Bosvaldo Maquiavel

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 12

Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à distância


Centro de Recursos de Maputo

Procedimento Aministrativo

Discente: Borges Daniel Chidzinga /708223162

Cadeira: Administração e Gestão de Autarquias

Curso: Administração Pública

Ano de Frequencia: 3º

Docente: Msc. Alcâmate Chabane Saide

Chicualacuala, Março de 2024

3
Índice

Introdução ........................................................................................................................................ 5

1.Objectivos do trabalho .................................................................................................................. 5

1.1.Objectivo geral ...................................................................................................................... 5

1.2.Objectivos específicos ........................................................................................................... 5

1.3Problematização...................................................................................................................... 6

1.4.Hipóteses ............................................................................................................................... 6

2.Metodologia da pesquisa .............................................................................................................. 6

3.Desenvolvimento .......................................................................................................................... 7

3.1.Descentralização em Moçambique ........................................................................................ 7

3.1.2 Conceito .......................................................................................................................... 7

3.2 As transformações políticas, económicas e sociais ............................................................... 7

3.3. Autarquias Locais ................................................................................................................. 8

3.3.1.Características ................................................................................................................. 8

3.3.2.Órgãos representativos ................................................................................................... 8

3.4. Recapitulação Cronológica da descentralização................................................................... 9

4.Benefícios da descentralização ................................................................................................... 10

5.Importância no desenvolvimento ............................................................................................... 11

5.1.No desenvolvimento Político............................................................................................... 11

5.2.No desenvolvimento económico ......................................................................................... 11

Conclusão ...................................................................................................................................... 12

Referências .................................................................................................................................... 13

4
Introdução
Em Moçambique o processo de descentralização traz um novo parâmetro de relacionamento entre
o governo central e o governo local, criando oportunidade de coabitação de diferentes actores
dentro do mesmo espaço político, com atribuições e competências distintas, com um único
objectivo, maior flexibilidade na administração pública e consequentemente melhor prestação de
bens e serviços públicos.

A descentralização, mesmo que na teoria pareça fácil, foi extremamente complicada. Este processo
passava pela reforma e redimensionamento do Estado, (Chichava e Faria, 1999).

Não é apreensão esgotar o tema que o trabalho é submisso, porém é indispensável falar em prol de
uma das causas que tornou sólida a democracia em nosso país.

1.Objectivos do trabalho
A definição dos objectivos determinam o que o pesquisador quer atingir com a realização do
trabalho de pesquisa, pois são sinónimo de meta, fim e podem ser gerais e específicos.

1.1.Objectivo geral

MARCONI e LAKATOS (2001) referem que os objectivos gerais "estão ligados a uma visão
global e abrangente do tema, quer dos fenómenos, eventos e quer das ideias estudadas."

Assim, a pesquisa em alusão tem como objectivo geral:

 Compreender a real importância da descentralização no desenvolvimento de Moçambique

1.2.Objectivos específicos
Assim a pesquisa tem como objectivos específicos:

 Indicar as transformações feitas para alcance da descentralização.


 Expor os benéficos da descentralização.
 Descrever de forma sucinta a cronologia por detrás desse processo.

5
1.3Problematização
No mundo actual, são várias as ideias difundidas em relação ao Governo local e estado
democrático. Uma dessas ideias é a de que, os governos locais são normalmente reorganizados à
medida que os países levam a cabo processos de transições democráticas e servem de campo de
treino para a consolidação da democracia, (McCarnery citado por Smith; 1998). Em Moçambique
ocorre o mesmo pois, ao nível político o processo da descentralização iniciado nos anos 90 foi e
continua sendo visto como uma forma de aprofundamento da democracia, (Faria e Chichava-1999;
Correia2002; Guambe-1998 e Mazula-1998).

Ciente da influência deste fenómeno no desenvolvimento do país, surge a seguinte pergunta de


pesquisa: Quais benefícios a descentralização pode trazer política e economicamente?

1.4.Hipóteses
Segundo Prodanov e Freitas (2013, p. 90) “A hipótese é uma possível resposta ao problema de
pesquisa, orienta a busca de outras informações”.

Respondendo a questão, avançamos com o pressuposto de que a nível político o maior benefício é
a democracia, mesmo ela podendo ser verificada fora da descentralização, em Moçambique é
destacada pela descentralização. No campo económico, é um tanto óbvia, a centralização pecava
em não conseguir desenvolver os mais íntimos locais do nosso mapa, ponto este que é certeiro na
descentralização, sendo românticos diríamos “começar a pirâmide económica de baixo para cima”.

2.Metodologia da pesquisa
Para elaboração deste trabalho foi feito uma revisão bibliográfica. Onde foi usado o método
indutivo, que é um método responsável pela generalização, isto é, partimos de algo particular para
uma questão mais ampla, mais geral.

Para Lakatos e Marconi (2007), Indução é um processo mental por intermédio do qual, partindo de
dados particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou universal, não
contida nas partes examinadas. Portanto, o objectivo dos argumentos indutivos é levar a conclusões
cujo conteúdo é muito mais amplo do que o das premissas nas quais me baseio.

6
3.Desenvolvimento

3.1.Descentralização em Moçambique
Após o país ter alcançado a independência, em 1975, o Estado moçambicano adoptou um sistema
político e económico centralmente planificado. Este era um modelo socialista da administração
pública (Canhanga, 2001). As reformas iniciadas na altura criaram um novo sistema unificado e
centralizado de administração.

3.1.2 Conceito
A descentralização é um conceito eminentemente político, pois significa governo próprio para as
entidades descentralizadas. Governo próprio, por sua vez, implica autonomia (não soberania, que
é atributo exclusivo dos Estados nacionais).

3.2 As transformações políticas, económicas e sociais


As transformações políticas, económicas e sociais que se verificaram em Moçambique,
principalmente a partir da implantação do PRE e a aceleração do ritmo da degradação das cidades,
criaram a consciência da necessidade de se proceder a uma mudança na organização da
Administração Pública. Para o efeito, foi concebida e progressivamente desenvolvida uma reforma
administrativa, da qual, um dos principais objectivos foi a aproximação da administração das urbes
à sociedade civil. É nesta esteira, que nos finais dos anos 80 começaram a fazer sentir-se os
primeiros debates relativos a descentralização administrativa dos centros urbanos, (MAE: 2000).

Em 1994 é publicada a Lei-quadro dos distritos municipais (Lei 3/94). “Em termos concretos, o
disposto na nessa Lei significava uma democratização nos níveis hierárquicos de Administração
Estatal abrangidos pelo PROL. A referida democratização ia se operacionalizar em dois sentidos:
primeiro em relação ao processo da eleição de titulares dos órgãos distritais, e em segundo diz
respeito à abertura de espaço para a participação e responsabilização dos titulares dos órgãos
distritais pela população, ou seja, significativa transformação dos distritos administrativos em
Municípios, tal como se configura hoje”, (Nuvunga; 2000:).

Contudo, esta lei 3/94 foi tida como inconstitucional, pois não estava previsto em nenhum capítulo
da Lei mãe (Constituição) a criação de órgãos com este tipo de poder.

7
3.3. Autarquias Locais
Autarquias locais são pessoas públicas dotadas de órgãos representativos próprios, que visam a
prossecução dos interesses das populações respectivas sem prejuízo dos interesses nacionais e da
participação do Estado, são os Municípios (Cidades e Vilas) e as povoações (Circunscrição
territorial do Posto Administrativo).

3.3.1.Características
Tutela Administrativa: estão sob tutela do Estado (Legalidade e meritocracia dos actos –
MAE, MFP e MPF).
Poder Regulamentar: têm poder para regulamentar sobre matérias no âmbito das suas
atribuições, respeitando os limites constitucionais e tutelares.
Principio da Legalidade: agem com estrito fundamento na Lei.

3.3.2.Órgãos representativos
De acordo com Alves & Cossa (1997) estes órgãos caracterizam-se da seguinte forma:

 Assembleia Municipal (AM) é um órgão representativo com poderes deliberativos cujos


membros são eleitos democraticamente pelo eleitorado da respectiva autarquia. O número
de membros é calculado em função do número de eleitores da respectiva autarquia que é
dirigida por uma mesa da Assembleia, composta por um presidente, um vice-presidente e
um secretário eleitos pelos membros da respectiva Assembleia através do voto secreto.
Possui cinco sessões ordinárias por ano, convocadas pelo seu presidente. A primeira deve
ser para aprovação de contas do ano anterior e a última para aprovação de planos de
actividades e orçamento para o ano seguinte. Podem existir também, sessões
extraordinárias, onde apenas deve-se discutir assuntos indicados na agenda apresentados no
acto de convocação.
 O Presidente do Conselho Municipal (PCM) é o órgão executivo singular eleito
democraticamente pelos cidadãos eleitores residentes na respectiva área autárquica.
 O Conselho Municipal (CM) é um órgão executivo que tem o poder de executar as
decisões e declarações da Assembleia Municipal. Este órgão é composto pelo presidente do
Conselho Municipal e por vereadores escolhidos e nomeados pelo respectivo presidente, o
número é proporcional ao número de habitantes da autarquia. Os indivíduos que compõem
o Conselho Municipal não podem exercer as funções de membro de mesa da Assembleia
8
de voto, do pessoal ou funcionário dirigente do ministério de tutela, de agente ou
funcionário de Município ou de serviços de povoação.

Alguns estudos já realizados mostram a existência de alguns problemas ao nível da governação


local democrática. Por exemplo, o estudo de Lala & Ostheimer (2004) conclui que “se tomarmos
em conta os resultados das primeiras eleições autárquicas de 1998, os resultados práticos da
descentralização em Moçambique continuam a serem negligenciados. A administração local
encontra-se ainda inserida na governação centralizada, o que significa que mesmo nos locais onde
o edil provém da oposição ou onde possui a maioria no Conselho Municipal, o controlo dos
recursos económicos continua a ser efectuado pelo governo central.

Desta forma o conflito gerado pela governação centralizada tem agravado as relações entre as
instituições e, por outro lado, a falta de clareza das responsabilidades dos intervenientes, tem
impedido a existência de uma estrutura governamental transparente e de canais de comunicação e
participação mais inclusivos”. Para estas autoras ao nível das autarquias verifica-se uma fraca
participação e não há uma maior inclusão dos munícipes no processo da governação local.

Décadas após a implementação do processo de descentralização administrativa do Estado no país,


é importante fazer uma retrospectiva deste processo com vista a resgatar não só a história da
governação autárquica em Moçambique, mas também analisar até que ponto a descentralização
está servindo de um instrumento adequado para o desenvolvimento do país.

3.4. Recapitulação Cronológica da descentralização


 Período colonial: centralizador e autoritário marcado por dominação politica e controlo do
território;
 Independência: centralização (hierarquia verticalizada) e democracia participativa (pouco
recorrida), vindo a manifestar lacunas significantes acompanhada da herança de praticas
administrativas pouco adequadas ao novo contexto
 1987: Reformas politicas, económicas e sociais;
 1990: Revisão constitucional (espaço legal para mudanças), economia de mercado e
multipartidarismo;
 1994: primeira Lei da descentralização – Lei 3/94;
9
 1995: Conferência internacional sobre experiencias em Administração Municipal (modelos
africanos e europeus) – discussão e percepção da vantagem da governação local;
 1997: Aprovação da lei definidora do quadro jurídico das autarquias locais – Lei 2/97 de
18 de Fevereiro;
 1998: primeiras eleições autárquicas.

4.Benefícios da descentralização
 A descentralização pode diminuir as severas limitações do controle do planejamento
nacional centralizado, mediante a delegação de autoridade a funcionários que atuam fora
da sede do Governo.
 Pode diminuir os efeitos negativos da burocracia, típicos do planejamento central e das
políticas de desenvolvimentos dos países em desenvolvimento.
 A descentralização de funções permite aos funcionários locais um conhecimento e uma
sensibilidade maiores em relação aos problemas e necessidades locais.
 A descentralização pode, também, facilitar uma melhor penetração das políticas nacionais
em áreas distantes da capital, principalmente nas zonas rurais.
 Pode permitir maior representatividade para os diferentes grupos étnicos, tribais, políticos
e religiosos na formulação de decisões, contribuindo, assim, para uma maior equidade na
alocação do recurso e do investimento.
 Pode também contribuir para melhorar a capacidade administrativa e técnica dos Governos
locais e de instituições privadas nas regiões e províncias, permitindo-lhes desempenhar
funções que, de outro modo, não poderiam exercer.
 A eficiência do Governo central pode ser aumentada liberando-se os altos funcionários de
tarefas de rotina que poderiam ser desempenhadas por funcionários locais.
 A descentralização pode, ainda, permitir uma estrutura através da qual as atividades de
vários ministérios e outros órgãos do Governo central, envolvidos no processo de
desenvolvimento, possam ser coordenados mais eficientemente, inclusive com as
lideranças locais e organizações não-governamentais nas diferentes regiões.
 Uma estrutura governamental descentralizada é indispensável à participação cidadã no
processo de planejamento e administração do desenvolvimento.

10
5.Importância no desenvolvimento
A Descentralização ocupa um lugar de fundamental importância no desenvolvimento do país,
estando cientes disso, decidimos trazer de forma clara e objectiva.

5.1.No desenvolvimento Político


As autarquias (forma mais universal de descentralização) são importantes para a consolidação da
democracia. Em Moçambique, as autarquias são a única forma de governo local legalmente eleito
e, como tal, a sua legitimidade junto dos cidadãos é fundamental para a consolidação e
institucionalização de uma boa governação e democracia no país. As autarquias têm também um
papel a desempenhar, quer assumindo e aprofundando o empenhamento nos processos formais da
governação, quer dando aos pobres maior capacidade de representação, para terem voz e
oportunidades de acesso aos bens e serviços públicos através de uma maior participação em
actividades de planeamento e orçamento.

5.2.No desenvolvimento económico


As autarquias têm um papel a desempenhar na redução da pobreza e nos estímulos ao investimento.
A redução da pobreza urbana está relacionada, entre outros factores, com o acesso a terra, serviços,
empregos e alimentação.

Às autarquias cabe o papel principal na regularização da posse da terra, melhoria nas garantias
dessa posse e na sistematização dos mercados de terra, em grande medida corruptos, factores que
são reconhecidos internacionalmente como fundamentais para a canalização de investimentos e
poupanças, para que os pobres possam aceder aos bens. No entanto, há ainda um longo caminho a
percorrer até que as autarquias possam exercer estas funções de um modo satisfatório. Iniciativas
agrícolas, urbanas e periurbanas, para que haja garantia de alimentos e criação de emprego, podem
ser apoiadas por um eficaz planeamento urbano e direitos de uso da terra, bem como por alguns
serviços de apoio específicos. As autarquias podem contribuir para um clima de investimento mais
atraente e para a criação de emprego, através de uma gama de instrumentos, incluindo
investimentos em infraestruturas físicas de importância crucial (p. ex: estradas urbanas), redução
da burocracia (p. ex. licenças para funcionamento de negócios) e a prestação de serviços públicos
através de parcerias público-privadas.

11
Conclusão
Feito o trabalho, fazendo-se uma análise crítica do tema em estudo, se constata necessário trazer
algumas considerações deste tema, que pela sua complexidade é igualmente importante na história
de Moçambique.

Com base na filosofia de um Estado socialista, baseado nos princípios do centralismo democrático,
a partir de 1983, houve um reconhecimento público e oficial, de que o sistema administrativo é
excessivamente centralizado. Mas a guerra civil, as calamidades naturais dificultavam qualquer
tipo de reforma administrativa. Entretanto, nos finais dos anos 80 sob os auspícios das agências
multilaterais, o Estado moçambicano assistiu a um processo de redemocratização política das
sociedades nacionais.

AS reformas resultaram num sistema de governação local de duas formas: uma que é de devolução
de poderes, funções e recursos (descentralização politica), e a outra que é a descentralização
administrativa, que consiste na transferência de recursos, tarefas e poder de decisão para as
autoridades hierarquicamente inferiores (os distritos).

12
Referências
ALVES, Armando Teixeira e COSSA, Benedito Ruben. Guião das Autarquias Locais. Maputo,
1998.

Boletim da República, Lei n.º 3/94 de 13 de Setembro de 1994. 1 Série, nº 37.

CORREIA, Arménio (2002); “O processo de Descentralização— Objectivos, Perspectivas e


problemas”. In: A cobertura jornalística do processo de descentralização. Maputo: Freiderich Ebert
Stiftung

CANHANGA, Nobre de Jesus Varela. Descentralização, Participação Comunitária e do

Desenvolvimento Municipal: O Caso do Município de Quelimane. Maputo. Dissertação

elaborada para obtenção do grau de Licenciatura em Administração Pública. UEM, 2001.

CHIAVENATO, Idalberto. Iniciação a Administração Geral. Makron Books. São Paulo, 2000.

CHIAVENATO, Idalberto. Teoria Geral da Administração. 5 ª ed. actualizada. Editora campus,


1999.vol. 1

CHIZIANE, Eduardo. As Tendências da Re-concentração e Re-centralização Administrativa em


Moçambique. [email protected]

13
14

Você também pode gostar