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Artigo

Fisioterapia no Atendimento Domiciliar:


Enfrentamento e Desafios dos Profissionais
Darlei Souza Moura1; Ingrid Silva Andrade 2; Bruno Batista Sousa da Hora 3; Ana Paula da Silva Prado Ferraz4;
Andresson de Jesus Pereira 5; Juliana Braga Facchinetti 6; Adna Gorette Ferreira Andrade 7

Resumo: A Assistência Domiciliar é caracterizada como um aglomerado de ações hospitalares que permitem a
realização dessas práticas em ambiente domiciliar. O presente estudo teve como objetivo verificar os
enfrentamentos e desafios encontrados no atendimento domiciliar pelos fisioterapeutas. Trata-se de um estudo
descritivo exploratório de caráter quantitativo. O levantamento dos dados se deu entre os meses de agosto e
setembro de 2017 e foram coletadas informações de dezoito (18) profissionais de fisioterapia, integrantes das
equipes do Home Care com especialização lato sensu, através de um questionário estruturado. Entre os
profissionais avaliados, 66,7% são do sexo feminino e 33,3% masculino, com idade média de 31 anos. Entre os
desafios enfrentados estão os meios de transportes, variados tipos de clientes, falta de reconhecimento, a
remuneração, o cansaço físico e mental. Fica evidente a necessidade de promoção de melhores condições de
trabalho à equipe multidisciplinar na assistência ao usuário em atendimento domiciliar, de modo que haja
condições adequadas de atendimento à ele.

Palavras-Chave: Assistência Domiciliar. Fisioterapia. Limitações.

Physiotherapy in Home Care:


Coaching and Challenges of Professionals
Abstract: Home Care is characterized as an agglomeration of hospital actions that allow the accomplishment of
these practices in a home environment. The present study had as objective to verify the confrontations and
challenges found in the home care by physiotherapists. It is an exploratory descriptive study of quantitative
character. Data were collected between August and September 2017 and data were collected from eighteen (18)
physiotherapy professionals, members of the Home Care teams with lato sensu specialization, through a
structured questionnaire. Among the professionals evaluated, 66.7% are female and 33.3% male, with a mean
age of 31 years. Among the challenges faced are the means of transport, varied types of clients, lack of
recognition, remuneration, physical and mental fatigue. It is evident the need to promote better working
conditions to the multidisciplinary team in the assistance to the user in home care, so that there are adequate
conditions to attend to him.

Keywords: Home Assistance. Physiotherapy. Limitations

______________________
1
Graduanda em Fisioterapia pela Faculdade Independente do Nordeste – FAINOR. E-mail: [email protected]
²Graduação em Fisioterapia pela Faculdade Independente do Nordeste – FAINOR. Vitória da Conquista/BA. E-mail:
[email protected]
3
Graduando em Fisioterapia pela Facu. E-mail: ldade Independente do Nordeste - FAINOR . E-mail: [email protected]
4
Graduanda em Fisioterapia pela Faculdade Independente do Nordeste – FAINOR. E-mail: [email protected]
5
Graduando em Enfermagem pela Faculdade Independente do Nordeste – FAINOR. E-mail: [email protected]
6
Graduação em Fisioterapia pela Universidade Católica de Salvador, especialização em Fisioterapia Dermato Funcional, atualmente é
Docente da Faculdade Independente do Nordeste. Vitória da Conquista/BA. E-mail: [email protected]
7
Graduação em Fisioterapia pela Faculdade de Tecnologia e Ciências – FTC, especialização em saúde pública com ênfase em saúde da
família, atualmente é Coordenadora e Docente do Curso de fisioterapia da Faculdade Independente do Nordeste, Vitória da Conquista/BA. E-
mail: [email protected]
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Introdução

A Assistência Domiciliar é caracterizada como um aglomerado de ações hospitalares


que permitem a realização dessas práticas em ambiente domiciliar, mediante atuação de uma
equipe multidisciplinar, fundamentada na realidade que o paciente se encontra e no
diagnóstico apresentado. Esta modalidade, denominada também como Home Care, contribui
para um estado de promoção, manutenção e a reabilitação a saúde. Ela pode ser classificada
como particular ou publica possui benefícios como maior comodidade, sessão
individualizada, não exige a locomoção do paciente (BENASSI et al., 2012).
A atenção domiciliar tem fundamentação naquilo que a Lei Orgânica de Saúde n.
8080/90 que regulamenta o Sistema Único de Saúde (SUS) estabelece como integralidade,
que em seus princípios e diretrizes, propõe o atendimento integral aos cidadãos, por meio de
uma visão humanizada dos indivíduos envolvidos no processo, havendo nestes casos um
trabalho interdisciplinar da equipe de saúde por meio de ações de promoção, prevenção e
recuperação da saúde (BRASIL, 1990).
Os autores Pereira e Gessinger (2014) consideram a eficácia do atendimento
domiciliar está em atingir a população que se apresenta sem condições possíveis de acesso aos
serviços de saúde, eles ainda pontuam que o fisioterapeuta tem total capacidade de atuação na
promoção e prevenção da saúde, seja em caráter reabilitador, assistencial, educativo e/ou com
vistas à vigilância em saúde. Atuando na assistência domiciliar contribuindo na prevenção do
aparecimento de doenças que comprometem a saúde da família.
A fisioterapia no atendimento domiciliar é caracterizada como uma assistência, onde
cuidados fisioterápicos são realizados na própria residência do cliente, permitindo uma
avaliação profissional quanto à realidade e dificuldades do mesmo, e a partir disso, elabora
um plano de assistência que se adéque à realidade do paciente (BENASSI et al., 2012).
A divulgação dos serviços de Home Care abre espaço para crescimento dos
atendimentos em domicílio, mas requer o cuidado e atenção da análise sobre os principais
aspectos e peculiaridades deste reduto familiar. Deve-se compreender que o espaço de
trabalho e a sua dinâmica são imprescindíveis para o profissional que adentra o lar do
paciente, sendo que a base para um bom trabalho no domicílio é a parceria entre os
profissionais e a família/paciente (OLIVEIRA, 2011).

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Silva (2010) chama atenção para a necessidade de conhecer os confrontos e desafios
percebidos pelos profissionais que prestam esse tipo de atendimento, alertando ainda que os
mesmos estão evolvidos na definição e organização dos serviços prestados, bem como nas
atribuições dos cuidadores, familiares e demais profissionais. Considerando ainda, a
integralidade do cuidado, a racionalidade econômica e financeira, os sujeitos do cuidado, a
condição familiar e a articulação com os demais serviços de saúde. Entendendo-se que todos
estes itens são relevantes para proporcionar a construção de novas relações mais articuladas e
cooperativas.
Dessa maneira, a identificação desses fatores pode auxiliar na elaboração de medidas
de intervenção e prevenção, tanto no que diz respeito à atuação de profissionais que executam
este tipo de atendimento, quanto do planejamento de políticas públicas. Diante disso, este
estudo teve como objetivo verificar os enfrentamentos e desafios encontrados no atendimento
domiciliar pelos fisioterapeutas, identificar o perfil socioeconômico desses profissionais,
reconhecer as características profissionais dos entrevistados e descrever a auto percepção dos
entrevistados.

Metodologia

A fim de atender o objetivo central desse artigo, o método da pesquisa tratou-se de um


estudo descritivo exploratório de caráter quantitativo, uma vez que, segundo Gil (2010), a
pesquisa descritiva envolve a descrição das características de determinada população ou
fenômeno e as técnicas exploratórias proporcionam uma visão geral do fato investigado.
Já para Fonseca (2002) a pesquisa quantitativa direciona para a objetividade, sendo
influenciada pelo positivismo, levando em consideração a realidade e a compreensão da
análise dos dados brutos levantados através de instrumentos padronizados e neutros.
A pesquisa foi desenvolvida no município de Vitória da Conquista, localizada na
Região Sudoeste da Bahia. O município ocupa a terceira maior economia do Estado e
possuem uma população de 348.718 habitantes de acordo informações disponibilizadas pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2017).
Na cidade, está sediada a sub delegacia do Conselho Regional de Fisioterapia e
Terapia Ocupacional da 7ª Região (CREFITO) onde os profissionais fisioterapeutas podem se
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registrar. Ainda em Vitória da Conquista, há 4 serviços de Home Care com equipes
multidisciplinares, onde 30 fisioterapeutas estão inseridos.
O levantamento dos dados se deu entre os meses de agosto e setembro de 2017 e
foram coletadas informações de dezoito (18) profissionais de fisioterapia, integrantes das
equipes do Home Care com especialização lato sensu, através de um questionário estruturado,
contendo informações como; nome, gênero, idade, data de nascimento, área de especialização,
tempo de formação, tempo de atuação neste tipo de serviço, carga horária semanal.
Também foi questionado aos participantes da pesquisa sobre os desafios percebidos
neste tipo de serviço, tais como: acesso a residência do paciente, compreensão das condutas
do atendimento por parte dos familiares, espaço para realização de condutas, remuneração
adequada e a não parceria dos outros profissionais de saúde que atuam na mesma equipe.
Outro ponto que foi investigado se refere aos enfrentamentos encontrados pelos
fisioterapeutas, bem como: localização da residência do paciente, colaboração nas condutas
terapêuticas pelo paciente, falta de recursos/aparelhos para os atendimentos, valorização do
serviço pela família, cumprimento das orientações repassadas para familiares/cuidadores e
desgaste físico/mental. Foi interrogado também sobre à auto percepção dos profissionais
fisioterapeutas, se os mesmos se sentem capazes, desafiados e realizados quanto à escolha
profissional.
Os dados levantados foram submetidos à estatística descritiva, sendo as variáveis
categóricas apresentadas por meio de frequência relativa e absoluta enquanto as contínuas em
média e desvio padrão. Todas as análises foram realizadas no pacote estatístico SPSS versão
21.
Os participantes foram informados quanto aos riscos, benefícios e objetivos da
pesquisa, ficando livre para participarem ou não. Ao aceitarem, os participantes assinaram o
Termo de Consentimento Livre esclarecido (TCLE) respeitando os princípios éticos
estabelecidos pela Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde para que os dados
possam ser utilizados e os resultados divulgados. Destaca-se que o projeto foi aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade Independente do Nordeste - FAINOR sob o
número do CAAE: 70460617.9.0000.5578 e parecer 2.234.691.

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Resultados

A exposição e apreciação dos dados coletados serão apresentados neste tópico. Para
melhor compreensão das manifestações dos entrevistados, os resultados serão exibidos em
forma de tabelas, gráficos e comentários, destacando-se as ocorrências que se mostrarem mais
relevantes.
As perguntas foram desenhas e de forma estratégica a fim de responder o problema de
pesquisa, de modo que entre os avaliados, 66,7% são constituídos de profissionais do sexo
feminino e 33,3% masculino, com idade média de 31 anos.
Quanto aos aspectos laborais, a pesquisa apresentou que os fisioterapeutas possuem
um tempo médio de formação acadêmica de seis anos, sendo que, apenas, 22,2% não têm
especialização. Esses profissionais cumprem uma carga horária média de 34 horas semanais,
tendo o mínino de 8h e o máximo de 60 horas, atendendo, aproximadamente 8 pacientes por
dia, contudo, há de se levar em consideração as variações dos agentes que atendem somente 3
pacientes por dia e os que realizando 14 atendimentos diários.
A pesquisa também abordou os aspectos quanto aos desafios enfrentados e relatados
pelos profissionais, conforme demonstrado na tabela a seguir:

Tabela 1. Desafios referidos por profissionais. Vitória da Conquista. 2017


Variáveis %
Acesso a residência
Sim 33,3%
Não 66,7%
Compreensão das condutas
Sim 50%
Não 50%
Espaço para condutas
Sim 27,8%
Não 72,2%
Remuneração inadequada
Sim 66,7%
Não 33,3%
Não parceria com outros profissionais
inseridos na equipe multidisciplinar
Sim 16,7%
Não 83,3%
Fonte: Elaboração dos autores, 2017.

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A tabela 1 apresenta que 33,3% dos entrevistados têm dificuldade de acesso a
residência dos pacientes, fato que necessita de uma melhor investigação a fim de compreender
esses problemas e propor as intervenções.
A compreensão das condutas foi outro ponto que apresentou respostas quanto a não
compreensão das condutas, fato esse que representou 50% dos respondentes.
A tabela ainda explicita que 27,8% dos respondentes não possuem espaço para
desenvolver suas condutas e, quanto à remuneração, 66,7% das respostas sinalizaram que os
honorários estão abaixo do ideal e/ou é inadequado e, 16,7% dizem não haver parceria com
outros profissionais inseridos na equipe multidisciplinar.
Outro fator de grande relevância está no enfrentamento vivenciado diariamente pelos
fisioterapeutas quanto ao cumprimento das orientações e os desgastes físicos, conforme a
tabela 2.

Tabela 2: Cumprimento das orientações e desgaste físico, Vitória da Conquista, 2017


Variáveis %
Cumprimento das orientações
Sim 39
Não 61
Desgaste físico
Sim 44
Não 56
Fonte: Elaboração dos autores, 2017

Conforme a tabela acima ficam evidentes que 61% dos entrevistados não conseguem
cumprir as obrigações profissionais, de modo que, esse dado cria um vínculo direto com a
resposta da tabela 1 quanto à compreensão da conduta, alinhada com o desgaste físico. Esses
fatores geram uma equação que, juntos, tendem a pender para a insegurança tantos dos
procedimentos básicos das obrigações quanto às condutas diante as patologias adversas.
Os resultados encontrados na tabela 3 traz um dado que pode compreender melhor o
desgaste físico, uma vez que 78% dos fisioterapeutas são residentes em áreas não estratégicas
e/ou central, o que podem comprometer o seu deslocamento com as intempéries para tal até
chegar à casa do paciente ou local de trabalho. Atrelado a imagem supracitada, destaca-se
ainda que a falta de recursos por esses profissionais é escasso ou reduzido, de modo que esse

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dado representa 78% dos que responderam a pesquisa. Fica evidente que esses dois fatores
podem comprometer o nível de satisfação e motivação dos técnicos da saúde motora.

Tabela 3: Localização/Residência e Falta de recurso, Vitória da Conquista, 2017


Variáveis %
Localização/Residência
Sim 22
Não 78
Falta de recurso
Sim 22
Não 78
Fonte: Elaboração dos autores, 2017

No gráfico abaixo retrata um nível elevado quanto à valorização do serviço prestado.


Nesse caso, entende-se que seja uma porta para a continuidade de investimento quanto à
valorização do esforço pessoal desprendido para contribuir para melhoria e qualidade de vida
das pessoas. Essa, talvez, seja a mola propulsora da motivação em continuar se doando para
fazer mais e melhor independente das circunstâncias adversas.

Gráfico 01: Valorização do serviço, Vitória da Conquista, 2017


Fonte: Elaboração dos autores, 2017

Conforme demonstrado, 78% dos respondentes são valorizados e/ou reconhecidos


pelos serviços, como já mencionado, esse pode ser o canal mais rápido e fácil para
impulsionar e reconhecer a importância dos serviços de fisioterapia.

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Também foi indagado aos entrevistados acerca de três questões quanto de valorização
profissional. O gráfico abaixo traz essas dimensões de forma clara e direta.
Quanto à questão de se sentirem desafiados, 61,10% responderam que se sentem
estimulados e desafiados. No mesmo gráfico, 55,55% dos fisioterapeutas sentem-se realizados
pelos serviços prestados e 94,45% sentem-se capacitados e treinados para prestar os devidos
serviços que lhes são demandados.

Sente-
se
desaf
iado

Sente
-se
realiz
ado
Sente
-se
capa
citad
o
Gráfico 02: Percepção profissional de fisioterapeutas acerca da sua atuação
Fonte: Elaboração dos autores, 2017

Como podem ser percebidos, esses fatores possibilitam um estimulo pessoal para a
continuidade de promover a saúde e o bem estar dos pacientes, mesmo diante das barreiras e
dos desafios enfrentados a cada passo dado.

Discussão

Rios (2000) define-o como um estimulo, inspiração de desejo, uma provocação em se


perseguir uma meta ou objetivo. Nessa seara, entende-se que a palavra desafio pode tomar

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caminhos tanto para o lado positivo quanto para o lado negativo, uma vez que, o autor ressalta
que a palavra pode ser entendia como uma afronta, uma provocação ao adversário.
Diante ao exposto, os desafios enfrentados constantemente pelos profissionais da
fisioterapia, objeto de investigação, desde o momento que saem de suas residências, os meios
de transportes, os mais variados tipos de clientes que são atendidos, a falta de
reconhecimento, a remuneração, o cansaço físico e mental, entre tantos outros, contribuem
para desencadear resistência motivacional no enfrentamento das mais variadas insurgências
mercadológicas.
A remuneração inadequada foi apontada pela maioria dos entrevistados deste estudo
como principal desafio, segundo Cortella (2016), o salário não é a principal fonte de
insatisfação de alguém, as pessoas querem ser reconhecidas e valorizadas. Cortella afirma que
a atual chave da desmotivação pessoal está na ausência do reconhecimento.
Devido a esses aspectos específicos ligados a saúde, pode-se compreender então que o
fator remuneração por si só não é capaz de sensibilizar ninguém para uma prestação de
serviços com uma motivação singular. Há diversos compostos, quando atendidos, contribuem
para orientar os profissionais para uma ação de resultados, entre eles, sobressai o
reconhecimento, (Cortella, 2016).
Para Ribeiro (2015) o salário constitui-se em uma única fonte de renda capaz de
satisfazer e atender suas necessidades básicas. Essa contraprestação reflete o quanto o
colaborador é valorizado pela empresa e/ou contratante.
Ainda Ribeiro, o salário é um poderoso meio de motivação pessoal, a final é com ele
que se realizam as atividades na sociedade. O Autor afirma que o valor do salário ou a
remuneração leva sempre em consideração o nível de conhecimento do profissional, a
complexidade, a significância, o excesso ou a escassez da mão-de-obra.
Quanto a “Compreensão da Conduta” por parte dos familiares/cuidadores também foi
apontada como um desafio significante neste estudo. Diante de uma elevada sinalização do
número de pessoas que não conseguem compreender os procedimentos mediante as
interrogações que surgem a cada atendimento fisioterápico, fez-nos averiguar melhor esse
percentual considerável, uma vez que esses técnicos são graduados e habilitados em suas
áreas de atuação.
A Resolução COFFITO Nº 424 de julho de 2013, traz alguns procedimentos de
conduta e ética do profissional de fisioterapia que pode auxiliar no dia a dia de suas ações.
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Contudo há situações de procedimentos que esses profissionais enfrentam a ponto de se verem
em situações indelicadas, como por exemplo, aplicar um plano de tratamento mediante as
patologias incomuns.
Evidente que, nenhum profissional em qualquer que seja suas profissões sabem ou
conhecem o todo, são experiências e estudos que são adquiridas ao longo de suas carreiras.
Desse modo, imagina-se que o elevado percentual pode ser explicado pelo tempo de atuação
do agente em sua área e/ou no seu nível de conhecimento e informações antecipadas do
problema.
A própria Resolução COFFITO nº 424/2013 no Capítulo IV, orienta que o profissional
deva auxiliar outros colegas, mantendo a ética, o respeito envidando esforços para o
desenvolvimento de um trabalho de harmonia na equipe.
Para Vale (2017), o cansaço físico e metal podem comprometer o desempenho de
qualquer profissional tanto no trabalho quanto nas relações pessoais do dia a dia, tornando o
que era prazeroso em obrigações desgastantes e chatas. Como pode ser percebido, o gráfico
02 apresentar um elevado desgaste físico desses profissionais, chegando a 56% dos
entrevistados.
Em sintonia com os desafios encontrados pelos profissionais de fisioterapia, têm-se os
enfrentamentos das variáveis externas e internas. Nesse quesito, Lazarus & Folkman (1980)
desenvolveu quatro estratégias de enfrentamento, que envolve o ambiente, a condução da
situação estressora, a mente e o esforço do indivíduo.
As estratégias de enfrentamento segundo Lazarus & Folkman, indica que:
O enfrentamento é uma interação que se dá entre o indivíduo e o ambiente e
sofre influências consideradas estressantes, podendo se configurar como
prejudiciais ao indivíduo, como: danos físicos, materiais e emocionais,
entretanto, pode ser superadas através de exercícios cognitivos e
comportamentais;
As ações antes de ir para o campo material, primeiramente acontece na mente
do indivíduo. Portanto, os processos implicam na avaliação de como o
fenômeno é percebido, interpretado e cognitivamente representado na mente da
pessoa;
• A estratégia do esforço implica na compreensão desse valor de forma cognitiva
e comportamental para administrar a situação estressora quanto às demandas
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internas ou externas que surgem da sua interação com o ambiente.
Evidente que as estratégias acima exigem uma sequência lógica de respostas e
comportamento pessoal, uma vez que cada ponto elucidado depende de alguns fatores como a
natureza do evento, dos recursos e dos fatores pessoais.
Diante dos questionamentos realizados sobre os enfrentamentos no que tange a
localização a residência, falta de recursos não foram pontuados como relevantes. Tais
questões podem ser explicadas pela capacidade e facilidade que os profissionais de saúde têm
para sobressair diante as dificuldades e barreiras enfrentadas, (percepção informal).
Na pesquisa também foi questionado aos entrevistados se eles se sentiam desafiados,
realizados e capacitados, a maioria respondeu “sempre” para todas as preposições.
Segundo Shiwa, Schmitt; João, (2016) A identificação do perfil profissional permite
direcionar as atuações futuras dos Sindicatos e Conselhos de Classe em procura do
contentamento, reconhecimento e valorização profissional, e possibilitar ainda uma de
orientação às Instituições de Ensino Superior em relação ao mundo do trabalho
contemporâneo e às urgências da profissão para a formação de profissionais mais qualificados
na assistência em saúde. O contentamento profissional é responsável pelo progresso de
aumento pessoal e organizacional e decorre no momento em que o profissional é incentivado.
Portanto, mesmo diante da maratona de entraves e questões desmotivadoras, ainda sim
esses profissionais são cada dia desafiados e encorajados em continuar se doando em pró de
seus pacientes e realizados no instante que recebem os feedbacks positivos de suas condutas e
ações que promovem a cura e/ou alívio. As limitação do presente estudo foram decorrentes a
não disponibilidade por parte de alguns profissionais para responderem aos questionamentos,
a não compreensão de algumas perguntas o que desencadeou em respostas incorretas levando
a exclusão de dados.

Conclusões

Em relação aos aspectos supracitados e elencados por meio deste estudo, é notório a
necessidade de promoção de melhores condições de trabalho à equipe multidisciplinar na
assistência ao usuário em atendimento domiciliar, de modo que haja condições adequadas de
atendimento à ele.
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Os desafios e enfrentamentos do Atendimento domiciliar são propiciados por meio de
uma gestão ineficiente dos serviços de saúde nas unidades em que essa prática é presente,
sobretudo ao que diz respeito à remuneração dos profissionais de fisioterapia, atores
protagonistas nesse processo, bem como a falta de recursos disponíveis para execução das
ações. Assim, exige-se a atenção dos gestores para que o cenário do Atendimento Domiciliar
seja possibilitado e atue na contribuição ao cliente que necessita desta atenção, de modo
eficiente.

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Como citar este artigo (Formato ABNT):

MOURA, Darlei Souza; ANDRADE, Ingrid Silva; SOUZA DA HORA, Bruno B.;FERRAZ, Ana
Paula da S.P. ; PEREIRA, Andresson de Jesus; FACCCHINETTI, Juliana Braga; ANDRADE, Adna
G. F. Fisioterapia no Atendimento Domiciliar: Enfrentamento e Desafios dos Profissionais. Id on Line
Revista ultidisciplinar e de Psicologia, 2018, vol.12, n.39, p.71-83. ISSN: 1981-1179.

Recebido: 13.11.2017
Aceito: 16.11.2017

83 Id on Line Rev. Mult. Psic. V.12, N. 39., 2018 - ISSN 1981-1179


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