Comteporaneo
Comteporaneo
Comteporaneo
DIREITO
Beatriz Ramos de Souza 1, Jannielly Neres Saraiva Soares 1, Cássia Ramos Mafra Bueno 2, Daniel Ramos
de Souza 3, Ma Guilhermina A. R. Souza 4
1
Acadêmicas do curso de Direito –Centro Universitário UNIRG. e-mail: <[email protected]>
1
Acadêmica do curso de Direito – Faculdade Católica do Tocantins. e-mail: <[email protected]>
3
Acadêmico do curso de Engenharia Civil –Centro Universitário UNIRG. e-mail: <[email protected]>
4
Bacharelada em Direito - UNIRG; Bacharelada em Serviço Social - UNITINS e-mail: <[email protected]>
Resumo: O tema abordado, o qual se refere a "Interpretação da Norma Jurídica", constitui-se como um fator
essencial no mundo do Direito, o qual ajuda a compreender e melhor adequar e aplicar o texto legal a um fato
concreto que se apresenta no meio social, face à complexidade das relações e à riqueza com que as mudanças se
dão. Um tópico relevante na área da interpretação é a denominada hermenêutica, a qual se refere à ciência da
interpretação das normas, uma vez que é ela que oferece os elementos necessários para a interpretação. A
Hermenêutica jurídica constitui-se como fator responsável por essa arte de interpretar, aplicar e integrar o
Direito, sendo que interpretar seria fixar o verdadeiro sentido e alcance da norma jurídica, constituindo-se em
uma atividade bastante complexa, uma vez que pode ser concebida de diversas maneiras. Os dispositivos legais
nem sempre aparecem de forma clara e mesmo que sejam, o trabalho intelectual de uma boa interpretação
sempre se faz necessário e, portanto, deve sempre ser realizado pelo profissional quando ele se depara com a
necessidade de sua aplicação. Diante da complexidade da interpretação da norma jurídica se fez necessário a
utilização de diversos métodos de interpretação das normas, dentre as quais podemos citar: interpretação literal
ou gramatical, histórica, teleológica, sociológica, lógica, dentre outros, sendo importante destacar que todos os
métodos e meios de interpretações sejam observados pelos juristas ao aplicarem as normas e leis, uma vez que
todos cooperam de certa forma, para que o intérprete chegue ao conteúdo da lei que melhor represente os fins
sociais da norma e às exigências do bem comum.
1 INTRODUÇÃO
A interpretação da norma jurídica constitui-se como uma atividade mental que deve
acompanhar todo o processo de aplicação do direito, pois é através dela que o jurista, fixa o sentido
das normas que vai aplicar, estabelecendo uma ligação entre o texto normativo abstrato e o fato que se
apresenta à espera de uma determinada solução.
Como sabemos, o campo do Direito é bem vasto e exige uma atenção redobrada por parte de
quem aplica as normas, tendo em vista que muitos textos relacionados podem ser ambíguos,
imperfeitos, má redigidos, dentre outros fatores que levam o aplicador do direito, a todo instante, a
está interpretando a norma e pesquisando seu verdadeiro significado.
1
ISSN 2179-5649
IX JICE©2018
profundidade na investigação, para que assim aconteça o esclarecimento e vivificação das normas
jurídicas a serem aplicadas a cada caso concreto.
A hermenêutica jurídica, teoria científica dessa arte de interpretar, aplicar e integrar o direito
é vista como uma atividade bastante complexa, uma vez que ela que contém regras bem ordenadas, as
quais fixam os critérios e princípios norteadores da interpretação. A mesma pode ser concebida de
diversos modos, o que, muitas vezes não se mostra como uma decisão tão simples, pois se baseia na
relação entre dois termos, os quais tende a gravitar para um ou para outro lado.
Desta maneira, o principal foco desse trabalho é demonstrar que, apesar da grande
complexidade que existe referente à interpretação das normas jurídicas, para que haja uma boa e justa
aplicação destas, não se faz necessário apenas conhecer as palavras, mas sim também conhecer a força
e o poder das mesmas, indo muito além de suas superfícies e assim, tentar aplicar da melhor maneira
possível o Direito aos casos concretos surgidos no meio social
2 MATERIAIS E MÉTODOS
O tema abordado possui material disponível tanto na rede mundial de computadores, quanto
em doutrinas encontradas em acervos de bibliotecas e, portanto, a pesquisa se deu de forma
essencialmente bibliográfica, baseado em posicionamentos de autores e profissionais formados na área
do Direito, em que tiveram artigos e outros materiais didáticos publicados.
Desta forma, por ser bibliográfica, a pesquisa jurídica terá como materiais: doutrinas, artigos
publicados na internet, algumas legislações que tratam do caso e que complementam a ideia aqui
analisada pelo tema proposto.
2
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Como já mencionado anteriormente, a interpretação não constitui uma atividade muito
simples por parte do intérprete, uma vez que é bem complexa por possuir sombreamentos diversos
envolvendo uma relação entre dois termos, segundo os quais tende a gravitar para um ou para outro
desses dois pólos. Isso pode ser notado segundo o autor Noberto Bobbio, o qual menciona que a
interpretação jurídica:
Diante desta complexidade, a norma jurídica foi constituída para manter a pauta da
convivência social, envolvendo no pólo, o relacionamento Estado-Cidadão. Estas normas, tanto as que
foram criadas intencionalmente, ou seja, lei em sentido formal e material, quanto às apuradas pelos
aplicadores do Direito, como por exemplo, as jurisprudências, muito utilizada nos dias atuais, exigem
após sua criação, de um aperfeiçoamento e uma necessária adequação ao momento histórico e social
de sua aplicação.
A norma em si, espelha tão somente ao instante em que foram criadas ou apenas ao seu
estabelecimento ao conjunto normativo adequado e para que se alcance uma boa aplicação da mesma,
necessário se faz que o intérprete vivifique-as. Diante disso, só o esforço hermenêutico pode dar vida
aos nossos códigos, por exemplo, uma vez que muitos deles, são elaborados com grande
complexidade. O trabalho realizado pelo intérprete diante das normas jurídicas possui uma grande
importância para uma melhor aplicação das leis e normas. A autora Maria Helena Diniz, relata
justamente a importância dessa interpretação, a qual menciona que:
Desta forma, a interpretação se torna essencial para que os estudiosos cheguem a um melhor
sentido da norma, conseguindo posteriormente uma melhor aplicação da mesma ao fato, devendo o
intérprete extrair da norma tudo o que nela contém e achar o sentido mais apropriado para uma
solução justa, o que é decisivo na vida jurídica.
3
Convém ainda mencionar que a interpretação é diferente da integração da norma, uma vez
que a primeira tem por objetivo buscar o significado da norma, enquanto a segunda é uma medida
utilizada para os casos em que o aplicador das leis não encontrar no sistema jurídico uma lei que
regule especificamente um caso concreto. Diante desta omissão legal, como o juiz não pode deixar de
aplicar a lei, utiliza-se alguns métodos como uma forma de aplicar a justiça de forma que não fique
ninguém desamparado. É o que menciona Carlos Roberto Gonçalves:
A analogia é quando se aplica uma norma que regule caso semelhante a outro caso que não
tem previsão em lei, sendo, portanto, esta aplicada em primeiro plano, só se aplicando os outros
quando a mesma não for conveniente. Este tipo de analogia citado anteriormente é a legis (legal),
existindo outra mais complexa denominada de sub judice, a qual busca a solução de um determinado
caso não previsto em lei, em uma pluralidade de normas ou acervos de diplomas legislativos.
Analisando a interpretação, foi possível notar que sua função vai bem além de apenas pegar
um texto legal e simplesmente aplicá-lo. A autora Maria Helena Diniz, abrange em sua doutrina que as
funções da interpretação são:
4
quais podem ser classificadas:
a) Gramatical: surgiu para permitir desvendar o significado da norma, enfrentando com isso,
as dificuldades léxicas e de relações entre palavras. Nesse tipo de interpretação, usa como ponto de
partida o significado e alcance de cada palavra da norma jurídica. Podemos dizer, portanto, que o tipo
de interpretação gramatical seria como se fosse uma leitura inicial de um determinado texto, onde se
busca principalmente captar o seu conteúdo, além de observar a linguagem presente nele. Constitui-se
numa forma primordial da atividade interpretativa em que não oferece nenhuma garantia de espelhar
com certeza o pensamento da lei, uma vez que as palavras aqui podem ser vagas, equivocadas ou
deficientes e não se pode interpretar uma norma com base tão somente no significado lingüístico das
palavras que as compõem.
c) Sistemática: destaca que a norma tem que ser mais abrangida, não podendo ser vista de
uma forma isolada e, desta maneira, a norma será interpretada em conjunto com as demais normas,
uma vez que o direito existe de forma ordenada e com determinada sincronia, ou seja, como um
sistema.
e) Lógica: Aqui o intérprete busca o significado da norma nos fatos e motivos políticos,
históricos e ideológicos que culminaram na sua criação. A mesma desprende-se da lei, transcendendo
do conteúdo meramente escrito, como se buscasse, por meio de um raciocínio lógico, o porquê das
normas.
f) Sociológica: Uma norma, dependendo da interpretação que foi adotada, pode gerar
diversos entendimentos diferentes. Esse processo sociológico conduz à investigação dos efeitos sociais
5
e dos motivos da lei, verificando o alcance da norma, com a finalidade de fazê-la corresponder às
necessidades atuais e também reais de determinada sociedade.
Quanto às fontes: a interpretação pode ser jurisprudencial, que é fixada pelos tribunais e
juízes; doutrinária, elaboradas pelos estudiosos e comentaristas da área do Direito e a autêntica, que é
aquela feita por aqueles que criaram a lei, ou seja, pelo próprio legislador.
Quanto aos resultados: a interpretação pode ser classificada em declaratória, em que neste
caso o texto da lei irá coincidir com o seu conteúdo, ou seja, com o pensamento do legislador. Pode ser
também extensiva ou ampliativa, sendo que, o texto de lei fala menos do que representa o espírito da
lei e desta forma, a interpretação chega a um conteúdo mais amplo do que está textualmente escrito e,
por fim, temos a interpretação restritiva, em que neste caso, ao contrário da interpretação anterior, o
texto de lei é mais amplo, ou seja, fala mais do que deveria e desta forma, a interpretação restringe o
conteúdo do texto.
Desta forma, os métodos abordados acima são essenciais para a aplicação de uma norma
bem interpretada, uma vez que toda lei está sujeita a interpretação e não apenas as obscuras e
ambíguas.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do exposto, podemos dizer que o trabalho racional do aplicador das normas jurídicas
é bastante complexo e se vale de uma série de raciocínios e técnicas de interpretação e que isto se
constitui num elemento fundamental para uma boa aplicação da norma aos casos concretos, uma vez
que a interpretação é a vivificação da norma jurídica.
Para que se obtenha uma boa interpretação da norma se faz necessário que se esclareça seu
significado e mostre sua validade, sendo possível de perceber que os conflitos que surgem na
sociedade podem muito bem serem resolvidos conforme os fins sociais da norma. É necessário que se
6
tenha a firmação de um liame entre o fato concreto e a norma, sendo imprescindível que o exegeta
demonstre certa sensibilidade ao interpretar e aplicar essas normas.
REFERÊNCIAS
BUENO, Nicolle. Formas de Interpretação do Direito. Disponível em
<https://jus.com.br/artigos/36654/formas-de-interpretacao-do-direito>. Acesso em: 04 de junho de 2018.
BOBBIO, Norberto. O Positivismo Jurídico: Lições de filosofia do Direito. Compiladas por Nello Morra;
tradução e notas por Márcio Pugliesi, Edson Bini e Carlos E. Rodrigues. Coleção elementos de Direito, 1996.
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro/volume 1; teoria geral do direito civil / Maria Helena
Diniz. 29. ed. : .São Paulo: Saraiva, 2012.
FERREIRA. Francisco. Dos métodos de integração normativa e a superação parcial do art. 4° da LINDB.
Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/26203/dos-metodos-de-integracao-normativa-e-a-superacao-parcial-
do-art-4-da-lindb>. Acesso em: 06 de junho de 2018.
GONÇALVES. Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro, volume 1: parte geral/Carlos Roberto Gonçalves. - 8.
ed. - São Paulo: Saraiva, 2010.
7
SANTANA. Juliana. Da Hermenêutica Jurídica e da Interpretação Jurídica. Disponível em:
<https://jucamposs24.jusbrasil.com.br/artigos/412260445/da-hermeneutica-juridica-e-da-interpretacao-juridica>.
Acesso em: 04 de junho de 2018.