Lei de Drogas
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1. Retrospectiva:
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas
sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar (ELEMENTO NORMATIVO QUE INDICA A
ILICITUDE) será submetido às seguintes penas:
I - advertência sobre os efeitos das drogas;
II - prestação de serviços à comunidade;
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.
§ 1o Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas
à preparação de pequena quantidade de substância ou produto capaz de causar dependência física ou psíquica.
§ 2o Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade da
substância apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais, bem
como à conduta e aos antecedentes do agente.
§ 3o As penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 5 (cinco)
meses.
§ 4o Em caso de reincidência, as penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo
máximo de 10 (dez) meses.
§ 5o A prestação de serviços à comunidade será cumprida em programas comunitários, entidades educacionais ou
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assistenciais, hospitais, estabelecimentos congêneres, públicos ou privados sem fins lucrativos, que se ocupem,
preferencialmente, da prevenção do consumo ou da recuperação de usuários e dependentes de drogas.
§ 6o Para garantia do cumprimento das medidas educativas a que se refere o caput, nos incisos I, II e III, a que
injustificadamente se recuse o agente, poderá o juiz submetê-lo, sucessivamente a:
I - admoestação verbal;
II - multa.
§ 7o O juiz determinará ao Poder Público que coloque à disposição do infrator, gratuitamente, estabelecimento de
saúde, preferencialmente ambulatorial, para tratamento especializado.
O artigo 28 se encontra no capítulo III da Lei de Drogas que trata “Dos crimes e das Penas”.
1ª Corrente: afirma a que o tipo penal tem natureza jurídica de crime, infração penal, sob os
seguintes argumentos:
Isso porque se encontra no capítulo “Dos Crimes e das Penas”
O art. 28, §4º fala em reincidência.
Afirma ainda que o art. 30 da Lei de Drogas fala em prescrição e, estando falando em
prescrição é porque se trata de crime.
O art. 5º, XLVI da CF autoriza penas diversas das penas privativas de liberdade – reclusão e
detenção.
Essa corrente é a do STF.
2ª Corrente: criada por LFG que afirma que o art. 28 tem natureza jurídica de Infração Penal sui
generis, com base nos fundamentos seguintes:
O rótulo do capítulo nem sempre espelha o seu conteúdo. Ex. Lei 1.079/50 que trabalha as
infrações políticas de governadores e Dec. Lei 201/67 que fala de infrações de prefeitos.
Entende que a reincidência foi utilizada no sentido popular, querendo dizer apenas e tão
somente, repetir o fato.
Prescrição não é instituto exclusivo de crime. Há prescrição em ilícito civil, em penas
disciplinares e em atos infracionais.
A Lei de introdução ao CP diz que o crime é punido com reclusão ou detenção e a
contravenção penal é punida com prisão simples.
A exemplo do menor infrator, não se admite a prisão em flagrante do usuário de drogas
devendo o mesmo ser encaminhado a juízo, ou firmar compromisso de que irá fazer isso.
3ª Corrente: afirma que o art. 28 não é infração penal. Essa ideia é encampada por Alice Bianchini.
A lei, ao invés de punir, prefere falar em medidas educativas.
O não cumprimento das medidas não gera consequência penal
Princípio da intervenção mínima
A saúde individual é um bem jurídico disponível.
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Normalmente se tem um crime X com uma pena privativa de liberdade e esta pena privativa
de liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos. Daí que as penas restritivas de
direitos têm a características da substitutividade.
Aqui na Lei de drogas, no art. 28, as penas já restritivas de direitos são não substitutivas, mas
sim, principais.
Trata-se de crime comum que pode ser cometido por qualquer pessoa.
É a coletividade.
O crime é punido a título de dolo com a finalidade especial que é o consumo próprio.
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A consumação dá-se com a prática de um dos núcleos do tipo, atentando-se que guardar, ter
em depósito, transportar ou trazer consigo são formas permanentes.
Quanto a tentativa, a doutrina admite a possibilidade na hipótese de “tentar adquirir”.
As consequências do delito são ínfimas. Daí que, para Nucci, o art. 28 descreve infração de
“ínfimo potencial ofensivo”, tendo em vista que, mesmo sendo inviável, no caso concreto, a
transação penal, ainda que reincidente o agente, e com maus antecedentes ou péssima conduta
social, jamais será aplicada pena privativa de liberdade, mas penas alternativas com medidas
assecuratórias.
3.10. Prescrição:
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em
depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que
gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-
multa.
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a) Sujeito ativo: trata-se de crime comum. Essa é a regra. Há exceção quanto ao núcleo
prescrever que é próprio. Somente médicos e dentistas podem prescrever drogas.
b) Sujeito passivo: o sujeito passivo é a sociedade, podendo com ela concorrer criança,
adolescente ou pessoa sem capacidade de discernimento e que receba a droga para consumi-
la.
Obs.: aquele que fornece drogas comete o delito do art. 243 do ECA ou o art. 33 da Lei de
Drogas? Está-se diante de um conflito aparente de normas. No art. 243 do ECA temos como
objeto material, qualquer produto causador de dependência. Já na Lei de Drogas, o objeto
material é apenas e tão somente substâncias que causam dependência e que sejam
rotuladas como drogas de acordo com a portaria 344/1998. Assim, comparando, a lei que
traz substâncias especiais é a lei de drogas.
Para que haja enquadramento no tipo penal é necessário que seja preenchido o elemento
normativo da ilicitude que é o fato de o tipo ser praticado sem autorização ou em desacordo com
determinação legal.
Obs.: Equivale à ausência de autorização o desvio de autorização, ainda que regularmente
concedida.
Cannabis sativa L esse é nome científico do “cânhamo”, que é o nome vulgar, ou seja, a
maconha.
Aqui nos temos que analisar a questão antes e após a Lei de drogas
Atente-se que a pluralidade de núcleos no mesmo contexto fático não desnatura a unidade do
crime.
A pluralidade de núcleos serve para análise da fixação da pena base (art. 59, CP).
Obs.: faltando proximidade comportamental entre as várias condutas ou não havendo nexo
entre os vários comportamentos delituosos, caracterizado está o concurso de crimes.
De acordo com o art. 52 da Lei de drogas, não basta analisar a quantidade da droga
apreendida.
Art. 52. Findos os prazos a que se refere o art. 51 desta Lei, a autoridade de polícia judiciária, remetendo os autos do
inquérito ao juízo:
I - relatará sumariamente as circunstâncias do fato, justificando as razões que a levaram à classificação do delito,
indicando a quantidade e natureza da substância ou do produto apreendido, o local e as condições em que se desenvolveu
a ação criminosa, as circunstâncias da prisão, a conduta, a qualificação e os antecedentes do agente; ou
II - requererá sua devolução para a realização de diligências necessárias.
Deve ser analisar, pois:
a) A quantidade da droga
b) A natureza da droga
c) O local e as condições da ação criminosa
d) As circunstâncias da prisão,
e) A conduta, qualificação e antecedentes do agente
Na denúncia deve-se destacar um parágrafo no sentido de que todas as condições não deixam
dúvidas de que o delito seja de tráfico de drogas.
Na situação em que A trazia com sigo a droga e B (vigia) juntos vendem drogas a C que é um
policial e a compra é simulada: tem-se o crime impossível em relação a compra já que se tem o
flagrante provocado.
Seria o caso de ambos responderem pelo fato de trazer consigo? Não, pois B nada trazia
consigo.
Daí que o correto na denúncia seria afirmar que A, juntamente com B trazia consigo. E o trazer
consigo é comportamento permanente que não se inclui no flagrante provocado.
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No art. 33, caput, o objeto material é drogas. No art. 33, §1º, I o objeto material não é mais a
droga, mas a matéria prima, insumo ou produto químico. Ex. éter sulfúrico e acetona substâncias
que servem para o refino da cocaína.
O produto tem que ser aquele que nasceu para a finalidade de fabricar drogas ou pode ser
qualquer produto que também tenha esse fim? O §1º, I compreende não só as substâncias
destinadas exclusivamente à preparação da droga, como as que, eventualmente se prestem a essa
finalidade.
É a expressão “sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar” é
elemento normativo indicativo da ilicitude. Para a maioria, é necessária prova pericial indicando que
o produto, insumo ou matéria prima seriam capazes de produzir a droga
A matéria prima, o insumo ou produto químico devem ter efeito farmacológico (dar onda)?
Não há necessidade de que os produtos tenham já de per si os efeitos farmacológicos
O crime é punido a título de dolo. Mas para que exista esse crime é necessário saber que a
coisa é capaz de produzir drogas e visar tal produção? Ou basta saber que serviria para produzir
drogas apesar de não ter essa intenção?
Para Vicente Greco Filho o tipo penal dispensa a vontade de querer empregar a matéria-prima
na produção de drogas, bastando conhecimento da sua capacidade para tanto.
O crime se consuma com a prática de qualquer um dos núcleos, atentando-se que alguns são
permanentes e a doutrina admite a tentativa.
Aqui também se trabalha com matéria prima, mas diz respeito a plantas que sirva de matéria
prima para a produção da droga. Daí que entre o §1º, I e o inc. II há uma relação de especialidade.
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De acordo com o art. 32, §4º da Lei as glebas utilizadas párea plantações ilícitas serão
expropriadas de acordo com o art. 243 da CF. A expropriação destinará a área ao assentamento de
colonos.
Esse delito pode conduzir a uma expropriação sanção.
No caso de bem de família cabe a expropriação sanção? Sobre esse ponto há divergências. Há
quem entenda ser possível a penhora, afirmando que a expropriação sanção no tráfico é compatível
com as exceções que autorizam a penhora do bem de família. Outros a renegam, por outro lado.
7. Análise do art. 33, §1º, III – Utiliza ou consente que outro se utilize de local ou bem para o
tráfico:
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O crime é punido a título de dolo, devendo o agente saber da prática do tráfico, sob pena de
responsabilidade objetiva.
É necessário que o agente que empresta o imóvel ter a finalidade de lucro? Não. A finalidade
de lucro é dispensável.
O tipo penal pune dois comportamentos:
a) Aquele que utiliza o local para o tráfico
b) Aquele que consente o uso.
Na primeira modalidade (agente utiliza local para o tráfico) o crime se consuma com o efetivo
proveito do local, sendo possível a tentativa.
Já na segunda forma (consentir), basta a mera permissão, admitindo tentativa na modalidade
escrita. Ex. Quando se consente por escrito e a carta é interceptada.
Obs.: consentido que seja feito o uso no local (emprestar imóvel para o uso da droga), há
prática do crime?
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a) Sujeito ativo: é crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa.
São punidas três condutas: induzir, instigar ou auxiliar. Induzir é fazer nascer a ideia na mente
do agente. Instigar é reforçar a ideia que o agente tem (preexistente).
Auxiliar é fornecer meios materiais para tanto. Ex. empresta dinheiro, leva pessoa para
comprar droga, apresenta traficante para usuário.
Prevalece que o crime se consuma quando a pessoa incentivada faz efetivo uso da droga. Há
quem entenda que se consuma com a mera instigação, indução ou auxílio, afirmando que o uso é
mero exaurimento.
§ 3o Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos a
consumirem:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-
multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28.
Na vigência da Lei anterior essa conduta despertava divergências. Alguns entendiam que
deveria ser enquadrado como porte para uso e outros, como tráfico. O legislador, com a lei 11.343
colocou uma pá de cal no assunto, delimitando tal conduta como infração de menor potencial
ofensivo de tráfico.
Tem-se pois, um tráfico de menor potencial ofensivo. Tratando-se de infração de menor
potencial ofensivo é de competência do Juizado Especial.
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Para que agente deixe a conduta do tráfico e se enquadre nesse tipo é necessário o
preenchimento dos seguintes requisitos:
Oferecimento de droga
Eventualmente: esse oferecimento de droga deve ser perpetrado eventualmente. No caso de
oferecimento de droga habitual, a conduta irá se subsumir no caput.
Inexistência de objetivo de lucro: se houver objetivo de lucro a conduta será a do art. 33,
caput. É considerado lucro aqui, tanto o imediato como o mediato (experimentar objetivando
vender mais droga). Mesmo o lucro imediato remonta ao caput do artigo. Esse é denominado
um elemento subjetivo negativo do tipo é situação especial que não pode estar presente.
A pessoa de seu relacionamento: deve haver vínculo de relacionamento entre aquele que
oferece a droga e o que a aceita. Não havendo esse vínculo, seja de amizade, de parentesco,
haverá enquadramento no caput.
Consumo conjunto: o oferecimento da droga deve ser destinado para consumo conjunto. Esse
é um elemento subjetivo positivo do tipo deve estar presente essa finalidade especial.
Ausente essa finalidade especial o enquadramento será do caput.
9.3. Punição:
Há previsão de cumulação das penas previstas nesse tipo penal com as sanções do art. 28 da
Lei de Drogas. E para aqueles que não consideram o art. 28 da Lei de Drogas como crime, esse é mais
um argumento já que se fosse admitida a cumulação dessas penas com as sanções do art. 28 haveria
bis in idem. Daí que se fala que o ar.t 28 traz, na verdade, medidas educativas e não penas.
§ 4o Nos delitos definidos no caput e no § 1 o deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços,
vedada a conversão em penas restritivas de direitos, desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se
dedique às atividades criminosas nem integre organização criminosa.
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Delito definido no art. 33, caput e §1º: o privilégio somente alcança tais situações, não
alcançando os §§2º e 3º.
Agente primário
Bons antecedentes: não basta que o agente seja primário. É necessário que tenha bons
antecedentes.
Não dedicação a atividades criminosas:
Não integre organização criminosa
Obs.: Se a denúncia for enquadrada nos artigos 33 e 35 da Lei de Drogas, havendo condenação pela
prática do art. 35, não poderá incidir o privilégio uma vez que o agente pertence a associação
criminosa para o tráfico.
O art. 33, caput tem a seguinte pena: de 05 a 15 anos. Essa pena, nos termos do §4º, pode ser
reduzida de 1/6 a 2/3. Logo, essa pena pode ficar aquém de 04 anos.
Podendo a pena ficar aquém de quatro anos e se o crime é cometido sem violência ou grave
ameaça, em tese, seria admitida a pena restritiva de direitos.
Sucede que o legislador vedou a conversão (o certo seria falar em substituição) em penas
restritivas de direitos. E começou a ser questionada constitucionalidade dessa vedação. E acerca da
matéria o STF dirimiu as dúvidas existentes.
No dia 1º de setembro de 2010, o STF, julgando o HC 97.256, decidiu que a vedação da
substituição da pena privativa de liberdade em restritiva de direitos é inconstitucional. O Pleno
discordou de vedações de garantias penas e processuais penais com base na gravidade do crime em
abstrato. Não pode o legislador substituir-se ao magistrado no desempenho de sua atividade
jurisdicional.
Isso quer dizer que, quem deve vedar ou não benefícios penais e processuais penais é o
magistrado, analisando o caso concreto, e não o legislador, de forma abstrata.
Atente-se que a redução de pena pode ser perpetrada de 1/6 a 2/3 e aqui se indaga qual é o
critério norteador para a efetivação dessa redução. A redução será baseada na quantidade e tipo de
droga encontrada em poder do acusado.
Esse benefício de redução de pena não tinha previsão na lei anterior e aqui se indaga se essa
modificação é retroativa.
1ª Corrente: Não retroage, pois seria combinação de leis vedada pelo Direito Penal. Não pode o juiz
combinar as leis pois estaria estar atuando como legislador.
2ª Corrente: retroage, porém, deve ser respeitado um saldo mínimo de pena de 1 ano e 08 meses.
Isso quer dizer que, reduzindo-se 2/3 de 05 anos tem-se a pena de 1 ano e 8 meses. Retroagindo a
disposição e reduzindo 2/3 de 03 anos restará a pena de 01 ano.
E essa corrente diz que deve ser respeitado esse saldo mínimo de 1 ano e 08 meses para
efetivação da retroação.
3ª Corrente: retroage, sem a necessidade de respeitar saldo mínimo. Essa é a corrente que
prevalece.
4ª Corrente: foi encampada pela Min. Laurita Vaz. Afirma que o réu deve escolher se deseja ser
punido com base na lei 6.368/76 ou na lei 11.343/06.
A questão ainda não está consolidada no STF, havendo julgados no sentido de não se admitir a
retroatividade.
Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, vender, distribuir, entregar a qualquer título, possuir,
guardar ou fornecer, ainda que gratuitamente, maquinário, aparelho, instrumento ou qualquer objeto destinado à
fabricação, preparação, produção ou transformação de drogas, sem autorização ou em desacordo com determinação
legal ou regulamentar:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 1.200 (mil e duzentos) a 2.000 (dois mil) dias-multa.
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Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes
previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.200 (mil e duzentos) dias-multa.
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Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo incorre quem se associa para a prática reiterada do
crime definido no art. 36 desta Lei.
Tal tipo penal traz o delito de associação criminosa. Seria uma quadrilha no tráfico, com a
exigência aqui de somente duas pessoas, diferentemente daquele delito em que se exigem quatro
pessoas.
A expressão reiteradamente ou não, não diz respeito à associação, mas sim aos crimes que ela
busca praticar. Em face disso, a associação deve ser estável, mas a prática de crimes pode ser
reiterada ou não.
Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo incorre quem se associa para a prática reiterada do crime
definido no art. 36 desta Lei.
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Esse parágrafo traz uma nova associação, sendo bastante parecida com a anteriormente
prevista, havendo diferenciação apenas quanto ao delito que se objetiva praticar.
Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e pagamento de 1.500 (mil e quinhentos) a 4.000 (quatro mil) dias-
multa.
Essa conduta na vigência da lei antiga era considerada mera participação. Esse é delito mais
grave da lei de drogas.
Trata-se de crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa, sozinha ou associada a
outra. Havendo associação com outra pessoa haverá concurso material com delito do art. 35, p. ún.
da Lei de Drogas.
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Esse delito se consuma com o efetivo financiamento ou custeio para o tráfico de drogas ou de
maquinários.
Obs.: trata-se de crime habitual ou não? Exige reiteração de atos? De acordo com a maioria da
doutrina o delito do art. 36 não é crime habitual. Isso quer dizer que tal delito dispensa reiteração
de atos.
Sucede que parte da doutrina acredita que se trata de crime habitual, com base nos
seguintes fundamentos:
Custear e financiar são condutas que indicam habitualidade;
O art. 40, VII considera agravante financiar ou custear a prática do crime em relação ao art.
36, o que configuraria um bis in idem. Daí que temos que o art. 36, se habitual, há crime
autônomo. No caso de sustento não habitual, ou seja, ocasional, há responsabilização pelo
tráfico + 40, VII e não pelo art. 36 da Lei de Drogas.
O art. 35, caput em que o crime visado pela associação fala reiteradamente ou não pois os
artigos 33 e 34 são crimes que não exigem habitualidade. Já o p. ún. do art. 35 utiliza a
expressão reiterada pois o delito do art. 36 exigiria reiteração de atos.
Art. 37. Colaborar, como informante, com grupo, organização ou associação destinados à prática de qualquer dos
crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e pagamento de 300 (trezentos) a 700 (setecentos) dias-multa.
Apesar de não expresso no tipo penal, entende a doutrina que a conduta do informante
colaborador, necessariamente, precisa ser eventual, pois, se permanente e estável, a conduta
configurará associação para o tráfico.
Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que delas necessite o paciente, ou fazê-lo em doses
excessivas ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamento de 50 (cinqüenta) a 200 (duzentos) dias-multa.
Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação ao Conselho Federal da categoria profissional a que pertença o
agente.
É necessário observar que, além de ser delito de menor potencial ofensivo esse é o único
crime culposo na lei de drogas.
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Os núcleos prescrever ou ministrar exigem que apenas quem tenha capacidade para
prescrever ou ministrar possam praticar o delito. Exige-se a qualidade especial do agente, devendo
ser médico, dentista, farmacêutico ou profissional de enfermagem.
De acordo com Vicente Greco Filho há abrangência ainda do veterinário e do nutricionista.
É a coletividade e a pessoa que recebe a receita ou a droga, sofrendo risco para sua saúde.
Art. 39. Conduzir embarcação ou aeronave após o consumo de drogas, expondo a dano potencial a incolumidade
de outrem:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, além da apreensão do veículo, cassação da habilitação respectiva
ou proibição de obtê-la, pelo mesmo prazo da pena privativa de liberdade aplicada, e pagamento de 200 (duzentos) a 400
(quatrocentos) dias-multa.
Estamos diante de uma infração de médio potencial ofensivo o que faz crer que é admitida a
suspensão condicional do processo.
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Não basta a condução anormal. É necessário que a condução anormal se dê gerando perigo de
dano. Trata-se de crime de perigo concreto.
Parágrafo único. As penas de prisão e multa, aplicadas cumulativamente com as demais, serão de 4 (quatro) a 6
(seis) anos e de 400 (quatrocentos) a 600 (seiscentos) dias-multa, se o veículo referido no caput deste artigo for de
transporte coletivo de passageiros.
Aqui a infração deixa de ser de médio potencial ofensivo passando a ser de grande potencial
ofensivo.
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Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a dois terços, se:
I - a natureza, a procedência da substância ou do produto apreendido e as circunstâncias do fato evidenciarem a
transnacionalidade do delito;
II - o agente praticar o crime prevalecendo-se de função pública ou no desempenho de missão de educação, poder
familiar, guarda ou vigilância;
III - a infração tiver sido cometida nas dependências ou imediações de estabelecimentos prisionais, de ensino ou
hospitalares, de sedes de entidades estudantis, sociais, culturais, recreativas, esportivas, ou beneficentes, de locais de
trabalho coletivo, de recintos onde se realizem espetáculos ou diversões de qualquer natureza, de serviços de tratamento
de dependentes de drogas ou de reinserção social, de unidades militares ou policiais ou em transportes públicos;
IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave ameaça, emprego de arma de fogo, ou qualquer processo de
intimidação difusa ou coletiva;
V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre estes e o Distrito Federal;
VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança ou adolescente ou a quem tenha, por qualquer motivo, diminuída
ou suprimida a capacidade de entendimento e determinação;
VII - o agente financiar ou custear a prática do crime.
17.1. Incidência:
As majorantes não alcançam os delitos do 38 e 39, mas somente em relação aos tipos penais
previstos nos artigos 33/37.
Na lei anterior não se falava em transnacionalidade do delito, mas sim em tráfico internacional
de drogas.
Na vigência da Lei 6.368/76, não gerava o aumento de pena, o simples fato de aquisição da
droga na Bolívia, exigindo-se vínculo entre nacionais e estrangeiros em atividade.
Com a mudança, basta que a infração tenha sua execução iniciada ou terminada fora dos
limites do nosso território, dispensando-se vínculo entre nacionais e estrangeiros de país soberano.
Atente-se que essa majorante dispensa habitualidade e nesse caso o crime passa a ser da
competência da Justiça Federal. Não sendo sede da JF os autos serão remetidos para a seção
judiciária mais próxima já que a justiça estadual não mais atual por delegação, nessa hipótese.
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II - o agente praticar o crime prevalecendo-se de função pública ou no desempenho de missão de educação, poder
familiar, guarda ou vigilância;
Prevalecendo-se de função pública: Basta o agente agir prevalecendo de função pública, não
importando se essa função está ou não relacionada à repressão ao tráfico.
Desempenho de missão de educação, poder familiar: podemos citar como exemplo as
relações entre professor ou aluno, pais e filhos.
Guarda ou vigilância: diz respeito às pessoas que guardam ou têm a função de fiscalizar a
droga no local em que está armazenada.
III - a infração tiver sido cometida nas dependências ou imediações de estabelecimentos prisionais, de ensino ou
hospitalares, de sedes de entidades estudantis, sociais, culturais, recreativas, esportivas, ou beneficentes, de locais de
trabalho coletivo, de recintos onde se realizem espetáculos ou diversões de qualquer natureza, de serviços de tratamento
de dependentes de drogas ou de reinserção social, de unidades militares ou policiais ou em transportes públicos;
Para a incidência desse aumento é necessário que esses locais façam parte da consciência do
agente, evitando-se a responsabilidade objetiva do agente.
O que quer dizer imediações? Abrangem a área em que poderia facilmente o traficante atingir
o ponto protegido, com alguns passos, em alguns segundos, ou em local de passagem obrigatória ou
normal das pessoas que saem do estabelecimento ou a ele se dirigem.
17.5. Inciso IV
IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave ameaça, emprego de arma de fogo, ou qualquer processo de
intimidação difusa ou coletiva;
17.6. Inciso V:
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VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança ou adolescente ou a quem tenha, por qualquer motivo, diminuída
ou suprimida a capacidade de entendimento e determinação;
A lei anterior considerava como causa de aumento a prática do delito que atingisse pessoa
idosa.
VII - adolescente ou a quem tenha, por qualquer motivo, diminuída ou suprimida a capacidade de entendimento e
determinação;
Obs.: a Lei 11.343/06 deixou de punir também associação ocasional para o tráfico como
majorante, devendo o Juiz considerar essa circunstância na fixação da pena base.
Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1 o, e 34 a 37 desta Lei são inafiançáveis e insuscetíveis de sursis,
graça, indulto, anistia e liberdade provisória, vedada a conversão de suas penas em restritivas de direitos.
Parágrafo único. Nos crimes previstos no caput deste artigo, dar-se-á o livramento condicional após o cumprimento
de dois terços da pena, vedada sua concessão ao reincidente específico (NOS DELITOS DO CAPUT).
Intensivo II Pá gina 24
Legislação Penal Especial - Drogas
Fiança:
Sursi:
Anistia /Graça /Indulto:
Liberdade provisória:
Penas restritivas de direitos: O STF julgou que a vedação da pena restritiva de direitos em
abstrato é inconstitucional, cabendo ao juiz analisar o caso concreto.
Obs.: Esse raciocínio deverá ser aplicado em relação a vedação à liberdade provisória e do Sursi. Os
argumentos utilizados pelo STF na restritiva de direitos foram argumentos do MIn. Celso de Mello
que já declararam a inconstitucionalidade da vedação da liberdade provisória em sede de
julgamento isolado. Isso é determina a coerência.
Atente-se que a lei de drogas nada mencionou sobre a progressão de regimes, pelo que deve ser
analisada a divergência acima citada em relação a progressão de regime.
1ª Corrente 2ª Corrente
Os delitos dos artigos 35 e 37 não são Como são equiparados a hediondos os delitos
considerados hediondos pelo que a progressão dos artigos 33, caput, §1º, 34 a 37 da lei, a
de regime ser dará com 1/6 da pena. progressão em relação aos delitos do art. 35 e 37
importarão na progressão de 2/5 se primário e
3/5 se reincidente.
O livramento condicional dos condenados relativos aos delitos citados no caput do artigo
serão com o cumprimento de 2/3 da pena, desde que não reincidente específico.
Intensivo II Pá gina 25