2019 Silva Jose Honorarios Sucumbencia
2019 Silva Jose Honorarios Sucumbencia
2019 Silva Jose Honorarios Sucumbencia
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Juiz Titular da 6ª Vara do Trabalho de Ribeirão Preto-SP. Doutor em Direito do Trabalho e da
Seguridade Social pela Universidad de Cas!lla-La Mancha (UCLM), na Espanha, "tulo revalidado
pela Universidade de São Paulo (USP). Mestre em Direito Obrigacional Público e Privado pela
Unesp. Professor da Escola Judicial do TRT-15 e Professor Contratado do Departamento de Direito
Privado da USP de Ribeirão Preto.
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1 NOTA INTRODUTÓRIA
De partida, convém pontuar que, como largamente difun-
dido no segmento justrabalhista, não havia, em regra, condenação em
honorários de sucumbência no processo do trabalho. Daí que a Lei n.
13.467/2017, mais conhecida como Lei da Reforma Trabalhista, promoveu
alteração de 180 graus nessa temática, ao prever, de modo generalizado,
o cabimento de honorários de sucumbência nas demandas ajuizadas na
Justiça do Trabalho.
Não bastassem as inúmeras dúvidas relacionadas à apli-
cação do instituto no processo do trabalho quanto ao seu conteúdo
(sentido) e alcance, exsurge como um dos mais intrincados problemas
de hermenêutica no que concerne à temática o que diz respeito à apli-
cação no tempo das novas regras insertas na Consolidação das Leis do
Trabalho, com o acréscimo do art. 791-A e parágrafos.
Se não há mais dúvida quanto à data correta da vigência
desta lei, de outra mirada há muita discussão doutrinária e na juris-
prudência acerca da data de aplicabilidade do novo regramento dos
honorários de sucumbência aos processos em curso na data de 11 de
novembro de 2017.
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HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
A Lei n. 13.467/2017 inseriu o art. 791-A na CLT, pre-
vendo o cabimento de honorários de sucumbência no
processo do trabalho. Penso que a referida condena-
ção somente é possível nas ações aforadas a partir de
11.11.2017 (data da entrada em vigor da nova lei). [...]
Ocorre que, na nova sistemática do processo civil
restou ainda mais claro, após o advento do CPC/2015,
que há possibilidade de o juiz arbitrar honorários de
sucumbência nas fases processuais distintas, seja na
fase recursal, seja na fase de cumprimento de sentença.
Tanto é assim que o § 1º do art. 523 daquele Código
prevê que o réu seja intimado, na pessoa de seu advo-
gado (art. 513, § 2º, I), a pagar o valor da condenação no
prazo de 15 dias, sob pena de multa de 10% e de hono-
rários sucumbenciais de 10% sobre aquele valor.
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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
De tudo quanto exposto até esta parte, de se concluir que, em
regra, a normativa da Reforma Trabalhista aplica-se aos processos em
curso, a partir de 11.11.2017, sobretudo na fase de conhecimento, em pri-
meiro grau de jurisdição.
Contudo, há de se preservar os direitos adquiridos e as
situações jurídicas consolidadas quando da entrada em vigor da Lei n.
13.467. Por isso, proponho que a doutrina e a jurisprudência criem bar-
reiras de contenção em busca da preservação dos princípios ontológicos
do processo do trabalho, mormente quanto às intrincadas questões que
envolvem o instituto dos honorários de sucumbência.
Com efeito, apesar da inconstitucionalidade da regra que
possibilita a “compensação” do crédito do trabalhador para o pagamento
de honorários de sucumbência em prol do advogado do empregador,
a se admitir essa possibilidade, que a regra seja aplicada somente nas
ações propostas a partir de 11.11.2017, prestigiando-se o princípio da
causalidade, o princípio da vedação da decisão surpresa (arts. 9º e 10
do CPC/2015), a garantia inerente ao mínimo existencial e, em última
medida, o princípio da dignidade humana.
E, para que não haja afronta ao princípio da irretroatividade
da lei, na fase recursal, de se verificar a data da interposição do recurso,
porque o procedimento recursal deve ser regido pela lei vigente nessa
data. Na fase executiva, tratando-se de processo de execução de título
extrajudicial, de se observar a data da propositura da demanda e, nas
demandas incidentais de embargos à execução ou de exceção de pré-exe-
cutividade, o marco para a aplicação do novo regramento do art. 791-A e
§§ da CLT deve ser também a data da oposição da medida impugnativa,
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REFERÊNCIAS
ALEXY, Robert. Teoria de los derechos fundamentales. Tradução da
1. ed. Theorie der Grundrechte, por Ernesto Garzón Valdés. Madrid:
Centro de Estúdios Políticos e Constitucionales, 2002.