Planejamento Docente
Planejamento Docente
Planejamento Docente
Planejamento
Docente
Rio de Janeiro, 2015
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Planejamento
Docente
Coleção de Documentos Técnicos do Modelo Pedagógico Senac
Avaliação da Competência
Senac – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial
Presidente
Antonio Oliveira Santos
Departamento Nacional
Diretor-geral
Sidney Cunha
Diretoria de Educação Profissional
Anna Beatriz Waehneldt
Diretoria de Integração com o Mercado
Jacinto Corrêa
Diretoria de Operações Compartilhadas
José Carlos Cirilo
Coordenação de conteúdo
Gerência de Desenvolvimento Educacional
Coordenação editorial
Gerência de Marketing e Comunicação/Diretoria de Integração com o
Mercado
Introdução 5
Referências 32
O
Introdução
ato educativo pressupõe o planejamento de atividades de
ensino e aprendizagem e a reflexão acerca da atuação do-
cente na cena pedagógica. O sentido do planejamento é
conduzido pela concepção do sujeito que se quer formar,
pela função social da educação e materializa-se na relação peda-
gógica entre docentes e alunos.
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Tendo por base as concepções e os princípios orientadores do
Modelo1, o planejamento docente compreende o processo de
antever, organizar e articular a ação docente no interior das
Unidades Curriculares. O produto desse processo assume ma-
terialidade no Plano de Trabalho Docente (PTD). Nele constam
a planificação das ações educativas e organização das estraté-
gias mais adequadas para o desenvolvimento da competência.
O PTD procura tornar tangíveis os princípios educacionais, as
marcas formativas, o modelo curricular centrado no desenvolvi-
mento de competências e a proposta da avaliação processual,
preconizados no Modelo Pedagógico Senac.
1
- Para mais informações
sobre as concepções e os
princípios orientadores do
Modelo, consultar o Docu-
mento Técnico Concepções
e Princípios, da Coleção de
Documentos Técnicos do
Modelo Pedagógico Senac.
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1 O planejamento, função inerente à profissão docente, é uma forma de
organizar as ações do processo de ensino e aprendizagem que serão
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quais a teoria precede a prática e, na maior parte das vezes, supera-a em
termos de importância e tempo de aula.
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1.1. Estudo dos Planos de Cursos
No processo de planejamento docente, é preciso explorar em profundidade
os Planos de Cursos. Eles são instrumentos que apresentam as referências
educacionais e fornecem subsídios para o processo de ensino e aprendi-
zagem a ser realizado. Mais do que estruturar a ação educativa, os Planos
de Cursos explicitam um ponto-chave do Modelo: a competência como
a própria Unidade Curricular a partir da qual se desenvolve toda a prática
docente.
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curso e as características de formação específica dos egressos da Insti-
tuição, explicitadas nas Marcas Formativas Senac. Esses aspectos são im-
portantes para a elaboração de um planejamento docente que considere
a realidade da ocupação e as demandas sociais de educação profissional.
Por fim, os Planos de Cursos trazem mais dois itens importantes para a
elaboração do Planejamento: Instalações, Equipamentos e Recursos Di-
dáticos; e as Referências Bibliográficas. No primeiro estão relacionados a
infraestrutura e os recursos necessários para a realização do curso, nele
são descritas as condições mínimas para o desenvolvimento das com-
petências que devem ser levadas em conta no planejamento das situa-
ções de aprendizagem. Nas Referências Bibliográficas, são apresentadas
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as obras de referência básica e as complementares para cada Unidade
Curricular.
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No ciclo ação-reflexão-ação, no qual se aprende fazendo e analisando o
próprio fazer, devem ser planejadas atividades nas quais o aluno se en-
volva cognitiva e emocionalmente com aquilo que está sendo produzido.
A situação de aprendizagem, assim, deve ser uma ação pedagógica que
permita ao aluno ser sujeito produtor e assim construir algo que lhe traga
significado e sentido.
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ƉƌŽĨŝƐƐŝŽŶĂůĚĞƐĐƌŝƚŽŶĂĐŽŵƉĞƚġŶĐŝĂĞƐĞƵƐŝŶĚŝĐĂĚŽƌĞƐ͘KĂůƵŶŽ
1ª Ação ƌĞĂůŝnjĂĞƐƐĞƐĨĂnjĞƌĞƐĐŽŵďĂƐĞŶŽƐĐŽŶŚĞĐŝŵĞŶƚŽƐ͕ŚĂďŝůŝĚĂĚĞƐ͕
ĂƚŝƚƵĚĞƐĞǀĂůŽƌĞƐƉƌĞǀŝĂŵĞŶƚĞĞdžŝƐƚĞŶƚĞƐ͕ĐŽŶƐƚƌƵşĚŽƐĞŵƐƵĂƐ
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Reflexão ^ĆŽƉůĂŶĞũĂĚĂƐĂƚŝǀŝĚĂĚĞƐƋƵĞŵŽďŝůŝnjĂŵŽƐĞůĞŵĞŶƚŽƐĚĞ
ĐŽŵƉĞƚġŶĐŝĂƉƌĞǀŝƐƚŽƐŶŽWůĂŶŽĚĞƵƌƐŽ͘ƐƐĂƐĂƚŝǀŝĚĂĚĞƐƋƵĂůŝĨŝĐĂŵ
Ž ĨĂnjĞƌ͕ƚŽƌŶĂŶĚŽƉŽƐƐşǀĞůĂŽĂůƵŶŽĂŶĂůŝƐĂƌĂĂĕĆŽŝŶŝĐŝĂů͕ƚŽŵĂƌ
ĚĞĐŝƐƁĞƐĞƐĞƉŽƐŝĐŝŽŶĂƌĚĞĨŽƌŵĂĂƌĞƐƐŝŐŶŝĨŝĐĂƌ ĂĂĕĆŽŝŶŝĐŝĂů͘
2ª Ação ^ĆŽƉůĂŶĞũĂĚĂƐĂƚŝǀŝĚĂĚĞƐƋƵĞůĞǀĞŵŽĂůƵŶŽĂƌĞĂůŝnjĂƌŶŽǀĂŵĞŶƚĞŽ
ĨĂnjĞƌƉƌŽĨŝƐƐŝŽŶĂů͕ĂŐŽƌĂĚĞƵŵĂŶŽǀĂĨŽƌŵĂ͕ĂƚĞŶĚĞŶĚŽĂŽƐ
ŝŶĚŝĐĂĚŽƌĞƐĚĞĐŽŵƉĞƚġŶĐŝĂ͘
12
ção culinária a ser realizada”3 pode se dar por meio de análise e debate
sobre um vídeo que apresenta essa ação. A dinâmica desse ciclo pode ser
compreendida ao se analisar o planejamento de uma situação de apren-
dizagem de um curso no Modelo Pedagógico Senac.
3
– Refere-se ao terceiro indicador da competên- Ainda seguindo o exemplo, imagina-se que, para a primeira situação de
ĐŝĂĚŽWůĂŶŽĚĞƵƌƐŽĚĂYƵĂůŝĮĐĂĕĆŽWƌŽĮƐƐŝŽŶĂů aprendizagem, o docente tenha elaborado o seu planejamento da se-
ŽnjŝŶŚĞŝƌŽ͗WƌĠͲƉƌĞƉĂƌĂƌŽƐŝŶŐƌĞĚŝĞŶƚĞƐƉĂƌĂ
ĞůĂďŽƌĂĕĆŽĚĂƐƉƌŽĚƵĕƁĞƐĐƵůŝŶĄƌŝĂƐ͘ guinte forma:
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Competência: Auxiliar a Execução dos Procedimentos de Recruta-
mento, Seleção e Integração de Pessoas (48 horas)
Duração: 12 horas.
Caso a ser analisado: uma empresa moveleira de médio porte, que está
em processo de expansão, precisa contratar profissionais para as seguin-
tes ocupações: estofador, telefonista e analista de Comércio Exterior. Os
demandantes já definiram os perfis de cada ocupação e enviaram à área
de Recursos Humanos que deverá iniciar o processo.
A. Primeira Ação
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- Atividades: os alunos leem o caso e o relacionam à suas experiências
de participação em processos de recrutamento e seleção de emprego.
Em seguida, são distribuídas as especificações das vagas e os alunos são
mobilizados a realizar o fazer profissional descrito no indicador, ou seja:
elaboram estratégias de publicação das vagas e realizam a triagem pre-
liminar de currículos conforme os requisitos e critérios pré-estabelecidos
pelo setor de RH, em acordo com as especificações do(s) demandante(s)
da(s) vaga(s). Essa ação será realizada tendo em vista os conhecimentos
prévios dos alunos sobre o fazer profissional descrito no indicador de
competência.
B. Reflexão
Conhecimentos
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• Recrutamento e seleção: conceito; fontes de recrutamento; produ-
ção de editais e anúncios; técnicas de recrutamento e seleção; pla-
nejamento e operacionalização do processo seletivo; divulgação do
resultado do processo seletivo;
Habilidades
• Trabalhar em equipe.
Atitudes/Valores
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• Vale considerar que esses elementos são apenas aqueles necessá-
rios à mobilização dos fazeres implicados nessa situação de apren-
dizagem. Os outros elementos de competência, descritos no Plano
de Curso para essa Unidade Curricular, serão mobilizados nas outras
situações de aprendizagem, o que não impede que um mesmo ele-
mento de competência esteja presente em diferentes situações.
C. Segunda Ação
D. Avaliação
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aprendizagem. Na etapa de reflexão, o docente avalia o relatório da
visita técnica produzido pelos alunos, nessa avaliação o docente pode
levar em conta aspectos como a análise crítica dos alunos sobre os
processos de publicação de vagas e triagem de currículos realizados
pela empresa visitada. Na segunda ação do ciclo, no fim da situação
de aprendizagem, ao simularem o processo seletivo descrito na análi-
se de caso relacionando-o aos elementos de competência, o docente
avalia o nível de atendimento ao indicador apresentado pelos alunos.
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dade de atividades de aprendizagem previstas em cada etapa desse
ciclo dependerá da carga horária da Unidade Curricular, da forma
como o docente irá organizar suas aulas e, principalmente, da com-
plexidade da competência em questão.
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vimento da competência. O planejamento e registro da sistematização
das situações de aprendizagem é conhecido, na perspectiva do Modelo
Pedagógico Senac, como o PTD.
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a se identificar facilmente a quantidade de situações de aprendizagem
previstas para o desenvolvimento da competência, a qual ou quais indi-
cadores de competência elas estão relacionadas e o período de duração,
em horas/aula de cada situação de aprendizagem.
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VII) Contribuições da Unidade Curricular para o Projeto Integrador:
as contribuições de cada competência para a realização do Projeto Inte-
grador são produto do planejamento integrado, momento em que os
docentes apresentam o seu PTD e definem prováveis temas geradores
para o projeto. O planejamento integrado será tratado no próximo tópico
deste Documento Técnico5.
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prevista para a Unidade Curricular. Além disso, é fundamental cumprir
com a abordagem de todos os elementos e indicadores previstos.
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Curso: Assistente de Recursos Humanos - Qualificação Profissional
Docente: Elizabeth Batista Coordenação Pedagógica: Daniela Papelbaum Unidade Operativa: Juiz de Fora / MG
Unidade Curricular Projeto Integrador: Análise e melhoria nos processos de Recursos Humanos
Tema Gerador: A partir do contato prévio do docente e da Unidade Operativa do Senac com organizações de diversas naturezas, o docente relaciona cada grupo de alunos da turma do
Humanos da organização, bem como sugestões de melhorias nesses processos.
Contribuições dessa Unidade Curricular para o Projeto Integrador:
O fazer profissional de auxiliar a execução de procedimentos de recrutamento, seleção e integração de pessoas é a base para a análise dos processos que compõem o setor ou área de R
Ainda que exista essa tendência, muitas vezes ela não vem acompanhada de uma profissionalização da área de Recursos Humanos, o que tem se refletido nos altos índices de rotativida
gias de triagem de currículos e intregação de pessoas que podem ser incorporados às empresas.
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Carga Horária: 48 horas
Aprovado pela coordenação pedagógica em: 03/08/2105 Elaborado pelo docente em: 15/07/2105
o curso de Assistente em Recursos Humanos com uma das organizações, propondo um trabalho que contemple a análise dos processos que compõem o setor ou a área de Recursos
Recursos Humanos. Nas empresas da região, que serão objeto de pesquisa no Projeto Integrador, tem-se percebido, nos últimos anos, uma tendência no aumento das contratações.
ade de pessoas. Essa Unidade Curricular, portanto, apresenta sua contribuição ao propor um mapeamento das possibilidades de recrutamento local, bem como definição de estraté-
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Vale considerar que, nesse exemplo de PTD, foi apresentada apenas a pri-
meira situação de aprendizagem, para o indicador 1 da Unidade Curricu-
lar. Trata-se de um modelo meramente ilustrativo e que, a depender dos
sistemas utilizados e das organizações pedagógicas definidas nos Depar-
tamentos Regionais, pode ter a sua lógica de apresentação modificada.
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11. O PTD explicita as contribuições da Unidade Curricular para o Projeto
Integrador?
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Um profissional Cuidador de Idosos, o Técnico em Informática ou o
Aprendiz em Serviços de Supermercado, por exemplo, não se formam
por suas competências isoladamente, é preciso que as competências des-
sas ocupações sejam desenvolvidas de forma articulada ao longo do cur-
so, com vistas à formação plena dos alunos.
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Essa condição requer, portanto, um planejamento integrado do curso,
que seja capaz de agregar situações de aprendizagem de cada Unidade
Curricular, expressa nos planejamentos docentes individuais, como contri-
buições para a realização do Projeto Integrador a partir do tema gerador
sugerido pela equipe pedagógica e assumido pelos alunos. A perspectiva
é que não haja cessão de carga horária das Unidades Curriculares para a
realização do Projeto Integrador, mas que, no decurso do desenvolvimen-
to da competência, as próprias ações de ensino e de aprendizagem ser-
virão de subsídio para responder aos desafios desdobrados desse tema.
No PTD de cada Unidade Curricular, deve estar expressamente sinalizada
a contribuição que cada competência tem a oferecer para a realização do
Projeto Integrador.
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2.
Apontamentos
para o
–, devem estar sinalizados os indicadores de cada uma dessas Unidades
Curriculares e uma perspectiva de exercício das competências. Essas in-
planejamento
formações se organizam a partir da realização de um planejamento inte-
grado do curso.
docente
Planejar para o desenvolvimento de competências pressupõe a organiza-
ção de situações de aprendizagem que tragam significado ao currículo
e integrem as perspectivas de formação com o objetivo de desenvolvi-
mento de um perfil profissional de conclusão único. Para o desenvolvi-
mento da competência, no sentido que lhe atribui o Senac, é necessário,
portanto, o planejamento de situações de aprendizagem organizadas no
ciclo didático e pedagógico da ação-reflexão-ação, no qual prevalece
uma relação dialética entre teoria e prática.
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ção ou modelos explicativos da realidade, por exemplo, é parte integran-
te do processo de ensino e aprendizagem. No entanto, na perspectiva
de desenvolvimento de competência, embora possuam especificidades,
teoria e prática têm caráter de unidade no campo da ação educacional,
ou seja, tanto a prática como a teoria, no desenvolvimento da compe-
tência, não podem ser entendidas separadas ou isoladas em si mesmas.
Por fim, vale considerar que o planejamento deve ser focado no protago-
nismo do aluno em seu processo educativo, o que significa dizer que o
exercício da competência deve ser a tônica a perpassar todo o PTD.
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Referências
BARATO, J.N. Conhecimento, trabalho e obra: uma proposta metodológica para a educa-
ção profissional. Boletim Técnico do Senac, Rio de Janeiro, v. 34, n. 3, p. 4-15, set./dez.
2008. Disponível em: <http://www.senac.br/BTS/343/artigo-1.pdf>. Acesso em: 14 abr.
2015.
BRASIL. Ministério da Educação. Guia Pronatec dos cursos FIC. 3. ed. Brasília, DF, 2015.
Disponível em: <http://pronatec.mec.gov.br/fic/>. Acesso em: 10 abr. 2015.
SENAC. DN. Modelo pedagógico nacional: (síntese). Rio de Janeiro, 2014. Disponível
em: <http://www.extranet.senac.br/modelopedagogiconacional/arquivos/Modelo%20
Pedag%C3%B3gico%20S%C3%ADntese.pdf>. Acesso em: 8 abr. 2015.
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