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Literatura Luso - Brasileira

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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

As Características Gerais da Época Clássica

Destéria Hilário Mangaka, Código: 708238573

Curso de Licenciatura em Ensino de Português

Disciplina: Literatura Luso-Brasileira

Ano de Frequência: 2°

Turma: A

Pemba, Agosto 2024


Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

As Características Gerais da Época Clássica

Trabalho de Carácter Avaliativo da Cadeira de


Literatura Luso-Brasileira a ser entregue no Instituto
de Educação à Distância-Pemba

Tutor:

Destéria Hilário Mangaka, Código: 708238573

Pemba, Agosto 2024

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 Índice 0.5
Aspectos  Introdução 0.5
Estrutura
organizacionais  Discussão 0.5
 Conclusão 0.5
 Bibliografia 0.5
 Contextualização
(Indicação clara do 1.0
problema)
 Descrição dos
Introdução 1.0
objectivos
 Metodologia
adequada ao objecto 2.0
do trabalho
 Articulação e
domínio do discurso
académico
2.0
Conteúdo (expressão escrita
cuidada, coerência /
coesão textual)
Análise e  Revisão
discussão bibliográfica
nacional e
2.
internacionais
relevantes na área de
estudo
 Exploração dos
2.0
dados
 Contributos teóricos
Conclusão 2.0
práticos
 Paginação, tipo e
tamanho de letra,
Aspectos
Formatação paragrafo, 1.0
gerais
espaçamento entre
linhas
Normas APA 6ª  Rigor e coerência
Referências edição em das
4.0
Bibliográficas citações e citações/referências
bibliografia bibliográficas

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Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor

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Índice
1. Introdução............................................................................................................................1

1.1. Objectivos do Trabalho....................................................................................................2

1.1.1. Objectivo Geral............................................................................................................2

1.1.2. Objectivos Específicos.................................................................................................2

1.2. Metodologias....................................................................................................................2

2. Revisão Literária..................................................................................................................3

2.1. Renascimento, Humanismo e Classicismo......................................................................3

2.1.1. O Renascimento...........................................................................................................3

2.1.2. Condições do Alastramento do Renascimento.............................................................4

2.1.3. Características do Renascimento..................................................................................4

2.2. O Classicismo..................................................................................................................5

2.2.1. Características do Classicismo.....................................................................................6

2.2.2. Principais Autores e Obras do Classicismo..................................................................7

2.3. O Humanismo..................................................................................................................7

2.3.1. Características do Humanismo.....................................................................................7

2.3.2. Principais Autores e Obras do Humanismo.................................................................8

2.4. Formas Poéticas Marcantes..............................................................................................9

2.4.1. O Lirismo Camoniano................................................................................................10

3. Considerações Finais.........................................................................................................12

4. Referências Bibliográficas.................................................................................................13

iv
1. Introdução

Toda a arte é uma forma de literatura, porque toda a arte é dizer qualquer coisa. Há
duas formas de dizer - falar e estar calado. As artes que não são a literatura são as
projecções de um silêncio expressivo. Há que procurar em toda a arte que não é a
literatura a frase silenciosa que ela contém, ou o poema, ou o romance, ou o drama
(Álvaro de Campos in Crítica, 2000, p. 411).

Por tanto, conforme a citação acima referida, nesta parte introdutória do


presente trabalho de pesquisa, afirma-se que a Literatura é a arte de criar e compor
textos, e existem diversos tipos de produções literárias, como poesia, prosa, literatura
de ficção, literatura de romance, literatura médica, literatura técnica, literatura
portuguesa, literatura brasileira literatura popular, literatura de cordel e muito mais. A
literatura também pode ser um conjunto de textos escritos, sejam eles de um país, de
uma personalidade, de uma época e muito mais.

Ainda nesta senda introdutória, relata-se ainda que a literatura Luso Brasileira,
significa estudar ao mesmo tempo, duas literaturas, a portuguesa e Brasileira.

Poer sua vez, a origem da literatura escrita em português iniciou-se,


obviamente, em Portugal. Os estilos literários marcavam a forma como os escritores se
expressavam e esses estilos estavam, muitas vezes, em conformidade com o período
histórico da época.

Ademais, a literatura de Portugal surgiu no século XII. Os primeiros estilos


foram o trovadorismo, uma forma de poesia cantada, o humanismo, marcante
principalmente na obra escrita para o teatro por Gil Vicente, e o renascimento,
presente no poema épico Os Lusíadas, de Luís de Camões.

Por tanto, par dar uma ênfase sintética nesta introdução, afirma-se que a
colónia de Portugal entre o século XVI e o início do XIX, as primeiras criações
literárias é considerada parte da literatura portuguesa. O professor António Cândido,
um dos mais respeitados estudiosos do país, considera que a literatura nacional teve
início de fato no século XVIII, com o arcadismo, movimento que exaltava ideais
neoclássicos, inspirados na Antiguidade greco-romana.

v
1.1. Objectivos do Trabalho

O sucesso de qualquer trabalho de pesquisa depende em parte da clareza na


definição dos objectivos que se pretendem alcançar. Para o presente trabalho definem-
se os seguintes objectivos:

1.1.1. Objectivo Geral


 O objectivo geral deste trabalho de pesquisa é conhecer as características gerais da
Época Clássica.
1.1.2. Objectivos Específicos

Como objectivos específicos cabem destacar quatro principais a serem tratados


no presente trabalho de pesquisa:

 Descrever o renascimento (conceito e os demais tópicos);


 Caracterizar o classicismo e humanismo (conceitos e diversos tópicos);
 Apresentar as formas poéticas marcantes;
 Contextualizar o lirismo Camoniano.
1.2. Metodologias

Na elaboração de um trabalho académico, é necessário fundamentar-se numa


pesquisa de literatura actual, sobre o assunto a ser verificado, a qual pode ser definida,
conforme Gil (2007) como um procedimento racional e sistemático, cujo objectivo é
proporcionar respostas aos problemas propostos.

Para este trabalho foi aplicada o tipo de pesquisa exploratória, a qual objectiva
proporcionar maior familiaridade com o problema em estudo para torná-lo mais
explícito. Esse tipo de pesquisa é bastante flexível a fim de possibilitar a consideração
dos mais variados aspectos relativos ao problema de investigação (Gil, 2007).

Para o procedimento de pesquisa foi utilizada a bibliográfica e documental, a


partir de uma abordagem indirecta, usando fontes do tipo de publicações encontradas
em livros e artigos. Pesquisa Bibliográfica é realizada tendo como base materiais já
elaborados, geralmente livros e artigos científicos. A Pesquisa Documental é parecida
vi
com a Pesquisa Bibliográfica, diferindo-se basicamente pela natureza das fontes, ela
utiliza materiais que ainda não recebem tratamento analítico (Gil, 2007).

2. Revisão Literária
2.1. Renascimento, Humanismo e Classicismo

Entende-se que neste ponto precisa-se voltar muitos anos antes do nascimento
de Galileu (1564) e lembrar que o Renascimento é um período comumente associado a
um novo despertar da arte e da literatura ocorrido entre os séculos XIV e a metade do
XVI e centrado na explosão cultural que ocorreu na Itália e em alguns Estados
europeus. No entanto, a evolução da filosofia e a expansão dos horizontes intelectuais
que acompanharam essa mudança artística e literária não podem ser subestimadas.

Por volta dos anos 1420 segundo White (2009, p. 33) centenas de textos
haviam ido parar nas mãos de alguns poucos homens ricos, e começou a tarefa de
traduzir essas obras seminais. Dessa maneira, os ensinamentos de Aristóteles, Platão,
Pitágoras, Euclides, Arquimedes, Hipócrates e Galeno em sua forma original serviram
de centelha para uma nova era de humanismo e reforma e iniciaram um surgimento do
interesse na ciência, na medicina e na filosofia.

Segundo Giovanne Reale o pensamento humanista-renascentista se


referenciado ao termo Paideia:

É educação e formação do homem. Assim a formação em poesia, retórica, história e a


filosofia desempenhavam papel essencial nessa obra de formação espiritual. São essas
disciplinas que estudam o homem no que ele tem de peculiar, prescindindo de
qualquer utilidade pragmática. Valorização da Antiguidade Clássica, grega e latina
como paradigma e ponto de referência para as atividades espirituais e a cultura em
geral. Gregos e latinos se firmaram como modelos insuperáveis nas chamadas “letras
humanas”, verdadeiros mestres de humanidades (Reale, 2007, p. 16).

2.1.1. O Renascimento

Segundo as exposições do renascimento, conforme White (2009, p. 33) relata


que o Renascimento é a aceitação definitiva das formas em que a arte, a história, a
literatura e a filosofia greco-latinas se tinham expresso, e a assimilação do espírito

vii
pagão que as animava. Teve berço na Itália no século XV. Dali passou para a
Alemanha onde, entre muitos, Erasmo foi um dos maiores cultores. Depois espalhou-
se por quase todos os países da Europa.

Por sua vez, segundo Koyré (1982, p. 256) enfatiza que aos homens do século
XVI nada era impossível, pois não se embaraçavam por mais extravagantes que
fossem as contradições. Na sua vida como nas suas obras procuravam conciliar o que
nos parece contraditório, em particular a sua fé cristã e o seu naturalismo pagão. À
espontaneidade do seu temperamento aliavam uma arte muito consciente e por vezes
sábia. E deste modo, graças ao capitalismo, tornou-se até possível a construção de
monumentos que superam mesmo em beleza e grandiosidade os do período áureo do
Império Romano.

2.1.2. Condições do Alastramento do Renascimento

Segundo Giovanne Reale (2007) discorre que o Renascimento encontrou as


condições favoráveis para a sua expansão, devido aos seguintes motivos:

A necessidade de disciplinar a língua fez com que os clássicos fossem estudados, para
neles se colherem conhecimentos que ajudassem a este intuito. Os primeiros indícios
do Renascimento apercebem-se já no século XV, na cultura de D. Duarte e Gomes
Eanes de Zurara, nas imitações de Séneca pelo infante D. Pedro, e em certas
composições do Cancioneiro Geral. Portugal desfrutava no século XVI duma situação
muito importante, e os próprios portugueses, em contacto com outros povos, eram
estimulados no sentido duma maior cultura (Reale, 2007, p. 16).

Ao mesmo tempo, na língua portuguesa houve profundas transformações. O


aperfeiçoamento do português no século XVI foi tão grande relativamente há outros
séculos da sua evolução (Reale, 2007, p. 16). Entre essas transformações pode-se citar:

Muitos arcaísmos caíram em desuso tendo sido substituídos por termos eruditos. A
pontuação, que mal se fazia, passou a ser mais cuidada. Em lugar dos longos períodos
arcaicos passou-se a usar períodos curtos (Reale, 2007, p.16).

2.1.3. Características do Renascimento

Segundo P. O. Kristeller citado por Reale (2007, p. 18) expressam que a volta
do mesmo espírito antropocêntrico da antiguidade faz com que o homem renascentista

viii
busque inspiração nos modelos artísticos iliterários, nas obras das antigas civilizações,
principalmente nas da Grécia antiga. Assim, as características das obras da antiguidade
são trazidas de volta e são também chamadas de idade clássica e as obras produzidas
naquela época são igualmente chamadas de clássicas. Como a obra renascentista
possui as mesmas características da obra da antiguidade, também ela é chamada de
clássica e esse período artístico e literário, de classicismo. São as principais
características do renascimento:

Antropocentrismo - Presença de elementos da mitologia. Presença de elementos do


cristianismo. Preciosismo vocabular. Obediência à versificação. Figuras (em especial
de personificação). Racionalismo (=objectividade). Universalismo (=generalização)
(Kristeller citado por Reale, 2007, p. 18).

2.2. O Classicismo

O Classicismo é definido como um movimento literário, artístico e científico


que se caracterizava pela forte influência das regras clássicas greco-latinas. Teve seu
surgimento na Europa, entre meados dos séculos XIV e XVI, e foi um movimento que
pretendia estabelecer uma concepção nova tanto do mundo quanto do homem (Fortini,
1989, p. 296).

O Classicismo surge depois da transição humanista, a qual representa a


mudança da Idade Média para o Renascimento, sendo assim, tido como a constituição
artística desse período, pois surge em contrapartida ao imaginário medieval, que se
centrava nas crenças cristãs que fundamentavam as produções tanto do campo
literário, quanto do campo artístico na Europa, ao longo do decorrer da Idade Média.
Assim, Moisés (1960, p. 65) destaca que:

Tal estado de coisas, ligado aos acontecimentos históricos, bem como as novidades e
as mudanças operadas ao longo desse tempo (descobertas científicas, invenções, o
progresso no campo do saber filosófico, artístico e literário, a Reforma luterana, a
Contra-Reforma, etc.), veio a constituir o Renascimento.

De acordo com Moisés (1960, p. 67) o marco inicial do Classicismo português


ocorre em 1527, quando se dá o retorno do escritor Sá de Miranda, de uma viagem
feita à Itália, de onde trouxe a introdução de novas ideias para uma renovação na

ix
literatura da época, assim como também algumas novas formas de composição poética
como, por exemplo, o soneto, a elegia, a canção, a comédia clássica entre outras.

Com isso, Sá de Miranda torna-se uma figura essencial na colaboração para a


divulgação dessa estética clássica em Portugal. Tal estética consistia,
fundamentalmente, como cita Moisés (1960, p. 67) em uma:

Concepção de arte baseada na imitação ou mimese dos clássicos gregos e latinos,


considerados modelos de suma perfeição estética. Imitar não significava copiar, mas,
sim, a procura de criar obras de arte segundo as fórmulas, medidas empregadas pelos
antigos. Daí a observância de regras, estabelecidas como suportes, leis ou pressupostos
da obra literária, aceitas como verdades absolutas: os escritores não tinham mais que
observá-las, acrescentando-lhes a força do talento pessoal.

Ou seja, a estética clássica consistia, primordialmente, em trazer à tona uma


espécie de imitação dos autores clássicos gregos e romanos da Antiguidade; como
também usar a mitologia dos deuses gregos, assim como o uso de musas como
inspiração; apresentar a questão do racionalismo, no qual a razão predominaria sobre
os sentimentos humanos, todavia buscava-se também encontrar um equilíbrio entre
razão e sentimento. Havia ainda o predomínio do universalismo, isto é, uma
abordagem de temas tidos como universais, como anteriormente supracitados, as
emoções do homem, por exemplo. Verificam-se também influências vindas do
pensamento humanista e a perfeição na forma. Ademais de acordo com Moisés (1960,
p. 70):

As novas formas literárias introduzidas pelo Classicismo logo foram absorvidas, entre
outras razões porque, sendo notadamente poéticas, vinham corresponder as mais
íntimas preocupações do português letrado dessa época. Ao mesmo tempo, acusam a
tendência a qual as formulações poéticas são fácil e assimiladas pelo português, ao
passo que as novidades da prosa romanesca custam a deitar raízes fundas e produzir
obras de relevante sentido.

2.2.1. Características do Classicismo

Segundo Brandino (2024) relata que o classicismo, em relação à temática de


suas obras, teve como características principais:

x
A idealização amorosa, o que se dava a partir do cultivo do neoplatonismo;
o predomínio da razão, como uma inspiração humanista advinda da crença na
ciência; o cultivo do paganismo, influência da cultura greco-romana; a valorização
do antropocentrismo, conceito em que o homem é visto como o centro do universo, o
que se contrapunha à crença teocêntrica que vigorou na Idade Média; o
desenvolvimento de uma perspectiva universalista acerca da realidade; a busca pela
clareza e pelo equilíbrio de ideias; e o gosto pelo nacionalismo em um contexto de
intensas investidas comerceia a outros territórios a partir das navegações (Brandino,
2024).

Quanto aos aspectos formais, o classicismo teve forte apreço pelo soneto,
cultivando-o e difundindo-o como modelo de poema a ser escrito. Além do soneto, os
poetas filiados ao classicismo valorizavam a imitação das formas clássicas, visando
ao equilíbrio formal, além do emprego da medida nova, como um contraponto à
medida velha cultivada na Idade Média.

2.2.2. Principais Autores e Obras do Classicismo

Francisco de Sá de Miranda (Coimbra, 1481 - Amares, 1558). Precursor do


Classicismo português, foi o responsável pela introdução do verso decassílabo em
Portugal. Teve algumas poesias publicadas no Cancioneiro geral (1516), compilado
antológico da poesia humanista. Introduziu também, em língua portuguesa, as formas
da canção da sextina e as produções em tercetos e em oitavas, sendo responsável pela
formação dos poetas portugueses, tendo grande influência na literatura que se
desenvolveu no período. Eram parte de suas temáticas a reflexão moral, filosófica e
política, além do lirismo amoroso. Escreveu também textos dramatúrgicos e cartas em
forma de verso (Brandino, 2024).

2.3. O Humanismo

Segundo Souza (2024) descreve que humanismo surgiu no século XV na Itália,


mais precisamente na cidade de Florença durante o período do Renascimento Cultural.
Por isso, ele também é chamado de Humanismo Renascentista. Esse movimento
intelectual de valorização do homem, influenciou diversos campos de conhecimento
(filosofia, ciências, literatura, escultura, artes plásticas) e rapidamente se espalhou por
outros países da Europa.

xi
O Humanismo é um movimento literário de transição entre o Trovadorismo e o
Classicismo que marcou o fim da Idade Média e início da Idade Moderna na Europa.
Com foco na valorização do homem, ele se destacou com as produções em prosa
(crônicas históricas e o teatro) e poética (poesia palaciana) durantes os séculos XV e
XVI (Kossovitch, 1994, p. 59).

2.3.1. Características do Humanismo

As três principais características do Humanismo são: o Antropocentrismo (o


homem como o centro do mundo), o Racionalismo e o Cientificismo. O marco inicial
do humanismo literário português foi a nomeação de Fernão Lopes como cronista mor
do reino, em 1434. Esse movimento vai até 1527 com a chegada do poeta Sá de
Miranda da Itália, quando começa o Classicismo (André, 2013, p. 18).

Por sua vez, segundo André (2013, p. 18-19) sintetiza as principais


características do humanismo nos seguintes moldes:

Racionalismo - Com a ideia do Antropocentrismo, consequentemente, as posturas


éticas do pensamento humanista atribuem grande importância a racionalidade. Por
fugir da religiosidade, aquilo que era atribuído ao divino, passa a ser questionado
racionalmente. Os naturalistas buscam, por meio da racionalidade, compreender os
fenômenos da vida. Se opondo ao sobrenatural (divino) e buscando uma explicação
palpável. Uma explicação que não envolvesse apenas a fé de acreditar em uma
autoridade superior, como Deus (André, 2013, p. 18-19).

Cientificismo - O pensamento humanista fez com que o houvesse um afastamento dos


dogmas da Igreja Católica. Afastamento que possibilitou um desenvolvimento no
campo das ciências como a matemática, a física e a medicina. No Humanismo, o que
predominou foram os métodos científicos, com experimentos e fatores empíricos. Pela
experimentação, os humanistas buscavam respostas que antes eram deixadas de lado,
pois eram atribuídas aos dogmas e ditames da Igreja. Igreja essa que alegava que tudo
era provocando por uma divindade, que a propósito, não deveria ser questionada
(André, 2013, p. 18-19).

2.3.2. Principais Autores e Obras do Humanismo

Conforme as explicações de Erasmo (1906, p. 375) adverte que o teatro


popular, a poesia palaciana e a crónica histórica foram os géneros mais explorados

xii
durante o período do humanismo em Portugal. Dentre os principais autores do
humanismo português estão: Gil Vicente, Fernão Lopes e Garcia de Resende.

Gil Vicente (1465-1536) foi considerado o “pai do teatro português” e sua obra
aborda temas religiosos e humanos. Apesar de possuir uma visão religiosa cristã e
moralista, seus textos também apresentam críticas sociais. Esse autor escreveu
diversas peças teatrais chamadas de Autos e Farsas. Os Autos focavam em temas
humanos e divinos, e as Farsas estavam relacionadas com os costumes da sociedade
portuguesa da época. Dentre sua obra de dramaturgia, destacam-se: Auto da Visitação
(1502), O Velho da Horta (1512), Auto da Barca do Inferno (1516) e a farsa de Inês
Pereira (1523) (Erasmo, 1906, p. 375).

Fernão Lopes (1390-1460) foi o maior representante da prosa historiográfica


humanista, além de fundador da historiografia portuguesa. Antes dele, a historiografia
de Portugal se resumia aos nobiliários, ou seja, os livros de linhagem que reuniam as
árvores genealógicas dos nobres medievais. Assim, ele ampliou esse conceito ao
escrever obras de grande valor artístico e histórico sobre a história dos reis de
Portugal, das quais merecem destaque: Crônica de El-Rei D. Pedro I, Crônica de El-
Rei D. Fernando, Crônica de El-Rei D. João I (Erasmo, 1906, p. 375).

Garcia de Resende (1470-1536) foi o maior representante da poesia palaciana


humanista. O escritor publicou em 1516 a obra Cancioneiro Geral, que reúne mais de
mil poemas da literatura medieval, de 300 autores diferentes (Erasmo, 1906, p. 375).

Por sua vez, segundo Soares (2014, p. 22) descreve os grandes representantes
da literatura humanista, nomeadamente:

Francesco Petrarca (1304-1374) - Poeta italiano fundador do humanismo e autor das


obras: Cancioneiro e o Triunfo; Meu livro secreto; Itinerário para a Terra Santa. Dante
Alighieri (1265-1321) - Poeta e político italiano, autor das obras: A Divina Comédia;
Sobre a Língua Vulgar; Vida Nova. Giovanni Boccaccio (1313-1375) - Poeta italiano
e autor das obras: Decamerão; A canção bucólica; Mulheres famosas. Erasmo de
Roterdã (1466-1536) - Teólogo e filósofo neerlandês, autor das obras: Elogio da
Loucura; Manual do Cavaleiro Cristão; Colóquios. Thomas More (1478-1535) -
Escritor e filósofo inglês, autor das obras: Utopia; Tratado sobre a Paixão de Cristo;
Súplica das Almas. Michel de Montaigne (1533-1592) - Filósofo e escritor francês,
autor de uma única obra reunida em 3 volumes: Ensaios (Soares, 2014, p. 22).

2.4. Formas Poéticas Marcantes


xiii
As formas poéticas marcantes são muito mais que um texto, trata-se da
tradução do universo desconhecido das emoções, a arte de brincar com as palavras,
uma esfera pouco compreendida, que tenta muitas vezes transmitir significados nas
entrelinhas dos versos, esta por sua vez sensibiliza e precisa ser cultivada. O convívio
com as formas poéticas marcantes favorecem o prazer da leitura do texto poético e a
produção dos próprios poemas, o exercício poético ajuda no desenvolvimento de uma
compreensão mais rica da realidade, aumenta a familiaridade com a linguagem mais
elaborada da literatura e enriquece a percepção. De acordo com Paz (1982, p. 15):

A poesia é conhecimento, salvação, poder, abandono. Operação capaz de transformar


o mundo, a atividade poética é revolucionária por natureza. Expressão histórica de
raças, nações, classes. Nega a história: em seu seio resolvem-se todos os conflitos
objetivos e o homem adquire, afinal, a consciência de ser algo mais que passagem.
Filha do acaso; fruto do cálculo. Arte de falar em forma superior; linguagem primitiva.
Analogia: o poema é um caracol onde ressoa a música do mundo, e métricas e rimas
são apenas correspondências, ecos, da harmonia universal.

Segue ainda Pinheiro (2007, p. 21) ao afirmar que além destas transformações
mais gerais operaram-se muitas outras de natureza fonética, morfológica e sintáctica
que preparam o apogeu da prosa poética atingido um século mais tarde com Vieira e
Bernardes.

Os versos de cinco a sete sílabas medida velha continuam a usar-se, mas Sá de


Miranda introduziu em Portugal os versos de dez sílabas medida nova com a
acentuação ora na 6.ª e 10.ª sílabas, ora na 8.ª e 10.ª. Com a medida nova surgem
novas formas poéticas: o soneto, a canção, a écloga, a elegia, a epístola, o epigrama, a
ode, a sextina, o ditirambo (Moisés, 1960, p. 74).

Soneto - Composição de catorze versos (sendo duas quadras e dois tercetos) que
termina por um pensamento subtil a qual se da dá o nome de chave do soneto. Canção
- Composição erudita de carácter amoroso, de longas estrofes, com versos de 10
sílabas por vezes entremeadas com os de 6 sílabas. Écloga - Composição, geralmente
dialogada em que o poeta idealiza assuntos sobre a vida do campo. As suas
personagens são pastores (éclogas pastoris), pecadores (éclogas piscatórias) ou
caçadores (éclogas venatórias) (Moisés, 1960, p. 74).

xiv
Elegias - Composição de carácter triste. Epístolas - Composição em que o autor
expõe as suas ideias e opiniões em estilo calmo e familiar. Epigrama - Composição
de dois ou três versos com pensamentos engenhosos e de estilo cintilante (Moisés,
1960, p. 74).

Ode - Composição pequena, de carácter erudito, com elevação do pensamento sobre


assuntos vários. As Odes classificam-se em pindáricas (cantam heróis ou
acontecimentos grandiosos) anacreônticas (cantam o amor e a beleza) e satíricas
(celebram assuntos morais ou filosóficos). Sextina - Composição de seis estrofes de
seis versos (sextilhas) com uma forma muito engenhosa, em que as palavras finais dos
versos da primeira estrofe terão de ser as palavras finais dos versos de todas as
estrofes, apenas com a ordem trocada. Ditirambo - Canto festivo para celebrar o
prazer dos banquetes (Moisés, 1960, p. 74).

2.4.1. O Lirismo Camoniano

Segundo Saraiva (1966. p. 85) relata que a lírica camoniana reunida sob o
título de “Rimas” abrange canções, odes, églogas, elegias, oitavas, sextinas,
redondilhas e sonetos. Além dessa obra, há também uma série de poemas chamados de
“apócrifos”, que, supostamente, seriam de autoria do poeta.

Por sua vez, segundo Moisés (2008) afirma que a palavra lírica originou-se do
grego (lyra) e do latim (lira), a “Lira” é o instrumento musical que acompanhava a
recitação dos poemas líricos. Antigamente, se classificava como lírica apenas a poesia
que fosse acompanhada de música e que seguisse o padrão do soneto, das baladas ou
de outras formas líricas. Mas, actualmente, este modelo grego já não serve mais e
passou a ser considerado lírico produções que apresentem um teor altamente
emocional. A poesia lírica é aquela na qual o “eu” flagela-se na tentativa de expor ao
mundo suas dores individuais, de uma maneira que consegue despertar no leitor e
fazê-lo identificar-se e emocionar-se com os temas.

Segue-se ainda nesta linhagem, segundo Saraiva (1973. p. 332) ao esclarecer


que poesia lírica camoniana apresenta-se marcada por uma dualidade; a qual é
marcada pelos textos de herança nítida da poesia tradicional portuguesa e pelas
poesias perfeitamente enquadradas no novo estilo do Renascimento. No entanto, não
se pode afirmar que Camões tenha conseguido isolar suas influências, ao contrário,
tais influências aparecem fundidas. Daí se resulta em uma obra típica do século XVI.
xv
È dessa forma que se observa a vasta composição lírica de Luís Vaz de Camões, na
qual aborda o amor, fazendo o uso de ideias platónicas, onde perpassam os novos
elementos neoplatónicos quinhentistas (Saraiva, 1973. p. 332).

Neste sentido segundo Berardinelli (1973, p. 61) informa que observa-se nos
poemas dele a ideia essencial da filosofia platónica que é justamente que o amor
conduz, elevando a amante à Beleza Absoluta. Este mesmo tem, visto em Platão e que
encontramos abundantemente na poesia lírica de Camões é o objeto central de nosso
trabalho acadêmico, tendo em vista toda a sua significância. Da lírica camoniana este é
um dos temas mais ricos, visto de duas formas, como ideia (neoplatonismo) e o amor
como manifestação carnal.

Para terminar, no amor como ideia ou espiritualidade, é o que conduz a uma


idealização da mulher. Nota-se, também, que o amor surge á maneira de Petrarca e
como extensão de Dante Alighieri, a mulher amada é ininterruptamente retratada de
forma ideal. Desta forma o poeta recorre a uma inabalável adjetivação, descrevendo
assim um ser superior, angelical, perfeito. Mas, por outro lado, devido à vida
atribulada do poeta e suas experiências concretas, ou seja, do mundo sensível, o que o
conduz a cantar não mais um amor espiritualizado, mas um amor terreno, carnal e até
mesmo erótico (Berardinelli, 1973, p. 61).

3. Considerações Finais

Como em tudo na vida há um prazo de validade, há um fim e um começar de


novo e este trabalho de carácter investigativo da disciplina de Literatura-Luso
Brasileira chegou à sua fase final.

Assim sendo, das análises, leituras feitas nas referências bibliográficas e outras
consultas a materiais encontrados neste trabalho de pesquisa, conclui-se que o
Renascimento é a aceitação definitiva das formas em que a arte, a história, a literatura
e a filosofia greco-latinas se tinham expresso, e a assimilação do espírito pagão que as
animava. Teve berço na Itália no século XV.

Ainda nesta senda conclusiva, conclui-se que a origem da literatura escrita em


português iniciou-se, obviamente, em Portugal. Os estilos literários marcavam a forma
xvi
como os escritores se expressavam e esses estilos estavam, muitas vezes, em
conformidade com o período histórico da época.

A literatura de Portugal surgiu no século XII. Os primeiros estilos foram o


trovadorismo, uma forma de poesia cantada, o humanismo, marcante principalmente
na obra escrita para o teatro por Gil Vicente, e o renascimento, presente no poema
épico Os Lusíadas, de Luís de Camões.

De uma forma sintética e conclusiva geral deste trabalho de pesquisa, refere-se


que todo o processo de pesquisa para a realização deste trabalho, desde a minuciosa
pesquisa, realização das análises e conclusão, foi de grande valia, uma vez que ao
decorrer deste estudo foi possível conhecer a lírica camoniana. Desta forma, divulgar a
sua lírica e fazer uma análise crítica do conteúdo de sua composição lírica. Também
pode-se perceber que apesar de cantar o amor tão bem, o autor apresenta muitas
incertezas sobre o tema, ao nos mostrar que tal sentimento deve ser vivenciado e não
apenas escrito e cantado em versos.

4. Referências Bibliográficas

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contradições. In: Humanismo, diáspora e ciência: séculos XVI e XVII. Porto:
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