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Viagens • Literatura Portuguesa • 10.

º ano Sugestões de resolução

SUGESTÕES DE RESOLUÇÃO Fichas de trabalho por sequência de ensino-aprendizagem

FICHA DE TRABALHO 6
Grupo II
5. Era de tarde, “uma linda tarde” (l. 3) numa “praia
Grupo I
do Norte” (l. 1), e o narrador refere um barco a
1. O sujeito poético revela-se curioso e mesmo
vogar ao longo da praia, “sob a poalha de ouro do
ansioso, desejando saber o que alguém com
sol, com dois homens dentro” (ll. 3-4), sugerindo
“claros olhos” pensa dele. A saudade que domina o
uma imagem de beleza e construindo, assim, um
“eu” é, contudo, controlada pelo seu lado racional,
ambiente de sedução, propício ao encantamento.
que o faz reconhecer que todo o seu desassossego
Depois, o narrador subiu a “uns rochedos” (l. 9)
é meramente um “doce engano” para iludir a
que davam sobre “a superfície faiscante do mar”
tristeza da “ausência”.
(l. 9), e, em lugar protegido dos olhares das
pessoas que passavam na areia, encontrou uma
2. A anáfora e a interrogação retórica contribuem
rapariga, “lendo” (l. 11); esse lugar elevado
para:
revelou-se, assim, um espaço de recolhimento e
– expressar de forma mais intensa a ansiedade e a
de intimidade, que o acaso ofereceu ao seu
curiosidade do sujeito poético;
encontro (ou melhor, reencontro) com a
– apresentar, através de hipóteses, os desejos do
personagem feminina.
próprio “eu”;
– destacar a impaciência do sujeito lírico face ao
6. Os olhos da personagem feminina, que o narrador
término da “ausência”.
julga reconhecer de memória, são descritos como
“castanhos, talvez escuros noutra ocasião” (l. 13),
3. No verso 10, o sujeito poético, ao refletir sobre a
mas, daquela vez, espelhando “toda a
possibilidade de a amada desejar, como ele, o
luminosidade do céu e das águas” (l. 14). São,
reencontro, sugere a perceção psicológica do
pois, os mesmos olhos que ele recordava, mas
tempo por parte dela; imagina que ela possa sentir
são também diferentes, pois lhe apareceram
que o tempo “demora” a passar, como,
como que transfigurados pelo brilho daquele
provavelmente, acontece consigo mesmo, e
momento. E o sorriso, prolongando a evocação
levanta a hipótese de a portadora dos “claros
da valsa adiada, trouxe-lhe ao rosto uma
olhos” sentir que “um momento” dura “muitos
inesperada beleza.
anos”.
7. A rapariga lembrou a valsa que não chegaram a
4. O segundo terceto do poeta quebra o momento de
dançar para se referir ao momento em que tinham
divagação saudosa do sujeito poético e trá-lo de
sido apresentados, na “casa da Lima Andrade”
volta à realidade. A interjeição que inicia a estrofe
(l. 25), em Lisboa. A razão pela qual não tinham
denuncia a tristeza e o desalento do “eu”, que
chegado a dançar a valsa não é revelada, mas é
reconhece nas recordações a presença de meros
importante a indicação de que o narrador teria
“fingimentos” destinados a suavizar os “tristes
regressado à mesma casa, em ocasiões
pensamentos” de um amante que deseja ver
sucessivas, esperando chegar a dançar com ela a
retribuídos os seus anseios e que, por isso,
valsa prometida. De certa maneira, essa
transpõe para a mulher amada as emoções e os
promessa parecia estar ainda de pé, como se
sentimentos que o dominam.
alguma coisa tivesse ficado em suspenso na
relação entre os dois.

8. A frase do narrador “E pensei muito em si,


depois…” (l. 40) tornou-se inverosímil logo a
seguir a tê-la pronunciado, dado que ele não
tinha, um momento antes, reconhecido a rapariga.
O facto, pois, é que talvez não fosse verdade o ter
pensado muito nela, como lhe havia dito, mas era
sem dúvida verdade que ela lhe tinha provocado
uma forte impressão. As suas palavras eram,
assim, falsas, mas, de certo modo, também
verdadeiras: não representavam uma verdade
factual, mas sim uma verdade íntima, que era a
da real atração que entre eles se estabelecera.

(in Critérios de Correção –


Exame Nacional de Literatura Portuguesa, 2011, 1.ª fase)

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