Meu Doce Mafioso (Serie Meu Maf - Julia Menezes
Meu Doce Mafioso (Serie Meu Maf - Julia Menezes
Meu Doce Mafioso (Serie Meu Maf - Julia Menezes
me ajoelhei - mas minha calça iria sujar - e agradeci aos céus por terem
que eu amava. E para completar, o melhor da noite, o batom vermelho. Quase
inventado essa cor maravilhosa. Isis é maluca por essa cor e tem milhões de
tons diferentes, o que me fazia economizar muito já que usava os delas.
Estou pronta e hoje Jace não me escapa.
Capítulo 2
JACE
A vadia já não dava mais conta, tudo o que eu pensava era na
baixinha de cabelos azuis. Sei que é errado e isso vai dar merda, ela é
territ ó rio proibido pelo simples fato de conhecer Isis e ainda mais de ser a
melhor e ú nica amiga dela, e tamb é m tem a quest ã o da idade, eu sou dez
anos mais velho que ela, e sem falar que ela é só uma criança de dezessete
anos. Eu tomo uísques mais velhos que ela.
Drica tentava me deixar excitado, mas estava difícil hoje, mesmo com
os peitões e o fato de estar nua ajoelhada idolatrando meu pau. Entretanto, ela
não era Carina, não tinha cabelos coloridos ou um sorriso de tirar o fôlego,
nem olhos castanhos penetrantes e bochechas rosadas... nem aquele corpo
pequeno, mas mesmo assim, de tirar o fôlego. Foi só visualizá-la
mentalmente que meu pau voltou a ganhar vida, Drica se fartou pensando que
era para ela, tive que fechar meus olhos para imaginar Carina de joelhos
fazendo uma garganta profunda.
Às oito da noite mandei Drica vazar, ela não gostou muito, mas
aceitou, também com a quantidade de dinheiro que ganhou não tem o que
reclamar. Ela é uma prostituta de luxo que faz faculdade de medicina, para
quem sabe um dia ser contratada como médica da máfia, um cargo muito
bom por sinal. O meu por outro lado é considerado o pior, mais sombrio, o
mais perto de ir na caminhada para o inferno. Ela pensa no futuro e em
melhorar, já eu estou satisfeito com a minha merda.
Coloquei na minha cabeça que esse encontro seria como uma missão,
um ponto final. Eu iria e assim poderia seguir em frente como se nunca
tivesse conhecido a primeira mulher que mexeu comigo. Carina era um
território proibido que eu não iria ultrapassar. Optei por ir simples, calças
jeans escuras, camiseta azul escura e jaqueta de couro. Cheguei vinte minutos
mais cedo, estacionei meu carro, e fiquei na porta do restaurante,
provavelmente eu deveria entrar e não ficar aqui esperando, assim diminuiria
suas expectativas e ela desistiria, assim não precisaria acabar com tudo sem
motivo. Só um encontro, prometi a mim mesmo.
Então eu a vi descendo de um táxi e eu tenho certeza de que estava
babando. Ela estava vestindo uma calça branca de cintura alta totalmente
colada ao corpo, mostrando todas as suas curvas espetaculares. Seus cabelos
estavam num penteado retrô que a deixou mais bonita ainda, como uma porra
de pin-up. E sua boca, a sua boca estava num delicioso batom vermelho que
me deixava com vontade de borrá-lo todo com a minha boca, e até quem sabe
ser marcado por ele por todo meu corpo. Seu olhar veio exatamente como se
me sentisse, ela me olhou dos pés à cabeça antes de morder o lábio inferior e
vir desfilando até mim, fiquei extremamente puto com a quantidade de
homens que a olhavam e ela nem percebia, ou se percebia não ligava.
— Oi, você está lindo. — Ela me cumprimentou beijando o canto da
minha boca. Agora ela estava mais alta e alcançava minha boca, mesmo
assim ainda era pequena, minha pequena.
— Você está maravilhosa — falei depois de recuperar o ar, eu não
esperava que ela pudesse estar ainda mais bonita. No mercado ela estava
linda, mas agora estava maravilhosa.
— Obrigada, vamos? — Ela enlaçou o braço com o meu.
Percebi que o meître não tirava os olhos dela, também tinham vários
homens e mulheres que paravam sua conversa para admirá-la, eu não sabia se
isso me deixava puto ou mais excitado. Ajudei ela a retirar seu casaco
deixando suas costas nuas pela camiseta que não cobria quase nada nas
costas. Puxei a cadeira para ela sentar e ela me deu um sorriso de tirar o
fôlego. Droga, me sinto como um adolescente no primeiro encontro.
— Então o que você faz? — Ela perguntou bebendo um gole de vinho
me deixando com ciúme de uma taça, só porque teve contato com os lábios.
— Eu sou sócio da boate Abaixo de Zero e sou um empreendedor, e
você?
— No momento eu sou modelo, ajudando alguns amigos e coisas
assim. — Ela bebeu mais um gole parecendo a vontade. — Eu gosto mesmo
é de viajar pelo mundo, sabe? Às vezes nos dá na telha, meus amigos e eu,
simplesmente subimos no jatinho sem coordenadas exatas, Gosto de ser livre
e viver intensamente. — Ela sorriu abertamente.
— Isso deve ser muito legal. — Carina era boa em puxar assuntos. Eu
me sentia confortável com ela como há muito tempo não me sentia com
ninguém. — Que tipos de fotos você tira? — perguntei e bebi meu vinho.
— O tipo que não é propenso falar num primeiro encontro —
murmurou sedutoramente.
Agora isso foi sério, é a primeira vez que engasgo e fico pasmo, mas
nem fodendo que vão ver Carina pelada, mato todo mundo.
— Calma. — Ela me abanou com suas mãozinhas pequenas suas
pulseiras fazendo barulho com os movimentos. — Não chega a ser nua, e são
fotos artísticas, algumas até usadas em capas de livros adultos. — Soltou um
sorrisinho quando eu parei de tossir.
— Eróticos? — Finalmente encontrei minha voz.
Ela jogou a cabeça para trás e gargalhou, esse som foi direto para o
meu pau.
— Somente os melhores. — Levantou a taça e tomou o último gole,
deixando meu pau ainda mais duro, agora dava para quebrar diamante com
ele. Carina sabia do poder que tinha e não tinha pena de usá-lo. — E também
expostos em galerias.
— Gostaria de ver um dia. — Olhei dentro dos seus lindos olhos
castanhos, se ela sabe seduzir eu também sei, dois podem jogar este jogo.
Seus olhos foram na direção da minha boca, ela ficou olhando por um
tempo e depois mordeu seu lábio. Então para a minha cicatriz na bochecha e
ela cruzou as pernas. Ela estava excitada.
— Quem sabe um dia. — Piscou. — Então, quais seus hobbies?
Esperta mudando de assunto.
— Eu também gosto de viajar e conhecer novas culturas, aprender
novas técnicas, mas também sou fã de tiros. — Sorri.
Nossa comida chegou e revezamos entre comer e conversar. Era bom
conversar com ela.
— Eu já tentei aprender tiros, porém sempre fui péssima, odeio o
barulho e a pressão, agora já com facas...
Deixou a frase solta, me mexi desconfortavelmente na cadeira, essa
mulher quer me deixar louco a imaginando pelada jogando facas num alvo.
— Facas? — Minha voz estava grossa.
— Sim, mas também curto dardos que são meus preferidos, eu tenho
um alvo no meu quarto com a lista de pessoas que eu mais odeio, então eu
fiquei boa com facas e dardos.
— Não seria melhor fotos em vez de lista? — Sorri debochado, ela
está tornando cada vez mais difícil acabar com tudo. E se eu não começasse a
agir não duvidaria que Carina me arrastaria para a sua vida e me deixaria de
quatro antes que eu percebesse. Hoje era somente para eu vir, conversar um
pouco e acabar, mas Carina estava deixando tudo mais difícil.
— Fotos me fariam ficar enjoada, não gosto de ver pessoas que me
fazem mal. — Ela estremeceu levemente. — Prefiro a distância.
— E quais são os nomes? — Para eu matar os filhos da puta por
perturbá-la.
— Acho que você poderia descobrir se entrasse no meu quarto. — Ela
sorriu sedutoramente. Carina apesar da pouca idade era mais madura que
muitas meninas de sua idade. Eu já sabia que Isis era madura, mas Carina eu
não tinha ideia.
Quando elas se mudaram há um ano para o apartamento onde moram,
Dominic estava ainda mais possessivo com Isis, querendo saber cada passo
que ela dava e o que fazia. Ele havia colocado os melhores homens nisso,
pois Isis era treinada e podia perceber rapidamente se alguém a seguia.
Muitas vezes eu precisei interferir ou Isis acabaria descobrindo do seu stalker
particular. Dominic tinha que se manter frio e seguir a vida, na máfia não
havia espaço para distrações.
O restante do jantar foi sensacional, Carina tinha bastantes assuntos
para falar, nunca deixando ficar aquele silêncio constrangedor, entrei no papo
algumas vezes falando piadas para fazê-la rir, Carina é perfeita. No fim do
jantar ficamos lá fora esperando o táxi para ela, Carina não quis que eu a
levasse para casa.
— Essa noite foi boa — falei tentando entrar em um assunto, eu
nunca tive um encontro, sempre contrato garotas e já mando elas me enfiarem
na boca, sem jantar e sem conversa.
— Muito boa. — Ela sorriu, parou e olhou para frente claramente
esperando algo. Quando eu não fiz nenhum movimento ela bufou. — Que se
dane.
Ela me puxou pelo pescoço e colou seus lábios nos meus, sua língua
acariciava meu lábio inferior, pedindo passagem. Carina me deu uma
pequena mordida, uniu ainda mais nossos corpos, então eu me perdi.
Dominic que me perdoe, mas não dá para fugir desta tentação. Passei a mão
em sua cintura e colei ainda mais nossos corpos, fazendo seus seios ficarem
pressionados no meu peito. Sua mão foi para dentro da minha camisa,
acariciando minhas costas nuas, sua boca tinha uma ânsia de mim e me fazia
a querer mais, cada vez mais. Minhas mãos estavam por toda a parte a
marcando como minha. Fomos interrompidos pelo manobrista, ele entregou a
chave do meu carro, ouvi os risinhos e comentários dos outros a nossa volta.
Carina riu assim que estávamos dentro do carro, ela tem o sorriso
mais lindo já visto, ela me indicou o caminho de casa, mesmo eu já sabendo
desde o momento que elas se mudaram. Me fiz de desentendido quando
entrava nas ruas corretamente antes mesmo dela me dizer. Estávamos parados
no sinal vermelho, Carina aproveitou esse estado e colocou a mão na minha
perna, sem nem perceber, me acariciando enquanto continuava a falar da sua
vida. Marcamos de sexta eu ir buscá-la para ver uma sessão de fotos dela.
Sua mão foi subindo lentamente, até que parou em cima do zíper da minha
calça, devo admitir que é quase impossível eu ficar envergonhado com algo,
mas Carina tem o poder de me deixar sem graça. Meu pau estava pressionado
duro contra a calça com tanta força, que estava um pouco difícil me
concentrar, imagine dirigir.
— Se quiser eu posso dirigir. — Ela ofereceu parecendo ler meus
pensamentos. Olhei-a rapidamente vendo um sorrisinho em seu rosto.
— Não será necessário, mas obrigado. — Minha voz estava rouca de
desejo. Eu estava por um fio de estacionar o carro e pegar Carina no banco de
trás.
Ela nunca tirou a mão dali, coloquei minha mão sobre a dela tentando
delicadamente retirar a sua e vi seu sorriso de canto. Ela ainda olhava para
frente e continuava com o papo como se não tivesse com a mão em cima da
porra do meu pau. Depois de mais uns minutos ela começou a mexer a mão
lentamente, apertei minhas mãos no volante e xinguei baixo, ela riu alto e
continuou com a tortura, eu estava vendo a hora que pararia o carro no
acostamento e iria fodê-la com força.
— Sabe eu posso dar um jeito nisso. — Ela mordeu minha orelha
lentamente enquanto sussurrava coisas indecifráveis no meu ouvido.
— É perigoso. — Minha voz estava muito grossa com o desejo e eu
tive que tossir para tentar melhorar. Encontrei a força para falar quando ela
estava tocando por cima do zíper. — Você pode bater com a cabeça no
volante em caso de um acidente. — Engoli seco.
Ela me surpreendeu gargalhando e aos poucos parando olhando para
frente.
— Você pensou que eu iria chupar seu pau, sem nem te conhecer? —
Ela agora estava com as sobrancelhas franzidas me olhando. — Eu nunca
faria isso, eu só gosto de provocar você, afinal você é tão calmo, queria ver
você se descontrolar um pouco. Mostrar o verdadeiro Jace.
Ela cruzou os braços e agora estava realmente irritada, fodeu.
— Não estava... eu acharia bom. — Ela arregalou os olhos e a boca
para mim. — Quer dizer, não que você tem que fazer isso no primeiro
encontro. — Sua sobrancelha se levantou e ela bufou. — Mas você não é
obrigada a fazer... droga, nunca sei o que dizer para você.
Dei um soco no volante e dirigimos o restante do caminho em
silêncio, ela só falava para indicar o caminho. Eu devia agradecer ao destino
por essa situação, provavelmente Carina não iria querer me ver depois disso,
mas porque eu estava puto com essa hipótese?
Ao chegarmos ela soltou o cinto de segurança e me olhou, eu estava
desconfortável, então preferi ficar quieto antes de falar mais merda.
— Cara, você precisa relaxar.
Ela segurou meu pescoço e me beijou, não foi um beijo qualquer, foi
simplesmente sem palavras, suas mãozinhas coloridas e cheias de anéis
acariciavam minha cabeça, seus lábios macios me estragavam para qualquer
outro.
— Boa noite, Anjo — murmurou com um sorriso no rosto.
Ela saiu do carro desfilando sem olhar para trás e entrou em seu
prédio, só assim eu saí dali ainda pensando sobre a noite, me peguei sorrindo
me lembrando dela. Carina ainda vai me estragar para todas as outras
mulheres, eu não duvido disso nem por um segundo.
Capítulo 3
CARINA
um giro para trás se eu conseguisse - provavelmente me quebraria toda - .
Entrei no apartamento soltando fogos, quase teria dado estrelinhas e
Deixei os saltos num canto e fui voando para meu quarto, tomei um banho
demorado lembrando de Jace, sua face corada quando ele se enrolava nas
palavras, foi a coisa mais fofa que eu já vi. Ele era mais velho que eu, talvez
cinco ou um pouco mais, porém percebi que ele não estava acostumado a sair
para encontros. Das duas uma, ou ele era tímido e não saía ou era um galinha
que tinha sexo sem compromisso.
— Agora me conta como foi. — Isis falou e eu gritei assustada
escorregando no chão, caindo de pernas abertas. Isis me olhava com olhos
arregalados. — Carina se controla! — Ela me ajudou a ficar em pé tentando
segurar o riso. Ela estava com os cabelos presos num coque, vestindo apenas
seu moletom vermelho de Harvard. — Pelo menos deu para ver que sua
virgindade continua intacta. — Deu de ombros e caminhou para meu quarto,
me enrolei na [ML2]toalha e a segui, vendo seus lábios tremerem para
esconder o riso.
— To rindo até agora dessa sua piada. — Rolei os olhos. — Mas o
encontro foi tão perfeito. — Pulei na cama me deitando sobre ela e depois me
sentando. — Ele é tão fofinho e engraçado, e que pegada. — Me abanei eu
não conseguia parar de falar. — Ele ficou nervoso quando eu dei a entender
que eu iria chupar seu pau.
— Não acredito que você fez isso. — Sua boca estava escancarada.
— Um dia você vai acabar sendo abusada e eu irei presa por assassinato e
ocultação de cadáver... bem, não ocultação, nem assassinato, sou muito boa
em esconder as coisas... na maioria das vezes. — Isis parou para pensar e eu
gargalhei.
— É né amiga, porque cá entre nós, você não consegue esconder nem
o seu vibrador laranja direito.
— Sua idiota. — Ela gritou jogando uma almofada em mim, suas
bochechas e pescoço estavam vermelhos. — Como você o achou? —
resmungou.
— Nunca mais eu abraço aquele seu coelho de pelúcia. Só uma
perguntinha, o vibrador é a cenoura dele?
— Carina! — Ela gritou envergonhada.
— Amiga, eu vou ser bem sincera. Você precisa de um homem. As
pilhas do senhor coelho não vão durar para sempre!
Corri para o closet depois disso para não apanhar, eu ria tanto que foi
por pouco que eu não fiz xixi nas calças. Vesti uma calcinha e voltei para o
quarto, Isis já estava acostumada com a minha nudez. Peguei debaixo do
travesseiro minha camisola de sapinho, a coisa mais fofa de se dormir,
aumentei o aquecedor e voltei para a cama. Antes de dormir, na maioria das
vezes, eu fico só de calcinha por causa dos meus lençóis, eles são tão macios
que dá vontade de dormir sem nada, nesse quesito eles estão certos de dizer
que os lençóis egípcios são os melhores do mundo, eu gostava de dormir nua
só para senti-los contra minha pele, como uma carícia. Entretanto, Isis sempre
diminuía o aquecedor durante a noite, me fazendo ficar com frio.
— Agora me conte tudo, safada. — Ela manda enquanto desfazia meu
penteado maravilhoso, eu preciso me lembrar de revelar as fotos que eu tirei
com ele, aproveitando esse momento, estendi meu celular e tirei uma foto
nossa, na mesma hora Isis fez uma careta junto da minha.
Fui contando tudo detalhadamente enquanto tirava a maquiagem, suas
expressões variavam de séria, riso, séria, olhos arregalados, boca aberta, sem
reação, gargalhada.
— Não acredito que você atacou ele... diversas vezes, afinal quantos
anos ele tem? — Ela secava lágrimas de seus olhos de tanto rir.
— Eu não sei ainda, mas vou me lembrar de perguntar sexta. —
Respondi orgulhosa do meu tom ser normal e não gritante como eu me sentia.
— Irão sair de novo? Isso sim é novidade. — Ela arqueia as
sobrancelhas. Quase nunca tenho segundos encontros, eu não sou o tipo que
namora. Posso não parecer, mas sou muito seletiva com o que eu quero, e
namorados estão entre eles. Para mim o cara tem que ser perfeito e eu só dou
três chances, depois delas acabou tudo. Corto da minha vida. — Já viu os
detalhes dele? Tipo redes sociais, invadiu o computador, celular?
— A maníaca aqui é você, amigona.
Me deitei enquanto ela mexia no notebook futucando a vida do meu
futuro-primeiro-namorado-sério.
— Ele não tem redes sociais. — Ela levantou uma sobrancelha e
inclinou a cabeça como se tivesse toda a razão do mundo.
— E daí, nós também não temos, nem por isso somos malucas. — Ela
me encara com uma cara tipo, sério? — Tá bom, somos um pouco, mas isso
não tem nada a ver com ele. Jace pode apenas ser reservado.
— Ou um criminoso. — Ela murmurou saindo do quarto. — Boa
noite e tenha cuidado.
— Boa noite, amo você.
— Eu também.
Apaguei as luzes, fechei as cortinas e prendi os cabelos para não
caírem na minha cara, dormindo o mais a vontade possível, afinal, esses
lençóis foram caríssimos justamente para eu dormir como uma pedra, ou
melhor dizendo, um anjo de cabelos azuis. A última coisa que pensei antes de
dormir foi em Jace e como ele mexeu comigo. Era como se tivéssemos
nascido para ficarmos juntos. Eu beijei muitos garotos, mas nenhum deles se
comparou a Jace.
Fui acordada às quatro e meia com meu celular tocando estridente, o
toque de Miguel.
— É bom o mundo estar acabando ou você tendo um infarto antes dos
vinte — murmurei assim que atendi. Me enrolando ainda mais nas cobertas,
essa era a melhor hora do sono pra mim.
— Tem um festival eletrônico de dois dias em Los Angeles, começa
ao meio-dia, quer ir comigo?
— Hoje é que dia da semana mesmo?
— Terça-feira. — Riu.
— A que horas você vem? — resmunguei, eu adorava sair com
Miguel e Isis, eles são tão divertidos.
— Estou no seu sofá te esperando — gritou e eu ouvi sua voz vindo
da sala.
— Okay, já estou indo. — Desliguei e voltei a dormir, mas acordei
meia hora depois com o barulho de vozes na sala.
Fiz a minha pequena mala, tomei um banho e vesti um top branco
transparente com um sutiã verde de renda, short jeans manchados e bota de
cano baixo marrom. Joguei meus cabelos para o lado e me maquiei
fortíssimo, caprichando no mesmo batom vermelho de ontem. Cheguei na
sala e vi Isis já pronta com um top preto com desenho, short jeans, botinha e
chapéu também pretos, claro que com seus óculos escuros com cordinha de
ouro.
— Qual é a desculpa desta vez? — perguntei rindo, Isis inventava as
melhores desculpas para a faculdade.
— Estou com virose causada pela chuva que peguei na volta para casa
ontem. — Ela dá de ombros como se fosse óbvio.
Coloquei meus óculos com aro vermelho e avaliei a roupa de Miguel,
camiseta branca de botões abertos e bermuda cáqui, o sapato também era
vermelho.
— Vamos? — Ele perguntou se levantando e ostentando o tanquinho,
um tanquinho muito abençoado por assim dizer.
Miguel era a personificação do moreno bonito, cabelos arrepiados,
olhos chocolates, um sorriso de comercial de pasta de dente e uma fina barba
para completar, a altura e os músculos também ajudavam bastante no quesito
gostosura. Ele e Isis fizeram parte do esquadrão Jovem, um esquadrão
corrupto que aliciava crianças para se tornarem assassinos. Eu quase perdi
meus amigos para essa vida e foi por isso que eu arrisquei a minha para
libertá-los, essa é uma decisão que eu nunca me arrependerei e eles nunca
irão saber. Eu os amo e enfrentaria céu e inferno por eles.
— Sabe, se eu não te conhecesse e você não fosse um galinha eu te
pegava — falei dando um tapa em sua bunda, já fomos namoradinhos na
infância, nem nos beijamos direito, pois eu era meio chatinha acreditando que
o príncipe encantado tinha que conquistar um beijo meu.
Isis gargalhou junto com Miguel e depois também lhe deu um tapa
nos glúteos, glúteos realmente duros.
— Acalmem-se meninas tem Miguel para todas. — Ele sorriu safado
passando a mão pelo seu abdômen.
— Se alguma de nós quiser, avisamos, mas nunca mais fale tem
Miguel para todas, é simplesmente broxante. — Isis resmunga com desdém
indo até a porta.
— Tá bom — respondeu ele, se fingindo de bravo. — Nem todas
aguentam o meu poder de sedução. — Suspirou teatralmente. Ignorei seu
comentário, pois estava muito cedo para gargalhar, até mesmo para mim.
— Podemos parar para um lanche? — perguntei.
— McDonald. — Isis e Miguel falaram ao mesmo tempo.
— Vocês deviam ser mais saudáveis — resmunguei os
acompanhando para a porta. O que era uma tremenda mentira, eu me fazia de
natural, mas adorava um McDonald. Isis me deu uma bundada e Miguel
pegou minha mochila reclamando do peso.
— Acho bom ter um spray de pimenta e uma arma de choque aqui.
— Acho que você devia calar a boca, eu não preciso disso. —
Levantei dois dedos e falei fazendo referência a Rochelle de Todo mundo
odeia o Cris. — Eu tenho dois amigos fodões. — Eles riram e abanaram a
cabeça como se eu não tivesse jeito.
Capítulo 4
JACE
Estava fodendo Drica quando meu vigia ligou, o mandei ficar de olho
em Carina à distância para não chamar a atenção de Isis. Me levantei e fui
atender o telefone, olhei para Drica que ainda estava de quatro com a cabeça
abaixada e a bunda em pé, só assim para eu conseguir foder, pensando em
Carina claro, essa menina me deixou tão excitado que minha mão não daria
conta. Eu devia esquecer Carina e nunca mais vê-la. Esse foi um dos motivos
de eu chamar Drica, eu sei que é errado transar com uma pensando em outra,
mas eu preciso tirá-la da minha cabeça.
— Já pode ir — falei sem olhá-la enquanto colocava uma cueca. No
fundo eu me sentia mal de usá-la assim, sabendo que ela desenvolveu
sentimentos por mim.
— Mas é de madrugada, e não terminamos. — Ela tentou ser sexy
segurando o seio, mordendo o lábio e abrindo as pernas. — Quero você em
mim. — Fez um biquinho.
Eu lembro de quando Drica entrou para esse ramo, há cinco anos, ela
tinha acabado de ser aceita numa escola pré-medicina e estava desesperada
para conseguir dinheiro, ela tinha muitas amigas que já estavam nesse ramo e
ela frequentemente estava na boate, muitos dos nossos sócios se interessaram
por ela, então Dominic lhe ofereceu o emprego. Drica aceitou sem hesitação e
em pouco tempo se tornou uma das melhores e que nos dão mais dinheiro. Eu
comecei a fodê-la um tempo depois, ela nunca me cobrou, mas quando
percebi que ela estava apaixonada eu fiz questão de pagar, justamente para
não lhe dar esperanças, porque de mim sai a porra, mas não o coração.
— Vá para o quarto de hóspedes então e mais tarde vaza — falei
sério.
Ela bufou e fez biquinho, mas me obedeceu e saiu, ninguém
desobedece a uma ordem minha, eu sou temido e não é à toa. Coloquei o
telefone na orelha.
— Fala.
— Ela saiu com Isis e um cara, ele a abraçava. — Eu vi vermelho e
soquei a parede. — Ela tinha uma mochila, estou seguindo eles, parece que
vão fazer uma parada no McDonald. Elas usavam roupas de verão e pareciam
com frio.
— Me mantenha atualizado.
Desliguei e xinguei alto. Como assim Carina está com outro cara,
saímos a menos de seis horas atrás! Tudo bem que eu estou transando com
Drica, mas é para tirar Carina da minha mente, eu preciso esquecê-la, nossa
relação nunca daria certo, não só pela diferença de idade, como pela minha
vida. Era para nesse momento eu esquecer que a conheci, era assim que
deveria ser, mas eu não queria esquecê-la. Eu a queria para mim.
Fui para o quarto de hóspedes subindo as escadas do meu dúplex em
passos largos. Cheguei ao quarto bem no momento que Drica saia do
banheiro toda molhada envolta por uma toalha, seu rosto tinha olheiras,
provavelmente por estudar e trabalhar. Ao me ver ela abriu um sorriso e
deixou a toalha cair no chão, seu corpo era bem bonito e aperfeiçoado com
alguns ornamentos, tipo peitos, bunda e a retirada de uma costela para ficar
com a cintura menor, seus lábios tinham botox, implante de cabelos e cílios
postiços, a máfia investiu bastante nela. Drica é uma das principais e eu sou o
único que pode transar sem camisinha com ela, quando quisesse, pois sei que
ela realiza frequentemente exames e tem rigoroso controle de natalidade,
[ML3]a máfia cuida muito bem de suas garotas.
Ela se aproximou e beijou o canto da minha boca, me fazendo lembrar
de Carina, afastei esses pensamentos, já que ela provavelmente deve estar
chupando o pau do cara enquanto dirige.
— Se ajoelhe e reze — rosnei.
Ela sorriu me obedecendo abocanhando meu pau, satisfeita.
ele me deu amor, mas também foi por culpa dele que eu me tornei o monstro
que sou hoje.
A porta da minha casa abriu e eu me virei para ver quem entrava.
Dominic me olhava sério, transtornado. Dominic tinha problemas de raiva e
sua bipolaridade, que o afetava mais ainda. Ele parou com os medicamentos
na adolescência e não quis voltar a tomá-los.
— Que porra é essa de vigiar Isis?
— Não foi Isis, cara. Foi Carina. — Me joguei no sofá, me mantendo
calmo para acalmá-lo também. Ele era como um leão enjaulado.
— E porque você está vigiando Carina... — Seu olhar faria muitos se
borrarem de medo, mas não eu. — Elas só têm dezessete anos, ainda são
crianças. — Ele colocou a cabeça apoiada nas mãos. — Mesmo elas sendo
gostosas, você não pode foder Carina. Ela e Isis são melhores amigas.
— Carina tem dezoito anos. — Eu falo, a pouco eu havia visto a sua
ficha e vi que ela fez aniversário dia vinte e um de agosto. — Para voc ê
pode n ã o ser a hora certa, mas para mim é.
Ele levantou o olhar para mim surpreso.
— Você vai fazer ela sua?
Eu hesitei um pouco, eu realmente acho Carina gostosa, divertida e
tudo mais, mas não tenho certeza se quero um relacionamento sério, não sei
se fui feito para isso.
— Estamos nos conhecendo agora...
— E quando você iria me contar? Quando se casassem? — Grunhe.
— Eu iria te contar sábado, depois do segundo encontro...
— Segundo? — Agora ele estava puto.
— Sim, nós jantamos ontem. — Ele estava a ponto de me dar um
soco. Preciso me fazer de vítima já que não posso revidar o Capo da máfia.
— Ela me deu um perdido hoje. — Suspirei derrotado. — Está em Los
Angeles com Isis e um cara.
— Um cara? — Levanta a sobrancelha interessado.
— Cara, com meu sofrimento a única coisa que você escutou é ''Isis e
um cara''? Vai a merda.
— Nunca apontei uma arma na sua cabeça para você tentar sua sorte
com a garota, agora que você começou é problema seu. — Ele se levanta e
vai ao bar se servir.
— Que belo amigo você é — resmungo ligando o futebol.
— Você não está nenhum pouco na fossa, Drica estava aqui desde
ontem. — Ele se vira e aponta para mim. — O que aliás, é traição.
— Eu sou homem. — Respondo com raiva. — E Carina me provocou
a noite inteira, se eu pego ela... — Pensar nela só me faria ficar mais louco.
Balancei a cabeça. — Ela ainda saiu com um cara, hoje.
Dominic riu.
— Você não vai conseguir desvirtuar ela.
— Aquela porra não é virgem nem aqui nem na China, pode tirar essa
ideia. Do jeito que ela me apalpou, duvido.
— Ela te apalpou? — Dominic gargalhou novamente. — Foi abusado
por uma menina de dezessete anos virgem?
— Me senti molestado, não abusado. E ela já completou os dezoito
anos. — O corrijo fazendo Dominic rir mais. Carina ter dezoito anos me
deixa um pouco menos preocupado, pois tecnicamente ela é maior de idade,
só não pode beber até completar vinte e um.
— Andou pesquisando sua certidão de nascimento? — Ele diz
tomando um gole da cerveja. — Quem é o stalker agora?
Dominic não olhou mais para minha cara e continuou a rir,
balançando a cabeça, enquanto assistia o futebol. Ele ficou até o jogo acabar,
depois se levantou e olhou para minha cara, o fazendo rir novamente e
arrancar um sorriso meu.
— Toma cuidado com a virgem safada. — Atirei-lhe um dedo, mas
não pude deixar de sorrir, se fosse ao contrário eu o zoaria para sempre. —
Vou gostar de conhecê-la.
Isso realmente não é bom, Dominic é meu único e melhor amigo, um
irmão. Mas também é o chefe da máfia, bem ainda não é, até se casar, mas
não sei se estou disposto a colocar Carina dentro disso, do meu mundo.
— E vai dizer que acha que Isis também é virgem? — Provoquei, sei
que é idiota provocar um leão com vara curta, mas eu preciso mudar os
holofotes.
— Vai se foder, Jace. — Ele ficou puto e chateado, mas não pude
evitar, sinto que tenho que proteger Carina de todos, até mesmo de mim.
Isis não é uma pessoa muito matinal, ou ela está feliz ou está igual a
uma megera, mas isso se liga ao fato dela ter que acordar cedo para a
Universidade Harvard, eu só rio da sua desgraça. Eu cursava o MIT, Instituto
de Tecnologia de Massachusetts, mas desisti. Nós escolhemos esse
apartamento que é exatamente localizado no meio do caminho para ambas,
assim, Isis ia pro seu lado e eu pro meu, e nos encontraríamos ainda, e foi
ótimo por um tempo. Eu fiz exatamente dois períodos, no começo desse ano
eu simplesmente disse chega, como se não bastasse eu já saber tudo, ainda
tinha que ouvir meus pais reclamando que eu não sou a filha perfeita por não
querer trabalhar com eles, de como não sou perfeita por ter cabelos azuis, de
como não sou perfeita por não ser feia e viver atrás de um computador
fazendo o mal às pessoas.
O reitor de MIT tentou me fazer mudar de ideia e tal, me passaram
provas e eu fiz algumas, agora só faltava três anos para eu me formar já que
eu já sabia a matéria dos primeiros períodos completas, eu poderia fazer
tranquilamente, mas eu simplesmente não faço por despeito aos meus pais,
não tenho vergonha de admitir e não preciso de diploma para provar que eu
sou foda.
Coloquei algumas coisas em cima da bancada, mesmo sabendo que
Isis provavelmente só tomaria seu café preto sem graça, eu estava comendo
biscoito de chocolate com suco de laranja e umas torradinhas minúsculas,
porém deliciosas. Toda a minha refeição era em pequenas porções, até porque
hoje eu tenho a sessão de fotos mais tarde, às sete. Lembrando desse detalhe
eu mando uma mensagem para Jace com o horário e o local, Isis entra na
cozinha e se senta ao meu lado.
— No telefone tão cedo — resmungou encolhida no moletom de
Harvard, na versão verde, jeans e All Star pretos.
— Resmungando tão cedo. — Rebati.
Ela levantou a mão e eu bati.
— Mereceu. Tá comendo o que? — Ela mal perguntou e já foi
metendo a mão no biscoito e bebendo um gole do meu suco.
— Não preciso nem responder, né. Não vai para a escola?
Ela rolou os olhos diferentes quando eu disse escola. Isis é a melhor
mas se soubesse o que estava em minha mente - o que eu era - ela fugiria
merece isso, ela não é esse tipo de mulher. Carina me considerava um anjo,
PASSADO
CARINA
Estamos fazendo um mês de namoro, até hoje não fizemos nada,
tivemos amassos quentes e únicos, momentos maravilhosos, nunca me senti
tão feliz assim, nunca me senti tão querida e protegida. Às dez horas, numa
noite de sexta-feira, recebi uma mensagem de Jace.
Jace: Venha aqui em casa, Pequena.
Me troquei rapidamente, colocando um vestido branco soltinho e
saltos rosa Pink, odeio ficar baixa ao lado de Jace. O respondi rapidamente e
saí apresada de casa deixando um bilhete avisando para Isis que sairia, nunca
dormi na casa dele, ficamos até tarde às vezes, mas ele sempre me trazia de
volta para casa, eu não sei, não achava certo dormir lá. Às vezes Jace me
acordava de madrugada para conversar pelo celular, e eu tinha quase certeza
que eram pesadelos. Ele parece sempre tão feliz comigo, mas eu consigo ver
um pingo de tristeza dentro dos seus olhos cinza, assim como um pouco de
escuridão quando está perdido nos pensamentos.
Cheguei ao seu apartamento e a porta estava encostada, ouvi Ed
Sheeran tocando Kiss me, achei um pouco estranho, pois Jace não parece o
tipo de cara que escuta músicas românticas. Quando abri a porta tive a
surpresa da minha vida, um caminho de pétalas de flores me guiando pelo
caminho até seu quarto, o teto estava cheio de balões vermelhos em formato
de coração, tinha velas iluminando o caminho já que as luzes estavam baixas,
cheguei ao quarto de Jace que estava sentado na cama me esperando, sua
cama também tinha pétalas, eu não pude resisti e pulei em cima dele nos
derrubando na cama, Jace riu alto.
— Isso quer dizer que você gostou? — Ele estava sorrindo, sua mão
descansava nas minhas nádegas, eu ri quando percebi e ele ficou vermelho
pensando que eu estava rindo dele. — Foi demais?
— Foi perfeito. — O beijei, ele retribuiu na mesma intensidade senti
sua ereção contra minha barriga, me movi lentamente, suas mãos agarraram
na minha cintura me mantendo parada.
— Eu preparei um jantar antes.
— Quem se importa com o jantar, eu quero que você me coma.
Ele respirou ofegante com minhas palavras, minhas mãos se
prenderam aos seus cabelos loiros curtos, o puxei para mim e lambi seu lábio
superior e depois muito lentamente o inferior, Jace abriu a boca e rosnou,
aproveitei esse momento e enfiei a língua dentro de sua boca o beijando com
vontade, sua mão começou a acariciar minha bunda.
— Já te falei que amo sua bunda? — falou contra meus lábios.
— Já falei que amo a sua?
Ele escondeu a cabeça no meu pescoço gargalhando, eu ri. Num
minuto eu estava em cima dele, no próximo eu estava embaixo dele. Jace era
muito mais alto que eu, ele com seus um e noventa e sete, e eu com meus um
e sessenta e sete. Mas eu nunca senti medo da nossa diferença, de algum jeito
nós nos encaixamos perfeitamente.
Jace distribuía beijos pelo meu rosto e pescoço, sua mão foi na barra
do meu vestido, me sentei de joelhos na cama tirando os sapatos, meu vestido
foi o próximo a sair. Jace parou e ficou olhando para meu corpo, eu estava
com uma lingerie preta de renda, a calcinha não era nada mais que um fio na
parte de trás, me virei para ele ver, senti sua respiração pesada nas minhas
costas, lentamente ele abriu o fecho do meu sutiã com uma mão e a outra
passava por toda minha bunda, me virei para frente e ele olhou para meus
seios nus, inchados, duros e desejosos.
— Meu Deus como eu sou sortudo — ele murmurou enquanto se
aproximava e dava um beijo molhado em meu seio, enquanto massageava o
outro, minha calcinha já estava molhada, muito molhada. Ele sabia
exatamente como me deixar louca quando sua boca sugava os piercings no
mamilo.
Nós já havíamos feito algum sexo pelo telefone, porém, não voltamos
a nos tocar sensualmente depois daquele dia no chuveiro.
— Tire essa roupa — murmurei com a voz rouca, isso estava
realmente acontecendo, eu iria perder minha virgindade.
Eu o ajudei a retirar a camiseta cinza que ele vestia, olhei para seu
abdômen e arfei, não seis, oito gomos. Nunca me acostumaria com a sua
beleza, tanto por fora como por dentro. O ''V'' no quadril era fundo me
levando até o caminho da perdição. O corpo de Jace era perfeito, mesmo com
algumas cicatrizes. Elas o deixavam ainda mais bonito, era um sinal que ele
lutou e prevaleceu.
Minhas mãos foram para o botão de seu jeans, Jace olhava cada
movimento meu como se eu fosse uma espécie rara, ele se levantou e
rapidamente retirou a calça, ficando só de cueca, uma cinza da Calvin Klein,
ele parecia um modelo.
— Você é tão lindo — suspirei com a voz ofegante.
— Você é perfeita.
Ele me deitou e veio para cima de mim, sua boca voltou para meus
seios e logo foi descendo devagar, beijou meu umbigo, e então meu monte
vênus. Ele lentamente retirou minha calcinha, me olhando mais uma vez
antes de abrir minhas pernas e descer o olhar entre elas, ele parou de respirar
e ficou lá praticamente babando. Seus olhos estavam num cinza mais escuro e
intenso de desejo. Eu respirava com dificuldade, estava nua com um homem
admirando meu corpo, mas eu não sentia medo nenhum, só desejo.
— Eu amo seu piercing. — Ele tocou meu clitóris e eu gemi. Ele
sorriu e continuou a me acariciar lentamente. — Se isso está gostoso imagine
quando minha língua e em seguida meu pau provarem você.
Sua boca mergulhou nas minhas dobras e eu gritei. Nunca recebi um
sexo oral e devo dizer que agora eu sei o que estava perdendo. Sua língua foi
para meu clitóris e ele a movimentava com vontade, me deixando na beira de
um orgasmo. Seus lábios se fecharam no meu clitóris e ele o sugou com
vontade levando meu piercing consigo enquanto sua língua brincava com ele
me fazendo gemer alto, levantando o quadril. Minhas mãos foram para seu
cabelo, mas era difícil de segurar, eu tinha que me lembrar de pedir para ele
deixar crescer um pouco.
Eu cavalgava em sua boca e ele gemia, sua língua e seus lábios
trabalhando em harmonia, me fazendo gemer muito. Estava assustada comigo
mesma, nunca fui barulhenta quando me tocava. Senti que estava vindo forte,
o mais forte que eu jamais consegui.
— Jace, Jace, eu estou vindo. — Gememos juntos e foi o suficiente,
eu vim forte, me tremendo e suspirando feliz. Jace não parou mesmo depois
que eu cheguei ao meu ápice. Ele continuou a me lamber toda como um gato,
sempre olhando para mim com seus doces olhos cinza. Sua língua passou
pelo meu clitóris e eu tremi, eu estava sensível, mas senti novamente prazer
apesar de ter acabado de gozar. Ele percebendo que meu corpo respondia
somente a ele, passou a língua lá e fez todo seu trabalho maravilhoso. — Jace
eu não vou conseguir novamente. — Gemi.
— Sim você vai. — Sua boca e barba estavam meladas com meu
líquido, sua mão foi para meu clitóris e ele começou a acariciá-lo
rapidamente, fazendo pequenos círculos. Seus olhos deixaram os meus por
um minuto para olhar minha intimidade, ele gemeu e enfiou um dedo
enquanto continuava a acariciar. — Tão apertada. — Sua boca estava em
mim novamente. — Vem pequena, me dê seu mel novamente.
Ele não precisou pedir duas vezes, eu gozei novamente com sua voz,
somente ela. Assim que acabou ele levantou seu corpo e me beijou
lentamente me fazendo sentir meu gosto.
— Isso foi muitooo booom. Você terá que fazer isso em mim a sua
vida toda. — O abracei apertado, ele riu no meu pescoço.
— Que bom que você gostou, Pequena, porque ainda tem muito mais
de onde esse veio, estou tão duro.
Nos virei e ele ficou debaixo de mim, beijei cada uma de suas
cicatrizes com todo o carinho deixando bem claro que eu as amava. Depois
seu tanquinho, todos os oito gomos, quando cheguei ao ''V'' e o lambi, estava
doida para fazer isso.
Tomando uma respiração eu retirei seu pau duro e grande da cueca,
era grande e grosso na medida certa, pelo menos para mim. Sua cabeça era
rosa e estava molhada com líquido pré-sêmen mostrando o seu desejo por
mim. Terminei de tirar sua cueca e o lambi com cuidado querendo prová-lo
como ele fez a mim. O rugido que Jace fez me arrepiou me incitando a
continuar. Eu coloquei minhas mãos por volta do eixo e o masturbei como vi
nos filmes pornôs. Lambi várias vezes seu comprimento e cabeça, não tinha
um gosto ruim, e era macio como veludo, o cheiro era de sabonete e seu
cheiro natural. Por fim o coloquei na minha boca sugando e movendo minha
cabeça para cima e para baixo, junto com minhas mãos.
Jace gemeu alto e segurou meus cabelos, não me guiando, só
segurando, gemi quando o enfiei mais na minha boca o fazendo gemer mais,
eu fui o enfiando e enfiando em minha boca até que ele estava quase na
metade em minha boca, com um pouco de prática eu tinha certeza que
poderia tomá-lo todo como vi nos filmes. Quase não tive ânsia de vômito,
somente quando ele batia na minha goela. Mexi minha cabeça para cima e
para baixo, usando essas pausas para respirar como tinha lido em um livro,
Jace em resposta gemia alto.
— Pequena, com um pouco de treino você pode fazer uma garganta
profunda — ele incitou feliz enquanto eu continuava o trabalho, fiz isso até
senti-lo enrijecer, ele me puxou para fora antes que ele gozasse, o olhei com
raiva e em troca recebi um beijo de tirar o fôlego. — Porra, você é perfeita,
mas eu quero gozar dentro de você pela primeira vez.
Ele se posicionou no meio das minhas pernas e guiou seu membro na
minha entrada, depois de vestir uma camisinha. Eu parei de respirar e o olhei,
Jace me olhava com desejo.
— Nós podemos parar se você achar que ainda é muito cedo. — Ele
docemente acariciou meu rosto e meus lábios, que estavam inchados, mas
felizes.
— Não — gritei. — Não pare, só... vai devagar. — Eu respirei fundo
e soltei de uma vez. — Jace eu sou virgem.
Ele estava de boca aberta, pasmo.
— Mas..., mas você é tão bonita e descolada, chupou meu pau como
uma profissional, fazendo uma garganta profunda. — Ele pareceu
envergonhado por esse último comentário. — Você é perfeita, como pode ser
virgem?
Eu queria rir com ele falando que eu sabia chupar seu pau como uma
profissional e que tinha uma garganta profunda, mesmo eu só tendo
conseguido levar metade dele. Ele era tão doce.
— Eu só nunca encontrei o cara certo, eu nunca recebi ou fiz oral em
ninguém. Ninguém me levou para o banheiro e me fez gozar em seus dedos.
Só você Jace, e quero que todas as minhas primeiras vezes sejam com você.
— Acariciei seu rosto, minha respiração estava agitada, mas eu não tinha
medo.
Ele arfou e me olhava com uma intensidade fora do normal, suas
pupilas estavam dilatas, seus lábios vermelhos e inchados como os meus.
Quando me pegou olhando para seus lábios ele aproximou seu rosto do meu e
me beijou mostrando o quanto eu significava para ele.
— Vai ser perfeito, querida.
— Confio em você.
JACE
Confio em você. Essas palavras fizeram eu me sentir especial para ela,
essa sensação foi a melhor possível, mas não podia tirar sua inocência sem
nós sermos nada.
— Carina — sussurrei contra seus lábios.
— O que? — Ela estava nervosa, mas decidida, é isso que eu mais
gosto nela.
— Você quer ser minha namorada? — Perguntei roçando nossos
lábios antes de me afastar um pouco para ver a sua reação. Seus olhos se
arregalaram em surpresa com as minhas palavras.
— Sério?
— Essa é sua resposta? — Eu ri, com ela nada era normal.
Carina acenou com a cabeça, concordando.
— Okay.
— Okay?
— Eu aceito ser sua namorada. — Ela mordeu o lábio e seus olhos
chegaram a brilhar. Eu peguei seu rosto entre minhas mãos e lhe dei um beijo
doce.
Sorri e comecei, entrei devagar, ela fez uma cara de dor e mordeu os
lábios, mas não me parou. Tive que me controlar para não gemer e me
empurrar completamente, ela era tão apertada e só minha, somente minha,
isso enche o ego de qualquer homem.
— Está doendo muito, querida? — murmurei com a voz entrecortada.
— O que você acha? Tem a porra de uma anaconda gigante entrando
em mim — ela resmungou irritada com a minha pergunta. — Não faça
perguntas idiotas Jace!
Eu não aguentei e gargalhei, coloquei minha cabeça na curva do seu
ombro enquanto eu ria, depois de uns segundos ouvi sua risada também, e o
seu corpo relaxando. Só Carina podia me fazer rir enquanto estava transando
com ela.
— Vai logo, tá doendo — resmungou jogando as pernas sobre minha
bunda, metendo meu pau todo lá dentro, ambos gememos, ela de dor e eu de
prazer. Mas isso logo mudaria.
Eu me movimentava lentamente para não a machucar, estava
praticamente fazendo amor com ela, não a fodendo com força como
costumava fazer, pelo menos não pela primeira vez. Carina era uma
metamorfose ambulante, nunca sabemos o que esperar dela. Eu nunca
imaginei que ela realmente era virgem como Dominic tinha falado. A meu
ver, ela por ser tão decidida e liberal devia já ter feito essas coisas.
Carina gemeu em meu ouvido e eu levei meus dedos até seu clitóris
lentamente, ela gemeu e fechou os olhos, eu ainda não acreditava que ela
tinha piercing no clitóris. Carina era a tentação personificada. O pecado sobre
pernas.
Eu nunca vou me arrepender de ter quebrado a regra da máfia e ter
saboreado seu gosto, eu prefiro viver no pecado com Carina, do que viver
mais um dia sem poder prová-la, tê-la totalmente para mim. Ela fechou os
olhos suspirando.
— Não baby, olhe para mim — murmurei beijando a ponta de seu
nariz.
Ela abriu seus olhos intensos e me puxou para um beijo lento e
sensual, não demorou nenhum segundo para gozarmos ao mesmo tempo e
olhando nos olhos de Carina eu vi minha perdição.
Capítulo 8
PRESENTE
JACE
Ela não voltou a me tocar por dias, pensando em tudo que passou,
sobre a traição e finalmente ela quebrou. A noite quando ela pensava que eu
estava dormindo ela chorava. Seu choro era quase sem som, mas com atenção
eu pude perceber as sutilezas de Carina. Por que ela chorava em silencio? Se
eu pudesse voltar no tempo nunca teria tido nada com Drica, se soubesse que
machucaria Carina desse jeito. Tentei inverter os nossos lugares e me
perguntei como ela suportava tudo que ela passou sem me odiar. Carina era
uma luz, e eu não tinha o direito de apagá-la. Preferia morrer a voltar a
machucá-la. Era fodido demais para ela e mesmo assim não conseguia a
deixar.
Algumas noites depois estávamos vendo um filme quando recebi uma
mensagem de Dominic falando que eu tinha trabalho a fazer, meu coração
apertou, nesses três meses minha carga de trabalho diminuiu, eu tinha medo
que Carina percebesse que tinha algo de errado, mas agora que ela já fez o
juramento, Dominic não pode me privar para sempre. Ele me deu a opção de
trocar de área, mas fazer isso me tornaria fraco, mostraria que eu fui afetado
mais do que mostrava. Na máfia demonstrar fraqueza era ser um alvo.
— Carina eu tenho que trabalhar, você vai ficar bem aqui sozinha, ou
quer que eu te leve para Isis e te busque quando eu voltar, talvez amanhã
dependendo da hora? — Tentei parecer calmo.
Carina olhou para mim de canto de olho e falou.
— Eu vou dormir porque eu estou bem cansada, não me acorde,
okay? — falou e foi para o quarto bocejando.
Me senti um pouco melhor, Carina tinha sono de pedra, então não
corria o risco de ela acordar. Me arrumei de preto e sai de casa dando-lhe um
selinho. Ao chegar ao galpão eu olhei para o céu e mandei Deus se foder.
PASSADO
Três dias depois eu vou visitar Isis, agora ela está dentro da lei e não
faz mais nada de errado, nada que conste em nome de Blue Eyes. Ela está
linda com seus cinco meses de gravidez, parece radiante. Ao entrar vejo ela e
Valentina estudando com Elena e o pequeno Eric para aprenderem o italiano,
Isis nunca desiste. Quando me vê abre um sorriso e vem gingando até mim,
ela decidiu esse mês que não usaria mais saltos e andava meio atrapalhada,
pois morria de medo de pisar nos próprios pés e acabar caindo, eu sei,
estranho, mas cuidado nunca era demais.
— Venha, você precisa aprender também. — Ela vai me puxando até
o sofá.
E assim passamos a tarde, entre roubos na geladeira e diversas idas ao
banheiro, eu já sabia falar algumas palavras, e só. Então decidimos ver mais
um parto, na verdade eu as obriguei a ver, nunca se sabe o que pode
acontecer. As crianças foram brincar no quarto de Valentina já que nenhum
deles queria ver como é que eles saíram da barriga de suas mães.
Já estava no final do filme e Elena já tinha vomitado umas duas vezes.
— Eu nunca terei filhos, é totalmente assustador — ela resmungou e
Isis gargalhou.
— Dom quer mais dois, no mínimo.
— Coitada da sua vagina. — Bato palmas rindo e a porta da frente se
abre. Nela passa Dominic e Jace, senti meus olhos se arregalarem ao ponto de
dor, mas disfarcei olhando para a tevê no momento em que a cabeça do bebê
sai.
— Isso é muito assustador — Jace resmunga se sentando
normalmente ao meu lado. A sala ficou em silêncio total esperando a minha
reação.
Eu fiquei petrificada quando ele passou os braços no meu ombro,
como se fosse a coisa mais normal do mundo, antes era, agora não mais. Eu
não posso perdoar Jace pela traição, ele rompeu o elástico. E ainda tem todas
as mentiras, eu não sei se Jace ficou comigo porque realmente gostava de
mim, ou se eu fui uma escada para que ele e Dominic chegassem até Isis. Não
duvido que ele me ame, mas quem ama cuida, protege e não magoa assim. Eu
consegui fugir dele por meses e agora tudo evaporou, isso realmente não
podia acontecer. Eu continuei quieta até o final do parto, então teatralmente
eu olhei para a hora do meu celular, me preparando para as aulas de teatro
terem valido apena.
— Mas já é essa hora?! Preciso ir. — Me levantando, beijei Isis e
Elena e já estava praticamente correndo quando ele fala:
— Eu te levo.
— Não precisa, estou de carro. — Tento passar por ele que fica na
minha frente, olho desesperada para Isis.
— Fica mais um pouco Ca, sinto sua falta. — Ela sorri cúmplice para
Dominic. Não acredito que eles estão armando para mim.
— Eu estou muito cansada, amanhã se eu puder eu venho, tenho
alguns assuntos para resolver. — Tento dar a volta novamente por Jace que
bloqueia novamente o meu caminho.
Eu bufo fazendo a minha franja subir e ficar para o alto antes de cair
novamente na minha testa.
— Então me dá uma carona, Dominic que me trouxe e ele quer ficar
com a Isis — Jace me provoca, divertido.
— Dominic você tem milhões de carros , pode emprestar um para
Jace. — Eu j á estava ficando realmente irritada encarando Jace
desafiadoramente, eu n ã o iria ceder.
— Eles estão em manutenção... todos eles. — Pelo tom de voz de Isis
ela está segurando o riso.
— Jace, você pode pegar um táxi então, também existe uber — falo
suspirando, eu estava ficando realmente cansada.
Acho que Jace percebeu isso, pois suspirou derrotado.
— Posso te levar até o seu carro pelo menos? — Seu olhar me
suplicava e eu não consegui negar isso a ele, então somente assenti.
Caminhamos até o carro e eu tirei a chave da bolsa, Jace estava ao
meu lado quieto e eu agradecia a Deus por isso, somente sua presença já me
deixava nervosa.
— Carina. — Ele suspirou e me puxou para um beijo, eu não podia
ceder novamente. Eu me afastei e virei a cara, não querendo olhá-lo, para ele
não ver as lágrimas nos meus olhos. — E o que aconteceu com a gente no
banheiro do restaurante...
Então uma coisa veio em minha mente. Sexo sem proteção. Jace não
usou camisinha e eu não estava tomando o anticoncepcional desde que
terminamos, meus olhos se arregalaram ao olhar para ele, será que Jace fez
isso de propósito?
— Droga, droga, droga — falei repetidamente e sem olhar para ele eu
entrei no carro e sai dali.
O que será de mim agora? E se eu estiver grávida? E se Jace fez isso
para eu voltar para ele? Esses ‘’e se’’ me fizeram ficar trêmula, então um
farol veio na minha visão e eu escutei um barulho de pancada, a última coisa
que eu pensei foi em Jace, antes de tudo ficar preto.
Capítulo 13
JACE
Carina está bem estranha, eu sei que ela sente a minha falta e pode ser
egoísta da minha parte, mas eu não me arrependo de tê-la tomado no
banheiro do restaurante. Vê-la com outro homem me fez virar uma fera, de
uma coisa eu tenho certeza: Eu nunca vou deixá-la, eu prometi isso a nós.
Ela pode ter conseguido fugir de mim por quase quatro meses, mas eu
não consigo mais ficar longe dela. Eu me sinto um perseguidor, mas preciso
vê-la, ela não sabe, mas três vezes Miguel me deixou entrar de madrugada
para olhá-la de longe, ela em todas as minhas visitas estava abatida e com os
olhos vermelhos e inchados de tanto chorar. Eu tentei fazer a coisa certa
quando me afastei, mas se eu soubesse que acarretaria isso tudo eu teria
insistido mais no nosso relacionamento. Nunca existirá alguém como Carina.
Entrei de volta na casa de Dominic e eles fingiram que não estavam
olhando tudo pela janela. Dominic percebendo que eu estava distante me
chamou para o escritório.
— O que aconteceu? — pergunta casualmente.
— Ela está estranha — respondo passando a mão pelo meu cabelo,
agora maior.
— Ela está magoada — ele me corrige e eu faço uma cara séria.
— Você não entendeu, Carina está estranha, eu a conheço.
— Isis também falou isso. Carina às vezes recebe mensagem ou
ligação e sai rápido, eu não falei nada porque não tinha certeza se não estava
vendo demais. — Dominic suspira e olha para mim. — Ela ainda te ama, mas
você acha que ela está saindo com alguém?
Então lhe conto sobre o acontecimento há três dias, Dominic tem um
pequeno sorriso.
— Um pouco homem das cavernas — ele murmura rolando os olhos.
— Mas você acha que esse homem que estava com ela é algo sério?
— Eu não tenho certeza, eles saíram rápido e quando sai eu só vi
Carina ir para o estacionamento sozinha — falo.
Dominic assente e voltamos para a sala, Elena e Eric continuam a
tentar ensinar italiano para Isis e Valentina, acaba que Dominic entra na onda
me fazendo rir e relaxar um pouco. Percebo que Elena está triste e quando ela
vai para a cozinha eu a sigo.
— O que está acontecendo, Elena? — pergunto e ela desvia o olhar.
— Não sei o que você quer dizer.
— Elena eu sou praticamente seu irmão, então pode abrir o bico. — A
repreendo por não se abrir com a gente, nós somos uma família. Eu nunca
vou esquecer das noites que ela ficou comigo logo depois do término, ela
nunca pediu, simplesmente chegou lá e perguntou qual era o jantar.
Ela dá um pequeno sorriso.
— É bobagem... Eu estou com medo. — Ela olha para o anel que
Damien lhe deu. — Eu não sei se consigo ser a esposa perfeita que todos
querem que eu seja e eu estou com medo de falhar. — Ela seca as lágrimas
rapidamente. — Tudo está indo tão rápido, faltam somente dois meses para
fevereiro e eu estarei fazendo meus dezoito anos, e aí vou estar trancada para
sempre, sozinha na Itália, eu não terei ninguém.
Eu a abracei e a acalmei.
— Elena, Damien irá te proteger, não lhe fazer mal. Você é uma bela
jovem e carrega o nome da família, Dominic e vô Raffaelo vem recebendo
várias chamadas para comprar seu ‘’dote’’, e sua única chance de se ver livre
disso é se casar com Damien, ele e Dominic tem conversado, ele não te
forçará a nada que você não queira, ele irá respeitar suas vontades.
Voltamos para a sala e Elena parecia um pouco melhor. Por um
segundo eu quase acabei falando da promessa que Damien fez de não a tocar,
mas acho que Elena não ficaria feliz em saber disso. Dominic parecendo
saber que eu a acalmei, sorri para mim agradecido.
Valentina se senta no colo de Elena e começa a falar do colar que ela
ganhou de Eric, o menino fica todo vermelho e sorri. Dominic observa sua
filha com um sorriso no rosto. Eu nunca imaginei que ele podia se tornar um
pai tão babão, só falta beijar o chão que Valentina passa e é lindo ver esse
carinho de pai que ele tem em tão pouco tempo. Isis acaricia sua barriga e
puxa a mão de Dominic para sentir o bebê chutar.
— Esse vai ser um maldito jogador de futebol — Dominic se gaba
para mim.
— Eu vou querer ter um time de futebol inteiro — eu respondo
sonhador, imaginando Carina com a barriga grande carregando meus filhos.
— Então corra atrás dela para nossos filhos terem a idade parecida. —
Isis sorri sonhadora. — Dominic não vai parar até ter várias crianças
correndo pela casa.
Dominic a abraça e sorri.
— Até parece que você não vai gostar — Elena resmunga, mas está
sorrindo.
— E você Dona Elena, quando que essas suas crianças saem, esses
homens Raffaelo não esperam. — Isis caçoa e Elena arregala os olhos.
— Não tem graça — ela resmunga e fica olhando para seu anel de
noivado com tristeza.
— Às vezes o amor pode acontecer quando você menos espera, olha
Dominic e eu — Isis fala e Dominic a beija apaixonado. — Nem vem de
graça que foi assim que eu engravidei.
Fico olhando a interação deles e penso se um dia vou voltar a ter isso
com Carina. Na minha vida não existirá outra mulher, se Carina não voltar
para mim eu não terei razão de viver, eu a amo tanto que dói. Ficar sem ela
acaba comigo, dia a dia. Me sento e Isis começa a falar sobre os partos
assustadores que Carina a obrigou a assistir, fala sobre as aulas que Dominic,
ela e Carina estão assistindo para aprender a cuidar de um bebê e até me
chamou para participar.
Eu não entendi o motivo de Carina participar de todas essas aulas,
será que ela quer ser mãe, nesses dois anos, nós só conversamos sobre isso
uma vez e Carina ficou apavorada com a possibilidade de ser mãe, tanto que
ela chegava a ser chata com as pílulas anticoncepcionais, ela marcava todo
dia um x no calendário virtual que ela tinha compartilhado no celular dela e
no meu próprio. Disfarçadamente eu entro nele e percebo que ainda está
marcado certo apesar de Carina não o atualizar há meses, será que ela parou
de tomar o anticoncepcional ou parou de anotar?
Isis continua a falar e falar sem parar, então eu aceito. Ela está
disposta a tentar me ajudar a voltar com Carina, ela não precisa dizer nada,
mas suas ações mostram isso.
— Ela sente sua falta, Jace — Elena conta sorrindo para mim. — Essa
é sua hora de atacar com toda a força. Fazer diferente.
O celular de Isis toca com o som de uma vaca e ela aponta a tela para
a gente sorrindo, Carina. Ao colocar o telefone no ouvido ela já vai falando
sorrindo.
— Se arrependeu de ir embora, safada? — Seu sorriso morre e ela
começa a chorar e tremer. — Meu Deus, aonde?
Dominic toma o celular de sua mão e eu fico tenso, tem algo de
errado com Carina, eu sinto isso. Depois de desligar ele ajuda Isis a ficar em
pé e me olha tristemente.
— Fique calmo. Ouve um acidente de carro e Carina...
Antes que terminasse de falar eu saio correndo, escuto ele gritar o
nome do hospital e eu pego minha moto e vou em alta velocidade até o
hospital. Carina não vai me deixar, eu a proíbo, uma vez eu lhe fiz uma
promessa, eu nunca a deixaria ir, e eu pretendo cumprir.
Ao chegar no hospital eu corro para o atendente.
— Carina Miller, acidente de carro e...
— Se acalme senhor, você é parente? — A mulher pergunta olhando
para a tela do computador.
— Sou seu noivo — anuncio e ela me informa que ela está em
cirurgia.
Caio contra o banco de frente para o quarto que vão mandá-la, coloco
minha cabeça em minhas mãos e pela primeira vez eu oro para Deus, para eu
não perder Carina, não sei se ele me escuta, mas eu preciso tentar. Sinto um
abraço e vejo que é Dominic, Isis está abraçada com Elena e ambas choram.
Quatro horas depois, um médico vem até a gente.
— Parentes de Carina Miller? — ele pergunta e eu me levanto.
— Eu sou seu noivo — falo rapidamente. — Como ela está?
— A cirurgia foi um sucesso. O acidente foi feio, ela teve muita sorte
por não ser fatal. Ela teve um traumatismo craniano e quebrou a perna em
dois lugares — falou olhando a ficha. — Ela no momento está em coma
devido à lesão.
— Qual é a previsão dela acordar? — Dominic pergunta abraçando
Isis.
— Ainda não temos, pode ser hoje, amanhã, um mês, um ano, ou até
mesmo nunca. Vai depender do seu estado e quando acordar que veremos
como ela está indo e o que o trauma acarretou.
— Ela vai ser transferida para o quarto particular agora? — Dominic
toma a frente dos assuntos e eu só fico lá ouvindo. Carina pode nunca
acordar.
— Hoje ela vai passar a noite na UTI, mas amanhã será transferida —
o médico anuncia e se retira.
Eu só percebi que estava chorando quando Isis me abraçou apertado.
Miguel chega com lágrimas nos olhos e muito nervoso, Dominic explica as
coisas para ele e Miguel cai no choro, indo para um canto e coloca a cabeça
entre as mãos enquanto chora, todos nós choramos, então vejo Elena se
sentando ao lado de Miguel e acariciando suas costas. Me sento e oro
novamente, Deus você já deixou tantas coisas ruins acontecerem comigo,
mas Carina não merece nada disso.
A noite vira e eu continuo ali esperando para vê-la. Ao amanhecer Isis
dorme nos braços de Dominic e Elena nos braços de Miguel. Eu sou o único
acordado e quando eu vejo sua cama sendo trazida para o quarto eu me
levanto rapidamente, ela está tão pálida, tem aparelhos a ajudando a respirar,
com soro em suas veias, ela tem uma faixa em sua testa e escoriações em seu
rosto e corpo. Eu fico observando as enfermeiras a colocarem deitada na
cama, quando elas se vão eu coloco uma cadeira ao lado dela e acaricio seus
cabelos.
— Carina por favor não me deixe — imploro e seguro sua mão, lá
fiquei, a olhando e esperando ela voltar para mim.
Dominic entrou no quarto com Isis em seu colo e a colocou na cama
de casal no canto, a cama da Carina também era grande, assim que ela
estivesse melhor eu me deitaria com ela e a abraçaria até ela dormir. Miguel
seguiu logo atrás com Elena nos braços e a colocou ao lado de Isis. Miguel se
aproximou de Carina e segurou sua outra mão.
— Carina você vai ficar bem. — Ele secou uma lágrima que caiu dele
e depois nos olhou. — Eu vou pegar algo para as meninas comerem, vocês
querem algo? — perguntou e eu neguei.
— Nós vamos querer um café — Dominic falou por mim, mas eu só
conseguia olhar para Carina nesse estado.
Em menos de vinte quatro horas ela estava com a gente e agora assim.
O destino das pessoas pode mudar a cada instante e é por isso que é
importante sabermos demonstrar nossos sentimentos.
Assim os dias se passaram e viraram semanas, dois meses que Carina
não acorda. Ela tinha sua franja cortada regularmente, sua pele está um pouco
melhor, mas ela ainda não acordou, eu praticamente moro no hospital, Isis
vem todo dia vê-la e sempre sai chorando. Elena às vezes passa a noite com
ela e fica contando os “babados”. Um médico disse que conversar era bom,
que ela podia ouvir, então todo dia eu converso o quanto posso com ela,
sempre pedindo para ela voltar para mim. As meninas pintam suas unhas e às
vezes a maquiam para que quando ela acorde não reclame por estar feia.
Elena passou o seu aniversário de dezoito anos aqui, e olhava feio para
qualquer pessoa que sequer falasse que ela já estava apta para se casar, como
Vô Raffaelo uma vez falou. Damien que também ficou triste com a situação,
aceitou que Elena e ele só se casariam depois que Carina acordasse e
estivesse bem. Eu já posso dormir ao seu lado, sempre a esperando acordar,
comecei a ir à igreja, sei que é idiota, mas eu acredito que Ele possa a fazer
voltar.
Capítulo 14
CARINA
Escuto sua voz à distância, ele está me chamando, mas eu estou com
tanto sono, tão cansada. Então o escuto chorar, sinto sua mão apertando a
minha e eu tento abrir os olhos, mas eles estão tão pesados que doem, tento
novamente e vejo escuridão. Aos poucos minha visão vai se acostumando e
eu percebo que é noite, sinto um corpo pressionado ao meu e eu viro um
pouco, vejo Jace deitado ao meu lado. Como ele chegou ao meu quarto?
Então reparo que esse não é meu quarto, tem um aparelho ao meu lado que
fica apitando, eu tento falar algo, mas minha garganta dói muito, sinto sua
mão sobre a minha e a aperto tão forte quanto eu consigo, mas estou tão
fraca.
Jace de repente abre os olhos e eu vejo seus belos olhos cinza, eu
sinto tanta falta dele. Ele arregala os olhos e se senta depressa, me olhando
como se eu fosse uma miragem, eu abro a boca para perguntar por que ele me
olha assim, mas nada sai. Jace então pega um copo e enche de água, me dá
aos poucos até eu me saciar, meu estômago embrulha com isso e eu me
inclino para o lado vomitando uma gosma amarela. Minha barriga dói tanto.
Duas mulheres vestidas de rosa entram na sala e me examinam, Jace
está ao telefone e minha visão está totalmente focada nele. Lágrimas caem
dos olhos dele e eu não sei por que ele está chorando, seu olhar está em mim.
Uma das mulheres o manda sair para que possa tirar alguma coisa que não
entendi, Jace a ignorando vem até mim e me dá um selinho.
— Eu volto logo, pequena — ele promete e se vai.
Eu quero gritar para ele não ir, mas não consigo. As enfermeiras tiram
então os tubos que estavam enfiados em mim e não foi nada agradável, eu
posso dizer. Elas me ajudam a me sentar e eu vejo que tenho um gesso em
minha perna direita, eu pergunto como isso aconteceu, mas elas não dizem
nada, uma delas faz uma trança no meu cabelo para domá-los.
Assim que elas saem entram algumas pessoas que de cara eu não
reconheço, procuro Jace e ele se senta ao meu lado, uma mulher loira se
aproxima de mim, ela tem olhos de cores diferentes e é linda.
— Carina, você está bem? — ela pergunta acariciando meu rosto e eu
só fico a olhando. — Você não me reconhece? — ela pergunta com os olhos
arregalados e marejados, por que ela está chorando? Sua barriga é grande
como uma bola.
— Você está bem? — eu pergunto apontando para a barriga gigante e
ela ri acariciando.
— Sim, eu estou. É seu sobrinho que está aqui dentro — ela me diz e
me vem um nome a cabeça.
— Dante — eu digo e ela sorri emocionada. — Por que você está
chorando? — pergunto.
— É que eu estava com muita saudade de você — ela me diz e eu
sorrio.
Então um momento vem a minha cabeça, estamos fazendo uma briga
de travesseiros pulando na cama, ela parece mais jovem e muito feliz e depois
me vem que estamos sentadas num capô de um carro olhando para uma
cidade e essa mulher me abraça apertado enquanto eu choro.
— Nós brigamos de travesseiro — falo arregalando os olhos e Isis ri
emocionada. — E nós nos abraçávamos em cima de um carro, não somos
namoradas, né? — pergunto horrorizada e todos riem, essa mulher nega
também sorrindo. Que bom, eu quero ser namorada desse lindo homem de
olhos cinza.
Olho para um homem alto com olhos azuis sombrios e ao seu lado
uma mulher parecida com ele sorrindo com os olhos cheios d’água e ao lado
delas tem um homem limpando as lágrimas.
— Por que eles estão chorando? — pergunto a Jace que também tem
os olhos cheios de água.
— Eles estão felizes que você está de volta — ele me diz e eu fico
confusa, eu fui embora?
— Para onde eu fui? — murmuro para mim mesma e um homem
vestido de branco entra no quarto.
— Então como está, Carina? — ele me pergunta e eu percebo que
esse é meu nome e tem uma lanterna em mãos, me faz seguir a luz e mais uns
testes e depois olha para mim. — Se sente bem?
Eu olho e aceno para o médico. Jace não solta minha mão então eu
olho e pergunto.
— Seu nome é Jace, certo? — pergunto, não sei por que o chamo
assim, mas tenho quase certeza que é seu nome.
— Sim, é meu nome, você sabe quem eu sou? — ele me pergunta e eu
nego. — Eu sou seu noivo — ele me diz e eu arqueio a sobrancelha.
— Sério? — pergunto e ele assente sorrindo. — Você é tão bonito —
murmuro e ele cora.
— Carina, você reconhece essas pessoas? — O médico me pergunta e
eu nego. — Você se lembra de algo antes do acidente?
Então a loira vem na minha mente.
— Eu me lembro de estar com ela? — Olho para eles e aponto para a
loira, minha resposta soa como uma pergunta. — Eu acho — completo.
— Sim, você tinha ido me visitar — ela me diz sorrindo e eu olho
para o cara de cabelos castanhos que ainda me olha com lágrimas, então uma
lembrança me vem.
— Tinha vermelha... marcando uma... uma mão — eu falo e ele sorri.
— Nós marcamos a parede da minha casa — ele lembra sorrindo.
Sinto uma dor de cabeça forte e gemo de dor. O médico começa a
falar, mas eu não consigo me concentrar, dói tanto que eu me deixo levar pela
escuridão. Quando eu acordo Jace continua ao meu lado e aquelas pessoas
não estão no quarto, o quarto está cheio de balões e vasos de flores. Eu tento
me sentar, mas minha cabeça dói, num pulo Jace abre os olhos e sorri para
mim.
— Ei, como você está? — me pergunta baixo.
— Bem. — Minha garganta está seca e eu tusso.
Ele me estende um copo d’água que eu sugo por completo.
— Beba devagar — ele me diz, e eu faço, não quero vomitar
novamente.
— O que eu estou fazendo aqui? — pergunto.
— Foi um acidente de carro.
— Alguém se feriu? — pergunto preocupada.
— Não, só você. Querida, você esteve em coma por dois meses — ele
me diz e meus olhos se arregalam.
Um pessoal entra e ao olhar para loira eu me lembro, ela é minha
melhor amiga, minha irmã. Eles chegam perto de mim e sorriem para mim,
olho para o garoto de cabelos castanhos e lembro de eu beijando ele e
arregalo meus olhos.
— Eu beijei você — falo assustada e ele ri.
— Nós já namoramos.
— No passado — Jace rosna e sorri para mim. — Você é minha
mulher.
Percebo que Isis fica um pouco tensa.
— Você está bem, Isis? — pergunto e ela me olha assustada. — Você
é minha best, não é?
— Sim eu sou, Ca — ela diz e cai no choro, isso está errado.
— Por que você está chorando? Isis nunca chora! — eu falo e ela ri.
— Posso te abraçar? — ela me pergunta timidamente e eu aceno com
a cabeça. Ela me abraça como pode, mas devido a sua barriga é um pouco
difícil e me faz rir.
— Também quero um abraço. — A menina de cabelos pretos e olhos
azuis pede, eu abro mais meu braço e ela se aconchega em mim. — Senti
tanto sua falta Clorofila.
Eu sinto um bolo na minha garganta, me dói não lembrar deles, meu
interior grita que eu os conheço e os amo, mas minha mente está branca,
somente com flash de memória, como uma câmera aonde eu vejo fotos
rapidamente. Depois que elas saem do meu abraço eu me encosto e fecho os
olhos, a dor de cabeça está de volta e com força.
— Vamos deixá-la descansar um pouco. — Alguém fala, mas eu não
abro meus olhos.
— Quer que eu chame a enfermeira? — Jace pergunta acariciando
meu rosto e eu abro os olhos, ele está olhando para mim com atenção e
carinho. Eu aceno e ele aperta um pequeno aparelho perto do meu dedo.
Uma enfermeira entra e coloca algo no meu soro e aos poucos a dor
melhora. Abro meus olhos depois de um tempo e tento achar uma posição
agradável, mas é quase impossível, minha perna está levantada por
travesseiros e o gesso coça. Reparo que Jace está ao meu lado me
observando.
— O que foi? — pergunta tirando os cabelos da minha cara, acho que
eu tenho uma franja.
— Eu quero fazer xixi — murmuro e ele sorri. — Você pode chamar
uma enfermeira? Eu não posso andar. — Aponto para minha perna.
— Eu te ajudo — ele me diz e ao ver minha cara ri. — Somos
namorados há muito tempo e eu já vi você fazendo xixi.
Ele me ajuda a levantar e tira o soro da minha veia lentamente. Me
pega no colo e me carrega para o banheiro, esse banheiro é bem grande, Jace
me ajuda a levantar o vestido e me sentar no vaso, eu olho para baixo
envergonhada e ele bufa.
Ao terminar com a ajuda dele eu vou a pia lavar minhas mãos e me
vejo refletida no espelho. Eu sou bonita. Tenho cabelos longos e castanhos
com uma franja, meus olhos parecem chocolate, tenho um nariz fino e lábios
carnudos e vermelhos, mas eu pareço magra demais. Toco meu rosto e vejo
Jace me olhando pelo espelho, ele é tão bonito. Lapsos dele sorrindo e me
beijando vem, e eu sei agora que ele não estava mentindo, fomos namorados.
— Lembrou de algo? — ele me pergunta quando me coloca deitada
na cama.
— Só... só de nós dois nos beijando — respondo e olho para seus
lindos olhos cinza. — Como isso aconteceu? — pergunto apontando para o
gesso.
— Um acidente de carro, você esteve em coma por dois meses e eu...
eu fiquei tão preocupado, eu não viveria num mundo em que você não existe
— ele sussurra e algumas lágrimas caem de seus olhos, eu as tiro e acaricio
seu rosto.
— Eu estou bem agora. — Tento sorrir, mas tudo está tão confuso. —
Quando eu posso sair? — pergunto curiosa.
— Em alguns dias, poucos. Eu vou ficar aqui com você até que
possamos ir para nossa casa. — Ele acaricia meu rosto.
— Nós moramos juntos? — pergunto sorrindo, eu tenho uma vida
fora daqui.
— Sim, nós moramos. Você a redecorou falando nisso. — Ri.
— Eu não estraguei tudo, né? — pergunto mordendo os lábios, eu
seriamente estava flertando? Mas ele era meu namorado, ou noivo, não é?
— Claro que não pequena, você é sempre perfeita — ele declara e
sorri. Eu sorrio de volta vendo sua covinha junto de sua cicatriz na bochecha
esquerda. Essa combinação só o deixa mais doce.
Então o sono me leva novamente e desta vez eu não acordo tão cedo.
Estou sonhando com um garoto pequeno sorrindo enquanto desenha, seu
rosto é tão familiar para mim, é como se eu o conhecesse a vida toda. Seus
cabelos são loiros claros e seus olhos azuis celestes como o de Isis. Ele para
seu desenho e me encara por um tempo.
— Eu não tenho lápis marrom para seus cabelos, qual cor eu coloco?
— Ele me estende vários lápis coloridos.
— Todos são tão lindos, que tal me colocar com todas essas cores? —
pergunto e ele sorri animado.
Ester é muito legal, gostei dela logo de cara, ela tem um sorriso
sincero e parece ser honesta. Ela mediu minha pressão e batimentos, anotou
os resultados e depois me perguntou onde eu sentia dores. Depois disso
conversamos um pouco sobre as Kardashian. Elas são uma família famosa e
rica, e eu super adorei. Miguel ficou sentado com a gente, mas não falou
coisa alguma, estava concentrado [ML8]nos seios de Ester.
Ela me ajudou a ir ao banheiro e a tomar um banho, lavou e depois
alisou meus cabelos, eu já me sentia muito melhor, até me ajudou depilar
minhas pernas e eu aparei a minha vagina, mas por algum motivo não retirei
tudo, mal dava para ver a tatuagem escondida com o nome dele.
— E aí ela traiu ele para poder ser escalada para o filme. — Ela me
contou as fofocas de Hollywood.
— Não creio — falo e ela ri.
— É sério, e ele só descobriu depois que uma revista publicou uma
matéria com as fotos.
— Que babado.
— Sim, a sua amiga também saiu numa revista — ela me diz e meus
olhos se arregalam. — Você não sabia? Ah, sua memória. — Ela fica
vermelha. — Espero que eu não tenha falado o que não devia.
— Está tudo bem, quando Isis vir aqui eu pergunto para ela, não tem
problema — digo e ela termina de pranchar minha franja.
— Você está tão linda.
— Sim, obrigada, mas eu preciso comer mais — reclamo e ela sorri.
— Eu posso ver umas vitaminas e complementos alimentares, em
poucos meses você vai estar de volta a seu corpo.
— Eu quero — grito e ela sorri.
Ela me ajuda a voltar para a sala, aonde Miguel e Elena brigam pelo
controle, os dois parecem até irmãos. Ao me ver Elena larga o controle que
acerta no nariz de Miguel, fazendo o sangue escorrer. Ester me coloca
sentada e com o pé para cima e leva Miguel para o banheiro para se limpar e
ver se o quebrou.
— Você acha que eu quebrei seu nariz? — ela me pergunta
preocupada.
— Sim, eu acho — falo dando de ombros vendo televisão.
— Essa é a Carina que eu conheço — Elena fala me abraçando e
rindo, eu não entendo o porquê de ela dizer isso. Percebendo a minha
confusão ela responde.
— Você sempre ignorou minhas brigas com Miguel.
Eu ofeguei alto e Jace se virou para mim curioso. Eu tentei falar, mas
nada saia, ele levantou uma sobrancelha me observando e vestiu uma calça
jeans rapidamente junto com uma camiseta cinza, ele estava delicioso. Voltou
para perto de mim, quando viu meu olhar e me deu um selinho e me ajudou a
sentar.
— O que foi? — perguntou ainda me beijando. Ele era tão carinhoso.
— A... a tatuagem... nas suas costas — murmurei entre os beijos e
Jace se afastou com o rosto corado.
Ele era tão bonito, cabelos loiros arrepiados, olhos cinza, um nariz
levemente torto que juntando com a cicatriz na bochecha o deixaria com a
cara de perigoso, se não fosse pelo olhar doce, as covinhas, e a boca
vermelha. Seus músculos pareciam ser uma obra de arte, ele era meu deus
grego pessoal.
— Sim, baby. Eu fiz no natal para você, foi no mesmo dia que eu lhe
dei isso. — Ele tocou no anel em meu dedo.
Sem esperar eu responder ele me deu um selinho e abriu a porta para
Ester entrar, antes de sair ele me olhou uma última vez e piscou para mim.
Ester entrou dando um sorriso sem graça, ela me ajudou a entrar no banheiro
e fazer as minhas coisas, ela estava um pouco tensa eu percebi.
— O que houve? — perguntei incapaz de manter minha boca calada.
— É... Miguel me convidou para jantar sexta — ela fala olhando para
as unhas.
— Isso é ótimo, Miguel parece ser uma ótima pessoa.
— Mas... mas eu estou aqui para trabalhar, não para sair com
ninguém — ela diz com o rosto corado. — Ele me roubou um beijo ontem.
— Isso é maravilhoso — falo animada. — Você deve se jogar, há
quanto tempo você não namora?
— Muito tempo. Estou completamente centrada na minha carreira. —
Suspira. — Mas Miguel é tão legal. Só que o objetivo e a prioridade da minha
vida é a carreira. Ela estará sempre em primeiro lugar.
— Você pode ter as duas coisas — falo e ela fica parada pensando.
Fomos para a cozinha onde ela me ajuda a preparar algo, parece que
eu não sou boa na cozinha os bacons torrados provam isso. Ela me dá as
vitaminas que seu pai receitou para mim, e me explica que devem ser
tomadas juntas com a alimentação. Logo eu estarei com meu antigo corpo,
que pelas fotos eu vi que era muito bonito. Pergunto a ela sobre o gesso e ela
me fala que tenho que ficar com ele mais uma ou duas semanas.
Miguel aparece na cozinha somente com uma bermuda, e Ester cora
mais que tudo no mundo e desvia o olhar, Miguel beija sua bochecha e minha
testa, senta ao meu lado e pergunta.
— Como você está?
— Bem, hoje será que você pode chamar Isis para vir, eu queria que
vocês me contassem sobretudo... eu realmente quero me lembrar de tudo,
odeio ficar assim.
Miguel fica me olhando por um tempo e depois bufa.
— Ela vai estar aqui daqui a pouco com as crianças, ela já tinha
avisado que viria hoje. — Ele sorri carinhoso. — Eu também quero que se
lembre de tudo.
Depois do café eu descubro que Jace foi trabalhar. Miguel e Ester me
fazem companhia e me fazem rir, convenço ela a aceitar sair com ele e recebo
um abraço de Miguel, e um beijo barulhento na bochecha. Isis chega mais
tarde perto do almoço com duas crianças com ela, eu as olho, mas não as
reconheço. A menina loirinha corre para mim e me abraça chorando, eu a
aperto contra mim e me lembro do cheiro de seus cabelos. Ela me olha com
seus olhinhos azuis e sorri para mim.
— Fiquei tão preocupada tia Carina — ela fala com a voz embargada
e olha para a mãe e acena com a cabeça, sorri para mim e fala. — Eu sou a
Valentina.
O menino toca no ombro dela e sorri para mim.
— Eu sou Eric. — Estende a mão para mim e eu sorrio apertando, ele
é um pequeno grande homem dá vontade de morder.
— Para de agir como adulto Eric, você ainda é uma criança —
Valentina fala e ele rola os olhos.
Isis vem sorrindo até mim, ela está com um vestido vermelho
larguinho na cintura e botas sem salto, ela está sempre maravilhosa. Ela se
senta ao meu lado e segura minha mão.
— Estou tão feliz de vê-la bem e acordada. — Seus olhos estão
marejados em lágrimas, eu estendo a mão e acaricio seu rosto secando as
lágrimas, imagino que seja raro ela chorar.
— Você não vai se livrar de mim tão facilmente — brinco e Miguel e
ela riem, percebo que ele também tem os olhos marejados.
— É clorofila, você assustou a gente — diz Elena descendo as
escadas com uma camisola curta e os cabelos soltos bagunçados, ela estava
dormindo até agora, eu sei, pois Miguel a chamou para tomar café e ela
murmurou algo sobre querer uma chuva de alcaçuz e balas de goma.
Ela desfila até a cozinha e Isis suspira ao meu lado.
— Damien está estacionando o carro — ela resmunga e percebe a
minha confusão, quem é Damien?
— Damien é o noivo dela — Miguel conta vendo que eu não entendi
nada. A porta se abre e eu olho curiosa.
Nossa, um homem lindo entra pela porta, ele se parece um pouco com
Dominic, o marido de Isis. Elena me atualizou um pouco ontem, mas acho
que se esqueceu do detalhe que ela está noiva. O homem parece ter quase
dois metros, a mesma altura de Jace, porém mais musculoso. Seus olhos eram
treinados e sem emoção, até olhar para Elena que saiu da cozinha com um
sanduíche em mãos, ela olha para onde estamos olhando e estanca o passo,
mas logo ajeita a postura.
— Achei que você havia voltado para a Itália — murmura.
— Eu estava voltando, mas Dominic me ligou para falar que Carina
acordou e eu já teria que vir aqui para marcarmos o dia do casamento — ele
fala e as pernas de Elena bambeiam. A ignorando ele vem até mim e me olha
dos pés à cabeça e me dá um pequeno sorriso. — Fico feliz que esteja bem.
— Obrigada — falo e ele assente e olha para Elena.
— Vá se vestir, vamos almoçar com nonno.
Elena assente e sobe as escadas correndo, com certeza ela não vai
comer aquele sanduíche. Reparo Damien a secando por completo, ao ver meu
olhar dirigido a ele, Damien disfarça pegando o celular. Isis está quieta ao
meu lado, mas ao olhá-la, nós trocamos um olhar de reconhecimento.
Eu não entendo, Elena não ama seu noivo? Nenhum beijo ela deu
nele. Pelo o que ela falou, ele mora em outro país, era para ela pular em cima
dele de saudade, se bem que aquela expressão fechada, não parecia bem-
vinda a um abraço, seria mais um amasso contra a parede ou algo assim.
Depois que eles saem ficamos todos em silêncio, foco minha atenção
na mesinha de centro recheada de fotos de Jace e eu, tiro com cuidado minha
perna da mesa e me aproximo mais, escuto Isis e Miguel falarem algo,
conversando sobre Elena e Damien, mas estou concentrada naquela mesinha
e flashes passam pela minha cabeça, palavras de amor ditas, carinhos,
sorrisos, amassos, um simples olhar e eu sinto no meu coração que eu sempre
amei Jace Donavan.
— Carina está tudo bem? — Ester toca meu ombro e eu a olho.
— Essa... essa mesinha... eu me lembro — murmuro e me sento
novamente no sofá.
Isis me olha com atenção e sorri com os olhos marejados para mim.
Ester nos deixa sozinhos e caminha para a cozinha, reparo Miguel seguindo-a
com o olhar.
— Você está me transformando numa chorona — ela reclama e
Miguel bagunça seus cabelos, voltando sua atenção para a gente já que Ester
estava fora de vista.
— Como vai essa barriga, quando ele sai? — Miguel acaricia sua
barriga. — Está grávida desde... sempre.
— Eu estou com sete meses. — Ela rola os olhos e me olha com um
sorriso zombeteiro no rosto. — Você me forçou a ver mil partos e estará
comigo quando for a hora. Então trate de se lembrar logo, não quero ter que
ver aquilo tudo de novo... prefiro ser torturada a ouvir mais uma grávida
gritar no parto.
— Eca, ainda bem que eu não me lembro disso — respondo rindo,
Isis e Miguel seguem a minha risada.
Ester volta à sala com café e suco para todos, apesar de estar quase na
hora do almoço. Miguel a puxa para se sentar ao seu lado, Isis e eu trocamos
um olhar novamente.
— Que tal vocês irem ao mercado comprar caramelos para mim? —
Isis fala e coloca a mão para a barriga. — Estou com desejo.
Miguel se levanta num pulo e a leva junto com ele, Ester olha para a
gente com olhos arregalados para mim pedindo ajuda, em troca eu pisco o
olho e gargalho quando eles saem. Vendo os dois juntos faz eu me sentir
como se algo faltasse na minha vida. Isis me conta algumas coisas que faz
nós duas gargalharmos, mas eu quero voltar ao assunto que está martelando
em meu cérebro.
— Isis, a Elena não ama o Damien. Por que eles vão se casar?
Isis me olha por um momento e depois suspira.
— É como uma medida de segurança, Elena precisa de Damien. —
Ela massageia os neurônios. — Damien vai ser bom para ela.
— Mas tem que se casar por amor — falo e Isis estremece e desvia o
olhar. — Você também não se casou com o Dominic por amor? — pergunto
curiosa.
— No começo não, mas depois eu o amei com toda a força. — Seus
olhos brilham ao falar dele. — E o amo ainda mais por ele tratar minha filha
como sua.
— Valentina não é filha dele?
— Não, é... uma história muito longa.
As crianças descem as escadas, Valentina tem os bracinhos cruzados e
Eric um sorrisinho no rosto. A menina vai até a sua mãe e se senta ao seu
lado, Eric continua em pé com um sorriso de quem aprontou no rosto.
— O que foi filha? — Isis pergunta acariciando seus cabelos. — Está
com fome?
— Eric não me deu um beijo — ela reclama e eu rio, quando ela me
olha com os seus olhos sérios eu disfarço o riso. Ela é muito Isis. — Nós
estávamos brincando de bela adormecida e então eu era a bela, e Eric o
príncipe, mas combinamos dele me beijar para eu acordar, mas ele só me
sacudiu.
Isis e eu gargalhamos e Eric continua sorrindo.
— Termine a história, Val — Eric fala todo feliz e corado.
— Então eu decidi ser o príncipe e ele ser a bela — ela fala e Eric rola
os olhos, mas não contesta. — Então quando eu fui o beijar, só que nossas
testas se bateram. — Ela toca a sua testa e eu percebo que está avermelhada,
a de Eric também.
— É por isso que você está rindo? — pergunto a Eric que ri mais.
— Valentina xingou em italiano, depois disso.
Isso bastou para eu ter uma crise de riso imaginado a pequena
Valentina xingando em italiano. Isis tentou ficar séria, mas falhou rindo
também. Ela pega o celular e disca para alguém, no terceiro toque a voz de
Dominic soa pelo celular que estava no viva-voz.
— A bolsa rompeu? — perguntou já preocupado. — Estou a caminho.
— Não. Valentina xingou em italiano — Isis solta tentando parecer
séria. — Pode dizer com quem ela aprendeu isso?
— Eu juro que não xingo mais, perto dela, desde que ela repetiu a
primeira vez — ele falou e gargalhou. — Ela é tão fofa falando em italiano.
— Eu estou aqui, papai — Valentina responde rindo.
Meu coração se derrete com ela o chamando de papai.
— Valentina o que combinamos? — Dominic diz parecendo sério ao
telefone.
— Para eu não xingar perto da mamãe, mas...
— O que?! — Isis exclamou com a boca aberta.
— Amor, ela só está brincando — ele tenta acalmar.
— Tuuudo beeem. Vamos mudar de assunto antes que acabem
brigando? — pergunto puxando as letras e rindo, eles são uma família linda e
divertida.
— Como está Carina? — Dominic me pergunta.
— Estou bem, obrigada. Só morrendo de vontade de tirar esse gesso.
Dois meses já foram o suficiente — digo e Valentina me olha com uma
carinha de sapeca.
— Eric e eu podemos escrever no gesso?
Dominic ri do outro lado da linha.
— Eu tenho que ir, estou ajudando Jace com o novo cargo — ele
disse e eu sorri percebendo que Jace estava com ele esse tempo. — Te amo,
Isis.
— Também te amo.
Ela desligou sorrindo. As crianças ainda me olhavam com atenção, eu
rolei os meus olhos e sorri.
— Podem pegar as canetas.
Valentina puxou Eric pelo braço e o menino sorriu para ela.
— Esses dois são uma figura, desde que se conheceram não se largam
— Isis fala balançando a cabeça com diversão. — Às vezes de madrugada eu
vou ver como Valentina está, e vejo os dois dormindo juntos, eles contam
histórias até caírem no sono. Dom reclama bastante, não quer os dois
grudados, pois Valentina vai sofrer quando ele voltar para a Alemanha.
— Eles fazem um casal lindo, imagina quando crescerem.
— Esse é o meu medo. — Ela suspira e depois sorri. — Mas vamos
falar sobre outra coisa, que tal seu relacionamento com Jace, ele está se
comportando?
— Ele tem sido um cavalheiro comigo. — Sorri corando. — Ele é tão
doce e carinhoso. Se aconchegou em mim a noite e disse que me ama. Ele
tem uma tatuagem com meu nome em suas costas.
Isis arregala um pouco os olhos e depois sorri.
— E eu achando que eram em suas partes privadas — ela murmura
rindo.
— O que?
— Quando você fez a sua no... — Ela olhou para mim procurando
uma palavra certa para o que ela queria dizer. — Púbis, capô de fusca, na
perseguida... enfim ainda não sei como me referir a vaginas alheias... eu
estava com você quando tatuou, mas não me disse ao certo aonde ele tatuou
seu nome.
— Ah, tá — concordo e rio.
— Então ele não forçou a barra a noite? — perguntou olhando para
suas unhas vermelhas, era impressão minha ou ela queria saber da minha
intimidade?
— Ele não forçou nada, só nos beijamos... foi mágico.
Ela sorri para mim.
— Eu sei como é. Só quero que você seja feliz.
— Eu também.
Toda a cor fugiu do meu rosto, eu dei sorte de estar sentado, se não
apostaria que teria caído no chão com tudo. Ela se lembrava. Meu estômago
se enrolou e eu esperava não desmaiar, ela iria me odiar mais ainda. Ao olhar
para seu rosto eu vi um sorriso enorme, e isso me fez sentir uma merda, por
não ficar feliz por ela. Eu queria que pudéssemos começar do zero. Ela irá me
deixar agora que se lembra.
— De tudo? — Minha voz soou estranha e descompensada.
— Esse lugar. — Ela apontou para o restaurante e depois para a sua
cabeça. — Você me trouxe aqui no nosso primeiro encontro e muitos outros.
— Ela abriu outro sorriso. — Essa é sua maneira de me ajudar a lembrar.
— Sim, amor. Tudo por você. — Quase suspirei alto, ela se lembra do
restaurante, não de tudo.
Ela sorri e eu tenho a minha deixa, saio do carro e corro para seu lado,
abro a porta e ela me recompensa com um outro grande sorriso, como se abrir
uma porta me fizesse um príncipe. O maître a olhou dos pés à cabeça, toda
vez que Carina vinha aqui ele olhava quase babando nela.
Agarro sua cintura e ela olha um pouco confusa, ele nos guia para a
nossa mesa e alguns homens sentados param a conversa para olhá-la, ao
passar do tempo eu me acostumei com isso, Carina sempre chama atenção
por onde passa. Isso não significa que eu não lhes dei um olhar mortal os
fazendo desviar. Carina agora voltou ao seu antigo corpo e está mais que
perfeita, ela tem novas curvas onde antes ela não tinha, e o melhor de tudo,
ela ainda não deu crise por elas. Às vezes pela manhã quando ela pensa que
eu estou dormindo, ela se levanta da cama e sobe a minha camiseta do seu
corpo e fica se olhando no espelho.
Teve algumas vezes que eu tive vontade de pegá-la e jogá-la na cama,
mas eu quero que ela venha até mim, que ela me ame novamente e se
entregue mais uma vez para mim.
Carina olha todo o lugar e toma um gole de água, ela sabe que não
pode misturar os remédios com álcool. Percebo que ela está um pouco
nervosa e não sabe o que dizer, a antiga Carina faria uma piada com isso e aí
teríamos papos.
— Então, como vai seu trabalho? — pergunta comendo um pedaço de
pão, meus olhos acompanham o movimento de sua boca e meu pau endurece,
demora um momento para eu conseguir responder.
— Bem, e você está melhor agora que está sem o gesso? — pergunto
com a voz um pouco rouca e Carina sorri sedutora mordendo mais um pedaço
do pão.
— Eu estou amando, agora só falta eu recuperar o resto da memória
— fala e rola os olhos. — Eu estou doida para lembrar das nossas noites. —
Ela pisca para mim e minha boca cai aberta, essa é minha menina.
— Pequena, não me provoca — rosno com a voz rouca e Carina me
dá seu sorriso doce, mas nenhum pouco inocente.
— Eu não estou fazendo nada, você que está me seduzindo com seus
olhos cinza maravilhosos. Já falei que cinza é minha cor favorita?
Eu sorrio e ela também.
— Eu tenho uma pergunta que não quer sair da minha cabeça — ela
fala e eu aceno.
— Pergunte — falo seguro por fora, mas tremendo de medo que ela
pergunte algo que entregue como estávamos antes do acidente.
O garçom chega na hora e eu escondo meu alívio tomando um gole de
vinho, ela tem olhos centrados em mim com desejo, mas tenta esconder
olhando o cardápio. O jantar foi sensual e Carina mostrou que ela ainda é ela,
se divertindo com o meu desejo. A sobremesa foi um bolo de chocolate que
ela fez questão de comer praticamente beijando a colher, me deixando tão
duro que doía.
Saímos do restaurante e eu entreguei a chave e o papel para o
manobrista e ao olhar para ele, me lembrei que foi ele que viu a minha
agarração com Carina há dois anos.
Estávamos quietos sem saber o que dizer quando Carina me olhou e
bufou.
— Eu sempre que tenho que tomar a frente?
Antes que eu pudesse falar, ela puxou meu pescoço e me beijou com
paixão, puxando meu corpo contra ao seu e foi exatamente como da última
vez. Sua mão quente entrou dentro da minha camisa e ela acariciou minhas
costas com uma mão e com a outra ela puxava meus cabelos para pressionar
mais minha boca contra ela. Minhas mãos se impulsionaram em sua cintura e
eu moí minha ereção contra sua barriga, fazendo ela gemer contra meus
lábios.
Uma tosse nos fez separar, o manobrista tinha um sorriso escondido,
Carina gargalha e eu dou a ele cem pratas de gorjeta.
— Se beijem sempre que quiserem — ele fala feliz guardando o
dinheiro no bolso e me jogando a chave. Abro a porta do carro para Carina
como um perfeito cavalheiro, mas olhando cada movimento da sua bunda.
Eu já estava fechando a porta quando ela me puxa pela camisa para
ela, seu olhar era faminto, pegava fogo.
— Hoje você vai me fazer sua novamente — ordenou e eu, sem
palavras, acenei. Ela me queria.
Corri para o banco do motorista e antes de entrar tentei dar uma
ajeitada na ereção que já estava me machucando. Carina pareceu perceber
isso e sorri se olhando pelo espelhinho e retocando o batom que não borrou,
só perdeu a cor. Me lembro de quantas vezes ela me falou desses batons
matte que ela tem. Uma vez ela me ensinou a passar batom e máscara de
cílios nela para caso de emergência.
Balanço minha cabeça lembrando disso e sorrio. Ao estacionar o carro
Carina nem espera a minha ajuda, já desce do carro e me arrasta para o
elevador, onde novamente me agarra e me beija com vontade, eu não nego
que também fiquei quente com todo o fogo dela.
— Essa noite eu sonhei com nós dois, juntos, era tão bom — fala e
volta a me beijar, não é preciso ser um gênio para saber que ela teve um
sonho molhado comigo.
— Eu ouvi seus pequenos gemidos a noite. — Beijo seu pescoço e ela
arranha as minhas costas. — Precisei de dois banhos gelados.
Ela ri e nos puxa para dentro de casa, nossa casa. Me atrapalho com
as chaves fazendo ela tomar de mim, não nos importamos de quem estivesse
presente, simplesmente a encoxei contra a parede e a levantei. Carina enrolou
as pernas na minha cintura e retirou sua camisa, meus olhos se fixaram nos
seus belos seios cobertos pelo sutiã, Ester havia falado que Carina não quis
colocar os piercings novamente.
Nos arrasto para o quarto chutando os nossos sapatos, a jogo na cama
e ela retira a saia ficando somente com uma minúscula calcinha. Eu retiro
minha calça e cueca e já vou para cima dela.
— Eu te amo tanto — digo agarrando seus seios e os beijando. —
Senti tanto sua falta.
Ela geme e arranha minhas costas conforme eu chupo seus lindos
seios. Minha mão vai descendo pela sua barriga plana até chegar a seu monte,
eu rasgo sua calcinha e ela grita assustada depois ri, me fazendo rir também.
— Palhaço — resmunga e me rouba um selinho.
Acaricio seu clitóris e ela geme alto me olhando com desejo.
— Jace, por favor — implora levantando a pélvis para mim e
agarrando as pernas em volta da minha cintura. — Entra em mim.
Me posiciono na sua entrada então eu me lembro que ela não está
protegida, me sinto egoísta, mas não vou deixá-la ir quando se lembrar, não
posso perder Carina novamente, nem que para isso eu a deixe grávida,
esperando um filho meu, um filho nosso. Eu conheço Carina bem o suficiente
para saber que seu sonho é ter uma família unida que seus filhos sejam
amados. Não me arrependo da minha decisão quando gozo dentro dela, se
esse é o único jeito de tê-la novamente eu vou arriscar que ela me odeie, mas
que continue ao meu lado.
Carina está ofegante agarrada a meu peito, ela faz pequenos círculos
com seus dedos. Eu não estou diferente acariciando suas costas.
— Eu te amo — ela diz e eu estremeço. — Me lembrei de muitas
coisas sobre a gente quando você entrou em mim. Foram lembranças
maravilhosas que me fizeram me apaixonar por você novamente.
Eu fico sem palavras e lágrimas caem dos meus olhos, eu decido abrir
o jogo.
— Carina nós não usamos camisinha — falo com um fio de voz. —
Eu quero que tenhamos filhos, quero que a gente se case, quero que você seja
minha mulher para sempre.
Carina prende a respiração e levanta o rosto para mim, ela está corada
e com os lábios inchados, seus cabelos estão uma bagunça e ela nunca esteve
tão bonita. Ela acaricia meu rosto e sorri.
— Eu quero tudo isso também..., mas uma coisa aqui. — Aponta para
seu cérebro. — E aqui. — Seu coração. — Me dizem que não é a hora certa
para nenhuma dessas coisas, será que poderíamos começar novamente. Do
zero, um novo namoro e quando eu me sentir pronta ou a minha memória
voltar poderíamos ver essas coisas.
— Sim, claro — eu digo tentando esconder a minha decepção.
— Não fique triste e também eu não posso engravidar, eu tomo
injeção de acordo com a Isis — ela diz e eu tenho certeza de que não, há uns
meses antes de terminarmos Carina começou com pílulas, pois odiava
agulhas, fico quieto. O meu papel de homem eu já fiz.
— Então eu te quero novamente — falo e ela ri se agarrando a mim
novamente.
Acordo às sete e Carina está dormindo colada a mim nua, ela parece
um anjo pequeno, meu anjinho. Acaricio seus cabelos e depois de muita
dificuldade eu me levanto para um banho, eu estou cansado da noite de
ontem, a tomei três vezes antes de cairmos exaustos na cama. Me olho no
espelho satisfeito comigo mesmo, depois dessas três vezes tenho uma boa
chance de ser pai. Olho para ela uma última vez antes de tomar meu banho e
me arrumar para o trabalho.
Dominic está sentado na sala dele rodeado de papéis, ao me ver, sorri.
— Parece que a noite foi boa — diz e eu levanto uma sobrancelha. —
Elena ouviu gemidos e risos no quarto. A coitada voltou para minha casa. —
Sorrio e é a sua vez de levantar uma sobrancelha. — Quem transa e ri?
— Carina — digo e me sento. — Cadê a mamãe? — Caçoo de Isis e
ele bufa uma risada.
— Quase tive que amarrá-la na cama, ela está com os pés inchados e
ainda queria vir aqui trabalhar. Tive que pedir para Valentina e Eric pedirem
para ela cozinhar para eles, assim ela ficou em casa.
Eu rio.
— É só a Valentina pedir algo que vocês vão iguais a cachorrinhos.
Dominic sorri orgulhoso.
— Ela desde pequena sabe dar uma ordem. Ela é toda Isis.
— Determinada, implacável e doce ao mesmo tempo — digo e ele
assente.
— Agora vamos trabalhar. — Ele começa a mexer nos papéis e me
olha. — Como foi?
— A levei para o restaurante depois que tirou o gesso. Ela se lembrou
de lá e me agarrou na saída.
— Como na última vez. — Ele ri. — Novamente molestado.
— Resumindo eu posso vir a ser pai.
Dominic abriu e fechou a boca várias vezes.
— Explique.
— Eu gozei dentro e avisei a ela, mas ela disse que tinha tomado
injeção anticoncepcional antes do acidente de acordo com Isis, mas não é
verdade. Ela há alguns meses estava tomando pílula, pois não gostava de
agulhas.
— E você não disse a ela — ele advinha e me olha sério. — Você
nunca falou comigo sobre isso — anuncia e volta a trabalhar.
O meu trabalho é ser o braço direito de Dominic, o ajudando com
tudo já que Isis está grávida e Dominic quer que ela aproveite a gravidez, sem
estresse. Eu ajudo no geral e mantenho o olho na boate, sempre vendo se
estamos abastecidos e tudo certo. Eu amo esse trabalho e me arrependo de
não ter pedido a Dominic antes. Meu orgulho falou mais alto, mas o orgulho
não evitou eu ter noites de pesadelos e perder o amor da minha vida.
Quando chega a hora do almoço eu escolho ir para casa ficar um
pouco com Carina, Dominic faz o mesmo e vai para Isis. Ao sair do elevador
vejo Drica sentada no banco e Matt a ignorando e dando em cima de outras
acompanhantes, eu passo por ela sem nem a olhar, tenho a evitado desde que
tudo aconteceu. Sei que também foi minha culpa, eu não devia estar chapado,
eu devia ter ido embora para me curar, mas cada dia longe de Carina era pior.
— Jace...
Ela tenta falar já se levantando, mas eu levanto uma mão parando-a e
saio antes que ela possa dizer algo. O vento frio bate no meu rosto e eu entro
na garagem, subo na minha moto, indo em dire çã o ao meu amor.
Ao chegar vejo Carina lendo um livro, olho pela sala procurando
sapatos e casacos, mas não vejo nada. Ela está sozinha. Parecendo perceber a
minha presença, a minha pequena fecha o livro e eu vejo a capa, com certeza
é a foto dela na cama, mesmo cortando a cabeça eu reconheceria esse corpo
em qualquer lugar.
— Não sabia que você viria para o almoço. — Ela me agarra e enche
meu pescoço de beijos. Minhas mãos vão para a sua bunda.
— Você está sozinha?
— Sim, Miguel e Ester foram almoçar fora. — Ela tampa os meus
lábios quando eu já iria reclamar. — Eles me convidaram, mas eu não quis ir.
— O que quer comer? — pergunto raspando meus lábios nos seus.
Minha cabeça está inclinada e Carina na ponta dos pés, só faz um dia que ela
tirou o gesso e não devia fazer força.
A pego pelas pernas e me sento no sofá com ela no meu colo. Sua
boceta coberta por um short jeans está pressionada contra o meu pau duro,
mas ela parece não perceber, ela tem um sorriso escondido.
— Eu estava planejando comer um macarrão instantâneo. — Suas
bochechas coram e eu rio lembrando que nem isso ela sabe fazer, uma vez ela
tentou e esqueceu no fogo.
— Seria aquele de micro-ondas, né? — Seguro o riso quando ela
bufa.
— Eu passei a manhã vendo canal de culinária, aposto que eu seria
capaz de fazer o melhor almoço da sua vida.
Eu seguro o riso e lhe roubo um beijo.
— Não duvido, baby.
— Então eu vou fazer agora — ela diz empolgada e eu tento esconder
uma cara enojada. Carina nunca será uma cozinheira.
— Que bom, meu amor. Que tal fazermos juntos? — Quase que oro
para ela aceitar.
Carina abre um sorriso e sai do meu colo, meu corpo imediatamente
sente falta de seu contato. Ela agarra minha mão e me puxa para a cozinha,
não deixo de reparar a sua bunda, mal contida nesse pequeno short. Ela
prende os cabelos e tira a franja dos olhos e sorri para mim.
— Então o que tem em mente? — pergunto tentando parecer
animado.
— Eu estou com vontade de frango frito com purê de batatas? O que
acha? — pergunta animada já pegando as batatas e procurando o frango na
geladeira, ela abaixa e eu prendo um gemido ao ver sua bunda empinada.
— Querido, não tem frango. — Ela faz um biquinho e eu pego as
chaves do carro.
— Eu vou buscar.
— Me espera colocar uma calça, quero ir também.
Ela corre para o quarto e eu sorrio. Agora só falta os pequenos
correndo pela casa. Cinco minutos depois Carina volta para a sala com uma
calça jeans e botas pretas até o joelho sem salto. Pego o casaco mais grosso
no cabide e coloco nela, lá fora está realmente frio.
Quando chegamos ao supermercado Carina pega vários doces, eu só a
observo me lembrando de quando a encontrei depois de ter esperado por uma
semana a ocasião perfeita. Percebo que continuo andando, mas Carina está
parada olhando para o chão. Largo o carrinho e vou até ela.
— Está sentido algo, pequena?
— Eu lembrei que nos encontramos aqui. — Ela tem lágrimas nos
olhos. — Você parecia um anjo... bem ainda parece. Me lembro de como me
senti.
Sorrio feliz por ela ter se lembrado, mas com medo que as memórias
boas acabem e ela comece a se lembrar das ruins, sei que não terei chance
alguma se ela se lembrar. Ela começa a falar detalhadamente como se sentiu e
eu fico muito feliz. No final eu estava pegando três sacolas cheias no banco
de trás, Carina comprou muitas coisas, mas não reclamei, tudo para ver a
minha garota feliz. Quando finalmente pego as bolsas Carina está olhando
pasma para o outro lado da rua, ela tem a boca aberta e eu fico curioso.
— Carina — a chamo, ela me olha e volta a olhar para o outro lado da
rua antes de voltar para mim com o olhar confuso.
— Um homem igual ao Dominic estava no outro lado da rua, eu podia
jurar que era ele. — Ela olha de novo e eu sigo o seu olhar não vendo nada.
— Eu não estou maluca, ele estava olhando para cá.
— Eu acredito em você — digo e a arrasto rapidamente para dentro
do prédio.
Coloco as compras no chão do elevador e mando uma mensagem para
Dominic.
Jace: Carina viu um homem parecido com você de frente para nosso
prédio.
Dominic: Você acha que pode ter sido Daniel? Ele não seria tão
maluco.
Jace: Se for ele, eu vou matá-lo. Ele sabe que foi Carina.
Dominic: Ele não tocará em ninguém.
Jace: Não vou voltar hj. Carina vai cozinhar para a gente.
Dominic: Boa sorte?
Me senti tão bem de ter contado a Carina tudo e não ver o olhar de
julgamento em seu rosto, queria que esses fossem meu único segredo, sei que
ela não me perdoará se eu contar de Drica.
Olho ela dormindo com seu pequeno corpo aconchegado ao meu, sua
franja tampando seus olhos, sua expressão está serena e leve, sinto um aperto
no coração por ter olhado nos seus olhos e ter dito que os segredos acabaram.
Sem poder ficar mais tempo ao seu lado com o segredo me corroendo, me
levanto da cama e vou ao meu armário, aonde eu tiro a maldita caixa com
meus vícios. A observo, mas não abro, minha mão está em punhos, não posso
culpar as drogas, pois sei que a culpa é minha.
Ligo a lareira da sala e olho o fogo aparecendo, fico o olhando e
pensando em tudo, sei que não posso jogar a droga no fogo, ou eu
praticamente estaria me drogando novamente, por conta da maconha. Sinto
pequenas mãos no meu ombro e vejo Carina vestida com uma camiseta
minha. Ela olha para a caixa e estende a mão, eu a entrego e a vejo
caminhando para a cozinha. Ela abre a caixa e ofega um pouco ao ver vários
tipos de drogas, ela abre os sacos e joga dentro da pia da cozinha, depois me
olha.
— Querido, aperte o triturador e vamos deixar o passado pra trás.
Eu nem hesito e aperto escutando o som do passado sendo triturado,
Carina me abraça e eu pego a maldita caixa e puxo Carina comigo de volta
para a lareira, lá eu jogo a caixa e vemos o fogo apagar qualquer traço do
passado. Carina me olha com seus belos olhos castanhos cansados.
— Eu te amo.
— Eu também te amo.
— Batom vermelho fica tão bem em você — Elena diz para mim
enquanto eu termino de passar o bendito batom matte sem borrar.
— Esse rosa choque também — falo e ela sorri jogando os cabelos.
— Já podem falar do meu — Isis resmunga terminando de alisar seu
cabelo, ela está com um vestido preto larguinho e pela primeira vez uma bota
com salto, a bota vai até metade de sua perna e tem saltos quadrados.
Elena está com um vestido verde lindo que pega todas as suas curvas.
Já eu, estou com um short branco de cintura alta e um top branco e dourado,
com um scarpin cor de pele de salto alto. Quase que tive que chorar falso
para que Isis e Elena parassem de reclamar do meu pé, já estive com o pé sem
salto por muito tempo.
— Vai ser uma noite para entrar para história — Elena anuncia
animada e começamos a tirar fotos juntas.
Agora que todo o mal passou, de acordo com Isis podemos ter redes
sociais, até Elena e Dominic também tem. Em pouco tempo eu já tenho
duzentos e cinquenta mil seguidores, além de postar as minhas fotos antigas
eu também posto algumas atuais.
— Meu insta está bombando — Isis fala, e é verdade, parece que em
duas semanas depois de inscrita ela já tem quase trezentos mil seguidores, de
acordo com ela é a heterocromia, de acordo comigo é toda a beleza que ela
tem. Elena não está muito atrás e eu tenho certeza de que logo alcanço elas.
Olho o meu e vejo que em apenas cinco minutos depois de ter postado
uma foto com Elena e Isis, a foto já está com cinco mil curtidas, quão louco é
isso? Posso dizer que arranjei um novo vício. Claro que o fato de as meninas
terem um nome forte ajudou a conseguirem seguidores, mas eu não deixo de
me sentir muito famosa. Tiro uma foto bem do meu rosto e outra do meu look
e posto sorrindo, vejo que Isis e Elena fazem o mesmo. Como sobrevivemos
tanto tempo sem ter um instagram?
A boate Abaixo de Zero é ainda mais bonita que nas fotos, ao entrar
lá, eu tenho uma série de emoções, me sinto estranha e tenho um pouco de
dor de cabeça, mas não falo com as meninas, essa é para ser uma noite
divertida.
Assim que entramos, nos jogamos na música e dançamos um pouco,
Elena tirando algumas fotos junto com a gente e outras sozinha, estávamos
todas rindo, Isis segurava um pouco a barriga, ela já está com oito meses e se
Dominic soubesse que ela está aqui teria um treco.
Depois que a música acaba convenço as meninas a irmos no bar
buscar algo para beber, Isis e eu não podemos bebidas alcoólicas por causa
do meu medicamento e ela por estar grávida. Meus pés param a poucos
passos do bar, e meu corpo congela. Uma mulher loira está agarrada a Jace
enquanto ele tenta se afastar sem machucá-la, minha primeira reação é ir para
cima dela e bater com o meu salto, mas quando vejo o rosto dela eu quero
morrer.
Uma pancada vem a minha cabeça e eu começo a me lembrar.
Jace só ficou comigo para ter informações sobre Isis para Raffaelo.
Jace partiu.
Jace me enganou.
Jace me traiu.
Jace me traiu com Drica. Não só agora como há dois anos antes de
começarmos a namorar.
— Jace. — Minha voz não é ouvida direito por causa da música, mas
ele com certeza me viu, porque fica pálido.
Eu olho para as meninas que estão tão pasmas quanto eu, então eu
faço o que meu coração e cérebro pedem. Eu corro para o mais longe possível
dele.
— Carina. — Escuto seu grito por cima da música alta, mas não paro.
Isis e Elena pegam minhas mãos e juntas saímos dali entrando no
carro do segurança delas, então eu despenco e choro, e elas choram comigo.
— Por que Jace? — pergunto a mim mesma, o que eu fiz para Deus
ser tão cruel comigo.
Capítulo 20
CARINA
Eu estava preocupada com Isis, ela está com quase nove meses e
cismou que quer viajar com Dominic para Vegas, para a comemoração do
novo consigliere de lá. Pelo o que ela disse o antigo está doente e os três
filhos que estavam fazendo todo trabalho e agora ele oficialmente renunciou
o título e seu filho mais velho, Apollo King, assumiu, junto com seus dois
irmãos.
— Você tem certeza de que quer vir? — Isis pergunta para mim
tentando esconder a felicidade.
— Você acha que eu sou mulher de perder uma viajem? — falo e
Elena gargalha.
— Eu queria ir, fui convidada pela primeira vez — exclama.
— Você pode vir. — Isis rola os olhos caçoando de Elena que está
super gripada.
— Haha, muito engraçado. — Bufa. — Mas as crianças e Miguel vão
ficar comigo. — Dá de ombros.
Hoje é sexta-feira á noite e sairíamos em menos de uma hora, para
voltar domingo à tarde. Separei dois vestidos de festa e um par de saltos
altos, meu pé pode quebrar, mas o salto eu não deixarei de usar. Dominic está
preocupado com Isis, o médico falou que agora ela está no final da gravidez e
pode dar à luz a qualquer momento, isso nos deixa muito aflitos, mesmo
assim Isis intimou que iria, ela disse: ‘’Eu vou para ficar de olho nas biscates,
não é como se eu fosse parir no meio da festa’’. Então decido colocar umas
coisas que comprei caso eu tivesse que fazer o parto dela, sim eu sou
precavida, nunca se sabe, vai que ela espirra e o bebê nasce?
Jace não voltou a aparecer aqui, o que eu realmente agradeço. A cada
dia está mais difícil ficar afastada, eu o amo tanto e sinto tanta falta. Tiro
esses pensamentos da minha cabeça e foco na festa que irei amanhã.
O jato começa a decolar e Isis e Dominic trocam um olhar me
deixando confusa. Depois de poucos minutos a porta da cabine do piloto abre
e Jace sai de lá com um sorriso no rosto. Minha boca se escancara e eu viro
minha cabeça lentamente para Isis que finge estar numa conversa com
Dominic, que nem olha para mim. Cruzo os braços e fico olhando para meus
coturnos, não acredito que eles armaram para mim, eu na verdade acredito,
eles são Team Jace.
— Boa noite pra vocês — Jace cumprimenta se sentando na poltrona
ao meu lado, viro meu rosto para a janela, estou com tanta raiva.
— Boa noite, Jace — Isis responde e eu percebo que ela me olha. —
Não vai cumprimentá-lo Carina?
Dou o sorriso mais falso e levanto meus dois dedos fazendo um sinal
da paz para ele.
— E aí?
Me viro novamente para a janela, sei que estou sendo infantil, mas
não quero ter que ouvir sua voz, sentir seu cheiro...um olhar, pois sei que um
olhar e eu estarei perdida.
— Oi pequena, como vai a faculdade? — pergunta com aquela voz
que eu amo.
— Ótima — digo sem olhar e Isis finge uma tosse me fazendo olhá-
la.
— Carina já está entre as melhores na turma em só uma semana —
Isis conta como uma mãe orgulhosa e quando eu não respondo ela bufa. —
Vocês podem começar a se falar, falta menos de um mês para Dante nascer e
vocês serão os padrinhos, ou seja, vão passar muito tempo juntos e...
Ela começou a se descontrolar e não para de falar, então eu percebi
que realmente passaremos muito tempo juntos quando o bebê nascer, eu não
me afastarei dele só para não ver Jace, me recuso. Olho para Jace que está me
olhando com seus olhos cinza, tristes.
— Tudo bem — resmungo o olhando. — Nós podemos ser colegas.
— Colegas? Nem amigos? — pergunta com um pequeno sorriso e eu
escondo o meu.
— Terá que trabalhar muito para chegar a essa base.
— Passos de bebê, eu entendi — ele diz com um sorriso. — Depois
da base de amigos, vem a de namorados? — pergunta aproximando seu rosto
do meu.
Eu fico sem reação por um momento, meus olhos se prendem a seus
lábios avermelhados, depois a seus cabelos que agora estavam mais curtos
ainda, então se prendem a seus olhos. O olhando eu vejo o meu amor, mas
também vejo a sombra da traição. Desvio os olhos olhando para as minhas
mãos, antes de voltar a olhá-lo.
— Esse trem já passou, Jace — suspiro. — Mas quem sabe um dia
podemos ser amigos.
Ele assente duro com os olhos um pouco marejados, rapidamente ele
os seca e olha para o outro lado. Sigo seu exemplo e finco meu olhar na
janela, até adormecer.
Acordo numa cama com raios de sol iluminando o quarto, percebo
que já estou no hotel, como parei aqui? A última coisa que me lembro é da
minha conversa com Jace e então o sono vindo aos poucos.
Me levanto e reparo que estou vestindo apenas uma camiseta dele, eu
sei pelo seu cheiro. Rapidamente procuro minha mala e quando acho pego
uma roupa para o dia e vou tomar meu banho. Depois de pronta coloco sua
camisa debaixo do meu travesseiro. Se ele acha que eu devolverei está muito
enganado.
Ao sair do quarto percebo que Dominic alugou uma suíte dupla, vejo
Isis na cozinha junto dele tomando o café, Isis está com um top e um short
larguinho. Sua barriga é grande, mas nem tanto devido a seu antigo corpo, ela
não aparenta estar com quase nove meses, e sim três ou quatro no máximo.
As únicas coisas que estão diferentes no seu corpo são os seus seios que estão
maiores e seu quadril que está um pouco mais largo, mas nada diferente, nem
engordar ela parece que engordou.
— Vai ficar aí me olhando? — Isis fala com bolo na boca, ela bebe
um pouco de suco e sorri. — Já arrumada?
— Sim... como eu cheguei ao quarto?
— Hum. — Ela olha para Dominic, que se esconde com o jornal e Isis
bufa. — Jace a colocou na cama, você estava muito cansada com todos os
trabalhos e as aulas e apagou... tentamos te acordar.
Dominic abaixa o jornal depois do que Isis conta e ela bufa. Dominic
manda um beijo para ela e pega a sua xícara de café.
— E como eu acordei vestindo só a camiseta dele? — pergunto
irritada e Dominic se engasga com o café fazendo Isis gargalhar.
Bem nessa hora Jace entra e estanca o passo ao me ver o encarando
mortalmente.
— Tudo bem? — pergunta cauteloso trocando um olhar com
Dominic.
— Você voltou uma base, idiota. Somos agora conhecidos — reclamo
me sentando e roubando as torradas de Dominic que me olha com a boca
aberta. — Nem vem reclamar, você também é meu inimigo.
— O quê? — ele, Isis e Jace perguntam ao mesmo tempo, o último
aproveita esse momento para se sentar ao meu lado.
— Vocês são ‘’Team Jace’’. — Olho para Isis que segura o riso. —
Você devia ser ‘’Team Carina’’, eu quase morri no acidente era para você
concordar sempre comigo.
Isis bufa.
— Você já usou todo o seu vale ‘’eu sofri um acidente’’ quando
roubou minhas blusinhas.
Minha boca cai aberta, mas eu não falo nada, eu realmente meti a mão
em suas blusas e alguns vestidos.
— E o vale ‘’perdi a minha memória’’? — pergunto cruzando os
braços e Isis para a torrada perto da boca.
— Droga, esqueci desse — brinca me arrancando um pequeno
sorriso, que logo morre ao olhar para Jace. — Quem te deu autorização para
me levar ao quarto, retirar minha roupa e me vestir com sua camiseta?
Ele abre e fecha a boca várias vezes antes de sorrir envergonhado.
— Achei que você ficaria mais confortável com ela, do que com
jeans. Você sempre me falou que dormir de jeans dava estrias. Eu te ajudei!
— ele declara cruzando os braços também, ele estava brincando comigo.
Vejo que Isis e Dominic fingem conversar, mas estão prestando
atenção na gente, tudo falso.
— Podia ter colocado um pijama meu. — Jogo de volta, mas me
arrependo, porque eu sempre durmo com suas camisetas, mesmo agora.
Quando eu fiz minha mala não coloquei camisolas e sim duas camisetas suas.
Tomo um gole de suco para ter o que fazer.
— Se não gostou de dormir com minha camiseta me devolve, mas
você gostou tanto que até sussurrava meu nome. — Me engasgo com o suco.
— Sua camiseta está no lixo, cuspida, rasgada e pisada — falo e ele
sorri, piscando para mim.
— Serve as outras duas que estão na sua mala.
Isis se engasga com o suco e começa a rir, meu rosto está mais
vermelho que um tomate. Termino o suco com um gole e me levanto, corro
para o quarto pegando minha bolsa. Vejo um pedaço de sua camiseta
embaixo do travesseiro, pego as duas dentro da minha mala, e depois a que
eu dormi, dou uma última cheirada e me controlo para não chorar, visto a
minha máscara de forte e volto a sala. Jace ao me ver arregala os olhos, jogo
as camisetas na sua cara.
— Fique com elas, eu não quero mesmo — falo e me viro
caminhando até a porta, mas minha raiva é tanta que eu me viro novamente
vendo todos com a boca aberta. — Vou comprar camisolas e você pode dar
essas... merdas de camisetas à puta da Drica.
Bato a porta com raiva e corro para as escadas, já que o elevador irá
demorar. Corro com toda a minha força perdendo várias vezes o fôlego, ao
descer todos os degraus eu caminho apressada para a rua e faço um sinal para
o táxi, bem quando eu escuto Jace me gritando e vindo atrás de mim,
lágrimas caem dos meus olhos. Entro no táxi e mando ele acelerar, então
coloco minha cabeça entre as mãos e choro.
A primeira vez que olhei Ester eu quase caí no chão, ela era tão bonita
com os cabelos loiros escuros e a pele pálida. Eu nunca fui fã de loiras — Isis
que não me escute — mas ela mexeu comigo de um jeito que eu soube que
ela seria a minha primeira paixão. Ela tinha um olhar doce, mas ao mesmo
tempo vívido e seguro. Eu esperava uma enfermeira velha e cheia de rugas,
mas quando Jace falou as palavras ‘’jovem’’ e ‘’bonita’’ eu já fiquei
interessado, ao descer as escadas eu estanco meus passos ao ver uma bela
bunda me olhando, ela estava abaixada vendo algo no pé quebrado de Carina,
então ela se senta ao seu lado e começam a conversar.
Estufei meu peito e desci as escadas, mas a mulher nem deu moral, só
se apresentou, Ester Xavier, até seu nome é doce saindo dos meus lábios, sem
falar dos seus seios tapados pela camiseta deixando muito para imaginação e
pouco para ver.
Então Elena me fez o favor de bater com o controle no meu nariz
fazendo-o sangrar.
— Meu Deus — Ester exclamou se aproximando de mim e tocando o
meu rosto, não era o que eu imaginava, mas era melhor que nada. — Vem,
vamos limpar isso.
Ela me arrasta para o banheiro e eu nem fico mais com raiva de Elena.
Ester me senta no vaso e pega um kit de primeiros socorros e começa a
limpar.
— Não foi nada sério — diz ela sorrindo me tranquilizando, sua voz é
tão doce. — Não vai nem ficar marca nesse seu rosto bonito — fala lavando
suas mãos.
— Você acha meu rosto bonito? — pergunto tentando jogar meu
charme, mas minha voz sai nasal e estranha.
Ester dá um pequeno sorriso para mim.
— Sim, mas irá ficar com um pequeno hematoma. — Faz uma cara
fofa enrugando o nariz.
— Obrigada, Elena — resmungo para mim mesmo.
— Senhora Elena é sua namorada? — pergunta distraidamente
secando suas mãos, mas eu percebo a curiosidade, ela também deseja meu
corpo nu.
— Nah, Elena é como uma irmã mais nova pentelha.
— Que bom — ela murmura e arregala os olhos quando percebe que
disse em voz alta.
— Que bom mesmo — digo a saboreando dos pés à cabeça. Ester me
olha com raiva e levanta uma sobrancelha para mim. — Quer jantar fora?
Sexta-feira?
— Não, obrigada, senhor Miguel. — Ela enfatiza o senhor e deixa o
banheiro, eu fico meio parado, ela realmente não quer sair comigo?
Impossível.
Pego sua mão antes que ela saia e a puxo para mim, batendo minha
boca com a dela, meu nariz protesta, mas eu não ligo. Seus lábios são macios
e suculentos, como a melhor coisa que eu já provei. Quando finalmente nos
afastamos ela me olha um pouco atordoada e sai do banheiro sem olhar para
trás.
Depois disso ela não me deu confiança e ia para seu quarto assim que
Carina ou Jace a liberavam, será que eu disse algo errado? No dia seguinte
Isis falou que estava com vontade de balas de caramelo, arrastei Ester
comigo, mas ela, nenhuma confiança me deu, mesmo quando eu mostrei o
carrão que eu estava dirigindo, percebi que ela não é esse tipo de mulher, o
que me deixou ainda mais aceso.
Então veio o dia que ela aceitou, depois de muito pedir, que ela saísse
comigo para um almoço, Carina me ajudou com esse pedido. Andamos pelas
ruas de Boston e eu agradeci aos céus por estar frio, assim eu tinha a desculpa
para grudar meu corpo no dela, eu sabia que teria que trabalhar bastante.
Durante o almoço Ester contou que seu pai é um médico da família, e
ela sempre gostou de enfermagem, começou com dezesseis anos e com seus
dezenove anos estava formada e tinha começado medicina a pedido do seu
pai.
— E você não cansa? — pergunto curioso, ela já é formada em
enfermagem e ainda fazia medicina, era muita coisa.
— Às vezes, mas é uma coisa de família, meu tataravô era médico da
família e assim por diante, eu nasci mulher, mas escolhi fazer enfermagem e
eu adoro — ela diz calmamente enquanto coloca um pedaço de carne na boca
e mastiga, meu pau ficou realmente duro com isso. — Mas aí ele falou que eu
podia melhorar, então estou agora no segundo período de medicina.
— Quantos anos tem, Docinho? — pergunto e ela sorri.
— Docinho? — Rola os olhos e bebe um gole de água. — Tenho
vinte e dois anos, sei que sou jovem, mas estou me saindo bem.
— Você tem vinte dois? — pergunto novamente totalmente descrente
e ela me olha divertida.
— E você?
— Dezenove — resmungo.
— Olha eu posso abusar de você — brinca e eu sorrio safado.
— Baby, pode abusar de mim sempre que quiser.
Seus olhos descem para meus braços, eles estão em forma e eu sorrio
para ela.
— Senhorita Xavier, você está me conferindo? — brinco e ela sorri
para mim.
— E se eu estiver? — me desafia corando.
— Eu ficarei em pé para você ter uma vista melhor.
Ela cora mais ainda e volta a comer.
— Não esquenta, eu também te conferi. — Ela levanta o olhar para
mim lambendo o molho dos lábios.
— Eu percebi. Não parava de olhar para os meus seios ou minha
bunda quando pensava que eu não estava percebendo. — Rola os olhos e
depois murmura. — E o que achou?
— O que já sabia. Você é toda perfeita.
Ela cora novamente e continuamos a conversar, quando ela volta para
a casa de Jace junto comigo. Ela mal olha na minha direção e ajuda Carina a
fazer suas coisas, escuto elas fofocando sobre Hollywood e vou para o meu
quarto, olhando de quarto em quarto vejo que o seu é na frente do meu...
interessante.
Passou um mês e finalmente Ester está me dando uma chance, nesse
tempo saímos um pouco para almoçar ou ir ao cinema, ela é muito chata.
Imagino quando a gente começar a transar na casa de Jace, ela acha isso
antiético, mas também não quer ir para hotel ou para meu apê. Finalmente
Carina retirou o gesso e Ester não precisaria ficar morando lá, só indo para
fazer fisioterapia, eu voltei a morar no meu apê esses dias e hoje ela não me
escapa.
Estava eu sentado no sofá, olhando Ester massageando e exercitando
o pé de Carina, ela nem imagina o que a espera. Ela toma seu tempo e duas
horas depois está pronta para ir embora. Meu pau está duro há duas horas,
quem podia dizer que uma roupa branca podia fazer esse estrago todo no meu
pau. Depois de se despedir de Carina, Ester vai com certeza ir de táxi já que
perguntei ao vigia se ela veio de carro. Ao entrarmos no elevador ela se vira
para mim e coloca as mãos em volta do meu pescoço.
— Então, por que você está me seguindo? — pergunta raspando os
lábios no meu queixo.
— Eu queria te ver, já faz dias que não consigo — reclamo colocando
a mão em sua bunda.
— Eu já falei que tenho aulas o dia todo e plantão duas vezes na
semana.
— Hoje é sábado e até amanhã você é minha.
Ester lambe os lábios e me olha com atenção.
— E como iremos aproveitar isso?
— Você vai ver.
O elevador se abre e eu a levo ao meu carro, até abrir a porta para ela
eu abro, um maldito perfeito cavalheiro. Ela sorri para mim sabendo
exatamente o que estou pensando. Dirijo com a mão em sua perna e ela
conversa comigo sobre como foi seu dia e eu respondo à minha maneira, pois
de um tempo para cá eu me sinto vazio sem ter uma ocupação ou não estar
viajando. As meninas agora estão praticamente casadas e eu só sou... eu.
Ao entrarmos no meu apartamento Ester assovia.
— É mais bonito que eu pensava.
Meu olhar cai para a parede branca com as mãos de Carina, Isis e eu
marcadas. Sorrio lembrando desse dia.
Isis e eu estávamos terminando de pintar a parede do canto de
vermelha quando Carina tropeçou no jornal e caiu com a mão dentro da tinta.
— Só falta a purpurina — ela disse abrindo o potinho que estava em
sua outra mão com a boca. — Eu ia jogar em vocês, mas desisto.
Ela coloca um pouco da purpurina em sua mão e vai guiando até a
parede branca da casa, olho para Isis que segura o riso e também pinta a mão
com tinta vermelha.
— Vai Miguel, nossas mãos têm que estar na parede — ela fala e eu
bufo colocando minha mão dentro da tinta. — Espero que não grude na
minha unha.
Contamos até três e colocamos nossas mãos na parede, Carina não
satisfeita que a purpurina não apareceu, então a coloca em sua mão e
novamente marca a parede que dessa vez fica com a maldita purpurina.
— Me sinto na parada gay — suspiro e Isis ri alto.
— Você ainda vai olhar para essa parede e rir disso, eu tenho certeza.
Ainda estou em choque pelo jantar de ontem, não quis dar alarme,
mas com essa provocação eu confirmei as minhas suspeitas, eles estão
jogando comigo e dessa vez não os deixarei ganhar. Poucas pessoas sabem
sobre a história do mingau, além de Isis e Miguel, os outros estão mortos,
menos um. Hunter.
Eu sabia que cedo ou tarde ele voltaria, na certa sabia da minha perda
de memória e esperou pacientemente ela voltar para me atacar. Não vou
deixá-lo ganhar dessa vez. Todos temos muito a perder. Começou há umas
semanas com coisas bobas, como uma pessoa qualquer chegar a mim e dizer
que meu ‘’amigo’’ me mandou um abraço, ou falando que logo nos veríamos.
No começo eu achava que era um trote da faculdade, mas então começaram a
chegar bilhetes anônimos com datas: Dia do meu aniversário, dia que eu me
infiltrei no esquadrão há quase três anos, dia que Isis e Miguel saíram do
esquadrão graças a minha chantagem, dia do aniversário de morte dos meus
pais, e finalmente o dia de hoje.
Eu estava tão tensa essa manhã que quando recebi esse bilhete voltei
para a casa de Isis, simplesmente parecia que meu corpo não respondia a
mim, eu estava começando a me sentir claustrofóbica quando vi Kai, um dos
seguranças e amigos da casa. Há um mês, depois da minha última noite com
Jace, eu estava com insônia e me sentindo mal, então uma noite eu encontrei
Kai malhando na academia e pedi para ele me treinar, desde então eu tenho
recebido aulas a noite, dele.
Ao me ver Kai levantou uma sobrancelha.
— Não era para você estar na escola?
Rolo os meus olhos e bufo.
— Eu queria saber se você quer treinar comigo um pouco — pedi e
ele assentiu.
— Claro, eu já trocaria de ronda mesmo.
Fomos então para a academia da casa. Já perdi a conta de quantas
marcas na bunda eu tenho de todas as vezes que Kai me derrubou.
Começamos a circular, e já me concentrando esperei o primeiro ataque, Kai
me ensinou que se o agressor for mais forte, ele deve atacar primeiro, pois
você terá mais chance na defesa não no ataque.
— Vamos Carina, me ataque! — ele disse e eu segui suas ordens
mesmo não sendo o que praticamos nesse um mês. — Use a força do
oponente contra ele, se for homem ataque logo nas bolas e se não conseguir,
tente no nariz ou garganta, principalmente garganta.
— Okay, mas por que está me ensinando isso agora? — pergunto
curiosa e Kai me olha sério.
— Você sabe o porquê. Algo te deixou com medo, eu posso sentir
isso — ele disse e me olhou com compaixão. — Você se sentirá melhor se
souber se defender.
— Obrigada. — Minha voz sai embargada e ele assente
compreensivo.
— Agora vamos parar de conversinhas e fazer você derrubar um
gigante. — Ele empina o peito todo seguro de si e eu finjo estar procurando
algo. — O que?
— Estou procurando o gigante — caçoo e dou língua para ele.
Quando Kai perde a atenção eu consigo o levar ao chão com um golpe antigo
que ele me ensinou.
— Boa. Distraia o agressor.
Passamos boa parte da manhã assim, lutando, ele me ensinou vários
truques sujos que me deixaram mais confiante, apesar de eu não ser uma Isis
da vida. Quando estávamos lutando no chão alguém entrou no cômodo,
minha cabeça virou para ver Miguel olhando para Kai e eu com a boca
aberta.
— Espero ter interrompido uma luta, não uma preliminar estranha.
Eu rio e me levanto, me aproximo de Miguel e o abraço, parece que
faz anos que não nos vemos, e não poucas horas.
— Desde quando você está lutando? — me pergunta divertido e olha
para Kai. — É bom você ter ensinado a jogar sujo.
— Claro, Carina é mestra nisso. — Pisca para mim começando a
andar para a saída. — Ela é sua agora — ele grita e eu bufo.
— Isis não me falou que você está lutando. — Miguel se abaixa
retirando o tênis e a camiseta.
— Ela está um pouco ocupada e acabou de sair do resguardo, não é
bom ela começar a malhar agora.
— Concordo, mas para te ensinar não precisa lutar.
— Você conhece ela tão bem quanto eu. — Começo a circulá-lo e
Miguel ri.
— Joelhos um pouco dobrados e firmes.
Sigo as suas ordens e ele me ataca, mas eu desvio, sou rápida. Dou
um soco no seu estômago e Miguel se curva um pouco, mas não para.
— Carina, mire na garganta, minha barriga é dura o suficiente para eu
não sentir tanta dor com o soco, e você é fraca, procure pontos fracos e
expostos. Em vez de machucar a si mesma.
— Kai já me ensinou isso — bufo e repito o processo dando um chute
em sua perna. — Como está a procura de Daniel e Hunter?
— Dominic assumiu depois do acidente. E o FBI também está atrás
deles.
Aceno com a cabeça e tento derrubá-lo.
— Use as pernas. — Seu tom de voz é sereno e me derruba no chão,
agradeço a pessoa que colocou piso de borracha.
Quando ele estende a mão para mim eu chuto seu peito o derrubando
no chão.
— Usei as pernas o suficiente?
Ouço palmas e vejo Isis com roupas de academia parecidas com as
minhas.
— Nunca pensei que veria o dia que você iria bater em Miguel. Bem,
já bateu, mas nunca lutando. — Ela ri se aproximando.
— Também nunca pensei. — Miguel balança a cabeça e mexe a
mandíbula. — Bom chute, tampinha.
— Então por que vocês estão lutando? — ela pergunta se alongando.
— Miguel pediu suas calcinhas?
Eu gargalho enquanto Miguel bufa escondendo um sorriso.
— Quando cheguei aqui ela estava lutando com Kai. — Olha o
fofoqueiro aí.
— Por quê? — Isis pergunta me olhando com atenção.
Respiro fundo e pego minha garrafa de água para ganhar tempo,
quando termino eu os olho.
— Não me sinto muito segura com eles soltos por aí — murmuro
olhando para a garrafa, ocultando os bilhetes.
— Você está cem por cento segura Cá. Dominic colocou seguranças
para ir aonde você for e ainda tem o Jace que fica de olho. — Isis dá de
ombros com normalidade.
— Jace me segue? — pergunto realmente surpresa.
— Quando você entra e quando sai da faculdade — Miguel responde
e sorri para mim. — Ele é um idiota, mas te ama.
— Quem ama não trai. — Eu respiro fundo me afastando deles e
subindo na esteira. Isis e Miguel me olham.
— Você realmente não se imagina voltando para Jace? — Miguel
pergunta agora com a voz cautelosa. Isis tem um olhar triste.
Penso na resposta, mas nenhuma vem. Minha boca se abre e fecha
milhões de vezes antes de eu encontrar a voz para falar.
— Eu não sei — murmuro com a voz quebrada.
Isis vendo a minha reação muda de assunto e assim ficamos
conversando e relembrando o passado, era como se nada tivesse acontecido.
Elena chegou um pouco depois e nos ensinou, ou tentou, nos ensinar a fazer
algumas poses de ioga, foi relaxante. Quando deu seis horas eu estava no meu
quarto sentada na cama, tinha acabado de tomar um banho e precisava de
algo para me ocupar. Olhei o meu notebook na cômoda e peguei a minha
bolsa com os bilhetes e me dirigi ao escritório de Dominic. Bati na porta até
que ele murmurou um ‘’Entra’’.
— Carina? — Ele parecia surpreso.
— Posso entrar?
— Claro, algum problema?
Eu entrei e fechei a porta.
— Mais ou menos, como está a procura de Daniel e Hunter?
Dominic me olhou por um tempo me analisando e por fim suspirou.
— Não conseguimos nada, nossa última pista foi você ter visto Daniel
na frente do prédio de Jace.
Eu o observo por um tempo, sem saber se poderia confiar nele.
— Posso confiar em você, Dominic?
— Você sabe que sim, aconteceu alguma coisa?
Eu pego os bilhetes e lhe entrego, Dominic me olha estático e eu falo
das pessoas me encontrando e trazendo recados de Hunter.
— Você tem certeza que é Hunter? Você estava envolvida com outras
coisas...
— Ele é a única pessoa viva além de Isis e Miguel que sabem sobre o
mingau.
Os olhos de Dominic se arregalam.
— Por isso que te enviaram o mingau ontem! Foi ele então. E que
história é essa do mingau?
— Quando eu não obedecia e seguia as ordens dos meus pais eu era
obrigada a só comer mingau, por dias. Até que eu quebrasse e os obedecesse.
Eles compravam as minhas comidas favoritas e comiam na minha frente. —
A expressão de Dominic se fechou. — Não é nada demais.
— Eles têm sorte de já estarem mortos. Eu acho que é melhor você
não sair mais de casa.
— Eu não vou ficar prisioneira! Hunter que jogar comigo, vamos
deixar ele pensar que está no controle e assim chegaremos a ele e Daniel.
— Você não pode ser uma isca!
— Não é sua escolha! — Eu estou com raiva de todas as pessoas
acharem que sou fraca, mas eu não sou. — Dominic, têm seguranças em
todos os lugares que vou, Hunter e Daniel estão sem dinheiro e sem
credibilidade, ele não irá me atacar com várias armas apontadas para ele!
Dominic fica em silêncio um momento só pensando na situação.
— Agora que você está de volta, foque-se em achar eles atrás da tela
do seu computador.
— Isso pode não ser o suficiente!
— Mas por enquanto é o que faremos!
Eu me levanto e saio da sala com raiva, eles têm que parar de achar
que sou fraca, eles têm que parar de achar que sou apenas um rostinho bonito.
Na manhã seguinte me arrumo e vou para a faculdade, esses dois
meses lá têm sido a minha corda de sanidade, me sinto livre e feliz quase cem
por cento... como me sentia com Jace. Pensar nele dói, mas quando Jace me
traiu a sua última chance acabou, eu o perdoei por se aproveitar da minha
falta de memória, eu acho que teria feito o mesmo no seu lugar. Mas a mágoa
dele me trair ainda está presente toda vez que eu o olho, eu a vejo agarrando-
o, Jace a tocando e fazendo-a sentir as mesmas coisas que eu sentia. Só esses
pensamentos me deixaram enjoada. Essa manhã quando pensei sobre o
assunto o café da manhã subiu pelo meu estômago. Mesmo amando Jace não
posso superar essa traição.
— Viajando pra onde Carina? — Justin Brawn meu colega de turma
me pergunta e Mirian Stuart ri.
— Deve estar sonhando com aquele loiro mara. Quem me dera eu
tivesse ex bonitos.
— Aí não seriam ex — Justin fala e eu rio.
— Só estou com um pouco de dor de cabeça — falo e eles se olham
escondendo um sorriso e eu já sei que vem piadinha ai.
— Cuidado, o seu cérebro de gênio pode estar evoluindo mais ainda.
— Justin mede a minha temperatura pela testa e Mirian pega a minha mão.
— Ainda não ficou com a pele azul — resmunga fingido estar
chateada.
— Sei que vou me arrepender de perguntar, mas pele azul? —
pergunto realmente curiosa, esses dois são hilários.
— Você é uma alienígena disfarçada de gênio gostosa — Justin diz, e
ele e Mirian batem suas mãos.
— Essa foi boa.
— Se vocês já acabaram de brincadeira, podemos começar a aula. —
O professor entra na sala nos fuzilando fazendo um grupinho de nerds
metidos rirem baixo.
— Claro professor, estou com o meu cérebro alienígena evoluindo e
preciso aprender novas coisas — falo e a boca de Mirian cai aberta não
acreditando que eu falei isso, enquanto Justin se engasga com a própria
saliva.
— Que bom que seu cérebro alienígena quer aprender, senhorita
Miller. — O professor pisca para mim e o grupinho me olha com raiva então
eu mando um beijinho no ombro para eles.
— O que foi isso? — Justin pergunta imitando o meu beijinho no
ombro.
— Isso, meu caro, é o hino da Valesca Popozuda.
— Quem? — Mirian entra na conversa sussurrando.
— ‘’Beijinho no ombro e seu recalque passa longe, beijinho no ombro
só para as invejosas de plantão’’ Nunca ouviram? — Eu sei que eles nunca
ouviram, mas eu amo o Brasil e suas músicas.
— Nunca ouvi — Justin fala e me olha curioso. — Essa Valesca
Popun... você entendeu, é americana?
— Não, é brasileira.
— Você fala português? — Mirian pergunta e eu aceno.
— Claro que sim. Quando a aula acabar vou deixar vocês escutarem a
música toda e vou passar a tradução para vocês.
Justin e Mirian aceitaram e voltaram à aula, eu contive um sorriso. No
fim da aula eu fiz como prometido e ainda mostrei o clipe e eles amaram a
Valesca, adorooooo. Eles viraram fãs e ouviram todas as músicas e leram as
traduções na internet. Justin olhava para mim como se eu tivesse descoberto
um novo mundo.
— ‘’Rala sua mandada’’ é a minha frase preferida do mundo agora —
ele fala animado, com a frase adaptada para o inglês e Mirian ri.
— Tu soltou a bicha que tinha dentro dele.
Eu gargalho alto.
— Eu vou te ensinar a coreografia inteira se quiser.
— Quero muito.
— Eu também. — Mirian se anima.
Mirian era linda, meio coreana com os cabelos pretos escorridos.
— Hoje eu tenho um tempinho, querem ir ao parque? — pergunto e
eles acenam animados.
— Pode ser, não teve muito dever hoje — Justin medita. — Nos
encontramos lá depois de trocarmos de roupa? — Aponta para Kai que está
do lado de fora do carro me olhando.
— Sim.
Marcamos o encontro e eles entram no carro de Justin, os dois
dividem um apartamento e são melhores amigos desde pequenos. Conto a
Kai o que vou fazer e ele também ri.
— Se quiser eu também te ensino — brinco e ele cora levemente.
— Não arranje ideias Carina.
Passo em casa e coloco um short preto e um top de malhar amarelo
florescente. Quando vamos para a praça a distância eu vejo Jace e dou um
pequeno sorriso, não custa nada provocar.
— E eu pensando que eram as roupas que te valorizavam — Mirian
resmunga e eu rio.
Vamos para uma parte mais deserta do parque e eu começo a ensinar
a coreografia morrendo de rir com eles todos duros, coloco o som do meu
celular e depois de uma hora eles estão sabendo um pouco do passo. Algumas
pessoas param para olhar e nem é comigo, rio muito com eles e deixo para lá,
é bom me sentir livre.
No final do dia quando volto para a casa Elena e Isis estão me
esperando na entrada.
— O que houve? — Fico preocupada pela cara delas, mas então as
duas racham de rir.
— Você está no facebook e virou meme.
— O QUE? Como assim?
Isis me estende o tablet e eu vejo que alguém me filmou e colocou na
internet, o título do vídeo é A FUNKEIRA AMERICANA. E em poucas
horas teve mais de trezentos mil acessos. Nos vídeos eles só me gravaram e
eu estou gostosa, isso eu posso dizer, os memes são eu dando beijinho no
ombro e está escrito ‘’Beijinho no ombro que eu sou um gênio’’ ou
‘’Beijinho no ombro eu estudo em MIT’’. Vejo que essas fotos estão no site
oficial da faculdade e por todo o mundo, teve brasileiro que colocou em cima
do vídeo escrito em português ‘’olha a animação de quem é um gênio e
consegue fazer o quadradinho perfeitamente’’.
— Fala alguma coisa.
— Eu sou famosa — murmuro e depois olho para elas e grito. — Eu
estou famosa.
Começo a pular animada e rindo.
— Carina você não está entendendo, o MIT pode te expulsar por
conduta imprópria — Isis argumenta.
— Isso foi um marketing para eles — digo sem me importar, eu estou
bombando na internet.
— Carina. — Dominic me olha. Está pensando a mesma coisa que eu,
Hunter mostrou as caras como prevíamos.
— Ele está no papo agora — digo e Isis olha para nós dois.
— O que eu estou perdendo?
— Só Hunter caindo na armadilha ao som de Valesca Popozuda. —
Vou subindo as escadas cantando. — ‘’Desejo a todas inimigas vida longa,
para que elas vejam a cada dia mais nossa vitória, bateu de frente é só tiro,
porrada e bomba...’’
Vou para o quarto e conecto o notebook e o computador começa a
rastrear de onde o vídeo saiu, ele pode ser esperto, mas eu sou mais. Com
esse programa eu posso ver por satélite a pessoa que gravou e assim localizá-
la, mesmo que o celular tenha sido descartável. O programa demorará pelo
menos mais meia hora para localizar. Tomo um banho rápido e vou até o
escritório de Dominic contar a novidade quando escuto a voz de Jace lá
dentro.
— Você a traiu, foi a sua escolha entrar em Drica. Carina precisa de
seu tempo para superar ou libertá-lo. — A voz de Dominic era tão calma,
mas mesmo assim me deixou tensa. Sei que deveria sair dali, mas meus pés
não se mexiam.
— Eu não quis — Jace rosna.
— Quando um não quer, dois não transam. Eu estou do seu lado, mas
você errou Jace.
— Eu estava desmaiado — ele sussurra e meu coração se parte. O que
ele está dizendo? — Quando acordei não conseguia me mover por causa das
drogas, nem meus braços funcionavam... ela me montou mesmo eu
implorando para ela me deixar. — Sua voz estava tão quebrada.
— O que? — Dominic gritou e socou algo, acho que a mesa. — Ela te
estuprou?
— A culpa foi minha Dominic, eu estava bêbado demais para
conseguir afastá-la de mim, a culpa foi minha por ser um drogado de merda
que não pode se defender de uma mulher.
— Você não deixou ela usar seu corpo e mesmo assim ela fez! Isso é
estupro, por que você não me contou? — A voz de Dominic era uma mistura
de dor e raiva. — Eu vou matar aquela puta.
— A culpa foi minha....
— Por que você não me contou? — Pelo tom de Dominic agora a
raiva tinha assumido.
— Eu estava com vergonha — ele murmurou. — Eu sei que foi culpa
dela também por ter me usado sem permissão, mas se eu não estivesse
drogado nada disso teria acontecido.
Escuto um fungo, logo depois Dominic rosna.
— Não chora, porra. Não ouse! Levante sua bunda daí e vai recuperar
a sua mulher agora, vocês dois são vítimas... Se você tivesse nos contado,
tudo poderia ser diferente, Jace.
— Não quero que ela fique comigo por pena, nunca contarei à Carina.
Prefiro que ela pense que sou um fodido traidor, do que um fodido viciado
que não pode se defender de uma mulher minúscula.
As lágrimas caiam sem parar pelos meus olhos, minha testa encostada
na porta, minhas mãos tampavam minha boca para ocultar o soluço que
queria me escapar.
— Como você está com tudo? — Dominic quebra o silêncio.
— A única coisa que me mantém em pé é proteger Carina e fazê-la
me perdoar, só isso.
Eu já estava esticando minhas mãos quando alguém as agarrou, eu iria
gritar, mas sua outra tampou minha boca. Me virei assustada e vi Damien,
que me olhava sério, me arrastou para fora dali e eu deixei, não estava com
condições para entrar em uma luta com alguém com o triplo do meu
tamanho. Ele nos levou a seu quarto e fechou a porta, me sentou na cama e eu
desabei, chorei em silêncio, pois a última coisa que eu queria era que me
descobrissem. Minhas mãos tampavam minha cara e meu corpo sacolejava a
cada soluço. Parece que foram anos até que eles pararam.
— Agora que está mais calma não fará nenhuma burrice — Damien
diz cautelosamente eu o olho.
— Você também ouviu?
Ele acenou com a mandíbula cerrada.
— Você sentir pena dele ou voltar por esse motivo acabaria com ele.
— Ele me olha seriamente. — Se você realmente o ama não o magoará desse
jeito.
— Eu o amo mais que tudo.
— Então vá até ele aos poucos. — Ele finalmente me deu um
pequeno sorriso. — Será bom ter vocês juntos, já passaram por muitas coisas,
merecem ser felizes.
— E você, vai ser feliz com Elena? — perguntei limpando minhas
lágrimas e Damien desviou o olhar.
— Vou tratá-la bem se é isso que está me perguntando. Mas amá-la
eu nunca irei. — Seu olhar verde não encontra o meu. — Eu não amo.
— Todos amam.
— Eu não.
— Quando o amor arrebentar a sua porta você ficará maluco — falei
me levantando e indo até ele e o puxando para um abraço, ele ficou tenso e
depois deu batidinhas nas minhas costas. — Elena é uma boa garota e eu não
dou nem um ano para você estar perdidamente apaixonado por ela.
— Eu não me apaixono — ele fala franzindo o nariz.
— Você irá. — Dou batidinhas no seu peito e me afasto. — Obrigada.
— Você merece ser feliz Carina, você arriscou a sua vida por seus
amigos e por isso tem o meu respeito.
— Não vem com essa comigo não, não tente puxar meu saco, pois se
você magoar Elena, eu ainda vou chutar seu saco.
Ele bufou um sorriso antes de me acompanhar até a porta, me virei
uma última vez para ele.
— Dê mais um tempo para Elena, por favor. — Ele simplesmente
acenou e abriu a porta.
— Obrigada. — Fiquei nas pontas dos pés e dei um beijo em sua
bochecha.
Bem quando eu estava saindo do quarto Elena estava entrando no dela
e ao nos ver arregalou os olhos antes de ficar vermelha de raiva.
— Nem comece — falo indo para o meu quarto e me viro uma última
vez. — Discutam vocês. — O olhar que Damien me dá é para avisar algo,
mas eu rolo os meus olhos e me viro batendo em um peito musculoso, Jace.
Eu não consigo evitar sentir aquela dor no coração pelo que ele
passou, fico me imaginando no lugar dele e é uma sensação horrível. Eu era a
confidente de Isis sobre as várias tentativas de Hunter para entrar nela e até
hoje tenho arrepios.
Jace me olha dos pés à cabeça sem esconder a excitação ao me ver,
mesmo provavelmente eu estando com os olhos vermelhos e nariz inchados.
Seu olhar se volta para meu rosto e ele endurece e coloca a mão no meu
rosto, secando o resto das lágrimas.
— Por que está chorando, pequena? Se é pelo vídeo, a faculdade não
irá te expulsar e eu matarei e me banharei no sangue de quem implicar com
você — diz com raiva e eu escuto Elena murmurando.
— Que profundo.
— Stai zitto![1] [ML12]— Damien murmura, mas meus olhos estão
focados nos lindos olhos cinzentos de Jace.
— Não me mande calar a boca [ML13]— Elena grita e em seguida
escuto uma porta se batendo e logo depois a outra.
Meus olhos se fecham um segundo pelo som, mas quando se abrem
vejo que Jace me olha preocupado.
— Está tudo bem... — Eu me lembro do programa para rastrear
Hunter e gemo. — Porra. — Agarro a mão de Jace e o levo ao meu quarto,
sem dar tempo de dizer algo largo sua mão e vou para o computador. —
Achei!
— O que? — Jace pergunta com a cabeça no meu pescoço. O cheiro
do seu perfume só me dá mais saudade dele.
— Hunter fugiu — suspiro e mostro o satélite mostrando-o
esmagando o celular e jogando no lixo e depois indo para um carro alugado
em seguida entrando num jato.
— Porra! — Jace ruge e eu me levanto.
— Foi o que eu disse — brinco, mas me vem uma tontura e Jace me
segura entes de eu me estabacar no chão.
— Você está passando mal? — Jace pergunta me colocando deitada
na cama. — Você teve muito estresse hoje. Dominic me falou do seu plano e
de ter ficado malhando na academia, você comeu? Vou mandar trazerem
comida agora.
Ele nem espera eu responder e já liga para alguém pedindo minhas
comidas favoritas, não deixo de reparar que ele pediu para dois. Mas não há
outro lugar que queria estar se não ao lado de Jace.
— Deita comigo? — Peço carente e ele rapidamente retira as botas e
se deita ao meu lado e me coloca deitada em seu peito e acaricia meus
cabelos.
— Eu senti sua falta, pequena.
Eu o abraço e adormeço sentindo que tudo mudou e ao mesmo tempo
nada. Não sei o que sentir, mas quero Jace para sempre comigo. Ele não
levou a sua última chance, essa é sua última e acredito que ele nunca fará
nada para perdê-la.
Capítulo 27
JACE
Esse dia está dando tudo errado, começando com o lote de coca que
foi pego pela polícia. Tive que arranjar homens e guiei a situação. Perdemos
muito dinheiro e parte da mercadoria, para a polícia liberar. De acordo com
eles foi denúncia anônima. O que nos leva a crer que alguém quer foder a
máfia. Dominic ficou puto e eu ajudei da maneira que consegui, mas isso não
diminui a raiva, ele como novo capo tem que dar o exemplo, não pode falhar.
Vô Raffaelo ficou puto e descontou na gente, mesmo aposentado ele
quer se meter em tudo, e ai de alguém que falar algo. Nem Dominic tenta a
sorte. Outra coisa que aconteceu foi outra denúncia anônima de drogas na
boate, a sorte é que a polícia está na nossa folha de pagamento, mas mesmo
assim teve que vasculhar o local todo, não acharam nada.
Eu já estava atrasado para buscar Carina, mas não consegui falar com
ela. Minha bateria acabou. Então aconteceu um acidente quando fui
finalmente buscá-la, vinte minutos atrasado. Um carro bateu no meu e o cara
ficou ferido, tivemos que esperar a polícia e a ambulância vir, eu estava bem,
mas eles insistiram para eu fazer check-up e ir à delegacia para resolver quem
vai pagar o quê. O cara estava errado e ele que tinha que me pagar, mas
deixei para lá, eu posso concertar meu carro facilmente. Então finalmente
consegui chegar até o MIT, procurei Carina por todo lado, mas nada dela.
Carina deve estar com raiva e ter ido à casa da Isis, e lá vou eu para a
casa dela com o carro todo fodido. Ao chegar ao portão eu já sei que tem algo
errado, o segurança me deixa entrar e manda eu me apressar. Kai está aflito
me esperando na frente da casa. Será que aconteceu algo com os bebês? Com
Carina?
Corro e passo direto por ele tentando chegar à minha pequena, mas
assim que chego na sala e vejo a cara de todos sei que tem alguma coisa
grave acontecendo. Eu começo a ficar com falta de ar ao não ver Carina entre
eles, será que ela está num quarto descansando?
— O que aconteceu?! Cadê Carina, é algo com os bebês? — grito
passando a mão pelo cabelo. Dominic tem um olhar de dor no rosto, o olhar
que eu não vejo há muito tempo. — O que aconteceu?
— Você precisa ter calma, já estamos tentando localizá-la — Damien
diz se aproximando de mim e o sangue deixa o meu rosto. — Hunter a pegou
dentro de um táxi, já estamos trabalhando para encontrá-la.
Eu só não caio, pois Damien e Dominic me seguram. Eu fico em
choque, Hunter levou Carina. Minha pequena está nas mãos de um psicopata
e eles querem que eu fique bem?
— Eu estava no telefone com ela — Isis fala, seus olhos estão
vermelhos de tanto chorar. — Miguel está localizando-a, foi bom você ter
colocado um rastreador no anel dela.
Eu me levanto e minha mão se fecha em punhos, eu quero acabar com
aquele desgraçado e tomar banho no seu sangue. Quero arrancar seu coração
enquanto ele ainda está vivo. Eu quero ver a luz deixar seus olhos e ele ir
para o inferno.
— Irmão, vai ficar tudo bem. — Dominic toca o meu ombro, mas eu
me afasto.
Vejo uma garrafa de Bourbon e a jogo contra a lareira. Tomo
respirações e olho para Dominic.
— Quero saber onde ela está agora. — Minha voz sai estranha, tão
dolorida como eu me sinto. Eu quero matá-lo.
— Miguel está no escritório. Ele falou que no máximo em meia hora
teremos a localização e aí pegaremos Hunter e Daniel, se eles estiverem
juntos...
— Hunter é meu. — Eu quebrarei osso por osso antes de matá-lo
dolorosamente.
— Hunter é seu. Recuperaremos Carina. — Damien toca no meu
ombro.
Eu me afasto e vou para o escritório. Miguel está no computador e
parece tenso ao me ver ele tem lágrimas nos olhos.
— Vamos encontrá-la. Não estou conseguindo uma posição precisa,
pois eles estão andando, assim que o carro parar eu terei a localização antes
que ele a leve para um lugar sem sinal. Nós vamos recuperá-la.
Eu me sento e fico ali. Isis vem até mim e conta que antes de perder o
contato com Carina falou que tinha uma faca na sola do sapato. Isis tem essa
mania de estar sempre armada, mas não tinha ideia que ela fazia isso com
Carina também. Não sei se agradeço ou grito com ela o quão perigoso é
Carina tentar se defender de um homem treinado para matar com o dobro do
seu tamanho. Oro para que fique tudo bem com ela e que ela não faça
qualquer loucura.
Uma hora depois temos a localização, uma casa na parte deserta da
cidade. Pego as armas e saímos Dominic, Damien, Miguel e eu. Isis queria ir,
mas não deixamos, ela está grávida e não deve se arriscar mais. Ao
chegarmos lá leva mais uma hora, e já são quase três horas que Hunter está
com ela. Em três horas muita coisa pode ter acontecido, eu estremeço só de
imaginar. Tenho medo do que posso encontrar. Tenho medo do que posso
ver.
Arrombamos a porta e a casa está cheia de pó e deserta. Miguel
confirmou que o sinal vem dali. Vimos todos os andares e nada deles, eu
começo a gelar. O último cômodo é o porão. Tenho medo do que posso
encontrar lá, se algo aconteceu a Carina eu não quero mais viver. Damien e
Miguel vão à frente enquanto Dominic fica nos guardando. Quando descemos
as escadas eu vejo as luzes acessas logo depois Damien xingando em italiano
e Miguel gritando coisas desconexas. Eu sem me importar com nada corro até
eles abrindo espaço e o vômito vem na minha garganta ao ver a cena. Tanto
sangue, tanto sangue.
— Carina! — grito e tento correr até a ela, mas Damien me segura.
— Ela está em choque — ele sussurra. — Tenha calma.
Essa cena nunca sairá da minha cabeça, o cômodo tem sangue por
todos os lados. Carina está sentada ao lado do corpo desfigurado de Hunter.
Ela tem uma faca na mão e todo o seu corpo e rosto estão cobertos de sangue,
o sangue dele. Carina matou Hunter! A aparência do cadáver é horrível.
Carina fez uma verdadeira carnificina. Sua cara está cheia de facadas, seu
peito e pescoço estão ensopados de sangue, pela camiseta dá para ver os
vários cortes, alguns tão grande que partes dele saíram para fora.
Carina não chora, ela está paralisada em choque. Sua franja tampa
seus olhos. Uma mão segura sua barriga e a outra está firme na faca. Eu tento
me aproximar para abraçá-la, mas Damien ainda me segura. Eu lhe lanço um
olhar e ele faz o mesmo.
— Ela está em choque, pode te atacar se você se aproximar e acabar
ferindo a si mesma — ele diz com a voz baixa.
Atrás de mim eu escuto Dominic xingar em italiano. Miguel está
parado olhando com aflição para Carina.
— Qualquer passo em falso pode fazê-la se perder para sempre. —
Damien continua e eu congelo. — O melhor que temos a fazer é apagá-la.
Ele puxa de dentro do paletó uma seringa. Eu o olho zangado, ele não
irá enfiar nada em Carina.
— Não irá fazer mal aos bebês, eu me certifiquei disso, é o melhor a
fazer. Quando ela acordar estará limpa e num local que considere seguro.
Tentar falar com ela assim só irá piorar sua situação.
Dominic toca o meu ombro.
— Será mais fácil para ver se ela se feriu. Esse sangue pode não ser
todo de Hunter. — Meu coração quase para com essa informação. Olho para
o sangue espalhado no chão e novamente minha bílis sobe. Não por nojo do
sangue, mas do que Carina passou.
Eu aceno e pego a seringa da mão de Damien. Retiro a tampa e me
aproximo de Carina.
— Está tudo bem, pequena. Vamos pra casa. — Fico dizendo ao me
aproximar.
Seus olhos encontram os meus e eles estão vazios e sem brilhos.
Lágrimas começam a sair dos seus olhos. Carina aperta mais a mão na faca e
eu vejo sangue saindo dela, o sangue da minha pequena. Continuo a falar
coisas calmas e me aproximo, retiro a faca com cuidado de sua mão e vejo
sangue saindo do corte. A envolvo nos meus braços e Carina soluça.
— Eu o matei, eu sou uma assassina.
— Shiii, está tudo bem. Você protegeu nossos filhos — falo
acariciando seus cabelos e o corpo de Carina começa a tremer com os
soluços.
O meu medo agora é ela se perder nesse mundo de sangue e morte.
Meu outro medo é que ela pode abortar sem querer por todo esse estresse.
Faço então a última coisa que quis fazer, enfio a seringa no seu braço com
cuidado e a seguro quando ela desfalece em cima de mim.
— Vai ficar tudo bem — sussurro contra seus cabelos com lágrimas
inundando a minha visão.
A pego nos braços e a levo para fora daquele filme de terror. Olho
uma última vez para Hunter, desejando que ele estivesse vivo para eu matá-lo
lentamente. Isso não pode destruir a minha pequena, ela precisa superar. Eu
sei que ela vai. Nosso amor é maior que qualquer tragédia e eu estarei atrás
de seus passos [ML14]para trazê-la de volta a mim.
CARINA
1 Hora antes...
Hunter estava surtado, nunca senti tanto medo em toda a minha vida.
Só de olhá-lo eu me arrepiava de medo. Ele dirigiu todo o tempo me
ameaçando e dizendo como iria me torturar antes de me matar, como se não
bastasse isso ainda descreveu como iria abrir a minha barriga para retirar
meus bebês e os mostraria a mim antes de me esfaquear no coração.
Eu me mantive firme e não chorei mais, ele não merecia minhas
lágrimas. Guardei o medo para mim. Sabia que eles estavam vindo me salvar.
Durante o caminho eu desejei que a nossa vida fosse normal. Já me aconteceu
tantas coisas ruins e quando finalmente estou vivendo meu ‘’felizes para
sempre’’ real e pensei que eu seria feliz, alguém vem e estraga tudo. Não vou
deixar Hunter me destruir. Não vou perder meus filhos para um lunático.
Quando finalmente chegamos a um ponto eu não sabia se ficava feliz
por enfim sairmos do carro ou com medo por estarmos em terra firme. Olho
para o céu orando para que Jace consiga me achar, mas não posso contar com
a sorte. Assim que o carro para num espaço morto e Hunter invade uma casa
velha e poeirenta eu penso num plano. Preciso salvar meus filhos. Hunter me
arrasta para o porão e acende a luz, vejo um banheiro no canto e essa é a
minha chance.
— Hunter me deixa ir ao banheiro? — Faço uma voz doce e uma cara
de quem quer muito ir ao banheiro.
— Você acha que eu sou burro? — Ele funga várias vezes ao falar me
causando ainda mais repulsa.
— Hunter, eu estou grávida e estamos num porão sem janela, como
eu vou fugir!
Ele fica me olhando e parece acreditar. Arranca minha bolsa do meu
braço e aponta para a pequena porta.
— Não quero sentir cheiro de mijo quando eu acabar com você. Não
demore.
Eu corro para o banheiro e fecho a porta procurando uma saída, mas
não tem. Tento ver algo para usar como arma, mas não tem nada. Então uma
voz vem a minha cabeça. Isis falou algo sobre ter facas no meu sapato,
quando éramos mais novas ela fazia muito isso com os dela, mas nunca com
os meus, pois eu tinha medo dela quebrá-los. Retiro os meus sapatos e depois
de tirar a palmilha, vejo uma faca do tamanho exato do meu pé. Não há cabo,
e ela é toda afiada. Corto um pedaço da minha camiseta e enrolo fazendo um
cabo improvisado. Nem olho o meu outro sapato, pois se mal posso segurar
uma, imagine duas. Hunter me assusta ao bater na porta. Eu dou descarga e
escondo a faca na manga do meu casaco.
Ao sair ele aponta para o chão, eu me sento sem reclamar. Pelo menos
não está sendo agressivo. Vejo que ele não está com a arma em mãos, ela
deve estar atrás da camisa. O olhando bem eu vejo que ele está totalmente
acabado, ao perceber que eu estou o olhando ele sorri sádico e abre os braços.
— Você fez isso comigo Carina, devia estar orgulhosa. — Eu estou
amigo. Penso, mas nada digo, ganhando tempo enquanto ele fala. — Então
pensei em retribuir na mesma medida. Os merdas dos seus pais queriam se
entregar e fazer um acordo, ficando livre da prisão as nossas custas. Então eu
os fiz uma surpresinha.
Minha boca fica seca, Hunter matou meus pais.
— Eles acharam mesmo que iriam sair livres? Papai mandou eu fazê-
los sofrer bastante. Mas sabe Carina, eu fiz por você também. Todos vimos
como você era tratada. — Ele se abaixa na minha frente e acaricia meu rosto.
Eu tenho vontade de pular e o atacar, mas sei que ele me mataria em um
segundo. — Se eu não quisesse tanto a bela Isis de olhos de gato, eu teria
você na minha vida. Tão bonita, como um camaleão sempre mudando de
forma, se adaptando a situação.
Engulo o nojo e sorrio docemente para ele. Tenho vontade de vomitar,
mas me controlo. Lembro no curso de teatro o professor falando para nos
mantermos sem emoções internas e pensar e agir como manda o script.
Respiro fundo e aproximo meu rosto do dele. Minha mão se movendo
lentamente para ter a faca em mãos.
— Eu gostava de você Hunter, sempre tão bonito e forte. — Mordo o
lábio e sorrio, seus olhos descem para minha boca. — Mas você nunca me
deu uma chance.
— Você sempre foi uma putinha, né? — fala sorrindo aproximando o
rosto ainda mais do meu.
Eu me afasto um pouco e seus olhos semicerram com raiva.
— Daniel pode aparecer — eu sussurro mordendo o lábio e depois
passando a língua por ele.
— Nós rompemos, ele está totalmente maluco — fala convicto como
se ele não fosse tão maluco quanto. — Então eu tenho uma ideia do que
podemos fazer antes de eu brincar de médico e rasgar toda a sua linda barriga
e matar seu bebê na minha mão...
Lembro das aulas com Kai, o ponto fraco que ele sempre me ensinou
foi o pescoço pois é preciso de sangue no cérebro. Então vem à mente
vampiros, não sei porque vem, mas eles sempre se alimentam da veia grossa
no pescoço que leva o sangue ao cérebro. A faca em minha mão se jogada de
forma certa pode ser fatal, ou o deixar muito irritado. Minhas chances são
mínimas de acertá-lo de longe. Eu já fui boa no arremesso de faca, mas não
sobre pressão. Eu só tenho essa tentativa. Hunter não esperará muito mais
para acabar comigo.
Juntando o resto de força que me resta eu o ataco, acertando a faca no
seu pescoço, parecia que uma corda tinha se rompido, o sangue bateu na
minha cara, mas eu não parei, Hunter caiu para trás me levando com ele. Seus
olhos estavam arregalados e ele tentava falar.
Segurei o cabo da faca com força investindo contra o seu rosto, queria
que ele pagasse por todo mal que havia causado a tanta gente. Então gritei
enfiando a faca no seu peito. Lágrimas grossas caiam dos meus olhos, mas eu
não conseguia parar queria que ele pagasse por todo o sofrimento, mesmo já
estando no inferno. Depois do que pareceram anos, eu percebi o sangue em
minhas mãos. O sangue sobre mim. Eu matei uma pessoa.
Engolindo em seco e com medo de olhar viro para ver o rosto de
Hunter e grito. Grito até minha voz falhar. Ele está irreconhecível. Passo as
mãos no meu rosto tentando acordar desse pesadelo, mas não consigo. Sinto
meu rosto molhado. Olho para o chão e só vejo vermelho. O cheiro metálico
é insuportável e eu tenho que me segurar para não vomitar. Limpo um pouco
do sangue da lâmina e me olho por ela, me assustando com o que vejo.
Uma assassina a sangue frio, é o que sou. Eu matei uma pessoa. Eu
tirei a vida de uma pessoa e acabei com o corpo dele. No meu reflexo eu não
vejo só o sangue, eu vejo a sobrevivência. Sim Hunter, eu sou como um
camaleão, eu sobrevivo e me adapto as situações.
Algum tempo depois escuto passos e sei que é Jace, mas não posso
olhá-lo, ele veria o monstro que eu sou. Aperto a lâmina na minha mão. Eu
preciso da dor, eu preciso sentir.
Jace se aproxima, mas não consigo falar nada direito. Escuto ele
falando palavras doces, palavras que não mereço. Palavras que não sou digna.
Ele retira a faca devagar da minha mão, sinto o sangue caindo, mas ao
mesmo tempo não sinto nada.
— Eu o matei, eu sou uma assassina — sussurro com a voz rouca de
tanto gritar.
— Shiii, está tudo bem. Você protegeu nossos filhos — fala
acariciando meus cabelos e o meu corpo começa a tremer com os soluços.
Ele me abraça então eu sinto algo espetando o meu braço e meu
mundo começa a ficar preto e eu sou levada para a escuridão.
Capítulo 32
CARINA
Estou sentada debaixo de uma árvore, posando para Ethan que está
me desenhando em seu caderno. Ele tem um sorrisinho ao ver que escondido,
eu enfiei um morango na minha boca, tentando manter o sorriso para o
desenho.
— Você sabe que eu vi o morango, né? — pergunta divertido e eu lhe
dou língua.
— Eu estou com fome, Ethan — reclamo e ele revira os olhos azuis.
— Eu já terminei, vem ver.
Eu corro para ele e quase caio em cima dele ao ver que ele me
desenhou perfeitamente, sorrindo olhando para um pote de morango, em vez
de para ele. O desenho ainda estava só no lápis e ele me prometeu fazer meus
cabelos coloridos como da última vez. Nos sentamos debaixo da árvore e eu
lembro que Isis está doente e não pode vir com a gente.
— Ethan nós vamos nos casar quando crescer? — pergunto curiosa.
— Eu não sei, você precisa de um menino que te ame mais que tudo
no mundo, que sempre te faça sorrir que seu coração bata endoidado, igual
a... o de um beija-flor.
Olho para a grama e penso se sinto tudo isso por Ethan, mas não
tenho a resposta. Mas o que uma menina de nove anos pode saber sobre o
amor? Eu nunca o tive pelos meus pais.
— Eu te amo, Ethan — falo olhando para a cesta de morangos, pois é
verdade, eu o amo.
— Eu também te amo, Carina, mais rápido que uma raposa e maior
que a lua.
Eu sorrio para ele e voltamos a ficar olhando o horizonte.
— Mas eu tenho medo — ele fala com a voz aflita.
— De que?
— Eu não gosto dessa escola que papai me colocou. Não quero ser
treinado como um soldado. Eu quero viajar pelo mundo com você e Isis.
Pintar milhões de quadros e tirar muitas fotos.
— E por que você não faz isso? Eu nunca viajei, mas amaria.
— Por que motivo você não pinta os cabelos coloridos com tinta em
vez de canetinhas que saem toda vez que você lava a cabeça?
— Porque meus pais não deixam — murmuro arrancando a grama do
chão.
— Meus pais também não querem me deixar sair. Eu tenho medo por
Isis, ela quer fazer parte disso, mas eu não quero que ela fique fria como as
pessoas de lá. Me promete que vai sempre cuidar de Isis?
— Eu prometo, Ethan.
— Carina, acorde. Baby, acorde. — Eu escuto a voz de Jace e me
lembro dos fatos. Ethan está morto. Eu matei alguém.
— Ethan — eu murmuro tentando voltar à lembrança. Eu sinto tanta
saudade dele.
— Carina, baby. Volte pra mim.
Abro meus olhos e a primeira coisa que vejo são os olhos cinza de
Jace. Ele acaricia meu rosto e as lágrimas começam a cair. Eu sou uma
assassina. Jace não vai me querer. Desvio meu olhar do seu e foco no nosso
quarto. Como chegamos aqui? Então tudo volta, eu matando Hunter. Um
soluço escapa da minha boca e meu corpo começa a tremer.
— Eu sou uma assassina.
— Você salvou os nossos bebês. Você vai superar isso, pequena.
Hunter não era uma boa pessoa — ele diz acariciando meus cabelos. — Eu te
amo e estou com você.
— E-eu sou uma pe-pessoa horrível. Eu matei alguém. Você não deve
me amar mais — falo entre os soluços apertando Jace contra mim.
— Claro que eu amo, você é a melhor pessoa que já conheci. Vai doer
agora, mas você irá superar... eu superei.
Jace mata pessoas. Jace é como eu, um assassino.
— Você mata pessoas — murmuro olhando para o chão. Eu sabia que
ele matava pessoas malvadas, mas isso agora bate em mim fortemente.
Ele fica em silêncio por um momento, suspira então fala.
— Sim, eu mato pessoas. Pessoas essas que são ruins e que fazem mal
aos outros. Pessoas que tiram a vida de inocentes, pessoas que merecem esse
destino.
Meus olhos sobem para os seus. E ele continua a falar.
— Você matou um homem que só fez mal enquanto viveu. Se você
não tivesse o matado ele teria feito coisas horríveis com você e com nossos
bebês. — Acaricia minha barriga com uma mão e com a outra seca as
lágrimas que continuam a cair. — Você é uma heroína.
Eu protegi os meus bebês. Eu fiz a coisa certa. Toco minha barriga ao
lado de sua mão e então acontece algo que nos surpreende. Os bebês chutam.
Pela primeira vez eles chutam e foram ao mesmo tempo me causando uma
sensação estranha e engraçada ao mesmo tempo. É como se eles dissessem
que eu fiz o certo em me defender de Hunter. Eu os salvei de serem mortos
antes mesmo de nascerem. Jace olha para mim com os olhos arregalados e
marejados.
— Você sentiu? Foram os dois? — sussurra emocionado para mim,
eu aceno sem conseguir falar e ele se abaixa beijando minha barriga.
— Sim — sussurro de volta e lhe dou um pequeno sorriso. — Eu te
amo muito.
— Eu amo vocês. Fico muito feliz que você os protegeu. Serei sempre
grato — fala aproximando os lábios do meu em um beijo rápido.
Ficamos assim, calados, pelo que pareceram horas, até meu estômago
roncar. Lembro que a última coisa que comi foi um cachorro-quente, antes de
ser sequestrada.
— Vamos tomar um banho e comer algo. Você dormiu por quase
doze horas — Jace diz me ajudando a levantar, não que eu precise minha
barriga ainda não está imensa.
Ele retira as minhas e suas roupas e liga a água, então entramos. Fico
abraçada com Jace enquanto a água quente cai em minhas costas. É uma
sensação incrível. Jace me ajuda a me lavar e então eu faço o mesmo por ele,
mesmo usando só uma mão, já que a outra está com um curativo pelo corte.
Seu pau está duro, mas Jace não me deixa tocá-lo, assim, só ficamos
agarrados gratos por meus bebês e eu estarmos bem.
— Você fez xixi aqui? — Jace pergunta e minha boca cai aberta.
— Claro que não!
— A água está mais quente — ele diz calmamente e eu lhe dou um
soco com toda a minha força.
— Eu não fiz xixi — grito e ele começa a rir. É uma visão magnífica,
um Jace nu, ereto e rindo com seu pau balançando. — E mesmo se eu tivesse
feito, eu estou GRÁ-VI-DA.
Ele olha para mim tentando segurar o riso e me abraça quando
percebe que eu estou com raiva. Eu não fiz xixi no box!
— Tudo bem, pequena. Eu acredito — ele diz e eu olho cerrado para
ele para ver se ele está dizendo a verdade, mas o desgraçado está segurando o
riso. Sem me importar eu mordo o seu peito com força. — Meu Deus, Carina
— ele grita e eu rio me afastando vendo a marca dos meus dentes envolta do
seu mamilo.
Olho para baixo e lambo os lábios, seu pau está ainda mais duro e
babando na ponta.
— Quem está molhando o banheiro agora? — caçoo e ele olha para
seu pau e sorri orgulhoso.
— É só olhar para você que meu pau fica duro e babando.
— Humm — digo com desdém e antes que ele pegue a minha mão,
passo pela sua cabeça e meu dedo fica com seu pré-sêmen, que eu levo a
boca e chupo.
Nesse momento eu não me sinto suja, uma assassina. Nesse momento,
neste banheiro somos só Carina e Jace.
— Carina — adverte, mas sua voz está grossa e cheia de desejo.
Me sento no banco que tem no box e Jace me olha.
— Vem aqui, baby — digo com a minha voz mais doce.
Jace levanta uma sobrancelha.
— Pra que? — ele pergunta, mas seus olhos estão na minha boceta.
Abro mais para ele ter uma visão melhor. Minha barriga está grande, mas
nem tanto. Ainda consigo ser sexy.
— Por favor. — Faço um biquinho e ele chega perto lentamente.
Seu pau para a alguns centímetros do meu rosto e o olhar de Jace é
intenso. Sem falar nada me inclino para frente e o tomo na boca, o puxando
pela bunda para ficar mais perto de mim. Durante esses dois anos eu me
aprimorei na arte do boquete, Jace diz que sou ‘’uma garganta profunda
natural’’ o que eu acho escroto e quero bater nele sempre que diz isso. Eu o
tomo quase todo, mas ele é muito grande. O acaricio com uma mão enquanto
a outra eu desço para a minha vagina e me toco.
Meus olhos vão nos de Jace e ele segue a minha mão e geme alto
quando vê eu me tocando.
— Pequena, eu não vou durar muito.
— Nem eu — digo voltando a tomá-lo com meus olhos nunca
deixando os seus.
Em poucos minutos nós dois nos entregamos a paixão. Terminamos o
banho e saímos do banheiro mais felizes que entramos. Jace faz um novo
curativo na minha mão. Visto um top de academia e uma calça legging,
ambos pretos.
— Pequena, coloque pelo menos uma meia. Está nevando lá fora.
— O aquecedor está ligado — resmungo, mas coloco um par de
meias. Jace seca meus cabelos, pois ele tem medo de que eu pegue um
resfriado. — Vamos logo comer algo que estou faminta.
Paro na sala e olho para todos os meus amigos sentados ali. Isis seca
os olhos e se levanta para me abraçar apertado, sua barriga, que ainda não
aparece nenhum pouco.
— Estava tão preocupada — ela diz fungando, quando se afasta um
pouco seca os olhos e bufa. — Já percebeu que eu virei uma chorona?
— Sim, mas você pode culpar a gravidez — falo e ela sorri.
— Estou tão feliz que você está bem. — Acaricia meu rosto. Minha
garganta aperta ao me lembrar de todo o terror que passei.
— Estou bem graças a você — digo acariciando minha barriga. —
Nós três estamos.
Mais lágrimas caem dos olhos de Isis.
— E você me achava estranha por ter facas nos meus sapatos — ela
brinca e eu bufo uma risada.
Elena se aproxima e me abraça apertado.
— Estava com muito medo, clorofila — ela diz e eu lhe dou um
tapinha na bunda.
— Estou bem.
— Só pra saber, tem facas nos meus sapatos também? — Elena
pergunta e Isis finge que não ouviu.
Miguel é o próximo a me abraçar e pede desculpa por não ter me
protegido. Não foi culpa dele, e ele sabe disso.
— Eu devia ter ficado com você todos os momentos.
— Você brilha demais para ser uma sombra — brinco e ele bufa uma
pequena risada.
— Verdade, todas as mulheres iriam me entregar por ficar olhando
tanto pra minha beleza.
— Metido. — Ester finge que espirra. Ela pisca para mim e me
abraça. — Estou tão contente de você estar bem.
Eu sorrio para ela, realmente ninguém acreditava que esse romance
deles ia durar. Mas só de olhar para eles dá para ver o amor que Miguel sente
por ela. Damien se aproxima e me abraça me surpreendendo.
— Quase me deixou de cabelos brancos de preocupação — ele diz e
eu sorrio.
— Admita que você sentiria minha falta e aí não teria ninguém para
encher o seu saco e de Elena — brinco e ele pisca.
— Faço minhas as palavras do meu irmão. Estávamos todos muito
preocupados — Dominic diz me abraçando.
— Eu sei que todos me amam. — Jogo meus cabelos para trás e Jace
dá uma risada.
— Vou buscar algo pra você comer.
Aceno e ele me beija antes de caminhar para a cozinha. Me sento no
sofá e todos fazem o mesmo. Acaricio minha barriga e lembro.
— Os bebês chutaram ainda agora, foi muito bizarro — falo e Isis me
olha com os olhos arregalados.
— Os dois ao mesmo tempo?
— Sim, um onde estava a mão do Jace e outro onde estava a minha.
— Isis toca a sua barriga seca.
— Deu até saudade de sentir Dante chutando.
— Logo esse bebê crescerá e chutará também — Dominic fala dando
um beijo no seu ombro e se levanta. — Vou ver por que Valentina está
demorando no banheiro.
— Valentina está aqui? E Eric? Eles vão adorar sentir os bebês
chutando — falo e o rosto de Dominic cai um pouco.
— Eric foi embora ontem, sua mãe se suicidou e seu pai o obrigou a
voltar para o enterro. Valentina está arrasada.
— Poxa. — Fico triste, parte meu coração que ele esteja passando por
isso. Tão novo perder a mãe.
Isis aperta a minha mão.
— Ele estará de volta para o casamento de Elena e ficará uma semana.
— Enquanto vocês falam eu vou buscá-la. — Dominic sai e eu olho
para Elena que olha para a aliança no seu dedo como se fosse um monstro e
vejo que Damien olha para ela com pena.
— Então Damien, me conte dos seus irmãos — falo tentando
desesperadamente mudar de assunto.
— Lorenzo tem vinte e dois anos e Luca dezenove. Lorenzo é mais
fechado como eu e Luca ainda é um menino que gosta de diversão.
— Falou ‘’O insaciável’’ — Elena resmunga e Damien a encara
firmemente fazendo ela desviar o olhar. — Como eles estão, a última vez que
os vi devia ter oito ou nove anos — ela diz tentando amenizar o clima.
— Elena, eu tenho esse título muito antes de sonhar em me casar com
você — Damien diz frio.
— Só estou curiosa se o terá depois do casamento — ela responde
com desprezo, sem fraquejar ou hesitar. Ambos entram em uma batalha de
olhar, só que dessa vez Elena não desvia.
Valentina entra na sala com cara feia e Dominic também, ela se senta
no meu lado e me dá um beijo.
— Estou muito feliz de você e os meus priminhos estarem bem — ela
diz beijando a minha barriga.
— Obrigada, meu amor. Os bebês chutaram hoje — digo e ela sorri
colocando as duas mãozinhas na minha barriga.
— Sério? Muito legal. Eric iria querer ver — ela diz então pega um
iphone rosa do seu short. — Posso gravar quando o bebê se mexer?
— Que celular é esse, Valentina? — Isis pergunta e Dominic bufa.
— Você acredita que Eric deu à Valentina e não falou nada conosco!
Peguei ela conversando com ele no banheiro.
Valentina bufa.
— Fick[2].
Damien se engasga e olha para Valentina com os olhos arregalados
como todos nós. Tudo bem que às vezes ela xinga em italiano imitando seu
pai e Isis, mas em alemão já é demais. Uma menina de cinco anos não deve
xingar tanto.
— Valentina, o que falamos sobre xingar? — Dominic pergunta
calmamente e a menina olha para baixo.
— Papà, mi dispiace — ela se desculpa em italiano com uma voz tão
doce que eu solto um ‘’Ownnn’’ alto.
— Você é muito fofa — Damien diz balançando a cabeça para ela.
Foi a coisa mais gentil que já ouvi ele dizer.
— Eric precisa de mim, papai. O pai dele o obrigou a ir ao enterro da
sua mamãe. Ele disse que não importava se ele estava lá ou não, sua mãe vai
pro inferno do mesmo jeito! — Valentina fala calmamente e meus olhos se
arregalam.
— O quê? — eu exclamo assustada, mas Isis nega com a cabeça,
sinalizando que irá contar depois. Ninguém diz nada, absolutamente nada,
sobre isso.
Jace entra na sala com uma bandeja cheia de aperitivos, e eu sou a
primeira a pegar meu sanduíche. Já posso usar a desculpa que estou
carregando dois bebês e preciso comer em triplo.
— Se xingar mais uma vez ficará de castigo — Isis impõe séria e
Valentina cruza os braços.
— Mas vocês xingam! — Ela encara com o narizinho franzido. Eu
estou me segurando para não a agarrar e beijá-la.
— Mas você é uma criança e crianças não xingam, é feio — Elena a
repreende e Valentina volta a sua atenção para ela.
— Eu ouvi você pedindo à mamãe palavras ofensiva em português
para chamar tio Damien quando ele não tá olhando. — Elena fica com as
bochechas vermelhas e arregala os olhos para Isis.
— Não sei do que você está falando.
— Mamãe te ensinou a palavra despacho, que é como você fala do tio
Damien — Valentina fala calmamente e eu explodo em gargalhadas caindo
pra trás do sofá.
Lágrimas de riso saem dos meus olhos e pioram quando eu vejo Elena
mais que vermelha e Damien serrando a mandíbula.
— O que é um despacho? — Damien pergunta sério ainda a
encarando. — Não estou familiarizado[ML15] com essa palavra.
Dominic limpa a garganta e ele também está escondendo um sorriso,
já Jace está caído ao meu lado rindo. Ele entendeu.
— Um despacho é uma oferenda a Exu, para fazer mal ou não aos
outros — Dominic diz e Isis explode em gargalhadas comigo.
— No Brasil quando o homem é mal a gente diz ‘’chuta que é
macumba’’.
Eu tive que cruzar minhas pernas para não fazer xixi de tanto rir e aí
sim ter que ouvir novamente Jace me acusar. Meus amigos sabiam como
distrair alguém.
Quando finalmente me acalmo Damien ainda está olhando para Elena.
— Você me considera um despacho? — ele diz com humor, e ri com
ironia deixando claro seu ponto de vista de quem é o despacho de quem. Os
olhos de Elena se enchem de água e ela se levanta indo para o banheiro.
Isis fuzila Damien com os olhos.
— Era uma brincadeira nossa de saber gírias e memes brasileiros! Se
é assim então ela também te chamou de ‘’boy magia’’, ‘’Filé’’, ‘’Friboi’’,
‘’Crush’’, ‘’Pão’’ e muitas outras coisas que são mais que positivas, ela não
estava sendo maldosa com você — Isis exclama irritada se levantando e indo
atrás de Elena.
— Já perceberam que sempre que estamos todos juntos acontece
algo? — Miguel pergunta e Ester dá um tapa nele, sem tirar os olhos do
celular. Miguel tenta puxá-la para um beijo, mas Ester se afasta.
— Preciso aprender essa matéria, Miguel.
Valentina olha feio para Damien.
— Tio, você tem que consistar tia Elena — Valentina diz e Jace ri ao
meu lado.
— Ela é muito fofa — Jace diz baixo para mim. — Conquistar,
Valentina.
— Foi isso que eu disse. — Ela olha novamente para Damien. —
Você tem que dar flores, bombom, mas tia Elena tem que dividir comigo
porque eu amoooooo chocolate.
Damien bufa uma risada para Valentina.
— Vou te dar um saco de doce se você ficar quietinha. — Ele sorri de
leve, mas sua intenção é clara. Calar Valentina, antes que Elena volte.
Elena volta a sala com um top prata e minha bota preta 7/8. Seu jeans
é apertado marcando todo o seu corpo. Ela está um arraso.
— Clorofila, peguei emprestado, depois te devolvo — diz apressada e
sai desfilando. A boca de Damien cai aberta literalmente.
— A onde você está indo vestida assim? — Damien pergunta em pé a
olhando com raiva enquanto Elena o ignora colocando um sobretudo branco e
o deixando aberto.
— Achei que Dominic já tinha te contado que essa manhã aceitei sair
com meus pretendentes, não sei você, mas eu não sou um despacho para os
outros. Falando nisso manda um beijo pra Angel e manda ela agradecer os
chefões por todas as lingeries que recebi. — Ela manda um beijo para ele e
sai desfilando.
O olhar de Damien se volta para Dominic que o encara surpreso por
sua explosão.
— Que porra é essa? — ele grunhe e Isis leva Valentina para cozinha.
Ester as segue, mas eu quero ver a confusão.
— Que porra é essa digo eu. Você falou que seria discreto, mas ontem
estava nos sites de fofocas, fotos suas entrando num hotel com uma das
Angels da Victoria Secret.
— Nós não estamos casados ainda — Damien resmunga.
— Que bom que você pensa assim. Há uma semana Elena está
tentando convencer vovô a deixá-la escolher seu noivo. Então ontem graças a
sua burrada vovô aceitou deixá-la ter encontros.
— Esse não era o combinado — Damien acusa.
— Com certeza não era, não era o combinado fazer Elena chorar —
Jace se mete e Damien dá um passo para trás como se tivesse levado um
soco.
— Não sabia que teria paparazzi — finalmente diz.
— Não é só isso. Às vezes você não volta para casa ou chega muito
tarde e com perfume de mulher, você pode pensar que não, mas ela percebe.
Como seria com você, se você fosse obrigado a se casar arranjado e ainda por
cima sua companheira não fosse fiel? — Dominic conta passando a mão pelo
cabelo.
— Elena terá a escolha no final? — Damien pergunta.
Miguel está calado só observando, na certa para contar tudo para
Elena depois.
— Veremos se ela está certa sobre o caráter do escolhido — Dominic
diz.
— Com quem ela está almoçando?
— Um embargador, trinta e dois anos — Jace fala sem citar nomes,
suspeito que para Damien não ir atrás do cara. — Depois será um consigliere
de trinta e cinco e por último um magnata árabe com quem vendemos nossas
coisas, ele tem quarenta e dois.
Todos ficamos em silêncio e até Dominic dizer.
— De cem pretendentes, só eles tinham a ficha totalmente limpa, mas
não os conheço para entregar a mão de minha irmã.
— Elena é esperta, escolherá o melhor para o futuro dela, mesmo se
ele for você — Miguel fala e assim ficamos.
Eu vou para a cozinha e Isis está lá.
— Valentina vai lá com seu papai para ligar para seu avô e ver como
Dante está — Isis diz e Valentina corre para fora. Vô Raffaelo ama seu
bisneto e adora ficar com ele, então quando Isis e Dominic precisam sair
ambos sempre perguntam para ele se quer ficar um pouquinho com o neto.
— Vai me contar agora o que foi aquela coisa de inferno que
Valentina falou? — pergunto curiosa me sentando.
— A mãe de Eric era uma mulher desequilibrada — Isis suspira. —
Ela tentou matar Eric afogado na banheira com cinco anos. A sorte é que seu
irmão mais novo entrou no banheiro e começou a chorar. O pai de Eric entrou
e viu a cena e internou a mulher, ela era um risco às crianças. O pior é que
Eric se lembra. — Tampo minha boca com a bile subindo, como uma mãe
pode fazer uma crueldade com uma criança, com seu próprio filho.
— Meu Deus — murmuro secando as lágrimas que começam a sair
ao imaginar o que o pequenino passou.
— E não é só isso — Isis fala se aproximando de mim, falando baixo.
— Eric nos últimos anos apresentou vários transtornos, bipolaridade,
depressão e é violento às vezes. Ele é uma bagunça emocional, mas parece
que estar com Valentina trás o melhor dele, até seu pai notou, quando falava
com ele por vídeo e ligações. Mas...
— Mas você teme por Valentina — completo seus pensamentos.
— Sim, não quero que minha menininha saia machucada. — Ela se
levanta e voltamos para a sala.
Encolho-me nos braços de Jace e deixo o sono me levar, antes de
dormir fico imaginando a carinha dos meus bebezinhos. Imaginando se serei
uma boa mãe. Se eles me amarão. Se finalmente terei meu felizes para
sempre com Jace.
Capítulo 33
JACE
Olho-me por uma última vez ajeitando a gravata, estou muito ansioso
para ter Carina em meus braços como minha mulher. Alguém bate na porta e
entram Dominic, Damien, Vô Raffaelo e meu pai.
— É melhor corrermos para nossos lugares antes que Carina tenha um
troço — Damien diz, mas está divertido.
— Isis já me mandou milhões de mensagens — Dominic fala e eu o
olho com raiva. Finalmente os dois conseguiram se vingar de Carina e eu.
Eles mandaram fotos de nós nos vestindo. — A vingança é doce — ele
murmura e eu sorrio sacana para ele.
— Pelo menos não fui eu que fiquei olhando fotos de Isis pelada na
frente do padre.
Os outros homens na sala trocam sorrisinhos, enquanto Dominic me
encara zangado e depois abre um sorriso.
— Eu gosto desse pecado. — Dá de ombros.
— Eu só vim dizer que estou orgulhoso de você Jace — Vô Raffaelo
fala me dando um abraço e um tapinha nas costas, ele parece emocionado. —
Agora vou buscar sua noiva antes que ela ‘’sambe na minha cara com seus
saltos’’ — ele cita uma das muitas frases de Carina e eu rio.
Miguel entra na sala para me cumprimentar e apressar a todos para
começar a entrada do noivo e dos padrinhos. Dominic e Damien batem no
meu ombro me deixando sozinho com meu pai.
— Você pode não acreditar, mas eu estou orgulhoso do homem que
você se tornou — ele diz e seca uma lágrima antes de cair. — Aqui, era da
sua mãe.
Ele me entrega uma caixa e eu abro. Dentro estava um álbum de
fotos, dela grávida. Pequenos pensamentos e textos dela escritos a mão em
cada página. Ela narrou seus pensamentos da gravidez inteira.
— Ela te chamava de doce mafioso. Ela sabia que você seguiria meus
passos no futuro.
Eu seco uma lágrima que cai e o puxo para um abraço. O primeiro
abraço que dou e recebo de meu pai.
— Eu te amo filho e espero que um dia você possa me perdoar.
— Estou chegando lá... pai. — Dou um pequeno sorriso e ele faz o
mesmo.
CARINA
Sorrio emocionada olhando o vestido dos meus sonhos, estou me
sentindo uma sereia! Eu queria um vestido totalmente diferente dos demais, e
com a ajuda de Elena conseguimos encontrar e reformar o vestido para ficar
totalmente do meu jeito. O corpete era apertado deixando meus peitos bem
empinados e alegres, rodeados de pequenos diamantes. Eu escolhi uma calda
estilo sereia, só que aberto na frente, sim Jace irá pirar. Ainda mais com os
diamantes que mandei espalhar pela saia para que quando o sol bata reflita
em todos. Como eu escolhi me casar na praia preferi ficar descalça e com
uma tornozeleira que ganhei de Jace assim que escolhi o local do casamento.
Ele sabia que seria impossível para mim usar saltos na areia. Mas se eu
quisesse ele mandaria fazer uma entrada de madeira para mim.
Meus cabelos cresceram bastante nesses meses e agora não tenho
mais franja e meus cabelos estão castanhos claros, pelas mechas que eu fiz.
Minha maquiagem é basicamente prateada, mas eu mandei a maquiadora —
quase tive que bater nela — colocar sombra brilhosa azul e roxo na minha
têmpora para eu brilhar mais ainda. Minhas unhas estavam em um degradê
brilhoso de roxo e azul como minha maquiagem. Essas cores dizem muito
sobre Jace e eu. Me viro no espelho e sorrio grande. Depois dos bebês eu
peguei pesado na malhação e agora eu tenho um leve tanquinho e uma bunda
de dar inveja. O que estraga um pouco são as estrias e o corte na barriga que
eu ainda morro de vergonha. É pequeno e Jace não se importa, mas eu sim.
Me lembro de quando fiz um mês do resguardo e finalmente teria
minha noite com Jace. Nós estávamos muito ansiosos. Elena, Ester e Isis
ficariam com os bebês. Isis estava de nove meses e decidiu fazer uma festa do
pijama já que em três dias iria fazer uma cesariana. Eu estava pela primeira
vez não me sentindo poderosa, bela e confiante, a cicatriz no meu ventre era
pequena, mas estava avermelhada e um pouco inchada. Lorena disse que em
poucos meses seria uma simples linha que eu mal notaria. Mas eu me sinto
imperfeita. Tenho estrias — não muitas, graças a Deus — mas ainda assim eu
as tenho. Nessa época eu ainda estava inchada e ainda não tinha começado a
malhar, então tinha celulites e me sentia como a Fiona.
A porta se abriu e Jace entrou já retirando as roupas e me olhando
com desejo. Minhas mãos começam a suar. Jace fica nu e ereto na minha
frente, e vem caminhando até a mim.
— Pequena, fique nua. Eu esperei esse dia por semanas. — Ele parou
na minha frente e levantou meu queixo acariciando meu rosto. — Meu pau
vai cair se eu ficar mais um dia sem sentir meu pau envolto da sua bocetinha.
Meu rosto corou imaginando-o dentro de mim. Mordi o lábio
pensando sobre isso. Jace levantou meu vestido e o retirou de mim, suas
mãos foram para minhas costas, onde abriu o meu sutiã e o jogou longe,
fazendo o mesmo processo com a minha calcinha, então se afastou
observando meu corpo. Minhas mãos foram rapidamente para tampar a
cicatriz.
— Você está escondendo-a de mim? — perguntou incrédulo com as
sobrancelhas erguidas.
— Querido, eu estou horrível — suspiro. — Minha barriga está
flácida, eu tenho estrias, celulites e essa cicatriz.
Os olhos de Jace se estreitam.
— Você me acha horrível pelas minhas cicatrizes? — pergunta já
sabendo a resposta.
— Homens com cicatrizes são sexys — eu protesto e ele me dá um
tapa forte que estala na minha bunda. — Ai! Você é sexy com cicatrizes.
— Eu amo seu corpo assim. Pois foi aí que meus bebês estavam. Eu
amo a sua cicatriz, pois ela tem uma história linda e sempre irei sorrir ao vê-
la, pois através dela nossos bebês nasceram.
Ele seca as lágrimas que caem dos meus olhos.
— Eu te amo — falo acariciando seu rosto.
— Eu também te amo.
No dia seguinte Elena me ligou animada falando que a bolsa de Isis
rompeu de madrugada, depois dela ter comido tacos apimentados. Eles já
estavam no hospital. Ao chegarmos lá tivemos que esperar quatro horas, pois
Isis teve Dimitri em parto normal, Dante estava ficando impaciente e a única
coisa que nos acalmava eram seus carrinhos de corrida que Damien trouxe. E
mais uma vez nos surpreendemos quando fomos ao quarto, Dominic tinha
Dimitri no colo, de longe vimos os cabelos loiros dele. Quando me aproximei
eu ofeguei, ao contrário de Dante, Dimitri tinha uma mancha castanha em
baixo, ele também tinha heterocromia. Isis e eu pesquisamos sobre isso e as
chances eram quase nulas, tanto Dante quanto Dimitri ter, mesmo assim isso
aconteceu como se fosse hereditário.
— Amiga, que genes fortes você tem — eu falo indo a beijar. Isis
parece muito cansada, mas tem um sorriso contagiante no rosto.
— Mama — Dante chama, há pouco tempo ele começou a andar e a
falar poucas palavras, entre elas temos: mama; papa; dimi; bala... sim, ele
falou bala antes de falar titia.
— Ele é tão lindo — Valentina falou olhando para o bebê e depois
corre para Isis. Pego Dante no colo colocando-o ao lado de Isis que o abraça
e beija seu cabelo. — Mamãe eu posso pegar Dimi no colo?
— Colo — Dante repete e ri.
— Nosso irmãozinho chegou, Dante! — Valentina exclamou
animada.
Ficamos mais um pouco com eles antes de irmos para a casa. Eu digo
obrigada a Elena e Ester por terem ficado com os bebês e elas cochicham
comigo, perguntando sobre a minha noite e eu sorrio para elas. Jace me tratou
tão bem que eu até esqueci que estava horrível.
SINOPSE:
Elena Raffaelo não tem mais saída. Quando percebe que não terá
outra opção, cai nos braços de Damien Loschiavo, seu primo. Mas não
contava que ele seria um homem vil e bruto, muito menos que iria se
apaixonar perdidamente por ele.
Damien Loschiavo se vê ganhando ao se casar com Elena, pois
fortifica os laços com seu meio-irmão Dominic Raffaelo, assume a máfia
italiana, e de quebra ainda ganha uma esposa linda e de fachada.
Damien não acredita no amor, e Elena está disposta a mostrar que ele
é real. Só não esperava que seria tão difícil, Damien não é um príncipe
encantado, ele é um bruto mafioso.
Damien a deseja, e tudo que ele deseja. Ele toma.
[1]
Fique quieta, em italiano
[2]
Porra, em italiano.