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CRISTOLOGIA

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1.1 NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de


empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais,
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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1.2 SUMÁRIO
1 - Cristologia (Adaptado) .................................................................................. 3
1.1- A diversidade dos gêneros dos escritos de Bonhoeffer
........................................................................................................................... 4
1.2 - A linguagem contundente........................................................................... 4
1.3. Quem é e quem foi Jesus Cristo? ............................................................... 5
1.4. Definição de Cristologia............................................................................... 5
1.5. O Cristo Presente – o “pro me” ................................................................... 7
2 - A Forma do Cristo Presente “pro me” ........................................................... 8
2.1 - Cristo como Palavra ................................................................................... 8
2.2 - Cristo como Sacramento ............................................................................ 8
2.3 - Cristo como Comunidade ........................................................................... 9
2.4 - O Lugar do Cristo Presente “pro me” ......................................................... 9
2.5 - O Cristo histórico ...................................................................................... 10
3 - A “Pesquisa Histórica” da Teologia Liberal ................................................. 10
3.1 - O Auto-Testemunho do Ressurreto ......................................................... 10
3.2 - A Interpretação do Cristo Histórico .......................................................... 11
4 - A Função da Cristologia Crítica ................................................................... 11
5 - A Função da Cristologia Positiva ................................................................ 12
5.1. “Ele é o Deus que se tornou homem como nós”.49.................................... 12
5.2. “O encarnado é o Deus glorificado”.53 ....................................................... 12
6 - A importância da Cristologia na Teologia de Bonhoeffer ............................ 13
6.1. A Cristologia em “Discipulado” .................................................................. 13
7. A Cristologia na “Ética” de Bonhoeffer ......................................................... 15
8 - Considerações finais ................................................................................... 17
8.1. Qual a contribuição de Bonhoeffer para a teologia moderna? .................. 17
8.2. Qual é a importância da cristologia na obra de Bonhoeffer? ..................... 17
Notas Bibliográficas.......................................................................................... 19

2
1 - Cristologia

Os discursos em torno da pessoa de Jesus Cristo figuram entre as


maiores controvérsias que a igreja enfrentou e teve que equacionar desde os
seus primórdios. Nem mesmo as decisões de Calcedônia, em 451, conseguiram
fazer cessar as controvérsias cristológicas; elas continuam vivas até hoje. A
igreja não pode omitir-se de perguntar pelas implicações que a cristologia
concebida por seus líderes tem para os nossos dias.
Um desses líderes que deu especial atenção à cristologia foi Dietrich
Bonhoeffer. Mártir cristão evangélico na Alemanha nazista – executado aos 39
anos em abril de 1945, há 50 anos – Bonhoeffer desperta hoje interesse na
discussão teológica. Ele se tornou conhecido internacionalmente, tendo suas
obras traduzidas para diversas línguas. Discipulado e Resistência e
Submissão, e.g. já foram traduzidos para mais de 16 idiomas; Vida em
Comunhão, além de traduzido, já foi publicado em mais de 20 novas edições na
Alemanha.
Católicos e protestantes, os ecumenistas e os evangélicos em geral,
conservadores e progressistas, os teólogos da libertação, todos encontram em
Bonhoeffer subsídios para seus projetos teológicos. Também na América Latina,
Bonhoeffer tornou-se respeitado, sendo abordado e citado em centenas de
artigos e livros.
Dada a importância do assunto e o respaldo que Bonhoeffer tem na
atualidade, o objetivo deste trabalho é detectar os enfoques cristológicos na obra

3
do nosso autor. Duas características da obra de Bonhoeffer são relevantes na
compreensão deste artigo:

1.3 - A diversidade dos gêneros dos escritos de


Bonhoeffer
Há escritos de natureza eminentemente científica: Sanctorum
Communio e Akt und Sein; outras são de natureza muito pessoal: Discipulado;
de ordem meditativa: Vida em Comunhão; ou ainda de caráter
fragmentário: Ética, etc. Essa diversidade reflete, não por último, o engajamento
de Bonhoeffer em realidades das mais diversas.

1.4 1.2 - A linguagem contundente


Muitas vezes Bonhoeffer se articula em termos contraditórios. O leitor
atento será cauteloso ao lidar com a linguagem de nosso teólogo, para não usá-
la contra a vontade do mesmo e de forma unilateral; o que também inclui o
chamado mundo adulto, a interpretação a-religiosa de termos bíblicos, entre
outras coisas.
Este ensaio procurará expor e analisar a cristologia de Bonhoeffer com
base principalmente, ainda que não exclusivamente, nas suas preleções na
época em que foi professor de teologia, na década de trinta. A razão desse
procedimento é que nestas preleções, encontramos as bases para as
articulações cristológicas que apareceram em suas obras posteriores. Nossa
preocupação aqui foi de manter a estrutura original proposta pelo próprio
Bonhoeffer. Abordaremos também a relevância do tema em duas de suas obras
posteriores: Discipulado e Ética.

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1.5 1.3. Quem é e quem foi Jesus Cristo?
O livro Wer ist und wer war Jesus Christus? Seine Geschichte und sein
Geheimnis é uma reconstrução das preleções sobre cristologia, proferidas em
1933 na Universidade de Berlim, feita por Eberhard Bethge, cunhado de
Bonhoeffer. Para fazê-la, Bethge se baseou em anotações de estudantes de
teologia que assistiram as referidas preleções.2
Lidamos, portanto, com uma obra de caráter fragmentário. Não obstante,
percebe-se uma linha-mestra que perpassa toda a obra, culminando na
pergunta: Quem é Jesus Cristo para nós hoje? O que mais chama a atenção é
a sequência dos assuntos abordados nas preleções: Bonhoeffer parte do Cristo
presente e só então aborda, na segunda parte, a questão do Jesus histórico.
Com isso ele difere da grande maioria das abordagens cristológicas clássicas,
tanto antigas quanto recentes.

1.6 1.4. Definição de Cristologia


Bonhoeffer define cristologia em linguagem dialética: “Cristologia significa
palavra da Palavra de Deus. Cristologia é logologia.”
Na cristologia, o logos de Deus é que está no centro e não
o logos humano. Por se tratar do logos de Deus, deparamos com a verdadeira
transcendência que faz da cristologia a ciência teológica pura e
simplesmente.5 Bonhoeffer fala do confronto do logos humano com o contra-
logos, que é Cristo. Nesse confronto o logos humano fará de tudo para absorver
o contra-logos, mas isso é impossível, porque este não é uma ideia mas uma
pessoa – palavra encarnada com reivindicações absolutas e atinge
o logoshumano existencialmente. Ao logos humano resta apenas exclamar:
“Quem és tu? Fala [tu] mesmo! Quem tu és, és tu Deus mesmo?”6 A resposta a
esta pergunta é fundamental para o homem e ela só pode vir do logos de Deus
mesmo. A transcendência e a imanência se encontram e a existência
do logoshumano é questionada. Desta forma, a pergunta pela existência é a
pergunta pela transcendência e vice-versa.7 Bonhoeffer retoma a cristologia
como ciência e afirma que essa questão só pode ser discutida quando a
reivindicação de Cristo ser, ele mesmo, o logos de Deus for pressuposta. Trata-

5
se da revelação contingente de Deus em Cristo. Esta revelação não pode ser
cientificamente afirmada ou contestada. A igreja é, portanto, o lugar próprio da
cristologia como ciência: “A cristologia como logologia possibilita primeiro a
ciência como tal”.9 Quando confrontada com o contra-logos, a razão humana
está diante daWer-Frage [pergunta sobre a identidade], descobrindo, assim, os
seus próprios limites.
Inconformado com isso, o contra-logos lança mão da linguagem religiosa
para reagir e se esquivar dologos de Deus. Mas isso não é possível, pois este
não é somente o encarnado mas também o ressurreto, contra o qual a razão
humana não pode lutar.
Na ressurreição do logos está a diferença entre o confrontar-se com
gênios da humanidade – como Sócrates e Goethe – e o confrontar-se com Cristo,
de quem não dependem cultura ou ethos, mas vida e
morte, salvação e condenação.
Cristo não é objeto de investigação, mas sujeito de decisão. Basicamente,
só existem duas possibilidades de encontro com Jesus Cristo: “O homem tem de
morrer ou o homem mata Jesus”. Tendo consciência disso, a igreja iniciará sua
doutrina de Cristo com silêncio.
Num segundo momento da introdução, Bonhoeffer discute a relação entre
cristologia e soteriologia e pergunta: “A obra interpreta a pessoa ou a pessoa
interpreta a obra?”. A obra de Cristo não é inequívoca, mas acontece no
incógnito da história, e só pode ser reconhecida mediante a revelação de sua
pessoa, que interpreta a sua obra. Teologicamente falando, a cristologia tem
prioridade diante da soteriologia, muito embora não se possa e não se deva
separar pessoa e obra de Jesus Cristo.

6
1.7 1.5. O Cristo Presente – o “pro me”
A presença da pessoa de Jesus Cristo como crucificado e ressurreto é
fundamental para o desdobramento da questão cristológica. Essa presença, no
entanto, não deve ser confundida com o agir de Cristo que atinge a comunidade
como uma imagem abstrata, a qual o reduz a uma força impessoal que nada
mais é do que um Cristo imanente, morto e, como tal, idealizado.
Surge, porém, a pergunta sobre como essa presença de Cristo deve ser
pensada para manter a integridade de sua pessoa. A ressurreição não suprimiu
a natureza humana de Cristo, razão porque sua presença requer que ele seja
simultânea e inteiramente homem e Deus. Em outros termos, humanidade e
divindade de Cristo não existem isoladamente – no “homem Jesus, Deus é
Deus”. Este é o ponto de partida da cristologia.
A presença de Cristo, porém, é abscôndita, ἐν ὁμοιώματι σαρκὸς [Rm 8.3],
que abrange “o mundo entre tentação e pecado”.18 O que escandaliza o homem
não é a encarnação de Cristo, mas a sua presença na configuração (Gestalt) do
ὁμοιώμα σαρκὸς, concretizado na proclamação da igreja. Nela, ele está presente
na forma (Gestalt) da Palavra, dos sacramentos e da comunidade.
Bonhoeffer pergunta pela “estrutura pessoal” (Personstruktur) de Cristo e
a define como a “estrutura-pro-me do Deus-Homem Jesus Cristo”. Exatamente
na configuração do ὁμοιώμα σαρκὸς [homoiôma sarkós] Cristo é pro me. Nesta
estrutura pro me, Cristo é “autor” [Anfänger], “cabeça” [Haupt] e “primogênito”
[Erstgeborener] dos irmãos, e está no lugar deles diante de Deus.

7
1.8 2 - A Forma do Cristo Presente “pro me”
Bonhoeffer fala de três formas do Cristo presente pro me.

1.9 2.1 - Cristo como Palavra


Esta terminologia reveste-se de enorme riqueza: “Cristo, a Palavra, é a
Verdade”.23 Ele é a Palavra que existe desde o princípio, é instrumento da
criação e veiculador da revelação de Deus. Deus se ligou a esta palavra para
comunicar-se com o logos humano. Mas, apesar de encarnado, o logos de Deus
não pode ser confundido com o logos humano, pois é diferente e está separado
deste. Enquanto o logos humano é “palavra em forma de ideia”, genericamente
acessível, Cristo é Palavra que acontece na história como alocução viva ao
homem. E, como tal, essa Palavra reclama comunhão com o ser humano e o
coloca, na verdade, diante de Deus. Exatamente neste sentido ele é o Cristo pro
me, alocução viva, ordenadora e perdoadora [Jo 14.6].
Bonhoeffer fala da presença de Cristo não só na palavra da igreja, mas
também como palavra da igreja, referindo-se com isso à pregação, na qual o
Cristo inteiro está presente – razão porque o sermão ocupa lugar de destaque
no culto da igreja. A Palavra de Deus se encarna na palavra humana da
pregação, onde “a incapacidade humana e a promessa de Deus são um”.24

1.102.2 - Cristo como Sacramento


O sacramento é a proclamação do evangelho como a palavra da pregação
também o é. Portanto, sacramento é palavra de Deus que assume corpo. A
diferença entre a palavra da pregação e o[s] sacramento[s] existe apenas na
forma e não na essência:
A palavra da pregação é a forma na qual o logos [de Deus] alcança
o logos humano. O sacramento é a forma na qual o logos [de Deus] alcança o
homem na sua natureza.
No entanto, Bonhoeffer não tem uma compreensão mágica do
sacramento, pois o que faz dos elementos [água, pão e vinho] sacramento é a
palavra de Deus proferida sobre os mesmos. E “essa Palavra chama-se Jesus
Cristo”. O sacramento não é uma segunda encarnação do logos, mas nele o
logos encarnado está presente na forma de escândalo.

8
Nas páginas seguintes, Bonhoeffer menciona tendências extremas
concernentes à compreensão de sacramento no luteranismo e calvinismo, e
mostra que a questão da presença de Cristo no sacramento não pode ser
respondida pela razão humana, ainda que esta apele para a Palavra de Deus.
Não devemos perguntar como Cristo pode estar presente no sacramento, mas
sim quem está presente. Nesse último caso, a resposta é inequívoca: “presente
está a pessoa inteira do Deus-Homem no seu ser exaltado [Erhohung], e no seu
esvaziar-se [Erniedrigung]. É impossível diferenciar entre Cristo como Palavra e
Cristo como Sacramento. Em ambos ele é Palavra que julga e perdoa; ele é “o
histórico e crucificado, o ressurreto e assunto ao céu, o Deus-Homem, revelado
como irmão e Senhor, como criatura e criador”.

1.112.3 - Cristo como Comunidade


A realidade do Cristo presente é concreta no tempo e no espaço. Cristo
não só está presente na comunidade, mas ele mesmo “é a comunidade em
virtude do seu ser-pro-me.31 Assim, a comunidade é a destinatária da revelação,
revelação e palavra de Deus simultaneamente – razão porque ela é o único
ambiente próprio da cristologia como ciência katexochen por excelência. A
comunidade concreta (empírica) é a forma de existência do Cristo entronizado e
auto-esvaziado, e contém, como a palavra e o sacramento, a forma de tropeço,
pois a comunidade está no ὁμοιώμα σαρκὸς [homoiôma sarkós] do velho Adão.

1.122.4 - O Lugar do Cristo Presente “pro me”


Sob a mesma temática e dentro da mesma estrutura pro me Bonhoeffer
pergunta pelo lugar de Cristo e destaca sua função mediadora. O Cristo presente
na Palavra, no sacramento e na comunidade está no centro da existência
humana, da história e da natureza, ou seja, Cristo está no lugar do homem diante
de Deus. Este é o seu limite e novo centro, o cumprimento da lei. Ele também
está no lugar da história diante de Deus, estabelecendo um novo relacionamento
entre igreja e estado. Em relação à natureza, Cristo é a καινὴ κτίσις, na qual a
mesma é redimida. As implicações disso tudo são que o homem, a história e a
natureza não podem ser separados de fato. Encontramos o desdobramento
dessas implicações principalmente na Ética de Bonhoeffer.

9
1.132.5 - O Cristo histórico
A fé e a pregação cristã não podem abdicar do Cristo histórico, a menos
que tudo o que foi dito sobre o Cristo presente, o pro me, seja mera ficção ou
ilusão. Mas a questão que imediatamente se impõe é: como chegar ao Cristo
histórico?

1.143 - A “Pesquisa Histórica” da Teologia Liberal


Num primeiro momento, Bonhoeffer aborda o empreendimento que o
liberalismo clássico tem feito por meio da análise científica para chegar ao Jesus
Histórico, separando-o do Cristo querigmático da igreja primitiva. Ele conclui que
este empreendimento porta o germe do fracasso em seu bojo, porque não há
como separar o Cristo do Jesus de Nazaré.
Num segundo momento, Bonhoeffer esclarece que não se trata de
menosprezar a pesquisa científica, mas de demonstrar os limites da mesma. Não
resta dúvida de que a (teologia) dogmática não pode abrir mão da certeza da
historicidade de Jesus Cristo. Qual é, então, a função da pesquisa histórica neste
contexto? “A pesquisa histórica nunca pode negar absolutamente porque ela
pode afirmar absolutamente”. Isto tem consequências radicais para o valor que
se pode dar à pesquisa puramente histórica frente ao “fenômeno” da
historicidade de Jesus Cristo.
Portanto, o veredito da pesquisa histórica sobre a historicidade de Jesus
Cristo e sua importância para a dogmática não tem valor absoluto, pois não
existe acesso ao personagem histórico Jesus somente pelaHistorie [História].

1.153.1 - O Auto-Testemunho do Ressurreto


A natureza do “objeto de pesquisa” – o Cristo presente, anunciado, que
não é outro senão Jesus Nazareno, crucificado e ressurreto – faz com que a
pesquisa histórica esbarre nos limites inerentes de sua natureza. Por outro lado,
o auto-testemunho de Jesus Cristo, como ele é transmitido no todo da Escritura,
produz a fé e abre o caminho para si mesmo como histórico.

10
1.163.2 - A Interpretação do Cristo Histórico
Após as abordagens do Cristo presente pro me e do acesso ao Cristo
histórico, Bonhoeffer introduz as interpretações da pessoa de Jesus Cristo. Aqui
começa a função da cristologia como critério de interpretação. Bonhoeffer fala
da cristologia crítica, ou negativa, e da cristologia positiva. Cada uma delas tem
a sua função na interpretação do Cristo histórico.

1.174 - A Função da Cristologia Crítica


A cristologia crítica, tarefa da igreja oficial com base nas decisões
conciliares, delimita o espaço dentro do qual a interpretação cristológica deve se
articular, i.e., ela estabelece o critério para discernir entre o certo e o errado a
partir de Cristo.
A cristologia crítica deve operar, necessariamente, com os termos
“heresia” e “confissão”, pois confissão (credo ou profissão de fé) só faz sentido
diante de heresia. Por falta de Lehrautorität [autoridade magisterial] da igreja
hodierna para discernir entre o certo e o errado, a partir de Cristo, o termo
“heresia” praticamente inexiste.
Definida a função da cristologia crítica, Bonhoeffer discute uma série de
heresias cristológicas, resultantes de vários fatores. A causa maior, porém, está
no fato da cristologia positiva não se ter mantido dentro do espaço delimitado
pela cristologia crítica, mas ter lançado mão de meios filosófico-racionais para
tornar compreensível a incompreensibilidade da pessoa de Jesus Cristo.
A cristologia crítica deve primar pela integridade de Jesus Cristo como
verdadeiro Deus e verdadeiro Homem simultaneamente, ou seja, ela deve vigiar
sobre o conteúdo teológico que é proclamado e as categorias adequadas de
raciocínio cristológico. Bonhoeffer defende a declaração de Calcedônia contra
acusações de que ela represente a helenização da cristologia. Nela, e.g. , o
termo οὐσία [ousia] significa “a essência de Deus, a causa mesmo, a totalidade
de Deus ou também a totalidade do homem”.
A cristologia crítica não se articula na categoria de coisas (objetos), mas
de pessoas e aponta para o próprio fato a partir do qual se pode saber quem é
Deus.

11
1.185 - A Função da Cristologia Positiva
A Encarnação de Deus. A encarnação de Deus em Jesus Cristo é o ponto
nevrálgico da cristologia. Mostrar isso é a função da cristologia positiva. É
interessante observar como Bonhoeffer exercita a cristologia positiva sob a
custódia da cristologia crítica. A pergunta crucial é: “Quem é o encarnado?”

1.195.1. “Ele é o Deus que se tornou homem como


nós”.49
No “ser homem”, com todas as implicações, Jesus Cristo é o Deus pro
nobis [em nosso favor]. A afirmação de que ele é Deus não representa nenhum
acréscimo ao seu ser homem, mas é o veredito que o atinge verticalmente de
cima, qualificando-o integralmente como Deus. Ainda mais, o homem Jesus
Cristo é totalmente Deus. O nascimento e o batismo de Jesus são dois eventos
que não tratam da doutrina das duas naturezas, como se um tratasse da
natureza humana e o outro da divina. Num evento (nascimento) trata-se do ser
da Palavra de Deus em Jesus Cristo e no outro (batismo) trata-se da descida da
Palavra de Deus sobre Jesus:
A criança na manjedoura é o Deus inteiro... A chamada pelo batismo
[Taufberufung] é a confirmação do primeiro evento... A manjedoura mostra o
homem que é Deus. O batismo mostra, em relação a Jesus, o Deus que chama”.
Em última análise, não nos compete falar de encarnação como tal, mas
do encarnado somente.

1.20
5.2. “O encarnado é o Deus glorificado”.
A partir da encarnação, o Deus Triúno se une com a humanidade para
toda a eternidade – o que também inclui o juízo final. Isso significa dizer que “a
encarnação é mensagem da glorificação do Deus que vê sua honra no fato de
ser homem.”
Jesus Cristo – o Auto-Esvaziado e Exaltado. No auto-esvaziamento,
Jesus Cristo entra voluntariamente no mundo do pecado e da morte e assume
nossa sarx pecaminosa, com todas as suas disposições e inclinações naturais.
Ao olho humano, os atos de Jesus são ambíguos e, por isso, sujeitos às mais
diversas interpretações; a sua impecabilidade não é perceptível externamente.

12
No fato de Jesus Cristo carregar o pecado, ele se torna “ladrão”, “assassino” e
“adúltero” como nós.Essa condição de Jesus Cristo escandaliza o homem
religioso, mas é exatamente nela que ele é ao mesmo tempo “o sem Pecado, o
Santo, o Eterno, o Senhor, o Filho do Pai”. Neste auto-esvaziamento temos a
forma do Cristo pro nobis, reconhecível apenas pela fé em Jesus Cristo, a qual
abre mão de todas as medidas de garantia e se apoia na Palavra de Deus,
suportando o escândalo do auto-esvaziamento de Cristo.
Jesus Cristo, o exaltado por Deus, não elimina a incógnita em torno do
Deus-Homem. Pelo contrário, o caminho da igreja é o caminho através daquele
que se auto-esvaziou. E é somente pela volta de Cristo em glória que a incógnita
do Deus-Homem, o Senhor crucificado, ressurreto e exaltado é superada
definitivamente. Até lá a tensão inerente à cristologia deve ser mantida e
suportada.

1.216 - A importância da Cristologia na Teologia


de Bonhoeffer
Obedecendo as limitações deste artigo, trataremos sucintamente da
relevância da cristologia na teologia de Bonhoeffer. Para isso, analisaremos
duas de suas principais obras: Discipulado e Ética. Uma análise, superficial que
seja, revelará a importância fundamental da cristologia para a teologia de nosso
teólogo. De fato, pode-se dizer que a cristologia é o clímax de todo o labor
teológico, que tanto cristaliza como permeia todas as suas obras.

1.226.1. A Cristologia em “Discipulado”


O livro surgiu em 1937 e se destinava principalmente aos alunos de
teologia do seminário de Finkenwalde, que tinha sido fechado naquele mesmo
ano por ordem de Himmler, o chefe da temida SS de Hitler.Discipulado é
considerado um marco que sinaliza profundas mudanças na teologia de
Bonhoeffer, e por isso tem sido visto, por alguns, com reservas.
Com Discipulado, Bonhoeffer formula sua preocupação de anos em
resgatar o significado do seguimento de Jesus Cristo para a igreja de seu tempo,
que estava morta e era incapaz de proclamar concretamente o mandamento de
Deus que vem de Cristo. Essa crise atingiu também a “igreja confessante”. O

13
objetivo do Kirchenkampf [luta da igreja] não era, segundo Bonhoeffer, converter
Hitler, mas a conversão da própria igreja.
Percebe-se que Bonhoeffer apela para a “concreção” da fé cristã. Depois
de especificar a realidade do Cristo presente pro me [“por mim”] ou pro
nobis [“por nós”], mais tarde aparece o pro allis [“por outros”].A preocupação com
o seguimento de Jesus é formulada nos seguintes termos: “Que pretendia Jesus
dizer? Que espera de nós hoje?”; e nas palavras, “não nos interessa tanto saber
as ideias deste ou daquele expoente da igreja, mas aquilo que Jesus quer é o
que queremos descobrir.”
O discipulado não deve ser mal-entendido: é compromisso incondicional
com Cristo.69 Num primeiro momento, Bonhoeffer confronta e define graça
barata e graça preciosa a partir de Cristo – tônica que perpassa a obra toda, do
prefácio até as últimas páginas. “A graça preciosa é a encarnação de
Deus”. A graça barata é a “negação da encarnação do verbo de Deus” e consiste
no perdão, consolo e sacramento, que a igreja se arroga possuir, como se
fossem graça, tesouro inesgotável, mas que são transformados em princípio que
redunda na “justificação dos pecados e não do pecador”. Graça assim concebida
é cruel e inimiga mortal da igreja e do seguidor de Cristo.
Para contrapor a graça barata, é necessário que o discípulo de Cristo
responda ao chamamento incondicional de seu Mestre. Somente desta forma
a graça preciosa o alcança concretamente. A este chamado incondicional para
o discipulado corresponde a obediência incondicional que une a Cristo e à sua
cruz. Neste sentido, “o discipulado é a união com o Cristo sofredor.”
Mediante o chamado incondicional, amparado por sua autoridade, Cristo
se torna o único mediador entre eu e Deus, entre eu e o mundo, e entre os
homens e as coisas. A partir do sermão do monte, Bonhoeffer ilustra a
concretude do discipulado e a função mediadora de Cristo, que abrange todas
as esferas do relacionamento humano. Aqui encontramos uma das afirmações
cristológicas centrais em Discipulado. A mediação de Cristo é uma categoria
histórica que mantém o aspecto pessoal do compromisso com o mundo.
À medida em que tivermos parte em Cristo, o encarnado, temos parte em
toda a humanidade que ele tomou sobre si. Na natureza humana de Cristo
sabemo-nos aceitos e suportados. Por isso, nossa nova natureza humana

14
consiste em carregarmos a miséria e a culpa dos outros. O encarnado faz de
seus discípulos irmãos de todos os homens.

1.237. A Cristologia na “Ética” de Bonhoeffer


Bonhoeffer começou a escrever a Ética em 1940, mas não pôde concluí-
la por causa de incidentes ligados ao regime nazista alemão. Eberhard Bethge,
porém, a publicou, em 1949, como obra póstuma de Bonhoeffer. É um trabalho
incompleto, de caráter fragmentário, assim como outros produzidos por
Bonhoeffer. Isto explica porque o nosso autor não tratou mais detalhadamente,
inclusive certos aspectos da cristologia.
O interesse de Bonhoeffer pela ética, entretanto, surgiu cedo e, no quadro
geral, de sua teologia, representa a tarefa de maior apreço e relevância. De fato,
temas abordados nas obras anteriores são retomados na Ética, com um enfoque
cristológico muito concreto. E, apesar de ser uma obra incompleta, é possível
detectar nela, claramente, a função da cristologia nos temas abordados. Há uma
concentração cada vez maior em Jesus Cristo, a partir do qual se definem todos
os temas discutidos.

A realidade do Cristo presente pro me, pressuposto nas preleções de


cristologia dentro da igreja “empírica”, na Ética é ampliada para o mundo inteiro.
O senhorio de Cristo não se limita ao âmbito da igreja empírica, mas abrange a
realidade do mundo.
Quanto mais exclusivamente reconhecermos e confessarmos Cristo como
nosso Senhor, tanto mais se descortinará para nós a amplitude do seu senhorio.
A encarnação de Deus em Jesus Cristo está no centro da Ética e
representa a aceitação do mundo por parte de Deus. Deus e o mundo são vistos
do mesmo e de um só ângulo – Jesus Cristo.
Quem olha para Jesus Cristo vê, de fato, Deus e o mundo em um só.
Doravante não pode ver mais Deus sem o mundo, nem o mundo sem Deus.
Encarnação, crucificação e ressurreição (inclusive a exaltação), a
exemplo das preleções de cristologia, estão inseparavelmente ligadas umas às
outras. O “Filho eterno junto ao Pai em eternidade” é “o reconciliador crucificado”
e “o Senhor ressuscitado e exaltado,” e como tal é o mediador, no qual Deus
julga/condena e aceita/reconcilia o homem e a humanidade consigo mesmo.

15
O vulto do reconciliador, do Homem-Deus Jesus Cristo, põe-se entre
Deus e o mundo, coloca-se no centro de tudo o que acontece. Nele se desvenda
o mistério do mundo, assim como nele se revela o mistério de Deus.
Na cruz de Cristo se revela o que o mundo é e quem Deus é. Como
luzeiro, ela está no centro do mundo, atestando o senhorio de Jesus Cristo que
se estende por todo o mundo, possibilitando a vida na presença de Deus.
A cruz da reconciliação é a libertação para a vida diante de Deus em meio
a um mundo ímpio, é a libertação para viver em autêntica mundanalidade.
A partir da encarnação a realidade é re-definir e a história entra em
cena, i.e., realidade e história estão vinculadas à cristologia. Pelo fato de Deus
ter amado e reconciliado o mundo em Cristo, sua realidade ter entrado na
realidade deste mundo, não mais podem existir duas realidades, mas uma só: a
realidade “revelada em Cristo, na realidade do mundo”. Portanto, desvinculados
de Jesus Cristo não podemos falar adequadamente nem de Deus nem do
mundo. A realidade de Deus não permite mais a reflexão em duas esferas, uma
sacra e outra profana. Ela envolve o mundo humano integralmente: trabalho,
matrimônio, autoridade e igreja, os quais devem existir “por intermédio de Cristo,
em função de Cristo e em Cristo”.

Embora a história não seja capaz de abranger a realidade de Deus, ela


não é desprezível. Pelo contrário, a concretude da realidade da revelação
contingente de Deus em Cristo requer a história concreta. Bonhoeffer reserva
amplo espaço na Ética para desenvolver a relação cristologia-história:
O conceito de herança histórica, ligado à consciência da temporalidade e
avesso a qualquer interpretação mitológica, só é possível onde a entrada de
Deus na história, em determinado lugar e momento (i.e., a encarnação de Deus
em Jesus Cristo), consciente ou inconscientemente determina o raciocínio. Aqui
a história se torna séria, sem que seja canonizada. O “sim” e o “não” de Deus à
história que aprendemos na encarnação e crucificação de Jesus Cristo
introduzem uma infinita, e irremovível, tensão em qualquer momento histórico...
A partir de Jesus Cristo há nova luz sobre a realidade da história. O
presente não é mais determinado pelo passado, mas pelo futuro, que é
Cristo.93 Isto caracteriza a dimensão histórico-escatológica da cristologia.

16
1.248 - Considerações finais
Por causa das circunstâncias específicas da época, Bonhoeffer não pode
revisar e concluir sua obra teológica como um todo. No final desta pesquisa
surgem perguntas tais como:

1.258.1. Qual a contribuição de Bonhoeffer para a


teologia moderna?
Apesar de seu caráter fragmentário, a teologia de Bonhoeffer é uma
unidade no sentido de ser um desenvolvimento contínuo. Nesse
desenvolvimento, o desdobramento teológico dos temas abordados não revoga
posições anteriores, mas representa um aprofundamento dos mesmos. Pode-se
falar de uma unidade crescente que parte de um centro.

1.268.2. Qual é a importância da cristologia na


obra de Bonhoeffer?
A pessoa de Jesus Cristo, a cristologia, é o centro da teologia. Pode-se
dizer que a cristologia é a “oxigenação” da teologia de Bonhoeffer. Teologia não
é uma ciência abstrata, desvinculada da realidade deste mundo, mas concreta.
Isto se deve à revelação contingente de Deus que é concreta na encarnação,
crucificação, morte e ressurreição de Jesus Cristo. Aqui palpita o coração de
toda a teologia. A cristologia presente em Sanctorum Communio, depois
destacada em Akt und Sein, desenvolvida em seus aspectos práticos e
incondicionais em Discipulado, ressurge na Ética com grande ímpeto e abrange
o mundo como campo de concreção do senhorio de Deus em Jesus Cristo.
Não resta dúvida de que Bonhoeffer tenha ajudado a abrir o caminho da
teologia para a realidade conflitante deste mundo. No entanto, limitar-se a dizer
isso seria não compreender nosso teólogo. Sua preocupação com o mundo e
sua linguagem contundente só se compreende a partir de uma preocupação
maior, que é a proclamação do mandamento concreto de Deus para este mundo.
Não é tarefa da igreja “correr atrás” dos problemas mundanos, ou antecipar-se
a eles para tornar-se atraente. A tarefa da igreja é proclamar o caminho para
Deus, para o homem e para o mundo. Bonhoeffer pode, igualmente, ajudar-nos
a redes cobrir nossa tarefa e propósito como discípulos, teólogos ou igreja em

17
nosso contexto latino-americano – e isso a partir de uma reflexão ampla e
profunda da pessoa e obra de Jesus Cristo, o lagos de Deus.
É preciso superar o raciocínio que parte dos problemas humanos e que
de lá pergunta por soluções; ele não é bíblico! O caminho de Jesus Cristo, e com
isso o caminho de todo o raciocínio cristão, não vai do mundo a Deus, mas de
Deus ao mundo. Isto significa que a essência do evangelho não consiste em
solucionar problemas mundanos. Tampouco seria esta a tarefa essencial da
igreja. Não se deve inferir disso, evidentemente, que a igreja não tenha nenhuma
tarefa nesse sentido. Mas, só saberemos qual é a sua tarefa legítima quando
tivermos encontrado o ponto de partida correto. A mensagem da igreja para o
mundo não pode ser outra senão a Palavra de Deus ao mundo, quer dizer, Jesus
Cristo e a salvação neste nome.

18
1.27 Notas Bibliográficas
1Cf.Ervino Schmidt, “Um Encontro com Dietrich Bonhoeffer”, em Contexto
Pastoral março/abril 1993,

Gustavo Gutiérrez, A Força Histórica dos Pobres (Petrópolis: Vozes, 19842),


314ss;

Ernesto J. Bernhoeft,No Caminho para a Liberdade (RJ: CPB, 1966); Prócoro


Velasques Filho, Uma Ética para Nossos Dias (S. Bernardo do Campo: Editeo,
1977).
2D. Bonhoeffer, Wer ist und wer war Jesus Christus? Seine Geschichte und

sein Geheimnis (Hamburgo: Furche Verlag, 1962).


3Cf. D. Bonhoeffer, Wer ist und wer war Jesus Christus?, 67s.
4Ibid., 9s.
5Ibid., 10, especialmente a expressão Wissenschaft katexochen.
6Ibid., 12s.
7Ibid., 14s. Transcendência e imanência estão inseparavelmente ligadas.

Nessa relação se define toda a questão da antropologia; cf. também Ernst

Feil, Die Theologie Dietrich Bonhoeffers (Berlim: Evangelische

Verlagsansalt,1977), 104.
8Ibid.,16s; cf. também Akt und Sein – Transzedentalphilosophie und Ontologie
in der systematischen Theologie (Munique: Chr. Kayser Verlag, 1956), 12,58ss.
9Wer ist und wer war Jesus Christus?, 10,17.
10Ibid., 18. Bonhoeffer menciona a pergunta de Pilatos a Jesus, “Quem tu és?”,

como exemplo de linguagem religiosa.


11Ibid., 19
12Ibid., 21. Homem, aqui, inclui o teólogo.
13Ibid., 9.
14Ibid., 23. “Obra” e “pessoa” no texto se referem a Cristo.
15Ibid., 24-26.
16Ibid., 27-30. Bonhoeffer menciona a ressurreição de Cristo, a partir de 1 Co

15, como elemento fundamental para a pregação e fé cristã.

19
17Ibid., 30s.
18Ibid., 31.

31s. O original Gestalt pode ser traduzido de várias formas. “Palavra”,


19Ibid.,

“sacramentos” e “comunidade” são termos-chave daqui em diante; cf. 35-50.


20Ibid., 32s; cf. também Akt und Sein, 68.
21Wer ist und wer war Jesus Christus?, 34s. Cf., também, neste contexto o

termo “nova humanidade”.


22O termo original Gestalt permite várias traduções, cf. D.

Bonhoeffer, Ética (São Leopoldo: Sinodal, 1985), 44, em que o termo foi

traduzido por “vulto”. No nosso contexto, porém, é mais apropriado traduzi-lo

por “forma”.
23Wer ist und wer war Jesus Christus?, 35.
24Ibid., 39s; cf. também Gesammelte Schriften – vol.4 (Munique: Kaiser Verlag,

1961), que consiste, na maior parte, de interpretações e sermões.


25“Das Wort im Sakrament ist leibgegewordenes Wort”, cf. Wer ist und wer war

Jesus Christus?, 41.


26Ibid., 41.
27Ibid., 42.
28Ibid., 43.
29Ibid., 47.
30Ibid., 478.
31Ibid., 49.
32Ibid., 9-11, 16, 35s.
33Ibid., 50; cf. também em Akt und Sein, 116-139.
34Wer ist und wer war Jesus Christus?, 51-53.
35Ibid., 53-57.
36Ibid., 58s.
37Ética, 74ss, 83ss, 107ss, 184ss; cf. também Resistência e Submissão (RJ e

20
São Leopoldo: Paz e Terra & Sinodal, 19802).
38Ibid., 60-63.
39Ibid., 64. “Negar” ou “afirmar” referem-se aos detalhes na pesquisa histórica.
40O desdobramento da teologia liberal em seu tempo áureo não chegou a

outras conclusões significativas do que as de Albert Schweitzer e de Wilhem

Wrede; cf. também Rudolf Bultmann, Crer e Compreender: Artigos

Selecionados, (ed.) W. Altmann (São Leopoldo: Sinodal, 1987); Theologie des

Neuen Testaments(Tübingen: J.C.B. Mohr, 19842); G. F. Hasel, Teologia do

Novo Testamento (RJ: JUERP, 1988); K. Berger,Exegese des Neuen

Testaments (Heidelberg: Quelle & Meyer, 1977).


41Wer ist und wer war Jesus Christus?, 63-65
42Ibid., 65-67. É interessante observar que Bonhoeffer não apela para a

inspiração verbal da Bíblia como alternativa à pesquisa histórico-crítica para

chegar ao Jesus histórico. A historicidade de Jesus Cristo está sob o duplo

aspecto da história e fé, estreitamente ligados um ao outro.


43Ibid., 68s, 108ss.
44Ibid., 68. Nesse contexto, Bonhoeffer introduz os termos Häresie, Bekenntnis

e Irrlehre. Ele também menciona o valor das decisões conciliares da antiga

igreja, especialmente a de Calcedônia [A.D. 451], fato quase sempre ignorado

pelos intérpretes de Bonhoeffer. Cf., também, 69, 86-88, 100s, 105, 107.
45Ibid., 69s. O termo “heresia” surge a partir da fraternidade da igreja em

relação ao errante. Nessas observações, Bonhoeffer caracteriza os concílios

ecumênicos como faltosos sobre a definição dos termos “heresia” e

“confissão”. Cf., também, E. Feil, Die Theologie Dietrich Bonhoeffer, 61s; E.

Bethge, Dietrich Bonhoeffer, 539-554.


46Wer ist und wer war Jesus Christus?, 68s. Por motivos de espaço, não nos é

permitido descrever as discussões em torno das controvérsias cristológicas que

21
Bonhoeffer aborda.
47Ibid., 105.
48Ibid., 106s. Bonhoeffer mantém até o fim a Wer-Frage [pergunta sobre a

identidade]: Das Chalcedonense ist selbts schliesslich die Wer-Frage.


49Ibid., 108.
50Ibid., 109s. Percebe-se como Bonhoeffer mantém a tensão dos paradoxos da

declaração de Calcedônia.
51Ibid., 110.
52Ibid., 111. Também a questão do nascimento virginal não pode dissolver os

paradoxos da encarnação.
53Ibid., 111.
54Ibid., 112.
55Das Prinzip der Erniedrigung ist nicht die Menschheit Christi, sondem das

Ðmoièma sarkÒj [homoiôma sarkós], cf. Wer ist und wer war Jesus Christus?,

114, 115s.
56Ibid., 116. Bonhoeffer se reporta a Lutero neste ponto.
57Ibid., 117. Bonhoeffer mantém, sem qualquer tentativa de resolução, os

paradoxos da cristologia.
58Ibid., 119-121.
59Ibid., 121-124.
60Cf. a avaliação de E. Feil, Die Theologie Dietrich Bonhoeffers, 172; e E.

Bethge, Dietrich Bonhoeffer, 265.


61Battista Mondin, Os Grandes Teólogos do Século Vinte (SP: Paulinas, 1987),

vol. 2: 169.
62Tradução do título original alemão “Nachfolge’’.
63Cf. E. Feil, Die Theologie Dietrich Bonhoeffers; 177ss, E. Bethge, Dietrich

Bonhoeffer, 515-527.

22
64Cf. Bonhoeffer, Gesammelte Scriften, vol. 1: 37,40s, 63, 140ss, 150ss, 162;

cf., também, Bethge,Dietrich Bonhoeffer, 224s.


65Nome dado aos cristãos que, na Alemanha, resistiram o nazismo. Cf.

Resistência e Submissão, 158, 184s.


66Gesammelte Scriften, vol. 1: 42s.
67A preocupação com a “concreção” da fé cristã se mostra ainda mais evidente

na Ética; cf., também, o crescimento da importância da cristologia nos sermões

de Bonhoeffer, cf. Gesammelte Schriften, vol. 4: 17ss, 26ss, 34ss, 88ss, 101ss,

246s. Nessas pregações, a theologia crucis é explicitada, cf. E. Bethge,Dietrich

Bonhoeffer, 281s, 506-508. A partir destas constatações não se pode dizer

que Discipulado inicia uma fase completamente nova na biografia de

Bonhoeffer, que represente uma ruptura com o seu passado, cf. Resistência e

Submissão, 127-129.
68Discipulado, 3.
69Ibid., 21.
70Ibid., 10. Ela é preciosa porque custou a Deus a vida do seu próprio filho.
71Ibid., 9.
72Ibid., 9s, 17s.
73Ibid., 20s.
74Ibid., 20-36.
75Ibid., 42ss.
76Ibid., 46. Bonhoeffer observa que o sofrimento da igreja de Cristo não tem

qualquer valor expiatório.


77Ibid., 49s, 144. Cristo é o fim da relação imediata do homem com o mundo

que o cerca. Cf., também,Vida em Comunhão (São Leopoldo: Sinodal, 19862).


78Ibid., Discipulado, 56-120.
79Ibid., 191, 135ss.

23
80Ética, 9-13; Bethge, Dietrich Bonhoeffer, 803s.; B. Mondim, Os Grandes

Teólogos, vol. 2:172.


81“Às vezes penso que já tenho minha vida realizada e apenas deveria

completar a Ética”, cf. Resistência e Submissão, 89; cf. também Gesammelte

Schriften, vol. 1: 33, 63, 143ss; vol. 2: 384; Ética, 9s; Bethge,Dietrich

Bonhoeffer, 803-811.
82Ética, 27-29, 34s, 36, 38, 44, 49ss, 54ss,765, 108-112, 122-125, 128, 163ss,

178-188.
83Ibid., 38; cf., também, Gesammelte Schriften, vol. 1: 144; Bethge, Dietrich

Bonhoeffer, 806; Feil, Die Theologie Dietrich Bonhoeffers, 250-252.


84Ibid., 44.
85Ibid., 45,47-49, 164.
86Ibid., 163s.
87Ibid., 44s.
88Ibid., 163.
89Ibid., 112.
90Ibid., 107, 110-115.
91Ibid., 117.
92Ibid., 54.
93Cf., também, a citação de D. Bonhoeffer; cf. Feil, Die Theologie Dietrich

Bonhoeffers, 202s.
94Ética, 198.

24

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