Trabalho Politica Educativa

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Instituto Superior em Educação e Ciências

Pós-Graduação em Administração e Gestão da Educação

Ano letivo 2023/2024

Programa Rede das Bibliotecas Escolares (PRBE)

Unidade curricular: Políticas Educativas

Docente: José Hipólito

Discente: Cristina Brito

ISEC/Lisboa
Programa Rede das Bibliotecas Escolares (PRBE)

Índice

1- Enquadramento do trabalho

1.1 - Apresentação sucinta da noção de política pública em educação


sob a perspetiva da acção pública …………………………………………2
1.2 - Apresentação breve
a) Níveis e Modos de Regulação ………………………………………….3
b) As três entradas analíticas das políticas públicas ……………………….5

2- Análise de uma política em Educação sob a perspetiva da ação pública


2.1- Programa Rede das Bibliotecas Escolares …………………………………….7
2.2- Análise da política
a) As representações/referenciais inscritos no PRBE ……………………..8
b) Atores envolvidos ………………………………………………………9
c) Os dispositivos de regulação mobilizados …………………………….11

3- Notas Finais …………………………………………………………………………….12


Referências Bibliográficas ……………………………………………………….………..15

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Programa Rede das Bibliotecas Escolares (PRBE)

1. Enquadramento do trabalho

1.1. Apresentação sucinta da noção de política pública em educação sob a perspetiva da


ação pública
Das várias definições de política pública, Duran (1990, p. 240) a define como
“(...) um processo social, que se desenrola num tempo determinado, no interior de um quadro
institucional que limita o tipo e nível de recursos disponíveis através de esquemas interpretativos e
de escolha de valores que definem a natureza dos problemas públicos que são colocados e a
orientação da ação”. Mas, Lascoumes & Le Galès particularizam a definição com elementos que
devem estar incluídos: os “atores” (individuais ou coletivos, seus recursos e suas condutas
estratégicas); as “representações” (os “quadros cognitivos e normativos” que regem a atribuição de
sentido às ações); as “instituições” (regras, rotinas, procedimentos); os “processos” (as
modalidades da mobilização e da interação dos atores); os “resultados” (consequências ou efeitos
da ação pública).
Assim, podemos entender, que a política pública é um processo e resultado da intervenção
das autoridades públicas e de um conjunto de outros atores (estatais e não estatais) que, situados em
diversas escalas ou níveis de ação (supranacional, nacional, regional, local), participam na
definição do bem comum em torno do qual as atividades sociais (nos domínios da economia, da
educação, da saúde, do emprego, …) acontecem. (Commaille, 2004, citado por Luís de Carvalho,
2015, p. 317).

A ação pública como definida por Thoenig (1997, p. 28) é “a maneira como uma sociedade
constrói e qualifica problemas coletivos e elabora respostas, conteúdos e processos para abordá-
los”. Com esta definição vemos que são os atores que elaboram as políticas públicas e rompem
com alguns conceitos (Lascoumes & Le Galès (2007)) para a reconceptualização da decisão
política. Por exemplo, podemos afirmar que o Ministério da Educação, com as suas políticas
educativas, irá orientar a ação política da Educação. Com a ação pública, temos um
redimensionamento do espaço, isto porque: a) os atores sociais são dotados de autoridade em
matéria de políticas públicas e atores sociais inseridos noutros contextos sociais organizados
(sindicatos, comunicação social, por exemplo) que participam nos debates públicos sobre políticas
educativas e influenciam o seu percurso. Isto traz como resultado um papel do Estado que fica
relativizado devido a heterogeneidade dos atores, o que torna a acção pública sensível.

Podemos afirmar que as políticas públicas servem para objetar a ação pública, quer nas suas
determinantes, finalidades, procedimentos e consequências.(Faure; Pollet & Warin, 1995a). Desta
forma, a acção pública engloba as políticas públicas e provoca alterações tanto nas perspectivas
como no foco dessas mesmas políticas, porque: a) há uma ampliação dos contextos de ação e de
atores; b) rutura com visões lineares e verticais das políticas públicas.

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Em suma, poderemos definir que a política educativa (que se encontra num referencial setorial
social) é um dispositivo que organiza relações sociais específicas entre a autoridade pública
(Ministério da Educação)e os seus destinatários (Professores). Temos visto, ao longo destes últimos
anos, mudanças na educação pública em Portugal em que esta sofreu, directa ou indirectamente,
influências de vários contextos políticos e culturais. Assim, a ação pública se baseia numa análise
de compreensão das políticas educativas, onde se exige a exploração dos contextos sociais,
políticos, económicos, culturais e ideológicos. Estas dimensões são abordadas como componentes
de uma dinâmica social, onde poderão ser produzidas e realizadas inovações sócio-políticas em
educação.

Figura 1- ‘O “pentágono” da ação pública (Retirado de Lascoumes e Le Galés, 2012)

1.2. Apresentação breve

Antes de entrar neste segundo ponto, considero essencial definir o conceito de regulação.
Apesar de haver várias definições, isto é, ser um conceito com uma pluralidade de significados,
optei pela definição de Barroso (2005), que afirma que a regulação é “um processo constitutivo de
qualquer sistema e tem por principal função assegurar o equilíbrio, a coerência, mas também a
transformação desse mesmo sistema”.

a) Níveis e modos de regulação

Barroso (2006) classifica os níveis de Regulação de forma tripartida:

Regulação Transnacional ou Supranacional - Esta regulação não é feita de forma direta,


isto é, ela não é imposta sobre outros atores mas sim de forma indireta, como por exemplo através
de diretrizes, manifestos, discursos, forúns de decisão ou consultas. Esta influência irá fortemente
influenciar os políticos ou outros decisores nacionais, em que estes a irá transformar em normas
nacionais para o funcionamento das instituições (Barroso, 2006). Temos como exemplo o projeto
PISA.

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Regulação Nacional - As autoridades públicas realizam a coordenação, controlo e


influência sobre o sistema educativo através de ‘normas, injunções e constrangimentos’ (Barroso,
2006). Neste tipo de regulação podemos encontrar um “efeito de hibridismo”, sobrepondo lógicas e
práticas díspares, no traçar de uma ação política. (exemplo: discurso político a favor da
descentralização e, no outro polo, a permanência de ações de centralização).

Regulação Local - Interação entre os atores locais. Resultam de confrontos, negociações,


estratégias, quer verticalmente (administradores/administrados), quer horizontalmente (diferentes
ocupantes de um mesmo espaço inter e intradependente, do ponto de vista organizacional) em que
influenciam a política educativa. Exemplos: Câmaras Municipais, Direções Regionais de
Educação, entre outros.

O objetivo destes níveis é responder às necessidades específicas das diferentes regiões. A


descentralização pode dar uma resposta mais clara às necessidades específicas de cada região, ao
passo que uma direção nacional ou transnacional pode proporcionar diretrizes gerais para orientar o
sistema educacional como um todo.

Este autor aborda os Modos de Regulação :

O Modelo Burocrático (Priori) representa a conformidade normativa, com atribuição de


recursos e inspeção. Até aos finais dos anos 80, do século passado, esta regulamentação baseava-se
em dois atores: Estado - Professores e fundamentava-se na regulação estatal e burocrática. Por
outras palavras, ela é hierárquica, autoritária, e apresenta controlo na ação sobre os outros. Por
exemplo, o regulamento interno das escolas (Barroso et al., 2007).

O Modelo Pós-Burocrático (a posteriori) é a valorização dos resultados e da eficácia, em


oposição da racionalidade da norma (Maroy, 2011, p.32). O mesmo autor afirma que este modelo
assenta em dois principios, que são: a) o ‘Estado Avaliador’ com o objectivo “de melhorar as suas
práticas e resultados” (Maroy, 2011, p. 33). O grande objetivo é a convergência dos países para
este modelo, mas divergências naturais podem dificultar este processo e são descritas por Barroso
como “especificidades nacionais”; b) regulação quase mercado, onde o Estado delega, certa
autonomia, nos estabelecimentos educativos (Maroy, 2009, p. 76). Também quer orientar as ações
mas é a posteriori pois depende dos resultados que surgir das políticas públicas. Resumindo: O
controlo a priori, pelas normas, é substituído pelo controlo a posteriori, pelos resultados (Barroso,
2013).

Atualmente, temos um terceiro modo de Regulação - Neo-Burocrático - em que a sua


principal característica é o uso e domínio das novas tecnologias nos modelos burocrático e pós
burocrático. Este uso tem a finalidade em aperfeiçoar a máquina burocrática da Administração
devido á complexidade cada vez maior do sistema.

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b) As três entradas analíticas das políticas públicas

As três entradas analíticas das políticas públicas baseiam-se em: Atores, Instituições/
Dispositivos e Representações/Referenciais. No que respeita aos atores envolvidos nas políticas
públicas, têm um carácter heterogéneo. São indivíduos, grupos ou organizações que exercem um
domínio direto ou indireto sobre determinado assunto/política, em períodos de tempo diferentes.
São estes atores diversos que influenciados por interesses, ideologias e vários objetivos que muitas
das vezes leva a conflitos entre os pares e que mais tarde nasce as várias políticas publicas que
conhecemos hoje. É importante numa análise de uma política publica distinguir os atores públicos e
privados. Os atores públicos são os que exercem funções públicas, temos por exemplo os políticos.
No setor privado temos os empresários. Estes atores, que podem ser individuais ou coletivos,
exercem uma grande influência nas políticas públicas porque são os que produzem, são os que
estão nos centros de decisão dos sectores da atividade económica. Estes atores privados podem
constituir lobbies para pressionar os atores públicos. Outros atores que podemos encontrar, são os
trabalhadores em que podem constituir sindicatos, como haver a concertação social e a contratação
coletiva, o que pode levar a alterações nas políticas publicas. Os atores internacionais também
influenciam os atores nacionais, como por exemplo o Banco Mundial, a OCDE. E por fim, não nos
podemos esquecer de outro ator importante que são os média. Estes últimos não são menos
importantes que os outros atores citados, porque têm a capacidade de alterar a ação de outros
atores: por exemplo a televisão, os jornais que podem canalizar as opiniões das massas populares.
Toda a influência que cada ator pode ter numa política pública é causada pelo nível, momento e
recursos em que esses atores se encontram.

Em relação aos referenciais ou representações como é definido por Lacoumes; le Galès


(2012, p.46) são os ‘espaços cognitivos e normativos que dão sentido às suas ações (dos atores), as
condicionam e as refletem’. Muller analisa os referenciais de uma forma mais profunda. Na sua
definição, ele considera um referencial como “um espaço de sentidos que permite ver o
mundo” (MULLER, 1995, p. 158), isto é, é a forma como a realidade é vista. Assim, temos, por um
lado, os problemas que a(s) política(s) pode(m) ter e, por outro lado, as soluções que se pode ter
para a resolução desses problemas. Vemos uma descodificação da realidade, em que é analisada em
4 variantes, segundo Muller (2004): 1- Valores (como a ação pública é vista de forma global e a sua
relação entre equidade e eficácia); 2- Normas (o que se quer e o que deve ser); 3- Algoritmos (a
casualidade que pode levar a uma teoria de ação); 4- Imagens.

Muller identifica dois referenciais: o global e o setorial. O referencial global é “[...] a


representação que uma sociedade faz da sua relação com o mundo num dado
momento” (MULLER, 2004, p. 65). Enquanto que o referencial setorial diz respeito a uma parte da
sociedade, por exemplo, a Educação.

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Nas instituições/dispositivos é onde podemos analisar os instrumentos da ação pública


(IAP) que são definidos como “dispositivos técnicos/social que organizam relações sociais
específicas entre o poder público e seus destinatários em função das representações” Lascoumes,
Pierre; Le Galès (2004). Há a necessidade do apoio destes recursos, normas e regras que são dados
pelas instituições, apesar de restringirem a acção dos atores. Os seus objetivos é criar a
materialização e operacionalização da ação dos atores (Estado, por exemplo), isto é, são realizados
os resultados diretos e concretos da política. Podemos encontrar vários tipos de IAP, tais como,
legislativos, convencionais, científicos, económicos, de boas práticas, entre outros. É importante
salientar que estes instrumentos da ação pública não são neutros, porque tem a característica de
serem atuantes, isto é, têm uma vida própria dada pelo uso de cada ator. Esta implementação pode
ser realizada de duas formas, segundo Sabatier (1986): Top-Dow e Bottom-Up. Na prática, o mais
comum é um sistema híbrido destes dois tipos de implementação. Estes instrumentos originam
incertezas nas relações de força, isto é, privilegiam certos atores em detrimento de outros atores.
Lascoumes & Le Galés também afirmam que os dispositivos “criam incertezas, sobre os efeitos
das relações de força, conduzem a privilegiar certos atores e interesses e a afastar outros,
constrangem os atores e lhes oferecem recursos, e veiculam uma representação dos problemas”.
Estas formas de interação são os processos das múltiplas atividades de mobilização dos atores
individuais e coletivos.

Com base nos pressupostos anteriormente analisados irei apresentar a análise da


política pública por mim escolhida - Programa Rede das Bibliotecas Escolares (PRBE).

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Programa Rede das Bibliotecas Escolares (PRBE)

2. Análise de uma política em Educação sob a perspetiva da ação pública

O tema que irei apresentar é sobre a política ‘Programa Rede das Bibliotecas Escolares’
(PRBE) que teve como objetivo inicial “instalar e desenvolver bibliotecas em escolas públicas de
todos os níveis de ensino, disponibilizando aos utilizadores os recursos necessários à leitura, ao
acesso, uso e produção da informação em suporte analógico, eletrónico e digital” (Portugal,
2017). Desta forma, podemos afirmar que o PRBE é uma articulação entre a RNBP (Rede Nacional
das Bibliotecas Públicas), RBE (Rede das Bibliotecas Escolares) e as bibliotecas do ensino
universitário. A meta da política foi uma melhoria na educação e reduzir o insucesso e abandono
escolar.

2.1. Programa Rede das Bibliotecas Escolares (PRBE)

O Programa Rede das Bibliotecas Escolares surge através dos Ministérios da


Educação e da Cultura (despacho conjunto n.º 184/ME/MC/96, de 27 de Agosto), criado em
dezembro de 1995 e lançado em 1996, por um grupo de trabalho, em que o principal objetivo era
incentivar a hábitos de leitura. Assim, focou-se em quatro grandes áreas: primeiro, ser um
programa que fosse extensivo a todas as escolas nacionais; segundo, estimular as escolas a
concorrerem a programas para a constituição de bibliotecas, entre dois a quatro anos; terceiro,
incentivar e apoiar escolas com menor capacidade para estarem incluídas neste programa; quarto,
as bibliotecas serem vistas por alunos, professores e pais como um instrumento fundamental para o
conhecimento. Os seus principais instrumentos para este objetivo é a disponibilização de recursos
necessários à leitura, ao acesso, uso e produção da informação em suporte analógico, eletrónico e
digital. Começou a abranger, entre 80 a 100 escolas1. A condição prioritária, inicialmente, destas
escolas era estarem fora dos grandes centros urbanos, com bibliotecas municipais perto e com o
apoio das câmaras municipais.

Em 2009, a Portaria n.º 755/2009, de 14 de Julho (atualmente Portaria 192-A/2015, de


29 de junho) faz surgir a figura do professor bibliotecário, com o objetivo de criar uma estrutura
inovadora, funcionando dentro e para fora da escola. Em 2016, já existia 2426 bibliotecas escolares
e 1301 professores bibliotecários. Com a Estratégia Europa 2020, o seu objetivo alarga-se e as suas
linhas prioritárias de ação é “da saída precoce dos sistemas de ensino e formação e para a
melhoria das habilitações literárias e qualificações da população portuguesa” como “elevar os
resultados das provas nacionais de português e matemática” e “reduzir as taxas de retenção e de
desistência”. (Portugal , 2023, p.7).

1 O modelo organizacional e de gestão das escolas modificou-se. Hoje em dia, temos os Agrupamentos, como se tem
assistido ao desfecho de escolas nacionais. Estes dois fatores contribuem por uma diminuição de bibliotecas escolares.

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2.2. Análise da política

a) As representações/referenciais inscritos no PRBE

A ideia de um programa de Rede das Bibliotecas Escolares surge como necessidade de


saber qual será o novo papel da educação, das escolas e do Estado na nova sociedade que estava a
emergir nos inícios anos 90 dos século passado. Era uma sociedade onde a população portuguesa
encontrava-se nos países da Europa com menos hábitos de leitura. Com a nossa entrada na
Comunidade Europeia em 1986, urge a necessidade dos cidadãos saberem enfrentar melhor os
desafios das sociedades modernas: por exemplo, uma medida tomada foi a escolaridade obrigatória
até ao 12º ano. É neste contexto que surge o programa de Rede das Bibliotecas Escolares (PRBE).
Desta forma, em meados da década 90 do século passado, há uma preocupação nos hábitos de
leitura sobre os portugueses, como na formação de leitores críticos e competentes (literacia de
leitura). Como vivemos numa sociedade que está numa dinâmica constante, vai resultar exigências
cada vez maiores nas suas populações e o ‘saber ler, escrever e interpretar’ torna-se insuficiente,
pois é cada vez mais evidente a revolução tecnológica e digital. Há a necessidade de ir mais longe,
principalmente com as recomendações de referenciais internacionais da União Europeia Plano para
a Educação Digital), IFLA (Ensino e aprendizagens para todos) e IASL (Declaração de Política da
IASL sobre Bibliotecas Escolares).

Deste modo, o referencial da literacia da Leitura se ‘transforma’, numa primeira fase


(2012), no referencial Aprender com a Biblioteca escolar. Primeiro para a educação do 1º, 2º e 3º
ciclo. A influência da OCDE com o seu projeto PISA é notária nos vários países e Portugal não é
excepção. E mais tarde, o referencial é revisto em 2017, e passa a abranger a pré-escolaridade e o
12º Ano. Desta forma, o segundo referencial (que é o referencial anterior revisto e completado) tem
o seu foco em três grandes áreas ou literacias: Leitura, Média e Informação. Os objetivos deste
referencial é a igualdade, a inclusão social, entre outros. Para que esses objetivos sejam alcançados,
as bibliotecas são fundamentais porque são espaços de excelência dentro das escolas. Este último
referencial conta com a ajuda de dois instrumentos de apoio, que são: 1-Aprender com a biblioteca
escolar: atividades e, 2- Guia Orientador - Aprender com a biblioteca escolar: programa para o
desenvolvimento de literacias. A figura do professor bibliotecário ganha cada vez mais importância
o que prova a emergência local desta política. As bibliotecas escolares, nesta altura, já estão
constituídas em rede (daí o surgimento de um novo ator que é o coordenador interconselhio), há
uma forte influência destas literacias nos currículos das disciplinas, que leva ao objetivo principal :
o sucesso escolar.

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b) Atores envolvidos

Os atores que, participam na formação de políticas públicas, são diversos. O Programa


RBE, hoje em dia, está associado a uma filosofia de Rede, com o qual mantêm parcerias com
diferentes agentes educativos, poder local e sociedade civil.

Os atores transnacionais: O Banco Mundial (BM) tem como finalidade diminuir a


pobreza através, por exemplo, de construção de escolas/Bibliotecas - financiamentos de projectos
educativos. Daí, ser visto como um ator mundial da educação e reguladora na educação mundial; A
Organização Mundial do Comércio (OMC), apesar de estar mais ligada ao comércio propriamente
dito, o mercado educativo, principalmente o privado, é um mercado de grande competição que
pode levar a que a educação per si não seja tida em conta mas sim o lucro que esta pode trazer - daí
a necessidade de elaboração de legislações; a Organização das Nações Unidas com a sua Agenda
2030, aborda o desenvolvimento sustentável (social, económico, ambiental), a paz, a justiça e
instituições eficazes; a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) em
que promove a leitura nos países que a constitui. Isto, pelo fato, de constatar o quanto é
fundamental ter hábitos de leitura (PISA, por exemplo); A UNESCO reforça a importância da
biblioteca pública na educação e como uma das bases para haver paz e bem-estar mental; a União
Europeia está muito virada para o futuro digital da Europa e em programas educativos; a Federação
Internacional de Associações de Bibliotecários e Instituições (IFLA), preocupa-se com o
desenvolvimento social e pessoal como vê nas bibliotecas um instrumento para a mudança nas
várias sociedades. É ao IFLA/UNESCO Library School Manifesto (UNESCO, 1999) que as
bibliotecas escolares têm o documento internacional mais importante para a sua constituição e
formação; IASL (International Association of School Librarianship), tem como principal objetivo o
diálogo internacional como repartir entre os vários centros de formação, programas de bibliotecas
escolares; EBLIDA (The European Bureau of Library, Information and Documentation
Associations), levar a participação das populações nas bibliotecas.

Os atores nacionais iremos encontrar o Ministério da Educação e da Cultura, em que


prepararam toda a legislação nacional com o objetivo da leitura para toda a população e de
combater o insucesso escolar; Gabinete da Rede Bibliotecas Escolares (RBE), com o propósito de
garantir a qualidade das bibliotecas; Ministério da Educação e Ciência (MEC), Direção-geral dos
Estabelecimentos Escolares. A Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB)
tem a finalidade da execução da política nacional das bibliotecas públicas e articular com as
autarquias locais.

Os atores regionais/locais: São todos os atores que põem em prática todo o modo
burocrático do programa de redes de bibliotecas escolares:

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Níveis Atores
Banco Mundial (BM)
Organização Nações Unidas (ONU)
Organização Mundial do Comércio (OMC)
Organização Cooperação Desenvolvimento Económico (OCDE)
Transnacional Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO)

International Federation of Library Associations and Institutions (IFLA)


International Association of School Librarianship (IASL)
European Bureau Library Information Documentation Associations (EBLIDA)
Ministério da Educação e Ciência
Ministério da Cultura
Gabinete da Rede da Educação e Ciência
Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares
Nacional Rede Nacional de Bibliotecas Públicas
Direção -Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB)
Gabinete de Estatística e Planeamento da Educação (GEPE)
Direcção-Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular (DGIDC)

Níveis Atores
Autarquias
Bibliotecas municipais
Serviço de Apoio as Bibliotecas Escolares (SABE)
Fundações
Universidades
Local Centros de formação
+ Escolas
Individuais Comunicação social

Professores
Alunos
Funcionários não docentes das escolas e agrupamentos

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c) Os dispositivos de regulação mobilizados

É com os instrumentos da política pública que vemos a implementação das mesmas na


sociedade e onde se pode classificar o seu sucesso ou insucesso. Numa primeira fase, podemos ver
com o Despacho Conjunto nº43/ME/MC/ 95 de 29 Dezembro, onde o objetivo é combater a falta
de hábitos de leitura no povo português. É constituído um grupo de trabalho para a análise literária
da sociedade portuguesa que irá apresentar propostas de soluções, tais como a utilização do livro
no ensino e constituição de bibliotecas em rede. Houve a necessidade de ir buscar ou influenciar-se
nas recomendações feitas pela UNESCO, por exemplo, em que esta organização salientava a
importância das bibliotecas na literacia dos alunos e, desta forma, para o desenvolvimento cultural
da população portuguesa. Assim, o grupo de estudo chegou à conclusão que seria importante a
criação de uma rede de bibliotecas com a mesma área geográfica para facilitar a troca de recursos,
entre outras sugestões. Foi querendo uma sociedade mais letrada que este programa de bibliotecas
escolares começa a ser financiado pelo PRODEP no final dos anos noventa do século passado.

Na Rede das Bibliotecas Escolares podemos ver os vários dispositivos, tais como,
recursos financeiros para dar suporte ao desenvolvimento dos programas para as bibliotecas
(PRODEP); criar condições para as escolas terem as suas bibliotecas atrativas para quem procura
conhecimento (programas, apoio técnico, livros,…); haver enquadramento jurídico para o bom
funcionamento da biblioteca (contrato de trabalho para o bibliotecário, ….); apoio às bibliotecas
por parte da autarquias (através do seu orçamento autárquico) , entre outros. As plataformas
digitais, cada vez, estão a ganhar maior importância como a renovação do Plano Nacional de
Leitura. Este programa de rede de bibliotecas não se ficou somente nas escolas públicas como
também pretendeu expandir-se para as escolas com contrato de associação com o MEC e a
instituições particulares de solidariedade social. Daqui vemos, um alargamento do âmbito da
política com vista a chegar a vários setores da população.

Modos Níveis Tipos de Dispositivos * Dispositivos


1- Legislativo e de Regulamentação Diretrizes

2- Convencional e Incitativo Manifestos (UNESCO/IFLA/IASL):


*Policy Statement on School
*Manifesto da Biblioteca Escolar
Transnacional
3- Normas e padrões de boas práticas Libraries Recomendações (UNESCO/IFLA)
Resoluções (IFLA)

4- Informativo e Comunicativo Seminários (OCDE/UNESCO)


Burocrático 5- Económico e Fiscal UE (PRODEP)
1- Legislativo e de Regulamentação Legislação

2- Convencional e Incitativo Programas interministerial


Projetos: a Ler+; Ler+Jovem; Ler é para já

Nacional Relatórios
3- Informativo e Comunicativo Inquéritos (GEPE)

4- Normas e padrões de boas práticas Plataformas digitais

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Programa Rede das Bibliotecas Escolares (PRBE)

Programas
Apoio Técnico
Pós- Formações dos professores
Burocrático 1- Normas e padrões de boas práticas Livros
Locais Documentos de suporte digital
Enquadramento jurídico

TIC: Blog, site, …


Neo-Liberal

* Lascoumes & Le Galès (2007)

3. Notas Finais

Atualmente, a sociedade exige cada vez mais novas competências aos futuros cidadãos e
que estes tenham cada vez mais um papel de intervenção na sociedade. As bibliotecas, ao longo dos
tempos, foram mudando a sua missão perante a sociedade: de um serviço passivo e fechadas em si,
onde se aglomerava livros e documentos passam a ser locais abertos, com vários intervenientes e
tendo as novas tecnologias de informação e comunicação ao seu serviço. É cada vez mais vital a
existência de bibliotecas escolares na vida pedagógica das escolas ( Pereira, 2007). Desde o
surgimento da Rede de Bibliotecas Escolares, verificou-se (apesar com algumas limitações) que as
escolas têm-se renovado como têm ajudado os professores nas suas práticas pedagógicas. Podemos
afirmar, tendo por base o estudo das políticas educativas e desempenho de Portugal no PISA, a
dinamização das redes bibliotecas e o desenvolvimento das redes de bibliotecas intermunicipais
como as municipais com vista a literacia da população portuguesa, de novos hábitos de leitura, de
investimento nas instalações e na formação nos recursos humanos.

Citando Barroso (2013), é fundamental falarmos sobre o ‘local’ para melhor compreender o
sucesso/insucesso de uma política pública. Ele define o ‘local’ como um espaço onde há várias
multirregulações desde a ‘regulação transnacional, o hibridismo da regulação nacional, o
alargamento da regulação intermédia (desconcentração e descentralização), a emergência de
espaços de regulação resultantes da interdependência das escolas, a diversidade de lógicas na
regulação interna das escolas’. É no local que podemos analisar sobre as relações de controlo e de
autonomia. Nas relações de controlo, podemos ver a forma indireta que os atores internacionais
fazem nos atores nacionais. Temos, por exemplo, o projeto PISA da OCDE em que as diretivas não
são impostas diretamente mas que o Estado português se vê obrigado a seguir para não ficar em
níveis menos positivos se comparados com os outros países da organização internacional. Em
qualquer política pública, estes dois tipos de relações estão, atualmente, de mãos dadas e na política
em estudo (PRBE) não é diferente, e passo a analisar:

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Programa Rede das Bibliotecas Escolares (PRBE)

Quando falamos do modo burocrático no PRBE, é conveniente analisar os vários níveis da


regulação. Ao nível da regulação transnacional, o Manifesto para as Bibliotecas Públicas da
UNESCO (1949), salienta a criação da biblioteca pública onde todos têm acesso à informação e ao
conhecimento de forma equitativa (Gardner, 1971, p. 17, citado por Parreira). A nível nacional, não
nos podemos esquecer que o grau de especificidade das normas de um país é direcionado pelo seu
enquadramento jurídico. Assim, o Programa Rede de Bibliotecas Escolares teve uma série de
despachos conjuntos de ambos os Ministérios da Educação e da Cultura (articulação de ambos os
ministérios), onde se criou um grupo de trabalho para diagnósticos e propostas de intervenção
sobre as bibliotecas escolares, em que originou o documento “Lançar a Rede de Bibliotecas
Escolares (Veiga e outros, 1996), com base nas orientações da UNESCO. Todo este programa
(1996) tinha o propósito da criação de uma Rede de Bibliotecas Escolares em todo o ensino
público, básico e secundário e esteve a cargo do Ministério da Educação.

Com o exposto, consegue-se analisar que o modo burocrático tem uma relação de controlo
sobre a política pública das bibliotecas escolares. Enquanto, que o modo burocrático das entidades
transnacionais é um controlo ‘disfarçado’ em que são usados instrumentos como orientações e que
nas entidades nacionais, esses instrumentos, são transformados em Leis, Decreto-Leis, Despachos-
Conjuntos entre outros.

Nos anos 80, a descentralização da educação, em Portugal, tornou-se uma realidade. Um dos
grandes objetivos foram as decisões de proximidade. No nosso caso, essa proximidade esteve
revestida pelo dispositivo ‘devolução’, em que neste tipo de descentralização encontramos uma
transferencia de responsabilidades para unidade locais do território que se quer, dando-lhe uma
autonomia considerável. Como já foi referido anteriormente, o modo pós burocrático aposta na
valorização dos resultados e da eficácia. Assim, a partir dessa década, começamos a ver uma
expansão das áreas de intervenção das bibliotecas escolares; o papel do professor bibliotecário é
revisto, o que lhe permite ser um instigador das práticas pedagógicas e didáticas; as novas literacias
pedem formações mais exigentes até então; novas formas de hábitos, onde a tecnologia está
incluída, para a criação de novos saberes; medidas para não haver abandono escolar ou
infoexclusão, …Cada vez mais, as bibliotecas escolares são vistas como recursos auxiliares para o
grande objetivo educativo: criar na população hábitos de leitura e resultados nos conhecimentos.

Devido a toda esta transformação e complexidade da sociedade, o modo neo burocrático está
a ganhar cada vez mais importância. Para além das alterações nas tipologias da construção escolar
e no mobiliário, vemos um sistema de informação e comunicação eficaz onde os professores
bibliotecários, as escolas e as autarquias se comunicam: Existência de um blogue, newsletter,
existência de catálogos bibliográficos, base de dados, entre outros . A formação aos formadores/
professores, na área das bibliotecas escolares, também é uma aposta deste programa de rede das
bibliotecas escolares. Por um lado, é necessário dar resposta aos novos desafios que nos chegam,
onde a rede das bibliotecas escolares está incluída, daí a necessidade de lhe incutir recursos e

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Programa Rede das Bibliotecas Escolares (PRBE)

apoiá-la na pesquisa do conhecimento, o que revela um desafio. Por outro lado, esta regulação pode
ser vista como um controlo indireto por parte dos atores transnacionais, nacionais e locais.

Em género de conclusão, todos os modos de regulamentação estão com o mesmo objetivo


que é o sucesso escolar. Mas nos dois últimos modos referidos e analisados, podemos ver que
existe uma relação mais autónoma do que de controlo (apesar de também existir mas não com a
mesma intensidade) das bibliotecas escolares com a tutela central (Ministérios da Educação e da
Cultura), fruto da descentralização. Assim, no modo pós burocrático a sociedade é cada vez mais
exigente, cada vez mais se transforma e assim, as escolas estarem viradas para os resultados da
educação. Fato em que essas mesmas escolas, terão a necessidade do papel ativo das ‘suas’
bibliotecas escolares. Devido a toda esta exigência, as bibliotecas escolares, através das novas
literacias, procuram a melhoria das aprendizagens e do trabalho escolar; de novas formas de
aprendizagem escolar; e da optimização dos trabalhos que levam a resultados e impactos na
qualidade dos serviços da biblioteca escolar. Para complementar esta regulação pós burocrática,
vemos o modo neo-burocrático a ganhar cada vez mais importância devido a revolução tecnológica
em que assistimos diariamente. As novas literacias que encontramos no referencial- Aprender com
as Bibliotecas escolares- encontram nas bibliotecas escolares, os seus grandes aliados para o
sucesso educativo, em que a literacia digital passa por todas as literacias que se consideram
importantes para o sucesso escolar.

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Programa Rede das Bibliotecas Escolares (PRBE)

4. Referências bibliográficas

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dinâmicas e atores. Lisboa: EDUCA

- Barroso, J. (2012). A emergência do local e os novos modos de regulação das políticas


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n.º137/2012, de 2 de julho - Aprova o Regime de autonomia, administração e gestão das
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Programa Rede das Bibliotecas Escolares (PRBE)

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