Capítulo 3 - o Que É o Planejamento Estrategico
Capítulo 3 - o Que É o Planejamento Estrategico
Capítulo 3 - o Que É o Planejamento Estrategico
EMPREENDEDORISMO
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Introdução
Você já conhece a estrutura básica do plano de negócios de seu futuro empreendimento e da empresa vindoura e
sabe como transformar sua ideia em uma oportunidade que pode levar a um resultado financeiro. Com isso,
surge a pergunta: qual caminho a empresa deve seguir para alcançar seus objetivos?
A resposta é estratégia, explorando as potencialidades do negócio, do empreendedor e as oportunidades no
mercado. É o momento de começar a pensar no que se espera da empresa no futuro, como vai ser daqui a 10 ou
20 anos? Qual o propósito de existir?
Faz parte do plano de negócio a identificação dos possíveis caminhos que a empresa pode seguir e escolher
aquele que leva à imagem dos sonhos do empreendedor. A escolha do caminho passa por uma análise do
ambiente externo à empresa, com suas ameaças e oportunidades, e também do ambiente interno, com as forças e
fraquezas do empreendedor e do empreendimento. Como se analisa os ambientes internos e externos? Quais são
os passos para superar as ameaças e suplantar as fraquezas?
Qualquer negócio só sobrevive se houver pessoas interessadas em adquirir os produtos ou serviços oferecidos e,
para isso, é necessário identificar claramente quem é o consumidor em potencial e as características do mercado
em que a empresa estará inserida. Como se faz a análise do mercado consumidor? Quais são os concorrentes que
a empresa vai enfrentar?
Neste capítulo, você vai descobrir como traçar o caminho para alcançar os objetivos que o empreendedor almeja
para o seu futuro e o da empresa.
Vamos começar? Acompanhe a leitura e bons estudos!
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Figura 1 - Os três níveis de classificação do planejamento - estratégico, tático e operacional - sendo que as
decisões tomadas no nível superior influenciam as decisões e ações dos níveis mais baixos.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.
O planejamento estratégico tem objetivos de longo prazo, as decisões são de responsabilidade da alta direção ou
do proprietário da empresa e as ações geralmente abrangem a empresa como um todo.
No planejamento tático os objetivos são de médio prazo, as decisões são tomadas no nível gerencial e afetam
uma ou mais partes da empresa. Já o planejamento operacional tem escopo de curto prazo, envolve ações mais
cotidianas e geralmente materializa as decisões dos planos estratégicos e táticos.
Temos que o planejamento estratégico é o processo desenvolvido para alcançar a estratégia da empresa. Então,
faz-se necessário entender melhor o que é estratégia empresarial, definida como “o conjunto dos grandes
propósitos, dos objetivos, das metas, das políticas e dos planos para concretizar uma situação futura desejada,
considerando as oportunidades oferecidas pelo ambiente e os recursos da organização” (FERNANDES; BERTON,
2012, p.4).
Quando a empresa define sua estratégia, ela mapeia suas possíveis direções futuras, em função dos recursos
disponíveis, e seleciona aquela que considera a melhor opção. A estratégia pode ser entendida como um meio
para se chegar a um fim ou o caminho a ser percorrido. O planejamento estratégico serve para formalizar e
sistematizar a estratégia, por meio de processos e procedimentos, em uma abordagem cartesiana. Podemos
entender a estratégia como sendo a definição do “no que” e “por quê” fazer, enquanto o planejamento trabalha o
“como”, o “onde” e o “quando” fazer (ZAVADIL, 2013).
VOCÊ O CONHECE?
O estudo da estratégia empresarial se baseia em conceitos militares. Carl von Clausewitz
(1780-1831), que pode ser considerado o pai da estratégia militar moderna, considerava três
meios para vencer o inimigo: avaliar suas forças, avaliar seus recursos e a sua disposição para
lutar (FERNANDES; BERTON, 2012).
Para elaborar o plano estratégico é necessário, antes, ter uma estratégia definida, mas esta é uma via de mão
dupla, pois a formalização do planejamento estratégico pode levar a organização a repensar a sua estratégia.
Geralmente, a estratégia é elaborada para um horizonte de mais longo prazo que o planejamento, muitas vezes
feito para um período que vai de 1 a 5 anos e podendo ser revisto anualmente.
Porter (1986) apresenta três estratégias genéricas para a busca de uma vantagem competitiva potencialmente
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feito para um período que vai de 1 a 5 anos e podendo ser revisto anualmente.
Porter (1986) apresenta três estratégias genéricas para a busca de uma vantagem competitiva potencialmente
bem-sucedidas para superar concorrentes em uma indústria: liderança no custo total, diferenciação e enfoque.
A estratégia de liderança no custo total consiste em perseguir uma série de políticas focadas na redução dos
custos da operação, em especial das atividades que não agregam valor ao produto final. Além disso, busca-se a
otimização da capacidade produtiva, a evolução da curva de experiência e a utilização reacional dos fatores
produtivos. Assim, a empresa consegue reduzir seus preços ao cliente.
A diferenciação busca diferenciar o produto ou serviço da empresa de forma que seja considerado único no
mercado. Para isso é necessário a criação e comercialização de produtos exclusivos em um mercado de massa.
Essa estratégia pode ser alcançada por meio do posicionamento da marca, tecnologia, dispositivos únicos ou pela
agregação de serviços ao cliente, de forma que o diferencial seja facilmente percebido.
Já a estratégia de enfoque resume-se em definir um grupo de clientes, um segmento de produto ou um
mercado geográfico, alcançando um nicho específico. Esse nicho é atendido com maior objetividade e qualidade,
com produto e serviço distintos.
A partir da definição de uma estratégia para a empresa podemos iniciar o processo do planejamento estratégico,
que consiste em decidir a missão e visão para a empresa, analisar os ambientes interno e externo que vão
fornecer as informações necessárias para a análise SWOT (assunto a ser detalhado mais adiante no capítulo).
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fornecer as informações necessárias para a análise SWOT (assunto a ser detalhado mais adiante no capítulo).
Com base nessa análise, são definidos os objetivos e as metas e, na sequência, temos a implementação da
estratégia propriamente dita. É importante existir um sistema de avaliação e controle para fornecer um feedback
para o caso de algum ajuste no rumo estratégico.
Figura 3 - Série de fatores que devem ser considerados para a elaboração do planejamento estratégico.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.
Oliveira (2014) afirma que algumas empresas confundem o planejamento estratégico com o plano de negócios. O
autor explica que o segundo tem amplitude menor, se preocupa mais com dados e informações atuais e passadas
e explora menos as discussões de cenários futuros. No contexto do nosso capítulo serão utilizadas a metodologia
e as ferramentas do planejamento estratégico para elaboração de uma parte do plano de negócios, ou seja, o
plano de negócio englobará o planejamento estratégico.
Nessa etapa do plano de negócios, a empresa tem a oportunidade de demonstrar o quanto conhece de si mesma
e o que pensa para o seu futuro. As informações discutidas no planejamento estratégico servirão como base para
a elaboração dos planos de marketing, operacional e financeiro, por isso a importância de ser muito bem feito. E
tudo isso começa com a definição da missão e da visão, como veremos a seguir.
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3.2 Missão e visão
Aquele que deseja empreender deve começar com uma avaliação da sua vocação empreendedora e com a
elaboração do seu plano de carreira, que passa por uma autoanálise e pela identificação de seus pontos fortes e
fracos, no escopo dos seus conhecimentos, habilidades e atitudes.
Ou seja, o pré-empreendedor deve conhecer, desenvolver e estabelecer a sua identidade como empreendedor. A
empresa a ser criada também deve ter uma identidade estabelecida e isso é feito durante o planejamento
estratégico, com a definição da missão e visão. Essa identidade organizacional vai indicar para todos a resposta
para as questões “quem somos?” e “para onde vamos?”.
Nesse momento, o empreendedor deve novamente fazer uso da sua criatividade para surpreender seus clientes,
concorrentes e a sociedade como um todo, criando uma empresa única. E como isso é feito? Começando pela
definição da missão empresarial.
Não é fácil encontrar o equilíbrio quando se redige a visão da empresa, pois deve ser desafiadora e ambiciosa ao
mesmo tempo que é realista e alcançável, clara e detalhada, sem deixar de ser abrangente e inspiradora.
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3.2.2 Elaborando a missão da empresa
Na sequência do planejamento estratégico, deve ser elaborada a missão, que é o ponto em que o empreendedor
define a razão de ser da empresa, o que ela faz e seu propósito de existir. Deve ser descrito seu relacionamento
com os clientes e seu posicionamento no mercado, indicando quem ela atende e pretende atender com seus
produtos e serviço, hoje e no futuro.
A missão também tem um caráter motivador e inspirador e por isso deve ser expressada de forma criativa, de
modo que estimule a imaginação das pessoas, principalmente os empregados, que sabem que participam de algo
grande para o qual vale a pena dedicar tempo e esforço.
Para Biagio e Batocchio (2012), as atividades da empresa devem estar destacadas na sua missão, assim como os
produtos e serviços que oferecem, o mercado que ela serve e as áreas demográficas onde atua. Deve também
apresentar o seu diferencial em relação aos concorrentes e prever as conquistas para os próximos anos.
Oliveira (2014, p. 107) indica algumas perguntas para facilitar a definição da missão da empresa:
Chiavenato (2012) destaca que a missão deve ser centrada na sociedade, definindo os produtos e/ou serviços
que serão oferecidos, quais a tecnologias que serão utilizadas para fazê-los e para qual mercado. Esses três
componentes servem como guia para os negócios e definem as atividades da empresa e seu potencial futuro.
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Figura 4 - Os desdobramentos da missão da empresa, com a definição do negócio, seus clientes, produtos
/serviços, tecnologia e mercado.
Fonte: CHIAVENATO, 2012, p. 164.
Devemos ter uma atenção especial para escrever a missão, ela não pode ser genérica demais ou envolver muitos
objetivos ao mesmo tempo, pois perderá seu potencial para aglutinar a organização na direção de seu propósito.
Figura 5 - A missão e visão são pontos importantes para a criação da identidade da empresa e entender as
principais diferenças entre os dois conceitos auxilia na formulação de forma correta.
Fonte: CHIAVENATO, 2012, p. 70.
Conhecer a missão e visão de outras empresas é muito útil para o empreendedor desenvolver as suas próprias,
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Conhecer a missão e visão de outras empresas é muito útil para o empreendedor desenvolver as suas próprias,
além de facilitar a diferenciação entre os dois conceitos.
O Boticário, uma importante franquia no segmento de cosméticos e cuidados pessoais, tem a seguinte missão
“criar produtos e serviços que enalteçam a beleza e promovam: o bem-estar das pessoas, traduzindo essa
intenção em valores percebidos pelos clientes, para conquistar a sua fidelidade; e assegurar o crescimento e a
rentabilidade do negócio” (FERNANDES; BERTON, 2012, p. 148). Já a sua visão é “ser reconhecido por
colaboradores, parceiros, clientes e segmento em que atua como uma das mais importantes referencias mundiais
em beleza e fazer com que suas ações para a preservação da vida estabeleçam uma forte identificação com a
sociedade” (FERNANDES; BERTON, 2012, p. 148).
Veja que a missão mostra o foco do Boticário no desenvolvimento de produtos para beleza, mas que devem
trazer rentabilidade, ou seja, o foco está no negócio em si, descrevendo o que a empresa é no presente. Já a visão
mostra o que a empresa deseja ser no futuro, reconhecida como uma referência mundial em beleza.
Outro detalhe importante para a elaboração da missão é ter cuidado para não restringir o produto e serviço, e
sim apresentar uma visão mais ampla. Por exemplo, a Petrobrás, ao invés de escrever que seu produto é o
petróleo, usa uma missão mais ampla focada em energia; Hollywood, ao invés de filmes, tem como produto a
diversão e cultura (MÜLLER, 2014).
No exemplo do Boticário, o seu produto deve promover a beleza e o bem-estar, porém não cita cosméticos,
perfumes ou produtos de cuidado/higiene pessoal. Se a empresa entender que remédios ou roupas também são
produtos de beleza e bem-estar, a sua missão, conforme exposto, deixa aberta a possibilidade de desenvolver
esses outros produtos.
VOCÊ SABIA?
Algumas empresas não fazem distinção entre missão e visão e estabelecem uma frase que
engloba ambas. Outras incluem em um único parágrafo a missão, visão, política ambiental,
social e de recursos humanos. O importante é ter esses conceitos claros e definidos para
direcionar as ações estratégicas e fazer acontecer (FERNANDES; BERTON, 2012).
É muito importante destacar que não basta apenas definir a missão e visão do negócio, é necessário divulgá-las
de forma intensa e constante para toda a equipe. A missão também pode ser levada para o público externo,
funcionando com um forte slogan. Se essas frases ficarem apenas na cabeça do empreendedor, elas são de pouca
serventia.
A definição da missão e visão é o primeiro passo do planejamento estratégico de um plano de negócios. E para
que tudo se torne realidade, são necessárias várias outras etapas, como a profunda análise dos ambientes
interno e externo.
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palavras em inglês strengths (forças), weaknesses (fraquezas), opportunities (oportunidades) e threats
(ameaças), que representam os principais aspectos do ambiente interno e externo da empresa analisados nessa
metodologia. Em português, podemos chamar de análise FOFA.
A análise SWOT pode ser utilizada de diversas formas, mas no plano de negócio ela serve como uma ferramenta
de autoconhecimento aprofundado a respeito do negócio que o empreendedor pretende criar. Nela é feita toda
uma análise do contexto no qual o negócio está inserido e ao final fornece um direcionamento para a elaboração
de um plano de ação para o desenvolvimento da empresa.
O conceito por trás dessa ferramenta é bastante simples, mas a sua aplicação de forma correta é trabalhosa e
demanda uma atenção especial do empreendedor. O SWOT consiste em analisar o ambiente interno da empresa
em busca de identificar seus pontos fortes, os fatores positivos do negócio que representam vantagem em
relação à outras empresas e os pontos fracos, que devem ser tratados como oportunidades de melhoria. É feita
também uma análise do ambiente externo à empresa para identificar as oportunidades mais vantajosas
existentes no mercado e as ameaças que o negócio pode enfrentar. Vamos entender melhor como fazer essa
análise dos ambientes interno e externo?
Para auxiliar a identificação de oportunidades, podem ser utilizadas as seguintes perguntas (OLIVEIRA, 2014, p.
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Para auxiliar a identificação de oportunidades, podem ser utilizadas as seguintes perguntas (OLIVEIRA, 2014, p.
114):
Na sequência, devem ser analisadas as ameaças no ambiente externo, isto é, os fatores que criam obstáculos para
o desenvolvimento do negócio ou os problemas que a empresa pode ou não ter que enfrentar. As ameaças
podem ser evitadas, mas isso somente vai ocorrer se forem identificadas com antecedência. Tais como as
oportunidades, também devem ser priorizadas, considerando a probabilidade de ocorrência e o impacto
potencial ao negócio.
Algumas perguntas podem ser consideradas para avaliar as ameaças (OLIVEIRA, 2014, p. 114):
Interessante notar que o empreendedor pode utilizar de sua capacidade em identificar e explorar as
oportunidades justamente para transformar uma ameaça em oportunidade, afinal todas as ameaças são focos de
oportunidades latentes. Independente disso, é muito importante monitorar constantemente as ameaças, mesmo
aquelas menos prováveis e com baixo potencial de impacto, pois podem rapidamente se tornarem algo mais
sério e preocupante.
Um modelo bastante conhecido para fazer a análise do ambiente externo direto de um empreendimento é o das
cinco forças competitivas (PORTER, 1986), como você pode ver na Figura a seguir.
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Figura 6 - O modelo das cinco forças competitivas de Porter pode ser utilizado para análise do ambiente externo
direto.
Fonte: PORTER, 1986, p. 23.
O objetivo principal da análise das cinco forças é possibilitar ao empreendedor criar uma vantagem competitiva
frente a sua concorrência, seja antecipando as mudanças nos fatores externos antes dos concorrentes ou
posicionando o negócio, aproveitando seus pontos fortes, um dos elementos da análise do ambiente interno.
• E com as ameaças?
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• E com as ameaças?
• Você sabe priorizar os seus pontos fortes quanto à contribuição efetiva para os resultados do
empreendimento?
• Você consegue aumentar a força e a importância dos pontos fortes?
• Você consegue aumentar o ciclo de vida de cada ponto forte identificado?
• Você consegue interligar um ponto forte com mais de uma oportunidade?
Concluída a análise do ambiente externo e interno, é hora de montar a matriz SWOT, que é feita construindo um
retângulo, dividido em 4 partes, conforme ilustrado na Figura a seguir, em que os pontos fortes e fracos das
oportunidades e ameaças são listados, cada um em seu quadrante.
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Figura 7 - A análise SWOT permite a avaliação da situação atual do negócio com base nos pontos fortes, fracos,
oportunidades e ameaças.
Fonte: Kheng Guan Toh, Shutterstock, 2018.
A seguir, cada ponto forte deve ser associado a uma ou mais oportunidades e a uma ou mais ameaças, o mesmo é
feito para os pontos fracos, para preparação de um plano de ação. Pontos fracos relacionados com ameaças
devem ser eliminados, os relacionados a oportunidades devem ser melhorados. Já os pontos fortes que se
relacionam com oportunidades devem ser capitalizados e os com ameaças serão apenas monitorados.
Em resumo, ao final da análise SWOT, o empreendedor vai ser capaz de identificar e corrigir o que está errado ou
que pode atrapalhar o desenvolvimento do negócio e adotar formas de se aproveitar ao máximo as
oportunidades existentes. Muitas dessas oportunidades podem surgir depois de uma análise do mercado, como
veremos no próximo tópico.
Antes de mais nada, é importante entender que o mercado é o local onde pessoas compram e vendem produtos
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Antes de mais nada, é importante entender que o mercado é o local onde pessoas compram e vendem produtos
ou serviços. Ele pode ser tanto um espaço físico, como um mercado municipal, bairro, cidade, região ou país, ou
até mesmo o Mercosul ou o mercado global. Pode também ser utilizado para definir um tipo específico de
consumidor e de fornecedor, sem uma relação com um local físico, como o mercado imobiliário ou o de
automóveis. Ou seja, mercado “representa um conjunto de transações em que há́ de um lado a oferta – pessoas
ou empresas que desejam vender bens ou serviços – e, de outro, a procura – pessoas ou empresas que desejam
comprar bens ou serviços” (CHIAVENATO, 2012, p. 87).
Dada a sua importância, a análise de mercado deve ser feita de forma bem conservadora. É muito comum novos
empreendedores (é até mesmo os mais experientes) superestimarem o seu mercado consumidor ou acreditar
que seu produto ou serviço são únicos e apresentam uma grande vantagem competitiva frente à concorrência.
Muitas informações coletadas durante a análise do ambiente externo no SWOT podem, e devem, ser utilizadas na
análise do mercado. Uma ferramenta importante a ser revisitada é a análise da concorrência a partir do modelo
das cinco forças competitivas de Porter. Muitos empreendedores analisam apenas seus concorrentes diretos, que
ofertam produtos simulares, e ignoram os concorrentes indiretos ou produtos substitutos.
Um exemplo de falha nesse tipo de análise é o caso das locadoras de filmes. No início dos anos 2000, um
empreendedor poderia estar preocupado com a abertura de uma nova locadora em sua cidade ou bairro, um
concorrente direto, ou, pior ainda, de uma Blockbuster, e ignorar, por exemplo, a concorrência da TV a cabo, um
substituto direto à locação. Porém uma análise mais correta deveria incluir como concorrentes todas as
empresas atuantes no mercado de entretenimento, como cinemas, parques temáticos, clubes, entre outros. E na
verdade, você já conhece a história, o grande erro teria sido ignorar a concorrência de serviços oferecidos pela
internet, como Netflix, que matou todo o mercado de lojas físicas para locação de filmes.
A análise de mercado deve começar com uma visão mais ampla que inclui a avaliação do setor ou indústria em
que se pretende atuar. Deve ser feita uma coleta de informações sobre o tamanho desse mercado, seu índice de
crescimento e toda sua estrutura. As principais fontes de informação são as entidades de classe vinculadas ao
setor, relatórios do governo (federal, estadual e municipal) e entidades especializadas em pesquisas e
estatísticas. como IBGE e Dieese. O SEBRAE é uma fonte importante de informações e deve ser sempre
consultado. Essa analise pode também incluir pesquisas de campo e entrevistas.
Com base nessas informações, deve-se incluir no plano de negócios um breve histórico do mercado e uma
análise das tendências futuras, procurando responder às seguintes questões (DORNELAS, 2017, p. 146):
Despois dessa análise macro do mercado, em geral, é necessária a clara definição do mercado-alvo ou do
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Despois dessa análise macro do mercado, em geral, é necessária a clara definição do mercado-alvo ou do
segmento de mercado em que a empresa vai atuar. Sem essa definição a empresa dificilmente terá sucesso.
Nenhuma empresa é capaz de atender todos os tipos de clientes, não se consegue abraçar o mundo, e a falta de
foco pode fazer com que a empresa não consiga atender bem e nenhum cliente.
O mercado-alvo deve ser aquele com potencial de consumo do produto/serviço oferecido, definido a partir das
características do produto/serviço, do perfil sócio demográfico e comportamento do consumidor e da
localização e abrangência geográfica. Dornelas (2017, p. 148) define algumas perguntas que devem ser
respondidas para a definição e conhecimento do segmento de mercado:
Outro ponto importante é conhecer os hábitos dos consumidores, podendo ser avaliado os seguintes pontos
(DORNELAS, 2017):
• geografia: aspectos relacionados sobre aonde moram os consumidores, como temperatura na região,
relacionamento com vizinhos e infraestrutura;
• perfil: em relação a consumidores-pessoas, como idade, sexo, renda, educação, entre outros, como
também para empresas, como setor, porte, faturamento etc;
• estilo de vida: aspectos relacionados a que coisas os consumidores fazem e como vivem, no caso de
pessoas, os hobbies e passatempos, hábitos de consumo, atividades sociais e culturais. No caso de
empresas, a preocupação com o meio ambiente, investimentos em cultura, esporte, treinamento dos
funcionários, doações etc;
• personalidade: referente à propensão de adoção de novas ideias e tecnologias, podendo ser
classificadas em 5 tipos: inovadores (5% da população) que adotam rapidamente novas tecnologias;
primeiros adeptos (10% da população) são formadores de opinião; maioria inicial (35%) que adota
quando se torna popular; maioria tardia (35%) reluta na adoção; e retardatários (15%) esperam o
produto ficar desatualizado e mesmo assim hesitam.
O cliente pode não ser uma pessoa física e sim outra empresa, pessoa jurídica, sendo necessário a avaliação do
comportamento de compra dessas empresas e dos fatores que influenciam essa decisão.
O próximo passo é identificar o que os consumidores estão comprando para promover o refinamento do produto
/serviço, com melhorias e adaptações, para torná-los mais adequados às necessidades desses consumidores.
Essa análise passa pelas características físicas do produto, embalagem (foco na proteção e diferenciação), preço
(baixo ou alto) e formas de entrega (canais de distribuição).
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CASO
A cerveja é a bebida preferida de dois terços dos brasileiros. Somente em 2013, foram
consumidos 13 bilhões de litros no país. Dentro do mercado existe o nicho das cervejas
consideradas premium, que representa cerca de 5% do volume total da bebida consumida no
Brasil. Em países como Alemanha e Reino Unido, esse consumo chega a 48% e 28%,
respectivamente. Além disso, o consumo geral de cerveja per capita no Brasil é de 56 litros
/ano, enquanto na República Checa chega a 160 litros/ano. Em 2009, percebendo o potencial
desse mercado, Fabiano Wohlers fundou a MR. Beer e inaugurou o primeiro quiosque de venda
de cervejas especiais em um shopping de São Paulo. A decisão por esse modelo foi por conta da
mobilidade e da visibilidade existentes no local, além da possibilidade de atrair os maridos que
acompanham as esposas nas compras. Para surpresa do empreendedor, 40% dos clientes são
mulheres, mas que, na maioria das vezes, compram para presentear. O público é formado por
pessoas entre 25 e 45 anos, com maior poder aquisitivo. Nas capitais da região sul e sudeste, o
público está mais familiarizado com as cervejas premium, enquanto no norte e nordeste, o
mercado é mais difícil de se entrar (DORNELAS, 2017).
Por sinal, o preço é um dos fatores importantes para o posicionamento do produto no mercado, sendo relevante
tanto na estratégia da empresa, principalmente se optar pela estratégica genérica de liderança no custo total,
quanto na estratégia de marketing, a ser detalhada no plano de marketing.
O último passo é análise da concorrência, em que, novamente, pode ser reavaliado as informações do modelo das
cinco forças competitivas de Porter. É preciso conhecer as alternativas que estão disponíveis para os
consumidores e entender os motivos pelos quais os consumidores potenciais optam pela compra de produto
concorrente. A análise é feita por comparação direta dos atributos dos produtos/serviços e a identificação dos
pontos fracos dos concorrentes, que devem ser explorados.
Não é raro empreendedores, no alto de sua prepotência, afirmarem que sua empresa não tem concorrentes.
Todo negócio enfrenta algum tipo de concorrência e, por isso, tal afirmação indicará para aqueles que lerem o
plano de negócios que o empreendedor não conhece o mercado no qual vai atuar ou que a análise não foi bem-
feita.
Os concorrentes podem ser diretos ou indiretos e classificados em quatro níveis, pelo grau de substituição do
produto (BIAGIO; BATOCCHIO, 2012):
• concorrência de marca: concorrência direta com produtos/serviços similares, oferecidos ao mesmo
perfil de consumidor, na mesma faixa de preço;
• concorrência industrial: entre todas empresas que oferecem o mesmo produto ou mesma classe de
produtos;
• concorrência de forma: entre empresas que têm produtos diferentes com a mesma finalidade;
• concorrência genérica: entre empresas que competem pelos mesmos recursos do consumidor.
As informações sobre os concorrentes podem ser coletadas na própria análise de mercado e nos relatórios
setoriais. Outras fontes importantes são os fornecedores em comum e os clientes. Dependendo do tipo de
mercado vale até mesmo fazer uma visita e testar pessoalmente o produto/serviço oferecido pela concorrência.
A análise da concorrência deve considerar o tamanho desses concorrentes, em termos de volume de vendas e
participação no mercado, e as percepções dos clientes com relação a fatores como preço, qualidade,
atendimento, conveniência e imagem. Muito cuidado com segmentos de mercado em que a concorrência é
predatória, com margens de lucro baixas.
O conjunto de todas essas informações vão constituir a análise do mercado no plano de negócio, que deve ser
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O conjunto de todas essas informações vão constituir a análise do mercado no plano de negócio, que deve ser
apresentada, preferencialmente, utilizando tabelas e gráficos, de forma que seja fácil fazer as comparações e
identificar tendências. Quando o negócio entrar em funcionamento, o empreendedor deve constantemente
atualizar a análise de mercado para não ser surpreendido, por exemplo, com a entrada de um novo concorrente.
A análise de mercado, portanto, vai servir para definição da política de preços, para previsão de vendas e
faturamento e para elaboração do plano de marketing, etapa em que será definido como os produtos e serviços
serão divulgados.
Síntese
Concluímos mais um capítulo. Você foi introduzido ao conceito do planejamento estratégico e conheceu seu
papel e importância dentro do plano de negócios, como um direcionamento das ações futuras. Além disso, foi
apresentado à importância da declaração da missão e da visão empresarial, como uma forma de estabelecer a
identidade do negócio, e aprendeu a fazer a análise SWOT, para entender a situação atual e planejar o futuro da
empresa.
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
• entender as diferenças entre o planejamento estratégico, o planejamento tático e planejamento
operacional;
• conhecer as estratégias competitivas genéricas;
• conhecer como definir a missão e a visão empresarial;
• analisar os ambientes internos e externos do negócio;
• identificar os pontos fortes e fracos da empresa;
• reconhecer as oportunidades e ameaças ao desenvolvimento do negócio;
• planejar a análise do mercado.
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