Artigo Como Lidar Com A Morte e o Luto Abordagens Psicológicas Teorias
Artigo Como Lidar Com A Morte e o Luto Abordagens Psicológicas Teorias
Artigo Como Lidar Com A Morte e o Luto Abordagens Psicológicas Teorias
22, Nº 1
DOI: 10.53660/CLM-101-121
ISSN: 1414-7327
Larissa de Araújo Batista Suárez1,2, Milena Nunes Alves de Sousa2,3*, Tamyris Luiza de Abreu4,
André Luiz Dantas Bezerra2,3, Marcus Túlio Caldas1
RESUMO
Objetivou-se analisar a abordagem psicológica, teoria, técnica, instrumento e/ou intervenção para auxiliar
no lidar com a morte e o luto. Para tanto, o estudo tratou-se de uma revisão integrativa de literatura. O
levantamento bibliográfico foi realizado na internet, na Scientific Electronic Library Online e Literatura
Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde. Para busca do material foi utilizada a seguinte
combinação entre os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): << luto OR morte AND psicoterapia >>.
A partir dos critérios de elegibilidade, selecionaram-se para a amostra 15 documentos, os quais foram
considerados potenciais. Os resultados evidenciaram que as produções foram publicadas entre 2003 a 2021,
eram estudos de caso e com o perfil da amostra variável. Quanto à abordagem psicológica, destacaram-se
a Psicanálise (Sigmund Freud) e a Terapia Cognitivo-Comportamental (Aaron Beck), ambas com 20,0%
(n=3). A teoria base majoritária foi o Protocolo Cognitivo-Comportamental com 26,7% (n=4) e quanto à
técnica, o protocolo de atendimento para luto e as estratégias lúdicas foram as mais aplicadas (13,3%; n=2,
cada), no mais, as entrevistas foi instrumento mais citado (33,3%; n=5). Concluiu-se que os profissionais
da área de Psicologia têm buscado inúmeras abordagens psicológicas, teorias, técnicas, instrumentos e/ou
intervenções para auxiliar os enlutados, portanto, esta revisão é útil para auxiliar na atuação de psicólogos
e outros profissionais da área da saúde, a qual exige ações complexas e permanentes, como abordagem
holística e integral, escuta qualificada, empatia e atuação interdisciplinar.
Palavras-chave: Luto; Atitude Frente a Morte; Psicologia; Práticas Interdisciplinares; Empatia.
ABSTRACT
The objective of this study was to analyze the psychological approach, theory, technique, instrument and/or
intervention to help deal with death and mourning. For this, the study was an integrative literature review.
The bibliographic survey was conducted on the Internet, at the Scientific Electronic Library Online and
Latin American and Caribbean Literature in Health Sciences. To search for the material, the following
combination was used between the Descriptors in Health Sciences (DeCS): << or death OR psychotherapy
>>. Based on the eligibility criteria, 15 documents were selected for the sample, which were considered
potential. The results showed that the productions were published between 2003 and 2021, were case studies
and with the variable sample profile. As for the psychological approach, psychoanalysis (Sigmund Freud)
1
Universidade Católica do Pernambuco (UNICAP), Recife, Pernambuco, Brasil.
2
Faculdade São Francisco da Paraíba (FASP), Cajazeiras, Paraíba, Brasil.
3
Centro Universitário de Patos (UNIFIP), Patos, , Paraíba, Brasil.
* E-mail: [email protected]
4
Prefeitura Municipal de Cajazeiras, Cajazeiras, Paraíba, Brasil.
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and Cognitive Behavioral Therapy (Aaron Beck), both with 20.0% (n=3), stood out. The majority base
theory was the Cognitive-Behavioral Protocol with 26.7% (n=4) and regarding the technique, the care
protocol for mourning and the playful strategies were the most applied (13.3%; n=2, each), in addition, the
interviews were the most cited instrument (33.3%; n=5). It was concluded that psychology professionals
have sought numerous psychological approaches, theories, techniques, instruments and/or interventions to
assist the bereaved, therefore, this review is useful to assist in the performance of psychologists and other
health professionals, which requires complex and permanent actions, such as holistic and comprehensive
approach, qualified listening, empathy and interdisciplinary action.
Keywords: Bereavement; Attitude to Death; Psychology; Interdisciplinary Placement; Empathy.
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
SciELO LILACS
(10 artigos) (79 artigos)
- Artigos em português
Total de artigos identificados nas duas bases de dados (89
- Publicados nos últimos 10
artigos)
anos
- Não correspondiam ao
objeto de estudo
Aplicação dos critérios de inclusão e exclusão
- Textos incompletos ou
(30 artigos)
indisponíveis na íntegra
- As repetições
Após a seleção dos artigos para compor o estudo, foi realizada uma leitura criteriosa das
publicações com o propósito de organizar e sintetizar as informações para responder aos objetivos
da revisão. Neste processo, foram selecionadas as seguintes variáveis: autor, ano, plataforma de
busca, periódico, abordagem psicológica, teoria, técnica, instrumento e/ou intervenção
para lidar com a morte e o luto.
Por último, efetivou-se a interpretação dos dados obtidos, a avaliação e a apresentação
dos resultados. Nesta fase, as informações presentes nos artigos selecionados foram organizadas
de forma descritiva, com o objetivo de facilitar a realização do estudo e a compreensão dos dados.
RESULTADOS
DISCUSSÃO
foi o mecanismo de defesa inicial, mas outras defesas e maneiras de expressão surgiram com a
ludoterapia, tais como a raiva e revolta, pois a criança sentia-se culpada pela doença, pela perda
dos pais, manifestando sentimentos de desamparo e abandono. Com a intervenção terapêutica, o
menino foi modicando seu modo de expressar-se e de sentir, melhorando a forma de lidar com
seus conflitos, tornando-se mais espontâneo e alegre.
Corrêa (2012), em outro estudo de caso, mas sobre as vivências do luto de uma paciente
que perdeu o pai constatou, a partir de narrativa de experiências e valores criativos, em que foi
realizado um processo psicoterapêutico (Logoterapia), propiciou a descoberta eficaz do sentido
para o luto. A mulher foi convencida que, mesmo sem a presença física do pai, era possível
continuar unida pelas vivencias em vida com ele, em que vínculo amoroso transcende a
temporalidade da vida e reafirma os valores da ligação entre ambos. Portanto, com a intervenção,
a mesma foi proativa e seu luto foi modificado pela descoberta de sentido.
Para Frankl (2013) e Suárez, Caldas e Sousa (2018) o sentido de vida é encontrado pelo
ser humano através da sua compreensão dos valores existenciais, os quais permitem atingir a
autotranscendência através da liberdade de se posicionar diante das situações, tornando-o capaz
de realizar projetos dotados significados.
Moreira e Holanda (2010), a partir de estudo de revisão bibliográfica, afirma que a
Logoterapia, ao resgatar e apreciar o conceito de homo religiosus, possibilita superar a existência
humana para além da natureza do homo patiens, concebendo a capacidade de resiliência como
um determinante para identificar e enfrentar o sofrimento próprio da vida humana e participante
do seu significado.
Costa, Mota e Milheiro (2013) descreve a experiência de mulher com depressão e
sentimentos angustiantes decorrentes de perdas. A avaliação, em que foram usados vários
instrumentos, revelou sentimentos latentes de culpa perante os conflitos internos. Através da
Psicanálise (Sigmund Freud), em que o processo de acompanhamento psicológico, foi concebido
pelo modelo psicodinâmico, buscou-se facilitar a vivência do luto, com a finalidade de aceitação
e elaboração da perda. A estratégia intervencionista possibilitou redução da ansiedade, além de
ampliar a capacidade de pensar sobre os seus sentimentos e emoções, facilitando a lida com os
conflitos internos atenuando os pensamentos ruminativos em torno do falecimento do pai e da
dependência materna.
Cravinho e Cunha (2015) realizaram uma pesquisa de campo/quantitativa em que
consideraram duas abordagens - a Disposicional e a Teoria Motivacional do Coping. Participaram
36 profissionais de enfermagem de dois hospitais públicos, os quais lidavam com a morte fetal
utilizando essencialmente como principais estratégicas de enfrentamento: Negociação, Busca de
Informação, Autoconfiança e Busca de Suporte (Entrevista); e pela Religiosidade,
Reinterpretação positiva e Planejamento. Os autores apontaram que a estratégia de enfrentamento
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(Coping) é uma possibilidade de ação para ajustar os desequilíbrios provocados pelo estressor, de
modo adaptativo, nem sempre resolutivo.
Dantas (2016, p. 269), mediante Teoria do Apego, demonstrou a importância da formação
de vínculos na Equoterapia e implicações decorrentes de seu rompimento em face de mau
prognóstico de indivíduos com Amiotrofia Muscular Espinal (AME). Os autores reforçam que os
familiares de portadores de AME podem, em muitos casos, já terem experienciado o luto pela
perda do que consideravam o filho perfeito. O autor “propôs-se a busca de alternativas para
continuidade do contato entre praticante, equipe técnica e cavalo como cuidado paliativo capaz
de evitar sofrimento adicional com o rompimento definitivo do vínculo cultivado como condição
para o tratamento”. Importante ressaltar que a disponibilidade para o afeto “pode oferecer a
sensação de alívio para a solidão existencial e acalanto para o desespero” (FUKUMITSU, 2014,
p. 274).
Ademais, Dantas (2016) destacou a relevância de uma intercessão entre a equipe
interdisciplinar e a família, de modo que, mesmo sem a montaria, decidam pela manutenção o
tratamento equoterápico. Pereira et al. (2018) evidenciaram que que a Equoterapia trouxe
benefício para a qualidade de vida da crianças com necessidades especiais que realizam a
modalidade, conforme a opinião de 77,8% dos pais.
Para Elias (2003) o atendimento psicológico conforme premissa da Psicoterapia Breve de
apoio, desenvolvido mediante integração de técnicas de relaxamento mental e visualização de
imagens mentais com os elementos que descrevem a natureza da espiritualidade, o qual foi
oferecido a sete indivíduos (quatro crianças e três adolescentes) com câncer terminal, possibilitou
asseverar que esse atendimento ao paciente sem possibilidade de cura ressignificou a dor
simbólica da morte (dor psíquica e espiritual para adolescentes; e dor psíquica entre as crianças)
e proporcionou qualidade de vida ao processo de morrer e uma morte serena e digna.
Sabe-se que mesmo diante de uma dor intolerável devido à doença, tratar o indivíduo sem
possibilidades de cura com compreensão emocional e respeito, em ambiente domiciliar ou
hospitalar, com recursos possíveis e paliativos, pode aliviar o sofrimento e proporcionar uma
morte digna (FERREIRA; SOUSA, 2013).
Estudo que explorou as respostas de 13 mães enlutadas devido à morte de uma criança
por câncer, revelou insights sobre as características de adaptação materna ao luto e a perda, em
que as respostas indicaram, ao longo do tempo, que elas enfrentaram situações que variaram em
adaptáveis ou complicados, com diferenças importantes no enfretamento do luto (GERRISH;
BAILEY, 2020). Afinal, a relação com o infante falecido é parte integrante da vida da mãe
enlutada e influencia seu funcionamento (BORTZ; MALKINSON; KRULIK, 2013).
Oishi (2014), a partir de atendimentos psicoterápicos individuais breves de orientação
psicanalítica, objetivou compreender a vivência materna durante a elaboração do luto após a perda
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BORTZ, A. P.; MALKINSON, R.; KRULIK, T. Bereaved Jewish Mothers of Children Who
Died of Cancer. Cancer Nursing, v. 36, n. 5, E1-E8, 2013.
CHAN, H. Y. L.; LEE, L. H.; CHAN, C. W. H. The perceptions and experiences of nurses and
bereaved families towards bereavement care in an oncology unit. Supportive care in cancer, v.
21, n. 6, p. 1551-1556, 2013.
COSTA, M.; MOTA, C. P.; MILHEIRO, C. Angústia de uma perda-caso Maria: uma
abordagem terapêutica. Psicologia Clínica, v. 25, p. 197-213, 2013.
OISHI, K. L. O jardim de Julia: a vivência de uma mãe durante o luto. Psicologia: teoria e
pesquisa, v. 30, p. 5-11, 2014.
SILVA, A. C. O.; NARDI, A. E. Terapia cognitivo-comportamental para luto pela morte súbita
de cônjuge. Archives of Clinical Psychiatry (São Paulo), v. 38, p. 213-215, 2011b.
TSUTSUMI, M. M. A. et al. Terapia Comportamental Infantil na relação mãe e filho ante o luto
materno-um relato de caso. Revista Brasileira de Psicoterapia, v. 19, n. 3, p. 53-62, 2017.