Meu Doce Mafioso (Serie Meu Maf - Julia Menezes

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Esta é uma obra de ficção.

Nomes, personagens, lugares e


acontecimentos descritos, são produtos de imaginação do autor. Qualquer
semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é mera coincidência.

Capa e formatação: julia menezes


Revisão inicial: Renata Gomes
Revisão final: Márcia Leão

Esta obra segue as regras do Novo Acordo Ortográfico.

Todos os direitos reservados.


São proibidos o armazenamento e/ou a reprodução de qualquer parte
dessa obra, através de quaisquer meios — tangíveis ou intangíveis — sem o
consentimento escrito da autora.

A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela lei nº.


9.610. De Fevereiro de 1998 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.

Edição Digital | Criado no Brasil.

"Esse livro é escrito pelo ponto de vista dos protagonistas, retratando


suas falas e percepções, assim, apesar de seguir as normas do novo acordo
ortográfico da língua portuguesa, a maior parte é escrito em linguagem
coloquial e com uso de gírias e expressões idiomáticas."

Copyright © Julia Menezes


2º edição
SUMÁRIO
PRÓLOGO
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
PARTE 2
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
EPÍLOGO
A todos que acreditam que o amor pode superar as diferenças e nos
transformar em seres humanos melhores.
Você me fez experimentar algo
Que não posso comparar a nada
Que eu já conheci, e tenho esperança
Que depois dessa febre eu sobreviverei
Sei que estou agindo feito louca
Estou presa, tudo meio nebuloso
Com a mão no coração, estou rezando
Para sobreviver a isso tudo
The Heart Wants What It Wants - Selena Gomez
PLAYLIST
Aqui temos algumas músicas que me inspiraram a escrever os
capítulos, principalmente as duas primeiras que são as trilhas sonoras do
casal Jarina, espero que vocês gostem e sintam-se a vontade ouvindo
enquanto leem.
Elastic Heart — Sia
The Heart Wants What Is Wants — Selena Gomez
Hands To Myself — Selena Gomez
Same Old Love — Selena Gomez
Into You — Ariana Grande
I Love It — Icona Pop (feat. Charli XCX)
Habits — Tove Lo
Talking Body — Tove Lo
Dangerous Woman — Ariana Grande
I Hate U, I Love U — Gnash feat. Olivia O’Brian
Kiss Me — Ed Sheeran
Unstoppable — Sia
Titanium — David Gueta feat. Sia
Say Something — A Great Big World feat. Christina Aguilera
Losing Your Memory — Ryan Star
You And Me — Lifehouse
Love Me Like You Do — Ellen Goulding
We Don’t Talk Anymore — Charlie Puth feat. Selena Gomez
Mercy — Shawn Mendes
Elastic Heart - Sia (version Piano)
AGRADECIMENTOS
Primeiro de tudo quero agradecer a Deus por tornar esse sonho
possível. Quando comecei a escrever Meu Doce Mafioso eu sentia que seria
algo diferente, algo único. Queria passar o sentimento dos personagens o
mais cru possível, com suas falhas e imperfeições. Que podemos errar sim e
nos arrepender de uma decisão. A perfeição não existe, mas as segundas
chances sim!
Obrigada a todas que estiveram comigo nesse projeto. Quero
agradecer, principalmente, as minhas leitoras que aguentaram os meus surtos
e as minhas crises de maldade (mentira, sou boazinha). As meninas dos
grupos do facebook (Romances da Julia Menezes) e do Whatsapp por me
darem a maior força e todo o incentivo que eu preciso, por acreditarem em
mim. Vocês sabem quem são, não seria justo citar algumas e outras não.
Obrigada por estarem sempre comigo. Amo todos vocês!
Com amor!
Julia Menezes
PARTE 1
O elástico pode se esticar até certo ponto antes de romper, assim
como o amor.
— Julia Menezes
PRÓLOGO
PRESENTE
CARINA
O que vai ser de mim agora? Estamos por um fio de desabar. Já não
somos mais os mesmos, muitos segredos e as omissões destruíram tudo.
Como vamos suportar as verdades quando estamos soterrados de mentiras e
intrigas? Como vamos suportar a verdade se já não nos reconhecemos? Eu
ainda o amo, mas o amor não é tudo. Sinto a sua falta desde antes de sair.
Como vou suportar viver sem ele, se eu o respiro? Meu coração bate só por
ele, mesmo que esteja quebrado em mil pedaços, e não tenha cola que o cole,
a única coisa que pedi era a verdade por mais doloroso que fosse.
— Carina você precisa dizer algo. — Jace Donavan, meu amor, falou
com a voz entrecortada. — Você precisa me ouvir.
— Eu não sei o que dizer — sussurrei com os olhos lacrimejados —
Mas sei que não quero ouvi-lo.
— Você não pode me deixar. — Ele gritou e jogou a cadeira contra a
parede.
Estremeci, mas não de medo. Foi pela dor que eu vi em seus olhos.
— Foi isso que eu disse a você... e o que fez, meu anjo? — Lágrimas
caiam embaçando minha visão.
Peguei minha mala com o resto das minhas coisas e sai pela porta sem
olhar para trás, pois sabia que se olhasse eu não teria forças para deixá-lo.
JACE
Vi Carina abrindo a porta e me deixando, meu coração sangrava. Ela
estava pálida, abatida e me pareceu mais magra, mesmo com toda a luta que
eu fiz para poder ser digno dela, mesmo me afastando, eu ainda pensava nela,
mesmo a deixando, eu voltaria, eu prometi e ela não acreditou. Me implorou
para não a abandonar, mas o que eu posso fazer? É errado eu querer ser digno
dela? Um homem digno sem sangue nas mãos a cada abraço, sem pesadelos,
sem demônios? Ela não acreditou nas minhas palavras, mas eu acreditei por
nós dois. Quando as coisas chegaram a esse ponto? Quando Carina deixou de
confiar em mim, confiar no meu amor? Quando Carina perdeu o brilho dos
olhos ao me ver, quando isso aconteceu?
Joguei a mesinha que Carina comprou contra a parede[ML1] e ela
quebrou em mil pedaços, atirei na minha televisão, atirei no sofá, que tantas
vezes ficamos juntos, tudo que importava era tê-la comigo. Por fim me joguei
no chão, eu estava quebrado, destruído, gritei com toda a minha dor. Eu a
queria comigo a vida toda, eu prometi que ela seria minha até meu último
suspiro.
Dominic invadiu o apartamento e me olhou, não falou nada só me
tirou do chão e me abraçou apertado, então novamente eu quebrei, o único
som do apartamento era dos meus soluços, causados pelo meu choro, pela
primeira vez eu chorei, chorei por toda a dor que eu tinha por ela ter me
deixado.
Nossa vida estava tão perfeita, como chegamos a isso? Ainda me
lembro de como tudo começou, um provável desastre, que deu certo.
Capítulo 1
PASSADO

Boston — Boate Abaixo de Zero


31 de Agosto de 2014
JACE
Bebo minha cerveja olhando para a pista de dança, mirando na
loira e na sua amiga de cabelos azuis, ambas chamam muita, muita atenção.
Ao meu lado Dominic está tenso olhando para a sua obsessão dançar. Isis
tinha uma beleza exótica que eu nunca tinha visto. Ela era alta, magra, mas
com curvas nos lugares certos, cintura fina, peitos e bundas proporcionais,
mas o mais importante eram seus olhos. Eles eram de cores diferentes,
heterocromia, como ouvi Dominic falar mais de mil vezes, um olho era azul e
o outro castanho, não podia negar que ela era gostosa, mas meu pau não sobe
por ela, ela pertence a meu amigo, meu melhor amigo, meu irmão.
— Relaxa Dominic, ela não vai fugir — resmungo rindo da
concentração do seu olhar para ela.
Quando Isis se perde na pista se embrenhando no meio de corpos
suados Dominic se levanta para segui-la, se vira para mim uma última vez me
olhando seriamente.
— Presta atenção na azul. — E vai caçando sua presa.
— Nenhum problema — murmuro bebendo minha cerveja.
Foco minha atenção na morena de cabelos azuis, Carina, a melhor
amiga de Isis. Ela está chamando mais atenção do que eu esperava, e ela não
parece se importar. Dança como se fosse a única coisa que importasse na
vida, seus cabelos coloridos se sacodem de um lado para o outro, ela tem um
sorriso no rosto, dança com os olhos fechados em seu próprio mundo. Ela
tem a beleza de uma sereia encantando a todos.
— Que gostosa. — Escuto Matt, o barman, falando. Olho para ele e
sigo seu olhar que leva direto a Carina, meu maxilar fica tenso.
Com a mudança de música eletrônica passa para uma mais sexy, ela
se vira de costas para mim e dança encantando todos a sua volta como se
tivesse nascido para isso. Sinto meu pau ficar mais duro ainda com essa
visão, mas nunca terei nada com Carina, ela é território proibido, além de ser
a melhor amiga de Isis, ela é muito nova para mim, uma criança. Uma criança
com corpo de uma atriz pornô e rosto de anjo.
Será que aquele corpo todo é natural? Como será que é seu corpo nu,
junto ao meu? Tento tirar esses pensamentos da minha mente, mas é
impossível não se sentir atraído por ela, o fruto proibido.
Pedi mais uma cerveja, o encarando de canto de olho, Matt na mesma
hora levantou as mãos em sinal de rendição e foi buscar minha cerveja, todos
tem medo de mim. Não posso bancar a babá bêbado, mas também não posso
olhá-la sem ter álcool nas veias, então vai de cerveja mesmo. Quando volto
meu olhar para a pista vejo um homem tentar levar Carina a força para algum
lugar, a mesma se debate para tentar se soltar, me levanto no mesmo instante
e antes de conseguir chegar, Isis aparece do nada empurrando o cara e o
encarando como homem, ela não teve medo nenhum. Procuro Dominic com
os olhos, vejo que ele chegará primeiro que eu, Isis tenta acertar o cara, mas o
miserável desvia, quando vai acertar um tapa nela, Dominic aparece e segura
a mão dele, Isis nos surpreendendo dá uma surra de tirar o ar, o cara desmaia
no chão com o nariz amassado, mas ela não para, continua com os socos e
chutes.
Olho para Carina que está com os olhos arregalados e lágrimas
começam a cair, eu chego perto e toco seu ombro para ver se ela se
machucou, então me abraça me pegando de surpresa se embalando em meus
braços. Com o salto sua cabeça fica no meu ombro, ela se aconchega a mim e
cai no choro, ela não teve medo de mim, só de me olhar as pessoas ficam
assustadas, ainda mais quando descobrem o que eu faço, mas não ela, não
Carina.
Depois de uns minutos sua respiração volta ao normal e ela se afasta
um pouco, somente para olhar para mim, estamos tão perto e minha vontade é
nada mais que beijá-la, ela me observa com seus olhos negros brilhantes, com
a maquiagem borrada, seu nariz está vermelho pelo choro, mas ela nunca
esteve tão bonita. Seus olhos caem para a minha cicatriz no rosto, mas ela
não estremece ou fica com medo, simplesmente sorri. Entretanto, como tudo
que é bom dura pouco, Isis a pega pelo braço e a puxa de mim, ela se vira
uma última vez antes de se perder na multidão e mexe os lábios carnudos
num obrigada. Eu sinto que eu estou fodido, mas eu quero Carina Taylor
Miller para mim.
CARINA
A cena da noite da semana passada ainda está na minha mente, cada
detalhe, foi a pior noite da minha vida, e ainda foi o último dia do meu
mêsversário, ou meu aniversário no caso, eu não comemoro o dia e sim o
mês, podem me chamar de esquisita, eu não ligo, pois no final do mês você
só teve uma festa, já eu, trinta e uma. Ainda não consigo acreditar no que
poderia ter acontecido comigo se Isis, minha melhor amiga, não tivesse
aparecido. Provavelmente estaria no fundo do rio, na melhor das hipóteses.
Outra cena que ficou na minha mente foi a de quando fui igual a uma maluca
abraçar um estranho... um estranho muito alto e forte, parecia uma muralha,
uma muralha cheirosa e gostosa... e com abdômen e braços definidos e...
tenho que parar de tarar as pessoas mentalmente, o amigo dele ajudava Isis a
bater no cara. Tomara que o desgraçado morra agonizando sozinho, me
arrepio assim que o pensamento surge, ainda me assusto quando eles veem.
Sempre fui da paz, uma boa menina como meus pais costumavam
dizer, quando eu fazia tudo que eles queriam. O melhor dia da minha vida foi
quando eu chutei o balde, larguei a faculdade e mandei todos se foderem, eu
realmente gritei, e isso resultou num tapa na cara que recebi do meu pai.
Minha mãe, como sempre tem que ficar no mesmo patamar dele, olhou para
mim com nojo dizendo que devia ter abortado para não ver todo seu trabalho
ir para o brejo, aí eu me pergunto, que trabalho? Quem cuidou de mim foram
sempre os pais de Isis, tia Anna e tio Colton, eles me trataram melhor que
meus próprios pais, mesmo tio Colton trabalhando a maior parte do tempo
ainda foi mais meu pai do que os meus de verdade, eles sempre me trataram
como parte da família.
Minha mãe sempre foi uma vaca egoísta e meu pai um robô que fazia
tudo que seus superiores queriam. Mamãe tentou me fazer como ela, ao invés
de ensinar a pular corda, ou a montar um quebra cabeça, quando eu era uma
criança, ela tentou me fazer uma arma, não uma espiã fodona como a Isis,
mas como uma arma de destruição, que não precisava sair de trás de um
computador. Mas eu me rebelei, eu queria ser bonita e ser vista, sair, me
divertir, não ficar envelhecendo atrás da tela de um computador como eles. E
eu posso dizer que nunca me arrependi das minhas escolhas.
Às vezes só precisamos nos aceitar do jeito que somos e ser felizes
sem ligar para o que os outros querem de você, ou vão pensar.
Fazer compras é a treva para mim, fala sério, não poderia ter um
aplicativo que você escolhe o que quer dentro de casa, com sua bunda no sofá
assistindo netflix? Não sei se existe, mas se não existir eu vou criar e ficar
rica, com certeza vou ficar nadando em dinheiro com esse aplicativo para
sedentários como eu. Escrevi correndo a lista de compras com minha melhor
amiga Isis Collins, minha letra ficou totalmente ilegível, ainda estou
decidindo se o terceiro item começa com s ou g, salsicha ou gelatina? Nunca
pensei que teria uma dúvida assim, mas tanto faz.
Conforme passava pelos corredores do Walmart colocava as coisas
que eu achava que precisávamos, sem olhar muito. Se Isis tivesse feito a lista
seria bem diferente, ela colocaria as marcas e o tipo. Eu não conseguia nem
fritar um ovo sem queimar a casa inteira. Não me dava bem com a cozinha,
mas uma coisa que eu era mestre era escolher biscoitos, parei no corredor já
sorrindo, para mim esse era o paraíso.
Estava tão distraída babando nos biscoitos que esbarrei em alguém,
quase cai de bunda no chão, se não fossem braços extremamente fortes me
segurarem. Seu perfume me foi familiar, levantei meus olhos e vi o cara da
outra noite, nunca iria me esquecer daquele rosto de anjo, exceto por uma
cicatriz em seu rosto que dava um ar misterioso e sombrio, nunca me
esqueceria daqueles doces olhos cinza. Ele tinha uma barba por fazer, seus
cabelos loiros escuros eram bem aparados, um pouquinho maior em cima,
parecia um soldado-gostoso-assustador se não fosse pelo sorriso que ele me
deu, mudando totalmente as suas feições, me fazendo derreter. Percebi que
ainda estava em seus braços, o encarando fixamente.
Minha cabeça estava bem virada para cima, porque ele parecia um
poste de tão alto, um poste delicioso que eu adoraria fazer um pole dance,
preciso de uma dose de vergonha na cara para parar com esses pensamentos.
Quem quero enganar, esses pensamentos tornam meus dias mais coloridos e
divertidos.
— Cara, eu devia ter vindo de salto — murmuro, divagando em voz
alta e logo me arrependo.
— Para o mercado? — Ele ergueu uma sobrancelha em diversão.
— Para ficar ao seu lado.
Ele me analisou por um minuto e logo depois abriu um sorriso que o
deixou ainda mais bonito, quando sorriu a fachada de mal foi totalmente
esquecida dando um ar doce a ele. O estranho vestia uma camiseta cinza de
manga e jeans, mesmo assim aposto que é um pecado ele parecer tão... tão...
não consigo descrevê-lo sem pensar na palavra delicioso. Meus olhos se
fixaram nos bíceps marcados pela camiseta, acho que definitivamente cinza
se transformou na minha cor favorita, sem poder me conter, lambo meus
lábios ainda o comendo com os olhos. Fui subindo o olhar vendo que ele me
olhava intensamente.
— Você quer sair para jantar comigo hoje? — Seu olhar prendeu o
meu, me fazendo ficar sem ar, ele realmente me chamou para sair? Já posso
morrer feliz.
— Eu adoraria. — Sorri por fora e por dentro eu dava estrelinhas,
provavelmente cairia porque eu não sei dar, já perdi as contas de quantas
vezes Isis tentou me ensinar. Novamente divagando.
— Você não devia aceitar sair com estranhos. — Ele cruzou os braços
e escondeu um sorriso. Se o estranho é um deus grego, sim, meu querido.
— Você não é um estranho... bem você até é, mas você me salvou...
bem não salvou, quem salvou foi minha melhor amiga, mas você me abraçou
com seus braços musculosos, devo dizer que foi o melhor abraço que já
recebi. — Sorri para ele que também sorriu, divertido por mim. Eu tenho que
parar de falar sem parar quando estou nervosa.
— Se ela não fosse tão rápida eu conseguiria dar o que ele merecia.
— Seu olhar se transformou em sombrio e assustador por um momento, com
certeza nunca quero vê-lo com raiva. Ele olhou para mim e deu um pequeno
sorriso. — Então o que você está comprando?
— Eu ainda estou tentando entender a minha letra. — Ri com isso. —
Escrevi com pressa e nem completei alguns nomes.
— Deixa eu ver, Pequena. — Ele pegou o papel da minha mão e
franziu a testa, o que me fez soltar outra risada. Fiquei ali parada admirando-
o, novamente. Espera ele me chamou de pequena? Acho que vou vomitar
arco-íris.
O estranho gato me ajudou a achar as coisas passando pelos largos
corredores, fizemos algumas piadas sem graça que me fizeram quase chorar
de tanto rir, sim, eu era do tipo que ria de qualquer coisa. Ele além de lindo
era carinhoso, fofo, e divertido, tudo de bom. Pegava ele roubando olhadas
para mim, foi um péssimo dia para vestir legging preta com um moletom com
a cara do Mickey dando dedo do meio, pelo menos estava com meus coturnos
pretos, e infelizmente estava sem um pingo de maquiagem, e com os meus
cabelos azuis sujos, presos num coque realmente bagunçado, uma verdadeira
tragédia da moda.
Chegamos ao caixa e ele insistiu em pagar, mesmo eu tendo bufado e
batido o pé, no fim ele venceu. Andamos até o meu carro lado a lado, olhei
para o céu sabendo que a chuva cairia a qualquer momento, minha respiração
saia fumaça de tanto frio e foi preciso manter minhas mãos dentro dos bolsos
do moletom para que não congelasse. Ele, muito prestativo, me ajudou a
colocar as compras dentro do carro. Outra coisa que eu gostei nele é que ele
sempre me olhava nos olhos, não nos meus seios, cabelos ou coxas, mas em
mim, ele olhava para mim, não através de mim.
— Obrigada. — Fiquei na ponta do pé e beijei seu queixo. — Sou
Carina. — Só então percebi que ainda não havíamos trocado nomes e já
estávamos juntos conversando há quase uma hora.
— Jace. — Ele pegou minha mão e beijou, me fazendo suspirar, e não
foi pelo frio. Trocamos o número e marcamos num restaurante no centro às
vinte e uma horas.
Jace, Jace, esse nome nunca vou esquecer e como diz uma música
brasileira, ai se eu te pego.

Cheguei em casa mais agitada que o normal, larguei as compras no


chão e corri para o meu quarto. Isis levantou os olhos do notebook e olhou
para minha cara com uma sobrancelha levantada.
— Tenho um encontro hoje. — Contei pulando na cama rindo.
— Qual a novidade? — Isis me olhou sem importância, eu tinha
muitos encontros, mas nós duas sabíamos que nunca passava disso.
— Ele é lindo. Foi ele que me abraçou semana passada enquanto você
matava o cara...
— Ele apareceu num passe de mágica na rua e te convidou para
jantar? Você não acha estranho? — Ela me cortou.
— Não foi na rua, foi no mercado. — Rolei os olhos.
— É claro, porque isso muda tudo. — Ela colocou as mãos na cintura
como uma mãe e por fim rolou os olhos.
— Se você visse o quanto ele é bonito, você nem ligaria para os
detalhes. — Suspirei.
Ela ergueu uma sobrancelha para mim.
— Tá bom, se vier a ficar sério, eu descubro. — Apontei para meu
notebook. — Sem problemas, agora me ajuda a escolher uma roupa e
penteado, preciso ficar totalmente PER-FEI-TA!
Por fim decidimos por uma calça jeans branca de cintura alta, saltos
pretos altíssimos, que tive que roubar da Isis, aquela mulher tem mais saltos
que eu, e todos de torcer o pé, adoro. A blusa eu escolhi a minha preferida, a
comprei há algum tempo, mas estava esperando a hora certa para usar, ela é
amarrada no pescoço, não deixando decote, manchada de preto e banco, e no
centro tem um olho azul com cílios grandes, deixa uma pequena parte da
minha barriga aparecendo, é perfeita. Isis o anjo da minha vida me ajudou
com o cabelo, escolhi um penteado mais chique para variar, Victory Rolls, um
penteado retrô, meu favorito. O penteado era fazer bobs com os dedos na
frente do cabelo e os colocar para trás como era usado nos tempos antigos,
em meu cabelo azul ficaram sensacionais, Isis ainda o completou com cachos
nas pontas.
— Amiga, agora quem está com inveja sou eu. — Isis me olhando dos
pés à cabeça. — Se eu, por acaso pegar a roupa, fizer isso no meu cabelo,
você vai perceber? — falou como quem não quer nada olhando as unhas
vermelhas e eu ri junto, dela.
— Fique à vontade, o que é meu é seu. Menos o gato.
Para maquiagem eu queria maior olhão e bocão, e tudo, mas Isis me
convenceu a algo mais leve. Optamos pelo olhar mais centrado nos cílios,
passamos bastante máscara, me sentia uma boneca na mão dela e eu estava
adorando. Na sombra passamos dourado e branco, que sumia na minha pele,
um pouco de blush para dar uma cor depois do contorno estilo Kardashian

me ajoelhei - mas minha calça iria sujar - e agradeci aos céus por terem
que eu amava. E para completar, o melhor da noite, o batom vermelho. Quase
inventado essa cor maravilhosa. Isis é maluca por essa cor e tem milhões de
tons diferentes, o que me fazia economizar muito já que usava os delas.
Estou pronta e hoje Jace não me escapa.
Capítulo 2
JACE
A vadia já não dava mais conta, tudo o que eu pensava era na
baixinha de cabelos azuis. Sei que é errado e isso vai dar merda, ela é
territ ó rio proibido pelo simples fato de conhecer Isis e ainda mais de ser a
melhor e ú nica amiga dela, e tamb é m tem a quest ã o da idade, eu sou dez
anos mais velho que ela, e sem falar que ela é só uma criança de dezessete
anos. Eu tomo uísques mais velhos que ela.
Drica tentava me deixar excitado, mas estava difícil hoje, mesmo com
os peitões e o fato de estar nua ajoelhada idolatrando meu pau. Entretanto, ela
não era Carina, não tinha cabelos coloridos ou um sorriso de tirar o fôlego,
nem olhos castanhos penetrantes e bochechas rosadas... nem aquele corpo
pequeno, mas mesmo assim, de tirar o fôlego. Foi só visualizá-la
mentalmente que meu pau voltou a ganhar vida, Drica se fartou pensando que
era para ela, tive que fechar meus olhos para imaginar Carina de joelhos
fazendo uma garganta profunda.
Às oito da noite mandei Drica vazar, ela não gostou muito, mas
aceitou, também com a quantidade de dinheiro que ganhou não tem o que
reclamar. Ela é uma prostituta de luxo que faz faculdade de medicina, para
quem sabe um dia ser contratada como médica da máfia, um cargo muito
bom por sinal. O meu por outro lado é considerado o pior, mais sombrio, o
mais perto de ir na caminhada para o inferno. Ela pensa no futuro e em
melhorar, já eu estou satisfeito com a minha merda.
Coloquei na minha cabeça que esse encontro seria como uma missão,
um ponto final. Eu iria e assim poderia seguir em frente como se nunca
tivesse conhecido a primeira mulher que mexeu comigo. Carina era um
território proibido que eu não iria ultrapassar. Optei por ir simples, calças
jeans escuras, camiseta azul escura e jaqueta de couro. Cheguei vinte minutos
mais cedo, estacionei meu carro, e fiquei na porta do restaurante,
provavelmente eu deveria entrar e não ficar aqui esperando, assim diminuiria
suas expectativas e ela desistiria, assim não precisaria acabar com tudo sem
motivo. Só um encontro, prometi a mim mesmo.
Então eu a vi descendo de um táxi e eu tenho certeza de que estava
babando. Ela estava vestindo uma calça branca de cintura alta totalmente
colada ao corpo, mostrando todas as suas curvas espetaculares. Seus cabelos
estavam num penteado retrô que a deixou mais bonita ainda, como uma porra
de pin-up. E sua boca, a sua boca estava num delicioso batom vermelho que
me deixava com vontade de borrá-lo todo com a minha boca, e até quem sabe
ser marcado por ele por todo meu corpo. Seu olhar veio exatamente como se
me sentisse, ela me olhou dos pés à cabeça antes de morder o lábio inferior e
vir desfilando até mim, fiquei extremamente puto com a quantidade de
homens que a olhavam e ela nem percebia, ou se percebia não ligava.
— Oi, você está lindo. — Ela me cumprimentou beijando o canto da
minha boca. Agora ela estava mais alta e alcançava minha boca, mesmo
assim ainda era pequena, minha pequena.
— Você está maravilhosa — falei depois de recuperar o ar, eu não
esperava que ela pudesse estar ainda mais bonita. No mercado ela estava
linda, mas agora estava maravilhosa.
— Obrigada, vamos? — Ela enlaçou o braço com o meu.
Percebi que o meître não tirava os olhos dela, também tinham vários
homens e mulheres que paravam sua conversa para admirá-la, eu não sabia se
isso me deixava puto ou mais excitado. Ajudei ela a retirar seu casaco
deixando suas costas nuas pela camiseta que não cobria quase nada nas
costas. Puxei a cadeira para ela sentar e ela me deu um sorriso de tirar o
fôlego. Droga, me sinto como um adolescente no primeiro encontro.
— Então o que você faz? — Ela perguntou bebendo um gole de vinho
me deixando com ciúme de uma taça, só porque teve contato com os lábios.
— Eu sou sócio da boate Abaixo de Zero e sou um empreendedor, e
você?
— No momento eu sou modelo, ajudando alguns amigos e coisas
assim. — Ela bebeu mais um gole parecendo a vontade. — Eu gosto mesmo
é de viajar pelo mundo, sabe? Às vezes nos dá na telha, meus amigos e eu,
simplesmente subimos no jatinho sem coordenadas exatas, Gosto de ser livre
e viver intensamente. — Ela sorriu abertamente.
— Isso deve ser muito legal. — Carina era boa em puxar assuntos. Eu
me sentia confortável com ela como há muito tempo não me sentia com
ninguém. — Que tipos de fotos você tira? — perguntei e bebi meu vinho.
— O tipo que não é propenso falar num primeiro encontro —
murmurou sedutoramente.
Agora isso foi sério, é a primeira vez que engasgo e fico pasmo, mas
nem fodendo que vão ver Carina pelada, mato todo mundo.
— Calma. — Ela me abanou com suas mãozinhas pequenas suas
pulseiras fazendo barulho com os movimentos. — Não chega a ser nua, e são
fotos artísticas, algumas até usadas em capas de livros adultos. — Soltou um
sorrisinho quando eu parei de tossir.
— Eróticos? — Finalmente encontrei minha voz.
Ela jogou a cabeça para trás e gargalhou, esse som foi direto para o
meu pau.
— Somente os melhores. — Levantou a taça e tomou o último gole,
deixando meu pau ainda mais duro, agora dava para quebrar diamante com
ele. Carina sabia do poder que tinha e não tinha pena de usá-lo. — E também
expostos em galerias.
— Gostaria de ver um dia. — Olhei dentro dos seus lindos olhos
castanhos, se ela sabe seduzir eu também sei, dois podem jogar este jogo.
Seus olhos foram na direção da minha boca, ela ficou olhando por um
tempo e depois mordeu seu lábio. Então para a minha cicatriz na bochecha e
ela cruzou as pernas. Ela estava excitada.
— Quem sabe um dia. — Piscou. — Então, quais seus hobbies?
Esperta mudando de assunto.
— Eu também gosto de viajar e conhecer novas culturas, aprender
novas técnicas, mas também sou fã de tiros. — Sorri.
Nossa comida chegou e revezamos entre comer e conversar. Era bom
conversar com ela.
— Eu já tentei aprender tiros, porém sempre fui péssima, odeio o
barulho e a pressão, agora já com facas...
Deixou a frase solta, me mexi desconfortavelmente na cadeira, essa
mulher quer me deixar louco a imaginando pelada jogando facas num alvo.
— Facas? — Minha voz estava grossa.
— Sim, mas também curto dardos que são meus preferidos, eu tenho
um alvo no meu quarto com a lista de pessoas que eu mais odeio, então eu
fiquei boa com facas e dardos.
— Não seria melhor fotos em vez de lista? — Sorri debochado, ela
está tornando cada vez mais difícil acabar com tudo. E se eu não começasse a
agir não duvidaria que Carina me arrastaria para a sua vida e me deixaria de
quatro antes que eu percebesse. Hoje era somente para eu vir, conversar um
pouco e acabar, mas Carina estava deixando tudo mais difícil.
— Fotos me fariam ficar enjoada, não gosto de ver pessoas que me
fazem mal. — Ela estremeceu levemente. — Prefiro a distância.
— E quais são os nomes? — Para eu matar os filhos da puta por
perturbá-la.
— Acho que você poderia descobrir se entrasse no meu quarto. — Ela
sorriu sedutoramente. Carina apesar da pouca idade era mais madura que
muitas meninas de sua idade. Eu já sabia que Isis era madura, mas Carina eu
não tinha ideia.
Quando elas se mudaram há um ano para o apartamento onde moram,
Dominic estava ainda mais possessivo com Isis, querendo saber cada passo
que ela dava e o que fazia. Ele havia colocado os melhores homens nisso,
pois Isis era treinada e podia perceber rapidamente se alguém a seguia.
Muitas vezes eu precisei interferir ou Isis acabaria descobrindo do seu stalker
particular. Dominic tinha que se manter frio e seguir a vida, na máfia não
havia espaço para distrações.
O restante do jantar foi sensacional, Carina tinha bastantes assuntos
para falar, nunca deixando ficar aquele silêncio constrangedor, entrei no papo
algumas vezes falando piadas para fazê-la rir, Carina é perfeita. No fim do
jantar ficamos lá fora esperando o táxi para ela, Carina não quis que eu a
levasse para casa.
— Essa noite foi boa — falei tentando entrar em um assunto, eu
nunca tive um encontro, sempre contrato garotas e já mando elas me enfiarem
na boca, sem jantar e sem conversa.
— Muito boa. — Ela sorriu, parou e olhou para frente claramente
esperando algo. Quando eu não fiz nenhum movimento ela bufou. — Que se
dane.
Ela me puxou pelo pescoço e colou seus lábios nos meus, sua língua
acariciava meu lábio inferior, pedindo passagem. Carina me deu uma
pequena mordida, uniu ainda mais nossos corpos, então eu me perdi.
Dominic que me perdoe, mas não dá para fugir desta tentação. Passei a mão
em sua cintura e colei ainda mais nossos corpos, fazendo seus seios ficarem
pressionados no meu peito. Sua mão foi para dentro da minha camisa,
acariciando minhas costas nuas, sua boca tinha uma ânsia de mim e me fazia
a querer mais, cada vez mais. Minhas mãos estavam por toda a parte a
marcando como minha. Fomos interrompidos pelo manobrista, ele entregou a
chave do meu carro, ouvi os risinhos e comentários dos outros a nossa volta.
Carina riu assim que estávamos dentro do carro, ela tem o sorriso
mais lindo já visto, ela me indicou o caminho de casa, mesmo eu já sabendo
desde o momento que elas se mudaram. Me fiz de desentendido quando
entrava nas ruas corretamente antes mesmo dela me dizer. Estávamos parados
no sinal vermelho, Carina aproveitou esse estado e colocou a mão na minha
perna, sem nem perceber, me acariciando enquanto continuava a falar da sua
vida. Marcamos de sexta eu ir buscá-la para ver uma sessão de fotos dela.
Sua mão foi subindo lentamente, até que parou em cima do zíper da minha
calça, devo admitir que é quase impossível eu ficar envergonhado com algo,
mas Carina tem o poder de me deixar sem graça. Meu pau estava pressionado
duro contra a calça com tanta força, que estava um pouco difícil me
concentrar, imagine dirigir.
— Se quiser eu posso dirigir. — Ela ofereceu parecendo ler meus
pensamentos. Olhei-a rapidamente vendo um sorrisinho em seu rosto.
— Não será necessário, mas obrigado. — Minha voz estava rouca de
desejo. Eu estava por um fio de estacionar o carro e pegar Carina no banco de
trás.
Ela nunca tirou a mão dali, coloquei minha mão sobre a dela tentando
delicadamente retirar a sua e vi seu sorriso de canto. Ela ainda olhava para
frente e continuava com o papo como se não tivesse com a mão em cima da
porra do meu pau. Depois de mais uns minutos ela começou a mexer a mão
lentamente, apertei minhas mãos no volante e xinguei baixo, ela riu alto e
continuou com a tortura, eu estava vendo a hora que pararia o carro no
acostamento e iria fodê-la com força.
— Sabe eu posso dar um jeito nisso. — Ela mordeu minha orelha
lentamente enquanto sussurrava coisas indecifráveis no meu ouvido.
— É perigoso. — Minha voz estava muito grossa com o desejo e eu
tive que tossir para tentar melhorar. Encontrei a força para falar quando ela
estava tocando por cima do zíper. — Você pode bater com a cabeça no
volante em caso de um acidente. — Engoli seco.
Ela me surpreendeu gargalhando e aos poucos parando olhando para
frente.
— Você pensou que eu iria chupar seu pau, sem nem te conhecer? —
Ela agora estava com as sobrancelhas franzidas me olhando. — Eu nunca
faria isso, eu só gosto de provocar você, afinal você é tão calmo, queria ver
você se descontrolar um pouco. Mostrar o verdadeiro Jace.
Ela cruzou os braços e agora estava realmente irritada, fodeu.
— Não estava... eu acharia bom. — Ela arregalou os olhos e a boca
para mim. — Quer dizer, não que você tem que fazer isso no primeiro
encontro. — Sua sobrancelha se levantou e ela bufou. — Mas você não é
obrigada a fazer... droga, nunca sei o que dizer para você.
Dei um soco no volante e dirigimos o restante do caminho em
silêncio, ela só falava para indicar o caminho. Eu devia agradecer ao destino
por essa situação, provavelmente Carina não iria querer me ver depois disso,
mas porque eu estava puto com essa hipótese?
Ao chegarmos ela soltou o cinto de segurança e me olhou, eu estava
desconfortável, então preferi ficar quieto antes de falar mais merda.
— Cara, você precisa relaxar.
Ela segurou meu pescoço e me beijou, não foi um beijo qualquer, foi
simplesmente sem palavras, suas mãozinhas coloridas e cheias de anéis
acariciavam minha cabeça, seus lábios macios me estragavam para qualquer
outro.
— Boa noite, Anjo — murmurou com um sorriso no rosto.
Ela saiu do carro desfilando sem olhar para trás e entrou em seu
prédio, só assim eu saí dali ainda pensando sobre a noite, me peguei sorrindo
me lembrando dela. Carina ainda vai me estragar para todas as outras
mulheres, eu não duvido disso nem por um segundo.
Capítulo 3
CARINA
um giro para trás se eu conseguisse - provavelmente me quebraria toda - .
Entrei no apartamento soltando fogos, quase teria dado estrelinhas e

Deixei os saltos num canto e fui voando para meu quarto, tomei um banho
demorado lembrando de Jace, sua face corada quando ele se enrolava nas
palavras, foi a coisa mais fofa que eu já vi. Ele era mais velho que eu, talvez
cinco ou um pouco mais, porém percebi que ele não estava acostumado a sair
para encontros. Das duas uma, ou ele era tímido e não saía ou era um galinha
que tinha sexo sem compromisso.
— Agora me conta como foi. — Isis falou e eu gritei assustada
escorregando no chão, caindo de pernas abertas. Isis me olhava com olhos
arregalados. — Carina se controla! — Ela me ajudou a ficar em pé tentando
segurar o riso. Ela estava com os cabelos presos num coque, vestindo apenas
seu moletom vermelho de Harvard. — Pelo menos deu para ver que sua
virgindade continua intacta. — Deu de ombros e caminhou para meu quarto,
me enrolei na [ML2]toalha e a segui, vendo seus lábios tremerem para
esconder o riso.
— To rindo até agora dessa sua piada. — Rolei os olhos. — Mas o
encontro foi tão perfeito. — Pulei na cama me deitando sobre ela e depois me
sentando. — Ele é tão fofinho e engraçado, e que pegada. — Me abanei eu
não conseguia parar de falar. — Ele ficou nervoso quando eu dei a entender
que eu iria chupar seu pau.
— Não acredito que você fez isso. — Sua boca estava escancarada.
— Um dia você vai acabar sendo abusada e eu irei presa por assassinato e
ocultação de cadáver... bem, não ocultação, nem assassinato, sou muito boa
em esconder as coisas... na maioria das vezes. — Isis parou para pensar e eu
gargalhei.
— É né amiga, porque cá entre nós, você não consegue esconder nem
o seu vibrador laranja direito.
— Sua idiota. — Ela gritou jogando uma almofada em mim, suas
bochechas e pescoço estavam vermelhos. — Como você o achou? —
resmungou.
— Nunca mais eu abraço aquele seu coelho de pelúcia. Só uma
perguntinha, o vibrador é a cenoura dele?
— Carina! — Ela gritou envergonhada.
— Amiga, eu vou ser bem sincera. Você precisa de um homem. As
pilhas do senhor coelho não vão durar para sempre!
Corri para o closet depois disso para não apanhar, eu ria tanto que foi
por pouco que eu não fiz xixi nas calças. Vesti uma calcinha e voltei para o
quarto, Isis já estava acostumada com a minha nudez. Peguei debaixo do
travesseiro minha camisola de sapinho, a coisa mais fofa de se dormir,
aumentei o aquecedor e voltei para a cama. Antes de dormir, na maioria das
vezes, eu fico só de calcinha por causa dos meus lençóis, eles são tão macios
que dá vontade de dormir sem nada, nesse quesito eles estão certos de dizer
que os lençóis egípcios são os melhores do mundo, eu gostava de dormir nua
só para senti-los contra minha pele, como uma carícia. Entretanto, Isis sempre
diminuía o aquecedor durante a noite, me fazendo ficar com frio.
— Agora me conte tudo, safada. — Ela manda enquanto desfazia meu
penteado maravilhoso, eu preciso me lembrar de revelar as fotos que eu tirei
com ele, aproveitando esse momento, estendi meu celular e tirei uma foto
nossa, na mesma hora Isis fez uma careta junto da minha.
Fui contando tudo detalhadamente enquanto tirava a maquiagem, suas
expressões variavam de séria, riso, séria, olhos arregalados, boca aberta, sem
reação, gargalhada.
— Não acredito que você atacou ele... diversas vezes, afinal quantos
anos ele tem? — Ela secava lágrimas de seus olhos de tanto rir.
— Eu não sei ainda, mas vou me lembrar de perguntar sexta. —
Respondi orgulhosa do meu tom ser normal e não gritante como eu me sentia.
— Irão sair de novo? Isso sim é novidade. — Ela arqueia as
sobrancelhas. Quase nunca tenho segundos encontros, eu não sou o tipo que
namora. Posso não parecer, mas sou muito seletiva com o que eu quero, e
namorados estão entre eles. Para mim o cara tem que ser perfeito e eu só dou
três chances, depois delas acabou tudo. Corto da minha vida. — Já viu os
detalhes dele? Tipo redes sociais, invadiu o computador, celular?
— A maníaca aqui é você, amigona.
Me deitei enquanto ela mexia no notebook futucando a vida do meu
futuro-primeiro-namorado-sério.
— Ele não tem redes sociais. — Ela levantou uma sobrancelha e
inclinou a cabeça como se tivesse toda a razão do mundo.
— E daí, nós também não temos, nem por isso somos malucas. — Ela
me encara com uma cara tipo, sério? — Tá bom, somos um pouco, mas isso
não tem nada a ver com ele. Jace pode apenas ser reservado.
— Ou um criminoso. — Ela murmurou saindo do quarto. — Boa
noite e tenha cuidado.
— Boa noite, amo você.
— Eu também.
Apaguei as luzes, fechei as cortinas e prendi os cabelos para não
caírem na minha cara, dormindo o mais a vontade possível, afinal, esses
lençóis foram caríssimos justamente para eu dormir como uma pedra, ou
melhor dizendo, um anjo de cabelos azuis. A última coisa que pensei antes de
dormir foi em Jace e como ele mexeu comigo. Era como se tivéssemos
nascido para ficarmos juntos. Eu beijei muitos garotos, mas nenhum deles se
comparou a Jace.
Fui acordada às quatro e meia com meu celular tocando estridente, o
toque de Miguel.
— É bom o mundo estar acabando ou você tendo um infarto antes dos
vinte — murmurei assim que atendi. Me enrolando ainda mais nas cobertas,
essa era a melhor hora do sono pra mim.
— Tem um festival eletrônico de dois dias em Los Angeles, começa
ao meio-dia, quer ir comigo?
— Hoje é que dia da semana mesmo?
— Terça-feira. — Riu.
— A que horas você vem? — resmunguei, eu adorava sair com
Miguel e Isis, eles são tão divertidos.
— Estou no seu sofá te esperando — gritou e eu ouvi sua voz vindo
da sala.
— Okay, já estou indo. — Desliguei e voltei a dormir, mas acordei
meia hora depois com o barulho de vozes na sala.
Fiz a minha pequena mala, tomei um banho e vesti um top branco
transparente com um sutiã verde de renda, short jeans manchados e bota de
cano baixo marrom. Joguei meus cabelos para o lado e me maquiei
fortíssimo, caprichando no mesmo batom vermelho de ontem. Cheguei na
sala e vi Isis já pronta com um top preto com desenho, short jeans, botinha e
chapéu também pretos, claro que com seus óculos escuros com cordinha de
ouro.
— Qual é a desculpa desta vez? — perguntei rindo, Isis inventava as
melhores desculpas para a faculdade.
— Estou com virose causada pela chuva que peguei na volta para casa
ontem. — Ela dá de ombros como se fosse óbvio.
Coloquei meus óculos com aro vermelho e avaliei a roupa de Miguel,
camiseta branca de botões abertos e bermuda cáqui, o sapato também era
vermelho.
— Vamos? — Ele perguntou se levantando e ostentando o tanquinho,
um tanquinho muito abençoado por assim dizer.
Miguel era a personificação do moreno bonito, cabelos arrepiados,
olhos chocolates, um sorriso de comercial de pasta de dente e uma fina barba
para completar, a altura e os músculos também ajudavam bastante no quesito
gostosura. Ele e Isis fizeram parte do esquadrão Jovem, um esquadrão
corrupto que aliciava crianças para se tornarem assassinos. Eu quase perdi
meus amigos para essa vida e foi por isso que eu arrisquei a minha para
libertá-los, essa é uma decisão que eu nunca me arrependerei e eles nunca
irão saber. Eu os amo e enfrentaria céu e inferno por eles.
— Sabe, se eu não te conhecesse e você não fosse um galinha eu te
pegava — falei dando um tapa em sua bunda, já fomos namoradinhos na
infância, nem nos beijamos direito, pois eu era meio chatinha acreditando que
o príncipe encantado tinha que conquistar um beijo meu.
Isis gargalhou junto com Miguel e depois também lhe deu um tapa
nos glúteos, glúteos realmente duros.
— Acalmem-se meninas tem Miguel para todas. — Ele sorriu safado
passando a mão pelo seu abdômen.
— Se alguma de nós quiser, avisamos, mas nunca mais fale tem
Miguel para todas, é simplesmente broxante. — Isis resmunga com desdém
indo até a porta.
— Tá bom — respondeu ele, se fingindo de bravo. — Nem todas
aguentam o meu poder de sedução. — Suspirou teatralmente. Ignorei seu
comentário, pois estava muito cedo para gargalhar, até mesmo para mim.
— Podemos parar para um lanche? — perguntei.
— McDonald. — Isis e Miguel falaram ao mesmo tempo.
— Vocês deviam ser mais saudáveis — resmunguei os
acompanhando para a porta. O que era uma tremenda mentira, eu me fazia de
natural, mas adorava um McDonald. Isis me deu uma bundada e Miguel
pegou minha mochila reclamando do peso.
— Acho bom ter um spray de pimenta e uma arma de choque aqui.
— Acho que você devia calar a boca, eu não preciso disso. —
Levantei dois dedos e falei fazendo referência a Rochelle de Todo mundo
odeia o Cris. — Eu tenho dois amigos fodões. — Eles riram e abanaram a
cabeça como se eu não tivesse jeito.
Capítulo 4
JACE

Estava fodendo Drica quando meu vigia ligou, o mandei ficar de olho
em Carina à distância para não chamar a atenção de Isis. Me levantei e fui
atender o telefone, olhei para Drica que ainda estava de quatro com a cabeça
abaixada e a bunda em pé, só assim para eu conseguir foder, pensando em
Carina claro, essa menina me deixou tão excitado que minha mão não daria
conta. Eu devia esquecer Carina e nunca mais vê-la. Esse foi um dos motivos
de eu chamar Drica, eu sei que é errado transar com uma pensando em outra,
mas eu preciso tirá-la da minha cabeça.
— Já pode ir — falei sem olhá-la enquanto colocava uma cueca. No
fundo eu me sentia mal de usá-la assim, sabendo que ela desenvolveu
sentimentos por mim.
— Mas é de madrugada, e não terminamos. — Ela tentou ser sexy
segurando o seio, mordendo o lábio e abrindo as pernas. — Quero você em
mim. — Fez um biquinho.
Eu lembro de quando Drica entrou para esse ramo, há cinco anos, ela
tinha acabado de ser aceita numa escola pré-medicina e estava desesperada
para conseguir dinheiro, ela tinha muitas amigas que já estavam nesse ramo e
ela frequentemente estava na boate, muitos dos nossos sócios se interessaram
por ela, então Dominic lhe ofereceu o emprego. Drica aceitou sem hesitação e
em pouco tempo se tornou uma das melhores e que nos dão mais dinheiro. Eu
comecei a fodê-la um tempo depois, ela nunca me cobrou, mas quando
percebi que ela estava apaixonada eu fiz questão de pagar, justamente para
não lhe dar esperanças, porque de mim sai a porra, mas não o coração.
— Vá para o quarto de hóspedes então e mais tarde vaza — falei
sério.
Ela bufou e fez biquinho, mas me obedeceu e saiu, ninguém
desobedece a uma ordem minha, eu sou temido e não é à toa. Coloquei o
telefone na orelha.
— Fala.
— Ela saiu com Isis e um cara, ele a abraçava. — Eu vi vermelho e
soquei a parede. — Ela tinha uma mochila, estou seguindo eles, parece que
vão fazer uma parada no McDonald. Elas usavam roupas de verão e pareciam
com frio.
— Me mantenha atualizado.
Desliguei e xinguei alto. Como assim Carina está com outro cara,
saímos a menos de seis horas atrás! Tudo bem que eu estou transando com
Drica, mas é para tirar Carina da minha mente, eu preciso esquecê-la, nossa
relação nunca daria certo, não só pela diferença de idade, como pela minha
vida. Era para nesse momento eu esquecer que a conheci, era assim que
deveria ser, mas eu não queria esquecê-la. Eu a queria para mim.
Fui para o quarto de hóspedes subindo as escadas do meu dúplex em
passos largos. Cheguei ao quarto bem no momento que Drica saia do
banheiro toda molhada envolta por uma toalha, seu rosto tinha olheiras,
provavelmente por estudar e trabalhar. Ao me ver ela abriu um sorriso e
deixou a toalha cair no chão, seu corpo era bem bonito e aperfeiçoado com
alguns ornamentos, tipo peitos, bunda e a retirada de uma costela para ficar
com a cintura menor, seus lábios tinham botox, implante de cabelos e cílios
postiços, a máfia investiu bastante nela. Drica é uma das principais e eu sou o
único que pode transar sem camisinha com ela, quando quisesse, pois sei que
ela realiza frequentemente exames e tem rigoroso controle de natalidade,
[ML3]a máfia cuida muito bem de suas garotas.
Ela se aproximou e beijou o canto da minha boca, me fazendo lembrar
de Carina, afastei esses pensamentos, já que ela provavelmente deve estar
chupando o pau do cara enquanto dirige.
— Se ajoelhe e reze — rosnei.
Ela sorriu me obedecendo abocanhando meu pau, satisfeita.

Já era uma da tarde e não encontraram Carina em qualquer lugar, eu já


estava ficando puto, por fim decidi mandar uma mensagem como quem não
quer nada.
Eu: E aí, como você está?
Carina: Estou ótima, já viu alguém fazer um Moonwalk na areia? É
MUITO FODA!
Ri dessa mensagem, é impressão minha ou ela tá um pouco agitada?
Eu: Posso te ligar?
Mandei como quem não quer nada, meu celular na mesma hora tocou
com o DDD de Los Angeles, o que diabos Carina tá fazendo em Los
Angeles?
— Oi querido. — Ela gritou por cima do som.
— A onde você está?
— Tô ótima — gritou.
— Não como você está e sim onde você está?
— Você não se importa de como eu estou? — Ela tinha uma voz
chateada e bêbada.
— Claro que eu me importo, por isso que estou perguntando onde
você está. — Suspirei.
— Estou em um festival eletrônico, da hora. Muito boooom — Ela
esticou o bom, arrancando um sorriso de mim.
— Você volta ainda hoje?
— Nããão, quinta-feira à tarde eu estou de volta.
— Você tem algum lugar para dormir? — Não consegui me controlar
e perguntei.
— Querido, a última coisa que vou fazer é dormir, eu vou curtir
muitooo. Beijo na boca, viado.
Ela desligou na minha cara, tentei não ficar puto, afinal é super
normal estar bêbado à uma da tarde, principalmente, uma menina menor de
idade. Ela me chamou de viado? Me sento no sofá ainda olhando para o
celular. Poucos segundos depois ele está tocando e eu vejo que é Damien, o
meio-irmão de Dominic.
— Damien.
— Soube do que aconteceu com Dominic, como ele está? — Ele
pergunta em seu modo normal sério, mas eu consigo sentir sua preocupação.
Ele sabe o quanto Isis é importante para Dominic. Por Damien, Dominic
tinha que ter sequestrado Isis e feito-a se casar a força com ele, mas Dominic
queria fazê-la se apaixonar. Como poderia fazer isso se nem podia conversar
com ela? Sem falar que ela ainda era nova demais, ainda não era a sua hora.
— Ele vai conseguir ela[ML4], cedo ou tarde.
— Eu não duvido disso. — Ele responde sem hesitação. O lema dos
Raffaelo é, tudo que um Raffaelo quer, ele consegue. — E você, como está?
Damien e eu nunca fomos muito ligados, mas eu sei que ele é grato
por eu estar sempre com Dominic e mantê-lo são. Eu sou mais irmão de
Dominic do que ele poderia ser, pelo simples fato que eu estou sempre com
ele. Eu morreria por Dominic.
— Eu estou bem. — Passo a mão pelo meu cabelo curto. — Conheci
alguém.
— Eu sabia que isso ia acontecer um dia.
— Ela é a melhor amiga de Isis.
A linha fica em silêncio e em seguida eu escuto o barulho do uísque
sendo colocado em um copo.
— Isso é complicado. Dominic não gostará disso, mas você deve
fazer o que é melhor para você. — Isso me deixa surpreso, eu não sei ao certo
porque contei isso a ele, mas eu esperava que ele me mandasse ficar afastado
e não fazer o que é melhor para mim. — Parece que você é mais rápido do
que Dominic.
Eu rio.
— Ele está esperando a hora certa.
— Essa hora pode passar, Dominic é um Raffaelo. O que ele quer, ele
consegue.
— Diga isso a ele.
— Eu vou dizer. — Novamente silêncio. — Estou feliz por você.
— Obrigado.
Desligo e coloco o telefone no bolso. Damien passou por muita coisa
e por isso é um homem frio, nós temos a mesma idade, mas ao seu lado eu
pareço uma criança e Dominic um bebê. Eu lembro de todo o seu sofrimento,
quando via dia a dia sua mãe perder a razão de viver. Dominic não viu tanto
pois estava aqui nos Estados Unidos comigo, mas Damien a tinha morando
debaixo do seu teto, na Itália. Daniel, o pai de Dominic é um monstro que
seduziu a própria cunhada e a engravidou de Dominic. Por culpa dele o meu
amigo cresceu sem o amor dos pais, sendo criado pelo avô.

Santiago - Vô Raffaelo - me pegou de meu pai para me criar. Eu sei que


Eu também não sou muito diferente. Quando tinha apenas dois anos,

ele me deu amor, mas também foi por culpa dele que eu me tornei o monstro
que sou hoje.
A porta da minha casa abriu e eu me virei para ver quem entrava.
Dominic me olhava sério, transtornado. Dominic tinha problemas de raiva e
sua bipolaridade, que o afetava mais ainda. Ele parou com os medicamentos
na adolescência e não quis voltar a tomá-los.
— Que porra é essa de vigiar Isis?
— Não foi Isis, cara. Foi Carina. — Me joguei no sofá, me mantendo
calmo para acalmá-lo também. Ele era como um leão enjaulado.
— E porque você está vigiando Carina... — Seu olhar faria muitos se
borrarem de medo, mas não eu. — Elas só têm dezessete anos, ainda são
crianças. — Ele colocou a cabeça apoiada nas mãos. — Mesmo elas sendo
gostosas, você não pode foder Carina. Ela e Isis são melhores amigas.
— Carina tem dezoito anos. — Eu falo, a pouco eu havia visto a sua
ficha e vi que ela fez aniversário dia vinte e um de agosto. — Para voc ê
pode n ã o ser a hora certa, mas para mim é.
Ele levantou o olhar para mim surpreso.
— Você vai fazer ela sua?
Eu hesitei um pouco, eu realmente acho Carina gostosa, divertida e
tudo mais, mas não tenho certeza se quero um relacionamento sério, não sei
se fui feito para isso.
— Estamos nos conhecendo agora...
— E quando você iria me contar? Quando se casassem? — Grunhe.
— Eu iria te contar sábado, depois do segundo encontro...
— Segundo? — Agora ele estava puto.
— Sim, nós jantamos ontem. — Ele estava a ponto de me dar um
soco. Preciso me fazer de vítima já que não posso revidar o Capo da máfia.
— Ela me deu um perdido hoje. — Suspirei derrotado. — Está em Los
Angeles com Isis e um cara.
— Um cara? — Levanta a sobrancelha interessado.
— Cara, com meu sofrimento a única coisa que você escutou é ''Isis e
um cara''? Vai a merda.
— Nunca apontei uma arma na sua cabeça para você tentar sua sorte
com a garota, agora que você começou é problema seu. — Ele se levanta e
vai ao bar se servir.
— Que belo amigo você é — resmungo ligando o futebol.
— Você não está nenhum pouco na fossa, Drica estava aqui desde
ontem. — Ele se vira e aponta para mim. — O que aliás, é traição.
— Eu sou homem. — Respondo com raiva. — E Carina me provocou
a noite inteira, se eu pego ela... — Pensar nela só me faria ficar mais louco.
Balancei a cabeça. — Ela ainda saiu com um cara, hoje.
Dominic riu.
— Você não vai conseguir desvirtuar ela.
— Aquela porra não é virgem nem aqui nem na China, pode tirar essa
ideia. Do jeito que ela me apalpou, duvido.
— Ela te apalpou? — Dominic gargalhou novamente. — Foi abusado
por uma menina de dezessete anos virgem?
— Me senti molestado, não abusado. E ela já completou os dezoito
anos. — O corrijo fazendo Dominic rir mais. Carina ter dezoito anos me
deixa um pouco menos preocupado, pois tecnicamente ela é maior de idade,
só não pode beber até completar vinte e um.
— Andou pesquisando sua certidão de nascimento? — Ele diz
tomando um gole da cerveja. — Quem é o stalker agora?
Dominic não olhou mais para minha cara e continuou a rir,
balançando a cabeça, enquanto assistia o futebol. Ele ficou até o jogo acabar,
depois se levantou e olhou para minha cara, o fazendo rir novamente e
arrancar um sorriso meu.
— Toma cuidado com a virgem safada. — Atirei-lhe um dedo, mas
não pude deixar de sorrir, se fosse ao contrário eu o zoaria para sempre. —
Vou gostar de conhecê-la.
Isso realmente não é bom, Dominic é meu único e melhor amigo, um
irmão. Mas também é o chefe da máfia, bem ainda não é, até se casar, mas
não sei se estou disposto a colocar Carina dentro disso, do meu mundo.
— E vai dizer que acha que Isis também é virgem? — Provoquei, sei
que é idiota provocar um leão com vara curta, mas eu preciso mudar os
holofotes.
— Vai se foder, Jace. — Ele ficou puto e chateado, mas não pude
evitar, sinto que tenho que proteger Carina de todos, até mesmo de mim.

Dominic manteve a cara séria enquanto íamos até um restaurante


italiano protegido pela família. Era um dos negócios mais fáceis, a máfia
oferecia proteção para o negócio, como um meio de seguro, e se algo
acontecesse em vez de chamar a polícia éramos chamados para tranquilizar.
Entramos no estabelecimento vendo a porta de vidro em cacos, no
chão. Os trabalhadores xingavam em italiano. Dominic se apresentou,
falando o italiano fluente, os donos se acalmaram um pouco.
— Digam ao meu amigo sobre os gastos e fazemos questão de
resolver. Nós já estamos vendo as fitas e em breve acharemos o culpado para
fazer a justiça. — Ele disse com seu charme fingido.
A mulher velha beijou sua mão.
— Obrigada! Que Deus esteja sempre com vocês.
Pelas próximas horas eu anoto tudo e saio para o meu próximo
trabalho. Caçar o assaltante e matá-lo, lentamente.
CARINA
Dor é o que sinto, meus pés, meu quadril, minhas mãos, pernas... tudo
dói. Estou sem voz e me sinto um lixo, meus cabelos estão com pó colorido,
eu não consegui lavá-los, nem Isis, no caso. O negócio é que estávamos tão
altas que nem fomos ao hotel tomar banho, viemos direto para o jatinho de
Miguel, trocamos de roupa e lavamos a cara, mesmo assim ainda me sinto
colorida. Cara, até minha língua estava colorida.
Ao nos deixar na frente do prédio, Miguel foi para casa mais acabado
do que a gente, Isis ainda estava acesa, nós meio que fumamos umas coisas
no jatinho, Isis estava engraçada cantando Bob Marley no elevador, eu estava
mais na minha. Tomei um banho demorado e vesti uma calcinha, Isis já
estava no quinto sono na cama dela, mas eu estava acesa, muito acesa, e eram
quatro da tarde, ainda.
Me joguei com tudo na cama, peguei meu celular e pensei em quem
eu devia ligar. Tenho muitos colegas, agora amigos são poucos, não estava a
fim de conversar com eles já que provavelmente levaria um sermão, ou o
famoso ‘’nem me chamou, hein’’. Resolvi ligar para Jace que não era nem
uma coisa, nem outra.
— Carina?
— Oi gato. — Ri com isso.
— Você está bêbada?
— Eu não bebo... não muito, socialmente, mas não estou bêbada. O
que você está fazendo? — Tentei fazer uma voz sexy na última parte.
— Você está chapada. — Ele afirmou e bufou ao telefone.
— Ding ding ding, temos um vencedor. — Comecei a pular na cama e
logo fiquei igual a um cachorrinho, toda ofegante.
— O que você está fazendo para ficar ofegante? — Sua voz estava
mais rouca, decidi entrar na linha da safadeza.
— Estou me tocando ouvindo sua voz — sussurrei enquanto ainda
pulava na cama. — Ô baby, você é tão gostoso.
— Você está mesmo fazendo isso? — Sua voz estava rouca e ao
fundo ouvi barulho do zíper sendo aberto. — O que você está vestindo?
— Não. — Gritei gargalhando e me jogando na cama. — Estava
pulando na cama, você saberia me dizer quantas molas tem uma cama, elas
pulam tantoooooooooo.
Ele riu ao fundo.
— Só você pra me fazer rir, enquanto tenho meu pau na mão.
— Se eu estivesse presente você poderia me ensinar a chupá-lo.
— Você não sabe?
— Nunca tive vontade de fazer isso em outros homens, eles não me
dão valor, só querem minha boceta a prêmio — murmurei com sono. —
Sabia que eu estou virada e dancei desde ontem e hoje ainda pulei na cama,
eu tô exausta..., mas se colocassem uma musiquinha eu dançava.
— Só você mesmo, Carina. Eu não sou como os outros. — Ele
sussurrou a última parte.
— Sei que não, você é meu anjo.
Desliguei antes dele responder e caí no sono.

Isis não é uma pessoa muito matinal, ou ela está feliz ou está igual a
uma megera, mas isso se liga ao fato dela ter que acordar cedo para a
Universidade Harvard, eu só rio da sua desgraça. Eu cursava o MIT, Instituto
de Tecnologia de Massachusetts, mas desisti. Nós escolhemos esse
apartamento que é exatamente localizado no meio do caminho para ambas,
assim, Isis ia pro seu lado e eu pro meu, e nos encontraríamos ainda, e foi
ótimo por um tempo. Eu fiz exatamente dois períodos, no começo desse ano
eu simplesmente disse chega, como se não bastasse eu já saber tudo, ainda
tinha que ouvir meus pais reclamando que eu não sou a filha perfeita por não
querer trabalhar com eles, de como não sou perfeita por ter cabelos azuis, de
como não sou perfeita por não ser feia e viver atrás de um computador
fazendo o mal às pessoas.
O reitor de MIT tentou me fazer mudar de ideia e tal, me passaram
provas e eu fiz algumas, agora só faltava três anos para eu me formar já que
eu já sabia a matéria dos primeiros períodos completas, eu poderia fazer
tranquilamente, mas eu simplesmente não faço por despeito aos meus pais,
não tenho vergonha de admitir e não preciso de diploma para provar que eu
sou foda.
Coloquei algumas coisas em cima da bancada, mesmo sabendo que
Isis provavelmente só tomaria seu café preto sem graça, eu estava comendo
biscoito de chocolate com suco de laranja e umas torradinhas minúsculas,
porém deliciosas. Toda a minha refeição era em pequenas porções, até porque
hoje eu tenho a sessão de fotos mais tarde, às sete. Lembrando desse detalhe
eu mando uma mensagem para Jace com o horário e o local, Isis entra na
cozinha e se senta ao meu lado.
— No telefone tão cedo — resmungou encolhida no moletom de
Harvard, na versão verde, jeans e All Star pretos.
— Resmungando tão cedo. — Rebati.
Ela levantou a mão e eu bati.
— Mereceu. Tá comendo o que? — Ela mal perguntou e já foi
metendo a mão no biscoito e bebendo um gole do meu suco.
— Não preciso nem responder, né. Não vai para a escola?
Ela rolou os olhos diferentes quando eu disse escola. Isis é a melhor

fazendo seus olhos terem cores diferentes - um azul celeste e o outro


pessoa que eu conheço, e a mais bonita, não somente pela sua heterocromia,

castanho escuro chocolate - , ou o seu corpo maravilhoso cheio de curvas,


ela tem um corpo bem proporcional, bunda e peitos na medida certa. Eu por
outro lado, tenho peitos um pouco maiores que deixam meu corpo um pouco
desproporcional, sou uns centímetros mais baixa que ela, mas é só isso a
nossa diferença, também tem meus cabelos que além de coloridos ainda são
maiores que os dela e mais cheios, meu cabelo atualmente bate quase no
quadril, me sinto uma Rapunzel moderna em uma versão colorida.
Mas como eu estava dizendo o que é mais bonito nela é seu caráter.
Isis é a pessoa mais honesta e sincera que você conhecerá, além de fiel,
companheira e carinhosa a sua maneira, mais até que um cachorro.
— Vou na segunda, meus pés ainda doem. Quer que eu vá para sua
sessão de fotos? — Sua cara implorava para eu negar, mas se eu pedisse ela
com certeza viria sem nem reclamar ou fazer cara feia, e eu a amo por isso.
— Eu vou com Jace. — Sorri de orelha a orelha sem poder me conter,
só de falar o nome dele eu já fico com esse sorriso besta na cara, eu tenho a
sensação de que a gente pode dar certo.
— Jace, você sabe pelo menos o sobrenome dele?
Eu abri a boca para dizer, mas eu não sabia. Levantei uma mão em
sinal de espera e mandei uma mensagem para ele.
Eu: Qual é seu sobrenome?
Jace: Donavan, Jace Donavan.
Eu: Obrigada anjo, nos vemos mais tarde
Adicionei uma carinha mandando beijo e olhei debochada para Isis.
— Donavan, Do-na-van. Feliz?
— Agora só falta o RG, CPF e endereço. — Ironizou roubando outro
biscoito.
— Rá, rá, muito engraçada. — Termino meu café. — Me ajuda a
escolher a lingerie para o ensaio?
Depois disso passamos grande parte da tarde conversando e rindo
vendo os vídeos que gravei no festival e no jatinho, eu amo gravar momentos,
para mim uma foto não é suficiente.
Às seis em ponto eu estava pronta, coloquei uma regata branca com
jeans, saltos e uma jaqueta amarela. Eu estava com uma mini mala, com
sapatos e roupas para a sessão. Jace foi super pontual chegando as seis e
quarenta como eu pedi, entrei no carro e dei um selinho.
— Oi querido. — Coloquei a mala no banco de trás.
— Oi pequena.
Sorri com esse apelido, Jace é tão fofo. Ele guiou o carro enquanto eu
olhava para ele, tão bonito, um verdadeiro Deus grego. Dei tanta sorte que eu
podia chegar a uma igreja e fazer meu testemunho e todos se levantariam e
diriam: É para aplaudir de pé, irmãos.
Chegamos ao apê de Melanny, minha amiga fotógrafa, o porteiro já
me conhecia e deu passagem livre, subimos pelo elevador em silêncio, Jace
segurou a mala e me olhou com curiosidade.
— O que tem aí dentro?
— Calcinhas. — Ele arregalou os olhos e eu dei de ombros.
Ele abriu a boca e fechou diversas vezes, ao sairmos do elevador bati
na porta de Melanny, então uma coisa rosa-algodão-doce pulou em mim. Mel
tinha os cabelos num tom de rosa tão lindo, ela sorriu amplamente nos
puxando para dentro. Eu conheci Melanny assim, num salão de beleza
quando eu estava pintando meu cabelo e ela o dela, dali em diante viramos
amigas e eu a ajudo com fotos quando ela precisa de uma modelo. Eu não
faço muitas fotos, mas as que eu faço ficam lindas, modéstia à parte, e dava
para lucrar uma graninha.
Jace parecia incerto de onde ficar, então decidiu ficar quieto e parado,
mas mesmo assim Mel o notou, é impossível não notá-lo.
— Nossa que lindo. — Ela mordeu os lábios. — Tem todo esse ar de
perigo em volta dele. — Mel se abanou.
Fiquei furiosa, na minha mente somente eu posso achar Jace lindo,
fiquei um pouco pasma com essa coisa do ciúme, nunca tive isso com
ninguém.
— Que bom que você achou, porque Jace é meu. — Enfatizei bem o
meu, não deixando aberto a discussões.
— Ah. — Ela suspirou derrotada. — Vamos começar a sessão, será
em preto e branco. John já chegou e está pronto.
Ela caminhou na frente para a sala, Jace me olhou com uma expressão
engraçada, estranhando tudo, sorri para ele e continuamos a caminhar. John é
o namorado da Mel. Eles têm um relacionamento realmente fora do
convencional, assim que me viu ele veio me abraçar apertado, e por
coincidência sem camisa, na verdade John nunca usa uma camisa.
— Ca. — Ele beijou meu rosto e ouvi Jace rosnar. — Olá eu sou
John. — Jace acenou com a cabeça, mas sem dar a mão ou falar, John tremeu
e se afastou, eu segurei o riso.
— Vá se trocar, John já está pronto para a primeira parte. — Mel
falou, posicionando a câmera.
Fui para o banheiro e coloquei uma lingerie preta com lacinhos rosa
choque, uma meia preta com cinta liga e saltos fechados, vesti um roupão e
voltei para a sala, Mel passou um batom rosa choque em mim e preparou meu
cabelo com o spray castanho para as fotos, tapei meu rosto para não pegar,
ela passou lentamente e com muita atenção, pois algumas fotos são coloridas,
mas todas as fotos que eu tiro minha cabeça é cortada, gosto de ser anônima.
E eu tenho um bom motivo para ser.
Me aproximei de Jace que estava num canto só me olhando. Ele tocou
no meu cabelo com as pontas do dedo.
— Você ficou diferente com os cabelos normais.
— Você prefere azul?
— Prefiro você de todo o jeito.
Sorri e dei um selinho, com esse salto quinze eu estava um pouco
mais alta que o normal, ele segurou minha cintura e me puxou para ele, o
beijei sem me importar de Mel e John estarem olhando.
Um barulho tirou a gente do transe, Mel tinha tirado uma foto nossa
de propósito, para brincar.
— Vamos as fotos. — Ela disse sorrindo animadamente.
Dei o último beijo em Jace e retirei o roupão, ele arregalou os olhos e
quase que imediatamente me tapou novamente com ele, eu gargalhei com
isso.
— Calma, as fotos são assim.
— Nem fodendo que você vai tirar fotos pelada! — Ele estava com o
pescoço vermelho e olhando para baixo eu vi que a calça estava mais
apertada e sorri.
— Eu sou anônima, ninguém sabe que sou eu, meu rosto não aparece
e eu não fico pelada. — Ri novamente com a cara dele.
— Mesmo assim...
Tampei a boca dele com um dedo e disse calmamente.
— Olha e curta.
Me aproximei do fundo branco, onde John já estava, vestindo um par
de calças de cintura baixíssima, mostrando o V sexy. O abracei enquanto ele
segurava, apertado, meus cabelos, junto com a minha cintura, ouvimos então,
os cliques das fotos, Mel parava às vezes para posicionar as luzes, teve uma
foto que eu fiquei de costas para John e agarrei seus braços, apertando contra
mim, bem nesta foto eu mirei em Jace, que olhava tudo detalhadamente. A
próxima foi mais forte, John agarrava minha bunda apertado, e eu estava
pressionada contra seu corpo, as outras foram mais leves, eu arranhava seu
braço, o puxava para mim, o afastava, ele agarrava meus seios, e assim foi.
Tudo isso com a Kate Perry ao fundo cantando a todo vapor, na caixa de som.
— A segunda troca de roupa, pegue o vestido cinza. — Mel falou,
sorrindo para John, que abotoava sua camisa Oxford, branca e vestia um
blazer preto.
Fui até Jace que olhava cada passo meu, ele respirava com dificuldade
e sua ereção estava fortemente pressionada contra sua calça. Peguei um
vestido decotado cinza, retirei meu sutiã de costas para ele e o ouvi rosnar, eu
escondi meu sorriso. Coloquei o novo vestido e me virei para ele que quase
que babava.
— O que está achando?
Ele me olhou de cima a baixo e sorriu.
— Até que não é tão ruim. — Ele sorriu ainda muito tenso. — Exceto
pelo fato de ter um marmanjo sarrando em você. — Sua expressão era de
desagrado a esse fato.
— Para de palhaçada, é capaz do John pegar você antes de mim —
murmurei perto de seu ouvido. Sua expressão era no mínimo engraçada. —
Ele é Bi, e é mais puxado para o lado dos homens. — Beijei sua orelha e
segurei o riso, enquanto olhava sua cara.
— Mas ele e Mel...
— Eles se pegam de vez em quando, mas aí Mel tem que usar um
pinto de plástico enquanto ele come o...
Ele tampou meus lábios segurando uma risada.
— Sem detalhes.
Sorri e voltei para a última parte das fotos, essas eram mais
comportadas. Depois disso compramos pizza e curtimos, todos olhando as
fotos, Mel estava babando nelas.
— Essas ficaram tão perfeitas, tããão bonitas. — Ela falava pela
décima vez.
— Vamos? — Jace perguntou no meu ouvido, em seguida me deu um
beijo atrás da orelha, fazendo eu me arrepiar toda.
— Claro. — Sorri maliciosa.
Nos despedimos deles e entramos no carro, Jace tinha uma mão na
minha perna e eu gostei.
— Então o que você achou das fotos? — perguntei tentando não corar
por ele ter sua mão na minha perna como se sempre fizesse isso comigo.
— Até que não foi tão ruim, ficaram lindas... você é linda. — Ele
pegou minha mão e beijou cada dedo.
Paramos o carro em frente ao cinema, eu o olhei.
— Achei que seria legal encerrar a noite..., mas se você não quiser...
Ele estava tão vermelho e eu percebi que ele nunca tinha feito uma
coisa como essa. Sem pensar duas vezes retirei o cinto de segurança e me
sentei no seu colo, agarrei seu pescoço e tasquei um beijo. Ele ficou surpreso
por um milésimo de segundo, mas logo retribuiu me puxando ainda mais para
perto dele. Quando sentimos que estava ficando muito quente, ouvimos
batidas no vidro e viramos, vimos um guarda com o cassetete dando tapinhas
no vidro, eu encostei minha cabeça no pescoço de Jace e gargalhei, ele
também, até o guarda riu.
— Vocês não podem fazer isso aqui. — Abanou a cabeça. —
Esperem entrar no cinema, crianças.
Ele saiu, nos fazendo rir ainda mais, voltei para meu lugar aos
protestos de Jace, ele estacionou e comprou as entradas. Escolhemos nos
sentar ao fundo, tínhamos doces, pipoca e coca-cola. Ele estava olhando para
a telona, onde o filme começa, enquanto eu me perdia olhando somente para
ele, Jace percebe que eu o observava e sorri, eu queria saber o que ele está
pensando.
Ele tem sido uma companhia muito boa para mim, era gentil, educado
e compreensivo. Eu adorava ver a cara de surpresa pelas coisas que eu fazia,
queria conhecer suas fases. Seus lados bons e maus. Queria o conhecer por
completo. Olhei para o filme, mas não conseguia me concentrar. Jace tinha
um sorriso de lado, sabendo que eu não parava de encará-lo e não parecia se
incomodar com isso. Pegou o seu braço e o envolveu no meu ombro, me
puxando para ele e beijando minha cabeça antes de voltar a ver o filme. Eu
sorri pensando que teríamos que vir outras vezes para nós pegarmos como vi
diversos adolescentes fazendo.
Capítulo 5
JACE
Carina me olhava em vez do filme, quando me virei para olhá-la ela
ficou vermelha e voltou sua atenção para o filme de terror que estava
passando. Eu nunca fui com uma garota ao cinema, sei que isso é uma coisa
que acontece na adolescência, mas eu não tive uma adolescência normal. A
minha se resumiu a atirar facas, foder, malhar, cobrar os outros, foder,
roubar, matar e foder mais um pouco. A única vez que eu fui ao cinema foi
com Dominic, nós tínhamos terminado os afazeres do dia, que era recolher o
dinheiro de alguns estabelecimentos, e passamos em frente ao cinema, então
entramos e vimos um filme chato, só por ver mesmo, um momento de paz.
Olhando para Carina de tão perto vi o quanto ela é bonita, ela tinha
várias expressões no rosto, percebi que ela imitava as expressões do filme e ri
disfarçadamente. Joguei meu braço por volta dela e continuei a assistir ao
filme, teve uma parte que o assassino cortava a vítima em pedacinhos e sorria
com os gritos dela, Carina estremeceu e foi aí que eu percebi que nunca vou
ser o que ela precisa.
Depois do filme acabar e sairmos do cinema, estacionei de frente para
o apartamento de Carina, ela sem dizer nada sentou no meu colo. Amava a
sua espontaneidade.
— Eu adorei hoje. — Sorriu encantadoramente.
— Eu também gostei bastante. — Minha mão foi para a sua bunda,
ela sorriu e deu leves beijos no meu pescoço.
— Eu quero você. — Ela sussurrou e meu pau endureceu.
Já estava imaginado mil formas de foder Carina no carro, mas ela não

mas se soubesse o que estava em minha mente - o que eu era - ela fugiria
merece isso, ela não é esse tipo de mulher. Carina me considerava um anjo,

sem nunca olhar para trás, sem hesitar.


Sua mão apalpou meu pau e ela me olhou com os olhos brilhantes.
— Jace... eu sei que é cedo, mas você quer entrar? — Ela tinha um
sorrisinho no rosto.
E eu fiquei sem falas, será que Carina quer um relacionamento? Será
que eu quero isso? Ter somente uma boceta por tempo indeterminado? Será
que é isso que eu realmente quero?
— Está tarde. — Dei um selinho para amenizar as palavras. — Deixa
para uma outra vez.
Ela sorriu e tentou esconder o traço de decepção, mas eu consegui
ver.
— Claro. — Ela me puxou pela camisa para mais perto ainda e me
beijou novamente. — Até logo. — Ela pegou sua mala e saiu do carro, deu
um tchauzinho com a mão e entrou, e eu fiquei sentado no carro me sentindo
um babaca.
No caminho de casa, parei o carro num sinal vermelho e lembrei-me
de Carina no nosso primeiro encontro, sorrindo sem perceber. Eu não tenho
certeza se quero perdê-la, ainda. Cheguei em casa e mal bati a porta peguei
meu celular e mandei uma mensagem.
Eu: O que você vai fazer amanhã?
Ela demorou uns dois minutos para responder, me deixando aflito,
então o celular apitou.
Carina: Correr.
Carina com certeza está com raiva, ela sempre responde minhas
mensagens no mesmo segundo.
Eu: Posso correr com você?
Se Dominic me visse agora eu seria zoado pelo resto da minha vida,
eu, o durão, desesperado por uma mensagem, não a mensagem em si, mas a
dona das mensagens.
Carina está digitando...
E assim ficou por vários minutos, será que ela vai me mandar um
texto gigante do quanto eu fui cuzão.
Carina: Não sei se é uma boa ideia...
Ela demorou tanto tempo para isso? Na certa estava escrevendo maior
textão e desistiu.
Eu: Por quê?
Insisti, eu não desistiria mesmo e se ela falasse que não, amanhã eu
iria correr e fingir que a encontrei por acaso. Já passava da meia noite e eu
aqui igual a um maluco com o coração na mão esperando sua resposta.
Carina: Isis vai correr comigo...
Agora sim é minha Carina, respondendo no mesmo instante. Espera,
Isis vai correr, será que Dominic vai me deixar conhecer ela? Na mesma hora
eu liguei para ele, que atendeu no segundo toque.
— Fala.
— Tenho que ser rápido. O que você acha sobre eu conhecer Isis
amanhã?
— O que? — gritou.
— Carina me convidou para correr, e Isis também vai...
— Filho da puta. — Ele resmungou, conseguia visualizar ele
acariciando os neurônios e em seguida puxando os cabelos. Ouvi uma voz de
mulher ao fundo, é uma ligação importante Raffaelo? a voz era de Rebecca,
filha do consigliere de Chicago, uma vadia falsa na minha opinião que ainda
acredita que vai se casar com Dominic. — Cala a boca Rebecca.
Eu ri, sem me aguentar.
— Então, tudo bem para você?
— Só... seja legal com ela. — Ele suspirou. — E me conte depois. —
Desligou, odeio quando ele fica todo sentimental por Isis, sendo que ele
nunca nem falou com ela.
Rebecca e Dominic tem um caso há anos, mesmo sem ele assumir o
caso deles, deixa bem claro para todos que perguntarem que nunca passará de
sexo. Rebecca parece estar bem com isso, mas está na cara que é mentira. Eu
odeio aquela mulher, sabe quando você sente que a pessoa não vale nada, é
assim que eu me sinto quando a vejo. Já falei com Dominic para largá-la, mas
ele continua com ela por falta de ter a Isis consigo.
Rapidamente digitei que sim para Carina que respondeu com uma
carinha sorridente. Ainda não estava satisfeito com isso e resolvi ligar para
ela, acho que estou um pouco maluco essa noite. Era para eu deixá-la, agora,
Carina nunca se acostumará com a minha vida, eu temo que ela tenha medo
de mim, se descobrir o que eu faço.
Ela atende depois do quinto toque.
— Oi Jace. — Sua voz era doce.
— Então, eu estava pensando... encontro você na porta do seu
apartamento a que horas?
Ouvi seu suspiro ao celular.
— Às nove da manhã, você pode deixar o seu carro no nosso
estacionamento enquanto corremos até o parque.
— Eu prefiro ir a pé até sua casa, é bom para aquecer. — Ela riu com
isso.
— Você mora perto daqui?
— Humm... não, mas eu gosto de correr.
— Tudoooooo beeeeem . — Ela puxou as palavras e senti que ela
estava sorrindo. — Jace?
— Humm?
— Posso te perguntar uma coisa?
— Claro.
— Quantos anos você tem?
Essa pergunta me pegou desprevenido, eu poderia mentir, mas qual é
o objetivo disso, eu quero evitar mentir o máximo que eu puder para ela,
quero que nossas lembranças sejam verdadeiras.
— Vinte e sete. — A ouvi suspirar pesado. — Eu ser 10 anos mais
velho tem problema para você? — Estava torcendo para ela dizer que não.
— Bem, não... mas Jace como você sabe a minha idade? — Ela agora
estava bem desconfiada.
— Eu deduzi, você é tão pequena e eu arredondei, você tem realmente
dezessete anos? — Perguntei errando a sua idade apesar de já saber.
— Okay, bom palpite, mas errou por pouco. Eu fiz dezoito anos há
pouco... isso é um problema para você? — murmurou preocupada.
— Não... além do fato de que eu posso ser preso por ser considerado
um pedófilo, provavelmente seus pais vão me denunciar.
Carina gargalhou.
— Eu sou emancipada desde... sempre... e eu não falo com meus pais
ou eles falam comigo, então esse problema nós não temos. — Sua voz
mudou, ela estava triste. — Mas então nós vamos correr muito amanhã e eu
tenho que te avisar que eu e Isis temos um ritual, depois da corrida paramos
para comprar sorvete, não importa se estiver nevando.
Tentei segurar uma risada, mas não consegui.
— E qual o objetivo de correr então?
— Jace pense comigo, se eu correr e correr e correr... vou sumir, eu
quero continuar parecendo gostosa, não uma porca anoréxica.
— Você nunca vai parecer uma porca anoréxica, você é perfeita.
— Obrigada, você também é muito perfeito.
— Estou longe de ser perfeito.
— Pra mim você é. — Ela sussurrou como se tivesse me contado seu
segredo mais precioso. — Boa noite. — Falou rapidamente.
— Noite.
Me joguei na cama e dormi sorrindo, pela primeira vez não tive
pesadelos.
CARINA
Acordei sorridente, super feliz. As coisas com Jace estão ótimas, me
sinto especial quando estou com ele, me sinto única. No meu armário peguei
uma calça, mas antes de vesti-la eu vi a temperatura no meu celular, vinte e
sete graus, quase soltei um gritinho, isso é um milagre. Vesti a calça preta
apertada com um top preto e meu tênis azul com verde florescente para dar
um charme, meu umbigo é furado, mas acho que Jace nunca viu porque
ambas as vezes que minha barriga estava amostra eu o tinha tirado. O
piercing que escolhi tinha a cara do Mickey na parte de baixo, de ouro. Para
completar passei uma máscara de cílios a prova d'água. Cílios de boneca hoje
e sempre.
— Está pronta? — Isis invadiu meu quarto vestindo a mesma roupa
que eu, só que seus tênis também eram pretos, era a nossa única diferença.
Ambas estávamos com o cabelo preso num rabo de cavalo, olhamos uma para
a outra e rimos.
— Sim. — Não conseguia esconder minha alegria, Isis rolou os olhos
para mim.
Tomamos café e descemos às nove em ponto e eu tive a visão do meu
deus grego de costas, que visão maravilhosa eu tenho desta linda bunda, não
resisti e apertei, ele se virou sorrindo para mim e me levantou do chão,
beijando lentamente, mas não suavemente, o melhor beijo.
— Oi linda. — Ele me colocou no chão e beijou a ponta do meu nariz,
e me olhou dos pés a cabeça, parando principalmente no meu piercing. Ele
levantou uma sobrancelha, ainda olhando praticamente babando ele disse. —
Cara, eu adoro o Mickey.
Isis fez um barulho, simulando ânsia de vomito, e nós viramos para
ela.
— Sou Isis. — Ela estendeu a mão ainda desconfiada, tentando lê-lo.
— Sou Jace. — Ele apertou e eu já sabia que Isis iria fazer força.
Escondi o riso quando Jace a deixou esmagar sua mão.
— Vamos logo. — Ela resmungou se virando e começou a correr,
marcando o relógio. Eu ri e a segui, com Jace ao meu lado.
— Ela é sempre assim? — Ele sussurrou.
— Ela vai ser melhor depois que te conhecer direito. — Mandei um
beijo para ele e acelerei passando até a Isis que me xingou e tentou me passar,
olhei para trás e vi Jace correndo olhando para minha bunda, sorri e continuei
a correr.
Depois de uma hora correndo estávamos exaustos, me joguei na
grama do parque e tentei fazer uma pose sexy para Jace que estava em pé me
olhando, mas não deu muito certo. Isis estava sentada rindo da minha
tentativa.
— Preciso de um sorvete — falei cansada, Jace me estendeu a mão e
eu aceitei, ele me levantou num pulo, olhando para as gotas de suor que
caíram dentro do meu decote, eu ri e beijei seu queixo suado.
— Vamos, vocês estão me dando diabetes. — Isis resmungou.
Já na sorveteria escolhemos o sorvete maior e até Jace comeu, o meu
era azul, rosa e verde, o da Isis era de creme e do Jace de chocolate. Isis
insistiu de pagar o dela, ela meio que assustou a gente, ameaçando enfiar o
dinheiro do Jace no rabo dele, por fim Jace pagou o meu e o dele. Vira e
mexe eu roubava um pouco do dele e da Isis, que se vingaram pegando do
meu.
— Complô contra mim? — perguntei divertida.
— Sim. — Ambos responderam juntos, Isis revirou os olhos e se
levantou.
— O papo está ótimo, mas preciso ir para a aula de dança, parece que
você não vai hoje, né. — Ela beijou minha cabeça e olhou para Jace. —
Tchau Donavan... e estou de olho.
— Dança? — Jace levantou uma sobrancelha e colocou uma colher de
sorvete na boca, minha atenção se voltou toda para sua linda e sensual boca.
— Sim, estamos no momento ensaiando Shakira, minha favorita.
Seus olhos ficaram escuros de desejo.
— Você... você sabe fazer... aqueles passos? — Sua boca ficou
levemente aberta quando eu balancei minha cabeça. Ele se levantou num
pulo, me levando junto dele.
— Aonde vamos agora? — perguntei quando começamos a caminhar
para a rua.
— Que tal para minha casa?
Hesitei um pouco e mordi o lábio, será que não é muito cedo? Ah que
nada, desejo ver seu corpo nu desde sempre.
— Sim — Concordei rapidamente.
— Mas vamos pegar um táxi porque é longe.
Ele nem esperou minha resposta e já chamou um táxi e entramos, ele
passou o endereço rapidamente, mas eu peguei, era na área mais rica da
cidade e o prédio era um dos mais caros. Isis babava pela arquitetura dele.
— Vamos. — Me puxou para dentro do prédio.
Ele passou direto pelo vigia e os seguranças, e subimos no elevador,
ele apertou o botão da cobertura, em seguida sua impressão digital. Fiquei
surpresa quando Jace me agarrou e me beijou no elevador, minhas pernas se
envolveram ao redor de sua cintura automaticamente, uma mão minha foi
para seu couro cabeludo, mas sem muita sorte já que seu cabelo era super
curto e não muito maior em cima, ele riu contra minha boca.
Ele abriu a porta todo atrapalhado e nos jogou no sofá, eu ri quando
ele veio para cima de mim.
— Estou indo muito rápido? — Ele perguntou entre o beijo.
— Eu realmente estou gostando... mas acho que sim. — O beijei
levemente.
Ele se afastou devagar, reparei na protuberância no seu moletom, ele
viu que eu olhei e riu me abraçando.
— Você quer uma água? — Nem precisei responder, novamente ele
se levantou e foi para a cozinha eu o segui e vi ele retirando a camiseta
úmida, minha boca se encheu de água e o calor que eu sentia piorou. Me
sentei num banco alto e cruzei as pernas. Ele se virou para mim e me
entregou a garrafinha olhando para meus seios. — Você quer comer algo?
Está quase na hora do almoço.
Bebi toda a água em poucos goles, estava sedenta.
— Você cozinha? — Eu estava surpresa.
— Claro, eu moro sozinho se eu não souber eu fico com fome. — Ele
riu. — Você não sabe?
— Não, eu tenho a Isis que adora cozinhar.
— É?
— Sim, ela adora inventar ou preparar coisas que ela viu em algum
lugar, e eu sou sempre a provadora, mas sempre dá tudo certo no final, pizza
não tem vez com ela, a não ser que ela esteja de mal humor, porque aí a
comida fica horrível, ou então quando ela está sem tempo. — Rio percebendo
que estou divagando novamente.
Ele ficou me olhando rir e lambeu os lábios, me seduzindo.
— Sei que é cedo, mas você quer tomar um banho comigo, juro que
vou me comportar. — Sua cara mostrava seu desespero.
— Sim, claro..., mas está muito cedo para a gente... — Corei e mordi
os lábios, realmente dava para perceber que Jace era uma pessoa sexual, e eu
não sei como dizer a ele que sou virgem e não sei se estou pronta para isso.
— Eu sei, só banho eu juro. — Ele me deu a mão e eu aceitei.
Jace me passava tranquilidade, sentia que podia confiar nele. Sabia
que era estúpido confiar em alguém que você não conhece, mas não podia
evitar.
Caminhamos até o seu quarto com os dedos entrelaçados, sua mão era
o dobro da minha fazendo eu me sentir minúscula. Seu quarto era gigante
com uma cama king size. A cor predominante do quarto era o cinza, sem
nenhum toque de outra cor além do branco, era um quarto triste, sem a marca
que alguém que dormisse ali.
Jace me puxou para a suíte de seu quarto. O banheiro era grande e
espaçoso, todo de mármore preto, o box era gigante com uma grande ducha
que me parecia fantástica, neste momento para mim. Além de uma grande
banheira para caber um homem desse tamanho e um convidado. A pia era
dupla com uma parede de espelho gigante atrás.
Jace começou a retirar os sapatos e eu fiz o mesmo com os meus, tirei
minhas meias suadas antes que ele as tirasse e as joguei longe, vai saber se
estão fedorentas. Retirei minha calça e vi Jace só de cueca preta me olhando
com desejo, respirei fundo e terminei de tirar a calça só ficando com uma
calcinha short curta preta e o top, tomei coragem e retirei o top e soltei o
cabelo. Vi que Jace estava parado como uma estátua com a boca aberta, com
o resto de coragem eu puxei a calcinha para baixo e entrei no box
rapidamente. Estava me sentindo exposta e tímida. Olhei quando Jace retirou
a cueca e uma poderosa ereção apareceu, ele já estava bem ereto e era tipo...
grande, totalmente assustador, mas também pela altura de Jace, não esperava
nada menos que aquilo.
A água batia em minhas costas quando Jace entrou, ele me abraçou
por trás e deixou a água cair sobre nós, encostei minha cabeça em seu peito e
deixei ele me ensaboar, me acariciar, ele trabalhou principalmente nos meus
seios.
— Eles são tão perfeitos, não sabia que você tinha piercings nos
mamilos... você é toda perfeita. — Ele sussurrou com a voz rouca de desejo,
sua boca em minha orelha. Sua mão vagou mais embaixo na minha área
intima nunca tocada antes, fiquei um pouco tensa. — Deixe-me tocá-la,
Carina. Deixe-me fazê-la se sentir bem.
Meu corpo relaxou com suas palavras, seus dedos mergulharam em
minha intimidade, suspirei com o contato de seus dedos em meus lábios
vaginais, ele os abriu devagar e seu dedo automaticamente encontrou meu
clitóris, gemi me mexendo um pouco, seu pênis ereto estava pressionado na
minha bunda, com o contato mais perto ele gemeu e continuou a fazer
pequenos círculos precisos em meu centro. Ele sentiu o piercing que eu tinha
no clitóris e gemeu no meu ouvido.
— Assim você me mata, Pequena.
— Mais rápido, por favor. — Gemi implorando, quando ele aumentou
a velocidade e um dedo me penetrou, eu soltei um gemido alto com a
invasão, me arrepiando toda. É claro que eu enfiava meu dedo em mim, mas
o dele era tão grande que me deu um desconforto, por estar invadindo uma
área nova, mas que logo foi substituído por prazer. Quando seus dedos
encontraram meu clitóris novamente, em poucos minutos eu estava gozando
forte, tão forte que me segurei a ele para não cair. — Jace. — Foi só o que
consegui dizer, seu nome saiu como uma oração. Minha respiração estava tão
forte que se fizéssemos silencio eu podia jurar que ouviria o meu coração
acelerado.
Me virei lentamente para ele que tinha um sorriso no rosto, meu rosto
estava corado pela vergonha.
— Você é simplesmente linda quando goza. — Sorriu e me beijou,
me segurei a ele e retribui. Minhas mãos procuraram seu pênis com gotas de
pré-sêmen espalhadas por ele, comecei a movimentá-lo devagar olhando nos
seus olhos. Apertei um pouco minha mão e acelerei os movimentos, olhei
para baixo e gemi me olhando masturbá-lo, minha mão não fechava por volta
do seu eixo porque era grosso. Minha outra mão foi para seu saco e eu
acariciei devagar, eu li que os homens gostam, e Jace me recompensou
gemendo alto. — Meu Deus, Carina.
Levantei meu rosto para ele, que tirou os cabelos da minha cara e me
beijou com vontade gemendo contra minha boca, até que seu corpo enrijeceu
ele grunhiu e gozou lindamente. Eu me sentia muito feliz, poderosa. Eu fiz
Jace gozar na minha mão. Seu rosto tinha uma expressão suave e feliz, seus
jatos pegaram na minha barriga e mãos, pensei que ele amoleceria em minhas
mãos, mas não, ainda estava semiereto, o olhei com curiosidade, Jace
percebendo minha expressão riu e me abraçou apertado.
— Meu desejo por você nunca vai acabar, nunca — sussurrou nos
meus cabelos soando como uma promessa.
Depois disso Jace fez questão de me lavar toda, até meus cabelos, me
tratou como uma rainha o resto do banho. Eu em troca também o ensaboei e
lavei seus cabelos apesar de ele falar que não precisa. Jace teve que se
abaixar para eu conseguir lavá-los, ele aproveitou isso para colocar as mãos
em minha cintura e beijar e sugar meus seios calmamente como se fossem
uma sobremesa deliciosa, sua língua enrolava pelos meus piercings me
deixando ainda mais excitada e dolorida. Meus seios estavam tão tensos que
doía.
Ele pôr fim enrolou uma toalha em volta de sua cintura e me enrolou
em uma outra, me secando toda e depois a si mesmo, de qualquer jeito. Ele
não reclamou por meus cabelos mancharem sua toalha de azul, só sorriu.
Voltamos para seu quarto onde ele vestiu uma outra cueca box preta, me
entregou uma camiseta cinza de manga longa, que ficava parecendo uma
camisola em mim, batendo até o meio das minhas coxas.
— Como estou? — perguntei me divertindo com o olhar de Jace nos
meus seios e piercings apontando na camiseta.
— Maravilhosa...você quer uma cueca também?
— Não, estou bem assim — falei com desdém porque às vezes é bom
ficar sem nada.
— Mas eu não estou... é muita tentação saber que não tem nada
protegendo sua boceta do meu pau. — Eu fiquei vermelha com seu linguajar.
Aceitei a cueca e a vesti enrolando diversas vezes para não cair.
— Melhor assim?
— Com certeza.
Rolei meus olhos e abri os três botões da camiseta dele e dobrei as
mangas. Jace olhava cada passo meu, voltei para o banheiro para pentear
meus cabelos, mas ele apareceu atrás de mim, pegou a escova da minha mão
e o escovou lentamente. Fechei os olhos com a delícia de ter alguém
escovando seu cabelo.
— Isso é muito bom.
— Que bom que gosta — respondeu rouco me olhando pelo espelho.
Depois de escovar meus cabelos e colocar minhas roupas para uma
lavagem rápida e secagem, ele me arrastou para a cozinha a onde me colocou
sentada no balcão ao seu lado, começou a cortar tomate, colocando alguns
pedaços em minha boca.
— Tem certeza de que não quer ajuda? — perguntei com a boca
cheia, peguei outro que ele tinha acabado de cortar e coloquei em sua boca.
— Você já está me ajudando, me dando uma bela vista. — Ele sorriu
mostrando sua covinha em cima da cicatriz, me fazendo rir com as suas
palavras safadas.
— Que bom que gosta — respondi do mesmo jeito que ele falou no
banheiro.
— Gosto muito.
Por fim, Jace fez uma omelete deliciosa, confesso que repeti. Era em
momentos como esse que eu queria pegar a receita para fazer em casa, mas o
que aconteceria era os bombeiros serem chamados para apagar o fogo. Fomos
para sala e o clima ficou meio estranho, eu não conseguia pensar num assunto
para falar depois do que ouve no banheiro. Nunca deixei um homem ir tão
longe comigo, eu gostava de provocar, mas quando as coisas ficavam sérias
eu pulava fora.
Avistei o videogame.
— Vamos jogar? — perguntei animada.
— O que? — Ele parecia surpreso.
— O videogame. — Apontei para o mesmo. — Você tem quais
jogos?
— Futebol e alguns de tiro.
— Vamos no de tiro. — Me levantei pegando o cd, quando a voz de
Jace me parou.
— Pequena, isso é jogo de homem. — Ele não disse isso, sabia que
não dava para ser perfeito em tudo.
Minha cabeça virou como o exorcista para ele.
— Jace, eu só vou falar uma vez. Eu acredito em direitos iguais e para
mim não tem essa coisa de ‘’isso é pra menina e isso é pra menino’’, se você
for um porco machista a gente acaba por aqui. — Coloquei o cd de volta na
estante e o olhei. Jace se levantou.
— Calma, eu entendi, desculpas se te ofendi. Só nunca conheci uma
menina que se interessasse. Sinto muito, de verdade. — Eu aceno e voltei a
me sentar.
Ele coloca o jogo e me mostra as teclas e como usá-las, ri por dentro,
mas por fora eu fingia estar prestando atenção, na primeira vez ele ganhou,
me matou rapidamente e eu ri.
— Mais uma vez, agora eu ganho — falei decidida, deixando a farsa,
poxa ele me massacrou.
— Claro que sim. — Ironizou.
O jogo começou e eu fui mais esperta o acertando quando ele achou
que tinha me encurralado. Cantarolando eu descarreguei o meu fuzil em seu
corpo. Como eu disse eu venci.
— Como..., mas você...
— Jace, querido. O que você acha que eu e Isis fazemos no tempo
livre?
— Sua mentirosa, você fingiu que nunca jogou! — Fingiu estar bravo.
Eu ri e ele se jogou em cima de mim me enchendo de cosquinhas, eu
aproveitei e fiz nele também que gargalhava. A porta da frente abriu e um
homem muito bonito apareceu, ele tinha cabelos pretos e olhos azuis, o
reconheci da outra noite, o amigo de Jace que segurou o cara.
Jace percebendo a presença de outro virou a sua cabeça para o
homem.
— Vejo que você está se divertindo. — O homem disse a Jace,
olhando para mim, me sentei e coloquei uma almofada no meu colo.
— O que você quer Dominic? — Jace rugiu com raiva por ter sido
interrompido.
— Eu estava passando por aqui perto e aproveitei para vir, não sabia
que você tinha visita. — Ele estava mentindo, dava para ver no seu olhar. Sou
uma boa observadora.
Me levantei e caminhei até a ele sorrindo.
— Oi, eu sou Carina. — Estendi a mão e ele apertou.
— Raffaelo.
Voltei até Jace novamente e falei já caminhado para a área de serviço
onde, provavelmente, minhas roupas já estariam secas.
— Vou ver se minhas roupas já secaram, converse com seu amigo. —
Sorri para ele e virei para Raffaelo. — Vença[ML5] ele no jogo, Jace não está
aceitando a derrota.
Ouvi ambos rindo e peguei minhas roupas que, graças a Deus,
estavam secas e cheirosas, até minhas meias, que emoção. Me vesti
rapidamente e preferi deixar meus cabelos soltos, voltei para sala e vi os dois
discutindo quem ganhou e porque, me sentei ao lado de Jace, que colocou a
mão em minha perna. Vi que meu celular piscava o peguei, tinham mais de
quatro mensagens no mesmo minuto de Isis.
Isis: Você está viva?
Isis: Você não responder que dizer que tem algo errado?
Isis: Me ligue quando ler essas mensagens.
Isis: CARINA TAYLOR MILLER ME LIGUE AGORA!
Ri com isso e disquei seu número, Isis atendeu no mesmo instante.
— Você está bem? — Ela foi logo dizendo, não tive tempo nem para
dizer um alô ou estou bem.
— Não, estou desmembrada, te liguei com minha língua. — Rolei os
olhos.
— Muito engraçada. — Isis gritou, olhei para o lado e vi que Jace e
Raffaelo me olhavam, tampei o áudio do telefone e falei.
— Minha amiga Isis é um pouco psicótica não reparem. — Voltei ao
telefone. — Estou bem, como foi a aula de dança?
— Péssima, quebrei o nariz de Paul, ele tentou me agarrar, acho que
fui expulsa da aula.
— Mas o Paul não era gay?
— Parece que não.
— Filho da puta, ele nos viu trocando de roupa — gritei histérica,
Paul é um dos nossos professores e ele era bem afeminado, até trocava de
roupa com a gente, que desgraçado.
— Eu sei, eu bati bastante nele..., mas me senti mal, ele foi sempre
tão legal com a gente, eu podia ter dito que não estava a fim em vez de
espancar o homem que me ensinou a dançar igual a Shakira. — Ela
resmungou me fazendo tentar segurar o riso o que me fez bufar e rir ao
mesmo tempo.
— Espero sinceramente que você tenha quebrado mais que o nariz
dele... Ô Isis eu vou passar no mercado, quer que eu te leve algo? Uma dose
de tapa na cara tá bom pra você? Ele me ensinou a fazer um Moonwalker e
mesmo assim ainda daria uns tapas na cara, pra largar de ser safado.
— Isso é verdade, mas onde vamos dançar agora?
— Bom acho que vou pesquisar outras academias quando chegar em
casa, ou que se dane, já somos grandes e podemos aprender sozinhas vendo
vídeos no youtube, ou até quem sabe indo para o México para aprender. —
Ri e Isis também.
— Tá bom, você está vindo para casa? Estava querendo ir ao
shopping comprar umas calças, a minha favorita rasgou, agora virou um lindo
short.
Eu bufei, se é a calça que eu imagino eu vou queimá-la quando ela
não estiver perto, aquela calça era horrível, imagine um short.
— Então eu vou agora, separe uma roupa pra mim.
— Tá. — Bufou, mas eu sei que ela gosta de mexer nas minhas
roupas. Meu estilo colorido é diferente do dela que usa roupas mais sóbrias e
de uma cor só. Acho que por isso que ela gostava de mexer no meu armário e
fazer combinações que ela nunca usaria. — Estou te esperando, te amo.
— Também te amo.
Desliguei e virei para Jace que jogava futebol sem som com Raffaelo
que estava com o queixo tenso olhando concentrado para o jogo.
— Jace, eu vou ter que ir.
— Problemas? — Ele perguntou pausando o jogo e virando para mim.
— Um professor tarado; expulsas da aula de dança; o jeans preferido
rasgou, o de sempre. — Ri. — Tenho que ir ao shopping comprar jeans antes
que a Isis cisme de usar aquele jeans horrendo. — Dei-lhe um selinho e me
levantei. — Tchau Raffaelo, prazer te conhecer.
Já estava indo até a porta quando Jace me chamou.
— Quer que eu te leve? — Ele já estava se levantando.
— Não, eu pego um táxi. — Mandei um beijo e sai sorrindo.
Acho que eu vou dar uma chance a Jace.
Capítulo 6
JACE
Assim que Carina saiu eu pulei em cima de Dominic, o filho da puta
sabia que ela estava aqui, desgraçado. Dominic ao ver minha reação sorriu
como se seu trabalho estivesse concluído.
— Ela é bem bonita, irmão.
— Eu sei — resmunguei, porra estávamos quase na foda quando
Dominic chegou. Suspirando eu disse. — Hoje conheci Isis, ela não gostou
muito de mim, garota desconfiada.
Dominic sorriu como um homem orgulhoso da sua mulher.
— Ela é esperta. Me conta como foi a corrida. — Ele me olhou com
atenção.
— Corremos e depois elas queriam tomar sorvete, quando eu fui
pagar sua mina só faltou me bater, mas no fim ela se juntou comigo para
roubar sorvete da Carina...
— Roubar sorvete? — Dominic perguntou incrédulo.
— Foi uma brincadeira. — Rolei os olhos e o empurrei. — E o que
deu na sua cabeça de aparecer aqui quando sabia que Carina estava?
— Eu queria conhecê-la. — Deu de ombros.
— Por quê?
— Porque conheceu a Isis. Sem mais.
Dei de ombros, estava na cara que ele estava com ciúme. Liguei
novamente o jogo e ficamos em silêncio, eu sabia que ele queria falar mais
alguma coisa, depois de alguns minutos ele voltou a falar.
— Ela é diferente das outras meninas, um sopro de vida.
— E é por isso que eu gosto dela.
— Você gosta? — Ele estava em dúvida.
— Sim, ela é legal.
— Só legal?
— Virou psicólogo agora?
— Não precisa ser psicólogo para saber que essa garota vai ser sua
perdição. — Ele se levantou e foi embora me deixando com a pulga atrás da
orelha.
A semana se passou calma, calma até demais. Levei Carina para
almoçar duas vezes e conversamos bastante, ela era espetacular, nunca faltava
assunto quando estávamos juntos. Mas depois de termos sido interrompidos
por Dominic ela não quis vir mais à minha casa, mesmo quando eu disse que
avisei ao porteiro que sua entrada seria liberada, ela sorriu e me beijou.
Passamos bastante tempo com as bocas coladas, mas não passava disso,
cheguei a me sentir estranho, pois eu queria mais, entretanto, não queria
acelerar ou forçar a barra, me senti um maricas pensando assim.
Não encontrei Isis novamente, o que foi um alívio, Isis
definitivamente é um Dominic feminino, não tem jeito e com certeza eu não
preciso de outro Dominic na minha vida. Acho que eles vão se completar
totalmente quando ele a tomar.
Liguei para Carina às sete da noite de sexta e depois de vários
segundos eu realmente pensei que ela não atenderia.
— Oi. — Ela estava ofegante.
— Oi? O que você estava fazendo? — perguntei já enciumado, eu sei
que Carina não me trairia, mas nem namorados nós somos..., o que somos
afinal?
— Tentando entrar na minha calça jeans. — Ela gargalhou. — Quase
não subiu, vou evitar comer besteiras a partir de agora. A gente marcou algo
hoje?
— Não..., mas eu queria te ver, quer sair para beber uma cerveja?
— É... é que eu marquei com as meninas de irmos a um karaokê...,
mas você quer ir? — Eu podia jurar que ela estava mordendo os lábios
esperando minha resposta.
— É uma noite de garotas?
— Bem até era, mas tem sempre uma que leva o namorado. — Ela
parou de falar prendeu a respiração. — Não que você seja meu namorado,
sabe, somos amigos... com benefícios, uma amizade colorida... é melhor eu
parar de falar. — Ela estava envergonhada.
— Eu entendi. — Sorri.
— Okay, bar do Karaokê às nove, me encontre lá. Você sabe onde é,
né?
— Sim, vou estar lá.
Ela desligou e eu ri, Carina é demais. Às oito e cinquenta eu estava lá,
mandei uma mensagem para Dominic falando que as meninas estariam lá, ele
não me respondeu, o filho da puta na certa estava comendo Rebecca. Fiquei
esperando por Carina no estacionamento do bar, de longe vi sua BMW
branca estacionando, de lá saíram Isis do banco do carona, atrás aquela amiga
fotografa de cabelo rosa, acho que Melanny, com o seu namorado estranho,
John, e uma menina de cabelos vermelhos fogo, nem prestei atenção nessas
pessoas porque Carina saiu do carro e veio caminhando até mim sorrindo
largamente, ela estava com uma calça jeans escura de cintura alta com um
top, batom e saltos vermelhos, seus cabelos estavam soltos em contraste com
a blusa, Carina tinha um estilo diferente, único.
— Nossa você está lindo — ela disse quando se aproximou me
puxando para ela e me beijando sem se importar com quem visse. Isis se
aproximou e tossiu até a gente se separar. — Não seja invejosa, Isis, você
poderia ter trazido um menino. — Isis fingiu vomitar. — Uma garota, quem
sabe? — debochou, e me surpreendendo Isis riu e depois acertou um soco no
braço de Carina e entrou no bar sem me cumprimentar. — Não liga, baby,
uma hora ela se acostuma. — Disse antes de colar seus lábios nos meus.
Quando entramos, depois de mais uma sessão de amassos, nós já
tínhamos uma mesa perto do bar e do palco. Carina me puxou até lá se
sentando ao meu lado. Isis conversava com as meninas e dava várias cortadas
em John, que estava claramente interessado nela, percebi que Carina e Isis
chamavam muita atenção, também, as duas eram lindas.
A noite estava correndo bem, tomamos várias bebidas e todos
estávamos soltos e conversando, até Isis e Melanny arranjarem a ideia de
cantar, levando com elas minha menina. Elas foram para o palco e
conversaram baixinho com o DJ que riu quando elas pediram a música que
queriam cantar. Quando começou eu ri, escolheram Rehab da Amy
Winehouse, no refrão elas tinham até uma coreografia meia atrapalhada.
“Tentaram me mandar pra reabilitação
Eu disse "não, não, não"
É, eu estive meio caída, mas quando eu voltar
Vocês vão saber, saber, saber...”
Carina ria o tempo todo e estava feliz, rindo e gravando ela e as
amigas cantando e dançando, quando acabaram todos aplaudiram, inclusive
eu. Carina veio até mim levantando um pouco a calça, que mostrava seu
piercing no umbigo, que desta vez era vermelho combinando com a roupa.
Ela estava sorrindo animada para mim, provavelmente querendo me
convencer a cantar até que seus olhos encontraram um ponto atrás de mim e
ela ficou pálida, antes que eu virasse ela acelerou o passo para a nossa mesa,
assim que ela chegou bebeu um shot de tequila rapidamente antes de encarar
quem a estava deixando assim.
— Eu falei que não queria te ver — ela falou, e uma mulher morena
se sentou na nossa mesa com desdém, ela era mais velha e tinha os mesmos
olhos de Carina.
— E eu falei que viria se você...
— Eu mais nada, falei para você ficar na sua e me deixar em paz —
ela rosnou, nunca vi Carina assim antes, aquela mulher deve ter feito algo
horrível para Carina tratá-la assim, minha vontade era torturar essa mulher
por incomodar a minha menina.
— Mas minha filha, eu vi que você ainda não fez a prova ou voltou
para as aulas...
— Se você não sair agora, pode ter certeza de que cadeira elétrica vai
ser o menor de seus problemas. — Carina cuspiu as palavras
assustadoramente para ela.
Isis chegou por trás de Carina e colocou a mão no seu ombro.
— Elizabeth, é melhor você sair. — Isis estava tentando se manter
calma por ela e Carina.
— Mas Isis, ela falou que faria a prova! — Elizabeth tentou
argumentar.
Melanny chegou nessa hora e se sentou rindo.
— Agora é seu solo, Carina.
Carina deu um sorriso sinistro e se virou indo para o palco, nisso eu
tinha certeza de que não sairia nada de bom.
— Droga. — Isis murmurou quando viu Carina subindo ao palco.
Carina fez seu caminho até o Dj e falou a música, se aproximou do
microfone e fez um sinal positivo com a cabeça, então começaram os acordes
de guitarra da música Everybody Fool, de Evanescence, sorri por dentro, a
letra vai acabar com a mãe dela que já estava puta de sua filha estar no palco.
“Perfeita por natureza
Ícone de auto-indulgência
Justamente o que todos nós precisamos
Mais mentiras sobre um mundo que...”
Carina rebolava e jogava os cabelos de um lado para o outro, sua voz
era doce e fina como ela, mas Carina nunca desafinava, se eu fechasse os
olhos poderia ouvi-la cantando para sempre. Carina nunca tirava os olhos de
sua mãe, seu olhar era frio e desprovido de emoção.
“...De alguma forma, você faz todos de tolos
Isto nunca foi e nunca será
Você não é real e não pode me salvar
De alguma forma agora, você é a idiota de todos.”
Ela acabou em grande estilo jogando o cabelo para trás e depois
mandando os dedos do meio para sua mãe, que se levantou e foi embora puta.
— Isso foi divertido. — Isis suspirou ao meu lado ainda sorrindo para
a amiga que caminhava de volta para nós com um sorriso no rosto.
— O que? Ela ter acabado com a mãe? — perguntei, estava me
corroendo por dentro de curiosidade, o que a mãe dela fez para Carina odiá-la
tanto.
— Eu teria feito pior..., mas Carina não deixa. — Isis pareceu me
notar pela primeira vez, quando percebeu que tinha falado comigo revirou os
olhos e bebeu um gole de sua cerveja.
— Fala aí gente, arrasei no palco! — Carina gritou quando chegou a
mesa. — Falei que aquelas aulas de canto seriam úteis.
— Você falou. — Isis brindou com Carina que se sentou ao meu lado.
— Ela foi embora puta? — Carina perguntou animada.
— Putíssima. — Isis respondeu rindo.
— Mas por que você fez isso? — perguntei.
— Porque ela é um monstro. — Carina resmungou tomando mais
uma dose de tequila e dançou a música que um cara estava cantando.
A noite foi passando e quase todos do grupo foram embora, só
sobrando Isis, Carina e eu, por fim decidimos ir embora. Tive que conferir se
uma das duas podia dirigir, no fim Isis estava melhor, ela resmungou que ela
tem um estômago forte, eu quase acreditei, mas vi ela indo vomitar antes de
sair, bebeu uma água e fingiu que nada aconteceu e foram embora. Cheguei
em casa, depois de segui-las até em casa, com a imagem de Carina dando
dedos do meio para sua mãe, foi excitante vê-la com raiva, espero que essa
raiva nunca venha para mim, mas fiquei bastante curioso e decidi ligar para
Dominic.
— É melhor ser importante. — Atendeu de mau humor como sempre.
— O que tem entre a Carina e a mãe?
— Você vem perguntar pra mim? — Bufou.
— Se você vigia Isis com certeza você deve saber das pessoas a volta
dela.
— Os pais são do setor de inteligência do governo, nerd's da
computação. Só sei isso.
— Hoje a mãe dela apareceu no karaokê, Isis e Carina não reagiram
bem, Carina cantou Everybody Fool do Evanescence, com direito a dedos do
meio no final e Isis deu a entender que só não acaba com eles porque Carina
não quer sujar as mãos.
Dominic ficou em silêncio um momento.
— A música fala sobre o estereótipo. O vídeo clipe mostra a menina
atuando para agradar a todos, mas no fim está sozinha derrotada e em
depressão, veja o clipe e deixe a Rebecca chupar meu pau em paz.
— Tá bom tradutor de clipe. Você acha que a Carina se sente desse
jeito com os pais? Um projeto que não deu certo? — Dominic bufou
impaciente ao telefone. — Okay já entendi, você está ocupado... Seu avô
usando uma calcinha fio dental.
— Que porra é essa? — ele gritou irritado.
— Quero ver seu pau ficar duro agora, boa noite!
Desliguei antes que ele me xingasse e ri, Dominic tem sido meu
amigo a vida toda, eu sou dois anos mais velho que ele, mas isso não mudou
em nada nossa amizade. Eu era filho de uma mulher de fora e meu pai o
melhor segurança de Santiago Raffaelo, quando meu pai contou a ele que a
mulher estava grávida, ele a obrigou a fazer o juramento da máfia, minha mãe
tinha medo, mas aceitou. Quando ela estava prestes a me ter levou um tiro e
morreu na hora, eles me tiraram dela rapidamente e eu fui criado por babás
até meus dois anos, foi quando Dominic veio para cá com seis meses. Vô
Raffaelo achou bom Dominic desde pequeno ter uma companhia, então ele
me pegou para criar. Como eu era o mais velho, eu tinha que proteger e
cuidar de Dominic, desde que eu botei os olhos naquela pequena criança, eu o
amei, ele se tornou meu melhor amigo, meu irmão.
No fim, Dominic me defendeu mais do que eu a ele, na escola eu era
chamado de bastardo, cão de guarda, sombra. Dominic entrou em muitas
brigas por mim e eu por ele, perdi as contas de quantas vezes chegamos em
casa de olho roxo e Vô Raffaelo somente nos perguntava ''vocês venceram?'',
se sim ele ria e ficava muito feliz pedindo os detalhes, mas se não, ele
mandava seus homens nos darem uma surra para aprendermos a ser homem.
Muitas destas surras eram dadas por meu pai, ele era um homem qualquer
para mim, ele não me quis, então por que eu iria querer chamá-lo de pai? Ele
se aposentou quando eu fiz vinte anos e nunca tentou fazer contato comigo,
depois que eu virei o executor da máfia.
Dominic e eu nunca brigamos a sério, porque nós sempre
concordamos em quase tudo, ele sempre vai ser meu amigo, meu irmão e eu
faria tudo por ele, até usar Carina para saber mais sobre Isis para ele, não
tenho dúvida que ele faria o mesmo por mim se fosse ao contrário. Mas fazer
isso não quer dizer que eu não goste ou não ligue para os sentimentos de
Carina, porque eu estou gostando dessa linda garota de cabelos azuis.
Capítulo 7
PRESENTE
CARINA

O apartamento de Miguel era super confortável, lembro de ajudá-lo a


pintar e a escolher os móveis, ainda tem a marca da minha mão coberta de
purpurina vermelha na parede no meio das mãos de Isis e Miguel que eram
vermelhas, eu sempre brilho. Já não via graça em mais nada, só pensava em
Jace sozinho em casa, será que ele está se alimentando? Já faz três dias, três
dias que eu não tenho notícia nenhuma dele, não tinha como ligar para Isis
sem conversar sobre tudo e eu não estou pronta para falar ainda. Miguel tem
sido um anjo na minha vida, ele se senta ao meu lado por horas sem falar, ele
sabe que eu estou sofrendo.
No quinto dia eu tomo coragem e ligo para Dominic.
— O que você quer Carina? — ele perguntou grosso.
— Como ele está?
— Por que você quer saber? Não é como se você se importasse! —
grunhiu, eu sei que ele só está defendendo o amigo, mas essas palavras
acabaram comigo, funguei tentando segurar o choro.
— Por favor — implorei.
Dominic suspirou.
— Ele está sedado, ele quebrou a casa e tentou ir atrás de você. —
Um outro soluço me escapou. — Quando ele percebeu que não conseguiria
deixar o apartamento, ele tentou cortar os pulsos.
Eu já não conseguia mais segurar, chorei muito, já estou duvidando se
fiz a escolha certa em deixá-lo, mas ainda estou com meu coração em mil
pedacinhos.
— Eu... eu... eu sinto tanto. — Chorei. — Eu posso vê-lo?
Dominic respirou fundo.
— Acho melhor não, você já fez o suficiente. — Sua voz era dura. —
Ele não vai suportar perder você de novo, então não venha... você deveria
conversar com Isis, ela está preocupada com você.
— Você contou a ela? — Isis não me falou sobre o que aconteceu.
Acho que porque eu não atendia suas ligações. A última vez que falei com ela
foi a cinco dias atrás quando deixei Jace.
— Nem precisou, eu não vou para casa há dias, eu contei que estava
com Donavan e ela aceitou. Ela está esperando você ligar para conversar, a
sua mensagem não serviu para muita coisa.
— Não sei se estou pronta para conversar com ela — sussurrei.
— Elena está muito preocupada com você, ela liga para Miguel todo
dia para saber como você está, devia chamar ela, Isis não vai se importar.
— Eu... acho que sim.
— Se cuide.
Dominic encerrou a ligação e eu caí no choro novamente, como Jace
chegou nesse estado? Quando eu pensei que meu coração não poderia se
quebrar mais, ele virou pó. Estava deitada na cama do quarto de hóspedes
quando bateram na porta, olhei Elena entrando e sentado ao meu lado na
cama, sem falar nada ela me abraçou apertado e eu chorei por tudo.
— Está tudo bem, você tem pessoas que te amam e te querem bem,
você nunca estará sozinha. — Ela tentou me acalmar.
Então eu passei mais de uma hora chorando e chorando, quando
finalmente o choro passou, eu a olhei.
— Jace tentou se matar — sussurrei essas horríveis palavras.
Elena apertou minha mão.
— Eu o achei, eu fiquei preocupada com ele, Jace sempre foi bom
para mim, ele e Dominic sempre me visitavam no internato. Eu fui visitá-lo e
Dominic tinha ido ao banheiro por um minuto. — Ela respirou fundo. — Eu
escutei um barulho na cozinha e eu corri, o vi caído no chão chorando com os
pulsos cortados, eu gritei por Dominic e nós corremos para o hospital. Ele
está lá até agora, eles o sedaram e o amarraram, Dominic me falou que ele
acorda chamando seu nome o tempo todo. — Ela me olhou por um tempo
antes de sussurrar. — O que aconteceu?
— Ele mentiu para mim todo esse tempo... Ele nunca ficou comigo
porque me amava, ele ficava comigo para alimentar a paixão obsessiva de
Dominic pela Isis, eu descobri há pouco tempo, ele só se aproximou de mim
para ter informações... ele não me amava. — Chorei. — Ele tinha uma
amante... ele estava em Chicago para ter uma vida lá... ele estava fazendo
tratamento contra as drogas. — Funguei. — Ele também estava instruindo os
novos homens da máfia, mas ele também estava com ela... ele me traiu com
Drica, ele me traiu.
— Eu pensei que ele só estivesse lá para cuidar de Valentina e a Drica
foi por acaso.
Valentina era a filha da Isis, só a descobrimos depois, bem depois,
quando Isis descobriu que Benjamin estava vivo e tinha conseguido sair da
organização levando a filha com ele e deixando Isis para trás.
— Me conte seu melhor momento com ele. — Elena mudou de
assunto, às vezes eu esqueço que seu primeiro amor foi roubado dela cedo
demais.
— Foi quando Jace fez amor comigo pela primeira vez. — Sorri me
lembrando.

PASSADO
CARINA
Estamos fazendo um mês de namoro, até hoje não fizemos nada,
tivemos amassos quentes e únicos, momentos maravilhosos, nunca me senti
tão feliz assim, nunca me senti tão querida e protegida. Às dez horas, numa
noite de sexta-feira, recebi uma mensagem de Jace.
Jace: Venha aqui em casa, Pequena.
Me troquei rapidamente, colocando um vestido branco soltinho e
saltos rosa Pink, odeio ficar baixa ao lado de Jace. O respondi rapidamente e
saí apresada de casa deixando um bilhete avisando para Isis que sairia, nunca
dormi na casa dele, ficamos até tarde às vezes, mas ele sempre me trazia de
volta para casa, eu não sei, não achava certo dormir lá. Às vezes Jace me
acordava de madrugada para conversar pelo celular, e eu tinha quase certeza
que eram pesadelos. Ele parece sempre tão feliz comigo, mas eu consigo ver
um pingo de tristeza dentro dos seus olhos cinza, assim como um pouco de
escuridão quando está perdido nos pensamentos.
Cheguei ao seu apartamento e a porta estava encostada, ouvi Ed
Sheeran tocando Kiss me, achei um pouco estranho, pois Jace não parece o
tipo de cara que escuta músicas românticas. Quando abri a porta tive a
surpresa da minha vida, um caminho de pétalas de flores me guiando pelo
caminho até seu quarto, o teto estava cheio de balões vermelhos em formato
de coração, tinha velas iluminando o caminho já que as luzes estavam baixas,
cheguei ao quarto de Jace que estava sentado na cama me esperando, sua
cama também tinha pétalas, eu não pude resisti e pulei em cima dele nos
derrubando na cama, Jace riu alto.
— Isso quer dizer que você gostou? — Ele estava sorrindo, sua mão
descansava nas minhas nádegas, eu ri quando percebi e ele ficou vermelho
pensando que eu estava rindo dele. — Foi demais?
— Foi perfeito. — O beijei, ele retribuiu na mesma intensidade senti
sua ereção contra minha barriga, me movi lentamente, suas mãos agarraram
na minha cintura me mantendo parada.
— Eu preparei um jantar antes.
— Quem se importa com o jantar, eu quero que você me coma.
Ele respirou ofegante com minhas palavras, minhas mãos se
prenderam aos seus cabelos loiros curtos, o puxei para mim e lambi seu lábio
superior e depois muito lentamente o inferior, Jace abriu a boca e rosnou,
aproveitei esse momento e enfiei a língua dentro de sua boca o beijando com
vontade, sua mão começou a acariciar minha bunda.
— Já te falei que amo sua bunda? — falou contra meus lábios.
— Já falei que amo a sua?
Ele escondeu a cabeça no meu pescoço gargalhando, eu ri. Num
minuto eu estava em cima dele, no próximo eu estava embaixo dele. Jace era
muito mais alto que eu, ele com seus um e noventa e sete, e eu com meus um
e sessenta e sete. Mas eu nunca senti medo da nossa diferença, de algum jeito
nós nos encaixamos perfeitamente.
Jace distribuía beijos pelo meu rosto e pescoço, sua mão foi na barra
do meu vestido, me sentei de joelhos na cama tirando os sapatos, meu vestido
foi o próximo a sair. Jace parou e ficou olhando para meu corpo, eu estava
com uma lingerie preta de renda, a calcinha não era nada mais que um fio na
parte de trás, me virei para ele ver, senti sua respiração pesada nas minhas
costas, lentamente ele abriu o fecho do meu sutiã com uma mão e a outra
passava por toda minha bunda, me virei para frente e ele olhou para meus
seios nus, inchados, duros e desejosos.
— Meu Deus como eu sou sortudo — ele murmurou enquanto se
aproximava e dava um beijo molhado em meu seio, enquanto massageava o
outro, minha calcinha já estava molhada, muito molhada. Ele sabia
exatamente como me deixar louca quando sua boca sugava os piercings no
mamilo.
Nós já havíamos feito algum sexo pelo telefone, porém, não voltamos
a nos tocar sensualmente depois daquele dia no chuveiro.
— Tire essa roupa — murmurei com a voz rouca, isso estava
realmente acontecendo, eu iria perder minha virgindade.
Eu o ajudei a retirar a camiseta cinza que ele vestia, olhei para seu
abdômen e arfei, não seis, oito gomos. Nunca me acostumaria com a sua
beleza, tanto por fora como por dentro. O ''V'' no quadril era fundo me
levando até o caminho da perdição. O corpo de Jace era perfeito, mesmo com
algumas cicatrizes. Elas o deixavam ainda mais bonito, era um sinal que ele
lutou e prevaleceu.
Minhas mãos foram para o botão de seu jeans, Jace olhava cada
movimento meu como se eu fosse uma espécie rara, ele se levantou e
rapidamente retirou a calça, ficando só de cueca, uma cinza da Calvin Klein,
ele parecia um modelo.
— Você é tão lindo — suspirei com a voz ofegante.
— Você é perfeita.
Ele me deitou e veio para cima de mim, sua boca voltou para meus
seios e logo foi descendo devagar, beijou meu umbigo, e então meu monte
vênus. Ele lentamente retirou minha calcinha, me olhando mais uma vez
antes de abrir minhas pernas e descer o olhar entre elas, ele parou de respirar
e ficou lá praticamente babando. Seus olhos estavam num cinza mais escuro e
intenso de desejo. Eu respirava com dificuldade, estava nua com um homem
admirando meu corpo, mas eu não sentia medo nenhum, só desejo.
— Eu amo seu piercing. — Ele tocou meu clitóris e eu gemi. Ele
sorriu e continuou a me acariciar lentamente. — Se isso está gostoso imagine
quando minha língua e em seguida meu pau provarem você.
Sua boca mergulhou nas minhas dobras e eu gritei. Nunca recebi um
sexo oral e devo dizer que agora eu sei o que estava perdendo. Sua língua foi
para meu clitóris e ele a movimentava com vontade, me deixando na beira de
um orgasmo. Seus lábios se fecharam no meu clitóris e ele o sugou com
vontade levando meu piercing consigo enquanto sua língua brincava com ele
me fazendo gemer alto, levantando o quadril. Minhas mãos foram para seu
cabelo, mas era difícil de segurar, eu tinha que me lembrar de pedir para ele
deixar crescer um pouco.
Eu cavalgava em sua boca e ele gemia, sua língua e seus lábios
trabalhando em harmonia, me fazendo gemer muito. Estava assustada comigo
mesma, nunca fui barulhenta quando me tocava. Senti que estava vindo forte,
o mais forte que eu jamais consegui.
— Jace, Jace, eu estou vindo. — Gememos juntos e foi o suficiente,
eu vim forte, me tremendo e suspirando feliz. Jace não parou mesmo depois
que eu cheguei ao meu ápice. Ele continuou a me lamber toda como um gato,
sempre olhando para mim com seus doces olhos cinza. Sua língua passou
pelo meu clitóris e eu tremi, eu estava sensível, mas senti novamente prazer
apesar de ter acabado de gozar. Ele percebendo que meu corpo respondia
somente a ele, passou a língua lá e fez todo seu trabalho maravilhoso. — Jace
eu não vou conseguir novamente. — Gemi.
— Sim você vai. — Sua boca e barba estavam meladas com meu
líquido, sua mão foi para meu clitóris e ele começou a acariciá-lo
rapidamente, fazendo pequenos círculos. Seus olhos deixaram os meus por
um minuto para olhar minha intimidade, ele gemeu e enfiou um dedo
enquanto continuava a acariciar. — Tão apertada. — Sua boca estava em
mim novamente. — Vem pequena, me dê seu mel novamente.
Ele não precisou pedir duas vezes, eu gozei novamente com sua voz,
somente ela. Assim que acabou ele levantou seu corpo e me beijou
lentamente me fazendo sentir meu gosto.
— Isso foi muitooo booom. Você terá que fazer isso em mim a sua
vida toda. — O abracei apertado, ele riu no meu pescoço.
— Que bom que você gostou, Pequena, porque ainda tem muito mais
de onde esse veio, estou tão duro.
Nos virei e ele ficou debaixo de mim, beijei cada uma de suas
cicatrizes com todo o carinho deixando bem claro que eu as amava. Depois
seu tanquinho, todos os oito gomos, quando cheguei ao ''V'' e o lambi, estava
doida para fazer isso.
Tomando uma respiração eu retirei seu pau duro e grande da cueca,
era grande e grosso na medida certa, pelo menos para mim. Sua cabeça era
rosa e estava molhada com líquido pré-sêmen mostrando o seu desejo por
mim. Terminei de tirar sua cueca e o lambi com cuidado querendo prová-lo
como ele fez a mim. O rugido que Jace fez me arrepiou me incitando a
continuar. Eu coloquei minhas mãos por volta do eixo e o masturbei como vi
nos filmes pornôs. Lambi várias vezes seu comprimento e cabeça, não tinha
um gosto ruim, e era macio como veludo, o cheiro era de sabonete e seu
cheiro natural. Por fim o coloquei na minha boca sugando e movendo minha
cabeça para cima e para baixo, junto com minhas mãos.
Jace gemeu alto e segurou meus cabelos, não me guiando, só
segurando, gemi quando o enfiei mais na minha boca o fazendo gemer mais,
eu fui o enfiando e enfiando em minha boca até que ele estava quase na
metade em minha boca, com um pouco de prática eu tinha certeza que
poderia tomá-lo todo como vi nos filmes. Quase não tive ânsia de vômito,
somente quando ele batia na minha goela. Mexi minha cabeça para cima e
para baixo, usando essas pausas para respirar como tinha lido em um livro,
Jace em resposta gemia alto.
— Pequena, com um pouco de treino você pode fazer uma garganta
profunda — ele incitou feliz enquanto eu continuava o trabalho, fiz isso até
senti-lo enrijecer, ele me puxou para fora antes que ele gozasse, o olhei com
raiva e em troca recebi um beijo de tirar o fôlego. — Porra, você é perfeita,
mas eu quero gozar dentro de você pela primeira vez.
Ele se posicionou no meio das minhas pernas e guiou seu membro na
minha entrada, depois de vestir uma camisinha. Eu parei de respirar e o olhei,
Jace me olhava com desejo.
— Nós podemos parar se você achar que ainda é muito cedo. — Ele
docemente acariciou meu rosto e meus lábios, que estavam inchados, mas
felizes.
— Não — gritei. — Não pare, só... vai devagar. — Eu respirei fundo
e soltei de uma vez. — Jace eu sou virgem.
Ele estava de boca aberta, pasmo.
— Mas..., mas você é tão bonita e descolada, chupou meu pau como
uma profissional, fazendo uma garganta profunda. — Ele pareceu
envergonhado por esse último comentário. — Você é perfeita, como pode ser
virgem?
Eu queria rir com ele falando que eu sabia chupar seu pau como uma
profissional e que tinha uma garganta profunda, mesmo eu só tendo
conseguido levar metade dele. Ele era tão doce.
— Eu só nunca encontrei o cara certo, eu nunca recebi ou fiz oral em
ninguém. Ninguém me levou para o banheiro e me fez gozar em seus dedos.
Só você Jace, e quero que todas as minhas primeiras vezes sejam com você.
— Acariciei seu rosto, minha respiração estava agitada, mas eu não tinha
medo.
Ele arfou e me olhava com uma intensidade fora do normal, suas
pupilas estavam dilatas, seus lábios vermelhos e inchados como os meus.
Quando me pegou olhando para seus lábios ele aproximou seu rosto do meu e
me beijou mostrando o quanto eu significava para ele.
— Vai ser perfeito, querida.
— Confio em você.
JACE
Confio em você. Essas palavras fizeram eu me sentir especial para ela,
essa sensação foi a melhor possível, mas não podia tirar sua inocência sem
nós sermos nada.
— Carina — sussurrei contra seus lábios.
— O que? — Ela estava nervosa, mas decidida, é isso que eu mais
gosto nela.
— Você quer ser minha namorada? — Perguntei roçando nossos
lábios antes de me afastar um pouco para ver a sua reação. Seus olhos se
arregalaram em surpresa com as minhas palavras.
— Sério?
— Essa é sua resposta? — Eu ri, com ela nada era normal.
Carina acenou com a cabeça, concordando.
— Okay.
— Okay?
— Eu aceito ser sua namorada. — Ela mordeu o lábio e seus olhos
chegaram a brilhar. Eu peguei seu rosto entre minhas mãos e lhe dei um beijo
doce.
Sorri e comecei, entrei devagar, ela fez uma cara de dor e mordeu os
lábios, mas não me parou. Tive que me controlar para não gemer e me
empurrar completamente, ela era tão apertada e só minha, somente minha,
isso enche o ego de qualquer homem.
— Está doendo muito, querida? — murmurei com a voz entrecortada.
— O que você acha? Tem a porra de uma anaconda gigante entrando
em mim — ela resmungou irritada com a minha pergunta. — Não faça
perguntas idiotas Jace!
Eu não aguentei e gargalhei, coloquei minha cabeça na curva do seu
ombro enquanto eu ria, depois de uns segundos ouvi sua risada também, e o
seu corpo relaxando. Só Carina podia me fazer rir enquanto estava transando
com ela.
— Vai logo, tá doendo — resmungou jogando as pernas sobre minha
bunda, metendo meu pau todo lá dentro, ambos gememos, ela de dor e eu de
prazer. Mas isso logo mudaria.
Eu me movimentava lentamente para não a machucar, estava
praticamente fazendo amor com ela, não a fodendo com força como
costumava fazer, pelo menos não pela primeira vez. Carina era uma
metamorfose ambulante, nunca sabemos o que esperar dela. Eu nunca
imaginei que ela realmente era virgem como Dominic tinha falado. A meu
ver, ela por ser tão decidida e liberal devia já ter feito essas coisas.
Carina gemeu em meu ouvido e eu levei meus dedos até seu clitóris
lentamente, ela gemeu e fechou os olhos, eu ainda não acreditava que ela
tinha piercing no clitóris. Carina era a tentação personificada. O pecado sobre
pernas.
Eu nunca vou me arrepender de ter quebrado a regra da máfia e ter
saboreado seu gosto, eu prefiro viver no pecado com Carina, do que viver
mais um dia sem poder prová-la, tê-la totalmente para mim. Ela fechou os
olhos suspirando.
— Não baby, olhe para mim — murmurei beijando a ponta de seu
nariz.
Ela abriu seus olhos intensos e me puxou para um beijo lento e
sensual, não demorou nenhum segundo para gozarmos ao mesmo tempo e
olhando nos olhos de Carina eu vi minha perdição.
Capítulo 8
PRESENTE
JACE

Uma semana sem Carina.


Faz uma semana que não vejo Carina, só recobrei minha consciência
hoje. Passei seis dias preso na porra do hospital por causa de uma crise de
depressão, segundo Dominic. Depressão o meu pau. Só quero sair dessa
porra de hospital e agarrar Carina pelos cabelos se necessário e arrastá-la de
volta para a nossa casa.
A última vez que isso aconteceu eu logo acordei do surto,
normalmente eu apago por dias, mas não nesse dia, eu acordei poucos
minutos depois do ataque, minha casa estava toda quebrada e Dominic estava
caído desacordado no chão, me desesperei. Quase tive um enfarte, sem
exagerar, eu o tinha nocauteado. Assim que acordou Dominic me rebocou,
quebrou minha cara sem dó e depois perguntou se eu estava bem, tomamos
cerveja e jogamos vídeo game, que por incrível que pareça estava
funcionando junto com a tv nova, nunca mais falamos sobre essa noite.
1 mês sem Carina.
Estou trancado em casa, me recuso a sair, até para trabalhar, o que
não é tão difícil, pois foi ele que me colocou nisso. Em nome da nossa
amizade, Dominic está cuidando de tudo. Ele está muito preocupado com a
gravidez de Isis e muitas vezes evita sair de perto dela, tentando me levar
com ele. Às vezes aceito ir lá na esperança de encontrar Carina, mas parece
que ela está fugindo de me ver a qualquer custo, eu tenho certeza de que é
isso. Kai, o segurança da casa, me falou que umas duas vezes que cheguei na
casa, ela saiu pelos fundos correndo, ele me contou que ela está mais magra e
isso me preocupa.
Me lembro da época mais perfeita que tivemos, foi a descoberta do
quanto eu preciso dela na minha vida, que foi na manhã seguinte da nossa
primeira vez. Me lembro que estava morrendo de medo de como ela reagiria,
será que ela se arrependeria e me deixaria? Será que ela perceberia que eu
não sou bom o suficiente para ela? Essas dúvidas ainda martelam na minha
cabeça até hoje.
PASSADO

Despertei com os raios do sol iluminando o quarto, quando rolei para


o lado de Carina para me aconchegar a ela e não encontrei ninguém eu me
desesperei. Me levantei num pulo, coloquei uma bermuda e corri para a sala,
o que eu esperava, flores? Um beijo de bom dia seguido por um juramento
que sua boceta seria só minha?
Para minha surpresa Carina estava deitada no sofá com uma camisa
minha, vendo um reality show de uma família famosa. Ela tinha uma cerveja
na mão e um saco de ervilha congelada na boceta, acho que eu a machuquei.
Quando percebeu minha presença ela se engasgou com a cerveja e se sentou
rapidamente, tirando a ervilha de entre as pernas, as fechando rapidamente,
não antes de eu ver ela nua por baixo da minha camisa. Suas bochechas
ficaram coradas e seus cabelos azuis, desbotados estavam em um coque
bagunçado no alto da cabeça, sua boca estava vermelha, inchada e seu
pescoço tinha marcas das minhas mordidas e chupões.
— Oi querido — ela finalmente falou, depois de me olhar dos pés à
cabeça e se levantou fazendo uma pequena careta. Aproximou-se de mim e
me deu um selinho me puxando para a cozinha. — Fiz café para você.
— Você já tomou? — perguntei segurando sua cintura e a coloquei
sentada no meu colo, ela deu uma risadinha depois da careta de dor que ela
fez. — Você está bem?
— Você me partiu em duas — ela sussurrou no meu ouvido
mordendo meu lóbulo. — Mas foi muito bom... Você gostou? — Ela estava
envergonhada, eu podia sentir, levantei seu queixo para ela me olhar.
— Foi a melhor noite da minha vida — falei com sinceridade. —
Você está muito dolorida? — murmurei em seu ouvido, eu queria muito fodê-
la, em cima da bancada de preferência.
Carina gargalhou.
— Anjo, eu estou um pouco dolorida... Você é muito grande — ela
murmurou. — Maaaas, se for bem devagar eu acho que posso aguentar —
falou olhando nos meus olhos. Senti meu coração acelerar, ela se daria para
mim mesmo estando dolorida para me fazer feliz.
A levantei em meus braços e carreguei até o sofá da sala, a coloquei
devagar para não a machucar e a beijei lentamente, minhas mãos foram para
minha camisa nela e a retirei, Carina mordia os lábios e me olhava com
desejo. Meus olhos se voltaram para seus lindos seios, tão bonitos e ariscos.
Os beijei e chupei, sentindo o metal contra minha língua. Ela gemeu
conforme meus beijos foram se abaixando até sua intimidade. Não ligava
para o que a máfia pensava sobre isso, mas confesso que foi Carina que me
fez vir para esse lado, eu nunca fiz oral em nenhuma mulher, elas me dão
prazer não ao contrário, mas essa lei não se aplicava a Carina, nenhuma lei se
aplicava a ela.
Carina gemia alto quando minha língua entrou nela e a fodeu, ela se
mexia e levantava o quadril, suas mãos foram para meu cabelo, meu couro
cabeludo reclamava da força que Carina os puxava na parte de cima onde
tinha um pouco mais de cabelo, mas se Carina quisesse eu os deixaria crescer
só para deixá-la feliz, essa dor não era nada mais do que eu já estava
acostumado e ainda juntava com suas unhas afiadas. Mas não reclamei
quando tinha uma boceta deliciosa na minha cara.
Ela novamente levantou o quadril e o movimentou junto com a minha
cabeça, fazendo movimentos perfeitos para ela diretamente no seu clitóris, ela
gritou tão alto quando gozou que tive que tampar sua boca com medo que
algum dos seguranças entrassem, fiz uma nota mental de avisar a eles sobre
isso. Lambi todo seu sabor a fazendo tremer quando minha língua encontrava
seu clitóris novamente, ela gemeu e por fim tentou se afastar quando estava
sensível demais. Levantei minha cabeça para vê-la, beijei seu púbis depilado
e a olhei.
— Melhor? — perguntei sorrindo safado.
Carina levantou o dedão e me deu um aceno positivo.
— Você merece um maldito dez, que língua maravilhosa — ela
resmungou olhando para cima como se estivesse falando com Deus. Então
olhou para mim. — Agora vem e me come.
Meus olhos se arregalaram e meu pau pulsou forte, Carina tinha um
olhar tão safado que me dava vontade de foder até ela desmaiar, mas eu tinha
que me controlar, ela estava dolorida.
— Quando você não sentir mais dor. — A puxei para se sentar e
como o esperado ela fez uma pequena careta.
— Mas...
Tentou argumentar, mas eu a cortei.
— Enquanto você estiver dolorida, meu pau não vai entrar nessa sua
boceta, nem tente, Pequena.
Ela levantou uma sobrancelha para mim então se ajoelhou no chão, já
puxando meu pau para fora da bermuda.
— Você nunca disse nada da minha boca. — Sorriu travessa. — Sabe,
eu quero praticar para ter uma perfeita ‘’garganta profunda’’. — Piscou para
mim.
Eu sorri balançando a cabeça. Só Carina mesmo.

Uma hora mais tarde estávamos deitados no sofá, eu vendo jornal e


Carina trocando mensagens com Isis, preferi não ler os detalhes da nossa
noite para não a foder novamente, mesmo dolorida. Carina não satisfeita com
as mensagens largou o celular e começou a beijar meu peito, depois parou,
olhei para baixo e a vi abrindo o aplicativo de foto no seu celular.
— Faça sua melhor careta. — Ela tinha uma expressão tão doce que
eu não pude negar. Ambos estávamos pelados no sofá e sua cabeça estava em
meu peito, a vi fazendo uma careta muito fofa e eu mostrei meus dentes como
um lobo, Carina gargalhou e tirou outras fotos, depois voltou para vermos.
— Nem fodendo você vai mostrar essas fotos para alguém. — Nas
fotos ela tinha os peitos de fora, totalmente enrugados e alegres com os
piercings brilhando.
Numa das fotos mostrava também seu piercing no umbigo, sorri e
mandei ela passar para mim.
— Qual é o nível de segurança do seu celular? — ela perguntou antes
de passar. — Porque eu não vou passar se tiver alguma possibilidade de
hackearem seu celular. Não quero minhas tetas por aí, apesar de serem bem
bonitas.
Eu fiz um pouco de cócegas nela pela brincadeira.
— Ninguém vai invadir, meu celular e tem a melhor segurança —
falei a tranquilizando, nunca deixaria nenhum filho da puta ver fotos de
Carina pelada, nem mesmo vestida. — E o seu?
— É impossível invadirem o meu — respondeu me olhando como se
eu fosse muito inocente. — Então se a segurança do seu for mesmo boa eu
vou lhe enviar muitas fotos. — Sorriu safada e eu gargalhei. — Maaaas eu
ficaria muito mais segura se você usasse meu serviço de proteção.
— E qual é a marca do seu? — Levantei uma sobrancelha.
— Carina proteção. — Respondeu sorrindo convencida e eu
gargalhei. Ela me socou de brincadeira.
— Eu sei que preciso melhorar esse nome, mas meu nível de proteção
é top, nem os meus pais conseguiram invadir.
Parei um segundo percebendo que ela falava sério, os pais da Carina
fazem parte da segurança do esquadrão dos Estados Unidos. Como essa
informação sobre Carina não estava nos relatórios?
— E como você aprendeu isso? — perguntei divertido, mas muito
interessado.
— Tente ser uma criança sem brinquedos e sua única diversão é
aprender como invadir computadores — resmungou e meu coração se partiu.
— Eu não sou só um rostinho bonito Jace. — Ela parecia magoada. — Eu
tinha uma vida, fiz faculdade... era um pequeno gênio. — Sorriu sem humor.
— Meus pais me querem de volta para trabalhar para eles, mas eu prefiro
morrer.
Ficamos em silêncio um momento, novamente como essas
informações não estavam na ficha dela?
— Mas eu não entendi por que estou falando isso com você, talvez eu
só precisasse dividir com alguém além de Isis e Miguel. — Sorriu.
— Pode dividir o que quiser comigo — sussurrei em seu ouvido,
querendo mesmo que ela fizesse isso.
Capítulo 9
PASSADO
CARINA
Passamos a tarde juntos e no final da noite eu voltei para casa, mesmo
com ele insistindo para eu ficar lá. Sinceramente não quero ser a namorada
chata que fica grudada o tempo todo, eu vi que essa tarde ele recebeu
algumas ligações que teve que se afastar de mim para atender, eu realmente
entendo isso.
Fiz uma festa do pijama com Isis e Mel, ambas super curiosas para
saber como foi minha noite. Não contei todos os detalhes, pois queria guardar
aquele momento com Jace, contar a outras pessoas o faria parecer simples,
sem... nada de especial. Mas isso não quer dizer que não descrevi cada
posição e o nível de prazer que eu senti. Ao terminar de contar Isis e Mel se
abanavam, me fazendo rir.
— É pecado se sentir quente pela história de sua amiga? — Mel
perguntou ainda se abanando.
— Se for eu já pequei. — Isis confessou e logo depois caiu na
gargalhada. — Isso daria um ótimo livro erótico, você deveria escrever.

Jace e eu temos passado todo o tempo possível juntos , é t ã o bom


poder sair de m ã os dadas com ele, curtir a sua companhia. Eu confesso que
fiquei com medo quando acordei na manhã seguinte depois de ter me
entregado a ele, mas preferi me manter forte com o auxílio de uma cerveja
gelada, ervilhas congeladas e as Kardashian. Durante todos os meses nós
saíamos juntos, para cinema, parque, estádio de futebol e beisebol e até
boates. Ele me levou para dar uma volta na sua moto quando o tempo não
estava tão frio. Nós nos entendíamos muito bem, Jace sabia que eu gostava de
sair e curtir e não tentava me prender e sim ia comigo.
Hoje fazemos três meses de namoro, Isis ficou me imitando conforme
eu me arrumava, ela ainda não acredita que eu estou namorando, para ela é
impossível aceitar que eu queira ficar só com uma pessoa, tá bom que eu não
sou santa, mas não sou uma puta que pega todos. Eu estava mais para puta
virgem, mas realmente não precisava falar isso, por fim fingi estar irritada
com ela.
O que resultou ela me dar um vestido azul escuro apertado com
alfinetes dourados na cintura e no ombro. Troquei meu colar violeta com
rastreador por outro que combinava mais, afinal, nada de ruim podia
acontecer comigo estando com Jace. Coloquei um salto dourado e passei um
pouco de maquiagem, não sabia aonde iríamos, mas o que eu sei é que depois
que eu suar não quero ter minha maquiagem toda borrada e parecer com um
panda.
Para passar o dia, Isis e eu fomos a um spa, onde pintei meu cabelo
novamente, já que eu já estava com o cabelo azul a um ano e meio, escolhi
pintar de castanho e na parte de dentro colocar todas as cores, como o arco-
íris, se meu cabelo tiver solto e parado não dá para perceber, mas se eu jogá-
lo ou prendê-lo ele aparece o colorido, um arco-íris de Carina. Eu amo o
instagram de pessoas que pintam os cabelos e queria poder ter um para
mostrar as minhas faces.
Jace viria me buscar às nove, ele nunca veio aqui em cima, está
esperando Isis se acostumar com ele, o que eu acho muito fofo ele pensar que
vai ser fácil assim. Eu até hoje não dormi em sua casa depois da nossa
primeira noite, eu não quero parecer uma namorada lunática, e acho que não
quero que ele veja minhas maluquices. De vez em quando Jace desaparece
por uns dias, aí só conversamos por mensagens, nesse pouco tempo eu já fico
morrendo de saudade dele, e me assusta que em tão pouco tempo eu já esteja
tão dependente dele.
Coloquei o vestido e terminei de me arrumar, deixei meu cabelo
parado reto sem movimentos, Jace teria uma surpresa.
— Não me espere, porque com certeza vamos comemorar mais que
vinte quatro horas, nem ouse me ligar. — Sorri docemente e olhei para a
janela vendo uma limusine me esperando lá embaixo, dei uns pulinhos e
beijei a bochecha de Isis que caiu na gargalhada com minha animação, ela
estava arrumada, pois hoje tinha uma feira de arquitetura que ela queria ir.
Fui ao encontro da limusine, o motorista parou na minha frente e
sorriu.
— Carina Miller? — perguntou.
— Sim. — Sorri e ele abriu a porta, entrei e no instante seguinte vi
tudo preto.
Fui despertando com vozes falando a minha volta, abri meus olhos
devagar, minha cabeça doía muito, percebi que eu estava amarrada a uma
cadeira, meu cabelo estava caído na minha cara, eu sabia que não era
impossível o esquadrão fazer isso comigo, ainda mais por eu ter informações
que poderiam destruí-los, mas eu realmente não pensei que eles fossem tão
idiotas assim.
— Que bom que você acordou, já estava chato. — Um homem
estranho parou na minha frente, nada respondi só o olhei com ódio. — Você
vai responder tudo que queremos, okay, gracinha.
— Tenho uma coisa melhor, me libertem ou vocês estão mortos —
rosnei, nunca imaginei que meus pais poderiam participar disso, mas não
tenho dúvida que eles estão metidos nessa sujeira.
O homem levantou uma sobrancelha para mim, divertido.
— Você não entendeu que você está presa e eu solto, você vai falar
tudo o que queremos saber. — Ele levantou uma faca e mostrou para mim,
meus olhos se arregalaram, mas nada falei. — Vamos começar, onde
encontramos Jace Donavan?
Meus olhos se arregalaram e eu tentei me soltar.
— Ele não tem nada a ver com isso, vocês não vão conseguir os
arquivos — gritei, como eles descobriram de Jace? Nunca vou me perdoar se
algo acontecer com ele por minha causa. — Se algo me acontecer o mundo
inteiro vai saber de tudo...
— Arquivos? — O cara parecia surpreso, o olhando bem, ele não
parecia com alguém do esquadrão. — Que arquivos?
— Para quem você trabalha? — o cortei e recebi um tapa na cara, me
fazendo cuspir sangue com a força por meu dente ter batido contra minha
bochecha, mas não parei. — Eu pago o triplo para você matar quem te
contratou.
Ele e outros homens que estavam nesse cômodo riram, o que me
questionava fez um sinal para eles saírem, mas antes um deles me olhou
divertido.
— Você não está em posição de nos comprar — outro falou. —
Somos fiéis. — E saíram, me deixando com o primeiro.
— Não quando seu patrão estiver morto — rosnei. — Vocês
trabalham pra quem? — implorei, precisava confirmar minhas suspeitas.
Ele me ignorou.
— Vou perguntar educadamente outra vez, aonde está Jace Donavan?
— perguntou lentamente como se eu tivesse algum problema mental.
Meus olhos se arregalaram quando eu percebi.
— Vocês não estão atrás de mim, e sim dele. — O homem abriu um
sorriso sombrio.
— Por que estaríamos atrás de você, meu doce?
Abaixei minha cabeça.
— Se é alguma dívida eu pago, só me soltem. — Recebi outro tapa.
Será que os sumiços de Jace era porque ele era um viciado em jogo?
— Cadê Jace Donavan? — gritou na minha cara, fazendo cair um
pouco de cuspe em mim.
— Eu não sei — rosnei e cuspi em sua cara. Eu estava assustada e
morrendo de medo, mas as palavras que Isis cansava de dizer estavam na
minha cabeça: ‘’mesmo se você estiver morrendo de medo, finja. Nunca
demonstre emoções para sequestradores’’.
Recebi um soco no estômago que me fez ficar sem ar, mas percebi
que ele segurava a mão, com força só o suficiente para eu sentir uma dor, mas
não a ponto de causar qualquer estrago.
— Cadê ele? — Colocou a faca empalada na cadeira, minhas mãos
amarradas juntas no meu colo e eu tinha uma chance de sair.
— Eu não sei. — Chorei deixando minha máscara cair. Eu estava com
medo e precisava lutar, aproveitar que ele estava sozinho na sala.
Recebi outro tapa e me fiz de desesperada.
— Eu digo, eu digo — gritei.
Abaixei minha voz ao máximo e murmurei algumas palavras sem
sentido quando ele se aproximou o bastante da minha cara eu dei uma
cabeçada com toda a minha força, ele caiu desmaiado e eu senti minha cabeça
aberta, doía muito e eu estava tonta, mas não podia parar, não quando a vida
de alguém que eu amo está em perigo.
Cortei a corda com a faca e a peguei, desamarrei meus pés. Lembrei
de uns testes do esquadrão de escapar, meus pais me fizeram assistir algumas
aulas, apesar de que o foco deles era a área de inteligência, para mim.
Peguei a chave da porta no terno do homem, ele estava começando
acordar então dei uns chutes nele com o salto, os tirei para ser mais fácil de
correr, mas os mantive em mãos, estava esperando o momento para chamar
ajuda, um de preferência que eu estivesse num lugar seguro escondida para
não colocar a vida dos meus amigos em risco.
Assim que eu abri a porta dois homens me olharam eu joguei o salto
neles e corri o mais rápido que eu consegui, eu sei que não conseguiria lutar
contra eles, nunca fui forte como a Isis, posso conseguir me defender de um
homem, agora vários nem em outra vida eu consigo. Corri tanto e me perdi,
segurava a faca com força. Esse labirinto de corredores parecia não ter fim,
mais a frente quatro homens armados me cercaram, eu coloquei a faca no
chão e levantei minhas mãos, mas antes eu apertei meu colar, chamando
Miguel. Lágrimas caíam dos meus olhos, os homens me cercaram, mas não
me bateram, fizeram muito pior.

O ar me faltava, eles estavam me afogando há vinte minutos tentando


descobrir onde Jace estava, eu só esperava que ele tenha fugido para bem
longe. O homem só me dava um pequeno espaço de tempo para respirar e
responder antes de enfiar minha cabeça num barril, até que meu ar faltasse.
— Vamos Carina, você pode se livrar de tudo isso, é só falar onde ele
está — ele falou e eu chorei. — Eu não vou cair novamente na sua atuação.
Eu estava chorando de verdade, mas ele não precisava saber, sentia o
sangue escorrer pela minha testa, meu nariz e minha boca estavam inchados.
— Ele está numa cabana em Nova Iorque, ele foi de carro, deve estar
chegando lá. — Menti lentamente como se falar doesse. — Mas não o
machuquem, por favor.
— Endereço — ele disse me segurando pelos cabelos. Eu passei um
endereço de uma casa de fuga, se alguém entrasse lá Isis iria saber que tem
algo errado.
O homem me jogou no chão e saiu, respirei fundo, disfarçadamente
olhei para meu colar e percebi que para meu azar, não era o com rastreador.
Eu o tinha trocado por um outro que combinava com o vestido, então chorei
novamente, mais forte, pois agora não teria como eles me acharem.
JACE
Vê-la chorando foi devastador para mim, na minha vida nunca me
senti tão mal assim, Dominic teve que me segurar várias vezes para me
impedir de invadir aquele quarto e matar cada filho da puta por bater nela.
Ela deu um endereço falso, de acordo com os registros é uma casa afastada
que está abandonada, mas ela pareceu mesmo estar falando a verdade, Carina
era uma ótima atriz. Vi que ela mudou os cabelos para me agradar, e o que
dei em troca, a prendo e deixo os filhos da puta a espancarem. Pensei que
demoraria mais para eles fazerem isso com ela, nunca perdoaria Dominic,
pedi mais tempo e ele me prometeu que atrasaria o ataque o máximo que
conseguisse, mas esse tempo foi curto. Uma coisa que me deixou intrigado
foi ela ter certeza de quem a havia sequestrado. Dominic olhou para mim
concordado que havia algo errado.
Já tinham se passado quase vinte e quatro horas e ela não havia
revelado mais nada, Dominic deu sinal verde para os homens voltarem a
contestá-la, mas que não batessem mais nela. Vi eles chegaram até ela
novamente, Carina não dormiu nenhuma vez, às vezes desmaiou, se recusou
a comer, só levantando para ir ao pequeno banheiro, uma única fez, sem falar
com ninguém ou levantar a cabeça. Ela só ficou sentada no chão esperando o
sofrimento acabar, fiquei olhando tudo pelas câmeras de segurança com o
coração a mil.
— Vamos Carina, porque você não nos diz aonde Jace Donavan mora
— Serguei falou com ela.
Carina se manteve em silêncio.
— Ligue para ele e mande ele lhe encontrar. — Serguei jogou um
celular para ela com meu número, Carina olhou um pouco desconfiada para
ele.
— Se você tem o celular dele, por que não o rastreia?
Dominic me olhou percebendo a burrada, a gente não esperava que
ela fosse tão esperta.
— Porque você o trará aqui, como uma isca. — Serguei foi rápido na
resposta, ele discou meu número e eu atendi no terceiro toque.
— Alô? — falei me sentindo péssimo por fazer isso com ela.
— Estamos com sua garota — Serguei falou e passou o celular para
Carina que se manteve em silêncio até puxarem seus cabelos. — É bom você
se entregar mafioso.
Carina colocou as mãos na boca, ela estava estática.
— É querida, seu homem é um mafioso.
CARINA

— Vai entregá-lo agora, docinho? — o homem perguntou.


— Nunca — cuspi, estava exausta e com medo, mas nunca entregaria
ou os ajudaria a pegar Jace, não importa o que ele fosse. — Podem me matar.
Nunca entregaria alguém que eu amo.
Como assim Jace é um mafioso, por que ele nunca me contou? De
tudo isso é o que mais me machuca. O homem me deu um sorriso sincero e se
levantou, me deixando sozinha. Prendi meus cabelos num coque baixo, pois
estava com dor de cabeça de tanta tensão, eu tentei limpar meu rosto e
agradeci a mim mesma por não ter enchido a cara de maquiagem. Morrer
com a cara borrada seria horrível, até porque eu sabia bem que esses homens
nunca entregariam meu corpo para minha família. Minhas mãos estavam
trêmulas e eu estava em choque, parada com lagrimas caindo dos olhos
lembrando de todos os momentos da minha vida. Eu nunca diria adeus a
meus amigos, a Jace.
Passei umas duas horas sozinha com meus pensamentos antes de Jace
entrar por aquela porta e correr para mim, me apertando contra ele e eu só
pude chorar.
— Jace o que está acontecendo? — sussurrei assustada, mas não o
soltei.
— Se lembra da nossa conversa há uma semana? — Me perguntou
com a voz sofrida.
Me lembrei no mesmo instante. Era numa sexta e estávamos nos
arrumando para sair para a Abaixo de Zero, no meio da maquiagem peguei
Jace me olhando pensativo.
— Você gosta de mim Carina? — perguntou um pouco
envergonhado.
— Claro que sim. — Sorri e voltei para a maquiagem. — Que
pergunta besta.
— Mas você pensa em ficar comigo..., para sempre? — Ele parecia
mais nervoso ainda e envergonhado com a pergunta.
Eu larguei a máscara de cílios na bancada e o olhei com cuidado.
— Jace... você não está me pedindo em casamento, né? Porque é
muito cedo. — Por favor que ele não peça, implorei mentalmente.
— Mas você pensa nisso, algum dia? — ele perguntou olhando para
baixo.
— Olha, me pergunte daqui dois anos, mas se tem uma pessoa que eu
imagino fazendo parte do meu futuro é você. — Sorri porque era verdade, eu
já não conseguia imaginar minha vida sem ter Jace nela, mesmo o
conhecendo há pouco tempo.
Ele sorriu satisfeito com minha resposta, mas depois fez uma careta.
— Mesmo que eu não fosse..., bom?
— Jace você é a melhor pessoa que eu conheço, você nunca vai ser
mal, não importa o que você é ou faz, você sempre será meu Jace.
Quando voltei ao presente e olhei para Jace, que esperava eu falar
algo. Me mantive em silencio esperando.
— Carina eu trabalho para a máfia e sei que eu não te mereço e se
você quiser terminar eu...
Segurei seu rosto em minhas mãos. Ele parecia tão abatido, não me
importava se eu estava dolorida, ou com o coração quebrado, não queria ver
Jace assim, porque eu percebi que o amo.
— Jace nunca se menospreze, você é uma boa pessoa e eu quero ficar
com você. — Ele sorriu e me beijou, gemi com a dor no lábio cortado, ele se
afastou lentamente.
—Desculpe — sussurrou acariciando meu rosto. — Por tudo, isso é
tudo culpa minha. — Ele me olhou dolorido. — Eu fiz isso com você Carina.
Fiquei em choque o olhando, como assim ele fez isso comigo? Ele
deixou esses homens me baterem e maltratarem e não fez nada para me
ajudar, por que ele fez isso comigo? Meus olhos se encheram de lágrimas, e
eu não sei como ainda consigo ter lagrimas depois do tanto que já chorei, elas
caíam como cachoeiras, no meio ao choro eu consegui perguntar.
— Por quê? — Com a voz totalmente embargada.
— Para saber se você era fiel a máfia. Eu não criei isso, é a regra da
máfia... Eu não queria que você passasse por isso, eu preferia que me
matassem a que ferissem você. Me perdoe. — Seus olhos também estavam
banhados em lágrimas, e eu não duvidava de suas palavras.
Aproximei seu rosto do meu e abracei, eu acreditava nele e meu
coração pedia para lhe dar uma segunda chance, meu coração implorava. Eu
estava quebrada por tudo que passei, mas olhando nos seus olhos eu sabia
que Jace era tão vítima quanto eu.
A porta se abriu e Raffaelo apareceu, ele estava com um terno e a
expressão fechada.
— Carina, você promete respeitá-lo, ser fiel, nunca trai-lo em
nenhuma circunstância, mesmo que custe sua vida. Promete nunca revelar
seus segredos, se casar com a máfia e nunca ser a primeira na lista de
proteção e ficar com ele até a sua morte?
Olhei para Jace que me olhava com atenção, mas nada falou, eu sabia
que Jace era meu futuro.
— Prometo.
— Vocês já podem sair. — Ele me olhou e deu para ver um traço de
pena. — Bem vinda a máfia, Carina.

O caminho até o apartamento foi silencioso, passamos por um drive-


thru, Jace pediu cinco hambúrgueres e a mesma quantidade de mousse de
chocolate, eu mal o olhava, minha aten çã o totalmente voltada para a janela
do carro. Estava toda dolorida e com um pano na minha testa para estancar o
sangue, que graças a Deus tinha parado. Minha boca tinha gosto de sangue e
eu me sentia fraca e acabada mais mentalmente do que fisicamente. Mal vi
quando passamos pelo porteiro e entramos no elevador, Jace olhava cada
movimento meu, ele tinha uma sacola de papel recheada de coisas.
Ao entrarmos eu me arrastei até o chuveiro sem falar com ele, eu me
sentia horrível, por dentro e por fora. A água quente batia fortemente em
minhas costas lavando todo o sangue e a sujeira de mim. O senti antes mesmo
dele entrar, preferi fingir que não notei, não tinha o que falar com ele. Seus
braços fortes seguram minha cintura e ele me ensaboou lentamente, como se
eu fosse sua coisa mais preciosa do mundo. Novamente meus olhos se
encheram d’água, mas eu não me permiti chorar de novo.
Depois do banho Jace me secou e me colocou sentada em cima do
vaso e limpou o sangue na testa, graças aos céus, o corte foi pequeno e na
sobrancelha, nem precisou de pontos. Jace colocou um curativo e me deu um
remédio para dor. Estava difícil me concentrar enquanto ele cuidava da
ferida, pois a toalha enrolada na sua cintura estava baixa e um pouco frouxa,
seu pau praticamente na minha cara, e mesmo estando dolorida e com uma
magoa que eu não esqueceria tão cedo, eu ainda o desejei, mas quando me
lembrei de tudo que passei por ele o desejo se amornou, dando lugar a pensar
no futuro, e se não desse certo entre a gente e tudo que passei foi por nada?
Depois que ele terminou, me ajudou a colocar uma de suas camisetas
e a entrar em sua cueca box, que eu tive que enrolar bastante para não cair.
Fomos para a sala e eu ataquei a comida, sem me importar com os quilos que
eu ganharia. Jace comia em silêncio me olhando, eu evitava o olhar para não
cair em tentação de desculpá-lo logo de cara. E só para irritá-lo eu liguei a tv
e coloquei no reality show das Kardashian, ele odiava quando eu colocava.
Jace percebendo o que eu estava fazendo se aproximou e começou a acariciar
meus cabelos, tremi com a dor, Jace percebeu na mesma hora e virou meu
rosto, delicadamente, para ele.
— Por favor, me diga o que fazer para você não me odiar. Eu não
tinha escolha.
Pensei um pouco dando um ar de suspense, eu estava com pena de
Jace, ainda mais quando Isis visse minha cara.
— Eu não te odeio Jace. Só estou tentando me ajustar a isso tudo —
falei e pareceu que eu estava me livrando de um peso. — Eu também tenho
minhas bagagens e sei que você vai entender, como eu estou te entendendo.
Só estou um pouco fora de área ainda, depois de tudo. Eu já passei por muita
violência psicológica, mas física e psicológica foi a primeira vez. — Minha
voz embargou. — Eu estava com tanto medo por você.
— Eu faço o que você quiser, só não me deixe Carina. Eu te amo. —
implorou.
Meus olhos se arregalam tanto que o corte doeu novamente, eu estava
realmente pasma por ele ter falado primeiro, há algumas semanas tínhamos
apostado que quem falasse primeiro faria tudo que o outro mandar por um
mês. Senti meu coração descompensado, eu estava emocionada. Além de Isis
e Miguel, ninguém mais me amava. E eu achando que teria que ralar para
fazer Jace me amar, era só ser torturada e pronto, me ama. Meu
subconsciente caçoa.
— Você não devia usar as três palavras a seu favor nesse momento.
— Comento sem o olhar.
— Eu te amo de verdade, já tinha descoberto isso muito antes. E eu
vou usar tudo que tenho ao meu alcance para ter você comigo.
Senti meus lábios se contraírem um pouco, mas não ia ceder tão
facilmente.
— Você vai ser meu escravo por um mês. — Anunciei, me lembrando
da promessa. Eu não sabia se era essa hora para falar que eu também o amo,
então decidi me fazer de difícil. — Lembra da nossa promessa?
— Claro. Serei seu escravo pelo tempo que você desejar. —
respondeu sem hesitação nenhuma.
— Limpe a casa toda. — Ele se levantou num pulo. — De cueca
somente. — Sorri maliciosa e ele ficou sem fala. Depois acenou rapidamente
e começou a caminhar para a cozinha. — Jace — gritei.
Jace era o sonho de consumo que todas as mulheres têm. Aquele
momento, quando o modelo de uma campanha ou algo assim, está andando e
aí se vira e dá aquela olhada, então meu Jace fez isso sem nem perceber,
minha calcinha ficou úmida.
— Sim, madame? — perguntou com um sorrisinho mostrando a sua
linda covinha em cima da sua cicatriz na bochecha.
— Eu também te amo — falei e voltei a olhar para a tv o ignorando
completamente.
Ouvi seu suspiro e depois passos para longe. Sorri com isso e me
deitei no sofá.
— Me traz pipoca — gritei.
Minutos depois ele voltou com a minha pipoca, que peguei de sua
mão e me concentrei na TV. Deu para perceber que Jace queria um beijo, mas
não iria ser tão fácil assim, amar ele, eu até posso amar, mas ser trouxa
jamais.

Já passava da meia-noite quando Jace terminou de arrumar a casa, foi


fácil para ele, pois a casa já estava praticamente limpa, sua cueca não negava
sua excitação por me ver o observando. Ele estava levemente suado e
delicioso, porque eu o mandei aumentar o aquecedor.
Me levantei e ele me olhou com desejo, acho que esperando que eu
me jogasse em cima dele, mas como tenho meu talento de atriz, eu me fiz de
fria.
— Que bom que acabou, estou com sono. — Ele já veio todo safado
para cima de mim, mas parou quando viu minha cara. — Me carregue até o
quarto e me conte uma história com final feliz. Quero que amanhã me acorde
com café da manhã na cama e...
— Eu já iria fazer isso. — Sorriu me pegando no colo.
— Como eu estava dizendo, prepare um banho de banheira, depois
manicure e pedicure, quero que você mesmo faça. — Eu estava sendo muito
chata, por fim olhei para ele que me carregava para o quarto com um sorriso
no rosto. — Vai desistir?
— Eu nunca vou desistir de você, Carina. Eu te prometo.
— Acho muito bom mesmo. — Tentei me manter séria, mas foi
impossível.
Ele me colocou na cama e se deitou ao meu lado, me ajeitei deitando
em cima do seu peito e me agarrando a ele, Jace começou a contar, bem
tentar contar um conto de fadas, mas era impossível não rir, ele estava
errando a história toda.
— Aí a bota não entrou nela, pois ela era filha do pé grande e tinha
um leve bigode...
— Cala a boca, Jace — falei quase fazendo xixi de tanto rir. — Eu
vou contar uma história perfeita. Era uma vez uma princesa colorida que
encontrou um príncipe sem cor e eles tiveram que lutar...
E assim adormecemos. Pela manhã Jace fez tudo que eu queria e
ainda mais. Mandei mensagem para Isis falando que eu ficaria um tempo na
casa de Jace por perder uma aposta, mas a verdade é que não queria que ela
me visse nesse estado. Sabia que se isso acontecesse teria que escolher, se
Isis já não o achava bom para mim, imagine agora. Eu não teria como
escolher, amo demais os dois, para fazê-lo, mesmo que fosse temporário, já
que Isis, mesmo discordando de mim, continuava sendo minha família.
Jace comprou roupas de última moda para mim, assistiu filmes de
romance e estava mais atencioso do que tudo. Nesses dias eu o obriguei a ver
videoaulas de dança na internet comigo, tinha horas que eu não aguentava ver
Jace rebolando e quase me jogava no chão de tanto rir.
— Já estou desculpado? — perguntou suado com as mãos no quadril,
estendi a mão para ele me tirar do chão. Seus braços fortes me puxaram para
ele. — Eu aprendi a dançar forró por você! — Ele rodou o quadril roçando
em mim e eu gemi.
Desde que eu fui sequestrada nós não transamos. Ele nem desconfiava
que eu não fiz o inferno na vida dele pelo o que aconteceu, pois esperava a
mesma atitude quando ele descobrisse quem eu era de verdade.
Me sentindo quente, eu o puxei para mim e o beijei com vontade, dali
nos jogamos no sofá, esse sofá é especial, nós nos amamos muito nele.
— Sério? — perguntou já tirando a minha roupa, eu já não sentia
mais dores e o corte na sobrancelha estava quase cicatrizado.
— Tire logo minha roupa e me fode.

No final da tarde estávamos enrolados no sofá, eu fiz Jace se cansar a


tarde toda, eu o fiz cozinhar pelado, beijar meus pés, antes de massageá-los e
depois pintar minhas unhas novamente, eu já estava com as unhas feitas,
porém sem ideia do que ele podia fazer. Também o fiz secar e pranchar meus
cabelos, essa parte ele até achou divertido.
— Eu sou muito bom nisso — falou enquanto alisava meus cabelos.
— Não é pra tanto. — Rolei os olhos e pelo espelho vi ele rir.
— Adorei seus cabelos.
— Pensei em você ao fazê-lo — murmurei olhando em seus olhos.

Agora estávamos nós dois assistindo ao reality show das Kardashian,


a contra gosto dele, mas já que ele está me devendo tem que ficar quieto
mesmo. A porta abriu e uma loira peituda entrou e estacou o passo ao nos ver
deitados no sofá. Jace se levantou do sofá tenso, a mulher me olhava com os
olhos marejados, ela parecia uma Barbie de tão bonita, mas se via de longe
que ela não nasceu assim.
— Então é verdade!? — ela murmurou para ela mesma e depois
voltou sua atenção para Jace. — Donavan, não acredito que você vai me
trocar por uma de fora. É pelos cabelos coloridos? — ela praticamente gritou
e cuspiu o ‘’por uma de fora’’.
— Drica, já chega, saia antes que eu perca minha cabeça — Jace
rosnou e ela deu um passo para trás com medo.
— Mas..., mas você disse que eu era a sua favorita...
— Minha puta favorita, Drica, eu pagava pelos seus serviços — Jace
rosnou.
Drica o olhou magoada e se virou para mim.
— Desculpe o transtorno. — Sem dizer mais nada, ou dar um show
foi embora.
Na mesma hora Jace se levantou e discou um número no telefone.
— Não quero que Drica entre mais aqui em circunstância alguma, as
únicas pessoas que tem entrada livre são Carina e Dominic! — gritou ao
telefone e desligou.
Ele ainda não me olhava quando desligou.
— Jace eu só vou perguntar uma vez e espero uma resposta sincera.
— Ele assentiu rapidamente e curto, ele ainda estava com medo de eu deixá-
lo. — Você teve alguma coisa com essa mulher enquanto estávamos juntos?
Sua respiração parou e ele me olhou com os olhos arregalados, e eu já
tinha minha resposta. Me levantei e já caminhando para o quarto para pegar
uma roupa, eu não iria embora com a cara amassada nem com sua camiseta.
Ouvi seus passos atrás de mim enquanto eu pegava um vestido que
ele havia comprado. Entrei no banheiro e me joguei dentro do chuveiro, eu
estava morrendo de raiva, e eu achando que seria sua única. Fui muito trouxa.
O que esperar de um homem da máfia. Vi diversos filmes e documentários
que mostravam o quão devassos eles eram, porque eu não acreditei.
— Carina...
— Carina o caralho, vai se foder, seu filho da puta! — gritei e me
virei para o outro lado para ele não ver as lágrimas caindo pelo meu rosto, eu
aprendi a chorar em silêncio a muito tempo.
— Carina foi uma vez, depois do nosso encontro...
Eu voei em cima dele o socando, não me importava que estava nua,
molhada e poderia escorregar, eu só queria me livrar dessa dor.
— Eu te perdoei por ter me torturado. Torturado! Você tem noção
disso?! Do quão apaixonada eu sou para fazer isso por você, agora me trair...
— Entrei no chuveiro novamente e fechei a porta. — Só vai, Jace, não quero
ver você.
Ouvi a porta bater e depois sons de coisas quebrando, então
despenquei no chão, meus soluços eram abafados pela água, a dor no meu
coração era grande, em tão pouco tempo Jace entrou totalmente no meu
coração e fez sua morada. Decidi me recompor, terminei meu banho, me
sequei, coloquei o vestido e percebi que não tinha pegado nem calcinha nem
sutiã, mas sinceramente não liguei, daqui eu só vou pegar um táxi para casa e
esquecer que eu conheci Jace Donavan, o dono do meu coração.
Ao sair do banheiro pego um casaco por causa do frio de Boston e
ofego ao ver Jace ao lado da janela fumando um baseado. Meus olhos se
arregalam e eu só o observei. Seu olhar é triste e vazio, eu o vi secando uma
lágrima e fumando mais depressa, o cheiro da maconha impregna no quarto.
Percebo finalmente que estou presa a ele, não só pelo juramento da
máfia, mas diretamente ao meu coração, parece haver um elástico ligando
meu coração ao seu e eu tenho medo disso arrebentar e machucar nós dois.
Mas não podia deixá-lo assim. Jace claramente precisava de ajuda.
— Jace — falo com a voz cansada e ele me olha assustado, apagando
rapidamente o baseado e jogando pela janela. — Só me responda por que e
quando você fez isso.
— Eu desejava muito você Carina, não era para nosso encontro
acontecer, mas eu não podia evitar, queria te conhecer. — Seu olhar era triste.
— Eu sabia que provavelmente ao te ver eu te levaria para um beco para
foder você, então chamei a Drica antes do nosso encontro. — Lágrimas
caíam como cascatas dos meus olhos. — Mas, mesmo assim, eu só pensava
em você.
— Isso é uma coisa estúpida de se dizer — murmurei e ele deu um
pequeno sorriso triste.
— E a segunda vez foi quando eu cheguei.
— Seu filho da puta — gritei e fechei os olhos, me recusava a bater
nele novamente, sabia que isso não o machucaria em nada. — Continue.
— E eu me senti mal e mandei ela ir embora, eu sentia como se
estivesse te traindo...
— Novidade: Você estava.
— Então meu vigia falou que você saiu do prédio com um homem e
eu pirei, novamente eu te traí. Mas depois disso eu nunca mais nem pensei
em Drica, eu juro. Na minha vida só existe você, por favor não me deixa.
Ele se ajoelhou na minha frente e agarrou minhas pernas chorando, eu
estava bem chocada, ele, um homem tão grande e forte, parecia uma criança
assustada. Meu cérebro gritava para eu deixá-lo antes que fosse tarde demais,
e meu coração implorava para ficar e eu ouvi meu coração.
— Jace, já foram dois erros, no terceiro eu estou fora.
Capítulo 10
PASSADO
JACE
Carina ficou comigo até meu choro acabar, ela falou que não me
abandonaria, mas não queria mais ver minha cara. Ao me deixar a vi
caminhando para a cozinha e quando se inclinou para pegar algo no fundo da
geladeira, seu vestido subiu e eu vi que ela estava sem calcinha e o piercing
implorava por atenção. Vendo a cara de Carina vi que ela nem percebeu, se
sentou e começou a fazer um sanduíche para ela. E eu não podia evitar, fiquei
muito excitado, Carina sempre me excita, ela poderia estar usando uma burca,
mas, mesmo assim, eu ainda a desejaria ardentemente.
Sabia que eu era um bosta por ter feito isso e Carina estava aturando
as minhas merdas. Sabia também que não teria outra chance se falhasse, já
tinha esticado demais o elástico que nos mantinha juntos. Eu a deixei ser
torturada e a traí, que tipo de homem faz essas coisas e espera que a menina
continue ao seu lado, ainda mais Carina, que era uma mulher independente e
segura de si. Eu e ela sabíamos que ela merecia alguém melhor que eu. Mas
eu era egoísta demais para libertá-la. Com ela eu me sentia feliz, bem, amado
e não queria que esse sentimento fosse embora e eu voltasse para as trevas.
Mais do que isso eu queria amá-la e trata-la tão bem, porque porra, ela é meu
mundo e eu devo cuidar tão bem que ela não vai querer ir embora nunca.
Sem ter muito o que fazer eu fui para o banheiro tomar um banho para
abaixar meu pau que estava me incomodando, mesmo com a água batendo
em mim ele não abaixou, sem querer me lembrei das vezes em que fodemos
aqui nesse banheiro. Quantas vezes a fiz minha, mas ainda tinha o detalhe da
camisinha, eu odiava aquela porra, mas Carina não queria ser mãe agora. Eu
sei que se eu falar agora sobre isso ela pode usar isso como última gota e
querer me deixar. Estamos num fio de elástico, e ele só pode esticar até certo
ponto antes de arrebentar[ML6].
Escutei um suspiro e vi Carina olhando para meu pau que estava na
minha mão, acho que ela pensou que eu estava me masturbando. Ela
rapidamente desviou o olhar e abriu o armário e pegou um elástico de cabelo.
Em tão pouco tempo juntos era como se ela já morasse aqui, com suas
roupas, cosméticos que ocupavam todas as minhas gavetas e espaços, mas eu
não poderia estar mais feliz.
— Vou malhar um pouco, comi bastante esses dias — murmurou
prendendo os cabelos e saindo sem me olhar. Essa eu não iria perder. Ela
podia não querer falar comigo, mas eu não perderia minha menina suada e
gostosa.
Como um jato sai do banheiro enrolado numa toalha e ao entrar no
quarto tive a visão de Carina nua de costas colocando uma calcinha, ao se
inclinar eu vi novamente seu pequeno piercing logo tampado por uma
pequena calcinha, ela vestiu um top curto e um short que mais parecia uma
calcinha, com os cabelos presos num rabo de cavalo eu vi o arco-íris de
cores.
Me ignorou e foi para a sala de ginástica no andar de cima, meu
apartamento era um duplex, mas eu, na maioria das vezes, só ficava aqui
embaixo, lá em cima tinham alguns quartos, uma academia, uma área com
sauna e uma jacuzzi grande. Deixei ela um tempo sozinha e enquanto isso
vesti uma bermuda e um tênis e encontrei Carina correndo na esteira, o suor
pingava na sua pele e passava entre os seios, novamente ela me ignorou, eu
nunca vou me esquecer o que ela disse, são três chances, e eu já perdi duas,
eu não vou perdê-la.

Ela não voltou a me tocar por dias, pensando em tudo que passou,
sobre a traição e finalmente ela quebrou. A noite quando ela pensava que eu
estava dormindo ela chorava. Seu choro era quase sem som, mas com atenção
eu pude perceber as sutilezas de Carina. Por que ela chorava em silencio? Se
eu pudesse voltar no tempo nunca teria tido nada com Drica, se soubesse que
machucaria Carina desse jeito. Tentei inverter os nossos lugares e me
perguntei como ela suportava tudo que ela passou sem me odiar. Carina era
uma luz, e eu não tinha o direito de apagá-la. Preferia morrer a voltar a
machucá-la. Era fodido demais para ela e mesmo assim não conseguia a
deixar.
Algumas noites depois estávamos vendo um filme quando recebi uma
mensagem de Dominic falando que eu tinha trabalho a fazer, meu coração
apertou, nesses três meses minha carga de trabalho diminuiu, eu tinha medo
que Carina percebesse que tinha algo de errado, mas agora que ela já fez o
juramento, Dominic não pode me privar para sempre. Ele me deu a opção de
trocar de área, mas fazer isso me tornaria fraco, mostraria que eu fui afetado
mais do que mostrava. Na máfia demonstrar fraqueza era ser um alvo.
— Carina eu tenho que trabalhar, você vai ficar bem aqui sozinha, ou
quer que eu te leve para Isis e te busque quando eu voltar, talvez amanhã
dependendo da hora? — Tentei parecer calmo.
Carina olhou para mim de canto de olho e falou.
— Eu vou dormir porque eu estou bem cansada, não me acorde,
okay? — falou e foi para o quarto bocejando.
Me senti um pouco melhor, Carina tinha sono de pedra, então não
corria o risco de ela acordar. Me arrumei de preto e sai de casa dando-lhe um
selinho. Ao chegar ao galpão eu olhei para o céu e mandei Deus se foder.

Minhas mãos estavam repletas de sangue. Eu havia torturado um


homem até que ele contasse o nome dos ratos que estavam roubando uma
porcentagem das drogas distribuídas. Não era possível enganar os Raffaelo,
ainda mais agora que seu império era gigantesco. Mas meu trabalho não
acabou por aí, depois de matar o cara, eu fui atrás dos outros pela cidade.
Nevava e estava frio para cacete e a coisa que eu mais queria era acabar tudo
para estar junto de Carina.
— Me passe o nome dos seus comparsas. — pedi com a voz calma ao
outro homem. Sabia que para ter enganado a máfia, eles teriam que ter mais
pessoas espalhadas, do que só uns ratos que não tinham qualquer informação
privilegiada.
— Eu... eu... ninguém... o que você vai fazer? — Ele gritou quando eu
andei pelo seu apartamento e peguei um porta-retrato com a foto de uma
criança.
— Seu filho? — perguntei. Ele começou a lutar contra a sua cadeira.
Passei para a outra foto vendo uma mulher e novamente o menino. — Sua ex
esposa, acredito eu. O que ela pensaria se eu fosse lá porque o pai dele quer
jogar bola?
O lábio do cara começou a tremer mais ainda.
— Você já viu um crânio de uma criança como é diferente do nosso?
Seus dentes fixos embaixo dos molares, uma obra de arte. Quer ver a do seu
filho, com um pouco de sangue e carne, já que eu não sou bom em deixar os
ossos tão limpos, mas os meus cachorros sim. O que acha?
O cara então vomitou todos os nomes, completamente fodido
psicologicamente, seu cérebro projetando a imagem das coisas que eu disse.
O meu trabalho não era só acabar com o corpo, mas com a mente também.
Nunca tocaria numa criança e matava qualquer um que o fizesse, mas ele não
precisava saber disso.
Quando terminei o serviço liguei para Dominic entregando todos os
nomes e seus homens assumiram o restante.
— Você está bem, amigo?
— Vá para o inferno. — disse com a voz morta, como me sentia toda
vez que acaba com um serviço.
A cada trabalho eu perdia um pedaço da minha alma e não sabia
quanto tempo mais aguentaria o sangue e a dor. Os gritos, lamurias e por fim
os gemidos agonizantes estavam na minha cabeça, assim como flashes do que
fiz o tempo todo. Não era tolo de pensar que não iria para o inferno, mas que
se foda. O inferno era aqui e não havia coisa pior do que isso.
CARINA
Acordei com um barulho no corredor, fingi que estava dormindo e
ouvi Jace entrar no quarto a procura de algo, ele foi dentro do armário e
pegou o que procurava, uma pequena caixa e roupas. Quando ele abriu a
porta do banheiro eu vi que suas roupas estavam sujas de sangue, mesmo
sendo pretas dava para perceber que estavam molhadas de sangue. A mão de
Jace estava avermelhada, não precisava ser muito inteligente para perceber
que aquilo era sangue seco. Senti meu sangue gelar, será que Jace estava
ferido? Será que seu trabalho na máfia é perigoso? Ele tinha me falado no
nosso primeiro encontro que ele era sócio da Abaixo de Zero e que tinha
alguns empreendimentos, mas quem era Jace Donavan de verdade?
Me levantei sem fazer barulho e escutei a água cair. Hesitei pensando
no que iria falar, já iria abrir a porta, mas a água parou e eu ouvi pequenos
barulhos de isqueiro acendendo, esperei um pouco, sem saber o que ia ver e
quando por fim tomei coragem abri um pouco a porta e paralisei.
Jace estava quase injetando heroína em suas veias, me fazendo gelar e
agir por impulso. Rapidamente entrei no banheiro e ele levantou um olhar
morto para mim, ele estava deprimido. A sua volta a pequena caixa continha
o kit completo para preparar a heroína, inclusive para derretê-la na hora.
— Querido, vem pra cama, eu senti saudade. — Cheguei perto dele
lentamente, sabia que Jace não me machucaria por querer. Toquei seus dedos
com os meus. — Vem, eu preciso de você — falei colando meus lábios nos
seus, tirando devagar a seringa cheia de sua mão e o trazendo para o quarto,
nunca deixando os seus olhos.
Seu olhar vazio partiu meu coração, eu não sabia ao certo o que Jace
fazia, mas eu precisava descobrir logo, não estaria sempre presente quando
ele tentasse fazer isso e esse era o meu maior medo.
Na cama eu o beijei lentamente o distraindo, falando o quanto o
amava e o quão importante ele era para mim. Seus ombros e olhos por fim
relaxaram e eu queria chorar, ficamos acordados até o sol aparecer. Meu
corpo doía de tantas vezes que fizemos amor, era a primeira vez que fazíamos
depois dele ter me contado que havia me traído. Eu já não tinha voz de tanto
falar palavras doces para ele, mas valeu a pena, Jace dormia tranquilamente
agarrado a mim como se eu fosse sua tábua de salvação, só então eu pude
chorar em silêncio.

Duas semanas se passaram e não conversamos sobre o que houve, ao


acordar naquela manhã, vi que Jace não estava comigo, corri para o banheiro
e vi que a caixa também estava sumida, me desesperei e corri pelada pela
casa procurando ele, rezando aos céus para ele não ter feito nada. O encontrei
malhando pesado na academia, ele me pegou olhando e sua boca ficou
levemente aberta, então reparei que eu estava pelada, somente com os cabelos
coloridos [ML7]tampando meus seios e meu pequeno piercing no umbigo.
Deu para perceber pelo seu olhar que ele sabia o porquê deu estar atrás dele.
Seu olhar se tornou sofrido.
— Baby...
— Não. — Cheguei perto dele e o abracei apertado colocando minha
boca no seu pescoço e lambendo seu suor. — Querido, eu vim para te chamar
para tomar um banho comigo. — Me fiz de desentendida. — Você não estava
quando acordei.
— Eu precisava malhar um pouco. — Ele disse olhando para meus
pés, não para mim. — Sobre ontem...
— Depois conversamos — murmurei o beijando e o levando para a
jacuzzi na sala ao lado.
Esse depois nunca chegou.

Agora estávamos entrando no meu apartamento, Isis ainda estava na


faculdade e Jace queria conhecer meu cantinho. Ao entrarmos ele foi direto
para os quadros com nossas fotos enquanto eu corri para o meu quarto,
parecia que foram anos que eu não vinha aqui, não só um mês. Me olhei no
espelho sorrindo, já não tinha nenhuma marca daquele dia. Isis não ficou
preocupada comigo, pois todos os dias eu lhe mandava mensagens e ligava,
sem contar a Jace eu a avisei por alto que ele trabalhava para uma máfia. Eu
não escondo segredos que podem afetar a vida da minha amiga, a não ser que
seja realmente preciso ou para a sua segurança.
Atrás da porta do meu quarto estava uma lista de nomes colados num
alvo, a retirei rapidamente e a escondi embaixo do meu ursinho verde. Jace
entrou logo depois e sorriu ao me ver perto da minha cama.
— Nem vem, só vim para pegar mais algumas roupas.
Jace levantou uma sobrancelha divertida.
— Não é mais fácil você se mudar logo para meu apartamento? —
Ele passou o olhar pelo meu quarto. — Ele é bem... normal — comentou
olhando cada detalhe.
— O que esperava, um quarto infantil todo colorido e cheio de
unicórnios? — perguntei rindo e Jace assentiu. — Filho da mãe.
Pulei em cima dele e o enchi de cosquinhas, a risada de Jace era
gostosa e alta.
— Pede pinico — falei entre as cosquinhas.
— Pinico, socorro — ele gritou teatralmente, gargalhando em
seguida.
Uma hora depois uma pequena mala com algumas roupas estava ao
lado do sofá enquanto eu e Jace nos agarrávamos ardentemente.
JACE
Coloquei Carina sentada no meu colo e gemi quando ela se agarrou
em mim e começou a rebolar sua deliciosa bunda. Minhas mãos estavam uma
em sua bunda e a outra segurando seus cabelos coloridos e a puxando para
mim, esse sofá era macio e o apartamento aconchegante. Coloquei meus pés
em cima de uma pequena mesinha de madeira com algumas fotos dentro do
vidro central e continuei meu ataque. Carina implorava por mais e mais.
Ouvi a porta da sala se abrir e minha mão já foi direto para a minha
arma, Carina disse que Isis ainda estava na faculdade então não podia ser ela.
— Podem se agarrar sem o pé na mesinha, é possível? — Isis gritou
cruzando os braços, e num rompante ergui uma arma e apontei para ela, que
revirou os olhos. — Eu tenho cara de alvo? É melhor tirar a porra do pé da
minha mesinha antes que fique sem. — Isis era louca?
Olho para Carina confuso, essa reação eu não esperava, abaixo a arma
e fico olhando para a cara dela e logo depois caio na gargalhada. Isis Collins
é realmente maluca, Carina por sua vez tentou se manter séria, mas falhou
miseravelmente. Ela olha para meus pés novamente.
— Caralho — Carina grita quando percebe que eu continuava com o
pé na mesinha. — Tira o pé daí Jace ou a Isis vai arrancar teu pé com os
dentes, a mesinha é sagrada — Carina fala rápido e baixo, mas não baixo o
suficiente para Isis não ouvir.
— Vocês são estranhas, eu aponto uma arma para sua amiga e você
está brigando comigo por meu pé estar numa mesa? — eu resmungo olhando
às estranhas, se fosse qualquer outra pessoa levantaria as mãos ou se jogaria
no chão.
— Não é a primeira nem a última vez que me apontaram uma arma.
— Isis dá de ombros e caminha para seu quarto, eu acho. Ela para na porta e
se vira para mim. Eu já fico tenso. — Magoe Carina e eu vou fazer você
sofrer, começando a fazer você comer suas próprias bolas. — Ela faz uma
cara tão sombria que eu realmente fico com um pouco de medo, espero ela
rir, mas não o faz.
Olho para Carina e murmuro.
— Essa mulher dá mais medo que o Dominic.
Eu posso apostar minhas bolas que Dominic está fodido nas mãos
dela. Olho para as fotos de Carina e os amigos no centro da mesa e sorrio, é
como uma mesa das lembranças.
— Onde estávamos mesmo? — Carina pergunta e eu a puxo para
mim.

Natal finalmente chegou e infelizmente Carina passaria a ceia com


Isis e sua família, mas marcou deu ir buscá-la as onze. Eu estou passando
meu natal com Dominic e Vô Raffaelo, Daniel está sumido, aposto que
enterrado em alguma puta, ninguém gosta dele. Dominic como todos os anos
fica quieto e sem expressão, ele odeia o natal tanto quanto eu, não temos uma
família amorosa para comemorar ou algo assim, só jantamos juntos e depois
tomamos uma cerveja.
Vô Raffaelo desaparece depois do jantar, para trabalhar. Ele sente
falta de sua falecida esposa, Christina faz falta para todos nós. Ainda faltam
quase duas horas para eu buscar Carina, por fim Dominic e eu vamos para a
varanda e ficamos em silencio olhando o céu e a neve cair lentamente.
— Você é feliz com ela? — Dominic pergunta quebrando o silencio.
— Sim, eu a amo. Eu daria a minha vida por ela sem hesitar. — Eu
falo e vejo ele dando um pequeno sorriso.
— Você teve mais trabalhos esse mês... como ela está reagindo as
suas coisas...
Dominic fala lentamente, ele sabe que eu não gosto de falar sobre os
meus assuntos. Ele vem me perguntando isso há alguns meses, quando Carina
passou uma semana com Isis e só nos vimos de dia, e eu estava deprimido
pelo o que tive que fazer. Dominic me achou me afogando no meu próprio
vomito, eu implorei a ele para não contar para Carina, eu não vou perder essa
sua última chance por ser um viciado de merda. Eu fiquei com tanto medo
que fosse Carina que tivesse me encontrado, então decidi usa-las só em
último recurso.
Quando Carina está comigo eu não preciso de álcool, drogas, nem
nada, só dela.
— Ela está bem. — Suspirei, precisava desabafar. — Há alguns
meses ela me pegou quase injetando... aquele olhar dela... eu nunca vou
esquecer. Não vou fazer essas coisas perto dela, correndo risco de ela ver...
não vou acabar com meu relacionamento porque eu sou um viciado de merda.
Puxei um cigarro do pacote e acendi sem dificuldade apesar do vento
frio no meu rosto. Dei a primeira tragada e soltei o ar, Boston estava um frio
do caralho, era o ano todo, mas principalmente nessa época do ano que era
inverno. Atualmente eu tenho somente fumado cigarros, Carina reclamou um
pouco que o cabelo dela ficava fedorento, mas depois que eu falei que só
estava nos cigarros agora, ela me abraçou forte e chorou no meu colo
agradecida. Nessa noite fizemos amor e foi a primeira vez que eu menti para
ela, no mês seguinte, quando ela adormeceu eu me entreguei a tentação e
depois fui dormir ao seu lado. Eu não era um viciado normal, eu não uso
todos os dias, eu tenho meu alto controle, só preciso dessas merdas quando eu
sei que não vou aguentar mais uma carga. Eu não aguento mais ver a dor e o
sofrimento das minhas vítimas, sendo elas monstros ou não, eu não aguento
mais ser a causa da morte delas. O monstro delas.
— E como ela reagiu? — Dominic perguntou levemente curioso e eu
sorrio de leve.
— Ela segurou minha mão e tirou a agulha de mim, me levou para
cama e fizemos amor até eu dormir, que foi lá para a manhã, ela estava
cansada, mas não parou. Ela não me julgou nem nada, só me fez esquecer a
dor, pela primeira vez eu dormi sem precisar usar merda nenhuma depois do
trabalho e foi a melhor noite de sono da minha vida, sem pesadelos. — Sorri
feliz. — Eu não sei como seria minha vida sem Carina.
— Eu também não, irmão. — Disse Dominic batendo de leve nos
meus ombros e saindo.

Ao buscar Carina na casa dos pais de Isis eu suspirei ao vê-la, vindo


para o meu carro vestindo um vestido vermelho longo e meio transparente,
ela estava mais que divina, seus cabelos estavam roxos escuros, com algumas
partes em azul, ela era perfeita à sua maneira. Minha menina ao entrar no
carro já foi logo me beijando, ela tinha uma caixa grande apoiada em suas
pernas, a peguei com delicadeza e coloquei no banco traseiro, então retribui o
beijo com paixão.
— Nossa estou congelando. — Ela reclamou. Eu acariciei seus braços
tentando esquentá-la um pouco antes de tirar meu casaco e colocar sobre seus
ombros.
Os olhos de Carina brilharam, ela adorava quando eu era cavalheiro
com ela. Por Carina eu seria a porra de um príncipe encantado se ela pedisse.
— O que tem aí dentro? — Perguntei quando paramos num sinal
vermelho, minha mão estava entrelaçada com a dela, Carina tinha um sorriso
no rosto.
— São os presentes do pessoal, tem até para você. — Respondeu
rindo mais, então levou minha mão a sua boca. — O seu presente já deve
estar no seu apartamento.
Levantei uma sobrancelha e a olhei rapidamente.
— No meu apartamento?
— Sim, eu mandei seus homens colocarem depois que saímos. —
Deu de ombros.
— E eles seguiram as suas ordens? — Perguntei divertido.
— Eu só tive que falar que eles veriam a sua fúria se você não
recebesse o meu presente, e eles praticamente imploraram para me ajudar. —
Riu e eu a acompanhei, senti que comecei a suar e disfarcei, espero que esses
idiotas não tenham dito nada.
Quem me conhece dentro da máfia sabe o monstro que sou, muitos
temem um olhar meu, sem querer me gabar eu sou o que chamam de bicho
papão dos homens.
— Você também, só verá seu presente lá. — Resmunguei, ainda
sentia uma leve ardência nas minhas costas.
— Legal. — Ela pulou alegre. Seus cabelos estavam com alguns
cachos e estava com uma maquiagem bem dourada e linda. — Estou tão
animada, vai ser nosso primeiro natal juntos.
— Vamos ter todos os natais juntos. — Falei e parei o carro na vaga,
então Carina me atacou pulando em cima de mim e me beijando.
— Eu nunca quero perder você, Jace.
— Você nunca me perderá. Eu nunca a deixarei ir embora. — Falei
secando uma lagrima que caiu de seu olho, se dependesse de mim Carina
nunca mais choraria por coisas tristes. — Eu prometo.
Capítulo 11
PRESENTE
CARINA
— O que você está olhando? — Miguel pergunta se sentando ao meu
lado no sofá.
Ele acha que eu não percebo que ele está sempre me vigiando, ele tem
medo de que eu acabe em uma depressão. Nessa casa não citamos o nome
dele, mas não importa o que eu faça, eu sempre penso em Jace Donavan, a
cada respiração eu sinto sua falta, mas sem a verdade o que temos?
Olho novamente para a minha mão e lagrimas silenciosas caem dos
meus olhos enquanto penso como recebi esse presente.

PASSADO

Na porta do apartamento eu mandei Jace fechar os olhos, pois não


queria que ele visse meu presente de longe, mas o safado também me fez
fechar o meu, alegando que ele queria a mesma coisa. Então, fomos entrando
no apartamento com os olhos fechados, para mim é um desafio me equilibrar
nos saltos sem poder olhar aonde ir, mas parece que Jace está acostumado,
mesmo com uma caixa grande em mãos, ele nos guia até o sofá então
contamos até três e abrimos nossos olhos.
A minha frente está uma árvore de natal gigante, e quando eu digo
gigante, eu quero realmente dizer gigante, tipo maior que o Jace, ou seja,
muito grande. Olho para Jace que tem seu olhar centrado no meu presente, eu
mandei fazer uma mesinha de centro de vidro toda com fotos nossas — como
a que eu tinha na minha casa com Isis — é uma verdadeira obra de arte, em
cima dela tem uma pequena caixinha vermelha e preta.
— Jace eu amei o presente. — O abraço apertado e logo depois o
puxo para mim, o enchendo de beijos. Ele havia me dito uma vez que não
comemorava o natal e nunca teve uma árvore, eu lhe disse que também nunca
tive uma árvore minha, pois meus pais não comemoravam nenhuma data, e
em todos os anos eu passava na casa de Isis, ou seja, não era realmente uma
árvore minha. — Ela é tão grande, eu já a amo muito. — Algumas lágrimas
de felicidade deslizam pelo meu rosto. — Podemos ficar com ela o ano todo?
— É tão linda. — Ele diz ainda olhando a nossa mesinha. — Eu mato
quem não usar porta copo para apoiar as coisas. — Resmungou e eu
gargalhei lembrando que ele tinha posto o pé em cima da mesinha de Isis e
não entendeu por que tivemos um ataque.
— Ainda temos a noite toda e os presentes não acabaram. — Eu
estava tão animada, Jace realmente amou o presente. Eu tinha medo de que
fosse demais invadir a casa dele e colocar um móvel, mas nosso
relacionamento não tem nada de normal.
Mordendo o lábio inferior eu pego a caixa, a colocando em cima do
sofá, ao abri-la eu lhe entrego uma caixa pequena.
— Presente de Isis. — Pego outro presente eu sabia que iria gargalhar
ao vê-lo com ele. — Dos pais da Isis e do Miguel. — Lhe entreguei uma
cartinha, eu estava curiosa para saber o que eram esses presentes.
Jace e eu nos sentamos no tapete felpudo preto que eu tinha falado
que gostava e Jace comprou há algumas semanas. Ele me olha com cuidado
esperando alguma piada, mas quando não vem ele sorri todo bobo e abre o
presente da tia Anna e do tio Colton, era um moletom vermelho bordado com
renas e escrito Jace, eu peguei o meu e lhe mostrei que era igual ao que Isis,
Miguel e eu ganhamos.
— Vamos estar todos iguais. — Falei batendo palminhas. — Tem um
para Raffaelo também, mas não tenho certeza se ele vai usar, ele é um pouco
assustador.
Jace sorriu ao ler em voz alta o pequeno cartão que Miguel lhe
mandou.
‘’Caro Jace, eu lhe dou esse presente que é um aviso, trate Carina
como uma princesa ou use esse dinheiro para fazer uma plástica na sua cara
depois que eu acabar com você. Feliz natal! — Miguel.’’
Nem preciso dizer que chorei de tanto que ri, dentro do cartão tinha
um cheque sem números, e eu gargalhei mais ainda com o presente seguinte,
o de Isis.
— Só pode ser brincadeira. — Jace resmungou me fazendo rir mais
ainda, Isis havia lhe mandado uma caixa de camisinhas PP.
— Ela já te ama. — Eu secava as lágrimas de tanto rir, por fim Jace
também riu.
— Você sabe que elas não vão servir, né amor?! — Falou querendo
recuperar a sua moral.
— Ainda preciso me adaptar a você a cada penetração então não, não
servem mesmo. — Brinquei o beijando e querendo começar a nossa festa,
mas Jace me colocou sentada novamente.
Com toda a calma do mundo ele retirou meus saltos e acariciou meus
pés e quando eu relaxei e fechei meus olhos ele deu um pequeno beijo em
cada, senti algo sendo colocando em minha mão direita, já abri meus olhos os
arregalando ao máximo e com o coração acelerado, mas ao ver o anel eu
relaxei, ele não estava me pedindo em casamento.
— Eu queria algo mais sério, tipo um anel de noivado, mas eu sei que
você provavelmente iria ter um enfarto e depois fugir para as montanhas,
então aceite esse anel de compromisso. — Falou rapidamente e eu acenei
com a cabeça o abraçando apertado.
Obrigada querido Deus.
— É tão lindo. — Eu estava fascinada olhando o anel, ele era banhado
em ouro branco e tinha uma pedra no centro, percebi que ela mudava de cor
da azul safira, para o roxo, era a minha cara.
— Eu pesquisei bastante uma pedra que combinasse com você foram
dias tendo que procurar escondido para que você não desconfiasse. — Beijou
o anel no meu dedo e sorriu para mim, em cima da sua cicatriz tinha sua
pequena covinha, eu nunca lhe perguntei como ele a ganhou aquela cicatriz.
— O nome dessa pedra é Tanzanite, e eu tive que ir para Nova Iorque para
escolher, não gostei das opções que tinham aqui, elas eram mais azuis do que
roxa, eu precisava de uma que fosse as duas ao mesmo tempo. Você é um
arco-íris, Carina. Meu arco-íris.
— Jace é tão linda que eu não sei o que dizer. — O abracei apertado
na falta de palavras. Eu já não conseguia me imaginar com outro homem e
agora eu só conseguia me imaginar velhinha ao lado dele.
— E ainda não acabou. — Ele se levantou e me ajundou a ficar em
pé, com um sorriso sacana ele retirou a camisa e eu lambi os labios já indo
abrir seu cinto. — Não é isso... ainda. — Me deu um selinho e se virou então
minha respiração travou.
Em suas costas estava escrito meu nome com a minha letra, meus
olhos encheram de lagrimas, em cima havia duas armas em pé paralelas. Sua
pele ainda estava meia avermelhada o que deixava claro que ele a fez hoje,
pois ontem eu tenho certeza de que não vi nada, eu teria reparado uma nova
tattoo. Dedilhei toda ela, nas pontas dos pés eu a beijei toda. Ele fez mesmo
uma tatuagem com o meu nome? Eu o amo tanto. Isso só consolidava que o
que Jace e eu tínhamos não era passageiro, marcar o corpo era algo sério e ele
havia feito sem qualquer certeza que ficaríamos juntos para sempre.
— Eu te amo. — Falei abraçando as suas costas. — As armas somos
nós?
— Sim, acho que um coração iria acabar com a minha masculinidade.
Eu ri e Jace me puxou para ele me beijando e nos levando até o sofá,
quando estávamos quase lá ele correu para o quarto e voltou com alguns
pacotes de camisinhas, sua expressão era como uma criança com o doce
roubado.
— Amor, quando você vai começar a tomar pílulas? Eu não aguento
mais usar essas coisas com você.
— Eu vou marcar para ir ao ginecologista de Isis. — Resmunguei e
ele sorriu animado.
— Eu vou marcar uma consulta com uma médica da máfia, não quero
ninguém de fora olhando o que é meu. — Rosnou agarrando minha vagina e
beijando meus lábios com vontade.
De madrugada estávamos jogados exaustos na cama, eu agarrada a
Jace como se fosse um urso de pelúcia tamanho gigante, e Jace com uma mão
agarrada em minha bunda, eu gostei tanto do presente de Jace, meu anel
brilhava e mudava de cor como eu, aproveitei que ele estava dormindo e
medi seu dedo, ele teria uma grande surpresa em breve.
Peguei o meu celular e liguei para uma amiga que trabalhava numa
das melhores joalherias de Boston. É tão bom ter tantas amigas. Aulas de
dança ou academias são os melhores lugares para se fazer amizade.
— Alô, Candice? Qual é a probabilidade de você abrir a joalheria
agora para mim? Será que tem a pedra Tanzanite? Sim, ouro branco. — Passo
a medida do dedo de Jace. — Me mande fotos dos modelos. — Olho para
Jace ao meu lado. — Tenho a noite toda.
Acordo pela manhã sozinha na cama e ouvindo vozes na sala. Saio do
quarto com o moletom que ganhei da tia Anna e coloco meu short de dormir,
eu já estava com minhas meias verdes ¾ fofas que tinham a estampa de um
monstro vomitando. Quando chego ao corredor eu escuto a voz de Raffaelo,
então corro de volta para o quarto para pegar seu presente e escovar os
dentes. Não é porque ele é amigo de Jace que vai ter que aguentar o meu
bafo. Ao me olhar no espelho do banheiro vejo meu cabelo agora roxo e azul
para o alto e todo bagunçado, passo a escova e vou ao encontro deles.
Como o previsto Raffaelo e Jace estavam bebendo cerveja
conversando em frente a grande arvore de natal, só de olhar para ela eu já
sorrio. Jace está usando o moletom e isso me faz pular e abraçar suas costas.
— Feliz natal! — Exclamo animada e ele se vira me abraçando e me
beijando apaixonadamente, seus lábios têm gosto de cerveja e menta, mas
também posso sentir um leve gostinho do cigarro.
— Feliz natal! — Ele me responde sorrindo e escuto um riso.
Raffaelo olha para nossos moletons e ri, então eu lhe abraço.
— Feliz natal para você Raffaelo. — Ele parece surpreso pelo abraço
e retribui. — Você não pode rir da gente. — Lhe entrego o embrulho e ele
arregala os olhos.
— Pra mim?
— Claro, eu e Isis que escolhemos. — Falo sorrindo e percebo. —
Você ainda não conhece Isis, ela é minha melhor amiga, vocês deviam se
conhecer, vocês dois são chatos, sérios, iriam combinar bem.
Raffaelo arregala os olhos novamente e abre o presente, ao estendê-lo
Jace cai na gargalhada, em vez de estar escrito seu nome bordado no tecido
está escrito ‘’Mafioso’’. Jace gargalha alto.
— Cortesia da Isis. — Brinco e Raffaelo tem a boca levemente aberta,
meu Deus será que eu falei alguma merda? Droga, a coisa toda da máfia. —
Ela não sabe nada, e não quer saber, Isis tá na paz e eu tive que lhe explicar o
porquê do Jace lhe apontar uma arma e ai quando fomos comprar esse
moletom junto com a mãe dela, ela me perguntou se Jace tinha alguém
próximo para ela também mandar fazer um moletom e falei que tinha o
melhor amigo do Jace, Isis teve um raciocínio lógico e soube que esse amigo
também seria mafioso já que provavelmente a máfia não tem amigos de fora.
— Expliquei divagando um pouco. Raffaelo assentiu ainda olhando
embasbacado para o moletom. — Vai colocar também? — Perguntei
esperançosa, não é todo dia que vemos um mafioso em um moletom
vermelho com renas do papai Noel.
— É Dominic, coloca! — Jace insistiu caçoando dele.
— Vocês nunca me viram usar uma coisa dessa. — Ele falou sorrindo
pela primeira vez e é lindo. Ele parece ser tão novo, mas tão cheio de
responsabilidade... ele é como Isis. — Mas obrigada pelo presente, aqui o
seu.
Me entregou um envelope e dentro estava um dia de spa com direito a
acompanhante.
— Isso é o máximo, adorei. Obrigada Raffaelo. Com certeza vou
levar Isis comigo. — Eu o abracei novamente e ficamos conversando sobre
amenidades.
No final da manhã Raffaelo foi embora e Jace e eu víamos um jogo de
basquete na TV, deitados como sempre, no final do jogo eu peguei o seu
presente dentro do meu short e segurei sua mão direita, que estava parada no
meu estomago, ao sentir o anel ser colocado no seu dedo, Jace me virou para
ele e olhou sua mão, um anel igual ao meu, só que em um modelo masculino,
estava brilhando em seu dedo, azul e roxo se intercalavam com a luz. Mas a
melhor coisa do mundo foi ver o sorriso de Jace.
Eu consegui, por muito dinheiro, ainda de noite eu liguei para a minha
amiga Candice, que trabalha na joalheira e que por incrível que pareça ela
conseguiu falar com o dono da joalheria e ele aceitou abrir para pegar a pedra
e a ajudou a ajeitar. Passei as medidas e mandei uma foto no meu anel
pedindo a mesma pedra. Foi uma sorte eles terem um anel pronto no tamanho
exato de Jace, mas tiveram que trocar a pedra, Jace disse que a joalheria
daqui não tinha a pedra como ele queria, realmente a minha era mais bonita, a
que eu escolhi para ele tinha um tom mais de azul, com algumas pequenas
partes roxas. Demorou quatro horas para que eles deixassem o anel na
portaria e assim o porteiro me entregou. Eu fui um verdadeiro gênio em
conseguir isso, o valor foi três vezes maior, mas eu faria ainda mais para ver
esse olhar em Jace. Sim, Candice não poupou na comissão. Também não
podia culpá-la, eu a tirei de casa no meio do natal.
— Como? — Ele parecia realmente surpreso. — Como você
conseguiu pedir um anel no mesmo dia, ainda mais no meio do natal?
— Foi fácil, nunca duvide de uma mulher. Nós conseguimos tudo que
queremos.
Ele sorriu e me abraçou.
— Só você Carina, eu nunca vou tirá-lo!
— Eu nunca lhe deixarei ir, eu prometo. — Repeti o que ele disse um
dia para mim e o beijei apaixonadamente.
— E eu prometo nunca partir.

Nós hoje completamos um ano de namoro, e está sendo mais que


especial, Jace está me levando para uma pequena viagem em Nova Iorque,
ele já tinha que ir a ‘’trabalho’’, mas decidiu que não iria passar nossa data
separado de mim. Eu pedi para ele tentar arrumar alguém para ir no seu lugar,
eu estaria satisfeita em ficar vendo um filme agarradinha com ele, mas Jace
sempre mantém sua palavra.
Estamos hospedados num hotel lindo em frente ao Central Park e era
uma bela vista. O ar lá era um pouco mais seco e poluído, mas era uma bela
cidade. Passamos o dia juntos, andando pelas ruas, comprando coisas,
comemos várias especialidades da cidade, inclusive um cachorro-quente
famoso de lá, eu tinha plena certeza que voltaria para Boston com pelo menos
três quilos a mais. Fomos passear no Central Park de carruagem e eu me
sentia em um conto de fadas, lá Jace disse que me ama, mais e mais vezes.
Quando voltamos no final da tarde ele ficou um pouco estranho,
tenso, distante. Quando a noite chegou Jace teve que sair para esse
‘’trabalho’’, já foram diversas vezes nesse um ano juntos que ele chegava em
casa sujo de sangue, nessas vezes ele achava que eu não estava vendo, ou
dormindo ele pegava a maldita caixa e se trancava no banheiro, eu sabia que
ele fazia isso para se livrar da culpa, mas eu não sabia o por que dela. A
pergunta que sempre rondava na minha cabeça é qual era o trabalho de Jace?
Ele acha que eu não percebo suas mudanças de comportamento, já brigamos
algumas vezes por isso, mas ele nunca me fala o que acontece, então eu
comecei a parar de perguntar.
Fiz algumas pesquisas de trabalhos na máfia que faziam as pessoas
voltarem cheias de sangue e os resultados foram assustadores, eu realmente
espero que Jace não seja o torturador da máfia ou algo do gênero. Já era de
madrugada quando ele entrou no quarto, ouvi seus passos indo direto para o
banheiro, mas não fechando a porta, fui silenciosamente até o banheiro e me
assustei com o que vi.
Jace estava sujo de sangue dos pés à cabeça e eu fiquei surpresa por
ninguém do hotel perceber, suas roupas estavam amontoadas no chão, tinha
um sobretudo preto que tampou as manchas de sangue de sua camiseta, eu o
olhei por um tempo, ele então percebeu minha presença e se aproximou,
trancando a porta sem olhar nos meus olhos. Eu queria gritar para ele parar o
que estava fazendo e abrir a porta, me deixar abraçá-lo, mas em vez disso
respeitei a sua vontade, mesmo com isso quebrando meu coração e o deixei
sozinho. Voltei para a cama, onde fingi dormir quando ele se juntou a mim,
quando percebi que ele estava num sono pesado depois das drogas eu chorei a
noite toda.
O que você está fazendo com a sua vida, meu amor?

Dois anos juntos, comemoramos jantando junto, eu olhava para Jace e


não via só o amor da minha vida, eu via mentiras, omissões. Ele está
escondendo coisas de mim, eu posso sentir, nós nem brigamos mais, para
brigar precisaríamos conversar, e nós não fazemos mais isso. Ele tem estado
estranho por um tempo, e eu não sei até quando vou aguentar manter esse
elástico esticado antes dele romper e machucar nós dois.
Com o casamento repentino de Isis e Dominic as coisas se tornaram
um pouco estranhas, eu realmente estou tentando fazer nosso relacionamento
funcionar, mas só uma pessoa não pode segurar os dois lados. Ele continua
voltando tarde todas as noites, se ele não está bêbado, está drogado. Nós
agora moramos juntos, eu não venho às vezes e finjo que não vejo nada, pois
ele fingiria que estava tudo bem e a louca era eu. Agora estou aqui presa para
sempre. Eu não sei quando isso aconteceu, só sei que dói ver o amor da sua
vida se acabando e você nem saber o motivo.
PARTE 2
Às vezes o amor é como uma flor, ela perde as pétalas no outono e as
recupera na primavera.
— Julia Menezes
Capítulo 12
PRESENTE
CARINA
Acordar sempre é a parte mais difícil para mim, eu ainda sinto falta de
ser puxada de volta para a cama ou de quando eu saía e olhava Jace dormindo
então falava para mim mesma: só mais cinco minutinhos.
Miguel me olha de soslaio, mas não fala nada. Eu me sinto acabada,
esse natal foi... muito diferente, juntou tudo e eu quebrei. Para começar, eu
estava tão acostumada a ter tio Colton e tia Anna, e depois veio o meu
presente, foi uma bomba que para eles foi libertadora e para mim
devastadora. E para completar vi Jace e sabia que não passaríamos a noite
agarrados um no outro.
Meus olhos estavam inchados de tanto chorar, mas eu me recusava a
ter conselhos e essas coisas, depois do café eu me vesti e sai para correr,
levando uma arma por baixo do casaco, eu não me sentia mais segura.
Cheguei à sorveteria e me lembrei de Isis e Jace naquele dia, me recusei a
ficar ali remoendo. Voltei a correr até o ar me faltar e eu cair no chão para
respirar, minha cabeça doía, e eu sentia a necessidade de correr até Jace e o
perdoar por tudo e continuar naquela vida de mentira, porque lá pelo menos
eu o tinha ao meu lado.
Perdi as contas de quantas vezes disquei seu número e depois desisti,
ou todas as vezes que meu corpo implorava para não fugir dele na casa da
Isis. Eu sentia falta de tê-lo me abraçando apertado e me desejando, eu sentia
falta de tudo.
Ao chegar à casa de Miguel eu tirei minha roupa e entrei no chuveiro,
ao me olhar pelo espelho eu vi a tatuagem que eu tinha feito para ele, a
tatuagem que ele nunca viu. Era a mesma que ele tinha nas costas só que com
seu nome, eu queria que ele tivesse visto. Ela ainda estava coberta de pelos,
eu não me lembro a última vez que me depilei. Era melhor assim, o que os
olhos não veem, o coração não sente, certo?
Errado.
Mesmo não vendo eu ainda sentia meu coração doer.
Me arrumei colocando um vestido cinza simples, eu não tinha
ninguém para impressionar, que eu queira. Já eram oito horas e se eu não
corresse chegaria atrasada, peguei as chaves da minha BMW branca e fui ao
meu encontro. Ao chegar ao restaurante eu o vi, Max Klein, retirei meus
óculos e me sentei a sua frente, seu sorriso era tão claro que doía meus olhos,
seus cabelos tão perfeitos que me assustavam, seus olhos tão azuis que me
enjoavam, resumindo, não era Jace.
— Carina, como está querida? — ele perguntou sorridente e se
inclinou para beijar minha boca, só que eu virei o rosto.
Eu não estava nenhum pouco feliz por estar aqui, mas tinha que atuar,
recebi uma oferta, e assim desesperada eu aceitei.
— Como você está? — devolvi a pergunta, era nosso código para
saber se estava tudo certo.
— Eu te amo tanto querida, estou tão feliz que você está aqui.
Eu estava enojada de estar com ele, mas repetia a mim mesma que em
pouco menos de uma hora eu estaria livre. Quando coloquei a minha cara a
tapa para salvar meus amigos e destruir o Esquadrão Jovem eu sabia que teria
que ajudá-los.
Ele continuou falando segurando minha mão, eu demorei pelo menos
duas semanas para conseguir fazê-lo sair da toca. Sua voz era chata e
antiquada, eu tentava prestar atenção, mas minha atenção foi totalmente
voltada para meu amor entrando pela porta da frente e seu olhar indo na
minha direção como se fossemos um imã atraído para o outro. Jace não
estava nenhum pouco feliz, seus olhos miraram em Max e seus passos já
vieram na minha direção. Sentia meu corpo desperto, mas eu não podia
deixar nada acontecer com Jace.
Me levantei e sorri para Max.
— Vou ao toalhete. — Usei a voz mais doce que consegui e segui
meu caminho, para minha sorte vi que Jace me seguia.
Assim que entrei no banheiro, verifiquei para ver se não havia
ninguém nem câmeras no banheiro, nunca se sabe. Jace entrou soltando fogos
trancando a porta e me encurralando contra parede.
— Você é minha e não está indo sair com ninguém. — Seu rosto
estava tão perto do meu e eu sentia o seu cheiro que eu tanto senti falta. Ele
estava tenso e olhava para mim como se eu tivesse o traído.
Com a expressão fechada ele me puxou para um beijo.
Eu nunca conseguiria resistir aos seus beijos, então me entreguei ao
momento e retribui de volta com a mesma paixão, como eu queria ter feito
isso ontem no natal. Jace não esperou mais e já levantou meu vestido, abrindo
a braguilha da calça e depois de colocar a minha calcinha para o lado enfiou
seu pau em mim me fazendo morder os lábios para não gemer alto. Eu sentia
tanta falta dele.
— Você. É. Minha — ele falava as palavras pausadamente enquanto
empurrava em mim, marcando cada palavra. Sua mão puxou meu seio para
fora do vestido e estancou ao ver meu piercing no mamilo, dessa vez ele era
uma argola para fora onde ele podia passar um lenço para puxá-los. Eu não
tinha colocado de propósito, simplesmente achei bonito. — Isso é novo, mas
também é meu.
Seus lábios se fecharam nos meus seios e sugou com força, fazendo
eu me contorcer, sua língua passava pela argola e ele puxava de leve me
fazendo ver estrelas. Quase que na mesma hora gozamos juntos, senti seus
jatos batendo fortemente dentro de mim enquanto ele me apertava a ele.
— Eu sinto sua falta — murmurou com a cabeça no meu ombro
quando a nossa respiração voltou ao normal.
Meu coração doeu com sua revelação, mas eu tinha que me manter
forte, não só por mim, mas por ele também.
Eu também sinto a sua falta. Eu queria dizer, mas não podia, então o
beijei novamente. Quando nossos corações se desaceleram ele saiu de mim e
eu me ajeitei sem olhar para ele, limpei a sua porra escorrendo pelas minhas
pernas, desborrei e retoquei o batom sem o olhar, podia sentir seu olhar pelo
espelho, mas não tinha coragem de retribuir. Saí do banheiro antes que ele
fizesse algo para me impedir, eu precisava cumprir a minha missão antes de
podermos conversar sobre tudo.
Encontrei Max me esperando ansioso, mandei uma mensagem
avisando que estava na hora e fui até ele.
— Querido o que você acha de pularmos a refeição e irmos para a
sobremesa? — perguntei sorrindo sedutoramente e ele aceitou rapidamente
pedindo a conta.
Eu já tinha me certificado que não houvesse câmeras em nenhum
lugar dentro do estabelecimento. Saímos de mãos dadas e sorrindo felizes, ao
chegarmos a segunda rua deserta eu o empurro para o beco e lhe dou um
choque em seu pescoço, um carro escuro aparece e eu deixo os homens de
preto o levarem, olho para ambos os lados antes de sair andando como se
nada tivesse acontecido, falta pouco, repito a mim mesma.

Três dias depois eu vou visitar Isis, agora ela está dentro da lei e não
faz mais nada de errado, nada que conste em nome de Blue Eyes. Ela está
linda com seus cinco meses de gravidez, parece radiante. Ao entrar vejo ela e
Valentina estudando com Elena e o pequeno Eric para aprenderem o italiano,
Isis nunca desiste. Quando me vê abre um sorriso e vem gingando até mim,
ela decidiu esse mês que não usaria mais saltos e andava meio atrapalhada,
pois morria de medo de pisar nos próprios pés e acabar caindo, eu sei,
estranho, mas cuidado nunca era demais.
— Venha, você precisa aprender também. — Ela vai me puxando até
o sofá.
E assim passamos a tarde, entre roubos na geladeira e diversas idas ao
banheiro, eu já sabia falar algumas palavras, e só. Então decidimos ver mais
um parto, na verdade eu as obriguei a ver, nunca se sabe o que pode
acontecer. As crianças foram brincar no quarto de Valentina já que nenhum
deles queria ver como é que eles saíram da barriga de suas mães.
Já estava no final do filme e Elena já tinha vomitado umas duas vezes.
— Eu nunca terei filhos, é totalmente assustador — ela resmungou e
Isis gargalhou.
— Dom quer mais dois, no mínimo.
— Coitada da sua vagina. — Bato palmas rindo e a porta da frente se
abre. Nela passa Dominic e Jace, senti meus olhos se arregalarem ao ponto de
dor, mas disfarcei olhando para a tevê no momento em que a cabeça do bebê
sai.
— Isso é muito assustador — Jace resmunga se sentando
normalmente ao meu lado. A sala ficou em silêncio total esperando a minha
reação.
Eu fiquei petrificada quando ele passou os braços no meu ombro,
como se fosse a coisa mais normal do mundo, antes era, agora não mais. Eu
não posso perdoar Jace pela traição, ele rompeu o elástico. E ainda tem todas
as mentiras, eu não sei se Jace ficou comigo porque realmente gostava de
mim, ou se eu fui uma escada para que ele e Dominic chegassem até Isis. Não
duvido que ele me ame, mas quem ama cuida, protege e não magoa assim. Eu
consegui fugir dele por meses e agora tudo evaporou, isso realmente não
podia acontecer. Eu continuei quieta até o final do parto, então teatralmente
eu olhei para a hora do meu celular, me preparando para as aulas de teatro
terem valido apena.
— Mas já é essa hora?! Preciso ir. — Me levantando, beijei Isis e
Elena e já estava praticamente correndo quando ele fala:
— Eu te levo.
— Não precisa, estou de carro. — Tento passar por ele que fica na
minha frente, olho desesperada para Isis.
— Fica mais um pouco Ca, sinto sua falta. — Ela sorri cúmplice para
Dominic. Não acredito que eles estão armando para mim.
— Eu estou muito cansada, amanhã se eu puder eu venho, tenho
alguns assuntos para resolver. — Tento dar a volta novamente por Jace que
bloqueia novamente o meu caminho.
Eu bufo fazendo a minha franja subir e ficar para o alto antes de cair
novamente na minha testa.
— Então me dá uma carona, Dominic que me trouxe e ele quer ficar
com a Isis — Jace me provoca, divertido.
— Dominic você tem milhões de carros , pode emprestar um para
Jace. — Eu j á estava ficando realmente irritada encarando Jace
desafiadoramente, eu n ã o iria ceder.
— Eles estão em manutenção... todos eles. — Pelo tom de voz de Isis
ela está segurando o riso.
— Jace, você pode pegar um táxi então, também existe uber — falo
suspirando, eu estava ficando realmente cansada.
Acho que Jace percebeu isso, pois suspirou derrotado.
— Posso te levar até o seu carro pelo menos? — Seu olhar me
suplicava e eu não consegui negar isso a ele, então somente assenti.
Caminhamos até o carro e eu tirei a chave da bolsa, Jace estava ao
meu lado quieto e eu agradecia a Deus por isso, somente sua presença já me
deixava nervosa.
— Carina. — Ele suspirou e me puxou para um beijo, eu não podia
ceder novamente. Eu me afastei e virei a cara, não querendo olhá-lo, para ele
não ver as lágrimas nos meus olhos. — E o que aconteceu com a gente no
banheiro do restaurante...
Então uma coisa veio em minha mente. Sexo sem proteção. Jace não
usou camisinha e eu não estava tomando o anticoncepcional desde que
terminamos, meus olhos se arregalaram ao olhar para ele, será que Jace fez
isso de propósito?
— Droga, droga, droga — falei repetidamente e sem olhar para ele eu
entrei no carro e sai dali.
O que será de mim agora? E se eu estiver grávida? E se Jace fez isso
para eu voltar para ele? Esses ‘’e se’’ me fizeram ficar trêmula, então um
farol veio na minha visão e eu escutei um barulho de pancada, a última coisa
que eu pensei foi em Jace, antes de tudo ficar preto.
Capítulo 13
JACE
Carina está bem estranha, eu sei que ela sente a minha falta e pode ser
egoísta da minha parte, mas eu não me arrependo de tê-la tomado no
banheiro do restaurante. Vê-la com outro homem me fez virar uma fera, de
uma coisa eu tenho certeza: Eu nunca vou deixá-la, eu prometi isso a nós.
Ela pode ter conseguido fugir de mim por quase quatro meses, mas eu
não consigo mais ficar longe dela. Eu me sinto um perseguidor, mas preciso
vê-la, ela não sabe, mas três vezes Miguel me deixou entrar de madrugada
para olhá-la de longe, ela em todas as minhas visitas estava abatida e com os
olhos vermelhos e inchados de tanto chorar. Eu tentei fazer a coisa certa
quando me afastei, mas se eu soubesse que acarretaria isso tudo eu teria
insistido mais no nosso relacionamento. Nunca existirá alguém como Carina.
Entrei de volta na casa de Dominic e eles fingiram que não estavam
olhando tudo pela janela. Dominic percebendo que eu estava distante me
chamou para o escritório.
— O que aconteceu? — pergunta casualmente.
— Ela está estranha — respondo passando a mão pelo meu cabelo,
agora maior.
— Ela está magoada — ele me corrige e eu faço uma cara séria.
— Você não entendeu, Carina está estranha, eu a conheço.
— Isis também falou isso. Carina às vezes recebe mensagem ou
ligação e sai rápido, eu não falei nada porque não tinha certeza se não estava
vendo demais. — Dominic suspira e olha para mim. — Ela ainda te ama, mas
você acha que ela está saindo com alguém?
Então lhe conto sobre o acontecimento há três dias, Dominic tem um
pequeno sorriso.
— Um pouco homem das cavernas — ele murmura rolando os olhos.
— Mas você acha que esse homem que estava com ela é algo sério?
— Eu não tenho certeza, eles saíram rápido e quando sai eu só vi
Carina ir para o estacionamento sozinha — falo.
Dominic assente e voltamos para a sala, Elena e Eric continuam a
tentar ensinar italiano para Isis e Valentina, acaba que Dominic entra na onda
me fazendo rir e relaxar um pouco. Percebo que Elena está triste e quando ela
vai para a cozinha eu a sigo.
— O que está acontecendo, Elena? — pergunto e ela desvia o olhar.
— Não sei o que você quer dizer.
— Elena eu sou praticamente seu irmão, então pode abrir o bico. — A
repreendo por não se abrir com a gente, nós somos uma família. Eu nunca
vou esquecer das noites que ela ficou comigo logo depois do término, ela
nunca pediu, simplesmente chegou lá e perguntou qual era o jantar.
Ela dá um pequeno sorriso.
— É bobagem... Eu estou com medo. — Ela olha para o anel que
Damien lhe deu. — Eu não sei se consigo ser a esposa perfeita que todos
querem que eu seja e eu estou com medo de falhar. — Ela seca as lágrimas
rapidamente. — Tudo está indo tão rápido, faltam somente dois meses para
fevereiro e eu estarei fazendo meus dezoito anos, e aí vou estar trancada para
sempre, sozinha na Itália, eu não terei ninguém.
Eu a abracei e a acalmei.
— Elena, Damien irá te proteger, não lhe fazer mal. Você é uma bela
jovem e carrega o nome da família, Dominic e vô Raffaelo vem recebendo
várias chamadas para comprar seu ‘’dote’’, e sua única chance de se ver livre
disso é se casar com Damien, ele e Dominic tem conversado, ele não te
forçará a nada que você não queira, ele irá respeitar suas vontades.
Voltamos para a sala e Elena parecia um pouco melhor. Por um
segundo eu quase acabei falando da promessa que Damien fez de não a tocar,
mas acho que Elena não ficaria feliz em saber disso. Dominic parecendo
saber que eu a acalmei, sorri para mim agradecido.
Valentina se senta no colo de Elena e começa a falar do colar que ela
ganhou de Eric, o menino fica todo vermelho e sorri. Dominic observa sua
filha com um sorriso no rosto. Eu nunca imaginei que ele podia se tornar um
pai tão babão, só falta beijar o chão que Valentina passa e é lindo ver esse
carinho de pai que ele tem em tão pouco tempo. Isis acaricia sua barriga e
puxa a mão de Dominic para sentir o bebê chutar.
— Esse vai ser um maldito jogador de futebol — Dominic se gaba
para mim.
— Eu vou querer ter um time de futebol inteiro — eu respondo
sonhador, imaginando Carina com a barriga grande carregando meus filhos.
— Então corra atrás dela para nossos filhos terem a idade parecida. —
Isis sorri sonhadora. — Dominic não vai parar até ter várias crianças
correndo pela casa.
Dominic a abraça e sorri.
— Até parece que você não vai gostar — Elena resmunga, mas está
sorrindo.
— E você Dona Elena, quando que essas suas crianças saem, esses
homens Raffaelo não esperam. — Isis caçoa e Elena arregala os olhos.
— Não tem graça — ela resmunga e fica olhando para seu anel de
noivado com tristeza.
— Às vezes o amor pode acontecer quando você menos espera, olha
Dominic e eu — Isis fala e Dominic a beija apaixonado. — Nem vem de
graça que foi assim que eu engravidei.
Fico olhando a interação deles e penso se um dia vou voltar a ter isso
com Carina. Na minha vida não existirá outra mulher, se Carina não voltar
para mim eu não terei razão de viver, eu a amo tanto que dói. Ficar sem ela
acaba comigo, dia a dia. Me sento e Isis começa a falar sobre os partos
assustadores que Carina a obrigou a assistir, fala sobre as aulas que Dominic,
ela e Carina estão assistindo para aprender a cuidar de um bebê e até me
chamou para participar.
Eu não entendi o motivo de Carina participar de todas essas aulas,
será que ela quer ser mãe, nesses dois anos, nós só conversamos sobre isso
uma vez e Carina ficou apavorada com a possibilidade de ser mãe, tanto que
ela chegava a ser chata com as pílulas anticoncepcionais, ela marcava todo
dia um x no calendário virtual que ela tinha compartilhado no celular dela e
no meu próprio. Disfarçadamente eu entro nele e percebo que ainda está
marcado certo apesar de Carina não o atualizar há meses, será que ela parou
de tomar o anticoncepcional ou parou de anotar?
Isis continua a falar e falar sem parar, então eu aceito. Ela está
disposta a tentar me ajudar a voltar com Carina, ela não precisa dizer nada,
mas suas ações mostram isso.
— Ela sente sua falta, Jace — Elena conta sorrindo para mim. — Essa
é sua hora de atacar com toda a força. Fazer diferente.
O celular de Isis toca com o som de uma vaca e ela aponta a tela para
a gente sorrindo, Carina. Ao colocar o telefone no ouvido ela já vai falando
sorrindo.
— Se arrependeu de ir embora, safada? — Seu sorriso morre e ela
começa a chorar e tremer. — Meu Deus, aonde?
Dominic toma o celular de sua mão e eu fico tenso, tem algo de
errado com Carina, eu sinto isso. Depois de desligar ele ajuda Isis a ficar em
pé e me olha tristemente.
— Fique calmo. Ouve um acidente de carro e Carina...
Antes que terminasse de falar eu saio correndo, escuto ele gritar o
nome do hospital e eu pego minha moto e vou em alta velocidade até o
hospital. Carina não vai me deixar, eu a proíbo, uma vez eu lhe fiz uma
promessa, eu nunca a deixaria ir, e eu pretendo cumprir.
Ao chegar no hospital eu corro para o atendente.
— Carina Miller, acidente de carro e...
— Se acalme senhor, você é parente? — A mulher pergunta olhando
para a tela do computador.
— Sou seu noivo — anuncio e ela me informa que ela está em
cirurgia.
Caio contra o banco de frente para o quarto que vão mandá-la, coloco
minha cabeça em minhas mãos e pela primeira vez eu oro para Deus, para eu
não perder Carina, não sei se ele me escuta, mas eu preciso tentar. Sinto um
abraço e vejo que é Dominic, Isis está abraçada com Elena e ambas choram.
Quatro horas depois, um médico vem até a gente.
— Parentes de Carina Miller? — ele pergunta e eu me levanto.
— Eu sou seu noivo — falo rapidamente. — Como ela está?
— A cirurgia foi um sucesso. O acidente foi feio, ela teve muita sorte
por não ser fatal. Ela teve um traumatismo craniano e quebrou a perna em
dois lugares — falou olhando a ficha. — Ela no momento está em coma
devido à lesão.
— Qual é a previsão dela acordar? — Dominic pergunta abraçando
Isis.
— Ainda não temos, pode ser hoje, amanhã, um mês, um ano, ou até
mesmo nunca. Vai depender do seu estado e quando acordar que veremos
como ela está indo e o que o trauma acarretou.
— Ela vai ser transferida para o quarto particular agora? — Dominic
toma a frente dos assuntos e eu só fico lá ouvindo. Carina pode nunca
acordar.
— Hoje ela vai passar a noite na UTI, mas amanhã será transferida —
o médico anuncia e se retira.
Eu só percebi que estava chorando quando Isis me abraçou apertado.
Miguel chega com lágrimas nos olhos e muito nervoso, Dominic explica as
coisas para ele e Miguel cai no choro, indo para um canto e coloca a cabeça
entre as mãos enquanto chora, todos nós choramos, então vejo Elena se
sentando ao lado de Miguel e acariciando suas costas. Me sento e oro
novamente, Deus você já deixou tantas coisas ruins acontecerem comigo,
mas Carina não merece nada disso.
A noite vira e eu continuo ali esperando para vê-la. Ao amanhecer Isis
dorme nos braços de Dominic e Elena nos braços de Miguel. Eu sou o único
acordado e quando eu vejo sua cama sendo trazida para o quarto eu me
levanto rapidamente, ela está tão pálida, tem aparelhos a ajudando a respirar,
com soro em suas veias, ela tem uma faixa em sua testa e escoriações em seu
rosto e corpo. Eu fico observando as enfermeiras a colocarem deitada na
cama, quando elas se vão eu coloco uma cadeira ao lado dela e acaricio seus
cabelos.
— Carina por favor não me deixe — imploro e seguro sua mão, lá
fiquei, a olhando e esperando ela voltar para mim.
Dominic entrou no quarto com Isis em seu colo e a colocou na cama
de casal no canto, a cama da Carina também era grande, assim que ela
estivesse melhor eu me deitaria com ela e a abraçaria até ela dormir. Miguel
seguiu logo atrás com Elena nos braços e a colocou ao lado de Isis. Miguel se
aproximou de Carina e segurou sua outra mão.
— Carina você vai ficar bem. — Ele secou uma lágrima que caiu dele
e depois nos olhou. — Eu vou pegar algo para as meninas comerem, vocês
querem algo? — perguntou e eu neguei.
— Nós vamos querer um café — Dominic falou por mim, mas eu só
conseguia olhar para Carina nesse estado.
Em menos de vinte quatro horas ela estava com a gente e agora assim.
O destino das pessoas pode mudar a cada instante e é por isso que é
importante sabermos demonstrar nossos sentimentos.
Assim os dias se passaram e viraram semanas, dois meses que Carina
não acorda. Ela tinha sua franja cortada regularmente, sua pele está um pouco
melhor, mas ela ainda não acordou, eu praticamente moro no hospital, Isis
vem todo dia vê-la e sempre sai chorando. Elena às vezes passa a noite com
ela e fica contando os “babados”. Um médico disse que conversar era bom,
que ela podia ouvir, então todo dia eu converso o quanto posso com ela,
sempre pedindo para ela voltar para mim. As meninas pintam suas unhas e às
vezes a maquiam para que quando ela acorde não reclame por estar feia.
Elena passou o seu aniversário de dezoito anos aqui, e olhava feio para
qualquer pessoa que sequer falasse que ela já estava apta para se casar, como
Vô Raffaelo uma vez falou. Damien que também ficou triste com a situação,
aceitou que Elena e ele só se casariam depois que Carina acordasse e
estivesse bem. Eu já posso dormir ao seu lado, sempre a esperando acordar,
comecei a ir à igreja, sei que é idiota, mas eu acredito que Ele possa a fazer
voltar.
Capítulo 14
CARINA
Escuto sua voz à distância, ele está me chamando, mas eu estou com
tanto sono, tão cansada. Então o escuto chorar, sinto sua mão apertando a
minha e eu tento abrir os olhos, mas eles estão tão pesados que doem, tento
novamente e vejo escuridão. Aos poucos minha visão vai se acostumando e
eu percebo que é noite, sinto um corpo pressionado ao meu e eu viro um
pouco, vejo Jace deitado ao meu lado. Como ele chegou ao meu quarto?
Então reparo que esse não é meu quarto, tem um aparelho ao meu lado que
fica apitando, eu tento falar algo, mas minha garganta dói muito, sinto sua
mão sobre a minha e a aperto tão forte quanto eu consigo, mas estou tão
fraca.
Jace de repente abre os olhos e eu vejo seus belos olhos cinza, eu
sinto tanta falta dele. Ele arregala os olhos e se senta depressa, me olhando
como se eu fosse uma miragem, eu abro a boca para perguntar por que ele me
olha assim, mas nada sai. Jace então pega um copo e enche de água, me dá
aos poucos até eu me saciar, meu estômago embrulha com isso e eu me
inclino para o lado vomitando uma gosma amarela. Minha barriga dói tanto.
Duas mulheres vestidas de rosa entram na sala e me examinam, Jace
está ao telefone e minha visão está totalmente focada nele. Lágrimas caem
dos olhos dele e eu não sei por que ele está chorando, seu olhar está em mim.
Uma das mulheres o manda sair para que possa tirar alguma coisa que não
entendi, Jace a ignorando vem até mim e me dá um selinho.
— Eu volto logo, pequena — ele promete e se vai.
Eu quero gritar para ele não ir, mas não consigo. As enfermeiras tiram
então os tubos que estavam enfiados em mim e não foi nada agradável, eu
posso dizer. Elas me ajudam a me sentar e eu vejo que tenho um gesso em
minha perna direita, eu pergunto como isso aconteceu, mas elas não dizem
nada, uma delas faz uma trança no meu cabelo para domá-los.
Assim que elas saem entram algumas pessoas que de cara eu não
reconheço, procuro Jace e ele se senta ao meu lado, uma mulher loira se
aproxima de mim, ela tem olhos de cores diferentes e é linda.
— Carina, você está bem? — ela pergunta acariciando meu rosto e eu
só fico a olhando. — Você não me reconhece? — ela pergunta com os olhos
arregalados e marejados, por que ela está chorando? Sua barriga é grande
como uma bola.
— Você está bem? — eu pergunto apontando para a barriga gigante e
ela ri acariciando.
— Sim, eu estou. É seu sobrinho que está aqui dentro — ela me diz e
me vem um nome a cabeça.
— Dante — eu digo e ela sorri emocionada. — Por que você está
chorando? — pergunto.
— É que eu estava com muita saudade de você — ela me diz e eu
sorrio.
Então um momento vem a minha cabeça, estamos fazendo uma briga
de travesseiros pulando na cama, ela parece mais jovem e muito feliz e depois
me vem que estamos sentadas num capô de um carro olhando para uma
cidade e essa mulher me abraça apertado enquanto eu choro.
— Nós brigamos de travesseiro — falo arregalando os olhos e Isis ri
emocionada. — E nós nos abraçávamos em cima de um carro, não somos
namoradas, né? — pergunto horrorizada e todos riem, essa mulher nega
também sorrindo. Que bom, eu quero ser namorada desse lindo homem de
olhos cinza.
Olho para um homem alto com olhos azuis sombrios e ao seu lado
uma mulher parecida com ele sorrindo com os olhos cheios d’água e ao lado
delas tem um homem limpando as lágrimas.
— Por que eles estão chorando? — pergunto a Jace que também tem
os olhos cheios de água.
— Eles estão felizes que você está de volta — ele me diz e eu fico
confusa, eu fui embora?
— Para onde eu fui? — murmuro para mim mesma e um homem
vestido de branco entra no quarto.
— Então como está, Carina? — ele me pergunta e eu percebo que
esse é meu nome e tem uma lanterna em mãos, me faz seguir a luz e mais uns
testes e depois olha para mim. — Se sente bem?
Eu olho e aceno para o médico. Jace não solta minha mão então eu
olho e pergunto.
— Seu nome é Jace, certo? — pergunto, não sei por que o chamo
assim, mas tenho quase certeza que é seu nome.
— Sim, é meu nome, você sabe quem eu sou? — ele me pergunta e eu
nego. — Eu sou seu noivo — ele me diz e eu arqueio a sobrancelha.
— Sério? — pergunto e ele assente sorrindo. — Você é tão bonito —
murmuro e ele cora.
— Carina, você reconhece essas pessoas? — O médico me pergunta e
eu nego. — Você se lembra de algo antes do acidente?
Então a loira vem na minha mente.
— Eu me lembro de estar com ela? — Olho para eles e aponto para a
loira, minha resposta soa como uma pergunta. — Eu acho — completo.
— Sim, você tinha ido me visitar — ela me diz sorrindo e eu olho
para o cara de cabelos castanhos que ainda me olha com lágrimas, então uma
lembrança me vem.
— Tinha vermelha... marcando uma... uma mão — eu falo e ele sorri.
— Nós marcamos a parede da minha casa — ele lembra sorrindo.
Sinto uma dor de cabeça forte e gemo de dor. O médico começa a
falar, mas eu não consigo me concentrar, dói tanto que eu me deixo levar pela
escuridão. Quando eu acordo Jace continua ao meu lado e aquelas pessoas
não estão no quarto, o quarto está cheio de balões e vasos de flores. Eu tento
me sentar, mas minha cabeça dói, num pulo Jace abre os olhos e sorri para
mim.
— Ei, como você está? — me pergunta baixo.
— Bem. — Minha garganta está seca e eu tusso.
Ele me estende um copo d’água que eu sugo por completo.
— Beba devagar — ele me diz, e eu faço, não quero vomitar
novamente.
— O que eu estou fazendo aqui? — pergunto.
— Foi um acidente de carro.
— Alguém se feriu? — pergunto preocupada.
— Não, só você. Querida, você esteve em coma por dois meses — ele
me diz e meus olhos se arregalam.
Um pessoal entra e ao olhar para loira eu me lembro, ela é minha
melhor amiga, minha irmã. Eles chegam perto de mim e sorriem para mim,
olho para o garoto de cabelos castanhos e lembro de eu beijando ele e
arregalo meus olhos.
— Eu beijei você — falo assustada e ele ri.
— Nós já namoramos.
— No passado — Jace rosna e sorri para mim. — Você é minha
mulher.
Percebo que Isis fica um pouco tensa.
— Você está bem, Isis? — pergunto e ela me olha assustada. — Você
é minha best, não é?
— Sim eu sou, Ca — ela diz e cai no choro, isso está errado.
— Por que você está chorando? Isis nunca chora! — eu falo e ela ri.
— Posso te abraçar? — ela me pergunta timidamente e eu aceno com
a cabeça. Ela me abraça como pode, mas devido a sua barriga é um pouco
difícil e me faz rir.
— Também quero um abraço. — A menina de cabelos pretos e olhos
azuis pede, eu abro mais meu braço e ela se aconchega em mim. — Senti
tanto sua falta Clorofila.
Eu sinto um bolo na minha garganta, me dói não lembrar deles, meu
interior grita que eu os conheço e os amo, mas minha mente está branca,
somente com flash de memória, como uma câmera aonde eu vejo fotos
rapidamente. Depois que elas saem do meu abraço eu me encosto e fecho os
olhos, a dor de cabeça está de volta e com força.
— Vamos deixá-la descansar um pouco. — Alguém fala, mas eu não
abro meus olhos.
— Quer que eu chame a enfermeira? — Jace pergunta acariciando
meu rosto e eu abro os olhos, ele está olhando para mim com atenção e
carinho. Eu aceno e ele aperta um pequeno aparelho perto do meu dedo.
Uma enfermeira entra e coloca algo no meu soro e aos poucos a dor
melhora. Abro meus olhos depois de um tempo e tento achar uma posição
agradável, mas é quase impossível, minha perna está levantada por
travesseiros e o gesso coça. Reparo que Jace está ao meu lado me
observando.
— O que foi? — pergunta tirando os cabelos da minha cara, acho que
eu tenho uma franja.
— Eu quero fazer xixi — murmuro e ele sorri. — Você pode chamar
uma enfermeira? Eu não posso andar. — Aponto para minha perna.
— Eu te ajudo — ele me diz e ao ver minha cara ri. — Somos
namorados há muito tempo e eu já vi você fazendo xixi.
Ele me ajuda a levantar e tira o soro da minha veia lentamente. Me
pega no colo e me carrega para o banheiro, esse banheiro é bem grande, Jace
me ajuda a levantar o vestido e me sentar no vaso, eu olho para baixo
envergonhada e ele bufa.
Ao terminar com a ajuda dele eu vou a pia lavar minhas mãos e me
vejo refletida no espelho. Eu sou bonita. Tenho cabelos longos e castanhos
com uma franja, meus olhos parecem chocolate, tenho um nariz fino e lábios
carnudos e vermelhos, mas eu pareço magra demais. Toco meu rosto e vejo
Jace me olhando pelo espelho, ele é tão bonito. Lapsos dele sorrindo e me
beijando vem, e eu sei agora que ele não estava mentindo, fomos namorados.
— Lembrou de algo? — ele me pergunta quando me coloca deitada
na cama.
— Só... só de nós dois nos beijando — respondo e olho para seus
lindos olhos cinza. — Como isso aconteceu? — pergunto apontando para o
gesso.
— Um acidente de carro, você esteve em coma por dois meses e eu...
eu fiquei tão preocupado, eu não viveria num mundo em que você não existe
— ele sussurra e algumas lágrimas caem de seus olhos, eu as tiro e acaricio
seu rosto.
— Eu estou bem agora. — Tento sorrir, mas tudo está tão confuso. —
Quando eu posso sair? — pergunto curiosa.
— Em alguns dias, poucos. Eu vou ficar aqui com você até que
possamos ir para nossa casa. — Ele acaricia meu rosto.
— Nós moramos juntos? — pergunto sorrindo, eu tenho uma vida
fora daqui.
— Sim, nós moramos. Você a redecorou falando nisso. — Ri.
— Eu não estraguei tudo, né? — pergunto mordendo os lábios, eu
seriamente estava flertando? Mas ele era meu namorado, ou noivo, não é?
— Claro que não pequena, você é sempre perfeita — ele declara e
sorri. Eu sorrio de volta vendo sua covinha junto de sua cicatriz na bochecha
esquerda. Essa combinação só o deixa mais doce.
Então o sono me leva novamente e desta vez eu não acordo tão cedo.
Estou sonhando com um garoto pequeno sorrindo enquanto desenha, seu
rosto é tão familiar para mim, é como se eu o conhecesse a vida toda. Seus
cabelos são loiros claros e seus olhos azuis celestes como o de Isis. Ele para
seu desenho e me encara por um tempo.
— Eu não tenho lápis marrom para seus cabelos, qual cor eu coloco?
— Ele me estende vários lápis coloridos.
— Todos são tão lindos, que tal me colocar com todas essas cores? —
pergunto e ele sorri animado.

Sinto mãos acariciando meu cabelo e abro os olhos, a mulher de olhos


diferentes, Isis, está acariciando meus cabelos. Ela me lembra tanto o menino
dos meus sonhos.
— Desculpa, eu não queria te acordar, mas fiquei tão feliz que você
está de volta. Dominic está conversando com o médico para ver se você pode
ir embora hoje, você vai ficar lá em casa comigo e...
— Ela vai voltar para a nossa casa Isis — Jace a corta entrando no
quarto com uma bandeja com comida.
Ambos me olham esperando uma resposta, mas eu não sei o que
dizer, eu não me lembro deles, sei que posso confiar, mas eu não me lembro.
Isis suspira e beija minha cabeça.
— Coma um pouco e eu vou chamar uma enfermeira para lhe dar um
banho.
Quando ela sai Jace se senta ao meu lado.
— Você dormiu por quase um dia, imagino que você está com fome.
— O cheiro de comida me dá um animo e eu ataco um frango com legumes e
saladas, e de sobremesa uma gelatina de uva, estava deliciosa e eu quase que
peço por mais, foram dois meses só de soro.
Jace me promete que mais tarde mandará trazerem mais. Isis volta
com duas enfermeiras e elas me ajudam no banho, tomando muito cuidado
comigo, elas elogiam meus cabelos, os lavam e os secam, me ajudam a
colocar um novo vestido de hospital e eu escovei meus dentes. Jace me
carregou até a cama. Ele tinha um sorriso no rosto.
— Os médicos vão liberar você amanhã. — Ele me dá um selinho. E
eu sinto borboletas gigantes no meu estômago. — Estou tão feliz, eu te amo
tanto. — Ele me beija novamente só que mais profundo dessa vez. Sua língua
brincava com a minha e eu sorri durante o beijo quando ele juntou nossas
testas e acariciou meu nariz com o seu, ele era tão doce. — Senti tanto sua
falta, pequena.
— Eu sei que eu também senti a sua — murmurei, pois era verdade,
estar com Jace fazia eu me sentir completa, e eu nem sei o porquê.
Capítulo 15
JACE

Eu soube que era errado no momento em que pensei nisso, mas eu


não podia evitar, queria Carina de volta, eu a faria me amar novamente,
quantas vezes precisasse. Foram os dois piores meses da minha vida, nunca
mais eu quero passar por isso, mas toda a dor e sofrimento foram esquecidos
quando ela abriu seus olhos e me olhou. Então veio a notícia, ela perdeu suas
memórias, o médico falou que pelos exames feitos não é permanente, mas
não tem ideia de quando voltará.
— Pode ser dias, meses, anos. A mente humana é muito complexa —
ele disse e as mulheres caíram no choro.
Assim que o médico nos deixou sozinhos eu troquei um olhar com
Dominic e ele sabia o que eu faria. Quando contei o meu plano para todos eu
levei um soco de Miguel, e Elena teve que segurá-lo, ele não estava errado de
fazer isso, mas eu não iria desistir de ter a minha segunda chance com Carina.
Isis e Elena foram para um canto conversar e Miguel ainda me olhava com
raiva.
— Como você pode pensar numa coisa dessas? Você não vai usar seu
estado para ter sua segunda chance — cuspiu.
— Ela me ama — falei. — Eu errei e pretendo contar a ela, não agora,
mas em breve.
— Quando ela já estiver apaixonada por você, aí ela terá seu coração
quebrado mais uma vez — ele rosnou e Dominic concordou com ele.
— Jace, você tem certeza de que quer fazer isso? Se Carina recuperar
a memória a sua chance de reconquistá-la estará totalmente acabada se ela
descobrir seu plano.
— Eu vou contar toda a história do meu jeito, ela vai entender, eu sei
— suspiro e seco uma lágrima que cai, não quero parecer fraco, mas está
sendo muito difícil ficar sem ela.
— Eu estou de acordo, mas se eu perceber que isso tá fazendo mal a
ela eu vou lhe contar tudo — Isis concorda séria.
Eu aceno com a cabeça e olho para Miguel, apesar de tudo a sua
opinião é importante. Ele cuidou de Carina quando ela não queria me ver.
— Eu vou ficar com vocês — ele fala e minha mandíbula fica tensa,
ele não confia em mim com Carina. — Você pode arranjar a desculpa que
for, mas eu vou estar onde ela estiver. Na primeira vez que eu a ver mal, eu
vou pegá-la de volta.
— Ela é minha — rosno e dou um passo para frente, Isis se coloca no
meu caminho e me olha com raiva, mesmo com essa barriga redonda ela
continua intimidante.
— Jace Donavan, nós aceitamos esse seu plano maluco, mas você
respeitará nossas regras, não me faça te arrebentar — ela diz e Dominic a
puxa para ele.
— Você irrita Isis e eu acabo com você — ele anuncia me olhando
sério. Lorena tinha nos dito que Isis não pode ter muitas emoções, pois isso
podia fazer sua gravidez ir mal depois de tanta coisa que ela já passou. Nós
escolhemos não contar a ela, na verdade Carina nos intimou a não contar,
pois Isis já está um pouco neurótica com a gravidez e provavelmente se
enrolaria num plástico bolha e não sairia de seu quarto até o bebê nascer se
soubesse.
— Mais alguma regra? — pergunto respirando fundo, minha vontade
é socar algo com força.
— Sim, arranje uma enfermeira pessoal para Carina, não venha querer
vir de expertise para vê-la tomando banho ou algo assim — Dominic fala e
eu levanto uma sobrancelha para ele, era para ele estar do meu lado. — Nem
me olhe assim, eu estou com a Isis, consiga a Carina de maneira limpa.
— Bem, limpo não vai ser já que antes mesmo de começar ele já está
trapaceando — Elena resmunga e Miguel a abraça.
— Isso mesmo maninha — Miguel diz bagunçando seus cabelos e
Dominic bufa escondendo um sorriso. — Tem que estar no time certo.
— E eu sou o time errado? — pergunto puto.
— Sim — todos eles falam e Isis completa. — Mas relaxa, você vai
se entender com Carina quando sua memória voltar.
Disso eu não duvidava.

Ao entrarmos no meu apartamento Carina olha tudo, ela está com


uma muleta para se locomover, depois daquela conversa no hospital Miguel
foi empacotar suas coisas e de Carina, eu também mandei que umas pessoas
limpassem a casa, ela está exatamente como era antes, o sofá teve o forro
trocado por causa dos tiros, os vidros quebrados da mesinha que ela me deu
de natal foram substituídos e as fotos ajeitadas. Tudo está exatamente como
era, não parece que eu tive uma crise e quebrei tudo.
Já estamos em fevereiro, mas a árvore de natal ainda está montada, eu
esperava que Carina passasse o natal comigo, ou quem sabe eu pudesse
convencê-la, mas durante toda a noite ela fugiu de mim, e pouco depois veio
o acidente. Carina parecia feliz de ter saído do hospital, Miguel fechou a
porta atrás dele e eu quase bufei, seu olhar passou pela a sala e ele sorriu, era
cheia de fotos de Carina e eu.
— Venha vou lhe apresentar a casa — falo e a puxo para meu colo,
Carina ri agarrando seus braços no meu pescoço.
Ao passarmos pelos cômodos Carina olhava com atenção tentando se
lembrar de algo, eu realmente quero que ela se lembre, só que não antes dela
se apaixonar por mim. Miguel e ela elogiaram a casa, eu só a comprei porque
era perto da casa de Dominic, nunca quis uma casa grande, mas estou feliz de
tê-la, quero meus filhos com Carina correndo pela casa.
Ela às vezes se concentrava em olhar alguns pontos da casa e sorria,
esse sorriso me fazia sorrir. Contratei uma cozinheira para preparar as coisas
que Carina gosta, espero que ela não se lembre que vivia de dieta. Também
tem a enfermeira que pode chegar a qualquer momento, Dominic que a
contratou, eu só espero que não seja uma velha chata e sem vida.
Nos sentamos na sala de jantar e Miguel lhe contava algumas
histórias, havíamos concordado de não contar a parte sombria a ela, sem
máfia, sem esquadrão, sem computador, sem nada disso. Algumas histórias
eu não conhecia, essas histórias me faziam sorrir lembrando de como Carina
era, eu não sei se essa Carina será assim, mas sei que a amarei do jeito que
ela for.
Isis não pode vir, pois tinha que ir ao médico com Dominic. O almoço
foi servido e nos surpreendendo Carina comeu sem frescura de ‘’ai meu deus,
quantos quilos isso vai me dar’’ ou ‘’só vou comer metade e logo depois vou
levar meu traseiro gordo para a academia’’ ou ainda ‘’eu estou comendo tanto
que meus jeans vão explodir, porra! ’’.
— Isso está tão bom. — Lambeu os lábios e meu pau se agitou nas
calças. — Mas eu acho que qualquer coisa seria boa levando em consideração
que eu não como há dois meses — falou sorrindo.
— Isso mesmo, encha a pança. — Miguel pisca, sorrindo feliz para
ela que lhe mostrou o dedo e volta a comer.
Em seu dedo direito estava o anel de compromisso que lhe dei há
muito tempo, no natal há dois anos. Quando a enfermeira trouxe seus
pertences, eu fiquei um pouco chocado ao ver o anel amarrado a um colar, ela
ainda o usava. Então eu lhe dei e coloquei em seu dedo beijando sua pequena
mão. O meu ainda estava firmemente em meu dedo, eu não o tiraria nunca, a
não ser para colocar uma aliança no lugar.
— Não perturbe ela, pode comer à vontade, pequena. Você está muito
magra — digo e ela sorri.
— Eu me sinto puro osso, dá até para ver as minhas costelas —
reclamou ela voltando a comer, mas percebi seu olhar triste com isso.
Com tudo isso que aconteceu Carina estava muito magra e com a
aparência cansada, seus cabelos ainda estavam longos, mas estavam sem
brilho e vida. Suas unhas estavam com um esmalte vermelho que as meninas
colocavam nela, mas sua pele estava tão pálida. Nesse estado que ela estava
partia o meu coração e eu pretendo fazer de tudo para ela voltar a ser a antiga
Carina.
— Logo, logo você recupera tudo, clorofila. — Elena veio até a gente
e beijou sua bochecha se sentando no outro lado da mesa. — Como você
está?
— Bem — Carina respondeu e sorriu. — Por que você me chama de
clorofila? Eu estou verde? — Ela arregalou os olhos e foi impossível não rir.
— Você gostava de pintar os cabelos de todas as cores, pequena. —
Acaricio sua mão e pego meu celular mostrando fotos nossas. As fotos que
tiramos nus, estavam em uma pasta privada, vou lhe mostrar quando ela
estiver só e se ela quiser.
Seus olhos brilharam ao ver as fotos, teve algumas que ela gargalhou,
eram as que fazíamos caretas, tínhamos muitas assim. O brilho de seu olhar
encheu meu peito de alegria, fazia tanto tempo que eu não o via, muito antes
do acidente. Ela continuou a ver e até mostrou para a gente algumas fotos,
entrando no clima Miguel e Elena também mostraram fotos que tinham com
ela, fazendo Carina relembrar de alguns momentos, e me fazendo gelar de
medo dela se lembrar de tudo que aconteceu.
No final da tarde Elena voltou para a casa de Isis para saber notícias e
pegar algumas roupas para dormir aqui. Miguel ficou um pouco com a gente,
mas em seguida foi para o seu quarto, nos deixando a sós. Carina parecia sem
saber bem o que fazer, ela evitava olhar nos meus olhos, e se concentrava em
tentar olhar a televisão.
— O que tem de errado, pequena? — pergunto acariciando seus
cabelos e ela olha para mim com o rosto corado.
Mordendo os lábios ela me responde.
— Eu relembrei de um... momento. — Ela desvia os olhos dos meus,
olhando para o meu peito.
— Qual? — pergunto fingindo não ter medo.
— De você... e eu... bem...
— Fazendo amor? — pergunto e ela acena envergonhada. — E o que
eu fazia contigo? — perguntei e a vi juntando as pernas, ela estava excitada.
— Você estava com o rosto entre as minhas pernas — ela diz
envergonhada e olha para seu gesso.
— E era bom? — perguntei me aproximando mais, tomando cuidado
com o seu pé que estava apoiado na nossa mesinha, ela nem reparou as
nossas fotos que estavam nela.
— S-sim — gagueja.
Meu rosto está tão perto do dela e eu a vejo fechando os olhos,
quando nossos lábios estão quase se encaixando, uma batida da porta a faz
pular e ela faz uma cara de dor. Me levanto e a vejo olhando para meu jeans
que está apertado de tanto tesão, dou uma ajeitada pois essa porra dói e vou
ao caminho da porta. Lá está uma mulher loira vestida de branco, ela é muito
bonita, e pelas vestes percebo que é a enfermeira.
— Senhor Donavan? — pergunta docemente e eu aceno. — Sou Ester
Xavier, a enfermeira da senhora Miller.
— Entre — falo e dou espaço para ela entrar, a menina que parece ser
bem nova vai na direção de Carina e a cumprimenta, ela tem uma mochila
nas costas.
Eu as deixo conversando e subo as escadas indo para o segundo andar
chamar Miguel, que estava sentado no sofá de seu quarto vendo televisão. Ao
me ver ele sorri.
— Já desistiu? — perguntou debochado e eu mostro meus dentes.
— A enfermeira chegou, eu vou precisar sair para resolver algumas
coisas, você pode ficar com elas?
— Claro — responde se levantando. — Quantas verrugas a
enfermeira tem, pois não quero ficar contando. — Rolo meus olhos e
respondo.
— Ela é jovem e bonita, não acho que tenha verrugas. — Desço as
escadas e vou direto para Carina, Ester está abaixada acariciando os dedos
dos pés dela. Carina me olha e sorri.
— Eu estava com coceira no pé. — Ela sorri.
Me aproximo e beijo sua boca de leve, mesmo querendo agarrá-la e
beijá-la como antes.
— Pequena, eu vou ter que sair rapidinho, logo eu estou de volta. —
Ela acena olhando para a minha boca e lambendo seu lábio.
— Volte — ela diz me puxando para um beijo mais intenso e sussurra
no meu ouvido. — Você me deixou tão dolorida.
Olho para ela com os olhos arregalados, se eu não precisasse sair
mesmo agora eu a pegaria no colo e levaria até nossa cama, e faria amor
lentamente com ela, enquanto ela estivesse doente. Carina perdeu a memória,
mas não a atitude. Colo nossas testas e beijo a ponta de seu nariz.
— Logo eu estou de volta — murmuro e a beijo de novo antes de sair.
Chego ao Abaixo de Zero e sigo o caminho para o elevador, vejo
Drica no bar me olhando triste, esse tempo todo eu a evitei, sabia que estava
tão errado quanto ela, mas nunca mais eu fico perto dela. Chego na sala e
Dominic e seus homens me deixam entrar. Dominic estava ao telefone
resolvendo problemas, espero ele acabar pacientemente e quando finalmente
termina me olha curioso.
— O que porra você está fazendo aqui em vez de estar com Carina?
— Eu quero voltar a trabalhar, mas em outra coisa — falo e ele
levanta uma sobrancelha.
— Tenho o cargo perfeito para você.
CARINA

Ester é muito legal, gostei dela logo de cara, ela tem um sorriso
sincero e parece ser honesta. Ela mediu minha pressão e batimentos, anotou
os resultados e depois me perguntou onde eu sentia dores. Depois disso
conversamos um pouco sobre as Kardashian. Elas são uma família famosa e
rica, e eu super adorei. Miguel ficou sentado com a gente, mas não falou
coisa alguma, estava concentrado [ML8]nos seios de Ester.
Ela me ajudou a ir ao banheiro e a tomar um banho, lavou e depois
alisou meus cabelos, eu já me sentia muito melhor, até me ajudou depilar
minhas pernas e eu aparei a minha vagina, mas por algum motivo não retirei
tudo, mal dava para ver a tatuagem escondida com o nome dele.
— E aí ela traiu ele para poder ser escalada para o filme. — Ela me
contou as fofocas de Hollywood.
— Não creio — falo e ela ri.
— É sério, e ele só descobriu depois que uma revista publicou uma
matéria com as fotos.
— Que babado.
— Sim, a sua amiga também saiu numa revista — ela me diz e meus
olhos se arregalam. — Você não sabia? Ah, sua memória. — Ela fica
vermelha. — Espero que eu não tenha falado o que não devia.
— Está tudo bem, quando Isis vir aqui eu pergunto para ela, não tem
problema — digo e ela termina de pranchar minha franja.
— Você está tão linda.
— Sim, obrigada, mas eu preciso comer mais — reclamo e ela sorri.
— Eu posso ver umas vitaminas e complementos alimentares, em
poucos meses você vai estar de volta a seu corpo.
— Eu quero — grito e ela sorri.
Ela me ajuda a voltar para a sala, aonde Miguel e Elena brigam pelo
controle, os dois parecem até irmãos. Ao me ver Elena larga o controle que
acerta no nariz de Miguel, fazendo o sangue escorrer. Ester me coloca
sentada e com o pé para cima e leva Miguel para o banheiro para se limpar e
ver se o quebrou.
— Você acha que eu quebrei seu nariz? — ela me pergunta
preocupada.
— Sim, eu acho — falo dando de ombros vendo televisão.
— Essa é a Carina que eu conheço — Elena fala me abraçando e
rindo, eu não entendo o porquê de ela dizer isso. Percebendo a minha
confusão ela responde.
— Você sempre ignorou minhas brigas com Miguel.

Já eram quase meia noite, e eu estava morrendo de sono, mas me


mantive firme. Elena, Ester e Miguel conversavam animados, eu já tinha
tomado meus remédios e estava grogue, mas queria esperar Jace chegar.
Parece que foi uma transmissão de pensamentos, pois Jace entrou por aquela
porta e seu olhar veio direto para mim, seus olhos mostravam seu desejo.
Sem falar com ninguém ele me pegou no colo e murmurou um boa
noite a todos e me arrastou para a sua cama. Eu já estava vestida com uma
camisola, mas o mesmo a tirou de mim e me colocou dentro de uma camiseta
cinza grande, ele sorriu para mim e me ajudou a deitar na cama achando uma
posição agradável para meu pé.
— Como foi seu dia? — ele me perguntou em meio a escuridão.
— Foi legal, eu gosto deles.
— O que achou da enfermeira? — perguntou dando vários beijos em
minha testa e agarrando minha cintura.
— Ela é legal, me ajudou a tomar banho e me depilar... — Parei no
meio da frase pelo som que Jace solta. — Está tudo bem? — pergunto com a
voz rouca.
— Sim, só continue.
— Ela alisou meus cabelos, me contou fofocas de celebridades e me
distraiu bastante, acho que o Miguel gosta dela.
— Coitada — ele resmunga e eu gargalho.
— Boa noite — falo me aconchegando ao seu peito e cheirando sua
camisa, tem seu cheiro. — Eu gosto de dormir com sua camisa — falo baixo
e ele me aperta contra ele.
— Senti sua falta, você não imagina o quanto.
— Eu também senti a sua, anjo. — Porque era verdade, mesmo sem
me lembrar, eu sabia que sentia falta de Jace, o homem mais doce que
conheci em outra vida.
Capítulo 16
CARINA

Me desperto com braços grandes e fortes a minha volta, e eu tenho a


sensação de que sempre estive assim. Meus olhos lacrimejam com essa
sensação, eu queria tanto me lembrar. Jace dorme ao meu lado com a cabeça
na curva do meu pescoço, seu corpo está aconchegado ao meu. Sinto um bolo
na minha garganta e choro em silêncio, mas Jace abre seus belos olhos cinza
e me olha preocupado.
— O que foi pequena? Está com dor? — ele me pergunta acariciando
meu rosto e secando as lágrimas.
Choro mais, o olhando, eu não consigo parar, só quero me lembrar de
tudo, eu quero me lembrar dos meus momentos com Jace Donavan. Eu não
duvido que meu coração é dele, mas eu preciso me lembrar, quando eu me
apaixonei, quando eu disse ‘’eu te amo’’ pela primeira vez, se ele me
respondeu, quem falou primeiro? Nosso primeiro encontro. Eu quero me
lembrar de tudo.
— Me diga o que é, por favor, pequena?
— Eu só quero me lembrar — murmuro tapando meu rosto com as
mãos.
— Você vai, meu amor. — Ele me dá um selinho, seu olhar é puro
sofrimento. — Você logo se lembrará de tudo.
— Mas eu quero me lembrar de você... dos nossos momentos — eu
digo envergonhada e toco meu coração. — Eu sinto aqui dentro... que eu te
amei muito.
Algumas lágrimas caem dos seus olhos e ele me puxa para um beijo
apaixonado. Minhas mãos voam para seus cabelos e depois descem para as
suas costas, eu não sei por que, mas eu a acaricio um pouco abaixo da nuca e
Jace se arrepia. Aos poucos ele vai se afastando, seus lábios estão inchados e
vermelhos, suas pupilas estão dilatadas e ele me olha com paixão.
— Eu te amo tanto, pequena. — Ele cola nossas testas e me abraça.
Algo em mim prende a minha fala, eu não consigo dizer nada, como
se tivessem tapado minha boca.
— Não precisa responder, só quero que você saiba. Eu direi isso pelo
resto da minha vida.
Eu o puxo para mim e o beijo novamente, sua mão vai parar embaixo
da sua camiseta que eu estou vestindo, ele passa sua mão pelas minhas costas
e depois agarra minha bunda com força, me fazendo gemer em seus lábios.
Eu pressiono meu corpo contra o seu da maneira que posso, já que o gesso
atrapalha bastante. Sua mão continua viajando pelo meu corpo, quando para
nos meus seios, ele geme.
Ontem no banho eu descobri que tinha piercings em meu corpo, eles
foram retirados por causa do acidente e eu fiquei vermelha quando Ester me
contou os lugares, o que me deixou mais vermelha ainda foi a tatuagem com
seu nome no meu púbis.
Meu corpo estava quente e eu me sentia muito úmida. Nosso corpo
estava molhando de suor, mas não nos importamos nenhum pouco, sentia
meus lábios inchados e doloridos, mas me recusava a largar seus lábios. Uma
batida na porta atrapalhou nosso momento.
Jace rugiu como um animal e eu caí na gargalhada, ele ao ver minha
reação riu também, mesmo com um pouco de raiva. Ele levantou passando a
mão pela barba e se virou, ele estava somente com uma cueca box preta, mas
não foi isso que atraiu minha atenção. Era meu nome em suas costas, com
duas armas paralelas em cima, como se fossemos nós.

Eu ofeguei alto e Jace se virou para mim curioso. Eu tentei falar, mas
nada saia, ele levantou uma sobrancelha me observando e vestiu uma calça
jeans rapidamente junto com uma camiseta cinza, ele estava delicioso. Voltou
para perto de mim, quando viu meu olhar e me deu um selinho e me ajudou a
sentar.
— O que foi? — perguntou ainda me beijando. Ele era tão carinhoso.
— A... a tatuagem... nas suas costas — murmurei entre os beijos e
Jace se afastou com o rosto corado.
Ele era tão bonito, cabelos loiros arrepiados, olhos cinza, um nariz
levemente torto que juntando com a cicatriz na bochecha o deixaria com a
cara de perigoso, se não fosse pelo olhar doce, as covinhas, e a boca
vermelha. Seus músculos pareciam ser uma obra de arte, ele era meu deus
grego pessoal.
— Sim, baby. Eu fiz no natal para você, foi no mesmo dia que eu lhe
dei isso. — Ele tocou no anel em meu dedo.
Sem esperar eu responder ele me deu um selinho e abriu a porta para
Ester entrar, antes de sair ele me olhou uma última vez e piscou para mim.
Ester entrou dando um sorriso sem graça, ela me ajudou a entrar no banheiro
e fazer as minhas coisas, ela estava um pouco tensa eu percebi.
— O que houve? — perguntei incapaz de manter minha boca calada.
— É... Miguel me convidou para jantar sexta — ela fala olhando para
as unhas.
— Isso é ótimo, Miguel parece ser uma ótima pessoa.
— Mas... mas eu estou aqui para trabalhar, não para sair com
ninguém — ela diz com o rosto corado. — Ele me roubou um beijo ontem.
— Isso é maravilhoso — falo animada. — Você deve se jogar, há
quanto tempo você não namora?
— Muito tempo. Estou completamente centrada na minha carreira. —
Suspira. — Mas Miguel é tão legal. Só que o objetivo e a prioridade da minha
vida é a carreira. Ela estará sempre em primeiro lugar.
— Você pode ter as duas coisas — falo e ela fica parada pensando.
Fomos para a cozinha onde ela me ajuda a preparar algo, parece que
eu não sou boa na cozinha os bacons torrados provam isso. Ela me dá as
vitaminas que seu pai receitou para mim, e me explica que devem ser
tomadas juntas com a alimentação. Logo eu estarei com meu antigo corpo,
que pelas fotos eu vi que era muito bonito. Pergunto a ela sobre o gesso e ela
me fala que tenho que ficar com ele mais uma ou duas semanas.
Miguel aparece na cozinha somente com uma bermuda, e Ester cora
mais que tudo no mundo e desvia o olhar, Miguel beija sua bochecha e minha
testa, senta ao meu lado e pergunta.
— Como você está?
— Bem, hoje será que você pode chamar Isis para vir, eu queria que
vocês me contassem sobretudo... eu realmente quero me lembrar de tudo,
odeio ficar assim.
Miguel fica me olhando por um tempo e depois bufa.
— Ela vai estar aqui daqui a pouco com as crianças, ela já tinha
avisado que viria hoje. — Ele sorri carinhoso. — Eu também quero que se
lembre de tudo.
Depois do café eu descubro que Jace foi trabalhar. Miguel e Ester me
fazem companhia e me fazem rir, convenço ela a aceitar sair com ele e recebo
um abraço de Miguel, e um beijo barulhento na bochecha. Isis chega mais
tarde perto do almoço com duas crianças com ela, eu as olho, mas não as
reconheço. A menina loirinha corre para mim e me abraça chorando, eu a
aperto contra mim e me lembro do cheiro de seus cabelos. Ela me olha com
seus olhinhos azuis e sorri para mim.
— Fiquei tão preocupada tia Carina — ela fala com a voz embargada
e olha para a mãe e acena com a cabeça, sorri para mim e fala. — Eu sou a
Valentina.
O menino toca no ombro dela e sorri para mim.
— Eu sou Eric. — Estende a mão para mim e eu sorrio apertando, ele
é um pequeno grande homem dá vontade de morder.
— Para de agir como adulto Eric, você ainda é uma criança —
Valentina fala e ele rola os olhos.
Isis vem sorrindo até mim, ela está com um vestido vermelho
larguinho na cintura e botas sem salto, ela está sempre maravilhosa. Ela se
senta ao meu lado e segura minha mão.
— Estou tão feliz de vê-la bem e acordada. — Seus olhos estão
marejados em lágrimas, eu estendo a mão e acaricio seu rosto secando as
lágrimas, imagino que seja raro ela chorar.
— Você não vai se livrar de mim tão facilmente — brinco e Miguel e
ela riem, percebo que ele também tem os olhos marejados.
— É clorofila, você assustou a gente — diz Elena descendo as
escadas com uma camisola curta e os cabelos soltos bagunçados, ela estava
dormindo até agora, eu sei, pois Miguel a chamou para tomar café e ela
murmurou algo sobre querer uma chuva de alcaçuz e balas de goma.
Ela desfila até a cozinha e Isis suspira ao meu lado.
— Damien está estacionando o carro — ela resmunga e percebe a
minha confusão, quem é Damien?
— Damien é o noivo dela — Miguel conta vendo que eu não entendi
nada. A porta se abre e eu olho curiosa.
Nossa, um homem lindo entra pela porta, ele se parece um pouco com
Dominic, o marido de Isis. Elena me atualizou um pouco ontem, mas acho
que se esqueceu do detalhe que ela está noiva. O homem parece ter quase
dois metros, a mesma altura de Jace, porém mais musculoso. Seus olhos eram
treinados e sem emoção, até olhar para Elena que saiu da cozinha com um
sanduíche em mãos, ela olha para onde estamos olhando e estanca o passo,
mas logo ajeita a postura.
— Achei que você havia voltado para a Itália — murmura.
— Eu estava voltando, mas Dominic me ligou para falar que Carina
acordou e eu já teria que vir aqui para marcarmos o dia do casamento — ele
fala e as pernas de Elena bambeiam. A ignorando ele vem até mim e me olha
dos pés à cabeça e me dá um pequeno sorriso. — Fico feliz que esteja bem.
— Obrigada — falo e ele assente e olha para Elena.
— Vá se vestir, vamos almoçar com nonno.
Elena assente e sobe as escadas correndo, com certeza ela não vai
comer aquele sanduíche. Reparo Damien a secando por completo, ao ver meu
olhar dirigido a ele, Damien disfarça pegando o celular. Isis está quieta ao
meu lado, mas ao olhá-la, nós trocamos um olhar de reconhecimento.
Eu não entendo, Elena não ama seu noivo? Nenhum beijo ela deu
nele. Pelo o que ela falou, ele mora em outro país, era para ela pular em cima
dele de saudade, se bem que aquela expressão fechada, não parecia bem-
vinda a um abraço, seria mais um amasso contra a parede ou algo assim.
Depois que eles saem ficamos todos em silêncio, foco minha atenção
na mesinha de centro recheada de fotos de Jace e eu, tiro com cuidado minha
perna da mesa e me aproximo mais, escuto Isis e Miguel falarem algo,
conversando sobre Elena e Damien, mas estou concentrada naquela mesinha
e flashes passam pela minha cabeça, palavras de amor ditas, carinhos,
sorrisos, amassos, um simples olhar e eu sinto no meu coração que eu sempre
amei Jace Donavan.
— Carina está tudo bem? — Ester toca meu ombro e eu a olho.
— Essa... essa mesinha... eu me lembro — murmuro e me sento
novamente no sofá.
Isis me olha com atenção e sorri com os olhos marejados para mim.
Ester nos deixa sozinhos e caminha para a cozinha, reparo Miguel seguindo-a
com o olhar.
— Você está me transformando numa chorona — ela reclama e
Miguel bagunça seus cabelos, voltando sua atenção para a gente já que Ester
estava fora de vista.
— Como vai essa barriga, quando ele sai? — Miguel acaricia sua
barriga. — Está grávida desde... sempre.
— Eu estou com sete meses. — Ela rola os olhos e me olha com um
sorriso zombeteiro no rosto. — Você me forçou a ver mil partos e estará
comigo quando for a hora. Então trate de se lembrar logo, não quero ter que
ver aquilo tudo de novo... prefiro ser torturada a ouvir mais uma grávida
gritar no parto.
— Eca, ainda bem que eu não me lembro disso — respondo rindo,
Isis e Miguel seguem a minha risada.
Ester volta à sala com café e suco para todos, apesar de estar quase na
hora do almoço. Miguel a puxa para se sentar ao seu lado, Isis e eu trocamos
um olhar novamente.
— Que tal vocês irem ao mercado comprar caramelos para mim? —
Isis fala e coloca a mão para a barriga. — Estou com desejo.
Miguel se levanta num pulo e a leva junto com ele, Ester olha para a
gente com olhos arregalados para mim pedindo ajuda, em troca eu pisco o
olho e gargalho quando eles saem. Vendo os dois juntos faz eu me sentir
como se algo faltasse na minha vida. Isis me conta algumas coisas que faz
nós duas gargalharmos, mas eu quero voltar ao assunto que está martelando
em meu cérebro.
— Isis, a Elena não ama o Damien. Por que eles vão se casar?
Isis me olha por um momento e depois suspira.
— É como uma medida de segurança, Elena precisa de Damien. —
Ela massageia os neurônios. — Damien vai ser bom para ela.
— Mas tem que se casar por amor — falo e Isis estremece e desvia o
olhar. — Você também não se casou com o Dominic por amor? — pergunto
curiosa.
— No começo não, mas depois eu o amei com toda a força. — Seus
olhos brilham ao falar dele. — E o amo ainda mais por ele tratar minha filha
como sua.
— Valentina não é filha dele?
— Não, é... uma história muito longa.
As crianças descem as escadas, Valentina tem os bracinhos cruzados e
Eric um sorrisinho no rosto. A menina vai até a sua mãe e se senta ao seu
lado, Eric continua em pé com um sorriso de quem aprontou no rosto.
— O que foi filha? — Isis pergunta acariciando seus cabelos. — Está
com fome?
— Eric não me deu um beijo — ela reclama e eu rio, quando ela me
olha com os seus olhos sérios eu disfarço o riso. Ela é muito Isis. — Nós
estávamos brincando de bela adormecida e então eu era a bela, e Eric o
príncipe, mas combinamos dele me beijar para eu acordar, mas ele só me
sacudiu.
Isis e eu gargalhamos e Eric continua sorrindo.
— Termine a história, Val — Eric fala todo feliz e corado.
— Então eu decidi ser o príncipe e ele ser a bela — ela fala e Eric rola
os olhos, mas não contesta. — Então quando eu fui o beijar, só que nossas
testas se bateram. — Ela toca a sua testa e eu percebo que está avermelhada,
a de Eric também.
— É por isso que você está rindo? — pergunto a Eric que ri mais.
— Valentina xingou em italiano, depois disso.
Isso bastou para eu ter uma crise de riso imaginado a pequena
Valentina xingando em italiano. Isis tentou ficar séria, mas falhou rindo
também. Ela pega o celular e disca para alguém, no terceiro toque a voz de
Dominic soa pelo celular que estava no viva-voz.
— A bolsa rompeu? — perguntou já preocupado. — Estou a caminho.
— Não. Valentina xingou em italiano — Isis solta tentando parecer
séria. — Pode dizer com quem ela aprendeu isso?
— Eu juro que não xingo mais, perto dela, desde que ela repetiu a
primeira vez — ele falou e gargalhou. — Ela é tão fofa falando em italiano.
— Eu estou aqui, papai — Valentina responde rindo.
Meu coração se derrete com ela o chamando de papai.
— Valentina o que combinamos? — Dominic diz parecendo sério ao
telefone.
— Para eu não xingar perto da mamãe, mas...
— O que?! — Isis exclamou com a boca aberta.
— Amor, ela só está brincando — ele tenta acalmar.
— Tuuudo beeem. Vamos mudar de assunto antes que acabem
brigando? — pergunto puxando as letras e rindo, eles são uma família linda e
divertida.
— Como está Carina? — Dominic me pergunta.
— Estou bem, obrigada. Só morrendo de vontade de tirar esse gesso.
Dois meses já foram o suficiente — digo e Valentina me olha com uma
carinha de sapeca.
— Eric e eu podemos escrever no gesso?
Dominic ri do outro lado da linha.
— Eu tenho que ir, estou ajudando Jace com o novo cargo — ele
disse e eu sorri percebendo que Jace estava com ele esse tempo. — Te amo,
Isis.
— Também te amo.
Ela desligou sorrindo. As crianças ainda me olhavam com atenção, eu
rolei os meus olhos e sorri.
— Podem pegar as canetas.
Valentina puxou Eric pelo braço e o menino sorriu para ela.
— Esses dois são uma figura, desde que se conheceram não se largam
— Isis fala balançando a cabeça com diversão. — Às vezes de madrugada eu
vou ver como Valentina está, e vejo os dois dormindo juntos, eles contam
histórias até caírem no sono. Dom reclama bastante, não quer os dois
grudados, pois Valentina vai sofrer quando ele voltar para a Alemanha.
— Eles fazem um casal lindo, imagina quando crescerem.
— Esse é o meu medo. — Ela suspira e depois sorri. — Mas vamos
falar sobre outra coisa, que tal seu relacionamento com Jace, ele está se
comportando?
— Ele tem sido um cavalheiro comigo. — Sorri corando. — Ele é tão
doce e carinhoso. Se aconchegou em mim a noite e disse que me ama. Ele
tem uma tatuagem com meu nome em suas costas.
Isis arregala um pouco os olhos e depois sorri.
— E eu achando que eram em suas partes privadas — ela murmura
rindo.
— O que?
— Quando você fez a sua no... — Ela olhou para mim procurando
uma palavra certa para o que ela queria dizer. — Púbis, capô de fusca, na
perseguida... enfim ainda não sei como me referir a vaginas alheias... eu
estava com você quando tatuou, mas não me disse ao certo aonde ele tatuou
seu nome.
— Ah, tá — concordo e rio.
— Então ele não forçou a barra a noite? — perguntou olhando para
suas unhas vermelhas, era impressão minha ou ela queria saber da minha
intimidade?
— Ele não forçou nada, só nos beijamos... foi mágico.
Ela sorri para mim.
— Eu sei como é. Só quero que você seja feliz.
— Eu também.

Finalmente passaram as duas semanas, a cada dia eu estou melhor, já


lembro da maioria das coisas, mas não de Jace, isso me entristece muito e
percebo que a ele também. Junto com as memórias boas, vieram as tristes, eu
me lembrei do jeito que era tratada e do menino que eu sonhei, era Ethan,
irmão de Isis. Quando ela me mostrou uma foto dele, eu o reconheci e contei
a ela sobre o sonho, Isis chorou mais e me abraçou, depois de controlada
culpou a gravidez e rosnou para Dominic que teria que ter gêmeos ou
trigêmeos na próxima vez, pois não queria passar por esses estados tantas
vezes.
Eu descobri que a perda de memória não afetou meu cérebro e Isis me
explicou sobre a faculdade que eu larguei, sobre a máfia, o que demorou um
tempo para eu me acostumar. Me contou sobre meu antigo trabalho, do dela,
sobre Valentina. Nós chorávamos juntas, eu histérica e Isis sempre contida. À
medida que ela ia contando os fatos, eu ia me lembrando, o que era ótimo.
Quando ela me contou da morte dos meus pais, eu não senti nada, somente
uma tristeza do que poderia ter sido se as coisas fossem diferentes, mas
infelizmente não é.
Elena me contou sobre Jake, seu primeiro amor, e me falou que eu a
ajudei a superar. Ela ainda sente falta dele, mas está melhorando. Ela me
falou que ter mais contato com seu avô e irmão a deixa feliz, e finalmente me
contou sobre seu casamento com Damien. Ela o estava adiando ao máximo,
eu e Isis concordamos em ajudá-la. Nessas duas semanas Jace e eu
conversamos muito, mas não me beijou novamente, nós saíamos às vezes de
carro para passear, mas minha perna atrapalhava muito, graças a Deus hoje eu
retiro esse gesso todo desenhado pelas crianças.
Miguel estava triste que não precisaria mais dos serviços de Ester,
eles finalmente estavam ‘’se conhecendo melhor’’, eles acham que Jace e eu
somos burros e não vemos Miguel passar a mão na bunda dela toda vez que
estão perto. Eu soube por Jace que Miguel não morava aqui, e tinha seu
próprio apartamento, eu tentei o convencer a voltar para ele já que Ester se
recusou a ter relações com ele aqui, mas ele estava irredutível e quase causou
uma briga com Jace.
Jace trabalhava fora durante o dia, na maioria dos dias [ML9]da
semana, mas as quartas e sextas trabalhava a noite, porém eu não ficava triste
com sua ausência, meu interior estava feliz por Jace estar feliz com seu novo
trabalho.
Percebia seus olhares desejosos para mim, e acordava quando no meio
da noite ele se levantava com a cueca marcando seu pau duro e ia para o
chuveiro, eu não sabia por que ele estava se contendo tanto, eu estava mais
que pronta para me dar a ele, eu já havia recuperado o meu corpo e até estava
me achando mais gorda. Jace quase teve um ataque quando falei isso, ele
disse passando as mãos no cabelo: ‘’— Você perde a memória, mas não
perde a vaidade, você sempre fazia dietas, mas quando estava de mau-humor
ou TPM, comia tudo pela frente. Nessa época do mês eu te abraçava ainda
mais apertado e ficava ao seu lado vinte quatro horas por dia’’. Eu achei tão
fofo isso que me derreti toda.

O médico estava demorando demais para tirar o gesso e isso estava


me deixando agoniada. Isis não pode vir comigo, pois tinha uma consulta
hoje, então chamei só Jace. Miguel queria vir, mas eu falei para ele sair com
Ester e aproveitar o sábado. Elena estava com o avô, que cismou em ensinar
Elena, novamente, como ser uma esposa perfeita, de acordo com ela, quando
era pequena ela tinha aulas de etiqueta onde era ensinado tudo isso.
— Pronto, Carina. Não se esqueça que são até três meses para a
fratura curar cem por cento, como você já está praticamente a três, só mais
algumas semanas a mais pegando leve. Então evite usar saltos, e se usar, que
não seja por muito tempo — o médico fala e Jace engolia cada palavra
olhando com atenção. — A fisioterapia pode ser feita em casa por um
profissional qualificado. — Minha mente já centrou Ester, mandei uma
mensagem para ela.
Carina: Quer ser minha fisioterapeuta?
Sua resposta veio no mesmo instante.
Ester: Claro que sim.
Eu me lamentei mentalmente por não poder usar saltos, eram tantos
saltos que tinham no closet, e Jace era tão alto que me deixava com vontade.
Mas eu nada disse, como o médico disse, eu posso usar saltos desde que não
demore muito. Jace ao me olhar já sabia o que eu estava pensando. Ele deu
um sorrisinho e piscou para mim.
— Eu vou cuidar dela, doutor — ele falou com sua voz firme e
apertou sua mão, eu andei um pouco pelo consultório e coloquei a sapatilha.
O doutor mexeu um pouco nos meus pés e ficou perguntando se doía,
e essas coisas. Eu já estava cansada disso, era realmente chato. Era o começo
da noite quando saímos do hospital. Eu vim preparada, pois Jace tinha me
avisado que jantaríamos fora. Me vesti com um casaco cinza fechado e sem
decote, mas em compensação ele era na altura das minhas costelas, uma saia
de cintura alta rodada até o joelho, o que deixava parte da minha barriga
aparecendo, para completar sapatilhas já que eu não podia usar saltos. Eu me
sentia muito bem nessas roupas, meus cabelos estavam soltos e passei
máscara de cílios e um batom vermelho fosco.
Ao me ver sair do quarto Jace ficou com a boca aberta e eu pensei que
ele iria me beijar, mas ele só me elogiou, mesmo que seu olhar e o zíper
pressionado na calça mostrassem o quanto ele me queria.
Ao pararmos num restaurante, eu reconheci logo de cara onde
estávamos.
— Jace, aqui tivemos nosso primeiro encontro — falo olhando para
ele sorrindo. — Eu me lembro de tudo.
Capítulo 17
JACE

Toda a cor fugiu do meu rosto, eu dei sorte de estar sentado, se não
apostaria que teria caído no chão com tudo. Ela se lembrava. Meu estômago
se enrolou e eu esperava não desmaiar, ela iria me odiar mais ainda. Ao olhar
para seu rosto eu vi um sorriso enorme, e isso me fez sentir uma merda, por
não ficar feliz por ela. Eu queria que pudéssemos começar do zero. Ela irá me
deixar agora que se lembra.
— De tudo? — Minha voz soou estranha e descompensada.
— Esse lugar. — Ela apontou para o restaurante e depois para a sua
cabeça. — Você me trouxe aqui no nosso primeiro encontro e muitos outros.
— Ela abriu outro sorriso. — Essa é sua maneira de me ajudar a lembrar.
— Sim, amor. Tudo por você. — Quase suspirei alto, ela se lembra do
restaurante, não de tudo.
Ela sorri e eu tenho a minha deixa, saio do carro e corro para seu lado,
abro a porta e ela me recompensa com um outro grande sorriso, como se abrir
uma porta me fizesse um príncipe. O maître a olhou dos pés à cabeça, toda
vez que Carina vinha aqui ele olhava quase babando nela.
Agarro sua cintura e ela olha um pouco confusa, ele nos guia para a
nossa mesa e alguns homens sentados param a conversa para olhá-la, ao
passar do tempo eu me acostumei com isso, Carina sempre chama atenção
por onde passa. Isso não significa que eu não lhes dei um olhar mortal os
fazendo desviar. Carina agora voltou ao seu antigo corpo e está mais que
perfeita, ela tem novas curvas onde antes ela não tinha, e o melhor de tudo,
ela ainda não deu crise por elas. Às vezes pela manhã quando ela pensa que
eu estou dormindo, ela se levanta da cama e sobe a minha camiseta do seu
corpo e fica se olhando no espelho.
Teve algumas vezes que eu tive vontade de pegá-la e jogá-la na cama,
mas eu quero que ela venha até mim, que ela me ame novamente e se
entregue mais uma vez para mim.
Carina olha todo o lugar e toma um gole de água, ela sabe que não
pode misturar os remédios com álcool. Percebo que ela está um pouco
nervosa e não sabe o que dizer, a antiga Carina faria uma piada com isso e aí
teríamos papos.
— Então, como vai seu trabalho? — pergunta comendo um pedaço de
pão, meus olhos acompanham o movimento de sua boca e meu pau endurece,
demora um momento para eu conseguir responder.
— Bem, e você está melhor agora que está sem o gesso? — pergunto
com a voz um pouco rouca e Carina sorri sedutora mordendo mais um pedaço
do pão.
— Eu estou amando, agora só falta eu recuperar o resto da memória
— fala e rola os olhos. — Eu estou doida para lembrar das nossas noites. —
Ela pisca para mim e minha boca cai aberta, essa é minha menina.
— Pequena, não me provoca — rosno com a voz rouca e Carina me
dá seu sorriso doce, mas nenhum pouco inocente.
— Eu não estou fazendo nada, você que está me seduzindo com seus
olhos cinza maravilhosos. Já falei que cinza é minha cor favorita?
Eu sorrio e ela também.
— Eu tenho uma pergunta que não quer sair da minha cabeça — ela
fala e eu aceno.
— Pergunte — falo seguro por fora, mas tremendo de medo que ela
pergunte algo que entregue como estávamos antes do acidente.
O garçom chega na hora e eu escondo meu alívio tomando um gole de
vinho, ela tem olhos centrados em mim com desejo, mas tenta esconder
olhando o cardápio. O jantar foi sensual e Carina mostrou que ela ainda é ela,
se divertindo com o meu desejo. A sobremesa foi um bolo de chocolate que
ela fez questão de comer praticamente beijando a colher, me deixando tão
duro que doía.
Saímos do restaurante e eu entreguei a chave e o papel para o
manobrista e ao olhar para ele, me lembrei que foi ele que viu a minha
agarração com Carina há dois anos.
Estávamos quietos sem saber o que dizer quando Carina me olhou e
bufou.
— Eu sempre que tenho que tomar a frente?
Antes que eu pudesse falar, ela puxou meu pescoço e me beijou com
paixão, puxando meu corpo contra ao seu e foi exatamente como da última
vez. Sua mão quente entrou dentro da minha camisa e ela acariciou minhas
costas com uma mão e com a outra ela puxava meus cabelos para pressionar
mais minha boca contra ela. Minhas mãos se impulsionaram em sua cintura e
eu moí minha ereção contra sua barriga, fazendo ela gemer contra meus
lábios.
Uma tosse nos fez separar, o manobrista tinha um sorriso escondido,
Carina gargalha e eu dou a ele cem pratas de gorjeta.
— Se beijem sempre que quiserem — ele fala feliz guardando o
dinheiro no bolso e me jogando a chave. Abro a porta do carro para Carina
como um perfeito cavalheiro, mas olhando cada movimento da sua bunda.
Eu já estava fechando a porta quando ela me puxa pela camisa para
ela, seu olhar era faminto, pegava fogo.
— Hoje você vai me fazer sua novamente — ordenou e eu, sem
palavras, acenei. Ela me queria.
Corri para o banco do motorista e antes de entrar tentei dar uma
ajeitada na ereção que já estava me machucando. Carina pareceu perceber
isso e sorri se olhando pelo espelhinho e retocando o batom que não borrou,
só perdeu a cor. Me lembro de quantas vezes ela me falou desses batons
matte que ela tem. Uma vez ela me ensinou a passar batom e máscara de
cílios nela para caso de emergência.
Balanço minha cabeça lembrando disso e sorrio. Ao estacionar o carro
Carina nem espera a minha ajuda, já desce do carro e me arrasta para o
elevador, onde novamente me agarra e me beija com vontade, eu não nego
que também fiquei quente com todo o fogo dela.
— Essa noite eu sonhei com nós dois, juntos, era tão bom — fala e
volta a me beijar, não é preciso ser um gênio para saber que ela teve um
sonho molhado comigo.
— Eu ouvi seus pequenos gemidos a noite. — Beijo seu pescoço e ela
arranha as minhas costas. — Precisei de dois banhos gelados.
Ela ri e nos puxa para dentro de casa, nossa casa. Me atrapalho com
as chaves fazendo ela tomar de mim, não nos importamos de quem estivesse
presente, simplesmente a encoxei contra a parede e a levantei. Carina enrolou
as pernas na minha cintura e retirou sua camisa, meus olhos se fixaram nos
seus belos seios cobertos pelo sutiã, Ester havia falado que Carina não quis
colocar os piercings novamente.
Nos arrasto para o quarto chutando os nossos sapatos, a jogo na cama
e ela retira a saia ficando somente com uma minúscula calcinha. Eu retiro
minha calça e cueca e já vou para cima dela.
— Eu te amo tanto — digo agarrando seus seios e os beijando. —
Senti tanto sua falta.
Ela geme e arranha minhas costas conforme eu chupo seus lindos
seios. Minha mão vai descendo pela sua barriga plana até chegar a seu monte,
eu rasgo sua calcinha e ela grita assustada depois ri, me fazendo rir também.
— Palhaço — resmunga e me rouba um selinho.
Acaricio seu clitóris e ela geme alto me olhando com desejo.
— Jace, por favor — implora levantando a pélvis para mim e
agarrando as pernas em volta da minha cintura. — Entra em mim.
Me posiciono na sua entrada então eu me lembro que ela não está
protegida, me sinto egoísta, mas não vou deixá-la ir quando se lembrar, não
posso perder Carina novamente, nem que para isso eu a deixe grávida,
esperando um filho meu, um filho nosso. Eu conheço Carina bem o suficiente
para saber que seu sonho é ter uma família unida que seus filhos sejam
amados. Não me arrependo da minha decisão quando gozo dentro dela, se
esse é o único jeito de tê-la novamente eu vou arriscar que ela me odeie, mas
que continue ao meu lado.
Carina está ofegante agarrada a meu peito, ela faz pequenos círculos
com seus dedos. Eu não estou diferente acariciando suas costas.
— Eu te amo — ela diz e eu estremeço. — Me lembrei de muitas
coisas sobre a gente quando você entrou em mim. Foram lembranças
maravilhosas que me fizeram me apaixonar por você novamente.
Eu fico sem palavras e lágrimas caem dos meus olhos, eu decido abrir
o jogo.
— Carina nós não usamos camisinha — falo com um fio de voz. —
Eu quero que tenhamos filhos, quero que a gente se case, quero que você seja
minha mulher para sempre.
Carina prende a respiração e levanta o rosto para mim, ela está corada
e com os lábios inchados, seus cabelos estão uma bagunça e ela nunca esteve
tão bonita. Ela acaricia meu rosto e sorri.
— Eu quero tudo isso também..., mas uma coisa aqui. — Aponta para
seu cérebro. — E aqui. — Seu coração. — Me dizem que não é a hora certa
para nenhuma dessas coisas, será que poderíamos começar novamente. Do
zero, um novo namoro e quando eu me sentir pronta ou a minha memória
voltar poderíamos ver essas coisas.
— Sim, claro — eu digo tentando esconder a minha decepção.
— Não fique triste e também eu não posso engravidar, eu tomo
injeção de acordo com a Isis — ela diz e eu tenho certeza de que não, há uns
meses antes de terminarmos Carina começou com pílulas, pois odiava
agulhas, fico quieto. O meu papel de homem eu já fiz.
— Então eu te quero novamente — falo e ela ri se agarrando a mim
novamente.

Acordo às sete e Carina está dormindo colada a mim nua, ela parece
um anjo pequeno, meu anjinho. Acaricio seus cabelos e depois de muita
dificuldade eu me levanto para um banho, eu estou cansado da noite de
ontem, a tomei três vezes antes de cairmos exaustos na cama. Me olho no
espelho satisfeito comigo mesmo, depois dessas três vezes tenho uma boa
chance de ser pai. Olho para ela uma última vez antes de tomar meu banho e
me arrumar para o trabalho.
Dominic está sentado na sala dele rodeado de papéis, ao me ver, sorri.
— Parece que a noite foi boa — diz e eu levanto uma sobrancelha. —
Elena ouviu gemidos e risos no quarto. A coitada voltou para minha casa. —
Sorrio e é a sua vez de levantar uma sobrancelha. — Quem transa e ri?
— Carina — digo e me sento. — Cadê a mamãe? — Caçoo de Isis e
ele bufa uma risada.
— Quase tive que amarrá-la na cama, ela está com os pés inchados e
ainda queria vir aqui trabalhar. Tive que pedir para Valentina e Eric pedirem
para ela cozinhar para eles, assim ela ficou em casa.
Eu rio.
— É só a Valentina pedir algo que vocês vão iguais a cachorrinhos.
Dominic sorri orgulhoso.
— Ela desde pequena sabe dar uma ordem. Ela é toda Isis.
— Determinada, implacável e doce ao mesmo tempo — digo e ele
assente.
— Agora vamos trabalhar. — Ele começa a mexer nos papéis e me
olha. — Como foi?
— A levei para o restaurante depois que tirou o gesso. Ela se lembrou
de lá e me agarrou na saída.
— Como na última vez. — Ele ri. — Novamente molestado.
— Resumindo eu posso vir a ser pai.
Dominic abriu e fechou a boca várias vezes.
— Explique.
— Eu gozei dentro e avisei a ela, mas ela disse que tinha tomado
injeção anticoncepcional antes do acidente de acordo com Isis, mas não é
verdade. Ela há alguns meses estava tomando pílula, pois não gostava de
agulhas.
— E você não disse a ela — ele advinha e me olha sério. — Você
nunca falou comigo sobre isso — anuncia e volta a trabalhar.
O meu trabalho é ser o braço direito de Dominic, o ajudando com
tudo já que Isis está grávida e Dominic quer que ela aproveite a gravidez, sem
estresse. Eu ajudo no geral e mantenho o olho na boate, sempre vendo se
estamos abastecidos e tudo certo. Eu amo esse trabalho e me arrependo de
não ter pedido a Dominic antes. Meu orgulho falou mais alto, mas o orgulho
não evitou eu ter noites de pesadelos e perder o amor da minha vida.
Quando chega a hora do almoço eu escolho ir para casa ficar um
pouco com Carina, Dominic faz o mesmo e vai para Isis. Ao sair do elevador
vejo Drica sentada no banco e Matt a ignorando e dando em cima de outras
acompanhantes, eu passo por ela sem nem a olhar, tenho a evitado desde que
tudo aconteceu. Sei que também foi minha culpa, eu não devia estar chapado,
eu devia ter ido embora para me curar, mas cada dia longe de Carina era pior.
— Jace...
Ela tenta falar já se levantando, mas eu levanto uma mão parando-a e
saio antes que ela possa dizer algo. O vento frio bate no meu rosto e eu entro
na garagem, subo na minha moto, indo em dire çã o ao meu amor.
Ao chegar vejo Carina lendo um livro, olho pela sala procurando
sapatos e casacos, mas não vejo nada. Ela está sozinha. Parecendo perceber a
minha presença, a minha pequena fecha o livro e eu vejo a capa, com certeza
é a foto dela na cama, mesmo cortando a cabeça eu reconheceria esse corpo
em qualquer lugar.
— Não sabia que você viria para o almoço. — Ela me agarra e enche
meu pescoço de beijos. Minhas mãos vão para a sua bunda.
— Você está sozinha?
— Sim, Miguel e Ester foram almoçar fora. — Ela tampa os meus
lábios quando eu já iria reclamar. — Eles me convidaram, mas eu não quis ir.
— O que quer comer? — pergunto raspando meus lábios nos seus.
Minha cabeça está inclinada e Carina na ponta dos pés, só faz um dia que ela
tirou o gesso e não devia fazer força.
A pego pelas pernas e me sento no sofá com ela no meu colo. Sua
boceta coberta por um short jeans está pressionada contra o meu pau duro,
mas ela parece não perceber, ela tem um sorriso escondido.
— Eu estava planejando comer um macarrão instantâneo. — Suas
bochechas coram e eu rio lembrando que nem isso ela sabe fazer, uma vez ela
tentou e esqueceu no fogo.
— Seria aquele de micro-ondas, né? — Seguro o riso quando ela
bufa.
— Eu passei a manhã vendo canal de culinária, aposto que eu seria
capaz de fazer o melhor almoço da sua vida.
Eu seguro o riso e lhe roubo um beijo.
— Não duvido, baby.
— Então eu vou fazer agora — ela diz empolgada e eu tento esconder
uma cara enojada. Carina nunca será uma cozinheira.
— Que bom, meu amor. Que tal fazermos juntos? — Quase que oro
para ela aceitar.
Carina abre um sorriso e sai do meu colo, meu corpo imediatamente
sente falta de seu contato. Ela agarra minha mão e me puxa para a cozinha,
não deixo de reparar a sua bunda, mal contida nesse pequeno short. Ela
prende os cabelos e tira a franja dos olhos e sorri para mim.
— Então o que tem em mente? — pergunto tentando parecer
animado.
— Eu estou com vontade de frango frito com purê de batatas? O que
acha? — pergunta animada já pegando as batatas e procurando o frango na
geladeira, ela abaixa e eu prendo um gemido ao ver sua bunda empinada.
— Querido, não tem frango. — Ela faz um biquinho e eu pego as
chaves do carro.
— Eu vou buscar.
— Me espera colocar uma calça, quero ir também.
Ela corre para o quarto e eu sorrio. Agora só falta os pequenos
correndo pela casa. Cinco minutos depois Carina volta para a sala com uma
calça jeans e botas pretas até o joelho sem salto. Pego o casaco mais grosso
no cabide e coloco nela, lá fora está realmente frio.
Quando chegamos ao supermercado Carina pega vários doces, eu só a
observo me lembrando de quando a encontrei depois de ter esperado por uma
semana a ocasião perfeita. Percebo que continuo andando, mas Carina está
parada olhando para o chão. Largo o carrinho e vou até ela.
— Está sentido algo, pequena?
— Eu lembrei que nos encontramos aqui. — Ela tem lágrimas nos
olhos. — Você parecia um anjo... bem ainda parece. Me lembro de como me
senti.
Sorrio feliz por ela ter se lembrado, mas com medo que as memórias
boas acabem e ela comece a se lembrar das ruins, sei que não terei chance
alguma se ela se lembrar. Ela começa a falar detalhadamente como se sentiu e
eu fico muito feliz. No final eu estava pegando três sacolas cheias no banco
de trás, Carina comprou muitas coisas, mas não reclamei, tudo para ver a
minha garota feliz. Quando finalmente pego as bolsas Carina está olhando
pasma para o outro lado da rua, ela tem a boca aberta e eu fico curioso.
— Carina — a chamo, ela me olha e volta a olhar para o outro lado da
rua antes de voltar para mim com o olhar confuso.
— Um homem igual ao Dominic estava no outro lado da rua, eu podia
jurar que era ele. — Ela olha de novo e eu sigo o seu olhar não vendo nada.
— Eu não estou maluca, ele estava olhando para cá.
— Eu acredito em você — digo e a arrasto rapidamente para dentro
do prédio.
Coloco as compras no chão do elevador e mando uma mensagem para
Dominic.

Jace: Carina viu um homem parecido com você de frente para nosso
prédio.
Dominic: Você acha que pode ter sido Daniel? Ele não seria tão
maluco.
Jace: Se for ele, eu vou matá-lo. Ele sabe que foi Carina.
Dominic: Ele não tocará em ninguém.

Eu olho para Carina e sorrio tranquilizando-a. Ela me dá um pequeno


sorriso, mas ainda tem uma cara intrigada, pergunto a Dominic se ele tem
uma foto de Daniel para me enviar. Assim que chega eu mostro a Carina que
acena, era ele mesmo. Entramos no apartamento e eu levo as coisas para a
cozinha, saco o celular de novo e mando outra mensagem para ele.

Jace: Não vou voltar hj. Carina vai cozinhar para a gente.
Dominic: Boa sorte?

Eu rio, durante esses dois anos eu e Carina sempre comemos fora,


muitas dessas vezes Dominic estava conosco e eu sempre o ajudava
colocando Isis na conversa, sabia que ele gostaria. Carina separa os
ingredientes e olha para mim indecisa.
— Você pode descascar as batatas? — me pergunta olhando para os
pedaços de frango na bacia vermelha que ela colocou com nojo.
— Não quer que eu tempere o frango? — pergunto e ela nega.
— Eu dou conta. — Retira o casaco e sobe as mangas da blusa. — Eu
já tentei muitas vezes ser vegetariana, simplesmente não nasci pra isso.
Fico surpreso por ela lembrar disso... espera, isso quer dizer que a
memória dela está voltando cada vez mais rápido.
Assim passamos uma hora preparando o almoço, Carina decidiu
colocar o frango no forno em vez de fritar, pois achou algumas ‘’celulites’’
na bunda, ela me mostrou, mas eu não vi nada. Ela sorriu quando eu falei
isso.
— Espere até eu ficar grávida. Isis me mostrou as dela — ela continua
a falar, mas eu me desligo depois disso. Carina quer ficar grávida?
— Você quer estar grávida? — pergunto já colocando as mãos em sua
barriga lisa.
Ela ri.
— Ainda não, mas podemos começar a planejar — ela diz com
desdém jogando alguns temperos no frango e mexendo com a colher. —
Estamos juntos há dois anos pelo o que vocês me falaram, moramos juntos e
nos amamos, quando eu recuperar minha memória completamente claro que
vamos conversar sobre isso.
Fico sem palavras, e depois abro um sorriso gigante.
— Você não gostaria de começar agora?
Carina bufa ao meu lado e rola os olhos, mas percebo que ela só faz
isso para me irritar.
— Nós podemos treinar até lá. — Ela morde o lábio e pisca para mim.
— Espero que minha memória não demore muito, não quero que nosso filho
com o de Isis tenham muita diferença. Tínhamos combinado que quando ela
tivesse outro filho seria junto comigo e ficaríamos grávidas juntas para
nossos filhos serem da mesma sala...
Carina continua a falar e nem percebe que está com a mão mexendo
no frango, ela coloca no forno depois de tudo feito e eu ajudo a fazer o purê,
tenho certeza de que terei que ficar de olho no frango para não queimar.
Carina pega as verduras na geladeira e coloca em cima da mesa. Eu a pego e
coloco sentada na bancada.
— Temos meia hora antes do frango estar pronto. — Mordo seu lábio
e ela sorri.
— Então me beije. — Eu a pego e a beijo com vontade.
Quando já estamos quase nos despindo o cronômetro apita, bufando
eu coloco Carina no chão e tiro o frango do forno, a cara e o cheiro estão
ótimos, só espero que o tempero também esteja, não quero morrer agora.
Enquanto ajeitamos a mesa penso no perigo que Carina correu com Daniel a
solta, mando uma mensagem para Miguel avisando do ocorrido e ele promete
vir logo, apesar de que estava na fila do cinema com Ester.
— Será que eles vão dar certo? Miguel é meio galinha — falo
enquanto comemos e Carina ri.
— Eu acho que ele só estava aproveitando enquanto a mulher certa
não aparecia. — Ela dá de ombros e morde um pedaço do frango. — Isso está
perfeito, me sinto uma chefe de cozinha.
— Está perfeito, pequena. — Eu sorrio, pois está realmente bom. —
Tem sabor de casa.
— Sabor de família — ela completa e sorri.
Depois disso nos sentamos no sofá para ver o jogo, Carina pareceu
adorar futebol uma coisa que ela antes nem ligava. Ela se enroscou em mim
enquanto eu assistia ao jogo e acariciava seus cabelos. Quando deu o
intervalo eu finalmente disse:
— Carina, você não pode mais sair do apartamento sem ter
seguranças por perto.
Ela levantou seus lindos olhos castanhos para mim.
— Por quê?
— Daniel é perigoso, se lembra que Isis e Elena te explicaram tudo?
— pergunto e ela assente. — Daniel é o pai de Dominic. — A boca de Carina
abre e ela acena para mim ainda atordoada. — Eu não vou deixá-lo chegar
perto de você. Se quiser ir visitar Isis me avise e iremos juntos. Ela também
não pode mais sair de casa, ela está grávida e é difícil se defender.
— Não vou dizer a ela o que você acabou de dizer ou ela viria aqui
chutar sua bunda. — Eu rio e aperto Carina em meus braços, ela é perfeita.
— Tudo bem, eu não vou sair de casa sem você ou os malditos seguranças.
Eu me levanto e a puxo em pé a arrastando para o quarto.
— O que? Eu já disse que não vou sair. Estamos indo aonde? O jogo
vai começar...
Me viro para ela e agarro seus seios escondidos dentro da blusa.
— Foda-se o jogo. Eu quero foder você — digo e ela abre e fecha a
boca duas vezes e depois me dá um olhar safado.
— E está esperando o que?
Pula em meus braços, enrolando suas pernas em minha cintura e eu
nos arrasto para o quarto.
— Ah pequena, você não tem ideia do que eu quero fazer com você.
Estávamos tão eufóricos e selvagens que tomei Carina de quatro
assim que entramos no quarto.

Mais tarde, naquela noite, estávamos todos na sala jogando cartas.


Antes tivemos que ensinar a Carina como jogar, e não é que a pequena foi
melhor que todos, Carina estava voltando.
— Ganhei — Carina gritou jogando as cartas na mesa e fazendo uma
dancinha da vitória.
— De novo, né?! — Ester falou colocando seu jogo na mesa. Carina
já tinha ganhado quatro partidas.
— Parece que seu cérebro voltou a funcionar — Miguel reclama, mas
tem um sorriso no rosto.
— Acho que sim, pois ao olhar para as cartas tive toda uma conta na
minha cabeça, cada passo meu foi calculado — ela fala rindo. — Então, eu
com memória, era um gênio?
Eu e Miguel trocamos um olhar, por fim ele fala.
— Você era, fazia faculdade na MIT e era uma hacker gostosa. — Eu
bato em sua cabeça e ele ri puxando Ester para um abraço.
— Sério? Eu sou formada em MIT? — Carina pergunta animada com
os olhos brilhando.
— Você se recusou a terminar, faltavam algumas aulas e provas, mas
você desistiu — Miguel fala e a expressão de Carina cai.
— Por que eu desisti?
— Você era uma rebelde com seus pais e não queria fazer o que eles
mandavam.
Ela fica em silêncio, um segundo antes de voltar a arrumar o jogo de
cartas.
— Vamos a outra partida, quero chutar a bunda de vocês novamente.
— Eu rio da animação de Carina.
Conforme o novo jogo começa e eu vejo Carina movendo os dedos ou
os lábios, como se estivesse calculando cada passo, e percebo que é
exatamente isso que ela está fazendo. E ela vence novamente.
Miguel vira e mexe tenta ver o jogo de Ester que tenta ver o dele, fico
feliz que ele está investindo nela, ainda não suporto a ideia de que ele já foi
namorado da minha Carina. No final da noite, eu puxo Carina para mim e nos
levo para o quarto ouvindo a risada de Ester e Miguel. Carina estava cansada
hoje, então a beijo até ela pegar no sono, passo as próximas horas observando
o seu lindo rosto e assim adormeço feliz, por ter a minha pequena comigo.
Decido que vou tentar fazer essa relação ser emocional, não carnal. Carina
precisa me amar pelo o que sou, não pelo prazer que lhe proporciono. Prevejo
muitos banhos gelados no meu futuro.
Capítulo 18
CARINA
— Não aguento mais estar grávida — Isis reclama se sentando no
sofá.
Olho para ela e rio, hoje ela faz oito meses e está mais estressada que
tudo, Dominic a trouxe para cá, depois dela ameaçar o deixar inválido.
Quando eu abri a porta para recebê-la, ela estava dizendo a Dominic que
quando ele fosse dormir ela iria arrancar suas bolas para ele não a fazer
engravidar novamente. Depois reclamou comigo o quanto seus pés estão
inchados e doloridos.
— Só falta mais um mês e vamos expulsar o presunto — falo e ela me
dá um soco rindo.
— Fico tão feliz de sua memória ter voltado — ela me diz com um
sorriso enorme.
Minha memória não voltou completamente, ainda havia umas
lacunas, mas eu me lembro de quase tudo. Menos de Jace. O médico disse
que pode ser meu subconsciente prendendo essas memórias. Eu me lembro
de tudo, mas as partes da minha vida que Jace aparece estão nebulosas, eu
lembro dos sentimentos, mas não de todos os momentos. Mas isso não
importa, Jace conseguiu me fazer amá-lo novamente.
No dia que minha memória voltou, há duas semanas, eu acordei mal,
com dor de cabeça e ânsia de vômito, então depois de passar mal o dia todo,
eu fui vomitar e logo depois um banho. Quando eu estava debaixo da água
quente, as memórias vieram em uma enxurrada, a dor de cabeça foi tão forte
que eu caí. A sorte é que Jace estava no quarto e correu para mim, ele me
segurou o tempo todo enquanto eu chorava. Quando eu lhe disse que minha
memória tinha voltado ele ficou pálido e parecia perdido, eu entendi que ele
ficou muito emocionado. E partiu meu coração falar que eu não lembrava de
nós.
— Quando é a apresentação de Valentina? — pergunto e Isis bufa
rindo.
— Depois de amanhã. Ela tem ensaiado o dia todo... não fale para
Jace, mas Dom tem treinado com ela os passos.
Eu me jogo para trás do sofá rindo imaginando Dominic dançando
balé com Valentina. Escuto Isis rir e a vejo segurando a barriga, e rio mais.
Fico pensando se Jace e eu seremos tão bons pais, quanto Isis e Dominic.
— Valentina brigou comigo por rir dele, ela é toda pro lado do pai —
Isis reclama ainda rindo.
— Imagina Valentina mais velha ajudando Dominic na máfia — falo
e Isis fica um pouco séria.
— Você acha que ela será tão fria quanto eu? — Ela tem um olhar
triste.
— Ela é tão amada e cuidada por todos que eu duvido — falo e ela
sorri acariciando sua barriga.
— Mas e Dante? Dominic e eu conversamos e Dante uma hora irá
assumir a Cosa Nostra, ele não pode ser fraco, mas não quero que meu filho
seja um monstro sem coração.
— Eu não estou preocupada com isso, você e Dominic irão ensiná-lo
a ser forte e justo, não um monstro. Estou mais preocupada como ele irá sair
daí. Odeio que me lembro de todos aqueles vídeos de partos. Juro que posso
fazer tanto um normal quanto uma cesariana normalmente.
Isis gargalha e assim ficamos conversando, comendo e assistindo The
Vampire Diaries. Dominic lembra tanto o Damon. Elena chega mais tarde
com Dominic e Jace, que me beija com vontade, e pergunta se estou bem, às
vezes eu ainda tenho algumas dores de cabeça que o preocupam. O médico
falou que é normal, já que eu sofri um traumatismo com o acidente, mas
tenho feito check-ups regulares.
Elena conta que tem estado com Dominic, o ajudando com os
assuntos, parece que ela tem uma boa lábia para fazer negócios. Jace conta
que está adorando cada vez mais seu trabalho, ele é o braço direito de
Dominic, há alguns dias eu tinha perguntado o que ele fazia antes, mas ele
me deu um olhar tão desolado e triste que eu mudei de assunto. Ninguém
ainda falou nada sobre o meu acidente até agora, mas eu percebo pequenas
indiretas de Dominic para saber o que houve, mas Jace sempre o corta. Eu
não me lembro com detalhes, mas sei que não foi um acidente.
— Então, temos que ver um novo carro para você, Carina — Dominic
fala e eu já vejo Jace fechar a mão em punho. — Você se lembra algo do
acidente?
— Não muito, só que atingiu diretamente na minha porta, se não fosse
pelo cinto e pelo air-bag eu teria....
— O importante é que está tudo bem — Jace fala.
Miguel entra no apartamento e sorri para mim, ele havia se mudado
de volta para sua casa, há duas semanas, depois que eu perguntei o que ele
fazia aqui, já que ele tinha seu apartamento. Ele me disse: ‘’Estou te
protegendo do grande lobo que parece um príncipe.’’ Nem preciso dizer que
ri muito. Depois disso ele fez umas perguntas relacionadas a minha felicidade
com Jace, e então falou que iria embora e que seus ouvidos agradeciam.
Parece que eu não sou silenciosa nas intimidades com Jace.
Faz duas semanas que não temos nada, só beijos. Jace pediu para eu
aceitar isso, para a gente se conhecer melhor e desenvolver amor, não só
prazer. Eu aceitei, mesmo estando dolorida de vontade por ele, Jace nem
sequer viu a minha tatuagem com seu nome ainda! Queria ver sua reação para
me lembrar de como foi que reagiu quando a viu pela primeira vez.
— Chegou o bombado que faltava — Elena fala e Miguel bagunça
seus cabelos antes de beijá-la nas bochechas e depois repetir esse processo
comigo e Isis.
— Estão conversando sobre o que? — ele pergunta se sentando ao
lado de Elena e acariciando a barriga de Isis. — Opa. — Ele retira a mão e
coloca novamente. — Ele vai ser jogador de futebol.
— Sobre o acidente — Elena fala e ele concorda.
— Eu estou tentando invadir o seu sistema de segurança há três
meses, mesmo sabendo as senhas foi difícil — ele diz e eu levanto uma
sobrancelha para ele. — Nem vem, você tinha me falado que em caso de
emergência era para eu acessar.
Rolo meus olhos e aceno com a cabeça.
— Conseguiu? — pergunto e ele acena sorrindo.
— Por isso que estou aqui, consegui há meia hora.
— E o que descobriu? — Jace pergunta curioso, todos nós estamos.
— Assim que você sofreu o acidente, vinte minutos depois que seu
nome foi registrado no hospital, três e-mails foram enviados à Casa Branca.
— O que? — Isis grita me olhando como se eu tivesse uma segunda
cabeça.
— E isso não é tudo — Miguel fala me olhando. — Assim que os e-
mails foram enviados, dois homens foram levados pelo FBI. Pode explicar
isso Carina?
Todos me olham com atenção e eu não sei direito o que dizer, como
fico em silêncio Miguel saca seu celular e procura algo, depois vira um vídeo
para a gente. Um homem e eu aparecemos andando numa rua deserta
abraçados, então uma vã preta para e dois homens saem de lá e levam o
homem para dentro. Eu tenho uma expressão fria no rosto e saio dali como se
nada tivesse acontecido.
Jace ao meu lado endurece.
— Esse foi o homem que você estava em um encontro — ele rosna.
— Em um encontro, mas a gente não está noivo? Eu te traí? — Minha
boca cai aberta. — Mesmo sem me lembrar desse fato eu tenho certeza de
que tem uma explicação lógica, eu não aceito traição.
Eu vejo Jace engolir seco e a sala ficar em silêncio.
— Meu Deus, eu traí você? — pergunto horrorizada. — Não pode ser,
com memória ou sem, eu nunca trairia — murmuro para mim mesma. Olho
para Elena que está olhando as unhas, Isis está trocando um olhar com
Dominic e Miguel e Jace se encaram.
— Não, você não me traiu. Estávamos separados e eu estava no
restaurante, assim que vi você com outro, nos transamos no banheiro e
fizemos as pazes — ele fala rápido, acho que com medo de eu me sentir
culpada por traí-lo.
— Tudo bem. — digo e olho para Miguel. — Mas isso é muito
estranho, você reconheceu o homem no banco de dados?
— É aí que está o mistério, ele está totalmente apagado do sistema, é
como se ele nunca tivesse existido... só tem uma pessoa que pode fazer
isso....
— Eu — murmuro e a dor de cabeça vem forte. Me seguro em Jace
para não desmaiar.
Lapsos de rostos de dois homens e eu apertando suas mãos. Depois de
um arquivo sendo colocado à minha frente, três nomes e rostos, um deles eu
reconheci como o homem do vídeo, ele era o mais novo, os outros dois
pareciam ter mais de cinquenta. De acordo com os papéis, eles eram as
pessoas que financiavam o esquadrão e exploravam os serviços, o homem
que eu reconheci era o sucessor, depois que seu pai morreu ele assumiu a
parte dele há cinco anos. Eles eram responsáveis pela morte de Ethan, eles
eram responsáveis pela minha melhor amiga se sentir um monstro.

Acordei deitada na minha cama e corri para o banheiro, onde eu pude


vomitar tudo que estava no meu estômago, eu me arrisquei tanto. Mas faria
novamente para defender a todos que eu amo. Senti a mão de Jace nas minhas
costas enquanto eu me desfazia no vaso, ele tirou os cabelos do caminho, o
cheiro de vômito me enjoou ainda mais e quando finalmente passou, Jace me
ajudou a ficar em pé, ele retirou minhas roupas me deixando só de calcinha e
sutiã, me colocou debaixo do chuveiro enquanto eu chorava em silêncio.
Quando acabamos, eu escovei os dentes enquanto Jace buscava roupas para a
gente. Me olhando no espelho vi que meus olhos e nariz estavam vermelhos.
De volta para a sala Isis andava de um lado para o outro e quando me
viu correu para mim e me abraçou de um jeito desajeitado por causa do
volume da sua barriga.
— Fiquei tão preocupada. — Ela soluçou e eu a olhei.
— Eu estou bem. — digo, secando as suas lágrimas e me sento no
sofá, onde eu conto tudo o que me lembro para eles.
— Então de acordo com o meu raciocínio, você entregou o esquadrão
da morte para a FBI? — Elena pergunta e eu aceno.
— Sim, mas parece que esses três eram os únicos que estavam se
safando, então eu entrei no plano, consegui suas digitais, e senhas de suas
contas, invadi seus computadores e recolhi todas as informações. Eles tinham
gente lá dentro que os protegia. Mas eu os intimei ou a entregá-los ou eu
mandaria as provas do que aconteceu com o esquadrão para pessoas
importantes e até mesmo pra mídia — digo. — Acho que eles queriam me
colocar para trabalhar para eles, mas eu recusei e os ameacei se tentassem
entrar em minha vida eu mostraria para o mundo seus segredos. O esquadrão
foi pago com o dinheiro de impostos, seria um escândalo.
— Me diz que você não invadiu o FBI — Isis implorou e eu sorri
amarelo.
— Eles me deixaram livre depois que assinei um termo de
confidencialidade.
— Mas isso não explica o acidente — Dominic falou me olhando com
atenção.
— Cordelio Martez, era o último que faltava, parece que ele descobriu
o plano e tentou se livrar de mim antes que eu o colocasse atrás das grades —
falo com raiva.
— Cordelio Martez, também não está no sistema — Miguel falou
depois de mexer no meu notebook que ele pegou enquanto eu vomitava.
— Eu não tenho certeza, mas acho que eu já havia enviado as provas
para a SWAT antes do acidente. Vocês sabem que eu não saio do computador
até conseguir completar o serviço. — Jogo meu cabelo para trás de
brincadeira. — O pessoal do FBI deve estar com problemas já que coloquei
outra corporação no rabo deles.
Isis e Miguel sorriem para mim.
— Quero você trabalhando para mim — Dominic me intima
impressionado. — A máfia precisa de pessoas como você.
Eu fico em silêncio um momento antes de responder.
— Dominic eu posso pensar? — pergunto e Isis segura minha mão.
— Eu não quero mais causar mortes...
— Você mata as pessoas pelo computador? — Elena pergunta
verdadeiramente curiosa, Miguel a cutuca indiscretamente.
— Não é assim. Parece que algumas pessoas não podem viver quando
seus segredos são revelados. — Dou de ombros. — Nunca causei a morte de
pessoas boas — falo logo, não quero que pensem que sou um monstro.
Abaixo os olhos para evitar olhá-los. — Como vocês sabem meus pais não
eram os melhores do mundo — resmungo.
— Você se arriscou muito para destruir o esquadrão. Para nos salvar
— Isis fala me olhando com raiva. — Você tem noção de como eu ficaria
furiosa se algo tivesse acontecido com você?!
Eu a olho e dou um pequeno sorriso.
— Não aconteceu nada.
— Mas você ainda não sabe se esse homem que quer te matar já foi
preso — ela argumenta.
— Vai dar tudo certo, eu estou quase cem por cento. Vou mandar uma
mensagem para eles perguntando. Pronto, problema resolvido. Agora será
que podemos comer? Estou faminta.
Os homens vão escolher a comida enquanto Isis, Elena e eu ficamos
conversando sobre banalidades, eu lhes contei da minha memória estar quase
normal, só faltando poucos detalhes, e o mais importante lembrar de Jace.
— Sabe acho que podíamos ir ao Abaixo de Zero comemorar —
Elena fala e Isis concorda.
— Sim, já faz muito tempo que eu não saio para dançar.
— Eu também quero, agora que estou sem o gesso, quero me divertir,
comemorar que estou bem e que minha memória está quase cem por cento —
digo e elas sorriem animadas.
— Bem amanhã estarei ocupada com os preparativos para a
apresentação de Valentina que é depois de amanhã, mas podemos ir sábado,
um dia depois da apresentação dela. Uma noite só para garotas, podemos
chamar Ester também — Isis fala batendo palmas. — Vô Raffaelo vai amar
ficar com as crianças.
— Quando Eric volta para Alemanha? — Elena pergunta.
— Depois da apresentação de Val, ele tem estado perdendo suas
aulas, mas exigiu ao seu pai que ficasse para a apresentação de Valentina, ele
nem imagina que o filho será o príncipe.
— Príncipe? — pergunto.
— É uma peça da Bela adormecida, não te falei?
— Acho que não, mas isso explica aquele dia que eles bateram a testa
enquanto brincavam disso — falo rindo e Isis me segue.
— Eles estavam treinando. Valentina é muito perfeccionista.
— Não imagino a quem ela puxou — Elena resmunga e eu rio.
Os homens voltam com sanduíches deliciosos que me deixam com
água na boca, com toda a dor de cabeça eu não tenho me alimentado muito
bem, tenho que fazer um novo check-up semana que vem. As meninas não
tocaram no assunto de noite das garotas, nem eu falei nada, estava mais
interessada em comer o sanduíche.
No final da tarde eles vão embora, e eu fico sozinha com Jace que me
beija loucamente.
— Carina você me deixa louco — sussurra mordendo o lóbulo da
minha orelha.
— Ai, que gostoso. — Fico arrepiada com seus dedos gelados em
minhas costas. Me agarro a ele e me sento no seu colo, o cheirando e o
beijando no pescoço enquanto ele continua com sua exploração.
Minhas mãos vão para a sua camiseta e eu a retiro rapidamente,
lapsos de memórias das nossas noites vem, e me deixam mais excitada. Bem
quando só estamos com nossas roupas íntimas seu telefone toca. Jace o
ignora e retira meu sutiã, coloca meus seios em sua boca e mordisca-os. O
celular não para de tocar e isso me estressa, mas pode ser uma coisa
importante, então me estico para o pegar de dentro da calça no chão e vejo
um nome na tela.
Drica.
Meu coração dá uma palpitada, mas não sei por quê. Jace ainda não
viu que eu peguei seu celular, está mais interessado em lamber e chupar meus
seios, então entre um gemido e outro eu digo.
— Jace, Drica está ligando.
Automaticamente ele me solta e me olha branco feito um papel, lhe
entrego o celular e reparo como ele o aperta. O toque irritante continua, até
que ele bufa e atende. Percebo que sua ereção morre na hora, ele tampa o
áudio e me olha.
— Drica é uma prostituta, está tendo problemas com algum cliente.
Eu aceno e subo no seu colo montando nele, sem parar de beijar seu
pescoço e acariciar suas costas.
— Estou muito ocupado — ele rosna ao telefone. — Não quero
saber... Esse não é meu trabalho... você devia ter ligado para o seu chefe, na
porra da hora que isso aconteceu... não... você está bem?... Então por que me
ligou?... Eu já disse que não quero.
Sua mão aperta minha cintura como se estivesse se controlando para
não gritar ao telefone, percebendo o quanto ele está irritado, eu retiro seu pau,
que agora voltou a ficar ereto, coloco minha calcinha para o lado e me afundo
nele lentamente, mordendo meus lábios para controlar um gemido alto.
Jace por outro lado geme alto.
— Isso Carina, isso pequena — ele geme para mim, e depois com
uma mão me mantém parada empalada nele. — Eu estou ocupado Drica, e
mesmo se não tivesse não quero saber. Só me ligue em caso de vida ou
morte.
Ele joga o celular no outro sofá e eu olho para ele divertida.
— Posso me mexer agora, querido? Quero muito você — falo com
uma voz super doce.
— Sim, minha pequena.

Isis estava com a câmera apontada para o palco e com um sorriso


enorme no rosto. Dominic nunca tirou os olhos do palco, Miguel e Ester
sorriam encantados, e Elena tinha um lencinho onde secava os olhos. Jace
tinha o braço em volta de mim enquanto eu admirava minha pequena afilhada
deitada numa cama no centro no palco, algumas pequenas bailarinas
dançavam a sua volta. Então o pequeno Eric chegou, com uma roupa de
príncipe e um sorriso contagiante, ele era tão doce.
— É melhor ele beijá-la na bochecha — Dominic resmunga e Isis dá
um tapa nele com a mão desocupada.
— Cala a boca.
Eric se aproximou e ele e Val trocaram umas palavras escondidos, o
resto da plateia não poderia ver, mas a gente que ocupava cadeiras especiais
na frente do palco podia. Então veio a cena do beijo, Eric se aproximou
lentamente de Valentina, tomando cuidado para suas testas não se baterem,
então seus lábios foram colados, em um selinho inocente.
Sem esperar um segundo Dominic se levantou da sua cadeira e
começou a aplaudir, fazendo os dois se separem assustados e com as
bochechas vermelhas, a plateia começou a aplaudir. Valentina no palco,
fuzilava o pai do coração, com raiva, enquanto as outras crianças dançavam
em volta deles. Eric olhava somente para Valentina.
— Foi tão lindo — Elena diz assoando o nariz. — Essa é a garota da
titia — ela gritou feliz.
Os pais começaram a sair para ir buscar seus filhos para ir embora.
— Eu quero uma menininha — Jace falou no meu ouvido me
abraçando.
— Me pergunte daqui a dois anos — falei dando-lhe um soquinho de
brincadeira.
— Você me falou isso quando eu ia te pedir em casamento, e detalhe.
— Ele se aproximou de mim rindo. — Já se passaram os dois anos.
Ele disse e se ajoelhou. Isis agora tinha a câmera virada para mim e eu
não sabia o que fazer, olhei Jace no chão me olhando com um sorriso lindo.
Ele tirou uma caixinha vermelha e abriu. Um anel de ouro branco com um
diamante grande no centro, rodeado por pequenas pedras que mudavam de
cor de acordo com a luz, parecia azul uma hora e roxo na outra, a mesma
pedra do anel que usávamos. Então me lembrei totalmente do momento em
que ganhei o anel de compromisso.
‘’— Eu queria algo mais sério, tipo um anel de noivado, mas eu sei
que você provavelmente iria ter um enfarto e depois fugir para as montanhas,
então aceite esse anel de compromisso — falou rapidamente e eu acenei com
a cabeça o abraçando apertado.’’
‘’— Eu pesquisei bastante uma pedra que combinasse com você
foram dias tendo que procurar escondido para que você não desconfiasse. —
Beijou o anel no meu dedo e sorriu para mim, em cima da sua cicatriz tinha
sua pequena covinha, eu nunca lhe perguntei como ele a ganhou. — O nome
dessa pedra é Tanzanite, e eu tive que ir para Nova Iorque para escolher, não
gostei das opções que tinham aqui.’’
Eu olho para Jace totalmente emocionada, eu já sabia que ele tinha
mentido sobre ser meu noivo, pois há algumas semanas quando eu perguntei
como ele fez o pedido, Jace olhou para mim e sorriu sem graça falando que
iria pedir perto do acidente. Jace me olhava esperançoso e sem dizer nada me
jogo em seus braços, fazendo nós dois cairmos no chão.
— Sim, sim, sim — digo repetidas vezes o enchendo de beijos.
Jace nos levanta, pega minha mão e coloca o anel, colocando um
beijo na minha mão.
— Juro te fazer a pessoa mais feliz do mundo, juro te amar com todas
as forças até depois da morte, juro ser sempre seu. Eu te amo Carina — ele
diz e lágrimas caem dos meus olhos.
— Eu te amo mais que tudo. — O abraço, apertado.
— Não faça declarações perto de outros casais. Ai. — Eu escuto
Miguel reclamar e nos viramos para ele. Miguel estava com a mão segurando
o outro braço. — Quando for fazer declarações não faça perto de mim, por
favor — ele disse olhando para Jace e para mim. — Assim você me quebra.
— Ester o beliscou novamente e piscou para mim.
Nós rimos e Isis belisca Dominic.
— Já faz setenta e duas horas que você não faz uma declaração.
— Aí não dá — Miguel reclama. — As declarações têm que ser assim
num intervalo tão curto, eu já usei todo o meu charme com meu bebê. —
Nem preciso dizer que Ester o beliscou novamente.
— Sinceramente não sei o que vi em você — Ester diz rolando os
olhos fazendo todos rirem e Miguel sussurrar algo em seu ouvido, que a faz
ficar vermelha igual um tomate e depois dar um soco no estômago dele.
— Isis eu fiz uma declaração antes de sairmos, bem quando eu tinha a
minha boca na sua...
Isis tampa a boca de Dominic e fica vermelha.
— Já me lembrei.
Miguel bufa. Valentina e Eric vem até a gente, ela tem uma tiara de
flores na cabeça, um buquê de rosas em seu braço e um sorriso gigante.
— Vocês viram como eu fui perfeita?
— Sim, princesinha. Você foi mais que perfeita. — Dominic a elogia.
— Você é sempre perfeita — Isis fala dando um beijo na bochecha de
Valentina e bagunçando os cabelos de Eric. — Você também estava um
príncipe lá em cima.
Ele sorri, mas nada diz. Dalí, Isis resolve que todos nós temos que ir
ao McDonald’s comer. Lá nos fartamos de comer, Isis e eu parecíamos duas
esfomeadas, mas fala sério, a apresentação demorou horas e nem comemos
antes de sair de casa para ter espaço no estômago para um jantar. Vejo que
Eric dá a maioria de suas batatas para Valentina que as ataca, e a menina
troca seu hambúrguer com ele, o de Eric estava menos que a metade e o de
Val inteiro, a vejo retirando a carne e devorando o resto, estranho, tenho que
falar com Isis, acho que Valentina vai ser vegetariana.
Ao voltarmos para casa Jace me pegou contra a porta me beijando
com vontade, sua mão esquerda pegou por trás do meu joelho e me levantou,
até minhas pernas estarem entrelaçadas em sua cintura.
— Nossa você está apressado — falei segurando seus cabelos loiros
com minhas mãos e puxando seu rosto para o meu, roçando nossos lábios e
narizes.
— Você não tem ideia. — Ele nos arrastou para o quarto, entretanto
bateu com o pé na parede e ficou pulando comigo no colo, sorte que é mais
provável uma árvore cair do que Jace Donavan.
No meio disso tivemos uma crise de risos, Jace me jogou na cama e
retirou meus sapatos beijando meus pés, hoje eu coloquei um salto baixo
anabela, e Jace ficou com raiva que eu estava forçando meus pés, reclamou
mais de mil vezes antes que eu calasse a boca dele com um boquete. Sem
querer mais enrolação eu me ajoelhei na cama e engatinhei até ele, retirei sua
camisa mordendo seu peito musculoso e gostoso, minhas unhas arranhando
de leve e guiando caminho até o zíper da sua calça.
— Pequena, não provoque — resmungou e gemeu quando eu retirei
seu membro de dentro da calça.
— Hoje não vou provocá-lo muito, meu noivo — falei mordendo os
lábios olhando para o anel do meu dedo, na mão que eu tocava seu membro.
A atenção de Jace foi para baixo e ele gemeu ao ver minha mão com a
aliança em volta de seu longo, grosso e duro pau.
— Porra, pequena. Eu não vou aguentar muito — rosnou rasgando
minha roupa e me deixando nua para ele, quando percebeu que eu estava sem
calcinha gemeu alto. — Esse tempo todo e você estava sem nada?
Sorri inocentemente e assenti.
— Pequena, te quero tão duro e mal.
— Então venha.
Depois de toda a agitação minha cabeça estava em seu peito
acariciando seus músculos, Jace me mantinha grudada a ele e eu amava a
sensação.
— Querido, me conte sobre você — falo e percebo que seu corpo
estremece de leve. — Nunca vou te julgar, eu te amo e quero te conhecer por
completo novamente, as partes feias e bonitas.
O silêncio reina no quarto e Jace nada diz, eu tenho tantas perguntas,
uma delas é como ele conseguiu aquela cicatriz, por que todos parecem ter
medo dele? Por que ele nunca fala sobre o antigo trabalho dele? Eu tento
recuperar minha mente para me lembrar, mas essa parte está em branco,
queria tanto me lembrar de tudo.
— Com meus dezoito anos, Santiago Raffaelo, avô de Dominic me
colocou na função de cobrar pequenas dívidas. Eu era bom nisso, nessa idade
eu e Dominic já tínhamos bastante músculos e armas em mãos. Então um dia
um traficante não quis pagar sua dívida e riu de mandarem um menino fazer
o trabalho de um homem. — Seu corpo estremece novamente e eu acaricio
sua barriga dando-lhe força. — Nós lutamos, mas ele era muito maior que eu,
para provar seu ponto ele cortou meu rosto com uma faca.
— Meu Deus — murmuro com lágrimas nos olhos e Jace me puxa
mais apertado para ele.
— Eu fiquei tão irado que o deixei em pedaços, Santiago viu e
começou a colocar outras funções para mim, entre elas eu... comecei a
torturar traidores.
Lágrimas caiam sem parar dos meus olhos, Jace respirava com
dificuldade.
— Eu era considerado, em pouco tempo, o mais assustador e mortal
executor da máfia... eu acabava com traidores, conspiradores, grandes
traficantes e policiais que fodiam a máfia... eu me tornei um monstro —
sussurrou a última palavra.
— Você nunca será um monstro — falo beijando seu peito. — Você é
bom, nunca deixe que falem ao contrário. Eu te amo.
— Eu também te amo muito, mais que a minha própria vida. — Eu o
beijo de leve e percebo que ele também estava chorando. — Só espero que
você me ame depois do que eu vou te contar.
— Sempre. — Prometi.
— O único jeito de acabar com a dor, pelo menos temporariamente
eram as drogas. — Prendi uma respiração. Ah, Jace, o quanto você sofreu,
querido. — Até você aparecer com seus cabelos coloridos, um sorriso
contagiante e um corpo de sereia me encantando. Eu pensava em você nos
meus piores momentos, somente você. E eu precisava te conhecer, mesmo
Dominic sendo contra...
— Por que Dominic seria contra? — pergunto curiosa.
— Dominic tinha uma obsessão por Isis, desde que ele tinha seus
dezessete anos.
— O que?
— Sim, mas era inocente. — Ele respira fundo. — Naquele dia da
boate há dois anos, foi quando ele a viu como mulher e eu vi você. Eu queria
você. — Ele acaricia meus cabelos. — Quando você me abraçou, eu me senti
em casa. Eu precisava ter você comigo...
— Nos encontramos no mercado uma semana depois — murmuro e
ele ri.
— Sim e aí começamos a nos conhecer, antes de eu te pedir em
namoro. — Ele sorri para mim. — Eu te pedi em namoro quando estava
dentro de você pela primeira vez — ele diz e eu coro até o último fio de
cabelo.
— Eu devo ter gozado de felicidade. — Faço a piada e Jace se
engasga de tanto rir. — Desculpe, não podia deixar essa passar.
Depois de mais uma crise de risos Jace continuou.
— Nesse tempo, eu tinha poucos trabalhos e evitava as drogas, não
queria parecer fraco para você..., mas conforme o tempo foi passando foi
mais difícil, a máfia precisava de mim e eu...
— Você nunca me contou isso né?
— Nunca.
— Por que agora?
— Porque eu não quero esconder nada de você nunca mais, não vou
suportar te perder novamente.
— Você não vai.
Ficamos em silêncio por um tempo.
— Algo mais aconteceu? — pergunto, meu interior grita que ele está
ocultando coisas importantes.
— Nós começamos a nos separar pelas mentiras. Quando você veio
morar comigo só piorou, eu queria ser forte, mas doía tanto Carina, tanto e eu
não queria dividir isso com você. Então eu preferi me afastar.
Outra lágrima caiu dos meus olhos.
— Nós nos separamos? — pergunto com a voz embargada.
— Eu não queria isso, mas sabia que aconteceria se eu continuasse
desse jeito então eu fui embora. — Um soluço escapa da minha boca.
— Você me deixou — sussurro.
— Sim — diz com a voz embargada. — Eu queria estar limpo para
você, fui me desintoxicar e terminar as últimas missões, treinei uns caras que
queriam o trabalho... Dominic ficou com medo de eu me perder no processo
então me mandou ficar na casa que Valentina estava.
— Valentina? O que isso tem a ver com ela?
— Ela era refém, mas depois descobrimos que ela era filha da Isis...
— Sim eu me lembro mais ou menos, e as meninas me contaram.
— Fico tão feliz de você ter aceitado tão bem, e não ter me
abandonado, eu te amo tanto.
— Você tentou do seu jeito torto nos manter juntos, você lutou. —
Acariciei seu rosto e beijei seus lábios. — E me conhecendo você deve ter
lutado comigo também.
Ele riu.
— Eu te amo muito, pequena, obrigado por não me julgar.
— Nunca. — Olhei dentro dos seus olhos. — É só isso?
Ele desviou os olhos dos meus por um momento, eu achei estranho,
mas nada falei.
— Sim, meu amor. É só isso.
Capítulo 19
JACE

Me senti tão bem de ter contado a Carina tudo e não ver o olhar de
julgamento em seu rosto, queria que esses fossem meu único segredo, sei que
ela não me perdoará se eu contar de Drica.
Olho ela dormindo com seu pequeno corpo aconchegado ao meu, sua
franja tampando seus olhos, sua expressão está serena e leve, sinto um aperto
no coração por ter olhado nos seus olhos e ter dito que os segredos acabaram.
Sem poder ficar mais tempo ao seu lado com o segredo me corroendo, me
levanto da cama e vou ao meu armário, aonde eu tiro a maldita caixa com
meus vícios. A observo, mas não abro, minha mão está em punhos, não posso
culpar as drogas, pois sei que a culpa é minha.
Ligo a lareira da sala e olho o fogo aparecendo, fico o olhando e
pensando em tudo, sei que não posso jogar a droga no fogo, ou eu
praticamente estaria me drogando novamente, por conta da maconha. Sinto
pequenas mãos no meu ombro e vejo Carina vestida com uma camiseta
minha. Ela olha para a caixa e estende a mão, eu a entrego e a vejo
caminhando para a cozinha. Ela abre a caixa e ofega um pouco ao ver vários
tipos de drogas, ela abre os sacos e joga dentro da pia da cozinha, depois me
olha.
— Querido, aperte o triturador e vamos deixar o passado pra trás.
Eu nem hesito e aperto escutando o som do passado sendo triturado,
Carina me abraça e eu pego a maldita caixa e puxo Carina comigo de volta
para a lareira, lá eu jogo a caixa e vemos o fogo apagar qualquer traço do
passado. Carina me olha com seus belos olhos castanhos cansados.
— Eu te amo.
— Eu também te amo.

— Então você contou tudo? — Dominic pergunta às oito da manhã


enquanto estávamos no elevador.
Tive que sair mais cedo para ajudar Dominic, em duas semanas ele
terá que ir a Vegas para uma festa e quer deixar tudo adiantado, pois eu irei
com ele para cobrir suas costas caso algo dê errado.
— Sim — digo sem o olhar.
— Sobre as drogas? — Aceno. — O antigo trabalho? — Aceno
novamente. — Você tê-la deixado. — Aceno já fechando minhas mãos em
punhos. — Sobre Drica?
— Não consegui — resmungo e Dominic toca meu ombro.
— Você já deu um grande passo. — Assinto pois, minha garganta
está fechada em um bolo. — Um dia você contará?
— Sinceramente não sei.
— Se ela aceitou todo o resto, ela irá superar isso.
Novamente eu assinto, é tudo que eu faço agora, pois tenho medo de
dizer algo e as lágrimas deixarem meus olhos.
Mantendo meu rosto frio, eu trabalho o dia todo, troco mensagens
para Carina que não tenho certeza quando acabará o trabalho e ela me
responde que terá uma noite de garotas na qual eu não estou convidado,
sorrio. Aproveito para agilizar o trabalho. Amanhã irei fazer uma surpresa
para Carina, a levarei ao parque.
Mantenho o olho no descarregamento das drogas e depois nos
pagamentos, por último tenho que ficar de olho como andam as coisas na
boate, apesar de ser só um disfarce ela tem dado um grande lucro. Ouve
boatos que alguns idiotas estavam drogando as mulheres, então eu estava
junto com os seguranças mantendo o olho nas coisas. Ainda me lembro da
expressão assustada no rosto de Carina quando aquele verme tentou levá-la,
não desejo que ninguém passe por isso.
— Como você está? — Matt o barman pergunta, enquanto eu tomo
um gole da minha cerveja. Eu o olho e ele explica. — Fiquei sabendo sobre a
Carina.
— Como?
— Todos estamos preocupados com ela, aquela colorida ganhou
nosso coração — diz sorrindo. — Manda um abraço pra ela. — Eu rosno e
ele ri.
Volto minha atenção para as pessoas dançando, algumas pessoas
olham para mim com medo, alguns sabem quem eu sou. Sinto uma mão no
meu ombro e viro, dando de cara com Drica, ela está com maquiagem
escondendo os machucados. Quando ela me ligou falando que um cliente a
havia espancado eu não liguei, ela sabe que devia ligar para seu chefe e não
para mim. Eu sei que ela ainda me quer, mas eu vou ser sempre da Carina.
— Jace eu preciso falar com você — ela diz em cima da música alta.
Eu a olho sem expressão e tiro sua mão do meu ombro como se ela
fosse uma praga contagiosa.
— Não temos nada para conversar — digo sem olhá-la.
— Por favor, eu te amo. Eu sinto muito... — ela fala chorando e eu
vejo Matt a olhando com pena antes de se afastar, será que ela não enxerga
que ele gosta dela?
— Você não me ama, isso é obsessão — digo com raiva, sei que
também foi minha culpa aquela noite, mas ela se aproveitou do meu estado.
— Não é, eu te amo muito. Fica comigo, eu juro que não vai se
arrepender — ela diz me agarrando em um abraço, eu tento puxá-la para trás,
mas ela está agarrada a mim chorando.
Eu grito para Matt, que já vem em minha direção para me ajudar,
quando eu vejo Carina me olhando com os olhos marejados e eu já sei que ela
se lembrou de tudo.
CARINA

— Batom vermelho fica tão bem em você — Elena diz para mim
enquanto eu termino de passar o bendito batom matte sem borrar.
— Esse rosa choque também — falo e ela sorri jogando os cabelos.
— Já podem falar do meu — Isis resmunga terminando de alisar seu
cabelo, ela está com um vestido preto larguinho e pela primeira vez uma bota
com salto, a bota vai até metade de sua perna e tem saltos quadrados.
Elena está com um vestido verde lindo que pega todas as suas curvas.
Já eu, estou com um short branco de cintura alta e um top branco e dourado,
com um scarpin cor de pele de salto alto. Quase que tive que chorar falso
para que Isis e Elena parassem de reclamar do meu pé, já estive com o pé sem
salto por muito tempo.
— Vai ser uma noite para entrar para história — Elena anuncia
animada e começamos a tirar fotos juntas.
Agora que todo o mal passou, de acordo com Isis podemos ter redes
sociais, até Elena e Dominic também tem. Em pouco tempo eu já tenho
duzentos e cinquenta mil seguidores, além de postar as minhas fotos antigas
eu também posto algumas atuais.
— Meu insta está bombando — Isis fala, e é verdade, parece que em
duas semanas depois de inscrita ela já tem quase trezentos mil seguidores, de
acordo com ela é a heterocromia, de acordo comigo é toda a beleza que ela
tem. Elena não está muito atrás e eu tenho certeza de que logo alcanço elas.
Olho o meu e vejo que em apenas cinco minutos depois de ter postado
uma foto com Elena e Isis, a foto já está com cinco mil curtidas, quão louco é
isso? Posso dizer que arranjei um novo vício. Claro que o fato de as meninas
terem um nome forte ajudou a conseguirem seguidores, mas eu não deixo de
me sentir muito famosa. Tiro uma foto bem do meu rosto e outra do meu look
e posto sorrindo, vejo que Isis e Elena fazem o mesmo. Como sobrevivemos
tanto tempo sem ter um instagram?
A boate Abaixo de Zero é ainda mais bonita que nas fotos, ao entrar
lá, eu tenho uma série de emoções, me sinto estranha e tenho um pouco de
dor de cabeça, mas não falo com as meninas, essa é para ser uma noite
divertida.
Assim que entramos, nos jogamos na música e dançamos um pouco,
Elena tirando algumas fotos junto com a gente e outras sozinha, estávamos
todas rindo, Isis segurava um pouco a barriga, ela já está com oito meses e se
Dominic soubesse que ela está aqui teria um treco.
Depois que a música acaba convenço as meninas a irmos no bar
buscar algo para beber, Isis e eu não podemos bebidas alcoólicas por causa
do meu medicamento e ela por estar grávida. Meus pés param a poucos
passos do bar, e meu corpo congela. Uma mulher loira está agarrada a Jace
enquanto ele tenta se afastar sem machucá-la, minha primeira reação é ir para
cima dela e bater com o meu salto, mas quando vejo o rosto dela eu quero
morrer.
Uma pancada vem a minha cabeça e eu começo a me lembrar.
Jace só ficou comigo para ter informações sobre Isis para Raffaelo.
Jace partiu.
Jace me enganou.
Jace me traiu.
Jace me traiu com Drica. Não só agora como há dois anos antes de
começarmos a namorar.
— Jace. — Minha voz não é ouvida direito por causa da música, mas
ele com certeza me viu, porque fica pálido.
Eu olho para as meninas que estão tão pasmas quanto eu, então eu
faço o que meu coração e cérebro pedem. Eu corro para o mais longe possível
dele.
— Carina. — Escuto seu grito por cima da música alta, mas não paro.
Isis e Elena pegam minhas mãos e juntas saímos dali entrando no
carro do segurança delas, então eu despenco e choro, e elas choram comigo.
— Por que Jace? — pergunto a mim mesma, o que eu fiz para Deus
ser tão cruel comigo.
Capítulo 20
CARINA

Estou a três dias trancada num quarto na casa de Isis. Eu o escuto


implorando para eu abrir a porta, só que só de ouvir sua voz eu me sinto
enjoada, mais uma vez ele mentiu para mim, mais uma vez me fez de burra.
Eu me lembro de tudo, todos os carinhos, abraços, os ‘’eu te amo’’,
mas eu também lembro das brigas, omissões, das mentiras. O que mais me
dói é que ontem ele teve a chance de falar comigo, me contar tudo. Eu ficaria
triste e com raiva, mas resolveríamos isso como um casal. Ele teve sua quarta
chance, mesmo quando a terceira era a sua última.
— Estou entrando — Isis fala abrindo a porta, ela e Valentina entram
com coisas em mãos.
— Eu trouxe chocolate — Valentina exclama feliz pulando na cama e
derrubando muitos chocolates.
Isis ri quando Valentina abre um pacote e começa a comer sozinha,
ela percebe que olhamos para ela e sorri com os dentes cheios de chocolate.
— Se vocês não se apressarem eu comerei tudo.
Eu rio um pouco e pego um, em vez de afogar minhas mágoas em
bebida, eu vou de chocolate mesmo. Comemos todas em silêncio e eu
percebo que Isis está tensa.
— Eu sei que devia ter falado, mas ele implorou...
— Então todos mentiram me fazendo de palhaça.
— Carina — ela suspira. — Não foi assim...
— Titia você tem que perdoar o tio Jace! — Valentina me olha séria.
— Ele tá sofrendo e você também. Pra que sofrer se vocês podem estar
juntos, vocês se amam.
— Não é tão fácil assim — falo acariciando seus cabelos e ela seca
uma lágrima minha que cai.
— É sim, por que adultos complicam as coisas? — Ela rola os olhos e
pega outro chocolate. — Quando tio Jace cuidou de mim ele não queria que a
médica ficasse lá.
— O que Valentina? — Isis exclama surpresa. — Conta mais pra
mamãe.
— Tio Jace vivia triste e quieto. Diana falava pra não ficar muito
perto dele, mas eu não ligava, ele era legal. — Dá de ombros. — Aquela
mulher que fez vocês dois se separarem ficava toda, toda para o tio.
— Toda, toda? — pergunto e ela rola os olhos.
— Igual a Camila Cross da minha sala, quando Eric veio treinar ela
ficou dando a mão pra ele e dando beijo na bochecha dele, mamãe diz que
são vadias.
— Eu nunca falei isso! — Isis ofega e eu prendo o riso.
— Falou sim, para a tia Elena, você disse: Vou matar aquelas vadias
que dão em cima do meu homem, não é porque eu tô grávida que eu não
consigo, elas vão ver.
Eu explodo em gargalhadas e Isis fica vermelha com a imitação de
Valentina.
— Não repita as coisas que falo para seu pai — ela fala e Valentina ri
mais.
— Entendeu, tia? Ela me mandava ir para o quarto para deixar eles
terem uma ‘’conversa de adultos’’ — ela abaixa o tom e nos olha com
atenção. — Ela só queria beijar ele — confidencia.
— E conseguiu? — pergunto com o peito doendo.
— Não, tio Jace me pediu para não deixar os dois sozinhos — ela diz
pensando. — Tio Jace ficava com saudade de você, ele tinha fotos suas no
celular.
— Não quero escutar mais — falo e me tranco no banheiro.
Esse tempo sem memória mexeu comigo, eu, por incrível que pareça,
me apaixonei por Jace novamente, eu o amo novamente com toda, se não
mais força. Mas agora que as verdades apareceram e eu não sei como agir, o
que acontece quando não há mais segredos, mas a verdade machucou demais,
será que estamos tão danificados? Deus me dê um sinal.
Quando saio do banheiro Isis e Valentina veem televisão e sem ter
muito o que fazer me sento com elas na cama, a pequena me abraça e ficamos
vendo, então Deus me mostra. Uma reportagem sobre a MIT, Instituto de
Tecnologia de Massachusetts, quando a reportagem acaba, eu já sei o que
fazer. Para pensar no futuro é preciso deixar o passado para trás, sem pontas
soltas, sem fantasmas, sem sofrimento, sem dor.

— Isso é sério? — Dominic me pergunta verdadeiramente curioso. —


Você bateu a cabeça?
— Dominic — Isis avisa com os olhos serrados.
— Tudo bem, tenho muita gente que trabalha pra mim lá, se quiser eu
consigo uma vaga...
— Eu já tenho minha matrícula e começo amanhã — falo e Dominic
levanta uma sobrancelha.
— Impossível.
— Meu reitor ficou mais que feliz por eu me juntar a eles novamente.
Ele me olha por um momento e depois acena.
— Isso tem a ver com Jace? — pergunta.
— Só quero acabar com as pontas soltas da minha vida — falo e ele
assente.
— Isso inclui Jace?
— Dominic — Isis avisa de novo e ele ignora.
— É?
— Ainda não estou pensando sobre ele, e agradeceria muito se ele se
mantivesse totalmente afastado. — A mandíbula de Dominic fica dura.
— Carina você sabe o que pode acontecer com Jace...
— Ele me prometeu que não usaria mais nenhuma droga — falo logo,
não querendo entrar no assunto. — Só fale isso com ele, pelo menos essa
promessa ele deve cumprir.
— Tudo bem, mas com uma condição: você irá morar aqui e terá
seguranças com você, afinal os homens que você colocou atrás das grades
podem ter contratado alguém.
— Eu acredito que não, eles não seriam tão burros.
— Nunca se sabe — Isis fala e eu sorrio para ela.
— Minha única preocupação é não fazer seu parto — falo de
brincadeira e ela ri.
— Quando você estiver grávida eu vou fazer você ver vários partos
também.
— Deus que me livre. — Me benzo e Dominic ri.
— Então estamos de acordo.
— Sim, e sobre a sua proposta, me pergunte quando eu for uma
formanda. — Jogo o cabelo para trás e deixo a sala desfilando, Elena bate na
minha mão quando me vê.
— Arrasa, Clorofila.

À volta para a faculdade foi o assunto do momento, os professores me


amavam e os meus colegas de classe me odiavam, mas eu não me importava,
eu sempre fui a melhor. Decidi que não vou me afundar na amargura por Jace
ter me enganado, eu já sofri muito nessa vida e mereço ser feliz, com ou sem
ele.
Decidi fazer uma mecha fina branca atrás da minha orelha para deixar
claro que essa era uma nova Carina, essa Carina tem ambições, desejos,
sentimentos. Só foi preciso um descolorante e vontade. Elena quase desmaiou
citando como meu cabelo iria ressecar e cair, confesso que ri com ela o que
não ri em dias, já Valentina perguntou se eu podia fazer nela também, eu não
sei como, mas Dominic se materializou no banheiro e proibiu Valentina de
mexer nos ‘’cachinhos de ouro dele’’, sim, ele falou isso e saiu dali como se
nada tivesse acontecido. A pequena ficou com raiva e foi fofocar para Eric,
que mesmo sabendo que era uma causa perdida, foi argumentar com Dominic
a importância de Valentina ter um sorriso no rosto. Esses pestinhas
conquistam o coração de todos. Até Kai e Luka caíram de amores por eles,
ambos já tomaram chá com Valentina usando coroas na cabeça para agradá-
la.
Nessa manhã quando entrei na sala de aula e o professor Anthony
Wesley abriu um sorriso, eu lembrava dele claramente como um carrasco
sério, tive que dar uma olhada atrás de mim para ver se esse sorriso não era
destinado a outra pessoa, mas não, era para mim.
— Carina Miller, minha melhor aluna de todos os tempos — ele disse
ainda sorrindo.
Olhei para a classe e como esperava todos pareciam mauricinhos,
metidos e esnobes. Os homens vestidos com calça cáqui ou bege com casaco
listrado e as mulheres estavam com roupas semelhantes completando com
saltos. Bem como eu me lembrava.
— Espero que vocês possam aprender com Carina tanto quanto seus
antigos colegas de classe, mesmo a senhorita Miller tendo nos deixado depois
de um ano de curso na turma avançada — ele fala com a voz um pouco dura,
mas eu não me importo. — Pode se sentar e começaremos a aula sem mais
interrupções.
Caminho calmamente olhando em desafio para as mulheres, eu sei
como funciona, se você demonstrar ser fraca elas ficarão em cima de você,
mas se for forte elas não mexem. Acho um lugar e me sento, eu sou tão
diferente deles, com vestido preto e uma bota ugg, mesmo assim estou mil
vezes mais bonita que elas.
O resto da aula eu ignoro os olhares sedutores de alguns alunos e foco
minha atenção totalmente na aula, muitas vezes lembranças dos meus pais
explicando as mesmas coisas que o professor, me deixavam um pouco tonta,
relembrando de como eu sofria com os gritos e tapas que recebia quando não
entendia algo. Por eu ter sido ensinada desde jovem a respeito da tecnologia,
fui designada para uma turma avançada no MIT, esse curso era para alunos
no quarto período, mas eu entrei diretamente nele. Pelo menos para isso meus
pais serviram.
Ao sair da sala vejo Kai me esperando ao lado de uma BMW preta,
preciso lembrar de comprar uma nova para mim já que a minha foi perda
total. Quando eu chego à casa de Isis, Luka está na porta e faz o nosso sinal
secreto avisando que Jace está aqui. Arregalo os meus olhos e respiro várias
vezes, ele não vai estragar mesmo o meu lindo dia. Arrumo a bolsa no meu
ombro e seguro os livros apertados contra o meu peito e incorporo o espírito
vadia.
Assim que entro todos param de conversar e me olham com atenção,
de canto de olho vejo Jace babar em mim me olhando dos pés à cabeça e eu
finjo não me importar, mas meu interior vira gelatina. Quando finalmente
meus olhos encontram os seus um pequeno suspiro sai de mim, mesmo com
todas as olheiras e a tristeza Jace continua maravilhoso.
— Boa tarde a todos — falo e vou caminhando até as escadas rezando
para ninguém falar algo, mas como de costume não sou atendida.
— Como foi na escola? — Isis pergunta divertida lembrando de como
eu caçoava dela chamando sua amada Harvard de escola.
— Vejo que você não expulsou o presunto ainda — respondo fazendo
Elena se engasgar com o que ela tivesse tomando, e começar a rir
histericamente.
— Ainda falta um mês — Isis diz sem se abalar. — E os professores?
Brigaram muito com você?
— Na verdade eles beijaram minha bunda. — Dei de ombros e voltei
a subir as escadas, no meio do caminho meu estômago roncou alto me
fazendo ficar vermelha.
— Esfomeada, tem comida na cozinha — Elena grita e eu ignoro
apressando o passo.
Depois de tomar um banho e me trocar, pondo uma roupa mais
confortável, camiseta de manga e shorts, acompanhado de uma meia rosa
fofa. Prendo meus cabelos num coque bagunçado e afasto um pouco a franja
do rosto, respirando fundo várias vezes começo a descer as escadas bem a
tempo de escutar eles conversando baixo.
— Nós estamos com você, Jace, vamos fazer Carina ser sua
novamente — Elena, A traidora, fala.
— Nunca pensei que seria #TeamJace — Isis reclama e depois
suspira. —, mas vocês se completam.
— Eu também sou tim Jace, mamãe. — Escuto Valentina falar e todos
rirem.
— Estou surpreso que vocês estejam do meu lado — Jace fala
parecendo realmente feliz.
— Não se trata de estar do seu lado ou do dela, é porque ninguém
mais aguenta vocês dois tristes, está pior que novela mexicana — Isis fala e
Elena ri.
— Seria tipo ‘’Carina, eu sou seu pai... espera, seu marido... mentira,
seu namorado... mentira, seu... — Ela tenta achar outra palavra mas não
consegue fazendo todos rirem da sua imitação.
Se eles acham que eu vou voltar com Jace estão muito enganados, ele
mentiu para mim e mais que tudo, me traiu. Sei que meu coração vai doer e
eu vou sofrer, mas para Jace Donavan eu não volto nem que o inferno
congele.
Capítulo 21
JACE

Uma semana que Carina entrou na faculdade, minhas fontes dizem


que ela é brilhante e já tem muita gente em cima dela. Todo dia na hora que
ela entra e sai, eu estou de longe observando-a, quando ela sai para comprar
café, eu estou lá. Sei que estou um pouco perseguidor, mas é o único jeito
que encontrei de poder vê-la, já que ela foge de mim como o diabo foge da
cruz.
Depois daquele dia que todos falaram que iriam me ajudar a
reconquistá-la, ela nunca mais ficou no mesmo cômodo que eu, todos
perceberam isso, Carina está se fechando novamente. E aquela mecha de
cabelo? Suas máscaras estão voltando, e o pior é que o culpado sou eu,
finalmente ela estava encontrando seu caminho e deixando as máscaras para
trás, então ela retrocedeu o caminho conquistado levando com ela o meu
coração.
Miguel disse para eu ir com calma, Carina agora só desabafa com ele,
confessando que ouviu Isis e Elena falando que estavam do meu lado, ela
ficou decepcionada. Ele não me conta sobre o que eles conversam, só me fala
como ela está se sentindo. Ele é um bom amigo. Isis e Elena estão mais que
tristes que Carina está distante, ouvi até dizer que ela queria se mudar
novamente, só que tinha o combinado com Dominic, que não deixava ela
sair. Quando Dominic me contou que Carina estava pensando em trabalhar
para a máfia, eu não sabia o que sentir, se ficava feliz por tê-la perto de mim,
triste por tê-la perto e ela me ignorar, ou irritado por ela estar entrando nessa
vida.
— Ela está no Starbucks com um colega de classe, Justin Brant, 20
anos — o detetive fala quando atendo e eu vejo vermelho.
Respiro várias vezes para controlar o meu estado.
— Mantenha o olho, qualquer coisa mesmo, me ligue. — Desligo e
vou para a academia de casa, preciso espancar o saco antes que eu vá acabar
com minhas chances de recuperar Carina, matando o seu amiguinho com as
minhas mãos.
Eu nunca senti vontade, muito menos bati em uma mulher, mas minha
vontade era arrebentar Drica, isso tudo é culpa dela. Eu estava drogado e mal
conseguia levantar um braço, ela se aproveitou do meu momento de fraqueza,
me lembro vagamente daquela maldita noite.
Valentina estava com febre novamente e Diana, a babá, ficou
preocupada, então ligou para Dominic, que mandou que Drica voltasse para
cá, eu já estava farto das insinuações que ela fazia quando vinha. Não sentia
nada, absolutamente nada por ela, nem meu pau subia. Mas ela não desistia,
eu cansei de avisar que nunca mais teria nada com ela, que Carina era minha
única, a única mulher que amo e já amei.
Drica já estava esgotando o pingo de paciência que eu tinha, ela ainda
se fazia de amiguinha de Valentina para tentar se aproximar de mim. Naquela
maldita noite, eu deixei elas em casa e fui fazer a cobrança de um traficante
que estava devendo a máfia, era um dos últimos. Levei comigo dois homens
que estavam aprendendo comigo para ficar no meu lugar, Killer e Soul,
mesmo eu querendo me livrar dessa vida eu também não queria que eles
tivessem tanto pesadelos e ficassem quebrados como eu, Soul me olhou e
falou quando eu perguntei porque eles queriam o trabalho.
— Eu estou nisso para matar todos esses filhos da puta. — Ele parecia
quebrado e sem vida. — Um filho da puta como esses matou minha esposa e
filha, já não me resta saída a não ser matar todos os desgraçados para evitar
que façam mal a outro inocente.
Eu assenti entendendo o seu lado.
— Todas as pessoas que matamos são os caras maus — digo não
sendo cem por cento sincero. Merdas acontecem, esse era meu lema para essa
vida. Ele assente tranquilo, eu aposto que isso fará seus pesadelos se
acalmarem, não ao contrário, pelo menos isso.
O outro só me olhou, Killer, ele era tão alto quanto eu e não tinha
expressão alguma.
— Explique por que você quer esse trabalho — falo com a voz dura.
— Eu já fui traficante e o meu chefe não ficou feliz quando eu saí
para trabalhar por conta própria diretamente para o chefão. Então ele achou
que eu merecia ver a minha mulher se estuprada até a morte por todos os
treze homens na sala.
Minha mandíbula aperta de raiva, não consigo me imaginar nessa
situação.
— Todos estão mortos? — pergunto, pois se ele precisar da minha
ajuda para isso terei o maior prazer de matar todos.
— Quase — ele fala seco e depois olha para Soul. — Eu sei como
você se sente e também vou dormir melhor sabendo que todos os filhos da
puta não podem fazer mal a ninguém.
Eu olho os dois, eles têm quase o meu tamanho e são quase tão fortes.
— Às vezes vocês não precisarão matar, somente quebrar um membro
como aviso — falo e eles assentem. — Crimes que tem pena de morte são:
estupro, assassinato de crianças ou mulheres inocentes, pedofilia, tráfico de
pessoas...
Continuo a falar e eles acenam. No final do serviço percebi que eles
trabalhavam muito bem juntos, e com um pouco de prática poderiam chegar a
meus pés. Quando chego em casa vejo que já passa da meia noite. Faço meu
caminho para o quarto e pego meu celular olhando as fotos de Carina, sinto
tanta falta dela, dói como o inferno ficar afastado, mas é para o seu bem.
Eu tenho ido a grupos de apoio e a um psicólogo, eu quero voltar
perfeito para ela, não quero que ela me veja nesse estado. As drogas estão
tomando a minha vida, eu posso sentir isso, não quero que Carina me deixe e
desista de mim. Sei que ela desconfia, mas não tenho coragem de olhar nos
seus olhos e falar que sou um viciado de merda. Quando ela se mudou para
minha casa há algumas semanas eu não tinha mais como esconder isso,
estava me consumindo.
Então fiz a única coisa que podia, eu sumi. O meu celular mostrou
que tinha uma nova mensagem, de Carina. É a primeira desde que fui embora
que eu vou responder, eu sinto que preciso, mesmo tendo prometido a mim
mesmo que só falaria com ela quando estive totalmente curado, Carina
merece um homem completo e inteiro, não esse eu, quebrado.
Pequena: Fico pensando se você foi mesmo real. Estou perdendo as
esperanças.
Meu coração dá um salto e minha garganta parece que vai se fechar,
Carina está desistindo, eu posso sentir isso. Com muita dificuldade eu
respondo.
Eu: Claro que eu sou, baby. Não desista de nós.
Ela nada respondeu e isso me preocupou, eu sabia que essa distância
podia quebrá-la, mas ficar lá com ela nesse estado iria a destruir. Eu podia
colar seus pedaços, mas não reconstruir seu coração.
Eu: Diga algo.
E ela não responde. Eu começo a me desesperar, olho para aquela
maldita caixa de madeira com drogas dentro e me recuso a ser fraco a esse
ponto. Deixo o quarto e pego um engradado de cerveja e uma garrafa de
vodca, no caminho de volta para o quarto vejo Drica saindo do dela vestindo
apenas uma minúscula calcinha e só, não sinto nada. Passo por ela sem a
olhar e entro no quarto. Depois da terceira cerveja eu ligo para Dominic que
me atende um pouco desesperado.
— Isis foi embora — ele diz ao telefone e pelo seu tom de voz ele
está prestes a estourar. — Rebecca entrou aqui depois que eu deixei Isis na
casa de Carina. — Já posso imaginá-lo passando a mão pelo cabelo. — A
maluca queria conversar sobre seu ‘’dote’’.
— Rebecca já deu pra quase todos os consiglieres, aquela não tem
‘’Dote’’ nenhum — resmungo terminando outra cerveja. — Continua.
— Então ela tirou o sobretudo e estava nua, eu fiquei com raiva, mas
me mantive calmo e a mandei se vestir educadamente, ela estava tentando me
seduzir quando Isis chegou... ela foi embora.
— Caralho — resmungo, eu sei o quanto Dominic a ama. — Vai atrás
dela — digo sério, ele não vai aguentar se ela o deixar, Dominic a ama tanto
quanto eu amo Carina.
— Eu vou agora. — Ele faz uma pausa e depois suspira tristemente.
— Hoje eu deixei Isis na sua casa, Carina estava chorando muito... irmão, eu
não sei se ela vai conseguir... eu não queria falar nada, pois pode atrapalhar o
seu progresso, mas não posso esconder isso de você.
Meu mundo desaba e lágrimas silenciosas começam a cair
pesadamente.
— Obrigado por me falar, irmão. Vá buscar a sua garota.
— Jace...
Eu desligo e olho para a maldita caixa. Largo a cerveja e pego a vodca
tomando da garrafa, no fim a garrafa não é suficiente e me entrego as drogas
novamente. Eu nunca serei bom para ela.

— Querido, eu te amo tanto — Carina diz sorrindo antes de tomar


meu pau.
Sua língua habilidosa beija meu pau e suga como um sorvete, ela é
sempre dedicada a me agradar, ela me confessou que sente prazer em me dar.
Eu gemo quando ela engole até a garganta enquanto suas mãos pequenas me
masturbam.
— Eu te amo tanto, Carina — suspiro. Tento colocar minha mão em
seu cabelo e acariciar sua cabeça, mas meu corpo está tão pesado, não
consigo me mover.
Ela engole meu pau até o talo e isso me surpreende, Carina nunca
conseguiu fazer isso, no máximo até a metade. Sua boca parece tão diferente
das últimas vezes. Sinto meu pau murchando um pouco com isso, então sua
mão começa a massagear minhas bolas ao mesmo tempo que suga com força,
me deixando duro como pedra.
— Isso, baby — ela diz rouca, sua voz está tão estranha.
Tento abrir meus olhos, mas eles estão tão pesados, então a sinto
subindo no meu colo e me montando. Seu cheiro está diferente, seu interior
está diferente.
— Ai que gostoso — ela murmura e então eu reúno meu único
resquício de força e abro os meus olhos.
— Drica — exclamo assustado ao vê-la me montando e não Carina.
Tento me afastar, mas meus músculos estão tão fracos.
— Saia — digo com a voz embargada, meu mundo está girando e eu
tenho vontade de vomitar.
Eu estou sendo abusado.
— Não — Drica diz com raiva. — Eu sou a mulher pra você, você me
ama!
— Sai! — Tento gritar, mas ela tapa minha boca e continua a se
mover.
— Isso baby, estou quase lá — ela diz dengosa se movendo com força
e então eu não seguro.
O vômito sai da minha boca molhando nós dois, o cheiro me faz
vomitar mais ainda, mas ela não para.
— Ahhh — grita quando vem e depois sorri para mim.
Então seu olhar desce para meu peito coberto de vômito e ela arregala
os olhos.
— Jace, você está bem? — ela pergunta e abre mais meus olhos. —
Ai meu Deus, você não estava mentindo, você está drogado?
Seus olhos enchem de água e ela sai de mim com rapidez. Então os
soluços começam.
— O que eu fiz? — fala pra si mesma, chorando mais.
Eu só posso olhá-la, não sei o que faria se pudesse me mover, se a
mataria ou a abraçaria.
— Por quê? — pergunto com a voz fraca.
— Eu... pensei... que você... me queria — fala entre o choro. — Eu
comecei a tocar em você e seu corpo respondeu... você suspirou e eu
continuei esperando você acordar.
— Você acabou com a minha vida — declaro com lágrimas descendo
dos meus olhos antes da escuridão me levar.
Na manhã seguinte quando eu acordo, estou limpo, sem vômito e
vestido somente com uma cueca, rezo para ter sido um pesadelo, mas então
vejo a expressão no rosto de Drica quando apareço na sala.
Minha vida acabou, meu mundo está desabando. Carina nunca me
perdoará por traí-la, eu não me perdoarei.
Capítulo 22
CARINA

Eu estava preocupada com Isis, ela está com quase nove meses e
cismou que quer viajar com Dominic para Vegas, para a comemoração do
novo consigliere de lá. Pelo o que ela disse o antigo está doente e os três
filhos que estavam fazendo todo trabalho e agora ele oficialmente renunciou
o título e seu filho mais velho, Apollo King, assumiu, junto com seus dois
irmãos.
— Você tem certeza de que quer vir? — Isis pergunta para mim
tentando esconder a felicidade.
— Você acha que eu sou mulher de perder uma viajem? — falo e
Elena gargalha.
— Eu queria ir, fui convidada pela primeira vez — exclama.
— Você pode vir. — Isis rola os olhos caçoando de Elena que está
super gripada.
— Haha, muito engraçado. — Bufa. — Mas as crianças e Miguel vão
ficar comigo. — Dá de ombros.
Hoje é sexta-feira á noite e sairíamos em menos de uma hora, para
voltar domingo à tarde. Separei dois vestidos de festa e um par de saltos
altos, meu pé pode quebrar, mas o salto eu não deixarei de usar. Dominic está
preocupado com Isis, o médico falou que agora ela está no final da gravidez e
pode dar à luz a qualquer momento, isso nos deixa muito aflitos, mesmo
assim Isis intimou que iria, ela disse: ‘’Eu vou para ficar de olho nas biscates,
não é como se eu fosse parir no meio da festa’’. Então decido colocar umas
coisas que comprei caso eu tivesse que fazer o parto dela, sim eu sou
precavida, nunca se sabe, vai que ela espirra e o bebê nasce?
Jace não voltou a aparecer aqui, o que eu realmente agradeço. A cada
dia está mais difícil ficar afastada, eu o amo tanto e sinto tanta falta. Tiro
esses pensamentos da minha cabeça e foco na festa que irei amanhã.
O jato começa a decolar e Isis e Dominic trocam um olhar me
deixando confusa. Depois de poucos minutos a porta da cabine do piloto abre
e Jace sai de lá com um sorriso no rosto. Minha boca se escancara e eu viro
minha cabeça lentamente para Isis que finge estar numa conversa com
Dominic, que nem olha para mim. Cruzo os braços e fico olhando para meus
coturnos, não acredito que eles armaram para mim, eu na verdade acredito,
eles são Team Jace.
— Boa noite pra vocês — Jace cumprimenta se sentando na poltrona
ao meu lado, viro meu rosto para a janela, estou com tanta raiva.
— Boa noite, Jace — Isis responde e eu percebo que ela me olha. —
Não vai cumprimentá-lo Carina?
Dou o sorriso mais falso e levanto meus dois dedos fazendo um sinal
da paz para ele.
— E aí?
Me viro novamente para a janela, sei que estou sendo infantil, mas
não quero ter que ouvir sua voz, sentir seu cheiro...um olhar, pois sei que um
olhar e eu estarei perdida.
— Oi pequena, como vai a faculdade? — pergunta com aquela voz
que eu amo.
— Ótima — digo sem olhar e Isis finge uma tosse me fazendo olhá-
la.
— Carina já está entre as melhores na turma em só uma semana —
Isis conta como uma mãe orgulhosa e quando eu não respondo ela bufa. —
Vocês podem começar a se falar, falta menos de um mês para Dante nascer e
vocês serão os padrinhos, ou seja, vão passar muito tempo juntos e...
Ela começou a se descontrolar e não para de falar, então eu percebi
que realmente passaremos muito tempo juntos quando o bebê nascer, eu não
me afastarei dele só para não ver Jace, me recuso. Olho para Jace que está me
olhando com seus olhos cinza, tristes.
— Tudo bem — resmungo o olhando. — Nós podemos ser colegas.
— Colegas? Nem amigos? — pergunta com um pequeno sorriso e eu
escondo o meu.
— Terá que trabalhar muito para chegar a essa base.
— Passos de bebê, eu entendi — ele diz com um sorriso. — Depois
da base de amigos, vem a de namorados? — pergunta aproximando seu rosto
do meu.
Eu fico sem reação por um momento, meus olhos se prendem a seus
lábios avermelhados, depois a seus cabelos que agora estavam mais curtos
ainda, então se prendem a seus olhos. O olhando eu vejo o meu amor, mas
também vejo a sombra da traição. Desvio os olhos olhando para as minhas
mãos, antes de voltar a olhá-lo.
— Esse trem já passou, Jace — suspiro. — Mas quem sabe um dia
podemos ser amigos.
Ele assente duro com os olhos um pouco marejados, rapidamente ele
os seca e olha para o outro lado. Sigo seu exemplo e finco meu olhar na
janela, até adormecer.
Acordo numa cama com raios de sol iluminando o quarto, percebo
que já estou no hotel, como parei aqui? A última coisa que me lembro é da
minha conversa com Jace e então o sono vindo aos poucos.
Me levanto e reparo que estou vestindo apenas uma camiseta dele, eu
sei pelo seu cheiro. Rapidamente procuro minha mala e quando acho pego
uma roupa para o dia e vou tomar meu banho. Depois de pronta coloco sua
camisa debaixo do meu travesseiro. Se ele acha que eu devolverei está muito
enganado.
Ao sair do quarto percebo que Dominic alugou uma suíte dupla, vejo
Isis na cozinha junto dele tomando o café, Isis está com um top e um short
larguinho. Sua barriga é grande, mas nem tanto devido a seu antigo corpo, ela
não aparenta estar com quase nove meses, e sim três ou quatro no máximo.
As únicas coisas que estão diferentes no seu corpo são os seus seios que estão
maiores e seu quadril que está um pouco mais largo, mas nada diferente, nem
engordar ela parece que engordou.
— Vai ficar aí me olhando? — Isis fala com bolo na boca, ela bebe
um pouco de suco e sorri. — Já arrumada?
— Sim... como eu cheguei ao quarto?
— Hum. — Ela olha para Dominic, que se esconde com o jornal e Isis
bufa. — Jace a colocou na cama, você estava muito cansada com todos os
trabalhos e as aulas e apagou... tentamos te acordar.
Dominic abaixa o jornal depois do que Isis conta e ela bufa. Dominic
manda um beijo para ela e pega a sua xícara de café.
— E como eu acordei vestindo só a camiseta dele? — pergunto
irritada e Dominic se engasga com o café fazendo Isis gargalhar.
Bem nessa hora Jace entra e estanca o passo ao me ver o encarando
mortalmente.
— Tudo bem? — pergunta cauteloso trocando um olhar com
Dominic.
— Você voltou uma base, idiota. Somos agora conhecidos — reclamo
me sentando e roubando as torradas de Dominic que me olha com a boca
aberta. — Nem vem reclamar, você também é meu inimigo.
— O quê? — ele, Isis e Jace perguntam ao mesmo tempo, o último
aproveita esse momento para se sentar ao meu lado.
— Vocês são ‘’Team Jace’’. — Olho para Isis que segura o riso. —
Você devia ser ‘’Team Carina’’, eu quase morri no acidente era para você
concordar sempre comigo.
Isis bufa.
— Você já usou todo o seu vale ‘’eu sofri um acidente’’ quando
roubou minhas blusinhas.
Minha boca cai aberta, mas eu não falo nada, eu realmente meti a mão
em suas blusas e alguns vestidos.
— E o vale ‘’perdi a minha memória’’? — pergunto cruzando os
braços e Isis para a torrada perto da boca.
— Droga, esqueci desse — brinca me arrancando um pequeno
sorriso, que logo morre ao olhar para Jace. — Quem te deu autorização para
me levar ao quarto, retirar minha roupa e me vestir com sua camiseta?
Ele abre e fecha a boca várias vezes antes de sorrir envergonhado.
— Achei que você ficaria mais confortável com ela, do que com
jeans. Você sempre me falou que dormir de jeans dava estrias. Eu te ajudei!
— ele declara cruzando os braços também, ele estava brincando comigo.
Vejo que Isis e Dominic fingem conversar, mas estão prestando
atenção na gente, tudo falso.
— Podia ter colocado um pijama meu. — Jogo de volta, mas me
arrependo, porque eu sempre durmo com suas camisetas, mesmo agora.
Quando eu fiz minha mala não coloquei camisolas e sim duas camisetas suas.
Tomo um gole de suco para ter o que fazer.
— Se não gostou de dormir com minha camiseta me devolve, mas
você gostou tanto que até sussurrava meu nome. — Me engasgo com o suco.
— Sua camiseta está no lixo, cuspida, rasgada e pisada — falo e ele
sorri, piscando para mim.
— Serve as outras duas que estão na sua mala.
Isis se engasga com o suco e começa a rir, meu rosto está mais
vermelho que um tomate. Termino o suco com um gole e me levanto, corro
para o quarto pegando minha bolsa. Vejo um pedaço de sua camiseta
embaixo do travesseiro, pego as duas dentro da minha mala, e depois a que
eu dormi, dou uma última cheirada e me controlo para não chorar, visto a
minha máscara de forte e volto a sala. Jace ao me ver arregala os olhos, jogo
as camisetas na sua cara.
— Fique com elas, eu não quero mesmo — falo e me viro
caminhando até a porta, mas minha raiva é tanta que eu me viro novamente
vendo todos com a boca aberta. — Vou comprar camisolas e você pode dar
essas... merdas de camisetas à puta da Drica.
Bato a porta com raiva e corro para as escadas, já que o elevador irá
demorar. Corro com toda a minha força perdendo várias vezes o fôlego, ao
descer todos os degraus eu caminho apressada para a rua e faço um sinal para
o táxi, bem quando eu escuto Jace me gritando e vindo atrás de mim,
lágrimas caem dos meus olhos. Entro no táxi e mando ele acelerar, então
coloco minha cabeça entre as mãos e choro.

Depois de me recuperar da crise de choro e ouvir o taxista falando


sobre como eu não devia borrar minha maquiagem por quem não me merece.
Na hora eu não entendi, mas quando me olhei no espelhinho, vi minha
maquiagem toda borrada. Sequei minhas lágrimas e mandei ele guiar o carro
para o melhor salão de beleza, a festa seria a noite. Quando entrei lá e vi os
preços quase cai para trás, eu no momento não posso esbanjar tanto, pois
tenho que pagar a faculdade, livros, entre outras coisas que são caríssimas.
Eu não queria mais invadir as contas dos outros ou fazer qualquer
coisa assim. No meu carro eu terei que ver se o seguro irá cobrir tudo. Quero
ser uma Carina diferente, uma nova. Depois de ler e reler os valores, eu dei
meu braço a torcer e marquei hora para mim e Isis. Ela ficou muito feliz de
eu ter marcado, não perguntou se eu estava bem, pois ela sabia que eu não
estava.
Quase uma hora depois fui chamada para fazer as unhas, a gerente
chegou e começou a brigar com as atendentes que me fizeram esperar, eu
falei que estava tudo bem, mas a mulher não parava de brigar com as
funcionárias, elas não eram culpadas, nem horário eu tinha marcado. Isis
chegou um pouco depois e as mulheres só faltavam beijar seus pés e os meus.
Parece que ser parte da máfia te faz uma rainha. Isis me falou, depois que as
mulheres se afastaram, que Dominic tinha ligado e fechado o salão para
gente.
Quatro horas depois estávamos prontas, não mexi no comprimento
nem na cor do meu cabelo, só os hidratei e fiz cachos, minhas sobrancelhas e
unhas estavam fabulosas e o melhor de tudo, elas fizeram a minha
maquiagem. A minha sorte é que eu tinha foto com o vestido que iria usar
para que elas fizessem uma maquiagem combinando. Isis fez as mesmas
coisas que eu e estava igualmente bela como de costume. A gravidez só a
deixou mais bonita.
Ao chegarmos ao hotel não vi Jace nem Dominic, o que eu agradeci
bastante mentalmente. O vestido que eu iria usar era preto longo com o
decote em coração, com uma abertura na frente de dar inveja, de cintura nua,
e para completar saltos vermelhos combinando com o meu batom. É nessas
horas que eu agradeço por sempre ter vestidos lindos. Isis estava perfeita com
um vestido bege até os pés, drapeado na vertical com cristais, ele era
levemente apertado e marcava a sua barriga, mas não ficava feio, era
brilhante, combinando com sua maquiagem em tons claros, e o batom
vermelho como de costume.
— Será que eu não vou acabar tropeçando? Não me sinto bem usando
saltos com a barriga nesse tamanho, vai que eu caio? — Isis falava sem parar
se olhando no espelho.
— Menina você lutou com todos nós quando estava no estado
catatônico e o bebê não saiu, não vai ser agora, né bebê da titia? — falei
acariciando a barriga dela e fazendo voz de bebê. — Você ainda vai ficar aí
duas semanas, né? — Dante chutou e eu sorri.
— Okay, mas e esses saltos? — Isis pergunta novamente enquanto
caminhamos para a sala.
— Eu vou te segurar, meu anjo — Dominic fala nos assustando.
Dominic e Jace estão com roupas de gala e o último me olha com
atenção, saboreando meu corpo com os olhos.
— É isso que eu espero, amor — Isis responde caminhando devagar
até ele. Ela se vira para mim e bufa. — Você vai ser o par de Jace, nem ouse
brigar, não estou com paciência nenhuma.
Levantei minhas mãos em sinal de paz e sorri para ela, eu iria
aproveitar a noite, com ou sem Jace. Caminhei até ele que tinha um sorriso
no rosto, ele me deu o braço e eu o encaixei no meu, seu cheiro me atingiu e
eu tive que me controlar para não o abraçar e passar vergonha o cheirando.
Nós estávamos presos no elevador quando Jace aproximou o rosto do meu
pescoço e então da minha orelha, não consegui não me arrepiar.
— Você está maravilhosa — sussurrou rouco.
— Obrigada.
Ao chegarmos no salão todos pararam de falar para nos observar, me
sentia a realeza e ao olhar para Isis percebi que ela também. Então todos
vieram aos poucos nos cumprimentar, os consiglieri não escondiam o desejo
por nós, isso só fez os meninos ficarem mais possessivos, mesmo Jace me
apertava contra ele e eu não reclamava porque estava aproveitando em vê-lo
[ML10]assim.
— Eles deviam ser mais respeitosos — Dominic reclamou para a
gente quando ficamos um pouco afastados. — Você está grávida!
— Mas mesmo grávida ela continua gostosa — declaro e Isis bate sua
mão com a minha.
— Eles deviam respeitar, elas são mulheres comprometidas — Jace
contesta e Dominic concorda.
— Realmente — ele responde.
— Comprometida uma ova, eu sou solteira, SOL-TEI-RA — digo e
Isis esconde um sorriso.
— Querida, você nunca tirou a sua aliança — ele afirma escondendo
um sorriso e eu olho para minha mão, ela está lá me olhando.
Eu olho para o outro lado do salão, em quase duas semanas eu ainda
não retirei o anel, o que isso quer dizer? Eu sei que eu o amo com toda a
minha força, mas será que eu conseguirei superar essa traição? Jace me traiu,
o pau dele não ficou duro e Drica escorregou no chão e caiu de cara e depois
de bunda. Balanço minha cabeça ainda olhando para longe.
— Me deu vontade de fazer xixi, vamos comigo, Cá? — Isis fala e
sem eu responder ela me arrasta com ela.
Fico me olhando no espelho o tempo que ela está no vaso, então retiro
ambos os anéis do meu dedo e coloco na bolsa, engulo o choro que quer sair.
Isis sai do banheiro e sorri para mim.
— Eu jurava que seria difícil eu fazer xixi com esse vestido, mas não
foi. — Ela dá um sorriso gigante. — Vou te arrastar pra cá pelo menos mais
umas cinco vezes, hoje já perdi as contas de quantas vezes fui ao banheiro.
É só ela falar isso que eu caio na gargalhada, só Isis mesmo. Ela olha
para minhas mãos e me vê sem os anéis, mas nada fala. Ao sairmos do
banheiro Isis em vez de caminhar até Dominic, que está conversando com um
homem loiro bonito, vai até o buffet e eu a sigo. Lá só tem uma mulher de
cabelos pretos de costas também escolhendo algo.
— Isso está tão bonito, eu estou comendo como uma vaca — Isis fala
e se aproxima de onde a mulher está. — Esses doces estão me chamando.
A menina vira sorrindo um pouco para nós e eu estanco um pouco o
passo, ela é muito parecida com Elena, tipo muito mesmo.
— Nossa, você é a cara da minha cunhada — Isis fala e pega um
morango com chocolate. — Isso está tão bom.
Eu pego um para mim e a menina faz o mesmo.
— Está muito bom mesmo, eu já comi uns quatro — ela diz sorrindo
com as bochechas coradas. — Sou Bella.
— Isis e essa é minha amiga Carina — Isis nos apresenta. — Você é
diferente das outras mulheres daqui, você não tem nariz em pé.
Bella ri.
— Por que você acha que estou escondida nos doces? Elas nunca vêm
pra cá. — Pisca para nós, nos fazendo rir. — Você está de quantos meses? —
ela pergunta olhando curiosa para a barriga de Isis.
— Quase nove — Isis suspira.
— Isso tudo? Sua barriga não está tão grande — ela diz e Isis sorri
mais olhando para mim.
— Viu, eu falei que não estava grande — digo acariciando sua
barriga.
Uma mulher começa a se aproximar e abre um sorriso quando para na
nossa frente.
— Isis, querida, que bom finalmente lhe conhecer, sou Brianna
Castanny, mulher do capo de Ohio. — A mulher parece ter no máximo trinta
anos. — Olá — diz para mim sorrindo falsamente e quando olha para Bella
abre um sorriso mais falso ainda. — Elena, como você cresceu.
— Eu não... — Bella fica pálida e o circo se forma quando Dominic,
Jace e o homem com eles vem até nós.
— Raffaelo, que bom ver você, sua mulher é tão bonita e Elena está
uma moça — Brianna fala quando eles se aproximam.
Os homens fazem a mesma cara estranha que eu e Isis estamos
fazendo, essa mulher está passando vergonha e nem percebe.
— Ela não é minha irmã — Dominic diz calmamente olhando para
Bella.
— Não é hora de brincadeira, são os mesmos olhos — Brianna
insiste, então uma amiga lhe chama. — Constância está me chamando, mas
logo volto, beijinhos.
— Bem, isso foi bizarro. Eu sou Apollo King. — Ele se apresenta
beijando a mão de Isis e a minha antes de passar a mão na cintura de Bella.
— E essa é minha namorada, Bella Parker.
Bella está pálida e tremendo, ela olha rapidamente para Dominic antes
de olhar para o chão.
— Apollo eu... preciso ir embora — ela pede em voz baixa e ele a
olha.
— Só mais alguns minutos, baby — ele responde, porque ele
realmente não pode ir embora. Essa festa é para ele.
Jace olha para Dominic e ele o olha, estou perdendo algo? Viro minha
atenção para Isis que está tão perdida quanto eu.
— Eu não sabia que você já estava comprometido — Jace comenta e
Apollo sorri.
— Foi amor à primeira vista, Bella parecia um pássaro preso numa
gaiola e eu a libertei — ele fala e beija a testa dela que relaxa um pouco.
— Quantos anos você tem Bella? — Dominic pergunta e novamente
eu olho para a Isis que agora também está olhando para Bella com a cabeça
curvada para o lado.
— Acabei de completar dezoito anos — diz olhando para baixo,
evitando mostrar seus olhos.
Eu olho para os olhos de Dominic e depois para Bella.
— Vocês estão realmente achando que Bella pode ser sua parente? —
pergunto e todos me olham. — Porque é isso que está parecendo.
— Apollo, eu não estou me sentindo bem — ela declara para ele que
agora tem um olhar também suspeito.
— Claro. — Ele volta a sua atenção para a gente. — Vocês se
importam se eu levar Bella para tomar um ar?
Negamos com a cabeça e Bella foge rapidamente.
— Isso foi estranho — eu digo e Jace concorda ao meu lado. — Você
está realmente pensando na possibilidade de ser parente dela?
— Carina, ela é a cara da Elena, os olhos, os cabelos, até o nariz são
os mesmos — Isis afirma e olha para Dominic. — Você acha que Daniel tem
outras filhas?
Dominic e Jace se olham novamente e Jace fala baixo para a gente.
— Elena foi a única além de Dominic que nasceu — ele diz e eu sinto
um calafrio pensando no que vem por aí. — Algumas mulheres que
transavam com Daniel morreram grávidas.
Isis tampa a boca e olha espantada para a gente.
— Daniel é mais monstro do que eu pensava, eu devia tê-lo matado
na lua de mel.
— Se essa menina, Bella, for minha irmã eu vou querer saber —
Dominic afirma e eu concordo.
— Se for, Elena ficará feliz de ter uma irmã na mesma idade — digo
sorrindo um pouco para aliviar o clima.
Dominic sorri um pouco também.
— Só espero que seja mais calma que Elena — Dominic reflete
abraçando Isis.
Jace passa o braço por minha cintura me puxando para ele e eu respiro
fundo sabendo que é a hora. Pego os anéis da bolsa e coloco na mão de Jace
que me olha atordoado.
— Não fale nada agora — sussurro.
Capítulo 23
CARINA

Ficamos assim quietos antes de uma música romântica começar a


tocar e Dominic puxar Isis para a pista de dança. Jace me olhou, mas eu fingi
não ver. Ele sorriu e me puxou para a pista.
— Você pode me devolver o anel quantas vezes quiser, mas ele
sempre vai te pertencer, tanto quanto o meu coração. — Aproximou o rosto
no meu pescoço e sussurrou. — Meu coração é para sempre seu, Carina.
Eu o olhei por um momento e foi a minha perdição, ele aproximou o
rosto do meu e me roubou um beijo. Esse beijo me deixou igual a gelatina,
tive que me controlar para não o perdoar logo de cara. Beijar Jace rompeu
todos os meus muros e destruiu as minhas barreiras.
— Sem querer interromper, mas estamos indo para o hotel. Isis está
cansada — Dominic falou me tirando do transe.
— Eu estou indo também — declaro me afastando de Jace tanto
quanto posso.
Quando chegamos ao quarto Dominic e Jace foram para sala beber
enquanto eu e Isis fomos para o quarto tomar um banho e tirar toda a
maquiagem. Quando eu finalmente terminei já era quase meia noite, eu já
estava indo me deitar quando ouvi um grito. Corri para sala e parei ao ver Isis
curvada com a mão na barriga enquanto Jace e Dominic só olhavam para ela
assustados.
— Me diga que é xixi que está saindo de suas pernas. — Solto e Isis
me lança um olhar matador.
— A bolsa rompeu e o bebê quer nascer. — Ela pega a mão de Jace
que estava sentado na ponta que ela estava em pé e aperta sua mão com toda
a sua força.
— Puta que pariu, isso dói! — ele reclama tentando afastar a mão.
— Deixe a mão aí! — Dominic ruge enquanto disca um número no
telefone e começa a falar, quando termina Isis está sentada no sofá com uma
cara de dor. — O médico está do outro lado da cidade, trinta minutos no
máximo até aqui, sua filha está vindo, vinte minutos.
Dominic se senta ao seu lado e acaricia suas costas, eu me sento no
chão de frente para ela.
— Ei, eu estou aqui, serei uma ótima parteira — brinco e os garotos
riem de leve, mas Isis faz uma cara muito feliz.
— Faz agora, tira o presunto de mim, ele quer sair agora! — ela
afirma e meus olhos se arregalam.
— Era brincadeira — exclamo com os olhos arregalados tentando me
afastar, mas Isis pega minhas mãos.
— Carina. — Grita. — Você não vai fugir, mesmo, eu não vou
esperar trinta minutos para começar a empurrar! Eu quero agora, você me
forçou a ver milhões de partos então é melhor você fazer eu ter vaginas na
cabeça valer a pena, fui clara?!
— Sim — resmungo assustada. — Jace pega uma maletinha dentro da
minha mala, escrito ‘’expulsando o presunto’’ e Dominic... segura as mãos de
Isis e canta músicas calmantes... ou algo do tipo.
— Eu não vou cantar — ele reclama, mas segura a mão dela. — Ei —
diz a ela, mas eu também olho. — Nós podemos fazer isso — ele afirma e
Isis sorri. — Você só precisa aguentar mais trinta minutos e...
— Cale a porra da sua boca, ou eu juro que vou arrancá-la com uma
mordida — ela grita e eu tiro sua calcinha.
— Nossa que grande.
— Cala a boca, Carina — ela grita comigo e eu bufo.
— Aposto que você não soltava um grito quando era torturada —
reclamo e Dominic rosna para mim.
A boca de Isis abre e ela me fuzila antes de se curvar em outra
contração e gritar:
— Mas lá eles não faziam um bebê de quase quatro quilos sair da
minha vagina!
— Okay, abra as pernas como vimos nos vídeos — digo e quando ela
abre e eu enfio os dedos para ver a dilatação meus olhos se arregalam para
Dominic, que me olha com medo.
— O que foi? — sibila para mim sem Isis perceber, já que ela está
arrancando a camisola e ficando só de sutiã.
— A dilatação está pelo menos nove centímetros — sibilo de volta e
ele fica pálido, o bebê pode nascer a qualquer momento.
Isis grunhe com outra contração e eu acaricio sua perna.
— Você já estava sentindo contrações na festa? — pergunto e ela me
olha com raiva, quando Dominic a olha com atenção. Isis já estava em
trabalho de parto desde a festa e não disse nada. — Amiga, vai ficar tudo
bem. — Digo e olho para Jace que chegou com a maleta e fica ao meu lado,
mas ele nem olha para o lado onde a vagina de Isis está lá para todo mundo
ver. — Dominic marca o intervalo das contrações, eu vou só lavar minhas
mãos.
Já era para eu ter feito isso antes de enfiar meu dedo nela, mas não
falo para não tomar uma pesada na cara. Minha mão estava limpa afinal.
— Não demore — Isis grunhe para mim e eu bufo correndo até a
cozinha e lavando minha mão.
Escuto o grito de Isis e corro para a sala, Jace está pálido.
— Eu estou vendo cabelos castanhos — ele grita e em vez de ficar
assustada eu tenho uma crise de riso, seguro minha barriga me inclinando de
tanto rir.
— Carina — Dominic grita irritado. — Ele está nascendo!
Eu corro e me abaixo.
— Querida, faça força quando você sentir vontade, okay? Você pode
fazer isso. — Tento passar calma através das minhas palavras e ela assente.
— Eu consigo — ela afirma com a cara toda vermelha. — Eu consigo
fazer isso.
— Querido, separe as coisas para mim e o lençol, por favor. — Olho
para Jace com calma e pego meu celular colocando para tocar Kiss me, do Ed
Sheeran. — Você quer que filme o parto?
— NÃO! — Dominic e Isis gritam ao mesmo tempo e eu seguro o
riso olhando para Jace que faz o mesmo, ele ainda está pálido.
— Nós vamos conseguir fazer isso, juntos — sussurro olhando dentro
dos olhos cinza de Jace e ele relaxa visivelmente.
— Eu sei — Isis fala e eu não a corrijo dizendo que estou falando
com Jace. — Carina, eu preciso empurrar, agora!
— Pode vir, querida. — Tento controlar um riso nervoso que quer sair
da minha garganta e aí começa a força. — Jace, fique com o celular na mão
para marcar a hora que o bebê nascer. — Ele acena.
O que eu estou fazendo da minha vida?
Depois de quase trinta minutos Dante estava quase nascendo, só mais
alguns empurrões e eu seguraria meu pequeno sobrinho nos meus braços.
— Dominic, eu não consigo, estou tão cansada. — Isis chora e
Dominic acaricia seu rosto.
— Você consegue sim, eu sei que você consegue, nós podemos fazer
isso, juntos.
Eu acho esse momento tão bonito, e imagino se um dia serei eu no
lugar de Isis e caio no choro, ficamos lá, eu e Isis chorando. Então o bebê
começa a sair, sempre quando via os vídeos eu pensava no parto como um
filme de terror, mas olhando o pequeno Dante saindo dela foi a coisa mais
bonita e emocionante do mundo. E eu tive o prazer de fazer parte do dia mais
importante na vida da minha amiga. Depois que a cabeça sai eu precisei
segurá-lo com força porque ele estava escorregadio.
Então vem o choro, eu o pego desajeitada e o enrolo na manta, com a
outra mão eu seguro o cordão umbilical.
— Vem cortar Dominic.
Eu peço a Jace para colocar os dois pregadores um para o bebê e
outro para a Isis, então Dominic corta, seu rosto está manchado em lágrimas,
o bebê não para de chorar, quando fico em pé eu levo ele até a Isis que o
abraça e beija sua cabeça sem se importar com o sangue ou a placenta. Eca.
Dante fica quieto parecendo sentir que está com a sua mamãe.
— Ele é lindo — ela sussurra olhando para o seu lindo bebê.
Todos olhamos Dante no colo de Isis e quando o pequeno abre os
olhos todos soltamos um suspiro alto, Dante tem os olhos dela, heterocromia.
O olho esquerdo dele é azul claro e o direito tem umas pequenas manchas em
castanho na parte superior do olho. Ele parece um anjo de tão bonito. Seus
cabelos são castanhos claros e ele é sem dúvida o bebê mais bonito que já vi.
— Ele é perfeito — Dominic diz baixo acariciando a cabecinha do
bebê.
— Ele é maravilhoso — Jace fala emocionado.
Eu seco algumas lágrimas de emoção com a toalha, sei que Isis
também deve estar sentindo isso, não tivemos Valentina em nossos braços
quando ela nasceu, mas agora o destino nos deu outra chance e temos o
pequeno Dante com a gente. Espero por mais alguns minutos antes de ter que
falar.
— Me dê ele aqui para eu limpar, já trago para vocês. — Isis olha
para mim e sorri, seus cabelos estão molhados de suor.
— Ele é lindo. — Então começa a chorar. — Obrigada Carina.
— De nada, amiga. — Beijo sua testa e pego Dante no colo, ele é tão
pequeno que tenho medo de deixá-lo cair.
A campainha toca e duas pessoas entram, um médico, velho de
cabelos brancos e uma mulher jovem, de cabelos ruivo.
— Olá eu sou o doutor Gilbert Munniz e essa é minha filha Sara.
— Olá, vejo que o bebê já nasceu — diz ela animada. — Me dê ele
para eu limpar, enquanto papai expulsa a placenta.
Dali em diante [ML11]é uma bagunça, eu fico com meu sobrinho no
colo enquanto o médico retira a placenta de Isis, Dominic fica ao seu lado
segurando sua mão. Então depois de feito Dominic a leva para o quarto para
tomar banho, enquanto o médico o mede e vê se está tudo certo.
— Vocês anotaram quando ele nasceu? — Sara pergunta anotando
num caderninho as medidas que seu pai ia falando.
— À uma hora e quarenta, do dia 20 de março — Jace diz e eu sorrio.
— Ele nasceu com cinquenta e três centímetros e três quilos. — Ela
sorri para a gente. — Ele já tem um nome?
— Por enquanto é Dante Raffaelo. Ainda não escolhemos o nome do
meio — Isis diz voltando para sala com Dominic ao seu lado a amparando.
— Ele está bem? — pergunta preocupada pegando o dos meus braços. —
Vem com a mamãe.
— Ele está perfeito, e tem os olhos da mãe — o doutor Munniz fala e
pisca pra Isis. — Desculpem a demora é que o carro de Sara parou e eu tive
que dar uma parada para pegá-la.
— Sua amiga fez um ótimo trabalho — ela diz sorrindo para mim. —
Até pensei que era parteira.
— Não, só assisti muitos partos mesmo — digo e rimos.
— Obrigada pela ajuda doutor. — Dominic aperta sua mão e depois
das despedidas só sobramos Dominic, Isis, Jace e eu... e claro, Dante.
— Não sei vocês, mas nós vamos para a cama — Dominic fala e se
aproxima de mim me abraçando. — Obrigado. — Beija minha bochecha e
eles vão para o quarto.
Eu ainda estou meio parada, Dominic nunca demonstrou muita
emoção e agora eu sei que ele gosta de mim, não só me atura. Jace sorri para
mim já sabendo o que estou pensando.
— Ele gosta de você sim. — Sorri. — Você fez um grande trabalho
hoje, estou orgulhoso. Posso ficar mais um pouco ou você irá dormir?
— Pode ficar, só vou tomar um banho — digo mostrando minhas
mãos e camiseta com sangue do parto.
É engraçado como é a vida, eu brinquei tanto que faria o parto de Isis
e aqui estou. Eu ajudei a minha melhor amiga a dar à luz ao seu filho. Eu não
sei por que, mas mesmo depois de ver dezenas de partos pela televisão, eu
ainda achava que seria tipo: Ai meu Deus, o bebê está nascendo. Atchim, o
bebê nasceu.
Tomo meu banho pensando no que deu na minha cabeça para deixar
Jace ficar aqui comigo sozinha, já que Isis e Dominic estão trancados em seu
quarto com Dante. Termino o banho e visto uma camisa com uma calcinha
short, já que entreguei as camisetas de Jace e eu não vou dormir de jeans. Ao
voltar para sala vejo Jace sentado no outro sofá, e o que a Isis deu à luz está
‘’limpo’’. Ele tem uma garrafa de cerveja em mãos, e para perto da boca ao
me ver. Respirando várias vezes eu me aproximo e me sento ao seu lado
tomando a cerveja de sua mão e bebendo.
— Você fez um grande trabalho. — Ele limpa a garganta quando sua
voz sai rouca. — Estou muito orgulhoso.
— Obrigada, foi tão perfeito fazer parte desse momento — respondo
colocando a cabeça no seu ombro. — Somos tios.
— Sim, nós somos — diz passando o braço por minha cintura e me
colocando sentada em seu colo, seus olhos estão tão cinzas e pidões. Sua mão
entra dentro da minha blusa e acaricia minhas costas. — Você veio com essa
calcinha minúscula me provocar, pequena? — pergunta rouco.
Meus olhos caem nos seus lábios, eu o quero tanto.
— Eu te quero tanto... eu preciso de você. — Jace sorri largamente e
eu acaricio seu rosto. — Mas se fizermos isso quero que me prometa que será
só uma noite, sem passado e sem futuro, somente o agora.
— Carina...
— Não, Jace. Eu não quero passar a minha vida com você
desconfiando e pensando o que você está fazendo quando não está ao meu
lado. Eu não quero acordar uma manhã pensando no que poderia ter sido a
minha vida se eu tivesse nos libertado a tempo... eu não quero ficar com você
e acordar pensando que foi a pior decisão da minha vida.
— Carina. — Ele suplica com o olhar e eu o beijo apaixonadamente.
— Eu te amo tanto — ele diz com os olhos marejados.
— Eu também te amo, querido. E você sempre vai ter um pedaço do
meu coração, eu prometo.
Ele me pega pelos quadris e nos levanta, eu agarro minhas pernas e
braços a sua volta enquanto ele nos leva a meu quarto, na penumbra da noite.
Sinto a cama debaixo de mim e sorrio para ele. Jace retira a minha camiseta e
calcinha. Eu o observo retirar toda a sua roupa, nunca vou me cansar do
corpo de Jace, nunca.
Quando ele entra em mim eu sinto o paraíso, eu sinto todo o amor que
nos cerca e nesse momento, só nesse momento eu esqueço todas as mentiras
e só sobra a gente.
— Eu te amo tanto, pequena — diz e eu sinto que estou chegando lá,
quando eu venho o agarro apertado não querendo que ele vá embora nunca.
— Pequena — geme me enchendo com seu amor.
E é nessa hora que eu me lembro que novamente não usamos
camisinha, eu não estou protegida e posso ter pegado algo já que Jace transa
ou transou com a prostituta da Drica. Ficamos em silêncio aproveitando o
momento, nosso último. Quando eu vejo os primeiros raios de sol percebo
que dormi nesse meio tempo, quando abro os olhos vejo Jace nu ao meu lado
me observando.
— Você não dormiu? — pergunto e ele nega.
— Não queria que nosso momento acabasse — fala aproximando o
rosto do meu para me beijar, mas eu viro a bochecha. — Carina?
— Nosso momento acabou no instante em que você saiu de mim —
digo já me arrependendo, mas preciso que ele me odeie assim eu também
posso odiá-lo. — Espero que você não tenha pegado nada da sua puta, eu te
mato se você tiver me passado algo.
Jace me olha magoado e com raiva, se levanta da cama colocando a
cueca e a calça.
— Nunca faria nada de mal a você Carina — ele fala e passa as mãos
pelo cabelo. — Se eu pudesse mudar qualquer coisa, eu mudaria aquela noite.
— Claro, imagino. Mas na hora você nem deve ter pensado nisso, só
de como você se sentiria ao gozar, não é? — eu sussurro gritando para não
acordar Dante.
— Você não sabe de nada — ele fala magoado colocando a camisa.
— Você já conseguiu sua noite, me procure quando quiser mais uma foda já
que agora eu não passo disso pra você. Eu prefiro ser isso do que ser nada na
sua vida — sussurra a última parte partindo o resto do meu coração. — Me
procure sempre que quiser, pois eu sempre vou fazer de tudo pra você.
Sem me dar tempo para pensar em dizer algo ele veio até mim e
puxou meu rosto em sua mão e me beijou com paixão.
— Eu te amo.
Ele sai e fecha a porta silenciosamente, então eu choro e choro.
Capítulo 24
B Ô NUS ISIS E DOMINIC
ISIS

Ter Dante em meus braços é a melhor sensação do mundo, todos os


enjoos, dores, inchaços, valeram a pena, pois agora eu tenho meu bebê ao
meu lado. Penso em tudo que vivi na minha vida e fico realmente feliz que
apesar de tudo Deus me deu todos esses presentes, me deu os melhores
amigos do mundo, o melhor marido, ele trouxe a minha filha de volta para
mim e agora eu entendo aquela bendita frase: ‘’Deus escreve certo, por linhas
tortas’’. Pois se não fossem essas linhas, eu não estaria aqui sendo a mulher
mais feliz do mundo.
Foi há um mês que dei à luz a Dante, e até hoje, toda vez que eu o
vejo junto com Valentina, não posso acreditar que tenho meus dois filhos
comigo. Meu coração se enche de alegria e aos poucos se esquece de todas as
sombras do passado. Dominic é um marido maravilhoso, apesar dos defeitos,
todos nós temos defeitos, ninguém é perfeito. Ele ainda não me deixou voltar
para o Ponto Zero, depois que eu tive Dante ele está ainda mais cuidadoso,
mal posso acreditar que aquele bruto mafioso de olhos sombrios se tornaria o
amor da minha vida. Que todos os desencontros e brigas seriam somente
obstáculos, que quando acabaram eu o amei.
Ele tinha sido super paciente comigo durante toda a gestação, mesmo
eu tendo sido uma vadia com ele, depois que completei sete meses de
gravidez, por ele ter se recusado a fazer amor comigo. Agora me olho no
espelho vendo o estrago, minha barriga está um pouco arredondada e eu
agora tenho estrias rosas em minha bunda e quadril. Ajeito meus cabelos na
melhor maneira e tento fazer alguma pose sexy na frente do espelho, mas é
impossível. Eu me sinto horrível. Carina e Elena dizem que é besteira, que eu
estou ainda mais bonita depois do bebê. Mas se não é isso porque já faz
quatro meses que Dominic não me toca ou me olha com a paixão o
consumindo?
Hoje faz exatamente um mês e um dia. Dia do fim do meu resguardo
e aniversário de Dominic, estou tão feliz de poder comemorar com ele essa
data, ele está fazendo seus vinte oito anos, essa data, dia vinte um de abril,
ficará gravada para sempre na minha cabeça.
Carina me intimou a deixar Dante com ela para eu ter a minha
‘’primeira noite depois de arreganhada’’ ela não me deixa esquecer que me
viu dilatando nove centímetros, mas quando ela estiver grávida eu vou me
vingar, ela vai ver.
Elena me ajudou com a roupa, que consiste em uma calcinha
minúscula de dois fios laterais e um sutiã do mesmo jeito, vermelho, um robe
até o pé, vermelho transparente. Carina me ajudou a fazer ondas pelo meu
cabelo e uma maquiagem ‘’não estou maquiada’’ para que quando eu suasse
não escorresse e assustasse o boy, segundo elas.
Miguel está apaixonado por Dante, ele já me disse que quer ter um
com Ester, que foge dele como o diabo foge da cruz quando ele começa a
falar. É tão bom ver meu amigo feliz, já faz um longo tempo desde que
Miguel namorou sério, e essa foi com Carina que durou cerca de quatro
meses eu acho. Damien veio aqui um par de vezes e Elena sempre tentou
arranjar uma desculpa para adiar mais o casamento, pelo o que parece ela está
conseguindo já que tudo que a decoradora fala ela contesta, agora ela
arranjou a ideia de fazer seu próprio sapato e mudar completamente o vestido
que ela comprou, todos nós percebemos que ela está adiando de propósito e a
menina não tem vergonha disso.
Vó Maria veio e ficou uma semana inteira babando em Dante, chorou
muito com a homenagem que eu fiz a Ethan. Para mim foi como mais uma
porta se fechando, sei que onde quer que meu irmão esteja, ele está feliz por
mim. Eu o amo muito e farei de tudo para viver da melhor maneira, vivendo
por nós dois. A escolha não foi minha, foi de Dominic, ainda lembro como
escolhemos, na noite do nascimento dele.
Eu tinha acabado de me deitar, com Dante no centro da cama,
Dominic do outro lado, acariciando ele e sorrindo para mim.
— Ele é tão bonito. Parece tanto com você — eu digo baixo e
Dominic sorri largamente.
— Ele se parece com você. — Sua mão vem acariciar meu rosto. —
Ele é perfeito como você e tem seus olhos.
— Eu te amo.
— Eu também te amo.
Ficamos em silêncio mais um momento antes de eu perguntar.
— E qual será o nome do meio? — Dominic olha para o teto
pensando e eu faço o mesmo.
— Eu estava pensando em Ethan, o que você acha?
Nem preciso dizer que cai em lágrimas e culpei a gravidez, mas
Dominic sorriu para mim e falou.
— Você não pode mais culpar a gravidez — ele disse olhando para
Dante que estava no meio da gente. — Você é humana Isis, pode chorar.
— Eu te amo — sussurro emocionada e olho para Dante. — Vocês
três são a minha vida.
— Valentina vai ficar maluca quando voltarmos com seu irmão. —
Dominic sorriu como bobo. — Ela falou para mim que queria ver a cegonha
entregar seu irmão.
Sorrio para ele emocionada, Dominic a ama como sua filha e eu não
duvido nem por um segundo que não faria tudo por ela.

Me olho no espelho pela última vez e mordo o lábio, será que


Dominic não vai rir de mim? Eu sei que preciso voltar a malhar agora que já
sai do resguardo, para recuperar a minha barriga e fazer um tratamento para
todas essas estrias, eu não ligava tanto para aparência quanto agora. Será que
Dominic ainda me desejará? Nesse último mês eu reparei que ele demora
bastante no chuveiro e não precisa ser um gênio para saber o que ele faz lá,
sem falar que ele agora dorme de cueca e calça culpando o frio, sendo que o
quarto e toda a casa tem aquecedor, mas não digo nada, tenho medo dele
admitir que não me deseja mais.
Na gravidez de Valentina foi bem diferente, eu tive poucos enjoos e
nada de estrias ou celulites, mas isso porque eu nunca parei de trabalhar e
malhar, era arriscado eu deixar a guarda baixa. A médica da época falou que
minha barriga era pequena, pois Valentina era um bebê minúsculo e me
avisou que provavelmente ficaria na incubadora ao nascer. Eu até hoje não
sei como ela sobreviveu ao acidente de carro. Eu a senti saindo de mim, mas
nunca pude vê-la ou abraçá-la, com Dante eu senti todas as dores e também
pude ter meu filho em meus braços pela primeira vez. O importante é que
eles estão comigo e estou mais feliz que nunca.
Dominic entra no quarto e estanca o passo ao me ver, eu respiro
várias vezes e fecho o roupão — mesmo sendo transparente — e caminho até
ele. Coloco meus braços em volta de seu pescoço e fico na ponta dos pés para
beijá-lo. Demorou apenas um segundo para ele retribuir e me beijar com
paixão de volta. Suas mãos agarraram minha cintura e minha bunda, nos
equilibrando, ele nos leva até a cama. Quando se afastou para tirar o terno eu
parei para observá-lo, Dominic sempre foi atraente, mas agora está ainda
mais para mim, não sei se foi pelo tempo sem tê-lo dentro de mim ou algo
assim, mas eu o desejo mais do que tudo.
Depois de nu ele me olha e sorri.
— Vai ficar de roupa, meu anjo? — pergunta divertido.
Respirando fundo algumas vezes eu fico em pé, a sua frente, e deixo o
roupão cair a meus pés. Vejo Dominic observando todo o meu corpo com
atenção, eu foco meus olhos em seu peito, sem querer ver o desgosto em seu
olhar. Mesmo estragada eu me recuso a deixar Dominic ter outras mulheres
com ele.
— Eu sei que não estou perfeita e eu juro que vou voltar a malhar e...
— Isis. — Seu tom de voz irritado me faz calar a boca, ao olhar para
seus olhos azuis sombrios ele sorri para mim me puxando pela cintura para
perto dele. — Você está perfeita, continua sendo a mulher mais bonita que já
vi...
— Então você tem problema de visão, eu estou inchada com estrias e
celulites. Você nem me deseja...
— Você é a minha mulher e eu nunca vou parar de amá-la e desejá-la.
— Ele pega a minha mão e coloca em cima de seu pau que está duro como
pedra.
— Mas você nem me tocou nesses últimos meses — resmungo
olhando em seus olhos, sim eu estou magoada com isso.
— Você estava de oito meses, Lorena me advertiu que sexo era bom
para a gravidez até sete, Deus sabe como estou sofrendo esses dois meses
sem você. A partir do oitavo mês era difícil, pois podia induzir o parto, e nós
queríamos que ele ficasse até nove meses, lembra? — Eu aceno com a cabeça
e ele continua. — E aí vem o um mês de resguardo, eu não podia tocar em
você sem querer fodê-la, você entende?
— Sim — resmungo envergonhada.
— Olhe para mim — Dominic pede e eu olho. — Eu te amo mais que
tudo, não tenho horror ou algo parecido com as suas ‘’imperfeições’’, você
me acha imperfeito pelas minhas cicatrizes?
— Não, mas homens são sexys com cicatrizes. — Ele bate na minha
bunda me fazendo pular e depois acaricia minha pele.
— Você é a mulher mais sexy, e mesmo se hoje você tivesse deitada
na cama dormindo eu iria acordá-la adorando seu corpo, Deus sabe que eu
tenho essa data marcada na minha mente desde o dia que Dante nasceu, tenho
esperado muito. Mas agora vamos parar de falar.
Ele diz e sem me dar chance de falar retira meu sutiã. Meus peitos
estão com os bicos um pouco úmidos de leite, mesmo eu já tendo dado a
Dante antes de Carina levá-lo.
— Sabe quantas vezes tive que me tocar depois de ver você
amamentando meu filho? — Nego com a cabeça e ele sorri segurando meu
seio com delicadeza. — Muitas vezes, tive até inveja dele.
Ele sorri e coloca meu mamilo na boca fechando os lábios nele e
sugando, senti o leite saindo e Dominic não parecia se importar, muito pelo
contrário. Sua mão mergulhou na minha bunda, aonde ele apertava e
apalpava com vontade. Minhas mãos foram para seus cabelos, acariciando
seus fios escuros.
— Meu Deus, Dom — gemo quando sua mão desce minha calcinha e
então estou nua.
Dominic nos guia para a cama e abre as minhas pernas, as colocando
rente a cama, eu suspiro com seu olhar para mim, ele não tem noção de como
é sexy. Seu olhar está parado na minha intimidade e ele rapidamente olha
para mim.
— Sabe o quanto foi difícil ficar sem provar a sua doce boceta?
Antes que eu pudesse responder, Dominic já estava com sua boca em
mim, me chupando, sugando e me fazendo ver estrelas.
— Dom eu não vou aguentar mais, preciso de você agora! — ordeno
e ele sorri para mim.
— Pensei que você nunca pediria.
Então ele me penetra e eu sinto seu amor, sua cabeça fica no meu
ombro enquanto ele dá estocadas poderosas em mim, palavras de amor são
ditas no meu ouvido e eu digo as minhas entre suspiros, então algumas
estocadas depois nos entregamos ao amor.
Três horas depois estamos exaustos, Dominic me tomou tantas vezes
que perdi a conta e só saímos da cama, pois eu precisava alimentar Dante de
três em três horas. Tomamos um banho juntos cheios de carinho. Olho o
relógio e sorrio para ele, já passou da meia noite.
— Feliz aniversário, Papai. — Beijo e ele sorri. — Vamos jantar fora?
— Nunca gostei ou comemorei meu aniversário, mas estou mais que
feliz de fazer com você.
Nos beijamos mais um pouco então fomos buscar Dante. Carina abre
a porta de seu quarto e sorri para mim.
— Ele acabou de acordar, esse menininho dorme muito, não é bebê?
— Carina fala com a voz fina de bebê me fazendo segurar o riso.
— Obrigada Carina — Dominic fala pegando Dante dos braços dela.
— Sempre que precisarem, mas Dominic, me diz... a boceta de Isis
ficou frouxa? — ela fala para me irritar e a boca de Dominic cai aberta e ele
fica vermelho.
— Você vai me pagar quando estiver grávida — eu juro a ela e Carina
se benze.
— Só se for do menino Jesus 2.0. Mas fala aí Dominic.
Eu também olho para Dominic, o esperando falar, estou tão curiosa
quanto Carina. Dominic olha para nós duas e bufa.
— Vocês duas são muito curiosas — ele reclama e Elena aparece ao
lado de Carina.
— Três, mas dessa vez eu passo. Sem ofensa Isis, mas eu não quero
saber da sua vagina ou do pinto do meu irmão. — Ela dá um beijo em cada e
acaricia a cabeça de Dante. — Boa noite para vocês. — Ela então puxa
Dominic para um abraço apertado — Feliz aniversário, Nick — diz indo para
seu quarto.
Ficamos em silêncio até Carina explodir em gargalhadas baixas.
— Meu Deus — resmungo e rio também.
— Vai, responde criatura. — Carina exclama.
Dominic nos olha irritado com Dante no colo e começa a andar para o
quarto de Dante.
— Sim, ainda mais apertada. Vamos Isis antes que eu estrangule sua
amiga curiosa — ele fala me fazendo rir.
— Minha amiga e sua cunhada — eu resmungo o seguindo antes que
Carina me batesse.
— Cunhada uma ova, não tenho caso com Damien! — Carina diz
com raiva sabendo exatamente que estávamos falando de Jace.
Para completar o circo, Damien que estava no quarto no fim do
corredor sai do seu quarto e nos olha. Elena sai do dela que é de frente para o
dele e nos olha curiosa.
— Eu ouvi caso e Damien na mesma frase? — Elena fala com raiva
surpreendendo a gente e mandando um olhar matador para Damien. — Nem
ouse.
Damien olha para a gente sério como de costume e Carina suspira.
— Nossa Damien não sabia que você tinha um tanquinho tão bonito.
— Carina se abana claramente para irritar Elena e funciona, a menina bufa e
o olha novamente antes de entrar no seu quarto batendo a porta, fazendo
Dante resmungar um pouco.
— O que diabos foi isso? — Damien pergunta a Carina e a mesma
pisca para ele.
— De nada. — Ele levanta uma sobrancelha e ela sussurra. — Acabei
de te dar a prova que você tem a chance de conquistar o coração de Elena,
não desperdice.
Damien balança a cabeça e entra no seu quarto nos ignorando e
Carina nos olha.
— Isso foi divertido. Então vão. — Faz um ‘’xô’’ com as mãos para a
gente. — Aproveitem que Dante só mama agora e depois só daqui a três
horas e fodam bastante, já que nem todos podemos fazer isso. Feliz
aniversário, Dominic!
Como os outros, sem dar a chance de falar algo, ela fecha a porta e eu
olho para Dominic.
— O que aconteceu aqui? — eu pergunto enquanto caminhamos ao
quarto de Dante.
— Também não sei, mas quando descobrir me explique — ele diz e
eu rio.

Resolvemos jantar fora no dia seguinte, afinal Dante fez um mês e é o


aniversário de Dominic, mesmo que ele não goste de comemorar. Na
verdade, ele nunca comemorou. Dominic reservou uma parte exclusiva do
restaurante para a gente. Jace foi sozinho. Elena, Damien e Carina foram no
carro dele, Miguel e Ester no deles e Dom, Dante, Valentina, Eric e eu no
nosso.
Carina me confessou que estava um pouco indecisa e estranha, eu
nunca perguntei a ela o que aconteceu depois do parto de Dante, pois eu vi
Jace saindo de seu quarto pela manhã. Carina nesse um mês tem estado
totalmente centrada na faculdade, em pouco tempo ela pegou o ritmo e suas
notas são as melhores da turma, estamos em abril e o tempo está melhor, ela
me confessou que fez amizade com duas pessoas da sala e que se sentia
muito bem em ter voltado para lá.
Ao chegarmos, o maitre nos guiou para a mesa e eu vi que todos já
estavam lá bebendo e conversando animados. Valentina saiu correndo
puxando Eric com ela e se senta ao lado de Elena.
— Tia, Dante soltou pum — ela sussurra, mas todos ouvimos e
disfarçamos uma risada.
— Faz parte Val, os bebês fazem muito isso — Carina fala e
Valentina ri.
— Como você sabe? — Valentina pergunta curiosa e depois abre um
sorriso grande. — Você e tio Jace vão ter um bebê também?
Carina se engasga com o champanhe e Jace, que estava quieto até
então ao seu lado, bate em suas costas. Eu olho acusadoramente para
Valentina que sabe que seus tios não estão juntos, mas a pestinha pisca para
mim.
— Então tia Carina, quando a cegonha vier trazer o bebê, eu posso
ver? — Valentina insiste e Eric esconde o sorriso bebendo água.
— Claro, querida — Jace fala e Carina o fuzila com o olhar.
— Vamos fazer os pedidos? Estou faminta — ela fala mudando de
assunto e eu vejo Valentina abrindo a boca novamente, percebo que todos da
mesa, inclusive Damien, tentam esconder um sorriso.
— Mamãe também tinha muita fome quando estava grávida — ela
declara e Miguel dá uma batidinha na mesa.
— Pequenina, você está muito curiosa hoje, né? — ele fala e a
atenção de Valentina vai para ele dando o mesmo sorriso sonso que eu dou.
— E você tio Miguel, quando a cegonha vai visitar vocês?
Ester se engasga também e Carina gargalha.
— Graças a Deus Valentina encontrou outra vítima. — Ela levanta
sua taça. — Um brinde aos pequenos filhos curiosos, a Dante fazer um mês e
Dominic ficar mais velho.
— Dante não é curioso — Dominic fala humorado. — O brinde devia
ser a tia e sobrinha curiosas.
Carina teve a decência de corar. Dominic, Damien e Elena escondem
um sorriso.
— Vão a mer... — Ela olha para Eric e Valentina e bufa. — Caçar
coquinhos vocês.
— O que eu perdi? — Miguel pergunta a Jace que também dá de
ombros. Elena já ia abrindo a boca quando a mão de Damien a silencia.
— Carina me achou muito atraente ontem — Damien diz e a
mandíbula de Jace aperta ao mesmo tempo que a de Miguel cai aberta, ele
olha para Ester.
— Quanto tempo passamos na cama? — Ester rola os olhos e Miguel
balança a cabeça.
— Então você achou o corpo de Damien bonito? — Jace pergunta
olhando para seu copo de água.
Carina olha para mim pedindo ajuda e depois para Damien que sorri
sarcasticamente para ela. Elena sorri.
— Chumbo trocado não dói — ela resmunga e Carina balança a
cabeça para eles.
— Vocês se merecem — ela diz divertida, Carina está um espetáculo
com um vestido preto e uma trança lateral soltinha e despojada que dá um
charme com a franja. — Vou ao banheiro.
Dá de costas e sai desfilando.
— O que aconteceu aqui? — Miguel pergunta perdido e Elena bufa.
— Carina ontem tentou me fazer ficar com ciúme de Damien, e hoje
ele fez o mesmo com ela.
— Ahhh, tá — Jace suspira aliviado. — Eu quase pensei que ela
estava atraída por você.
Eu caio na gargalhada e Dominic também. Dante está no carrinho ao
seu lado e faz alguns barulhos, antes de voltar a dormir. Uma garçonete chega
com um pedido e coloca na frente de onde a Carina está sentada, parece que é
mingau, Carina odeia mingau.
— Deve ser um engano — Miguel fala percebendo o mesmo que eu.
— Nossa amiga detesta mingau.
A garçonete nos olha corada.
— Um senhor nos disse que a senhorita Carina adora mingau, então o
chefe fez esse especial para ela, com nozes da macadâmia e frutas, ela não
gosta? — pergunta olhando a notinha. — Ele nos disse que ela gosta.
Eu e Miguel trocamos um olhar e eu comecei a entrar em pânico.
— Você poderia levá-lo — digo e vejo Carina vindo.
— Poxa seus olhudos, vocês iriam pedir sem mim? — Ao ver o
mingau na sua frente ela congelou, olhou para os lados e depois abriu um
sorriso fingido. — Nossa mingau, que delícia.
Miguel a olhou estranhando.
— Você está bem?
Dominic fez sinal para a garçonete ir e nos olhou, enquanto Carina
olhava para o mingau como se fosse pular nela a qualquer momento.
— Muito engraçado vocês — ela resmunga olhando para Miguel e eu.
Na primeira colherada ela engoliu quase vomitando. Todos estavam
sem saber ao certo o que falar, só eu e Miguel sabíamos a história por trás do
mingau.
Carina limpa a boca com um guardanapo e depois de beber o copo de
água de Jace ela olha para a gente.
— Quanto que eu ganhei com isso?
Ela nos esperou rir, mas eu e Miguel estávamos parados. A sorte é
que eu sei que tudo que foi feito para nós está sendo rigorosamente revistado
e esse restaurante é da máfia.
— Carina, nós não te demos isso. — Miguel fala com calma e os
olhos de Carina se arregalam e depois ela ri.
— Tudo beeeem — diz não acreditando e olha o menu. — Eu estou
pensando em costela e vocês?
— Eu quero batatas fritas — Valentina fala sorrindo. — Tia Carina,
você vai comer isso?
— Toma querida, tia Carina não gosta de mingau, nem sabia que
restaurantes serviam isso.
Ela entrega para a Valentina que come animadamente e obriga a Eric
comer com ela, ele olha para Carina, com atenção.
— Você está com a mesma cara que eu faço quando papai me obriga
a comer brócolis — ele fala inocente e acerta no ponto.
Quando a Carina se recusava a ficar nos computadores os seus pais só
lhe davam mingau para comer até ela obedecer, muitas vezes ela fugia para
minha casa para comer, meus pais eram contra isso, mas achavam melhor que
eles baterem nela.
— Sim, querido, meus pais também — ela diz suavemente. — Então
o que vocês vão querer?
Carina foi esperta e mudou de assunto, para não a deixar desanimada,
começamos a conversar normalmente e até o final da noite estávamos todos
felizes. Dominic fez amor comigo novamente a noite e então dormimos
agarrados até Dante acordar com fome. Dominic prometeu que conseguiria
uma babá para ficar com ele a noite, e eu super aceitei, Dante precisa de
bastante atenção e às vezes eu fico perdida com ele.
— Eu te amo — Dominic diz olhando eu dar de mamar para Dante.
Eu sorrio para ele emocionada.
— I love you; Eu te amo; Je t'aime; Te quiero; Ich liebe Dich;
Ohiboka; Te amo; Ya tebya liubliu; Jag älskar dig; Ti amo...
E assim fiquei repetindo e repetindo até Dante adormecer e Dominic
nos levar de volta para o quarto.
— Boa noite, meu anjo.
— Boa noite, meu eterno mafioso.
Capítulo 25
B Ô NUS MIGUEL E ESTER
MIGUEL

A primeira vez que olhei Ester eu quase caí no chão, ela era tão bonita
com os cabelos loiros escuros e a pele pálida. Eu nunca fui fã de loiras — Isis
que não me escute — mas ela mexeu comigo de um jeito que eu soube que
ela seria a minha primeira paixão. Ela tinha um olhar doce, mas ao mesmo
tempo vívido e seguro. Eu esperava uma enfermeira velha e cheia de rugas,
mas quando Jace falou as palavras ‘’jovem’’ e ‘’bonita’’ eu já fiquei
interessado, ao descer as escadas eu estanco meus passos ao ver uma bela
bunda me olhando, ela estava abaixada vendo algo no pé quebrado de Carina,
então ela se senta ao seu lado e começam a conversar.
Estufei meu peito e desci as escadas, mas a mulher nem deu moral, só
se apresentou, Ester Xavier, até seu nome é doce saindo dos meus lábios, sem
falar dos seus seios tapados pela camiseta deixando muito para imaginação e
pouco para ver.
Então Elena me fez o favor de bater com o controle no meu nariz
fazendo-o sangrar.
— Meu Deus — Ester exclamou se aproximando de mim e tocando o
meu rosto, não era o que eu imaginava, mas era melhor que nada. — Vem,
vamos limpar isso.
Ela me arrasta para o banheiro e eu nem fico mais com raiva de Elena.
Ester me senta no vaso e pega um kit de primeiros socorros e começa a
limpar.
— Não foi nada sério — diz ela sorrindo me tranquilizando, sua voz é
tão doce. — Não vai nem ficar marca nesse seu rosto bonito — fala lavando
suas mãos.
— Você acha meu rosto bonito? — pergunto tentando jogar meu
charme, mas minha voz sai nasal e estranha.
Ester dá um pequeno sorriso para mim.
— Sim, mas irá ficar com um pequeno hematoma. — Faz uma cara
fofa enrugando o nariz.
— Obrigada, Elena — resmungo para mim mesmo.
— Senhora Elena é sua namorada? — pergunta distraidamente
secando suas mãos, mas eu percebo a curiosidade, ela também deseja meu
corpo nu.
— Nah, Elena é como uma irmã mais nova pentelha.
— Que bom — ela murmura e arregala os olhos quando percebe que
disse em voz alta.
— Que bom mesmo — digo a saboreando dos pés à cabeça. Ester me
olha com raiva e levanta uma sobrancelha para mim. — Quer jantar fora?
Sexta-feira?
— Não, obrigada, senhor Miguel. — Ela enfatiza o senhor e deixa o
banheiro, eu fico meio parado, ela realmente não quer sair comigo?
Impossível.
Pego sua mão antes que ela saia e a puxo para mim, batendo minha
boca com a dela, meu nariz protesta, mas eu não ligo. Seus lábios são macios
e suculentos, como a melhor coisa que eu já provei. Quando finalmente nos
afastamos ela me olha um pouco atordoada e sai do banheiro sem olhar para
trás.
Depois disso ela não me deu confiança e ia para seu quarto assim que
Carina ou Jace a liberavam, será que eu disse algo errado? No dia seguinte
Isis falou que estava com vontade de balas de caramelo, arrastei Ester
comigo, mas ela, nenhuma confiança me deu, mesmo quando eu mostrei o
carrão que eu estava dirigindo, percebi que ela não é esse tipo de mulher, o
que me deixou ainda mais aceso.
Então veio o dia que ela aceitou, depois de muito pedir, que ela saísse
comigo para um almoço, Carina me ajudou com esse pedido. Andamos pelas
ruas de Boston e eu agradeci aos céus por estar frio, assim eu tinha a desculpa
para grudar meu corpo no dela, eu sabia que teria que trabalhar bastante.
Durante o almoço Ester contou que seu pai é um médico da família, e
ela sempre gostou de enfermagem, começou com dezesseis anos e com seus
dezenove anos estava formada e tinha começado medicina a pedido do seu
pai.
— E você não cansa? — pergunto curioso, ela já é formada em
enfermagem e ainda fazia medicina, era muita coisa.
— Às vezes, mas é uma coisa de família, meu tataravô era médico da
família e assim por diante, eu nasci mulher, mas escolhi fazer enfermagem e
eu adoro — ela diz calmamente enquanto coloca um pedaço de carne na boca
e mastiga, meu pau ficou realmente duro com isso. — Mas aí ele falou que eu
podia melhorar, então estou agora no segundo período de medicina.
— Quantos anos tem, Docinho? — pergunto e ela sorri.
— Docinho? — Rola os olhos e bebe um gole de água. — Tenho
vinte e dois anos, sei que sou jovem, mas estou me saindo bem.
— Você tem vinte dois? — pergunto novamente totalmente descrente
e ela me olha divertida.
— E você?
— Dezenove — resmungo.
— Olha eu posso abusar de você — brinca e eu sorrio safado.
— Baby, pode abusar de mim sempre que quiser.
Seus olhos descem para meus braços, eles estão em forma e eu sorrio
para ela.
— Senhorita Xavier, você está me conferindo? — brinco e ela sorri
para mim.
— E se eu estiver? — me desafia corando.
— Eu ficarei em pé para você ter uma vista melhor.
Ela cora mais ainda e volta a comer.
— Não esquenta, eu também te conferi. — Ela levanta o olhar para
mim lambendo o molho dos lábios.
— Eu percebi. Não parava de olhar para os meus seios ou minha
bunda quando pensava que eu não estava percebendo. — Rola os olhos e
depois murmura. — E o que achou?
— O que já sabia. Você é toda perfeita.
Ela cora novamente e continuamos a conversar, quando ela volta para
a casa de Jace junto comigo. Ela mal olha na minha direção e ajuda Carina a
fazer suas coisas, escuto elas fofocando sobre Hollywood e vou para o meu
quarto, olhando de quarto em quarto vejo que o seu é na frente do meu...
interessante.
Passou um mês e finalmente Ester está me dando uma chance, nesse
tempo saímos um pouco para almoçar ou ir ao cinema, ela é muito chata.
Imagino quando a gente começar a transar na casa de Jace, ela acha isso
antiético, mas também não quer ir para hotel ou para meu apê. Finalmente
Carina retirou o gesso e Ester não precisaria ficar morando lá, só indo para
fazer fisioterapia, eu voltei a morar no meu apê esses dias e hoje ela não me
escapa.
Estava eu sentado no sofá, olhando Ester massageando e exercitando
o pé de Carina, ela nem imagina o que a espera. Ela toma seu tempo e duas
horas depois está pronta para ir embora. Meu pau está duro há duas horas,
quem podia dizer que uma roupa branca podia fazer esse estrago todo no meu
pau. Depois de se despedir de Carina, Ester vai com certeza ir de táxi já que
perguntei ao vigia se ela veio de carro. Ao entrarmos no elevador ela se vira
para mim e coloca as mãos em volta do meu pescoço.
— Então, por que você está me seguindo? — pergunta raspando os
lábios no meu queixo.
— Eu queria te ver, já faz dias que não consigo — reclamo colocando
a mão em sua bunda.
— Eu já falei que tenho aulas o dia todo e plantão duas vezes na
semana.
— Hoje é sábado e até amanhã você é minha.
Ester lambe os lábios e me olha com atenção.
— E como iremos aproveitar isso?
— Você vai ver.
O elevador se abre e eu a levo ao meu carro, até abrir a porta para ela
eu abro, um maldito perfeito cavalheiro. Ela sorri para mim sabendo
exatamente o que estou pensando. Dirijo com a mão em sua perna e ela
conversa comigo sobre como foi seu dia e eu respondo à minha maneira, pois
de um tempo para cá eu me sinto vazio sem ter uma ocupação ou não estar
viajando. As meninas agora estão praticamente casadas e eu só sou... eu.
Ao entrarmos no meu apartamento Ester assovia.
— É mais bonito que eu pensava.
Meu olhar cai para a parede branca com as mãos de Carina, Isis e eu
marcadas. Sorrio lembrando desse dia.
Isis e eu estávamos terminando de pintar a parede do canto de
vermelha quando Carina tropeçou no jornal e caiu com a mão dentro da tinta.
— Só falta a purpurina — ela disse abrindo o potinho que estava em
sua outra mão com a boca. — Eu ia jogar em vocês, mas desisto.
Ela coloca um pouco da purpurina em sua mão e vai guiando até a
parede branca da casa, olho para Isis que segura o riso e também pinta a mão
com tinta vermelha.
— Vai Miguel, nossas mãos têm que estar na parede — ela fala e eu
bufo colocando minha mão dentro da tinta. — Espero que não grude na
minha unha.
Contamos até três e colocamos nossas mãos na parede, Carina não
satisfeita que a purpurina não apareceu, então a coloca em sua mão e
novamente marca a parede que dessa vez fica com a maldita purpurina.
— Me sinto na parada gay — suspiro e Isis ri alto.
— Você ainda vai olhar para essa parede e rir disso, eu tenho certeza.

Ester olha para as mãos e ri me tirando da lembrança.


— Imagino que a maior mão é sua.
— Como todo eu. — Me coloco atrás dela pressionando minha ereção
em suas costas.
— Posso sentir isso — ela diz ofegante e se vira ficando nas pontas
dos pés e me beijando.
Pego ela nos meus braços e a levo para meu quarto, a depositando
delicadamente na cama. Ester está com a pele corada e seus cabelos loiros por
todo o travesseiro. Ela é perfeita. Me deito por cima dela e vou a beijando
enquanto me desfaço de sua camisa e calça, que fica presa nos sapatos
fazendo ela rir.
— Está bem apressado, hein.
— É que você é muito tesão — falo e Ester cora mais que tudo no
mundo.
— Não fale coisas assim — murmura se sentando e me ajudando a
retirar a calça, então ela se senta no meu colo somente com sutiã e calcinhas
brancas. Minhas mãos agarram em sua bunda deliciosa.
— Você vai me repreender se eu quiser brincar de médico?
Ester coloca a cabeça na curva do meu pescoço com o seu pequeno
corpo tremendo de tanto rir. Eu acaricio suas costas e ela olha para mim
mordendo os lábios.
— Eu estava pensando a mesma coisa... podíamos brincar que você
iria fazer um exame de próstata e....
Eu a olho com os olhos mais arregalados que eu jamais estive, então
Ester cai na gargalhada, sua risada é tão gostosa que me faz rir também.
— Meu Deus, eu devia ter gravado a sua cara e mostrado para as
meninas.
— Nem ouse, se isso acontecer eu perco o meu vale macho.
— Vale macho?
— Meu certificado de homem.
— Humm.
— Humm, o que?
Ester beija minha mandíbula e me ajuda a retirar a minha camisa.
— Humm, que eu quero você. Tem sido muito tempo.
— Nem me diga. Mas então, vai ser minha namorada?
Ester parou com os beijos e me olhou descrente.
— Você está realmente perguntando isso agora?
— Sim, claro — eu digo sem me abalar com a sua cara torcida. —
Quero entrar em minha namorada.
— Miguel...
— Nem Miguel, nem Capiroto. Se você disser que não eu vou fazer
você vir tantas vezes que irá me implorar para eu te foder, mas eu não irei.
Ela abre a boca chocada.
— Você não ousaria.
Minha mão desce e entra dentro da sua calcinha e logo acho seu ponto
doce, ela geme e abre mais as pernas, quando vejo que ela está quase vindo
eu aproximo minha boca da dela e paro os movimentos.
— Pague pra ver, Docinho.
Ela bufa e abre seus olhos azuis com raiva para mim.
— Isso não é justo!
— Não é justo você querer o leite, mas não querer comprar a vaca! —
digo arrastando pequenos beijos por sua mandíbula.
— Essa comparação foi desnecessária. — Ela me rouba um beijo e
depois sorri sapeca.
Ester se abaixa e eu já imagino o que ela irá fazer, luto interiormente,
eu não devia deixá-la me enganar desse jeito, mas quando ela tira meu pau
duro de dentro da calça, o meu único movimento é levantar a bunda para ela
abaixar a calça o suficiente para libertar as minhas bolas.
Quando ela vê o meu menino, os seus olhos se arregalam. Isso
querida, você que quis ver a cobra, agora aguenta.
— Docinho, diz a lenda que se você chupar sai leite. — Pisco para
ela.
Ester nem ri da minha piada, só fica olhando embasbacada para o meu
pau. Sei que o menino é grande, mas também não é para tanto estardalhaço,
são vinte dois centímetros de puro amor.
— Vai ficar aí só admirando? — falo brincando e finalmente Ester me
olha e bufa.
— Realmente o seu pé condiz com o tamanho.
Eu gargalho alto, mas perco o ar quando Ester me coloca em sua
boca, então eu sei que estou acabado, ela é minha perdição. Na sua boca eu
encontrei o paraíso e não queria voltar ao inferno tão cedo.
Quando percebi que não aguentaria nem mais um minuto antes de me
envergonhar. A peguei do chão e coloquei na cama, com uma mão eu abri o
sutiã e joguei longe, Ester levantou uma sobrancelha e eu sorri beijando-a de
leve, sem querer responder a sua pergunta eu fui descendo meus beijos até
que cheguei a outro paraíso, o céu das bocetas. E posso dizer que Ester é a
rainha. Rasgo sua calcinha e ela pula assustada, aproveito esse momento e me
delicio do seu calor. Ela geme e tenta se mover para longe da minha boca,
mas eu não deixo, quero tudo dela.
— Meu Deus, Miguel — ela geme alto cavalgando seu orgasmo na
minha cara, sua mão está agarrada nos meus cabelos pressionando meu rosto
no seu centro.
Enfio um dedo e vejo que ela está pronta para mim, quando me afasto
Ester geme frustrada e eu sorriu.
— Calma, baby — digo e direciono meu pau duro e latejante na sua
entrada. — Já sou seu namorado?
— Com certeza comprarei a vaca agora que tive a amostra grátis.
— Melhor compra da sua vida, você tem o contrato vitalício então
pode se fartar. — Ela sorri corada. — Quero muito entrar em você sem
camisinha, eu estou limpo.
— Tudo bem, eu estou protegida e limpa também.
Eu sorrio animado e puxo sua boca para minha ao mesmo tempo que
a penetro com força, engolindo seus gemidos, eu a faço minha e faço a minha
escolha de nunca deixá-la ir, mesmo que tenha que ficar correndo atrás dela
para sempre. Ainda não a amo, mas estou perto. Agora eu sei como Dominic
e Jace se sentem com as meninas.
— Tão apertada, Docinho. — Eu beijo todo o seu rosto enquanto a
fodo com força.
— Isso, mete com força — diz toda safada e eu escondo um sorriso,
vou usar isso mais tarde.
Depois de mais uma rodada estamos totalmente acabados, acaricio os
cabelos de Ester e ela sorri contra o meu peito.
— Nunca achei que seria tão bom assim — diz beijando meu peito.
— Valeu apena comprar a vaca.
— Espero que você ache isso pelo resto da nossa vida — digo
romântico e ela levanta o rosto corado e os lábios inchados.
— Você é romântico.
— Só por você, baby. Quer ir para Las Vegas com as meninas? —
pergunto com desdém, mas o meu plano é engabelá-la e fazer ela se casar
comigo.
Ester serra os olhos.
— Não vamos nos casar Miguel, não mesmo.
— Você faltou a aula de romance na faculdade — brinco dando um
tapinha em sua bunda, uma bunda muito linda por sinal.
— E você era o melhor aluno — joga de volta e eu rio.
— Touché.
— Somos namorados agora Miguel, vamos esperar nos conhecermos
melhor. É um grande passo. Sei que suas amigas casaram cedo e você quer
um relacionamento assim, mas eu gosto das coisas ao meu tempo... nosso
tempo, só vamos curtir juntos.
— Está bem para mim, mas logo eu quero casar e ter filhos....
— Miguel eu acabei de dizer para irmos devagar, somos namorados
há... — Ela olha o relógio e bufa. — Uma hora e você já está falando em
filhos, eu tenho a minha carreira, e não vou desistir dela... se temos a vida
toda pela frente juntos, tempo é o que não nos falta para ter filhos. — Me dá
um selinho e se levanta para pegar a roupa no chão.
— Tudo bem, eu posso ter dado uma pirada básica, vamos levar as
coisas a nosso tempo, não somos apressados como Dominic e Jace, e falando
no último, Jace não é casado com Carina.
— Mas logo serão, só de olhar para eles vemos o amor.
— Mas eles têm que resolver o passado antes, e isso pode machucar.
— Se eles se amam de verdade tudo irá se ajeitar.
Eu a olho por um tempo memorizando esse momento, por fim me
deito na cama e coloco o braço nos meus olhos.
— Continue assim, e vou achar que você frequentou algumas aulas de
romance na faculdade.
— Quem sabe?
Sorrio para ela, Ester chegou no momento em que eu mais me sentia
sozinho. Não é fácil você ver as suas melhores amigas com outras pessoas e
já formando família enquanto você ainda está sem nada. Eu olho ela se
vestindo e sorrindo para mim, isso antes do seu celular tocar e ela me pedir
desculpa com os olhos saindo apressada para o hospital onde ela estagia. Não
paro para pensar em como será o nosso futuro com Ester, provavelmente,
colocando a carreira na frente, simplesmente coloco o braço sobre os meus
olhos e sorrio para o presente.

Estamos no caminho de volta para minha casa e eu ainda estou um


pouco tenso com esse jantar, essa coisa do mingau não parou no meu
estômago. Isis com certeza pensou o mesmo que eu, o olhar da Carina vai
ficar martelando na minha cabeça, ela, de nós três, foi a que parecia menos
quebrada, mas no fim era só sua máscara, que com Jace foi se quebrando e
mostrando a verdadeira Carina. Eu me sinto um péssimo amigo que em todo
esse tempo não percebemos que ela ainda sofre por tudo, Cá sempre foi a
corda que nos mantinha fortes, e agora mais que nunca seremos a dela.
Capítulo 26
CARINA

Ainda estou em choque pelo jantar de ontem, não quis dar alarme,
mas com essa provocação eu confirmei as minhas suspeitas, eles estão
jogando comigo e dessa vez não os deixarei ganhar. Poucas pessoas sabem
sobre a história do mingau, além de Isis e Miguel, os outros estão mortos,
menos um. Hunter.
Eu sabia que cedo ou tarde ele voltaria, na certa sabia da minha perda
de memória e esperou pacientemente ela voltar para me atacar. Não vou
deixá-lo ganhar dessa vez. Todos temos muito a perder. Começou há umas
semanas com coisas bobas, como uma pessoa qualquer chegar a mim e dizer
que meu ‘’amigo’’ me mandou um abraço, ou falando que logo nos veríamos.
No começo eu achava que era um trote da faculdade, mas então começaram a
chegar bilhetes anônimos com datas: Dia do meu aniversário, dia que eu me
infiltrei no esquadrão há quase três anos, dia que Isis e Miguel saíram do
esquadrão graças a minha chantagem, dia do aniversário de morte dos meus
pais, e finalmente o dia de hoje.
Eu estava tão tensa essa manhã que quando recebi esse bilhete voltei
para a casa de Isis, simplesmente parecia que meu corpo não respondia a
mim, eu estava começando a me sentir claustrofóbica quando vi Kai, um dos
seguranças e amigos da casa. Há um mês, depois da minha última noite com
Jace, eu estava com insônia e me sentindo mal, então uma noite eu encontrei
Kai malhando na academia e pedi para ele me treinar, desde então eu tenho
recebido aulas a noite, dele.
Ao me ver Kai levantou uma sobrancelha.
— Não era para você estar na escola?
Rolo os meus olhos e bufo.
— Eu queria saber se você quer treinar comigo um pouco — pedi e
ele assentiu.
— Claro, eu já trocaria de ronda mesmo.
Fomos então para a academia da casa. Já perdi a conta de quantas
marcas na bunda eu tenho de todas as vezes que Kai me derrubou.
Começamos a circular, e já me concentrando esperei o primeiro ataque, Kai
me ensinou que se o agressor for mais forte, ele deve atacar primeiro, pois
você terá mais chance na defesa não no ataque.
— Vamos Carina, me ataque! — ele disse e eu segui suas ordens
mesmo não sendo o que praticamos nesse um mês. — Use a força do
oponente contra ele, se for homem ataque logo nas bolas e se não conseguir,
tente no nariz ou garganta, principalmente garganta.
— Okay, mas por que está me ensinando isso agora? — pergunto
curiosa e Kai me olha sério.
— Você sabe o porquê. Algo te deixou com medo, eu posso sentir
isso — ele disse e me olhou com compaixão. — Você se sentirá melhor se
souber se defender.
— Obrigada. — Minha voz sai embargada e ele assente
compreensivo.
— Agora vamos parar de conversinhas e fazer você derrubar um
gigante. — Ele empina o peito todo seguro de si e eu finjo estar procurando
algo. — O que?
— Estou procurando o gigante — caçoo e dou língua para ele.
Quando Kai perde a atenção eu consigo o levar ao chão com um golpe antigo
que ele me ensinou.
— Boa. Distraia o agressor.
Passamos boa parte da manhã assim, lutando, ele me ensinou vários
truques sujos que me deixaram mais confiante, apesar de eu não ser uma Isis
da vida. Quando estávamos lutando no chão alguém entrou no cômodo,
minha cabeça virou para ver Miguel olhando para Kai e eu com a boca
aberta.
— Espero ter interrompido uma luta, não uma preliminar estranha.
Eu rio e me levanto, me aproximo de Miguel e o abraço, parece que
faz anos que não nos vemos, e não poucas horas.
— Desde quando você está lutando? — me pergunta divertido e olha
para Kai. — É bom você ter ensinado a jogar sujo.
— Claro, Carina é mestra nisso. — Pisca para mim começando a
andar para a saída. — Ela é sua agora — ele grita e eu bufo.
— Isis não me falou que você está lutando. — Miguel se abaixa
retirando o tênis e a camiseta.
— Ela está um pouco ocupada e acabou de sair do resguardo, não é
bom ela começar a malhar agora.
— Concordo, mas para te ensinar não precisa lutar.
— Você conhece ela tão bem quanto eu. — Começo a circulá-lo e
Miguel ri.
— Joelhos um pouco dobrados e firmes.
Sigo as suas ordens e ele me ataca, mas eu desvio, sou rápida. Dou
um soco no seu estômago e Miguel se curva um pouco, mas não para.
— Carina, mire na garganta, minha barriga é dura o suficiente para eu
não sentir tanta dor com o soco, e você é fraca, procure pontos fracos e
expostos. Em vez de machucar a si mesma.
— Kai já me ensinou isso — bufo e repito o processo dando um chute
em sua perna. — Como está a procura de Daniel e Hunter?
— Dominic assumiu depois do acidente. E o FBI também está atrás
deles.
Aceno com a cabeça e tento derrubá-lo.
— Use as pernas. — Seu tom de voz é sereno e me derruba no chão,
agradeço a pessoa que colocou piso de borracha.
Quando ele estende a mão para mim eu chuto seu peito o derrubando
no chão.
— Usei as pernas o suficiente?
Ouço palmas e vejo Isis com roupas de academia parecidas com as
minhas.
— Nunca pensei que veria o dia que você iria bater em Miguel. Bem,
já bateu, mas nunca lutando. — Ela ri se aproximando.
— Também nunca pensei. — Miguel balança a cabeça e mexe a
mandíbula. — Bom chute, tampinha.
— Então por que vocês estão lutando? — ela pergunta se alongando.
— Miguel pediu suas calcinhas?
Eu gargalho enquanto Miguel bufa escondendo um sorriso.
— Quando cheguei aqui ela estava lutando com Kai. — Olha o
fofoqueiro aí.
— Por quê? — Isis pergunta me olhando com atenção.
Respiro fundo e pego minha garrafa de água para ganhar tempo,
quando termino eu os olho.
— Não me sinto muito segura com eles soltos por aí — murmuro
olhando para a garrafa, ocultando os bilhetes.
— Você está cem por cento segura Cá. Dominic colocou seguranças
para ir aonde você for e ainda tem o Jace que fica de olho. — Isis dá de
ombros com normalidade.
— Jace me segue? — pergunto realmente surpresa.
— Quando você entra e quando sai da faculdade — Miguel responde
e sorri para mim. — Ele é um idiota, mas te ama.
— Quem ama não trai. — Eu respiro fundo me afastando deles e
subindo na esteira. Isis e Miguel me olham.
— Você realmente não se imagina voltando para Jace? — Miguel
pergunta agora com a voz cautelosa. Isis tem um olhar triste.
Penso na resposta, mas nenhuma vem. Minha boca se abre e fecha
milhões de vezes antes de eu encontrar a voz para falar.
— Eu não sei — murmuro com a voz quebrada.
Isis vendo a minha reação muda de assunto e assim ficamos
conversando e relembrando o passado, era como se nada tivesse acontecido.
Elena chegou um pouco depois e nos ensinou, ou tentou, nos ensinar a fazer
algumas poses de ioga, foi relaxante. Quando deu seis horas eu estava no meu
quarto sentada na cama, tinha acabado de tomar um banho e precisava de
algo para me ocupar. Olhei o meu notebook na cômoda e peguei a minha
bolsa com os bilhetes e me dirigi ao escritório de Dominic. Bati na porta até
que ele murmurou um ‘’Entra’’.
— Carina? — Ele parecia surpreso.
— Posso entrar?
— Claro, algum problema?
Eu entrei e fechei a porta.
— Mais ou menos, como está a procura de Daniel e Hunter?
Dominic me olhou por um tempo me analisando e por fim suspirou.
— Não conseguimos nada, nossa última pista foi você ter visto Daniel
na frente do prédio de Jace.
Eu o observo por um tempo, sem saber se poderia confiar nele.
— Posso confiar em você, Dominic?
— Você sabe que sim, aconteceu alguma coisa?
Eu pego os bilhetes e lhe entrego, Dominic me olha estático e eu falo
das pessoas me encontrando e trazendo recados de Hunter.
— Você tem certeza que é Hunter? Você estava envolvida com outras
coisas...
— Ele é a única pessoa viva além de Isis e Miguel que sabem sobre o
mingau.
Os olhos de Dominic se arregalam.
— Por isso que te enviaram o mingau ontem! Foi ele então. E que
história é essa do mingau?
— Quando eu não obedecia e seguia as ordens dos meus pais eu era
obrigada a só comer mingau, por dias. Até que eu quebrasse e os obedecesse.
Eles compravam as minhas comidas favoritas e comiam na minha frente. —
A expressão de Dominic se fechou. — Não é nada demais.
— Eles têm sorte de já estarem mortos. Eu acho que é melhor você
não sair mais de casa.
— Eu não vou ficar prisioneira! Hunter que jogar comigo, vamos
deixar ele pensar que está no controle e assim chegaremos a ele e Daniel.
— Você não pode ser uma isca!
— Não é sua escolha! — Eu estou com raiva de todas as pessoas
acharem que sou fraca, mas eu não sou. — Dominic, têm seguranças em
todos os lugares que vou, Hunter e Daniel estão sem dinheiro e sem
credibilidade, ele não irá me atacar com várias armas apontadas para ele!
Dominic fica em silêncio um momento só pensando na situação.
— Agora que você está de volta, foque-se em achar eles atrás da tela
do seu computador.
— Isso pode não ser o suficiente!
— Mas por enquanto é o que faremos!
Eu me levanto e saio da sala com raiva, eles têm que parar de achar
que sou fraca, eles têm que parar de achar que sou apenas um rostinho bonito.
Na manhã seguinte me arrumo e vou para a faculdade, esses dois
meses lá têm sido a minha corda de sanidade, me sinto livre e feliz quase cem
por cento... como me sentia com Jace. Pensar nele dói, mas quando Jace me
traiu a sua última chance acabou, eu o perdoei por se aproveitar da minha
falta de memória, eu acho que teria feito o mesmo no seu lugar. Mas a mágoa
dele me trair ainda está presente toda vez que eu o olho, eu a vejo agarrando-
o, Jace a tocando e fazendo-a sentir as mesmas coisas que eu sentia. Só esses
pensamentos me deixaram enjoada. Essa manhã quando pensei sobre o
assunto o café da manhã subiu pelo meu estômago. Mesmo amando Jace não
posso superar essa traição.
— Viajando pra onde Carina? — Justin Brawn meu colega de turma
me pergunta e Mirian Stuart ri.
— Deve estar sonhando com aquele loiro mara. Quem me dera eu
tivesse ex bonitos.
— Aí não seriam ex — Justin fala e eu rio.
— Só estou com um pouco de dor de cabeça — falo e eles se olham
escondendo um sorriso e eu já sei que vem piadinha ai.
— Cuidado, o seu cérebro de gênio pode estar evoluindo mais ainda.
— Justin mede a minha temperatura pela testa e Mirian pega a minha mão.
— Ainda não ficou com a pele azul — resmunga fingido estar
chateada.
— Sei que vou me arrepender de perguntar, mas pele azul? —
pergunto realmente curiosa, esses dois são hilários.
— Você é uma alienígena disfarçada de gênio gostosa — Justin diz, e
ele e Mirian batem suas mãos.
— Essa foi boa.
— Se vocês já acabaram de brincadeira, podemos começar a aula. —
O professor entra na sala nos fuzilando fazendo um grupinho de nerds
metidos rirem baixo.
— Claro professor, estou com o meu cérebro alienígena evoluindo e
preciso aprender novas coisas — falo e a boca de Mirian cai aberta não
acreditando que eu falei isso, enquanto Justin se engasga com a própria
saliva.
— Que bom que seu cérebro alienígena quer aprender, senhorita
Miller. — O professor pisca para mim e o grupinho me olha com raiva então
eu mando um beijinho no ombro para eles.
— O que foi isso? — Justin pergunta imitando o meu beijinho no
ombro.
— Isso, meu caro, é o hino da Valesca Popozuda.
— Quem? — Mirian entra na conversa sussurrando.
— ‘’Beijinho no ombro e seu recalque passa longe, beijinho no ombro
só para as invejosas de plantão’’ Nunca ouviram? — Eu sei que eles nunca
ouviram, mas eu amo o Brasil e suas músicas.
— Nunca ouvi — Justin fala e me olha curioso. — Essa Valesca
Popun... você entendeu, é americana?
— Não, é brasileira.
— Você fala português? — Mirian pergunta e eu aceno.
— Claro que sim. Quando a aula acabar vou deixar vocês escutarem a
música toda e vou passar a tradução para vocês.
Justin e Mirian aceitaram e voltaram à aula, eu contive um sorriso. No
fim da aula eu fiz como prometido e ainda mostrei o clipe e eles amaram a
Valesca, adorooooo. Eles viraram fãs e ouviram todas as músicas e leram as
traduções na internet. Justin olhava para mim como se eu tivesse descoberto
um novo mundo.
— ‘’Rala sua mandada’’ é a minha frase preferida do mundo agora —
ele fala animado, com a frase adaptada para o inglês e Mirian ri.
— Tu soltou a bicha que tinha dentro dele.
Eu gargalho alto.
— Eu vou te ensinar a coreografia inteira se quiser.
— Quero muito.
— Eu também. — Mirian se anima.
Mirian era linda, meio coreana com os cabelos pretos escorridos.
— Hoje eu tenho um tempinho, querem ir ao parque? — pergunto e
eles acenam animados.
— Pode ser, não teve muito dever hoje — Justin medita. — Nos
encontramos lá depois de trocarmos de roupa? — Aponta para Kai que está
do lado de fora do carro me olhando.
— Sim.
Marcamos o encontro e eles entram no carro de Justin, os dois
dividem um apartamento e são melhores amigos desde pequenos. Conto a
Kai o que vou fazer e ele também ri.
— Se quiser eu também te ensino — brinco e ele cora levemente.
— Não arranje ideias Carina.
Passo em casa e coloco um short preto e um top de malhar amarelo
florescente. Quando vamos para a praça a distância eu vejo Jace e dou um
pequeno sorriso, não custa nada provocar.
— E eu pensando que eram as roupas que te valorizavam — Mirian
resmunga e eu rio.
Vamos para uma parte mais deserta do parque e eu começo a ensinar
a coreografia morrendo de rir com eles todos duros, coloco o som do meu
celular e depois de uma hora eles estão sabendo um pouco do passo. Algumas
pessoas param para olhar e nem é comigo, rio muito com eles e deixo para lá,
é bom me sentir livre.
No final do dia quando volto para a casa Elena e Isis estão me
esperando na entrada.
— O que houve? — Fico preocupada pela cara delas, mas então as
duas racham de rir.
— Você está no facebook e virou meme.
— O QUE? Como assim?
Isis me estende o tablet e eu vejo que alguém me filmou e colocou na
internet, o título do vídeo é A FUNKEIRA AMERICANA. E em poucas
horas teve mais de trezentos mil acessos. Nos vídeos eles só me gravaram e
eu estou gostosa, isso eu posso dizer, os memes são eu dando beijinho no
ombro e está escrito ‘’Beijinho no ombro que eu sou um gênio’’ ou
‘’Beijinho no ombro eu estudo em MIT’’. Vejo que essas fotos estão no site
oficial da faculdade e por todo o mundo, teve brasileiro que colocou em cima
do vídeo escrito em português ‘’olha a animação de quem é um gênio e
consegue fazer o quadradinho perfeitamente’’.
— Fala alguma coisa.
— Eu sou famosa — murmuro e depois olho para elas e grito. — Eu
estou famosa.
Começo a pular animada e rindo.
— Carina você não está entendendo, o MIT pode te expulsar por
conduta imprópria — Isis argumenta.
— Isso foi um marketing para eles — digo sem me importar, eu estou
bombando na internet.
— Carina. — Dominic me olha. Está pensando a mesma coisa que eu,
Hunter mostrou as caras como prevíamos.
— Ele está no papo agora — digo e Isis olha para nós dois.
— O que eu estou perdendo?
— Só Hunter caindo na armadilha ao som de Valesca Popozuda. —
Vou subindo as escadas cantando. — ‘’Desejo a todas inimigas vida longa,
para que elas vejam a cada dia mais nossa vitória, bateu de frente é só tiro,
porrada e bomba...’’
Vou para o quarto e conecto o notebook e o computador começa a
rastrear de onde o vídeo saiu, ele pode ser esperto, mas eu sou mais. Com
esse programa eu posso ver por satélite a pessoa que gravou e assim localizá-
la, mesmo que o celular tenha sido descartável. O programa demorará pelo
menos mais meia hora para localizar. Tomo um banho rápido e vou até o
escritório de Dominic contar a novidade quando escuto a voz de Jace lá
dentro.
— Você a traiu, foi a sua escolha entrar em Drica. Carina precisa de
seu tempo para superar ou libertá-lo. — A voz de Dominic era tão calma,
mas mesmo assim me deixou tensa. Sei que deveria sair dali, mas meus pés
não se mexiam.
— Eu não quis — Jace rosna.
— Quando um não quer, dois não transam. Eu estou do seu lado, mas
você errou Jace.
— Eu estava desmaiado — ele sussurra e meu coração se parte. O que
ele está dizendo? — Quando acordei não conseguia me mover por causa das
drogas, nem meus braços funcionavam... ela me montou mesmo eu
implorando para ela me deixar. — Sua voz estava tão quebrada.
— O que? — Dominic gritou e socou algo, acho que a mesa. — Ela te
estuprou?
— A culpa foi minha Dominic, eu estava bêbado demais para
conseguir afastá-la de mim, a culpa foi minha por ser um drogado de merda
que não pode se defender de uma mulher.
— Você não deixou ela usar seu corpo e mesmo assim ela fez! Isso é
estupro, por que você não me contou? — A voz de Dominic era uma mistura
de dor e raiva. — Eu vou matar aquela puta.
— A culpa foi minha....
— Por que você não me contou? — Pelo tom de Dominic agora a
raiva tinha assumido.
— Eu estava com vergonha — ele murmurou. — Eu sei que foi culpa
dela também por ter me usado sem permissão, mas se eu não estivesse
drogado nada disso teria acontecido.
Escuto um fungo, logo depois Dominic rosna.
— Não chora, porra. Não ouse! Levante sua bunda daí e vai recuperar
a sua mulher agora, vocês dois são vítimas... Se você tivesse nos contado,
tudo poderia ser diferente, Jace.
— Não quero que ela fique comigo por pena, nunca contarei à Carina.
Prefiro que ela pense que sou um fodido traidor, do que um fodido viciado
que não pode se defender de uma mulher minúscula.
As lágrimas caiam sem parar pelos meus olhos, minha testa encostada
na porta, minhas mãos tampavam minha boca para ocultar o soluço que
queria me escapar.
— Como você está com tudo? — Dominic quebra o silêncio.
— A única coisa que me mantém em pé é proteger Carina e fazê-la
me perdoar, só isso.
Eu já estava esticando minhas mãos quando alguém as agarrou, eu iria
gritar, mas sua outra tampou minha boca. Me virei assustada e vi Damien,
que me olhava sério, me arrastou para fora dali e eu deixei, não estava com
condições para entrar em uma luta com alguém com o triplo do meu
tamanho. Ele nos levou a seu quarto e fechou a porta, me sentou na cama e eu
desabei, chorei em silêncio, pois a última coisa que eu queria era que me
descobrissem. Minhas mãos tampavam minha cara e meu corpo sacolejava a
cada soluço. Parece que foram anos até que eles pararam.
— Agora que está mais calma não fará nenhuma burrice — Damien
diz cautelosamente eu o olho.
— Você também ouviu?
Ele acenou com a mandíbula cerrada.
— Você sentir pena dele ou voltar por esse motivo acabaria com ele.
— Ele me olha seriamente. — Se você realmente o ama não o magoará desse
jeito.
— Eu o amo mais que tudo.
— Então vá até ele aos poucos. — Ele finalmente me deu um
pequeno sorriso. — Será bom ter vocês juntos, já passaram por muitas coisas,
merecem ser felizes.
— E você, vai ser feliz com Elena? — perguntei limpando minhas
lágrimas e Damien desviou o olhar.
— Vou tratá-la bem se é isso que está me perguntando. Mas amá-la
eu nunca irei. — Seu olhar verde não encontra o meu. — Eu não amo.
— Todos amam.
— Eu não.
— Quando o amor arrebentar a sua porta você ficará maluco — falei
me levantando e indo até ele e o puxando para um abraço, ele ficou tenso e
depois deu batidinhas nas minhas costas. — Elena é uma boa garota e eu não
dou nem um ano para você estar perdidamente apaixonado por ela.
— Eu não me apaixono — ele fala franzindo o nariz.
— Você irá. — Dou batidinhas no seu peito e me afasto. — Obrigada.
— Você merece ser feliz Carina, você arriscou a sua vida por seus
amigos e por isso tem o meu respeito.
— Não vem com essa comigo não, não tente puxar meu saco, pois se
você magoar Elena, eu ainda vou chutar seu saco.
Ele bufou um sorriso antes de me acompanhar até a porta, me virei
uma última vez para ele.
— Dê mais um tempo para Elena, por favor. — Ele simplesmente
acenou e abriu a porta.
— Obrigada. — Fiquei nas pontas dos pés e dei um beijo em sua
bochecha.
Bem quando eu estava saindo do quarto Elena estava entrando no dela
e ao nos ver arregalou os olhos antes de ficar vermelha de raiva.
— Nem comece — falo indo para o meu quarto e me viro uma última
vez. — Discutam vocês. — O olhar que Damien me dá é para avisar algo,
mas eu rolo os meus olhos e me viro batendo em um peito musculoso, Jace.
Eu não consigo evitar sentir aquela dor no coração pelo que ele
passou, fico me imaginando no lugar dele e é uma sensação horrível. Eu era a
confidente de Isis sobre as várias tentativas de Hunter para entrar nela e até
hoje tenho arrepios.
Jace me olha dos pés à cabeça sem esconder a excitação ao me ver,
mesmo provavelmente eu estando com os olhos vermelhos e nariz inchados.
Seu olhar se volta para meu rosto e ele endurece e coloca a mão no meu
rosto, secando o resto das lágrimas.
— Por que está chorando, pequena? Se é pelo vídeo, a faculdade não
irá te expulsar e eu matarei e me banharei no sangue de quem implicar com
você — diz com raiva e eu escuto Elena murmurando.
— Que profundo.
— Stai zitto![1] [ML12]— Damien murmura, mas meus olhos estão
focados nos lindos olhos cinzentos de Jace.
— Não me mande calar a boca [ML13]— Elena grita e em seguida
escuto uma porta se batendo e logo depois a outra.
Meus olhos se fecham um segundo pelo som, mas quando se abrem
vejo que Jace me olha preocupado.
— Está tudo bem... — Eu me lembro do programa para rastrear
Hunter e gemo. — Porra. — Agarro a mão de Jace e o levo ao meu quarto,
sem dar tempo de dizer algo largo sua mão e vou para o computador. —
Achei!
— O que? — Jace pergunta com a cabeça no meu pescoço. O cheiro
do seu perfume só me dá mais saudade dele.
— Hunter fugiu — suspiro e mostro o satélite mostrando-o
esmagando o celular e jogando no lixo e depois indo para um carro alugado
em seguida entrando num jato.
— Porra! — Jace ruge e eu me levanto.
— Foi o que eu disse — brinco, mas me vem uma tontura e Jace me
segura entes de eu me estabacar no chão.
— Você está passando mal? — Jace pergunta me colocando deitada
na cama. — Você teve muito estresse hoje. Dominic me falou do seu plano e
de ter ficado malhando na academia, você comeu? Vou mandar trazerem
comida agora.
Ele nem espera eu responder e já liga para alguém pedindo minhas
comidas favoritas, não deixo de reparar que ele pediu para dois. Mas não há
outro lugar que queria estar se não ao lado de Jace.
— Deita comigo? — Peço carente e ele rapidamente retira as botas e
se deita ao meu lado e me coloca deitada em seu peito e acaricia meus
cabelos.
— Eu senti sua falta, pequena.
Eu o abraço e adormeço sentindo que tudo mudou e ao mesmo tempo
nada. Não sei o que sentir, mas quero Jace para sempre comigo. Ele não
levou a sua última chance, essa é sua última e acredito que ele nunca fará
nada para perdê-la.
Capítulo 27
JACE

Uma semana se passa e é a melhor para mim, pois Carina não me


tratava mais mal. A convidei duas vezes para tomar um café comigo e ela
aceitou, meu interior gritava que lá no fundo ela me perdoaria e eu nunca
precisaria contar a ela a verdade por trás da traição. Ela também aceitou meu
convite para o cinema e eu consegui roubar um beijo seu o que resultou quase
sermos expulsos do cinema por conduta imprópria.
Carina me chamou em mensagens a noite e para treinar com ela três
dias seguidos, treinamos leve, pois ela estava enjoada e isso me preocupou,
liguei para o médico e ele falou que era normal sentir tonturas e enjoos as
vezes por conta do acidente que causou o traumatismo craniano. Fiquei mais
de uma hora no telefone fazendo perguntas.
Carina: O que está fazendo?
Carina me pergunta por mensagem, olho para o relógio e vejo que já
eram duas da madrugada.
Eu: Nada de bom.
Carina: Não consigo dormir :/
Ela responde e eu sorrio já me levantando e colocando uma calça e
camiseta.
Eu: Chego aí em 10 minutos.
Corro para meu carro e nem espero ela me responder, os seguranças
ao me ver dão um sorrisinho escondido sabendo exatamente o que eu estou
fazendo ali.
— Carina? — Kai pergunta tossindo e os homens soltam risos baixos.
— A cara dele não esconde isso, olha o sorriso — Luka caçoa e Kai
ri.
Eu os ignoro e subo de dois em dois degraus, quando chego no último
vejo que Damien está descendo as escadas, ao me ver me dá um sorriso
pequeno e bate no meu ombro, me deixando seguir meu caminho. Entro no
quarto e vejo Carina com fones de ouvidos e olhos fechados, retiro minhas
roupas ficando só de cueca e me deito ao seu lado roubando um fone.

Nós não nos falamos mais


Como costumávamos
Não nos amamos mais
Para quê foi tudo aquilo?
Oh, não nos falamos mais
Como costumávamos

Olho para Carina que mantém os olhos fechados, mas as lágrimas


caem dos seus olhos, ela sabe que eu estou aqui e que estou ouvindo.

Deve haver uma boa razão pela qual você se foi


De vez em quando eu ainda penso que você
Talvez queira que eu apareça na sua porta
Mas tenho medo demais de que esteja errada

Minha garganta se fecha com essa música e eu agradeço a Deus por


Carina e eu nos falarmos novamente. Seguro sua mão e ouvimos o final da
música.

Deveria saber que seu amor era um jogo


Agora não consigo te tirar do meu cérebro
Oh, é uma pena
Que não nos falamos mais
Carina me agarra e tira os fones da gente e me puxa para um beijo
apaixonado, o sabor está um pouco salgado por suas lágrimas, mas eu não
ligo. Carina se levanta o suficiente para retirar a camiseta grande que ela
veste, debaixo dela vejo uma pequena calcinha, ao ver meu olhar para lá ela
sorri beijando o meu peito. Minha mão vai direto para seu seio e Carina geme
quando eu aperto de leve. Sem esperar mais ela tira sua calcinha e minha
cueca e monta em mim.
Conforme se movimenta ela fala com a voz entrecortada.
— Eu te amo tanto Jace.
— Eu também te amo, pequena e nunca mais deixaremos de nos falar.
Ela sorri e continua a me montar, suas mãos arranhando o meu peito,
mas eu não ligo. Eu nos giro e fico por cima dela e continuamos a ação, acho
o clitóris de Carina e brinco com seu pequeno nervo fazendo ela morder meu
ombro para não gritar.
Quando finalmente estamos satisfeitos Carina me abraça apertado e
eu a pego no colo e nos levo para a sua suíte, ligo a banheira e vejo Carina
observando minha tatuagem com seu nome nas minhas costas, então ela
muda o seu olhar para seu púbis depilado, então eu reparo meu nome escrito
com duas pequenas armas paralelas, exatamente como a minha em cima da
letra. Quando ela fez essa tatuagem? Meu cérebro entra em pane, Carina fez
uma tatuagem com meu nome, como nunca reparei isso?
Eu me aproximo e me abaixo passando os dedos, a tatuagem não está
avermelhada ou inchada. Meu pau salta a vida quando vejo meu sêmen
descendo por suas pernas.
— Quando você fez isso? — pergunto e dou um beijo em sua tattoo.
— Há muito tempo. — Ela acaricia meus cabelos. — Vamos nos
importar com o presente.
— Há quanto tempo Carina? — pergunto sem deixar escapatória, eu
preciso saber.
— Dias depois que você foi embora — sussurra e minha garganta
aperta novamente, mesmo estando ajoelhado minha cabeça bate em seus
seios, eu abraço sua cintura e encosto minha cabeça em seu peito enquanto
me acabo de chorar.
Eu imagino o quanto ela sofreu depois que eu a deixei e ainda teve
que olhar para a tatuagem diariamente, por isso que ela não retirou os cabelos
depois do acidente, só os aparou. Meus soluços ocupam o cômodo e Carina
acaricia meus cabelos antes de se ajoelhar comigo e me abraçar.
— Está tudo bem agora, estamos bem — ela diz segurando meu rosto
com suas mãos pequenas. — Eu te amo e você me ama, estamos bem.
— Eu nunca mais vou te deixar — murmuro com a voz embargada.
— Eu acredito. — Ela acaricia meus cabelos suavemente.

No café da manhã ao descermos as escadas percebo que Carina está


um pouco tensa. Mas eu permaneço forte de mãos dadas com ela, o anel está
em seu dedo brilhando e ela tem as bochechas coradas pelo jeito que eu a
acordei. Existe melhor comida do que a Carina? Se tem não quero saber.
Pareceu um filme de terror quando as cabeças de todos se viraram
para nós. Elena deixou cair a torrada que estava levando a boca e abriu um
enorme sorriso.
— Sabia que aquele som não era Isis, ela não tem a voz tão fina.
— Eu estou voltando para o quarto — Carina anuncia já tentando
fugir, mas eu a pego pela cintura e viro para mim. Seu rosto está mais que
vermelho.
— Para de palhaçada, Elena — digo e puxo Carina para a mesa e ela
se senta não olhando diretamente para ninguém enquanto eu, tenho um
sorriso gigante.
Dominic olha para mim também sorrindo, percebo que todos na mesa
fazem isso, até Valentina.
— Sabia que vocês voltariam. — Ela dá de ombros como se já
esperasse isso e olha para Dominic. — Papai, você precisa me dar a roupa de
cupido que me prometeu.
Damien sorri olhando para Valentina, nem ele aguenta com aquela
fofura.
— Vai virar cupido, bambina?
— Sim tio Dam. Meus próximos alvos serão você e tia Elena. — Ela
faz uma flecha invisível e aponta neles, Damien finge desviar. — Assim não
vale — a menina reclama.
— Então vocês voltaram? — Elena pergunta mudando de assunto. —
E Carina, não precisa ter vergonha, afinal não é primeira vez que escuto...
esses sons.
Carina levanta o olhar para ela e bufa.
— Cala a boca, Elena. — Dá língua para ela e Elena sorri. — Pelo
menos eu estou tendo alguma ação. — Pega um copo de suco e toma com
cara de debochada para Elena.
— É amiga, mostra com quantos paus se faz uma canoa — Isis
incentiva e Carina cora mais que tudo novamente e tosse.
— Pelo visto é só com um mesmo — Elena resmunga e é a vez de
Damien se engasgar.
Valentina termina o café e pede permissão para ir à piscina com Eric,
o menino promete tomar conta dela.
— É claro que você vai me salvar se eu me afogar — a menina diz
toda empinada. — Você me ama.
Eric bufa, mas a segue. Damien faz um som na garganta fazendo o
olharmos.
— Você não acha que eles estão próximos demais? — pergunta a
Dominic. — Isso pode ser perigoso.
— Eu estou de olho, Eric não tem segundas intenções — Dominic
fala e Elena bufa.
— Deixa as crianças brincarem, Eric é um bom menino e é respeitoso.
Ele me chamou de senhora Elena uma vez.
Carina e Isis riem dela.
— Ainda não tem segundas intenções, mas vamos esperar o futuro,
caso ele demonstre algo para intervirmos — Isis fala e se levanta. — Preciso
alimentar Dante, meninas vocês vêm comigo?
Carina me dá um selinho e segue Isis, ela e Elena batem em cada
banda da bunda de Isis fazendo-a soltar palavrões em italiano como Dominic.
Quando me viro para os homens eles estão sorrindo para mim.
— Como é ter sua menina de volta? — Dominic pergunta e eu não
escondo um sorriso.
— É perfeito.
— Não a deixe escapar dessa vez — Damien me fala e eu assinto.
— Não deixarei.
Dominic se levanta da mesa.
— Então vamos para o escritório. Temos que tratar alguns assuntos.
Nos levantamos e o seguimos até seu escritório, Damien fecha a porta
e se senta ao meu lado, de frente para Dominic.
— Vamos começar com qual, Elena ou Carina, vocês escolhem. —
Ele diz e ao mesmo tempo que falo ‘’Carina’’ Damien fala ‘’Elena’’.
— Vamos fazer assim eu vou falar de Carina que é mais rápido,
depois vamos para a Elena. — Nós dois concordarmos e Dominic começa. —
Vocês provavelmente já viram o vídeo de Carina dançando na internet. Essa
foi a sua forma para chamar a atenção de Hunter e localizá-lo, sabia que ele
não perderia a chance de acabar com ela. Ela conseguiu achar, mas demorou
demais, ele entrou num jatinho particular e saiu do país, não sabemos ainda
para onde foi. Mas Carina tentará encontrá-lo.
— Essa coisa da dança foi uma armadilha? Carina é uma menina
inteligente — Damien diz surpreso.
— Minha mulher é um gênio! — exclamo feliz.
— Sim, estou vendo. Ela trabalhará para você? Pois se não, eu a
quero pra mim. — Eu rosno para Damien e ele me olha. — Trabalhando para
mim — explica.
— Sim, ela está trabalhando para mim, mas se precisar dos seus
serviços presumo que ela não negará. Tudo bem, então vamos a outra pauta:
Elena. — Vejo Damien sentar-se ereto. — Eu e meu avô continuamos a
receber propostas de pretendentes, eles acham que é uma armação essa
demora.
— Mas já espalhamos que estamos noivos — Damien diz com raiva.
— Sim, mas desde que Elena criou um instagram eles ficaram...
malucos ao verem ela... e seu corpo.
— Mande ela apagar essa porcaria! — ele grunhe.
— Elena esteve trancada num internato por muito tempo e só agora
está livre, ela, Carina e Isis criaram redes sociais. Você e eu também temos
Damien.
— Mas é para disfarce. — Ele passa as mãos pelo cabelo.
— Eu sugiro que tenham mais fotos juntos, você é famoso na Itália e
eu aqui, use isso a seu favor.
— Como o que? Contratar um paparazzo? — Ele parecia a ponto de
matar alguém.
— Sim, exatamente isso. Saia para jantar ou para qualquer lugar com
ela e posem para algumas fotos, há alguns meses eles descobriram que Elena
está aqui e saiu do internato. Foi um verdadeiro tormento para o assessor
dizer que Elena não daria entrevistas.
Paro para pensar um instante.
— Poderíamos usar isso para achar Daniel.
— Isso o que?
— A imprensa, claro que não podemos dizer que ele está
desaparecido, mas poderíamos dar um jantar para a família ou algo assim
com paparazzos na porta, eles estranhariam a falta de Daniel já que ele está
em todas.
— É uma ótima ideia, e eu ainda poderia usar esse evento com Elena
— Damien fala e Dominic sorri.
— A apresentação do herdeiro da máfia.
Sorrimos e concordamos. Continuamos a conversar mais um pouco
antes que retornássemos a nossos assuntos, eu queria passar o dia todo com
Carina, mas tinha que ir ao Abaixo de Zero com Dominic para resolver
algumas coisas, então deixamos as meninas escolhendo o vestido para a festa
privada que seria na boate hoje a noite, quanto mais rápido melhor. Dominic
mandou que alguns empregados fizessem tudo perfeito para às nove da noite.
Elena animou as meninas e as deixamos organizar tudo.
Cheguei ao Ponto Zero e organizei quem iria servir, seriam alguns
guardas, pois assim estariam disfarçados e poderiam agir caso preciso. Matt
concordou em usar seu dia de folga para ficar no bar instruindo os novos
barmans, mas disse que não poderia ficar até o final da festa, pois sua irmã
havia acabado de chegar. Sobrou para mim escolher algumas das nossas
meninas para dançarem no pole, deixei de fora Drica propositalmente, não
quero que nada acabe com a noite de Carina e a faça me deixar.
— Jace! — Drica gritou correndo atrás de mim. — Por que você não
me escolheu? Sabe que eu sou mais qualificada para esses eventos!
— Drica só vou dizer uma vez! Não se aproxime de mim novamente!
— rosno e me afasto dela entrando no elevador, não antes de vê-la batendo o
pé. Se eu não tivesse prometido a mim mesmo que só mataria por razões
importantes já teria acabado com essa piranha maluca e obcecada.
Ao entrar no escritório de Dominic e citar o que já fiz ele me olhou e
perguntou o que houve e depois de eu falar, ele contou que já está vendo
outro lugar que a queira pois por ele a vadia estaria numa cova. Depois de
resolvermos mais uns assuntos, voltei para a casa e mandei uma faxineira
deixar a casa limpa para Carina, quem sabe minha pequena volte a morar
comigo, mas já estou preparando algo grande para ela, algo que ela não
poderá dizer não.
Quando voltei para a mansão já eram cinco da tarde e vi Carina
saindo do carro com Damien, ela parecia com medo de algo, Damien colocou
sua mão nas suas costas e a guiou para dentro. Eu corri atrás deles, depois de
estacionar o carro e a vi subindo as escadas com Elena enquanto Damien se
sentava no sofá.
— Onde vocês foram? — perguntei e ele me olhou.
— Carina precisava de umas coisas e eu a levei para comprar.
— Sim, Carina não deve andar sozinha. O que compraram?
— Antiácidos, batons, creme depilatórios e essas coisas, não fiquei
olhando — ele diz sem olhar para mim, focado na televisão. — Conseguiram
resolver tudo?
— Sim, quando eu sai de lá já estava praticamente tudo arrumado e o
buffet tinha acabado de chegar.
— E a lista de convidados?
— Todos confirmados.
Ele acenou e se levantou.
— Quer uma bebida?
— Claro.
Capítulo 28
CARINA

— Ainda não me acostumei com a ideia de você dando leite pelos


peitos — digo olhando o pequenino Dante chupando com força e apertando
com sua mãozinha pequena o seio de Isis.
— Dói? — Elena pergunta olhando com a cabeça inclinada e eu faço
o mesmo.
— Só é... diferente — Isis constata e Elena geme nos fazendo olhá-la,
a menina está curvada na cama em posição fetal.
— Cólicas são do demônio — ela exclama se contorcendo.
Eu e Isis rimos um pouco, mas meu riso acaba quando eu lembro que
tem meses que não tomo qualquer anticoncepcional. Sinto meu corpo gelar,
sabe quando você tem a sensação de que algo vai acontecer e todo o seu
corpo congela? É como eu me sinto agora. Meus olhos estão tão arregalados
que eu tenho medo de eles caírem e saírem rolando pelo piso. Observo Isis
que brinca beijando a mãozinha de Dante. Sentindo o meu olhar nela, se vira
para mim, surpresa pela minha cara.
— Você está bem?
— Sim, sim — confirmo rápido demais e ela levanta uma sobrancelha
para mim.
Observo Elena que continua curvada, só que agora tem um travesseiro
na cara. Como quem não quer nada eu pergunto a Isis.
— Qual anticoncepcional você está tomando? — Seja qual for eu vou
tomar, nem que seja de injeção.
Isis me olha com os olhos arregalados e depois para Elena, vendo que
ela não está olhando sibila: ‘’Puta que pariu, estamos fodidas’’. Nem preciso
dizer que caí da cama ao tentar me levantar desesperadamente, Isis também
não está tomando nada, puta que pariu de novo, nós duas podemos estar
grávidas.
— O que houve? — Elena pergunta se sentando e coloca a mão na
barriga. — Vocês têm remédios para cólica?
Isis já iria abrir a boca para falar que está no banheiro, eu a conheço
bem. Mas antes dela abrir a boca grande eu grito.
— Eu vou comprar!
Corro para fora do quarto e em poucos passos tropeço em um corpo
musculoso. Damien. Ele me olha e cruza os braços.
— Por que o desespero?
— Nada — respondo rápido e tiro o cabelo da cara, minhas mãos
tremem mais que a bunda de quem dança funk.
Tento me desviar dele e continuar a minha jornada até a farmácia
mais próxima. Mas Damien não colabora e não me deixa passar.
— Aonde vai? — me questiona, qual é a dele?
— Sua mulher é a Elena, não eu. Então não enche o saco — falo tão
rápido que pareço o Flash e ele não me deixa passar novamente.
— Eu ouvi que ela está com dores e...
— Você estava escutando atrás da porta?! — Minha boca cai no chão
e eu agradeço por eu e Isis termos falado em silêncio. — Isso é horrível!
— Você não falou isso quando ouvia atrás da porta de...
— Okay, estou indo na farmácia comprar remédios para cólica para a
Elena, feliz em saber que a sua futura mulher está sangrando pela vagina e
seu útero está dançando macarena?
Damien rolou os olhos e começou a andar me levando junto com ele.
— Vamos.
— Aonde? Você não vai comigo! — afirmo com raiva, mas seguindo
ele que está segurando a minha mão e me arrastando.
Ele só volta a falar quando estamos dentro do carro já dirigindo para a
farmácia mais próxima.
— Você não deve se arriscar, ainda mais do que fez!
— E o que eu fiz? — pergunto extremamente curiosa.
— Hunter podia estar armado e ter te matado.
— Ah, isso. Foi um pequeno risco, mas valeu apena. Agora sabemos
que ele está atrás de mim e será fácil pegá-lo quando tropeçar.
— Não sei se é doença ou masoquismo — resmunga e estaciona o
carro. — Fique aqui dentro que eu vou comprar os remédios para Elena, será
que devo comprar uma compressa?
— Eu vou comprar e você fica aqui! — digo e Damien ri, é tão
estranho vê-lo sorrir.
— Você tem um alvo apontado para você e quer simplesmente sair
sem seguranças? — caçoa e desce do carro dando a volta e abrindo para mim.
— Vamos.
Ele nos guia para dentro e eu pego uma cestinha e começo a andar
pelos corredores sem o olhar, sei que estou sendo infantil, mas é aquele
ditado né, ‘’Vamos fazer o que?’’. Passo por um dos corredores e vejo
shampoo de camomila, seria ótimo dar uma clareadinha nas pontas, para ter
um contraste. Coloco na cestinha e vejo Damien só olhando, coloco alguns
pregadores e alguns absorventes para tentar afastá-lo, mas ele fica sempre ao
meu lado.
— Não sabia que existiam tantos modelos — ele diz olhando para os
absorventes e eu rio.
Ele nos leva até o farmacêutico e eu começo a suar.
— Pode me esperar na porta se quiser — eu resmungo.
— Não, estou bem.
Um farmacêutico velho se aproxima da gente e eu posso cair a
qualquer momento.
— Boa tarde, o que desejam?
— Remédios para cólica, os melhores que você tiver — Damien fala
prestativo e o velhinho explica a diferença de três marcas diferentes, Damien
escuta atentamente, mas mesmo assim leva os três.
— Só isso? — O senhor pergunta e eu sei que é agora.
— E tes... — Minha garganta fecha e eu fico com dificuldade para
respirar fundo, tomando coragem eu falo sem emoção. — Testes de gravidez.
— Limpo a garganta e olho de soslaio para Damien que estava com um
pequeno sorriso.
O velhinho olha para nós dois e pega quatro marcas diferentes. Então
ele começa a explicar, mas eu o corto, na explicação da segunda marca.
— Eu vou levar três de cada, por favor.
— Sim claro, querem camisinhas? Estamos numa super promoção, na
compra de um pacote você recebe....
— Não, obrigada. — Meu deus, eu vou desmaiar a qualquer
momento. — Só isso.
Seguimos até o caixa e eu nem insisto em pagar já que Damien só
passa as notas para a mulher e nem pede o troco, eu entro no carro e coloco a
sacola plástica dentro da minha bolsa e não falo nada. O carro vai seguindo,
mas eu percebo que não estamos no caminho para a casa.
— Damien, você errou o caminho.
— Não errei não, vamos tomar um café para você se acalmar.
Eu aceno e ele estaciona o carro num café chique. Entramos e ele que
faz nossos pedidos, mas eu nem ligo. Me concentro em pensar no futuro, e se
eu estiver grávida? O que será de mim? Estamos em guerra e eu sou o alvo,
Daniel, Hunter e quem fugiu poderiam vir atrás de mim. Tudo que eu aprendi
será inútil se eu tiver um bebê em meu ventre e não puder me defender para
não causar mal a ele.
— Você está muito nervosa. — Damien me estende uma caneca e eu
aceito, olho dentro e vejo que é chá, não café. — Café faz mal ao feto — ele
diz lendo meus pensamentos.
— Obrigada — murmuro e assim ficamos sem nos falar por uma hora
antes dele dirigir de volta para a casa.
Quando estaciona o carro me olha com atenção.
— Jace é um bom homem e vai te fazer feliz. — Seus olhos verdes
não estão tão severos. — Eu o conheço desde sempre e eu nunca o vi tão feliz
e confortável como quando está com você. Vô Raffaelo acabou com parte de
sua alma quando o colocou naquele cargo... Jace era bom demais para aquilo,
mas também era orgulhoso demais para recusar.
Eu concordo secando minhas lágrimas.
— Mas por você ele largou tudo isso, os vícios, somente para te fazer
feliz e se você estiver realmente grávida ele será o homem mais feliz do
mundo — continua. — Você o ama?
— Mais que tudo — respondo séria. — Espero que um dia você possa
sentir isso e verá o quanto é maravilhoso, Damien.
Ele simplesmente sorri e sai do carro, ele abre a porta para mim e
coloca a mão nas minhas costas me guiando para dentro. Corro direto para o
quarto de Isis que estava andando de um lado para o outro com um roupão e
cabelos molhados. Elena está mexendo no celular e ao me ver bufa.
— Que demora!
Me sinto mal por fazê-la esperar por tanto tempo, pego os remédios e
jogo para ela que sai resmungando. Isis me olha quando eu jogo as doze
caixas de testes de gravidez.
— Seis para cada. — Solto o ar e ela assente.
— Você primeiro — dizemos ao mesmo tempo e rimos de nervoso.
Então tiramos ímpar ou par, algumas vezes antes que eu tivesse
vontade de fazer xixi e fosse obrigada a fazer primeiro. Pego o bendito pote e
mijo nele, morrendo de medo de cair e ficar entalada dentro do vaso. Isis faz
o mesmo processo e depois de separar os testes fazemos e ficamos sentadas
no chão esperando os três minutos.
— Você acha que eu posso estar grávida? Eu acabei de ter Dante —
Isis fala suspirando com os olhos um pouco arregalados de medo. Eu seguro
a sua mão tentando lhe transmitir força. A força que eu não tenho nem para
mim. — Mas se eu estiver, vou amá-lo do mesmo jeito — ela completa
passando a mão pela sua barriga.
Me levanto do chão e me olho no espelho levantando a minha blusa,
minha barriga nunca foi chapada, mas só reparei agora que ela está um pouco
mais gordinha.
— Ou eu estou grávida, ou preciso de uma dieta urgente — brinco e
Isis ri.
— E eu que ainda não recuperei o meu corpo e posso ter outro — ela
diz abrindo o roupão estando nua sem ele, sua barriga está levemente
arredondada, mas nada demais.
— Você está linda Isis, pode parar de graça. Amigaaaaa se estivermos
grávidas vamos precisar de novos cremes para estrias e celulites, eu vi no
outro dia na tevê um creme...
O celular apita e eu e ela calamos a boca e trocamos um olhar.
— Vamos fazer assim, você olha o meu e eu olho o seu — Isis fala e
eu concordo.
Meus olhos se arregalam e lágrimas caem dos meus olhos quando eu
vejo o resultado da Isis, ela está grávida novamente. Olho para Isis e vejo que
ela também está com os olhos lacrimejados.
— Você está grávida — digo e corro abraçando-a e ela faz o mesmo
comigo.
— Você também.
Então começamos a pular de um lado para o outro, eu não posso
acreditar que nós duas estamos grávidas. Já imagino nossos filhos da mesma
sala, sendo melhores amigos, namorando quem sabe. Nossa animação é tanta
que começamos a dançar e pular ao mesmo tempo.
— Isis? — Escutamos a voz de Dominic e logo depois ele invade o
banheiro e olha para nós duas. — O que houve?
Isis o abraça e eu aproveito esse momento e pego os meus seis testes
discretamente, quero mostrar a Jace. Quando estou saindo do banheiro vejo
Dominic olhando para os testes em cima da bancada.
— Você está grávida? — Ele tem um sorriso enorme e eu decido os
deixar sozinhos, quando estou fechando a porta o escuto falando. — Estou
tão feliz, eu te amo tanto.
Corro para meu quarto e começo a me arrumar, lavo meus cabelos
com shampoo de camomila e eles clareiam um pouco, pois não tem sol aqui,
eles ficam como luzes mel. Os seco e aliso, em seguida coloco o vestido
escolhido que estava estendido na cama, as costureiras são muito rápidas em
fazer os ajustes, o vestido é vinho com um decote em V na frente e ele é
estilo sereia, marcando todo o meu corpo apertado até meus joelhos, então ele
alarga um pouco embaixo. Decido fazer cachos no cabelo e escolho uma
maquiagem mais dark, batom vinho combinando com o vestido e olhos
pretos esfumados.
Quando finalmente estou pronta vejo que já são nove e quinze, desço
as escadas e vejo que Elena já está lá arrasando com um vestido azul celeste
marcando todo o seu corpo e realçando seus olhos, seus cabelos estão
escorridos e partidos ao meio.
— Uau, está linda! — falo e ela sorri.
— Você está maravilhosa! — Me elogia quando eu fico ao seu lado.
— É bom falarem que eu também estou perfeita — Isis fala descendo
as escadas com um vestido branco com um corte lateral e batom vermelho.
Seus lábios estão vermelhos vivos.
— Você sabe que é — Dominic diz vindo a ela e a beijando. — Está
magnífica.
— Obrigada, amor — ela responde e sorri dando-lhe um outro
selinho.
— Meninas eu vou precisar de uma pequena ajuda de vocês, se
lembram de Bella? — Dominic pergunta e eu e Isis assentimos.
— A minha cópia? — Elena pergunta bufando. — Pelo o que eu
entendi ela pode ser nossa irmã, o que precisa cabelo? Saliva? Unha?
Jace esconde a risada beijando o meu pescoço, sua mão vai para a
minha cintura. Seus lábios sobem até o lóbulo da minha orelha.
— Você está perfeita. Amei o cabelo, você pintou? — Meu corpo se
arrepia com sua voz rouca.
— Shampoo de camomila — digo em um sussurro, estou a ponto de
nos arrastar até meu quarto.
— Nada tão precipitado, só precisam fazer ela beber uma taça e
depois entregarem a um garçom disfarçado — Jace fala alto para todos
ouvirmos.
Vejo que Isis está nos braços de Dominic do jeito que estou no de
Jace. Olho para Elena e vejo ela olhando para qualquer outro lugar além de
Damien que admira o seu corpo sem o menor pudor. Eu vejo que terei que ser
a fada madrinha desses dois. Eu tusso e ele me olha, eu olho para a Elena e
depois para ele pelo menos umas três vezes e ele deixa escapar um sorrisinho
de lado o deixando menos aterrorizante. Ele me lança um olhar curioso e seus
olhos descem para a minha barriga rapidamente, claramente Damien é um
fofoqueiro que quer saber se estou grávida.
— Damien com todo o respeito, se você continuar olhando para
minha mulher desse jeito teremos um sério problema! — Jace fala e eu me
viro para ele que nem me dá bola, lançando um olhar matador para Damien
que o olha divertido.
— Não estou olhando com falta de respeito, Carina e eu somos
amigos.
Eu sorrio e não posso evitar falar.
— Se somos amigos você deve seguir mais os meus conselhos e dar o
bote em Elena antes que outro dê.
Elena engasga e Isis esconde um riso abraçando Dominic que me olha
com os olhos azuis sombrios entre abertos, eu pisco e mando um beijo para
ele sem me importar com sua cara feia. Jace tem a mesma expressão que ele.
E Elena me olha com raiva, mas eu sei que um dia ela irá me agradecer, ela
precisa abraçar o seu futuro ou será impossível eles conviverem sem se
matarem.
— O mesmo serve para você Elena, Damien é muito bonito e deve ter
muitas mulheres atrás dele — acrescento e Jace aperta de leve o meu quadril
em um aviso silencioso para eu ficar quieta.
— Com certeza ele tem biscates atrás dele, afinal ele é ‘’O
Insaciável’’ — ela diz em tom de ironia. Então é isso, ela sente ciúme dele.
— ‘’O Insaciável?’’ — pergunto e Damien cora levemente.
— É um status — Dominic fala e Isis só observa com cara de
paisagem, não duvido nada que de fininho ela saia para pegar pipoca.
— E eu achando que tu era quietinho — bufo e pego o meu celular.
— Com certeza você é um Raffaelo.
Pesquiso no Google , Damien Loschiavo ‘’O Insaciável’’ e fico
surpresa ao ver mais imagens dele com mulheres diferentes do que de atores
famosos. Parece que Damien tem fama de galinha, agora eu entendo o porquê
de Elena estar com raiva, o cara com certeza gosta de ‘’diversidade’’.
— Damien você é uma puta!
Não dá para controlar, todos riem inclusive ele e Elena. Então cada
um entra no seu carro e seguimos até o Abaixo de Zero, vamos em casais e eu
mando uma mensagem a Miguel avisando que estamos no caminho, ele fala
que se sentiu uma celebridade de tanta foto que tiraram dele com Ester. Jace
segue o caminho com a mão na minha coxa massageando de leve. Minha
língua coça para contar a ele a novidade, mas quero preparar uma grande
surpresa antes.
Como Miguel disse, os paparazzi tiraram muitas fotos e quando
perguntaram a Jace quem eu era ele respondeu me puxando para ele.
— Carina Miller, a mulher da minha vida.
Nem preciso dizer que o abracei, o enchi de beijos e por último
entramos. Eu estava pasma com a beleza do lugar, o Abaixo de Zero sempre
foi belíssimo, mas agora estava fantástico. Tudo em tons de prata e azul,
tornando um ambiente sensual. Mulheres pintadas de prata por inteiro
dançavam em pequenas plataformas. Música da moda e pessoas bonitas, eu
nunca pensei que essa boate ficaria mais bela. Vi que Isis estava tão
encantada como eu.
— Cá, é um arraso. Quem será que foi o arquiteto e decorador? — ela
pergunta e eu rio, Isis tem enchido o saco de Dominic para voltar a trabalhar.
— Não sei, mas está perfeito e foi feito tudo em só um dia.
— O poder do dinheiro — Dominic constata e se vira indo
cumprimentar as pessoas.
Jace se aproxima e tem duas taças de champanhe em mãos. Meus
olhos se arregalam de leve e eu vejo Isis fazendo o mesmo, Jace nos entrega e
nós enrolamos. Isis tenta olhar para Dominic, mas ele está cumprimentando
umas pessoas. Ela não quer contar agora que está grávida para todo mundo e
eu respeito a sua decisão, pois estou passando pelo mesmo. Eu já não tenho
mais a desculpa dos remédios e isso só pioraria as coisas, trocamos outros
olhares e para a minha salvação Elena e Damien se aproximaram. Damien ao
ver a minha cara ‘’discreta’’ pedindo ajuda me olha com uma sobrancelha
erguida, antes de ver a taça na minha mão e sorrir de lado.
Miguel chega e na hora dos cumprimentos Damien pega a taça da
minha mão e toma tudo num gole e me devolve rapidamente, eu o cutuco e
aponto para a Isis, o mesmo arregala os olhos realmente surpreso, mas bebe o
dela também. Olho para Elena e vejo sua cabeça trabalhando antes dela
arregalar os olhos e abrir a boca, mas Damien me salva e a pega pela cintura
a levando para dançar.
— Foi por pouco — Isis murmura ao meu lado.
Miguel vem a nós e nos beija na bochecha.
— Vocês estão maravilhosas.
Ester também troca elogios conosco e assim ficamos conversando por
alguns minutos antes de Jace abrir a boca e falar.
— Pequena, cuidado com a bebida, já tomou tudo. — Minhas
bochechas coram e Miguel acha graça.
— Isis e Carina são duas pé de cana, só saíam carregadas.
Isis ao meu lado ri sem graça.
— Depois dessa conversa nem vou beber mais hoje — ela diz
entregando a taça vazia para o garçom e eu faço o mesmo. A safada já
encontrou a deixa, ela olha pra mim e dá de ombros, meio que dizendo: ‘’Se
vira’’.
— Eu também não, misturar com os remédios é perigoso e...
— Os medicamentos já acabaram há semanas — Ester diz levantando
o olhar do celular e pela primeira vez eu quero bater nela.
Isis tenta conter o riso, mas cai na gargalhada. Dominic olha para nós
duas nos encarando e depois volta a sua atenção total para Isis.
— Estamos perdendo algo? — Ele não sabe que eu estou grávida.
— Também quero saber — Jace fala me abraçando por trás.
— Olha eu amo essa música, vamos dançar. — O puxo para a pista de
dança, não antes de ouvir mais uma risada de Isis. A vaca me avisou que
contaria a todos depois que fizesse os exames com Dominic para confirmar.
Eu também quero fazer antes de espalhar para todos. Eu sei o quanto Jace
quer ser pai e não quero deixá-lo triste caso os seis testes estejam errados.
Não custa sonhar.
Eu envolvo minhas mãos em seu pescoço e eu agradeço a esse salto
por me dar tamanho o suficiente para fazer isso. Jace acaricia minhas costas
enquanto dançamos colados ao som de Sia, Elastic Heart. Ele me olha
intensamente quando o refrão começa a cantar.
Você não me rompeu
Ainda estou lutando por paz

Bem, eu tenho uma pele grossa e um coração elástico


Mas sua lâmina pode ser muito afiada
Eu sou como um elástico, até que você puxe com muita força
É, eu posso arrebentar e eu me movo rápido
Mas você não me verá despedaçar
Porque eu tenho um coração elástico

Seu olhar não escondia nenhum pouco o desejo, eu sorri e me virei


encostando minhas costas em seu peito, ele abraçou minha cintura e assim
dançamos, nossas mãos entrelaçadas enquanto lentamente eu esfregava
minha bunda nele. Quando o refrão tocou novamente ele me girou de volta
aos seus braços e eu sorri feliz. Essa música me tocou de mais nos momentos
em que estivemos separados, parece que a Sia fez essa música para a gente.
Eu tenho um coração de elástico, mas de uma coisa eu posso ter certeza, Jace
Donavan não rompeu o elástico.
Continuamos até o final da música, quando eu sussurrei no ouvido de
Jace sedutoramente, ‘’Eu tenho um coração de elástico’’. Ele não esperou
nem mais um segundo e me arrastou para fora do salão, me levando até o
estoque de bebidas e trancando a porta. O seu olhar quente não deixava
dúvida do que faríamos, eu já estava pulando internamente e tentando dar
estrelinhas, provavelmente caí, mas quem se importa em pensar em algo
quando se tem o homem mais bonito do mundo me olhando
apaixonadamente.
Sua mão vai para as minhas costas e ele abre o meu vestido o
retirando com delicadeza e colocando esticado numa mesa limpa. Seu olhar
faminto cai nos meus seios nus, esse vestido não precisa de sutiã. Então mais
em baixo digitalizando minha pequena calcinha azul de renda, para ele ter
uma visão ainda melhor mordo o lábio e viro de costas, ouvindo a sua
respiração descompassar, a calcinha é um fio dental atrás, minúsculo mesmo.
— Carina — ele clama meu nome numa forma tão crua que eu me
arrepio.
Me viro lentamente para ele com uma cara de santa que não engana
ninguém, ele rapidamente retira as suas roupas ficando pelado na minha
frente, minha boca enche d’água e eu me ajoelho tomando seu lindo pau em
minha boca. Jace rosna e segura meu ombro, tomando cuidado para não
bagunçar meu cabelo. Eu o acaricio com uma mão tomando tudo que posso,
com cuidado para não cair em lágrimas e borrar minha maquiagem, Jace
estremece e eu me afasto. Seus olhos estão entreabertos e ele levanta uma
perna e coloca minha calcinha pro lado, entrando em mim e fazendo meu
mundo girar.
Quando finalmente acabamos eu estou exausta, mas feliz. Jace tem
um sorriso de um menino que acabou de ganhar um presente de natal. Ele me
ajuda a me vestir e eu faço o mesmo com ele, tentando ajeitar os seus cabelos
bagunçados, eu não tive a mesma delicadeza dele. Me surpreendendo Jace
pega o batom na minha bolsa e passa em mim eu tento não sorrir para não
atrapalhá-lo, depois me olha de longe e ajeita meu cabelo.
— Você está com uma ótima cara de recém fodida.
Eu dou um soquinho nele que ri e abre a minha bolsa para colocar o
batom no lugar, seus olhos e boca se arregalam ao ver o que tem dentro e ao
perceber eu dou um sorriso para ele. Jace viu os testes de gravidez.
— Carina...
— Surpresa!
— Porra!
— Eu sei.
— Me diz que não é mentira.
— Não é. Mas precisamos ir ao médico confirmar.
— Eu preciso me sentar — ele fala sem me olhar, se senta numa
cadeira e coloca o rosto entre as mãos.
Meu coração dói, sei que voltamos agora, mas Jace não quer te filhos
comigo? Eu me aproximo dele com o coração doendo. Ele ainda tem um dos
testes em mão. Me ajoelho na sua frente.
— Querido se você não quer, eu posso cuidar soz...
Ele levanta o olhar para mim e eu perco a voz, Jace está chorando. Ele
se levanta e me leva com ele. Então me surpreende me abraçando apertado.
— Vamos ter um bebezinho — diz contra a minha nuca.
— Sim, nós vamos — respondo emocionada, minha voz sai rouca e
fraca.
— Eu juro que serei o melhor pai do mundo, pequena — diz e depois
soluça. — Eu vou ser pai.
— Sim, querido. Você já é.
— Eu me sinto tão feliz. — Ele gruda nossas testas e me dá um
selinho.
Eu caio no choro e o abraço apertado. Jace então arregala os olhos
para mim.
— Você bebeu champanhe! Eu sou o pior pai do mundo.
Eu não posso evitar e rio.
— Eu não bebi, Damien que bebeu. — O olhar de Jace então estreita.
— Ele soube primeiro que eu? — Seu olhar então era magoado.
— Ele me levou a farmácia e me viu comprando os testes. —
Acaricio seu rosto. — Eu estava esperando um momento melhor para te falar,
estava pensando em primeiro fazer o teste de sangue e em seguida uma
surpresa, mas você estragou. — Dou um tapa no seu peito de brincadeira e
ele sorri largamente.
— Então você descobriu hoje.
— Sim, mas eu ainda tenho que fazer os exames para confirmar e
saber quanto tempo, podem ser semanas ou até mais.
— Eu estou realmente feliz que você voltou pra mim antes de saber,
eu sempre ficaria na dúvida se voltou para mim só por pena. — Então ele me
abraça e eu desmorono.
Jace nunca pode saber que eu descobri sobre Drica.

Eu estou junto com as meninas conversando sobre a gravidez, eu não


aguentei ficar quieta, Jace e eu somos muito afobados. Elena já ameaçou me
bater se eu não fizer dela a madrinha. Isis ainda não contou a ninguém, vai
esperar fazer o exame para poder contar para Valentina e a todos já
mostrando as fotos da ultra, eu achei a ideia ótima. Ester nos confessou que
está se apaixonando por Miguel, mas o acha muito intenso e que não tem
tanto tempo quanto queria para ele. Posso dizer que tampei meus ouvidos
para não ouvir sobre sacanagens de Miguel. Ele é quase um irmão para mim,
pensar nele fazendo qualquer coisa sexy dá nojo. Isis riu quando eu falei
exatamente isso e concordou veemente.
Bem perto da gente os homens conversavam, Jace tinha um grande
sorriso no rosto e apesar de não termos feito o exame confirmando a minha
gravidez, ele está quase abrindo a boca para Deus e o mundo, mas sabemos
que é perigoso. Hunter está atrás de mim. Depois de conversarmos mais um
pouco somente as meninas, nos juntamos a eles e aí entramos em assuntos
comuns. Vira e mexe alguém vinha cumprimentar a gente. Então Dominic
arrastou Isis para o palco e começou um pequeno discurso.
— Muito obrigada a todos presentes, esse dia está sendo muito
especial para mim, hoje apresento meu herdeiro que seguirá nos negócios da
família. — Sua voz era forte e segura, não deixando dúvida que nada
estragaria os planos, Dante quando mais velho irá governar. Uma foto
enorme de Dante aparece na tela atrás do palco e todos aplaudem. — Um
brinde a Dante e a minha mulher maravilhosa Isis Raffaelo.
Eles voltam para a gente e Isis tem um sorriso no rosto, no caminho
ela sussurra algo no ouvido de Dominic que dá um sorriso de lado, sua mão
em sua cintura aperta. Volto minha atenção pelo salão então vejo Bella junto
com Apollo King. Ela está linda e parece mais feliz, mas ao mesmo tempo
um pouco tensa olhando para todas as pessoas. A olhando novamente fico
realmente assustada com a semelhança com Elena, a não ser por Bella ser um
pouco mais baixa e não ter tanto corpo quanto Elena. Ao nos ver ela estanca
o passo e olha para Apollo que diz algo que a tranquiliza.
Isis ao meu lado me cutuca e eu cutuco Jace, que me olha sem
entender.
— Boa noite! — Apollo diz parando na nossa frente.
— Boa noite — Bella diz com a voz doce.
Damien se vira e levanta uma sobrancelha olhando para ela e depois
para Elena que tem a boca aberta.
— Menina, mas tu é minha cara — Elena diz e eu solto um risinho
nervoso.
Bella sorri, mas está claramente desconfortável. Apollo para quebrar o
clima começa a conversar normalmente, vejo que Bella olha para Dominic e
Elena, ela tem uma expressão de dor no rosto. Ela olha também em volta
como se a qualquer momento um monstro fosse aparecer.
Um garçom chega e nos serve, eu recuso e Jace também. Isis também
nega e fica falando safadeza no ouvido de Dominic, que tem a mão apertada
no Bourbon e um sorriso escondido no rosto. Esses dois estão sempre em lua
de mel. Damien como sempre está sério e assustador. Elena por sua vez não
para de encarar Bella. Quando eles acabam de beber o garçom volta e recolhe
as taças, vejo ele discretamente separando a de Bella das outras.
— Vamos parar com isso — Elena diz e olha para Bella. — Daniel
claramente não usou proteção, ou você está cheia de cirurgias plásticas. Nick
ela tem o nariz do vovô, nossos olhos e sobrancelhas.
— E-eu não sei do que está falando. Muita gente tem olhos azuis e
cabelos pretos — Bella diz nervosa e olha pra Apollo, que segura a sua mão
lhe tranquilizando.
— Raffaelo, com todo respeito, Bella é minha noiva. E não tem que
entrar nesse assunto, ela está em boas mãos.
A sobrancelha de Dominic levanta um pouco e ele olha para Bella.
— Eu e o restante da família gostaríamos de saber se você é nossa
parente, nenhum mal vai lhe atingir. Daniel está sendo caçado e tem sentença
de morte.
Os olhos de Bella se enchem d’água e ela desvia o olhar. Só não
enxerga quem não quer que ela é uma Raffaelo.
— Vamos fazer assim, amanhã vocês vão jantar em minha casa e aí
conversamos. — Dominic fala e Apolo acena sabendo que não tem outra
saída.
— Eu vou ao banheiro — falo e Jace concorda.
— Eu vou também — Elena concorda e eu sorrio para ela.
— Eu também — Bella murmura e então vamos juntas.
Eu faço xixi enquanto Elena ajeita o batom e Bella molha a nuca.
— Sabe, eu sei que você tem medo dele, eu também tenho. — Escuto
Elena falar para Bella e decido ficar mais um pouco no reservado, essa é uma
conversa de irmãs, se for confirmado pelo DNA de Bella. — Eu sou filha de
uma prostituta. Daniel é realmente um monstro, mas ele não pode nos tocar.
— Eu não sou filha dele, meu pai é Theodoro...
— Eu sei que pai é quem cria — Elena responde. — Meus pais foram
Nick e Jace praticamente.
Eu escuto um choro baixo e sei que é de Bella.
— Eu não sei o que fazer, estou com tanto, mas tanto medo — ela
sussurra.
— Você não entende, ele não pode chegar a você, ele nunca poderia
se meu avô, nosso avô e Nick o proibissem, você sempre esteve segura.
Então um soluço alto vem.
— Eu estive sempre segura? — ela sussurra para ela mesma com a
voz quebrada.
Eu saio do banheiro e a vejo sentada soluçando, quando ela levanta o
olhar eu vejo, ela está quebrada. Sem falar nada eu a puxo para mim e a
abraço, Elena faz o mesmo. Poucos minutos após, alguém bate na porta e
depois Apollo entra e vai direto para Bella, não antes de olhar com raiva para
mim e Elena.
— Meu amor, o que houve?
Bella o olhou com tanta dor que doeu em mim.
— Eu preciso te contar... tudo — murmura entre soluços. — Eu
preciso falar.
Eu os olhei e fiz um barulho com a garganta.
— A boate tem uma saída traseira, encontre um dos seguranças, eles
vão te ajudar a sair sem serem vistos.
Bella me olha agradecida e eles saem. Vejo que Elena ainda está
petrificada.
— Ou ela morre de medo de Daniel ou tem um segredo macabro —
ela murmura e se olha no espelho. — Me sinto mal por ela.
— Eu também. — Sem perceber eu toco minha barriga e escuto a
risada de Elena.
— Não acredito nisso ainda Clorofila.
— Nem eu. — Sorrio me imaginando com meu bebê em meus braços.
— Estou feliz por você.
Eu sorrio e abraço Elena, em pouco tempo essa menina conquistou
um grande espaço no meu coração.
Uma pessoa entra no banheiro e se olha no espelho, de costas vejo o
vestido totalmente vulgar e ao ver seu rosto pelo espelho meu coração para,
Drica. Eu sinto meu sangue ferver e na hora não penso em nada, só a pego
pelos cabelos e a derrubo no chão, ela me olha assustada com os olhos muito
arregalados.
— Eu vou te matar pelo o que você fez com ele — eu grito acertando
um tapa na sua cara, ela grita e Elena fica tentando me tirar de cima dela.
— Para Carina, o bebê — ela diz no meu ouvido e eu a deixo me
puxar para longe de Drica, que tenta se levantar.
— Sua louca! — ela fala tentando ajeitar o vestido e eu dou um passo
à frente, pronta para fazer caldo de vadia.
— Eu vou acabar com você! — eu grito novamente tentando sair dos
braços de Elena. — Não me segura! — grito com Elena que me olha
desesperada através do espelho.
— O que você fez, Drica?! — Elena pergunta ainda me segurando.
— Eu não fiz nada, essa louca me atacou. — Drica começa a chorar.
— Eu estou toda dolorida. — Toca seu rosto.
— Você estuprou ele sua puta! — grito com toda força e Elena me
solta.
Vejo que Elena estava totalmente pasma. Ela me olha com os olhos
cheios de lágrimas.
— Me diz que é mentira — Elena fala com a voz quebrada, eu sei o
que ela está sentindo imaginando o meu amor, incapaz de se defender. Eu
nego sem conseguir falar e Elena volta a sua atenção para Drica, que agora
está pálida. — Você se lembra que me defendeu de Rebecca?
— Sim — murmuro e a vejo tirando os brincos.
— Você não vai sujar suas mãos com ela, muito menos agora que
você está nesse estado.
— Elena fique fora diss...
Elena nem me olha quando voa para cima de Drica a derrubando com
força no chão, ela cai com tanta força que o barulho de sua cabeça batendo no
azulejo é insuportável. Elena não a espera se recuperar e mete as unhas na
cara dela, não satisfeita puxa os cabelos dela batendo com a sua cabeça no
chão seguidas vezes. Drica grita com força e esse som me irrita.
— Dá um soco na garganta para ela calar a boca — grito, e Elena ri
alto fazendo o que eu digo.
Drica dá um grito estrangulado, antes de começar a tossir, então Elena
começa a socar seu nariz que estoura e o sangue cai entre elas. Drica agarra o
braço de Elena com as unhas falsas e Elena grita quando as unhas entram em
sua pele.
— Vadia, você está morta! — Elena grita e eu fico pensando se já está
na hora de separar ou não. — Carina pega na minha bolsa a tesoura.
Eu nem penso duas vezes e pego a bendita tesoura enquanto Elena
segura os braços de Drica que tenta se libertar. Me abaixo atrás de sua cabeça
e começo a cortar seus cabelos. Drica ruge e lágrimas grossas saem dela, eu
não sinto nenhum pingo de pena, se ela é mulher suficiente para dar em cima
e pegar um homem inconsciente também é mulher para aguentar uma surra.
— Pa-parem por favor — ela implora chorando e Elena ri alto, mas
sem um pingo de graça.
— Você parou quando ele implorou? — eu falo baixo com lágrimas
caindo dos meus olhos.
Elena continua a socar a cara dela enquanto eu seguro os braços dela,
faço uma nota mental de nunca brigar com Elena, apesar de não ser uma Isis
dá vida, ela sabe como bater em uma mulher.
— Carina! — Uma voz que eu conheço bem grita. Jace. Logo depois
Dominic, Isis e Damien entram. O último realmente demonstra emoção ao
ver Elena arrebentando Drica.
— Elena! — ele diz com a voz grossa e a puxa de cima, não antes
dela dar um chute na cara de Drica.
Jace também me pega e me afasta da vadia.
— O que está acontecendo? — Isis grita e me olha. — Você é maluca
de bater em Drica no estado que está!
— Cala a boca, Isis! — eu falo com raiva. — Essa vadia atacou Jace
quando ele estava inconsciente.
O corpo de Jace fica parado e mais lágrimas caem dos meus olhos. Os
olhos de Isis se arregalam e ela olha com um ódio tão mortal para Drica que
até eu fico com medo.
— Eu só não vou te bater até a morte, pois estou grávida e não vou
arriscar meu bebê... Mas você está morta. — Isis sem querer na raiva contou
seu segredo.
Drica começa a chorar alto e vira para Jace.
— Por favor, não faz isso comigo — ela implora. — Eu não quero
morrer. Eu não sabia, eu juro.
— Devia ter pensado nisso antes, sua puta — Elena grita
descontrolada. — Me larga Damien, eu vou acabar com essa vadia, ninguém
mexe com a minha família.
— Calada, Elena — Damien grunhe alto e Elena estaca todos os
movimentos, virando uma estátua. A voz do Damien é assustadora.
Dois seguranças entram e olham para Drica no chão.
— A levem — Dominic fala e olha para Jace atrás de mim. — A
escolha é sua do que fazemos com ela.
— Mate a vadia! — Elena grita recuperando a voz, mas sem lutar
com Damien.
— A escolha é dele, Elena — Isis diz com a voz mais fria que já ouvi.
Eu me viro para Jace, mas seus olhos não encontram os meus. Meu
coração fica apertado e eu tenho vontade de implorar para ele me olhar.
— Não a matem, se eu não estivesse tão drogado isso não teria
acontecido. — Eu sinto como se tivesse tomado uma bofetada na cara. — A
tirem do país... se eu a vir novamente eu mesmo enfiarei uma bala na sua
testa.
Drica faz um som estrangulado de medo. Assim que ela sai Jace se
afasta de mim e começa a andar para a saída sem me olhar.
— Jace — eu digo com a voz quebrada.
Ele não se vira e continua a sair, eu sinto minhas pernas cederem, mas
Damien me segura então eu quebro chorando com toda força. Jace nunca vai
me perdoar.
Capítulo 29
JACE
Saio dali apressado, não posso suportar o simples pensamento que
Carina só voltou para mim por pena, dói só de pensar. Entro no apartamento
e sinto meus olhos encherem d’água ao ver a surpresa que tinha feito para
Carina. Logo na entrada tem um caminho de pétalas de flores, que levam para
a sala, depois ao meu quarto e por último o quarto do meu futuro filho.
Eu tinha mandado tirar os móveis do quarto ao lado do meu e decidi
remodelá-lo para um futuro filho, queria que Carina visse que eu queria um
futuro com ela, só não imaginava que Carina estaria grávida agora.
Um filho. Eu vou ser pai, minha ficha ainda não caiu totalmente sobre
isso, dúvidas rondam a minha cabeça. Será que vou ser um bom pai? Será
que meu filho terá orgulho de mim? Será que eu conseguirei ser um pai
melhor do que o que eu nunca tive? Eu vejo Dominic com Valentina e Dante
e eu sinto um pouco de inveja, apesar do passado, ele deu a volta por cima e
está sendo o melhor pai do mundo. Mas e quanto a mim, eu sou bom em ser
executor, mas e pai?
Me sento no sofá e olho as velas pela casa, iluminando a mesinha
reformada com fotos nossas, isso só faz eu me sentir pior. Será que Carina só
voltou comigo depois que descobriu a verdade?
Começo a me sentir sem ar e puxo a gravata pela minha cabeça, passo
as mãos pelo meu cabelo e começo a andar pela casa, sinto meu mundo se
fechando novamente. Olho para o armário de bebidas e me recuso a deixar
cair todo o esforço que tive até aqui. Retiro o paletó e a camiseta, os sapatos
vão depois. Mas nada me faz me sentir melhor, nada.
— Por que Carina? — pergunto a mim mesmo e me sento no sofá
olhando para a janela do apartamento, é uma bela vista, mesmo assim não
vejo nada.
Fico pensando que se eu tivesse contado desde o começo as coisas
seriam diferentes, mas eu não queria sua pena, eu queria seu amor. Não sei
quando as coisas se fecharam tanto, mas sei que isso tudo aconteceu pelas
minhas omissões, mentiras. Eu deveria ter deixado Carina ao meu lado, me
ajudando a superar meus problemas, mas em vez disso quis colocá-la num
pedestal, deixá-la de fora das minhas partes podres, longe das minhas partes
escuras.
Lágrimas silenciosas caem dos meus olhos, pelo menos Carina só
descobriu hoje da gravidez, mas a sua descoberta pode tê-la afetado no
resultado, será que se ela não soubesse ela ainda iria querer ficar comigo? Eu
sei que ela nunca me afastaria do meu bebê, disso eu não tenho dúvida
alguma, Carina é uma mulher maravilhosa.
A porta da frente se abre e eu vejo Carina parar os passos para olhar a
decoração. Então ela coloca a mão na boca emocionada, a mesma emoção da
surpresa que eu fiz há dois anos na nossa primeira vez. Ao me ver sentado ela
corre para mim, se ajoelhando a minha frente, no sofá.
— Amor, eu te amo tanto — ela diz com os olhos banhados em
lágrimas. — Tivemos tantos desencontros e eu não quero mais isso. — Eu
abro a boca para dizer algo, mas ela tampa. — Eu quero ficar com você até o
dia da minha morte, te amando cada dia mais, você é meu tudo, minha
felicidade.
— Carina — eu tento novamente, mas ela não deixa.
— Eu já estava pensando em te dar outra chance, eu juro que iria.
Mesmo eu achando que você me traiu eu ainda te daria uma nova chance,
porque eu te amo intensamente... Então eu ouvi a sua conversa com Dominic
e eu percebi que não precisava te dar uma nova chance, você nunca me traiu,
Jace.
Eu seco suas lágrimas e Carina sorri entre elas.
— Já pode falar algo... meus joelhos estão doendo — resmunga e eu a
puxo pelos sovacos para meu colo.
— Eu te amo pequena. — Acaricio seu rosto e Carina sorri. — Mas...
— Mas nada, se vai ficar de cu doce fique sozinho, cansei! Estamos
separados há séculos e já passamos por muitas coisas para você ficar se
fazendo de difícil pra mim!
Ela tenta se levantar do meu colo e eu vejo que ela está realmente com
raiva, mas será que podemos superar tudo e começar do zero. Me perco nos
pensamentos e vejo ela caminhando até a porta, já me preparo para levantar e
a arrastar para o quarto e transar até meu pau cair. Então Carina vira para
mim com os olhos banhados em lágrimas, sua mão está na maçaneta. Sinto
meu coração parar uma batida quando ela abre a boca e pergunta com a voz
entrecortada.
— Alguma vez você iria me contar sobre Drica?
Foi como um soco no estômago, me levanto puto. Ela sabe a resposta,
eu nunca diria a ela.
— Nós precisamos conversar, você não sai daqui enquanto não
fizermos isso! — falo com a voz sem emoção.
— Eu não...
— Você sempre foge — resmungo passando a mão pela minha barba,
ela sempre foge quando as coisas apertam. Nem sempre foi assim, mas agora
é.
Carina dá um passo para trás como se tivesse tomado um soco.
— Eu não fugi quando fui sequestrada pela máfia! Você tem noção de
quanto medo eu senti?! Eu não fugi dos meus sentimentos por você. Quem
fugiu foi você, você sempre fugiu, se escondendo atrás de mentiras e
omissões. — Aponta o dedo tremendo para mim.
— Você fugiu antes que eu pudesse falar algo! — grito.
— Você começou a fugir bem antes disso, Jace, bem antes de sumir
sem me falar nada! — diz com a voz tremendo. Eu odeio ser a razão dela
estar chorando, mas precisamos colocar um ponto final no passado de uma
vez por todas. — Você podia ter confiado em mim — sussurra e meu coração
quebra.
— Eu não queria que você me visse fraco — confesso olhando para
qualquer outro lugar menos para ela. — Você também mentiu pra mim,
nunca me contou que você era Escuridão.
—Fazia parte do passado que eu queria esquecer. — Seus olhos
baixam para seus pés. — Eu fugi, pois mais uma palavra sua e você iria me
destruir.
Nossos olhos se encontram e um trovão anuncia a chuva. Carina seca
as suas lágrimas borrando toda a sua maquiagem, mas seus olhos não deixam
os meus por nada.
— O que faremos agora que não existem mais mentiras e omissões?
— pergunto mais para mim mesmo do que para ela.
— Eu não quero te perder, Jace. — Sua voz é baixa, mas cheia de
emoções. — Se não pudermos ficar juntos, vamos pelo menos ser amigos...
Eu não posso nem pensar na possibilidade de ser só amigo de Carina,
eu quero muito mais, eu quero ser seu tudo.
— Eu não quero. — A vejo engolir seco. — Eu quero ser seu marido,
seu amante, seu amor. Eu quero ser seu tudo, como você já é o meu.
Mais lágrimas caem e eu corro para ela a apertando contra a porta,
meus lábios encontram os seus e um gemido me escapa, eu a amo tanto.
Seguro sua perna e a enrolo em mim, Carina está tão bela, tão minha. Nos
arrasto para o quarto e retiro seu vestido de festa e os saltos, então ela está
nua para mim. Seus lábios encontram os meus antes que eu pudesse chegar a
ela. Estamos frenéticos de amor, finalmente podemos ter um futuro limpo e
lindo juntos.
Toco sua barriga plana que guarda o meu bebê e a beijo com carinho.
Meus beijos vão descendo até sua tatuagem no seu monte vênus, ainda não
posso acreditar que ela tem uma tatuagem com meu nome, é tão sexy e me dá
uma sensação de alegria toda vez que eu vejo. Minhas costas queimam
quando as unhas de Carina me agarram puxando minha cabeça entre suas
pernas, Carina sempre foi apressada.
— Isso, querido — ela grita quando chega a seu orgasmo.
Levanto meu rosto e vejo Carina de olhos fechados, maquiagem
borrada, cabelos bagunçados, mas com um sorriso no rosto. Seu rosto parece
uma obra de arte, que eu quero guardar para sempre na minha memória.
Entro nela sentindo o amor entre nós, é tão bom estarmos de volta.
— Casa comigo — digo quando eu venho e despenco em cima dela
exausto.
— Sim, mas pode ir fazendo um pedido mais romântico. — Eu
levanto a minha cabeça olhando para ela perguntando silenciosamente por
quê? Carina tem um sorriso sapeca no rosto. — Acho que nosso filho não vai
gostar muito de saber do seu pedido. Imagina ‘’papai como você pediu
mamãe em casamento?’’ aí você responde ‘’Eu pedi depois que gozamos’’ —
Carina narra e depois gargalha.
Eu rio e me lembro que a pedi em namoro desse mesmo jeito e sorrio
feliz. Percebo que ainda estou em cima dela, mesmo com os braços pegando
a maior parte do peso, ainda tem um pouco em cima dela. Carina percebendo
que eu estava pronto para sair de cima dela enrola as pernas na minha cintura
e geme quando meu pau semiereto se movimenta dentro dela.
— Pode machucar o bebê — falo com a voz rouca.
— Só mais um pouquinho.
Eu conheço esse ‘’pouquinho’’ da Carina. Nos rolo, fazendo ela ficar
por cima com a cabeça no meu peito. Ela sorri e beija meu peito. Sua mão
entrelaça com a minha, nossos anéis juntos, lado a lado.
— Estamos noivos — murmuro feliz.
— E grávidos. — Ela ri me lembrando e eu arregalo os olhos.
— Vamos ao médico, amanhã cedo.
— Tudo bem.
Ficamos em silêncio um segundo e eu lembro que tenho que mostrar a
Carina o que preparei. Passo a mão na sua bunda e ela me dá um tapa de
brincadeira.
— Estou cansada, tente daqui a meia hora.
— Quero te mostrar uma coisa. — Beijo todo o seu rosto e me
preparo para levantar com ela nos meus braços.
— Foi assim que fiquei grávida, querido. — Sua voz doce forçada me
faz rir.
— É outra coisa.
Nos levanto e guio Carina com os olhos vendados até o quarto do
bebê. Ao entrarmos eu acendo as luzes e sorrio com o meu trabalho. Eu criei
uma área para o bebê brincar, o chão é acolchoado para prevenir dele se
machucar, os móveis são arredondados pelo mesmo motivo. Os brinquedos
são leves e sem peças pequenas, que de acordo com a vendedora ele poderia
comer. Há um cantinho para leitura, um espaço para trocar as fraldas. A
janela está com grade, apesar do vidro ser a prova de balas. Eu escolhi cores
vivas, pois sei que Carina gostará, coloquei o quarto em bege, e algumas
coisas em vermelho e azul. O berço, preferi esperar por ela para não ter erro.
Conto até três e abro os olhos de Carina que ofega olhando pelo
cômodo.
— Eu amo isso! — ela grita feliz o que me deixa nas nuvens.
Ela olha por todo o quarto, então se vira para mim com os olhos
marejados e me abraça apertado.
— Mas como você sabia? — Ela levanta uma sobrancelha e me olha
com cuidado. — Sem mais mentiras.
Coço minha cabeça.
— Eu não sabia que você estava grávida, mas tinha uma chance.
Quando você sofreu o acidente você já tinha parado com os
anticoncepcionais e em seguida quando acordou você também não voltou a
tomar.
Ela me olha e eu tenho medo dela ficar com raiva, mas em seguida ela
coloca seus braços em volta da minha cintura me abraçando.
— Não importa, eu já amo esse bebê mais que tudo. — Ela beija o
meu peito e levanta o olhar para mim. — Mas não espere que eu seja piedosa
com o seu golpe da barriga. Já prevejo você limpando a casa nu para sempre.
Eu rio.
— Tudo que você quiser, pequena. — A puxo para outro abraço.
Nunca terei o máximo de abraços.
Eu fico assim por um tempo, só aproveitando a sensação, antes de me
afastar para pegar uma caixa grande e fina com papel colorido e divertido
como Carina. A puxo comigo para o meu colo e lhe entrego olhando
atentamente as suas reações.
— Você está me mimando demais — ela diz e me dá um selinho
antes de começar a abrir a caixa. Quando finalmente abre, ela soluça. — Jace.
— Nós nunca rompemos o elástico.
Carina tira de dentro da caixa um quadro de elásticos, cinzas e pretos
com fotos nossas entrelaçadas. Gastei uma grana preta pedindo a um artista
plástico famoso para fazer essa obra para mim. São realmente elásticos,
Carina os estica e os solta, fazendo eles estalarem na tela.
— São realmente elásticos — ela diz admirada. — Podemos colocar
na nossa parede da sala?
Nossa parede, meu coração bate mais rápido. Nós já somos um
‘’nós’’, mas sempre gosto de ouvi-la falar, nossa casa, nossa vida, nosso
amor.
— Estava pensando no nosso quarto, tem algumas fotos suas nuas aí.
Ela olha para as fotos e sorri.
— Verdade, ainda tem espaço para mais algumas. — Pisca para mim
e se levanta. O meu gozo escorrendo por sua perna. Ao ver o que estou
olhando ri, sim estou excitado novamente. — Vamos para o chuveiro antes
que eu suje tudo.

Agora estamos numa loja de roupa para bebês, Carina me acordou


seis horas da manhã me intimando a ir com ela comprar coisas de bebê, e eu
não podia estar mais feliz. Tão feliz que a fiz minha novamente, e só agora as
dez que chegamos na loja, somos os primeiros a chegar e no caminho Carina
não parou de falar sobre as estrias, celulites, não poder pintar os cabelos... e
outras coisas. Sua animação era tanta que também me deixou meio
embasbacado, sorrindo o tempo todo, imaginando-a com a barriga grande
carregando meu filho, claro que eu não falei isso para ela, se não é capaz dela
me bater por pensar que eu a estaria chamando de gorda.
Tenho três homens escondidos guardando a nossa segurança, Carina
não sabe e eu não quero preocupá-la, mas Hunter está a solta e pelo que
vimos ele a quer. Eu não queria que viéssemos a uma loja de bebê, pois assim
se ele a vir, saberá que Carina está grávida e a colocará em risco, mas não
posso dizer não a minha pequena. Já passamos por tanto, ela merece ser feliz.
— Querido, olha isso!
Ela estica um macacão pequeno escrito ‘’Cuidado, Papai tem uma
arma!’’. Eu sorrio incapaz de me conter.
— Dante tem uma dessas — eu comento divertido e coloco pelo
menos três de cores neutras na cestinha que eu seguro.
— Coloca uma rosa também — Carina fala já olhando outras
roupinhas.
— Mas a gente não sabe se é menina, pequena.
— Eu sinto isso e, Jace, não se discute com mulher grávida. — Ela
me dá língua infantilmente, bem do jeito de Carina. E eu, pau mandado,
coloco um rosa e um vermelho.
Carina coloca várias caixinhas de sapatinhos, e aproveitamos para
comprar roupas para Dante, que está cada dia maior. Ele está ainda mais
parecido com Isis, seus cabelos estão clareando, ficando um castanho claro e
seus lindos olhos são o que chamam mais atenção. Isis no outro dia colocou
uma foto dela com Dominic e as crianças, foi um alvoroço, todo mundo
curtindo e comentando, principalmente sobre os olhos de Dante e dela.
Isso me lembra que ontem no meio da confusão Isis confessou estar
grávida a todos. Eu fico quieto, depois que formos na consulta iremos direto
para a casa deles para almoçar e contar a novidade.
Depois de Carina finalmente estar satisfeita com as compras, pagamos
e ela pediu para embrulhar algumas coisas separadas, eu fingi não perceber,
mas com certeza dará à Isis. Também comprou um conjunto de camisa
feminina de cinco anos, com os mesmo dizeres sobre o pai ter uma arma,
uma saia de tutu e um par de sapatilhas, tudo rosa. Valentina vai ficar doida.
Eu entrando nessa onda comprei uma camiseta e uma bermuda para Eric para
ele não ficar sem presente, eu soube que ele gostava e colecionava facas,
então mandei um dos meus homens pegar uma da minha coleção para eu dar
a ele.

Sentados na sala de espera estamos muito ansiosos, Carina está


mordendo o lábio e eu batendo o pé, fico pensando se chorarei igual a uma
menininha quando eu o vir. Lorena aparece depois de dez minutos.
— Vocês gostam de combinar em tudo, hein — ela brinca. Nós a
seguimos até sua sala e nos sentamos.
— O que? — Carina pergunta.
— Isis veio aqui às oito da manhã.
— Então ela está realmente grávida? — Carina pergunta animada e
Lorena ri.
— Sim, está de cinco semanas.
— Puta que pariu, pelas contas ela ficou grávida depois de ter a
primeira vez depois de Dante — digo e Carina assente.
— E você tem alguma ideia de tempo? — Lorena pergunta anotando
tudo.
— Nenhuma — eu falo e Carina assente.
— Há quanto tempo transam sem camisinha?
— Mais de dois meses, né querido? — Carina pergunta e é a minha
vez de assentir.
Lorena acena anotando. Ela se levanta e mede a barriga de Carina e a
coloca na balança. A pequena ameaça me castrar com os olhos se eu
perguntasse seu peso. Depois disso Lorena tira o sangue de Carina para
confirmar a gravidez e nos leva a outra sala para finalmente fazer o ultrassom
depois de Carina insistir antes mesmo de chegar o resultado.
Carina se deita e levanta o vestido ficando com a calcinha aparecendo.
Eu retiro meu casaco e a tampo fazendo Carina rir.
— Só tem Lorena aqui, Jace.
— Mas vai que ela gosta de mulheres — resmungo a fazendo rir mais
ainda.
Lorena volta à sala e coloca o gel na barriga de Carina que treme, ao
ver meu olhar ela murmura feliz.
— É gelado. — Eu olho com raiva para Lorena.
— Não podia colocar quente, Lorena? Está frio lá fora. — Ela rola os
olhos para mim.
Ela começa a mexer o aparelho na barriga de Carina que segura minha
mão e eu fico olhando a tela, ela puxou a calcinha de Carina mais para baixo
para conseguir ver o bebê, que de acordo com ela era minúsculo. Depois de
uns minutos Lorena parou.
— Você está grávida de um mês e meio, cinco semanas, mais ou
menos, Carina — ela disse. — Estão vendo aqueles carocinhos de feijão?
— Sim, mas acho que estou tonta, estou vendo dois.
—Parabéns, vocês estão grávidos de gêmeos. Nem precisou fazer uma
transvaginal, eles são grandes como o pai.
Minha visão ficou turva e meu ouvido começou a zumbir, as coisas
começaram a rodar e eu sabia que iria desmaiar. Tentei me afastar de Carina
para não a machucar caso eu caísse, mas meus pés se entortaram e a última
coisa que ouvi foi Carina gritar meu nome, antes de eu despencar no chão
sentindo uma dor na cabeça antes.
Capítulo 30
CARINA

Jace estava com um sorriso no rosto ao entrar na casa dos Raffaelo, eu


tinha que manter meu olhar na frente para não rir dele. Quando descobriu que
eu estava grávida de gêmeos, ele teve uma crise nervosa fazendo sua pressão
baixar e desmaiar. Ele caiu bateu a cabeça na quina da cama e teve que tomar
três pontos na testa. Juro que não iria rir, mas é só olhar, para que eu caio na
risada.
Ele está realmente animado para contar a todos do bebê, chegamos a
brigar no carro para ver quem contaria. Depois de muita discussão decidimos
nós dois falarmos ao mesmo tempo. Passamos o caminho do hospital a casa
de Isis treinando a fala.
Ao entrarmos pela porta vejo todo mundo na sala, Isis tem Dante nos
braços e está fazendo caretas para ele enquanto o restante conversa. Miguel
tem uma mão na cintura de Ester beirando a bunda, mas ela não parece notar,
pois está em seu celular, provavelmente revisando a matéria, essa menina
nunca para. Dominic é o primeiro a nos notar, ele olha as milhões de sacolas
que Jace tem em mãos e depois para mim, então de volta para Jace, vejo que
ele percebe os pontos
— O que aconteceu? — Dominic pergunta e todos voltam a sua
atenção para a testa de Jace.
Eu olho para ele ao mesmo tempo que ele me olha, me repreendendo
a não contar, mas ao ver os pontos no canto de sua testa eu tenho uma crise
de riso, tento controlar, mas é impossível. Me sento no chão e me curvo de
tanto rir, lágrimas caem dos meus olhos. Valentina começa a rir ao me ver
assim.
Olho para Jace e rio mais ainda, ele está vermelho como um
pimentão.
— O que aconteceu? — Isis pergunta também curiosa. Eu respiro
fundo e me levanto, mas ao olhar para Jace eu caio na gargalhada outra vez.
— Nós estamos grávidos de gêmeos! — Jace grita mudando de
assunto e eu lhe fuzilo com o olhar, ele pisca para mim. — Temos presentes!
Dali é a algazarra. Isis conta que como a gente demorou muito e
nenhum de nós atendeu ao telefone eles contaram de sua gravidez. Valentina
achou o máximo ter outro irmão pequeno para ela cuidar. Isis falou que ela
tinha um sorriso gigante quando chegou perto do pequeno Dante e falou: ‘’—
Você é um irmão mais velho agora.’’ Valentina implorou para a gente dar
uma foto da ultra para ela colocar junto com a dos seus irmãos.
Isis foi a primeira a me abraçar.
— Nós vamos ter bebês! Você vai ser mamãe! — Eu ria junto com
ela animada. Lhe dei o presente e ela amou, mostrou a Dominic que bufou
uma risada ao ler o que estava escrito.
— Me diga algo que eu não sei. Devia ter camisetas falando ‘’cuidado
papai é um mafioso’’ — ele fala e pisca para gente.
Elena e Ester correm para mim me abraçando e me paparicando.
Damien se aproxima e eu o abraço, ele sempre seco dá batidinhas nas minhas
costas.
— Parabéns Carina, não tenho dúvida que você será uma ótima mãe.
— Obrigada Damien. Temos que trabalhar esse lance dos abraços.
Você é tão alto e forte, seus abraços deveriam ser acolhedores, não secos. —
Pisco divertida e ele bufa uma pequena risada.
— Olha ele sabe sorrir — Elena murmura se afastando e indo abraçar
Jace.
Miguel me levanta do chão com um abraço apertado. Eu fico com
lágrimas nos olhos de emoção.
— Você vai ser mamãe — ele diz enxugando minhas lágrimas.
— Sim, eu vou — falo com a voz embargada.
— De gêmeos! Que loucura. Será a melhor mãe do mundo, eu tenho
certeza.
Isis limpa a garganta e bate o pé fingindo estar com raiva.
— Você sabe que também é a melhor mãe do mundo. — Ela sorri e
ele beija sua cabeça puxando a gente até os meninos. Ele se aproxima de Jace
e lhe dá um abraço seguido de tapas nas costas. — Você é potente, hein! Dois
de uma vez só.
Eles riem e assim continuamos a conversar. Isis e eu somos o centro
das atenções. Eu ligo para vó Maria para contar a ela, que fica completamente
emocionada. Isis aproveita a deixa e conta da sua nova gravidez. Vó Maria ri
e diz ao telefone, alto o suficiente para todos ouvirmos.
— Esses meninos não são fracos não! E eu achando que iria demorar
para você ter um bebê, Carina. Vem logo dois netinhos de uma vez para mim.
Isis querida se continuar assim todo ano terei netinhos.
Todos rimos e depois de falar mais um pouco ela desliga. Outro
assunto começa, nos sentamos nos sofás e aí vem a pergunta.
— Como você machucou a cabeça? — Elena pergunta na cara de pau.
Jace fica vermelho e eu tento prender o riso, que sai estranho por eu estar
com a boca fechada.
— Querido, eu falo ou você? — pergunto docemente acariciando seu
braço.
Jace me fuzila com o olhar e coça a nunca.
— Eu sofri um pequeno acidente quando descobrimos que eram dois
bebês — revela com a voz calma, como se não fosse nada demais, mas sua
cara vermelha lhe entrega.
Miguel é o primeiro a juntar o quebra cabeça e descobrir o que
aconteceu.
— Cara, você desmaiou quando descobriu sobre os bebês? —
pergunta já segurando o riso. Miguel assim como eu não sabia ser discreto.
— Não foi bem assim — Jace resmunga e Dominic ri alto.
— Você desmaiou? Sério?
— Amor, você não pode falar muito, você quase desmaiou também
hoje mais cedo — Isis fala rindo e eu caio na gargalhada.
— Seus frouxos. Por enquanto quem salva são Miguel e Damien, será
que também vão desmaiar? — pergunto e Miguel bufa.
— Não posso dizer quando descobrir, mas na hora do parto... é
melhor ter alguma enfermeira me esperando. — Estremece fazendo a gente
rir.
Olho para Damien que está quieto, Elena olha para o chão.
— Do jeito que esses dois tão, bebê só no dia de são nunca —
resmungo e Jace me cutuca e eu decido mudar de assunto. — Amor, quero
comer biscoito de chocolate.
— Já está com desejo? — pergunta de olhos arregalados.
— Não, só quero comer mesmo. Pega pra mim? — Faço a carinha de
filhote de cachorro que caiu da mudança e ele me rouba um beijo antes de se
levantar e ir para a cozinha. Quando ele sai da vista eu olho para Isis. —
Amiga, agora eu sei por que você está sempre grávida! Eles ficam como
escravos.
Isis ri discretamente olhando para Dominic de canto de olho que tem
uma sobrancelha erguida. Ele segura Dante nos braços e eu fico pensando
como será lindo ver Jace segurando dois bebês nos braços.
Jace volta e me entrega o biscoito, ficamos vendo filmes enquanto
Valentina e Eric brincam. Esse menino pode ter o mundo, já era para ele ter
ido embora, mas o pequeno mafioso mostrou que sabe barganhar. Ele não
quer se afastar de Valentina. Ele ficou maluco com o presente de Jace, eu
achei super perigoso, mas o menino jurou que tem uma coleção inteira no
quarto dele na Alemanha.
No fim da tarde voltamos para nossa casa, é tão estranho e
reconfortante falar isso. Jace me ajudou a fazer as malas com as minhas
coisas que estavam na casa da Isis. Ao chegarmos em casa ele me ajudou a
desfazer as minhas malas calmamente com um sorriso no rosto. Passamos o
resto da noite vendo filmes agarrados no sofá, é tão bom estar de volta com
Jace, e ainda melhor não ter mais mentiras ou omissões para nos separar.
Jace recebeu uma mensagem durante a noite avisando que o jantar foi
cancelado, pois Bella e Apollo voltaram para Las Vegas, parece que a
verdade apareceu depois da crise de choro que ela teve. Doeu meu coração
ver uma pessoa tão quebrada.
O resto da semana foi uma luta, Jace queria que eu trancasse a
faculdade até depois que os bebês nascessem, mas eu me recusei. Faltam seis
meses para eu ter meu diploma em mãos. Quando fui a aula na segunda feira
a direção me chamou para conversar sobre o vídeo na internet e me
surpreenderam ao me pedir desculpas. Eu aproveitei para lhes contar da
minha gravidez e como os últimos meses ficariam apertados para mim, pois
logo minha barriga iria aparecer, principalmente por ser gêmeos. Eles me
parabenizaram e falaram que veriam o que poderia ser feito mais à frente, já
que eu estava adiantada até demais.
Durante todos os dias de aula Jace foi me buscar, até conheceu os
meus colegas de classe. Tomamos café e até almoçamos fora, juntos. Isis
estava animada por ter outro bebê, não foi esperado ter tão cedo, mas está
feliz. Eu confesso que estou com medo, e ainda é duplo! Será que eu serei
uma boa mãe? Será que eu saberei cuidar dos meus filhos?
Jace me tranquilizou falando que eu serei a melhor mãe do mundo, e
eu estou quase acreditando. Mas será que uma menina que nunca teve o amor
dos pais pode dar amor aos filhos?

Ontem completei três meses de gravidez e já pareço estar de seis!


Depois de discutirmos muito decidimos não saber o sexo dos bebês, mas já
fizemos nossas apostas. Até Damien está participando! Ele acha que serão
dois meninos. Isis, Elena e Jace acham que serão duas meninas e Miguel,
Dominic, Ester e eu achamos que são um casal.
Meu guarda-roupa mudou radicalmente agora eu entendo o porquê de
Isis usar tanta calça legging, as calças jeans já não entram mais. Saltos então
nunca mais usarei, meus pés estão inchados e minha barriga já está tão
grande que me deram preferência em todo lugar que eu vou. Mas graças a
Deus estou só engordando na barriga.
Semanas atrás comecei com aulas de ginástica e academia para
grávidas, fora as aulas de treino de gravidez que Jace e eu estamos indo. E
por falar nele, Jace já consegue trocar a fralda de Dante tranquilamente. Sim,
estamos usando Dante como nossa cobaia. Isis que não nos escute, mas se
com uma criança é difícil imagine duas de uma vez, vai ser um hospício. Isis
irá sofrer tanto quanto eu, pois Dante ainda é muito pequeno então será como
se ela tivesse gêmeos também.
Mas uma coisa na gravidez que me deixa muito feliz é o carinho que
Jace tem com a minha barriga, ele está sempre acariciando e conversando
com os bebês. Ele já leu todos os quatorze livros que comprou sobre a
gravidez e o depois. Eu só li sete até agora. Pense num pai precavido, é Jace.
O menino já tem a minha bolsa de maternidade praticamente pronta, as
roupas que os bebês e eu usaremos. Ele até comprou duas tiaras caso os bebês
sejam meninas.
Pelas contas eu engravidei no dia do nascimento de Dante, na última
noite de Jace e eu. Isso me emocionou muito. Faltam seis meses para eu ter
meus bebês em mãos e eu não estou sabendo lidar com a minha espera, mal
começou os desejos e eu estou comendo de tudo. Essa semana Jace, o
fofoqueiro, falou com a minha nutricionista que puxou a minha orelha, mas o
que eu posso fazer se esses bebês gostam de comer?
Isis está com inveja, na minha gravidez até hoje não tive vômitos ou
qualquer enjoo, ao contrário dela que com apenas dois meses está botando os
bofes para fora. Eu sou uma grávida muito feliz por não passar por nada
disso, eu odeio vomitar.
Uma coisa que está me surpreendendo é eu começar a ter desejo por
mingau, vai entender. Jace teve que se desdobrar para aprender a fazer um
mingau sem ficar cheio de bolinhas porque se eu tentasse fazer
provavelmente colocaria fogo no apartamento. Com essa coisa do mingau me
lembrei de Hunter e Daniel, ambos estão a solta e eu tenho medo por mim e
por Isis. É uma sensação de impotência que é horrível.

Agora estou saindo da faculdade, minhas costas começaram a doer e


eu estou a ponto de arrancar meu sutiã, no meio da rua. Acaricio minha
barriga e fico esperando Jace, normalmente ele já está aqui, antes de eu sair.
Vejo um pouco a frente uma barraquinha de cachorro-quente e minha boca se
enche d’água. Ignoro a voz da minha nutricionista na minha cabeça, me
reaprendendo e caminho feliz até lá. Mando mensagem para Jace avisando
que vou para lá, mas ele não me responde, ele deve estar muito ocupado.
Ligo para Isis depois de comer meu cachorro-quente, que estava delicioso e
vou caminhando até o ponto de táxi.
— Onde você está? — Isis pergunta, noto que sua voz está estranha.
— Eu estou caminhando até o ponto de táxi, Jace não responde as
minhas mensagens.
— Amiga vem rápido, toma cuidado já fomos avisadas que não é bom
andar sozinhas.
— Eu sei, estou quase chegando. O que houve? — Eu estava
começando a ficar preocupada com esse tom de voz de Isis.
— Nada amiga, só estou com uma sensação ruim.
Eu fico pensando nisso, Jace tem estado inquieto esses dias. Mas
quando pergunto o que está acontecendo ele fala que não é nada. Um táxi
para na minha frente e eu acho que é meu dia de sorte.
— Isis, um táxi parou aqui na minha frente, vou desligar.
— Não! Fica na linha até chegar aqui, por favor.
Eu entro no táxi e ajeito a bolsa no meu colo.
— Vai me falar o que está acontecendo?
— Eu não sei, Dominic não me conta nada, agora que eu estou
grávida. — Sua voz demonstra cansaço.
— Sei como se sente. — Fico olhando para o anel de noivado no meu
dedo e sorrio pensando em Jace.
Levanto os olhos para o motorista que está dirigindo para lhe dizer o
endereço, mas sinto meu corpo gelar ao ver o sorriso frio de Hunter. Ele tem
uma arma apontada para mim e me olha através do espelho retrovisor.
— Quieta Carina, desligue o celular agora — diz baixo e eu escuto a
respiração tensa da Isis no outro lado da linha. Mesmo ele falando baixo ela
escutou.
— Carina, mantenha a calma e não faça nada, vou avisar a Jace e
Dominic. Fique na linha — Isis fala rápido e baixo, escuto o som dela
correndo. — Antes que você tenha que desligar, na sola do sapato tem uma
faca, use-a se for preciso.
— Passe o telefone pra mim devagar, Carina — Hunter fala e eu
passo pra ele que sorri sádico. — Olá querida, como está?... Sim, estou com a
puta dois... Por que não vamos fazer um acordo, venha me encontrar?... Eu
percebi que ela está grávida e não tenho problema algum, estava querendo
mesmo testar minhas técnicas em parto.
Um gemido sai da minha boca ao ouvir isso. Minhas mãos vão na
minha barriga como forma de proteção. Eu olho a janela e vejo qual a
probabilidade de eu conseguir pular do carro sem machucar meus bebês. É
nula. Se eu tentar pular desse carro eu posso matar meus bebês. Lágrimas
silenciosas saem dos meus olhos e eu começo a rezar. Eu preciso fazer algo.
Mas ele tem uma arma.
Hunter pega o meu celular e o joga pela janela.
— Nem tente fazer qualquer gracinha, o carro está travado. — Ele se
vira para mim e sorri. — Vamos nos divertir muito.
— Hunter, me deixa em paz, por favor — eu falo com a voz
embargada. — Eu estou grávida.
— Sim querida, eu vi. Mas você vai pagar por ser uma puta
fofoqueira e ter acabado com todo o esquema. Por sua culpa eu perdi tudo! Se
eu vou morrer você vem comigo.
Eu tenho medo de que ele possa bater o carro, pois está olhando para
mim em vez da estrada. Coloco o cinto de segurança como proteção. Vejo
que Hunter está com cocaína no nariz, porra ele está drogado. Olho pela
janela e penso em apertar o botão de descer o vidro, mas não adiantará de
nada. Faço uma oração silenciosa e sussurro para mim mesma e meus bebês.
— Papai vai nos salvar.
Capítulo 31
JACE

Esse dia está dando tudo errado, começando com o lote de coca que
foi pego pela polícia. Tive que arranjar homens e guiei a situação. Perdemos
muito dinheiro e parte da mercadoria, para a polícia liberar. De acordo com
eles foi denúncia anônima. O que nos leva a crer que alguém quer foder a
máfia. Dominic ficou puto e eu ajudei da maneira que consegui, mas isso não
diminui a raiva, ele como novo capo tem que dar o exemplo, não pode falhar.
Vô Raffaelo ficou puto e descontou na gente, mesmo aposentado ele
quer se meter em tudo, e ai de alguém que falar algo. Nem Dominic tenta a
sorte. Outra coisa que aconteceu foi outra denúncia anônima de drogas na
boate, a sorte é que a polícia está na nossa folha de pagamento, mas mesmo
assim teve que vasculhar o local todo, não acharam nada.
Eu já estava atrasado para buscar Carina, mas não consegui falar com
ela. Minha bateria acabou. Então aconteceu um acidente quando fui
finalmente buscá-la, vinte minutos atrasado. Um carro bateu no meu e o cara
ficou ferido, tivemos que esperar a polícia e a ambulância vir, eu estava bem,
mas eles insistiram para eu fazer check-up e ir à delegacia para resolver quem
vai pagar o quê. O cara estava errado e ele que tinha que me pagar, mas
deixei para lá, eu posso concertar meu carro facilmente. Então finalmente
consegui chegar até o MIT, procurei Carina por todo lado, mas nada dela.
Carina deve estar com raiva e ter ido à casa da Isis, e lá vou eu para a
casa dela com o carro todo fodido. Ao chegar ao portão eu já sei que tem algo
errado, o segurança me deixa entrar e manda eu me apressar. Kai está aflito
me esperando na frente da casa. Será que aconteceu algo com os bebês? Com
Carina?
Corro e passo direto por ele tentando chegar à minha pequena, mas
assim que chego na sala e vejo a cara de todos sei que tem alguma coisa
grave acontecendo. Eu começo a ficar com falta de ar ao não ver Carina entre
eles, será que ela está num quarto descansando?
— O que aconteceu?! Cadê Carina, é algo com os bebês? — grito
passando a mão pelo cabelo. Dominic tem um olhar de dor no rosto, o olhar
que eu não vejo há muito tempo. — O que aconteceu?
— Você precisa ter calma, já estamos tentando localizá-la — Damien
diz se aproximando de mim e o sangue deixa o meu rosto. — Hunter a pegou
dentro de um táxi, já estamos trabalhando para encontrá-la.
Eu só não caio, pois Damien e Dominic me seguram. Eu fico em
choque, Hunter levou Carina. Minha pequena está nas mãos de um psicopata
e eles querem que eu fique bem?
— Eu estava no telefone com ela — Isis fala, seus olhos estão
vermelhos de tanto chorar. — Miguel está localizando-a, foi bom você ter
colocado um rastreador no anel dela.
Eu me levanto e minha mão se fecha em punhos, eu quero acabar com
aquele desgraçado e tomar banho no seu sangue. Quero arrancar seu coração
enquanto ele ainda está vivo. Eu quero ver a luz deixar seus olhos e ele ir
para o inferno.
— Irmão, vai ficar tudo bem. — Dominic toca o meu ombro, mas eu
me afasto.
Vejo uma garrafa de Bourbon e a jogo contra a lareira. Tomo
respirações e olho para Dominic.
— Quero saber onde ela está agora. — Minha voz sai estranha, tão
dolorida como eu me sinto. Eu quero matá-lo.
— Miguel está no escritório. Ele falou que no máximo em meia hora
teremos a localização e aí pegaremos Hunter e Daniel, se eles estiverem
juntos...
— Hunter é meu. — Eu quebrarei osso por osso antes de matá-lo
dolorosamente.
— Hunter é seu. Recuperaremos Carina. — Damien toca no meu
ombro.
Eu me afasto e vou para o escritório. Miguel está no computador e
parece tenso ao me ver ele tem lágrimas nos olhos.
— Vamos encontrá-la. Não estou conseguindo uma posição precisa,
pois eles estão andando, assim que o carro parar eu terei a localização antes
que ele a leve para um lugar sem sinal. Nós vamos recuperá-la.
Eu me sento e fico ali. Isis vem até mim e conta que antes de perder o
contato com Carina falou que tinha uma faca na sola do sapato. Isis tem essa
mania de estar sempre armada, mas não tinha ideia que ela fazia isso com
Carina também. Não sei se agradeço ou grito com ela o quão perigoso é
Carina tentar se defender de um homem treinado para matar com o dobro do
seu tamanho. Oro para que fique tudo bem com ela e que ela não faça
qualquer loucura.
Uma hora depois temos a localização, uma casa na parte deserta da
cidade. Pego as armas e saímos Dominic, Damien, Miguel e eu. Isis queria ir,
mas não deixamos, ela está grávida e não deve se arriscar mais. Ao
chegarmos lá leva mais uma hora, e já são quase três horas que Hunter está
com ela. Em três horas muita coisa pode ter acontecido, eu estremeço só de
imaginar. Tenho medo do que posso encontrar. Tenho medo do que posso
ver.
Arrombamos a porta e a casa está cheia de pó e deserta. Miguel
confirmou que o sinal vem dali. Vimos todos os andares e nada deles, eu
começo a gelar. O último cômodo é o porão. Tenho medo do que posso
encontrar lá, se algo aconteceu a Carina eu não quero mais viver. Damien e
Miguel vão à frente enquanto Dominic fica nos guardando. Quando descemos
as escadas eu vejo as luzes acessas logo depois Damien xingando em italiano
e Miguel gritando coisas desconexas. Eu sem me importar com nada corro até
eles abrindo espaço e o vômito vem na minha garganta ao ver a cena. Tanto
sangue, tanto sangue.
— Carina! — grito e tento correr até a ela, mas Damien me segura.
— Ela está em choque — ele sussurra. — Tenha calma.
Essa cena nunca sairá da minha cabeça, o cômodo tem sangue por
todos os lados. Carina está sentada ao lado do corpo desfigurado de Hunter.
Ela tem uma faca na mão e todo o seu corpo e rosto estão cobertos de sangue,
o sangue dele. Carina matou Hunter! A aparência do cadáver é horrível.
Carina fez uma verdadeira carnificina. Sua cara está cheia de facadas, seu
peito e pescoço estão ensopados de sangue, pela camiseta dá para ver os
vários cortes, alguns tão grande que partes dele saíram para fora.
Carina não chora, ela está paralisada em choque. Sua franja tampa
seus olhos. Uma mão segura sua barriga e a outra está firme na faca. Eu tento
me aproximar para abraçá-la, mas Damien ainda me segura. Eu lhe lanço um
olhar e ele faz o mesmo.
— Ela está em choque, pode te atacar se você se aproximar e acabar
ferindo a si mesma — ele diz com a voz baixa.
Atrás de mim eu escuto Dominic xingar em italiano. Miguel está
parado olhando com aflição para Carina.
— Qualquer passo em falso pode fazê-la se perder para sempre. —
Damien continua e eu congelo. — O melhor que temos a fazer é apagá-la.
Ele puxa de dentro do paletó uma seringa. Eu o olho zangado, ele não
irá enfiar nada em Carina.
— Não irá fazer mal aos bebês, eu me certifiquei disso, é o melhor a
fazer. Quando ela acordar estará limpa e num local que considere seguro.
Tentar falar com ela assim só irá piorar sua situação.
Dominic toca o meu ombro.
— Será mais fácil para ver se ela se feriu. Esse sangue pode não ser
todo de Hunter. — Meu coração quase para com essa informação. Olho para
o sangue espalhado no chão e novamente minha bílis sobe. Não por nojo do
sangue, mas do que Carina passou.
Eu aceno e pego a seringa da mão de Damien. Retiro a tampa e me
aproximo de Carina.
— Está tudo bem, pequena. Vamos pra casa. — Fico dizendo ao me
aproximar.
Seus olhos encontram os meus e eles estão vazios e sem brilhos.
Lágrimas começam a sair dos seus olhos. Carina aperta mais a mão na faca e
eu vejo sangue saindo dela, o sangue da minha pequena. Continuo a falar
coisas calmas e me aproximo, retiro a faca com cuidado de sua mão e vejo
sangue saindo do corte. A envolvo nos meus braços e Carina soluça.
— Eu o matei, eu sou uma assassina.
— Shiii, está tudo bem. Você protegeu nossos filhos — falo
acariciando seus cabelos e o corpo de Carina começa a tremer com os
soluços.
O meu medo agora é ela se perder nesse mundo de sangue e morte.
Meu outro medo é que ela pode abortar sem querer por todo esse estresse.
Faço então a última coisa que quis fazer, enfio a seringa no seu braço com
cuidado e a seguro quando ela desfalece em cima de mim.
— Vai ficar tudo bem — sussurro contra seus cabelos com lágrimas
inundando a minha visão.
A pego nos braços e a levo para fora daquele filme de terror. Olho
uma última vez para Hunter, desejando que ele estivesse vivo para eu matá-lo
lentamente. Isso não pode destruir a minha pequena, ela precisa superar. Eu
sei que ela vai. Nosso amor é maior que qualquer tragédia e eu estarei atrás
de seus passos [ML14]para trazê-la de volta a mim.
CARINA
1 Hora antes...

Hunter estava surtado, nunca senti tanto medo em toda a minha vida.
Só de olhá-lo eu me arrepiava de medo. Ele dirigiu todo o tempo me
ameaçando e dizendo como iria me torturar antes de me matar, como se não
bastasse isso ainda descreveu como iria abrir a minha barriga para retirar
meus bebês e os mostraria a mim antes de me esfaquear no coração.
Eu me mantive firme e não chorei mais, ele não merecia minhas
lágrimas. Guardei o medo para mim. Sabia que eles estavam vindo me salvar.
Durante o caminho eu desejei que a nossa vida fosse normal. Já me aconteceu
tantas coisas ruins e quando finalmente estou vivendo meu ‘’felizes para
sempre’’ real e pensei que eu seria feliz, alguém vem e estraga tudo. Não vou
deixar Hunter me destruir. Não vou perder meus filhos para um lunático.
Quando finalmente chegamos a um ponto eu não sabia se ficava feliz
por enfim sairmos do carro ou com medo por estarmos em terra firme. Olho
para o céu orando para que Jace consiga me achar, mas não posso contar com
a sorte. Assim que o carro para num espaço morto e Hunter invade uma casa
velha e poeirenta eu penso num plano. Preciso salvar meus filhos. Hunter me
arrasta para o porão e acende a luz, vejo um banheiro no canto e essa é a
minha chance.
— Hunter me deixa ir ao banheiro? — Faço uma voz doce e uma cara
de quem quer muito ir ao banheiro.
— Você acha que eu sou burro? — Ele funga várias vezes ao falar me
causando ainda mais repulsa.
— Hunter, eu estou grávida e estamos num porão sem janela, como
eu vou fugir!
Ele fica me olhando e parece acreditar. Arranca minha bolsa do meu
braço e aponta para a pequena porta.
— Não quero sentir cheiro de mijo quando eu acabar com você. Não
demore.
Eu corro para o banheiro e fecho a porta procurando uma saída, mas
não tem. Tento ver algo para usar como arma, mas não tem nada. Então uma
voz vem a minha cabeça. Isis falou algo sobre ter facas no meu sapato,
quando éramos mais novas ela fazia muito isso com os dela, mas nunca com
os meus, pois eu tinha medo dela quebrá-los. Retiro os meus sapatos e depois
de tirar a palmilha, vejo uma faca do tamanho exato do meu pé. Não há cabo,
e ela é toda afiada. Corto um pedaço da minha camiseta e enrolo fazendo um
cabo improvisado. Nem olho o meu outro sapato, pois se mal posso segurar
uma, imagine duas. Hunter me assusta ao bater na porta. Eu dou descarga e
escondo a faca na manga do meu casaco.
Ao sair ele aponta para o chão, eu me sento sem reclamar. Pelo menos
não está sendo agressivo. Vejo que ele não está com a arma em mãos, ela
deve estar atrás da camisa. O olhando bem eu vejo que ele está totalmente
acabado, ao perceber que eu estou o olhando ele sorri sádico e abre os braços.
— Você fez isso comigo Carina, devia estar orgulhosa. — Eu estou
amigo. Penso, mas nada digo, ganhando tempo enquanto ele fala. — Então
pensei em retribuir na mesma medida. Os merdas dos seus pais queriam se
entregar e fazer um acordo, ficando livre da prisão as nossas custas. Então eu
os fiz uma surpresinha.
Minha boca fica seca, Hunter matou meus pais.
— Eles acharam mesmo que iriam sair livres? Papai mandou eu fazê-
los sofrer bastante. Mas sabe Carina, eu fiz por você também. Todos vimos
como você era tratada. — Ele se abaixa na minha frente e acaricia meu rosto.
Eu tenho vontade de pular e o atacar, mas sei que ele me mataria em um
segundo. — Se eu não quisesse tanto a bela Isis de olhos de gato, eu teria
você na minha vida. Tão bonita, como um camaleão sempre mudando de
forma, se adaptando a situação.
Engulo o nojo e sorrio docemente para ele. Tenho vontade de vomitar,
mas me controlo. Lembro no curso de teatro o professor falando para nos
mantermos sem emoções internas e pensar e agir como manda o script.
Respiro fundo e aproximo meu rosto do dele. Minha mão se movendo
lentamente para ter a faca em mãos.
— Eu gostava de você Hunter, sempre tão bonito e forte. — Mordo o
lábio e sorrio, seus olhos descem para minha boca. — Mas você nunca me
deu uma chance.
— Você sempre foi uma putinha, né? — fala sorrindo aproximando o
rosto ainda mais do meu.
Eu me afasto um pouco e seus olhos semicerram com raiva.
— Daniel pode aparecer — eu sussurro mordendo o lábio e depois
passando a língua por ele.
— Nós rompemos, ele está totalmente maluco — fala convicto como
se ele não fosse tão maluco quanto. — Então eu tenho uma ideia do que
podemos fazer antes de eu brincar de médico e rasgar toda a sua linda barriga
e matar seu bebê na minha mão...
Lembro das aulas com Kai, o ponto fraco que ele sempre me ensinou
foi o pescoço pois é preciso de sangue no cérebro. Então vem à mente
vampiros, não sei porque vem, mas eles sempre se alimentam da veia grossa
no pescoço que leva o sangue ao cérebro. A faca em minha mão se jogada de
forma certa pode ser fatal, ou o deixar muito irritado. Minhas chances são
mínimas de acertá-lo de longe. Eu já fui boa no arremesso de faca, mas não
sobre pressão. Eu só tenho essa tentativa. Hunter não esperará muito mais
para acabar comigo.
Juntando o resto de força que me resta eu o ataco, acertando a faca no
seu pescoço, parecia que uma corda tinha se rompido, o sangue bateu na
minha cara, mas eu não parei, Hunter caiu para trás me levando com ele. Seus
olhos estavam arregalados e ele tentava falar.
Segurei o cabo da faca com força investindo contra o seu rosto, queria
que ele pagasse por todo mal que havia causado a tanta gente. Então gritei
enfiando a faca no seu peito. Lágrimas grossas caiam dos meus olhos, mas eu
não conseguia parar queria que ele pagasse por todo o sofrimento, mesmo já
estando no inferno. Depois do que pareceram anos, eu percebi o sangue em
minhas mãos. O sangue sobre mim. Eu matei uma pessoa.
Engolindo em seco e com medo de olhar viro para ver o rosto de
Hunter e grito. Grito até minha voz falhar. Ele está irreconhecível. Passo as
mãos no meu rosto tentando acordar desse pesadelo, mas não consigo. Sinto
meu rosto molhado. Olho para o chão e só vejo vermelho. O cheiro metálico
é insuportável e eu tenho que me segurar para não vomitar. Limpo um pouco
do sangue da lâmina e me olho por ela, me assustando com o que vejo.
Uma assassina a sangue frio, é o que sou. Eu matei uma pessoa. Eu
tirei a vida de uma pessoa e acabei com o corpo dele. No meu reflexo eu não
vejo só o sangue, eu vejo a sobrevivência. Sim Hunter, eu sou como um
camaleão, eu sobrevivo e me adapto as situações.
Algum tempo depois escuto passos e sei que é Jace, mas não posso
olhá-lo, ele veria o monstro que eu sou. Aperto a lâmina na minha mão. Eu
preciso da dor, eu preciso sentir.
Jace se aproxima, mas não consigo falar nada direito. Escuto ele
falando palavras doces, palavras que não mereço. Palavras que não sou digna.
Ele retira a faca devagar da minha mão, sinto o sangue caindo, mas ao
mesmo tempo não sinto nada.
— Eu o matei, eu sou uma assassina — sussurro com a voz rouca de
tanto gritar.
— Shiii, está tudo bem. Você protegeu nossos filhos — fala
acariciando meus cabelos e o meu corpo começa a tremer com os soluços.
Ele me abraça então eu sinto algo espetando o meu braço e meu
mundo começa a ficar preto e eu sou levada para a escuridão.
Capítulo 32
CARINA

Estou sentada debaixo de uma árvore, posando para Ethan que está
me desenhando em seu caderno. Ele tem um sorrisinho ao ver que escondido,
eu enfiei um morango na minha boca, tentando manter o sorriso para o
desenho.
— Você sabe que eu vi o morango, né? — pergunta divertido e eu lhe
dou língua.
— Eu estou com fome, Ethan — reclamo e ele revira os olhos azuis.
— Eu já terminei, vem ver.
Eu corro para ele e quase caio em cima dele ao ver que ele me
desenhou perfeitamente, sorrindo olhando para um pote de morango, em vez
de para ele. O desenho ainda estava só no lápis e ele me prometeu fazer meus
cabelos coloridos como da última vez. Nos sentamos debaixo da árvore e eu
lembro que Isis está doente e não pode vir com a gente.
— Ethan nós vamos nos casar quando crescer? — pergunto curiosa.
— Eu não sei, você precisa de um menino que te ame mais que tudo
no mundo, que sempre te faça sorrir que seu coração bata endoidado, igual
a... o de um beija-flor.
Olho para a grama e penso se sinto tudo isso por Ethan, mas não
tenho a resposta. Mas o que uma menina de nove anos pode saber sobre o
amor? Eu nunca o tive pelos meus pais.
— Eu te amo, Ethan — falo olhando para a cesta de morangos, pois é
verdade, eu o amo.
— Eu também te amo, Carina, mais rápido que uma raposa e maior
que a lua.
Eu sorrio para ele e voltamos a ficar olhando o horizonte.
— Mas eu tenho medo — ele fala com a voz aflita.
— De que?
— Eu não gosto dessa escola que papai me colocou. Não quero ser
treinado como um soldado. Eu quero viajar pelo mundo com você e Isis.
Pintar milhões de quadros e tirar muitas fotos.
— E por que você não faz isso? Eu nunca viajei, mas amaria.
— Por que motivo você não pinta os cabelos coloridos com tinta em
vez de canetinhas que saem toda vez que você lava a cabeça?
— Porque meus pais não deixam — murmuro arrancando a grama do
chão.
— Meus pais também não querem me deixar sair. Eu tenho medo por
Isis, ela quer fazer parte disso, mas eu não quero que ela fique fria como as
pessoas de lá. Me promete que vai sempre cuidar de Isis?
— Eu prometo, Ethan.
— Carina, acorde. Baby, acorde. — Eu escuto a voz de Jace e me
lembro dos fatos. Ethan está morto. Eu matei alguém.
— Ethan — eu murmuro tentando voltar à lembrança. Eu sinto tanta
saudade dele.
— Carina, baby. Volte pra mim.
Abro meus olhos e a primeira coisa que vejo são os olhos cinza de
Jace. Ele acaricia meu rosto e as lágrimas começam a cair. Eu sou uma
assassina. Jace não vai me querer. Desvio meu olhar do seu e foco no nosso
quarto. Como chegamos aqui? Então tudo volta, eu matando Hunter. Um
soluço escapa da minha boca e meu corpo começa a tremer.
— Eu sou uma assassina.
— Você salvou os nossos bebês. Você vai superar isso, pequena.
Hunter não era uma boa pessoa — ele diz acariciando meus cabelos. — Eu te
amo e estou com você.
— E-eu sou uma pe-pessoa horrível. Eu matei alguém. Você não deve
me amar mais — falo entre os soluços apertando Jace contra mim.
— Claro que eu amo, você é a melhor pessoa que já conheci. Vai doer
agora, mas você irá superar... eu superei.
Jace mata pessoas. Jace é como eu, um assassino.
— Você mata pessoas — murmuro olhando para o chão. Eu sabia que
ele matava pessoas malvadas, mas isso agora bate em mim fortemente.
Ele fica em silêncio por um momento, suspira então fala.
— Sim, eu mato pessoas. Pessoas essas que são ruins e que fazem mal
aos outros. Pessoas que tiram a vida de inocentes, pessoas que merecem esse
destino.
Meus olhos sobem para os seus. E ele continua a falar.
— Você matou um homem que só fez mal enquanto viveu. Se você
não tivesse o matado ele teria feito coisas horríveis com você e com nossos
bebês. — Acaricia minha barriga com uma mão e com a outra seca as
lágrimas que continuam a cair. — Você é uma heroína.
Eu protegi os meus bebês. Eu fiz a coisa certa. Toco minha barriga ao
lado de sua mão e então acontece algo que nos surpreende. Os bebês chutam.
Pela primeira vez eles chutam e foram ao mesmo tempo me causando uma
sensação estranha e engraçada ao mesmo tempo. É como se eles dissessem
que eu fiz o certo em me defender de Hunter. Eu os salvei de serem mortos
antes mesmo de nascerem. Jace olha para mim com os olhos arregalados e
marejados.
— Você sentiu? Foram os dois? — sussurra emocionado para mim,
eu aceno sem conseguir falar e ele se abaixa beijando minha barriga.
— Sim — sussurro de volta e lhe dou um pequeno sorriso. — Eu te
amo muito.
— Eu amo vocês. Fico muito feliz que você os protegeu. Serei sempre
grato — fala aproximando os lábios do meu em um beijo rápido.
Ficamos assim, calados, pelo que pareceram horas, até meu estômago
roncar. Lembro que a última coisa que comi foi um cachorro-quente, antes de
ser sequestrada.
— Vamos tomar um banho e comer algo. Você dormiu por quase
doze horas — Jace diz me ajudando a levantar, não que eu precise minha
barriga ainda não está imensa.
Ele retira as minhas e suas roupas e liga a água, então entramos. Fico
abraçada com Jace enquanto a água quente cai em minhas costas. É uma
sensação incrível. Jace me ajuda a me lavar e então eu faço o mesmo por ele,
mesmo usando só uma mão, já que a outra está com um curativo pelo corte.
Seu pau está duro, mas Jace não me deixa tocá-lo, assim, só ficamos
agarrados gratos por meus bebês e eu estarmos bem.
— Você fez xixi aqui? — Jace pergunta e minha boca cai aberta.
— Claro que não!
— A água está mais quente — ele diz calmamente e eu lhe dou um
soco com toda a minha força.
— Eu não fiz xixi — grito e ele começa a rir. É uma visão magnífica,
um Jace nu, ereto e rindo com seu pau balançando. — E mesmo se eu tivesse
feito, eu estou GRÁ-VI-DA.
Ele olha para mim tentando segurar o riso e me abraça quando
percebe que eu estou com raiva. Eu não fiz xixi no box!
— Tudo bem, pequena. Eu acredito — ele diz e eu olho cerrado para
ele para ver se ele está dizendo a verdade, mas o desgraçado está segurando o
riso. Sem me importar eu mordo o seu peito com força. — Meu Deus, Carina
— ele grita e eu rio me afastando vendo a marca dos meus dentes envolta do
seu mamilo.
Olho para baixo e lambo os lábios, seu pau está ainda mais duro e
babando na ponta.
— Quem está molhando o banheiro agora? — caçoo e ele olha para
seu pau e sorri orgulhoso.
— É só olhar para você que meu pau fica duro e babando.
— Humm — digo com desdém e antes que ele pegue a minha mão,
passo pela sua cabeça e meu dedo fica com seu pré-sêmen, que eu levo a
boca e chupo.
Nesse momento eu não me sinto suja, uma assassina. Nesse momento,
neste banheiro somos só Carina e Jace.
— Carina — adverte, mas sua voz está grossa e cheia de desejo.
Me sento no banco que tem no box e Jace me olha.
— Vem aqui, baby — digo com a minha voz mais doce.
Jace levanta uma sobrancelha.
— Pra que? — ele pergunta, mas seus olhos estão na minha boceta.
Abro mais para ele ter uma visão melhor. Minha barriga está grande, mas
nem tanto. Ainda consigo ser sexy.
— Por favor. — Faço um biquinho e ele chega perto lentamente.
Seu pau para a alguns centímetros do meu rosto e o olhar de Jace é
intenso. Sem falar nada me inclino para frente e o tomo na boca, o puxando
pela bunda para ficar mais perto de mim. Durante esses dois anos eu me
aprimorei na arte do boquete, Jace diz que sou ‘’uma garganta profunda
natural’’ o que eu acho escroto e quero bater nele sempre que diz isso. Eu o
tomo quase todo, mas ele é muito grande. O acaricio com uma mão enquanto
a outra eu desço para a minha vagina e me toco.
Meus olhos vão nos de Jace e ele segue a minha mão e geme alto
quando vê eu me tocando.
— Pequena, eu não vou durar muito.
— Nem eu — digo voltando a tomá-lo com meus olhos nunca
deixando os seus.
Em poucos minutos nós dois nos entregamos a paixão. Terminamos o
banho e saímos do banheiro mais felizes que entramos. Jace faz um novo
curativo na minha mão. Visto um top de academia e uma calça legging,
ambos pretos.
— Pequena, coloque pelo menos uma meia. Está nevando lá fora.
— O aquecedor está ligado — resmungo, mas coloco um par de
meias. Jace seca meus cabelos, pois ele tem medo de que eu pegue um
resfriado. — Vamos logo comer algo que estou faminta.
Paro na sala e olho para todos os meus amigos sentados ali. Isis seca
os olhos e se levanta para me abraçar apertado, sua barriga, que ainda não
aparece nenhum pouco.
— Estava tão preocupada — ela diz fungando, quando se afasta um
pouco seca os olhos e bufa. — Já percebeu que eu virei uma chorona?
— Sim, mas você pode culpar a gravidez — falo e ela sorri.
— Estou tão feliz que você está bem. — Acaricia meu rosto. Minha
garganta aperta ao me lembrar de todo o terror que passei.
— Estou bem graças a você — digo acariciando minha barriga. —
Nós três estamos.
Mais lágrimas caem dos olhos de Isis.
— E você me achava estranha por ter facas nos meus sapatos — ela
brinca e eu bufo uma risada.
Elena se aproxima e me abraça apertado.
— Estava com muito medo, clorofila — ela diz e eu lhe dou um
tapinha na bunda.
— Estou bem.
— Só pra saber, tem facas nos meus sapatos também? — Elena
pergunta e Isis finge que não ouviu.
Miguel é o próximo a me abraçar e pede desculpa por não ter me
protegido. Não foi culpa dele, e ele sabe disso.
— Eu devia ter ficado com você todos os momentos.
— Você brilha demais para ser uma sombra — brinco e ele bufa uma
pequena risada.
— Verdade, todas as mulheres iriam me entregar por ficar olhando
tanto pra minha beleza.
— Metido. — Ester finge que espirra. Ela pisca para mim e me
abraça. — Estou tão contente de você estar bem.
Eu sorrio para ela, realmente ninguém acreditava que esse romance
deles ia durar. Mas só de olhar para eles dá para ver o amor que Miguel sente
por ela. Damien se aproxima e me abraça me surpreendendo.
— Quase me deixou de cabelos brancos de preocupação — ele diz e
eu sorrio.
— Admita que você sentiria minha falta e aí não teria ninguém para
encher o seu saco e de Elena — brinco e ele pisca.
— Faço minhas as palavras do meu irmão. Estávamos todos muito
preocupados — Dominic diz me abraçando.
— Eu sei que todos me amam. — Jogo meus cabelos para trás e Jace
dá uma risada.
— Vou buscar algo pra você comer.
Aceno e ele me beija antes de caminhar para a cozinha. Me sento no
sofá e todos fazem o mesmo. Acaricio minha barriga e lembro.
— Os bebês chutaram ainda agora, foi muito bizarro — falo e Isis me
olha com os olhos arregalados.
— Os dois ao mesmo tempo?
— Sim, um onde estava a mão do Jace e outro onde estava a minha.
— Isis toca a sua barriga seca.
— Deu até saudade de sentir Dante chutando.
— Logo esse bebê crescerá e chutará também — Dominic fala dando
um beijo no seu ombro e se levanta. — Vou ver por que Valentina está
demorando no banheiro.
— Valentina está aqui? E Eric? Eles vão adorar sentir os bebês
chutando — falo e o rosto de Dominic cai um pouco.
— Eric foi embora ontem, sua mãe se suicidou e seu pai o obrigou a
voltar para o enterro. Valentina está arrasada.
— Poxa. — Fico triste, parte meu coração que ele esteja passando por
isso. Tão novo perder a mãe.
Isis aperta a minha mão.
— Ele estará de volta para o casamento de Elena e ficará uma semana.
— Enquanto vocês falam eu vou buscá-la. — Dominic sai e eu olho
para Elena que olha para a aliança no seu dedo como se fosse um monstro e
vejo que Damien olha para ela com pena.
— Então Damien, me conte dos seus irmãos — falo tentando
desesperadamente mudar de assunto.
— Lorenzo tem vinte e dois anos e Luca dezenove. Lorenzo é mais
fechado como eu e Luca ainda é um menino que gosta de diversão.
— Falou ‘’O insaciável’’ — Elena resmunga e Damien a encara
firmemente fazendo ela desviar o olhar. — Como eles estão, a última vez que
os vi devia ter oito ou nove anos — ela diz tentando amenizar o clima.
— Elena, eu tenho esse título muito antes de sonhar em me casar com
você — Damien diz frio.
— Só estou curiosa se o terá depois do casamento — ela responde
com desprezo, sem fraquejar ou hesitar. Ambos entram em uma batalha de
olhar, só que dessa vez Elena não desvia.
Valentina entra na sala com cara feia e Dominic também, ela se senta
no meu lado e me dá um beijo.
— Estou muito feliz de você e os meus priminhos estarem bem — ela
diz beijando a minha barriga.
— Obrigada, meu amor. Os bebês chutaram hoje — digo e ela sorri
colocando as duas mãozinhas na minha barriga.
— Sério? Muito legal. Eric iria querer ver — ela diz então pega um
iphone rosa do seu short. — Posso gravar quando o bebê se mexer?
— Que celular é esse, Valentina? — Isis pergunta e Dominic bufa.
— Você acredita que Eric deu à Valentina e não falou nada conosco!
Peguei ela conversando com ele no banheiro.
Valentina bufa.
— Fick[2].
Damien se engasga e olha para Valentina com os olhos arregalados
como todos nós. Tudo bem que às vezes ela xinga em italiano imitando seu
pai e Isis, mas em alemão já é demais. Uma menina de cinco anos não deve
xingar tanto.
— Valentina, o que falamos sobre xingar? — Dominic pergunta
calmamente e a menina olha para baixo.
— Papà, mi dispiace — ela se desculpa em italiano com uma voz tão
doce que eu solto um ‘’Ownnn’’ alto.
— Você é muito fofa — Damien diz balançando a cabeça para ela.
Foi a coisa mais gentil que já ouvi ele dizer.
— Eric precisa de mim, papai. O pai dele o obrigou a ir ao enterro da
sua mamãe. Ele disse que não importava se ele estava lá ou não, sua mãe vai
pro inferno do mesmo jeito! — Valentina fala calmamente e meus olhos se
arregalam.
— O quê? — eu exclamo assustada, mas Isis nega com a cabeça,
sinalizando que irá contar depois. Ninguém diz nada, absolutamente nada,
sobre isso.
Jace entra na sala com uma bandeja cheia de aperitivos, e eu sou a
primeira a pegar meu sanduíche. Já posso usar a desculpa que estou
carregando dois bebês e preciso comer em triplo.
— Se xingar mais uma vez ficará de castigo — Isis impõe séria e
Valentina cruza os braços.
— Mas vocês xingam! — Ela encara com o narizinho franzido. Eu
estou me segurando para não a agarrar e beijá-la.
— Mas você é uma criança e crianças não xingam, é feio — Elena a
repreende e Valentina volta a sua atenção para ela.
— Eu ouvi você pedindo à mamãe palavras ofensiva em português
para chamar tio Damien quando ele não tá olhando. — Elena fica com as
bochechas vermelhas e arregala os olhos para Isis.
— Não sei do que você está falando.
— Mamãe te ensinou a palavra despacho, que é como você fala do tio
Damien — Valentina fala calmamente e eu explodo em gargalhadas caindo
pra trás do sofá.
Lágrimas de riso saem dos meus olhos e pioram quando eu vejo Elena
mais que vermelha e Damien serrando a mandíbula.
— O que é um despacho? — Damien pergunta sério ainda a
encarando. — Não estou familiarizado[ML15] com essa palavra.
Dominic limpa a garganta e ele também está escondendo um sorriso,
já Jace está caído ao meu lado rindo. Ele entendeu.
— Um despacho é uma oferenda a Exu, para fazer mal ou não aos
outros — Dominic diz e Isis explode em gargalhadas comigo.
— No Brasil quando o homem é mal a gente diz ‘’chuta que é
macumba’’.
Eu tive que cruzar minhas pernas para não fazer xixi de tanto rir e aí
sim ter que ouvir novamente Jace me acusar. Meus amigos sabiam como
distrair alguém.
Quando finalmente me acalmo Damien ainda está olhando para Elena.
— Você me considera um despacho? — ele diz com humor, e ri com
ironia deixando claro seu ponto de vista de quem é o despacho de quem. Os
olhos de Elena se enchem de água e ela se levanta indo para o banheiro.
Isis fuzila Damien com os olhos.
— Era uma brincadeira nossa de saber gírias e memes brasileiros! Se
é assim então ela também te chamou de ‘’boy magia’’, ‘’Filé’’, ‘’Friboi’’,
‘’Crush’’, ‘’Pão’’ e muitas outras coisas que são mais que positivas, ela não
estava sendo maldosa com você — Isis exclama irritada se levantando e indo
atrás de Elena.
— Já perceberam que sempre que estamos todos juntos acontece
algo? — Miguel pergunta e Ester dá um tapa nele, sem tirar os olhos do
celular. Miguel tenta puxá-la para um beijo, mas Ester se afasta.
— Preciso aprender essa matéria, Miguel.
Valentina olha feio para Damien.
— Tio, você tem que consistar tia Elena — Valentina diz e Jace ri ao
meu lado.
— Ela é muito fofa — Jace diz baixo para mim. — Conquistar,
Valentina.
— Foi isso que eu disse. — Ela olha novamente para Damien. —
Você tem que dar flores, bombom, mas tia Elena tem que dividir comigo
porque eu amoooooo chocolate.
Damien bufa uma risada para Valentina.
— Vou te dar um saco de doce se você ficar quietinha. — Ele sorri de
leve, mas sua intenção é clara. Calar Valentina, antes que Elena volte.
Elena volta a sala com um top prata e minha bota preta 7/8. Seu jeans
é apertado marcando todo o seu corpo. Ela está um arraso.
— Clorofila, peguei emprestado, depois te devolvo — diz apressada e
sai desfilando. A boca de Damien cai aberta literalmente.
— A onde você está indo vestida assim? — Damien pergunta em pé a
olhando com raiva enquanto Elena o ignora colocando um sobretudo branco e
o deixando aberto.
— Achei que Dominic já tinha te contado que essa manhã aceitei sair
com meus pretendentes, não sei você, mas eu não sou um despacho para os
outros. Falando nisso manda um beijo pra Angel e manda ela agradecer os
chefões por todas as lingeries que recebi. — Ela manda um beijo para ele e
sai desfilando.
O olhar de Damien se volta para Dominic que o encara surpreso por
sua explosão.
— Que porra é essa? — ele grunhe e Isis leva Valentina para cozinha.
Ester as segue, mas eu quero ver a confusão.
— Que porra é essa digo eu. Você falou que seria discreto, mas ontem
estava nos sites de fofocas, fotos suas entrando num hotel com uma das
Angels da Victoria Secret.
— Nós não estamos casados ainda — Damien resmunga.
— Que bom que você pensa assim. Há uma semana Elena está
tentando convencer vovô a deixá-la escolher seu noivo. Então ontem graças a
sua burrada vovô aceitou deixá-la ter encontros.
— Esse não era o combinado — Damien acusa.
— Com certeza não era, não era o combinado fazer Elena chorar —
Jace se mete e Damien dá um passo para trás como se tivesse levado um
soco.
— Não sabia que teria paparazzi — finalmente diz.
— Não é só isso. Às vezes você não volta para casa ou chega muito
tarde e com perfume de mulher, você pode pensar que não, mas ela percebe.
Como seria com você, se você fosse obrigado a se casar arranjado e ainda por
cima sua companheira não fosse fiel? — Dominic conta passando a mão pelo
cabelo.
— Elena terá a escolha no final? — Damien pergunta.
Miguel está calado só observando, na certa para contar tudo para
Elena depois.
— Veremos se ela está certa sobre o caráter do escolhido — Dominic
diz.
— Com quem ela está almoçando?
— Um embargador, trinta e dois anos — Jace fala sem citar nomes,
suspeito que para Damien não ir atrás do cara. — Depois será um consigliere
de trinta e cinco e por último um magnata árabe com quem vendemos nossas
coisas, ele tem quarenta e dois.
Todos ficamos em silêncio e até Dominic dizer.
— De cem pretendentes, só eles tinham a ficha totalmente limpa, mas
não os conheço para entregar a mão de minha irmã.
— Elena é esperta, escolherá o melhor para o futuro dela, mesmo se
ele for você — Miguel fala e assim ficamos.
Eu vou para a cozinha e Isis está lá.
— Valentina vai lá com seu papai para ligar para seu avô e ver como
Dante está — Isis diz e Valentina corre para fora. Vô Raffaelo ama seu
bisneto e adora ficar com ele, então quando Isis e Dominic precisam sair
ambos sempre perguntam para ele se quer ficar um pouquinho com o neto.
— Vai me contar agora o que foi aquela coisa de inferno que
Valentina falou? — pergunto curiosa me sentando.
— A mãe de Eric era uma mulher desequilibrada — Isis suspira. —
Ela tentou matar Eric afogado na banheira com cinco anos. A sorte é que seu
irmão mais novo entrou no banheiro e começou a chorar. O pai de Eric entrou
e viu a cena e internou a mulher, ela era um risco às crianças. O pior é que
Eric se lembra. — Tampo minha boca com a bile subindo, como uma mãe
pode fazer uma crueldade com uma criança, com seu próprio filho.
— Meu Deus — murmuro secando as lágrimas que começam a sair
ao imaginar o que o pequenino passou.
— E não é só isso — Isis fala se aproximando de mim, falando baixo.
— Eric nos últimos anos apresentou vários transtornos, bipolaridade,
depressão e é violento às vezes. Ele é uma bagunça emocional, mas parece
que estar com Valentina trás o melhor dele, até seu pai notou, quando falava
com ele por vídeo e ligações. Mas...
— Mas você teme por Valentina — completo seus pensamentos.
— Sim, não quero que minha menininha saia machucada. — Ela se
levanta e voltamos para a sala.
Encolho-me nos braços de Jace e deixo o sono me levar, antes de
dormir fico imaginando a carinha dos meus bebezinhos. Imaginando se serei
uma boa mãe. Se eles me amarão. Se finalmente terei meu felizes para
sempre com Jace.
Capítulo 33
JACE

Carina está completando oito meses de gravidez hoje e eu estou mais


que feliz que em algumas semanas terei meus bebês comigo. Sorrio olhando
o quarto deles, ainda não sabemos o sexo dos bebês, Carina cismou que só
saberemos, para valer mesmo, quando tivermos eles nos nossos braços. Sua
barriga está tão grande, mas ela nunca esteve tão bonita.
Me lembro do dia que a pedi em casamento novamente quando ela
estava com seis meses, foi no mesmo momento em que escolhemos o nome
dos nossos bebês, pelo menos se estivermos certos dos sexos. Eu já apostei
com os meninos que serão duas lindas menininhas, mas Carina contesta
comigo que tem certeza de que será um casal. Ela até já comprou roupinhas
de casal, conjuntos de marinheiro, de príncipe e princesa e até de ‘’mafiosos’’
que consiste em um macacão com estampa de terno e um de menina como
um vestido vermelho.
Naquele dia foi um momento especial para a gente, o nome dos bebês
não são os mais populares, na verdade nunca conheci ninguém com esses
nomes. É a cara de Carina querer algo especial, mas confesso que sou um pai
babão e adorei os nomes.
Era uma noite de tempestade, trovões e raios lá fora, também tinha
começado a nevar para piorar. Carina estava encolhida deitada no sofá
comigo debaixo de cobertas vendo televisão. Diminui a luz, pois sabia que a
qualquer momento ela pegaria no sono. A árvore de natal já estava armada
para mais um natal e isso a deixava muito feliz. Estava acariciando seus
cabelos quando outro raio rompeu o céu iluminando tudo fazendo Carina
pular em cima de mim e o controle mudar de canal, direto para o filme Thor.
Então ela gritou.
— É isso! Um sinal! — gritou tentando se sentar.
— Isso o que, pequena? Você estava sonhando? — pergunto também
me sentando e a puxando para mim. Carina intercala os olhos nas janelas e na
tevê. Definitivamente ela está sonâmbula. — Baby, vou te levar pra cama.
— Não posso dormir agora, precisamos escolher o nome do outro
bebê.
— Hãh? — Será que ela andou bebendo escondido? — Pequena, do
que você está falando?
— Você não percebeu os sinais? — me pergunta olhando como quem
diz: ‘’Alô, acorda!’’.
— Que sinais? — Agora fiquei curioso, você nunca sabe o que vai
sair da boca de Carina.
— Raciocina comigo: Eu estava sonhando com os bebês, aí eu
acordei e comecei a pensar em nomes pra te falar, então veio o trovão e o
filme me deram a resposta!
Olhei para Carina aterrorizado.
— Você não vai querer chamar nosso filho de raio ou trovão, né? —
perguntei cauteloso já pensando em vários nomes pra tirar essa ideia da
cabeça dela.
Carina bufou, ela era tão linda. Ainda não acredito que ela é só minha.
Olho para o anel de diamante em seu dedo e o colar com o nosso anel de
compromisso que ela nunca tira.
— Claro que não, imagina: ‘’ Trovão para de correr como um furacão
pela sala. Raio para de correr como o Flash!’’. Eu pensei em algo mais
charmoso, Deus do Trovão...
— Você não vai chamar nosso filho de Deus do Trovão, pelo amor
de... — Respiro fundo quando uma risada me escapa, ela está realmente
querendo chamar nosso filho de Deus do Trovão? Oro para serem duas
meninas mais que nunca, mas do jeito que Carina é não quero nem pensar nos
nomes de menina.
— Thor! Esse vai ser o nome do nosso bebê.
Thor. Gostei, é forte, seguro e ainda dá pra tirar onda. Thor Donavan.
— Thor Donavan. Gostei — falo me esticando para beijar, mas
Carina vira o rosto.
— Precisamos de um nome do meio — ela diz pensativa e meus olhos
se arregalam antes de eu disfarçar rapidamente.
— Amor, Thor já é um nome forte demais para um nome do meio —
argumento.
— Verdade, mas eu queria algo bombástico sabe, tipo Thor Odin
Donavan. Ou Thor Eros Donavan. Tipo Deus do amor e do trovão ao mesmo
tempo, entendeu? Você escolhe, amor.
Fico olhando para a cara da Carina esperando-a rir e falar que é
mentira, mas ela me olha realmente esperando. Meu Deus do céu, qual soa
menos pior. Thor Odin Donavan está fora de cogitação, o moleque vai sofrer
bullying com esse nome. Thor Eros Donavan, meu filho pode de boa assinar
com Thor E. Donavan.
— Thor E. Donavan — falo alto testando e Carina levanta uma
sobrancelha para mim. — Digo Thor Eros Donavan.
Era uma merda misturar mitologia nórdica com grega, mas não
contestaria Carina. Não quero nem pensar nos nomes femininos que ela está
pensando.
— Amor vamos pensar nos nomes femininos, eu estava pensando em
algo como...
Me levanto num pulo, me enrolando nas cobertas e tropeçando.
— Vou buscar os livros de nomes que comprei. — Eles são mais
seguros. Completo mentalmente.
Quando volto vejo Carina na janela. A chuva forte já passou e o céu
está começando a limpar, com a lua cheia iluminando a noite e a neve dando
um ar mágico. Coloco os livros no chão e envolvo meus braços ao seu redor.
Ela descansa a cabeça no meu peito e essa é a melhor sensação do mundo.
Minto, todas as sensações que envolve Carina são as melhores de todo o
universo.
— Sabe, olhando esse céu lindo, que antes estava uma bagunça com a
tempestade eu estive pensando...
— Não vamos chamar nossa filha de Raibow ou qualquer coisa assim
— anuncio, repensando a decisão de ser melhor ter meninas.
— Não bobo, eu estava pensando em Moon, ou Lua, em português —
ela diz acariciando meu braço.
— Gostei de Lua, a gente podia colocar Luna, que é Lua em latim —
falo e Carina se vira para mim com os olhos brilhando.
— Luna Donavan, eu amei. Mas sinto que está meio sombrio, minha
filha será sua própria lua e seu próprio sol. Precisamos de algo para firmar
isso.
Penso um pouco e Carina tem razão, em meio ao seu mundo louco ela
faz a minha vida ser colorida em vez do simples preto e branco.
— Luna Solis Donavan — Testo o nome nos meus lábios e sai
lindamente. Os olhos de Carina se enchem de lágrimas. — Não gostou,
pequena?
— Eu amei. Luna Solis Donavan — Ela diz e com a sua voz doce é
ainda mais bonita — Thor Eros Donavan e Luna Solis Donavan.
— Vamos fazer mais um feminino e um masculino para o caso de
serem do mesmo sexo? — pergunto colocando seus cabelos atrás da orelha e
beijando seu ombro.
— Não agora, eu tenho certeza de que serão um casal.
— Se você está dizendo — falo e ela envolve os braços no meu
pescoço e eu me abaixo para beijar seus lábios doces. — Casa comigo? —
pergunto tocando em seu anel no seu dedo.
— Eu já aceitei seu bobo. — Tenta beijar meus lábios, mas eu desvio.
— Você aceitou, mas não marcou datas. Está me enrolando. Eu quero
que você tenha meu sobrenome.
Seus olhos se enchem d’água.
— Eu também quero ter seu sobrenome o quanto antes. — Ela tem
um sorriso enorme, então aos poucos se desfaz e ela faz um bico fofo que eu
tenho vontade de morder. — Mas antes eu quero estar magra e com meu
diploma.
— Carina. — Pronuncio seu nome como um aviso, novamente ela
está me enrolando.
— Um ano depois de ter os bebês — ela diz e meus olhos se
arregalam.
— Três meses.
— Oito meses. Pode demorar muito tempo para eu voltar ao meu
antigo corpo.
— Quatro meses e eu serei seu treinador, sem falar das fodas de
exercícios. Não dou nem um mês a partir do fim do resguardo para você estar
de volta a seu corpo.
— Seis meses, pensa comigo. Em seis meses eu já terei meu diploma,
já estarei com meu corpo e é o tempo suficiente para eu preparar uma festa
bafônica!
Penso um pouco, Carina me confessou que sempre sonhou com um
grande casamento. Eu já desconfiava disso desde que ela tomou partido do
casamento de Isis e fez tudo do seu jeito. O que não me falta é dinheiro,
durante todos esses anos eu juntei uma pequena fortuna e fui investindo e
agora estou com mais que o triplo, sem falar que trabalhar para máfia rende
um bom dinheiro, ainda mais eu que sou o braço direto do Capo.
— Tudo bem. Seis meses, mas você já começa a preparar o
casamento amanhã mesmo. Vou mandar uma equipe vir aqui para você não
precisar ficar andando e se cansando.
Carina revira os olhos, mas me puxa para um beijo apaixonado.
— Te amo com todas as minhas forças.
— Também te amo mais que tudo e te prometo que nunca esticaremos
o elástico ao ponto dele se romper.
CARINA

Fico olhando para as amostras de cores para as mesas e não consigo


me decidir. Estou com oito meses, inchada, de mau humor, e isso não é nem
de longe o pior. Estou sem sexo há quase dois meses. Jace pirou de vez, só
pode. Cismou que seu pau bateria na cabeça de uma das crianças! Ri tanto
que quase me mijei nas calças.
— Carina para de rir, isso é sério — ele diz irritado, passando a mão
pelos fios loiros, com seus olhos cinza em mim.
— Querido sem ofensa, mas seu pau não é grande o bastante para
bater nos bebês — falo entre risos e Jace levanta um dedo.
— Primeiro: Eu entendi o que você quis dizer, você não tem nada a
reclamar do meu tamanho, já perdi as contas do quanto você ficou assada. —
Eu coro e ele levanta outro dedo, mas a sua expressão é divertida. —
Segundo: Não me sentiria bem dentro de você sabendo que posso acordar os
meus bebês. E terceiro e último, mas não menos importante. Não deixarei
minha mulher na mão, minha boca e meus dedos estão aqui pra isso. — Pisca
para mim e eu fico séria.
— Você está falando a verdade, não tocará mais em mim? — Meus
olhos marejam fingidos, tentando passar a perna nele. Bendito curso de
teatro.
— Pequena, não chore. Acabei de dizer que eu não te deixarei na
mão, só não colocarei meu pau em você.
— Isso é ridículo! — grito fazendo drama já que a choradeira não
colou.
— Sabia que você estava fingindo. — Ele bate nas próprias mãos. —
Você merece um Oscar por melhor atuação.
— Eu sei, eu sei. Mas o que me interessa agora é seu pau.
— Opa, cheguei na hora errada, já estou vazando — Elena diz e já
começando a andar para a porta.
Jace solta uma gargalha e grita antes que Elena saia:
— Que bom que chegou Elena, eu preciso dar uma passada no Ponto
Zero para ver se está tudo certo.
Quando ele sai Elena olhou para mim com uma sobrancelha
levantada, ela esteve as últimas duas semanas em Las Vegas conhecendo
melhor a irmã Bella, essa menina é uma batalhadora sofreu nas mãos do
próprio irmão de criação que tinha o apelido de ‘’Lúcifer’’. Eu fiquei
arrasada ao saber que ela era estuprada por seu irmão durante dois anos e
ameaçada, pois se contasse a alguém ele contaria a Daniel que ela era a sua
filha, e todos sabíamos o que ele faria sobre isso. Dominic teve muita raiva
na hora e não reagiu bem, mas o mal já tinha sido cortado pela raiz, Apollo
matou Lúcifer.
Aos poucos Bella se reergueu e hoje está mais que feliz estando
casada com Apollo King, consigliere da máfia de Las Vegas. O casamento
foi semana passada e a cerimônia e festa estavam lindas. Anotei num
bloquinho e tirei foto de tudo que gostei que poderia usar para o meu
casamento na maior cara de pau. Bella estava tão feliz que parecia brilhar.
Elena está deslumbrante e bronzeada com o calor de Las Vegas. Ela
não se deu bem com nenhum dos pretendentes, disse que foram rudes, ou
simplesmente não tiveram química. Mas na minha opinião ela quer ficar com
Damien mesmo. E falando nele já faz dois meses que não o vejo, ele voltou
para Itália para ajudar o pai. Me ligou pelo menos duas vezes para saber
como eu estou e como vai Elena. Para mim aquela cara e postura de durão é
só fachada e embaixo dela tem um menino quebrado, que não conhece o
amor. Falei com Vô Raffaelo sobre isso e ele concorda comigo, ele acha que
os dois juntos irão curar suas feridas, para ele Damien nunca superou a
traição de sua mãe com Daniel, mesmo sendo amado por todos a sua volta.
Falando em Daniel não ouvimos falar dele, ainda o procuramos, mas pelo que
tudo indica, ele não está nos Estados Unidos.
Passo a tarde com Elena me ajudando a ter ideias para o casamento,
ainda vou acabar infartando Amara, minha assistente, que está me ajudando a
ter tudo exatamente como eu quero. O casamento será grande e esplendoroso,
cheguei a discutir com Jace várias vezes que queria ajudar a pagar o
casamento, mas ele foi inflexível e até ficou magoado. Eu sei que ele tem
dinheiro de sobra, mas quero ter minha mão ali também, mas é aquele ditado,
né? Vamos fazer o quê?
Há alguns meses foi meu ‘’mêsversário’’ Mas eu já não ligo de
comemorar o mês todo. Eu acho que agora superei essa coisa de meus pais
não ligarem para mim. Fizemos um jantar em casa no dia em que nasci, vinte
um de agosto, e assim comemorei com meus amigos. Mas Jace me deu um
mês de orgasmos maravilhosos. Há um mês Isis e eu resolvemos fazer um
chá de bebê juntas, já que ela nunca teve um com Dante ou Valentina e só
Deus sabe quando ela vai estar grávida de novo, dois para mim já estão
ótimos.
O dia estava tão bonito que resolvemos fazer o chá de bebê no quintal
de Isis, convidamos poucas pessoas, mas eram as que tem uma história
conosco. Eu convidei Melanny, minha amiga fotógrafa de cabelos rosas, que
já fazia quase um ano que não a via, ela finalmente tinha laçado John.
Convidei mais algumas antigas amigas, também Mirian e Justin da faculdade.
Isis e eu decidimos convidar Bella para ela se aproximar mais da família e aí
aproveitamos logo e convidamos os irmãos de Apollo King com suas
namoradas, Sara e Penny.
A decoração estava em tons de dourado, e estava a coisa mais linda.
Vó Maria veio lá do Brasil, Damien da Itália e até Eric veio da Alemanha.
Tenho vontade de abraçá-lo e pegar para cuidar, tão pequeno e já sofreu
tanto, mas ao lado de Valentina eu o vejo enfrentando esses demônios e
sendo feliz.
A festa estava numa alegria só, Isis finalmente revelou que estava
grávida de um menino, e Dominic falou todo bobo que o nome seria Dimitri,
eu não perdi a oportunidade de fazer brincadeira dizendo que os Raffaelo
adoram um ‘’D’’ nos nomes. Jace e eu tínhamos combinados em não falar o
nome que escolhemos para os bebês, queríamos que fosse uma surpresa
assim como o sexo deles. Dominic desfilava com o pequeno Dante no colo,
os dois estavam tão parecidos, o cabelinho dele escureceu e agora está num
castanho escuro quase preto, eu aposto que será uma cópia de Dominic
quando crescer, com o bônus da heterocromia da Isis.
Eu estava me divertindo muito, mas me deu aquela vontade de fazer
xixi. Coisas de estar grávida, às vezes me sinto como uma torneira. Deixei a
festa e fui ao banheiro, depois de terminar as minhas coisas o meu celular
tocou, não reconheci o número, mas atendi.
— Alô.
— Carina, sou eu. Não desliga, por favor. — Sua voz me trouxe
náuseas.
— Drica.
— Só me escute, por favor. — Sua voz soava desesperada.
— Você sabe que está assinando a sua morte me ligando, né? — falo
com a voz fria, mas estou tremendo. Sento-me no vaso com medo de cair no
chão.
— Só preciso que você me escute. — Posso dizer que ela está
chorando. — Eu não sou uma má pessoa, ao contrário do que você acha.
Donavan foi uma das melhores coisas que me aconteceu, há sete anos,
quando decidi me prostituir ele foi o único a me tratar como gente por meses,
então ele me contratou me tirando do inferno. Eu estava convencida que essa
vida não era pra mim, mas permaneci, pois sabia que ele não iria querer nada
comigo de outro jeito. — Ela funga. — Eu me apaixonei — sussurra com a
voz entrecortada. — Então você apareceu, eu deixei ele ser feliz, mas eu
ainda sentia que de algum modo ele iria perceber que eu era a mulher para
ele.
— Já chega — grito alto com raiva. — Você abusou dele quando ele
estava drogado, você é podre! Eu tenho nojo de você! Tem sorte de ainda
estar viva.
Ela chora alto.
— Eu não sabia que ele estava drogado! Eu pensei que vocês haviam
terminado e fui ao seu quarto ver como ele estava, o toquei e ele respondeu,
mesmo eu sabendo que o desejo era por você. — Funga. — Eu sabia que era
errado, ele estava dormindo, mas então seu corpo começou a responder e eu
pensei que ele estava bem e acordado... foi o pior dia da minha vida quando
abri os olhos e vi vômito entre nós... Ele vomitou. Eu estava tão mal e com
tanta vergonha. Jace estava tão impotente.
Sua voz quebra e agora soluços saem de mim.
— Ele não conseguia se mexer — ela sussurra e funga. — Eu o limpei
e fiquei com ele para ter certeza que ele não morreria engasgado caso
vomitasse. Carina, estou tão arrependida.
Fico em silêncio imaginando a cena e isso me causa náuseas.
— Eu tentei pedir desculpas, mas ele não quis me ouvir. Naquele dia
que você me viu eu estava tentando, mas Jace não queria me ouvir. Eu ainda
o amo, mas sei que você é melhor para ele. Você sempre trouxe o melhor
dele... Eu preciso do seu perdão.
Eu seco minhas lágrimas.
— Não é a mim que você tem que pedir — falo e ela assoa.
— Eu já falei com ele antes de ligar pra você..., mas eu preciso do seu
perdão também.
Ela ligou para Jace. Eu sei que o que ela fez foi errado, muito errado.
Mas quero começar uma vida nova, sem ressentimentos, sem omissões, sem
traições e tristezas... sem sombras do passado.
— O que ele disse? — pergunto com a voz sem demonstrar nada.
— Ele disse que também foi culpa dele e que me perdoava, só que sua
palavra ainda é válida. Se eu for para Boston ou ir atrás dele ele irá me matar.
— Sua voz demonstrava o medo que estava sentindo. — Eu estou tão
arrependida, tenho tanto medo dele.
Fico em silêncio. Jace está sendo mais misericordioso. Na máfia tem
leis e estupro tem pena de morte.
— Eu te perdoo, Drica. Estou com uma vida nova e não quero
sombras do passado. Eu entendo que você o ama, mas Jace é meu e eu nunca
vou desistir dele. Espero que você seja feliz.
— Eu te desejo o mesmo — ela sussurra com a voz entrecortada de
emoção. — Você é uma pessoa maravilhosa.
— Adeus — digo e desligo.
Limpo meus olhos e abro a porta do banheiro pronta para voltar a
festa, mas Jace está parado me esperando.
— Ela te ligou também? — pergunta e eu aceno.
— Estamos sem sombras do passado, agora — sussurro o puxando
para um beijo. Jace me abraça.
— Estamos livres.
Então eu sinto um chute forte logo depois uma ‘’coisa’’ se rompendo.
Paro o beijo e Jace olha para meus pés e seus olhos se arregalam e depois ele
aperta os lábios para conter um riso.
— Não vou lhe culpar, sei que os bebês estão em cima da sua bexiga.
— Suas covinhas aparecem enquanto ele tenta esconder o riso.
Porra, ele está achando que eu fiz xixi nas calças?
— Jace...
— Está tudo bem, pequena — ele diz calmo e olha seus sapatos
encharcados. — Vou precisar de outro sapato.
— É... Jace. — Ele me olha ainda divertido. — Tenha calma, mas não
é xixi.
Eu quase rio quando sua expressão muda de divertido para apavorado.
— O quê? — Ele olha para minha barriga e seus olhos se abrem mais.
— E-e-eles querem nascer?
— Sim, nossos bebês querem vir ao mundo.
Uma contração vem me deixando assustada e eu quase caio, se Jace
não me segura. Então começa a gritaria Jace faz um escândalo falando para
deus e o mundo que os bebês estão vindo. Isis chega a mim e me abraça.
— Amiga, estou tão feliz por você — ela diz feliz, então ela ri. —
Quem vai ser a arreganhada agora? Dois bebês de uma vez... não sei não —
caçoa e eu lhe dou um soco de brincadeira.
— Pequena, precisamos ir para o hospital — Jace fala sério parando
ao meu lado, ele está preocupado. Eu tento sorrir, mas outra contração vem.
— Vamos.
Eu rapidamente me despeço de todos e vamos para o hospital. Lá eles
decidem que é melhor fazer uma cesariana, pois eu não tenho dilatação o
suficiente para ter os bebês. Durante todo o processo Jace está comigo
segurando as minhas mãos. Seus olhos estão preocupados, ele uma vez foi
olhar para ver como estava indo e voltou branco.
— O que foi? — eu sussurro, eu não sinto minha barriga ou pernas.
— Nada, é só que está tudo aberto e eu nunca imaginei ver esse seu
lado...
Então um choro irrompe a sala. Meus olhos e de Jace se enchem
d’água.
— Parabéns, vocês têm um menino — O médico diz e mais lágrimas
caem dos meus olhos. — Venha cortar o cordão, papai.
Jace me dá um beijo e vai cortar, uns minutos depois um lindo bebê
de cabelos castanhos vem a mim. O médico coloca sobre o meu peito e eu
beijo sua cabecinha. Jace se aproxima e nós três ficamos juntos. Jace deu
dinheiro para uma enfermeira tirar fotos, já que eu não quero gravar minha
barriga aberta para todos.
— Ele é tão lindo — sussurro beijando sua testinha, sem me importar
com todo o sangue.
— Ele já tem um nome? — Uma enfermeira se aproxima. — Preciso
lavá-lo e ver as medidas.
— Thor Eros Donavan — Jace diz e a enfermeira olha para a gente
esperando a gente rir, mas quando percebe que não faremos ela dá um
sorrisinho sem graça.
— É diferente e especial. Já o trago de volta. O outro bebê está quase
chegando — ela diz e pega Thor.
— Ele é perfeito — Jace diz e seus olhos transbordam de lágrimas,
mas ele não as seca. — Obrigada, pequena.
— E lá vem outro, é uma linda menininha — o médico diz e Jace me
beija novamente antes de ir, para cortar o cordão umbilical do bebê.
Uma menininha, eu terei o casal que eu sempre sonhei. Jace a traz
para mim todo atrapalhado. Quando ele coloca o bebê no meu colo, ela abre
seus lindos olhos e minha respiração para. Ela tem os olhos de Jace e os meus
cabelos castanhos, como seu irmão.
— Jace, ela é linda. — Eu choro emocionada, meus dois bebês são
perfeitos. — Prevejo no futuro muitos cabelos brancos para você.
Ele sorri orgulhoso. A enfermeira volta e pega Luna.
— Qual será o nome dela? — pergunta quando a pega. Eu sorrio
cheia de orgulho e respondo.
— Luna Solis Donavan.
Depois disso fico mais um pouco esperando eles terminarem de me
costurar e me levarem para o quarto. Jace me ajuda a tomar banho e me deita
na cama, vinte minutos depois a enfermeira entra trazendo os bebês para
mim. Ela me dá conselhos sobre amamentação e depois sai. Jace me ajuda a
retirar a camisola do hospital, sinto seus olhos gordos nos meus seios que
estão inchados feito pedra.
Primeiro ele coloca Luna nos meus braços que de acordo com ele é a
etiqueta de primeiro as damas. Enquanto ele segura e fica cochichando com
Thor, Luna acha meu seio e começa a puxar meu seio com força. Jace, há um
mês, tentou tirar leite dos meus seios, mas eu fiquei com tanta dor que o
mandei parar. É uma sensação tão diferente ter seu bebezinho nos seus braços
se alimentando de você, a dor de uma mãe se torna quase nada ao ver nosso
filho sendo alimentado.
Acaricio seus cabelos castanhos pensando se eles irão clarear ou não.
Dante nasceu com os cabelos castanhos claros e agora estão praticamente
pretos, então eu não tenho ideia do que esperar deles. Luna abre seus olhos
cinza e eu escuto um barulho de foto e um suspiro de Jace.
— Eles são tão perfeitos — sussurra quando finalmente Luna está
dormindo saciada.
Ele a pega e me entrega Thor, eu lhe dou o outro seio e ele chupa
fortemente. Eu acaricio seus cabelos e ele abre os olhos mostrando pela
primeira vez seus olhos castanhos como os meus, escuto novamente que o
barulho de foto, mas minha atenção está focada nos meus pequenos. Depois
que os dois estão saciados e dormindo Jace me ajuda a colocar uma camiseta
e convida as pessoas para entrar. O quarto é grande, mas Jace foi liberando as
pessoas aos poucos, ele trouxe primeiro Melanny, John, Mirian, Justin e Bella
com aquela turma, eu entendi que era para eles verem os bebês e depois irem
embora para as pessoas mais próximas ficarem mais tempo.
Depois que eles foram embora, entram o restante, Isis com Dante nos
braços, Valentina, Eric, Elena, Damien, Miguel, Ester, Vô Raffaelo e Vó
Maria, minha família. Foi uma chuva de elogios, todos os acharam lindos.
Luna era a mais calminha abrindo os olhos olhando tudo, Jace era um
verdadeiro pai babão. Thor já era mais agitado querendo atenção de todos,
como eu.
Depois do que pareceram horas, todos foram embora me deixando
descansar. Jace se deitou ao meu lado e me abraçou de leve. Eu coloquei a
cabeça no seu peito e sorri, esse é definitivamente meu final feliz.
— Essa data ficará marcada para sempre na nossa vida — falo
acariciando seu braço. Dia cinco de outubro, tive em meus braços os amores
da minha vida.
— Para sempre, mas já prevejo que serei preso quando Luna ficar
maior.
Eu rio me aconchegando nele, imaginando Jace velhinho comigo.
— Eu te amo, pequena — Jace diz rouco olhando nos meus olhos.
— Eu também te amo, para sempre.
— Para sempre.
EPÍLOGO
6 MESES DEPOIS...
JACE

Como prometido, seis meses depois de ter os bebês, finalmente


estamos prontos para ter o nosso casamento e aí sim Carina ser minha para
sempre. Contei os dias para a chegada de maio. Olho-me no espelho e sorrio,
surpreendendo a todos Carina escolheu um casamento na praia em Saint
Barth no Caribe e um dia antes do meu aniversário, a lua de mel sendo no
meu aniversário. Melhor presente que isso impossível. Tive que cobrar
alguns favores para privar uma grande parte da praia para o casamento.
Carina cronometrou todos os horários de luz que ela queria no casamento,
que ela faria sua caminhada até mim vinte e cinco minutos antes do pôr do
sol assim tendo fotos com a paisagem mudando de acordo com a luz.
Ela preparou tudo e quase deixou sua assistente maluca. Depois do
casamento terá um luau pela praia que contará com bandas tocando, num
palco que ela falou que era preciso, sem falar das milhares de pétalas
coloridas no chão. Como de costume ela não conseguiu escolher somente
uma cor para o casamento. A festa terá cerca de duzentos convidados,
incluindo meu pai.

Há um mês quando estávamos malhando, Carina já estava com seu


corpo em forma e mais bonito do que nunca, mas eu sentia falta dela
gordinha carregando meus bebês. Percebi que ela estava realmente quieta e
perguntei o motivo disso, então ela me falou o que lhe incomodava.
— Os convites chegaram essa manhã e eu gostaria de saber se você
vai convidar seu pai?
Meus músculos ficaram tensos.
— Meu pai me abandonou com Vô Raffaelo, pequena.
— Você nunca me contou direito o porquê — ela diz com a voz doce.
— Ele era louco pela minha mãe, ou foi isso que Vô Raffaelo dizia.
Depois que ela morreu com tiros e eles tiveram que me tirar dela morta. Ele
não queria saber de mim, por ele eu podia morrer, ele me entregaria para a
adoção com certeza. Ele passou dois anos comigo e posso dizer que ele
estava com isso na cabeça. Então Dominic nasceu e Vô Raffaelo o pegou
para criar, acho que ele sentiu pena de mim também e pegou minha guarda.
Eu sou muito grato a ele.
Carina acaricia meu rosto.
— Eu sei que é difícil para você, mas acho que seu pai devia estar no
nosso casamento. Fechar esse ciclo, sabe?
Eu fiquei a olhando por um grande tempo antes de perceber que ela
estava certa. Tomamos um banho juntos e pego o carro colocando os bebês
de cinco meses no bebê conforto. Carina vai atrás com eles para ter certeza de
que está tudo bem. Então chegamos na casa dele, Lionel Donavan. Perdi as
contas de quantas vezes na adolescência eu parei na frente dessa casa para
contestá-lo porque ele me abandonou, mas nunca tive coragem de entrar.
Hoje ele está com seus sessenta e cinco anos e eu não tenho ideia de como ele
irá reagir. Tenho Luna em meus braços que está vestindo um macacão
escrito: ‘’Cuidado, papai tem uma arma’’ e Thor está com um macacão com a
armadura e o martelo do Thor. Eu amo Carina. Tenho pendurado em meu
braço uma bolsa com as coisas de bebê, pelo menos é branca, não rosa como
Carina queria.
Bato na porta três vezes, Carina está ao meu lado me transmitindo
coragem. Um homem com cabelos grisalhos e olhos cinza abre a porta, seu
olhar vem direto para mim, depois para Carina e por último para os bebês.
— São meus netos? — ele pergunta olhando os bebês, um leve sorriso
curva seus lábios.
— Eu sou Carina, noiva de Jace — Carina se apresenta sorrindo, mas
sem estender a mão, ela ainda tem medo de que os bebês possam cair no
chão.
Ele nos olha por uns segundos e por fim diz:
— Entrem, acabei de preparar um café.
Carina entra e olha para mim, eu os sigo e entro na casa, meus passos
cessam ao ver várias fotos minhas pela casa. Eu bebê, eu criança,
adolescente, me formando na escola e faculdade, que ele não compareceu. É
uma mistura de emoções. Nos sentamos no sofá e eu vejo um pacote de
cigarros e me lembro do quanto eu evoluí com Carina.
— Fico feliz que você tenha vindo, filho — ele diz finalmente depois
de um silêncio. — Os bebês são lindos, qual os nomes?
— Thor Eros e Luna Solis Donavan — Carina diz orgulhosa.
A testa do meu pai franze, mas ao ver meu olhar cerrado dirigido a
ele, abre um sorriso.
— São nomes diferentes e fortes, eu gostei — ele diz e Carina sorri.
— Eu queria uma coisa completamente diferente.
Ele sorri para Carina, é impossível não gostar dela.
— Então o que os traz aqui? — meu pai pergunta olhando para Luna.
— Carina quis te convidar para o nosso casamento — falo e Carina
me dá uma cotovelada. — Nós queríamos te convidar.
Carina aproveita a deixa e entrega a ele o convite todo glamouroso
que ela escolheu em tons de roxo e azul, como a pedra Tanzanite dos anéis
que lhe dei. Ele olha o convite e sorri para mim.
— Fico feliz que você tem uma vida feliz, filho.
Minha mandíbula cerrou e Carina se levanta.
— Preciso ir ao banheiro, por que vocês não conversam por
enquanto? — Antes que um de nós pudesse responder Carina coloca Luna no
braço de Lionel e sai da sala desfilando.
— Ela é um furacão — ele diz sorrindo como bobo olhando para
Luna.
— Você não faz ideia — murmuro, mas tenho um sorriso no rosto.
Carina é meu furacão.
— Você tem certeza de que quer que eu vá? Eu posso dizer a sua
mulher que eu tenho um compromisso. — Ele tenta, ainda olhando para Luna
que abre os olhos revelando seus lindos olhos cinza. — Ela tem seus olhos.
— Sim, ela tem. — Sorrio olhando para Luna, mas volto minha
atenção para ele. — Carina não vai desistir afinal você é o único avô vivo. —
Dou de ombros, mostrando que eu não me importo.
— Eu sei que você não gosta de mim filho, mas...
— Eu não posso não gostar de algo que eu nunca conheci — digo
dando de ombros, mas minhas palavras demonstram toda a minha mágoa.
— Eu ainda não estou recuperado totalmente da morte de sua mãe.
Era difícil olhar para você, tão parecido com ela — ele diz me olhando com
os olhos marejados. — Eu não cuidaria de você como você merecia... ou
como ela iria querer.
— Você nunca me visitou... minto, você foi até mim, quando eu me
tornei o executor, para falar o quanto estava decepcionado comigo — cuspo
com raiva, mas baixo para não acordar as crianças.
— Eu nunca quis você nessa vida, você é melhor que isso. Eu queria
participar da sua vida, mas não seria boa influência...
— Porque viver na casa do Capo como neto bastardo é uma ótima
influência — resmungo e a mandíbula de Lionel cerra.
— Você só continuou nessa coisa de executor por causa do seu
orgulho besta!
— Sim, eu sei disso — falo baixo, se ele soubesse o que passei por
causa de orgulho, eu quase perdi Carina.
— Eu ouvi dizer que você está como braço direito de Raffaelo, não
podia estar mais orgulhoso — ele sorri. — Eu gostaria de saber se pelo
menos poderia visitar meus netos de vez em quando.
— Claro que sim, você não fez parte da minha vida, mas pode fazer
parte da vida dos seus netos. Essa é a sua redenção — falo e desvio o olhar
para Thor que dorme em meus braços.
— Estou feliz por você, filho.
— Eu também estou feliz por mim.

Olho-me por uma última vez ajeitando a gravata, estou muito ansioso
para ter Carina em meus braços como minha mulher. Alguém bate na porta e
entram Dominic, Damien, Vô Raffaelo e meu pai.
— É melhor corrermos para nossos lugares antes que Carina tenha um
troço — Damien diz, mas está divertido.
— Isis já me mandou milhões de mensagens — Dominic fala e eu o
olho com raiva. Finalmente os dois conseguiram se vingar de Carina e eu.
Eles mandaram fotos de nós nos vestindo. — A vingança é doce — ele
murmura e eu sorrio sacana para ele.
— Pelo menos não fui eu que fiquei olhando fotos de Isis pelada na
frente do padre.
Os outros homens na sala trocam sorrisinhos, enquanto Dominic me
encara zangado e depois abre um sorriso.
— Eu gosto desse pecado. — Dá de ombros.
— Eu só vim dizer que estou orgulhoso de você Jace — Vô Raffaelo
fala me dando um abraço e um tapinha nas costas, ele parece emocionado. —
Agora vou buscar sua noiva antes que ela ‘’sambe na minha cara com seus
saltos’’ — ele cita uma das muitas frases de Carina e eu rio.
Miguel entra na sala para me cumprimentar e apressar a todos para
começar a entrada do noivo e dos padrinhos. Dominic e Damien batem no
meu ombro me deixando sozinho com meu pai.
— Você pode não acreditar, mas eu estou orgulhoso do homem que
você se tornou — ele diz e seca uma lágrima antes de cair. — Aqui, era da
sua mãe.
Ele me entrega uma caixa e eu abro. Dentro estava um álbum de
fotos, dela grávida. Pequenos pensamentos e textos dela escritos a mão em
cada página. Ela narrou seus pensamentos da gravidez inteira.
— Ela te chamava de doce mafioso. Ela sabia que você seguiria meus
passos no futuro.
Eu seco uma lágrima que cai e o puxo para um abraço. O primeiro
abraço que dou e recebo de meu pai.
— Eu te amo filho e espero que um dia você possa me perdoar.
— Estou chegando lá... pai. — Dou um pequeno sorriso e ele faz o
mesmo.
CARINA
Sorrio emocionada olhando o vestido dos meus sonhos, estou me
sentindo uma sereia! Eu queria um vestido totalmente diferente dos demais, e
com a ajuda de Elena conseguimos encontrar e reformar o vestido para ficar
totalmente do meu jeito. O corpete era apertado deixando meus peitos bem
empinados e alegres, rodeados de pequenos diamantes. Eu escolhi uma calda
estilo sereia, só que aberto na frente, sim Jace irá pirar. Ainda mais com os
diamantes que mandei espalhar pela saia para que quando o sol bata reflita
em todos. Como eu escolhi me casar na praia preferi ficar descalça e com
uma tornozeleira que ganhei de Jace assim que escolhi o local do casamento.
Ele sabia que seria impossível para mim usar saltos na areia. Mas se eu
quisesse ele mandaria fazer uma entrada de madeira para mim.
Meus cabelos cresceram bastante nesses meses e agora não tenho
mais franja e meus cabelos estão castanhos claros, pelas mechas que eu fiz.
Minha maquiagem é basicamente prateada, mas eu mandei a maquiadora —
quase tive que bater nela — colocar sombra brilhosa azul e roxo na minha
têmpora para eu brilhar mais ainda. Minhas unhas estavam em um degradê
brilhoso de roxo e azul como minha maquiagem. Essas cores dizem muito
sobre Jace e eu. Me viro no espelho e sorrio grande. Depois dos bebês eu
peguei pesado na malhação e agora eu tenho um leve tanquinho e uma bunda
de dar inveja. O que estraga um pouco são as estrias e o corte na barriga que
eu ainda morro de vergonha. É pequeno e Jace não se importa, mas eu sim.
Me lembro de quando fiz um mês do resguardo e finalmente teria
minha noite com Jace. Nós estávamos muito ansiosos. Elena, Ester e Isis
ficariam com os bebês. Isis estava de nove meses e decidiu fazer uma festa do
pijama já que em três dias iria fazer uma cesariana. Eu estava pela primeira
vez não me sentindo poderosa, bela e confiante, a cicatriz no meu ventre era
pequena, mas estava avermelhada e um pouco inchada. Lorena disse que em
poucos meses seria uma simples linha que eu mal notaria. Mas eu me sinto
imperfeita. Tenho estrias — não muitas, graças a Deus — mas ainda assim eu
as tenho. Nessa época eu ainda estava inchada e ainda não tinha começado a
malhar, então tinha celulites e me sentia como a Fiona.
A porta se abriu e Jace entrou já retirando as roupas e me olhando
com desejo. Minhas mãos começam a suar. Jace fica nu e ereto na minha
frente, e vem caminhando até a mim.
— Pequena, fique nua. Eu esperei esse dia por semanas. — Ele parou
na minha frente e levantou meu queixo acariciando meu rosto. — Meu pau
vai cair se eu ficar mais um dia sem sentir meu pau envolto da sua bocetinha.
Meu rosto corou imaginando-o dentro de mim. Mordi o lábio
pensando sobre isso. Jace levantou meu vestido e o retirou de mim, suas
mãos foram para minhas costas, onde abriu o meu sutiã e o jogou longe,
fazendo o mesmo processo com a minha calcinha, então se afastou
observando meu corpo. Minhas mãos foram rapidamente para tampar a
cicatriz.
— Você está escondendo-a de mim? — perguntou incrédulo com as
sobrancelhas erguidas.
— Querido, eu estou horrível — suspiro. — Minha barriga está
flácida, eu tenho estrias, celulites e essa cicatriz.
Os olhos de Jace se estreitam.
— Você me acha horrível pelas minhas cicatrizes? — pergunta já
sabendo a resposta.
— Homens com cicatrizes são sexys — eu protesto e ele me dá um
tapa forte que estala na minha bunda. — Ai! Você é sexy com cicatrizes.
— Eu amo seu corpo assim. Pois foi aí que meus bebês estavam. Eu
amo a sua cicatriz, pois ela tem uma história linda e sempre irei sorrir ao vê-
la, pois através dela nossos bebês nasceram.
Ele seca as lágrimas que caem dos meus olhos.
— Eu te amo — falo acariciando seu rosto.
— Eu também te amo.
No dia seguinte Elena me ligou animada falando que a bolsa de Isis
rompeu de madrugada, depois dela ter comido tacos apimentados. Eles já
estavam no hospital. Ao chegarmos lá tivemos que esperar quatro horas, pois
Isis teve Dimitri em parto normal, Dante estava ficando impaciente e a única
coisa que nos acalmava eram seus carrinhos de corrida que Damien trouxe. E
mais uma vez nos surpreendemos quando fomos ao quarto, Dominic tinha
Dimitri no colo, de longe vimos os cabelos loiros dele. Quando me aproximei
eu ofeguei, ao contrário de Dante, Dimitri tinha uma mancha castanha em
baixo, ele também tinha heterocromia. Isis e eu pesquisamos sobre isso e as
chances eram quase nulas, tanto Dante quanto Dimitri ter, mesmo assim isso
aconteceu como se fosse hereditário.
— Amiga, que genes fortes você tem — eu falo indo a beijar. Isis
parece muito cansada, mas tem um sorriso contagiante no rosto.
— Mama — Dante chama, há pouco tempo ele começou a andar e a
falar poucas palavras, entre elas temos: mama; papa; dimi; bala... sim, ele
falou bala antes de falar titia.
— Ele é tão lindo — Valentina falou olhando para o bebê e depois
corre para Isis. Pego Dante no colo colocando-o ao lado de Isis que o abraça
e beija seu cabelo. — Mamãe eu posso pegar Dimi no colo?
— Colo — Dante repete e ri.
— Nosso irmãozinho chegou, Dante! — Valentina exclamou
animada.
Ficamos mais um pouco com eles antes de irmos para a casa. Eu digo
obrigada a Elena e Ester por terem ficado com os bebês e elas cochicham
comigo, perguntando sobre a minha noite e eu sorrio para elas. Jace me tratou
tão bem que eu até esqueci que estava horrível.

Voltando ao presente vejo que os bebês dormem na cama junto com


Dimitri e Dante, o último já está tão grande com seus quase dois anos.
Valentina e Eric estão sentados na cama os olhando enquanto eu termino de
me arrumar. Elena está roendo as unhas porque sabe que agora não tem mais
tempo, ela já está com dezenove anos e precisa se casar com Damien o mais
rápido possível para a sua proteção, ouvi por Jace que os homens da máfia
estão ficando cada vez mais agressivos para terem Elena para eles. Lei é lei.
Nós três sabemos que o próximo casamento é o dela.
Isis tem um sorriso no rosto olhando as crianças. Luna e Thor já estão
falando mamãe e papai, eles são um prodígio como eu.
— Eu estou pronta — digo sorrindo.
Agradeço toda a equipe que me fez estar perfeita. Depois que eles vão
embora Isis tira fotos minhas para eu colocar no instagram. Então acontece o
casamento dos meus sonhos. À noite tudo estava perfeito, mas nem pude
curtir a festa, Jace me raptou e me levou ao quarto. Nunca vou esquecer seus
olhos marejados quando eu desfilei até ele. Nossos votos foram ainda mais
lindos. Sorri me lembrando.
— Eu, Jace Donavan, prometo amá-la, respeitá-la, até os últimos dias
da minha vida. Prometo manter sempre o sorriso no seu rosto e esse olhar
apaixonado. Não existe palavras para dizer o quanto eu te amo e vou te amar
para sempre. Por todos os dias da minha vida. Prometo nunca romper nosso
elástico.
Meus olhos marejaram tanto naquele momento que era quase
impossível de falar, mas eu respirei fundo. Precisava dizer o quanto eu o
amo.
— Eu, Carina Taylor Miller, juro te amar para sempre, juro estar
sempre ao seu lado e com você. Juro que esse nosso ‘’felizes para sempre’’
será realmente para sempre. — Eu rio de leve e ele me dá um selinho. — Juro
te fazer o homem mais especial do mundo e prometo nunca romper nosso
elástico.
Jace não espera nem o padre autorizar e me puxa para um beijo de
cinema, ao mesmo tempo em que Elastic Heart, da Sia estoura pela praia.
Dançamos agarrados a música que diz tanto sobre a gente. Eu o beijo,
apaixonadamente.
— Eu te amo — digo colocando as minhas mãos em volta de seu
pescoço.
— Eu também te amo. Mas agora estou quase morrendo, preciso tê-la
então vamos tirar as fotos e fugir daqui.
Eu rio alto não acreditando, mas depois de tirarmos fotos com todos,
incluindo as fotos engraçadas como eu batendo na bunda de Damien que me
olha com a boca aberta, ou no colo dos meninos, eu e as meninas batendo na
bunda da outra e as normais. Assim que as fotos se acabaram, Jace e eu
dançamos uma última música antes dele me jogar por cima do ombro fazendo
todo mundo rir.
— Jace me coloca no chão — eu grito, mas também estou rindo.
— Podem ir, ficamos com os bebês — as meninas gritam.
Isis, Elena, Ester e vó Maria vão ficar conosco na lua de mel. Em um
mês é o aniversário de Elena então em pouco tempo depois ela irá se casar
com Damien. Jace me carrega estilo noiva depois que saímos da praia e
caminhando até o hotel. Ao chegarmos ao nosso quarto na cobertura Jace me
joga na cama me fazendo gargalhar.
— Querido, você está muito apressado — exclamo rindo, mas quando
ele retira a camisa branca e fica de costas ligando o som, Sia começa a cantar
novamente a nossa música e minha boca seca ao ver o que tem escrito em
suas costas embaixo de ‘’Carina’’ estão os nomes dos nossos filhos.
Me levanto e acaricio suas costas emocionada.
— Eu amo isso — falo beijando suas costas, então Jace se vira me
olhando totalmente apaixonado.
— E eu te amo.
Ele abre o zíper do meu vestido e sua boca fica seca. Eu estou com
uma lingerie em degradê de azul e roxo. Retiro o véu e solto meus cabelos
que caem em cascatas.
— Jesus. — Ele respira rapidamente abrindo o zíper de sua calça
branca e a deixando cair no cão. Mordo meu lábio ao vê-lo nu.
— Sem cueca? — pergunto ainda olhando para seu lindo pau.
— Até parece que não me conhece.
Jace me pega e me coloca delicadamente na cama. Retira o restante de
minhas roupas e seus beijos vão descendo até a tatuagem com seu nome em
meu púbis. Ele a beija e faz o mesmo processo na minha cicatriz o que traz
lágrimas aos meus olhos.
— Eu a amo, tanto quanto amo sua tatuagem — ele diz antes de seus
lábios desceram a meu clitóris fazendo loucuras com a língua. — Meu Deus,
pequena. Você está tão molhada.
— Jace — eu imploro e ele sorri se levantando com seu corpo
parando sobre o meu.
Então ele entra em mim me levando ao céu. Nunca acreditei que
poderia encontrar a outra metade de mim, mas então um doce mafioso me
abraçou quando eu precisava. Eu acho que eu amei Jace naquele momento.
Mesmo com tudo que nos aconteceu eu nunca deixei de amá-lo. Jace é minha
metade e sem ela eu nunca estarei inteira. Fico realmente agradecida a Deus,
que depois de tudo que passei ele me deu um homem maravilhoso que faz
todos os dias da minha vida um conto de fadas... um conto de fadas com
muitas cenas hot, ou melhor fez uma novela mexicana que eu amo.
— Eu te amo, pequena — Jace diz olhando dentro dos meus olhos.
— Eu te amo, meu doce mafioso. — Ele sorri grandemente. Parecia
certo chamá-lo desse jeito.
Posso ter muitas dúvidas na minha vida, mas nunca me arrependerei
de passar o resto dos meus dias ao lado do amor da minha vida, Jace
Donavan meu doce mafioso.
CONTINUA EM:

MEU BRUTO MAFIOSO

SINOPSE:
Elena Raffaelo não tem mais saída. Quando percebe que não terá
outra opção, cai nos braços de Damien Loschiavo, seu primo. Mas não
contava que ele seria um homem vil e bruto, muito menos que iria se
apaixonar perdidamente por ele.
Damien Loschiavo se vê ganhando ao se casar com Elena, pois
fortifica os laços com seu meio-irmão Dominic Raffaelo, assume a máfia
italiana, e de quebra ainda ganha uma esposa linda e de fachada.
Damien não acredita no amor, e Elena está disposta a mostrar que ele
é real. Só não esperava que seria tão difícil, Damien não é um príncipe
encantado, ele é um bruto mafioso.
Damien a deseja, e tudo que ele deseja. Ele toma.
[1]
Fique quieta, em italiano
[2]
Porra, em italiano.

[ML1]Pela parede remete a ter jogado através da parede


[ML2]Ela não se enrolou em volta da toalha, ela se enrolou com a toalha (a
toalha que estava em volta dela e não o contrário), sugiro:
“...enrolei com a toalha e a segui,...”
[ML3]Essa parte não estava bem direta, dizendo que a máfia “cuidava de suas
garotas” providenciando exames e controle da natalidade. Fiz uma sugestão de alteração na
redação, para evidenciar isso.
[ML4]Como aqui a fala é direta, em um diálogo, representando a oralidade,
sugiro a utilização de linguagem coloquial. Alterei para essa forma.
[ML5]Se aqui ela quis dizer que ela o venceu no jogo seria “Venci”. Se ela está
dizendo para o Dominic jogar com Jace e vencê-lo está correto utilizar “Vença”
[ML6]Sugiro substituir por “arrebentar” , uma vez que o elástico não quebra.
[ML7]Como os cabelos dela, nesse momento estavam castanhos, com o arco-íris,
sugiro que fique: “... os cabelos coloridos tampando...”
[ML8]Pode ser utilizado centrado, mas no contexto, sugiro “concentrado”
[ML9]Para não repetir a palavra dia, sugiro: ...”dia, na maior parte da semana, ...”
[ML10]Fiquei em dúvida
[ML11]Sugiro acrescentar, pois a palavra dali, pressupõe um ponto de partida,
faltando o complemento.
[ML12]Pode colocar a tradução como nota de rodapé. Stai zitto – fique quieta
[ML13]A tradução direta é fique quieto, mas não altera o sentido da frase, como
está.
[ML14]Aqui falta algo, tipo:
“... e eu seguirei seus passos...”
“... e eu estarei atrás de seus passos...”
[ML15]Sugiro “familiarizado”
“... estou familiarizado com essa palavra.”

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