Caso Dos Exploradores de Cavernas 180103351
Caso Dos Exploradores de Cavernas 180103351
Caso Dos Exploradores de Cavernas 180103351
Texto base: FULLER, Lon. O caso dos exploradores de caverna. Porto Alegre: Fabris, 1976.
O caso dos exploradores de cavernas é um texto fictício que tem por objetivo oferecer aos
estudantes de direito a oportunidade de analisar criticamente uma situação que pode ser
entendida como homicídio, e, desta forma, formular argumentos para cada interpretação.
A obra propõe o seguinte caso. Cinco exploradores amadores ficaram presos decorrentes
de um deslizamento de pedras na entrada de uma caverna. A tarefa de retirá-los revelou-se
extremamente difícil, por conta dos elevados gastos e, ainda, custou a vida de dez
operários. Além disso, os exploradores ficaram presos por volta de trinta dias, tempo este
que os fizeram procurar alguma medida para o problema da falta de alimento. A solução foi
sacrificar um dos cinco, na esperança de que a carne humana fosse seu mantimento dos
dez últimos dias. O escolhido à ser sacrificado foi Roger Whetmore, através de um jogo de
dados.
Após serem libertados da caverna, foram processados por homicídio e condenados pelo
tribunal de primeira instância à execução por pena de forca.
Deste modo, cinco ministros irão realizar o caso.
O primeiro voto foi do presidente do tribunal Truepenny, seu argumento se pauta no direito
positivo, ou seja, unicamente na lei. Com isso, usa o texto “quem quer que intencionalmente
prive a outrem da vida será punido com a morte” para condenar os quatro réus. Mas, ainda
propõe que o chefe do Poder Executivo ofereça clemência e diminua a pena à prisão.
O segundo foi o Ministro J. Foster, votando contrariamente ao último juiz,
fundamentando-se sobre duas premissas. Valendo do direito jusnaturalista, a primeira
afirma que o direito positivo não se aplica à este caso pois os réus não se encontravam em
um “estado de sociedade civil” mas em um “estado natural” se fazendo valer do contrato
que se firmaram dentro da caverna. Além disso, o juiz levanta que os exploradores estavam
fora dos limites territoriais e, por isso, distantes da ordem jurídica. A segunda premissa se
constrói na interpretação racional do direito positivo, ressaltando que “um homem pode
infringir a letra da lei sem violar a própria lei”. Ou seja, valoriza a vida, de tal forma que esta
morte foi o que proporcionou a vida de outras quatro pessoas.
O Ministro J. Tatting foi o terceiro a analisar o caso, adotando uma postura que tenta
dissociar aspectos emocionais e intelectuais. Seu voto se inicia questionando o raciocínio
do juiz Foster, em que ele entende como uma doutrina fantasiosa, não reconhecendo o
“estado de natureza”, não validando o contrato feito entre os exploradores dentro da
caverna e não aplicando a explicação excludente de legítima defesa aos fatos, pois indaga
o caráter “intencional” do homicídio. Ao concluir, o juiz Tatting se revela como incapaz de
afastar suas dúvidas, haja visto que quando se inclina a posição do juiz Foster, não se
satisfaz com seus argumentos intelectualmente infundados. De outro lado, quando se
inclina a manter a condenação, pensa no absurdo em condenar quatro mortes que
custaram as outras dez. Desta forma, o juiz se recusa de participar da decisão.
O penúltimo a proferir o voto foi o Ministro J. Keen, que, logo de início, esclarece que a a
clemência é uma competência do chefe do Poder Executivo e não deste tribunal, e ainda,
que, não aplicará as suas próprias concepções de moralidade e sim o direito do país. Dito
isto, investiga, dentro do significado da que a lei atribui, se os réus privaram
intencionalmente da vida a Roger Whetmore. A conclusão é favorável à manutenção da
sentença condenatória. Pois a lei não deve ser interpretada conforme a conveniência e sim
em seu sentido estrito, desenvolvendo assim, uma certa previsibilidade jurídica.
O último voto é elaborado pelo Ministro J. Handy, que diferente dos outros, usa a opinião
pública para embasar sua decisão, percebendo assim, certo ativismo jurídico. As pesquisas
se mostram favoráveis à absolvição dos réus. O juiz, ainda observa que não há
possibilidade do chefe do executivo conceder clemência, devido sua análise do
comportamento e informações do caso.
Diante do empate é mantida a sentença condenatória do tribunal de primeira instância.
Análise crítica
Acredito que uma situação como esta, em que, os réus se depararam com a falta de
alimentos e condicionados à um estresse que comprometeu suas decisões, não esteve
prevista em lei e, portanto, o direito positivo não se fez tão eficiente para averiguar este
caso. Deste modo, me simpatizo com a reflexão do ministro J.Foster, autor do segundo
voto, o qual fez uso do jusnaturalismo, e trouxe a discussão de um contrato social elaborado
numa situação adversa.
Assim, concluo que os exploradores devem ser excluídos de culpabilidade.