Comportamento Criativo e Resolução de Problemas - Estudo Exploratório Dos Efeitos Do Reforçamento Do Variar em Respostas Precorrentes
Comportamento Criativo e Resolução de Problemas - Estudo Exploratório Dos Efeitos Do Reforçamento Do Variar em Respostas Precorrentes
Comportamento Criativo e Resolução de Problemas - Estudo Exploratório Dos Efeitos Do Reforçamento Do Variar em Respostas Precorrentes
EM RESPOSTAS PRECORRENTES
ANÁLISE DO COMPORTAMENTO
SÃO PAULO
2016
0
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
EM RESPOSTAS PRECORRENTES
ANÁLISE DO COMPORTAMENTO
SÃO PAULO
2016
1
Banca examinadora
__________________________________________________
PUC-SP
__________________________________________________
PUC-SP
__________________________________________________
UEL
2
“Reforçamento positivo tem um efeito fortalecedor não somente sobre
o comportamento do indivíduo mas também sobre a cultura, por criar
um mundo do qual as pessoas não estão propensas a desertar e que
estão suscetíveis a defender, incentivar e melhorar. Todos aqueles que
agem para construir o mundo físico mais belo – os ecologistas
preocupados com a beleza natural e os artistas, músicos, arquitetos, e
outros que criam coisas belas – todos aumentam as chances de que
viver no mundo será positivamente reforçado. Poder-se-ia dizer que
aqueles que usam a modificação de comportamento, adequadamente
definida, estão interessados em preservar e estimular a beleza do
ambiente social – ou, para citar uma frase de uma cultura que está
desaparecendo, criar pessoas mais belas”.
3
Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial
desta dissertação por processos fotocopiadores ou eletrônicos.
0
Agradecimentos
Esse trabalho é produto de muitas interações com meu ambiente social, e seria
difícil enumerar cada uma delas em algumas linhas. Apesar disso, algumas pessoas
participaram de maneira tão marcante no processo de elaboração da pesquisa a seguir
relatada que seria impossível não querer registrar aqui suas contribuições. Por essa razão,
agradeço:
À orientação cuidadosa, questionadora, ágil e, sobretudo entusiasta da Profª Drª
Nilza Micheletto, que forneceu todas as contingências necessárias para que eu pensasse os
aspectos teóricos, metodológicos e práticos na realização de meu trabalho.
Aos apontamentos precisos, fortalecedores e sensíveis da Profª Drª Paola Esposito
de Moraes Almeida e da Profª Drª Silvia Cristiane Murari, que gentilmente aceitaram
compor minha banca de qualificação e defesa, e cujas contribuições garantiram a boa
condução da pesquisa.
Ao acompanhamento full time da Profª Mª Maria Luisa Guedes, Ziza, que há algum
tempo cuida de minha formação como docente e pesquisador, da minha saúde física, e me
proporciona um comportamento crítico a respeito das possibilidades e limites da Análise
do Comportamento nos tempos atuais.
Ao grande incremento de meu repertório conceitual em Análise do Comportamento
possibilitado pela doce e divertida Profª Drª Paula Suzana Gioia, da qual tive a imensa
honra de ser monitor, junto aos parceiros Letícia Tiemi Monteiro e Marco Antônio Weje
Gonçalves.
Às contribuições dos doutorandos Paulo Eduardo da Silva e Mariana Ribeiro de
Souza que escreveram dois pareceres extremamente caprichados quando fiz meu exame de
qualificação.
Às aulas sempre tão interessantes, provocadoras, e principalmente transformadoras
do meu organismo dos meus professores no Mestrado: Profa. Dra. Nilza Micheletto, Profa.
Dra. Maria Eliza Mazzilli Pereira, Profa. Dra. Paula Suzana Gioia, Profa. Dra. Fani Eta
Korn Malerbi, Profa. Dra. Mônica Helena Tieppo Alves Gianfaldoni, Profa. Dra. Maria do
Carmo Guedes e Prof. Dr. Nicolau Kuckartz Pergher.
0
Às novidades do mundo da arte apresentadas a mim pelo Professor Rodrigo Naves
durante último ano de Mestrado, cujos conhecimentos produziram muitas reflexões a
respeito do diálogo entre o Behaviorismo Radical e a Arte.
À paciência, simpatia e generosidade dos professores da equipe de Psicologia
Comportamental em 2015, que me receberam e me trataram como um colega de trabalho
mesmo quando os vejo como meus eternos mestres da graduação.
À curiosidade e dedicação de muitos dos meus alunos em Psicologia
Comportamental II e IV do 2º semestre de 2015, responsáveis pela diferenciação do meu
comportamento de professor durante seis agradáveis e inesquecíveis meses.
Às discussões, horas de estudo, refeições juntos, festas, comemorações, desabafos,
empréstimos, caronas e às piadas no Barra de Esquiva, experiências proporcionadas pelos
parceiros do PEXP. Em especial aos que considero mais próximos: Arthur Nogueira,
Carlos Henrique, Deborah Almeida, Gabriela Lembo, Gabriella Abud, Glauce Rocha,
Letícia Monteiro, Louise Monteiro, Luiza Aranha, Luiza Vaz, Marcos Azoubel, Mariana
Siracusa, Mariana Souza, Nataly Nascimento, Paula Grandi, Paulo Eduardo, Thiago Del
Poço e Vitória Grídvia.
Às lições obtidas com as comissões organizadoras das edições 2016 e 2017 do
Curso de Verão em Análise do Comportamento da PUC-SP.
À colaboração dos participantes da minha pesquisa.
À compreensão inestimável de Camila, Dindara e Keila durante esses dois anos de
muitos encontros desmarcados.
Ao apoio e ajuda indescritíveis, de maneira sempre tão divertida e carinhosa, da
minha querida prima Thais. Eu estou certo de que, sem saber disso, você foi uma ótima
analista do comportamento planejando contingências estreitas de reforçamento positivo
para o meu comportamento de trabalhar nesses últimos meses.
À minha mãe, Irenilde, pela amizade e delicadeza, por fornecer as preciosas
condições sob as quais posso me dedicar aos estudos sem grandes preocupações, pela
compreensão em relação à minha indisponibilidade nesses dois anos de Mestrado, pela
prontidão quando pedi ajuda, e pela confiança em meu trabalho.
Ao financiamento dessa pesquisa, realizado parcialmente pela CAPES e pelo
CNPq.
1
Leite, E. F. da C. (2016). Comportamento criativo e resolução de problemas: estudo
exploratório dos efeitos do reforçamento do variar em respostas precorrentes.
(Dissertação de Mestrado). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo.
Resumo
a resposta solução e suas consequências não são previamente conhecidas parecem estar
(Ñ VAR) e à contingência VAR PRE, ambas precedidas e seguidas por sessões de teste
(T1, T2, T3) nas quais houve reforçamento apenas por solução de problemas.
conclusivos, ora mostrando maior eficácia em VAR PRE, ora em Ñ VAR, o que sugere um
efeito de ordem que favorece a segunda condição apresentada. Os resultados não puderam
0
Leite, E. F. da C. (2016). Creative behavior and problem solving: exploratory study of the
effects of reinforcement of varying on precurrent responses.
(Dissertação de Mestrado). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo.
Abstract
Skinner's (1953; 1969; 1974, 1974) analysis of problem-solving behavior emphasizes the
solution response and its consequences are not previously known seem to be involved in
interested in creative behavior gave little emphasis to precurrent responses. The present
study evaluated the effects of reinforcement with contingent points to varying in precurrent
responses (VAR PRE) on the solution of problems involving the composition of figures.
reinforcement of any formed compositions (Ñ VAR) and to the VAR PRE contingency,
both preceded and followed by test sessions (T1, T2, T3) in which there was only
reinforcement for problem solving. Especially for the participants exposed to the order of
conditions Ñ VAR-VAR PRE, the results showed greater effectiveness on problem solving
in VAR PRE condition than the condition Ñ VAR. In the reverse order of conditions the
results are less conclusive, sometimes showing greater efficacy in VAR PRE, sometimes in
Ñ VAR, which suggests an order effect that favors the second condition presented. The
results could not be attributed to differences in the behavioral variability produced by the
conditions, and the different measures of variability induce to different conclusions. The
effects of the amount of exposure to the experimental task, the experimental history, and
the requirement of new behavior by the contingency of problem solving were discussed.
1
Sumário
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Lista de Figuras
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Figura 6. Diagrama ilustrativo do critério para reforçamento sob o esquema Lag2 na
condição VAR PRE. Cada coluna corresponde a uma tentativa e cada linha a uma
dimensão de estímulos dentro da tentativa. As setas de menor espessura representam as
respostas de clicar do participante e o sinal “+” à direita representa a ocorrência de
reforçamento com ponto. ........................................................................................ 68
Figura 8. Duração e número de tentativas por fase experimental realizada com os parti-
cipantes P1 a P12. ................................................................................................. 80
Figura 9. Duração e número de tentativas por composição correta em cada fase experi-
mental realizada com os participantes P1 a P12. .................................................. 85
Figura 10. Proporções entre composições corretas formadas em menos tentativas (coluna
esquerda) e duração de tempo (coluna direita) do que a média em T1 e total de composições
corretas formadas pelos participantes P1 a P12 em cada fase experimental. ............... 88
Figura 13. Distribuição das ocorrências de cada uma das 64 composições, em cada uma
das fases experimentais realizadas com os participantes P1 a P6. Cada coluna corres -
ponde a um participante, e cada linha a uma Fase. ................................................ 98
Figura 14. Distribuição das ocorrências de cada uma das 64 composições, em cada uma
das fases experimentais realizadas com os participantes P7 a P12. Cada coluna corres -
ponde a um participante, e cada linha a uma Fase. ................................................ 99
1
Figura 15. Exemplos de padrões de repetições consecutivas de uma mesma composição
(destaque A), repetições com até três tentativas de intervalo de uma mesma composição
(destaque B) e alternância das mesmas composições (destaque C) em sessões de linha
de base (T1) cm os participantes P6 (Ñ VAR – VAR PRE) – quadro superior – e P8
(VAR PRE – Ñ VAR) – quadro inferior. Os marcadores pretos referem-se a
composições corretas quando foram reforçadas em sua primeira ocorrência e os
marcadores cinza escuro referem-se a repetições de composições corretas que não foram
reforçadas. ........................................................................................................... 108
Figura 16. Porcentagem de respostas dos participantes P1 a P12 aos quatro estímulos
Nas dimensões cor, forma e localização em cada fase experimental. ................. 114
Figura 17. Porcentagem de respostas dos participantes P1 a P12 às quatro posições (A,
B, C e D) nas quais os estímulos foram apresentados na tela do computador em cada
fase experimental. ............................................................................................... 120
Lista de Tabelas
Tabela 1. Características dos estudos experimentais do comportamento criativo: problema a ser resolvido
cuja resposta solução era explícita ou não explícita, variáveis dependentes e independentes, reforçamento de
respostas correntes e precorrentes novas ou variadas, identificação das respostas precorrentes,
resultados e utilização de procedimentos de validação social. ..................................................... 34
Tabela 2. Sequência de fases a que cada participante foi exposto. As siglas correspondem às quatro
condições, de Linha de Base (T1), testes (T2 e T3) ou experimentais: não variar (Ñ VAR) e variar respostas
precorrentes (VAR PRE). ................................................................................................... 64
Tabela 3. Contingências em vigor em cada fase experimental e número mínimo e máximo de pontos
disponíveis. ...................................................................................................................... 70
2
A possibilidade de estudo do comportamento criativo na obra de B. F. Skinner
comportamento criativo, e que, na busca por uma explicação mais completa, nenhum
comportamento criativo, muitas das críticas ainda se mantêm. Provavelmente isso ocorre
Uma cultura valoriza e recompensa os seus membros que fazem coisas úteis ou
interessantes, em parte chamando-os, e àquilo que fazem, de bons ou corretos. ...
Por exemplo, uma mulher tem um bebê. É seu bebê e nós a valorizamos por seu
feito. Os geneticistas, entretanto, nos dizem que ela não é responsável por nenhuma
das características da criança. Ela lhe deu metade de seus genes, mas recebeu
metade deles de seus próprios pai e mãe. ... Ao falar assim, porém, parece que
estamos tirando dela o mérito por dar à luz o bebê e, com certeza, destruímos seu
senso de valor. O paralelo operante não é tão simples. Um poeta "dá à luz" um
1
poema, no sentido de tê-lo escrito. É o seu poema. Os críticos, no entanto, poderão
apontar "influências" e, se conhecêssemos o suficiente sobre o que o poeta leu ou
fez, presumivelmente poderíamos explicar todo o poema. Isso parece invalidar
qualquer reconhecimento que o poeta tenha recebido dos outros e destrói seu senso
pessoal de valor. (p.30)
Psicologia e na cultura:
proposta determinista na qual as causas são buscadas nas variáveis do ambiente (público e
privado, mecânico e social, antecedente e subseqüente) que controlam o responder, seja ele
2
A principal vantagem da perspectiva determinista skinneriana em relação às demais
comportamentais:
Diferente do que pode ser suposto, tal postura não inviabiliza o estudo dos
ao mesmo tempo em que apela para uma mente criativa como iniciadora do
literatura como mentalismo ou internalismo (Skinner, 1974; Cameschi & Simonassi, 2005;
3
Tendemos a dizer, muitas vezes de modo precipitado, que se uma coisa segue a
outra, aquela foi provavelmente causada por esta – de acordo com o antigo
princípio segundo o qual post hoc, ergo propter hoc (depois disto, logo causado por
isto). ... Os sentimentos ocorrem no momento exato para funcionarem como causas
do comportamento, e têm sido referidos como tal há séculos. (Skinner, 1974/1976,
pp.10-11)
por Darwin em sua teoria da evolução das espécies1.A adoção desse modelo de causalidade
O modelo causal mecanicista, adotado pelo que Skinner chama de “Psicologia de estímulo-
resposta”, é inadequado para tal estudo. Isso foi expressamente discutido pelo autor:
1
Para uma exposição detalhada sobre as relações entre a proposta darwinista e skinneriana consultar Sério,
Micheletto & Andery (2007/2009) e Andery, Micheletto & Sério (2007/2009).
4
estímulos, estes poderiam ser novos, mas não o comportamento. O
condicionamento operante resolve o problema [da criatividade], mais ou menos
como a seleção natural resolveu problema semelhante na teoria da evolução.
(Skinner, 1974/1976, p.126)
determinação, esse sistema inclui o “acaso” uma vez que as variações podem ser
Um ponto que merece ser destacado é que as variações não ocorrem a partir de um
naqueles casos nos quais as variações são planejadas quanto nos que não são, a seleção
pelo reforçamento opera. Uma vez que o planejamento não caracteriza por definição o
mente criativa, nem pode ser atribuído a um sentido de gênio que diferencie aqueles que
“possuam mais energia criadora que os mortais comuns” (Skinner, 1974/1976, p.247). Na
O artista diante de uma tela em branco está em grande medida na mesma posição
que um escritor frente a um pedaço de papel em branco. O que será colocado nele, e
de onde isso vem? ... Há algumas respostas simples. Se o artista já colocou pinturas
na tela com sucesso, ele provavelmente está fazendo a mesma coisa novamente. Se
ele aprendeu a copiar coisas que são reforçadoras, ele pode converter essa tela em
5
branco em um objeto reforçador copiando algo que se provou reforçador em outro
lugar. Certamente é tentador copiar outras pinturas, mas quando as outras pinturas
foram pintadas por outros artistas, as cópias serão fonte de pouca satisfação ou
aprovação. É legitimado, entretanto, que artistas copiem a si mesmos. Apenas o
primeiro Picasso não foi derivado: todos os outros foram derivados dos Picassos
anteriores. O que nós chamamos uma pintura original ou criativa deve surgir por
outras razões. Nós devemos olhar para “mutações”. Muitas dessas são acidentais no
sentido de que elas surgem de condições que nós não podemos identificar agora nas
histórias genética e ambiental do artista e de detalhes imprevisíveis de seus métodos
de trabalho e condições. Nós talvez não gostemos de creditar qualquer aspecto de
um pintor bem-sucedido ao acaso, mas, se nós estamos dispostos a admitir que o
acaso tem uma contribuição, nós podemos adotar medidas para incentivar o acaso.
Mutações podem ser feitas mais prováveis por fazer o controle de um ambiente
menos acurado ou por encorajar perturbações. (pp.339-340)
Nesse trecho, Skinner destaca que, uma vez adotada uma visão determinista, o
comportamento criativo pode ser explicado com base nas consequências reforçadoras que
produz, ainda que nesse caso o critério de reforçamento envolva variações, ou “mutações”
nas palavras do próprio autor, e não mera repetição ou derivação. Apesar de as condições
nenhum planejamento seja necessário, também podem ser planejadas condições para
produzir comportamento criativo desde que estas sejam conhecidas. Elas podem ser ainda
vida esta que está fora do alcance de alguém que ensina, Skinner se opõe às noções que
6
Skinner (1970/1972) discute que o domínio de técnicas já conhecidas pode aumentar a
a ser criativos a partir das contingências não planejadas de sua história de condicionamento
7
Nada se ganha ao afirmar que o aluno se comporta de maneira criativa porque
possui algo chamado criatividade. Talvez se possa medir o traço, comparar pessoas
em relação a ele, e testar a presença de traços associados, mas não podemos alterar
a criatividade em si. Os que adotam esta abordagem ficam condenados a selecionar
em vez de ensinar. (p.170)
Considerado o que foi até aqui apresentado, podemos dizer que criatividade é um
das quais as pessoas costumam usar termos mentalistas difundidos no senso comum e que
termos mentalistas não são realizadas de maneira muito simples, uma vez que “talvez, não
haja equivalentes comportamentais exatos” (p.21) para tais termos. No caso de fenômenos
para sua descrição. Ao apontar alguns deles, especialmente a partir da obra de Skinner, não
8
se pretende esgotar as possibilidades de interpretação do que seja comportamento criativo
do ponto de vista da Análise do Comportamento, mas sim estudar uma parte delas.
Por vezes o próprio termo “criativo” é substituído por outros como “novo” e
seus textos sobre o tema. Apesar disso, a leitura de outros autores poderia levar-nos ao
comportamento “novo”, “original” e “criativo” (Winston & Baker, 1985; Bandini & De
Rose, 2006; Souza & Kubo, 2010), o que será abordado a seguir.
(Skinner, 1968, p.171), podemos dizer que o adjetivo “criativo” é comportamento verbal
comportamentos com os quais é comparado (Hunziker, 2006; Winston & Baker, 1985).
comportamento como sendo criativo ou original segundo Skinner (1968; 1970/1972), com
a qual muitos autores concordam (Winston & Baker, 1985; Cautilli, 2004; Cupertino &
Sampaio, 2004; Bandini & De Rose, 2006; Souza & Kubo, 2010; Murari & Henklain,
2013), é que para ser considerado criativo esse comportamento tem que ser
originais não podem ser diretamente ensinadas a alguém porque se forem conhecidas por
um indivíduo (o que ensina) não serão, por definição, consideradas criativas quando
9
Por definição, não se pode ensinar comportamento original, pois não seria original
se ensinado, mas podemos ensinar ao estudante a arranjar ambientes que
maximizem a probabilidade de que ocorram respostas originais. Pode aprender não
só a tirar proveito dos acidentes, seguindo o bem conhecido princípio de Pasteur,
como a produzi-los. (p.180)
Dessa forma, comportamento não pode ser criativo ou original se lhe falta o aspecto
a distinção entre os termos talvez seja útil. É possível gerar comportamento novo no
outro exemplo. Em todos esses casos a topografia aprendida já era conhecida pelo
professor antes de existir no repertório do aprendiz, não podendo ser criativa ou original no
comportamento precisa ser novo, mas nem todo comportamento que é novo é também
10
criativo ou original no sentido de que, para o ser, deve derivar de uma manipulação de não
estabelecida de variáveis que altere o ambiente de maneira a induzir respostas nunca antes
modelagem não planejada por outro indivíduo, ele certamente será mais original do que
aquele gerado por imitação e por controle verbal de instruções, segundo Skinner (1968) por
que:
repertório do indivíduo, podem diferir muito pouco de comportamentos que poderiam ter
sido ensinados diretamente por outras pessoas, já apresentados por outros indivíduos da
mesma comunidade. Um indivíduo que aprenda por modelagem oferecida pelo ambiente
natural a pedalar sobre uma bicicleta certamente está se comportando de uma maneira nova
se considerada sua história de vida, mas será muito pouco provável que seu
comportamento seja descrito como “criativo” ou “original” uma vez que outros já
11
parte da cultura. De onde poderão ter vindo, se não de uma mente criativa? ...
Novas respostas são geradas por arranjos acidentais de variáveis tão imprevisíveis
como os arranjos acidentais de moléculas ou genes. A descoberta científica e
literária e a invenção artística podem frequentemente ser atribuídas a uma espécie
de programação fortuita de contingências necessárias. (pp.179-180)
emissão da resposta verbal “criativo” pelos membros de uma comunidade nos permitem
(2002):
Não parece haver nos textos de Skinner uma posição definitiva em relação ao grau
original. Casos nos quais um comportamento é novo em relação a toda a humanidade são
mais facilmente descritos como tal, mas as instâncias particulares que não sejam tão
obviamente inéditas e nem obviamente clichês são particularmente difíceis de julgar como
Uma questão diferente, e que também precisa ser considerada, está relacionada ao
12
De que maneiras deve o comportamento ser livre, original e criativo? Nem todas as
idiossincrasias são úteis. Os delírios de um psicótico têm individualidade, mas nós
não a invejamos, um pesadelo é possivelmente [possibly] tão criativo quanto um
poema ou uma pintura, excêntricos e rebeldes não são sempre valiosos para si
mesmos ou para os outros;todas as culturas punem comportamento desviante. Ser
meramente diferente não é necessariamente valoroso. (p.171).
são reforçados pelos membros da comunidade a qual pertence o indivíduo, e o são por
terem valor reforçador para o comportamento dos mesmos. Apesar disso, não podemos
ignorar o fato de que a resposta verbal “criativo” também é evocada em situações nas quais
Embora a frase citada não aborde esse aspecto, poderíamos supor que a própria
desse comportamento, poderia ser responsável pela sua manutenção em uma cultura que
valoriza criatividade. O ponto fundamental para a presente argumentação é que nem todas
as formas de novidade são reforçadas e criatividade parece envolver aquelas que são
como condição sine qua non para o surgimento e manutenção do comportamento criativo.
Os estímulos de uma pintura que reforçam o comportamento de olhar para ela, e que, em
conjunto com a novidade, evocam a resposta verbal “criativo” não precisam corresponder
maneiras consideradas então criativas. Quer um comportamento novo seja valioso para
outros, quer seja prejudicial, consequências reforçadoras sempre serão responsáveis por
sua probabilidade de emissão. Não há razão para supor que um comportamento criativo
13
específico precise ser reforçado por uma comunidade para que se mantenha, e muitas
comportamento assim descrito. O segundo caso será explorado mais adiante, mas o trecho
Nesse trecho Skinner aponta que a maneira de se comportar de um pintor está sob
supor que, ao selecionar algumas de suas obras para expor e outras não, o artista responde
a muitas contingências passadas e atuais dispostas por seus pares, pelo público leigo, pela
crítica de arte, e mesmo reforçamento advindo dos resultados naturais obtidos em seu
14
relevante para que um comportamento seja considerado criativo (Bandini & De Rose,
2006; De Souza & Kubo, 2010).Murari e Henklain (2013), por exemplo, afirmam que a
comportamento novo pode ser reforçado por seus resultados úteis, por suas contribuições a
valores estéticos adotados por uma cultura, ou ainda quando soluciona problemas não
15
diversidade são vistos pelos juízes como mais criativos. Adicionalmente, os
julgamentos podem variar consideravelmente entre juízes, culturas e tempo. ... A
maior dificuldade com a validação social é que tais classificações geralmente não
constituem uma análise experimental do comportamento. ... Uma análise das
características que controlam o tatear um produto como relevante, apropriado, ou
valioso seriam de extrema ajuda. (pp.200-201)
fazer tais avaliações. Como afirmaram Bandini e De Rose (2006): “Qualquer critério aqui
considera o contexto em que tal comportamento ocorre e é avaliado, bem como a dimensão
considerado como não criativo em um dado momento pode passar a sê-lo em outro
momento, e que em uma mesma comunidade dois indivíduos podem não concordar em
seus julgamentos desde que tenham aprendido seus critérios com comunidades diferentes.
literatura como variáveis possivelmente evocativas da resposta verbal “criativo”, tais como
1996; Delage & Carvalho Neto, 2006), o desconhecimento das variáveis de controle de
multideterminado (Sloane, Endo & Della-Piana, 1980). Esses aspectos, no entanto, não são
Com o que foi discutido até então, podemos dizer que a resposta verbal “criativo” é
estabelecido conhecido e 3) não poderia ter sido aprendido com outros. Uma possibilidade,
16
em discussão, é a de que de alguma maneira, esse comportamento novo seja 4) reforçador
Skinner (1968) defende que, se quiser manter suas chances de sobrevivência, uma
algumas formas de comportamento novo não sejam exatamente valiosas ou possam ser
constante mudança:
Uma cultura deve permanecer razoavelmente estável, mas ela deve também mudar
comportamento dos indivíduos. Elas não são todas úteis; de fato, muitas delas, na
forma, inovações são exigidas pelo processo de seleção. Nós podemos, portanto,
criativa de que, desde que variações obviamente perigosas e prejudiciais possam ser
17
comportamento é o aspecto que mais marcou os estudos sobre comportamento criativo na
Análise do Comportamento segundo revisões de literatura (Winston & Baker, 1985; Leite
& Assis, 2016). Consideraremos, a seguir, alguns dos processos básicos pelos quais o
(1953/1965; 1974/1976) pelo menos duas formas pelas quais um comportamento pode ser
novo: quando a resposta emitida é nova ou quando os estímulos diante dos quais um
indivíduo responde são novos.Além dessas duas possibilidades, Shahan & Chase (2002)
também levantam a possibilidade de que uma relação operante seja nova porque as
estímulos (Shahan & Chase, 2002). Assim Skinner (1953/1965) comenta essa
possibilidade:
O controle de estímulos também está envolvido naquilo que tem sido chamado na
área por combinação de repertórios fragmentários (Epstein, 1996; Shahan & Chase, 2002).
18
Uma vez exposto a estímulos novos compostos por propriedades presentes em estímulos já
fragmentárias diante do novo estimulo composto pode ocorrer, e, uma vez reforçada,
formar uma unidade comportamental. Shahan e Chase (2002) afirmam que durante a
diante dos quais outra resposta foi reforçada, e assim os repertórios são interconectados.
classes de respostas operantes pelo reforçamento, uma vez que tal seleção se dá a partir de
como topografia, duração, força, etc. Dessa forma, podemos falar em variabilidade
que compõem um universo comportamental determinado, este último sendo o conjunto das
Shahan & Chase, 2002) é o de que em situações nas quais a probabilidade de reforçamento
19
é diminuída, como em alguns esquemas de reforçamento intermitente ou como em
Os estudos da área também apresentam dados que são analisados por alguns autores
2005; Hunziker, 2006; Pryor & Chase, 2014). Nesses estudos, respostas ou sequências de
respostas que podem variar em determinadas dimensões e dentro de certos limites impostos
Alguns estudos, como por exemplo os de Page & Neuringer (1985) consideram a
respostas em duas barras (direita e esquerda), por exemplo, poderiam ser reforçadas apenas
as sequências que diferissem das cinco sequências anteriores a ela. A essa contingência
chamaríamos de Lag 5.
20
reforçamento intermitente não são incompatíveis. Para analisar os efeitos isolados da
de Page & Neuringer (1985) utilizam o delineamento acoplado (ACO). Esse delineamento
maneiras. Uma delas é acoplando uma segunda caixa experimental com outro sujeito
àquela na qual vigora o reforçamento direto do variar, de modo que a mesma quantidade de
intermitência), sem que a variabilidade seja exigida. A outra maneira é realizar a condição
Neuringer (1985) foi utilizado o acoplamento intra sujeito, e a comparação dos resultados
mostram maior variabilidade comportamental durante o reforçamento direto desta (Lag 50)
do que quando esta não foi exigida, mas permitida (VR acoplado).
Chase & Bjarnadottir (1992) e Shahan & Chase (2002) abordam o papel da
comportamental.
tanto sobre a resposta solução, como também sobre o variar como meio de encontrar
21
soluções. Os estímulos antecedentes da situação problema poderão então se transformar em
de evocar o variar.
pedalar sobre uma bicicleta porque chega a tempo no trabalho, pode passar a pedalar pelos
novo.
quais são então submetidas à ação seletiva das contingências de reforçamento” (p.112).
Apesar disso, consideramos que a presente exposição deixa clara a variedade de maneiras
com contingências que reforçam certos tipos de novidade e não reforçam ou mesmo punem
outros pelo seu valor para a comunidade. Um comportamento novo pode se originar e
se expõe a muitas audiências diferentes, por exemplo, e só muito tempo depois ser descrito
como criativo, de modo que sua ocorrência nunca tenha dependido de fato de tal avaliação.
22
Quando essas contingências correspondem entre si, o resultado é o comportamento
explicar a partir de uma história ambiental a existência de comportamentos novos que são,
comportamentos como vimos, não dependem que sejam assim descritos. A seguir
foi reforçado, também pode ser incluído como parte relevante do estudo do comportamento
criativo.
23
Os exemplos a seguir demonstram a relação entre comportamentos precorrentes e
levaram até ele, também podem ser fortalecidos. Como exemplificou Skinner (1968):
solução de problemas (Epstein, 1996). Outra forma pela qual comportamento criativo e
ambiente.
24
De fato, diferentes textos de Skinner (1953/1965; 1968; 1969; 1974/1976) abordam
mesmo subtítulo, podendo esses ser entendidos como tipos de problemas que diferem em
conceitos, entre eles a manipulação de variáveis por meio de atividade precorrente, Moroz
A autora afirma que, para Skinner, a ocorrência de uma resposta solução não implica
ambiente podem ser responsáveis pelo surgimento de uma solução sem que o indivíduo
respostas precorrentes manipulativas que ou fortalecem uma resposta solução terminal com
baixa probabilidade até então, ou criam as condições antecedentes nas quais uma resposta
A autora ainda discute que uma situação não pode ser chamada problemática em si.
Segundo ela, dois parâmetros foram fornecidos por Skinner (1974/1976) para a
25
A presença de uma contingência de reforçamento pode ser demonstrada segundo
Moroz (1993) pela observação de uma classe de respostas em estado de força, identificada
similar, b) pela presença da resposta assim que a estimulação antecedente surgir ou c) pela
autora, pela emissão de respostas não efetivas em direção às possíveis soluções, a partir da
consequência e são repetidas ou alteradas até que a consequência seja outra. A não
ocorrência da resposta não é um critério válido uma vez que um indivíduo pode não
responder de determinada maneira por diferentes razões, sendo uma delas a de que a
situação pode simplesmente não ser problemática no sentido de não haver uma
probabilidades de duas ou mais respostas serem quase iguais” (p.124) e que “geralmente
semelhante, Skinner (1969) afirma que no autocontrole “o problema não é o que fazer, mas
26
nem a topografia da resposta solução, nem a consequência que ela produzirá são
conhecidos:
A noção de um problema como algo colocado para solucionar é até mesmo menos
apropriada quando nem a topografia do comportamento fortalecido por atividade
precorrente, nem suas consequências são conhecidas até que o comportamento
ocorra. Artistas, compositores e escritores, por exemplo, envolvem-se em várias
atividades que promovem sua produção de arte, música e literatura. (Às vezes, eles
são solicitados a produzir um trabalho com especificações bastante estreitas, e seu
comportamento exemplifica então a resolução explícita de problema, mas isso não é
sempre o caso.) O artista ou compositor explora um meio ou um tema e chega a
composições imprevistas, com efeitos imprevistos. Um escritor explora um assunto
ou um estilo e chega a produzir um poema ou um livro que não poderia ser
antecipadamente descrito e nem ter seus efeitos previstos com antecedência. Neste
processo de se “descobrir o que se tem a dizer”, o comportamento precorrente
relevante não pode ser derivado de qualquer especificação do comportamento a
seguir ou das contingências que o comportamento irá satisfazer. O comportamento
precorrente, todavia, funciona por força dos processos envolvidos na resolução de
problemas enunciáveis. ... As condições sob as quais Renoir foi reforçado ao pintar
“Festa a bordo” devem ter sido tão reais quanto aquelas sob as quais um
matemático ou um cientista é reforçado pela resolução de um conjunto de
problemas, embora sobre elas muito pouco se pudesse falar antecipadamente.
(pp.154-155)
Consideramos no presente trabalho, que nesses casos, quando não há uma resposta
criatividade”. O trecho de Skinner alerta para o fato de que a atividade artística também
envolve problemas explícitos a serem resolvidos (como, por exemplo, quando precisa
reproduzir fielmente um retrato), mas sua descrição dos problemas não explícitos parece
27
Problemas não explícitos como os apresentados por Skinner no trecho diferem dos
mais ou menos conhecido de respostas satisfaz tal contingência. Por outro lado, escrever
um poema criativamente é uma contingência que só pode ser atendida por respostas ainda
outra com igual probabilidade inicial. No autocontrole a solução pode consistir em alterar a
probabilidade de uma resposta cujas consequências são mais imediatas em favor de uma
problemas não explícitos estejam envolvidos na “busca por algo novo”. Esse trecho
Frequentemente manipulamos materiais no mundo que nos cerca para gerar "novas
ideias" quando nenhum problema definido está presente. ... É verdade que ele [um
pintor] pode misturar ou inserir cores em uma paleta ou na tela, para resolver
problema específico – por exemplo, o de produzir uma parecença. ... Entretanto, a
exploração artística de um meio pode proceder na ausência de qualquer problema
explícito. ... Tudo isso pode ser feito, não para resolver um problema específico,
mas para aumentar um repertório artístico. O problema geral é simplesmente
apresentar algo novo. (pp.253-254).
28
No exemplo a seguir podemos observar como respostas precorrentes manipulativas
provavelmente novo:
O artista pode gerar novos planos geométricos seguindo uma fórmula arbitrária,
como a da “simetria dinâmica”, ou “rabiscando”. Da mesma forma o escritor pode
gerar novas tramas manipulando personagens-padrão em situações padronizadas,
assim como o compositor pode gerar novas melodias ou ritmos, alterando a
marcação em um instrumento mecânico ou manipulando símbolos no papel ou
deixando seu gato passear pelo teclado. (Skinner, 1953/1965, p.254)
responder corrente novo (desenhar novos planos geométricos, escrever novas tramas, tocar
novas melodias ou ritmos) gerado pela manipulação precorrente do meio (seguir fórmula
algumas das variações apresentadas continua sendo crucial para que falemos em
29
ambientais que tornam o responder novo (potencialmente criativo) mais provável. Em
geral o indivíduo produz condições para que entre em contato com estímulos novos ou
reaja de maneira nova a estímulos conhecidos. Skinner (1957/1992) deu exemplos sobre
A atribuição da tarefa de escrever uma história sobre determinado assunto não será
suficiente se o comportamento relativo a esse assunto estiver ausente. O escritor
precisa então começar a adquirir o comportamento apropriado. Ele pode construir
uma bateria de novos tatos, ampliando sua experiência. Assim, o repórter
"examinará as condições" num certo campo, o investigador "obterá os fatos", o
explorador descobrirá uma nova região ou um novo povo e o cientista conduzirá
experimentos. Todas essas atividades fazem surgir novas respostas verbais. (p.415)
fortalecido e o repertório estará, então, ampliado. Em novas situações nas quais “conseguir
algo novo” tenha importância, respostas precorrentes da mesma classe podem se repetir.
Algo semelhante ocorre no estudo de Levingstone, Neef & Cihon (2009) no qual
respostas correntes de clicar o botão direito do mouse foram reforçadas com maior
participantes após uma fase experimental na qual as respostas precorrentes eram exigidas
30
suspenderam a contingência de reforçamento planejada para essa resposta. Os resultados
precorrente auxiliar de “consultar uma tabela de símbolos”, não obrigatório para que
respostas precorrentes que não mais aumentam a probabilidade de reforço das correntes
não era mais aumentada pelas precorrentes à medida que as correntes se fortaleciam e
(Figura 1). Tal descrição é composta por: (1) a presença de um problema não explícito de
“conseguir algo novo” no qual a resposta solução e suas consequências não podem ser
do ambiente produzidas pelas respostas precorrentes, (4) respostas correntes diante de tais
respostas correntes em (4) poderiam ser classificadas como novas ou não, e, uma vez sendo
31
Comportamento precorrente Comportamento corrente
SD- R SR/SD – R SR
(2) R precorrente manipulativa do meio,
mantida se a R corrente nova produz
reforço
(4) R correntes
Figura 1. Diagrama síntese das contingências encadeadas nas quais um comportamento precorrente produz
as condições ambientais evocativas de uma resposta que pode ser nova e potencialmente criativa.
dar pela apresentação de novos estímulos por parte do próprio indivíduo que se comporta.
O meio também pode ser manipulado de modo que a emissão mais variada de respostas
seja facilitada. Nas palavras de Skinner (1974/1976), “tanto o cenário como a topografia do
Uma vez que os processos que geram comportamento novo mencionados até aqui
32
O estudo experimental do comportamento criativo
1980; Sloane, Endo & Della-Piana, 1980; Winston & Baker, 1985), encontra-se na
literatura alguns estudos experimentais diretamente preocupados com o tema (Glover &
Gary, 1976; Glover, 1979; Goetz & Baer, 1973; Maloney & Hopkins, 1973; Parsonson &
Baer, 1978; Pryor, Haag & O’Reilly, 1969; Ryan & Winston, 1978).
independentes manipuladas (Leite & Assis, 2016; Winston & Baker, 1985). Apesar de tais
então tido como não determinado, o que está em consonância com as propostas teóricas de
como problemas explícitos solúveis por respostas específicas (nos quais a resposta solução
respostas não específicas (problemas nos quais está em jogo “conseguir algo novo”).
33
Tabela 1.
Características dos estudos experimentais do comportamento criativo: problema a ser resolvido cuja resposta solução era explícita ou não explícita, variáveis dependentes e independentes,
reforçamento de respostas correntes e precorrentes novas ou variadas, identificação das respostas precorrentes, resultados e utilização de procedimentos de validação social.
Reforçamento Reforçamento R
Problema a Respostas
Estudo VD(s) VI(s) de R corrente precorrente nova Resultados Validação social?
ser resolvido precorrentes
nova ou variada ou variada
Não
Pryor, Haag Respostas Aumento da novidade e variabilidade Especialistas, com
explicito: Reforçamento: Não
& O’Reilly novas durante Sim -------------- de R, com R não observadas antes por comparação entre
nadar em um som + alimento identificadas
(1969) o nado especialistas na espécie utilizada sujeitos
tanque
Não
Fluência, Reforçamento:
explicito: Aumento momentâneo no no de R, de
Glover & flexibilidade, pontos trocáveis Teste padronizado,
listar usos Não formas verbais, e de palavras por R.
Gary elaboração e por recesso de Sim -------------- com comparação entre
incomuns identificadas Aumento mais sutil no no de R
(1976) originalidade 10 min. + e intraparticipantes
para um originais
das R biscoitos e leite
objeto X
Novidade do Aumento na diversidade
Não produto Reforçamento: Manipulações (variabilidade) de formas construídas, e
Goetz & explicito: final/forma descrição da dos blocos ao surgimento de formas novas (nunca
Sim Não Não
Baer (1973) montar construída por novidade do longo da apresentadas no experimento) apenas
blocos sessão e no comportamento sessão quando reforçamento pelo variar foi
experimento apresentado
Não Escrever Reforçamento: Respostas de Aumento do escrever adjetivos, verbos
Maloney & Especialistas, com
explicito: adjetivos, pontos trocáveis escrever e inícios de frases novos quando
Hopkins Sim Não comparação
escrever verbos e início por recesso de durante a reforçamento foi apresentado a cada
(1973) intraparticipantes
redações de frase novos 5’ + chocolate redação um desses
Alternância
Não
Ryan & Reforçamento: entre cores e Aumento da variabilidade de cores e Não especialistas,
explicito: Variedade de
Winston assistir filmes Sim formas ao Não formas utilizadas quando houve com comparação
fazer cores e formas
(1978) de animação longo da reforçamento contingente a essas intraparticipantes
desenhos
sessão
Aumento do no de diferentes ideias de Especialistas ou não
Não
Fluência, Reforçamento: Listagem de redação listadas por lista e ao longo do especialistas?¹ e teste
Glover explicito:
flexibilidade e pontos para o Sim “ideias” para Sim estudo, diferentes tipos de ideias padronizado, com
(1979) escrever
originalidade time a redação listadas, e diferentes abordagens ao comparação entre e
histórias
tema da redação. intraparticipantes
Explicito: Usar Aumento momentâneo de
Parsonson improvisar ferramentas Descrição do Alternância improvisações novas simples e
& Baer martelo, durante a comportamento Sim entre as Não complexas na solução dos problemas Não
(1978) contêiner e resolução de e/ou elogio ferramentas treinados, e por vezes de problemas
cadarço problemas novos.
¹Apenas o resumo do estudo de Glover (1979) foi publicado no Journal of Applied Behavior Analysis, de modo que alguns detalhes do mesmo não puderam ser conferidos.
34
Analisou-se também se contingências que reforçam diretamente apenas
tarefas experimentais propostas, mesmo quando essa distinção não foi explicitada e
social que pudessem atender aos critérios de uma comunidade para chamar os
diferentes respostas. “Conseguir algo novo” era importante para a solução do problema
Quase todos os estudos selecionados, com exceção de Ryan & Winston (1978),
(ver terceira coluna da Tabela 1, “VD(s)”). Além disso, todos planejaram contingências
35
Por outro lado, podemos notar que nem todos os estudos utilizam procedimentos
experimental seriam considerados criativos por avaliadores escolhidos (ver nona coluna
comportamento criativo não pode ser ignorada em um contexto aplicado porque nem
solução de problemas em cinco dos estudos apresentados (ver sexta coluna da Tabela 1,
“Respostas precorrentes”), tal identificação não foi realizada pelos autores dos próprios
entre os objetivos desses estudos. Uma exceção pode ser o estudo de Glover (1979), no
qual reforçamento esteve programado para respostas que podem ser consideradas
36
Pryor, Haag & O’Reilly (1969) realizaram um experimento com um golfinho
minutos. Apenas uma topografia de respostas nova era reforçada por sessão. O critério
de reforçamento diferencial de uma resposta nova por sessão foi modificado em alguns
momentos com o objetivo de 1) aumentar a taxa de reforçamento após uma sessão com
diminuir padrões rígidos (modelagem). Com o objetivo de avaliar quão originais eram
mesmas foram observadas pelo avaliador no nado livre de um animal não treinado da
mesma espécie.
a partir da sessão 16, após modelagem direta de respostas específicas. Nessa etapa do
experimento, foram observadas quatro respostas nunca antes vistas pelos funcionários
37
sujeito. Após o reforçamento uma a uma dessas novas respostas observadas com o
objetivo de fortalecê-las, apenas respostas novas foram reforçadas nas sessões seguintes,
das quais apenas em uma não apresentou respostas novas. Os autores alertam para
dimensões de respostas verbais a respeito e usos incomuns para objetos, Glover & Gary
e 5º ano. Os participantes deveriam listar usos incomuns para cada objeto. As listas
“Bom” escrita no topo das listas e um elogio pela participação aos dois grupos ao final
ponto por cada resposta apropriada emitida por seus participantes. O time vencedor
tinha dez minutos a mais de recesso e cada membro recebia biscoitos e uma caixa de
leite. Se a diferença de pontuação dos times fosse igual ou menor que 20%, ambos os
times ganhavam o jogo naquele dia. Foi aplicado o Thinking Creatively with Words Test
38
Considerando a média dos oito participantes, os resultados mostram aumentos
contingente à diversidade nas formas finais construídas com blocos por três meninas de
Base, as formas construídas pelas crianças foram apenas registradas até a obtenção de
um escore de diversidade estável. Tomou-se por base uma lista das 20 formas
montáveis com os blocos fornecidos. Na segunda fase, cada forma que aparecia pela
primeira vez em uma sessão era consequenciada com reforço social descritivo que
terceira fase a repetição das formas foi reforçada de maneira semelhante àquela da
também mediram a duração das sessões e o surgimento de novas formas, definido como
formas em cada sessão aumentou nas fases experimentais nas quais reforçamento social
39
descritivo da diferença esteve presente e diminuiu na fase experimental na qual
Junto a isso, a duração das sessões foi maior quando reforçamento da diversidade esteve
Base, quando muitas formas ainda não tinham aparecido. Na fase de reforçamento da
No estudo de Maloney & Hopkins (1973), cujo objetivo era avaliar o efeito de
ano divididos em dois grupos foram expostos a um jogo. Cada substantivo era
apresentado como tema de uma redação de dez frases que deveriam escrever, e ao longo
das fases experimentais pontos foram apresentados como reforço por adjetivos
diferentes (Fase 2), verbos de ação diferentes (Fase 3), e início de frase, adjetivos e
verbos de ação diferentes simultaneamente (Fase 4). Outros aspectos da redação, por
exemplo o uso de advérbios, estavam sendo medidos. Em cada fase várias redações
foram escritas. O time vencedor em cada sessão experimental recebia recesso cinco
dimensão específica esteve disponível do que quando não esteve. Na Fase 4, os valores
médios foram maiores que os de Linha de Base e menores do que os das Fases 2 e 3 em
40
e seis mostraram discrepâncias em relação à média grupal, com muita variabilidade
entre eles.
para a menos criativa, comparando sempre um participante com ele mesmo. Observou-
se que a maioria das redações julgadas como “menos criativas” foram escritas na Linha
de Base e a maioria das julgadas como “mais criativas” foram escritas na Fase 3. Apesar
diferentes para considerar uma redação criativa entre os dois avaliadores independentes.
Base múltipla no qual foi reforçada a diversidade de formas e cores no desenho de três
social com o objetivo de avaliar como mudanças nessas dimensões dos desenhos
dois desenhos por sessão com o limite de 5 minutos para a realização de cada um. Na
fase de Linha de Base interesse pelo conteúdo ou personagens do desenho era a única
medidas pela contagem do número de cores usadas, e com a ajuda de uma lista de
3
Os autores não apresentam mais detalhes a respeito do critério de variação adotado no estudo.
41
formas. Na terceira Fase, as três crianças receberam reforçamento pelo variar nas
reforçamento, com aumento na diversidade de cores para todas participantes nas fases
experimentais nas quais reforçamento esteve presente para cores diferentes usadas, e
aumento na diversidade de formas quando reforçamento foi contingente a esta para duas
das três participantes. Para uma das crianças a média de diferentes formas usadas
durante reforçamento não foi tão diferente das de Linha de Base, mas durante o
diminuir.
conjuntos formados com três desenhos. Cada conjunto continha desenhos realizados
pela mesma criança nas três fases experimentais. Os juízes foram 21 graduandos em
reforçadas na Fase 2. Para a outra participante, esses valores foram de 2,10 na Linha de
Base, 1,43 na Fase 2 e 2,50 na Fase 3. Esses dados indicam que forma foi a dimensão
42
diferenças significativas entre os juízes estudantes e os juízes mães de alunos, e foi
“ideias” que cada estudante listava em uma lista de “ideias” preparada antes de escrever
história escrita. Nas listas, flexibilidade foi considerada a cada sessão, como sendo o
número de diferentes tipos de “ideias” que apareceram em cada lista. Flexibilidade nas
Torrance.
43
(utilização de um objeto não combinado) ou complexas (combinação de dois ou mais
não ser utilizados para resolvê-lo. A primeira resolução de problema com uma
nova e bem-sucedida durante todo o experimento (e.g. "Bom menino, você bateu o pino
até o fim com o pedaço de tijolo. Isso é ótimo!")4. Usos repetidos dessa ferramenta em
feedback descritivo sem elogios (e.g. “Você bateu o pino até o fim com o pedaço de
ferramentas martelo depois que este havia sido iniciado com outro participante (exceto
para a primeira criança), duas delas receberam o treino nos martelos e mais uma classe
4
Exemplo apresentado pelos próprios autores.
5
Os autores não apresentaram exemplo de feedback descritivo sem elogios.
44
classes, e outras duas receberam treino em todas as classes de ferramentas e na mesma
ordem. A Linha de Base das classes não treinadas, quando estas existiram, foi mantida
ferramentas.
para todos os participantes. Com uma única exceção, improvisações na Linha de Base
45
Em síntese, os estudos apresentados até aqui nesta seção mostram que novidade
adotados, nos quais as produções dos indivíduos durante o tratamento experimental são
geralmente classificadas como mais criativas do que aquelas da Linha de Base (Pryor,
Haag, O’Reilly, 1969; Glover & Gary, 1976; Maloney & Hopkins, 1973; Ryan &
Winston, 1978; Glover, 1979). Além disso, um dos estudos indica que, se contingências
Além dos estudos até aqui apresentados, estudos mais recentes cujos objetivos
autistas às questões sociais “O que você gosta de fazer?” e “Como vai você?”.
46
anterior dada à questão social para que fosse reforçada (Lag 1). As crianças foram
delineamento AB. Ainda foram realizadas provas de generalização com as duas crianças
Os resultados obtidos por esses autores indicam que para os dois participantes
apropriado durante sessões nas quais Lag 1 estava em vigor. Foi observado maior
esteve em vigor.
uma das outras quatro crianças. Durante as sessões experimentais partes de figuras que
esquema de limiar, tendo como critério a frequência relativa e recência das sequências.
Posteriormente foram realizados testes de extensão dos efeitos obtidos a outras duas
47
tarefas, uma com topografia semelhante e outra com topografia diferente daquela
exigência do variar. Esses valores também foram muito maiores do que aqueles obtidos
reforçamento sem que variar fosse exigido. Esses efeitos se generalizaram em maior
grau para a tarefa com topografia semelhante do que para a tarefa com topografia
diferente.
dimensões de uma resposta (experimento 2). Para isso 81 estudantes (41 no experimento
6
Segundo Neuringer (2002), “Índice U tem sido a medida de variabilidade operante mais comumente
empregada. ... O Índice U mensura a distribuição de frequências relativas, ou probabilidades, de um
conjunto de respostas. ... Valores de U se aproximam de 1,0 quando as frequências relativas se
aproximam da equidade... e aproximam-se de 0,0 quando uma instância particular é repetida” (p.683).
48
No experimento 1, os participantes foram divididos em quatro grupos. Dois
limiar que considerou a frequência relativa ponderada de cada categoria de área, forma e
desenhado atendesse a um limiar mínimo nas três dimensões da resposta. Os outros dois
YOKE, ainda que ambos os grupos tenham médias muito próximas no início do estudo.
Esses resultados foram replicados quando a medida utilizada foi o valor de U, com
grupo YOKE, em todas as três dimensões da resposta, indicando que é possível reforçar
presentes, exceto pelo fato de que a produção dos pontos foi contingente ao variar em
resposta enquanto se reforça o repetir em outra dimensão uma vez que os valores de U
quando comparados aos valores nas outras duas dimensões sob reforçamento do variar.
49
Com o objetivo de investigar o efeito de diferentes mudanças nas contingências
incorretas.
variar aumentou gradualmente para o grupo C-E na Fase 1 e diminuiu na Fase 2. Para o
na transição da Fase 1 para a Fase 2 e retornou aos níveis obtidos na Fase 1, não
contingente. Nessa condição reforço foi apresentado nas tentativas de mesmo número
intra sujeito para aqueles que foram expostos primeiro ao reforçamento do variar na
7
Apesar de apresentarem a condição “E” como se tratando de extinção para ambos os grupos, podemos
discutir o emprego do termo no caso do grupo E-C. Uma vez que extinção como procedimento é a quebra
de uma relação previamente estabelecida entre uma classe de respostas e uma classe de consequências
reforçadoras, poderíamos argumentar que para esse grupo não houve extinção, apenas ausência de
reforçamento.
50
Fase 1 e entre sujeitos para aqueles que iniciaram o estudo com reforçamento não
ainda é recuperada quando reforçamento se mantém presente ainda que de maneira não
responder mais estereotipado do que extinção, mas diferente desta não produziu efeitos
do responder que não devem variar para que o comportamento seja reforçado podem se
51
manter repetidas enquanto outras variam. Esses resultados também são relevantes para a
resultados obtidos por Maes (2003) por sua vez parecem sugerir que uma história de
não reforçamento pode ter efeitos mais negativos sobre a aprendizagem do variar do que
uma história de reforçamento não contingente ao variar. Esses achados podem fornecer
avaliação se dá sempre a posteriori, uma vez que o comportamento em questão não está
disponível nem para o indivíduo, nem para o seu instrutor até que ocorra. Também
discutimos que situações nas quais comportamento criativo é exigido podem configurar-
de respostas novas, o que parece sugerir ser esta uma maneira de aumentar a
52
comportamentos precorrentes envolvidos na resolução de problemas não explícitos
como os de interesse.
pela abordagem nesse campo, o presente estudo se justifica pela pouca ênfase dada na
53
Do ponto de vista prático, a investigação das variáveis que podem promover
soluções mais efetivas do que as atuais para determinados problemas enfrentados pela
Método
Participantes
que realiza trabalhos de teatro amador (P1, P2, P3, P7, P8, P9). Os outros seis
pelos mesmos ou por anúncios em grupos universitários no Facebook (P4, P5, P6, P10,
P11 e P12). Todos eram ingênuos em relação aos objetivos e procedimento do trabalho
e relataram no contato inicial não terem deficiência visual para cores. Ao aceitarem
Informado (Apêndice A) que foi lido e assinado antes do início da coleta de dados.
54
Equipamento
cada resposta e composição de respostas dos participantes durante a tarefa, posição dos
estímulos sobre os quais o participante clicou e tempo entre início e conclusão de cada
tentativa na tarefa.
Local
participantes recrutados a partir do contato com uma companhia teatral e em uma sala
pela universidade. Todos os locais tiveram em comum a presença de uma mesa para
tarefa experimental.
Procedimento
cinco encontros com o experimentador, uma data foi combinada com os participantes
55
para a primeira sessão experimental. Nessa primeira sessão foram apresentados o
aparecerão na tela. O jogo terá duração de aproximadamente uma hora, e enquanto joga
você poderá ganhar pontos que serão trocados por créditos de cinco centavos cada em
um cartão voucher da loja que você escolher. O cartão será entregue apenas no último
encontro. Se você tiver alguma dúvida pode me perguntar agora, e se algum problema
Pré-treino.
seis tentativas em um jogo de computador nas quais não era possível ganhar pontos,
explicando-se aos mesmos que se tratava de uma fase de familiarização com o jogo
“O objetivo do jogo é compor figuras com três características: localização, forma e cor.
Para selecionar localizações, formas e cores você só precisa clicar sobre elas com o
botão esquerdo do mouse. Nessa fase preparatória não é possível ganhar pontos.
Quando estiver pronto clique em “iniciar”.”. Uma vez iniciado o jogo, quatro formas
(sol, coração, smile e estrela), quatro cores (marrom, rosa, roxo e laranja) e quatro
56
localizações (acima, direita, abaixo e esquerda) foram apresentadas sucessivamente e
sequência de classes de estímulos (forma, cor, localização; forma, localização, cor; cor,
tela um contador de pontos permaneceu zerado por todo o pré-treino, de modo muito
semelhante às fases experimentais que serão descritas a seguir. Ao final das seis
tentativas, uma tela com a frase “Você produziu 0 pontos hoje!” foi apresentada.
Quando o experimentador foi chamado, sempre disse aos participantes: “Essa é a frase
que aparecerá toda vez que uma fase do jogo terminar, mas com o número de pontos
que você vai ganhar, dessa vez foi só uma simulação”. As telas envolvidas na tentativa
1 2
3 4
57
Procedimento Geral.
estímulos: localização, forma e cor. Cada dimensão foi composta por quatro estímulos,
sendo esses: 1) Localização – superior esquerda (L1), inferior esquerda (L2), superior
direita (L3) e inferior direita (L4), indicadas por uma seta na diagonal apontando para a
(F1), círculo (F2), losango (F3) e pentágono (F4) com essas figuras inseridas cada uma
dentro de um quadrado; e 3) Cor – vermelho (C1), amarelo (C2), verde (C3) e azul (C4)
cada uma em um quadrado na cor respectiva. Abaixo desses estímulos esteve presente
Figura 3. Diagrama ilustrativo da tela de computador para apresentações de quatro estímulos de cada
uma das três dimensões de estímulos envolvidas na tarefa e espaço para apresentação de alterações
produzidas pelas respostas abaixo.
58
Cada sessão iniciou-se com uma tela branca com um botão "Iniciar" e contendo
a seguinte instrução: "O objetivo do jogo é compor figuras com três características:
localização, forma e cor. Para selecionar localizações, formas e cores você só precisa
clicar sobre elas com o botão esquerdo do mouse. Algumas das composições produzidas
por você lhe darão pontos trocáveis por créditos em seu cartão, outras composições não
lhe darão pontos. O jogo pode durar até, aproximadamente, uma hora. Quando estiver
pronto clique em "iniciar" ". O participante então deveria clicar sobre o botão "Iniciar" e
iniciava-se a primeira tentativa da sessão. Nenhuma instrução adicional foi dada aos
direita). Uma vez tendo clicado sobre um dos estímulos, esses desapareciam da tela, o
centro do espaço livre abaixo era iluminado com um fundo branco, e quatro novos
pentágono).
dos quatro estímulos da dimensão cor (verde, azul, vermelho e amarelo). Uma vez
clicado um dos estímulos de cor, esses estímulos desapareciam e a forma era colorida
59
Instrução
Iniciar
X
X X
Precorrentes
X X
Corrente
X X
60
Cada tentativa consistiu, portanto, na composição de uma forma colorida em
que serviram como condição antecedente para o próximo clique e assim por diante até
que a composição estivesse completa. Considerando que cada dimensão contém quatro
dos participantes.
foi qualquer uma dessas duas, a cor ou forma correspondente foi também inserida no
quadrado central. Quando quer que a dimensão localização tenha sido apresentada (no
61
X
X X
Precorrentes
Precorrentes
X X
Corrente
Corrente
X X
62
A cada uma das fases descritas a seguir, oito composições foram previamente
ser realizadas até que o participante descobrisse uma composição correta. As sessões
oito composições corretas ou após 200 tentativas, independente dos acertos ou erros
durante as mesmas.
quadrado preto presente no canto inferior esquerdo da tela (ver Figuras 4 e 5).
no início da primeira tentativa de cada sessão foi “0” e se acumulou até o final da
frase “Você ganhou X pontos hoje!”. A formação das composições corretas também foi
63
Conforme a Tabela 2, a coleta de dados envolveu a realização de uma fase
envolveu a realização de uma sessão de teste (T2 e T3) antes e após a manipulação, para
Tabela 2.
Sequência de fases a que cada participante foi exposto. As siglas correspondem às quatro condições, de
Linha de Base (T1), testes (T2 e T3) ou experimentais: não variar (Ñ VAR) e variar respostas
precorrentes (VAR PRE).
Uma mesma composição não foi correta por mais de uma vez durante o
experimento. Desse modo, uma vez construída uma composição correta, a formação
dessa mesma composição não foi novamente reforçada com cinco pontos. As
resultado do sorteio realizado, com data e horário, encontra-se em anexo (Anexo 1).
64
Fase 1. Linha de Base (T1).
sorteadas oito composições das 64 opções, consideradas nessa Fase como corretas.Os
anteriormente. Nessa Fase, a realização de qualquer uma das oito composições corretas
que foi mantido constante durante todo o experimento8.Nenhum ponto foi apresentado
para as respostas correntes não corretas ou para as precorrentes, de modo que a não
realização das composições corretas foi seguida apenas pelo início de uma nova
pontos estiveram disponíveis por cada composição correta formada das oito possíveis,
tarefa experimental, essa Fase teve por objetivo avaliar o padrão comportamental dos
não haviam sido apresentadas, servindo como base de comparação para possíveis
8
Essa decisão metodológica baseou-se na realização de um estudo piloto no qual as composições
sorteadas eram exigidas uma por vez em uma sequência pré-estabelecida, o que implicava em pouco ou
nenhum reforçamento em algumas fases experimentais. Os resultados mostraram que os participantes
realizavam as composições sorteadas fora da ordem com regularidade, o que foi considerado no
procedimento aqui relatado como uma alternativa para aumentar a probabilidade de reforçamento. Apesar
disso, uma análise dos acertos que respeitaram a sequência de sorteio(composições corretas formadas na
sequência de sorteio) foi realizada para avaliar quantos acertos os participantes teriam tido com esse outro
critério utilizado no estudo piloto.
65
mudanças observadas com a manipulação das variáveis independentes. Avaliou-se
reforçadas com três pontos. Maior pontuação foi apresentada contingente à formação
participante poderia obter três pontos por formar composições quaisquer, sendo essas
variadas ou estereotipadas ou oito pontos (3+5 pontos). Os5 pontos foram apresentados
necessariamente sobre a variação, uma vez que não se reforçou mais que uma vez as
66
foram exigidas para a obtenção de pontos, mas foram reforçadas diferencialmente
corrente (correta ou não). Desse modo, tanto um padrão estereotipado quanto um padrão
pontuação máxima de 640 pontos, com a oitava composição correta sendo formada
duas respostas anteriores na mesma dimensão (Lag 2), conforme o exemplo apresentado
na Figura 6. Composições finais (correntes) não foram reforçadas com pontos a menos
problema.
67
Desse modo, o participante poderia obter até três pontos por composição
variando respostas precorrentes nas três dimensões de estímulos, e poderia obter mais
cinco pontos, formando a composição correta, totalizando no máximo oito pontos por
tentativa. Ao final da sessão o participante poderia ter obtido o mínimo de três pontos
caso repetisse a primeira resposta em todas as dimensões ao longo de toda a sessão, uma
vez que nunca atenderia ao esquema Lag 2, e o máximo de 640 pontos se atendesse ao
Figura 6. Diagrama ilustrativo do critério para reforçamento sob o esquema Lag2 na condição VAR PRE. Cada
coluna corresponde a uma tentativa e cada linha a uma dimensão de estímulos dentro da tentativa. As setas de
menor espessura representam as respostas de clicar do participante e o sinal “+” à direita representa a ocorrência de
reforçamento com ponto.
em estudos anteriores (Pryor, Haag & O’Reilly, 1969; Goetz & Baer, 1973; Maloney &
Hopkins, 1973; Glover & Gary, 1976; Ryan & Winston, 1978; Pasonson & Baer, 1978;
Glover, 1979; Lee, McComas & Jawor, 2002; Ross & Neuringer, 2002; Maes, 2003; De
68
precorrentes na resolução de problemas (Skinner, 1969; Levingstone, Neef & Cihon,
2009), a condição VAR PRE teve por objetivo avaliar se o reforçamento direto do variar
sorteadas nas fases anteriores, oito novas composições foram sorteadas para esta Fase.
O objetivo dessa Fase foi verificar se alterações observadas com a introdução das
retirada da mesma. Essa avaliação foi importante à medida que se pretendeu avaliar
precorrentes (Polson & Parsons, 1994; Oliveira-Castro & Campos, 2004; Levingstone,
condição.
69
Fase 4. Contingências de variar nos comportamentos precorrentes (VAR
Para aqueles participantes que passaram pela condição 2.1 (Ñ VAR) foi apresentada a
condição 2.2 (VAR PRE) e vice-versa. Das 40 composições não sorteadas para as Fases
Fase 5. Teste 3.
anteriores, oito novas composições foram utilizadas. O objetivo dessa Fase, assim como
Tabela 3.
Contingências em vigor em cada fase experimental e número mínimo e máximo de pontos disponíveis.
70
Resultados
Solução de problemas
composições corretas formadas pelos 12 participantes em cada uma das fases experimentais,
metade dos quais foi exposta primeiro a condição Ñ VAR e depois VAR PRE, e outra
metade foi exposta a essas duas condições de maneira invertida, apresentada na Figura 7.
Essas duas condições foram antecedidas e precedidas de condições de teste (T1, T2 e T3).
Apesar de pontos terem sido apresentados para todas as composições corretas formadas
independente da sequência de sorteio (o que é indicado pelas barras em cinza na Figura 7),
(barras brancas), de modo a avaliar um possível resultado caso a sequência tivesse sido
exigida9. As barras pretas, por sua vez, indicam o número de composições corretas repetidas
após o primeiro e único reforçamento (ou seja, quantas vezes composições corretas já
formadas uma vez foram repetidas sem produzir cinco pontos, o que exclui a primeira
9
É importante considerar que, caso a sequência de composições corretas fosse exigida para o reforçamento, a
densidade de reforço seria menor do que realmente foi nas sessões realizadas, o que poderia significar
resultados também diferentes dos aqui encontrados uma vez que extinção é conhecidamente indutora de
variabilidade comportamental.
71
seção de Método, a pontuação máxima diferiu entre uma condição e outra, com um máximo
de 40 pontos possíveis nas sessões de teste (T1, T2 e T3) e um máximo de 640 pontos nas
condições Ñ VAR e VAR PRE. Em todas as condições cinco pontos foram apresentados
contingentes a cada uma de oito composições corretas formadas por sessão. Pontos
adicionais foram apresentados como consequência depois de formada uma composição nas
condições Ñ VAR e VAR PRE, com a diferença de que em Ñ VAR a formação de qualquer
composição produziu três pontos, e em VAR PRE um ponto foi liberado para cada uma das
respostas precorrentes aos estímulos que formavam as composições e somente quando essas
variavam em relação às duas anteriores (Lag 2), totalizando até três pontos por composição.
de sorteio foi próximo do máximo (oito) para a maioria dos participantes na maioria das
PRE. Apesar disso, se considerarmos as cinco fases experimentais, Ñ VAR foi a condição
em que menos composições corretas fora da sequência de sorteio foram formadas por cinco
dos 12 participantes (P2, P4, P5, P9 e P11). No caso de P9, Ñ VAR só apresentou resultados
maiores em relação à T1. Para os demais seis participantes, em geral Ñ VAR acompanhou
um número igual de composições corretas fora da sequência de sorteio a VAR PRE (P1, P3,
P6, P7, P10, P12), apresentando resultados melhores que VAR PRE em apenas um caso
(P8). Em relação somente aos testes, Ñ VAR superou o número de composições corretas
fora da sequência de sorteio nos três testes apenas para um participante (P3), em dois testes
para dois participantes (P1 e P12), e em um teste para dois participantes (P8 e P9).
A condição VAR PRE, por sua vez, foi a única condição na qual as composições
corretas formadas fora da sequência de sorteio pelos participantes sempre somaram oito
composições, com a única exceção do participante P8 que formou sete das oito composições
72
20 640 20 640
19 19
18
17
P1 560 18
17 P7 560
16 16
15 480 15 480
14 14
13 400 13 400
12 12
11 11
10 320 10 320
9 9
8 240 8 240
7 7
6 6
5 160 5 160
4 4
3 80 3 80
2 2
1 1
0 0 0 0
T1 Ñ VAR T2 VAR PRE T3 T1 VAR PRE T2 Ñ VAR T3
20 640 20 640
19
18 P2 560
19
18
P8 560
17 17
16 16
15 480 15 480
14 14
13 13 400
12 400 12
11 11
10 320 10 320
9 9
8 8 240
7 240 7
6 6
5 160 5 160
4 4
3 3 80
2 80 2
1 1
0 0 0 0
T1 Ñ VAR T2 VAR PRE T3 T1 VAR PRE T2 Ñ VAR T3
20 22 640 20 640
19
18 P3 560
19
18 P9 560
Número total de composições realizadas
17 17
16 16
15 480 15 480
14 14
Fases experimentais
Figura 7. Número de composições corretas formadas pelos participantes P1 a P12 na sequência de 73
sorteio, fora da sequência de sorteio, número de composições repetidas (mas não reforçadas) e
pontos por condição.
Comparando as condições Ñ VAR e VAR PRE apenas, dos participantes expostos à
ordem de condições Ñ VAR – VAR PRE, três formaram oito composições corretas fora da
sequência em Ñ VAR (P1, P3 e P6) e todos formaram as oito composições em VAR PRE.
Entre os participantes expostos à ordem VAR PRE – Ñ VAR oito composições corretas fora
da sequência foram realizadas por cinco dos participantes em VAR PRE (P7, P9, P10, P11 e
observar que quatro dos seis participantes expostos primeiro a Ñ VAR e quatro expostos
primeiro a VAR PRE iniciaram o estudo com uma linha de base de oito composições
corretas formadas em T1 (P2, P4, P5, P6, P7, P10, P11 e P12) sem que nenhuma
condições seguintes. Depois de uma linha de base com oito composições (T1), a
composições da linha de base em T2, quando todos eles voltaram a formar oito composições
corretas fora da sequência de sorteio. Essa recuperação se manteve quando a condição VAR
Depois de uma linha de base com oito composições (T1), os participantes P11 e P12
VAR, ainda que tenha acompanhado um retorno ao desempenho inicial para P12, diminuiu
ainda mais o número de composições corretas fora da sequência de sorteio para P11.
Quando a condição Ñ VAR foi suspensa (T3), P11 voltou ao número de composições
corretas anterior, mas P12 apresentou uma piora em T3 quando comparado à T1.
74
Alguns participantes iniciaram o experimento com uma linha de base menor que de
oito composições corretas formadas fora da sequência de sorteio (P1, P3, P8 e P9). A
introdução da condição Ñ VAR após T1 (P1 e P3) foi seguida de aumento das composições
corretas em relação à T1 para ambos, que completaram oito composições corretas nessa
condição. Essa melhora obtida não se sustentou quando a condição Ñ VAR foi suspensa
(T2), e uma diminuição no número de composições corretas formadas foi observada no caso
de P1 quando comparamos T1 e T2. Quando, após T2, a condição VAR PRE foi
participantes, resultado que se manteve em T3 para P1 e não se manteve para P3, que
A introdução de VAR PRE após uma linha de base (T1) com sete (P8) ou seis (P9)
caso de P9. A melhora obtida em VAR PRE (P9) se manteve em T2 quando a condição foi
suspensa, mas não se manteve quando a condição Ñ VAR foi introduzida, ocasião em que o
suspensão de Ñ VAR em T3. No caso de P8, que não teve melhora após a introdução de
VAR PRE, uma melhora foi observada em T2, quando o participante acertou as oito
sorteio em todas as condições experimentais, para três dos seis participantes que foram
expostos à ordem Ñ VAR – VAR PRE a condição VAR PRE foi aquela na qual mais
composições corretas foram formadas na sequência de sorteio (P1, P4 e P6) enquanto que Ñ
VAR nunca foi a condição com mais composições corretas formadas na sequência de
sorteio. Adicionalmente, Ñ VAR foi a ou uma das condições com menos composições
75
formadas na sequência de sorteio para cinco dos seis participantes dessa ordem de
condições (P1, P2, P4, P5 e P6), resultado que também foi observado em VAR PRE no caso
resultados obtidos foram pouco conclusivos. Entre todas as fases, VAR PRE foi a condição
com mais composições corretas formadas na sequência para apenas um dos participantes
(P10), embora não tenha sido a condição com menos composições formadas para nenhum
dos participantes. Ñ VAR, por sua vez, foi a condição com mais composições corretas para
dois participantes (P8 e P12) e com menos composições corretas para outros dois (P7 e
P10). Ñ VAR apresentou resultados iguais a VAR PRE em dois casos (P9 e P11), casos nos
quais melhores resultados podem ser observados em algum(ns) teste(s) – T2 para P9, T2 e
T3 para P11.
ordens de exposição às condições observou-se grande variabilidade nos dados, não havendo
uma relação muito sistemática entre o número de repetições e as condições e/ou a ordem de
apresentação dessas condições. Apesar dessa variabilidade, podemos apontar que, entre os
participantes Ñ VAR – VAR PRE, três apresentaram o menor número de repetições entre
todas as condições em T2 (P2, P5 e P6), e dois em VAR PRE (P3 e P4) e o maior número de
repetições foi observado em T1 para quatro dos participantes (P3, P4, P5 e P6). Esses
calculada pela divisão do total de repetições de cada participante em cada condição por seis
– 8,3 em VAR PRE, 9,1 em T2, 10,5 em Ñ VAR e T3, e 12,5 em T1, indicando que cada um
76
repetições em T2 e VAR PRE, que ficaram empatados, e o participante P2 apresentou mais
repetições em Ñ VAR.
Entre os participantes VAR PRE – Ñ VAR o menor número de repetições entre todas
as condições foi observado em T1 (P9, P11 e P12) e Ñ VAR (P7 e P8), e os maiores
números de repetições se distribuíram entre VAR PRE (P9 e P12), T2 (P7) e T3 (P8 e P11).
Esses resultados estão em consonância com as médias de 8,5 em T1 e Ñ VAR, 11,6 em T3,
12,0 em T2, e 12,1 em VAR PRE, indicando que cada um desses participantes
T2), o que, além de não permitir conclusões sobre o efeito das condições sobre o repetir
cálculo das médias de todos os participantes juntos em cada condição para P7 a P12.
Figura 7, especificamente nas condições Ñ VAR e VAR PRE, mostrou que, conforme o
esperado, para 11 dos 12 participantes mais pontos foram obtidos pelos mesmos na condição
Ñ VAR do que na condição VAR PRE. Apesar de um mesmo total máximo de pontos estar
continuassem na tarefa experimental para obter pontos, enquanto que a condição VAR PRE
exigiu que, além de formar composições, essas variassem nas três dimensões de estímulo
Para sete desses 11 participantes (P1, P2, P3, P4, P5, P9 e P11) foi observada uma
diferença maior que 180 pontos, variando de 186 a 417 pontos de diferença, entre as
pontuações obtidas nas duas condições – Ñ VAR e VAR PRE, e, com exceção de P1, o
77
Para os outros quatro participantes que ganharam mais pontos em Ñ VAR (P6, P7, P8 e P10)
a diferença entre essa condição e VAR PRE foi menor que 140, variando de 136 a 43 pontos
o total de pontos em Ñ VAR foi menor que em VAR PRE, com uma diferença de 40 pontos
entre as condições.
Desse modo, podemos concluir, a partir das análises da Figura 7, que Ñ VAR
condições Ñ VAR – VAR PRE, a condição VAR PRE foi aquela em que mais composições
corretas na sequência de sorteio foram formadas, e a condição Ñ VAR aquela na qual menos
composições corretas na sequência de sorteio foram formadas, o que não pode ser afirmado
condições e em alguns casos iguais entre várias das condições, para avaliar melhor os efeitos
Verificamos o número de tentativas e duração das sessões que os participantes levaram para
escolha dessas medidas está fundamentada por outros estudos de solução de problemas,
como por exemplo os de Nakajima e Sato (1993) e Simonassi, Oliveira, Gosch, Silva,
78
Cada sessão foi encerrada quando todas as oito composições sorteadas foram
realizadas pelos participantes ou quando 200 tentativas foram decorridas sem que as oito
tentativas e duração das sessões indicam uma possível facilitação da solução dos problemas
fechados) e a duração das sessões (representado pelas barras) para resolver os problemas em
cada uma das cinco fases experimentais para os 12 participantes do estudo. É importante
sorteadas, quando 200 tentativas terão se passado até o término da sessão. Essa análise, e as
tentativas do que a condição Ñ VAR para oito dos 12 participantes: P1 (com pouca diferença
entre os valores), P2, P3, P4, P5, P6, P9 e P11, seis dos quais foram expostos primeiro a Ñ
VAR e depois VAR PRE. Entretanto, os demais quatro participantes (P7, P8, P10 e P12),
dos seis expostos à ordem VAR PRE – Ñ VAR, levaram mais tentativas em VAR PRE do
que em Ñ VAR.
Quando comparada aos testes (T1, T2, e T3), a condição VAR PRE apresentou
T3), P5 (exceto em relação a T2), P11 e P12 (exceto em relação a T1). Para P4 e P6, VAR
PRE foi melhor apenas em relação a T1, P2 e P8 levaram um número maior ou igual de
tentativas em VAR PRE quando comparado aos testes, e P10 apresentou números muito
próximos em todas as fases experimentais não sendo possível estabelecer relações no caso
desse participante.
79
00:30:00 200 00:30:00 200
P1 190
180
P7 190
180
00:25:00 170 00:25:00 170
160 160
150 150
140 140
00:20:00 130 00:20:00 130
120 120
110 110
00:15:00 100 00:15:00 100
90 90
80 80
00:10:00 70 00:10:00 70
60 60
50 50
40 40
00:05:00 30 00:05:00 30
20 20
10 10
00:00:00 0 00:00:00 0
T1 Ñ VAR T2 VAR PRE T3 T1 VAR PRE T2 Ñ VAR T3
00:30:00 200
190
00:30:00
38:00 P8 200
190
00:25:00 P2 180
170
160
00:25:00
180
170
160
150 150
140 140
00:20:00 130 00:20:00 130
120 120
110 110
00:15:00 100 00:15:00 100
90 90
80 80
00:10:00 70 00:10:00 70
60 60
50 50
40 40
00:05:00 30 00:05:00 30
20 20
10 10
00:00:00 0 00:00:00 0
T1 Ñ VAR T2 VAR PRE T3 T1 VAR PRE T2 Ñ VAR T3
00:30:00 200 00:30:00 200
190 190
180 180
00:25:00 P3 170
160
00:25:00 P9 170
160
150 150
120 120
110 110
00:15:00 100 00:15:00 100
90 90
80 80
00:10:00 70 00:10:00 70
60 60
50 50
40 40
00:05:00 30 00:05:00 30
20 20
10 10
00:30:00 00:00:00
T1 Ñ VAR T2 VAR PRE
200
T3
0 00:00:00
T1 VAR PRE T2 Ñ VAR 200
T3
0
00:30:00
190200 00:30:00
190200
00:25:00 Duração P4180190
180
170 00:25:00 Duração P10
190
180180
170
160 160
00:25:00 170150
140
170150
00:20:00
Tentativas 160130
120
00:20:00
Tentativas
140
160130
120
00:15:00 150110
100
90
00:15:00 150110
100
90
1408070 1408070
00:20:00 00:10:00
130605040
00:10:00
130605040
00:05:00
1203020 00:05:00
1203020
00:00:00 110100 00:00:00 110100
00:15:00 00:30:00
T1 Ñ VAR T2 VAR PRE
100200
T3
00:30:00
T1 VAR PRE T2 Ñ VAR T3
100200
P590 P11 90 190
190
180 180
00:25:00 80 170
160
150
00:25:00 170
80 160
150
T2 ÑT1VAR P6 T2 180
P12 180
00:25:00
VAR T3
PRE 170
160
150
00:25:00
Ñ VAR T3 170
160
150
140 140
00:20:00 130 00:20:00 130
120 120
110 110
00:15:00 100 00:15:00 100
90 90
80 80
00:10:00 70 00:10:00 70
60 60
50 50
40 40
00:05:00 30 00:05:00 30
20 20
10 10
00:00:00 0 00:00:00 0
T1 Ñ VAR T2 VAR PRE T3 T1 VAR PRE T2 Ñ VAR T3
Fases experimentais
80
Figura 8. Duração e número de tentativas por fase experimental realizada com os participantes P1 a P12.
No que se refere à condição Ñ VAR, essa foi aquela na qual os maiores números de
tentativas foram observados nos casos de quatro dos seis participantes expostos à ordem de
condições Ñ VAR – VAR PRE: P2, P4, P5 e P6 (exceto em relação a T1 para esse último
participante) quando comparada a todas as demais fases, sendo que os três primeiros
resolveram apenas seis ou sete dos problemas apresentados em Ñ VAR. O contrário ocorreu
para dois participantes, P1 (exceto em relação a T3), e P3 (exceto em relação a VAR PRE)
Na direção oposta, também foram quatro os participantes, dos seis expostos a ordem
de condições VAR PRE – Ñ VAR, que levaram menos tentativas em Ñ VAR do que em
todas as demais fases, embora com exceções para alguns testes: P7, P8 (sem exceções), P10
(com pouca diferença entre os valores) e P12 (exceto em relação a T1). Os outros dois
todas as outras fases (embora seja igual a T1 no caso de P9 e igual a T2 no caso de P11). Os
quatro participantes que levaram menos tentativas em Ñ VAR (P7, P8, P10 e P12) acertaram
oito composições na maioria das condições igualmente. Os dois participantes que levaram
mais tentativas em Ñ VAR acertaram sete composições (P9) ou cinco composições (P11) em
Ñ VAR, sendo o número de composições corretas formadas nessa condição maior apenas
Outro dado que a ordem de condições Ñ VAR – VAR PRE permitiu observar foi o
participantes (P2, P4, P5, P6) resolveram os oito problemas com menor número de tentativas
entre todas as condições. Isso não ocorreu com nenhum dos participantes que passaram pela
ordem de exposição invertida. Além disso, para três desses (P7, P11 e P12), T2 (seguindo
VAR PRE) foi a condição ou uma das condições com valores mais elevados de tentativas
para resolver os problemas, que não foram todos resolvidos por P11 e P12 (Figura 7).
81
Consideradas as médias dos participantes, os resultados daqueles submetidos à
ordem de condições Ñ VAR – VAR PRE indicam que um menor número de tentativas foi
necessário para o encerramento das sessões na condição VAR PRE do que em Ñ VAR
(média de 182,5 tentativas em Ñ VAR e 134,5 em VAR PRE), sendo que o número máximo
de 200 tentativas foi necessário para três dos seis participantes em Ñ VAR (P2, P4, P5) e
participantes expostos à ordem de condições VAR PRE – Ñ VAR foi menor em Ñ VAR
(136,3) do que em VAR PRE (152,2). Apesar disso, o número máximo de 200 tentativas foi
alcançado por dois participantes em Ñ VAR (P9 e P11) e um participante em VAR PRE
(P8). Dessa maneira, mais tentativas foram necessárias para o encerramento das sessões na
VAR PRE), ainda que o número máximo de 200 tentativas tenha ocorrido mais
condições.
experimentais (Ñ VAR ou VAR PRE) após T1 mostrou os efeitos dessas variáveis sobre o
número de tentativas considerando a linha de base. Como pode ser observado na Figura 8,
entre os participantes da ordem Ñ VAR – VAR PRE o número de tentativas aumentou para
três (P2, P4 e P5) e diminuiu para os outros três (P1, P3 e P6). Com os participantes da
ordem VAR PRE – Ñ VAR, a introdução de VAR PRE acompanhou aumento das tentativas
para P11 e P12, e diminuição para P7, P8, P9 e P10, com pouca diferença para P7 e P10.
82
No caso desses participantes, o retorno à condição de teste (T2) permite avaliar se os
efeitos vistos em Ñ VAR foram mantidos após a suspensão dessa condição. Os dados
observada nessa condição. Quando VAR PRE foi suspensa para os participantes P7 a P12, o
para P11 e P12 em T2. Um aumento das tentativas para P7 e P9 foi observado em T2 após a
suspensão de VAR PRE. Assim como na Figura 7, os dados de P10 na Figura 8 não
para P2, P4, P5 e P6, e diminuiu para P1 e P3. Quando Ñ VAR foi introduzida para os
participantes P7 a P12, o número de tentativas diminuiu para P7, P8, P10, P11 e P12. Para
P8 o número de tentativas já vinha diminuindo desde a introdução de VAR PRE, mas não
para os demais. P9 foi o único participante dessa ordem de exposição que apresentou
P5. Para P2, P4 e P6, no entanto, a suspensão de VAR PRE acompanhou diminuição das
mostrou diminuição do número de tentativas para P9 e P11 e aumento para P7, P8, P10 e
P12.
83
As análises da Figura 8 mostram, portanto, que considerados os participantes em
todas as condições do experimento, nas condições Ñ VAR e VAR PRE apenas, e cada um
apresentada. No entanto, alguns dados, como por exemplo o número de participantes que
levaram 200 tentativas em Ñ VAR e em VAR PRE, mostraram que Ñ VAR acompanhou
condições. Os mesmos resultados foram obtidos quando consideramos a duração das sessões
como medida, embora as diferenças não sejam tão claramente marcadas como as observadas
nas condições Ñ VAR e VAR PRE: VAR PRE levou menos tentativas que Ñ VAR para ser
encerrada embora tenha durado mais tempo que essa última, o que difere de todos os demais
formassem cada uma das oito composições sorteadas nas fases experimentais. As
composições foram inseridas na Figura na ordem em que foram formadas, da 1ª até a 8ª,
a composições sorteadas que não foram formadas pelos participantes, o que significa que
esses atingiram o máximo de 200 tentativas durante todo o resto das sessões sem formar
10
A Figura 9 não apresenta, no entanto, o número de tentativas e a duração de tempo no qual os participantes
completaram as 200 tentativas sem formar a próxima composição correta (indicadas pelo asterisco). Essa
omissão teve por objetivo manter uma escala mais adequada para avaliar as composições corretas formadas, o
que não seria possível com números altos de tentativas e durações longas nas composições não formadas.
84
00:17:00
00:16:00
00:15:00
P1 120
110
00:17:00
00:16:00
00:15:00
P7 120
110
00:14:00 100 00:14:00 100
00:13:00 90 00:13:00 90
00:12:00 00:12:00
00:11:00 80 00:11:00 80
00:10:00 70 00:10:00 70
00:09:00 00:09:00
60 60
00:08:00 00:08:00
00:07:00 50 00:07:00 50
00:06:00 40 00:06:00 40
00:05:00 00:05:00
00:04:00 30 00:04:00 30
00:03:00 20 00:03:00 20
00:02:00 00:02:00
00:01:00 10 00:01:00 10
00:00:00 * ** 0 00:00:00 0
1234567812345678123456781234567812345678 1234567812345678123456781234567812345678
e duração que variam entre e intra fases experimentais, e foram bastante irregulares entre os
Ñ VAR para P7 a P12, um aumento progressivo do número de tentativas e duração pôde ser
observado para cinco dos doze participantes (P1, P2, P6, P8 e P9), o que também ocorreu
em certa medida em T3 para oito dos 12 (P1, P3, P4, P5, P6, P7, P8 e P9). Esses dados são
complementares aos da Figura 8 uma vez que permitem relativizar o fato de números
maiores de tentativas e duração terem sido observados em VAR PRE para vários dos
participantes da ordem Ñ VAR – VAR PRE. A análise da Figura 9 indicou que esses valores
maiores caracterizaram o final das sessões, valendo mais para as últimas composições
formadas. Esse resultado era esperado uma vez que as composições corretas não foram
exigidas na sequência de sorteio e eram reforçadas uma única vez, o que implicou em
sessões que iniciavam com oito em 64 possibilidades de reforçamento com mais pontos,
participante foi observada em diferentes condições. Em VAR PRE, quatro participantes (P1,
P2, P6 e P9) formaram a sua composição com maior número de tentativas, sendo que apenas
P9 teve VAR PRE como primeira condição apresentada, e sendo que para P2 e P9 não foram
formadas oito composições em Ñ VAR, o que, na comparação das condições, tem que ser
tentativas. Isso ocorreu em T1 para P4, P5 e P10, com pouca diferença no caso desse último.
86
condição11. Dividiu-se então o número de composições formadas em igual ou menos
tentativas e tempo que a média de linha de base e o número total de composições formadas
fora da sequência de sorteio em cada fase. Por exemplo, um participante que tenha formado
composição. A partir desse valor, contamos quantas das composições nas fases seguintes
foram formadas em 25 tentativas ou menos e dividimos esse valor pelo número total de
composições formadas, sendo essa uma proporção. Resultados mais próximos de 0,0
composições corretas formadas foi concluída em número igual ou menor de tentativas que a
Os resultados obtidos com essa análise foram representados na Figura 10. Os quadros
das durações de tempo. Acima se encontram os dados dos participantes expostos à ordem de
exposição Ñ VAR – VAR PRE, e abaixo os participantes da ordem de exposição VAR PRE
– Ñ VAR.
Apesar da grande variabilidade nos dados obtidos, podemos notar que a proporção
da linha de base (T1) e o total de composições formadas, tomando cada participante como
seu próprio controle, foi em geral favorável (superior a 0,5) para a maioria dos participantes
11
As médias de tentativas e duração em T1 foram calculadas considerando o total de composições formadas
pelos participantes e não o total de oito composições como divisor. Esse procedimento de análise teve por
objetivo evitar que uma média de linha de base melhor do que a real fosse tomada como parâmetro de
comparação com as fases seguintes. Dessa maneira, um participante que tenha formado oito composições em
200 tentativas em T1, apresentou média de linha de base igual a 25. Se no mesmo número de tentativas tivesse
formado apenas sete composições, a média seria igual a 28,5. A cada composição não formada, maior a média.
87
e na maioria das condições às quais foram expostos. Esses dados sugerem uma melhora de
Tentativas Duração
1,0 1,0
0,9 0,9
P1 0,8 P1
0,8
0,7 P2 0,7 P2
0,6 P3 0,6 P3
0,5 0,5
0,4 P4 0,4 P4
0,3 P5 0,3 P5
0,2 P6 0,2 P6
0,1 0,1
Proporções
0,0 0,0
0 T11 2
Ñ VAR 3
T2 4 PRE T3
VAR 5 6 0 T11 2
Ñ VAR T23 VAR4PRE T35 6
1,0 1,0
0,9 0,9
0,8 P7 0,8 P7
0,7 0,7
P8 P8
0,6 0,6
0,5 P9 0,5 P9
0,4 P10 0,4 P10
0,3 0,3
P11 P11
0,2 0,2
0,1 P12 0,1 P12
0,0 0,0
0 T1
1 VAR2 PRE T2
3 Ñ4VAR T3
5 6 0 T11 VAR2PRE T2
3 Ñ 4VAR T3
5 6
Fases
Figura 10. Proporções entre composições corretas formadas em menos tentativas (coluna esquerda) e duração de tempo
(coluna direita) do que a média em T1 e total de composições corretas formadas pelos participantes P1 a P12 em cada
fase experimental.
proporções inferiores a 0,5 ocorreram em T1 (P3 e P1) e Ñ VAR (P2) para os participantes
Ñ VAR – VAR PRE. Ou seja, em relação à média da própria linha de base, a maior parte das
composições foi formada em mais tentativas. Entre os participantes VAR PRE – Ñ VAR,
proporções menores que 0,5 não foram encontradas nos dados de tentativas. Quando
analisamos a duração de tempo por composição (quadros à direita na figura 10), apenas uma
proporção menor que 0,5 foi encontrada, na condição Ñ VAR (P2), para os participantes
88
expostos à ordem de condições Ñ VAR – VAR PRE, e uma aparece em T2 (P10) na ordem
Proporções iguais a 0,5 indicavam que metade das composições formadas o foram
em número igual ou menor de tentativas e tempo que os da linha de base, e a outra metade
VAR – VAR PRE, uma proporção igual a 0,5 foi observada em Ñ VAR (P1 e P5), T2 (P1) e
VAR, casos de proporção igual a 0,5 podem ser vistos em VAR PRE (P11 e P12) e T3 (P11)
quando analisamos as tentativas e em T1 (P12), VAR PRE (P11 e P12), Ñ VAR (P7) e T3
As proporções mais próximas de 1,0, ou seja, que indicavam que quase todas as
linha de base, ocorreram em T1 (P5), T2 (P6), VAR PRE (P6) e T3 (P4) na análise das
participantes Ñ VAR – VAR PRE. Quando a ordem de exposição às condições foi invertida,
proporções mais próximas de 1,0 se deram em VAR PRE (P9) e Ñ VAR (P10) para a análise
participante, as proporções do número de tentativas foram mais próximas de 1,0 para VAR
PRE para seis dos 12 participantes (P1, P2, P3, P4, P6 e P9) sendo apenas um deles (P9) da
ordem de exposição VAR PRE – Ñ VAR. Proporções mais próximas de 1,0 foram obtidas
em Ñ VAR no caso de quatro dos 12 participantes (P8, P10, P11 e P12) todos expostos
primeiro a VAR PRE. As proporções obtidas em Ñ VAR e VAR PRE com os participantes
89
P5 e P7 foram idênticas. Os resultados referentes à duração de tempo por composição
correta foram semelhantes, com proporções mais próximas de 1,0 em VAR PRE para sete
dos 12 participantes (P1, P2, P3, P4, P5, P7 e P9) e em Ñ VAR para quatro dos 12
participantes (P8, P10, P11 e P12). A mesma proporção foi observada nas duas condições
para P6 quando consideramos os dados de duração. Podemos destacar ainda que a diferença
entre as proporções nas duas condições foi sempre menor ou igual a 0,3 para os dados de
tentativa e menor ou igual a 0,2 para os dados de duração, mas com as exceções dos
participantes P3, P11 e P12 que apresentaram diferenças entre Ñ VAR e VAR PRE de 0,38,
qual fosse.
cada participante em T1, na ordem de exposição Ñ VAR – VAR PRE, Ñ VAR acompanhou
piores resultados na solução dos problemas apresentados, ou pelo menos não foi melhor em
composições corretas formadas com número de tentativas e tempo menor e maior que a
média da linha de base) foram observadas mais frequentemente. Proporções mais favoráveis
à solução de problemas nunca foram observadas em Ñ VAR, mas foram em todas as demais
condições. Apesar disso, nos resultados obtidos na ordem de exposição VAR PRE – Ñ
VAR, valores mais próximos de 1,0 foram observados tanto em VAR PRE quanto em Ñ
VAR, e valores de indiferença foram observados mais frequentemente em VAR PRE e testes
problemas em relação a Ñ VAR e por vezes em relação às fases de teste (T1, T2 e T3). Se
esses resultados podem ou não ser atribuídos à própria condição não está totalmente claro,
90
uma vez que muitos dados obtidos foram diferentes de acordo com a ordem de exposição às
condições Ñ VAR e VAR PRE, o que indicou um possível efeito relacionado à ordem de
reforçamento direto do variar em esquema Lag 2 para cada uma das respostas do
participante ao longo das tentativas. Das condições de teste, mais rigorosamente os testes T2
VAR por sua vez não exigiu variabilidade para a produção de pontos, embora não
contingente ao variar do estudo de Maes (2003), estudo no qual menor variabilidade foi
respostas correntes e respostas precorrentes são complementares aos resultados até aqui
apresentados.
91
64
62
Número total de composições diferentes
60
58
56
54 T1
52 Ñ VAR
50 T2
48 VAR PRE
46 T3
44
42
40
P1 P2 P3 P4 P5 P6
Participantes
64
62
Número total de composições diferentes
60
58
56
54 T1
52 VAR PRE
50 T2
48 Ñ VAR
46 T3
44
42
40
P7 P8 P9 P10 P11 P12
Participantes
Figura 11. Número de composições diferentes realizadas pelos participantes P1 a P12 em cada fase experimental.
92
Em geral, os resultados apresentados na Figura 11 mostram que os participantes
(P11 na condição T1), e que, apesar dos altos números de composições diferentes obtidos
diferentes tendeu a ser menor em VAR PRE do que em Ñ VAR para os participantes
expostos primeiro a Ñ VAR (P1, P2, P3, P5 e P6), à exceção de P4 que formou mais
composições diferentes em VAR PRE do que Ñ VAR. No caso dos participantes expostos
primeiro a VAR PRE se deu o oposto: quatro deles formaram mais composições diferentes
em VAR PRE do que em Ñ VAR (P7, P8, P10 e P12), enquanto dois apresentaram
Quando comparadas essas duas condições com as condições de teste, podemos dizer
que para três dos seis participantes expostos primeiro a Ñ VAR (P1, P2 e P5), o número de
composições diferentes obtidos nos três testes foi sempre menor ou igual ao número de
mesmo resultado pode ser observado, mas com exceções: para P3, os testes foram maiores
que VAR PRE, para P4, T1 foi maior que Ñ VAR e VAR PRE, e para P6, T1 foi maior que
VAR PRE. Com os participantes expostos à ordem de condições inversa os resultados foram
opostos. Maior ou igual número de composições diferentes foi sempre observado nos testes
quando comparados a Ñ VAR e VAR PRE para três dos seis participantes (P7, P8 e P10).
Para os outros três resultados similares foram observados, mas com muitas exceções: para
P9, T1 e T2 foram menores que Ñ VAR e VAR PRE, para P11, T1 foi menor que Ñ VAR e
VAR PRE, e para P12, T1 foi menor que Ñ VAR e VAR PRE e T2 e T3 menores que VAR
PRE.
93
Apesar das análises feitas da Figura 11, uma vez que as fases tiveram número
uma delas não são proporcionalmente comparáveis. Por exemplo, seria mais provável
formar as 64 composições possíveis em uma sessão com 200 tentativas do que em uma
sessão com 64 tentativas, o que diminui a força das conclusões obtidas com essa análise.
Por essa razão, outra medida de variabilidade considerada, apresentada na Figura 12,
foi a porcentagem de composições diferentes em cada fase experimental para cada um dos
experimental pelo número total de composições na mesma fase, cujo resultado foi
multiplicado por cem. Essa medida permitiu avaliar a proporção de composições diferentes
mínimo, 28,5% (P4 na condição Ñ VAR), com poucos valores que ultrapassaram 50% – três
casos entre os seis participantes Ñ VAR – VAR PRE (P5 e P6 em T2, e P3 em VAR PRE) e
dois casos semelhantes entre os participantes VAR PRE – Ñ VAR (P7 e P8, ambos em Ñ
VAR). Além disso, na ordem de exposição às condições VAR PRE – Ñ VAR, o participante
primeira condição apresentada para oito dos doze participantes (P2, P3, P4, P5, P7, P8, P10
e P12), metade deles expostos a essas condições em uma ordem e metade na ordem inversa.
94
100%
Porcentagem de composições diferentes
90%
80%
70%
60%
T1
50% Ñ VAR
40% T2
30% VAR PRE
T3
20%
10%
0%
P1 P2 P3 P4 P5 P6
100% Participantes
Porcentagem de composições diferentes
90%
80%
70%
60%
T1
50% VAR PRE
40% T2
30% Ñ VAR
T3
20%
10%
0%
P7 P8 P9 P10 P11 P12
Participantes
Figura 12. Porcentagem de composições diferentes realizadas pelos participantes P1 a P12 em cada fase experimental.
95
Para P1, P9 e P11 a primeira condição apresentada (Ñ VAR no caso do primeiro e
VAR PRE no caso dos demais) acompanhou maior porcentagem de composições diferentes,
embora com diferença muito sutil no caso de P1, o que mostra que, ainda que VAR PRE
tenha produzido maior variabilidade como primeira condição para alguns participantes e
como segunda condição para outros, Ñ VAR só acompanhou maior variabilidade como
segunda condição apresentada. Para P6 as porcentagens foram iguais nas duas condições
analisadas. Como podemos ver, VAR PRE foi a melhor entre as duas condições para seis
dos doze participantes (P2, P3, P4, P5, P9 e P11 – a maioria exposta primeiro a Ñ VAR), a
pior entre as duas condições para cinco dos doze participantes (P1, P7, P8, P10 e P12 – a
maioria exposta primeiro a VAR PRE), com diferenças muito sutis no caso de P1, e
(T1, T2 e T3) podemos notar que não há uma tendência mais clara como foi visto com o
número de composições diferentes. Metade dos participantes Ñ VAR – VAR PRE tiveram
menor que VAR PRE) e P6 (com exceção de T1 que apresentou porcentagem menor que ñ
VAR e VAR PRE)]. Os participantes P1 e P3, por outro lado, apresentaram porcentagens
menores nos testes do que nas condições experimentais (com exceção de T3 para P1, que
teve maiores porcentagens que Ñ VAR e VAR PRE). Entre os participantes da ordem de
exposição inversa às condições os resultados foram ainda menos esclarecedores, uma vez
que um deles teve maiores porcentagens de composições diferentes nos testes (P11, com
exceção de T2 que teve porcentagem menor que VAR PRE) e outro teve porcentagem
menor nos testes (P8, com exceção de T3 que teve porcentagem ligeiramente maior que
VAR PRE). Os demais participantes (P5, P7, P9 e P10) tiveram resultados que não
96
permitem afirmar sobre qual tipo de condição (experimentais ou de teste) teve maior
participantes (P2, P4, P5, P9 e P11), e VAR PRE nunca ocupou tal posição para qualquer
composições diferentes para metade dos participantes, cinco deles expostos primeiro a Ñ
VAR.
dessa composição em dada fase pelo número de composições formadas na mesma fase, cujo
resultado foi multiplicado por 100. Esse cálculo foi feito com o objetivo de tornar
mesma condição para todos os participantes. A Figura 13 contém os resultados obtidos com
os participantes expostos à ordem Ñ VAR – VAR PRE (P1 a P6) e a Figura 14 contém os
resultados obtidos com os participantes expostos à ordem VAR PRE – Ñ VAR (P7 a P12).
97
P1 P2 P3 P4 P5 P6
T1
Composições corretas Ñ
Demais composições VAR
T2
VAR
Porcentagem de ocorrências
PRE
T3
Composições
Figura 13. Distribuição das ocorrências de cada uma das 64 composições, em cada uma das fases experimentais realizadas com os participantes P1 a P6. Cada coluna
corresponde a um participante, e cada linha a uma Fase.
98
P7 P8 P9 P10 P11 P12
T1
Composições corretas
VAR
Demais composições
PRE
T2
Porcentagem de ocorrências
VAR
T3
Composições
Figura 14. Distribuição das ocorrências de cada uma das 64 composições, em cada uma das fases experimentais realizadas com os participantes P7 a P12. Cada coluna
corresponde a um participante, e cada linha a uma Fase.
99
Uma vez que o presente estudo trabalhou com um universo de 64 possibilidades
apenas uma vez (sendo esse, portanto, um caso de distribuição máxima entre as
realizadas para se obter a maior variação possível. Em uma sessão com 128 tentativas a
mesma porcentagem seria obtida caso houvesse duas ocorrências de cada uma das 64
fase.
condição Ñ VAR para cinco dos doze participantes, (três expostos à ordem Ñ VAR –
VAR PRE – P2, P3 e P6 – e dois expostos à ordem VAR PRE – Ñ VAR – P11 e P12),
sendo P2 e P3 aqueles para os quais maiores diferenças entre as duas fases foram
– e três expostos à ordem VAR PRE – Ñ VAR – P8, P9 e P10), mostram maior
variabilidade em VAR PRE, embora para todos eles, exceto P10, tenha sido encontrada
pouca diferença entre as condições quando comparados aos resultados que mostram
maior variabilidade em Ñ VAR. Para dois participantes (P4 e P7, cada um exposto a
uma das sequências de apresentação das fases Ñ VAR e VAR PRE), foram obtidos
100
A comparação entre as sessões de teste (T1, T2 e T3) mostrou muitas diferenças
Apesar dessas diferenças, podemos dizer que para três dos seis participantes
variabilidade próxima a de linha de base para dois deles (P2 e P4). Em relação à
condição VAR PRE que antecedeu T3, no entanto, os resultados desses participantes
foram distintos. Para P2 VAR PRE não havia mudado os valores de T2, não sendo
aumentou ainda mais a variabilidade para um (P4) e diminuiu para outro (P5) em
variabilidade quando comparado a T2, embora o número de casos com mais de 1,56%
de ocorrência não retorne aos de linha de base (T1), o que ocorreu após a apresentação
de VAR PRE que não alterou a variabilidade para esse participante em relação a T2.
101
Os outros dois participantes expostos à ordem Ñ VAR – VAR PRE tiveram
resultados muito semelhantes, quase constantes, nos três testes. Para P1, no entanto,
PRE, o que foi recuperado com a suspensão dessas condições, e, para P3, a
variabilidade foi aumentada por Ñ VAR e diminuída por VAR PRE, o que também foi
Para três dos seis participantes expostos primeiro a VAR PRE observou-se uma
condição VAR PRE que não alterou a variabilidade em relação a T1 para dois deles (P7
e P9) e que aumentou a variabilidade para P12, variabilidade que se manteve em T2. A
variabilidade para P12, e em T3 essas mudanças continuam na mesma direção para P7,
ficou abaixo da linha de base (P7), igual à linha de base (P9) ou acima da linha de base
(P12).
cada vez melhores (menos composições com mais de 1,56% de ocorrências) quando
comparados T1, T2 e T3. Para P8 essa diminuição foi intercalada por um aumento da
variabilidade com a introdução de VAR PRE, que foi perdido com sua retirada em T2, e
aumento da variabilidade foi sempre maior a cada condição, com exceção de Ñ VAR,
102
Todavia as composições apresentaram distribuição idêntica, não havendo prevalência de
uma em relação às demais, e, além disso, muitas das 64 composições não foram
Apenas P11 apresentou variabilidade cada vez menor ao longo do estudo, com
uma diminuição ocorrendo com a introdução de VAR PRE e outra diminuição em T3,
pelo formar as composições previamente sorteadas pode ter levado à uma maior
como seu próprio controle, um número maior de composições corretas com ocorrência
igual a ou maior que 3% foram encontradas em VAR PRE para seis dos doze
participantes (P1, P2, P3, P6, P7, P9), maioria deles exposta à ordem Ñ VAR – VAR
PRE. Um maior número de casos foi visto em Ñ VAR para dois participantes (P4 e
103
P12), sem diferenças entre as ordens de exposição às condições. Vale notar, no entanto,
que a diferença observada para esses oito participantes foi de apenas um caso de
composição correta com ocorrência igual a ou maior que 3% entre Ñ VAR e VAR PRE,
diferença que pode ser pouco distintiva. Para os demais participantes (P5, P8, P10 e
P11), além de não existir diferenças entre as condições, nenhum caso de composição
correta com pelo menos 3% de ocorrência foi encontrado para qualquer um deles.
condições Ñ VAR e VAR PRE, sete casos de composições corretas com 3% ou mais de
ordem de exposição Ñ VAR – VAR PRE temos dois casos em Ñ VAR e cinco em VAR
PRE, e na ordem inversa temos quatro casos em VAR PRE e três em Ñ VAR. Desse
modo, como na análise individual, VAR PRE foi a condição na qual as composições
corretas foram mais repetidas, o que foi mais característico quando essa foi a segunda
condição apresentada.
que 3% restantes foram observados nas sessões de teste (T1, T2 e T3). Uma comparação
desses três testes no processo de cada participante revela que seis dos 12 apresentaram
linha de base (T1), sendo que para três deles isso ocorreu após Ñ VAR (P1, P3 e P4) e
para os outros três após VAR PRE (P7, P11 e P12). Tal diminuição já havia ocorrido
todos eles, com exceção de P7 para o qual não foi observada mudança com a introdução
de VAR PRE. Esses dados não mostraram, portanto, distinções entre testes seguindo Ñ
104
Desses participantes, apenas três mostraram aumento posterior das repetições em
T3 quando comparado a T2 – P4, após VAR PRE e P7 e P12, após Ñ VAR. Esse
aumento já havia ocorrido com a introdução de Ñ VAR para P12, mas não para os
em T3 após Ñ VAR, embora nunca tenham sido observadas repetições nas fases
anteriores.
repetições em T3 quando comparado a T2, mas os resultados desse teste, que foi
realizado depois da condição VAR PRE para os dois primeiros e depois de Ñ VAR para
Apesar disso, resultados opostos aos dos participantes descritos acima foram
observados para P9, que mostrou um aumento das repetições de composições corretas
depois de VAR PRE (T2) em relação a T1, mas diminuição em relação à própria
T3, todos com apenas um caso de composição com 3% ou mais de ocorrências. Nos
apresentou o único caso de repetição igual a ou maior que 3% em T2, o que não
105
Somando-se todos os casos de composições corretas com ocorrência igual a ou
exposição, notamos que metade dos casos ocorreu em T1, oito de 16 casos, entre os
participantes Ñ VAR – VAR PRE. O mesmo não foi observado entre os participantes da
ordem inversa (cinco em 14 casos para T1). Foi característica em ambas as ordens de
cinco e seis casos em T3 para os participantes Ñ VAR – VAR PRE e VAR PRE – Ñ
única vez, se deu mais recorrentemente na linha de base (T1) quando comparada aos
outros testes para os participantes Ñ VAR – VAR PRE. Para os participantes VAR PRE
repetidas em T2 para ambas as ordens de exposição, mas esse efeito não se manteve na
composições obtidas com o participante P10, em todas as fases experimentais, foi quase
106
Uma vez que as análises da variabilidade de composições realizadas até aqui não
Essa análise é interessante uma vez que sob esquemas de reforçamento do variar
(De Godoi Fialho, Micheletto & Sélios, 2015). Esse pode ser o caso do esquema Lag 2
utilizado na condição VAR PRE. Desse modo, poderemos ver como esse esquema em
vigor para as respostas precorrentes poderá ter refletido sobre a sequência ao longo das
tentativas de composições formadas pelos participantes. Outro ponto que pode ser
avaliado por essa análise é o efeito da condição Ñ VAR sobre a sequência ao longo das
produziu pontos por qualquer composição formada, diferente ou não das anteriores,
uma vez que variar não era necessário para produzir reforçamento. A comparação entre
os resultados nos testes T1, T2 e T3 permitirão ainda avaliar possíveis efeitos das
Alguns desses dados foram apresentados na Figura 15, na qual podem ser vistos
exemplos de repetições em tentativas consecutivas (destaque A), repetições com até três
tentativas alternadas (destaque C). As sessões de linha de base (T1) realizadas com os
107
todas as ocorrências de uma mesma composição por duas vezes ou mais, desde que
32
28
24
20
16
12 A
8
4
0
100
109
118
127
136
145
154
163
172
181
190
199
10
19
28
37
46
55
64
73
82
91
1
Tentativas
64
60
56
52
48 C
44
40 B
36
Composições
32
28
24
20
16
12
8
4
0
100
109
118
127
136
145
154
163
172
181
190
199
10
19
28
37
46
55
64
73
82
91
1
Tentativas
Figura 15. Exemplos de padrões de repetições consecutivas de uma mesma composição (destaque A), repetições
com até três tentativas de intervalo de uma mesma composição (destaque B) e alternância das mesmas composições
(destaque C) em sessões de linha de base (T1) com os participantes P6 (Ñ VAR – VAR PRE) – quadro superior – e
P8 (VAR PRE – Ñ VAR) – quadro inferior. Os marcadores pretos referem-se a composições corretas quando foram
reforçadas em sua primeira ocorrência e os marcadores cinza escuro referem-se a repetições de composições corretas
que não foram reforçadas.
108
Antes que as repetições ao longo das sessões sejam comentadas, deve ser
comportamental, como é o caso das apresentadas no exemplo da Figura 15. Para alguns
participantes, a distribuição foi variada, mas não aleatória como nos exemplos, com
de outros, o que pode envolver um controle por descrições verbais feitas pelos próprios
e P11 em T3). Ocorreram ainda casos nos quais as repetições foram observadas no
composições (P5 e P11 em T1 e P2 em T2), o que pode ser observado nas Figuras 13 e
14. No restante das sessões a distribuição se assemelha aos exemplos da Figura 15.
o número de repetições com até três tentativas de intervalo, com exceção de alguns
casos (P3 em VAR PRE, P4 em VAR PRE, P5 em T1, P7 em VAR PRE, P10 em Ñ
com até três tentativas de intervalo foi maior para a ordem Ñ VAR – VAR PRE. Entre
todas as cinco condições, VAR PRE foi aquela com mais repetições consecutivas para
as duas ordem de condições. No que se refere às repetições com até três tentativas de
intervalo, Ñ VAR foi a condição com mais repetições entre os participantes Ñ VAR –
VAR PRE e VAR PRE foi a com menos repetições. Entre os participantes VAR PRE –
Ñ VAR o número de repetições desse segundo tipo foi sempre decrescente, com o maior
109
Esses resultados, entretanto, não são muito representativos do comportamento
Ñ VAR e VAR PRE há grande variabilidade nos resultados obtidos com essas análises.
PRE, 0 a 17 entre os participantes VAR PRE – Ñ VAR e valores entre 25 e 34, e 8 e 28,
foram encontrados para repetições com até três tentativas de intervalo para cada uma
VAR para cinco dos doze participantes (P3, P4 e P5 expostos primeiro a Ñ VAR, e P7 e
P11 expostos primeiro a VAR PRE), sendo que para P7 o número de repetições
consecutivas em Ñ VAR foi igual a zero. Para os demais sete participantes o número de
repetições consecutivas foi o mesmo nas duas condições analisadas (P6 e P12) ou foi
igual a zero em ambas (P1, P2, P8, P9 e P10). Quando tratamos das repetições com até
de exposição às condições Ñ VAR e VAR PRE. Para cinco dos seis participantes
PRE (P1, P2, P3, P4 e P5), sendo igual a zero para P3. Para cinco dos seis participantes
VAR (P7, P9, P10, P11 e P12), sendo igual a zero para P10. Esses dados mostram,
110
A comparação do número de repetições de ambos os tipos na linha de base (T1)
e primeira condição apresentada (Ñ VAR ou VAR PRE) e entre o segundo teste (T2) e a
relação a T2 quando a condição VAR PRE foi apresentada para quatro dos seis
participantes Ñ VAR – VAR PRE (P3, P4, P5 e P6), diminuindo para os outros dois, e
diminuiu em relação a T2 quando a condição Ñ VAR foi apresentada para três dos
participantes VAR PRE – Ñ VAR (P7, P11 e P12), mantendo-se igual à T2 para os
intervalo para quatro (P1, P3, P4 e P5) e diminuiu para dois (P2 e P6) participantes
quando comparada a T1, enquanto que a segunda condição apresentada (VAR PRE)
diminuiu o número de repetições para três (P1, P2 e P3) e aumentou para dois (P5 e P6),
sendo que os valores foram iguais para P4, quando comparada a T2. Com os
(VAR PRE) não pode ser tomada, uma vez que as repetições aumentaram para três
participantes (P7, P9 e P11) e diminuíram para os outros três (P8, P10 e P12) em
repetições em relação a T2 para quatro dos seis participantes (P7, P11 e P12) e se
manteve igual a T2 para os outros três (P8, P9 e P10). A comparação dos testes T1, T2,
111
T3, com o objetivo de esclarecer os possíveis efeitos de Ñ VAR e VAR PRE em testes
posteriores à sua apresentação, não foi muito conclusiva devido à grande variabilidade
VAR PRE.
ou com até três tentativas de intervalo). Casos com três ocorrências consecutivas foram
observados para P12 (T2 e T3) e um caso com oito ocorrências consecutivas foi
observado para P1 (T3). Casos com três ocorrências com até três tentativas de intervalo
foram observados para P1 (T2), P2 (T1, Ñ VAR, T2, T3), P3 (T3), P4 (T1), P6 (T1,
VAR PRE), P7 (T2), P8 (T1), P9 (T2), P11 (T1, VAR PRE, T2 e T3) e P12 (T1). Três
casos com quatro ocorrências com intervalo foram encontrados, um para P3 (T2), um
para P8 (T1) e um para P9 (T3). Foram encontrados ainda um caso com cinco repetições
com intervalos (P3 em Ñ VAR), e um com oito repetições com intervalo (P8 em T1).
Dos casos de repetição com algumas tentativas de intervalo entre elas, seis
ocorreram em T1 (P6 e P8), Ñ VAR (P1, P3) e VAR PRE (P7 e P11). Outros dois casos
repetição do grupo de três composições (33 – 49 – 24) que ocorreu várias vezes na
condição Ñ VAR com o participante P7, repetição que não atendeu aos critérios da
presente análise para ser contabilizada como repetição, mas se sobressai na sessão
112
Variabilidade de respostas precorrentes
respostas de clicar com o mouse ao longo das tentativas, de acordo com a dimensão de
respostas de clicar com o mouse, emitidas pelos participantes, em cada um dos quatro
estímulos de cada uma das três dimensões de estímulo apresentadas durante a tarefa
A seguir analisamos o total dos estímulos das três dimensões que tiveram
seguir levou em consideração a soma de todos os valores obtidos com esse cálculo em
cada fase para cada participante. Quanto maior essa soma, mais distantes do critério de
113
50% 50%
45%
P1 45% P7
40% 40%
35% 35%
30% 30%
25% 25%
20% 20%
15% 15%
10% 10%
5% 5%
0% 0%
T1 Ñ VAR T2 VAR PRE T3 T1 VAR PRE T2 Ñ VAR T3
50% 50%
45% 45%
40% P2 40% P8
35% 35%
30% 30%
25% 25%
20% 20%
15% 15%
10% 10%
5% 5%
0% 0%
T1 Ñ VAR T2 VAR PRE T3 T1 VAR PRE T2 Ñ VAR T3
50% 50%
45%
40%
P3 45%
40%
P9
35% 35% Cor Forma Localização
30% 30%
25% 25%
20% 20%
15% 15%
10% 10%
Porcentagem de respostas
5% 5%
0% 0%
T1 Ñ VAR T2 VAR PRE T3 T1 VAR PRE T2 Ñ VAR T3
50% 50%
45% 45%
40% P4 40% P10
35% 35%
30% 30%
25% 25%
20% 20%
15% 15%
10% 10%
5% 5%
0% 0%
T1 Ñ VAR T2 VAR PRE T3 T1 VAR PRE T2 Ñ VAR T3
50% 53,8% 50% 64%
45% 45%
40% P5 40% P11
35% 35%
30% 30%
25% 25%
20% 20%
15% 15%
10% 10%
5% 5%
0% 0%
T1 Ñ VAR T2 VAR PRE T3 T1 VAR PRE T2 Ñ VAR T3
50% 50%
45% 45%
40%
P6 40%
P12
35% 35%
30% 30%
25% 25%
20% 20%
15% 15%
10% 10%
5% 5%
0% 0%
T1 Ñ VAR T2 VAR PRE T3 T1 VAR PRE T2 Ñ VAR T3
do que 25% das vezes entre as condições Ñ VAR e VAR PRE foi maior na condição
VAR PRE para as duas ordens de exposição a essas condições, embora com diferença
de 7 casos entre as duas condições para aqueles da ordem de exposição Ñ VAR – VAR
estímulos com mais de 25% de respostas por fase foi menor para Ñ VAR no caso de
quatro dos seis participantes Ñ VAR – VAR PRE (P1, P2, P3 e P5), menor para VAR
PRE no caso de um (P4) e igual no caso de P6. De maneira menos conclusiva, entre os
participantes VAR PRE – Ñ VAR os resultados foram menores para Ñ VAR apenas no
caso de P12, menores para VAR PRE no caso de P8 e P10 e mostram valores iguais nos
participante foi bastante pequena para todos os doze participantes, geralmente um (P2,
P3, P12) ou dois casos (P4, P8), chegando a três (P1) ou quatro casos (P5 e P10) de
diferença, o que torna esses dados pouco conclusivos sobre os efeitos de Ñ VAR e VAR
PRE sobre a distribuição de respostas precorrentes dos participantes. Por essa razão,
embora o total de casos por fase no conjunto dos participantes, e o total de casos por
condição VAR PRE (sobretudo quando se trata da sequência Ñ VAR – VAR PRE), é
115
Considerando todos os participantes, a soma das porcentagens que ultrapassaram
25% foi maior em VAR PRE do que em Ñ VAR entre os participantes da ordem de
exposição Ñ VAR – VAR PRE, com diferença de 8,4% no total entre essas duas
exposição VAR PRE – Ñ VAR, entretanto, a soma das porcentagens foi maior em Ñ
VAR, com uma diferença de 34,7% entre as condições, diferença 4,14 vezes maior do
que a observada para a ordem de exposição Ñ VAR – VAR PRE. Os resultados obtidos
foram ainda mais consideráveis se notarmos que a soma das porcentagens que
ultrapassam 25% para as duas ordens de exposição às condições foi maior na condição
em que nenhum deles apresentou uma porcentagem idiossincraticamente mais alta que
os demais, e foi menor quando isso ocorreu (ver participantes P5 e P11 na Figura 16).
que os valores obtidos foram maiores em VAR PRE para quatro dos seis participantes
(P1, P3, P4 e P5) e maior em Ñ VAR para dois deles (P2 e P6). Entre os participantes
VAR PRE – Ñ VAR, no entanto, as somas foram maiores em Ñ VAR para cinco dos
seis participantes (P7, P8, P9, P10 e P12) e maior em VAR PRE para apenas um deles
(P11).
A comparação dos mesmos dados nos testes (T1, T2, T3) mostra que, tomado os
participantes Ñ VAR – VAR PRE em conta, o total de casos de estímulos nos quais os
participantes responderam mais que 25% das vezes em uma sessão ocorreram
116
Considerando todas as fases do estudo, o número de casos com porcentagem
maior que 25%, ou seja, quantas vezes ultrapassaram esse critério, nunca foi o maior em
Ñ VAR para nenhum dos doze participantes, e foi o maior em VAR PRE para seis deles
(P1, P2, P3, P5, P8 e P10), quatro dos quais foram expostos primeiro a Ñ VAR e depois
a VAR PRE. Ñ VAR foi a condição com menor número de casos com porcentagem
maior que 25% para quatro dos doze participantes (P1, P5, P8 e P10), metade de cada
ordem de exposição a essas condições, e VAR PRE foi a condição com menor número
desses casos para apenas um participante (P12). Esses dados mostram maior
foram vistas na segunda condição apresentada para dois participantes expostos primeiro
a Ñ VAR (P3 e P4) e para três dos participantes expostos primeiro a VAR PRE (P7, P8
variabilidade. As menores porcentagens entre todas as fases foram vistas em dois casos
para Ñ VAR (P1 e P11) e em dois casos para VAR PRE (P2 e P12), não parecendo
em cada um dos testes para dez dos doze participantes foi muito próximo em todas elas,
com diferença máxima de dois casos entre um teste e outro. No caso de P4 e P11 essa
podemos dizer que entre os participantes expostos à ordem Ñ VAR – VAR PRE, a
117
das condições Ñ VAR e VAR PRE após sua suspensão, uma vez que as alterações
VAR PRE (P7, P9, P10 e P11) quando comparado a T1, e para quatro deles (P7, P9,
intercaladas por Ñ VAR para cinco dos seis participantes expostos primeiro a Ñ VAR
(P1, P2, P3, P4 e P6) e diminuiu para P5. A mesma comparação mostrou valores que
diminuíram quando T1 e T2 foram intercaladas por VAR PRE para quatro dos
participantes (P7, P8, P10 e P11) expostos primeiro a VAR PRE, e aumentaram para P9
e P12. Quando comparamos T2 e T3, os valores foram menores quando essas condições
foram intercaladas por VAR PRE para três participantes (P2, P3 e P5), maiores para
dois (P4 e P6) e iguais para um (P1). Quando T2 e T3 foram intercaladas por Ñ VAR,
os valores aumentaram para quatro participantes (P7, P8, P9 e P11) e diminuíram para
Os estímulos em questão se alteraram de uma fase para outra, mas F2 foi predominante
118
Medidas altas de variabilidade das respostas em cada um dos doze estímulos das
três dimensões – cor (C1, C2, C3, C4), forma (F1, F2, F3, F4) e localização (L1, L2, L3,
e L4) – apresentados no caso do presente estudo, poderiam ser obtidas tanto em casos
tentativas quanto em casos nos quais uma mesma posição de estímulos na tela foi
clicada com o mouse sistematicamente, uma vez que os estímulos tiveram sua posição
posição dos estímulos na tela poderia levar a maior variabilidade de um modo diferente
não quer dizer, entretanto, que um participante não pudesse clicar sobre a mesma
posição na tela sob controle dos estímulos apresentados nessa posição o que torna uma
determinada posição pelo número total de cliques durante a sessão, cujo resultado foi
multiplicado por 100. Dado que uma distribuição variada ao máximo deveria ter 25%
das respostas em cada posição, analisamos os casos em que tal critério foi ultrapassado
em uma posição específica e quanto superior a essa porcentagem foi sua predominância
119
P1 P7
P2 P8
P3 P9
Porcentagem de respostas
P4 P10
P5 P11
P6 P12
120
Fases experimentais
Figura 17. Porcentagem de respostas dos participantes P1 a P12 às quatro posições (A, B, C e D) nas
quais os estímulos foram apresentados na tela do computador em cada fase experimental.
Em geral, o número de casos e o total em porcentagem de respostas que
ultrapassaram o critério de 25% foram baixos para a maioria dos participantes, o que
contrariamente a um controle pela posição. Isso foi especialmente observado nos casos
dos participantes P4, P7, P10 e P11, cujas porcentagens se aproximam umas das outras
em todas as fases do experimento. Outro fato que pode ser apontado na presente análise
é que em todas as sessões de todas as fases com todos os participantes, nunca o critério
máximo de variabilidade (25% de respostas em cada uma das quatro posições) foi
alcançado por um participante, e as respostas a pelo menos uma das posições (A, B, C
ou D) ultrapassaram o critério de 25%, o que era esperado, uma vez que qualquer
resposta a mais em uma das posições em relação às demais produziria esse resultado.
Apesar desses resultados, uma comparação pode ser feita entre o número de casos e
total em porcentagem obtidos nas condições Ñ VAR e VAR PRE para cada um dos
que 25% foi observada para um estímulo particular em cada condição mostrou-se pouco
conclusiva quando tomada isoladamente, uma vez que um melhor resultado (menos
casos desse tipo) foi observado apenas para P5 e P9 em VAR PRE e P11 em Ñ VAR
quando comparamos apenas essas duas condições, ainda assim com a diferença de um
caso a menos para a fase com melhor resultado. Para os demais participantes o mesmo
dos casos que ultrapassaram esse mesmo critério, os dados nos permitem dizer que a
121
posições no caso de quatro dos doze participantes (P2, P4, P8 e P10), embora com
poucas diferenças entre Ñ VAR e VAR PRE para todos esses. Os demais oito
menor em Ñ VAR, com diferenças claras no caso dos participantes P1, P5, P6, P7, P9 e
Dois casos peculiares nessa análise foram o participante P4, para o qual a
porcentagem total foi pouco (mas sempre) decrescente ao longo do estudo, com os
melhores resultados em VAR PRE e T3, e P5, que apresentou porcentagens muito altas
em uma posição específica nas fases VAR PRE e T3. A fase T3 de P5, inclusive, foi a
e D nesse caso) não foi pressionada pelo participante. Poderíamos dizer inclusive que
P5 foi o único participante que apresentou mais claramente dados que sugerem um
possível controle pela posição, ainda assim em apenas duas fases do experimento.
25% das vezes, isso ocorreu com duas das posições em 45 dos casos, contra 11 casos
nos quais apenas uma ultrapassou 25% e 4 casos nos quais três ultrapassaram essa
dá entre posições próximas (A-B, B-C, C-D), 7 entre posições distantes por um
movimento do mouse (A-C, B-D) e 1 entre posições distantes por dois movimento do
mouse (A-D). Além disso, dos 37 casos com posições próximas predominantes, 28 deles
padrões de alternância consecutiva entre duas posições, uma vez que os valores
122
analisados referem-se à porcentagem total de respostas por sessão. É possível que em
período e a outra posição em outro período da sessão, ou ainda que tenha alternado entre
Discussão
composições corretas formadas fora da sequência de sorteio (Figura 7), tanto quando
VAR e VAR PRE apenas, como também quando acompanhamos o processo de cada
um, mostraram que Ñ VAR foi a condição com os piores resultados na solução de
problemas ou igualou-se às demais condições, enquanto VAR PRE foi a condição com
melhores resultados ou pelo menos não esteve entre aquelas que apresentaram os piores
resultados.
quando expostos a VAR PRE geralmente se manteve nas sessões de teste realizadas
após essa condição, enquanto que mudanças durante a exposição à Ñ VAR (tanto a
constituem exceções) geralmente não se mantiveram nos testes realizados após sua
suspensão.
corretas fora da sequência de sorteio esteve limitada pelo fato de que a maioria dos
123
experimentais, e o número mínimo de composições corretas observado foi de seis, o que
sugere um possível efeito de teto. Tal efeito de fato ocorreu pelo menos para três dos
estudos futuros.
evidenciando Ñ VAR como uma das condições com menos composições corretas e
VAR PRE como uma das condições com mais composições corretas, ou pelo menos
não sendo umas das condições com menos composições corretas. Nesse caso, um efeito
de teto não foi tão limitador das interpretações propostas, uma vez que, na linha de base,
número de composições formadas fora da sequência. No entanto, essa análise deve ser
considerada com parcimônia redobrada uma vez que o experimento não foi delineado de
composições na sequência em que foram sorteadas, o que implica em uma análise das
fora da sequência.
Constituíram exceções a essa análise os participantes P5, para o qual VAR PRE
e P12, para os quais Ñ VAR esteve entre as condições com mais composições corretas.
Além dessas exceções, destacamos que os dados foram menos conclusivos entre os
124
participantes expostos à ordem de condições VAR PRE – Ñ VAR, com os quais foram
diferença entre as condições tenha sido bastante grande para alguns participantes,
constituiu a única exceção a essa análise, obtendo mais pontos em VAR PRE do que em
Ñ VAR. Outro fato observado foi que pontuações muito próximas do máximo de pontos
Sobre isso, deve ser considerado que não existiu uma relação direta entre maior
pontuação e menor pontuação foram diferentes: cinco pontos eram obtidos cada vez que
pontos eram obtidos em Ñ VAR cada vez que os participantes terminavam de formar
qualquer uma composição, e um a três pontos eram obtidos em VAR PRE a depender
de quantas respostas precorrentes dos participantes diferiam das duas anteriores (Lag 2).
Desse modo, a densidade total de reforços nas condições Ñ VAR e VAR PRE poderiam
levar a um responder sob controle predominante dos pontos menores em detrimento dos
não invalida essa hipótese uma vez que, com o aumento de tentativas relacionado a
125
composições não corretas formadas variavam nas dimensões dos estímulos sobre os
pontuação obtida (quanto maior a pontuação total obtida maiores as chances de que o
resultados. Estudos futuros poderão isolar cada um desses aspectos para determinar a
Podemos destacar também que os efeitos das condições Ñ VAR e VAR PRE
foram testados sob circunstâncias nas quais a pontuação por resolver todos os
problemas era muito inferior à pontuação por atender aos critérios das condições
produzisse mais pontos que formar uma não correta, o que pode ser bem observado no
caso do participante P10, que resolveu todos os problemas em todas as condições e foi o
126
reforçamento esteve disponível (Ñ VAR e VAR PRE). Estudos futuros poderão
VAR e VAR PRE considerando a densidade total de reforços por sessão. Outro aspecto
envolvido nessa análise é que os pontos por formar quaisquer composições em Ñ VAR
e pelo variar nas respostas precorrentes em VAR PRE foram todos acumulados junto
aos pontos por formar composições corretas ao longo das sessões, o que, apesar dos
contador quando uma composição correta foi formada, pode ter diminuído a
separar fisicamente na tela os pontos obtidos por resolver problemas e por atender às
cada grupo que confirmam essas interpretações como também quando consideramos
cada participante como seu próprio controle. Entre Ñ VAR e VAR PRE, Ñ VAR foi a
sessão na ordem de exposição Ñ VAR – VAR PRE e aquela em que isso mais ocorreu
127
Esses dados complementam a análise do número de composições corretas
formadas fora da sequência de sorteio, uma vez que na maioria dos casos mostram que
apresentadas, uma vez que mais resultados contrários relacionados com a ordem de
exposição à Ñ VAR e VAR PRE foram encontradas quando analisamos essas medidas.
maioria das outras fases para os participantes expostos à ordem VAR PRE – Ñ VAR,
com valores muito próximos em todas as condições para P10. A média de tentativas
pode ter interagido com os resultados encontrados, o que é explicitado pelas diferenças
VAR PRE.
128
VAR PRE do que entre os participantes VAR PRE – Ñ VAR, variável apontada como
(2011); 2) de uma sequência de composições sorteadas para a quarta fase mais fácil do
que aquela sorteada para a segunda fase por variar em menos dimensões dos estímulos12
Lag 2, no qual a seleção prévia do variar em VAR PRE se manteve em Ñ VAR quando
essa fase foi apresentada depois daquela, o que levaria a melhores resultados em Ñ
VAR quando os participantes foram expostos a ordem VAR PRE – Ñ VAR, hipótese
se esse aumento se manteve em T2 e Ñ VAR, o que nem sempre foi verdadeiro. Antes
produzam maior e menor variabilidade logo após a linha de base antes da exposição à Ñ
VAR.
de tentativas e duração em VAR PRE para metade dos participantes do estudo (P2, P4,
P5, P6, P11 e P12) ou pelo menos não diminuição desses valores nessa condição (P1,
P7 e P8), bem como diminuição das tentativas e duração em Ñ VAR (P6, P7, P8 e P12).
12
A análise das características das oito composições em cada condição mostrou uma predominância de L1
(canto superior direito) em 50% das composições sorteadas para a Fase 1, de L1 em 62,5% das
composições da Fase 2, de F1 e L3 em 50% das composições da Fase 4 e C1 em 50% das composições da
Fase 5. Isso significa que metade das composições sorteadas para a Fase 4 compartilharam a mesma
forma e localização, variando apenas na cor, o que talvez tenha interferido com os resultados de Ñ VAR
ou VAR PRE nessa Fase. Apesar disso, considerando o experimento como um todo, o sorteio não
implicou em predominância maior que 35% de qualquer um dos estímulos em particular para qualquer
uma das três dimensões apresentadas.
129
O maior número de tentativas e tempo em VAR PRE poderia ser explicado pela
nessa condição, o que pode ter diminuído a probabilidade de que fossem emitidas
(Figuras 9) mostrou que alterações nessas medidas durante as sessões interagiram com a
tentativas e duração na linha de base (T1) como parâmetro de comparação (Figura 10).
Quando comparamos as condições Ñ VAR e VAR PRE, resultados piores nas duas
menores que 0,5 em VAR PRE, mas para Ñ VAR isso ocorreu no caso de P2. Para a
em Ñ VAR em relação a VAR PRE, mas dois deles mostraram o oposto (P7 e P9).
130
Apesar dessa diferença entre as ordens de exposição, proporções menores que 0,5
continuaram não sendo observadas em VAR PRE quando essa foi a primeira condição
apresentada, mas também não o foram em Ñ VAR quando essa foi a segunda condição.
resultados foram obtidos para a maioria dos participantes, esses dados mostram que, em
algumas medidas, VAR PRE permanece com bons resultados quando foi a primeira
condição, tornando os dados dos participantes P7 a P12 menos unívocos entre si do que
os dos participantes P1 a P6. Por essa razão, além de possíveis efeitos da maior
sorteadas para a Fase 4, esses dados permitem-nos levantar novamente a hipótese de que
uma história prévia com VAR PRE seria responsável pelos melhores resultados obtidos
em Ñ VAR com os participantes expostos à ordem VAR PRE – Ñ VAR, o que pode
Também combinam com os resultados de Levingstone, Neef & Cihon (2009) e parte
reforçamento direto para essas. Uma diferença com esses estudos, no entanto, é que as
131
poderiam não ser emitidas durante a tarefa experimental, e se algo foi modificado e
mantido após VAR PRE, esse algo foi o aumento da variabilidade dessas respostas, o
que não foi explicitamente requisitado nas condições que antecederam e seguiram VAR
PRE. Apesar da plausibilidade, essa hipótese encontrou pouco apoio nos dados, uma
vez que um aumento marcado na variabilidade em VAR PRE foi encontrado apenas
para alguns participantes e em algumas das medidas, ainda entre esses raros casos
se essas respostas se manteriam mesmo quando não fossem necessárias para a formação
das composições. Isso poderia ser feito, por exemplo, adicionando uma resposta
nas tentativas seria então considerada em cada condição, ou poderia envolver sessões de
ocorrem ou não e com que frequência, mas também acompanhar as mudanças em sua
132
maior variabilidade fosse observada e menor o número de repetições das composições
não fosse reforçada com cinco pontos em sua primeira ocorrência em uma sessão, já não
12) indicou que, entre Ñ VAR e VAR PRE, ocorreu maior variabilidade na segunda
ordem de exposição. A mesma conclusão pôde ser tomada pela análise das repetições de
uma mesma composição com até três tentativas de intervalo entre elas (Figura 15), que
mostrou menos repetições desse tipo na segunda condição apresentada para a maioria
dos participantes, e também pela análise das repetições de composições corretas (Figura
embora não completamente confirmada, de que a exposição prévia a VAR PRE seja
acompanhou valores mais altos quando apresentada como segunda condição. Apesar
disso, não foi possível afirmar que maior variabilidade foi observada em VAR PRE,
uma vez que, dos seis participantes que apresentaram maiores porcentagens nessa
133
condição, cinco deles foram expostos a VAR PRE como segunda condição. Como já
diferentes no estudo, e que isso ocorreu na condição VAR PRE, que essa condição foi
(Figura 7), e que também ocorreu aumento da variabilidade em VAR PRE quando
(Figuras 8, 9 e 10). Podemos supor que a exposição prévia a VAR PRE, condição na
qual o participante foi reforçado por variar em todas as composições, teria selecionado o
pouco diferenciadora dos efeitos de Ñ VAR e VAR PRE sobre a variabilidade quando
134
consideramos os dados obtidos em cada uma das condições. Apesar disso, essa análise
mostrou que testes realizados após Ñ VAR implicaram em menor variabilidade (P2, P3,
P4, P5, P7, P11 e P12) e testes realizados após VAR PRE implicaram maior
variabilidade (P1, P2, P3, P4, P7, P9 e P10) quando comparados às próprias condições
foi observado após VAR PRE (P2, P4, P5, P7, P9 e P12) e diminuição após Ñ VAR
(P2, P4, P5, P7, P9 e P12), e o contrário foi observado apenas para P6.
Nos casos dos demais cinco participantes, não puderam ser tiradas conclusões
esses dados sugerem que, mesmo com a possível interferência de um efeito de ordem já
resultados obtidos.
todas as fases experimentais. Esse resultado pode estar relacionado a um controle por
apoiado pelo padrão característico de variar entre as composições observado nas sessões
desse participante, principalmente a partir da Fase 2 (ver análise da Figura 15). Essa
135
corretas, em poucas tentativas e período de tempo acompanhado de poucos pontos
igual a ou maior que 3% (também nas Figuras 13 e 14). Embora com diferenças muito
pequenas, o que aumenta o cuidado com que deve ser lida, essa análise mostrou maior
em VAR PRE. Esse efeito foi mais característico quando uma história de reforçamento
contingente apenas ao variar (VAR PRE), o que pode indicar interferência da história
formas novas construídas com blocos em uma fase posterior de reforçamento do variar.
Apesar disso, há muitas diferenças entre o estudo desses autores e o presente estudo,
pelo reforçamento do variar ter se dado sobre respostas precorrentes em VAR PRE.
Uma vez que em Ñ VAR todas as composições eram reforçadas com três pontos
e em VAR PRE eram reforçadas com a mesma pontuação somente as composições que
maior repetição das composições corretas em VAR PRE do que Ñ VAR pode ser
136
discutida também em termos de ressurgência das composições corretas reforçadas
7) não configura uma situação de extinção propriamente dita, mas envolve a diminuição
do reforçamento.
composições corretas com mais de 3% de ocorrência não é suficiente para afirmar que
demais, e mesmo uma inspeção não sistemática das Figuras 13 e 14 mostra muitos casos
de composições não sorteadas (não pontuadas com cinco pontos) com porcentagem de
ocorrência igual ou maior a 3%, de modo que esse efeito não foi exclusivo das
reforçadas com maior pontuação (cinco pontos). Por essa razão, a hipótese de que um
13 e 14), também indicou efeitos distintos entre as condições Ñ VAR e VAR PRE,
mostrando mais repetições em VAR PRE do que Ñ VAR. Adicionalmente, nota-se que
137
consecutivas aumentou e quando VAR PRE foi apresentada como primeira condição o
Essas análises não só sugerem que as condições têm efeitos distintos quando
apresentadas logo após a linha de base, e que apontam na direção de maior variabilidade
em VAR PRE do que Ñ VAR, como também podem sugerir que a exposição prévia a
com o objetivo de isolar os efeitos em VAR PRE após Ñ VAR e os efeitos em Ñ VAR
após VAR PRE dos efeitos da exposição contínua à tarefa experimental, comparando
histórias iguais às do presente estudo com histórias que envolvam a mesma condição
variabilidade foi identificada na segunda condição apresentada aos participantes, mas tal
conclusão não foi verdadeira para todas as análises. Uma interpretação ainda não
sempre exigiu a formação de uma composição que fosse “nova” dentro de uma
reforçadas com cinco pontos não o seriam se formadas novamente. Além disso, cada
composição correta só foi reforçada com cinco pontos uma única vez durante o
138
antes de obter cinco pontos por uma composição. Portanto, a exposição repetida a essa
longo do estudo, resultado que combina com vários estudos nos quais a exigência de
1969; Goetz & Baer, 1973; Maloney & Hopkins, 1973; Glover & Gary, 1976;
(Figura 16), ou seja, das respostas de clicar com o mouse sobre os doze estímulos
independente de qual fosse. Esses resultados foram muito mais expressivos quando Ñ
VAR foi a segunda condição apresentada, permitindo-nos supor que possíveis efeitos da
mostraram menor variabilidade do que os resultados obtidos no teste anterior para nove
dos doze participantes e após VAR PRE os resultados em um teste mostraram maior
variabilidade do que os obtidos em um teste anterior para sete dos doze participantes.
VAR e VAR PRE, embora tenham sido mais marcantes entre T1 e T2 do que entre T2 e
T3, o que poderia novamente sugerir uma interferência das mudanças produzidas pela
apresentada.
139
A análise das posições sobre as quais os participantes clicaram em cada
condição (Figura 17) não sugeriu propriamente um controle pela posição, mas
16), os participantes alternaram menos entre as quatro posições em VAR PRE do que
em Ñ VAR, e que uma menor alternação pode estar relacionada ao menor custo de
resposta mesmo quando o variar foi exigido como critério para o reforçamento, uma vez
que a posição dos estímulos foi randomizada pelo computador a cada tentativa, o que
clicando sobre as mesmas posições sempre. A variável custo de resposta e sua relação
que alternação é menos provável com maiores custos de resposta (Caldeira, 2009) e que
É bem possível que o custo de resposta possa ter sido uma variável relevante na
distribuição das respostas dos participantes ao longo das sessões, uma vez que entre
aqueles casos nos quais houve maior estereotipia em determinadas posições, essas
alternar mais facilmente para outras combinações, e raramente a combinação A-D, mais
clicar nos estímulos. Em estudos futuros essa variável pode ser controlada garantindo-se
distâncias iguais entre todas as posições. Essas análises são especialmente verdadeiras
nos casos dos participantes P1, P3 e P6, que responderam com maior porcentagem em B
140
explicado, no entanto, porque para a maioria dos participantes foi observado maior
solução de problemas não específicos como àqueles descritos por Skinner (1969),
criativo.
metodológicas e exceções nos dados, que a condição VAR PRE parece ter tido um
efeito facilitador sobre a solução de problemas tanto quando foi apresentada quanto
após sua suspensão, enquanto que a condição Ñ VAR teria tido o efeito oposto de
dificultar a solução de problemas durante e após a sua vigência. Essas análises foram
limitadas, no entanto, por várias dados que levam a crer que um efeito de ordem
em detrimento da primeira.
variabilidade e maior solução de problemas, o que precisa ser confirmado por estudos
141
primeira condição apresentada, sobretudo quando se tratou das respostas precorrentes,
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Wolf, M. M. (1978). Social Validity: The Case for Subjective Measurement or How
148
ANEXO 1 – Sorteio das Composições Corretas
149
APÊNDICE A – Termo de Consentimento Informado
participando de livre espontânea vontade da pesquisa sobre composição, que tem como
__________________________ _____________________________
Assinatura do pesquisador Assinatura do participante
Emerson F. da Costa Leite
__________________________
Assinatura da orientadora
Profª Drª Nilza Micheletto
150
APÊNDICE B – Composições possíveis de serem formadas pelos participantes
Estímulos:
1) Triângulo, Círculo, Pentágono e Losango.
2) Vermelho, Azul, Amarelo e Verde.
3) Superior Esquerda, Inferior Esquerda, Superior Direita, e Inferior Direita.
1 2 3 4 5 6 7 8
9 10 11 12 13 14 15 16
17 18 19 20 21 22 23 24
25 26 27 28 29 30 31 32
33 34 35 36 37 38 39 40
41 42 43 44 45 46 47 48
49 50 51 52 53 54 55 56
57 58 59 60 61 62 63 64
151