Carta 2 o Encontro Entre o Tempo e A Eternidade
Carta 2 o Encontro Entre o Tempo e A Eternidade
Carta 2 o Encontro Entre o Tempo e A Eternidade
(O Evangelho de Maria)
Essa é uma lei natural que rege a vida; sem dúvida, essa lei, que deveria permitir ao ser
humano uma constante evolução, deixando para trás o antigo para elevar-se ao novo, é
sentida por ele com grande perturbação e é causa de muito sofrimento. No entanto, no
interior de cada ser humano há algo que aspira ao permanente, ao absoluto, ao eterno.
Quanta contradição, não? Como pode um ser humano aspirar a algo permanente em
um universo caracterizado por mudanças constantes? A Escola Internacional da Rosacruz
Áurea pede a todos para refletir sobre isso, porque nessa questão se esconde o mistério
da transformação da alma. No desenrolar destas cartas se encontra a resposta a essa
pergunta.
Prometeu era imortal, um dos Titãs. Diz-se que ele criou o homem, dando-lhe uma
centelha de vida que tirou do carro solar de Apolo. Mas, em dado momento, Prometeu
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LECTORIUM ROSICRUCIANUM CURSO DE INTRODUÇÃO · MÓDULO 1 · TEMA 2
cometeu uma afronta contra os deuses: enganou a Zeus, que, como castigo, o condenou
a ser acorrentado ao cume do monte Cáucaso. Durante o dia uma águia comia seu fígado,
mas durante a noite este se regenerava. Prometeu deveria permanecer acorrentado assim
até o fim dos tempos, a menos que um ser imortal oferecesse a vida em troca de sua
liberdade. Finalmente, esse intercâmbio se realizou, pois Zeus permitiu que o centauro
Quíron, alquebrado por uma ferida incurável, produzida por seu próprio pupilo, Hércules,
entregasse sua vida imortal em troca da liberdade de Prometeu.
Essa bela história, que apenas está apresentada aqui em parte, encerra um mistério mara
vilhoso que mostra a todos, por um lado, o conflito entre o tempo e a eternidade, e, por
outro, a libertação do aspecto imortal, espiritual, do ser humano.
Assim, esta é a situação em que se encontra a maioria dos seres humanos atualmente:
sua alma imortal permanece latente, como que adormecida, incapaz de expressar-se em
uma natureza governada pelos opostos, ou, o que é o mesmo, em um universo limitado
pelas restrições do espaço-tempo.
Se a alma imortal for vista como a grande força unificadora do universo, necessariamente
deve-se reconhecer que a humanidade não está em sintonia com ela. As conseqüências
do comportamento de cada pessoa o revelam, pois esse estado de vida se caracteriza
por uma contínua luta por poder e riqueza. Muito provavelmente o leitor desta carta
sabe que esta é a condição geral da maioria dos seres humanos, desligados da força da
alma imortal que se encontra em seu interior.
O mito de Prometeu, assim como o de Narciso, o de Adão e Eva, o de Ísis e Osíris e tantos
outros, fala para a humanidade de um acontecimento conhecido esotericamente como
a queda do ser original.
Não obstante, antes de continuar, temos de enfatizar que o ensinamento sobre a queda
deve ser considerado com extremo cuidado. É que devemos levar em consideração
que a queda ocorreu de forma multidimensional. Além disso, ela abarca campos de
manifestação invisíveis, geralmente desconhecidos para o ser humano. Por isso, o uso
distorcido que se tem feito desse ensinamento gerou grande confusão e tem mantido a
humanidade em uma espécie de narcose espiritual.
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Com o que acabamos de dizer, talvez o leitor já tenha intuído que estamos falando sobre
dois estados de ser, sobre duas naturezas diferentes:
• uma, que é a natureza original, onde a alma imortal se manifesta em ligação com o
Espírito original;
• e outra, denominada dialética (devido à polaridade vivida como oposição e, por
conseguinte, como sofrimento), onde o ser humano se debate entre a vida e a morte.
Fazemos votos de que o leitor tenha sentido pelo menos uma vez a presença insondável
desse ser adormecido sobre o qual estamos falando esse princípio espiritual, essa alma
imortal que o impulsiona e, de certo modo, o inquieta. É esse princípio que, definitiva
mente, faz de cada pessoa um buscador. O fato é que esse ser emite uma vibração, um
pedido de socorro que, em certas ocasiões, atua na personalidade natural como uma
inquietação ou uma nostalgia que ressoa como um chamado sutil e subconsciente.
Esse ser original decaído, precisamente por sua condição latente, é denominado, na
terminologia da Escola da Rosacruz Áurea, «átomo-centelha-do-espírito» ou «rosa-do
-coração», por encontrar-se no centro de cada ser, na altura do coração. Seu despertar
significa um novo nascimento, em que a consciência exerce um papel determinante, já
que nesse processo a consciência se volta de forma receptiva aos impulsos do Espírito
original.
Sabemos que todo átomo encerra uma energia poderosa. A ciência nuclear, desconside
rando as leis naturais, fissiona o átomo e utiliza-se desse processo violento como fonte de
energia, criando uma perturbação no espaço-tempo e nos estratos etéricos do planeta.
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No entanto, assim como acontece com a energia que se encerra nos átomos materiais,
convém saber que essa energia nunca pode ser utilizada de maneira forçada, especulativa
ou egocêntrica. Quem age dessa forma sofre as mesmas consequências que atingiram
Prometeu.
Talvez o leitor possa compreender agora que todo caminho espiritual implica na recupera
ção da energia criadora que o ser original perdeu em tempos remotos. Contudo, o caminho
apenas pode ser percorrido sob determinadas condições. O candidato à iniciação deve
mostrar, nesse caminho, grande pureza de coração. Qualquer egocentrismo é inadmissí
vel, pois o eu é o resultado da fragmentação, da ilusória multiplicidade que foi gerada por
uma vida separada do Espírito original. Por isso, é preciso que o buscador se questione
sobre o que ele até agora acredita que é, pois provavelmente o verdadeiro eu, o ser
interior, ainda está por ser descoberto.
Atenciosamente,
Seus amigos do Trabalho Público do
LECTORIUM ROSICRUCIANUM
Escola Internacional da Rosacruz Áurea