TFG - Fernanda - Engenharia Civil

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO

PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO
CENTRO MULTIDISCIPLINAR DE ANGICOS
CURSO DE BACHARELADO EM ENGENHARIA CIVIL

FERNANDA MEDEIROS DE ARAÚJO

INFLUÊNCIA DO ADITIVO A BASE DE MELAMINA SULFONADA NAS


PROPRIEDADES DE ARGAMASSAS DE REVESTIMENTO

ANGICOS
2023
FERNANDA MEDEIROS DE ARAÚJO

INFLUÊNCIA DO ADITIVO A BASE DE MELAMINA SULFONADA NAS


PROPRIEDADES DE ARGAMASSAS DE REVESTIMENTO

Trabalho Final de Graduação apresentado a


Universidade Federal Rural do Semi-Árido
como requisito para obtenção do título de
Bacharel em Engenharia Civil.

Orientador: Kleber Cavalcante Cabral, Prof.


Dr.

ANGICOS
2023
©Todos os direitos estão reservados à Universidade Federal Rural do Semi-Árido.O conteúdo
desta obra é de inteira responsabilidade do (a) autor (a), sendo o mesmo, passível de sanções
administrativas ou penais, caso sejam infringidas as leis que regulamentam a Propriedade
Intelectual, respectivamente, Patentes: Lei nº 9.279/1996, e Direitos Autorais: Lei nº
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homologação da sua respectiva ata, exceto as pesquisas que estejam vinculas ao processo de
patenteamento. Esta investigação será base literária para novas pesquisas, desde que a obra e
seu (a) respectivo (a) autor (a) seja devidamente citado e mencionado os seus créditos
bibliográficos.

Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema de Bibliotecas


da Universidade Federal Rural do Semi-Árido, com os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

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Conclusão de Curso (TCC´s) foi desenvolvido pelo Instituto de Ciências
Matemáticas e de Computação da Universidade de São Paulo (USP) e gentilmente
cedido para o Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal Rural do Semi-Árido
(SISBI-UFERSA), sendo customizado pela Superintendência de Tecnologia da
Informação e Comunicação (SUTIC) sob orientação dos bibliotecários da instituição
para ser adaptado às necessidades dos alunos dos Cursos de Graduação e
Programas de Pós-Graduação da Universidade.
FERNANDA MEDEIROS DE ARAÚJO

INFLUÊNCIA DO ADITIVO A BASE DE MELAMINA SULFONADA NAS


PROPRIEDADES DE ARGAMASSAS DE REVESTIMENTO

Trabalho Final de Graduação apresentado a


Universidade Federal Rural do Semi-Árido
como requisito para obtenção do título de
Bacharel em Engenharia Civil.

Defendida em: _____ / _____ / ______.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________
Kleber Cavalcante Cabral, Prof. Dr.
Presidente

_________________________________________
Nome do Examinador Interno, Prof. Dr. (UFERSA)
Membro Examinador

_________________________________________
Nome do Examinador Externo, Prof. Dr. (UFXYZ)
Membro Examinador
AGRADECIMENTOS

Gostaria de expressar minha profunda gratidão aos que sempre me apoiaram, em


resumo minha família, mãe Suerda Medeiros e pai Fernando Medeiros, e amigos, Rayane
Lima, Pedro Félix, Matheus Delgado e Layane Araújo, que nunca me deixaram desistir, que
me impulsionaram a chegar até aqui e ser quem sou hoje. Ao meu namorado e companheiro
Jaelson Gonçalves, por não medir esforços para concretizar os meus sonhos e ser um ponto de
apoio emocional muito forte durante todo meu caminhar na universidade.
Aos mestres e doutores que me rodeiam nos blocos e salas da UFERSA, sempre me
ensinando, em especial ao Professor Kleber Cavalcante por me orientar e auxiliar em mais um
passo do meu crescimento profissional e ao Coordenador Luís Henrique, por sempre está
disponível para ajudar, indo muito além de suas obrigações e não medir esforços para
contribuir com a educação, crescimento e aprendizado dos alunos.
Agradeço a Consolida e toda equipe que está comigo, em especial minha Direx
(2023), por me mostrarem a melhor versão minha e me incentivar a buscar conhecimento,
desafios e crescimento profissional, foram anos de muito trabalho e desenvolvimento.
Agradeço também ao laboratório de materiais da UFRN, em especial à Sandro que é o
técnico responsável e que me auxiliou nos testes.
Agradeço a Banca Examinadora por se fazerem presentes e pelo tempo destinado a
leitura e assistência na examinação deste trabalho.
“Todas as vitórias ocultam uma abdicação”.

Simone de Beauvoir
RESUMO

A construção civil vem evoluindo e tornando seu setor mais viável ambientalmente,
justamente por ser um setor que impacta negativamente o ambiente, logo é necessário realizar
pesquisas de cunho sustentável. O presente trabalho investigou o impacto da adição de
Melamina Sulfonada (MS) nas propriedades mecânicas de argamassas de revestimento nas
proporções de 0% (REF), 0,1%, 0,2%, 0,3% e 0,4% com relação a quantidade do cimento. O
MS é um aditivo superplastificante, que serve para melhorar as propriedades mecânicas do
concreto e diminuir o uso da água na sua mistura. A incorporação de MS melhorou a
aderência e aumentou a resistência das argamassas. Além disso, reduziu o índice de vazios,
resultando em menor absorção de água. Entre os traços analisados, a adição de 0,4% de MS
apresentou o melhor desempenho, demonstrando maior resistência à compressão e tração,
além de economia de água, um recurso importante a ser preservado. Em resumo, este estudo
demonstrou que a Melamina Sulfonada pode ser um aditivo promissor para melhorar as
propriedades mecânicas e a aderência de argamassas de revestimento, contribuindo para uma
maior qualidade e durabilidade em aplicações de construção civil.

Palavras-chave: Argamassa de revestimento, Melamina Sulfonada, Propriedades


mecânicas, Sustentabilidade, Construção civil.
ABSTRACT

Construction has been evolving and making its sector more environmentally viable,
precisely because it is a sector that negatively impacts the environment, so it is necessary to
conduct research of sustainable nature. This study investigated the impact of the addition of
Melamine Sulfonate (DM) on the mechanical properties of coating mortars in the proportions
of 0% (REF), 0.1%, 0.2%, 0.3% and 0.4% in relation to the amount of cement. MS is a
superplasticizer additive, which serves to improve the mechanical properties of concrete and
reduce the use of water in its mixture. The incorporation of MS improved adhesion and
increased the strength of mortars. In addition, it reduced the rate of voids, resulting in lower
water absorption. Among the analyzed traits, the addition of 0.4% of DM presented the best
performance, demonstrating greater compressive and tensile strength, besides saving water,
an important resource to be preserved. In summary, this study demonstrated that Sulfonated
Melamine can be a promising additive to improve the mechanical properties and adhesion of
coating mortars, contributing to higher quality and durability in construction applications.

Keywords: Coating mortar, Sulfonated Melamine, Mechanical properties, Sustainability,


Construction.
LISTA DE FIGURAS

Figura 3.1 – Ensaio de consistência ….................................………….………..……… 24


Figura 3.2 – Corpos de prova moldados e em cura úmida ......……….………..……… 24
Figura 3.3 – Ensaio de resistência à tração na flexão ……..................…..……..……... 25
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Indicadores de XYZ …..................................………………………........… 16


Tabela 2 – Distribuição dos XYZ ........………………….………………………...........21
Tabela 3 – DadosXYZ .....................................………………………..………………. 23
Tabela 4 – Número de XYZ ..............................................…………………….............. 37
Tabela 5 – Fator de impacto de XYZ ..................................................................... …....46
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas


Dr Doutor
Me Mestre
MS Melamina Sulfonada
NBR Norma Brasileira
REF Referência
SMF Melamina Formaldeído Sulfonada
SNF Naftaleno Sulfonado Formaldeído
LISTA DE SÍMBOLOS

© Copyright
% Porcentagem
$ Cifrão
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 14
2 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................................. 17
3 METODOLOGIA................................................................................................................ 27
3.1 - Materiais ...................................................................................................................... 27
3.2 - Métodos ....................................................................................................................... 28
3.2.2 - Produção das argamassas..................................................................................... 28
3.2.3 - Propriedades das Argamassas no Estado Fresco ................................................. 28
3.2.3.1 - Índice de Consistência ................................................................................ 28
3.2.4 - Moldagem e Cura dos Corpos de Prova .............................................................. 29
3.2.5 - Propriedades das Argamassas no Estado Endurecido.......................................... 30
3.2.5.1 - Resistência à tração e compressão na flexão .............................................. 30
3.2.5.2 - Absorção de água por imersão .................................................................... 31
4 RESULTADOS .................................................................................................................... 25
4.1 Índice de vazios ............................................................................................................. 25
4.2 Densidade aparente no estado fresco ............................................................................. 25
4.3 Resistência à compressão e resistência à tração na flexão ............................................ 26
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................. 27
5.1 - Conclusões .............................................................................................................. 27
5.2 - Sugestões para trabalhos futuros ............................................................................ 27
REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 30
14

1 INTRODUÇÃO

Com o avanço tecnológico, todos os setores economicos vêm sendo modificados


de forma a melhorar características e adaptá-los ao mundo da sustentabilidade,
determinando maior empatia com o ambiente e a sociedade. Além de trazer questões
econômicas, viabilizando as diretrizes em desenvolvimento (XAVIER, 2018).
Se falarmos no setor econômico da construção civil, não é definido em apenas
custos, mas sim em empregar materiais com propriedades favoráveis a determinados
usos, de forma a ser mais vantajoso socialmente e ambientalmente, visando minimização
do impacto ambiental (BATISTA, 2023). Logo, existem várias pesquisas que pretendem
analisar as formas de implementação e inovação na construção civil.
Um estudo sobre argamassa com melamina sulfonada pode abordar várias áreas,
incluindo suas propriedades físicas, químicas e mecânicas, bem como suas aplicações
práticas na construção civil.
Em sua pesquisa, Filho (2022) apresentou o mecanismo de funcionamento de
aditivos, incluindo os superplastificantes, que são utilizados para reduzir a quantidade de
água necessária, melhorando a trabalhabilidade sem comprometer a resistência. Além
disso, ele afirma que o mecanismo de ação de alguns aditivos ainda não é completamente
compreendido pela ciência, em decorrência principalmente da composição química e as
características físicas dos aditivos, o que torna a investigação de seus efeitos específicos
uma tarefa desafiadora.
Silva (2015) já tinha pesquisado sobre o assunto, e neste estudo foram elaboradas
argamassas por meio da substituição de 15% do cimento por cada um dos aditivos
minerais, utilizando quatro tipos diferentes de aditivos superplastificantes, dentre eles a
Melamina, avaliando os efeitos de diferentes tipos e dosagens de aditivos
superplastificantes nas propriedades das argamassas produzidas. Concluindo por fim que
as argamassas com superplastificante à base de melamina demonstraram apresentar níveis
reduzidos de álcalis solúveis e expansão. Seus resultados levam à conclusão de que o
aditivo à base de melamina é altamente recomendado para melhorar a durabilidade e a
qualidade de estruturas de concreto e argamassa sujeitas a esse tipo de reação.
A melamina sulfonada é um polímero com ação baseada em repulsão
electrostática que estabiliza a dispersão, esse superplastificante apresenta elevada
resistência a sais e moléculas com cadeia lateral, implicando ainda em redução
15

significativa da água sem tirar a trabalhabilidade da massa (FERREIRA, 2002).


Partindo destes pressupostos, o presente trabalho tem como finalidade caracterizar
a argamassa adicionada de melamina sulfonada para utilização da mesma em
assentamentos de revestimento de piso e paredes. Os teores de substituição serão: 0%,
tornando-se base de comparação para com os demais, 0,1%, 0,2%, 0,3% e 0,4% de
melamina sulfonada em relação ao peso do cimento.
Os resultados obtidos demonstraram um aumento na resistência da argamassa
quando a melamina foi adicionada, tanto em termos de resistência à tração quanto de
resistência à compressão. Além disso, concluiu-se que a diminuição da quantidade de
água nas argamassas contribui para a melhoria do seu desempenho mecânico. Essas
descobertas ressaltam a importância da melamina como aditivo para aumentar a
resistência da argamassa e destacam como o controle adequado da relação água-cimento
pode melhorar significativamente suas propriedades mecânicas.
16

1.1 Objetivos

Os objetivos geral e específicos deste trabalho estão detalhados a seguir:

1.1.1 Objetivo geral

Realizar a análise de efeito da melamina sulfonada na argamassa em relação ao


desempenho mecânico para revestimentos.

1.1.2 Objetivos específicos

 Analisar quantitativamente as propriedades da argamassa no estado fresco, a saber,


índice de consistência e densidade;

 Analisar quantitativamente as propriedades da argamassa no estado endurecido, a


saber, resistência à compressão, à tração, densidade de massa e absorção;

 Avaliar a porcentagem de adição de melamina sulfonada que melhor atende as


especificações da NBR 13281:2005 que trata dos requisitos exigíveis para argamassa
para assentamento e revestimento de paredes e teto.
17

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Ao início do plano deste estudo, foram acrescidas algumas dúvidas que resultaram em
buscas para melhor resultados esperados. Assim, foi baseado no seguinte referencial teórico.

2.1 Argamassas de Assentamento


Segundo a NBR 13281:2005, a argamassa é a mistura homogênea de agregado(s)
miudo(s), aglomerante(s) inorgânico(s) e água, que podem conter ou não aditivos, que
adicionem propriedades de aderência e endurecimento. Elas podem ser dosadas em obra ou
em instalação própria, que é o caso da argamassa industrializada.
As argamassas de assentamento desempenham um papel crucial na união de
revestimentos cerâmicos ou estruturais, destinados à finalidade desejada, como é o caso deste
trabalho, que envolve o revestimento de paredes e pisos. Entre as suas características mais
destacadas, podemos mencionar a aderência, que desempenha um papel fundamental na
garantia de durabilidade e qualidade. Além disso, é essencial encontrar o equilíbrio entre
resistência e flexibilidade para otimizar sua utilidade.
Para adequar as argamassas à ser utilizada com finalidade para assentamento de
paredes e pisos, é preciso tá com as características de acordo com a nova norma NBR 13281
atualizada de 2023. A mesma se encontra em vigor a partir de agosto deste ano (2023), isso
quer dizer que, todos os fabricantes irão ter que se readequar aos requisitos estabelecidos mais
recentes.

2.2 Aditivos Superplastificantes


Os aditivos plastificantes foram descobertos a muitos anos atrás, há quem diga que os
romanos e incas já utilizavam de materiais que traziam essa característica de plastificantes
para suas construções de concreto. Mas foi nos anos 60 que surgiram os primeiros materiais
desenvolvidos como base para os superplastificantes desenvolvidos no Japão e Alemanha,
sendo eles o naftaleno sulfonado formaldeído (SNF) e melamina formaldeído sulfonada
(SMF), respectivamente.
Na década de 70, esta tecnologia foi se aprimorando e novas matérias primas
começaram a ser utilizadas como aditivos, e com o aumento da dosagem tornava-se um
superplastificante. As matérias-primas utilizadas na fabricação dos superplastificantes de
segunda geração consistiam em resíduos provenientes da indústria petroquímica e da indústria
18

de celulose. Esses aditivos eram compostos por naftalenos sulfonados e melaminas


sulfonadas, respectivamente.
Este último citado é o material que impulsionou o início deste trabalho, objetivando
analisar as propriedades de uma argamassa de assentamento aprimorada com a adição de um
superplastificante como componente aditivo.

2.2.1 Melamina Sulfonada (MS)

De acordo com MAILVAGANAM et al. (1999), este tipo de produto foi desenvolvido
na década de 50, como dispersante para parte significativa de setores econômicos, mas ainda
não tinha sido implementado dentro da construção civil, pelo fato de seu potencial nessa área
não ser conhecido, muito menos implementado como base para aditivos.
A melamina sulfonada é um aditivo químico utilizado na indústria de construção para
melhorar as propriedades das argamassas, ela é comumente usada em concretos de alto
desempenho, nos quais suas propriedades de retenção de água e trabalhabilidade são
particularmente benéficas (Aïtcin, 2000). Mas além disso, pode ser usada em argamassas de
cimento, gesso ou cal, e desempenha várias funções importantes. Dentre suas propriedades
destacam-se:
Redução da Água de Mistura: A melamina sulfonada é conhecida por sua
capacidade de reter a água na mistura, permitindo que o concreto ou a argamassa
mantenham uma consistência adequada com menos água. Isso melhora a trabalhabilidade
do material sem comprometer a resistência;
Superplastificante: Atua como um superplastificante, proporcionando alta
fluidez ao concreto ou argamassa. Isso facilita o processo de moldagem e aplicação em
obras de construção;
Melhoria da Trabalhabilidade: A adição de melamina sulfonada torna o
material mais fácil de misturar e manusear, o que é especialmente importante em
concretos de alto desempenho e em locais de difícil acesso;
Aumento da Resistência à Compressão: Este superplastificante pode contribuir
para um aumento na resistência à compressão do concreto, conforme seja a concentração
atribuída, tornando-o mais robusto;
Controle do Tempo de Pega: Poderá atuar como um retardador de pega,
controlando o tempo em que o concreto começa a endurecer;
19

Melhoria da Durabilidade: A melamina sulfonada pode aumentar a


durabilidade da massa, aumentando a resistência à penetração de água, cloretos e outros
agentes agressivos;
Compatibilidade com Outros Aditivos: Geralmente, a melamina sulfonada é
compatível com outros aditivos usados em concreto, como plastificantes, aceleradores e
retardadores, permitindo a formulação de misturas personalizadas e desejada para cada
situação;
Aplicações em Concretos de Alto Desempenho: A melamina sulfonada é
frequentemente utilizada em concretos de alto desempenho, onde suas propriedades de
retenção de água e trabalhabilidade são particularmente benéficas;
Sustentabilidade: A melamina sulfonada pode ajudar a melhorar a eficiência do
concreto, reduzindo a quantidade de água necessária e, assim, diminuindo o consumo de
recursos naturais e a pegada de carbono associada à produção de cimento.
20

3 METODOLOGIA

O presente trabalho trata-se de uma pesquisa experimental do estudo de argamassas e


materiais aditivos, seguindo com processos realizados em etapas: caracterização dos
agregados, produção das argamassas, propriedades das argamassas no estado fresco e
propriedades das argamassas no estado endurecido.

3.1 - Materiais
Para a produção das argamassas adotou-se o traço de 1:3,14 (cimento: areia) em
volume com adição da Melamina Sulfonada (MS) nas proporções de 0,1%, 0,2%, 0,3% e
0,4% em relação ao cimento, tendo como parâmetro uma argamassa de referência, sem adição
de MS, a fim de verificar a influência do aditivo superplastificante nas propriedades
mecânicas das argamassas produzidas.
Para isso foram utilizados os seguintes materiais: Cimento Portland Composto com
Pozolana (CPII F 32), areia natural lavada, aditivo superplastificante – MS e água proveniente
da rede de abastecimento local.
Para elaborar os traços foram realizados ensaios conforme suas normas
regulamentadoras, são eles: massa unitária e índice de vazios (NBR NM 45, ABNT 2006) e
massa específica e aparente (NBR NM 52, ABNT 2009).
A Tabela 3.1 apresenta os valores das massas unitária.
Tabela 3.1 – Propriedades físicas dos materiais
Massa unitária
(g/cm³)
Cimento 1,33
Areia 1,39
Fonte: Dados da pesquisa
Os traços estabelecidos para a formulação das argamassas estão detalhados na Tabela
3.2.
Tabela 3.2 – Traços e relação água/materiais secos.
Traço em Traço em Relação água/
Nomenclatura Teor de adição
volume massa materiais secos
REF 0% 1:3:0 1:3,14:0 0,73
0,1% 0,1% 1:3:0,1 1:3,14:0,3 0,72
0,2% 0,2% 1:3:0,2 1:3,14:0,6 0,70
0,3% 0,3% 1:3:0,3 1:3,14:0,9 0,68
0,4% 0,4% 1:3:0,4 1:3,14:1,2 0,67
Fonte: Dados da pesquisa
21

3.2 - Métodos

3.2.2 - Produção das argamassas

A produção das argamassas foi realizada com o auxílio de um misturador mecânico. O


processo consistiu na mistura inicial dos materiais secos, que incluem o cimento, a areia e o
aditivo. A água foi adicionada gradualmente enquanto o misturador estava em funcionamento.
É crucial destacar que a velocidade de adição da água desempenha um papel significativo no
comportamento do aditivo na mistura. A tabela a seguir (3.3) demonstra os valores de
consumo de cada material.
Tabela 3.3 – Consumo de materiais
Consumo (Kg/m³)
Melamina
Cimento Areia Água
(MS)
REF 300 942 0 220
0,1% 300 942 0,3 215
0,2% 300 942 0,6 210
0,3% 300 942 0,9 205
0,4% 300 942 1,2 200
Fonte: Dados da pesquisa

Observa-se que o consumo de água diminui à medida que a quantidade do aditivo


incorporado nas misturas aumenta. Comparando o traço de referência com o traço contendo
0,4% de adição de melamina sulfonada (a maior quantidade de aditivo), observou-se uma
redução de 8,2% no consumo de água.
Essas observações destacam a influência do aditivo MS na proporção da quantidade de
água necessária para alcançar as características desejadas nas argamassas.

3.2.3 - Propriedades das Argamassas no Estado Fresco

O estado fresco refere-se ao momento em que a argamassa está sendo preparada e


aplicada, antes de endurecer completamente. As propriedades das argamassas no estado
fresco desempenham um papel crucial na sua aplicação bem-sucedida.

3.2.3.1 - Índice de Consistência


22

Após calcular e determinar os traços da pesquisa foi possível determinar a quantidade


de água para um espalhamento de 260±5 mm, de acordo com o estabelecido pela NBR 13276
(ABNT, 2016a), Figura 3.2.
Figura 3.1 - Ensaio de consistência

Fonte: Dados da pesquisa

3.2.4 - Moldagem e Cura dos Corpos de Prova

Para realização dos ensaios mecânicos no estado endurecido foram produzidos


três corpos de prova prismáticos, de dimensões 4,0 cm x 4,0 cm x 16 cm, para cada
proporção do aditivo. Todos os corpos de prova foram desmoldados após 24 horas e a
cura destes foi imersa em água durante 21 dias.
Figura 3.2 - Corpos de prova moldados e em cura úmida.

Fonte: Dados da pesquisa

Após o tempo de cura, já foi realizado as pesagens para identificação dos


23

índices de vazios, que se torna necessário a secagem dos CP’s na estufa por 72h.

3.2.5 - Propriedades das Argamassas no Estado Endurecido

Foram realizadas análises das propriedades mecânicas das argamassas no


estado endurecido, abrangendo diversos parâmetros, incluindo resistência à
compressão, resistência à tração na flexão, densidade de massa, módulo de elasticidade
dinâmico, absorção de água por imersão e resistência à tração por aderência.

3.2.5.1 - Resistência à tração e compressão na flexão

Os ensaios de resistência à tração e resistência à compressão na flexão foram


conduzidos conforme as diretrizes da norma NBR 13279 da ABNT (Associação
Brasileira de Normas Técnicas), com 28 dias de período de cura.

Inicialmente, o ensaio de resistência à tração na flexão (conforme ilustrado na


Figura 3.3) foi realizado, no qual os corpos de prova foram posicionados sobre os
suportes de apoio da prensa e submetidos a uma aplicação de carga a uma velocidade
controlada de 50±10 N/s até atingir o ponto de ruptura.
Figura 3.3 - Ensaio de resistência à tração na flexão.

Fonte: Dados da pesquisa

Metade de cada amostra utilizada no ensaio de resistência à tração na flexão foi


posteriormente submetida a um ensaio de resistência à compressão axial. Neste ensaio,
aplicou-se uma carga a uma velocidade controlada de 500±50 N/s, a fim de avaliar a
capacidade de resistência das amostras à compressão sob essa condição específica.
24

Figura 3.4 - Ensaio de resistência à compressão.

Fonte: Dados da pesquisa

3.2.5.2 - Absorção de água por imersão

O ensaio de absorção de água por imersão foi conduzido de acordo com a


norma NBR 9778 da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), utilizando
corpos de prova com 28 dias de idade.

O procedimento foi seguido da seguinte forma, os corpos de prova foram então


imersos em água à temperatura ambiente e a massa imersa foi determinada com o
auxílio de uma balança hidrostática. Logo após, os corpos de prova foram retirados da
água e a massa saturada foi registrada. Por fim, os corpos de prova foram submetidos a
uma estufa a uma temperatura controlada de 105±5 ºC por um período de 72 horas
para secagem. Após o período de secagem, a massa seca de cada corpo de prova foi
registrada.

Este ensaio permite avaliar a capacidade de absorção de água da argamassa e é


importante para compreender como o material reage quando exposto a condições de
umidade variáveis.
25

4 RESULTADOS

Neste tópico estão os resultados obtidos nos testes necessários para saber investigar os
objetivos propostos e concluir esta pesquisa.

4.1 Índice de vazios


Os valores obtidos de índices de vazios são apresentados na tabela 4.1. Sabendo que à
medida que a dosagem de Melamina Sulfonada (MS) na mistura aumenta, a relação
água/materiais secos diminui. Isso é consistente com o comportamento esperado de um
aditivo plastificante como o MS, conforme explicado no referencial teórico.

Tabela 4.1 – Índice de vazios


Índice de Vazios
Nomenclatura Desvio Padrão
(%)
REF 24,68 0,19
0,1% 23,68 0,5
0,2% 23,82 0,34
0,3% 23,49 0,29
0,4% 22,94 0,13
Fonte: Dados da pesquisa
Os resultados mostram que a diminuição de água na mistura está diretamente
relacionado aos índices de vazios nas argamassas, ou seja, à medida que a dosagem de MS
aumenta, diminui a quantidade de água necessária para manter a mesma trabalhabilidade e
isso resulta em uma redução dos índices de vazios na argamassa, logo há menos espaços
vazios na mistura. O menor índice de vazios foi obtido na mistura com 0,4% de MS
adicionada, com diminuição de 7,05% em relação a argamassa referência (REF).

A redução dos índices de vazios está relacionada à melhoria na compacidade da


argamassa. Argamassas mais compactas tendem a ser mais resistentes e menos porosas, o que
é desejável em muitas aplicações de construção, então já é esperado que a argamassa com
maior porcentagem de aditivo tenha maior resistência.

4.2 Densidade aparente no estado fresco


Na figura 4.1 estão os valores calculados de densidade das argamassas no estado
fresco.

Figura 4.1 – Resistência à tração na flexão e resistência à compressão


26

Fonte: Dados da pesquisa


É perceptível que ocorre um aumento de densidade à medida que é adicionado MS no
traço da argamassa, tornando-a mais pesada. Sendo este aumento de 1,91% na densidade do
traço REF para o traço 0,4%. Isso ocorre devido ao menor número de índice de vazios e
quanto mais porosa for a argamassa menor é sua densidade.
As alterações de densidade não apresenta um desnível muito alto, o que é um ponto
positivo para a pesquisa, aumentando a viabilidade da argamassa em obras de maiores níveis.

4.3 Resistência à compressão e resistência à tração na flexão

Os valores obtidos de ensaio de resistência à tração na flexão e resistência à


compressão são apresentados na tabela 4.2.

Figura 4.2 – Resistência à tração na flexão e resistência à compressão

Fonte: Dados da pesquisa


Ao analisar os dados apresentados na Figura 4.2, fica evidente que à medida que a
proporção de Melamina Sulfonada (MS) nas argamassas aumenta, observa-se um
correspondente aumento na resistência à compressão e à tração na flexão.
27

A capacidade de um superplastificante como o MS reter a água na mistura também


influencia positivamente a resistência da argamassa, uma vez que a água é um componente
essencial para a hidratação do cimento e, portanto, para o desenvolvimento da resistência.
Portanto, o aumento da resistência à compressão e à tração na flexão com a adição de
MS pode ser explicado pela ação combinada desses fatores, que resultam em uma estrutura
mais compacta e coesa da argamassa. Esse comportamento é desejável em aplicações de
construção, onde a resistência mecânica é fundamental.
28

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta sessão serão apresentadas as conclusões de acordo com os objetivos propostos e


com base nos resultados e estudo estabelecidos no capítulo experimental. Por fim, são
pontuadas algumas sugestões de trabalhos futuros.

5.1 - Conclusões

O objetivo principal deste estudo foi investigar o impacto da incorporação da


Melamina Sulfonada (MS) nas propriedades mecânicas de argamassas de revestimento. Com
base nas análises efetuadas, podemos chegar às seguintes conclusões:
- A pesquisa confirmou que o material em estudo é adequado para ser utilizado como
argamassa de revestimento, atendendo às normas regulamentadoras aplicáveis. Além disso, a
adição de MS à mistura demonstrou melhorar a aderência do material.
- O uso de MS impacta a resistência das argamassas, aumentando seu desempenho.
- A redução do índice de vazios causado pelo uso de MS resulta em menor absorção e
perda de água, evidenciando o fator principal do material.
- A densidade do material aumenta à medida que aumenta o teor de MS. Pode ser
considerado um ponto negativo quando é colocado em prática e aumenta o peso próprio da
estrutura.
- Entre os traços analisados, o traço com adição de 0,4% de MS apresentou o melhor
desempenho nos ensaios realizados. Isso sugere que essa porcentagem de adição permite uma
melhor resistência a compressão e a tração, além de redução do uso de água, que é um recurso
natural que precisa ser economizado.
Assim, a pesquisa possibilitou a determinação do efeito do MS nas propriedades
mecânicas das argamassas de revestimento, fornecendo informações valiosas para sua
aplicação em projetos de construção civil.

5.2 - Sugestões para trabalhos futuros

Para trabalhos futuros podem ser realizados estudos com valores superiores de adição
do superplastificante, possibilitando ver qual índice ótimo para aplicação da argamassa para
revestimento cerâmico, além de:
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- Caracterização térmica de argamassas com adição de superplastificante melamina


sulfonada;
- Caracterização acústica de argamassa com adição de superplastificante melamina
sulfonada.
30

REFERÊNCIAS

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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 11768-1: Aditivos


químicos para concreto de cimento Portland. Parte 1. Rio de Janeiro: ABNT, 2019.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13281: Argamassas para


assentamento e revestimento de paredes e teto - requisitos. Rio de Janeiro: ABNT, p. 7. 2005.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13276: Argamassa para


assentamento e revestimento de paredes e tetos - Determinação do índice de consistência. Rio
de Janeiro, 2016a.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13278: Argamassa para


assentamento e revestimento de paredes e tetos - Determinação da densidade de massa e do
teor de ar incorporado. Rio de Janeiro, 2005a.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13279: Argamassa para


assentamento e revestimento de paredes e tetos - Determinação da resistência à tração na
flexão e à compressão. Rio de Janeiro, 2005b.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13280: Argamassa para


assentamento e revestimento de paredes e tetos - Determinação da densidade de massa
aparente no estado endurecido. Rio de Janeiro, 2005c.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13528-1: Revestimento de


paredes de argamassas inorgânicas - Determinação da resistência de aderência à tração. Parte
1: Requisitos gerais. Rio de Janeiro, 2019.
31

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13528-2: Revestimento de


paredes de argamassas inorgânicas - Determinação da resistência de aderência à tração. Parte
2: Aderência ao substrato. Rio de Janeiro, 2019.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15259: Argamassa para


assentamento e revestimento de paredes e tetos - Determinação da absorção de água por
capilaridade e do coeficiente de capilaridade. Rio de Janeiro, 2005d.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15630: Argamassa para


assentamento e revestimento de paredes e tetos - Determinação do módulo de elasticidade
dinâmico através da propagação de onda ultrassônicas. Rio de Janeiro, 2008.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 16541: Argamassa para


assentamento e revestimento de paredes e tetos - Preparo da mistura para a realização de
ensaios. Rio de Janeiro, 2016b.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9778: Argamassa e


concreto endurecidos - Determinação da absorção de água, índice de vazios e massa
específica. Rio de Janeiro, 2005e.

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Determinação da composição granulométrica. Rio de Janeiro, 2003.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR NM 45: Agregados -


Determinação da massa unitária e do volume de vazios. Rio de Janeiro, 2006.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR NM 52: Agregado miúdo –


Determinação de massa específica e massa específica aparente. Rio de Janeiro, 2009.

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(carboxilatos modificados) na fluidez e deformabilidade das pastas ligantes. 2002. p. 29-44.
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2002. URL: https://hdl.handle.net/1822/2539.

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aditivo para concreto em uma fábrica do rio grande do norte. 2018. 39 f. TCC (Graduação) -
Curso de Engenharia Química, Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), 2018.

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