos mo-
vimentos pode ser consultada: https://youtu.be/x1XqV2wGiR0
O Yoga pode ajudar para reduzir estresse, insônia, pós-trauma e promover alongamento
(Grau de recomendação B).
As atividades coletivas presenciais ficaram suspensas pela necessidade de distancia-
mento social de acordo com os decretos estaduais de enfrentamento da COVID19. Sugeriu-
se, durante a vigência da pandemia, orientar as pessoas por meio de vídeos-aulas ou folders
autoinstrucionais com a sequência dos movimentos recomendados.

MUSICOTERAPIA

A musicoterapia não tem um efeito sobre as células do corpo humano, podendo criar
um estado bem-estar à vida dos trabalhadores em saúde e dos cidadãos após um determi-
nado tratamento ou situação de estresse do dia-a-dia.

AUTOMASSAGEM

A massagem ou automassagem periódica como técnica adjuvante no alívio da dor,


reduzir fadiga, ansiedade, depressão e sintomas indicadores de estresse. Massagem asso-
ciada à aromaterapia também tem sido utilizada, através de óleos e cremes com essências.

Práticas Integrativas e Complementares: Visão Holística e Multidisciplinar 231


Para a aplicação de técnicas de massoterapia presencial, a pessoa deve estar assin-
tomática do ponto de vista respiratório.
Em casos sintomáticos sem gravidades, sugere-se orientar técnicas de automassagem
para evitar a transmissibilidade pelo contato. Por exemplo: do-in e reflexologia dos pés,
reflexologia das mãos, reflexologia da face. Automassagem nos pés e nas mãos relaxam
o corpo, diminuem tensão e favorecem o sono reparador. Sugere-se duração de 15 a 20
minutos (FLORIANÓPOLIS, 2020).

TERAPIA FLORAL DE BACH

Edward Bach foi um médico inglês que criou o primeiro sistema de florais na década
de 30. Ficou conhecido como Florais de Bach, composto de 38 essências florais e o Rescue
Remedy. Os florais não atuam na doença física, mas elevam a vibração do corpo para auxilia
no equilíbrio e harmonização do indivíduo. Os florais estimulam o corpo a se curar a si mesmo,
contribuindo para o autocontrole, a sentir-se bem consigo mesmo e a usufruir daquilo que
a vida lhe oferece de bom. Cada floral escolhido pelo Dr. Bach tornou-se uma “chave” para
trabalhar o processo de transformação. A cada porta que se abre podem aparecer novos
sintomas físicos ou emocionais. Por isso, sugere-se selecionar até 6 ou 7 essências florais
por solução brandy para o tratamento de transtornos emocionais (BACH, 2020).
Para emergências, recomenda-se a o uso Rescue Remedy. É uma fórmula floral cria-
da pelo Dr. Edward Bach que pode ser usada em momentos de transtornos emocionais.
Orienta-se tomar 4gotas 4x ao dia, assim que acorda, antes do almoço, antes de jantar e
última antes de dormir. Essa combinação restauram o equilíbrio emocional, não são tóxi-
cos, nem trazem dependência. Seu emprego, oral ou tópico, pode ser suspenso, desde que
julgados inúteis. São eles:

• Impatiens (Impatiens glandulifera): útil nas crises de dores musculares e agitação.


• Clematis (Clematis vitalba): nos desmaios e descontroles.
• Rock Rose (Helianthemum nummularium): nos momentos de pânico, medo e terror.
• Cherry Plum (Prunos cerasifera): nos descontroles mentais e físicos.
• Star ofBethlehem (Ornithogalum umbellatum): nos traumas mentais e físicos.

O frasco do Rescue Remedy não deve ser armazenado na claridade, no calor, perto
de perfume ou medicamento. Nunca se deve aumentar o número de gotas, aumentar o nú-
mero de vezes que se toma durante o dia. Não misturar com bebidas alcóolicas. Não tomar
perto de altura de escovar os dentes. Não deixar a pipeta encostar na língua. Evitar bebidas
gasosas, alcóolicas, chocolates e café.

232 Práticas Integrativas e Complementares: Visão Holística e Multidisciplinar


CONSIDERAÇÕES FINAIS

As PICS vêm ao encontro da consolidação do princípio da integralidade do SUS, na


perspectiva da ampliação do acesso, da articulação dos saberes científicos com os sabe-
res tradicionais, populares e familiares, da diversificação das ofertas de saúde, do cuidado
integral a saúde e da ampliação do escopo terapêutico.
A inserção das práticas integrativas e complementares no cuidado à saúde do traba-
lhador em saúde e do cidadão é uma estratégia promissora a ser estimulada pelos gestores
para proporcionar a oferta de novas opções terapêuticas inovadoras e humanizada, exem-
plificada pelas dez PICs citadas nesta nota técnica.

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scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-32832013000300010&lng=en&nrm=iso>

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as orientações da (ABFH) quanto às Opções de tratamento de doenças infecciosas com
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da ABFH

3. ASSOCIAÇÂO BRASILEIRA DE FARMACÊUTICOS HOMEOPATAS. Manual de Normas


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tomas e medicamentos prevalentes do “gênio epidêmico” da pandemia de COVID-19 no
Brasil. Comitê Especial de Pesquisa COVID-19 da AMHB. 03/04/2020b. Documento disponí-
vel como comunicado interno aos associados da AMHB. Disponivel em : https://amhb.org.br/
wp-content/uploads/2020/04/Estudo-Preliminar-do-Ge%CC%82nio-Epide%CC%82mico-ca-
pa-e-timbre-AMHB.pdf .

5. ASSOCIAÇÃO MÉDICA HOMEOPÁTICA DE SANTA CATARINA ( AMHSC). Estudo Prelimi-


nar para utilização do “gênio epidêmico” da pandemia de COVID-19 em Santa Catarina.
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8. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Memento Terapêutico Fitoterápico, 2016.


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es-e-programas/programa-de-fitoterapico-e-plantas-medicinais/42257-memento-fitoterapico-
-da-farmacopeia-brasileira

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12. BRASIL. BVS APS. Quais práticas corporais podem ser promovidas na atenção básica/
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2017, Anexo XXV - Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS
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