Feminismo e Comunismo
Feminismo e Comunismo
Feminismo e Comunismo
e o feminismo
Maria Rosa Dória Ribeiro1
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propriedade privada é reafirmada no Manifesto Comunista e serviu como base
para a meta dos comunistas de abolição da família. O argumento é que a gran-
de indústria deu novo significado à família proletária, obrigando todos os seus
componentes a trabalhar em função da composição de um único orçamento,
inclusive as crianças.
Em 1967, foi traduzido e publicado no Brasil o texto Women: the longuest
revolution, de Juliet Mitchell. A New Left Review publicara o ensaio da jovem
pensadora marxista inglesa dois anos antes.
121
domésticas para o Estado e o poder local (desde que administrado democrati-
camente); adotar uma legislação protetora das mães e da criança, incluída aí a
licença-maternidade; e transferir o cuidado com as novas gerações ao Estado
democrático. Reconhece, entretanto, que esse programa só poderia ser levado
a cabo pelo poder operário conquistado pela revolução.
Mas Kollontai avança nas análises e proposições. Em suas obras: A nova
moral e a classe operária, de 1918, e A ideologia proletária e o amor, a autora re-
flete sobre as relações de amor entre homem e mulher na sociedade burguesa.
Observando que a noção de amor “legítimo” ou amor “culpável” variava de
acordo com os diferentes momentos históricos, afirma que tal concepção, sob
hegemonia da cultura burguesa, é restritiva e egoísta, uma vez que volta suas
costas ao social. E diz:
[...] a tarefa da ideologia proletária não é arrancar Eros das relações sociais,
mas simplesmente de guarnecê-lo com flechas de uma nova têmpera, educar
o sentimento de amor entre os sexos no espírito de uma nova grande força
psíquica: a solidariedade-camaradagem6.
[...] mas tenta escapar à sua carga de liberdade dando a si mesmo uma ‘imor-
talidade’ espúria através de seus filhos. Domina a mulher tanto para aprisio-
nar outra consciência que reflete a sua própria, como para lhe fornecer filhos
que sejam seguramente seus [...]7.
123
na atualidade, é preciso analisar cada uma dessas estruturas-chave e como
elas se relacionam, ou seja, trata-se de reunir dados sobre os diferentes papéis
da mulher e analisar suas interconexões.
No que se refere à produção, Mitchell desmitifica a justificativa da di-
ferenciação biológica para explicar a divisão do trabalho. Divisão essa que
fundamentaria a superioridade masculina. O fato é que as mulheres, por sua
constituição física, são impossibilitadas apenas para determinados tipos de
trabalho que demandam maior força física. Afirma que o pressuposto de que
o trabalho no capitalismo incorpora significativamente a mulher no mercado
de trabalho por conta da tecnologia, a qual, dessa forma, poderia libertar a
mulher de sua condição de subordinação econômica, é uma meia-verdade
perigosa. Se o trabalho industrial e a tecnologia automatizada acenam com
a libertação da mulher (e do homem), é importante levar em conta que esses
acenos não passam de precondições.
Passados mais de 40 anos depois de Mitchell ter escrito seu texto, cons-
tatamos que a incorporação da mulher como força de trabalho na grande in-
dústria, considerada sob o parâmetro de classe social, promoveu a sobrecarga
de trabalho e o rebaixamento dos salários, mais do que sua libertação. No
Brasil, a maioria das mulheres operárias ou trabalhadoras do setor de serviços
não reverteu sua condição subalterna no casamento, tampouco se emancipou
economicamente mantendo-se solteira. E, apesar disso, muitas vezes se veem
na contingência de chefiar famílias monoparentais.
Não se pode negar, entretanto, que as mulheres que contaram com
melhores oportunidades de educação e formação profissional conquistaram
em maior quantidade sua autonomia. Sempre relativizada, todavia, de acor-
do com suas situações de mães, esposas, donas de casa e trabalhadoras.
Pode-se afirmar que a maioria das mulheres que exerce atividade remune-
rada e integra o mercado formal ou informal de trabalho no Brasil ainda
tem de conciliar funções e encargos que não fazem parte do repertório de
atividades ou obrigações masculinas8.
No que se refere à estrutura-chave reprodução, Mitchell diz que o pa-
pel social da ideologia da maternidade e da família tem conseguido relegar
à mulher a condição de “complemento” espiritual do homem, particular-
mente nas sociedades capitalistas. Critica o slogan socialista de “abolição”
da família como esvaziado de significado, uma vez que a função biológica
da maternidade, fato universal e atemporal, não tem sido submetida às
categorias marxistas de análise histórica. Se a mulher, por meio da ma-
ternidade, acaba se responsabilizando pela estabilidade e onipresença da
família, então fica justificada a desigualdade sexual, bem como sua ausência
na produção e na vida pública.
125
Destarte, aplica-se a racionalidade capitalista à mentalidade que estabe-
lece a união como um contrato marital entre partes iguais. Tal qual a igual-
dade formal existente no contrato de trabalho nas empresas capitalistas, essa
também é hipócrita, uma vez que a relação real é caracterizada pela explora-
ção e pela desigualdade. Registra-se nova contradição: uma maior paridade
formal nas relações entre homem e mulher é obtida ao preço da democratiza-
ção da repressão sexual, o que cria, mas não determina, as condições para a
conquista de libertação sexual para ambos os sexos.
A história dos sentimentos é outro instrumento que permite entender o
enraizamento da repressão sexual às mentalidades. O componente do amor,
cujo culto remonta ao século XII, foi agregado a formas maritais legais, que,
obviamente, até então não pressupunham exclusividade alguma. A mulher
passou a objeto do amor galanteador e tornou-se presa fácil (mais que o ho-
mem) da paixão. O casamento, em sua forma burguesa, adquiriu a conotação
de consagração do amor romântico. E, embora tenha se tornado a tentativa de
capturar a paixão por meio de uma escolha livre para toda a vida, não resolveu
a contradição formal: “o caráter contratual voluntário do casamento e o caráter
espontâneo incontrolável do amor”10. E, no último século, em um processo in-
versamente proporcional à liberação dos costumes, a ideia de que a paixão só
ocorre uma vez na vida veio perdendo força. De tal maneira que o casamento
é hoje uma instituição em flagrante crise11.
A sexualidade feminina vem saindo do limbo para se tornar objeto de
estudos, de exploração comercial, de descobertas existenciais, de conflitos,
de discriminação, de censura, de protesto, de denúncia e, sobretudo, de cres-
cente domínio das interessadas. Em todo caso, sendo a sexualidade uma das
estruturas-chave para se compreender a situação da mulher, e considerando
que nenhuma delas pode funcionar isoladamente, por mais que se registrem
mudanças nos comportamentos em relação ao sexo, isso não basta para que
alterações maiores nos papéis sociais da mulher venham a ocorrer.
Importa considerar ainda que, por mais que se registrem mudanças de
comportamento por parte de mulheres em relação à liberdade com que vi-
venciam sua sexualidade, essas mudanças ainda estão restritas a nichos so-
ciais. E convivem com conservadorismos que vigiam, censuram e condenam
o exercício livre da sexualidade daquelas que contestam o casamento como
seu “destino manifesto”. Ao lado da imagem da “solteirona”, estão a da “cheia
de amor pra dar”, a da “mal comida” (e por isso mal-humorada), entre outras
que revelam a dificuldade no trato social da questão. E revelam também que,
na maioria dos casos, se a mulher escolhe e assume um comportamento que
saia dos padrões convencionais, desviando-se da condição passiva na qual é a
escolhida ou preterida, a sociedade frequentemente a trata como ameaçadora.
127
filhos. Sendo a posse uma extensão do eu, a mãe se veria ameaçada existen-
cialmente em sua função reprodutora.
Esta compreensão, que indica manipulação emocional dos filhos pela
mãe, não altera a sujeição econômica de uns e de outra ao pai. O culto social
do poder das mães sobre os filhos mascara a falta de poder socioeconômico
sobre eles. Esse ângulo de visão complementa o entendimento da dinâmica
da família, segundo a qual o “lar” é o lugar de descanso para o homem, o
lugar de relaxamento do “guerreiro”. Enquanto este trava suas batalhas e tra-
balha fora de casa, a mulher se ocupa com sua função primeira, definida por
sua fisiologia: a maternidade e tudo o que ela implica.
Sem desconsiderar a necessidade da atenção mais cuidadosa e inte-
ligente à educação da criança em seus primeiros anos, cabe notar que nes-
sa fase assiste-se a uma construção ideológica que reconduz à valorização
da maternidade de uma maneira mistificada. Aproveitam-se, assim, apenas
parcialmente, os aportes recentes da Psicologia à ciência da Educação. Estes
consideram que a delicadeza do processo de socialização demanda justa-
mente socializadores serenos e amadurecidos, que a família não oferece no
papel da mãe. Sobretudo se ela focaliza sua existência exclusivamente na
criação de seus filhos.
Mitchell retoma uma observação de Lênin a Clara Zetkin sobre a liber-
dade sexual, que, tomada isoladamente, pode ter servido como fundamento
para as feministas de São Paulo sustentarem suas posições na década de 1970.
Afirmava ele que essa reivindicação era de natureza burguesa e não passava
de um exercício intelectual, já que qualquer solução geral para a exploração
das mulheres só poderia ser encontrada mediante uma estratégia que envol-
vesse todas as estruturas que, imbricadas, destinam-se a esse fim.
Para a segunda onda do feminismo, entretanto, a autora observa que as
duas posturas pretensamente marxistas para as lutas das mulheres levavam ao
imobilismo: (1) a crítica às bandeiras levantadas (igualdade de oportunidades
e de salários, luta por creches, dupla jornada de trabalho, entre outras) como
reformistas, uma vez que não passavam de pequenas e paliativas mudanças;
ou (2) a crítica ao caráter voluntarista das exigências, incapazes de obter apoio
das massas por estarem muito à frente das possibilidades atuais, como aboli-
ção da família, liberação sexual ou separação obrigatória de pais e filhos.
129
como fazendo parte do que consideravam “massa atrasada”, ora recomenda-
vam que fossem integradas à luta até nos postos militares, entendidos como
eminentemente masculinos.
A tônica dos pressupostos e diretrizes era impedir que as mulheres se
pusessem ao lado das forças atrasadas e subjugadas ideologicamente à bur-
guesia. De acordo com o documento citado, as forças do atraso eram a família
burguesa e a moral religiosa cristã. Esses valores, interiorizados pela esmaga-
dora maioria das mulheres, refletiriam sua condição de produtos inferiores e
reprodutoras da ideologia burguesa14.
Não houve diferença entre as orientações da III e da IV Internacional
para os trabalhos dirigidos às mulheres, uma vez que esta referendava aquela
no tocante a seus quatro primeiros congressos. O feminismo não batia à porta
da sociedade então. As militantes comunistas vinculadas às organizações po-
líticas de inspiração trotskistas foram, dessa forma, ainda menos influencia-
das pelas orientações daquela associação.
131
Essa atuação de mulheres brasileiras no que se poderia considerar “vida
pública”, no período entre 1945 e 1964, embora tenha acontecido com hege-
monia das militantes comunistas, não seguiu exatamente as recomendações
da III Internacional, que, aliás, já havia sido extinta.
A primeira onda do feminismo burguês no Brasil, depois de conquistado
o direito de voto em 1932, havia arrefecido. Contribuiu para isso a ditadura
do Getúlio Vargas, o Estado Novo. As mulheres voltaram a se organizar em
1945, com o apoio daquela que se destacou na liderança da fase anterior do
movimento de mulheres na campanha pelo direito de cidadania, Bertha Lutz.
Não havia dúvida quanto ao pertencimento dela aos quadros da burguesia.
Nem por isso se deixava de reconhecer seu mérito na luta pela conquista do
direito ao voto feminino.
As instabilidades da política, as oscilações econômicas, as alterações
na condição de existência do Partido Comunista (PCB), que terminou por se
dividir, conclamavam as mulheres a atuarem de maneira muito mais assis-
tencialista do que revolucionária. A referência da tradição cultural patriarcal,
machista e autoritária era muito mais forte do que poderia ser a referência po-
lítica/ideológica. E, no que se referia à composição política, as alianças eram
feitas com mulheres de outras organizações, burguesas ou não, mas certa-
mente pouco “revolucionárias”, como as próprias militantes, que, não raro,
aliás, eram oriundas da burguesia e da pequena burguesia.
Com um espírito pragmático, elas atuavam na vida pública e na política
brasileira de maneira aguerrida e desprendida. Sem dúvida, muito contribuí-
ram para ampliar os horizontes de inúmeras mulheres, tirando-as de seu con-
finamento doméstico. A atuação daquelas militantes efetivamente contribuiu
para aumentar o espectro de mulheres das camadas médias e populares sen-
síveis e atentas aos acontecimentos políticos. Sua ação política, independen-
temente do reconhecimento que obtiveram de seu partido, e de elas próprias
terem desenvolvido maior capacidade de análise, fez com que aumentasse a
quantidade de mulheres participantes da vida pública, por meio da política.
Em todo caso, atuaram, na maioria das vezes, em sintonia com a tá-
tica e a estratégia do partido ao qual se vinculavam, uma vez que o próprio
PCB, a partir de uma leitura própria do processo histórico brasileiro, pre-
conizava a revolução burguesa como etapa do processo revolucionário. As
militantes comunistas, imbuídas do “romantismo socialista”, podiam até re-
crutar camaradas para o partido, o que não significava aumentar as fileiras
dos combatentes revolucionários.
Quanto à recomendação de incorporar as mulheres em igualdade de
condições no partido e nas demais entidades nas quais atuavam, também essa
não foi seguida. Prevaleceu a concepção machista e autoritária, acentuada
133
dros do PCB. Em obra publicada em 1981, Ser ou não ser feminista, essa autora
revela não admitir o pessoal como político.
Embora seja normal que surja, na onda da questão feminina, o tema da li-
bertação sexual, é falso e prejudicial ao movimento de mulheres [...] inseri-lo
prioritariamente na realidade feminina, dando-lhe status de causa. E quando
se fala na articulação das mulheres, para as lutas por sua libertação como par-
te das lutas sociais, surge então uma teoria fragmentada, através do casuísmo,
elaborada segundo experiências pessoais18.
135
vada pelo Coletivo Nacional de Dirigentes Comunistas, não foi aceita e muito
menos acatada pelo conjunto das militantes.
As mulheres sentem que seus principais problemas [...] são os que sofrem
em comum com os homens de nosso povo: os baixos salários, as péssimas
137
O PCB adere ao feminismo?
A análise do documento A condição da mulher no Brasil e a luta para
transformá-la: visão e política do PCB, resolução aprovada, ainda no exílio,
pelo Coletivo Nacional de Dirigentes Comunistas, permite constatar tanto a
distância que a visão partidária para o trabalho feminino toma em relação à
III Internacional como as resistências encontradas na aproximação com as
teses feministas.
Dessa maneira, em vários momentos do referido documento encon-
tram-se nítidas influências das ideias feministas. Condenam-se como precon-
ceito e como ideias retrógradas as conclusões que levam à “natureza feminina”
para justificar a inferioridade das mulheres no mundo do trabalho. Conside-
ra-se que, por mais que se admita a incidência do condicionamento secular,
que faz com que as mulheres, muitas vezes, intimidem-se diante da partici-
pação na produção social, sua condição subalterna não se justifica. Encon-
tram razões para essa desigualdade na conjugação de fatores, como orientação
escolar e familiar carregada de preconceitos quanto aos papéis que cabem a
cada um dos sexos; inadequação da formação profissional, entre outros. Tam-
bém na análise da maternidade como função social se nota a aproximação
com o feminismo “[...] se, por questões biológicas, coube à mulher o papel
principal na reprodução da espécie, isso não significa que a ela, somente, cai-
ba a responsabilidade pela educação e cuidado dos filhos”25. Essa concepção
leva à paternidade e à maternidade conscientes e responsáveis, que devem
ser amparadas por política pública de planejamento familiar. Leva também à
demanda conjunta de equipamentos sociais que façam com que a sociedade
se ocupe e se responsabilize igualmente pelas crianças, possibilitando uma
maior participação das mães na vida ativa do país. Aparece também no do-
cumento uma tímida incorporação do conceito de patriarcado, tão caro ao
feminismo, quando analisa a estrutura familiar brasileira. Considera que suas
relações são baseadas na hierarquia e no autoritarismo patriarcal do chefe, a
quem estão subordinados a mulher e os filhos26.
Aparece melhor a apropriação desse conceito na fala de Zuleika Alambert,
em palestra proferida em dezembro de 1979, em evento organizado pela Associa-
ção das Mulheres.
O que todas nós juntas aqui queremos é sair do gueto em que nos ilharam
historicamente; ocupar na sociedade o lugar que nos cabe; ganhar uma fisio-
nomia nova, própria, como seres pensantes e como tais criativos. O que de-
sejamos é mostrar que valemos pelo que somos individualmente, com nossas
qualidades e defeitos, e não porque somos uma imagem, um reflexo do pai,
do irmão ou do marido com quem vivemos. Queremos é aparecer na socie-
[...] será através do exame crítico de seu dia a dia (o trabalho doméstico, a ma-
ternidade, a criação dos filhos, a vida conjugal, sua sexualidade, os problemas
do bairro) [...] que a mulher ganhará consciência de sua real situação dentro
da sociedade e energias para lutar contra ela28.
Autocrítica?
Digna de nota é a autocrítica que o documento registra ao afirmar que,
por incompreensão da dimensão da opressão feminina e subestimação do
papel da mulher na sociedade, o partido não havia dado a devida atenção
139
à questão. Pela mesma razão, havia encarado com sectarismo o trabalho de
massas junto às mulheres.
Afastamos dele os melhores quadros, por serem “bons demais” para o traba-
lho feminino. As demais foram relegadas às tarefas de infraestrutura do cole-
tivo (tesoureiras, caseiras, tradutoras, datilógrafas) ou permaneceram simples
donas de casa, a pretexto de constituírem a retaguarda de seus maridos e
filhos. O machismo, o paternalismo, o patriarcalismo milenares refletiram-
se em nossa concepção sobre o papel da mulher na sociedade, o que levou à
subestimação de suas potencialidades políticas e à aceitação da velha divisão
de trabalho por sexo também dentro do Coletivo31.
RESUMO
Este artigo analisa os estranhamentos e as aproximações das militantes co-
munistas com o feminismo, tanto nas formulações teóricas quanto em suas
PALAVRAS-CHAVE
Mulheres comunistas; mulheres na teoria socialista; feminismo.
ABSTRACT
This article analyzes the strangeness and rapprochements of female commu-
nist militants with Feminism, with both theoretical formulations and politi-
cal practices, in different historical moments. The text seeks to address the
contradictions faced by Communist women in relation to several factors that
have marked their political and ideological formations. Their reactions, rejec-
tions, and reflections, and in some cases adhesions to the new set of ideas that
represented Feminism happened in accordance to the way they experienced
their contradictions.
KEYWORDS
Women communists; women in socialist theory; Feminism.
NOTAS
1
Doutora em História Social pela Universidade de São Paulo. Docente do College
of New Rochelle – New York, na condição de Fulbright Scholar. O artigo foi desen-
volvido com base em capítulo da tese orientada pelo prof. livre-docente Wilson do
Nascimento Barbosa: RIBEIRO, Maria Rosa Dória. Relações de poder no feminismo
paulista – 1975 a 1981. Tese (doutorado em História) – Universidade de São Paulo, São
Paulo, 2011. Contato da autora: [email protected].
2
MORAES, Maria Lygia Quartim de. Vinte anos de feminismo. Tese de livre-docência.
1996. Departamento de Sociologia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas –
IFCH, da Universidade Estadual de Campinas.
3
Idem.
4
MITCHELL, Juliet. “Mulheres, a revolução mais longa”. Revista Civilização Brasileira,
Rio de Janeiro, n. 14, p. 6, jul. 1967.
5
NEHRING, Maria Lygia Quartim de Moraes. Família e feminismo: reflexões sobre
papéis femininos na imprensa para mulheres. Tese (Doutorado em Ciências Políti-
cas), Departamento de Ciências Sociais da FFLCH-USP, São Paulo, 1981.
6
NEHRING, M. Op. cit., p. 26.
141
7
MITCHELL, J. Op. cit., p. 11.
8
“[...] 96% das mulheres trabalhadoras arcam sozinhas com a orientação e a exe
cução dos afazeres domésticos.” Porto, Marta. “Em busca de kairos”. In: VEN-
TURI, Gustavo; RECAMÁN, Marisol; OLIVEIRA, Suely (Org.). A mulher brasileira
nos espaços público e privado. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2004.
9
MITCHELL, J. Op. cit., p. 22.
10
Ibidem, p. 24.
11
Embora o texto de Mitchell seja bastante datado e escrito há mais de 40 anos, ela
observa um processo que, desde então, só aumentou em quantidade e em qualidade.
Trata-se do questionamento de valores e da mudança de atitudes em relação à ética
das relações sexuais até então vigentes: a virgindade, a fidelidade, o sentimento de
posse e o controle exercidos mutuamente, o “para sempre”, entre outros.
12
Embora Mitchell tenha ilustrado essa afirmação com dados comparados entre
1890 e 1960 na Inglaterra, é possível carregar tal afirmação para o Brasil na compa-
ração de dados entre meados dos anos 1950, quando a média do número de filhos
era bem maior, e os primeiros anos do século XXI. MITCHELL, J. Op. cit.
13
Cf.: Atas do primeiro, segundo, terceiro e quarto congressos da III Internacional, p.
101. Disponível em: <www.scribd.com/doc/18977242/ Atas-do-primeiro-segundo-
terceiro-e-quarto-congresso-da-Terceira-Internacional>. Acesso em: 31 out. 2010.
14
Nas considerações feitas pelo Congresso quanto às condições das mulheres,
aparece: “b. A grande passividade e o estado de atraso político das massas femini-
nas, defeitos explicáveis pelo distanciamento secular da mulher da vida social e por
sua escravidão na família” [grifo nosso]. Cf.: Atas do primeiro, segundo, terceiro e
quarto congressos da III Internacional. p. 102. Disponível em: <www.scribd.com/
doc/18977242/Atas-do-primeiro-segundo-terceiro-e-quarto-congresso-da-Terceira-
Internacional>. Acesso em: 31 out. 2010.
15
MONTENEGRO, Ana. “Ser ou não ser feminista”. Cadernos Guararapes, Recife, n.
3, 1981.
16
MONTENEGRO, A. Op. cit., p. 68.
17
“A mulher brasileira é profundamente sentimental. Ama sua família, ama seus
filhos e é capaz de dar provas de abnegação e amor. Além disso é uma criatura
alegre e gosta de coisas bonitas. Poucas são as casas de favela, de mocambos, cor-
tiços ou casa de cômodos que, apesar da pobreza, não ostentam um vaso de flores,
uma toalhinha bordada. A mulher trabalhadora quer casar, ter filhos e um lar.”
Excerto do informe sobre o primeiro ponto da Ordem do Dia da Conferência Na-
cional de Trabalhadoras, realizada no Rio de Janeiro, de 18 a 20 de maio de 1956.
MONTENEGRO, A. Op. cit..
18
MONTENEGRO, A. Op. cit., p. 48.
19
Ibidem, p. 34.
20
“Nas classes dominantes ou nas camadas médias e da pequena burguesia, o ma-
143