GIZ P2 CatalogoSbN

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1

Campinas | SP
Figura 01: Diagrama executado sob base digital disponibilizada pela Prefeitura Municipal de Campinas. Fonte:Diagrama autoral.

2 3
Rio de Janeiro | RJ
Figura 02: Diagrama executado sob base digital obitida através do site mapacad.com. Fonte:Diagrama autoral.

4 5
GIZ - Deutsche Gesellschaft für internationale Zusammenarbeit

Projeto: Support for Project Preparation for Urban Progress (SuPPUrbP).

• Campinas Produto 2
Catálogo de Soluções baseadas na Natureza para Espaços Livres.

Esse catálogo integra material de elaboração de Metodologia para


quantificação dos riscos e benefícios ambientais, econômicos e sociais
de Soluções baseadas na Natureza (SbN) adotadas na implantação de
Parques Lineares e Fluviais; Projeto Básico do Parque Linear do Córrego
Bandeirantes, no município de Campinas - SP e Modelagem econômico
financeira para manutenção do Parque Fluvial do Jardim Maravilha, no
município do Rio de Janeiro - RJ.

Essa ação foi financiada com recursos do The City Climate Finance
Gap Fund (“Gap Fund Initiative”), uma iniciativa entre Ministério
Federal do Meio Ambiente, Proteção da Natureza, Segurança Nu-
• Rio de Janeiro clear e Proteção ao Consumidor da Alemanha (BMUV), Ministério
Federal da Cooperação Econômica e do Desenvolvimento (BMZ)
e o Ministério do Meio Ambiente, Clima e Desenvolvimento Sus-
tentável de Luxemburgo, e implementada por meio do projeto Su-
PPUrbP - City Climate Finance Gap Fund, pelo Banco Europeu de
Investimento em parceria com a Deutsche Gesellschaft für Inter-
nationale Zusammenarbeit GmbH (GIZ), e Banco Mundial. Essa
publicação foi realizada por uma equipe formada por consultores
independentes sob a coordenação da Secretaria Municipal do Am-
biente e Clima - SMAC, Rio de Janeiro - RJ) e da Secretaria Municipal
do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável- SVDS,
Campinas - SP) e da GIZ. Todas as opiniões aqui expressas são de
inteira responsabilidade dos autores, não refletindo necessaria-
mente a posição da GIZ, da SMAC, da SVDS ou dos financiado-
res. Este documento não foi submetido à revisão editorial da GIZ.

A duplicação ou reprodução de partes do estudo (incluindo a trans-


ferência de dados para sistemas de armazenamento de mídia) e dis-
tribuição para fins não comerciais é permitida, desde que o The City
Climate Finance Gap Fund (“Gap Fund Initiative”) seja citado como
Figura 03: Parque Linear do Córrego Bandeirantes - Campinas. Fonte:Diagrama autoral. fonte da informação.
Figura 04: Parque Fluvial do Jardim Maravilha - Rio de Janeiro. Fonte: Diagrama autoral.

6 7
Expediente Colaboração AMBIENTE
E CLIMA

Equipe: Prefeitura Municipal de Campinas/SP

Secretaria Municipal do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sus-


tentável - SVDS
Rogério Menezes, Secretário Municipal
Diretoria do Verde e Desenvolvimento Sustentável - DVDS
Ângela Cruz Guirao, Diretora
Alexandre Ariolli Nascimento, Arquiteto
Diretoria de Licenciamento Ambiental - DLA
Leandro André Silveira de Arruda Melo, Assessor Técnico
Rebeca Veiga Barbosa, Coordenadora
Rafaela Bonfante Lançone, Coordenadora
Gabriel Dias Mangolini Neves, Chefe de Setor
Geraldo Magela Martins Caldeira, Engenheiro Civil

The City Climate Finance Gap Fund/ Deutsche Gesellschaft für Interna-
Apresentado por: tionale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH
Guajava- Arquitetura da Paisagem e Urbanismo | Aquaflora Kadri Sternberg – Gestora de projetos
Meio Ambiente | Kralingen Economia Ambiental Vanessa Bauer – Gestora de projetos
Ana Carolina Câmara – Diretora de projetos
Organização e coordenação técnica: Eduarda Silva Rodrigues de Freitas – Assessora técnica
Adriana Afonso Sandre

Coordenação geral dos produtos:


Adriana Afonso Sandre e Riciane Pombo
Equipe: Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro/RJ
Autores:
Adriana Afonso Sandre; Catharina Cordeiro dos Santos Secretaria Municipal do Ambiente e Clima - SMAC
Lima; Daniel Thá; Dulce Ferreira de Moraes; Erika Naomi de Tainá Reis de Paula Kapaz, Secretária Municipal
Souza Tominaga; Filipe Chaves Gonçalves; Hanna Nahon Ca- Subsecretaria de Biodiversidade e Clima - SUBBC
sarini; Jerusa Polo; João Luis Bittencourt Guimarães; Marco Douglas da Silva Moraes do Nascimento, Subsecretário
Antonio Loschiavo Leme de Barros; Reinaldo Pacheco; Ri- Gerência de Mudanças Climáticas - GMC, Coordenação do Projeto
ciane Pombo; Sarah Daher; Hugo Herrera dos Reis. José Miguel Osório de Castro Carneiro Pacheco, Gerente
Marcos Borges Pereira, Engenheiro Civil
Arte Gráfica dos Dispositivos de SbN: Coordenadoria de Áreas Verdes
Adriana Afonso Sandre Peterson Santos Silva, Coordenador
Gustavo Kenichi Tarui Gerência de Restauração Ambiental
Letícia Oliveira da Silva Jeferson Pecin Bravim
Riciane Pombo Fundação Instituto das Águas do Município do Rio de Janeiro / RIO-Á-
Sarah Daher GUAS
Wanderson José dos Santos, Presidente de Fundação
Ano: Diretoria de Estudos e Projetos
Julho de 2023 Georgiane Costa, Diretora
Marlon Giovanni Lopes Alvarez, Engenheiro Civil
Diagramação: Bruno Costa Assunção, Engenheiro Civil
Bianca Maria de Arruda. Rodrigo Oliveira do Nascimento, Engenheiro Civil
Vitor Martins Garcia. Ana Cristina Rodrigues Lopes, Engenheira

8 9
INTRODUÇÃO
pág. 15 Sumário
CAPÍTULO 1
pág. 19

Método para seleção de soluções basea-


das na natureza

1 2 3 4
PA S S 0 PA S S 0 PA S S 0 PA S S 0
pág. 23 pág. 29 pág. 207 pág. 247

Estudo, caracterização e diagnóstico da Definição dos dispositivos Definição de espécies vegetais Mensuração dos Serviços Ecossistêmicos e
Bacia hidrográfica e área de drenagem de SbN para os dispositivos de SbN Benefícios Sociais Pós-Implantação

CAPÍTULO 2
Jardim De Chuva 50 pág. 261
Canteiro Pluvial 58
Biovaleta 70 Panorama das SbN no Brasil: Desafios para
Terraços de Chuva 78 implantação e estudos de caso.
Escada Hidráulica Vegetada 84
Poço de Infiltração 90 CAPÍTULO 3
Bacia de Detenção 96
Bacia de Retenção 102 pg. 293
Bacia de Infiltração 108
Wetlands Construídos 114 Estudos de casos: Campinas e
Ilhas Filtrantes Flutuantes 126 Rio de Janeiro.
Reservatório Anfíbio 132
Polder Vegetado 138 REFERÊNCIAS
Step Pool 144 pág. 324
Muro de Suporte Vivo em Madeira Tipo Cribwall 152
Muro De Suporte Vivo Em Margens Fluviais 158
Grade Viva 164
Muro De Contenção Com Pedra 170
Muro De Pedra Com Vegetação 176
Muro De Suporte Tipo Cribwall Pré-Fabricado Com Vegetação 180
Muro De Gabiões Com Vegetação 186
Gabiões Planos - Colchão 190
Solo Grampeado Verde 194
Contenção De Taludes Em Geocélulas 200

10 11
INTRODUÇÃO

Diante dos desafios relacionados à ocorrência, cada vez mais frequente, de eventos climáticos seve-
ros em inúmeras cidades ao redor do mundo, é imperioso buscar soluções que substituam ou com-
plementem as tecnologias existentes de engenharia de infraestrutura urbana. De forma a garantir
a eficiência necessária para tornar as cidades mais resilientes às inundações, secas e ilhas de calor,
dentre outros fenômenos adversos.

A Nova Agenda Urbana ratifica ser imprescin- Para apoiar o desenvolvimento deste programa
dível a busca por “soluções inspiradas na natu- nos dois municípios junto as prefeituras munici-
reza” que sejam eficientes e sustentáveis em pais de Campinas e Rio de Janeiro, foi firmado
garantir segurança e melhor qualidade de vida o consórcio composto pelas empresas Guajava
da população com redução de custos orçamen- Arquitetura da Paisagem e Urbanismo, Aquaflo-
tários aos municípios (ONU-HABITAT III, 2016). ra Meio Ambiente e Kralingen Economia Am-
Nesse sentido, o termo Soluções baseadas na biental. Com o objetivo de auxiliar gestores dos
Natureza (SbN) tem sido adotado e defendido municípios brasileiros a compreender e incor-
por diversos órgãos internacionais como estra- porar as SbN nos projetos de parques lineares e
tégia para mitigar os efeitos das mudanças cli- fluviais em suas respectivas localidades.
máticas nas cidades. A União Internacional para
a Conservação da Natureza (IUCN) definiu SbN Os produtos desenvolvidos pelo consórcio e
como ações para proteger, gerenciar de manei- contemplados no Programa são: a Metodolo-
ra sustentável e restaurar ecossistemas natu- gia para Quantificação dos Riscos e Benefícios
rais ou modificados que respondem aos desa- Ambientais, Econômicos e Sociais de Soluções
fios sociais de maneira efetiva e adaptável, ao baseadas na Natureza (a ser adotada em pro-
mesmo tempo em que promovem o bem-estar jetos de Parques Lineares e Fluviais); o Projeto
humano e benefícios à biodiversidade (COHEN- básico do Parque Linear do Córrego Bandei-
-SHACHAM et. al., 2016).1 rantes, em Campinas (com a aplicação de dis-
positivos de SbN); a Modelagem econômico-fi-
Nesse âmbito, o City Climate Gap Fund, opera- nanceira para manutenção do Parque Fluvial
cionalizado pelo Banco Europeu de Investimen- do Jardim Maravilha no município do Rio de
to (BEI) e pelo Banco Mundial, oferece assistên- Janeiro e a elaboração do presente Catálogo
cia técnica a cidades de países emergentes e de Soluções baseadas na Natureza para Espa-
em desenvolvimento na fase inicial de projetos ços Livres.
que visam a resiliência climática e a redução
das emissões de carbono. Como parte desse O objetivo do Catálogo é reunir informações
programa, o BEI estabeleceu uma parceria com que auxiliem o poder público a selecionar ti-
a agência de cooperação técnica Deutsche Ge- pologias (ou dispositivos) de SbN que possam
sellschaft für Internationale Zusammenarbeit ser incorporadas aos projetos de espaços livres
(GIZ) GmbH, GIZ BRASIL, com o objetivo de de uso público, integrados a uma rede de infra-
apoiar os municípios de Campinas e do Rio de estrutura verde para as cidades. Optou-se por
Janeiro, nessas temáticas. utilizar o termo “espaços livres” para nomear o

1 A visão de que a natureza sustenta o funcionamento da sociedade e das economias no mundo foi defendida durante a Assembleia Geral da
ONU, em março de 2022, onde também foi dado um alerta importante: “A degradação dos ecossistemas e perda de biodiversidade e serviços ecossis-
têmicos, reduzirão a capacidade das nações e suas cidades de responder às mudanças climáticas e outros desafios” (UNEP, 2022, p.13).
Figura 05: Área inundada, Malásia. Fonte: Pok Rie, Pexels. Figura: Pok Rie|Pexels.

12 13
Catálogo – e não parques lineares, fluviais ou
áreas verdes –, por representar a abrangência
da aplicabilidade das tipologias selecionadas.

Os espaços livres são áreas abertas, livres de


edificação e sem coberturas, que podem ser
urbanas ou não, pavimentadas ou vegetadas,
de gestão pública ou privada (MAGNOLI, 2006).

O Catálogo está estruturado em três capítulos e


apresenta um método para seleção dos dispo-
sitivos de SbN, reunindo informações técnicas,
exemplos de aplicação, serviços ecossistêmicos
prestados e os desafios para sua implantação.

O primeiro capítulo sugere um método, es-


truturado em quatro passos, para a seleção do
dispositivo de SbN mais adequada ao contexto
local. No segundo capítulo é apresentado um
panorama dos desafios da implantação de SbN
no Brasil, abordando questões importantes
para sua viabilização nas cidades brasileiras.
O capítulo três ilustra a aplicação do método,
tendo por base os estudos de caso dos muni-
cípios de Campinas e Rio de Janeiro, os quais
inspiraram a elaboração do Catálogo. Nas con-
siderações finais é apontado o encadeamento
lógico de todo o processo de construção do mé-
todo de seleção de dispositivos de SbN, objeto
deste Catálogo.

Cabe destacar que não é pretensão desta pu-


blicação esgotar o assunto, mas sim fornecer
ao leitor conceitos primordiais para o planeja-
mento e projeto da paisagem, com foco sele-
ção de dispositivos de SbN para espaços livres.
Nesse sentido, não é objetivo determinar a for-
ma como as SbN devem ser concebidas, nem
como mensurar seu impacto hidrológico, mas
fornecer um instrumento ilustrado e técnico de
subsídio a seleção dos dispositivos ideais para
cada contexto.

Este Catálogo possibilita um importante pon-


to de partida para que autoridades públicas e
outros atores interessados conheçam os dispo-
sitivos de SbN para aplicação em projetos de
espaços livres de uso público, considerando as
atuais questões ambientais e sociais envolvidas
na gestão urbana.
Boa leitura!

14 15
CAPÍTULO 1
Método para seleção de soluções baseadas na natureza.

Este capítulo fornece os subsídios para projetos que incorporam os dispositivos de SbN em uma
miríade de espaços livres, variando desde a escala do lote à da bacia hidrográfica.

As SbN devem ser selecionadas a partir da con-


sideração de que os espaços livres vegetados • Reduzir os riscos de inundação e
devem exercer múltiplas funções, como conec- amortecer as cheias, incorporando
tar fragmentos de vegetação, conduzir as águas diferentes medidas de retenção e infil-
com segurança, oferecer melhorias microclimá- tração do escoamento superficial das
ticas, atender aos usos relacionados à moradia, águas ao longo da bacia hidrográfica,
trabalho, educação e lazer, garantir maior segu- especialmente próximo à fonte, local
rança social, acomodar as funções das demais onde a precipitação atinge o solo;
infraestruturas urbanas, como transporte e
abastecimento, além de atender aos objetivos
de recreação, encontro e melhorias ambientais
e estéticas (PELLEGRINO et al., 2006).2 • Reduzir a necessidade de instalação
de estruturas de detenção para conter
Tal multifuncionalidade, inerente às concep- o volume total decorrente do escoa-
ções de infraestrutura verde e SbN, impõem mento superficial das águas;
uma complexidade às soluções projetuais pro-
postas, uma vez que devem atender a uma sé-
rie de critérios de desempenho, tais como:
• Reduzir a poluição difusa por meio
A partir destas considerações iniciais, neste ca- do processo de fitorremediação das
pítulo é apresentado um método para seleção águas e do solo;
de diferentes dispositivos de SbN que sejam ide-
ais para cada contexto. Os critérios para escolha
das SbN nos projetos de espaços livres podem
variar em função da localização, dimensão terri- • Melhorar o conforto ambiental ao
torial, questões socioeconômicas, urbanísticas, contribuir com o processo de evapo-
ambientais e legislativas. transpiração;

O método para seleção do dispositivo de SbN


está estruturado em quatro grandes passos, a
saber: • Fornecer suporte à vida – à fauna e
PASSOS à flora;

1° 2° 3° 4°

2 Dessa visão decorre o conceito da infraestrutura verde que, • Serem soluções mais econômicas em
ao agregar corredores verdes urbanos, alagados construídos (wetlands), relação às infraestruturas de engenha-
reflorestamentos de encostas e outras intervenções de baixo impacto
com as melhores práticas de manejo das águas, fornece contribuições ria tradicionais.
importantes para um desenho ecologicamente mais eficiente da cida-
Figura 06: Diagrama explicativo da importância das áreas verdes urbanas.Fonte: Guajava. de, reforçando o papel crucial dos espaços livres vegetados.

16 17
BENEFÍCIOS PÓS-IMPLANTAÇÃO.

discorre sobre aspectos re-


lativos à mensuração dos
benefícios sociais e ecos-
sistêmicos pós-implantação
das SbN.
TIPOLOGIAS DE SbN.
PASSOS

trata do diagnóstico socio-


ambiental e caracterização
urbanística e física da bacia
hidrográfica e da área de
drenagem;

ESPÉCIES VEGETAIS.

apresenta critérios para definir as


espécies vegetais passíveis de se-
rem plantadas nas SbN;

ESTUDO/DIAGNÓSTICO.

aborda a seleção dos dispositivos de SbN de acordo com o grau de aptidão de cada
um dos dispositivos (recomendado, possível e não recomendado), com a localidade
0S 04

preferencial, tipo de solo e hidrologia. Usualmente, a escolha da tipologia é dada em


função das propriedades de reservação, infiltração e condução das águas. Não obs-
tante, ressaltam-se outros fatores importantes em que a escolha deve ser pautada,
como a influência no contexto social local, na sua capacidade de promoção de serviços
ecossistêmicos e culturais, na aplicação da legislação e técnicas compensatórias, bem
como na complementaridade das SbN frente às infraestruturas cinzas e engenharias
sustentáveis. Por essa razão, também são elencados neste passo 2, estruturas de con-
tenção caracterizadas como SbN e que possuem uso consagrado em infraestrutura
urbana. Elas constituem soluções de engenharia que combinam, quando necessário,
materiais naturais com elementos e técnicas clássicas da engenharia civil;

Figura 07: Diagrama de apresentação dos quatros principais passos para seleção dos dispositivos de SbN. Fonte: Diagrama autoral

18 19
PASSO 1
Estudo, caracterização e diagnóstico da bacia hidrográfica.

O primeiro passo em um projeto de espaços livres voltado às questões ambientais é a caracterização


e diagnóstico urbanístico e físico da bacia hidrográfica. Este passo antecede a seleção dos dispositivos
de SbN adequadas ao contexto.

Nessa etapa é realizado o levantamento e ca-


racterização dos aspectos físicos e urbanísticos
existentes na área de drenagem, fatores esses
que fornecerão subsídios para a seleção e di-
mensionamento das SbN em projetos de paisa- 1.
6.
gem. O objetivo principal é identificar os vários
condicionantes que influenciarão nas decisões
projetuais.

A análise parte do pressuposto de que as áreas


de projeto sofreram (ou ainda sofrem) impactos
e alterações na paisagem, na cobertura vegetal,
no funcionamento hídrico do solo e nos ciclos
biogeoquímicos. Desta forma, o impacto pode 2. 5.
ser mitigado se for compatibilizado a uma qua-
lidade ambiental advinda de um planejamento
e projeto dos espaços livres, como veremos nos
próximos passos do método e capítulos deste
Catálogo.
Neste passo de contextualização, sugere-se que
seja feito um estudo da paisagem, integrando 3. 4.
as variáveis físicas, ecológicas e sociais, como Figura 09: Diagrama de apresentação dos fatores para análise.
Fonte: Diagrama autotal.
veremos a seguir.

Levantamento e caracterização urbanís- diferentes análises do meio, desta forma, este


tica e física da bacia hidrográfica passo abarca um panorama geral do que deve
ser estudado para sua seleção e projeto.
Indica-se nesta etapa qual é o embasamento Para tanto, os seguintes fatores devem ser con-
necessário para identificar as áreas da bacia hi- siderados na análise:
drográfica potenciais para a proposição de dife- 1. Evolução histórica da áreas e dinâmicas de
rentes tipologias de SbN. urbanização.
2. Meio social e econômico.
A caracterização urbanística da área de drena- 3. Legislação em projetos urbanos.
gem da bacia deve enfocar na leitura dos dados 4. Meio biofísico.
sociais e na produção de mapas que sirvam de 5. Infraestrutura, equipamentos e serviços ur-
instrumentos para contextualização local. Cabe banos.
destacar que cada tipologia de SbN demanda 6.Estudo hidrológico.
Figura 08: Fonte: Vistia à Campo em Campinas. Foto Sarah Daher.

20 21
Evolução Histórica da Área e Dinâmicas de Urbanziação: com identificação de áreas de conflito entre a ocupação urbana, quali-
dade ambiental e recursos naturais;
• Levantamento histórico da região, considerando a inserção regional, • Diagnóstico, com métricas, da composição e estrutura da paisagem;
dinâmicas sociais e ambientais e os reflexos desses fatores no espaço Identificação da situação dos remanescentes de vegetação;
construído; • Levantamento das áreas de risco, uma vez que possíveis solapamentos
• Análise histórica da ocupação do território a partir dos seus elemen- de solo podem ser controlados com determinadas tipologias de SbN;
tos estruturadores; • Análise do tipo de solo com identificação da capacidade de infiltração
• Identificação de áreas disponíveis para implantação da estrutura e e suscetibilidade à erosão.
tipologia de SbN a ser projetada.
Infraestrutura, Equipamentos e Serviços Urbanos:

Meio Social e Econômico: • Levantamento da infraestrutura viária que pode interferir na área dis-
ponível para a tipologia de SbN, bem como contribuir à poluição difusa;
• Divisão administrativa, limites, presença de áreas urbanas, áreas ru- • Caracterização do uso do solo por predominância de forma a compre-
rais, unidades de conservação ou outros; ender o processo de apropriação das tipologias pela população;
Caracterização do uso e ocupação do solo, com foco nas classes de in- • Análise das condições de saneamento ambiental (com levantamento
teresse; da rede de abastecimento de água, rede de coleta de esgoto, drena-
• Dinâmica econômica, abrangendo o perfil da produção, setores e flu- gem, coleta e destinação de resíduos sólidos; ecopontos) que influen-
xos de insumos e produtos mais relevantes que podem, eventualmen- ciam na carga de poluição pontual ou difusa;
te, influenciar no uso e ocupação do solo, inclusive de infraestrutura de • Caracterização das precariedades habitacionais (presença de cortiços
transporte e outros; e ocupações irregulares);
• Dinâmica demográfica e de domicílios, perfil e padrão de ocupação • Densidade populacional vis-à-vis densidade construtiva;
(público, privado, propriedades rurais de pequeno, médio ou grande • Análise da distribuição espacial das populações do entorno da região
porte) e tendências futuras; em estudo, com atribuição de valores econômicos para a melhoria pre-
• Prestação de serviços básicos de saneamento em seus quatro compo- vista na qualidade de vida (menos perdas por inundações e alagamen-
nentes (água, esgoto, resíduos e drenagem); tos, menos abstenção por problemas de saúde etc.);
• Presença de equipamentos públicos. • Identificação de edificações (e suas respectivas fundações) a serem
protegidas, das quais devem ser mantidas a distância mínima de 2 me-
tros dos dispositivos de SbN;
Legislação em Projetos Urbanos: • Identificação de interferências subterrâneas que possam afetar a es-
trutura a ser implantada, assim como, as estruturas existentes às quais
• Levantamento das normas jurídicas e instrumentos legais, vinculados o projeto a ser implantado possa oferecer algum risco.
ao Direito Ambiental e Urbanístico, e, em especial, atos de competên-
cia municipal. A exemplo do Plano Diretor (que define instrumentos de Estudo Hidrológico:
planejamento urbano) e outras legislações relativas ao Zoneamento Ur-
bano e Uso do Solo do Município; • Identificação e caracterização da rede de drenagem natural ou artifi-
• Análise das políticas nacionais e seus impactos no âmbito local, em cial (canais abertos, lagos e reservatórios, nascentes ou olhos d’água,
especial no que se refere à área verde urbana e à proteção dos recursos galerias de macro e microdrenagem, afluências de drenagem superfi-
hídricos; cial que necessitam de proteção ou que podem ser incorporadas ao
• Identificação de processos administrativos que possibilitem a revisão projeto). A existência ou não de uma rede de drenagem artificial ou um
dos instrumentos legais voltados às SbN. curso d’água na região é um limitante para o uso de medidas de de-
tenção, pois impossibilita a descarga dos volumes excedentes. Uma vez
Meio Biofísico: que as SbN são, geralmente, propostas em áreas cujo terreno sofreu
alterações nos padrões de infiltração e escoamento na bacia, é neces-
• Identificação das áreas vegetadas significativas, para delimitar as áre- sário estimar o impacto dessa ocupação na redução da infiltração e no
as com restrições ao processo de urbanização em cartas de aptidão, consequente aumento do escoamento superficial;
bem como verificar a possibilidade de incorporá-las ao projeto; • Análise da área de drenagem e identificação da bacia de contribuição.
• Levantamento da biodiversidade (fauna e flora) endêmica e regional A área de drenagem é aquela que irá contribuir para a SbN e deve ser
de forma a utilizar as espécies mais adequadas ao contexto; delimitada pelo divisor de águas. Essa variável permite definir o tipo e
• Diagnóstico da relação entre ambiente construído e meio natural, tamanho das SbN e é utilizada para o cálculo hidrológico e hidráulico

22 23
das intervenções mais complexas, como as bacias de detenção, reten- considerada extremamente benéfica aos terri-
ção ou infiltração, ou sistemas formados por diversas estruturas de SbN; tórios com grande fragilidade social. As SbN po-
• Diagnóstico da topografia e declividade da área de drenagem. Ter- dem somar-se a essas estratégias, contribuindo • Designar profissionais, sejam eles
renos íngremes (declividades maiores do que 5%) geram escoamento para estimular a visão de políticas públicas mais contratados ou da própria estrutu-
com alta velocidade, dificultando o processo de infiltração. Nestas con- holísticas e intersetoriais, favorecendo o diálo- ra pública, para coordenar o levan-
dições devem ser previstos materiais ou estruturas para diminuição da go entre os diversos atores que se relacionam tamento das demandas sociais do
velocidade do escoamento; nesses territórios. território em relação à área de in-
• Levantamento da capacidade de infiltração do solo. Utiliza-se esse tervenção a ser realizada;
parâmetro para dimensionar estruturas com infiltração. Solos argilosos, Por essa razão, o emprego de SbN vai implicar
por exemplo, apresentam capacidade de infiltração reduzida se compa- no conhecimento da territorialidade social e
rada com a de solos arenosos; das maneiras como as comunidades locais e do
• Realizar um “mapeamento” dos
• Levantamento do nível do lençol freático. Semelhante à capacidade entorno se relacionam com o ambiente. Vere-
grupos e organizações sociais locais
de infiltração, esta condição também reduz o processo de infiltração, mos essa questão com mais detalhe no Capítu-
que já interagem com o ambiente
pois há o risco de saturação das camadas da estrutura pela contribuição lo 3 por meio dos dois casos que inspiram este
da intervenção para o estabeleci-
do próprio lençol freático. A distância mínima deve ser de no mínimo Catálogo, Campinas e Rio de Janeiro.
mento de diálogo comunitário;
1 metro abaixo do fundo do dispositivo de infiltração, considerando o A primeira tarefa nessa fase é a identificação
nível máximo do lençol freático, como detalhado nas tipologias do pas- dos principais atores sociais intervenientes no
so 2; território e o estabelecimento de diálogos, com
• Levantar as organizações e pro-
• Levantamento sobre áreas contaminadas (solo e água), de descarte as práticas sociais já existentes e que podem ser
jetos públicos que já incidem com
de resíduos sólidos, de afluências poluídas (ou com altas taxas de sedi- preservadas, e os agentes públicos presentes
políticas públicas no território,
mentos), áreas com indícios de erosão ou que indiquem fragilidade do no território, especialmente as escolas e unida-
especialmente assistência social,
solo à ação da água. Em locais onde forem detectadas afluências com des básicas de saúde.
saúde e educação. Considerar tam-
quantidades elevadas de poluentes, sedimentos e lixo é recomendada a
bém se há projetos de mobilidade
utilização de pré-tratamento e rotina frequente de manutenção; Como processo, sugere-se a criação de um cro-
urbana, coleta de resíduos ou ou-
• Análise do uso e ocupação do solo (da área de drenagem/bacia de nograma e divulgação de oficinas participativas
tras ações públicas;
contribuição) e sua relação com a geração de poluição. Essas informa- com a comunidade e posterior instalação de
ções apontam os indícios sobre a qualidade da água do escoamento uma comissão com representantes comunitá-
superficial que irá contribuir para a SbN. A poluição difusa se caracteriza rios que poderão acompanhar de forma mais
• Realizar oficinas participativas,
por ser gerada principalmente na ocorrência de fenômenos meteoroló- direta e frequente o projeto de intervenção,
nas quais se possa estabelecer um
gicos e decorrente da lavagem das superfícies urbanas e rurais, onde se criando assim uma base participativa para a
diálogo entre os atores sociais dire-
depositam diversos tipos de poluentes. gestão democrática do território. O senso de
tamente afetados pela intervenção
pertencimento por parte da população é um
a ser realizada, os autores do pro-
Questões socioambientais: territorialidade social, comunida- aspecto muito importante e que levará a comu-
jeto e a Municipalidade.
de do entorno nidade a apropriar-se do espaço e dos dispo-
sitivos de SbN, preservando-as e ajudando na
Nesta etapa se avalia brevemente os aspectos relativos às questões manutenção básica (limpeza) das mesmas.
• Considerar, depois das oficinas
socioambientais que norteiam a seleção dos dispositivos de SbN. Por participativas, o aporte derivado
serem informações de grande complexidade, serão abordadas, neste Sugere-se, portanto, que profissionais capaci-
desse diálogo e estabelecer uma
tópico, apenas as questões mais relevantes a serem avaliadas e discuti- tados (como assistentes sociais, sociólogos ou
comissão de acompanhamento,
das nos projetos com aplicação de SbN. educadores locais) sejam contratados ou mobi-
representativa da população do
lizados para fazer o levantamento das deman-
lugar.
É fato que a implantação desse tipo de solução em países com tamanha das e problemas sociais locais. Uma vez identifi-
desigualdade social, como o Brasil, constitui-se em um enorme desafio, cados, no território, os principais interlocutores,
uma vez que os territórios onde serão realizadas as intervenções po- podem ser realizadas oficinas públicas sobre o
dem estar atravessados por graves problemas sociais, como a falta de projeto e para criação de comissão pública de
políticas habitacionais de cunho social, ausência de saneamento básico, acompanhamento, que seja representativa em
Com esse levantamento, e a partir da categori-
dificuldades no acesso a serviços de coleta de resíduos, mobilidades relação ao território e suas demandas.
zação da bacia hidrográfica, pode ser proposto
locais com pouca infraestrutura, entre outros. um plano e projeto para os espaços livres com
Por fim, as tarefas recomendadas nesse passo
seleção dos dispositivos de SbN ideais para cada
A presença de serviços universais e públicos de saúde e educação é prévio de diagnóstico da bacia hidrográfica são:
contexto, como veremos no passo a seguir.

24 25
PASSO 2
Definição dos dispositivos de SbN

Após a conclusão da análise da bacia hidrográfica e da área de contribuição, define-se os objetivos do


projeto e, a partir deles, pode-se começar a seleção dos dispositivos de SbN mais adequados.

Neste Catálogo são apresentados 24 dispositi-


vos de SbN que podem ser replicáveis no con-
texto das cidades brasileiras, como em Cam-
pinas e Rio de Janeiro, como detalhado nos
estudos de caso no Capítulo 3.

Cada infraestrutura deve ser adaptada às ne-


cessidades, características e ambiências locais
previamente analisadas. Sua implantação deve
ser executada e acompanhada por profissionais
técnicos capacitados de áreas correlatas.

A escolha por determinado dispositivos deve


ser norteada pela análise de um conjunto de da-
dos como a localização, pedologia e hidrologia.
Para auxiliar nessa escolha das 24 tipologias, na
Tabela 1 é possível identificar o grau de aptidão
– se recomendado, possível ou não recomen-
dado3 – de cada dispositivo de SbN, segundo as
camadas de localização, pedologia/topografia e
hidrologia, conforme detalhado a seguir.

DESCRIÇÃO:
Tabela 1 - Critérios para definição das tipologias
de SbN segundo camadas de informação, de lo-
calização, pedologia e hidrologia. (ver próxima
página)

Jardim de chuva, Canteiro Pluvial, Biovaleta,


Bacia de detenção, Bacia de retenção, Bacia de
infiltração, Terraço de chuva, Escada vegetada,
Wetland híbrido, Ilha filtrante construída, Re-
servatório anfíbio, Pôlder Vegetado, Step pool,
Poço de infiltração

3 Dados da tabela baseados nos estudos autorais da equipe Figura 11: Diagrama de apresentação dos critérios de seleção
Figura 10: Nuvem de palavras com dispositivos de SbN. Fonte: Diagrama autoral. deste Catálogo GIZ; SANDRE et al. (no prelo); RIGHETTO (2009). dos dispositivos de SbN. Fonte: Diagrama autotal.

26 27
PEDOLOGIA E TOPOGRAFIA
Permeabilidade Solo Tipos de Solo (grupos
CAMADA DE INFORMAÇÃO Carga de
(condutividade hidráulica em Declividade hidrológicos de solos, cf. Serviço de Conservação do
sedimentos
mm/h) Solo - Estados Unidos (SCS-USDA)

Grupo A Grupo B Grupo C Grupo D


solo não Aporte de Aporte de
solo infiltrante Taxa de infil- Taxa de infiltra- Taxa de infiltra- Taxa de infil-
DISPOSITIVO DE SbN infiltrante (< 3,6 0 a 5% > 5% sólidos sólidos
(> 3,6 mm/h) traçao > 7,62 çao 3,81-7,62 çao 1,27-3,81 traçao < 1,27
mm/h) baixo elevado
mm/h mm/h mm/h mm/h

Jardim de chuva

Canteiro Pluvial com infiltração

Canteiro Pluvial sem infiltração


Controle fonte e descentralizado

Biovaleta

Terraço de chuva

Escada hidráulica vegetada

Poço de infiltração

Bacia de Detenção

Bacia de Retenção

Bacia de Infiltração

Wetlands
Controle centralizado

Reservatório Anfíbio

Polder Vegetado

Step Pool

LEGENDA: PEDOLOGIA E TOPOGRAFIA LOCALIZAÇÃO HIDROLOGIA


Grau de aptidão para receber dispositivos de SbN
Alta
TRECHO 1 TRECHO 2 TRECHO 3
Média
Baixa

28 29
LOCALIZAÇÃO
CAMADA DE INFORMAÇÃO Susceptibilidade a
Tamanho do lote Sob laje
Sistema viário
alagamentos e inundações

Área Áreas
permanente- Área Canteiro
DISPOSITIVO DE SbN destinas a Calçadas Rotatórias Esquinas < 100m² > 100m² Sob laje
mente alagada alagavel central
reservação

Jardim de chuva

Canteiro Pluvial com infiltração

Canteiro Pluvial sem infiltração


Controle fonte e descentralizado

Biovaleta

Terraço de chuva

Escada hidráulica vegetada

Poço de infiltração

Bacia de Detenção

Bacia de Retenção

Bacia de Infiltração

Wetlands
Controle centralizado

Reservatório Anfíbio

Polder Vegetado

Step Pool

LEGENDA: PEDOLOGIA E TOPOGRAFIA LOCALIZAÇÃO HIDROLOGIA


Grau de aptidão para receber dispositivos de SbN
Alta
TRECHO 1 TRECHO 2 TRECHO 3
Média
Baixa

30 31
HIDROLOGIA
CAMADA DE INFORMAÇÃO Controle de vazão/capacidade Proximidade ao Drenagem e
de interceptação lençol freático escoamento das águas

<1m
DISPOSITIVO DE SbN Tr 2 anos Tr 25 anos Tr 100 anos Planície >1m Detenção Retenção Condução Infiltração
Aluvial

Jardim de chuva

Canteiro Pluvial com infiltração

Canteiro Pluvial sem infiltração


Controle fonte e descentralizado

Biovaleta

Terraço de chuva

Escada hidráulica vegetada

Poço de infiltração

Bacia de Detenção

Bacia de Retenção

Bacia de Infiltração

Wetlands
Controle centralizado

Reservatório Anfíbio

Polder Vegetado

Step Pool

LEGENDA: PEDOLOGIA E TOPOGRAFIA LOCALIZAÇÃO HIDROLOGIA


Grau de aptidão para receber dispositivos de SbN
Alta
TRECHO 1 TRECHO 2 TRECHO 3
Média
Baixa

32 33
SOLUÇÕES VISANDO CONTENÇÕES DE MARGENS DE RIOS
LOCALIZAÇÃO HIDROLOGIA GEOMETRIA VEGETAÇÃO
CAMADA DE INFORMAÇÃO Características do Limites superiores para Altura Declividade TIPO
terreno velocidades em canais admitida

TIPOLOGIAS DE CONTENÇÃO Entre


Margens 1,5 m/s 2,5 m/s 3,0 m/s 4,0 m/s Até Acima Até 40 e Acima gramíneas/
DE TALUDES Encostas Taludes trepadeiras arbustiva
Fluviais 5m de 5m 40º 70º de 70º forração

Muro de Suporte Vivo em Madeira


Tipo Cribwall
Muro de Suporte Vivo em Margens
Fluviais
Grade Viva

Muro de Contenção com Pedra

Muro de Pedra com Vegetação


Muro de Suporte Tipo Cribwall Pré
Fabricado com Vegetação
Muro de Gabiões com
Vegetação
Gabiões Planos - Colchão

Solo Grampeado Verde

Contenção em geocelulas

Detalhes característicos de tipologias aplicáveis


às contenções estão elencados na Tabela 2. As
DESCRIÇÃO:
tipologias de contenção são indicadas em uma
tabela específica pois têm como objetivo con- Tabela 2 - Critérios para definição das tipologias
ter a erosão do solo e trazer estabilidade para de SbN visando as contenções de margens de
terrenos, não estando diretamente associadas córregos e rios, taludes e encostas, segundo ca-
à mitigação de inundações, como é o caso das madas de informação de localização, hidráulica,
SbN apontadas na Tabela 1. geometria e vegetação. (ver acima)

Para cada uma das tipologias, estarão descritos Muro de suporte vivo em madeira tipo “cri-
LEGENDA:
os parâmetros técnicos para escolha e infor- bwall”, Muro de suporte vivo em margens flu-
mações de pedologia, topografia e hidrologia, viais, Grade viva, Muro de contenção com pe- Grau de aptidão para receber
localização estratégica, materiais necessários, dras, Muro de pedra com vegetação, Muro de dispositivos de SbN
vegetação, manutenção, custo da implantação suporte tipo “Cribwall” pré-fabricado com ve- Alta
e os desafios possíveis no planejamento e exe- getação, Muros de gabiões com vegetação, Ga- Média
cução. biões planos, Solo Grampeado Verde. Baixa

34 35
INICIAIS
Descrição das fichas de SbN Definição das tipologias de SbN
- Nome do dispositivo de SbN-
elencadas na Tabela 1:
Jardim de chuva, Canteiro Pluvial, Biovaleta, Bacia de
detenção, Bacia de retenção, Bacia de infiltração, Terraço
de chuva, Escada vegetada, Wetland híbrido, Ilha filtrante manutenção
construída, Reservatório anfíbio, Pôlder Vegetado, Step
pool, Poço de infiltração.
Em geral, as SbN visam a redução nos custos com manutenção a longo

- Nome do dispositivo de SbN - prazo. Pode ser necessário o acompanhamento inicial do sistema para
verificar sua eficácia e se há necessidade de reposição de mudas. Sugere-
se a participação da população no cuidado e manutenção manual
básica destas infraestruturas, como remoção de lixo acumulado que
pode prejudicar a passagem/entrada de água nas diferentes tipologias.
Essa participação deve contar com ciclos de formação educacional
orientados para a consciência da importância dessas práticas e sobre
a forma de lidar com elas para uma efetiva manutenção. Pressupõe-
se, entretanto, que a atribuição formal dos serviços de manutenção
e limpeza é da municipalidade. Todavia, a população pode ser grande
aliada por estar em contato cotidiano com o equipamento público.

localização estratégica custos da implantação

Refere-se a qual espaço livre é ideal para receber a SbN. Esta camada
trata da disponibilidade de espaço para implantação dos dispositivos e
definição de locais estratégicos para captação do escoamento superficial Estimado a partir de variáveis e parâmetros gerais para obter
de águas urbanas. um custo por m². O custo para viabilizar a implementação
de cada uma das tipologias possui variáveis a serem
O método sugere verificar em qual espaço livre a SbN será aplicada para sua escolha ideal, consideradas, seja pelo órgão público ou em uma parceria
especificando se será em sistema viário, lote e/ou sob laje, em margens fluviais, encostas público-privada. Os principais itens de custo são:
ou taludes. É de suma importância a análise do terreno e demais critérios relacionados ao
escoamento das águas pluviais para se determinar os dispositivos a serem implantados de
maneira eficaz e trabalhando como rede sistêmica que possa ser replicada em diversas escalas. O método sugere verificar em qual espaço livre a SbN será aplicada para sua escolha ideal,
Dentro do sistema viário, cada trecho (calçadas, rotatórias, esquinas, canteiro central) tem especificando se será em sistema viário, lote e/ou sob laje, em margens fluviais, encostas
ÁreaÉdisponível
ou taludes. para a implementação
de suma importância a análise do da tipologia:
terreno o custo
e demais pode variar
critérios conforme
relacionados ao
uma potencialidade estratégica para os diferentes dispositivos de drenagem. As calçadas a maior necessidade de intervenção e também com o tamanho da área de implementação
podem receber dispositivos voltados à infiltração das águas pluviais, como canteiros pluviais; já escoamento das águas pluviais para se determinar os dispositivos a serem implantados
dodedispositivo. O orçamento
maneira eficaz devecomo
e trabalhando verificar
redeasistêmica
possibilidade de redução
que possa do valor
ser replicada em por m²,
diversas
canteiros centrais são excelentes áreas para biovaletas que promovem o encaminhamento de conforme a área de intervenção aumente. Em algumas cidades, tende-se a reduzir os custos
águas pluviais; e rotatórias são ideais para as bacias de detenção escalas. Dentro do sistema viário, cada trecho (calçadas, rotatórias, esquinas, canteiro central)
dostem
fornecedores na compra
uma potencialidade de quantidade
estratégica para osmaior de material.
diferentes Casodea drenagem.
dispositivos área estejaAs sob tutela
calçadas
depodem
outro órgão, que não o estadual (considerando as duas cidades, Campinas e Rio de Janeiro,
receber dispositivos voltados à infiltração das águas pluviais, como canteiros pluviais;
deste Catálogo)
já canteiros deve-sesão
centrais considerar ainda,
excelentes áreasospara
custos para atuação
biovaletas no terreno.
que promovem o encaminhamento
de águasTipo de solo
pluviais; existentesão
e rotatórias e necessidade
ideais para asdebacias
intervir
dena sua composição: o tipo de solo
detenção
existente e o nível do lençol freático podem interferir como uma variável de custo. O próprio solo
pode intervir na estrutura da tipologia, necessitando de paredes de fechamento, tubulações,
etc.
Desenvolvimento do projeto técnico: caso não seja realizado pelo próprio corpo
técnico da prefeitura e necessite de contratação de empresa e/ou profissional especializado.
Mão-de-obra: em situações onde não há profissionais da prefeitura disponíveis para
realizar o serviço, deve-se levantar os custos destes profissionais.
Escavação: averiguar se o serviço será realizado manualmente ou por maquinário e
levantar custos atribuídos a cada uma das escolhas através da necessidade local.
Transporte de materiais: sugere-se o reaproveitamento de materiais, quando não

36 37
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Nome do dispositivo de SbN- - Nome do dispositivo de SbN-

desafios possíveis no planejamento e execução:

contaminados, para o próprio sistema reduzindo, assim, o custo com transporte de resíduos. Estão divididos por desafios frente à escolha do terreno, colmatação6,
Como exemplo, o concreto a ser removido de uma calçada para abertura de canteiro pluvial vegetação adequada, qualificação dos técnicos e políticas públicas.
pode ser reaproveitado na camada inferior filtrante no lugar da brita/pedra de mão.
Blocos de sarjeta e meio fio: custo variável de acordo com projeto e necessidades
previstas ao local.
Canaletas e condutores: custo variável de acordo com projeto e necessidades
parâmetros técnicos a serem considerados na
previstas ao local. escolha
Solo, areia, brita, geotêxtil: o custo total dos itens pode variar de acordo com as
dimensões da infraestrutura e necessidade de aumentar determinada camada e reduzir outra.
Vegetação: o custo final destinado para vegetação pode variar de acordo com as
dimensões da infraestrutura e espécies utilizadas. (estruturado pelas camadas de informação das Tabela 1)
Materiais específicos a tipologia: como bombas são itens de custo variável, o valor
pode variar de acordo com projeto e necessidades previstas ao local. Pedologia/Topografia
Consistem em critérios referentes à permeabilidade do solo e à capacidade
de infiltração e armazenamento de água no solo (mm) e carga de
Os itens acima são um direcionamento das possíveis variáveis sedimentos. Para escolha dos diferentes dispositivos de drenagem,
pois, para cada tipologia e situação projetual o custo pode é importante realizar o perfil pedológico do local e, então, escolher o
variar de acordo com as necessidades locais, parâmetros dispositivo adequado de acordo com o tipo de solo. Conforme os dados:
de projeto e demais definições. Sempre há possibilidade de
minimizar custos durante a obra. Portanto, o profissional Permeabilidade do Solo (condutividade hidráulica em mm/h):
responsável pelo projeto deve estar atento às possibilidades para avaliar a infiltração de águas pluviais, é necessário estudar a
de reutilização de materiais existentes in loco (reduzindo, condutividade hidráulica à saturação no local do projeto. Neste sentido,
assim, os custos com insumos e transporte de resíduos); solos com condutividade hidráulica compreendida entre 10-3 e 10-6
definição de espécies adequadas (reduzindo sua taxa de m/s (maior que 3,6 mm/h) podem admitir técnicas de infiltração das
mortalidade e projeto adequado ao local para diminuir a águas pluviais (RIGHETTO et al, 2009).
necessidade de manutenções futuras). Um sistema de SbN Declividade: influencia na escolha do dispositivo, uma vez que vias
deve prever, ao longo do tempo, a redução da manutenção com inclinação maior que 5% não permitem o tempo necessário para
da infraestrutura. a infiltração das águas. Em alta declividade, onde há risco de erosão e
deslizamento de encostas, é possível utilizar soluções como terraços de
chuva, que trabalham com contenção e tratamento das águas, de forma
a proteger os taludes. Tais soluções podem ser utilizadas em variadas
escalas, levando-se em conta a altura das barragens e dissipação de
energia, bem como os custos para sua implantação. É possível empregar
outras tipologias para contenção de taludes e encostas, como gabiões
vegetados. De acordo com a localização, tais tipologias de SbN podem
ser implementadas pontualmente ou em sistema, seja com a repetição
DESCRIÇÃO GERAL:
Definição do conceito e objetivos da SbN 6 Colmatação é o processo de obstrução do sistema filtrante, geralmente pelas próprias
partículas do solo, quando recebe o nome de colmatação física, mas também pode ser biológica (pela
aderência de microrganismos) ou mesmo química (pela obstrução por óxido de ferro). Erosão retrogressiva
(ou piping) é o processo de carreamento do solo através do sistema filtrante, que pode resultar na ruína da
estrutura. Ambos os fenômenos são esperados durante o início da operação do sistema, mas é necessário
o correto dimensionamento do meio filtrante para evitar a continuidade deste processo durante a vida
útil da estrutura. É possível mensurar o potencial de colmatação de um geotêxtil em um determinado
meio a partir de ensaios de laboratório com a utilização de permeâmetros, que são cilindros de pequenas
dimensões utilizados para replicar o meio filtrante empregado em campo, fazendo fluir água através do
permeâmetro e calculando a evolução da permeabilidade ao longo do tempo. Então, são elaborados para
o monitoramento do sistema, gráficos de permeabilidade pelo tempo.

38 39
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Nome do dispositivo de SbN- - Nome do dispositivo de SbN-

da mesma solução ou de soluções combinadas, a depender da análise arenosos com alta capacidade de percolação, por exemplo, são ideais
das características e necessidades do local. para dispositivos que atuam principalmente na infiltração de água. Já
Carga de sedimento: Quando há um aporte de carga de sedimentos em solos com baixa taxa de infiltração podem ser usados dispositivos
elevada recomenda-se não utilizar dispositivos voltados ao escoamento estanques e com o objetivo de fitorremediação da água. Em tais locais,
superficial das águas, evitando elevada taxa de manutenção para é importante prever extravasores ligados ao sistema de águas pluviais
limpeza de eventuais sedimentos e sólidos grosseiros. Em locais com (deve-se estudar sua capacidade de receber escoamentos) que são
alta carga de poluentes, os dispositivos de infiltração de águas pluviais essenciais para que a lâmina d’água não permaneça por mais de 72
devem ser utilizados a partir de um projeto rigoroso de fitorremediação, horas no sistema, mantendo a eficiência da drenagem. Neste tipo de
de forma a evitar a contaminação do solo e das águas subterrâneas, solução, pensada de forma estanque, a função de amortecimento fica
bem como elevada manutenção frente à possível rápida colmatação do restrita, principalmente, à camada drenante mineral, como será visto
solo (SANDRE et al. no prelo). nos canteiros pluviais (SANDRE et al. no prelo).
Tipo de solo: uma informação pedológica importante é a taxa de
infiltração dos diferentes tipos de solos4. Os solos são classificados Características do terreno: a implementação dos dispositivos requer,
quanto à sua taxa mínima de infiltração, de acordo com os Grupos principalmente quando inseridos em áreas urbanas consolidadas que
Hidrológicos de Solos (classificação do Serviço de Conservação do Solo seja averiguada a presença de quaisquer instalações interferentes antes
(SCS) do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos da América do início das obras; ou ainda, se possível, durante a fase de projeto,
(USDA), adaptada para o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos verificar se podem ser realocadas ou readequadas à configuração do
(SiBCS) por SARTORI et al. (2005). Os solos do grupo A são aqueles com projeto. Atentando-se para as características e interferências do terreno:
alta taxa de infiltração - maior que 7,62 mm/h), enquanto os solos dos Presença de instalações subterrâneas: deve-se atentar à presença
grupos B, C e D apresentam taxas progressivamente menores, sendo de instalações subterrâneas (rede de energia elétrica, de telefonia ou
que os solos menos permeáveis, do grupo, têm taxas de infiltração de esgoto) e analisar a possibilidade de serem realocadas ou adequar
inferiores a 1,27 mm/h (SARTORI et al, 2005). Comparando-se com a a configuração do projeto. Quando inseridas em áreas urbanas
classificação de solos quanto à sua condutividade hidráulica (RIGHETTO consolidadas, há a necessidade de averiguar a presença de quaisquer
et a., 2009) pode-se considerar que os solos dos grupos A e B - que têm instalações antes do início das obras ou ainda, se possível, durante a
taxas de infiltração maiores que 3,81 mm/h (SARTORI et al, 2005) – são fase de projeto, a análise pode ser realizada in loco ou por meio de
os mais aptos a receberem SbN voltadas ao incremento da infiltração. documentações dos órgãos responsáveis. O mesmo ocorre para a
Enquadram-se nestas duas classes todos os tipos de latossolos, argissolos implantação das tipologias em terrenos amplos destinados a parques
vermelho ou vermelho-amarelo que não apresentam mudança textural urbanos e/ou lineares, a cooperação entre secretarias e órgãos de
abrupta, nitossolo vermelho e neossolo quartzarênico. Para que o governo para troca de documentações e informações são essenciais
sistema de drenagem alcance bons resultados na absorção de água, é para um bom planejamento da drenagem sustentável do projeto.
necessário realizar ensaios de caracterização do solo, como por exemplo, Arborização existente: deve-se analisar no local de implantação
o ensaio de análise granulométrica, que determinará a porcentagem em das tipologias quanto à presença de arborização existente no local; é
peso que cada faixa especificada de tamanho de partículas representa necessário certificar-se de que a arborização está ou é uma espécie
na massa total ensaiada, fornecendo então a parcela de argila, silte, adaptada às condições de solos úmidos, caso contrário, a mesma pode
areia e pedregulho presente em uma determinada amostra. A fração sofrer por estas alterações no solo e ter sua saúde prejudicada e, a longo
grossa do solo (pedregulho e areia) é muito mais permeável do que prazo, pode morrer e causar maiores danos ao local caso venha a cair.
a fração fina (argila e silte), e por isso é preferível na composição das Local de destino do volume de água: nas localidades onde não há a
SbN para que possibilitem infiltrar o volume de água da chuva a taxas presença de rede de drenagem próxima ou curso d’água para efetuar
adequadas para contribuir na mitigação de inundações a jusante. Solos a descarga do volume de água excedente armazenado, deve-se realizar
cálculos de capacidade de infiltração do jardim, canteiro e/ou biovaleta
4 SARTORI et al. (2005) adaptaram a classificação hidrológica de solos desenvolvida pelo
Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) para o contexto dos solos ocorrentes no Brasil. e analisar o volume das chuvas mais intensas nos últimos anos para

40 41
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Nome do dispositivo de SbN- - Nome do dispositivo de SbN-

verificar se é viável, ou não, sua instalação e, em caso positivo, analisar não será alta, necessitando assim, de tubulação para conectar à rede
sua eficácia diante das ocorrências no local. convencional de drenagem; o mesmo também deve ser estanque, ou
Disponibilidade de área: deve-se analisar cada local de acordo com seja, com paredes nas laterais e fundo do sistema, evitando que a água
suas necessidades e características para se escolher a melhor opção do lençol adentre na estrutura. Caso não tenha acesso às informações
projetual. O projeto, seja em vias, calçadas, parques, entre outros, deve de profundidade do lençol freático no local a se instalar o dispositivo,
seguir as normas urbanísticas locais. deve-se verificar a existência de corpo d’água a menos de 50 m ou se o
mesmo será implantado dentro da planície aluvial; em caso positivo de
Hidrologia uma das duas situações, ou ambas, a infraestrutura deverá ser estanque
: refere-se aos dados necessários para seleção da SbN adequada. Sugere- com dreno de escoamento. Já nas situações em que o dispositivo estiver
se verificar o controle de vazão, profundidade do lençol freático e como a mais de 50 m de corpo d’água, fora de planície aluvial, o mesmo não
será o encaminhamento das águas do escoamento superficial (retenção, necessita, a priori, ser estanque, seja o solo existente permeável ou não.
condução e infiltração). Conforme dados: Drenagem e escoamento das águas: : divididas pela capacidade de
infiltração, detenção, condução e retenção das águas.
Controle de vazão/capacidade de interceptação: Dispositivos
distribuídos pela bacia hidrográfica e incorporados à paisagem urbana
fornecem ganhos diversificados aos centros urbanos se implantados de
forma sistêmica e redundante. Para o controle de pequenas vazões (por
exemplo, chuvas com TR de até 10 anos), as estratégias SbN difundidas no
âmbito da bacia são eficientes, e ainda têm o potencial de proporcionar
simultaneamente benefícios ecossistêmicos e paisagísticos. Para chuvas materiais necessários
com tempos de recorrência maiores (TR maior que 10 anos), conhecidas
por produzirem maiores volumes de água, bacias e/ou reservatórios com
São os recursos materiais necessários à implantação da SbN, como areia,
usos múltiplos são ideias interessantes para soluções de macrodrenagem
pedras, geotêxtil5, vegetação etc.
das cidades.
Nível do lençol freático: esse fator influencia diretamente na escolha
do tipo de dispositivo a ser implantado em cada local, uma vez que sua
profundidade interfere na capacidade de armazenamento das camadas
minerais, bem como no tempo de concentração, a vazão de pico e a
intensidade da chuva, tempo de retorno, velocidade e coeficiente de
escoamento das águas, como descrito nos passos anteriores. Para os
dispositivos destinados à coleta e absorção da água se faz necessária a
análise do nível do lençol freático para identificar qual a solução mais
adequada para a intervenção e também qual sua profundidade máxima.
A profundidade superficial pode representar riscos quando se trata do
emprego de estruturas de infiltração, uma vez que podem saturá-las
durante eventos pluviais longos, havendo ainda o risco de contaminação
5 Sobre os geotêxteis vale citar que são de fácil instalação, baixo custo, pequena espessura e
de águas subterrâneas (RIGHETTO et al, 2009). Recomenda-se o emprego possibilitam o controle de qualidade permitindo propriedades hidráulicas adequadas, características essas
dessas soluções, quando não estanques, apenas quando o nível d’água que endossam a utilização deste material em sistemas filtrantes. O correto funcionamento dos geotêxteis
como filtros depende de atender critérios mecânicos e de durabilidade e o dimensionamento correto,
(NA) dos lençóis no período chuvoso encontra-se a pelo menos 1 m de modo que a abertura de seus poros atinja a capacidade de retenção do solo e impeça a passagem de
abaixo da superfície dos terrenos. Onde o nível do lençol freático é alto partículas do solo. O que se espera desse material é que garanta eficiência hidráulica do dispositivo, permita
a passagem de água e evite a ocorrência de dois fenômenos indesejáveis na estrutura: a colmatação e a
deve-se avaliar qual será a eficácia do sistema uma vez que a absorção erosão retrogressiva.

42 43
INICIAIS
Descrição das fichas de SbN Definição das tipologias de SbN
- Nome do dispositivo de SbN-
elencadas na Tabela 2:
Muro de suporte vivo em madeira tipo “cribwall”, Muro
de suporte vivo em margens fluviais, Grade viva, Muro de
contenção com pedras, Muro de pedra com vegetação, manutenção
Muro de suporte tipo “Cribwall” pré-fabricado com
vegetação, Muros de gabiões com vegetação, Gabiões
planos, Solo Grampeado Verde. Em geral, as SbN visam a redução nos custos com manutenção a longo
prazo. Pode ser necessário o acompanhamento inicial do sistema para

- Nome do dispositivo de SbN - verificar sua eficácia e se há necessidade de reposição de mudas. Sugere-
se a participação da população no cuidado e manutenção manual
básica destas infraestruturas, como remoção de lixo acumulado que
pode prejudicar a passagem/entrada de água nas diferentes tipologias.

localização estratégica custos da implantação

Refere-se a qual espaço livre é ideal para receber a SbN. Esta camada
trata da disponibilidade de espaço para implantação dos dispositivos e
definição de locais estratégicos para captação do escoamento superficial Estimado a partir de variáveis e parâmetros gerais para obter
de águas urbanas. um custo por m². O custo para viabilizar a implementação
de cada uma das tipologias possui variáveis a serem
As diferentes tipologias de contenção devem considerar o perfil topográfico para a escolha consideradas, seja pelo órgão público ou em uma parceria
da melhor solução na mitigação dos processos erosivos e na manutenção da estabilidade de
terrenos. O auxílio dessas contenções para mitigar as ocorrências de desmoronamentos devido
público-privada.
a forças aplicadas, como de empuxo, peso do solo e água infiltrada, demandam maior cuidado
na execução da drenagem associada ao dispositivo para que a estrutura não venha a romper.

O método sugere verificar em qual espaço livre a SbN será aplicada para sua escolha ideal,
especificando se será em sistema viário, lote e/ou sob laje, em margens fluviais, encostas
ou taludes. É de suma importância a análise do terreno e demais critérios relacionados ao
escoamento das águas pluviais para se determinar os dispositivos a serem implantados
de maneira eficaz e trabalhando como rede sistêmica que possa ser replicada em diversas
escalas. Dentro do sistema viário, cada trecho (calçadas, rotatórias, esquinas, canteiro central)
tem uma potencialidade estratégica para os diferentes dispositivos de drenagem. As calçadas
DESCRIÇÃO GERAL:
podem receber dispositivos voltados à infiltração das águas pluviais, como canteiros pluviais;
já canteiros e
Definição do conceito centrais são excelentes
objetivos da SbNáreas para biovaletas que promovem o encaminhamento
de águas pluviais; e rotatórias são ideais para as bacias de detenção

44 45
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Nome do dispositivo de SbN- - Nome do dispositivo de SbN-

desafios possíveis no planejamento e execução:


Vegetação: : deve-se atentar para a integração entre o tipo de vegetação
a ser empregado para uma determinada tipologia de contenção.
Estão divididos por desafios frente ao tipo de encosta, terreno, Conforme dado:
manutenção. Tipo de vegetação:
Segmentado em três classificações em função da estrutura de
sustentação da vegetação (Gramíneas, Trepadeiras ou Arbustivas).
parâmetros técnicos a serem considerados na
As vegetações arbustivas devem ser evitadas em alguns tipos de
escolha
contenção, especialmente as de gabião, pois suas raízes podem
danificar a estrutura de amarração das pedras, e as de pedra,
(estruturado pelas camadas de informação das Tabela 2) devido a possibilidade de causarem deslocamentos na estrutura.
Já as gramíneas são indicadas na maioria das tipologias, sendo
Características do Terreno: segmentadas em três tipologias, que são as medianamente indicadas sobre pedras em função da energia
Margens Fluviais, as Encostas e os Taludes. transmitida por uma onda de cheia, que poderia remover a vegetação,
enquanto as trepadeiras são sugeridas para todas as tipologias
Hidráulica: condição de projeto referente aos limites do escoamento propostas.
em canais para a seleção da SbN adequada na contenção das margens
dos corpos hídricos. Conforme dados:
materiais necessários
Limites de velocidade de escoamento admitido:
Define as velocidades máximas permissíveis em função do tipo de
revestimento para que não ocorra a erosão do canal, após verificada são os recursos materiais necessários à implantação da SbN, como
a estabilidade dos taludes. Dessa forma, antes da seleção da madeira, tubos de drenagem, vegetação, travessas, vigas e estacas;
contenção é necessário elaborar um estudo hidrológico e hidráulico terra vegetal local, tela metálica, pedras etc.
a fim de calcular a velocidade do escoamento nos diversos trechos
de um canal, para então definir a contenção mais adequada a ser
empregada. Os limites de velocidade em função do tipo de solo são
amplamente conhecidos na literatura, por tipo de revestimento e
também por tipo de solo. De maneira geral, esse limite é de 1,5 m/s
para os canais revestidos de solo; 2,5 m/s para os canais em gabião;
3,0 m/s para os revestidos de pedra argamassada; e 4,0 para os
revestidos em concreto.

Geometria: refere-se aos dados de geometria que ditam os esforços


solicitantes nas estruturas de contenção. Quanto maior a altura, e
A seguir, são apresentados
maior a declividade, maiores são os empuxos atuantes na estrutura de
contenção. Conforme dados: 24 dispositivos de SbN,
Altura admitida:
É uma condicionante da SbN a ser utilizada, já que maiores alturas
resultam em maiores esforços sobre a estrutura.
com suas características,
Declividade:
influencia na escolha do dispositivo, uma vez que maiores declividades critérios para escolha e
resultam em maiores esforços sobre a estrutura.
recomendações.
46 47
JC
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Jardim de Chuva -

- Jardim de Chuva -
localização estratégica manutenção

Principalmente em praças e parques. Ideal em áreas destinadas à res-


ervação. Não são sugeridas para o sistema viário, como em calçadas. Dar atenção ao acúmulo de sedimentos e resíduos e substituição de
vegetação quando necessário;

Prever quantidade de mudas adicional de 2 a 5% do valor total para


mitigar perdas iniciais, por mudas que possam morrer logo após o
plantio no período de adaptação (Ação pontual na implementação);

Remover os resíduos manualmente7 (Ação periódica e recorrente);

Recuperar camadas filtrantes por colmatação do dispositivo (Ação


pontual quando o dispositivo não estiver infiltrando).

custos da implantação

Variável8 entre R$400,00 a


R$700,00 por m²

Jardim de Chuva é uma depressão topográfica que possui a finalidade


de coletar e absorver o escoamento superficial das águas da chuva, tel-
hados, calçadas, ruas e demais superfícies impermeáveis, contribuindo
assim para a redução significativa da quantidade de água direcionada
ao sistema convencional de drenagem urbana (CORMIER; PELLEGRINO,
2008).
A eficiência na contribuição de captação de água se dá por meio dos
espaços de armazenamento (criados pelos componentes das camadas
filtrantes do jardim, com parte desta água absorvida e filtrada pela veg-
etação), pelo solo existente (caso o mesmo permita esta absorção) e
pela rede convencional de drenagem (quando houver conexão).

7 Ação feita por órgão responsável pela manutenção e limpeza da área e/ou por pessoa civil.
Indica o incentivo à adoção de áreas verdes urbanas para auxílio na manutenção dos mesmos.
Figura 12 e 13 - Jardim de Chuva. Perspectiva isométrica com detalhe e corte. Fonte: Guajava, 2023 8 De acordo com a área, projeto e configuração do dispositivo, materiais, mão de obra, vegetação.

48 49
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Jardim de Chuva - - Jardim de Chuva -

desafios possíveis no planejamento e execução:

Terreno: dificuldade em obter informações prévias das instalações passará através do dispositivo e não será absorvida, diminuindo assim
subterrâneas, interferindo, muitas vezes, na revisão do projeto após o seu potencial aproveitamento.
início das obras. Carga de sedimentos: O aporte de sólidos no sistema é baixo.
Colmatação: contratação de manutenção para os dispositivos entre 5 Tipos de Solo: o sistema se adequa com maior eficácia em solos com
a 10 anos após a implementação para recuperação da sua capacidade baixo potencial de escoamento e alta taxa de infiltração e em solos
infiltrativa. contendo moderada taxa de infiltração e bem drenados, dos grupos
Vegetação adequada: disponibilidade de espécies vegetais (autóctones) hidrológicos de solos A e B9 , conforme a classificação hidrológica de
adequadas para solos úmidos. solos do Serviço de Conservação do Solo dos Estados Unidos (adaptada
Qualificação de técnicos: disponibilidade no mercado de técnicos para os solos do Brasil por Sartori et al., 2005).
capacitados com os conhecimentos específicos para análise correta Características do terreno: a implementação desta tipologia,
de todas as informações e posterior acompanhamento na execução. principalmente quando inserida ema implementação deste dispositivo,
Políticas Públicas: ausência de Políticas Públicas e Planejamento e principalmente quando inserido em áreas urbanas consolidadas, exige
Governança participativa para a inclusão de SbN no planejamento que seja averiguada a presença de quaisquer instalações antes do início
urbano. das obras; ou ainda, se possível, durante a fase de projeto, verificar se
podem ser realocadas ou readequadas à configuração do projeto. A
análise pode ser realizada in loco ou por meio de documentação dos
órgãos responsáveis. O mesmo ocorre para a implantação das tipologias
em terrenos amplos destinados a parques urbanos e/ou lineares.
Neste caso, a cooperação entre secretarias e órgãos para troca de
parâmetros técnicos a serem considerados na documentação e informações é essencial para um bom planejamento
escolha da drenagem sustentável do projeto. Deve-se analisar ainda, a presença
de arborização existente no local; é necessário certificar-se de que a
árvore seja de uma espécie adaptada às condições de solos úmidos,
Pedologia/Topografia
caso contrário, ela pode sofrer por estas alterações no solo e ter sua
saúde prejudicada.
Permeabilidade do Solo (condutividade hidráulica em mm/h): para
que o sistema de drenagem alcance bons resultados na absorção de água,
Hidrologia
são necessários ensaios de caracterização do solo, como por exemplo, o
ensaio de análise granulométrica, que determinará a porcentagem em
Controle de vazão/capacidade de interceptação: para se definir o
peso que cada faixa especificada de tamanho de partículas representa
tempo de retorno do dispositivo, é necessário realizar os cálculos de
na massa total ensaiada, fornecendo então a parcela de argila, silte, areia
acordo com normas municipais considerando o índice de galeria de
e pedregulho presente em uma determinada amostra. A fração grossa
águas pluviais públicas a qual a tipologia estará correlacionada.
do solo (pedregulho e areia) é muito mais permeável do que a fração
Nível do lençol freático: : em locais onde o nível do lençol freático é
fina (argila e silte) e por isso é preferível na composição das SbN para
alto, a eficácia do sistema será comprometida devido à baixa absorção,
possibilitar a infiltração de um volume de água pluvial a taxas adequadas
sendo assim, sugere-se a utilização de outro dispositivo, como canteiros
e contribuir na mitigação de inundações a jusante.
pluviais estanques, ou seja, com paredes nas laterais e fundo do sistema,
Declividade: não devem ser implantados em terrenos com declividade
evitando que a água do lençol adentre na estrutura.
superior a 5% para que se obtenha o melhor aproveitamento do
Drenagem e escoamento das águas: os jardins de chuva possuem como
dispositivo. Quando em terreno plano ou de inclinação de até 5% a área
principais características de regulação hídrica a infiltração e a detenção.
destinada à captação e absorção de água é mais eficiente por permitir
que a água permaneça no local e seja absorvida adequadamente pelo
dispositivo, quanto em terreno com inclinação maior, parte da água 9 Que têm taxas de infiltração maiores que 3,81 mm/h (SARTORI et al, 2005).

50 51
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Jardim de Chuva - - Jardim de Chuva -

São projetados para que em, no máximo, 72 horas10 não haja mais deve ter ao menos 25 cm de espessura para um bom desenvolvimento
água parada na superfície do jardim e contam ainda com a evaporação, das plantas.
evapotranspiração e transbordamento. Pedras do entorno do dispositivo: pode-se utilizar pedra de mão,
paralelepípedos, materiais residuais ou de ornamentação no entorno
Sugere-se download da família BIM disponível link: www.guajava.com. ou nas entradas do dispositivo para a dissipação da energia da água;
br/bim quando não se utiliza o material, a força da água irá carrear o substrato,
terra e a vegetação, danificando o canteiro ao longo do tempo.
Vegetação: absorvem nutrientes e água que fluem para o jardim de
materiais necessários chuva e liberam vapor de água de volta à atmosfera através do processo
de transpiração. As raízes profundas das plantas também criam canais
pelos quais as águas pluviais se infiltram no solo. Espécies vegetais
Brita ou pedra de mão: a camada de brita, preferencialmente nº 5, ou (autóctones) adequadas para solos úmidos são ideais; a vegetação
a utilização de pedra de mão ou ainda resíduos de concreto removidos indicada está listada no Passo 3 deste Catálogo. Atentar-se às condições
do local (sem a presença de componentes contaminantes para o climáticas locais para a escolha das espécies.
lençol freático) denominada como a camada de armazenamento e de
transferência, onde a água é temporariamente acumulada antes de ser
destinada ao abastecimento do lençol freático ou direcionada ao sistema
de drenagem convencional. Camada principal para armazenamento
da água, portanto deve ser destinada maior espessura possível para
este material, respeitando a necessidade mínima de substrato para a
vegetação.
Geotêxtil: este geossintético tem sido largamente empregado para a
composição de sistemas drenantes e filtrantes, podendo ser classificado
em função do seu processo de fabricação em tecido, não tecido e
tricotado. Para que cumpra a função de filtro, deve-se utilizar o tipo
não tecido, produto que apresenta suas fibras dispostas em orientação
aleatória, o que impede a livre passagem de água através do geossintético.
Os geotêxteis são de fácil instalação, baixo custo, pequena espessura
e possibilitam o controle de qualidade permitindo propriedades
hidráulicas adequadas, características essas que endossam a utilização
deste material em sistemas filtrantes.
Areia: a areia aumenta a porosidade e aeração, auxiliando a infiltração e
redistribuição da água no solo. A camada de areia deve ter ao menos 10
cm de espessura de maneira para que possa aumentar a permeabilidade
e infiltração do dispositivo.
Substrato/terra: Recomenda-se o uso de composto de terra preta e
húmus de minhoca na proporção de 1:1. Pode ser misturado com traço
de areia para aumentar sua permeabilidade. A camada de substrato

10 Que têm taxas de infiltração maiores que 3,81 mm/h (SARTORI et al, 2005).

52 53
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Jardim de Chuva - - Jardim de Chuva -

JARDIM DE CHUVA JARDIM DE CHUVA


Projeto implantado em Projeto implantado em
CONTAGEM - MG PARQUE MUNICIPAL LAGOA DO NADO
- PAMPULHA, BELO HORIZONTE - MG

Figura 14 - Jardim de chuva. Foto: Meridiano. Fonte: Projeto Guajava. Figura 15 - Jardim de chuva. Foto: Nereu Jr. Fonte: Projeto Guajava.

54 55
CP
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Canteiro Pluvial -

- Canteiro Pluvial -
localização estratégica manutenção

Sistema viário, principalmente, em calçadas, vagas de estacionamento


em vias e estacionamento. Atenção deve ser dada ao acúmulo de sedimentos e resíduos além da
substituição de vegetação quando necessário.

Previsão de quantidade de mudas adicional de 2 a 5% do valor total


para mitigar perdas iniciais, por mudas que possam morrer no período
de adaptação logo após o plantio (ação pontual na implementação);

Remoção de resíduos manualmente11 (ação recorrente);

Recuperação das camadas filtrantes por colmatação do dispositivo


(ação pontual quando o dispositivo não estiver infiltrando)

custos da implantação

Variação12 entre R$400,00


a R$800,00 por m²

Canteiro pluvial é a nomenclatura técnica utilizada para jardim de


chuva que foi compactado em um pequeno espaço urbano disponível
(CORMIER; PELLEGRINO, 2008), com a mesma função de realizar a coleta
e absorção de escoamento superficial de superfícies impermeáveis.
A água coletada para o interior do canteiro pluvial deve ser drenada
poucas horas após um evento de chuva leve a moderada e entre 24 a 72
horas após um evento de tempestade para que não haja a proliferação
de insetos, algas e bactérias no local.
Os canteiros pluviais podem ser estanques e se necessário, conterem
um extravasor (para auxiliar no controle de transbordo do dispositivo)
e um duto de conexão com a drenagem convencional existente (para
direcionamento do excedente de água captada). Utiliza-se, ainda,
pedras para dissipação de energia da água na entrada do dispositivo.

11 A ser feito por órgão responsável pela manutenção e limpeza e/ou por pessoa civil. Indica-se o
incentivo à adoção de áreas verdes urbanas para auxílio na manutenção dos mesmos.
Figura 16 - Canteiro Pluvial. Perspectiva isométrica com detalhe. Fonte: Guajava, 2023 . 12 De acordo com a área, projeto e configuração do dispositivo, materiais, mão de obra, vegetação.

56 57
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Canteiro Pluvial - - Canteiro Pluvial -

Na Tabela 3 são apresentadas as características de cinco possibilidades de concepção projetual para


os canteiros pluviais, considerando as variáveis combinadas:

Tabela 3 - Características de cinco possibilidades de concepção projetual


VARIÁVEIS DO CANTEIRO para os canteiros pluviais, detalhadas nas figuras 4 a 8.

TUBULAÇÃO/ CARACTERÍSTICAS
PAREDES LAJE DE FUNDO DUTO DE CONEXÃO DO SOLO
LATERAIS DO JARDIM COM DRENAGEM
CONVENCIONAL

Solo arenoso, infiltração


maior que 30mm/h

Lençol freático baixo


Não Não Não
(menos que 1 metro o
nível máximo do lençol
freático deve ser de
até 1 metro abaixo do
fundo do dispositivo de
infiltração
Figura 17 - Canteiro pluvial sem paredes laterais e laje de fundo, sem tubulação/duto de conexão sem
drenagem convencional existente (Fonte: Guajava, 2023)

Solo franco arenoso,


infiltração entre 20-
30mm/h

Lençol freático baixo


(menos que 1 metro) o
Não Não Sim nível máximo do lençol
freático deve ser de
até 1 metro abaixo do
fundo do dispositivo
de infiltração; verificar
condição do solo (im-
permeável <10mm/h)
Figura 18 - Canteiro pluvial sem paredes laterais e sem laje de fundo, com tubulação/duto de conexão com
drenagem convencional existente (Fonte: Guajava, 2023)

58 59
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Canteiro Pluvial - - Canteiro Pluvial -

Solo franco, infiltração


entre 10-20mm/h

Sim Não Não

Edificação próxima a
menos de 2 metros, Figura 19 - Canteiro pluvial com paredes laterais e sem laje de fundo, sem tubulação/duto de conexão sem
fora da planície aluvial drenagem convencional existente (Fonte: Guajava, 2023)

Solo franco argilo-


so, infiltração entre
5-10mm/h

Sim Não Sim

Edificação próxima a
menos de 2 metros,
fora da planície aluvi-
al, verificar condição
do solo (impermeável Figura 20 - Canteiro pluvial com paredes laterais sem laje de fundo, com tubulação/duto de conexão com
<10mm/h) drenagem convencional existente (Fonte: Guajava, 2023)

Solo argiloso, infiltração


menor que 5mm/h

Sim Sim Sim

Planície aluvial (lençol


freático alto), indepen-
dente da proximidade
de edificações
Figura 21 - Canteiro pluvial com paredes laterais e laje de fundo, com tubulação/duto de conexão com
drenagem convencional existente (Fonte: Guajava, 2023)

60 61
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Canteiro Pluvial - - Canteiro Pluvial -

desafios possíveis no planejamento e execução:

Terreno: dificuldade em obter informações prévias das instalações que a água permaneça no local e seja absorvida adequadamente pelo
subterrâneas, interferindo, muitas vezes, na revisão do projeto após o dispositivo, quanto em terreno com inclinação maior, parte da água
início das obras. passará através do dispositivo e não será absorvido, diminuindo assim
Colmatação: contratação de manutenção para os dispositivos entre 5 seu potencial aproveitamento.
a 10 anos após a implementação para recuperação da sua capacidade Carga de sedimentos: o aporte de sólidos no sistema é baixo nas cinco
infiltrativa. situações ilustradas para canteiros pluviais e sistemas de infiltração
Vegetação adequada: disponibilidade de espécies vegetais (autóctones) quando utiliza-se guias acima do nível do passeio.
adequadas para solos úmidos. Tipos de Solo: O sistema se adequa com maior eficácia em solos com
Qualificação de técnicos: disponibilidade no mercado de técnicos baixo potencial de escoamento e alta taxa de infiltração e em solos
capacitados com os conhecimentos específicos para análise correta de contendo moderada taxa de infiltração e bem drenados, Grupos A e B,
todas as informações e posterior acompanhamento na execução. respectivamente inseridos no Grupos Hidrológicos de Solos, conforme
Políticas Públicas: ausência de Políticas Públicas e Planejamento e Serviço de Conservação do Solo dos Estados Unidos.
Governança participativa para a inclusão de SbN no planejamento Características do terreno: a implementação desta tipologia,
urbano. principalmente quando inserida em áreas urbanas consolidadas, exige
que seja averiguada a presença de quaisquer instalações antes do início
das obras; ou ainda, se possível, durante a fase de projeto, verificar se
podem ser realocadas ou readequadas à configuração do projeto. A
análise pode ser realizada in loco ou por meio de documentação dos
órgãos responsáveis. O mesmo ocorre para a implantação das tipologias
parâmetros técnicos a serem considerados na em terrenos amplos destinados a parques urbanos e/ou lineares.
escolha Neste caso, a cooperação entre secretarias e órgãos para troca de
documentação e informações é essencial para um bom planejamento
da drenagem sustentável do projeto. Deve-se analisar ainda, a presença
Pedologia/Topografia
de arborização existente no local; é necessário certificar-se de que a
árvore seja de uma espécie adaptada às condições de solos úmidos,
Permeabilidade do Solo (condutividade hidráulica em mm/h): para que
caso contrário, ela pode sofrer por estas alterações no solo e ter sua
o sistema de drenagem alcance bons resultados na absorção de água, é
saúde prejudicada.
necessário realizar ensaios de caracterização do solo, como por exemplo
o ensaio de análise granulométrica, que determinará a porcentagem em
Hidrologia
peso que cada faixa especificada de tamanho de partículas representa
na massa total ensaiada, fornecendo então a parcela de argila, silte, areia
Controle de vazão/capacidade de interceptação: para se definir o
e pedregulho presente em uma determinada amostra. A fração grossa
tempo de retorno do dispositivo, é necessário realizar os cálculos de
do solo (pedregulho e areia) é muito mais permeável do que a fração
acordo com normas municipais considerando o índice de galeria de
fina (argila e silte); e por isso é preferível na composição das SbN para
águas pluviais públicas a qual o dispositivo estará correlacionado.
possibilitar a infiltração de um volume de água pluvial a taxas adequadas
Nível do lençol freático: : em locais onde o nível do lençol freático é
e contribuir na mitigação de inundações a jusante. A permeabilidade do
alto, a eficácia do sistema será comprometida devido à baixa absorção,
solo influenciará diretamente na escolha da estanqueidade do canteiro
sendo assim, sugere-se a utilização de tubulação para conectar à rede
pluvial.
convencional de drenagem; o canteiro pluvial, neste caso, também deve
Declividade: não devem ser implantadas em terrenos com declividade
ser estanque, ou seja, com paredes nas laterais e fundo do sistema,
superior a 5% para que se obtenha o melhor aproveitamento do
evitando que a água do lençol adentre na estrutura.
dispositivo. Quando em terreno plano ou de inclinação até 5% a área
Drenagem e escoamento das águas: possuem como principal
destinada à captação e absorção de água é mais eficiente por permitir

62 63
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Canteiro Pluvial - - Canteiro Pluvial -

característica de regulação hídrica a detenção, e também de infiltração da água no solo. Através da utilização da areia, aumenta-se a porosidade
quando o sistema não for estanque. São projetados para que em, no e aeração, auxiliando que a água penetre por esta camada. A camada
máximo, 72 horas13 não haja mais água parada na superfície do canteiro de areia deve ter ao menos 10 cm de espessura, quando houver dis-
independente da escolha projetual. ponibilidade de área, para aumento da permeabilidade e infiltração do
dispositivo.
Sugere-se download da família BIM disponível link: www.guajava.com. Substrato/terra: composto por terra preta e húmus de minhoca na pro-
br/bim porção de 1:1. Pode ser misturado com traço de areia para aumentar
sua permeabilidade. A camada de substrato deve ter ao menos 25 cm
de espessura para um bom desenvolvimento das plantas.
Vegetação: absorvem nutrientes e água que fluem para o jardim de chu-
materiais necessários va e liberam vapor de água de volta à atmosfera através do processo de
transpiração. As raízes profundas das plantas também criam canais pe-
los quais as águas pluviais se infiltram no solo. Espécies vegetais (autóc-
A seguir estão descritos os materiais necessários para as camadas fil-
tones) adequadas para solos úmidos são ideais; a vegetação indicada
trantes do canteiro pluvial em ordem de aplicação no dispositivo e ma-
está listada no Passo 3 deste catálogo. Atentar-se às condições climáti-
teriais para dissipação de energia da água:
cas locais para a escolha das espécies.
Pedras no entorno do dispositivo: pode-se utilizar pedra de mão, pa-
Brita ou pedra de mão: a camada de brita, preferencialmente nº 5, ou
ralelepípedos, materiais residuais ou de ornamentação no entorno
a utilização de pedra de mão ou ainda resíduos de concreto removi-
(quando nhouver guias) ou nas entradas do dispositivo para a dissipação
dos in loco (sem a presença de componentes contaminantes para o
da energia da água; quando não se utiliza o material, a força da água irá
lençol freático) denominada como a camada de armazenamento e de
carrear o substrato, terra e a vegetação, danificando o canteiro ao longo
transferência, onde a água é temporariamente acumulada antes de ser
do tempo.
destinada ao abastecimento do lençol freático ou direcionada ao siste-
ma de drenagem convencional. Camada principal para armazenamen-
to da água, portanto deve ser destinada maior espessura possível para
este material, respeitando a necessidade mínima de substrato para a
vegetação.
Geotêxtil: este geossintético tem sido largamente empregado para a
composição de sistemas drenantes e filtrantes, podendo ser classifica-
do em função do seu processo de fabricação em tecido, não tecido e
tricotado. Para que cumpra a função de filtro, deve-se utilizar o tipo
não tecido, produto que apresenta suas fibras dispostas em orientação
aleatória, o que impede a livre passagem de água através do geossintéti-
co. Os geotêxteis são de fácil instalação, baixo custo, pequena espessura
e possibilitam o controle de qualidade permitindo propriedades hidráu-
licas adequadas, características essas que endossam a utilização deste
material em sistemas filtrantes.
Areia: a camada de areia visa o aumento da infiltração e redistribuição

13 Vide mais informações descritas no Passo 2 deste Catálogo.

64 65
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Canteiro Pluvial - - Canteiro Pluvial -

CANTEIRO PLUVIAL CANTEIRO PLUVIAL


Projeto implantado em Projeto implantado na
ARIZONA - EUA CIDADE UNIVERSITÁRIA USP - SP

Figura 23 - Canteiro Pluvial. Projeto idealizado por Maria Cristina S. Pereira e


Figura 22 - Canteiro Pluvial. Fonte: Pima Association of Governments. Lucas Gobatti junto com seus orientadores Rodolfo Scarati e Brenda Chaves.
Foto: Sarah Daher

66 67
BV
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Biovaleta -

- Biovaleta -
localização estratégica manutenção

Em canteiros centrais e estacionamentos, locais estreitos para Prever quantidade adicional de mudas de 2 a 5% do valor total para
condução da água ou ainda locais amplos associados a jardins de mitigar perdas iniciais, por mudas que possam morrer logo após o
chuva, canteiros pluviais, pôlder, entre outros. plantio no período de adaptação (ação pontual na implementação);

Remover manualmente resíduos que impeçam o fluxo de água14 (ação


recorrente);

Recuperar camadas filtrantes por colmatação do dispositivo (ação


pontual quando o dispositivo não estiver infiltrando).

custos da implantação

Variação15 entre R$200,00 a


R$500,00 por m²

Biovaleta, ou vala de biorretenção vegetada, são depressões rasas


vegetadas (CORMIER; PELLEGRINO, 2008) com laterais inclinadas
de configuração linear. O dispositivo é projetado para coletar, tratar
e infiltrar o escoamento de águas pluviais superficiais e ainda pode
contribuir para direcionar e conduzir a água para outro sistema
(convencional ou sustentável) através da inclinação do terreno. Em
áreas mais íngremes, deve-se utilizar barragens (aletas e soleiras)
dentro da biovaleta para reduzir a velocidade de escoamento da água,
ou ainda outros dispositivos como escadas hidráulicas vegetadas.

As inclinações laterais graduadas, como os taludes, permitem maior


flexibilidade no projeto e no plantio em comparação com os dispositivos
de biorretenção com paredes verticais fixas, como canteiro pluvial e
terraço de chuva. Na maioria dos casos, as biovaletas são rasas e não
necessitam profundidade maior que 60 cm.

14 Por órgão responsável pela manutenção e limpeza ou pessoa civil. Indica-se incentivo à adoção
de áreas verdes urbanas.
15 De acordo com a área, projeto e configuração do dispositivo, materiais, mão de obra, vegetação.
Figura 24 - Biovaleta. Perspectiva isométrica com detalhe. Fonte: Guajava, 2023

68 69
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Biovaleta - - Biovaleta -

desafios possíveis no planejamento e execução:

Terreno: dificuldade em obter informações prévias das instalações Características do terreno: A implementação desta tipologia,
subterrâneas, interferindo, muitas vezes, na revisão do projeto após o principalmente quando inseridas em áreas urbanas consolidadas,
início das obras. exige que seja averiguada a presença de quaisquer instalações antes
Vegetação adequada: disponibilidade de espécies vegetais (autóctones) do início das obras ou ainda, se possível, durante a fase de projeto,
adequadas para solos úmidos. verificando se as mesmas podem ser realocadas ou readequadas à
Qualificação de técnicos: disponibilidade no mercado de técnicos configuração do projeto. A análise pode ser realizada in loco ou por
capacitados com os conhecimentos específicos para análise correta de meio de documentação dos órgãos responsáveis. O mesmo ocorre para
todas as informações e posterior acompanhamento na execução. a implantação das tipologias em terrenos amplos destinados a parques
Políticas Públicas: ausência de Políticas Públicas e Planejamento e urbanos e/ou lineares.
Governança participativa para a inclusão de SbN no planejamento
urbano. Hidrologia

Controle de vazão/capacidade de interceptação: para se definir o


tempo de retorno do dispositivo, é necessário realizar os cálculos de
parâmetros técnicos a serem considerados na acordo com normas municipais considerando o índice de galeria de
escolha águas pluviais públicas a qual o dispositivo estará correlacionado.
Nível do lençol freático: em locais onde o nível do lençol freático é
alto, a eficácia do sistema será comprometida devido à baixa absorção,
Pedologia/Topografia sendo assim, sugere-se a utilização de tubulação para conectar à rede
convencional de drenagem; a tipologia neste caso também deve ser
Permeabilidade do Solo (condutividade hidráulica em mm/h): não estanque, ou seja, com paredes nas laterais e fundo do sistema, evitando
influencia diretamente enquanto um critério para a biovaleta, uma vez que a água do lençol adentre na estrutura.
que ela atua, principalmente, na condução do escoamento superficial Drenagem e escoamento das águas: possuem como principais
das águas pluviais. características de regulação hídrica a detenção e condução das águas,
Declividade: Quando implantadas em terrenos com inclinação de até 5%, além da infiltração. Podem estar em associação a tubulações de
a eficácia do dispositivo quanto à detenção e condução das águas estará drenagem convencionais ou outros dispositivos de SbN como jardins de
com melhor aproveitamento, porém quando inseridos em terrenos chuva, canteiros pluviais, pôlder, entre outros. O sistema deve estar livre
com inclinação superior a 5%, é necessário o uso de barramentos para do acúmulo de água em, no máximo, 72h após ocorrência de chuva.
reduzir a velocidade de condução da água e manter sua eficácia elevada
sem carrear vegetação e solo. Já para o grau de inclinação das laterais
da biovaleta (taludes), o mesmo deve ser definido de acordo com a taxa
de erosão do solo; ou ainda, requisitos e preocupações contextuais
específicas do local como, por exemplo, a existência ou não de meio fio
e demais especificidades projetuais. Os taludes podem ser diferentes de
um lado em relação ao outro.
Carga de sedimentos: O aporte de sólidos no sistema é baixo.
Tipos de solo: O sistema se adequa com maior eficácia em solos com
baixo potencial de escoamento e alta taxa de infiltração e em solos
contendo moderada taxa de infiltração e bem drenados, Grupos A e B,
respectivamente inseridos no Grupos Hidrológicos de Solos, conforme
Serviço de Conservação do Solo dos Estados Unidos (SCS-USDA).

70 71
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Biovaleta - - Biovaleta -

materiais necessários

Brita ou pedra de mão: a camada de brita, preferencialmente nº 5, ou vegetação indicada está listada no Passo 3 deste Catálogo. Atentar-
a utilização de pedra de mão ou ainda resíduos de concreto removidos se às condições climáticas locais para a escolha das espécies.
in loco (sem a presença de componentes contaminantes para o lençol Pedras do entorno do dispositivo: pode-se utilizar pedra de mão,
freático). denominada como a camada de armazenamento e de paralelepípedos, materiais residuais ou de ornamentação no entorno
transferência, onde a água é temporariamente acumulada antes de ser (quando não houver guias) ou nas entradas do dispositivo para a
destinada ao abastecimento do lençol freático ou direcionada ao sistema dissipação da energia da água, quando não se utiliza o material, a força
de drenagem convencional. Camada principal para armazenamento da água irá carrear o substrato, terra e a vegetação, danificando o
da água, portanto deve ser destinada maior espessura possível para canteiro ao longo do tempo.
este material, respeitando a necessidade mínima de substrato para a Aletas de dissipação de energia: quando inseridas em terrenos com
vegetação. inclinação superior a 5%, é necessário o uso de barramentos para reduzir
Geotêxtil: este geossintético tem sido largamente empregado a velocidade de condução da água e manter sua eficácia elevada sem
para a composição de sistemas drenantes e filtrantes, podendo ser carregar vegetação e solo presentes no dispositivo. Estes barramentos
classificado em função do seu processo de fabricação em tecido, não podem ser executados com pedras, tijolos ou outro material que execute
tecido e tricotado. Para que cumpra a função de filtro, deve-se utilizar a função de barragem.
o tipo não tecido, produto que apresenta suas fibras dispostas em Tubulação: utiliza-se tubo-dreno ao longo de toda a extensão da
orientação aleatória, o que impede a livre passagem de água através do biovaleta com inclinação de 0,1% no sentido da caixa de drenagem para
geossintético. Se executa com a manta separando a camada de solo da condução da água.
camada drenante abaixo, o que evita do solo ser carreado e também a
precoce colmatação do sistema. Os geotêxteis são de fácil instalação,
baixo custo, pequena espessura e possibilitam o controle de qualidade
permitindo propriedades hidráulicas adequadas, características essas
que endossam a utilização deste material em sistemas filtrantes. Em
casos que houver um fundo de concreto para conduzir o fluxo de água,
há a possibilidade de se revestir esse fundo com uma geomembrana
para gerar estanqueidade e evitar ao máximo a força de puncionamento
das raízes no concreto caso passem pelo geotêxtil.
Areia: a camada de areia visa o aumento da infiltração e redistribuição
da água no solo. Através da utilização da areia, aumenta-se a porosidade
e aeração, auxiliando que a água penetre por esta camada. A camada
de areia deve ter ao menos 10cm de espessura, quando houver
disponibilidade de área, para aumento da permeabilidade e infiltração
do dispositivo.
Substrato/terra: composto por terra preta e húmus de minhoca na
proporção de 1:1. Pode ser misturado com traço de areia para aumentar
sua permeabilidade. A camada de substrato deve ter ao menos 25c m de
espessura para um bom desenvolvimento das plantas.
Vegetação: absorvem nutrientes e água que fluem para a biovaleta
e liberam vapor de água de volta à atmosfera através do processo
de transpiração. As raízes profundas das plantas também criam
canais pelos quais as águas pluviais se infiltram no solo. Espécies
vegetais (autóctones) adequadas para solos úmidos são ideais; a

72 73
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Biovaleta - - Biovaleta -

BIOVALETA BIOVALETA
Projeto implantado Projeto implantado em
LAGOA DO NADO - MG

Figura 25 - Biovaleta. Fonte: Beckley Sanitary Board. Figura 26 - Biovaleta. Foto: Meridiano. Fonte: Projeto Guajava.

74 75
TC
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Terraços de Chuva -

- Terraços de Chuva -
localização estratégica manutenção

Em qualquer tipo de talude, trazendo benefícios estruturais mesmo


em locais de alta declividade. Na implantação, deve-se prever uma quantidade de mudas adicional
de 2 a 5% do valor total para mitigar perdas iniciais, por mudas que
possam morrer logo após o plantio no período de adaptação;

Deve-se conferir periodicamente a drenagem dos terraços após períodos


de grandes chuvas, garantindo o funcionamento dos extravasores e das
possíveis biovaletas conectadas ao sistema;

Deve-se conferir periodicamente se há danos nas estruturas de pedras


ou gabiões que formam os terraços e fazer reforços estruturais quando
necessários, impedindo futuros deslizamentos de terra;

Deve-se remover periodicamente os resíduos que impeçam o fluxo de


água manualmente16.

custos da implantação

Estruturas das paredes: pedra argamassada: R$ 250,00/m² ;


gabião: R$ 250/m² e R$ 350/m²
Filtros e jardins: Variação17 entre R$375,00/m² a R$800,00/m².

Terraços de chuva são estruturas côncavas, implantadas


transversalmente ao sentido do declive do terreno, encravadas em
trechos de taludes, construídas com paredes de pedra ou pequenos
gabiões vegetados e preenchidos com filtros de elementos minerais de
diferentes granulações, semelhantes aos jardins de chuva.
Trata-se de um dispositivo de SbN desenvolvido pela Guajava
Arquitetura da Paisagem e Urbanismo junto à equipe da Fundação do
Centro Tecnológico de Hidráulica (FCTH) e da Prefeitura de São Paulo,
inspirada nos terraceamentos agrícolas chineses. Foram desenvolvidos
como uma tipologia que cumpre com a finalidade de coletar e absorver
o escoamento superficial das águas pluviais; contribuindo assim para a
redução significativa da quantidade de água direcionada à região abaixo

16 Ação a ser feita por órgão responsável pela manutenção e limpeza ou pessoa civil. Indica-se
incentivo à adoção de áreas verdes.
Figura 27 - Terraços de Chuva em Taludes. Perspectiva isométrica. Fonte: Guajava, 2023 17 De acordo com a área, projeto e configuração do dispositivo, materiais, mão de obra, vegetação.

76 77
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Terraços de Chuva - - Terraços de Chuva -

parâmetros técnicos a serem considerados na


escolha

do talude, geralmente um curso d’água ou galeria de águas pluviais; ao Pedologia/Topografia


mesmo tempo em que favorece a estabilidade de taludes em áreas de
margens de rios, córregos e riachos. Permeabilidade do Solo (condutividade hidráulica em mm/h): para que
A sua eficiência na contribuição de captação de água se dá por meio dos o sistema de drenagem alcance bons resultados na absorção de água, é
espaços de armazenamento das cavidades criadas, pelo solo existente necessário realizar ensaios de caracterização do solo, como por exemplo
(caso permita esta absorção) e pela rede convencional de drenagem o ensaio de análise granulométrica, que determinará a porcentagem em
(quando houver conexão). Outra vantagem é a de estabilizar o talude, peso que cada faixa especificada de tamanho de partículas representa
criando degraus vegetados por onde as águas escoam com menor na massa total ensaiada, fornecendo então a parcela de argila, silte, areia
velocidade enquanto recarregam o lençol freático. e pedregulho presente em uma determinada amostra. A fração grossa
do solo (pedregulho e areia) é muito mais permeável do que a fração
fina (argila e silte); e por isso é preferível na composição das SbN para
possibilitar a infiltração de um volume de água pluvial a taxas adequadas
e contribuir na mitigação de inundações à jusante. É necessário incluir
desafios possíveis no planejamento e execução: barreiras no talude para permitir que a água seja absorvida.
Declividade: os terraços devem ser construídos em seções transversais
ao sentido do maior declive do terreno, e podem ser construídos em
Terreno: dificuldade em obter informações prévias das instalações
taludes com declive de até 18%18 (MACHADO; WADT, 2021), sendo
subterrâneas, interferindo, muitas vezes, na revisão do projeto
que, quanto maior a declividade, maior a necessidade de reforço nas
após o início das obras, bem como é importante um levantamento
estruturas das paredes construídas.
planialtimétrico para desenho da estrutura.
Carga de sedimentos: o aporte de sólidos no sistema é baixo.
Comatação: contratação de manutenção para os dispositivos entre 5
Tipos de solo: : para instalação dos terraços de chuva é muito importante
a 10 anos após a implementação para recuperação da sua capacidade
averiguar as condições de estabilidade do talude, pois são estruturas
infiltrativa.
que vão armazenar água periodicamente e este fator não pode causar
Vegetação adequada: disponibilidade de espécies vegetais (autóctones)
riscos de deslizamentos. Para escolher os melhores materiais a serem
adequadas para solos úmidos.
utilizados na estrutura, sejam eles pedras, gabiões ou troncos, é
Qualificação de técnicos: disponibilidade no mercado de técnicos
necessário conferir a estabilidade natural do solo através de estudos
capacitados com os conhecimentos específicos para análise correta de
geotécnicos de resistência dos solos.
todas as informações e posterior acompanhamento na execução. Bem
Características do terreno: a implementação desta tipologia,
como para o cálculo do volume de água a ser retido nas estruturas
principalmente quando inseridas em áreas urbanas consolidadas, exige
com desenho não geométrico é necessário conhecimento técnico em
que seja averiguada a presença de quaisquer instalações antes do início
modelagem.
das obras ou ainda, se possível, durante a fase de projeto, verificando
Políticas Públicas: ausência de Políticas Públicas e Planejamento e
se podem ser realocadas ou readequadas à configuração do projeto. A
Governança participativa para a inclusão de SbN no planejamento
análise pode ser realizada in loco ou por meio de documentação dos
urbano.
órgãos responsáveis. O mesmo ocorre para a implantação das tipologias
em terrenos amplos destinados a parques urbanos e/ou lineares. Deve-
se analisar no local de implantação das tipologias quanto à presença
de arborização existente no local. É necessário certificar-se de que a
arborização é uma espécie adaptada às condições de solos úmidos, caso
contrário, ela pode sofrer por estas alterações no solo e ter sua saúde

18 De acordo com a análise sobre Terraceamento no Cultivo de Arroz (MACHADO, P.; WADT, P. ,
2021)

78 79
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Terraços de Chuva - - Terraços de Chuva -

prejudicada. gabiões que possam ser vegetados, a escolha varia conforme o tipo e
resistência do solo.
Hidrologia Vegetação adequada: vegetação e substrato adequados para cada tipo
de região, que possuam raízes fortes para contribuir na estabilização de
Controle de vazão/capacidade de interceptação: para se definir o taludes e resistentes a períodos de alta umidade. A vegetação indicada
tempo de retorno do dispositivo, é necessário realizar os cálculos de está listada no Passo 3 deste Catálogo.
acordo com normas municipais considerando o índice de galeria de
águas pluviais públicas a qual o dispositivo estará correlacionado.
Nível do lençol freático: em locais onde o nível do lençol freático é
alto, a eficácia do sistema será comprometida devido à baixa absorção,
sendo assim, sugere-se a utilização de tubulação para conectar à rede
convencional de drenagem caso o objetivo principal do terraço de chuva
seja a infiltração; a tipologia neste caso também deve ser estanque, ou
seja, com paredes nas laterais e fundo do sistema, evitando que a água
do lençol adentre na estrutura.
Drenagem e escoamento das águas: possuem como principais
características de regulação hídrica a detenção e infiltração das águas.
Podem estar em associação a tubulações de drenagem convencionais
ou outros dispositivos de SbN como biovaletas, canteiros pluviais, entre
outros. Assim, se o objetivo for diminuir a velocidade de escoamento
superficial para áreas da bacia à jusante, sugere inserir mais de um
terraço de chuva e conectá-los por meio de biovaletas. O sistema deve
estar livre do acúmulo de água em, no máximo, 72h após ocorrência de
chuva.

materiais necessários

Brita ou Pedra de mão: a camada de brita, preferencialmente nº 5, ou


a utilização de pedra de mão ou ainda resíduos de concreto removidos
do local (sem a presença de componentes contaminantes para o
lençol freático) é denominada como a camada de armazenamento e
de transferência, onde a água é temporariamente acumulada antes de
ser destinada ao abastecimento do lençol freático ou direcionada ao
sistema de drenagem convencional.
Areia: a camada de areia visa o aumento da infiltração e redistribuição
da água no solo. Através da utilização da areia, aumenta-se a porosidade
e aeração, auxiliando que a água penetre por esta camada.
Materiais necessários para a estrutura dos terraços: pedras que possam
ser alinhadas e argamassadas gerando paredes ou muros estruturais ou

80 81
EH
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Escada Hidráulica Vegetada -

- Escada Hidráulica Vegetada -


localização estratégica manutenção

Em vias, taludes e margens de alta declividade, para condução das


águas pluviais; de preferência em locais associados a jardins de chuva, Deve-se prever quantidade de mudas adicional de 2 a 5% do valor total
canteiros pluviais, entre outros. Canais de microdrenagem em áreas para mitigar perdas iniciais, por mudas que possam morrer logo após
de alta declividade onde não seja possível implantar biovaletas. o plantio no período de adaptação (ação pontual na implementação);

Conferir se há danos nas estruturas de pedras ou gabiões e fazer reforços


estruturais quando necessários, impedindo futuros deslizamentos de
terra (ação recorrente);

Remover manualmente resíduos que impeçam o fluxo de água19 (ação


recorrente).

custos da implantação

Variação20 entre R$600,00 a R$1.200,00 por m²

As escadas hidráulicas vegetadas são estruturas construídas em áreas


de alta declividade com a intenção de conduzir e reduzir a velocidade
de escoamento das águas pluviais. Os degraus funcionam como
dissipadores de energia e, quando vegetados, colaboram ainda no
aumento da rugosidade do trecho e proporcionam um aumento da
qualidade das águas que percolam através da vegetação.
O material adequado para este tipo de estrutura são os gabiões que
possuem a capacidade de adaptação geométrica da estrutura, permitem
assumir diferentes dimensões e capacidade de implementar vegetação,
especialmente forrações. No gabião, menos elementos são necessários
para a implantação da escada, sendo necessário apenas pedra, a tela do
gabião, e o maquinário para a escavação. O regime de escoamento pode
acontecer imediatamente após a construção. Pode-se também utilizar
paredes de concreto e piso permeável ou semipermeável, estruturado
com pedras ou mesmo gabiões.

19 Por órgão responsável pela manutenção e limpeza ou pessoa civil. Indica-se incentivo à adoção
de áreas verdes urbanas.
Figura 28 - Escada Hidráulica Vegetada. Perspectiva isométrica. Fonte: Guajava, 2023 20 De acordo com a área, projeto e configuração do dispositivo, materiais, mão de obra, vegetação.

82 83
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Escada Hidráulica Vegetada - - Escada Hidráulica Vegetada -

desafios possíveis no planejamento e execução:

Terreno: dificuldade em obter informações prévias das instalações Características do terreno: a implementação desta tipologia,
subterrâneas, interferindo, muitas vezes, na revisão do projeto após o principalmente quando inserida em áreas urbanas consolidadas,
início das obras. exige que seja averiguada a presença de quaisquer instalações antes
Vegetação adequada: disponibilidade de espécies vegetais (autóctones) do início das obras ou ainda, se possível, durante a fase de projeto,
adequadas para solos úmidos. verificando se as mesmas podem ser realocadas ou readequadas à
Qualificação de técnicos: disponibilidade no mercado de técnicos configuração do projeto. A análise pode ser realizada in loco ou por
capacitados com os conhecimentos específicos para análise correta de meio de documentação dos órgãos responsáveis. O mesmo ocorre para
todas as informações e posterior acompanhamento na execução. a implantação das tipologias em terrenos amplos destinados a parques
Políticas Públicas: ausência de Políticas Públicas e Planejamento e urbanos e/ou lineares. Neste caso, a cooperação entre secretarias e
Governança participativa para a inclusão de SbN no planejamento órgãos para troca de documentação e informações é essencial para um
urbano. bom planejamento da drenagem sustentável do projeto.

Hidrologia

Controle de vazão/capacidade de interceptação: é importante seguir


cálculos e normas estabelecidas para escadas hidráulicas convencionai,
e implantar paredes e contenções seguras. Isso garantirá o escoamento
adequado das águas em talvegues interceptados pela terraplenagem,
ao mesmo tempo em que assegura a segurança dessas áreas e reduz
parâmetros técnicos a serem considerados na possíveis danos causados por erosão. É essencial promover a dissipação
escolha das velocidades para permitir o escoamento em condições favoráveis
até os pontos de deságue, previamente determinados.
Nível do lençol freático: em locais onde o nível do lençol freático é alto,
Pedologia/Topografia
sugere-se a estanqueidade dos degraus.
Drenagem e escoamento das águas: possuem como principais
Permeabilidade do Solo (condutividade hidráulica em mm/h): não
características de regulação hídrica a detenção e condução das águas.
influencia diretamente enquanto um critério para a escada, uma vez
Podem estar em associação a tubulações de drenagem convencionais
que ela atua, principalmente, na condução do escoamento superficial
ou outros dispositivos de SbN como jardins de chuva, canteiros pluviais,
das águas pluviais.
pôlder, entre outros.
Declividade: sugerida para implantação em terrenos com inclinação
maior que 5%, pois cumprirá a função de encaminhamento de vazões
onde outras soluções não consigam vencer trechos com declividade
acentuada.
Carga de sedimentos: o aporte de sólidos admissível para influenciar
na qualidade da água é baixo em função da alta declividade do terreno,
que acarreta altas velocidades do escoamento e baixo tempo para
infiltração na estrutura.
Tipos de Solo: o sistema se adequa com maior eficácia em solos com
baixo potencial de escoamento e alta taxa de infiltração, e em solos
contendo moderada taxa de infiltração e bem drenados, Grupos A e B,
respectivamente inseridos nos Grupos Hidrológicos de Solos, conforme
o Serviço de Conservação do Solo - Estados Unidos.

84 85
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Escada Hidráulica Vegetada - - Escada Hidráulica Vegetada -

materiais necessários

Substrato/terra: composto por terra preta e húmus de minhoca na


proporção de 1:1. Pode ser misturado com traço de areia para aumentar
sua permeabilidade. A camada de substrato deve ter ao menos 25cm de ESCADA HIDÁULICA VEGETADA
espessura para um bom desenvolvimento das plantas.
Vegetação: absorvem nutrientes e água e liberam vapor de água de volta
à atmosfera através do processo de transpiração. As raízes profundas das
Projeto implantado em
plantas também criam canais pelos quais as águas pluviais se infiltram
no solo. Espécies vegetais (autóctones) adequadas para solos úmidos PORTLAND - EUA
são ideais para a escada. Atentar-se às condições climáticas locais para
a escolha das espécies.
Gabião: permitem a adaptação dos degraus da escada a diversas
situações de talude, bem como o plantio de forrações.
Blocos de concreto ou tijolo: é possível fazer paredes de concreto
associadas a piso permeável ou semipermeável, com base de pedras
ou gabiões. Os materiais de revestimento devem proporcionar um
ambiente propício ao crescimento da vegetação. Figura 29 -Escada hidráulica vegetada em Portland. Figura 30 -Escada hidráulica vegetada com gabião.
Estrutura de base: podem ser utilizadas rochas, pedra argamassa e Fonte: Pacific horticulture Fonte: Belgoengenharia
concreto armado como base estrutural da escada hidráulica. Elas devem
ser duráveis e resistentes para suportar a carga hidráulica e a vegetação.
Pedras para dissipação de energia: pode-se utilizar pedra de mão,
paralelepípedos, materiais residuais ou de ornamentação onde a água
cai para a dissipação da energia; quando não se utiliza o material, a
força da água irá carrear o substrato, terra e a vegetação, danificando o
canteiro ao longo do tempo.

86 87
PI
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Poço de Infiltração -

- Poço de Infiltração -
localização estratégica manutenção

Preferencialmente sob calçadas, ruas e avenidas.


Atenção deve ser dada ao acúmulo de sedimentos e resíduos. Recomenda-
se verificar a caixa de inspeção para liberação da canalização em caso de
entupimento.

custos da implantação

Variação21 entre R$350,00 a R$650,00 por m²

Poço de infiltração é um sistema de retenção de águas pluviais


denominado pontual por atuar em pequena área, o qual visa mitigar
os efeitos decorrentes de escoamentos superficiais direto da fonte,
realizando a captação e infiltração das águas pluviais no solo. Visa
amortecer os picos de vazão que possam atingir o sistema de drenagem
convencional, reduzir o volume de escoamento superficial pela
infiltração do volume excedente de chuva no solo, e ainda, contribuir
para o abastecimento dos aquíferos.
O sistema consiste em um poço escavado no solo revestido por tubos
de concreto perfurados, permitindo o contato da água com o solo
e, assim, garantindo a infiltração. Os poços de infiltração podem ser
envolvidos por manta geotêxtil, tanto nas laterais quanto no fundo do
poço. Na camada inferior, são utilizados, ainda, agregados graúdos, mais
usualmente a brita, permitindo uma maximização da vazão infiltrada.
Assim como outras tipologias, os poços de infiltração trabalham em
cooperação com a drenagem ‘cinza’ auxiliando para que a mesma não
entre em colapso.

Figura 31 - Poço de Infiltração. Perspectiva isométrica. Fonte: Guajava, 2023 21 De acordo com a área, projeto e configuração do dispositivo, materiais e mão de obra.

88 89
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Poço de Infiltração - - Poço de Infiltração -

desafios possíveis no planejamento e execução:

Terreno: Dificuldade em obter informações prévias do tipo de solo, armazenado, sendo que o sistema terá eficácia inferior em solos dos
interferindo na avaliação prévia de infiltração; interferências no subsolo grupos A e B.
que não estejam mapeadas podem ser um dificultador no momento de Características do Terreno: O sistema não necessita de áreas amplas,
realizar as escavações nos locais planejados no projeto de drenagem mas de profundidade. Deve-se efetuar o levantamento e a identificação
com poços de infiltração; das instalações subterrâneas e adjacentes, existentes ou projetadas.
Qualificação de técnicos: disponibilidade no mercado de técnicos Os projetos deverão considerar as devidas adequações ou proteções
capacitados com os conhecimentos específicos para análise correta de dessas estruturas.
todas as informações e posterior acompanhamento na execução.
Hidrologia

Controle de vazão/capacidade de interceptação: dispositivo de


parâmetros técnicos a serem considerados na
pequeno porte capaz de armazenar temporariamente médios volumes
escolha
de chuvas com períodos de retorno elevados (TR > 10 anos). O
armazenamento deve ocorrer em tempo relativamente curto, pois o
Pedologia/Topografia poço deve ser esvaziado em até 24h, a fim de estar pronto para receber
os volumes excedentes do próximo evento de chuva intenso. Para tanto,
Permeabilidade do Solo (condutividade hidráulica em mm/h): quanto é necessário o correto dimensionamento das estruturas de saída do
mais permeável o solo, maior a capacidade de infiltração da estrutura. Em poço.
solos argilosos, a capacidade de infiltração é menor quando comparada Nível do lençol freático: em locais onde o nível do lençol freático é alto,
à capacidade de infiltração dos solos arenosos. a infiltração no sistema será comprometida devido à baixa absorção. E,
Declividade: não há restrições quanto à declividade do terreno, uma vez portanto, deve-se evitar seu uso.
que os poços são escavados. Da mesma forma, não há restrições para a Drenagem e escoamento das águas: contribuem com o processo de
declividade da área que irá contribuir para a estrutura, uma vez que são detenção das águas pluviais.
escavados, contudo, na fase de projeto, deve-se levar em consideração
que terrenos de elevada declividade produzem escoamento com alta
velocidade. O dispositivo não deve ser utilizado em solos colapsíveis22.
Carga de sedimentos: em áreas com alta produção de sedimentos
ou resíduos, devem ser instaladas estruturas de gradeamento ou
sedimentação a montante ou na entrada da estrutura. Nesse caso, deve-
se também adotar uma frequência maior na limpeza e manutenção
daquelas estruturas. materiais necessários
Tipos de Solo: o sistema se adequa com maior eficácia em solos com
moderada e alta taxa de infiltração e bem drenados, grupos A e B,
Tubo de concreto perfurado: tubos de concretos pré-moldados com
conforme a classificação de Grupos Hidrológicos de Solos do Serviço de
furos para facilitar o contato com o solo;
Conservação do Solo dos Estados Unidos (classificação adaptada para
Manta geotêxtil: manta permeável com propriedades mecânicas
o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos - SiBCS por SARTORI et al.
e hidráulicas, utilizada para envolver o poço, e fazer com que o solo
(2005). A utilização em solos do Grupo C, com baixa taxa de infiltração,
obtenha uma máxima infiltração;
é tolerada, porém, deve-se atentar prioritariamente ao volume de água
Extravasor: canalização responsável por destinar para o sistema de
drenagem pública a água que excede quando o poço de infiltração está
22 Solos que apresentam redução brusca do volume após aumento da umidade. cheio;

90 91
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Poço de Infiltração - - Poço de Infiltração -

POÇO DE INFILTRAÇÃO
Tubulação de drenagem conectora: também chamado de conduto
horizontal, serve para a destinação das águas pluviais captadas por
Projeto implantado em
edificação ao poço drenante;
Camada de agregado graúdo: camada utilizada ao fundo do poço,
geralmente com brita nº3;
SÃO CARLOS - SP
Caixa de Inspeção: serve para inspecionar o sistema de drenagem para
que não haja entupimento na canalização/extravasor.

Figura 32 e 33 -Poço de infiltração. Fonte: Thays Santos Ferreira.

92 93
BD
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Bacia de Detenção -

- Bacia de Detenção -
localização estratégica manutenção

A jusante da bacia de contribuição, na macrodrenagem.


Limpeza e desassoreamento para retirada de sedimentos e resíduos.

Manutenção da vegetação, quando necessário.

Limpeza e desobstrução dos dispositivos de entrada e saída da estrutura,


bem como do sistema de drenagem que capta e conduz a água para a
bacia.

custos da implantação23

Custo de aquisição da área para implantação da estrutura.


Custo de implantação: R$ 700,00/m³
Custo de implantação de infraestrutura verde e equipamentos
públicos: R$ 300,00/m²

A bacia de detenção é uma estrutura de acumulação temporária das


águas pluviais, permitindo a transferência de vazões compatíveis com
o limite tolerado pela rede de drenagem ou curso d’água existente
a jusante da estrutura (BAPTISTA; NASCIMENTO; BARRAUD, 2005).
Processos de infiltração e evapotranspiração também podem ser
atribuídos a essas bacias a depender das condições de permeabilidade
do solo local e da existência ou não de vegetação em seu interior.
Esse tipo de estrutura pode ser descrito como uma depressão no
terreno, que pode ser revestida ou não, dotada de dispositivos de
entrada e de saída, que permitem o acúmulo de volumes de chuva em
seu interior. Nos períodos sem chuva essa estrutura permanece seca e
pode ser utilizada para outras finalidades como áreas verdes, quadras
esportivas e praças públicas. Seu esvaziamento completo deve se dar
idealmente em até 24 horas. Os projetos devem incorporar múltiplos

Figura 34 - Bacia de Detenção. Perspectiva isométrica com detalhe. Fonte: Guajava, 2023 23 Fonte: FCTH/SIURB-PMSP, 2022.

94 95
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Bacia de Detenção - - Bacia de Detenção -

parâmetros técnicos a serem considerados na


escolha

benefícios além do controle de cheias, prevendo-se a implantação em Pedologia/Topografia


parques, espaços livres e outras áreas de lazer e recreação (CITY OF
PORTLAND, 2020). Permeabilidade do Solo (condutividade hidráulica em mm/h): quanto
As bacias de detenção podem ser classificadas como in line ou off line a mais permeável o solo, maior a capacidade de infiltração da estrutura.
depender de sua configuração em relação ao curso d’água. Essa escolha Em solos argilosos, a capacidade de infiltração é menor quando com-
depende, principalmente, da disponibilidade de área e do volume de parada à capacidade de infiltração dos solos arenosos. Bacias de de-
armazenamento necessário, uma vez que a configuração off line é capaz tenção implantadas em solo com altas taxas de permeabilidade poderão
de armazenar volumes maiores, pois o fundo do reservatório pode ser agregar a capacidade de infiltração no abatimento das cheias, já em so-
bem mais profundo que o leito do rio, necessitando, neste caso, de um los pouco permeáveis ela atuará somente no processo de detenção.
sistema de bombeamento para o esvaziamento da estrutura (ABCP, Declividade: não devem ser implantadas em terrenos com declividade
2015). Já na opção in line a reservação se dá ao longo do próprio leito do superior a 5%. Em terrenos com declividade maior que 5% deverá ser
córrego e o acúmulo das águas se dá pela implantação de estrutura de previsto seu nivelamento para a implantação da estrutura. Não há re-
controle de vazão na seção transversal do corpo hídrico, essa estrutura strições para a declividade da área que irá contribuir para a estrutura,
é dotada de uma abertura junto ao fundo do leito do rio que permite a contudo, na fase de projeto, deve-se levar em consideração que ter-
passagem da vazão de base e restringe a passagem da onda de cheia. renos de elevada declividade produzem escoamento com alta veloci-
dade.
Carga de sedimentos: em áreas com alta produção de sedimentos ou
resíduos devem ser instaladas estruturas de sedimentação a montante
ou na entrada da estrutura. Nesse caso, deve-se também adotar uma
frequência maior na limpeza e manutenção das estruturas.
desafios possíveis no planejamento e execução: Tipos de solo: por se tratar de uma estrutura de detenção o projeto
deverá ser adaptapor se tratar de uma estrutura de detenção o projeto
deverá ser adaptado às condições de solo local, podendo, então, ser
Terreno: as bacias de detenção requerem grandes áreas para sua implantado em solos dos Grupos A, B, C e D caracterizados pelo Serviço
implantação (> 100 m²) o que dificulta a sua implementação em áreas de Conservação do Solo dos Estados Unidos. Como a infiltração não é o
densamente ocupadas, requerendo espaços livres para sua implantação. objetivo central desta estrutura, o sistema pode se adequar tanto a so-
Em áreas menores, é aconselhado dispersar os dispositivos. los com baixo potencial de escoamento e alta taxa de infiltração, quanto
Vegetação adequada: seleção e disponibilidade de espécies vegetais a solos contendo baixa a moderada taxa de infiltração.
adequadas para as condições de seca e cheia. Características do terreno: levantamento e identificação das insta-
Qualificação de técnicos: os projetos devem ser desenvolvidos lações subterrâneas e adjacentes, existentes ou projetadas, na fase de
por equipe técnica formada por engenheiro, arquitetos e outros projeto deverão apontar as devidas adequações ou proteções dessas
profissionais. Devem ser elaborados estudos hidrológicos e hidráulicos estruturas.
para o dimensionamento da estrutura e avaliação do impacto de sua
implantação na bacia hidrográfica. Além de levantamentos topográficos Hidrologia
e estudos geotécnicos da área. É necessário, portanto, a formação
de mão de obra qualificada para projeto, implantação, operação e Controle de vazão/capacidade de interceptação: as bacias são dispos-
manutenção destes sistemas. itivos de médio e grande porte capazes armazenar temporariamente
Políticas Públicas: ausência de Políticas Públicas e Planejamento e grandes volumes de chuvas com períodos de retorno elevados (TR > 10
Governança participativa para a inclusão de SbN no planejamento anos). O armazenamento deve ocorrer em tempo relativamente curto,
urbano. A aceitação da tecnologia deve considerar aspectos sanitários e pois a bacia deve ser esvaziada em até 24h, a fim de estar pronta para
estéticos para aceitação dos moradores. receber os volumes excedentes do próximo evento de chuva intenso.

96 97
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Bacia de Detenção - - Bacia de Detenção -

Para tanto, é necessário o correto dimensionamento das estruturas


de saída. As bacias apresentam as funções de amortecer os picos das
cheias e eventual redução de volumes do escoamento superficial por BACIA DE DETENÇÃO
processos de infiltração, quando existentes. As bacias são projetadas
para armazenar grandes volumes de chuva, desta forma, se bem dimen-
sionadas podem ser implantadas em áreas suscetíveis à inundações e
Projeto implantado em
alagamentos com o objetivo de, justamente, acomodar os volumes ex-
cedentes. Devendo-se evitar áreas permanentemente alagadas. PRAÇA JUCA MULATO - SP
Nível do lençol freático: em locais onde o nível do lençol freático é alto
a estrutura deverá ser revestida e impermeabilizada, evitando que a
água do lençol adentre na estrutura diminuindo sua capacidade de ar-
mazenamento.
Drenagem e escoamento das águas: contribuem com o processo de
detenção das águas pluviais, os processos de infiltração e evapotran-
spiração também podem ser atribuídos às bacias, a depender das
condições de permeabilidade do solo local e da existência ou não de
vegetação em seu interior. Figura 35 e 36 - Bacia de detenção. Fonte: FCTH.

materiais necessários

Terra: A depender das condições do solo e topografia da área de implan-


tação da estrutura, deverá ser previsto o fornecimento de terra para a
compactação das paredes da estrutura;
Revestimento: materiais para a construção das estruturas de entrada e
saída do dispositivo e de revestimento, caso seja necessário.
Pedras do entorno do dispositivo: pode-se utilizar pedra de mão, pa-
ralelepípedos, materiais residuais ou de ornamentação no entorno
(quando não houver guias) ou nas entradas do dispositivo para a dissi-
pação da energia da água; quando não se utiliza o material, a força da
água irá carrear o substrato, terra e a vegetação, danificando o canteiro
ao longo do tempo.
Vegetação: absorve nutrientes que fluem para a bacia e libera vapor de
água de volta à atmosfera através do processo de transpiração. As raízes
profundas das plantas também criam canais pelos quais as águas pluvi-
ais se infiltram no solo. Espécies vegetais (autóctones) adequadas para
solos úmidos são ideais. Deve-se atentar às condições climáticas locais
para a escolha das espécies.

98 99
BR
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Bacia de Retenção -

- Bacia de Retenção -
localização estratégica manutenção

A jusante da bacia de contribuição, na macrodrenagem.


Limpeza e desassoreamento para retirada de sedimentos e resíduos;

Manutenção da vegetação do entorno para assegurar um meio


equilibrado de vida aquática, bem como de seu entorno;

Limpeza e desobstrução dos dispositivos de entrada e saída da estrutura,


bem como do sistema de drenagem que capta e conduz a água para a
bacia.

custos da implantação24

Custo de implantação: R$ 700,00/m2


Custo de implantação de infraestrutura verde e equipamentos
públicos: R$ 300,00/m2

Bacia de retenção é uma estrutura de armazenamento que possui uma


lâmina d’água permanente, possibilitando seu uso integrado, junto a
parques e outras áreas verdes, e permitindo a utilização do espaço para
lazer e contemplação. A água fica armazenada por longos períodos,
possibilitando a decantação de partículas sólidas e consequente redução
de cargas poluentes por meio de processos biológicos e sedimentação.
Uma grande vantagem desse tipo de estrutura é a presença de vida
aquática, e para tanto devem ser tomados os devidos cuidados de
manutenção para sustentar um meio equilibrado (UACDC, 2010).
Uma bacia de retenção é composta por um vertedor para manutenção da
vazão de base, e um extravasor para vazões que excedem a capacidade
da estrutura. O volume de retenção obtido corresponde à sobre-
elevação do nível do lago entre o nível d’água permanente, mantido
pelo vertedor de nível normal, e o nível d’água máximo, admitido pelo

Figura 37 - Bacia de Retenção. Perspectiva isométrica com detalhe. Fonte: Guajava, 2023 24 Fonte: FCTH/SIURB-PMSP, 2022.

100 101
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Bacia de Retenção - - Bacia de Retenção -

parâmetros técnicos a serem considerados na


escolha

vertedouro de segurança. A altura do nível d’água permanente (da Pedologia/Topografia


ordem de 1 m de profundidade) deve ser dimensionada de forma a
preservar a vida aquática, promover a redução da poluição difusa e Permeabilidade do Solo (condutividade hidráulica em mm/h): quanto
permitir o armazenamento adicional para o controle das cheias. mais permeável o solo maior a capacidade de infiltração da estrutura, em
As bacias de retenção podem conter também ilhas filtrantes com o solos argilosos, a capacidade de infiltração é menor quando comparado
objetivo de ampliar os processos de fitorremediação e incrementar os a capacidade de infiltração dos solos arenosos. As bacias de retenção,
aspectos paisagísticos do sistema. se implantadas em solos com altas taxas de permeabilidade e baixos
índices pluviométricos, ou ainda, onde o lençol freático é profundo,
não será possível manter uma lâmina d’água permanente em período
de estiagem. No caso de áreas muito permeáveis é possível realizar
a compactação do solo, ou mesmo, a adoção de uma camada mais
argilosa no fundo da estrutura.
Declividade: não devem ser implantadas em terrenos com declividade
superior a 5%. Em terreno com declividade maior que 5% deverá ser
desafios possíveis no planejamento e execução: previsto seu nivelamento para a implantação da estrutura. Não há
restrições para a declividade da área que irá contribuir para a estrutura,
contudo, na fase de projeto, deve-se levar em consideração que terrenos
Terreno: as bacias de retenção requerem grandes áreas para sua de elevada declividade produzem escoamento com alta velocidade.
implantação (> 100 m²) o que dificulta a sua implementação em áreas Carga de sedimentos: em áreas com alta produção de sedimentos ou
densamente ocupadas, necessitando de áreas livres. resíduos devem ser instaladas estruturas de sedimentação a montante
Dimensionamento adequado: devem ser elaborados estudos ou na entrada da estrutura. Nesse caso, deve-se também adotar uma
hidrológicos e hidráulicos para o dimensionamento da estrutura e frequência maior na limpeza e manutenção das estruturas.
avaliação do impacto de sua implantação na bacia hidrográfica. Além de Tipos de solo: em solos com altas taxas de permeabilidade deverá ser
levantamentos topográficos e estudos geotécnicos da área. previsto compactação ou adoção de uma camada de solo mais argiloso
Vegetação adequada: seleção e disponibilidade de espécies vegetais no fundo da estrutura, adaptando o projeto às condições de solo local,
adequadas para as condições de seca e cheia nas margens da bacia. permitindo, então, a implantação em solos dos Grupos A, B, C e D
Qualificação de técnicos: os projetos devem ser desenvolvidos por caracterizados pelo Serviço de Conservação do Solo dos Estados Unidos
equipe técnica formada por engenheiro, arquitetos e outros profissionais. (SCS-USDA).
É necessário, portanto, a formação de mão de obra qualificada para Características do terreno: levantamento e identificação das instalações
projeto, implantação, operação e manutenção destes sistemas. subterrâneas e adjacentes, existentes ou projetadas. Os projetos deverão
Políticas Públicas: ausência de Políticas Públicas e Planejamento e apontar as devidas adequações ou proteções dessas estruturas.
Governança participativa para a inclusão de SbN no planejamento
urbano. A aceitação da tecnologia deve considerar aspectos sanitários e Hidrologia
estéticos para aceitação dos moradores.
Controle de vazão/capacidade de interceptação: as bacias
são dispositivos de médio e grande porte capazes armazenar
temporariamente grandes volumes de chuvas com períodos de retorno
elevados (TR > 10 anos). O armazenamento deve ocorrer em tempo
relativamente curto, pois a bacia deve ser esvaziada em até 24h, a fim
de estar pronta para receber os volumes excedentes do próximo evento
de chuva intenso. Para tanto, é necessário o correto dimensionamento

102 103
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Bacia de Retenção - - Bacia de Retenção -

das estruturas de saída. As bacias apresentam as funções de amortecer


os picos das cheias e eventual redução de volumes do escoamento
superficial por processos de infiltração, quando existentes. As bacias BACIA DE RETENÇÃO
são projetadas para armazenar grandes volumes de chuva, desta forma,
se bem dimensionadas podem ser implantadas em áreas suscetíveis à
inundações e alagamentos com o objetivo de, justamente, acomodar
Projeto implantado em
os volumes excedentes. Devendo-se evitar áreas permanentemente
alagadas. SEATTLE 2 - EUA
Nível do lençol freático: : se implantada em locais onde o lençol freático
é profundo não será possível manter uma lâmina d’água permanente em
período de estiagem, quando cessam as contribuições de escoamentos
para a estrutura.
Drenagem e escoamento das águas: contribuem com o processo de
retenção das águas pluviais, o processo de evapotranspiração também
pode ser atribuídos às bacias de retenção a depender da existência ou
não de vegetação em suas margens.
Figura 38 e 39 - Bacia de retenção. Fonte: Governo de Seattle.

materiais necessários

Solo: A depender das condições do solo e topografia da área de implan-


tação da estrutura, deverá ser previsto o fornecimento de terra para a
compactação das paredes da estrutura;
Revestimento: Materiais para a construção das estruturas de entrada e
saída do dispositivo, e de revestimento caso seja necessário.
Pedras do entorno do dispositivo: pode-se utilizar pedra de mão, pa-
ralelepípedos, materiais residuais ou de ornamentação no entorno
(quando não houver guias) ou nas entradas do dispositivo para a dissi-
pação da energia da água; quando não se utiliza o material, a força da
água irá carrear o substrato, terra e a vegetação, danificando o canteiro
ao longo do tempo.
Vegetação: absorvem nutrientes que fluem para a bacia e liberam vapor
de água de volta à atmosfera através do processo de transpiração. As
raízes profundas das plantas também criam canais pelos quais as águas
pluviais se infiltram no solo. Espécies vegetais (autóctones) adequadas
para solos úmidos são ideais; a vegetação indicada está listada no Passo
3 deste Catálogo. Atentar-se às condições climáticas locais para a escol-
ha das espécies.
Os materiais a serem utilizados variam conforme o projeto da tipologia.

104 105
BI
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Bacia de Infiltração -

- Bacia de Infiltração -
localização estratégica manutenção

A jusante da bacia de contribuição, na macrodrenagem.


Limpeza e desassoreamento para retirada de sedimentos e resíduos;

Manutenção da vegetação do entorno quando necessário;

Limpeza e desobstrução dos dispositivos de entrada e saída da estrutura,


bem como do sistema de drenagem que capta e conduz a água para a
bacia.

custos da implantação25

Custo de aquisição da área para implantação da estrutura


Custo de implantação: R$ 700,00/m³
Custo de implantação de infraestrutura verde e equipamentos
públicos: R$ 300,00/m²

Bacias de infiltração são depressões rasas no terreno construídas com o


intuito de deter e otimizar o processo de infiltração das águas pluviais,
desempenhando funções simultâneas de armazenamento temporário e
infiltração. Esse tipo de estrutura não possui lâmina d’água permanente
e deve ser implantada em áreas onde o solo apresenta altas taxas de
permeabilidade (maiores que 3,6 mm/h). Também não possuem
dispositivos hidráulicos de saída, com exceção de um vertedor de
segurança que é utilizado quando a capacidade, para a qual a bacia foi
dimensionada, é superada (SMDU, 2012).
A melhoria da qualidade da água e a recarga de aquíferos subterrâneos
são outros aspectos positivos propiciados pelas bacias de infiltração.
A remoção dos poluentes se dá por processos de filtração e de
fitorremediação das águas das chuvas. Essas funções são semelhantes
aos jardins de chuva e outras medidas fitorremediadoras, contudo as
bacias de infiltração podem ser implantadas para receber contribuições
de áreas bem maiores.

Figura 40 - Bacia de Infiltração. Perspectiva isométrica com detalhe. Fonte: Guajava, 2023 25 Fonte: FCTH/SIURB-PMSP, 2022.

106 107
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Bacia de Infiltração - - Bacia de Infiltração -

parâmetros técnicos a serem considerados na


desafios possíveis no planejamento e execução: escolha

Terreno: as bacias de infiltração requerem grandes áreas para sua Pedologia/Topografia


implantação (> 100 m²) o que dificulta a sua implementação em áreas
densamente ocupadas, requerendo espaços livres para sua implantação. Permeabilidade do Solo (condutividade hidráulica em mm/h): quanto
Dimensionamento adequado: Devem ser elaborados estudos mais permeável o solo maior a capacidade de infiltração da estrutura, em
hidrológicos e hidráulicos para o dimensionamento da estrutura e solos argilosos, a capacidade de infiltração é menor quando comparado
avaliação do impacto de sua implantação na bacia hidrográfica. Além de a capacidade de infiltração dos solos arenosos. Bacias de infiltração
levantamentos topográficos e estudos geotécnicos da área. devem ser implantadas sobre solos onde a permeabilidade mínima é de
Vegetação adequada: seleção e disponibilidade de espécies vegetais 3,6 mm/h.
(nativas locais) adequadas para as condições de seca e cheia. Declividade: : não devem ser implantadas em terrenos com declividade
Qualificação de técnicos: : os projetos devem ser desenvolvidos por superior a 5%. Em terreno com declividade maior que 5% deverá ser
equipe técnica formada por engenheiro, arquitetos e outros profissionais. previsto o nivelamento do terreno para a implantação da estrutura.
É necessário, portanto, a formação de mão de obra qualificada para Não há restrições para a declividade da área que irá contribuir para a
projeto, implantação, operação e manutenção destes sistemas. estrutura, contudo, na fase de projeto, deve-se levar em consideração
Políticas Públicas: ausência de Políticas Públicas e Planejamento e que terrenos de elevada declividade produzem escoamento com alta
Governança participativa para a inclusão de SbN no planejamento velocidade.
urbano. A aceitação da tecnologia deve considerar aspectos sanitários e Carga de sedimentos: uma vez que a principal causa de falha de bacias
estéticos para aceitação dos moradores. de infiltração está relacionada ao acúmulo de sedimentos (colmatação)
e consequente diminuição, ou até mesmo, interrupção dos processos
de infiltração, é extremamente recomendável que em áreas com alta
produção de sedimentos ou resíduos devem ser instaladas estruturas de
sedimentação a montante ou na entrada da estrutura. Deve-se também
adotar uma frequência maior na limpeza e manutenção das estruturas
desse sistema.
Tipos de solo: solos com alta ou moderada taxa de infiltração, Grupos
A e B, respectivamente inseridos no Grupos Hidrológicos de Solos,
conforme Serviço de Conservação do Solo dos Estados Unidos.
Características do terreno: levantamento e identificação das instalações
subterrâneas e adjacentes, existentes ou projetadas. Os projetos deverão
apontar as devidas adequações ou proteções dessas estruturas.

Hidrologia

Controle de vazão/capacidade de interceptação: as bacias são


dispositivos de médio e grande porte capazes de serem utilizadas para
abatimento de cheias com períodos de retorno elevados (TR > 10 anos).
As bacias de infiltração desempenham funções de armazenamento
temporário e infiltração das águas pluviais, o que contribui para
o amortecimento dos picos das cheias e redução de volumes do
escoamento superficial. As bacias são projetadas para armazenar
grandes volumes de chuva, desta forma, se bem dimensionadas podem
ser implantadas em áreas suscetíveis à inundações e alagamentos com o

108 109
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Bacia de Infiltração - - Bacia de Infiltração -

objetivo de, justamente, acomodar os volumes excedentes. Devendo-se


evitar áreas permanentemente alagadas.
Nível do lençol freático: não é adequado em locais onde o lençol BACIA DE INFILTRAÇÃO
freático é alto.
Drenagem e escoamento das águas: contribuem com o processo de re-
tenção e infiltração das águas pluviais, o processo de evapotranspiração
Em Projeto para
também podem ser atribuídos às bacias de retenção a depender da ex-
istência ou não de vegetação em suas margens. CÓRREGO PONTE RASA - SP
materiais necessários

Terra: A depender das condições do solo e topografia da área de


implantação da estrutura, deverá ser previsto o fornecimento de terra
para a compactação das paredes da estrutura;
Revestimento: Materiais para a construção das estruturas de entrada e Figura 41 e 42 - Bacia de infiltração. Fonte: FCTH e Guajava.
saída do dispositivo, e de revestimento caso seja necessário.
Pedras do entorno do dispositivo: pode-se utilizar pedra de mão,
paralelepípedos, materiais residuais ou de ornamentação no entorno
(quando não houver guias) ou nas entradas do dispositivo para a
dissipação da energia da água; quando não se utiliza o material, a força
da água irá carrear o substrato, terra e a vegetação, danificando o
canteiro ao longo do tempo.
Vegetação: absorvem nutrientes que fluem para a bacia e liberam vapor
de água de volta à atmosfera através do processo de transpiração. As
raízes profundas das plantas também criam canais pelos quais as águas
pluviais se infiltram no solo. Espécies vegetais (autóctones) adequadas
para solos úmidos são ideais; a vegetação indicada está listada no
Passo 3 deste Catálogo. Atentar-se às condições climáticas locais para a
escolha das espécies.
Os materiais a serem utilizados variam conforme o projeto da tipologia.

110 111
WC
Definição das tipologias de SbN
- Wetland Construído -
localização estratégica

Figura 44 - Wetland Híbrido. Corte vertical. Fonte: Guajava, 2023


Áreas sem acesso ou com acesso restrito à rede de coleta de esgoto.
Tratamento dos efluentes provenientes de equipamentos sanitários
e/ou quiosques instalados em parques ou praças onde haja área
verde disponível.
Áreas onde é identificado o descarte irregular de esgoto e haja
disponibilidade de área.
Após desemboque de galerias ou córregos com alta carga orgânica, os
wetlands podem ser integrados na paisagem e tratar essa contribuição
antes que este seja despejado no corpo hídrico principal.
Novas edificações e loteamentos onde wetlands construídos podem
ser planejados para integrar a arquitetura e a engenharia a paisagem.

Figura 45 - Wetland Híbrido. Corte horizontal. Fonte: Guajava, 2023

Figura 43 - Wetland Híbrido. Perspectiva isométrica. Fonte: Guajava, 2023 Figura 46 - Zona de raizes. Perspectiva Isométrica. Fonte: Guajava, 2023

112 113
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Wetland Construído - - Wetland Construído -

manutenção

Apesar de serem conhecidos por um menor custo de operação e ma-


nutenção, para garantir o sucesso do sistema conforme especificado em Wetland Construído é uma tecnologia natural que pode tratar diferentes
projeto é necessário o controle operacional, que engloba: tipos de água poluída. Também conhecido como wetland de tratamento,
alagado construído ou jardim filtrante, este dispositivo imita as áreas
Manejo das macrófitas: poda periódica da parte aérea da vegetação de alagadas naturais que funcionam como “rins da terra” (SHARIFI et al,
acordo com o ciclo de vida de cada espécie e o controle de pragas. A 2013) por terem capacidade de filtrar e purificar a água.
poda estimula o crescimento da planta e favorece a remoção de polu- É uma tecnologia que otimiza a capacidade das plantas de
entes e matéria orgânica do efluente. fitorremediação da água, as quais associadas ao material de apoio
e microrganismos, são capazes de absorverem nutrientes como
Controle de espécies invasoras que podem ser prejudiciais ao sistema. nitrogênio, fósforo e potássio, decompor contaminantes e diminuir
a população de agentes patogênicos, por meio de processos físicos,
Limpeza do gradeamento, onde se acumulam os detritos sólidos. químicos e biológicos. O diferencial dessa tipologia é que ela permite
que o esgoto passe a ser considerado uma nova fonte de recursos
Manter o bom funcionamento de equipamentos quando existentes (e.g. trazendo benefícios econômicos para a população local, aliado ao
motobombas, válvulas, registros, etc). embelezamento paisagístico.
Os Wetlands Construídos são categorizados em dois grupos de acordo
Monitoramento do desempenho de funcionamento do sistema pode ser com a forma de escoamento do efluente.
feito com a coleta e análise de qualidade de água de amostras do eflu-
ente de entrada e de saída, seguindo metodologias de análise de quali- Wetlands Construídos de Fluxo Superficial (efluente aparente):
dade da água especificados na Wastewater analysis - Standard Methods assemelham-se a alagados naturais por apresentarem lâmina d'água
pela American Public Health Association (aPHa), de acordo com a aceit- aparente. Estes exigem uma maior área de superfície e comportam
ação da ABNT pelo decreto 8468/76 - artigo 16. menor carga de poluentes, se comparados aos wetlands construídos
de fluxo subsuperficial. São mais usados para gestão de águas pluviais
O período mais intensivo de manutenção é durante o período de es- urbanas com o objetivo de mitigar a poluição difusa (RUSSEL, 2021).
tabelecimento da vegetação, onde pode ser necessário o replantio. O É recomendada sua construção alinhada à rede de infraestrutura de
manejo correto das plantas, favorece um melhor desempenho do siste- drenagem urbana para interceptar o escoamento poluído e oferecer
ma além de proporcionar aspectos positivos em relação ao paisagismo um tratamento antes que este chegue ao corpo hídrico mais próximo,
ambiental. de forma a melhorar a qualidade das águas superficiais. Sugere-se que
o dimensionamento seja de 1 a 5% da área de captação (RUSSEL, 2021).
Quanto mais a jusante da área de captação, maior a carga de poluentes
coletados, portanto, é importante que sejam posicionados de maneira
estratégica para tratar a maior carga de poluentes possível.
custos da implantação
Wetlands Construídos de Fluxo Subsuperficial (efluente não
aparente): o efluente escoa abaixo do nível do substrato e apresentam
maior eficiência na remoção de poluentes por área. São mais utilizados
Variação26 entre R$1.200,00 a R$2.000,00 por m² para tratamento de efluentes com maior carga de poluentes. De acordo
com a direção do escoamento dentro de cada unidade de tratamento
podem ser classificados como de escoamento vertical ou horizontal.
Também podem funcionar de forma híbrida, somando os dois sistemas
26 De acordo com a área, projeto e configuração do dispositivo, materiais e mão de obra.

114 115
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Wetland Construído - - Wetland Construído -

da matéria orgânica e a nitrificação. Nesta tipologia se encaixa o Sistema


para atingir um melhor nível de tratamento. Cada módulo apresenta Francês com capacidade para tratar o esgoto bruto.
suas especificidades e benefícios. Nos Wetlands Híbridos, normalmente se inicia pelo sistema de fluxo
Por tratar-se de uma tecnologia flexível, pode compor diferentes vertical (aeróbio) onde ocorre a oxidação da matéria orgânica e a
arranjos tecnológicos (SEZERINO et al, 2018) para tratar diferentes tipos nitrificação, para depois passar para o sistema de fluxo horizontal
de efluentes: residenciais, industriais, agrícolas, lixiviados de aterros (aeróbio e anóxico) que favorece a remoção de matéria orgânica e a
sanitários, lodos, escoamento de águas pluviais e na recuperação de desnitrificação (SEZERINO et al, 2018). Essa combinação sequencial
corpos d'água poluídos. Dadas as múltiplas variáveis deste sistema, se permite um tratamento avançado do esgoto. Caso haja disponibilidade
faz aqui um recorte das principais tipologias de wetlands construídos de área pode-se utilizar um wetland de fluxo superficial onde ainda
para tratamento de águas residuárias provenientes do esgotamento ocorre a desinfecção pelos raios solares UV e é possível contemplar a
sanitário, que podem ter aplicação em diferentes escalas, desde a escala eficiência do tratamento a partir da paisagem com uma lagoa plantada
do lote unifamiliar ou coletivo, até a escala de bairro e município. Todas e com peixes.
elas são alternativas competitivas ao saneamento convencional que
apresentam bom custo-benefício de implantação e operação (ZHAO et
al, 2020), além dos benefícios inerentes à presença da vegetação27.
No geral, os sistemas são constituídos de um ou mais módulos
escavados no solo ou construídos sob este (ou ambos), os quais devem desafios possíveis no planejamento e execução:
ser impermeabilizados nas laterais e no fundo, dotados de dispositivo
de entrada e de saída e preenchidos com materiais filtrantes onde será
estabelecida a vegetação.
Nos Wetlands Construídos de Fluxo Horizontal a tubulação de Terreno: os wetlands construídos requerem uma maior área comparada
alimentação fica em uma extremidade e a de coleta do esgoto tratado na a tecnologias convencionais - como o reator anaeróbio de fluxo
face oposta, proporcionando um escoamento longitudinal e horizontal ascendente, também chamado de UASB (Upflow Anaerobic Sludge
favorecido por uma declividade de fundo e plantado com macrófitas Blanket) ou lodo ativado - o que dificulta a sua implementação em
emergentes (SEZERINO; PELISSARI, 2021). A alimentação do tanque centros urbanos, mas que pode ser contornado utilizando áreas verdes
é feita constantemente, criando um ambiente saturado, portanto existentes ou na criação de parques de wetlands construídos.
anaeróbio, o que favorece a desnitrificação. Colmatação: escolha correta dos materiais do meio filtrante é essencial
Nos Wetlands Construídos de Fluxo Vertical o efluente se move para retardar o processo de colmatação. Recomenda-se a lavagem
verticalmente pelo sistema onde a tubulação de alimentação fica prévia do material filtrante para a remoção de partículas que possam
assentada sob a superfície do meio filtrante. O efluente despejado acelerar este processo.
na superfície percola verticalmente até o fundo do tanque onde a Vegetação adequada: escolha de espécies vegetais nativas, locais e
tubulação de coleta está assentada no fundo. A alimentação do tanque adequadas para o tipo de água residuária é fundamental para o sucesso
é feita de maneira intermitente por bateladas (motobomba ou sifão) o do tratamento.
que permite um maior arraste de ar para os interstícios das camadas do Taludes: em casos de escavação em taludes deve-se atentar para que
meio filtrante. A maior oxigenação do sistema contribui para a oxidação sejam construídos para suportar o peso do material filtrante e do volume
tratado sem colapsar.
Contaminação: no caso de efluentes contaminados com metais pesados
27 O tratamento é realizado por processos físicos, químicos e biológicos que ocorrem se estes podem ser incorporados ao tecido da planta o material da
principalmente pela sinergia entre material filtrante, a vegetação (macrófitas) e os microrganismos que poda deve ser descartado adequadamente de acordo com a legislação
formam o biofilme, fazendo com que a matéria orgânica, os poluentes e patógenos presentes no efluente
sejam degradados em sua maioria ao percorrer o sistema. A qualidade do tratamento irá variar de acordo vigente.
com a destinação do efluente tratado e pautado pela da legislação vigente (e.g. Resolução CONAMA Nº 357 Qualificação de técnicos: os projetos devem ser desenvolvidos
de 2005 e CONAMA 430/2011).

116 117
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Wetland Construído - - Wetland Construído -

por equipe técnica formada por engenheiro, arquitetos e outros diretamente no funcionamento do sistema, mas pode impor condicion-
profissionais. Devem ser elaborados estudos hidrológicos e hidráulicos antes no sistema construtivo a ser utilizado.
para o dimensionamento da estrutura e avaliação do impacto de sua Características do terreno: a implementação desta tipologia, princi-
implantação na bacia hidrográfica. Além de levantamentos topográficos palmente quando inseridas em áreas urbanas consolidadas, exige que
e estudos geotécnicos da área. É necessário, portanto, a formação seja averiguada a presença de quaisquer instalações antes do início das
de mão de obra qualificada para projeto, implantação, operação e obras ou ainda, se possível, durante a fase de projeto, verificando se
manutenção destes sistemas. as mesmas podem ser realocadas ou readequadas à configuração do
Políticas Públicas: ausência de Políticas Públicas e Planejamento e projeto. A análise pode ser realizada in loco ou por meio de documen-
Governança participativa para a inclusão de SbN no planejamento tação dos órgãos responsáveis. O mesmo ocorre para a implantação das
urbano. A aceitação da tecnologia deve considerar aspectos sanitários e tipologias em terrenos amplos destinados a parques urbanos e/ou line-
estéticos para aceitação dos moradores. ares. Neste caso, a cooperação entre secretarias e órgãos para troca de
documentação e informações é essencial para um bom planejamento
do projeto. Deve-se analisar ainda, quanto à presença de arborização
parâmetros técnicos a serem considerados na ou edificações existentes no local que possam causar sombreamento e
escolha diminuir a eficiência do sistema.

Hidrologia
Pedologia/Topografia
Controle de vazão/capacidade de interceptação: o desempenho dess-
Permeabilidade do Solo (condutividade hidráulica em mm/h): os wet- es sistemas depende da escolha da configuração adequada para cada
lands construídos para tratamento esgoto são estruturas estanques que tipo de água residuária, da taxa de aplicação, do tempo de detenção
podem ser instaladas em diferentes tipos de solo onde a capacidade de hidráulica e das condições climáticas locais (MATOS; MATOS, 2021). É
infiltração não interfere no funcionamento do sistema. importante a definição e o monitoramento do regime hidráulico que
Declividade: podem ser implantados em terrenos com diferentes de- é definido por 3 aspectos: quantidade de esgoto aplicada em relação a
clividades. No caso da associação de vários reatores a declividade do área do wetlands em um determinado período de tempo e, como ele é
terreno pode ajudar para que o sistema funcione por gravidade sem aplicado: se há intermitência (por bateladas) e/ou alternância de mód-
necessidade de aporte de energia. Quando em terreno plano, pode ser ulos (se opera continuamente ou com períodos de repouso). Também
necessário o uso de motobomba para a alimentação dos reatores insta- por se tratar de um sistema aberto, fatores como a chuva, a evapo-
lados a jusante do sistema. Quanto em terreno com inclinação até 18%, ração e a evapotranspiração interferem no controle de massa de água
pode ser feito o terraceamento do talude para conformação dos dispos- no sistema (SEZERINO et al, 2018). Áreas permanentemente alagadas
itivos, sendo que quanto maior a declividade, maior a necessidade de são wetlands naturais e devem ser como possíveis bem conservados e
reforço nas estruturas das paredes construídas. manejados, caso apresentem estado de degradação, deve-se consultar
Carga de sedimentos: os Wetlands Construídos podem funcionar como material referente a recuperação deste bioma e tratar o problema na
um dispositivo para retenção de sedimentos (SEZERINO et al., 2018). Já fonte. Se uma das causas for a contaminação por despejo irregular de
o aporte de sólidos grosseiros no sistema deve ser evitado para que não poluentes, os wetlands construídos podem ser implantados a montante.
ocorra o entupimento das tubulações e danifique, caso haja, motobom- Em áreas alagáveis, os wetlands podem ser implantados, desde que haja
bas submersas ou outros equipamentos. Isso pode ser feito a partir de um extravasor conectado à rede coletora. Em áreas destinadas à res-
um sistema de gradeamento a montante do sistema. Já a carga de pol- ervação, os Wetlands Construídos podem ajudar na redução do pico de
uentes que o sistema comporta pode variar de baixo a alto, sendo um inundação.
sistema flexível e adaptável às características do efluente. Nível do lençol freático: influi na escolha da estrutura e, consequente-
Tipos de solo: por ser um sistema estanque o tipo de solo não interfere mente, no seu custo. Estruturas escavadas possuem menor custo (por

118 119
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Wetland Construído - - Wetland Construído -

não ter necessidade do material e da mão de obra de construção do materiais alternativos para a redução de custos e para a reutilização
tanque), mas nem sempre são recomendáveis, como no caso de locais resíduos sólidos descartados de outras atividades podendo ser resíduos
onde lençol freático é muito raso. da construção civil, conchas, garrafas PET, lascas de pneu (SEZERINO;
Drenagem e escoamento das águas: as características de regulação PELISSARI, 2021).
hídrica e tratamento de águas (pluviais e residuais) dos wetlands con- Vegetação: as plantas são um fator fundamental para o funcionamento
struídos contribuem para a despoluição e o reabastecimento de corpos de wetlands construídos, pelo qual se inclui um tópico adicional
hídricos. O efluente tratado pode ser reutilizado (para fins não potáveis) específico para esta tipologia (vide mais informações no Passo 3 deste
e colaborar para a segurança hídrica do município, armazenando tem- Catálogo).
porariamente as águas pluviais e ajudando a reduzir os fluxos de pico
(EISENBERG et al., 2022). Ainda contribui com a evaporação e a evapo-
transpiração.

materiais necessários

Elementos Construídos: para sistemas construídos sob o solo, pode-


se considerar alvenaria estrutural, com blocos de concreto preenchidos
com concreto e armadura, ou estruturas pré- moldadas em fibra de
vidro.
Impermeabilização: para sistemas de alvenaria, pode-se utilizar aditivo
impermeabilizante no reboco da parte interna, não se recomenda
a utilização de manta asfáltica (SEZERINO et al., 2018). Para sistemas
escavados, pode ser feita a utilização de geomembrana PEAD (Polietileno
de Alta Densidade) de 0,8mm, com a utilização de geotêxtil (e.g. manta
bidim) para sua proteção mecânica instalada abaixo e acima desta,
formando um sanduíche.
Material Filtrante: nos wetlands construídos, o material filtrante
desempenha um papel fundamental, onde além de filtrar de maneira
física, também contribui nos processos bioquímicos, já que proporciona
o meio de desenvolvimento tanto do sistema radicular das macrófitas
como do biofilme microbiano, além de realizar o processo de adsorção
de poluentes, que consiste na retenção por atração química de alguns
compostos sobre a superfície dos grãos do material filtrante (SEZERINO
et. al. 2018). O material filtrante deve apresentar uma boa condutividade
hidráulica (boa permeabilidade) para manter as condições adequadas
de fluxo e promover a adsorção de compostos inorgânicos, minimizando
o risco de colmatação. Os materiais mais utilizados são o cascalho, a
brita, a areia e o solo, no entanto estão sendo estudados uma série de

120 121
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Wetland Construído - - Wetland Construído -

WETLAND CONSTRUÍDO ESTAÇÃO CIDADE JARDIM CPTM - SP


Projeto Guajava e Vertical Garden VERTICAL GARDEN
Projeto implantado

Figura 47 - Wetland Construído. Foto: Sarah Daher. Figura 48 - Wetland Construído. Foto: Sarah Daher.

122 123
IF
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Ilhas Filtrantes Flutuantes -

- Ilhas Filtrantes Flutuantes -


localização estratégica manutenção

Foram desenvolvidas principalmente para reduzir a poluição causada


por excesso de nutrientes e poluentes, portanto são recomendadas Manejo das macrófitas: poda periódica da parte aérea da vegetação
para: lagos e lagoas eutrofizados, rios e córregos contaminados por de acordo com o ciclo de vida de cada espécie e o controle de pragas.
águas residuais, bacias de retenção para tratamento de águas pluviais A poda estimula o crescimento da planta e favorece a remoção de
e em mananciais para melhoria da qualidade da água. poluentes e matéria orgânica do corpo hídrico e evita que o nitrogênio
São recomendadas para águas de fluxo lento, embora possam tolerar e o fósforo armazenados entrem na água quando as plantas morrem e
flutuações no fluxo e na profundidade da água. se decompõem.

Controle de espécies invasoras que podem ser prejudiciais ao sistema.

A manutenção pode ser feita deslocando-se até a Ilha Filtrante Flutuante,


ou puxando-a para a costa caso esteja ancorada na lateral e seu tamanho
permita movimentação.

Monitoramento da saúde das plantas inclusive do sistema radicular.

Monitoramento do desempenho de funcionamento do sistema pode


ser feito com a coleta e análise de qualidade de água de amostras do
efluente de entrada e de saída, seguindo metodologias de análise de
qualidade da água especificados pela American Public Health Association,
de acordo com a aceitação da ABNT pelo decreto 8468/76 - artigo 16.

custos da implantação

Variação28 entre R$ 200,00 a R$ 700,00 por m²


Podem ser construídas ou adquiridas por empresas
especializadas que oferecem o produto e diferentes tamanhos,
formatos, sistemas modulares e até mesmo tamanhos
personalizados.

As Ilhas Filtrantes Flutuantes ou Wetlands Flutuantes consistem em


uma infraestrutura flutuante, sobre a qual a vegetação emergente é
estabelecida e onde as partes superiores da vegetação se desenvolvem

Figura 49 - Ilhas filtrantes. Perspectiva isométrica. Fonte: Guajava, 2023 28 De acordo com a área, projeto e configuração do dispositivo, materiais e mão de obra.

124 125
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Ilhas Filtrantes Flutuantes - - Ilhas Filtrantes Flutuantes -

principalmente acima da lâmina d'água, enquanto as raízes se estendem variações no nível da água levando em consideração a velocidade do
para baixo na coluna d'água. As plantas crescem em um sistema fluxo projetada e a manutenção.
hidropônico, desenvolvendo um extenso sistema radicular capaz de Qualificação de técnicos: disponibilidade no mercado de técnicos
absorver nutrientes diretamente da coluna d'água (PAVLINERI et al, capacitados com os conhecimentos específicos para análise correta de
2017). todas as informações e posterior acompanhamento na execução.
Se diferem dos demais Wetlands construídos por serem implementadas Políticas Públicas: ausência de Políticas Públicas e Planejamento e
diretamente ao corpo hídrico de águas superficiais, com fácil instalação Governança participativa para a inclusão de SbN no planejamento
e abstendo-se da necessidade de aquisição de terreno (SHAHID et al, urbano.
2019). São considerados uma alternativa eficiente e de baixo custo,
utilizadas comumente em lagos, lagoas, rios, córregos, mananciais e até
mesmo em ambientes marinhos (TAKAVAKOGLOU et al., 2021). parâmetros técnicos a serem considerados na
As ilhas filtrantes flutuantes fornecem um habitat artificial para plantas escolha
emergentes. Podem ser construídas de diferentes materiais flutuantes
ou adquiridas por empresas que vendem o sistema já pronto em
módulos. As raízes ficam submersas na água onde o desenvolvimento Pedologia/Topografia
de um sistema radicular denso é fundamental para o desempenho do
sistema (PAVLINERI et al, 2017). As raízes e o meio de suporte poroso Permeabilidade do Solo (condutividade hidráulica em mm/h): não se
oferecem hábitat para microorganismos que formam o biofilme, onde aplica, uma vez que é colocada em corpos hídricos.
ocorre a maior parte da absorção e degradação de nutrientes. As ilhas Declividade: segue a declividade do corpo hídrico.
podem ficar livres ou ser ancoradas ao fundo ou na borda do corpo Carga de sedimentos: Podem ser utilizadas para tratar diferentes tipos
d'água. de água poluída, e apresentam uma boa eficiência na remoção de
nutrientes, sólidos suspensos, algas e metais. Podem tratar desde águas
pluviais, esgotos e águas residuais agrícolas, industriais e aquicultura.
Tipos de Solo: não se aplica.
Características do Terreno: preferencialmente instaladas em corpos
hídricos com baixa vazão e velocidade da água. Ilhas flutuantes são
desafios possíveis no planejamento e execução:
capazes de resistir a inundações e eventos de chuva extremos. Os
módulos podem estar ancorados no fundo ou na lateral sendo capazes
de subir e descer de acordo com o nível da água. Caso não esteja
Nível de água: para que funcionem, as Ilhas Filtrantes Flutuantes ancorada e haja mudança no nível da água esta pode se mover para a
requerem água permanente para manter a vegetação. Deve-se costa e enraizar perdendo assim suas propriedades de ilha flutuante.
considerar uma profundidade de 0.8 a 1.5m de profundidade para que
as raízes não se fixem ao fundo do corpo hídrico. Hidrologia
Vegetação: devem ser consideradas espécies nativas locais com base
nas características do corpo hídrico local. O crescimento das raízes é de Controle de vazão/capacidade de interceptação: são recomendadas
0.4 a 0.8m de profundidade sendo que algumas espécies podem chegar para águas de fluxo lento, com uma profundidade mínima de 0.8m para
até 1.5m de profundidade. que as raízes não se fixem ao fundo do corpo hídrico (HEADLY e TANNER,
Ancoragem: a ancoragem nem sempre é necessária, mas há o risco de 2008).
o vento embocar a ilha ou esta ser dirigida para a costa e perder suas Serviço Ecossistêmico: melhoram a transparência e evitam o
características de ilha. É necessário definir qual tipo de ancoragem com crescimento de algas verdes, o biofilme que se forma nas raízes e no
base nas características do corpo hídrico a ser tratado, deve permitir substrato ajudam na remoção da poluição, lodos e excesso de nutrientes.

126 127
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Ilhas Filtrantes Flutuantes - - Ilhas Filtrantes Flutuantes -

Fornecem habitat seguro para peixes, pássaros e outros animais como


tartarugas e insetos polinizadores.
ILHAS FILTRANTES FLUTUANTES
Projeto implantado em
materiais necessários

Materiais Flutuantes: podem ser utilizados canos de PVC, materiais re-


cicláveis como garrafas PET, materiais naturais como o bambu, chapas RIO MANZANARES -
MADRID, ESPANHA
ou espumas plásticas.
Substrato de Plantio: pode-se usar fibra de coco, algumas empresas
que comercializam Ilhas Filtrantes Flutuantes oferecem um mix de plan-
tio próprio.
Sistema de Ancoragem: pode ser feito com blocos, âncoras helicoidais
ou postes.
Vegetação Adequada: escolha de espécies vegetais nativas, locais e ad-
equadas para o tipo de água residuária é fundamental para o sucesso
do tratamento. Figura 50 - Ilhas Filtrantes. Foto: Adriana Sandre.

128 129
RA
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Reservatório Anfíbio -

- Reservatório Anfíbio -
localização estratégica manutenção

O reservatório anfíbio é desenvolvido para substituir a necessidade de


reservatórios convencionais e deve ser implantado de acordo com os Manter o plantio da vegetação nativa permanente, evitando a
critérios de engenharia hidráulica, conforme a necessidade de controle degradação causada pelo desmatamento ou pela presença de espécies
das cheias. invasoras.
A implantação de um reservatório de detenção de águas pluviais deve
ser analisada por engenheiros hidráulicos, devidamente especializados Conferir a drenagem dos sistemas de microdrenagem, acoplados a
em áreas de contenção de chuvas, pois necessita de cálculos de vazão, macrodrenagem do reservatório, após períodos de grandes chuvas,
resistência, impactos ambientais, urbanísticos e estruturais. garantindo o funcionamento dos extravasores e das tipologias de SbN
conectadas ao sistema.

Garantir a limpeza do reservatório anfíbio após seu funcionamento em


períodos de cheias e a desinfecção, quando do aporte de águas poluídas.

Criar um cronograma de manutenção do acesso de limpeza e do sistema


de bombas do reservatório.

custos da implantação

Custo de aquisição da área para implantação da estrutura


Custo de implantação: R$ 700,00/m³ 29
Custo de implantação de infraestrutura verde e equipamentos
públicos: R$ 300,00/m²

O Reservatório Anfíbio é um sistema de reservatório de águas pluviais,


desenvolvido pela Guajava Arquitetura da Paisagem e Urbanismo, em
conjunto com a Fundação do Centro Tecnológico de Hidráulica e a
Prefeitura de São Paulo, como solução em substituição aos reservatórios
tradicionais.
Ele se difere dos conhecidos “piscinões” ao apresentar uma proposta
contemporânea que integra a função de lazer integrada a ações de
recuperação da paisagem: como contemplar a abertura de um trecho

Figura 51 e 52 - Reservatório anfíbio vazio e cheio, vista externa. Perspectiva isométrica. Fonte: FCTH, 2021. 29 Fonte: FCTH/SIURB-PMSP, 2022

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Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Reservatório Anfíbio - - Reservatório Anfíbio -

de um córrego urbano canalizado e a restauração de sua várzea; e em (autóctones) adequadas para as condições de seca e cheia.
diferentes momentos, fitorremediar as águas pluviais e fluviais por Qualificação de técnicos: os projetos devem ser desenvolvidos
meio de ilhas filtrantes, além de cumprir com a função de reservação. por equipe técnica formada por engenheiro, arquitetos e outros
O nome anfíbio advém da funcionalidade tanto em períodos de profissionais. Devem ser elaborados estudos hidrológicos e hidráulicos
cheia quanto de seca, tal qual algumas de nossas rãs e sapos. É uma para o dimensionamento da estrutura e avaliação do impacto de sua
estrutura complexa, que abarca também diferentes tipologias de SbN implantação na bacia hidrográfica. Além de levantamentos topográficos
que contribuem com a melhoria ambiental, atuando no tratamento das e estudos geotécnicos da área. É necessário, portanto, a formação
águas pluviais, infiltração e reabastecimento do lençol freático, bem de mão de obra qualificada para projeto, implantação, operação e
como na recomposição vegetal. manutenção destes sistemas.
Neste sistema, a vazão das águas pluviais e fluviais (caso o córrego seja Políticas Públicas: ausência de Políticas Públicas e Planejamento e
aberto dentro do reservatório in line) encaminha-se por diferentes Governança participativa para a inclusão de SbN no planejamento
trechos de tratamento. Inicialmente, são retidos possíveis resíduos urbano. A aceitação da tecnologia deve considerar aspectos sanitários e
sólidos em um sistema de grelhas que facilitam a manutenção e limpeza estéticos para aceitação dos moradores.
junto a uma bacia de sedimentação na entrada do reservatório. No
trecho seguinte, o aumento da rugosidade das margens do córrego,
com o plantio de espécies tolerantes a alagamentos, permite a
diminuição da velocidade do escoamento e possibilita o processo de parâmetros técnicos a serem considerados na
fitorremediação e deposição de sedimentos finos nas pequenas ilhas escolha
formadas pela ramificação das águas. Em chuvas de grandes vazões,
o reservatório é preenchido, em toda a sua capacidade, funcionando
como um reservatório comum, com uso de mecanismos de controle Pedologia/Topografia
adequados. Ao final, as águas são direcionadas, novamente, à galeria e
faz-se a posterior limpeza do reservatório, como nos casos tradicionais. Permeabilidade do Solo (condutividade hidráulica em mm/h): quanto
mais permeável o solo maior a capacidade de infiltração da estrutura,
por se tratar de uma estrutura de detenção de cheias esse parâmetro é
pouco expressivo.
desafios possíveis no planejamento e execução: Declividade: não devem ser implantadas em terrenos com declividade
superior a 5%, ou deverá ser previsto o nivelamento do terreno para a
implantação da estrutura.
Carga de sedimentos: em áreas com alta produção de sedimentos ou
Área: os reservatórios anfíbios requerem grandes áreas para sua resíduos devem ser instaladas estruturas de sedimentação a montante
implantação (> 100 m²) o que dificulta a sua implementação em áreas ou na entrada da estrutura. A implantação de reservatório anfíbio em
densamente ocupadas, requerendo espaços livres para sua implantação. córregos com altas cargas de poluentes deve ser considerada com
Criar áreas de lazer conectadas ao sistema de modo a trazer benefícios cautela, devendo ser previstos sistemas de controle da poluição a
paisagísticos e sociais ao meio urbano. montante do reservatório.
Dimensionamento Adequado: os projetos devem ser desenvolvidos Tipos de Solo: por se tratar de uma estrutura de detenção esse
por equipe técnica formada por engenheiro, arquitetos e outros parâmetro é pouco expressivo.
profissionais. Devem ser elaborados estudos hidrológicos e hidráulicos Características do Terreno: levantamento e identificação das instalações
para o dimensionamento da estrutura e avaliação do impacto de sua subterrâneas e adjacentes, existentes ou projetadas, na fase de projeto
implantação na bacia hidrográfica. Além de levantamentos topográficos deverão apontar as devidas adequações ou proteções dessas estruturas.
e estudos geotécnicos da área.
Vegetação Adequada: seleção e disponibilidade de espécies vegetais

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Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Reservatório Anfíbio - - Reservatório Anfíbio -

Hidrologia (casa de bombas), no caso de dispositivos offline.

Controle de vazão/capacidade de interceptação: como área de Sistema de acesso para limpeza do reservatório (via para acesso de
destinação das águas pluviais, a criação de um reservatório anfíbio veículo de limpeza).
deve ter capacidade semelhante à calculada para um reservatório
convencional, que pode ser melhorado por uma rede de microdrenagem Materiais necessários para o sistema de microdrenagem: verificar as
composta por tipologias de SbN como biovaletas, jardins de chuva e especificações detalhadas neste Catálogo para cada tipologia, como:
outras que possam contribuir para a redução da vazão, velocidade de
escoamento e aumento da infiltração e qualidade das águas antes que Brita ou Pedra de mão: a camada de brita, preferencialmente nº 5, ou
cheguem ao reservatório. a utilização de pedra de mão ou ainda resíduos de concreto removidos
Nível do lençol freático: em locais onde o nível do lençol freático é alto in loco (sem a presença de componentes contaminantes para o lençol
a estrutura deverá ser revestida e impermeabilizada, evitando que as freático) é denominada como a camada de armazenamento e de
águas do lençol adentrem na estrutura. transferência, onde a água é temporariamente acumulada antes de
Drenagem e escoamento das águas: contribuem com o processo ser destinada ao abastecimento do lençol freático ou direcionada ao
de detenção das águas pluviais, os processos de infiltração e sistema de drenagem convencional.
evapotranspiração também podem ser atribuídos às bacias a depender Areia: a camada de areia visa o aumento da infiltração e redistribuição
das condições de permeabilidade do solo local e da existência ou não de da água no solo. Através da utilização da areia, aumenta-se a porosidade
vegetação em seu interior. e aeração, auxiliando que a água penetre por esta camada.
Vegetação Adequada: vegetação e substrato adequados para cada tipo
CRITÉRIOS ESPECÍFICOS DESTA TIPOLOGIA: de região, que possuam raízes fortes para contribuir na estabilização
de paredes ou taludes (caso o reservatório não seja com paredes de
Sistema de bombeamento das águas pluviais do reservatório para a concreto armado), e resistentes a períodos de alta umidade.
rede de drenagem existente após seu funcionamento ou em caso de
extravasamento do sistema.
Criação de áreas de circulação, redes de acesso e equipamentos públicos
dentro e no entorno do reservatório para que o mesmo possa contribuir
com a função de contemplação e lazer da população usuária, bem como
um tratamento paisagístico que contribua com a melhoria ambiental da
região.

materiais necessários

Para o reservatório anfíbio, além dos materiais, são necessários três


tipos de sistemas

Sistema construtivo para quando as paredes do reservatório forem


de concreto e materiais para criação de um reservatório naturalizado,
como solo drenante e vegetação adequada para áreas alagadiças.

Sistema de bombas hidráulicas e área de instalação e funcionamento

134 135
PV
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Polder Vegetado -

- Polder Vegetado -
localização estratégica manutenção

Em áreas urbanizadas baixas, próximo ao curso de rio, córrego ou mar.


Prever quantidade de mudas adicional de 2 a 5% do valor total para
mitigar perdas iniciais, por mudas que possam morrer logo após o
plantio no período de adaptação (ação pontual na implementação);

Conferir a drenagem do solo após períodos de grandes chuvas,


garantindo o funcionamento dos extravasores e da biovaleta conectada
ao sistema (ação recorrente);

Remover manualmente resíduos que impeçam o fluxo de água30 (ação


recorrente);

Criar um cronograma de manutenção do acesso de limpeza e do sistema


de bombas do reservatório;

Conferir se há danos nas estruturas do dique e fazer reforços estruturais


quando necessários.

custos da implantação

Construção do dique: R$14.000,00/m²


Construção da biovaleta: Variação31 entre R$200,00 a R$500,00
por m²
Construção do reservatório bombeamento: R$ 3.200,00/m³

A solução convencional de construção de um sistema de pôlder é


composta por: um dique; um reservatório de detenção; uma rede de
galerias e canaletas para a coleta e condução das águas pluviais para
o reservatório; e um sistema constituído por bombas, que retornam a
água acumulada no reservatório para o rio. Neste cenário, a bacia de
contribuição da região interna ao pôlder tem sua drenagem conduzida
ao reservatório, cujas dimensões, pequenas se comparadas a um

30 Por órgão responsável pela manutenção e limpeza ou por pessoa civil. Indica-se incentivo à
adoção de áreas verdes.
Figura 53 - Polder vegetado. Perspectiva isométrica. Fonte: Guajava, 2018. 31 De acordo com a área, projeto e configuração do dispositivo, materiais, mão de obra, vegetação.

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Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Polder Vegetado - - Polder Vegetado -

adequadas para solos úmidos.


reservatório de detenção convencional, justificam-se em decorrência da Qualificação de técnicos: disponibilidade no mercado de técnicos
função desta estrutura, servindo apenas como uma caixa de passagem capacitados com os conhecimentos específicos para análise correta
para o volume de cheia a ser bombeado. de todas as informações e posterior acompanhamento na execução.
Este mesmo sistema pode ser mais eficiente e ecológico se for construído A implantação deve ser analisada por engenheiros hidráulicos
em conexão com as SbN, de modo a se tornar uma infraestrutura especializados em áreas de contenção de chuvas, pois se trata de sistema
híbrida, sendo, portanto, importante fazer as seguintes alterações, de grande impacto na paisagem ao longo de rios e para as populações
pensadas pela equipe de técnicos da Guajava Arquitetura da Paisagem que convivem com as suas cheias.
e Urbanismo: Políticas Públicas: ausência de Políticas Públicas e Planejamento e
O dique deve ser construído com materiais naturais, permitindo o Governança participativa para a inclusão de SbN no planejamento
plantio de vegetação nativa e com potencial de fitorremediação, desde urbano.
que possua um núcleo impermeável de argila compactada, o que
impede a percolação de água do corpo hídrico para dentro da área parâmetros técnicos a serem considerados na
baixa, para a qual o dique foi projetado para isolar. Pode-se também escolha
imaginar uma ciclovia no topo do dique e passarelas de conexão com
o entorno e circulação, áreas de mirantes e espaços de lazer contíguos.
O reservatório também deve ser impermeável, de modo que o corpo Pedologia/Topografia
hídrico principal não encha essa estrutura através da percolação da
água pelo solo. Permeabilidade do Solo (condutividade hidráulica em mm/h): a
A rede de microdrenagem para a constituição de uma SbN deve biovaleta é a única parte do sistema de pôlder que é permeável. Para
preferencialmente ser composta por biovaletas, jardins de chuva, que o sistema de drenagem alcance bons resultados na absorção de
canteiros pluviais, bacias de retenção vegetadas e outras tipologias água, é necessário realizar ensaios de caracterização do solo, como
cabíveis, de acordo com as sugestões apontadas anteriormente, e a o de análise granulométrica, que determina a porcentagem em peso
canaleta paralela ao dique deve ser substituída por uma grande biovaleta que cada faixa especificada de tamanho de partículas representa na
que conduzirá as águas pluviais ao reservatório anfíbio. O reservatório massa total ensaiada. Assim se identifica a parcela de argila, silte, areia
tradicional pode ser substituído por um reservatório anfíbio, conforme e pedregulho presentes em uma determinada amostra. A fração grossa
detalhado neste Catálogo. do solo (pedregulho e areia) é muito mais permeável do que a fração
fina (argila e silte), e por isso é preferível na composição de medidas
infiltrantes. Por outro lado, os diques devem ser impermeáveis, sendo
constituídos de argila ou silte compactados.
Declividade: o dique e o reservatório não têm limitações quanto a
desafios possíveis no planejamento e execução:
declividade; já para a biovaleta projetada, quando implantada em
terreno com inclinação de até 5%, a eficácia do dispositivo quanto à
infiltração e condução das águas estará com melhor aproveitamento,
Terreno: dificuldade em obter informações prévias das instalações porém quando inseridos em terrenos com inclinação superior a 5%, é
subterrâneas, interferindo, muitas vezes, na revisão do projeto após o necessário o uso de barramentos para reduzir a velocidade de condução
início das obras. da água e manter sua eficácia elevada sem carrear vegetação e solo. Já
Colmatação: contratação de manutenção para os dispositivos entre 5 para o grau de inclinação das laterais da biovaleta (taludes), o mesmo
a 10 anos após a implementação para recuperação da sua capacidade deve ser definido de acordo com a taxa de erosão do solo ou ainda
infiltrativa. requisitos e preocupações contextuais específicas do local como
Vegetação Adequada: disponibilidade de espécies vegetais (autóctones) por exemplo a existência ou não meio fio e demais especificidades

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Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Polder Vegetado - - Polder Vegetado -

projetuais. Os taludes podem ser diferentes de um lado em relação ao Biovaleta para condução das águas pluviais ao reservatório: em
outro. O dique deve ter suas cotas inicial e final amarradas no terreno, e substituição ao canal de concreto tradicional, deve-se projetar
ao longo de todo o trecho a ser protegido. Ele deve seguir a declividade biovaletas estruturadas de acordo com a vazão calculada para o sistema,
natural do terreno longitudinalmente, garantindo a proteção de áreas contemplando largura, profundidade e rugosidade suficientes para
baixas com as cotas de inundação abaixo da crista do dique em toda a o devido escoamento das águas drenadas da área baixa, a ser isolada
sua extensão. com medidas estanques, e ainda garantindo a máxima permeabilidade
Carga de sedimentos: o aporte de sólidos no sistema é alto e demanda do solo e fitorremediação proporcionada pela vegetação ideal. Seguir
limpeza a cada evento de chuva. orientações sobre biovaletas indicadas neste Catálogo, considerando as
Tipos de Solo: o sistema se adequa com maior eficácia em solos com devidas proporções necessárias para a vazão calculada para o sistema.
baixo potencial de escoamento e alta taxa de infiltração e em solos
contendo moderada taxa de infiltração e bem drenados, Grupos A e B, Reservatório: como estrutura de destinação das águas pluviais do sistema
respectivamente inseridos nos Grupos Hidrológicos de Solos, cf. Serviço de pôlder vegetado, sugere-se a criação de um reservatório anfíbio, de
de Conservação do Solo dos Estados Unidos (SCS-USDA). estrutura impermeável, com capacidade reduzida em comparação a
um volume de reservatório convencional, pois deve ser dimensionado
Hidrologia considerando o sistema de bombeamento em pleno funcionamento.

Controle de vazão/capacidade de interceptação: para se definir o Sistema de bombeamento das águas pluviais do reservatório para o
tempo de retorno do dispositivo, é necessário realizar os cálculos de curso d’água durante o evento da cheia. Diferentemente do reservatório
acordo com normas municipais considerando o índice de galeria de de detenção convencional, que é apenas esvaziado após o evento de
águas pluviais públicas a qual o dispositivo estará correlacionado. precipitação, os pôlders devem funcionar tão logo seus reservatórios de
Nível do lençol freático: em locais onde o nível do lençol freático é passagem começam a encher.
alto, a eficácia do sistema será comprometida devido à baixa absorção,
sendo assim, sugere-se que o dique seja estanque, evitando que a água
do lençol adentre na estrutura.
Drenagem: as diversas tipologias de SbN detalhadas neste Catálogo materiais necessários
podem ser aplicadas ao sistema de pôlder vegetado, devendo-se seguir
as recomendações de conexão com os sistemas de drenagem existentes
e as necessidades de atendimento às vazões calculadas. Materiais necessários para a estrutura do dique: Os materiais são
definidos em projeto a depender da situação local, sendo preferencial-
CRITÉRIOS ESPECÍFICOS DESTA TIPOLOGIA: mente de solo compactado (argila ou silte) ou de concreto, para o efeti-
vo isolamento hidráulico da área baixa a ser protegida.
Construção do dique de barramento: a base do dique deve seguir os Vegetação adequada: vegetação e substrato adequados para cada tipo
modos construtivos tradicionais de um sistema de engenharia, sendo de região, que possuam raízes fortes para contribuir na estabilização de
previstas fundações, estruturas e materiais de resistência necessários. taludes e resistentes a períodos de alta umidade.
Já no que tange ao acabamento superficial, sugere-se aplicação de uma Sistema de extração do volume armazenado: Sistema de bombas hi-
cobertura de terra natural com substratos necessários para plantio de dráulicas e área de instalação e funcionamento (casa de bombas).
espécies vegetais rasteiras e herbáceas de baixo e médio porte, com
a finalidade de reter umidade, reduzir a velocidade de escoamento
de águas pluviais, manter a contenção natural dos taludes e criar uma
paisagem agradável que favoreça a biodiversidade local.

140 141
SP
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Step Pool -

- Step Pool -
localização estratégica manutenção

O sistema é projetado para ser instalado em cursos d’água que neces-


sitem de redução de velocidade de escoamento; também possuam Os cuidados com a manutenção devem ser focados no acúmulo de
dimensão para geração das piscinas (que garantam o armazenamento sedimentos e resíduos, além da substituição de vegetação quando
da vazão aumentada em períodos de fortes chuvas), e taludes firmes necessário.
que não sejam danificados com a criação das áreas escavadas.
Prever quantidade de mudas adicional de 2 a 5% do valor total para mit-
igar perdas iniciais, por mudas que possam morrer logo após o plantio
no período de adaptação (ação pontual na implementação);

Remover resíduos manualmente32 (ação recorrente);

Conferir se há danos nas estruturas de pedras que formam as barragens


e fazer reforços estruturais quando necessários, impedindo futuros de-
slizamentos de pedra ou solo (ação recorrente).

custos da implantação

Variação33 entre R$400,00 a R$700,00 por m².

Step pool são piscinas com degraus regenerativos para transporte de


águas pluviais (AACG, 2010). Essa tipologia de SbN consiste na con-
strução de uma sequência alternada de piscinas que desempenham um
papel crucial na redução dos riscos de desestabilização de cursos d’água
durante precipitações intensas, onde o escoamento chega a atingir al-
tas velocidades, causando erosão e outros problemas estruturais.
A infraestrutura cinza para drenagem de águas pluviais concentra o es-
coamento da chuva em tubulações, e quando estes tubos terminam no
fundo de vale, o fluxo concentrado e a alta velocidade podem causar
extensa erosão e contribuir para o aumento de sedimentos nos cursos
d’água. Por outro lado, as Step Pools dissipam o fluxo de energia du-

32 Por órgão responsável pela manutenção e limpeza da área e/ou por pessoa civil, indica-se ainda,
o incentivo à adoção de áreas verdes urbanas para auxílio na manutenção dos mesmos.
33 Custo de implantação varia de acordo com diversos fatores, como a largura do curso d’água,
dimensão e quantidade de pedras necessárias para as barragens, custo de mão de obra para alocação das
Figura 54 - Step Pool. Perspectiva isométrica. Fonte: Guajava, 2021. mesmas, entre outros.

142 143
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Step Pool - - Step Pool -

parâmetros técnicos a serem considerados na


rante eventos de chuvas intensas e, durante condições de baixo fluxo, escolha
funcionam como lagoas pluviais, tratando a água por meio da fitorre-
mediação das plantas, melhorando a qualidade da água e abastecendo
os reservatórios subterrâneos rasos. Pedologia/Topografia
A tecnologia consiste na colocação de barreiras de pedras ao longo do
curso d’água, formando pequenos reservatórios entre elas. Quando Permeabilidade do Solo (condutividade hidráulica em mm/h): não se
necessário, essas áreas podem ser escavadas para aumentar a capaci- aplica, uma vez que é alocada sob o leito dos riachos, córregos e rios.
dade de reservação e contribuir na redução da velocidade das águas. Declividade: as barreiras devem ser criadas de acordo com a neces-
Porém, a colocação das barreiras deve criar desenhos diferentes para sidade de redução da velocidade da vazão, sendo que, quanto maior
cada tipo de local, atentando-se para as diferentes necessidades de ar- a declividade natural, maior a necessidade de redução da velocidade,
mazenamento, redução da velocidade de escoamento e tratamento das para que haja uma melhor contribuição no controle das inundações a
margens. Dessa forma, os desenhos das barreiras serão personalizados jusante.
para cada contexto, visando atender de forma eficiente aos objetivos Carga de sedimentos: em áreas com alta produção de sedimentos ou
desejados. resíduos devem ser instaladas bacias de sedimentação a montante ou
Tal tipologia oferece benefícios em relação à qualidade da água e à re- na entrada da estrutura.
cuperação do canal, e melhoria hidráulica sem aumentar os riscos de Tipos de Solo: por se tratar de uma estrutura para diminuição da vel-
inundação local. ocidade de escoamento das águas esse parâmetro é pouco expressivo.

Hidrologia

Controle de vazão/capacidade de interceptação: : é uma variável im-


portante, pois quando a contribuição de vazão aumenta consideravel-
desafios possíveis no planejamento e execução:
mente em eventos de chuvas, aumenta proporcionalmente o risco de
problemas de estabilidade, velocidade de escoamento e riscos de in-
undação ao longo do curso d'água. Sendo, portanto, uma condição que
Terreno: dificuldade em obter informações prévias do tipo de solo, in-
deve ser estudada para a projeção de quantidade de barreiras e profun-
terferindo na estabilidade das barragens a serem implantadas.
didade de piscinas a serem executadas para que não haja impedimento
Vegetação Adequada: disponibilidade de espécies vegetais (nativas lo-
ao fluxo natural e haja maior eficácia no sistema em todos os períodos.
cais) adequadas para solos encharcados.
Drenagem e escoamento das águas: contribuem com o processo
Qualificação de técnicos: disponibilidade no mercado de técnicos ca-
de detenção das águas pluviais, os processos de infiltração e evapo-
pacitados com os conhecimentos específicos para análise correta de to-
transpiração também podem ser atribuídos às bacias a depender das
das as informações e posterior acompanhamento na execução. Políticas
condições de permeabilidade do solo local e da existência ou não de
Públicas: ausência de Políticas Públicas e Planejamento e Governança
vegetação em seu interior.
participativa para a inclusão de SbN no planejamento urbano.
Vazão: entender as variáveis de vazão de acordo com os períodos de
CRITÉRIOS ESPECÍFICOS DESTA TIPOLOGIA:
seca e cheia e projetar as estruturas das barragens, de modo a não in-
terferir na vazão natural do curso d’água, é um dos maiores desafios
Profundidade das piscinas: quanto maior a profundidade, maior o efeito
para a aplicação deste tipo de infraestrutura, pois o objetivo princi-
de turbilhão produzido dentro das piscinas formadas pelas barreiras. As
pal é contribuir para o controle dos fluxos a jusante, sem prejudicar a
piscinas podem ser mais profundas quando há maior declividade natu-
drenagem no local.
ral, e quando não há, é possível escavar para criar áreas mais profundas

144 145
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Step Pool - - Step Pool -

e promover maior área de retenção da vazão.

Dimensão das margens: quanto mais largo o curso d’água, maior a var- STEP POOL
iedade de formatos possíveis para alocação das pedras. É possível criar
zonas de tratamento das águas entre as margens e as barragens quando
tem-se maior amplitude no canal.
Projeto implantado em
LONDRINA -PARANÁ
materiais necessários

Materiais necessários para a estrutura das barragens: pedras de dif-


erentes tamanhos que possam garantir diferentes tipos e configurações
das ‘piscinas’. Elas devem ser de tamanho adequado e ter a resistência
necessária para suportar o fluxo de água. As rochas também podem ser
usadas para criar barreiras e desníveis entre as piscinas.
Substrato: o solo é utilizado para preencher as áreas entre as pedras e Figura 55 - Step Pool. Foto: Meridiano. Fonte: Projeto Guajava.
proporcionar um substrato adequado para o crescimento de vegetação.
É importante utilizar um solo rico em matéria orgânica e nutrientes, que
favoreça o enraizamento das plantas.
Vegetação adequada: escolha de espécies vegetais nativas, locais e ad-
equadas para o tipo de água residuária é fundamental para o sucesso
do tratamento.

146 147
SOLUÇÕES VOLTADAS A
CONTENÇÃO DE MARGENS
DE CÓRREGOS E RIOS,
TALUDES E ENCOSTAS

148 149
MS
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Muro de Suporte Vivo em
- Muro de Suporte Vivo em Madeira Tipo Cribwall - Madeira Tipo Cribwall -

localização estratégica manutenção

Principalmente para a consolidação e a estabilização de margens fluvi-


ais e taludes pouco íngremes e baixos. Atenção deve ser dada à manutenção da infraestrutura em função da
utilização de madeira para a execução da contenção, o que irá deman-
dar manutenção quando ela apresentar riscos ao sistema de contenção.

custos da implantação

Variação34 entre R$800,00 a R$1500,00 por m².

O Muro de Suporte Vivo em Madeira Tipo Cribwall é uma estrutura des-


tinada à contenção de margens fluviais e taludes, sendo composta por
um arranjo em camadas, com troncos de madeira.
Durante o enchimento do muro com material drenante, são inseridas
as estacas ou as plantas lenhosas enraizadas. Devem ser colocadas de
forma a sobressair do muro e percorrê-lo até atingir o terreno natural.
No caso do muro usado na proteção de margens fluviais, em vez de se
colocarem as estacas vivas, são usados ramos longitudinais para impe-
dir o carreamento de sedimentos.

Figura 56 - Muro de Suporte Vivo em Madeira Tipo Cribwal. Perspectiva isométrica. Fonte: Guajava.
Adaptado de Helgard Z., 2007. 34 De acordo com a altura, área, projeto e configuração do dispositivo, materiais e mão de obra.

150 151
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Muro de Suporte Vivo em - Muro de Suporte Vivo em
Madeira Tipo Cribwall - Madeira Tipo Cribwall -

desafios possíveis no planejamento e execução:

Terreno: apesar de ser uma opção menos onerosa por possibilitar a de criar um efeito de armadura no terreno, conferido no decorrer do
utilização de materiais encontrados no próprio local, deve-se atentar desenvolvimento dos sistemas radiculares das plantas, o qual contribuirá
para a altura do talude ou da margem fluvial a ser contida, e a capacidade para a estabilização conferida inicialmente pela estrutura de madeira.
de suporte do solo existente, demandando durante a execução maiores Para tal, são mais indicadas as espécies gramíneas e trepadeiras.
cuidados para a completa segurança, estabilização e consolidação do
local a ser implementado.
Vegetação Adequada: disponibilidade de espécies vegetais adequadas
para solos úmidos.
materiais necessários
Qualificação de técnicos: disponibilidade no mercado de técnicos
capacitados com os conhecimentos específicos para a análise correta
de todas as informações do projeto, e posterior acompanhamento na Madeira: o madeiramento35 , com diâmetro de 18 a 40 cm, tem função
execução da obra. estrutural e tem como objetivo assegurar a estabilidade da estrutura de
contenção. Os troncos devem ser interconectados de maneira a formar
uma estrutura estável e resistente em forma de “fogueira”, sendo
parâmetros técnicos a serem considerados na dispostos no sentido sub-horizontal e longitudinal em relação ao curso
escolha d’água;
Tubo de drenagem: A estrutura deve incluir tubos drenos para escoar
as águas pluviais e evitar erosão do solo;
Pedologia/Topografia Terra vegetal local: Entre as camadas deve ser aplicado solo compactado,
que pode ser material retirado das margens durante a preparação das
Características do Terreno: esta solução se adequa melhor a taludes e mesmas;
margens fluviais, não sendo indicada a encostas devido a sua execução Vegetação: as plantas, em um primeiro momento, não possuem uma
ser realizada em patamares. função estrutural. Após o seu desenvolvimento assumem um papel de
Limites de velocidade de escoamento admitido: devido tanto suporte estrutural através de sua trama radicular. As raízes profundas das
ao material de suporte da contenção (madeiramento) quanto do plantas também criam canais pelos quais as águas pluviais se infiltram no
preenchimento (solo), esta solução não suporta fluxos d'água com solo. Espécies vegetais adequadas para solos úmidos são ideais. Atentar-
velocidades elevadas, pois esse fluxo causaria danos na estrutura e se às condições climáticas locais para a escolha das espécies.
implicaria também no carreamento do preenchimento, sendo assim
indicado para velocidades de até 1,5 m/s.
Altura Admitida: esta estrutura de contenção é indicada para taludes
baixos em relação ao nível do seu pé e para margens fluviais rasas.
Sugere-se uma altura limite de 5m para que os fatores de segurança
possam ser atendidos.
Declividade: devido ao tipo de estrutura e do material, esta solução é
mais indicada para locais com declividades mais suaves, de até 40 graus,
preferencialmente. 35 Madeira de reflorestamento comumente utilizada na construção civil (como Eucalipto ou Pinus)
Tipo de vegetação: a vegetação utilizada nessa solução tem a função sendo necessário tratamento da madeira para combate a agentes biológicos.

152 153
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Muro de Suporte Vivo em - Muro de Suporte Vivo em
Madeira Tipo Cribwall - Madeira Tipo Cribwall -

MURO DE SUPORTE VIVO EM


MADEIRA TIPO CRIBWALL
Projeto implantado em
PORTUGAL

Figura 57 -Muro de Suporte Vivo em Madeira Tipo Cribwall. Fonte: Empresa Ecosalix.

154 155
MS
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Muro de Suporte Vivo em
- Muro de Suporte Vivo em Margens Fluviais - Margens Fluviais -

localização estratégica manutenção

Principalmente para a consolidação e a estabilização de margens fluvi-


ais íngremes. Atenção deve ser dada à manutenção da infraestrutura em função da
utilização de madeira para a execução da contenção, o que irá demandar
manutenção quando ela apresentar riscos ao sistema de contenção.

custos da implantação

Variação36 entre R$600,00 a R$1.000,00 por m²

O Muro de Suporte Vivo em Margens Fluviais é uma estrutura destinada,


principalmente, à estabilização de margens íngremes ou subverticais
de córregos e rios, utilizando madeira como o principal elemento de
contenção.
Cravam-se estacas de madeira na vertical e a estas são colocadas
juntas pregadas e amarradas com arames ou cordas uma outra fiada
horizontal de troncos, para garantir a estabilidade da contenção. Em
seguida, cravam-se troncos perpendiculares à margem, repetindo-se
o processo sucessivamente, até se proteger toda a altura da margem
fluvial. Plantam-se gramíneas e trepadeiras para ajudar na retenção
da camada mais superficial, fornecendo assim também um aspecto
paisagístico mais agradável à margem fluvial.

Figura 58 - Muro de Suporte Vivo em Margens Fluviais. Perspectiva isométrica. Fonte: Guajava. Adaptado de 36 De acordo com a altura, área, projeto e configuração do dispositivo, materiais e mão de obra.
Helgard Z., 2007.

156 157
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Muro de Suporte Vivo em - Muro de Suporte Vivo em
Margens Fluviais - Margens Fluviais -

desafios possíveis no planejamento e execução: materiais necessários

Terreno: dificuldade em obter informações prévias das instalações Madeira: Troncos de madeira37 com diâmetro entre 20 a 30 cm e
subterrâneas, interferindo, muitas vezes, na revisão do projeto após o comprimento de até 3 m, necessitando ser interconectados de maneira
início das obras. a formar uma estrutura estável e resistente, sendo dispostos no sentido
Vegetação Adequada: é importante escolher as plantas adequadas para sub-horizontal e longitudinal em relação ao curso d’água;
o clima e o solo local, garantindo que elas tenham raízes resistentes para Tubo de drenagem: A estrutura deve incluir drenos para escoar as águas
ajudar a estabilizar o muro. pluviais e evitar erosão do solo.
Manutenção: os muros de suporte vivo precisam de manutenção Preenchimento: debaixo da água os interstícios são preenchidos com
regular para garantir que as plantas continuem crescendo para auxiliar pedras e, na parte superior, o preenchimento entre as camadas deve
na estabilização do muro, e também para que as vigas não apresentem ser realizado com solo compactado, que pode ser feito com o material
problemas estruturais. eventualmente retirado das próprias margens durante a preparação
delas.
Vegetação: as plantas, em um primeiro momento, não possuem uma
parâmetros técnicos a serem considerados na função estrutural, após o seu desenvolvimento assumem um papel de
escolha suporte estrutural através de sua trama radicular. As raízes profundas das
plantas também criam canais pelos quais as águas pluviais se infiltram
no solo. Espécies vegetais adequadas para solos úmidos são ideais; a
Pedologia/Topografia
vegetação indicada está listada no Passo 3 deste Catálogo. Atentar-se às
condições climáticas locais para a escolha das espécies.
Características do Terreno: esta solução se adequa melhor a margens
fluviais principalmente devido a facilidade de sua execução, podendo
ser realizada em calhas de córregos e rios subverticais.
Limites de velocidade de escoamento admitido: devido tanto
ao material de suporte da contenção (madeiramento) quanto do
preenchimento (solo), esta solução não suporta fluxos d'água com
velocidades elevadas, pois esse fluxo causaria danos na estrutura e
implicaria também no carreamento do preenchimento, sendo assim
indicado para velocidades de até 1,5 m/s.
Altura Admitida: esta estrutura de contenção é indicada para margens
fluviais rasas. Sugere-se uma altura limite de até 5m para que os fatores
de segurança possam ser atendidos.
Declividade: esta solução é indicada mesmo para terrenos com grandes
declividades, idealmente de até 70 graus.
Tipo de vegetação: a vegetação utilizada nessa solução tem a função
de criar um efeito de armadura no terreno, conferido no decorrer do
desenvolvimento dos sistemas radiculares das plantas, o qual contribuirá
para a estabilização conferida inicialmente pela estrutura de madeira.
Para tal, são mais indicadas as espécies gramíneas e trepadeiras. 37 Madeira de reflorestamento comumente utilizada na construção civil (como Eucalipto ou Pinus)
sendo necessário tratamento da madeira para combate a agentes biológicos.

158 159
Definição das tipologias de SbN
- Muro de Suporte Vivo em
Margens Fluviais -

MURO DE SUPORTE VIVO EM


MARGENS FLUVIAIS
Projeto implantado em
CÓRREGO JUDAS
PARQUE SEVERO GOMES, SP
Figura 59 - Muro de Suporte Vivo em Margens fluviais. Fonte: Cedido por Pedro Algodoal.

160 161
GV
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Grade Viva -
- Grade Viva -

localização estratégica manutenção

Na estabilização de encostas altas e com declives íngremes, com uma


altura e uma inclinação máxima de até 20 m e 70 graus, respectivamente. Atenção deve ser dada à manutenção da infraestrutura em função da
utilização de madeira para a execução da contenção, o que irá deman-
dar manutenção quando ela apresentar riscos ao sistema de contenção.

Além disso, a manutenção regular das grades vivas, como a poda e o


monitoramento do crescimento das plantas, também é essencial para
garantir a sua eficácia como estruturas vivas.

custos da implantação

Variação38 entre R$500,00 a R$600,00 por m².

As Grades Vivas são estruturas de contenção compostas por grades


de madeira com parede simples ou dupla, que são opções para a
estabilização de terrenos altos e com declives íngremes, com uma altura
e uma inclinação máxima de até 20 m e 70 graus, respectivamente.
As grades são fixas com pregos ou outros tipos de ancoragem no terreno,
como estacas de madeira, de metal, amarração de plantas com treliças,
sistema de raízes, sua escolha depende do tipo de terreno e condições
do local. Simultaneamente ao enchimento da grade com solo, são
inseridas faixas de vegetação com ramos, plantas em torrão ou plantas
transplantadas, e/ou são semeadas posteriormente à implantação de
estrutura de madeira.
É importante considerar a seleção adequada de plantas e técnicas de
ancoragem de acordo com as condições do local, o clima, a força do
vento e outros fatores ambientais.

Figura 60 - Grade Viva. Perspectiva isométrica. Fonte: Guajava. Adaptado de Helgard Z., 2007. 38 De acordo com a altura, área, projeto e configuração do dispositivo, materiais e mão de obra.

162 163
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Grade Viva - - Grade Viva -

desafios possíveis no planejamento e execução: materiais necessários

A execução de contenção em grade viva não requer maiores dificuldades Madeira: o madeiramento39 tem função estrutural e tem como objetivo
na sua implantação. assegurar a estabilidade da estrutura até que a vegetação se desenvolva,
principalmente até que se consolide a formação das raízes. Os troncos
devem ser interconectados de maneira a formar uma estrutura estável
e resistente em formato de “fogueira”.
parâmetros técnicos a serem considerados na Vegetação: as plantas, em um primeiro momento, não possuem uma
escolha função estrutural, após o seu desenvolvimento assumem um papel de
suporte estrutural através de sua trama radicular. As raízes profundas das
plantas também criam canais pelos quais as águas pluviais se infiltram
Pedologia/Topografia
no solo. Espécies vegetais (autóctones) adequadas para solos úmidos
são ideais; a vegetação indicada está listada no Passo 3 deste Catálogo.
Características do Terreno: esta solução tem sua principal utilização
Atentar-se às condições climáticas locais para a escolha das espécies.
em encostas, podendo também ser utilizada em taludes íngremes
ou margens fluviais verticalizadas, devido a sua estrutura suportar
melhor o material a ser contido em decorrência do uso do gradil com
madeiramento e a vegetação.
Limites de velocidade de escoamento admitido: devido tanto
ao material de suporte da contenção (madeiramento) quanto do
preenchimento (solo), esta solução não suporta fluxos d'água com
velocidades elevadas, pois esse fluxo causaria danos na estrutura e
implicaria também no carreamento do preenchimento, sendo assim
indicado para velocidades de até 1,5 m/s.
Altura Admitida: esta estrutura de contenção é indicada para encostas
altas em relação ao nível do seu pé, devido ao método executivo do
conjunto da trama do madeiramento com a vegetação plantada, o que
garante a viabilidade de projetos com alturas de até 20 m de contenção.
Declividade: devido ao tipo de estrutura e do material, esta solução
é mais indicada para locais com alturas e declividades maiores, que
podem chegar até a 70 graus de inclinação.
Tipo de vegetação: a vegetação utilizada nessa solução tem a função
de criar um efeito de armadura no terreno, conferido no decorrer do
desenvolvimento dos sistemas radiculares das plantas, o qual contribuirá
para a estabilização conferida inicialmente pela estrutura de madeira.
Para tal, são mais indicadas as espécies gramíneas e trepadeiras.

39 Madeira de reflorestamento comumente utilizada na construção civil (como Eucalipto ou Pinus)


sendo necessário tratamento da madeira para combate a agentes biológicos.

164 165
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Grade Viva - - Grade Viva -

GRADE VIVA
Projeto implantado em
PORTUGAL

Figura 61 - Grade Viva. Fonte: Empresa Ecosalix.

166 167
MC
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Muro de Contenção com Pedra -
- Muro de Contenção com Pedra -

localização estratégica manutenção

Em taludes e encostas que precisam de estabilização.


Os cuidados com a manutenção devem ser dirigidos à infraestrutura do
muro de contenção.

Recomenda-se realizar intervenção e manutenção no muro quando


houver queda de algum bloco ou quando houver blocos soltos.

custos da implantação

Variação entre R$200,00 a R$300,00 por m³.

Muro de contenção com pedra é uma estrutura construída para


estabilização do terreno em encostas e taludes. Constrói-se muros
de suporte de até 10m de altura40 , utilizando-se preferencialmente
materiais obtidos próximos ao local, auxiliando na redução de custos de
transporte de materiais. Quando não se dispuser de pedras no entorno,
deve-se escolher aquelas que melhor se adaptam às características da
região.
As fundações devem estar abaixo da linha do solo e a drenagem tem de
ser garantida para escoar o volume de água infiltrado, especialmente
em épocas de grande precipitação, podendo-se utilizar soluções
combinadas, seja com drenagem convencional ou com drenagem
sustentável.

Figura 62 - Muro de Contenção com Pedras. Perspectiva isométrica. Fonte: Guajava. Adaptado de Helgard Z., 40 Demanda avaliação geotécnica do local para o cálculo correto de dimensões do muro de
2007) contenção.

168 169
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Muro de Contenção com Pedra - - Muro de Contenção com Pedra -

desafios possíveis no planejamento e execução: materiais necessários

A execução de muro de pedra não requer maiores dificuldades na sua Pedra: que possam ser alinhadas e argamassadas gerando paredes ou
implantação. muros estruturais;
Tubos de drenagem: a estrutura deve incluir drenos para escoar a chu-
va infiltrada no solo, aliviando a estrutura de empuxos adicionais gera-
dos pela água da chuva.

parâmetros técnicos a serem considerados na


escolha

Pedologia/Topografia

Características do Terreno: esta solução tem sua principal utilização em


encostas e taludes, podendo até ser utilizada em margens fluviais verti-
calizadas devido a sua resistência.
Limites de velocidade de escoamento admitido: como maior parte do
material da contenção é composto por pedras, esta solução é indicada
para velocidades de até 3,0m/s.
Altura Admitida: esta estrutura de contenção é indicada para encostas
altas em relação ao nível do seu pé, devido ao método executivo do
conjunto da trama do madeiramento com a vegetação plantada, o que
garante a viabilidade de projetos com alturas de até 20 m de contenção.
Declividade: devido ao tipo de estrutura e material esta solução é mais
indicada para locais com declividades de taludes e encostas maiores,
não sendo recomendada a sua utilização em terrenos mais suaves, situ-
ação na qual o custo-benefício da solução é menos atrativo em função
da perda da efetividade da solução.
Tipo de vegetação: A vegetação irá se desenvolver na crista do muro,
caso haja espaço para aplicação dela.

170 171
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Muro de Contenção com Pedra - - Muro de Contenção com Pedra -

MURO DE CONTENÇÃO COM PEDRA


Projeto implantado em
SÃO RAFAEL, SÃO CARLOS - SP

Figura 63 - Muro de Contenção com Pedra. Fonte: Cedido por Pedro Algodoal

172 173
MP
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Muro de Pedra com Vegetação -
- Muro de Pedra com Vegetação -

localização estratégica manutenção

Em taludes e encostas que precisam de estabilização.


Os cuidados com a manutenção devem ser dirigidos à infraestrutura
do muro de contenção. Deve-se realizar intervenção e manutenção no
muro quando blocos estiverem soltos ou caírem.

custos da implantação

Variação entre R$250,00 a R$400,00 por m³

Muros de pedra com vegetação é uma estrutura construída, principal-


mente, para estabilização do terreno em encostas e taludes. Constrói-se
muros de suporte de até 10m de altura, utilizando-se preferencialmente
materiais obtidos próximos ao local, auxiliando na redução de custos de
transporte de materiais. Quando não se dispuser de pedras no entor-
no, deve-se escolher aquelas que melhor se adaptam às características
da região. A definição da altura demanda avaliação geotécnica do local
para o cálculo correto de dimensões do muro de contenção.
Esta solução pode ser construída mecânica ou manualmente, conforme
a dimensão das pedras, e com colocação de material vivo. Durante a
construção, as pedras são colocadas em terra vegetal, enquanto plantas
ou estacas são colocadas nos interstícios entre as pedras.
Figura 64 - Muro de Pedra com Vegetação Viva. Perspectiva isométrica. Fonte: Guajava. Adaptado de Helgard
Z., 2007)

174 175
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Muro de Pedra com Vegetação - - Muro de Pedra com Vegetação -

desafios possíveis no planejamento e execução: materiais necessários

A execução de muro de pedra com vegetação não requer maiores Pedras: que possam ser alinhadas e argamassadas gerando paredes ou
dificuldades na sua implantação. muros estruturais.
Tubos de drenagem: a estrutura deve incluir drenos para escoar a chuva
infiltrada no solo, aliviando a estrutura de empuxos adicionais gerados
pela água da chuva.
parâmetros técnicos a serem considerados na Vegetação: as plantas, em um primeiro momento, não possuem uma
escolha função estrutural. Após o seu desenvolvimento assumem um papel de
suporte estrutural através de sua trama radicular. As raízes profundas das
plantas também criam canais pelos quais as águas pluviais se infiltram no
Pedologia/Topografia solo. Espécies vegetais adequadas para solos úmidos são ideais. Atentar-
se às condições climáticas locais para a escolha das espécies.
Características do Terreno: esta solução tem sua principal utilização
em encostas e taludes, podendo até ser utilizada em margens fluviais
verticalizadas devido a sua resistência.
Limites de velocidade de escoamento admitido: como maior parte do
material da contenção é composto por pedras, esta solução é indicada
para velocidades de até 3,0m/s.
Altura admitida: esta estrutura de contenção é indicada para encostas
com até 10m de altura atuando como um dispositivo majoritariamente
utilizado em cortes. Para espessura existem várias variáveis, como tipo
do solo, diâmetro das pedras, altura do muro etc. Costuma variar entre
30cm a 1m.
Declividade: devido ao tipo de estrutura e material esta solução é mais
indicada para locais com declividades de taludes e encostas maiores, não
sendo recomendada a sua utilização em terrenos mais suaves, situação
na qual o custo-benefício da solução é menos atrativo em função da
perda da efetividade da solução.
Tipo de vegetação: são plantadas espécies de trepadeiras juntamente
com substrato propício durante o levantamento do muro para que
estas ajudem no escoamento superficial e na infiltração. Suas raízes se
desenvolvem pelos vazios deixados pelas pedras formando uma espécie
de trama que ajuda na sustentação do muro e impede a passagem de
material carreado vindo de trás da contenção.

176 177
MS
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Muro De Suporte Tipo Cribwall Pré-Fabricado Com Vegetação -
- Muro De Suporte Tipo Cribwall Pré-Fabricado Com Vegetação -

localização estratégica manutenção

Em encostas íngremes com necessidade de consolidação.


Verificação de integridade estrutural: é importante regularmente veri-
ficar a integridade estrutural da estrutura do crib wall para garantir que
ele esteja em boas condições e não apresente sinais de falhas, trincas
ou rupturas. Caso seja necessário, é preciso realizar manutenções pre-
ventivas na estrutura.

custos da implantação

Variação41 entre R$1000,00 a R$2000,00 por m²

O Muro De Suporte Tipo Cribwall Pré-Fabricado com Vegetação


geralmente é utilizado em encostas, especialmente em função de
sua alta resistência. Sua estrutura pode ser simples ou dupla, feita de
elementos pré-fabricados de concreto.
Durante a execução, os elementos são preenchidos com material
granular, podendo-se plantar nos espaços vazios plantas enraizadas
com o método de faixas de vegetação com terra vegetal.

Figura 65 - Muro de suporte tipo “Cribwall” pré-fabricado com vegetação. Perspectiva isométrica. Fonte:
Guajava. Adaptado de Helgard Z., 2007 41 De acordo com a altura, área, projeto e configuração do dispositivo, materiais e mão de obra.

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Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Muro De Suporte Tipo Cribwall Pré-Fabricado Com Vegetação - - Muro De Suporte Tipo Cribwall Pré-Fabricado Com Vegetação -

desafios possíveis no planejamento e execução:

Vegetação Adequada: disponibilidade de espécies vegetais (autóctones) Demais dados técnicos:


adequadas para solos úmidos.
Qualificação dos técnicos: disponibilidade no mercado de técnicos O desenvolvimento dos sistemas radiculares das plantas irá criar um
capacitados com os conhecimentos específicos para análise correta de efeito de armadura no terreno, o qual contribuirá para a drenagem e
todas as informações e posterior acompanhamento na execução. estabilização do sistema;
As vigas e colunas devem ser interconectadas de maneira a formar uma
estrutura estável e resistente, sendo dispostas no sentido sub-horizontal
parâmetros técnicos a serem considerados na e longitudinal em relação ao talude;
escolha Entre as camadas o preenchimento deve ser realizado com solo
compactado ou material granular (pedras britadas e areia), podendo
ser o material eventualmente retirado das próprias encostas durante a
Pedologia/Topografia execução.

Características do Terreno: esta solução tem sua principal utilização em


encostas, podendo até ser utilizada em taludes mais íngremes, devido
a sua estrutura suportar melhor o material a ser contido com o gradil e materiais necessários
a vegetação.
Limites de velocidade de escoamento admitido: esta solução não é
indicada para margens fluviais. Para os escoamentos superficiais, os Travessas, vigas e estacas: os elementos pré-moldados têm função
fluxos d'água com velocidades elevadas são suportadas pela estrutura estrutural e tem como objetivo assegurar a estabilidade da estrutura. O
de concreto, porém pode ocorrer o carreamento do material de uso da vegetação na solução tem a função de consolidar a estabilidade
preenchimento, sendo assim indicado para velocidades de até 3,0 m/s da contenção, obtida com a formação das raízes. Os elementos devem
para os elementos pré-fabricados em concreto. ser interconectados de maneira a formar uma estrutura estável e
Altura Admitida: esta estrutura de contenção é indicada para encostas resistente em forma de “fogueira”.
mais altas em relação ao nível do seu pé, devido ao método executivo do Tubos de drenagem: A estrutura deve incluir tubos drenos para escoar
conjunto da trama da estrutura pré-moldada com a vegetação plantada as águas pluviais e evitar erosão do solo.
que garanta um fator de segurança tolerável até 20m de altura. Terra vegetal local: Entre as camadas deve ser aplicado solo compactado,
Declividade: devido ao tipo de estrutura e material esta solução é mais que pode ser do material retirado de áreas adjacentes durante a
indicada para locais com declividades maiores, estas podendo chegar preparação da contenção.
até a 70 graus de inclinação da encosta ou do talude. Vegetação: as plantas, em um primeiro momento, não possuem uma
Tipo de vegetação: a vegetação utilizada nessa solução tem a função função estrutural, após o seu desenvolvimento assumem um papel de
de criar um efeito de armadura no terreno, conferido no decorrer do suporte estrutural através de sua trama radicular. As raízes profundas das
desenvolvimento dos sistemas radiculares das plantas, o qual contribuirá plantas também criam canais pelos quais as águas pluviais se infiltram no
para a estabilização conferida inicialmente pela estrutura de madeira. solo. Espécies vegetais adequadas para solos úmidos são ideais. Atentar-
Para tal, são indicadas as espécies gramíneas, trepadeiras e também as se às condições climáticas locais para a escolha das espécies.
arbustivas.

180 181
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Muro De Suporte Tipo Cribwall Pré-Fabricado Com Vegetação - - Muro De Suporte Tipo Cribwall Pré-Fabricado Com Vegetação -

MURO DE SUPORTE TIPO CRIBWALL


PRÉ FABRICADO COM VEGETAÇÃO
Projeto implantado em
EUA

Figura 66 - Muro de Suporte Tipo Cribwall Pré-Fabricado com Vegetação. Fonte: Guajava, 2023

182 183
MG
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Muro De Gabiões Com Vegetação -
- Muro De Gabiões Com Vegetação -

localização estratégica manutenção

Principalmente para proteção de margens ou estabilização de bases de


declives instáveis. Demandará manutenção para garantir a segurança da estrutura, espe-
cialmente após a movimentação de terra próxima à contenção implan-
tada.

custos da implantação

Variação42 entre R$200,00 a R$300,00 por m².

Muro De Gabiões Com Vegetação são estruturas de contenção forma-


das por grandes gaiolas metálicas pré-fabricadas, com qualquer forma,
preenchidos com blocos de pedra. Entre cada elemento individual colo-
cam-se estacas de plantas e plantas enraizadas em terra vegetal aduba-
da.
Em estruturas longitudinais são utilizados para a proteção de margens,
enquanto em estruturas transversais são utilizados, para a estabilização
da base de declives instáveis.

Figura 67 - Muro de Gabiões com Vegetação. Perspectiva isométrica. Fonte: Fonte: Guajava. Adaptado de
Helgard Z., 2007 42 De acordo com a área, projeto e configuração do dispositivo, materiais e mão de obra.

184 185
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Muro De Gabiões Com Vegetação - - Muro De Gabiões Com Vegetação -

desafios possíveis no planejamento e execução:

Execução: A execução do muro de gabião com vegetação não requer Execução: rápida e simples com efeito de contenção imediata. Permite
maiores dificuldades na sua implantação pois são constituídos de a utilização de pedras encontradas no local, reduzindo os custos na
elementos pré-fabricados. execução.
Solução Permeável: permite passagem de água entre as pedras; não
precisa de drenagem auxiliar43.

parâmetros técnicos a serem considerados na


materiais necessários
escolha

Tela metálica: utilizada para conter o preenchimento e dar forma ao


Pedologia/Topografia
dispositivo de gabião, usualmente utilizado em formatos cúbicos com
arestas de 0,5m ou 1m.
Características do Terreno: esta solução tem sua principal utilização em
Pedras: pode-se utilizar pedra de mão ou costumeiramente rachão para
taludes e margens fluviais, sendo utilizada especialmente em taludes
realizar o preenchimento das telas. Deve-se atentar para a granulometria
mais íngremes ou margens fluviais verticalizadas, devido a sua estrutura
das pedras utilizadas, pois as pedras devem ser maiores do que as
suportar melhor o solo a ser contido com o gabião e a vegetação.
aberturas da tela metálica.
Limites de velocidade de escoamento admitido: para os escoamentos
Tubos de drenagem: A estrutura deve incluir tubos drenos para escoar
superficiais, os fluxos d'água com velocidades elevadas são suportadas
as águas pluviais e evitar erosão do solo;
pela estrutura metálica e preenchimento em pedras, podendo ocorrer
Vegetação: as plantas, em um primeiro momento, não possuem uma
o carreamento do material de preenchimento e do preparo da terra
função estrutural. Após o seu desenvolvimento assumem um papel de
vegetal quando as velocidades superarem 2,5 m/s.
suporte estrutural através de sua trama radicular. As raízes profundas das
Altura Admitida: esta estrutura de contenção é indicada para encostas
plantas também criam canais pelos quais as águas pluviais se infiltram no
mais altas em relação ao nível do seu pé, devido ao método executivo
solo. Espécies vegetais adequadas para solos úmidos são ideais. Atentar-
do conjunto da trama com a vegetação plantada que garante um fator
se às condições climáticas locais para a escolha das espécies.
de segurança tolerável até 20m de altura.
Declividade: devido ao tipo de estrutura e material esta solução é
mais indicada para locais com alturas e declividades maiores, inclusive
superiores a 70 graus de inclinação do talude ou encosta.
Tipo de vegetação: são plantadas espécies de trepadeiras juntamente
com substrato propício durante o levantamento do muro para que estas
ajudem no escoamento superficial. Suas raízes se desenvolvem pelos
vazios deixados pelas pedras formando uma espécie de trama que ajuda
na sustentação do muro e impede a passagem de material carreado
43 A necessidade de inclusão de drenagem auxiliar deve ser avaliada pelo técnico responsável pela
vindo de trás da contenção. obra.

186 187
GP
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Gabiões Planos - Colchão -
- Gabiões Planos - Colchão -

localização estratégica manutenção

Em declives com necessidade de incluir vegetação e em margens de


rios. Demandam manutenção quando apresentarem rompimento da
estrutura. O tempo para que isto ocorra dependerá de fatores como:
presença de água, presença de salinidade, abrasão provocada por vento
e/ou água, exposição a contaminantes e resistividade do solo.

custos da implantação

Variação44 entre R$200,00 a R$300,00 por m²

Os gabiões planos são instalados em locais onde há a presença de


declives rochosos, com pedras e/ou pouca vegetação e pretende-se
obter um crescimento extensivo da vegetação, o que é obtido por meio
de gabiões metálicos retangulares, que devem ser ancorados. A rede
metálica superior é costurada à inferior (tipo colchão de malha metálica)
e preenchida com pedras, se possível obtida no local para auxiliar na
redução de custos e transporte de materiais. O plano de gabiões deve
ser envolto em geotêxtil onde este estiver em contato com o solo,
servindo de filtro para impedir o carreamento do preenchimento.
Uma cobertura de terra adubada e o plantio de sementes de espécies
adequadas ao local são indicados para contribuir para que a cobertura
vegetal se desenvolva mais rapidamente. A vegetação, quando desen-
volvida, criará uma malha através de suas raízes que fortalecerá a pro-
teção do declive.

Figura 68 - Gabiões Planos. Perspectiva isométrica. Fonte: Guajava. Adaptado de Helgard Z., 2007 44 De acordo com a área, projeto e configuração do dispositivo, materiais e mão de obra.

188 189
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Gabiões Planos - Colchão - - Gabiões Planos - Colchão -

desafios possíveis no planejamento e execução:

Execução: A execução de gabiões planos não requer maiores dificuldades Outros dados técnicos:
na sua implantação pois são constituídos de elementos pré-fabricados.
Diferencia-se do gabião tipo caixa por possuir grande área e pequena
espessura, fazendo com que seu uso seja apropriado para revestimento
e proteção, mas não para contenção;
A flexibilidade do material permite que seja instalado em situações
de solo mole, ou seja, com baixa capacidade de carga sem risco de
rompimento;
A utilização de gabião plano como revestimento não impede a
parâmetros técnicos a serem considerados na percolação da água entre rio/solo, mantendo assim, o nível do lençol
escolha freático existente;
Quando em contato com a água, o arame é suscetível à corrosão, portanto
necessita de camada de galvanização e polímero para prolongar a vida
Pedologia/Topografia útil do material

Características do Terreno: esta solução tem sua principal utilização em materiais necessários
taludes e margens fluviais, inclusive em declividade íngremes de até 70
graus devido a sua estrutura suportar melhor o material a ser contido
com o gabião e a vegetação. Tela metálica: utilizada para conter o preenchimento e dar forma ao
Limites de velocidade de escoamento admitido: para os escoamentos dispositivo de gabião, usualmente utilizado em formatos de manta com
superficiais, os fluxos d'água com velocidades elevadas são suportadas espessura entre de 10cm e 30cm;
pela estrutura metálica e preenchimento em pedras, podendo ocorrer Pedras: pode-se utilizar pedra de mão ou costumeiramente rachão para
o carreamento do material de preenchimento e do preparo da terra realizar o preenchimento das telas;
vegetal quando as velocidades superarem 2,5 m/s. Vegetação: as plantas, em um primeiro momento, não possuem uma
Altura Admitida: esta estrutura de contenção é indicada para encostas função estrutural. Após o seu desenvolvimento assumem um papel de
mais altas em relação ao nível do seu pé, devido ao método executivo suporte estrutural através de sua trama radicular. As raízes profundas das
do conjunto da trama do madeiramento com a vegetação plantada que plantas também criam canais pelos quais as águas pluviais se infiltram no
garanta um fator de segurança tolerável até 5m de altura. solo. Espécies vegetais adequadas para solos úmidos são ideais. Atentar-
Declividade: devido ao tipo de estrutura e material, esta solução é mais se às condições climáticas locais para a escolha das espécies;
indicada para locais com alturas e declividades maiores, que podem Geotêxtil: para que cumpra a função de filtro, deve-se utilizar o tipo
chegar a 70 graus de inclinação do talude ou encosta. não tecido, produto que apresenta suas fibras dispostas em orientação
Tipo de vegetação: são plantadas espécies de gramíneas ou trepadeiras, aleatória, o que impede a livre passagem de água através do geossintético.
juntamente com substrato propício, durante o levantamento do muro Os geotêxteis são de fácil instalação, baixo custo, pequena espessura
para que estas ajudem no escoamento superficial. Suas raízes se e possibilitam o controle de qualidade permitindo propriedades
desenvolvem pelos vazios deixados pelas pedras formando uma espécie hidráulicas adequadas, características essas que endossam a utilização
de trama que ajuda na sustentação do muro e impede a passagem de deste material em sistemas filtrantes.
material carreado vindo de trás da contenção.

190 191
SG
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Solo Grampeado Verde -
- Solo Grampeado Verde -

localização estratégica manutenção

Encostas ou taludes com declividades elevadas, de até 70 graus, exceto


em locais onde há afloramento do leito rochoso. Os cuidados com a manutenção devem ser dirigidos à estrutura.
Recomenda-se que seja feito um teste de arrancamento dos grampos
para garantir que estes tenham sido instalados conforme o projeto e
que quando houver qualquer abertura na tela ou desgaste que seja feito
reparo imediato.

custos da implantação

Variação45 entre R$800,00 a R$1000,00 por m²

As contenções em solo grampeado verde são técnicas utilizadas para


estabilizar taludes e encostas e evitar deslizamentos de terra. Elas são
compostas por uma série de elementos, como grama, plantas, tela e
grampos fixados por meio de injeção de calda de cimento, que são in-
stalados no solo para formar uma espécie de "malha" que ajuda a con-
ter o solo local.
As contenções em solo grampeado verde são uma opção mais natural e
paisagisticamente agradável do que outras técnicas de estabilização de
encostas mais convencionais, como muretas ou barreiras de concreto.
Além disso, elas também podem ser mais eficazes em áreas com solos
instáveis, pois a vegetação ajuda a absorver a água e suas raízes criam
uma malha superficial, o que pode ajudar a evitar novos deslizamentos.

Figura 69 - Solo Grampeado Verde. Perspectiva isométrica. Fonte: Guajava, 2023


45 De acordo com a área, projeto e configuração do dispositivo, materiais e mão de obra.

192 193
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Solo Grampeado Verde - - Solo Grampeado Verde -

desafios possíveis no planejamento e execução:

Vegetação adequada: disponibilidade de espécies vegetais adequadas utilização é indicada tanto para terrenos mais suaves quanto íngremes,
para solos úmidos. com até 70 graus de declividade.
Qualificação de técnico: disponibilidade no mercado de técnicos Tipo de vegetação: gramíneas ou trepadeiras ajudam a absorver a água
capacitados com os conhecimentos específicos para análise correta de precipitada no terreno, e suas raízes criam uma malha superficial, o que
todas as informações e posterior acompanhamento na execução. pode ajudar a evitar novos deslizamentos.

parâmetros técnicos a serem considerados na


materiais necessários
escolha

Grampos: são usualmente feitos de metal ou plástico e são fixados no


Pedologia/Topografia
solo através de perfurações mecanizadas;
Tela: A manta que recobre a face do talude pode ser executada em
Características do Terreno: : as contenções em solo grampeado
tela metálica ou geotêxtil e assim o sistema como um todo trabalha na
verde possuem grande adaptabilidade quanto ao tipo de terreno a
estabilização do local;
serem implantadas, sendo que ocorre uma perda em sua efetividade
Vegetação: as plantas, em um primeiro momento, não possuem uma
e custo benefício quando utilizadas em margens fluviais, já que nessas
função estrutural. Após o seu desenvolvimento assumem um papel de
áreas tem-se uma dificuldade executiva em função da entrada dos
suporte estrutural através de sua trama radicular. As raízes profundas das
maquinários (equipamentos de perfuração para instalação dos grampos,
plantas também criam canais pelos quais as águas pluviais se infiltram no
retroescavadeiras para movimentação de materiais, andaimes) e pessoal
solo. Espécies vegetais adequadas para solos úmidos são ideais. Atentar-
em margens alagadas e íngremes, tornando-se uma alternativa menos
se às condições climáticas locais para a escolha das espécies.
atrativa nesses casos.
Limites de velocidade de escoamento admitido: o material que constitui
a malha de grampos e a tela superficial são resistentes a fluxos de água
incidentes no dispositivo, porém o preenchimento da malha (solo, areia,
pedras) já não suporta fluxos d'água com velocidades elevadas, pois
esse fluxo causa carreamento do material de preenchimento, sendo
assim indicado para velocidades de até 2,5m/s.
Altura Admitida: sua utilização é indicada para taludes mais altos em
relação ao nível do seu pé sendo possível a execução de até 20m de
altura, porém ocorre uma perda em sua efetividade e custo-benefício
quando utilizadas em locais com alturas menores já que o custo de
mobilização do pessoal e equipamentos é o mesmo para pequenas ou
grandes áreas.
Declividade: devido a flexibilidade desta estrutura de contenção, sua

194 195
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Solo Grampeado Verde - - Solo Grampeado Verde -

SOLO GRAMPEADO
Projeto implantado

Figura 70 - Solo Grampeado Verde. Fonte: Solotrat.

196 197
CG
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Contenção em Geocélulas -
- Contenção em Geocélulas -

localização estratégica manutenção

Taludes com declividade elevada, margens fluviais e locais onde há in-


stabilidade. Recomenda-se, apesar das geocélulas possuírem uma longa vida útil
e serem resistentes a danos causados por água, vento e intempéries,
se fazer reparos em sua membrana caso haja falhas na costura ou na
fixação da mesma no solo para que seja mantida a capacidade funcional
do dispositivo.

custos da implantação

Variação46 entre R$500,00 a R$700,00 por m².

A Contenção em Geocélulas é uma técnica utilizada para estabilizar


taludes e margens fluviais, evitando deslizamentos de terra. Elas são
compostas por uma série de elementos, como geocélulas (camada
colmeia, malha geossintética), areia, pedras, solo, grampos e plantas.
A manta de geocélulas pode ser estendida sobre o local a ser contido,
sendo ancorada com grampos ou chumbadores no solo que prendem
o geossintético ao maciço ou ser executada em camadas sobrepostas,
atuando como uma estrutura que foi executada após endentamento no
talude, assim uma camada dá suporte a outra até que seja atingida a
altura necessária.
As geocélulas são usualmente fabricadas em PEAD ou poliéster com sua
malha possuindo um formato celular geralmente de hexágonos, mas há
outras formas geométricas. Elas são colocadas no solo em camadas para
formar uma espécie de "malha" que ajuda a conter o solo local. A malha
possui uma altura variável, onde é possível fazer o preenchimento das
células. O preenchimento pode ser de areia, solo ou brita, sendo então
adicionado por cima das geocélulas para preencher os espaços entre
elas e formar uma superfície sólida. As plantas podem ser inseridas
na superfície para ajudar a manter a estabilidade do solo e melhorar a
aparência do talude.

Figura 71 - Contenção em Geocélulas. Perspectiva isométrica. Fonte: Guajava,2023. 46 De acordo com a área, projeto e configuração do dispositivo, materiais e mão de obra.

198 199
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Contenção em Geocélulas - - Contenção em Geocélulas -

desafios possíveis no planejamento e execução:

Instalação: A instalação das geocélulas requer habilidade, equipamentos


e mão de obra qualificada para garantir que elas estejam posicionadas Demais dados técnicos:
corretamente seguindo o projeto.
Drenagem: é importante garantir que principalmente a drenagem Pode ser executada em camadas sobrepostas ou na superfície de taludes
superficial do talude esteja funcionando corretamente para evitar para atuar na contenção;
acúmulo de água e erosão do solo e preenchimentos. O material a ser escolhido para preenchimento pode variar de acordo
com o local.

parâmetros técnicos a serem considerados na


materiais necessários
escolha

Manta de geocélulas: esse geotêxtil tem função estrutural neste


Pedologia/Topografia
dispositivo e serve para contenção do preenchimento, possuindo
espessura entre 5 a 30cm.
Características do Terreno: as contenções em taludes com geocélulas
Chumbadores para fixação da manta de geocélulas: : são usualmente
são uma opção eficaz para estabilizar taludes íngremes e margens fluviais
feitos de metal ou plástico, fixados no solo através de perfurações entre
com solos instáveis. Elas são leves, fáceis de transportar e de instalar, e
20cm e 1m, servindo como parte do sistema de suporte das geocélulas.
podem ser adaptadas a diferentes tipos de terreno e condições locais;
Material para preenchimento das células: camada utilizada para o
Limites de velocidade de escoamento admitido: o material da
preenchimento das geocélulas, geralmente com brita nº3, mas podendo
malha é resistente a fluxos de água incidentes no dispositivo, porém
ser substrato vegetal, areia ou solo compactado.
o preenchimento das células (solo, areia, pedras) já não suporta fluxos
Vegetação: as plantas, em um primeiro momento, não possuem uma
d'água com velocidades elevadas, pois esse fluxo causa carreamento do
função estrutural. Após o seu desenvolvimento assumem um papel de
material de preenchimento, sendo assim indicado para velocidades de
suporte estrutural através de sua trama radicular. As raízes profundas
até 2,5 m/s.
das plantas também criam canais pelos quais as águas pluviais se
Altura Admitida: devido a flexibilidade desta estrutura de contenção,
infiltram no solo.
sua utilização é indicada tanto para taludes mais altos em relação ao
nível do seu pé, quanto para margens fluviais mais profundas, sendo
possível a execução de até 20m de altura.
Declividade: : devido a flexibilidade desta estrutura de contenção, sua
utilização é indicada tanto para taludes mais suaves quanto íngremes,
porém ocorre uma perda em sua efetividade e custo-benefício quando
se passa de 70 graus de declividade, tornando-se uma alternativa menos
atrativa nesses casos.
Tipo de vegetação: a vegetação plantada na superfície cria uma espécie
de malha com ramos e raízes ajudando no escoamento das águas
superficiais e no carreamento de materiais.

200 201
Definição das tipologias de SbN Definição das tipologias de SbN
- Contenção em Geocélulas - - Contenção em Geocélulas -

CONTENÇÃO EM GEOCÉLULAS
Projeto implantado

Figura 72 - Contenção em Geocélulas. Fonte: Diprotec.

202 203
PASSO 3
Definição de espécies vegetais para as tipologias de SbN.

01 VEGETAÇÃO 05 A escolha adequada das espécies vegetais em projetos de espaços livres que utilizam dispositivos de
SbN é de extrema importância, pois as especificidades da vegetação impactam diretamente na efici-
ência e eficácia dos diferentes sistemas.

O principal atributo esperado da vegetação é: periência benéfica e estética da paisagem, con-


ter a capacidade para biorretenção de águas; tribuir para o equilíbrio ecológico e preservação
02 04
de absorver nutrientes; realizar fitorremedia- da biodiversidade, especialmente, consideran-
ção de poluentes; estabilizar o solo e sustentar do-se a conectividade das áreas verdes dentro
03 a camada de solo a longo prazo. No entanto, de corredores ecológicos.
em se tratando de projetos em espaços públi-
cos, como parques lineares e fluviais, outras ca-
racterísticas da vegetação tornam-se bastante Os critérios gerais para escolha da vegetação
01. biorretenção de águas. relevantes, como a capacidade de propiciar ex- estão relacionados aos seguintes fatores:
02. absorção de nutrientes.
03. fitorremediação de poluentes. • Clima
04. estabilizar o solo.
05. sustentar a camada de solo a longo prazo. A vegetação adequada para cada dispositivo de
SbN é variável de acordo com as regiões onde
estão instaladas. Deve-se considerar na escolha
as condições climáticas regionais e a resiliência
das espécies diante das condições de umidade,
seca e ocorrência de tempestades. A priori, as
espécies autóctones são mais resistentes às
ESPAÇO condições climáticas locais e oferecem melhor
desempenho.
PÚBLICO • Solo

A escolha da vegetação deve considerar a ca-


mada de solo utilizada para a biorretenção. Por
exemplo, em solos com maior concentração de
orgânicos a variedade de espécies adequadas
será maior, ao passo que, para solos com dre-
nagem rápida (seja por dispositivos de subdre-
nagem ou por ter solos nativos com altas taxas
propiciar experiência benéfica e estética da paisagem de infiltração) haverá menos opções de plantas.
contribuir para o equilíbrio ecológico e preservação da
• Pesença de Poluentes
biodiversidade.
A escolha da vegetação deve considerar os di-
ferentes poluentes do solo e das águas. Espe-
Figura 73: Os principais atributos da vegetação. Fonte: Diagrama autotal.

204 205
cialmente nas wetlands, as espécies macrófitas fraestruturas existentes, respeitando os recuos
oferecem importantes benefícios por sua tole- necessários. Em instalações onde há intersec-
rância aos ambientes eutrofizados e sua alta ca- ções com passagens de pedestres e calçadas,
pacidade de absorção dos poluentes. Especifi- por exemplo, a altura máxima de plantas madu-
camente na implantação das tipologias Wetland ras deve ser de aproximadamente 60 cm, para
e nas Ilhas filtrantes a escolha de vegetação me- não comprometer a visibilidade dos pedestres.
rece atenção especial. Por se tratar de sistemas Se estiverem plantadas no fundo da instalação, a
permanentemente ou parcialmente alagados, altura da planta pode ser maior, desde que não
devem ser utilizadas plantas macrófitas aquáti- ultrapasse os 60 cm em relação ao nível da rua. O
cas, plantas palustres ou plantas que resistem a volume da copa e ramificações ao longo da vida
períodos de alagamento. As macrófitas aquáti- da árvore também devem ser considerados para
cas exercem uma função ecológica primordial garantir altura livre adequada, tanto na calçada
para a manutenção desses ecossistemas. A es- quanto na beira da estrada.
colha das macrófitas está estritamente relacio-
nada às características dos efluentes a serem • Quantidade de Plantas
tratados e da sua disponibilidade na região em
que a Wetland será implantada, portanto deve- A densidade do plantio vai variar de acordo com
-se priorizar espécies nativas adaptadas às con- o porte da espécie e sua capacidade de propa-
dições locais, para um melhor desempenho. gação, podendo variar de 4 a 8 mudas por m²,
sendo que para alguns casos de espécies de pro-
• Manejo pagação rápida, como a Typha domingensis, em
condições ambientais adequadas, pode-se con-
As espécies que demandam menor manuten- siderar o plantio de 2 mudas por m². Um plantio
ção devem ser priorizadas. As macrófitas emer- com densidade adequada é importante para o
gentes, por exemplo, podem permanecer por fechamento do sistema e para evitar manuten-
longos ciclos nos alagados, sem necessidade ção contra espécies invasoras.
de poda ou manutenção da zona de raízes. As
espécies flutuantes são mais fáceis de serem • Sustentabilidade Economica
removidas nos sistemas de fluxo superficial,
permitindo um manejo constante da biomassa A escolha de vegetação também deve conside-
conforme o crescimento da planta e maior re- rar a sustentabilidade econômica. Recomenda-
moção de nutrientes. -se, por exemplo, o incentivo ao cultivo de es-
pécies de valor comercial como: forragem para
• Porte de Vegetação alimentação animal, espécies para produção de
fármacos e produtos cosméticos, espécies para
Plantas de variados portes são utilizadas em ti- produção de fibras para uso artesanal ou indus-
pologias de SbN. Mas, o projeto deve conside- trial como a taboa e espécies florísticas comer-
rar a altura da planta na fase adulta. A escolha ciais (estrelícia, antúrio, agapanto e lírio amarelo
das espécies arbóreas, por exemplo, deve ser (MATOS; MATOS, 2021).
feita na fase de concepção do projeto, consi-
derando os aspectos do solo e da tipologia que • Manutenção e Manejo
permitam crescimento saudável das árvores e
suas raízes ao longo do tempo. Se houver árvo- Seja qual for o dispositivo de SbN, devem ser
res previamente no local, suas raízes devem ser priorizadas, na escolha, as espécies que deman-
protegidas das camadas minerais das SbN para dem baixa manutenção, minimizando a necessi-
não gerar instabilidade. dade de corte, poda, capina e irrigação. Também
deve ser evitado o uso de fertilizantes ou pesti-
• Visibilidade cidas.

A localização das árvores deve considerar as in-

206 207
TIPOLOGIAS DE SBN ATRIBUTOS DA VEGETAÇÃO

• capacidade para suportar o volume de água esperado para


o sistema;
• capacidade para suportar exposição direta do sol;
Jardim de Chuva • resiliência para suportar períodos de extrema umidade e
seca;
Canteiro Pluvial
• ser autóctone (sinergia com clima, solo e condições de umi-
dade locais e não uso de fertilizantes e produtos químicos);
• exigência de pouca manutenção;
• capacidade para desempenhar mecanismos de fitorreme-
diação.

• capacidade de suportar o volume de água esperado para o


sistema;
• resiliência para suportar períodos de seca;
Biovaletas • alta taxa de evapotranspiração (auxílio na retirada de maior
volume de água em curto espaço de tempo);
Escada hidráulica
• exigência de pouca manutenção;
vegetada • raízes profundas e espessas com alta produção de biomassa
TABELA 4 e remoção de orgânicos;
• capacidade de desempenhar mecanismos de fitorremedia-
ção.

Atributos da vegetação Terraços de Chuva em • ser vegetação ripária nativa do local;


por tipologia de SbN Taludes
• adaptadas a solos temporário ou permanentemente úmidos
e sujeitos a inundações periódicas;
Step Pool • possuir boas condições hídricas, mas sem excesso de água.

Pôlder Vegetado • ser nativa e adaptada às condições locais;


Bacia de Detenção • exigência de pouca manutenção;
Bacia de Retenção • capacidade de sobreviver às cargas de poluição e de sedi-
Bacia de Infiltração mentos;
• capacidades e desempenhar os mecanismos de biorreten-
Bacia de Sedimentação ção e fitorremediação;
Reservatório Anfíbio • ser macrófitas (espécies emergentes ou flutuantes) ou
Wetland terrestres com sistemas densos de raízes ou rizomatosas e
Ilha Filtrante cultivadas por hidroponia.

Na Tabela 4 estão sintetizadas as características específicas necessárias para cada tipologia de SbN:

Muitas espécies botânicas utilizadas em SbN têm como característica de destaque o potencial de
biorretenção de poluentes e fitorremediação. Nas Tabelas 5 e 6 são apresentadas algumas delas que
foram identificadas em estudos PINHEIRO, 201746 e em projetos com tipologias de SbN consultados
na região Sudeste brasileira. Nessa lista, encontram-se espécies nativas e algumas exóticas naturaliza-
das e cultivadas, como descritas no item Contribuição para a conservação da biodiversidade.

46 Consultado (PINHEIRO, 2017) e em visita técnica ao projeto do Parque da Orla Piratininga da cidade de Niterói/RJ em 2022

208 209
Nome científico Domínio Forma
Origem Ação potencial
Nome popular Fitogeográfico* de Vida
Biorretenção de óleos
Dichondra microcalyx
Mata Atlântica, e graxas, matéria or-
(Hallier f.) N Herbácea
Pampa gânica, nitrato, nitrito,
Dinheiro-em-penca
Fe,Zn, Cu e Cd, e SDT

Biorretenção de óleos
Neomarica caerulea
e graxas, matéria or-
(Ker Gawl.) Sprague N Mata Atlântica Herbácea gânica, nitrato, nitrito,
Falso-íris
Fe, Zn, Cu e Cd, e SDT

Sphagneticola triloba- Biorretenção de óleos


Caatinga, Cerrado,
ta (L.) Pruski e graxas, matéria or-
N Mata Atlântica, Herbácea
Vedélia, picão-da- gânica, nitrato, nitrito,
Pampa e Pantanal
-praia Fe,Zn, Cu e Cd, e SDT

Fitorremediação de
hidrocarbonetos totais
TABELA 5 Solidago sp (L)
Caatinga, Cerrado,
Mata Atlântica e
do petróleo (TPH),
N Herbácea
Solidago solventes, hidrocar-
Pampa
bonetos policíclicos
ESPÉCIES UTILIZADAS EM JARDIM DE CHUVA, aromáticos

CANTEIRO PLUVIAL E BIOVALETA Costus spiralis (Jacq.) Biorretenção de óleos


Roscoe Amazônia, Caatin- e graxas, matéria or-
Caatinga, cana-bran- N ga, Cerrado e Mata Herbácea gânica, nitrato, nitrito,
ORIGEM: N (Nativa) Na(Naturalizada) C (Cultivada) ca, jacuanga, cana-de- Atlântica Fe, Zn, Cu e Cd, sóli-
-macaco dos dissolvidos totais

Heliconia psittacorum Biorretenção de óleos


L.f. Amazônia, Caatin- e graxas, matéria or-
Helicônia-papagaio, N ga, Cerrado, Mata gânica, nitrato, nitrito,
Atlântica e Panta- Herbácea
tracoá, planta-papa- Fe, Zn, Cu e Cd, sóli-
gaio nal dos dissolvidos totais

Biorretenção de óleos
Ctenanthe setosa e graxas, matéria or-
(Roscoe) Eichler N gânica, nitrato, nitrito,
Maranta-cinza, tenan- Mata Atlântica Herbácea
Fe, Zn, Cu e Cd, sóli-
te dos dissolvidos totais

Biorretenção de óleos
e graxas, matéria orgâ-
Alternanthera brasi- Amazônia, Caatin- Herbácea
N nica, nitrato, nitrito,Fe,
liana ga, Cerrado e Mata semi-
Zn, Cu e Cd, sólidos
Lutiela Atlântica erecta
dissolvidos totais

210 211
Nome científico Domínio Forma Nome científico Domínio Forma
Origem Ação potencial Origem Ação potencial
Nome popular Fitogeográfico* de Vida Nome popular Fitogeográfico* de Vida
Fitorremediação de Biorretenção de óleos
Festuca L. N Mata Atlântica, Herbácea compostos orgânicos, e graxas, matéria or-
Grama Pampa TPH; HPA, BTEX Hemerocalis x hybrida gânica, nitrato, nitrito,
Bergmans Fe, Zn, Cu e Cd, e SDT.
Lírio-de-um-dia, C -- Herbácea
Stenotaphrum se- Fitorremediação de
cundatum (Walter) hemerocale, lírio-de- hidrocarbonetos do
Tratamento de com- -são-josé
Kuntze Caatinga, Mata Petróleo
N Herbácea postos orgânicos HTP,
Grama-inglesa, gra- Atlântica
HPA
ma-santo-agostinho
Tratamento para TPH;
Zea mays L.
C -- Herbácea explosivos; pesticidas;
Axonopus compressus Milho
Amazônia, Caatin- e Cd
(Sw.) P. Beauv. Remediação de com-
N ga, Cerrado, Herbácea
Gramam missioneira, postos orgânicos TPH
Mata Atlântica Alocasia macrorrhizos Biorretenção de óleos
grama tapete
(L.) G. Don e graxas, matéria or-
C -- Herbácea
Orelha-de-elefante gânica, nitrato, nitrito,
Allamanda cathartica Biorretenção de óleos taiá-rio-ranco; taioba Fe,Zn, Cu e Cd, e SDT
L. e graxas, matéria or-
Amazônia, Cerra- Arbusto
Alamanda amarela, N gânica, nitrato, nitrito, Dietes bicolor Sweet Biorretenção de óleos
do, Mata Atlântica Trepadeira
carolina, dedal-de-da- Fe, Zn, Cu e Cd, sóli- ex klatt e graxas, matéria or-
C -- Herbácea
ma dos dissolvidos totais Moréia bicolor, dietes, gânica, nitrato, nitrito,
moreia Fe,Zn, Cu e Cd, e SDT
Senna obtusifolia (L.)
H.S.Irwin & Barneby Amazônia, Caatin- Dianella ensifolia L. Biorretenção de óleos
N ga, Cerrado, Mata Arbusto Tratamento de TPH DC e graxas, matéria or-
Senna, Mata-pasto, C -- Herbácea
cassia Atlântica, Pantanal Dianela, dracena gânica, nitrato, nitrito,
guarda-chuva Fe, Zn, Cu e Cd, e SDT

Biorretenção de óleos Com informações de: PINHEIRO, M.B., 2017


Galinsoga parviflora
e graxas, matéria or- e dados de origem de espécies* da base FLORA E FUNGA DO BRASIL (JARDIM BOTÂNICO DO
Cav.
Na Mata Atlântica Herbácea gânica, nitrato, nitrito, RIO DE JANEIRO, 2023).. Disponível em: < http://floradobrasil.jbrj.gov.br/ >. Acesso em: 04
Picão-branco, fazen-
Fe, Zn, Cu e Cd, sóli- jan. 2023
deiro
dos dissolvidos totais

Fitorremediação de
Vertivera zizanioides
metais Al, Mn, Mg, As,
(L.) Nash
Na Mata Atlântica Herbácea Cd, Cr, Ni, Cu, Pb, Hg,
Vertiver, capim-verti-
Se, Zn, pesticidas; HTP
ver, pachuli
; e explosivos

Tratamento de HPAs;
Brassica juncea (L.) As; Cu, Cd, Cr (VI), Ni,
Czern. Na Mata Atlântica Herbácea Zn; Ni; Se; Hg; Com-
Mostarda-da-índia postos inorgânicos

212 213
Nome científico Domínio Forma Ação potencial no
Origem
Nome popular Fitogeográfico* de Vida meio ambiente
Tratamento de me-
tais Cd, As e Ni; Fe,
Zn, Mn, Ni, Pb e Cd,
(DBO), amônia, nitrato
Ceratophyllum de- Amazônia, Mata Macrófita e P; N e P; farma-
mersum L N Atlântica, Pampa, submersa cêuticos ; explosivos
Rabo-de-raposa Pantanal ; 137Cs, 60Co, 32P,
134Cs, 89Sr; compos-
tos organofosforados
e organoclorados,
clorobenzenos

Azolla filiculoides Lam. Amazônia, Caatin-


Musgo d’água, sa- Macrófita Tratamento de Pb; Hg;
N ga, Cerrado, Mata
mambaia d´água flutuante Cr e As
Atlântica, Pantanal
TABELA 6
Amazônia, Cerra- Samam- Tratamento de Pb; e
Salvinia minima Baker
N do, Mata Atlântica baia flutu- N e P de ambiente
Salvinia minima
ESPÉCIES UTILIZADAS EM ALAGADOS CON- e Pantanal ante eutrofizado

STRUÍDOS (wetlands) Fitorremediação de


nutrientes N e P; me-
tais Pb, As, Hg, Zn, Se,
(Bacia de Detenção, Retenção, Infiltração, Sedimentação, Cr, Cd, Ni, Cu; metais
Reservatório Anfíbio, Wetlands, Ilhas Filtrantes) pesados, compostos
Eichhornia crassipes orgânicos e inorgâni-
Amazônia, Caatin-
(Mart.) Solms cos (amônia, nitrato e
ga, Cerrado, Mata Macrófita
Aguapé, murumuru, N fósforo), Sólidos Sus-
Atlântica, Pampa e flutuante
mururé, pareci, pa- pensos Totais (SST),
Pantanal
voa, rainha-dos lagos Sólidos Dissolvidos
Totais (SDT), turbidez
e resíduos da indús-
tria; Hidrocarbonetos;
Cr, Cu, Cd, Ni, Zn, Hg

Tratamento de com-
Myriophyllum aquati- Cerrado, Mata Macrófita postos orgânicos,
cum (Vell.) Verdec N Atlântica, Pampa e submersa explosivos; radionu-
Pinheirinho d´água Pantanal enraizada clídeos 137Cs, 60Co e
54Mn

Tratamento de metais
Amazônia, Caatin-
Pistia stratiotes L. Macrófita As, Cd, Cu, Ni, Zn, Pb,
ga, Cerrado, Mata
Alface d´água N flutuante Cr, Mn,Compostos
Atlântica e Panta-
orgânicos aromáticos
nal
e nitrato; antibióticos

214 215
Nome científico Domínio Forma Ação potencial no Nome científico Domínio Forma Ação potencial no
Origem Origem
Nome popular Fitogeográfico* de Vida meio ambiente Nome popular Fitogeográfico* de Vida meio ambiente
Caatinga (stricto Amazônia, Caatin-
Canna indica L.
sensu), Cerra- ga, Cerrado, Mata
Macrófita Fitorremediação de Beri, Biri, Bananeiri- N Herbácea --
Potamogeton L. do (lato sensu), Atlântica, Pampa,
N submersa organoclorados e ex- nha
Limo mestre Floresta Estacio- Pantanal
enraizada plosivos; pesticidas
nal Semidecidual,
Restinga, Amazônia, Caatin-
Pontederia cordata ga, Cerrado, Mata
N Aquática --
Fitorremediação no Mururé, Aguapé Atlântica, Pampa,
tratamento de metais Pantanal
Zn, Pb, As e Cd; As,
Zn, Cu e Ni; na remo- Sagittaria montevi-
Amazônia, Cerra- Fitorremediação
ção de compostos densis N do, Mata Atlântica, Aquática
orgânico, DBO e DQO; Aguapé-de-flecha, de:Cu
Typha latifolia L Amazônia, Mata Macrófita Pampa
N Tratamento de efluen- Sagitária
Taboa Atlântica emergente
tes da indústria têxtil;
explosivos; e possui Amazônia, Caatin-
capacidade de remo- Cyperus papyrus L ga, Cerrado, Mata
ver pesticidas, explosi- Mini papirus Na Atlântica, Pampa, Aquática --
vos e farmacêuticos Pantanal

Com informações de: PINHEIRO, M.B., 2017


Tratamento de metais e dados de origem de espécies* da base FLORA E FUNGA DO BRASIL (JARDIM BOTÂNICO DO
Amazônia, Caatin- Cr, Ni, Zn e P); metais
Typha domingensis RIO DE JANEIRO, 2023).. Disponível em: < http://floradobrasil.jbrj.gov.br/ >. Acesso em: 04
ga, Cerrado, Mata Macrófita pesados, Sólidos Sus-
Pres. N jan. 2023
Atlântica, Pampa e emergente pensos Totais (SST),
Taboa, taboa-estreita Pantanal DBO; Nitrogênio Kje-
dahl, Al, Fe, Zn e Pb
Especificamente em taludes e no margeamento de proporcionar bem-estar humano, por meio
Tratamento da DBO,
de cursos d’água é imprescindível a introdução dos diversos serviços ecossistêmicos e por sua
Typha angustifolia L. Cerrado, Mata Macrófita SDT e metais Pb, Mn,
N de espécies que auxiliam a combater a erosão e importância simbólica e cultural; e de contribuir
Taboa Atlântica emergente Zn e Cu ; e tratamento
que contribuem na recuperação de mata ciliar. para a conservação da biodiversidade, uma vez
de esgoto
Para essa restauração ecológica, há uma grande que é abrigo e fonte de alimento para a fauna.
variedade de espécies nativas. O governo do es-
Tratamento de Hidro-
tado de São Paulo, por exemplo, elaborou uma Dadas as especificidades e complexidades eco-
carbonetos Totais do
lista (BARBOSA, LM et al., 2017) com mais de lógicas de cada região, a escolha das espécies
Petróleo (TPH) .Obs:
2.951 espécies de todas as formas de vida vege- no projeto de parques deve ser respaldada sem-
Sementes servem de
Bolboschoenus robus- tal, sendo as espécies arbóreo-arbustivas espe- pre pelo conhecimento técnico de experientes
alimento para aves
tus Mata Atlântica e Macrófita cialmente indicadas para a produção de mudas paisagistas, engenheiros florestais, botânicos e
N aquáticas, além de
Junco de pântano, Pampa Aquática pelos viveiros. ecólogos. Considerado a dinâmica da interação
abrigo para carangue-
junco costeiro entre as espécies, a vegetação do parque deve
jos e para reprodução
Adequação ecológica em parques e jar- ser alvo de contínuos estudos e monitoramen-
de patos
dins públicos to, de maneira a reorientar manejos e novos
plantios.
Amazônia, Caatin-
Thalia geniculata L. Macrófita Biorretenção de Fe, Além de atuar no funcionamento de SbN, a ve-
N ga, Cerrado, Mata
Caeté Aquática Mn, Cd, Ni, Pb, Cu, Mg getação em parques e espaços públicos exerce Sob visão ecológica sistêmica, três critérios se
Atlântica, Pampa,
outros papéis como o de estruturar a paisagem, entrelaçam na escolha da vegetação em proje-
Pantanal
tos paisagísticos de parques:

216 217
PROMOÇÃO DE BEM-ESTAR À POPU- sua existência. Há ainda as exóticas “naturaliza- (ajudam a manter a variabilidade genética de
LAÇÃO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL das”, que se reproduzem naturalmente em um populações de plantas nativas que sustentam
novo bioma, porém sem ameaçar a sobrevivên- a biodiversidade e as funções ecossistêmicas);
A vegetação dos parques promove diretamen- cia de espécies nativas. E as “cultivadas” que fo- de provisão alimentícia (fornecem frutos, se-
te o bem-estar dos visitantes, seja pelo con- ram reproduzidas com auxílio humano fora da mentes, mel, entre outros alimentos); e cultu-
forto térmico promovido pela sombra da copa sua área de distribuição natural. ral (promove valores culturais relacionados ao
de árvores, pelo aroma e detalhes estéticos e conhecimento tradicional).
compositivos da paisagem e até por aspectos Cabe destacar que, nem todas as espécies exó-
simbólicos para uma determinada região ou ticas apresentam potencial de causar desequi- Em espaços livres de uso público, como os par-
cultura. Para potencializar esses benefícios, a líbrio ecológico ou ameaçar a conservação dos ques e jardins, as espécies botânicas com flores
escolha da vegetação de parques deve permear biomas nativos. Contudo, toda e qualquer es- e frutos que atraem fauna polinizadora – como
a possibilidade de ações socioeducativas, como pécie exótica em área de conservação neces- abelhas, pássaros, borboletas, besouros, mor-
jardins sensoriais ou medicinais, jardins para sita de constante e adequado controle e ma- cegos, entre outros – merecem atenção espe-
polinizadores (borboletários e meliponários), nejo para que não se torne invasora. cial devido a contribuição dada à conservação
passeios de observação de pássaros, entre ou- da biodiversidade (MMA, 2006) e pelas expe-
tros Vários municípios brasileiros e suas unidades riências benéficas que podem proporcionar ao
de conservação estabelecem listas de espécies público visitante, como contemplação e experi-
exóticas invasoras em seus domínios, periodica- mentação sensorial da natureza e seus proces-
CONTRIBUIÇÃO PARA A CONSERVAÇÃO
mente atualizadas, as quais devem ser consul- sos (MORAES, 2020).
DA BIODIVERSIDADE tadas pelas equipes responsáveis pelos projetos
e manejo de parques. Além de ameaçar biomas Nesse sentido, os projetos paisagísticos amigá-
O bioma de origem é o requisito básico na es- nativos, as “invasoras” demandam alto custo veis aos polinizadores permitem a criação de
colha de espécies em projetos paisagísticos de aos cofres públicos para o necessário controle espaços que funcionam como “escolas-vivas” –
parques. As espécies nativas devem ser privi- biológico em unidades de conservação. os chamados “jardins para polinizadores” – que
legiadas em relação às exóticas, uma vez que são cenários propícios às atividades de educa-
apresenta vantagens tanto do ponto de vista Os exemplos mais conhecidos são da espécie ção ambiental e de observação e conservação
ecológico como econômico: Leucena (Leucaena leucocephal), originária da da biodiversidade.
América Central, e da australiana Palmeira-se-
• Vantagens das espécies nativas: contribuem afortia (Archontophoenix cunninghamiana). Na
para conservação da biodiversidade (oferta ali- ausência de um plano nacional único para con-
mentos e abrigo à fauna); são de fácil acesso
Espécies Para Atração De Polinizadores
trole de espécies invasoras, muitos municípios
e reprodução em viveiros municipais; conferem brasileiros e suas unidades de conservação es- A seguir estão listadas algumas espécies sele-
maior adaptabilidade ao clima e solo; possuem tabelecem o levantamento de espécies exóticas cionadas de estudos de áreas verdes quanto à
melhor desenvolvimento metabólico; produ- invasoras e ações para o manejo e supressão. interação de flora e fauna com ação poliniza-
zem mais flores e frutos saudáveis.
dora no domínio da região Sudeste Brasileira
O município de Campinas informa a lista de es- (GOBATTO; PEREIRA; CHAGAS,2021). Elas estão
• Desvantagens das espécies exóticas: são sus- pécies exóticas em seu domínio por meio da identificadas por nome científico, família bo-
cetíveis à propagação descontrolada; ameaça Resolução nº 12, de 22/10/2015-SVDS (PRE- tânica, nome popular e classificadas quanto a
espécies nativas do bioma; exige mais esforços FEITURA DE CAMPINAS, 2015); o município do sua: origem (nativas, cultivadas e naturaliza-
(e custo) para controle; são mais suscetíveis às Rio de Janeiro listou suas espécies no Programa das); tipo de vida (herbácea, arbustiva, arbórea,
doenças e pragas. Espécie exótica, de acordo Municipal de Controle de Espécies Exóticas In- palmácea, aquática e macrófita); características
com a Convenção sobre Diversidade Biológi- vasoras Vegetais, por meio do decreto 33.814, botânicas (porte, luminosidade e período de
ca, é aquela que se encontra fora de sua área de 18 de maio de 2011. (DIÁRIO OFICIAL DO floração); usos paisagísticos; e tipo de poliniza-
de distribuição natural e não é originária de MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO,2014). dores visitantes.
um bioma. As exóticas podem ser classificadas
como “naturalizadas’”, “cultivadas” ou “invaso-
ras”. São consideradas “invasoras” as espécies
ATRAÇÃO DE FAUNA POLINIZADORA
que, com alta taxa de reprodução, ameaçam
Os polinizadores e a polinização oferecem ser-
ecossistemas, habitats e espécies nativas. Elas
viços ecossistêmicos (POTTS et al., 2016; COS-
se reproduzem de forma descontrolada, con-
TANZA et al., 2017), com funções regulatórias
correndo com as espécies nativas e ameaçando

218 219
Herbáceas

ORIGEM: N (Nativa)
Na(Naturalizada)
C (Cultivada)
PORTE: A (Altura fase
adulta) x D (Diâmetro).

N° 01 02 03 04 05
Ruellia brevifolia (Pohl) Ruellia makoyana Ja-
Pachystachys lutea Nees Sphagneticola trilobata (L.) Pruski Bidens sulphurea
NOME CIENTÍFICO C.Ezcurra cob-Makoy ex Closon
[Acanthaceae] [Asteraceae] [Asteraceae]
[Acanthaceae] [Acanthaceae]

NOME POPULAR Camarão amarelo Pingo-de-sangue Planta-veludo Vedélia; Picão-da-praia Cosmo amarelo

ORIGEM N N N N N

PORTE (AXD) 1,00 x 0,50 0,70 x 0,50 0,30 x 0,45 0,60 x 0,20 0,80 x 0,30

ILUMINAÇÃO Pleno Sol Pleno Sol Meia-Sombra Pleno Sol Pleno Sol
Meia-Sombra Meia-Sombra Meia-Sombra

FLORAÇÃO Primavera Ano Todo Primavera Ano todo Ano todo


Verão Verão

Cerca-viva Maciço Maciço


USO PAISAGISMO Maciços
Maciços Maciços
Cobertura de Talude Canteiro

POLINIZADOR ou VISITANTE Abelha Abelha Abelha Abelha Abelha


Beija-flor Beija-flor Beija-flor Borboleta Borboleta

Figura 74 - Mosaico de imagens de espécies herbáceas que atraem polinizadores. Crédito de imagens : 1) Sviatlana Zyhmantovich; 2) Mirwanto Muda ;3) Firn; 4) Wirestock; 5) Sarno
(Fonte: istockphoto.com) Markosasi; (Fonte: istockphoto.com)

220 221
Herbáceas

ORIGEM: N (Nativa)
Na(Naturalizada)
C (Cultivada)
PORTE: A (Altura fase
adulta) x D (Diâmetro).

N° 06 07 08 09 10
Salvia guaranitica A. St-Hill Salvia splendens Sellow ex
Heliconia hirsuta “Burle marxii” Arachis repens Handro Nothoscordum gracile (Aiton)
NOME CIENTÍFICO ex Benth Wied-Nuew
[Heliconiaceae] [Leguminosae] Stearn
[Lamiaceae] [Lamiaceae]
[Amaryllidaceae]

NOME POPULAR Caeté Alho-silvestre


Sálvia-azul Sálvia-vermelha Grama-amendoim
Pacová pequena Cebolinha-de-perdiz

ORIGEM N N N N N

PORTE (AXD) 2,00 x 1,00 1,6 x 0,20 0,80 x 0,20 0,20 x 0,30 0,80 x 0,30

ILUMINAÇÃO Pleno Sol Pleno Sol Pleno Sol Pleno Sol Pleno Sol
Meia Sombra

FLORAÇÃO Verão Primavera Ano todo Primavera Outono


Outono Verão Verão Inverno

Maciço Maciço Maciço


USO PAISAGISMO Cerca-viva Cobertura solo Jardim
Renque Isolada Canteiro
Medicinal

Abelha Abelha
POLINIZADOR ou VISITANTE Beija-flor Beija-flor Beija-flor
Abelha Abelha
Borboleta Borboleta
Libélula Libélula

Figura 75 - Mosaico de imagens de espécies herbáceas que atraem polinizadores. Crédito de imagens : 6) Rahmad Wijaya ; 7) Photohampster; 8) Liane M; 9) Julio Cesar Pires; 10) Deny
(Fonte: istockphoto.com) Novan; (Fonte: istockphoto.com)

222 223
Herbáceas

ORIGEM: N (Nativa)
Na(Naturalizada)
C (Cultivada)
PORTE: A (Altura fase
adulta) x D (Diâmetro).

N° 11 12 13 14 15
Bulbine frutescens (L.)
Thunbergia mysorensis Clivia miniata Regel Ageratum conyzoides L. Leucanthemum vulgare Lam.
NOME CIENTÍFICO Willd.
[Acanthaceae] [Amaryllidaceae] [Asteraceae] [Asteraceae]
[Asphodelaceae]

NOME POPULAR Sapatinho-de-judia Clivia Bulbine Mentrasto Margarida


Erva-de-são-joão

ORIGEM Na Na Na Na Na

PORTE (AXD) 20,00 x 1,00 0,60 x 0,40 0,30 x 0,30 1,00 x 0,30 0,60 x 0,20

ILUMINAÇÃO Pleno Sol Pleno Sol


Pleno Sol Meia-sombra Pleno Sol
Meia-sombra Meia-sombra

FLORAÇÃO Primavera Primavera Ano todo Outono Verão


Verão Outono

Bordadura Canteiro Canteiro


USO PAISAGISMO Pergolado Bordadura Maciço Jardim Medicinal Bordadura
Maciço

POLINIZADOR ou VISITANTE Abelha Abelha Abelha Abelha


Beija-flor Abelha Borboleta Borboleta Borboleta

Figura 76 - Mosaico de imagens de espécies herbáceas que atraem polinizadores. Crédito de imagens : 11) Kateryna Kukota; 12) Natalie Board; 13) Igaguri_1; 14) Bush Alex; 15) Iva
(Fonte: istockphoto.com) Vagnerova; (Fonte: istockphoto.com)

224 225
Herbáceas

ORIGEM: N (Nativa)
Na(Naturalizada)
C (Cultivada)
PORTE: A (Altura fase
adulta) x D (Diâmetro).

N° 16 17 18 19 20

Podranea ricasoliana (Tan- Malvaviscus arboreus Cav.


NOME CIENTÍFICO Tagetes filifolia Lag. Aechmea blanchetiana Tradescantia pallida Boom
fani) Sprague [Malvaceae]
[Asteraceae] [Bromeliaceae] [Commelinaceae]
[Bignoniaceae]

NOME POPULAR Cravinho-da-serra Sete-léguas Bromélia Coração-roxo Malvavisco


Trapoeraba-roxa Hibisco-colibri

ORIGEM Na Na Na Na Na

PORTE (AXD) 0,90 x 0,30 10,00 x 1,00 1,00 x 0,60 0,25 x 0,10 4,00 x 1,00

ILUMINAÇÃO Pleno Sol Pleno Sol Meia-sombra Pleno Sol Pleno Sol
Meia-sombra

FLORAÇÃO Ano todo Ano todo Verão Ano todo Ano todo

Maciço Isolada Bordadura Cerca-viva


USO PAISAGISMO Canteiro Pergolado Canteiro Cobertura solo Bordadura
Cobertura Talude

Abelha Abelha Abelha


POLINIZADOR ou VISITANTE Abelha Borboleta Beija-flor
Besouros Abelha
Borboleta Besouros Borboleta
Pássaros
Pássaros Pássaros

Figura 77 - Mosaico de imagens de espécies herbáceas que atraem polinizadores. Crédito de imagens : 16) Martina Unbehauen; 17) Santi Wiwatchaikul; 18) Simona Flamigni 19) Ar-
(Fonte: istockphoto.com) mankose 20) E46AV22 (Fonte: istockphoto.com)

226 227
Herbáceas

ORIGEM: N (Nativa)
Na(Naturalizada)
C (Cultivada)
PORTE: A (Altura fase
adulta) x D (Diâmetro).

N° 21 22 23 24 25

Pelargonium x hortorum Pentas lanceolata (Forssk.) Persicaria capitata H. Gross


NOME CIENTÍFICO Ipomoea horsfalliae Hook. Cobaea scandens Cav.
L.H.Bailey Deflers [Polygonaceae]
[Asteraceae] Polemoniace
[Geraniaceae] [Rubiaceae]

NOME POPULAR Ipomeia-rubra Gerânio Show-de-estrelas Cobeia Estefânia Tapete-inglês


Trepadeira-cardeal Estrela-do-Egito

ORIGEM C C C C C

PORTE (AXD) 6,00 x 1,00 0,60 x 0,30 0,60 x 0,30 4,00 x 0,30 0,20 x 0,15

ILUMINAÇÃO Pleno Sol Meia-sombra Pleno Sol Pleno Sol Pleno Sol
Meia-sombra

Primavera Primavera Verão


FLORAÇÃO Verão Ano todo
Verão Verão Outono

Canteiro Maciço Cobertura solo


USO PAISAGISMO Pergolado Bordadura Pergolado Cobertura talude
Bordadura

POLINIZADOR ou VISITANTE Abelha


Borboleta Abelha Beija-flor
Abelha Abelha
Beija-flor Borboleta Borboleta

Figura 78 - Mosaico de imagens de espécies herbáceas que atraem polinizadores. Crédito de imagens : 21) Albin Raj 22) Michael Meijer 23) Dani VG24) Weisschr 25) Teddiviscious.
(Fonte: istockphoto.com) (Fonte: istockphoto.com)

228 229
Arbustivas

ORIGEM: N (Nativa)
Na(Naturalizada)
C (Cultivada)
PORTE: A (Altura fase
adulta) x D (Diâmetro).

N° 26 27 28 29 30

Callistemon viminalis (Sol. Bougainvillea spectabilis Thunbergia erecta (Benth.) Osmanthus fragans (Thunb.) Lour.
Allamanda laevis Markgr
NOME CIENTÍFICO ex.Gaertn) G.Don Willd. T. Anderson [Oleaceae]
[Apocynaceae]
[Myrtaceae] [Nyctaginaceae] [Acanthaceae]

NOME POPULAR Escova-de-garrafa Primavera Manto-de-rei Alamanda arbustiva Jasmim-do-imperador

ORIGEM C N N N Na

PORTE (AXD) 15,0 x 2,00 5,00 x 2,00 3,00 x 0,50 3,00 x 1,00 4,00 x 2,00

ILUMINAÇÃO Pleno Sol Outono Inverno Pleno Sol Pleno Sol Pleno Sol
Meia-sombra

FLORAÇÃO Primavera Outono Ano todo Ano todo Primavera


Verão Inverno Verão

Isolado Cerca-viva Maciço


USO PAISAGISMO Cerca-Viva Pergolado Cerca-viva
Cerca-viva Isolado

POLINIZADOR ou VISITANTE Beija-flor Beija-flor Abelha Abelha


Pássaros Borboletas Beija-flor Abelha
Beija-flor

Figura 79 - Mosaico de imagens de espécies arbustivas que atraem polinizadores. Crédito de imagens : 26) K.Samurkas; 27) Jian Yi Liu; 28) Wahid Hasyim Asyari29) Chi Wai Chevy Wan;
(Fonte: istockphoto.com) 30). (Fonte: istockphoto.com)

230 231
Arbustivas

ORIGEM: N (Nativa)
Na(Naturalizada)
C (Cultivada)
PORTE: A (Altura fase
adulta) x D (Diâmetro).

N° 31 32 33 34 35

Holmskioldia sanguinea
NOME CIENTÍFICO Duranta erecta L. Lantana camara L. Rosa x grandiflora Hort. Retz Ixora coccinea L.
[Verbenaceae] [Verbenaceae] [Rosaceae] [Lamiaceae] [Rubiaceae]

NOME POPULAR Rosa,


Pingo-de-ouro Cambará-amarelo Chapéu-chines Ixora-coral
Rosa arbustiva

ORIGEM Na Na C C C

PORTE (AXD) 1,50 x 1,00 2,00 x 0,60 2,00 x 0,50 5,00 x 3,00 3,00 x 0,50

ILUMINAÇÃO Pleno Sol Pleno Sol Pleno Sol Pleno Sol Pleno Sol

FLORAÇÃO Primavera Ano todo Ano todo Primavera Outono Inverno


Verão Verão

Maciço
Maciço Maciço Maciços
USO PAISAGISMO Renque Canteiro Isolado
Cerca-viva Cerca-viva
Renque

POLINIZADOR ou VISITANTE Abelha Abelha


Borboleta Borboleta Beija-flor Beija-flor
Beija-flor

Figura 80 - Mosaico de imagens de espécies arbustivas que atraem polinizadores. Crédito de imagens : 26) K.Samurkas; 27) Jian Yi Liu; 28) Wahid Hasyim Asyari29) Chi Wai Chevy Wan;
(Fonte: istockphoto.com) 30). (Fonte: istockphoto.com)

232 233
Arbóreas
e Palmáceas
ORIGEM: N (Nativa)
Na(Naturalizada)
C (Cultivada)
PORTE: A (Altura fase
adulta) x D (Diâmetro).

N° 36 37 38 39 40 41
Psidium cattleianum
Senna alata (L.) Roxb. Cordia superba Cordia ecalyculata Peltophorum dubium Psidium guajava
NOME CIENTÍFICO Sabine
[Solanaceae] [Boraginaceae] [Boraginaceae] [Fabaceae] [Myrtaceae]
[Myrtaceae]

Fedegoso
NOME POPULAR Cassia candelabro Araçá-amarelo Babosa branca Café de Bugre Canafístula Goiaba

ORIGEM N N N N N N

PORTE (AXD) 3,00 x 0,80 6,00 x 3,00 7,00 x 4,00 16,00 x 5,00 25,00 x 5,00 6,00 x 3,00

ILUMINAÇÃO Pleno Sol Pleno Sol Pleno Sol Pleno Sol Pleno Sol Pleno Sol

Inverno
Primavera Primavera Primavera
FLORAÇÃO Outono Primavera Verão
Verão Verão Verão
Verão

Isolado
Isolado Isolado Isolado Isolado Isolado Pomar
USO PAISAGISMO Bosque Bosque Bosque Bosque Renque Bosque

POLINIZADOR ou VISITANTE Abelha Abelha


Abelha Passáros Abelha Abelha Abelha Passáros

Figura 81 - Mosaico de imagens de espécies arbóreas e palmáceas que atraem polinizadores. Crédito de imagens : 36) Mansum008; 37) Oscar Yoshinori Toyofuku; 38) Nathalia de Franca Guimara-
(Fonte: istockphoto.com) es; 39) Walter Medina (CC) ; 40) Nataly Hanin; 41) Sommai photo. (Fonte: istockphoto.com)

234 235
Arbóreas e
Palmáceas
ORIGEM: N (Nativa)
Na(Naturalizada)
C (Cultivada)
PORTE: A (Altura fase
adulta) x D (Diâmetro).

N° 42 43 44 45 46

Eugenia brasiliensis Marlierea edulis Inga vera subsp. affinis Bauhinia forficata Paubrasilia echinata
NOME CIENTÍFICO [Myrtaceae] [Myrtaceae] [Fabaceae-Mimosoideae] [Fabaceae-Cercideae] [Fabaceae/Caesalpinioideae]

NOME POPULAR Grumixama Cambucá Ingá Pata de Vaca Pau-Brasil Ornamental

ORIGEM N N N N N

PORTE (AXD) 15,00 x 4,00 20,00 x 4,00 10,00 x 4,00 9,0 x 4,00 25,00 x 5,00

ILUMINAÇÃO Pleno Sol Pleno Sol Pleno Sol Pleno Sol Pleno Sol

Inverno
FLORAÇÃO Primavera Primavera Primavera Primavera
Primavera
Verão Verão Verão Verão
Verão

Isolado Isolado Isolado


USO PAISAGISMO Renque Pomar Isolado Renque Isolado
Mata Ciliar

POLINIZADOR ou VISITANTE Abelha


Pássaros Abelha Abelha Abelha Abelha

Figura 82 - Mosaico de imagens de espécies arbóreas e palmáceas que atraem polinizadores. Crédito de imagens : 42) Murilo Gualda ; 43) Nancy Ayumi; 44) g01xm; 45) Alfribeiro; 46); Julcéia Ca-
(Fonte: istockphoto.com) millo. (Fonte: istockphoto.com)

236 237
Arbóreas e
Palmáceas
ORIGEM: N (Nativa)
Na(Naturalizada)
C (Cultivada)
PORTE: A (Altura fase
adulta) x D (Diâmetro).

N° 47 48 49 50 51

Senna multijuga Libidibia ferrea Tibouchina mutabilis Syagrus romanzoffiana Euterpe edulis
NOME CIENTÍFICO [Fabaceae/Caesalpinioideae] [Fabaceae/Caesalpinioideae] [Melastomataceae] [Arecaceae] [Arecaceae]

NOME POPULAR Pau Cigarra Pau-Ferro Manacá-da-serra Jerivá Jussara

ORIGEM N N N N N

PORTE (AXD) 10,0 x 4,00 15,0 x 4,00 12,0 x 3,00 15,00 x 4,00 12,00 x 4,00

ILUMINAÇÃO Pleno Sol Pleno Sol Pleno Sol Pleno Sol Pleno Sol

Verão
FLORAÇÃO Primavera Primavera Primavera
Outono Verão
Verão Verão Verão
Inverno

Isolado Isolado Isolado Isolado


USO PAISAGISMO Renque Renque Renque Renque Isolado

Abelha
POLINIZADOR ou VISITANTE Abelha Pássaros
Abelha Abelha Abelha
Borboleta Pequenos
roedores Pássaros

Figura 83 - Mosaico de imagens de espécies arbóreas e palmáceas que atraem polinizadores. Crédito de imagens : 47) PeterEtchells; 48) Elis Cora ;49) Cassia Bars ; 50) Nancy Ayumi ; 51) Nancy
(Fonte: istockphoto.com) Ayumi. (Fonte: istockphoto.com)

238 239
Arbóreas e
Palmáceas
ORIGEM: N (Nativa)
Na(Naturalizada)
C (Cultivada)
PORTE: A (Altura fase
adulta) x D (Diâmetro).

N° 52 53

Mauritia Flexuosa Acrocomia aculeata


NOME CIENTÍFICO [Arecaceae] [Arecaceae]

NOME POPULAR Buriti Macaúba, Mucajá

ORIGEM N N

PORTE (AXD) 35,00 x 4,00 15,00 x 4,00

ILUMINAÇÃO Pleno Sol Pleno Sol

FLORAÇÃO Verão Primavera


Outono Verão

Isolado Isolado
USO PAISAGISMO Renque Renque

POLINIZADOR ou VISITANTE Pássaros Pássaros


Besouros Besouros

Figura 84 - Mosaico de imagens de espécies arbóreas e palmáceas que atraem polinizadores.


(Fonte: istockphoto.com)
Crédito de imagens : 52) Oscar Yoshinori Toyofuku; 53) Marianogueira. (Fonte: istockphoto.com)

240 241
Aquáticas e
Macrófitas
ORIGEM: N (Nativa)
Na(Naturalizada)
C (Cultivada)
PORTE: A (Altura fase
adulta) x D (Diâmetro).

N° 54 55 56 57 58

Cyperus papyrus L Thalia geniculata L. Canna indica L. Sagittaria montevidensis [Alis- Pontederia cordata [Commeli-
NOME CIENTÍFICO [Cannacea] mataceae] nales]
[Cyperaceae] [Marantaceae]

Beri, Biri, Sagitária


NOME POPULAR papirus Caeté Mururé, Aguapé
Bananeirinha Aguapé-de-flecha

ORIGEM Na N N N N

PORTE (AXD) 1,00 x 0,50 2,00 x 0,40 1,20 x 0,30 0,90 x 0,40 0,90 x 0,40

ILUMINAÇÃO Pleno Sol Pleno Sol


Pleno Sol Pleno Sol Pleno Sol
Meia sombra Meia Sombra
Primavera, Primavera
Primavera Primavera
FLORAÇÃO Verão Verão
Verão Verão Verão
Outono Outono
Maciços
Lagos Lagos
USO PAISAGISMO Bordaduras Lagos Lagos
Borda de Lagos Borda de Lagos
Renques

Abelha Borboleta
POLINIZADOR ou VISITANTE Beija-flor
Abelha
Beija Flor
Beija-flor Libélula Abelhas
Mariposa Morcego

A despeito das vantagens ecológicas das espécies citadas – seja pelas proprie-
RECOMENDAÇÕES dades de fitorremediação ou de atração e visitação de fauna polinizadora – é
DE MANEJO recomendável o monitoramento constante no intuito de identificar se há cres-
cimento anormal ou reprodução descontrolada, suas causas e se são necessá-
rias ações de manejo, como supressão ou substituição de espécies.

Figura 85 - Mosaico de imagens de aquáticas macrófitas que atraem polinizadores. Crédito de imagens: 54) Noppharat; 55)kendoNice; 56)Jobrestful; 57) shihina; 58) kj2011; 59)RPFer-
(Fonte: istockphoto.com) reira. (Fonte: istockphoto.com)

242 243
PASSO 4
Mensuração dos Serviços Ecossistêmicos e Benefícios Sociais Pós-Implantação.

Embora não haja unanimidade na comunidade


científica quanto ao entendimento das áreas
verdes urbanas como parte de um ecossistema,
é crescente o interesse na compreensão sobre
provisionamento dos serviços ecossistêmicos
por áreas verdes urbanas (SANDRE, 2022), par-
ticularmente dentro do contexto da rede de
infraestrutura verde de espaços livres públicos
(parques, florestas e praças urbanas e árvores
associadas ao sistema viário) e privados (áreas
ajardinadas privadas).

Este Catálogo considera a concepção de áreas


verdes urbanas como parte de um ecossistema
e, portanto, provêm serviços ecossistêmicos.
Nesse sentido, também considera que os dispo-
sitivos de SbN presentes em áreas verdes forne-
cem vários serviços ecossistêmicos, sejam eles
culturais, de provisão ou de regulação (Tabela
7), e que há uma complexidade inerente a sua
mensuração em áreas urbanas.

Figura 86: Fonte: Vasanth Babu, Pexels.

244 245
Variáveis para Mensuração dos Serviços TIPO DE SERVIÇO
Ecossistêmicos CATEGORIA DESCRIÇÃO
ECOSSISTÊMICO
O estudo de provisão de serviços ecossistêmi-
Recreação, espirituais, educacionais, Voltados à apreciação estética, valores
cos procura estimar o efeito positivo gerado
pelo projeto no incremento de processos eco- Culturais patrimônio. recreativos, educacionais, paisagens cultu-
ralmente importantes
lógicos benéficos para a sociedade humana
como, por exemplo, o aumento de sequestro
de carbono, a melhoria no conforto ambiental Alimentação. Plantas comestíveis
ou ainda o aperfeiçoamento da drenagem ur-
bana a partir da implantação de uma SbN. Provisão Presença de espécies com potencial uso
Fibra e energia. de madeira, combustível ou matéria-pri-
As estimativas de geração de benefícios por in- ma
cremento de serviços ecossistêmicos usualmen-
te envolvem a oferta potencial desses serviços Quantidade de água (diminuição do esco-
– enquanto a capacidade máxima hipotética amento superficial e dos riscos de inunda-
Regulação hídrica Água (Proteção contra
otimizada de uma área específica de fornecer ção)
inundações e alagamentos e melhoria
um conjunto específico de benefícios dentro Qualidade (Papel da biota e processos abi-
da qualidade).
de um determinado período. Esta variável dife- óticos na remoção ou quebra de matéria
re, por exemplo, da capacidade efetiva de uma orgânica, nutrientes xênicos e compostos)
área específica de fornecer um conjunto espe-
cífico de benefícios dentro de um determinado
período realmente utilizado (BURKHARD et al.,
2012); informação que só pode ser obtida me-
Redução da poluição
diante monitoramento detalhado dos proces-
Capacidade do ecossistema de extrair
sos ecológicos, algo nem sempre possível por Regulação da qualidade do ar.
substâncias químicas da atmosfera (ozô-
razões orçamentárias e operacionais.
nio, partículas sólidas)
As estimativas de benefícios advindos do incre-
mento da provisão de Serviços Ecossistêmicos
Influência dos ecossistemas na tempera-
por SbN, geralmente, vão se basear em simpli- Regulação do clima local. tura local por meio de cobertura vegetal.
ficações e aproximações, ainda que seja funda- Regulação
mental buscar-se a máxima redução das incer-
tezas durante este processo de inferência.

Neste âmbito, o sequestro e armazenamento Influência dos ecossistemas na tempera-


de carbono terrestre é talvez o mais ampla- tura global por meio de cobertura vegetal
mente reconhecido de todos os serviços ecos- Regulação do clima global. pela redução das concentrações de gases
sistêmicos (EGGLESTON, 2006). Para um cálculo de efeito estufa (enfoque exclusivo em
sequestro de carbono)

DESCRIÇÃO: Abundância e efetividade de agentes


Polinização e dispersão. polinizadores, possibilitando a fertilização
de flores e a produção de frutos, legumes
Tabela 7 - Serviços Ecossistêmicos urbanos rea- e grãos.
lizados por dispositivos de SbN em projetos de
infraestrutura verde em espaços livres. (Fonte:
SANDRE, 2022, baseados em de COSTANZA et Controle biológico de pragas Controle de pragas por regulação trófica
al., 2017). (ver ao lado)

246 247
detalhado de volume de carbono armazenado
FATORES QUE INDICADORES FUTUROS
e de taxas de sequestro de carbono, são ne- SERVIÇO
cessários estudos empíricos e equações ma- INFLUENCIAM A FATORES QUE INFLUENCIAM A OFERTA
ECOSSISTÊMICO
temáticas que levem em conta fatores como DEMANDA
arranjo de plantio urbano, efeito de borda e
de variabilidade de espécies e espécimes. Por Densidade populacional ex- Diferença de temperatura (C°) do ar e superfi-
exemplo, a capacidade de sequestro de carbo- posta a temperaturas extre- cial entre as áreas ensolaradas, sombreadas e/
no e interceptação de água da chuva de uma mas ou próximas a elementos hídricos
árvore variam não só conforme a espécie, mas Conforto Térmico
entre espécimes (tamanho da copa, maturida- e Ambiental 47 Diminuição da temperatura pela cobertura das
de, condições edáficas) e seu local de plantio. Temperatura equivalente árvores (°C)
É necessário entender, para tanto, no que di- percebida (TEP)
fere o retorno de um conjunto exclusivo de um Temperatura equivalente percebida (TEP)
elemento arbóreo a um conjunto com uma ri-
queza deles e quais são os melhores arranjos Quantidade de carbono (CO2) acima do solo
espaciais para cada uma das tipologias de SbN Aumento da emissão de
que absorvida e armazenada por árvores em
(por exemplo, jardins de chuva) para a biomas- gases relacionados ao efeito
termo de biomassa, teor de carbono (kg/espé-
sa (SANDRE, 2022). estufa
cie)
Redução da Concentração
Para simplificar o processo de geração de esti- de Gases do Efeito Estufa Redução de cobertura arbó-
mativas quantitativas dos processos de arma- rea urbana
zenagem e sequestro de carbono, podem ser Sequestro de carbono (kg.ano-1)
utilizados modelos que calculam os volumes Estocagem de carbono tCha-
armazenados e/ou as taxas de acúmulo de car- 1
bono na vegetação mediante a utilização de
Precipitação local e capacida- Proporção de Superfície permeável/imperme-
duas variáveis básicas: 1) os valores médios de
de de interceptação (m3a- ável de unidade homogênea de uso da terra
armazenagem de carbono para cada tipologia
no-1) em que a água não pode se infiltrar %
de SbN por unidade de área (valores obtidos na
literatura ou mediante mensurações em cam-
Capacidade de infiltração e Aumento da capacidade de infiltração e arma-
po) e 2) a extensão territorial da área sobre in-
armazenamento de água no zenamento de água no solo (mm); Capacidade
tervenção. Um exemplo é o modelo InVEST Car-
solo (mm); e de retenção de de retenção de água pelo solo da vegetação
bon Storage and Sequestration (TALLIS, 2010;
água pelo solo da vegetação (ton.km-2);
STANFORD UNIVERSITY, 2022), que pode consi-
(ton.km-2);
derar até 4 diferentes “reservatórios de carbo-
no” (biomassa acima do solo, biomassa abaixo Regulação de Inundações e Alto escoamento superficial Precipitação interceptada por árvores; Dimi-
do solo, solo e biomassa morta). Alagamentos (mm); nuição do Escoamento superficial (mm)

Já a interceptação das águas das chuvas varia Áreas expostas a inundações; Precipitação interceptada por árvores; Dimi-
conforme o arranjo do plantio de árvores, de nuição do Escoamento superficial (mm)
maneira que a copa reduz o escoamento su-
perficial e a erosão do solo pela amenização do População exposta ao risco
impacto das gotas das chuvas, e as raízes, que de inundação (% por unidade
de área) e contaminação das Fitorremediação (papel da biota e processos
águas pluviais e fluviais por de remoção ou quebra de matéria orgânica e
fontes pontuais ou difusas compostos)
DESCRIÇÃO:
Regulação da População exposta à concen-
Taxas anuais médias de remoção de poluentes
Tabela 8 - Descrição de Serviços Ecossistêmicos tração limiar de poluentes
Qualidade do Ar com aumento de cobertura arbórea (g/m2 e
por demanda e oferta de projeto de paisagem. (proximidade a fonte de
kg.ha-1 ano-1)
Fonte: SANDRE, 2022. (ver ao lado) emissão e sua intensidade)

248 249
crescem e se decompõem, aumentam a capa-
cidade de infiltração de água no solo e promo- FATORES QUE INDICADORES FUTUROS
SERVIÇO INFLUENCIAM A FATORES QUE INFLUENCIAM A OFERTA
vem sua purificação por percolação (XIAO et
al., 1998). A influência da vegetação no recebi- ECOSSISTÊMICO DEMANDA
mento e redistribuição das chuvas é significa-
tiva, dentro do contexto do balanço hídrico de
uma determinada área. As coberturas florestais
podem influenciar expressivamente na recarga
hídrica do solo, dependendo de fatores concor- Capacidade do uso do solo e de espaços livres
Regulação da Concentração, distribuição es-
rentes, como porosidade do solo, relevo, índice de interceptar a poluição enquanto obstáculo
pacial, obstáculos à dispersão
de umidade anterior, entre outros. Qualidade do Ar e fluxo de poluentes à dispersão

Uma vez que árvores isoladas têm maior proba-


bilidade de apresentar menor porcentagem de
interceptação (devido à velocidade do vento,
que diminui a precipitação interna em certos
locais abaixo da copa), sugere-se decrescer 15%
na sua capacidade em áreas urbanas (SANDRE,
2022).
*Conforto Térmico é quantificado como a redução na temperatura da superfície e do ar re-
Agrupamentos arbóreos tem a possibilidade de
sultante da presença de espaço livre verde, ou seja, a diferença entre as temperaturas mode-
alterar o microclima local (BROADBENT et al.,
ladas para a um espaço livre impermeável e um espaço verde. Uma série de variáveis pode
2018), ao devolverem, às camadas mais baixas
influenciar no conforto térmico. Monteiro e Alucci (2007) levanta o estado da arte das pes-
da atmosfera, a água da chuva na forma de va- *Conforto Térmico: quisas sobre conforto térmico em espaços abertos e selecionaram modelos desenvolvidos
por d’água, tornando as condições de umidade
especificamente para espaços abertos, apresentando um comparativo, criticam seu uso e
e temperatura mais confortáveis para as pesso-
adequação e analisam suas equações e etapas de cálculo (ex. temperatura equivalente fisio-
as.
lógica – Physiological Equivalent Temperature, PET de Höppe, 1999), ferramentas iniciais para
projeto de espaços abertos (ex. projeto Rediscovering the Urban Realm and Open Spaces –
O potencial da polinização é considerado como
RUROS).
Serviço Ecossistêmico, especialmente, quando
associado à produção de alimentos. A valoração
econômica global do serviço ecossistêmico da
polinização foi estimado mundialmente entre
US$ 235 bilhões e US$ 577 bilhões (POTTS et.al,
2016).

Na Tabela 8 são descritos os Serviços Ecossis-

MENSURAÇÃO DE BENEFÍCIOS
têmicos por demanda e oferta de projeto de
paisagem, considerando-se que a demanda
por Serviços Ecossistêmicos é a quantidade de
um serviço exigido ou desejado pela sociedade
(VILLAMAGNA et al., 2013).

47 A interceptação de carbono consiste na fração da precipitação retida nas folhas e ramos das árvores (que retorna à atmosfera como vapor);
a transprecipitação ou precipitação interna (que é a porção da chuva que atravessa o dossel, chegando ao solo na forma de gotas); escoamento pelo Benefícios para a Gestão Pública.
tronco; a precipitação efetiva é a soma desses dois últimos fluxos hídricos (ARCOVA et al., 2003). O cálculo da interceptação se dá pela subtração da Pre-
cipitação total (medida em terreno aberto) da precipitação interna (chuva que atinge o solo, tanto pelas gotas que passam diretamente pelas aberturas Benefícios Econômicos.
existentes entre as copas, como as que respingam dessas) e do escoamento pelo tronco das árvores. Benefícios Sociais.

250 251
Benefícios para a Gestão Pública. Benefícios Sociais

Considerando os benefícios para a gestão pública, a aplicação dos dis- O aumento de áreas verdes, mediante a implementação das Soluções
positivos deve atender aos parâmetros legais para a proteção ao meio baseadas na Natureza (SbN) – calçadas, canteiros, áreas residuais, pra-
ambiente ecologicamente equilibrado assegurado no artigo 225, da ças, rios, parques, entre outras – pode trazer diversos benefícios sociais
Constituição Federal de 1988. É fundamental recordar que União, Es- às comunidades residentes diretamente afetadas por tais intervenções,
tados, Distrito Federal e Municípios devem também combater a polui- bem como benefícios bastante concretos na escala dos municípios.
ção em qualquer de suas formas, o que reforça a exigência da adoção
dessas tipologias sempre que possível no âmbito da gestão urbana. Em Na escala local, os benefícios podem ser verificáveis no campo da mo-
detalhe, são indicados alguns benefícios diretos e indiretos do uso dos bilidade, saúde, educação formal e não formal, cultura, esportes e lazer
dispositivos para a gestão pública: e habitação:

• Possibilidade de preservar e restaurar os processos ecológicos essen- • Saúde: o estímulo às atividades físicas está relacionado ao combate
ciais e prover o manejo ecológico no âmbito da gestão urbana; ao sedentarismo, condição associada ao ambiente construído nas cida-
• Controle de atividades potencialmente causadoras de significativa de- des. Mais espaços verdes contribuem para mais uso do tempo livre com
gradação do meio ambiente; atividades físicas. Ademais, há aspectos da saúde que transcendem o
• Conhecimento e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que biológico, trazendo também aos moradores a “percepção” de bem-es-
promovam qualidade de vida e conservação do meio ambiente; tar que colabora com a saúde mental. Além disso, os espaços públicos
• Potencial para que sejam desenvolvidas ações de educação ambiental gerados por tais intervenções podem ser usados por programas muni-
junto aos gestores públicos; cipais de saúde da família, ligados às Unidades Básicas de Saúde (UBS)
• Defesa da fauna e da flora no contexto urbano locais, bem como aos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS).

Benefícios Econômicos • Educação formal e não formal: as Soluções Baseadas na Natureza são
campo fértil para o ensino formal, ao estimular a incorporação destas
No âmbito dos benefícios econômicos a implementação destas tipolo- discussões sobre o espaço físico local ao programa curricular das esco-
gias auxiliam os seguintes fatores: las em cada território. As mais diversas disciplinas do currículo escolar
podem incorporar conteúdos referentes à biologia, geografia/geologia,
• Redução dos custos de manutenção da paisagem, pois ao se utilizar matemática, história, educação física, artes, língua portuguesa, dentre
espécies adequadas e já adaptadas ao clima e solo locais (preferencial- outras, tendo como referência as intervenções de SbN realizadas em
mente nativas), tende-se a ter menor necessidade de cuidados a médio cada território. Além disso, as associações locais, por meio de ativi-
e longo prazo; dades de educação não formal, podem estimular o uso dos espaços e
• Melhorias na ambiência, paisagem e qualidade de vida local, valo- o cuidado, gerando sentimento de pertencimento, por meio de pro-
rizando, assim, propriedades privadas e públicas que estão próximas gramas que atinjam desde crianças, adolescentes, jovens, adultos até
destas localidades; idosos: festas, eventos temáticos, atividades comunitárias, grupos de
• Possibilidade de diversificação de usos por diferentes órgãos da ges- atividades temáticas (skate, hip-hop, grafite, futebol, basquete e outras
tão pública municipal, ligados aos temas de saúde, educação, e outros, atividades esportivas). Dentre outras estratégias de educação não for-
auxiliando no desenvolvimento urbano; mal, estas são realizáveis nestes espaços gerados, bem como em hortas
• Oportunidade para utilização das SbN, como parques lineares, em urbanas, espaços de permacultura e agroecologia urbanas, dentre ou-
eventos públicos e privados, que movimentam a economia local (prin- tras atividades.
cipalmente o comércio);
• Atração de empresas e investidores pela melhoria de aspectos paisa- • Cultura, esportes e lazer: mais espaços verdes nos quais a população
gísticos e aumento da qualidade de vida locais; possa estabelecer vínculos de sociabilidade estimulam a participação
• Redução nos gastos públicos com mitigação de alagamentos, a exem- cultural, as atividades esportivas e o uso mais diversificado do tempo
plo da possibilidade de infiltração e redução da velocidade do escoa- livre por meio de diversos lazeres. Os espaços gerados por tais inter-
mento superficial e resolução de demais transtornos usualmente vistos venções podem se articular com os grupos culturais e equipamentos
em dias de chuvas intensas nas cidades, que impactam diretamente nos públicos locais, e promover o cuidado com o espaço por meio do uso
custos de diversos setores dos municípios para retomar ao estágio de público.
normalidade, notadamente os setores de comércio e de prestação de
serviços. • Habitação: os espaços públicos gerados podem levar a uma maior
percepção de bem viver na localidade, desde que outras políticas urba-

252 253
nas estejam articuladas: coleta e tratamento de equipamentos de cultura, esportes e lazer já Os ODS abrangem as dimensões ambiental,
resíduos sólidos, esgotamento sanitário, limpe- existentes no território. econômica e social do desenvolvimento sus-
za urbana, calçamento de ruas e instalação de tentável (BRASIL, 2023) 48; cada país possui suas
equipamentos públicos: escolas, creches, cen- Cabe destacar que tais benefícios sociais das metas nacionais considerando suas circunstân-
tros de saúde, dentre outros. SbN se dão, quando elas são articuladas a polí- cias e devem incorporar medidas, ações e pro-
ticas públicas e planos urbanísticos. jetos em políticas, programas e planos de go-
Na escala municipal, esses benefícios locais po- verno.
dem contribuir com a construção de um mu- Objetivos de Desenvolvimento Sustentá-
nicípio mais resiliente às mudanças climáticas, vel (ODS) e as SbN Os dispositivos de SbN apresentados neste Ca-
com maior qualidade de vida e com um maior tálogo estão relacionadas diretamente aos 6
sentimento de pertencimento de seus mora- Em setembro de 2015 os 193 Estados membros Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, a
dores. A geração de mais espaços verdes no da ONU, incluindo o Brasil, se comprometeram seguir elencados: (ver diagrama abaixo)
município contribui também com soluções de a um Plano de Ação universal, até o ano de O grau de interação de cada dispositivo de SbN
políticas públicas locais e intersetoriais, fazen- 2030, para sanar questões de diversos setores com essas ODS podem variar de Baixa Intera-
do com que a ação do poder público municipal como: pobreza, fome, miséria, desigualdades, ção a Média e Alta Interação, como descrito na
seja mais efetiva, eficaz e eficiente. doenças, violência, desemprego, degradação Tabela 9.
ambiental, esgotamento de recursos naturais,

OBJETIVOS DE
Espaços verdes auxiliam na integração de pro- entre outros.
postas de saúde, educação, cultura, espor- Estes compromissos estão vinculados a um to-
tes e lazer e podem promover uma ação mais
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
tal de 17 objetivos – os Objetivos de Desenvol-
consistente dos programas das escolas públi- vimento Sustentável – e 169 metas a serem al-
cas locais, unidades básicas de saúde e outros cançadas até a Agenda 2030.

• ODS 3 - BOA SAÚDE E BEM- • ODS 6 - ÁGUA POTÁVEL E • ODS 11 - CIDADES E COMU- • ODS 13 - AÇÃO CONTRA A • ODS 14 - VIDA NA ÁGUA: • ODS 15 - VIDA TERRESTRE:
-ESTAR: Assegurar uma vida SANEAMENTO: Garantir dis- NIDADES SUSTENTÁVEIS: Tor- MUDANÇA GLOBAL DO CLI- Conservação e uso sustentá- Proteger, recuperar e pro-
saudável e promover o bem- ponibilidade e manejo sus- nar as cidades e os assenta- MA: Tomar medidas urgentes vel dos oceanos, dos mares e mover o uso sustentável dos
-estar para todos, em todas tentável da água e sanea- mentos humanos inclusivos, para combater a mudança do dos recursos marinhos para o ecossistemas terrestres, ge-
as idades. mento para todos seguros, resilientes e susten- clima e seus impactos. desenvolvimento sustentável rir de forma sustentável as
táveis. florestas, combater a deser-
tificação, deter e reverter a
48 Informações da página Indicadores Brasileiros para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável do Instituto Brasileiro de Geografia e Esta- degradação da terra e deter
tística (IBGE). Disponível em: https://odsbrasil.gov.br/home/agenda a perda de biodiversidade.

254 255
SISTEMAS OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
MODULARES DE ODS6 ODS11 ODS13
ODS3 SAÚDE E ODS14 ODS15
SBN BEM-ESTAR
ÁGUA POTÁVEL E CIDADES E COMUNIDADES AÇÃO CONTRA A MUDANÇA
VIDA NA ÁGUA VIDA TERRESTRE
SANEAMENTO SUSTENTÁVEIS GLOBAL DO CLIMA
TIPOLOGIAS
Jardim de chuva

Canteiro Pluvial

Biovaleta

Terraço de chuva

Escada hidráulica
vegetada
Poço de
infiltração
Bacia de
Detenção

Bacia de
Retenção
Bacia de
Infiltração

Wetlands

Reservatório Anfíbio

Polder Vegetado

Step Pool

DESCRIÇÃO: LEGENDA:
Grau de interação entre dispositivo
e ODS
Alta
Tabela 9 - Grau de interação entre dispositivo Média
do Sistema Modular de SbN e ODS(ver acima) Baixa

256 257
CAPÍTULO 2
Panorama das SbN no Brasil:
Desafios para Implantação e Estudos de Caso.

Nos últimos anos, tem havido um aumento significativo nos projetos de Soluções baseadas na Na-
tureza (SbN) no contexto brasileiro. Essas soluções representam uma abordagem inovadora que visa
proteger os ecossistemas e a sua biodiversidade diante dos desafios das mudanças climáticas e da
degradação ambiental.

Os projetos abrangem uma ampla gama de A sociedade brasileira é rica em diversidade de


estratégias e técnicas que utilizam os conheci- formas de convivência com o território. Nos
mentos fornecidos pela natureza para resolver centros urbanos, por exemplo, boa parte da
desafios socioambientais. No contexto brasi- população carece da convivência cotidiana com
leiro, as SbN têm demonstrado seu potencial áreas verdes e, muitas vezes, não têm uma re-
de não apenas promover a conservação da lação simbólica e afetiva com as águas fluviais
biodiversidade, mas também gerar benefícios e menos ainda com as águas pluviais. Projetos
econômicos, sociais e culturais para as comu- que propõem criar áreas de lagos, reabrir cór-
nidades locais, conforme já apontado ao longo regos ou optar por não impermeabilizar suas
deste Catálogo. margens podem ser vistos com desconfiança
pela população. Na cidade de São Paulo, por
Assim, o avanço das SbN no Brasil reflete um exemplo, no imaginário do paulistano, as águas
compromisso crescente com a proteção am- são vinculadas ao esgoto e às inundações.
biental e o desenvolvimento sustentável. A in-
corporação dessas abordagens inovadoras em Há que se construir um cenário de reeducação
políticas públicas e práticas de planejamento ambiental especialmente voltado à importância
urbano é fundamental para enfrentar os de- dos fluxos naturais no ambiente urbano e do
safios atuais e criar cidades mais resilientes às protagonismo da água nas cidades. Os projetos
mudanças climáticas e aos eventos de chuva de SbN devem primar por convidar o sujeito a
extremos, por exemplo. realizar o percurso das águas, em uma cami-
nhada de descobertas e reflexão sobre o trajeto
Apesar de diversos projetos terem seguido e se que as águas revelam: por que não contemplar
inspirado em casos de sucesso pelo mundo, no- os córregos e, por um instante, parar e ouvir o
ta-se que cada cenário tem suas peculiaridades som das suas águas?
que vão além da parte técnica e das áreas de
implantação das tipologias. É necessário con- Para além dos muitos benefícios estruturais re-
siderar o cenário social, econômico e cultural, lacionados às questões hídricas e de conforto
as questões climáticas e ambientais locais e térmico, a abertura de um córrego na cidade
focalizar não apenas no cenário nacional mais é uma forma de reconectar simbolicamente as
abrangente, mas, em igual medida, no regional pessoas à água. A visualização de um córrego,
e em diferentes escalas de projeto. Isso porque, com a vegetação de suas margens recuperadas,
no Brasil, há uma diversidade de biomas, tipos é um trabalho pedagógico que objetiva retomar
de solo, fauna e também estruturas políticas, a consciência da população sobre o lugar que
administrativas e culturais, que interferem di- habitam. É relevante associar ao movimento de
retamente na implantação e manutenção das lazer e contemplação, no imaginário da popu-
tipologias. lação, a presença possível dos córregos, rios e
riachos no cotidiano da cidade, e não mais re-

258 259
legá-los ao esquecimento ou ao esgotamento
sanitário (FCTH, 2021).

Com o objetivo de avaliar o panorama de pro-


jetos brasileiros de SbN e os desafios para sua
implantação, neste capítulo são apresentados
casos das cidades de Belo Horizonte, Londri-
na, São Paulo, Rio de Janeiro, que constituem
modelos de aplicação em diversas escalas de
planejamento e projeto. Como veremos nos es-
tudos de caso deste capítulo, em cidades como
Londrina, as pessoas convivem com os parques
em fundos de vale e estão acostumados com a
presença permanente dos rios, lá a necessida-
de passa a ser a preservação e a importância da
vegetação nativa ser mantida e cultivada.

Quanto aos desafios administrativos de im-


plantação e gestão das SbN, como veremos,
estes são comuns em muitas cidades brasilei-
ras. Esses desafios são atinentes não somente
ao ato de convencer os tomadores de decisão
de prefeituras a adotarem SbN, mas também,
durante a implantação, de adotarem mudanças
de paradigma usuais do direcionamento do es-
coamento superficial das águas. Por exemplo,
na execução de jardins de chuva em São Pau-
lo, verifica-se a dificuldade do corpo técnico da
Prefeitura em aceitar mudanças simples, como
manter o nível da terra abaixo do padrão do
passeio e remover as guias, que são usuais em
canteiros de calçadas, para eles havia o grande
receio de que as águas pluviais destruíssem os
jardins.

Em muitas cidades, a proposição de materiais


diferentes ao concreto nas margens dos córre- Figura 87: Projeto de Revitalização da Lagoa de Piratininga, Rio de Janeiro. Desenvolvido por Embya Paisagem e Ecossistemas.
gos enfrenta dificuldade de aceitação. É neces-
sário um diálogo permanente com os atores e
tomadores de decisão e apresentação de estu- Nesse âmbito, é possível observar uma plura- sentido, torna-se patente a necessidade de que do realizados por todo país, e identificados pelo
dos científicos comprobatórios de que o plan- lidade de políticas públicas que fundamentam suas operações envolvam diferentes autorida- Observatório de Inovação para Cidades Susten-
tio adequado de espécies pode ser suficiente as operações das SbN49. Do ponto de vista ju- des e instrumentos legais próprios (como leis, táveis vale destacar duas iniciativas:
para garantir a estabilidade das margens e a rídico, é importante lembrar a abrangência das decretos, resoluções entre outros) e direcio-
boa qualidade das águas. Por outro lado, a po- políticas públicas para o desenvolvimento urba- nem uma gestão ambiental inclusiva. • Plano Recife 500 Anos – sustentabilidade ur-
pulação local deve compreender e reconhecer no sustentável por meio da utilização das SbN, No âmbito municipal, a depender da cidade e bana para adaptação às mudanças climáticas
a importância da recuperação das margens dos e tendo em vista que as Políticas Ambientais e da previsão do Plano Diretor, é possível obser- através de projetos de urbanização, mobilidade
córregos e, para tanto, é necessário um traba- Urbanísticas , possuem competência compar- var o desenvolvimento de uma política ambien- e habitação. Inclui as ações de urbanização no
lho de conscientização a respeito da vegetação tilhada, ou seja, comum à esfera federal (eg. tal municipal que busca preservar o meio am- Rio Capibaribe, projeto Parque Capibaribe, bar-
a ser mantida, para que possam confiar na es- Política Nacional do Meio Ambiente), estadual biente a partir das SbN. co movido à energia solar e jardins Filtrantes;
trutura a ser implantada. (eg. Código Estadual do Meio Ambiente) e mu-
nicipal (eg. Política Ambiental Municipal). Nesse Entre as ações e projetos de SbN que estão sen- • Projeto Parque Orla de Piratininga em Niterói,

260 261
Rio de Janeiro – o projeto é financiado pelo
banco CAF e pela Prefeitura Municipal, dentro
do Programa Niterói PROSustentável. Contem-
pla a criação de um parque linear que recupera
a qualidade ambiental da lagoa e se torna um
pólo de socialização e desenvolvimento de cul-
tura e educação ambiental.

No âmbito municipal, algumas iniciativas e de-


cisões da Administração pública, contemplam a
adoção de SbNs (EVERS, et al 2022):

• Rio de Janeiro, Rio de Janeiro: jardins de chu-


va de Copacabana;
• São Paulo, São Paulo: a cidade ultrapassou a
marca de 200 jardins de chuva53 - Lei municipal
nº 17.578/2021;
• Belo Horizonte, Minas Gerais: 3 jardins de
chuva implementados e 60 em implementa-
ção. São previstos criação de parques lineares
e arborização no plano diretor de 2019 - Lei nº
11.181, de 8 de agosto de 2019;
• Campinas, São Paulo: implementação de
parques lineares, corredores ecológicos e
arborização urbana – Decretos Municipais:
nº19.167/15, nº19.173/16 nº 19.226/16 e Re-
solução 03/2018;
• Contagem, Minas Gerais: implementação de
jardim de chuva – Projeto Interct Bio – ICLEI;
• Fortaleza, Ceará: implementação de parque
linear Raquel de Queiroz Decreto Municipal nº
13.764/2016;
• Salvador, Bahia: implementação de telhados
verdes – Decreto Municipal 29.100/2017;
• Sobral, Ceará: Parque Pajeú, que representa
uma solução completa de demanda ambiental
com urbanização, com jardim filtrante, trata- Figura 88: Projeto de Revitalização da Lagoa de Piratininga, Rio de Janeiro. Desenvolvido por Embya Paisagem e Ecossistemas.
mento de esgoto e outras soluções de SbN - Lei
Complementar 60/2018;
• Goiânia, Goiás: implementação de jardins de A integração com demais secretarias, como as regionais direcionam a discussão por diferen-
chuva – Decreto Municipal 2.887/2019. de obras e infraestrutura, mostra-se um cami- tes caminhos. Outras características também
nho importante para a promoção de interdis- impactam no desenvolvimento das Políticas Rio de Janeiro
Nota-se que o poder público municipal tem ciplinaridade das políticas públicas, e pode ser Públicas, tais como, o orçamento municipal, a
atuado de forma local através de medidas ad- realizada por meio de instrumentos legais de renda econômica da população, a mobilização
ministrativas que visam à aplicação de SbNs em planejamento urbano, que visem a manuten- da sociedade civil em torno do tema, as áreas
políticas urbanas sustentáveis, através da inte- ção do ecossistema urbano de maneira equili- prioritárias para conservação, entre outras ca-
ração entre planos diretores, planos municipais brada e menos degradada com a participação racterísticas que compõem a municipalidade
de ação climática e da atuação das Secretarias da sociedade civil, por meio de consultas e au- regional. Por essa razão, as políticas públicas
de Meio Ambiente54. diências públicas. devem ser criadas de forma integrada e coorde-
nada entre os diferentes entes federais do país.
As diferentes necessidades e características

262 263
Em suma, observa-se a importância da promo-
ção de políticas públicas municipais que visem à
implementação das SbNs através de sua incor-
poração aos planos diretores, constituintes do
principal instrumento de gestão administrativa
municipal, além de integrar as diferentes secre-
tarias de modo a efetivar a gestão ambiental.
As SbNs se constituem como o meio de desen-
volvimento sustentável mais alinhado aos ob-
jetivos contemporâneos de desenvolvimento
urbano através de um ecossistema resiliente
devidamente amparado por uma estrutura ju-
rídica que o efetive.

49 É possível compreender as políticas públicas como respostas às necessidades sociais e ambientais através de ações do Estado por meio de
programas, ações, leis e outros atos normativos. É imprescindível que a estrutura de elaboração de uma política pública considere aspectos funcionais
e sequenciais para que possam atender o bem comum e cumprir a sua função originária, além de possuir previsão legal. Desse modo a relação entre o
Estado e a sociedade constituem o centro de formação das políticas públicas e o seu acompanhamento vigilante durante suas execuções e reformula-
ções.
50 No âmbito do Direito Ambiental cuja relação jurídica se dá entre o homem e meio ambiente através de mecanismos diretivos, cogentes,
proibitivos e sancionatórios, a Constituição Federal em seu dispositivo 225, define o meio ambiente como um bem jurídico de uso comum da sociedade,
que precisa ser equilibrado e protegido para que possa garantir qualidade de vida necessárias à população, de forma que direciona a ação do Poder
Público em conjunto com a sociedade para o dever de preservar e defender esse bem, e um dos meios para instrumentalizar esse preceito constitucional
é através das políticas públicas, que devem ser realizadas no âmbito federal, estadual e municipal.
51 Com relação à matéria urbanística, cujo objeto é intervenção estatal orientada a ordenar os espaços habitáveis (SILVA, José Afonso da. Direito
Urbanístico Brasileiro. 5ed. São Paulo: Malheiros, 2006, p.44.), busca-se atender à coletividade sempre respeitando a legalidade do estatuto jurídico. Sob
esse aspecto o artigo 182 da Constituição Federal estabelece que a política urbana deverá ser executada no âmbito municipal com objetivo de resguar-
dar as garantias de bem-estar social e cumprir a função social das cidades. O Estatuto da Cidade, Lei nº 10.257/ 2001, regulamenta os artigos os 182 e
183 da Constituição Federal ao estabelecer as diretrizes gerais da política urbana, para a qual ressalta-se a garantia do direito a cidades sustentáveis em
seu artigo 2º, inciso I, o estabelecimento dos planos diretores municipais como instrumentos de viabilização das políticas públicas urbanas municipais,
em seu artigo 4º, inciso I e participação social como fator da gestão democrática dos projetos de desenvolvimento urbano, no mesmo artigo 2º, inciso
II.
52 Disponível em: <https://oics.cgee.org.br/> Acesso 10 out. 2022
53 Informação divulgada pela Prefeitura de São Paulo em seu site.
54 O Estatuto da Cidade (Lei nº 10.257/ 2001) regulamenta os artigos os 182 e 183 da Constituição Federal ao estabelecer as diretrizes gerais
da política urbana, para qual ressalta-se a garantia do direito a cidades sustentáveis em seu artigo 2º, inciso I, o estabelecimento dos planos diretores
municipais como instrumentos de viabilização das políticas públicas urbanas municipais, em seu artigo 4º, inciso I e participação social como fator da
gestão democrática dos projetos de desenvolvimento urbano, no mesmo artigo 2º, inciso II.

264 265
Projeto na cidade de
São Paulo | SP

Figura 89: Imagem de satélite da cidade de São Paulo. Fonte: Google Earth.

266 267
VES et al., 2018). Nesse âmbito, a Área de In-
filtração do Saracura atua como um sistema de
FICHA TÉCNICA: reservação e infiltração descentralizada, que
retarda e diminui o escoamento superficial con-
Área de Infiltração Saracura, Bacia hidrográ- tribuindo para minimizar inundações a jusante.
fica do Anhangabaú Além disso, essa solução apresenta ainda o be-
nefício de ser mais simples de ser construída
Caderno de Drenagem da Bacia hidrográfica quando comparada a medidas estruturais con-
do Anhangabaú, 2021 vencionais.
Autores: Guajava Arquitetura da Paisagem
e Urbanismo, responsável pelo projeto, jun- Parte superior do formulário
to a Fundação Centro Tecnológico Hidráulica
(FCTH) e a Prefeitura de São Paulo Desta forma, o projeto, localizado nos arredo-
res da Av. Nove de Julho, foi concebido enquan-
to um modelo de retardamento do escoamento
de águas pluviais. Para tanto, foi realizado um
diagnóstico que primou por selecionar o dis-
A cidade de São Paulo tem projetos importan- positivo de SbN ideal a cada trecho do projeto
tes vinculados à implantação de SbN. Muitos considerando sua adequação frente a declivida-
deles fazem parte dos Cadernos de Drenagem, de da rua e do talude, bem como do tipo de
desenvolvidos pela Fundação do Centro Tecno- solo e permeabilidade.
lógico de Hidráulica (FCTH) para a Secretaria
Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras Iniciado um evento de chuva, as águas plu-
(Siurb). Tais cadernos vão além de simples pla- viais percorrerão as biovaletas, localizadas às
nos diretores de drenagem pois, além de pro- ruas Eng. Monlevade e Prof. Picarolo, com seu
porem e estabelecerem graus de prioridade e escoamento superficial retardado em vista de
risco relacionados a obras hidráulicas para o pequenas barreiras inseridas neste dispositivo.
controle de inundações, apresentam interven- Uma vez na Nove de Julho, as águas são des-
ções com ganhos ambientais, tecnológicos e tinadas à galeria de águas pluviais sob o leito
urbanísticos, apostando em soluções de drena- carroçável.
gem urbana sustentável e multidisciplinar.
Em momentos de chuva extremos, o escoamen-
Um dos projetos de destaque é a Área de Infil- to superficial das biovaletas será direcionado a
tração Saracura. O projeto localiza-se na bacia poços de infiltração localizados sob as calçadas
hidrográfica do córrego Anhangabaú que sofre das ruas supracitadas. Para permitir que a água
constantemente com inundações próximas à infiltre no solo, tais poços são perfurados em
foz do Saracura. São vários os fatores que con- suas paredes laterais e abertos no fundo. Ainda,
tribuem para a recorrência destes eventos: a são previstas pedras no entorno das paredes do
alta impermeabilização do solo; a canalização poço para otimizar a infiltração da água. Caso
massiva dos córregos; idade e capacidade de ocorra um evento de chuva em dias subsequen-
escoamento da infraestrutura de drenagem, tes, o que ocasionará um aumento do grau de
com risco de ruína. saturação do solo, um extravasor permitirá es-
coar a água por entre os poços e depois para a
De forma a solucionar esta situação, medidas galeria de águas pluviais da Av. Nove de Julho.
estruturais de utilização de reservatórios, em-
bora necessários na bacia do Anhangabaú em Simultaneamente, os terraços de chuva, en-
função da gravidade do problema, têm apre- quanto dispositivos de SbN localizados em am-
sentado entraves à sua construção devido ao bos os taludes, atuam de forma a retardar o es-
grande impacto que confeririam, por exemplo, coamento superficial das águas pluviais para o
no sistema de transportes da região durante a fundo de vale. Para conter a água, aproveita-se Figura 90: Planta da Área de infiltração Saracura localizando os dispositivos de infraestrutura verde: biovaletas, terraços de chuva,
etapa de construção das estruturas (GONÇAL- poços de infiltração, canteiro pluvial e reservatório subterrâneo (Fonte: Prefeitura de São Paulo, FCTH, 2021)..

268 269
a declividade do terreno junto a uma contenção
de pedras que acompanha as curvas de nível.
Quando a água atinge o nível máximo do terra-
ço é encaminhada para biovaletas que a levam
para o terraço de chuva seguinte.

TERRACEAMENTO
Uma vez na Av. Nove de Julho, as águas pluviais
encaminham-se para um reservatório estanque
sob as calçadas de ambos os lados da avenida.
Após, passam por um filtro de areia grossa e
brita e são direcionadas ao sistema de águas
pluviais. Destaca-se que tal reservatório é ve-
dado pois o solo do fundo de vale não é ideal
para infiltração das águas pluviais. Por fim, ao
centro da Av. Nove de Julho é inserido um can-
teiro pluvial com barreiras para direcionar e di- JARDIM DE CHUVA
minuir a velocidade do escoamento superficial
das águas de chuva.

Gonçalves et al (2018), estimaram que é possível


conter o volume de 4 mil m³ de águas pluviais a
partir da construção de 7 mil m³ de dispositivos
de IV. Os autores concluíram que o projeto é efi-
caz em reduzir o volume do escoamento exce-
dente para TR 2, com melhorias previstas tanto COLCOAR EM ALTA RE-
na mancha de inundação à montante da Praça
Quatorze Bis, quanto nos resultados verificados OSLUÇÃO
nos hidrogramas. 55 JARDIM DE CHUVA

TERRACEAMENTO

DESCRIÇÃO:
TUBÕES

Tabela. Precipitação total acumulada nos dispo-


sitivos de infraestrutura verde com chuva de TR
2. Para mais detalhes dos cálculos hidráulicos
ver Gonçalves. Fonte: Gonçalves et al. (2018)
Figura 91: Detalhamento da localização dos dispositivos de infraestrutura verde e escoamento superficial (Fonte: Prefeitura de São
(ver abaixo) Paulo, FCTH, 2021).

VOLUME DE VAZIOS (M²) -


DISPOSITIVO LOCAL QUANTIDADE PROFUNDIDADE (m) ÁREA UNITÁRIA (M²) ÁREA TOTAL (M²) TIPOLOGIA PCSWMM - MÉTODO I MÉTODO II

Reservatórios sob a calçada Av. Nove de Julho 2 2 600 1200 Cisterna (dispositivo impermeável) 1650
Poços de infiltração R. Prof. Picarolo e Eng. Monlevada 23 5 12.25 282 Trincheira de infiltração 1400
Terraços de chuva R. Prof. Picarolo e Eng. Monlevada 9 1 80 720 Trincheira de infiltração 520
Canteiro pluvial Av. Nove de Julho 1 1.3 510 510 Trincheira de infiltração 270
Jardim de chuva Rotatória da R. Carlos Comenale 1 3 170 170 Jardim de chuva 230
Biovaletas R. Prof. Picarolo e Eng. Monlevada 4 0.4 230 920 Biovaleta -
Total: 40 1.602 3802 4070

270 271
De forma a promover uma dimensão didática nível máximo de um terraço, ela é encaminha-
para o projeto, foram inseridos caminhos no da para biovaletas que a levam para o terraço
talude para que a população possa visualizar o de chuva seguinte. Uma vez na Avenida Nove
funcionamento do modelo. Ainda, este local é de Julho, as águas pluviais encaminham-se
um importante marco turístico de São Paulo que para um reservatório estanque sob as calçadas
tem nas suas imediações o Museu de Arte de de ambos os lados da avenida. Depois disso,
São Paulo Assis Chateaubriand (MASP), proje- passam por um filtro de areia grossa e brita e
tado pela arquiteta Lina Bo Bardi. Sob o museu, são direcionadas ao sistema de águas pluviais.
onde aos domingos ocorre uma feira de antigui- Destaca-se que tal reservatório é impermeável,
dades, será possível contemplar o modelo de pois o solo do fundo de vale não é ideal para
infiltração proposto. Outro ponto de destaque infiltração das águas pluviais.
é o Mirante Nove de Julho onde, atualmente, é
localizado um café que atrai inúmeros turistas Por fim, ao centro da Avenida Nove de Julho, é
em busca de um local para avistar o vale. inserido um canteiro pluvial com barreiras para
direcionar e diminuir a velocidade do escoa-
Esses dispositivos associam medidas de reten- mento superficial.
ção e de infiltração, devidamente dimensiona-
das para proporcionar o abatimento das cheias. Para se promover uma dimensão didática para
Iniciado um evento de chuva, as águas pluviais o projeto, foram inseridos caminhos no talude
percorrem as biovaletas, localizadas nas ruas para que a população possa visualizar seu fun-
Figura 92: Corte do projeto, destaque para o novo dispositivo de infraestrutura verde: terraço de chuva (Fonte: Prefeitura de São Paulo,
Eng. Monlevade e Prof. Picarolo, tendo a veloci- cionamento. 56
FCTH, 2021). dade reduzida por meio de pequenas barreiras
inseridas neste dispositivo. O escoamento su-
perficial das biovaletas, por sua vez, será dire-
cionado a poços de infiltração localizados sob
as calçadas e, também, para as biovaletas, po-
sicionadas nos taludes, que irão conduzir parte
desse escoamento para os terraços de chuva.

Para permitir que a água infiltre no solo, os po-


ços de infiltração são perfurados em suas pa-
redes laterais e abertos no fundo. Ainda são
previstas pedras no entorno das paredes, para
potencializar a infiltração da água. Um extrava-
sor permitirá o escoamento da água por entre
os poços para a galeria de águas pluviais da
Avenida Nove de Julho e, também, para o terra-
ceamento nos taludes.

Os terraços de chuva, dispositivo de infraestru-


tura verde localizado em ambos os taludes da
Avenida Nove de Julho, foram projetados de
forma a retardar o escoamento superficial.
Figura 93: Perspectiva dos dispositivos de infraestrutura verde, com foco no terraço de chuva e nas biovaletas. (Fonte: Prefeitura de Para conter a água, aproveita-se a declividade
São Paulo, FCTH, 2021). do terreno junto a uma contenção de pedras
que acompanha as curvas de nível, delineando
os terraços de chuva. Quando a água atinge o

55 Os dados foram calculados a partir do diagnóstico da bacia hidrográfica, calibrado do modelo hidráulico-hidrológico PCSWMM com os dados
de monitoramento fluviométrico medidos no posto da Av. Nove de Julho, e da simulação de dispositivos IV. Para detalhes ver Gonçalves et al (2018).
56 Mais informações estão detalhadas em vídeo, disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=pvHbSSmWyB8&t=4s

272 273
Projeto na cidade de
Belo Horizonte | MG

Figura 94: Imagem de satélite da cidade de Belo Horizonte. Fonte: Google Earth.

274 275
sante. A água percola por entre o sistema em
uma série de pequenas bacias que permitem
FICHA TÉCNICA: sua detenção temporária, que é então gradual-
mente infiltrada no solo ou direcionada para a
Jardim de chuva da Lagoa do Nado lagoa existente no parque.

Iniciativa: Projeto INTERACT-BIO implementa- Além de cumprir sua função principal de geren-
do pelo ICLEI (do inglês, International Council ciamento das águas pluviais, o Jardim de Chuva
for Environmental Initiatives), Governos Locais no Parque Lagoa do Nado também apresenta
pela Sustentabilidade e o Ministério do Meio outros benefícios. Ele contribui para a melho-
Ambiente, Proteção da Natureza e Segurança ria da qualidade da água, uma vez que a água é
Nuclear do Governo da Alemanha e Prefeitura filtrada e tratada pelos materiais e plantas pre-
de Belo Horizonte sentes no jardim. Além disso, o projeto valori-
Autores: Arquitetura da paisagem – Guajava za o aspecto estético e paisagístico do parque,
Arquitetura da Paisagem e Urbanismo e pro- integrando-se harmoniosamente ao ambiente
fessores Paulo Pellegrino e Silvio Motta; Enge- e oferecendo um espaço agradável para os vi-
nharia Civil – Geasa Engenharia sitantes.

O Jardim de Chuva no Parque Lagoa do Nado


é um exemplo bem-sucedido de como as So-
luções baseadas na Natureza podem ser im-
A cidade de Belo Horizonte é frequentemente plementadas em áreas urbanas para lidar com
citada como referência em SbN devido às suas os desafios relacionados às águas pluviais. Ele
iniciativas e práticas inovadoras no campo da demonstra a importância de integrar a natu-
gestão sustentável de recursos hídricos e am- reza ao planejamento urbano, promovendo a
bientais. Essas iniciativas demonstrando os be- sustentabilidade ambiental e proporcionando
nefícios sociais, econômicos e ambientais que benefícios tanto para o meio ambiente quanto
podem ser alcançados por meio da integração para a comunidade local.
de estratégias de SbN no planejamento urbano.

Um de seus projetos icônicos é o jardim de chu-


va do Parque Lagoa do Nado. O parque, loca-
lizado na região norte da cidade, possui uma
área de aproximadamente 300 mil m² e é uma
importante área de lazer e preservação am-
biental para a população local.

A escolha do Parque Lagoa do Nado foi estraté-


gica tanto em termos técnicos quanto sociais:
no local há recorrentes inundações em eventos
de chuva extremos, bem como é um espaço
com grande circulação de pessoas, o que esti-
mula o conhecimento da população desta tipo-
logia de SbN.

O Jardim de Chuva foi projetado para coletar as


águas pluviais provenientes das áreas urbani-
zadas ao redor do parque. Sua função é reter,
infiltrar e tratar as águas do escoamento super-
ficial, minimizando o risco de inundações à ju-
Figura 95,96, e 97: Projeto do jardim de chuva da Lagoa do Nado (Fonte: Guajava, fotógrafo: Meridiano filme)

276 277
Projeto na cidade de
Niterói | RJ

Figura 98: Imagem de satélite da cidade de Niterói. Fonte: Google Earth.

278 279
águas efluentes e lodos, com o diferencial de
utilizar vegetação como elementos do sistema.
FICHA TÉCNICA: As espécies macrófitas absorvem a matéria or-
gânica por suas raízes e realizam processos fisio-
Parque Orla Piratininga lógicos e a evapotranspiração (folhas), criando
um ambiente dentro dos próprios jardins para
Iniciativa: Prefeitura municipal de Niterói, Pro- o desenvolvimento de bactérias que realizam
grama PRO-Sustentável a quebra de partículas poluentes (PREFEITURA
Autores: Projeto conceitual – Prefeitura Muni- DE NITERÓI, 2023).
cipal de Niterói & Secretaria de Meio Ambien-
te, Recursos Hídricos e Sustentabilidade, 2017; O objetivo da instalação do sistema filtrante foi
Projeto executivo – Consórcio Parque Orla de o de avaliar a qualidade da água, após todas as
Piratininga (Phytorestore, Embyá Paisagens e etapas de filtragem, e verificar um bom funcio-
Ecossistemas, Kaan Architecten, Village Cons- namento para que não mais seja lançada na
truções) Lagoa as águas extremamente contaminadas,
com carga orgânica proveniente do lançamen-
to irregular de esgoto doméstico. Após todas as
etapas de filtragem, a água é lançada à Lagoa
de Piratininga.
O Parque Orla Piratininga é um parque público
na margem da Lagoa de Piratininga que está
Foram previstos jardins de chuva e biovaletas Figura 99: Projeto do Parque Orla Piratininga. Fonte: Embyá, 2019
sendo criado com o propósito de, por meio de
como sistemas de biorretenção para controle
Soluções baseadas na Natureza, oferecer à po-
de poluentes, aumento de infiltração no solo
pulação um ambiente que priorize e aproxime
e retenção de volumes de água, contribuindo
as pessoas do meio natural, ainda que em um
na mitigação de alagamentos. Essas infraestru-
contexto urbano, estimulando o sentimento de
turas devem funcionar conjuntamente com o
pertencimento do cidadão com aquele espaço
sistema de drenagem convencional existente e
(PREFEITURA DE NITERÓI, 2023).
ambas possuem elementos filtrantes como bri-
ta, areia, dreno e vegetação.
Os desafios de desenvolvimento do projeto são
a descarga direta de esgotos para os rios das
Por fim, temos os vertedouros – infraestrutura
proximidades, contaminação por poluição difu-
em gabião argamassado – que possuem a fun-
sa e resíduos sólidos. Entre outros equipamen-
ção de desviar as águas dos rios contribuintes,
tos de lazer e cultura, destacam-se as tipologias
direcionando o fluxo das águas para os siste-
de SbN projetadas e, algumas já implementa-
mas de tratamentos, compostos por bacias de
das no local. De acordo com as características
sedimentação e jardins filtrantes. Os vertedou-
e necessidades locais socioambientais, as tipo-
ros realizam também o controle de volume de
logias definidas foram: bacias de sedimentação,
águas que acessam o sistema aumentando o
wetlands, jardins de chuva, biovaletas e verte-
tempo de detenção para que o sistema mante-
douros (HERZOG; ROZADO, 2019).
nha sua eficiência. 57
As bacias de sedimentação possuem o objetivo
Até a conclusão deste Catálogo, estavam im-
de minimizar a poluição difusa que escoa para Figura 100: Projeto do Parque Orla Piratininga. Fonte: Embyá, 2019
plantados os jardins filtrantes do sistema Cafu-
a lagoa, por meio dos rios contaminados, reten-
bá com macrófitas plantadas; a estrutura dos
do diversos elementos que contribuem para o to, é possível identificar benefícios ambientais libélulas, retenção de águas de escoamento su-
jardins filtrantes nos sistemas do Rio Arrozal e
assoreamento da Lagoa e realizando a prepara- e sociais. No âmbito dos benefícios ambientais, perficial (auxiliando na mitigação de alagamen-
do Rio Jacaré, porém sem plantio e biovaletas
ção das águas para serem lançadas aos jardins é possível constatar a redução da poluição di- tos), aumento da biodiversidade da flora nativa
no trecho do Camboatá até a ilha do Tibau.
filtrantes. As bacias necessitam de manutenção fusa das águas, habitats para abelhas nativas e e ecossistemas locais e valorização do entorno
periódica com acesso de veículos e equipamen- demais insetos identificados como borboletas e do parque por meio das mudanças realizadas.
Ainda que a obra do parque não esteja concluí-
tos para realização dos serviços.
da, com todos seus sistemas em funcionamen-
Os jardins filtrantes visam dar o tratamento às 57 http://www.prosustentavel.niteroi.rj.gov.br/parque-orla-de-piratininga/

280 281
Projeto na cidade de
Fortaleza | CE

Figura 101: Imagem de satélite da cidade de Fortaleza. Fonte: Google Earth.

282 283
alagável.

FICHA TÉCNICA: Para a melhoria da qualidade da água do Riacho


Cachoeirinha - que corta o terreno do parque e
O Parque Rachel de Queiroz tinha histórico de alagamentos frequentes pela
sobrecarga do sistema convencional de escoa-
Iniciativa: Prefeitura municipal de Fortaleza, mento das águas pluviais - foi utilizada a técnica
Programa Fortaleza Cidade Sustentável (FCS) de wetlands para realizar a filtragem através de
Autores: Arquitetura da paisagem – Architec- microorganismos fixados na superfície do solo e
tus S/S raízes das plantas. AGUARDANDO IMAGEM
Mesmo com pouco tempo após a finalização
EM ALTA RESOLUÇÃO
das obras deste trecho, muitos benefícios já
O Parque Rachel de Queiroz faz parte do Pro- foram identificados nos âmbitos sociais, am-
grama Fortaleza Cidade Sustentável que, por bientais e econômicos, como: melhoria das
sua vez, está inserido na política ambiental do condições de desenvolvimento da fauna e flora
município . 58 locais, interação da população com a nova pai-
sagem, opções de lazer para a população, des-
De acordo com a Prefeitura de Fortaleza (2023), poluição das águas e mitigação das ocorrências
o objetivo do programa municipal é promover a de alagamentos no terreno e entorno.
integração do ambiente natural e do ambiente
construído na cidade de Fortaleza, impactando As soluções planejadas com múltiplas funções
de forma positiva na saúde ambiental e na se- abrangendo diversas necessidades tendem a
gurança urbana da população. Assim, por meio se tornarem infraestruturas de extrema impor-
Figura 103: Parque Rachel de Queiroz, trecho 6 antes das intervenções. (Fonte: Archdaily, 2022).
de investimentos estruturantes em infraestru- tância em diversos eixos, auxiliando assim tan-
tura urbana e ambiental, há o fortalecimento to a população que irá desfrutar daquele local
da capacidade de gestão municipal. quanto do município que irá poupar recursos
futuros de manutenções recorrentes de limpe-
A requalificação do parque é uma das premis- za das água e mitigação de danos causados pe-
sas do programa. O Parque Rachel de Queiroz los alagamentos, dentre outros.
possui 200 hectares e passa por 8 bairros. O
programa de necessidades inclui equipamentos
e soluções de lazer, travessias, limpeza, draga-
gem e recuperação da mata ciliar e rio, com tra-
tamento de efluentes por meio de implemento
de Soluções Baseadas na Natureza. O parque
foi dividido em 19 trechos, dos quais 6 já foram
executados (até o primeiro semestre de 2022).

Vale destaque para o sexto (e último trecho fi-


nalizado) que está localizado em área de pre-
servação municipal alagada. Antes das interven-
ções, esta área estava abandonada, servindo de
depósito de lixo e esgoto clandestino, trazendo
diversos problemas sociais e ambientais. O pro-
jeto do Parque Raquel de Queiroz adotou para
este trecho a drenagem como eixo estrutura-
dor considerando seu caráter de área alagada/ Figura 102: Fotografia aérea, Joana França.

58 Detalhes do Programa Municipal estão disponíveis em: https://urbanismoemeioambiente.fortaleza.ce.gov.br/infocidade/362-programa-for-


taleza-cidade-sustentavel Figura 104: Parque Rachel de Queiroz, trecho 6 antes das intervenções. (Fonte: Archdaily, 2022).

284 285
Projeto na cidade de
Londrina | PR

Figura 105: Imagem de satélite da cidade de Londrina. Fonte: Google Earth.

286 287
Durante o processo, a equipe de projeto desen-
FICHA TÉCNICA: volveu um importante trabalho de interlocução,
em parceria com a Prefeitura, com a população
Revitalização da nascente do Lago Cabrinha local e grupos acadêmicos. Houve também o
envolvimento da iniciativa privada (empresas e
Iniciativa: Projeto INTERACT-BIO implementa- fornecedores de materiais e serviços da região)
do pelo ICLEI (do inglês, International Council na facilitação para a implantação do projeto e
for Environmental Initiatives), Governos Locais expandindo os conhecimentos das práticas de
pela Sustentabilidade e o Ministério do Meio SbN no mercado de engenharia e arquitetura,
Ambiente, Proteção da Natureza e Segurança transformando as práticas em soluções escalo-
Nuclear do Governo da Alemanha e Prefeitura náveis.
de Belo Horizonte
Autores: Arquitetura da paisagem – Guajava Outra iniciativa que vale destaque no projeto
Arquitetura da Paisagem e Urbanismo e pro- foi o trabalho de divulgação e educação am-
fessores Paulo Pellegrino e Silvio Motta; Enge- biental, visando estimular a conscientização e
nharia Civil – Geasa Engenharia engajamento da população na manutenção e
preservação das intervenções e na compreen-
são da importância das SbN.

Como estes exemplos citados, pode se vislum-


O projeto de revitalização da nascente do Lago
brar que há diversos desafios, no cenário bra-
Cabrinha foi pensado a partir do uso de Solu-
sileiro, a respeito da escolha, aprovação de
ções Baseadas na Natureza (SbN). O projeto foi
projetos, execução correta e manutenção espe-
desenvolvido dentro do projeto INTERACT-Bio,
cífica de diversas tipologias de SbN, bem como
do ICLEI América do Sul. No Brasil, além de Belo Figura 106: Lago Cabrinha, Londrina (Fonte: Guajava, fotógrafo: Meridiano filmes, 2022)
da falta de incentivo e legislação que apoiem a
Horizonte, Campinas e Londrina foram as ou-
educação ambiental e replicação das soluções.
tras duas cidades escolhidas para a implemen-
tação dessa iniciativa, promovida em parceria
Esses, no entanto, são alguns projetos que ser-
com a organização internacional ICLEI – Gover-
vem de panorama da aplicação da SbN no país
nos Locais pela Sustentabilidade e com o Minis-
com o intuito de motivar a utilização dessas
tério do Meio Ambiente, Proteção da Natureza
soluções em busca de um equilíbrio eficiente
e Segurança Nuclear do Governo da Alemanha.
entre os serviços urbanos, a sustentabilidade
e a redução de potenciais riscos de desastres
Iniciado em outubro de 2021, o projeto en-
oriundo das mudanças climáticas e degradação
volveu o rearranjo de rochas basálticas, que
ambiental.
haviam sido colocadas no Lago Cabrinha pela
Companhia Municipal de Trânsito e Urbaniza-
ção, assim como a recuperação das suas mar-
gens com o plantio de vegetação ripária e rizo-
matosa, formando uma barreira de contenção
para reduzir a velocidade da água das chuvas.

As pedras foram acomodadas de modo a for-


mar pequenas piscinas escalonadas, sendo a
primeira mais profunda que as seguintes, a
partir da técnica do Step pool, explicada neste
Catálogo. A estrutura permite mitigar possí-
veis inundações e deslizamentos de terra, bem
como controlar a poluição difusa antes que
chegue ao lago. Figura 107: Step Pool 1 Lago Cabrinha, Londrina (Fonte: Guajava, fotógrafo: Meridiano filmes, 2022)

288 289
Capítulo 3
Estudos de Caso: Campinas e Rio de Janeiro

Conforme a premissas das cidades de Campinas e Rio de Janeiro para as localidades do Parque Linear
do Córrego Bandeirantes e do Parque Fluvial do Jardim Maravilha, e o embasamento teórico e técni-
co necessário, definiram-se os seguintes critérios para a análise e seleção das tipologias de Soluções
baseadas na Natureza (SbN) e de engenharia sustentável:

para o descarte de entulho de construção civil e


• Possibilidade de implementação da ti- outros tipos de resíduos, como móveis velhos,
pologia no Parque Linear do Córrego Ban- pneus, e toda sorte de sucatas de diversos ma-
deirantes e/ou Parque Fluvial do Jardim teriais. Observa-se até mesmo dificuldades com
Maravilha; relação à coleta do lixo comum doméstico; e
não foi localizado nenhum projeto de compos-
• Possibilidade de replicar os dispositivos tagem doméstica ou comunitária para destina-
em outras localidades; ção de resíduos orgânicos.

• Serviços Ecossistêmicos prestados; Esse exemplo das dificuldades na coleta de re-


síduos nos indica que as tipologias de SbN pro-
• Benefícios sociais, ambientais e econô- postas para a área de intervenção mais imediata
micos; do projeto, ao longo da calha do rio, só surtirão
efeito se esse problema básico for equaciona-
• Facilidade na execução; do, com a devida capacidade de intervenção
pública e intersetorial no território. Essa situa-
• Previsão de desafios e possibilidades de ção demanda uma ação coordenada, entre os
mitigação; devidos serviços e representantes do poder pú-
blico no território, com o foco de remodelar a
• Redução de gastos orçamentários para infraestrutura de coleta. Também é necessário
o município. um programa consistente de educação ambien-
tal com participação ativa das escolas e postos
de saúde da região.

Disso decorre que sua aplicação implica em Situação semelhante ocorre na área destinada
conhecer a territorialidade social local e de ao parque linear no município de Campinas/SP.
que forma as comunidades do entorno da in- O projeto do parque com a implantação das SbN
tervenção se relacionam com o ambiente. Nos ao longo do curso do rio, considerou as peculia-
dois casos que inspiram este Catálogo, pode-se ridades e as demandas sociais locais. Por meio
exemplificar concretamente o exposto. de oficinas participativas buscou-se entender
como se dá a interação das comunidades e
No bairro do Jardim Maravilha, no Rio de Janei- grupos sociais do entorno com o ambiente de
ro, que possui cerca de 40 mil habitantes, foram intervenção. Dessa forma, foram identificadas
identificados problemas sociais graves, com formas recorrentes de uso público existentes
consequências igualmente graves para a saúde no ambiente de intervenção, tais como hortas,
pública, como, por exemplo, quanto à coleta campos de futebol de várzea, áreas de piqueni-
de resíduos sólidos. Não há locais adequados que, áreas de brinquedos infantis, organizados
Figura 108: Fonte: Iagustin Diaz Gargiulo, Unsplash

290 291
fundamentalmente pela própria comunidade.
No projeto de intervenção há que se considerar
formas de preservar essas ricas formas de inte-
ração social locais.

A título de estudo de caso exemplificativo, o


Catálogo indica de forma expedita e genérica
quais podem ser as SbN mais adequadas para
as características físico-ambientais das regiões
do Córrego dos Bandeirantes (Campinas-SP) e
do Jardim Maravilha (Rio de Janeiro).

A escolha das tipologias de SbN para cada caso


específico de parque linear deve passar por
uma análise de caracterização ambiental, con-
templando, dentro do possível, os aspectos so-
cioeconômicos, a um nível de detalhe mínimo
de bairro.

Para ilustrar as formas de subsidiar o processo


de definição e delimitação de potenciais SbN em
um parque fluvial, são apresentadas, a seguir,
algumas informações básicas, tanto do Parque
Linear Córrego dos Bandeirantes (Campinas-SP)
como para o Parque Fluvial do Jardim Maravilha
(Rio de Janeiro-RJ). Essas informações consti-
tuem uma breve caracterização físico-ambien-
tal das regiões do estudo e a cartografia de al-
guns temas que são úteis para análises voltadas Parque Linear do Córrego
à identificação de viabilidade de SbN, tais como
relevo, solos, uso do solo, áreas suscetíveis a
inundações, entre outros.
Bandeirantes

292 293
O Parque Linear do Córrego Bandeirantes está LOCALIZAÇÃO

MAPAS TEMÁTICOS
localizado na região Sudoeste do Município
de Campinas em uma área de 224.383,53 m²,
entre a Rodovia dos Bandeirantes e o Conjun-
to Habitacional Vila União. A área do parque
também está próxima da Avenida John Boyd
Dunlop, ao Norte, e da Avenida Ruy Rodriguez,
ao Sul, com importantes corredores viários que
fazem a interligação com o Centro da cidade.

O Parque Linear do córrego Bandeirantes in-


tegra a lista de 49 trechos de parques lineares
proposta pelo Plano Municipal do Verde – PMV,
elaborada no ano de 2016 pela Secretaria Mu-
nicipal do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvi-
mento Sustentável da Prefeitura Municipal de
Campinas. Esse plano definiu a implantação de
parques lineares como forma de suprir o déficit
de áreas verdes voltadas para o uso social no
município, melhorando a qualidade de vida da
população e requalificando o ambiente urbano.

Em relação ao relevo da bacia, existe uma pre-


dominância de declividades baixas, excetuan-
do-se a região da cabeceira e também dos ta-
ludes da Rodovia dos Bandeirantes. A distância
do ponto mais elevado, no afluente localizado
próximo à Rodovia, até o exutório é de apro-
ximadamente 2.500 m, com uma diferença de
elevação de 60 metros e uma declividade mé-
dia de 0,024 m/m. Além disso, o talvegue (linha
de maior profundidade no leito fluvial) é bas-
tante pronunciado em praticamente toda a ex-
tensão do parque. HIDROGRAFIA
TOPOGRAFIA
O solo predominante na bacia é o Latossolo Ver- DECLIVIDADE
melho-Amarelo, com uma pequena ocorrência SOLOS
do tipo “Gleissolo Háplico e Melânico + Neosso-
lolo Flúvico + Cambissolo Flúvico”, na região do
USO DA TERRA ATUAL
exutório do córrego Bandeirantes. MANCHAS DE INUNDAÇÃO

A área da bacia hidrográfica possui um perfil A seguir, apresenta-se alguns mapas temáticos
residencial de média densidade populacional, que caracterizam a região do limite do parque
com mescla de usos residencial, misto e não re- proposto e do seu entorno, e que auxiliam na
sidencial. Estende-se por 33 setores censitários, identificação de aspectos importantes para a
que totalizam 25.321 habitantes e 7.821 domi- escolha de tipologias de Soluções Baseadas na
cílios particulares e coletivos (BRASIL, 2010 59). Natureza (SbN) mais adequadas para cada situ-
ação físico-ambiental.

59 Dados do Censo Demográfico 2010. Disponíveis em: <https://www.ibge.gov.br/censo2010/apps/sinopse/> Acesso 14 de jan. 2023 Figura 109: Mapa de localização da área proposta para o Parque Linear do Córrego Bandeirantes

294 295
HIDROGRAFIA TOPOGRAFIA

Figura 110: Mapa de hidrografia da região do Parque Linear do Córrego Bandeirantes Figura 111: Mapa de altimetria da área proposta para o Parque Linear do Córrego Bandeirantes

296 297
DECLIVIDADE SOLOS

Figura 112: Mapa de declividade da área proposta para o Parque Linear do Córrego Bandeirantes Figura 113: Mapa de solos da área proposta para o do Parque Linear do Córrego Bandeirantes

298 299
USO DA TERRA ATUAL MANCHA DE INUNDAÇAO

Figura 114: Mapa de uso e cobertura da terra da área proposta para o do Parque Linear do Córrego Bandeirantes. Figura 115: Mancha de inundação da área proposta para o do Parque Linear do Córrego Bandeirantes.

300 301
MANCHA DE INUNDAÇAO

Figura 116: Mancha de inundação da área proposta para o Parque Linear do Córrego Bandeirantes (TR 25 anos).

302 303
Parque Fluvial do Jardim Maravilha
Rio de Janeiro - RJ

304 305
O Loteamento Jardim Maravilha está localizado de infiltração muito baixa, oferecendo pouquís- Porcos; a área inundável calculada tem cerca de

MAPAS TEMÁTICOS
na porção oeste do município do Rio de Janeiro, sima resistência e tolerância à erosão. Os pro- 35 hectares, sendo quase 31 hectares inunda-
próximo a bairros como Campo Grande e Gua- cessos erosivos ocorrem menos por questões dos com profundidades de alagamento inferio-
ratiba, em uma área de planície aluvial, com de declividade e mais por força mecânica dos res a 1 metro.
ocorrência original de áreas de várzeas. Atual- rios que atravessam essas regiões. A taxa mí-
mente, dominada por ocupação urbana conso- nima de infiltração é de <1,27 mm/h, o que é Já quando a chuva simulada tem Tr = 25 anos e
lidada, a região registra constantes eventos de um impeditivo para a aplicação de SbN voltadas duração de 12 horas, cerca de 64 hectares dos
alagamentos, principalmente devido às cheias a promover a infiltração de águas das chuvas. 137 hectares que compõem a área proposta
do rio Piraquê-Cabuçu e intensa interferência (SARTORI et al., 2005) pelo parque seriam alagados, dos quais cerca
da maré da baía de Sepetiba (HIDROSTUDIO, de 59 hectares teriam profundidades de alaga-
2022). Devido ao processo de expansão urbana na re- mento inferiores a 1 metro. A mancha de inun-
gião, parte da mata ciliar do Rio Piraquê-Cabu- dação, neste caso, também atingiria as porções
Os principais rios formadores do Rio Piraquê çu foi removida ao longo de alguns trechos, es- central e norte do parque, além da porção sul.
são: o rio da Prata do Cabuçu e o rio Cabuçu, pecialmente entre a Estrada Aterrado do Rio e a
sendo o rio da Prata do Cabuçu (situado na ex- Av. Dom João VI, que é justamente o trecho em
tremidade nordeste da bacia) o afluente mais que deve ser instalado o novo parque fluvial.
caudaloso, apesar de drenar uma área de ape- Sempre que possível, para os casos de mata
nas 28% da área total da bacia e concentrar ciliar inexistente, a ação mais adequada é a
cerca de 45% da vazão média de longo período restauração ecológica (por plantio total, ou iso-
registrada na foz do rio Piraquê. lamento e condução da regeneração natural),
buscando-se minimamente atender às larguras
Enquanto a sub-bacia do Cabuçu é bastante preconizadas no Código Florestal. No caso de
urbanizada, a sub-bacia do Prata do Cabuçu é mata ciliar existente mas degradada, também
uma das porções mais preservadas da bacia do recomenda-se o isolamento, para recuperação
Piraquê-Cabuçu, devido ao relevo mais mon- natural.
tanhoso dessa região. As nascentes do Rio da
Prata do Cabuçu estão localizadas na parte No- A instalação de passarelas elevadas sobre o solo
roeste da Área de Proteção Ambiental da Pedra da mata ciliar e de decks de contemplação à
Branca. beira-rio são soluções possíveis para estimular
o contato visual da população com o Rio Pira-
Quanto aos solos ocorrentes na área de inte- quê-Cabuçu.
resse – limite proposto no anteprojeto para o
Parque Fluvial do Jardim Maravilha - e entorno Em relação ao relevo, a conformação geomor-
imediato, predominam, na porção norte e cen- fológica é de planície aluvial, sendo que cerca
tral, os gleissolos háplicos, solos minerais hidro- de 63% da área total apresenta declividades
mórficos, de textura argilosa a muito argilosa. A HIDROGRAFIA muito baixas (abaixo de 2 graus) e quase 89%
vegetação original ocorrente nestes solos é de TOPOGRAFIA da área têm declividades inferiores a 5 graus.
campo higrófilo de várzea (EMBRAPA, 2017). DECLIVIDADE Acerca das áreas suscetíveis a inundação na
Na área sul do parque ocorrem gleissolos sáli- SOLOS área proposta pelo parque, simulações hidro-
cos, de características semelhantes aos gleis- USO DA TERRA ATUAL dinâmicas realizadas pela empresa Hidrostudio,
solos háplicos, onde ocorriam, originalmente, utilizando diferentes períodos de retorno (Tr)
campos halófilos de várzea. Nesta porção tam-
MANCHAS DE INUNDAÇÃO e durações de chuva (levando em conta tam-
bém ocorrem intrusões de solos indiscrimi- bém os efeitos da maré), permitiram um ma-
nados de mangue, com vegetação original de peamento relativamente preciso das áreas que
manguezal. Para caracterizar a região do limite do parque geralmente são alagadas em chuvas intensas.
proposto e do seu entorno, apresenta-se a se- Quando se simulou uma chuva com Tr = 10
Em relação a seus aspectos hidrológicos, os guir alguns mapas temáticos e que auxiliam na anos e duração de 12 horas, o mapeamento
gleissolos podem ser classificados, pela Classi- identificação de aspectos importantes para a indica uma concentração de áreas inundáveis
ficação Hidrológica de Solos Brasileiros, como escolha de tipologias de Soluções Baseadas na na porção sul do parque proposto, na região de
Grupo D, ou seja, solos mal drenados, com taxa Natureza (SbN) mais adequadas para cada situ- interflúvio entre os rios Piraquê-Cabuçu e dos
ação físico-ambiental.

306 307
LOCALIZAÇÃO VAZÕES AFLUENTES

Figura 117: Mapa de localização da área proposta para o Parque Fluvial do Jardim Maravilha na bacia do rio Piraquê-Cabuçu. Figura 118: Mapa de vazões médias de longo período dos rios da bacia do Piraquê-Cabuçu.

308 309
TOPOGRAFIA DECLIVIDADE

Figura 119: Mapa de altimetria da área proposta para o Parque Fluvial do Jardim Maravilha. Figura 120: Mapa de declividade da área proposta para o Parque Fluvial do Jardim Maravilha.

310 311
SOLO USO DA TERRA ATUAL

Figura 121: Mapa de solos da área proposta para o Parque Fluvial do Jardim Maravilha. Figura 122: Mapa de uso e cobertura da terra da área proposta para o Parque Fluvial do Jardim Maravilha.

312 313
MANCHAS DE INUNDAÇÃO MANCHAS DE INUNDAÇÃO

Figura 123: Mancha de inundação da área proposta para o Parque Fluvial do Jardim Maravilha (TR 10 anos - Chuva de 12 horas, com Figura 124: Mancha de inundação da área proposta para o Parque Fluvial do Jardim Maravilha (TR 25 anos - Chuva de 12 horas, com
efeito de maré). efeito de maré).

314 315
TIPOLOGIAS DE SBN SUGERIDAS PARA O PARQUE LINEAR DO CÓRREGO águas mais eficientes para a região.
BANDEIRANTES E PARA O PARQUE FLUVIAL DO JARDIM MARAVILHA
BACIA DE RETENÇÃO:
CANTEIRO PLUVIAL:
Para ambos os parques, inseridos em planícies aluviais com ocorrên-
Para ambos os parques, inseridos em planície aluvial com ocorrências BR
CP
cias de inundações, sugere-se a inserção de bacias de retenção. Porém,
de alagamentos, sugere-se a inserção de canteiros pluviais conectados devem ser realizados estudos hidrológicos e hidráulicos para verificar
à rede de drenagem convencional existente, com extravasores e pare- o volume de armazenamento necessário em cada caso. A estrutura de
des laterais e laje de fundo. Mais informações técnicas estão descritas armazenamento possui uma lâmina d’água permanente que possibili-
no item Canteiro Pluvial deste Catálogo. ta o uso integrado aos parques e permite a utilização do espaço pela
população. A água fica armazenada por longos períodos possibilitando
Localização estratégica: Principalmente em calçadas, vagas de estacio- a decantação de partículas sólidas e consequente redução de cargas
namento em vias, leito carroçável. poluentes.

Mais informações técnicas estão descritas no item Bacia de Retenção


BIOVALETA: deste Catálogo.

BV Para o Parque Fluvial do Jardim Maravilha, inserido em planície aluvial


com ocorrências de alagamentos, sugere-se a inserção de biovaletas
na região do parque, associadas ao pôlder, para auxiliar na condução e
Localização estratégica: Parque inundável, lâmina d’água permanente
e inundável em época de cheia.

escoamento das águas. RESERVATÓRIO ANFÍBIO:

Para o Parque Linear do Córrego Bandeirantes, as biovaletas podem Para o Parque Fluvial do Jardim Maravilha, inserido em planície aluvial
ser inseridas no sistema viário para conduzir as águas do escoamento
superficial, antes de alcançar o corpo hídrico.
RA com ocorrências de inundações, sugere-se que a inserção do reserva-
tório anfíbio seja na área destinada ao armazenamento de água. É ne-
cessária a realização de estudo hidrológico e hidráulico para verificar o
Mais informações técnicas estão descritas no item Biovaleta deste Ca- volume necessário e a necessidade de controle de cheias, por se tratar
tálogo. de um dispositivo desenvolvido para substituir a necessidade do uso de
reservatórios convencionais.
Localização estratégica: Principalmente em canteiros centrais, estacio-
namentos, locais estreitos para condução da água ou ainda locais am- Idealizado como um parque, para além das paredes de concreto, este
plos associados a outro dispositivo como pôlder. tipo de reservatório se transforma também em área de lazer e recupe-
ração ambiental (características e necessidades importantes identifica-
das para o Parque Fluvial do Jardim Maravilha).
BACIA DE DETENÇÃO:
Mais informações técnicas estão descritas no item Reservatório Anfí-

BD
Para o Parque Fluvial do Jardim Maravilha, inserido em planície aluvial bio deste Catálogo.
com ocorrências de inundações, sugere-se a inserção de bacias de de-
tenção na área interna e envoltória do parque. É necessária a realização Localização estratégica: Reservação e lazer.
de estudo hidrológico e hidráulico para verificar o volume de armaze-
namento necessário. Para o Parque Linear do Córrego dos Bandeirantes esta tipologia não
se aplica, uma vez que serão propostas outras estruturas de contenção
Mais informações técnicas estão descritas no item Bacia de Detenção de águas mais adequadas.
deste Catálogo.
WETLANDS CONSTRUÍDOS:
Localização estratégica: Parque inundável, área destinada a reservação
a montante da bacia, quadras esportivas, praças e parques. Para o Parque Fluvial do Jardim Maravilha sugere-se a inserção de

Para o Parque Linear do córrego Bandeirantes, esta tipologia não se


WC wetlands construídos na área do parque. É necessária a realização de
estudo hidrológico e hidráulico para verificar dimensionamento neces-
aplica, uma vez que serão propostas outras estruturas de contenção de sário. É uma tecnologia flexível que pode compor diferentes arranjos

316 317
tecnológicos específicos para tratar diversos tipos de efluentes (carac- O sistema visa ser mais eficiente e ecológico se for construído em cone-
terísticas e necessidades identificadas para o Parque Fluvial do Jardim xão com as SbN, de modo a se tornar uma infraestrutura híbrida com:
Maravilha). alterações em sua infraestrutura, incluindo materiais naturais e filtran-
tes; substituição de rede de microdrenagem convencional por biovale-
Para o Parque Linear do Córrego do Bandeirantes sugere-se associar tas e outras tipologias cabíveis ao cenário; e, a se considerar, a substi-
wetlands aos equipamentos sanitários e/ou quiosques instalados na tuição do reservatório tradicional pelo reservatório anfíbio.
área do parque. Essa composição visa tratar a carga pontual de esgota-
mento sanitário e após desemboque de galerias com alta carga de po- Mais informações técnicas estão descritas no item Pôlder Vegetado
luentes, proporcionando um tratamento dessa contribuição antes que deste Catálogo.
este seja despejado no corpo hídrico principal.
Localização estratégica: entre área urbanizada e curso de rio existente;
O sistema otimiza a capacidade de fitorremediação de plantas e micro- entre área urbanizada e parque fluvial (inundável).
organismos, capazes de absorverem nutrientes como nitrogênio, fós-
foro e potássio, decompondo contaminantes e patógenos por meio de Para o Parque Linear do Córrego dos Bandeirantes esta tipologia não
processos biológicos. se aplica, uma vez que serão propostas outras estruturas de contenção
de águas.
Mais informações técnicas estão descritas no item Wetlands Construí-
dos deste Catálogo. ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO:

Localização estratégica: Parques. MURO DE CONTENÇÃO COM PEDRAS:

Para o Parque Fluvial do Jardim Maravilha, sugere-se a inserção de


MC
ILHAS FILTRANTES FLUTUANTES:
Muros de Contenção com Pedras ao longo do Rio Piraquê Cabuçu, em

IF
Para o Parque Fluvial do Jardim Maravilha, sugere-se a inserção das pontos específicos em que as margens sejam verticalizadas ou taludes
Ilhas Filtrantes Flutuantes ao longo do Rio Piraquê Cabuçu. Elas pos- mais íngremes.
suem um papel similar aos Wetlands Construídos com o diferencial de
que podem ser implementadas diretamente ao longo do curso do rio, Para o Parque Linear do Córrego dos Bandeirantes sugere-se a inser-
córrego, lago e lagoas. ção de barragens com pedras argamassadas para contenção das águas
fluviais. O detalhamento da sua dimensão e estrutura será entregue no
Para o Parque Linear do Córrego dos Bandeirantes, onde a vazão de Produto 4.
base é baixa, sugere-se as Ilhas em bacias de retenção com lâmina
d’água a partir de 0,8m. O sistema otimiza a capacidade de fitorreme- Mais informações técnicas estão descritas no item Muro De Contenção
diação de plantas e microorganismos, capazes de absorver nutrientes Com Pedra deste Catálogo.
como nitrogênio, fósforo e potássio e decompor contaminantes e pató-
genos por meio de processos biológicos. Localização estratégica: margens de rios e taludes

Mais informações técnicas estão descritas no item Ilhas Filtrantes Flu- MURO DE PEDRA COM VEGETAÇÃO:
tuantes deste Catálogo.

MP
Para o Parque Fluvial do Jardim Maravilha, sugere-se a inserção de
Localização estratégica: Lagos e lagoas eutrofizados, rios e córregos Muros de Pedras com Vegetação ao longo do Rio Piraquê Cabuçu, em
com excesso de nutrientes e canais de águas residuais abertos. pontos específicos em que as margens sejam verticalizadas. Podem ser
utilizados em taludes mais íngremes com interesse de plantio de vege-
POLDER VEGETADO: tação.

PV Para o Parque Fluvial do Jardim Maravilha, inserido em planície aluvial


com ocorrências de inundações, sugere-se a inserção do Polder Vegeta-
do na área urbanizada e no parque fluvial (inundável), conforme avalia-
Mais informações técnicas sobre o dispositivo foram descritas no item
Muro de Pedras com Vegetação deste Catálogo.

ções prévias de dados do local e fornecidas ao consórcio, da Fundação Para o Parque Linear do Córrego dos Bandeirantes optou-se por não
Rio Águas e Hidrostudio. utilizar esta SbN, frente aos cálculos de drenagem apresentados no Pro-
duto 4 - Projeto básico do Parque Linear Córrego dos Bandeirantes.

318 319
Localização estratégica: margens de rios e taludes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
MURO DE GABIÕES COM VEGETAÇÃO:

Para o Parque Fluvial do Jardim Maravilha sugere-se que a inserção de


MG Muros de Gabiões com Vegetação seja ao longo do Rio Piraquê Cabuçu
em pontos específicos em que as margens sejam verticalizadas. Podem
ser utilizados em taludes mais íngremes onde o fluxo de água não tenha
velocidade elevada.

Para o Parque Linear do Córrego dos Bandeirantes sugere-se a inser-


ção de gabiões nas barragens a montante para contenção das águas
fluviais. O detalhamento da sua dimensão e estrutura será entregue no
Produto 4 - Projeto básico do Parque Linear do Córrego dos Bandeiran-
tes.

Mais informações técnicas estão descritas no item Muro de Gabiões


com Vegetação deste Catálogo.

Localização estratégica: margens de rios e taludes.

Este Catálogo apresentou um método para seleção dos dispositivos (ou


tipologias) de SbN em espaços livres públicos, reunindo informações
técnicas, exemplos de aplicação, serviços ecossistêmicos prestados e os
desafios para sua implantação.

As SbN constituem uma parte relevante do desenvolvimento urbano


alinhado aos objetivos contemporâneos de cidades resilientes, susten-
táveis e biofílicas.

Acredita-se que este material seja uma grande contribuição para gesto-
res públicos e demais atores interessados na promoção de desenvolvi-
mento sustentável para as cidades, reunindo informações que venham
auxiliar a tomada de decisão, a ampliar a resiliência das cidades e pro-
ver a sociedade com soluções eficientes, inspiradas na natureza, com
benefícios sociais, ambientais, e econômicos.

320 321
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