Administração

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Introdução

A Administração Pública desempenha um papel vital na governança e no desenvolvimento de


qualquer nação, influenciando diretamente a qualidade dos serviços oferecidos aos cidadãos e
o ambiente socioeconômico do país. Este trabalho busca realizar uma comparação entre as
Administrações Públicas de Moçambique e Portugal, dois países que, apesar de compartilharem
um passado colonial comum, seguiram trajetórias distintas em termos de desenvolvimento
político, econômico e social. A análise das semelhanças e diferenças entre as práticas
administrativas desses países permitirá uma compreensão mais aprofundada de como
contextos históricos e culturais influenciam a estrutura e o funcionamento das administrações
públicas.

Objetivo Geral

Comparar as Administrações Públicas de Moçambique e Portugal, com o intuito de identificar


as semelhanças e diferenças em suas estruturas, processos e resultados administrativos.

Objetivos Específicos

 Descrever as características principais da Administração Pública em Moçambique e


Portugal.
 Analisar os principais desafios e oportunidades enfrentados por Moçambique e Portugal
em suas Administrações Públicas.
 Avaliar as reformas administrativas implementadas em cada país e seus impactos no
funcionamento e na eficiência do serviço público.
 Investigar como as diferenças históricas e culturais entre os países refletem na
organização e na gestão da Administração Pública.

Metodologia

Este estudo baseia-se em uma revisão bibliográfica e documental, com a análise de artigos
acadêmicos, livros, relatórios oficiais e outros documentos relevantes sobre a Administração
Pública em Moçambique e Portugal. A metodologia utilizada será comparativa, buscando
evidenciar as particularidades e os pontos de convergência entre os dois contextos
administrativos.
Revisão da Literatura

Conceitos Pertinentes da Administração Pública

Administração Pública

A Administração Pública refere-se ao conjunto de órgãos, entidades e serviços que executam as


políticas públicas e administram os interesses públicos sob a direção do Estado. Ela envolve a
gestão dos recursos humanos, financeiros e materiais para fornecer serviços essenciais à
população e implementar as políticas públicas de acordo com as diretrizes do governo
(Denhardt & Denhardt, 2015).

A Administração Pública em Moçambique e Portugal, apesar de compartilhar algumas raízes


históricas devido à colonização, desenvolveu-se de maneira distinta em resposta aos contextos
específicos de cada país. Aqui está uma visão geral das principais características, desafios e
diferenças entre as administrações públicas.

Análise compatíva administração pública de Moçambique vs Administração Pública de


Portugal

Enquadramento do País: Localização Geográfica e Contextualização Histórica

Moçambique:

Moçambique é um país localizado no sudeste da África, fazendo fronteira com o Oceano Índico
a leste, Tanzânia ao norte, Malawi e Zâmbia a noroeste, Zimbábue a oeste e Eswatini
(Suazilândia) e África do Sul ao sul (Ferreira, 2018). A sua localização estratégica no litoral
oriental africano sempre foi uma vantagem para o comércio, especialmente durante os
períodos de colonização.

Historicamente, Moçambique foi uma colônia portuguesa desde o século XVI até a sua
independência em 1975. Durante o período colonial, a administração pública foi estruturada
para servir aos interesses coloniais, focando na exploração dos recursos naturais e na
manutenção da ordem colonial (Chiziane, 2019). Após a independência, o país enfrentou uma
longa guerra civil que durou até 1992, impactando significativamente o desenvolvimento da sua
administração pública (Menezes, 2020).

Portugal:

Portugal é um país localizado no sudoeste da Europa, fazendo fronteira com a Espanha a leste e
norte, e com o Oceano Atlântico a oeste e sul (Silva, 2017). Como uma das nações mais antigas
da Europa, Portugal desempenhou um papel crucial durante a Era dos Descobrimentos,
estabelecendo um vasto império colonial que incluía territórios na África, Ásia e América do Sul.

O sistema administrativo português evoluiu significativamente ao longo dos séculos, com


importantes reformas sendo implementadas após a Revolução dos Cravos em 1974, que pôs
fim à ditadura do Estado Novo. Esta revolução marcou o início de um período de
democratização e modernização da administração pública em Portugal (Rodrigues, 2015).

Descrição do Sistema Administrativo

Moçambique:

O sistema administrativo de Moçambique é baseado em uma estrutura centralizada, com forte


controle do governo central sobre as províncias e distritos (Mabunda, 2019). Desde a
independência, Moçambique adotou um sistema socialista, com o partido FRELIMO exercendo
grande influência sobre a administração pública. Nos últimos anos, o país tem passado por
reformas que visam descentralizar o poder e aumentar a eficiência e transparência na
administração pública (Matonse, 2020).

Essas reformas, embora importantes, enfrentam desafios significativos, incluindo a falta de


recursos, a corrupção e a fraca capacidade institucional (Pereira, 2021). O impacto desse
sistema centralizado tem sido uma administração pública muitas vezes ineficiente, com
dificuldades em implementar políticas eficazes a nível local (Gouveia, 2022).

Portugal:

Portugal, por outro lado, possui um sistema administrativo mais descentralizado,


especialmente após a integração na União Europeia (Ferreira & Oliveira, 2016). O sistema
administrativo português é caracterizado por uma clara separação entre o governo central, as
regiões autônomas (Açores e Madeira), e as autarquias locais (municípios e freguesias). Essa
descentralização permite uma maior autonomia na gestão dos recursos e na implementação de
políticas públicas adaptadas às necessidades locais.

O impacto deste sistema administrativo descentralizado tem sido positivo para a eficiência da
administração pública, permitindo uma melhor prestação de serviços e maior envolvimento dos
cidadãos na governança local (Rodrigues, 2018). No entanto, desafios como a burocracia e a
necessidade de modernização dos processos administrativos continuam presentes (Santos,
2019).

Descrição do Serviço Público

Moçambique:
Em Moçambique, os serviços públicos prestados pela administração pública são essenciais, mas
ainda enfrentam grandes desafios. O governo moçambicano é o principal fornecedor de
serviços básicos, como educação, saúde e infraestruturas, mas a qualidade desses serviços varia
significativamente entre as áreas urbanas e rurais (Chiziane, 2019). A escassez de recursos,
combinada com problemas de governança, tem limitado a capacidade do governo de melhorar
esses serviços, especialmente nas regiões mais remotas (Menezes, 2020).

Portugal:

Portugal, com uma administração pública mais desenvolvida, oferece uma gama ampla de
serviços públicos, incluindo saúde, educação, segurança social e transportes (Ferreira, 2018). O
Serviço Nacional de Saúde (SNS) é um dos pilares da administração pública portuguesa,
garantindo acesso universal e gratuito aos cuidados de saúde. Além disso, a educação pública
em Portugal é acessível e amplamente disponível, contribuindo para altos índices de
alfabetização e educação superior no país (Santos, 2019).

Descrição do Historial e Atual Estágio da Administração Pública

Moçambique:

O historial da administração pública em Moçambique reflete as transições políticas e


econômicas que o país enfrentou desde a independência. O período pós-independência foi
marcado pela implementação de um modelo socialista de administração, seguido por reformas
orientadas ao mercado após o fim da guerra civil (Mabunda, 2019). Nos últimos anos,
Moçambique tem tentado modernizar a administração pública, com iniciativas de capacitação e
digitalização dos processos administrativos (Gouveia, 2022). No entanto, os desafios
permanecem, incluindo a corrupção, a ineficiência e a falta de recursos humanos qualificados
(Pereira, 2021).

Portugal:

Portugal tem um historial de administração pública que evoluiu significativamente após a


Revolução dos Cravos. As reformas administrativas pós-revolução visaram democratizar e
modernizar o Estado, com a introdução de novas leis de gestão pública e a integração de
Portugal na União Europeia, que trouxe novos padrões de governança (Rodrigues, 2015).
Atualmente, Portugal enfrenta o desafio de manter a eficiência do seu sistema administrativo,
ao mesmo tempo em que lida com a necessidade de modernização tecnológica e de adaptação
às novas exigências sociais e econômicas (Ferreira & Oliveira, 2016).

Relação com o Setor Privado e Sociedade Civil:


Moçambique:

Em Moçambique, a relação entre a administração pública, o setor privado e a sociedade civil é


complexa. O governo desempenha um papel central na economia, e há uma forte dependência
de ajuda externa.

A interação com o setor privado muitas vezes é marcada por falta de transparência e uma
burocracia que pode dificultar o desenvolvimento de negócios. A sociedade civil ainda está em
desenvolvimento, com um espaço de participação que, apesar de crescente, enfrenta
restrições.

Portugal:

Em Portugal, a relação entre a administração pública e o setor privado é mais madura, com um
ambiente de negócios regulamentado, mas geralmente favorável, e uma sociedade civil ativa.

Há um maior grau de colaboração e parcerias público-privadas, embora também existam


críticas sobre a burocracia e os entraves administrativos que podem impactar a
competitividade.

Capacitação e Formação dos Funcionários Públicos:

Moçambique:

A capacitação dos funcionários públicos é um dos grandes desafios em Moçambique. O sistema


educacional e de formação profissional ainda está em desenvolvimento, o que resulta em uma
força de trabalho na administração pública que, muitas vezes, carece das competências
necessárias para desempenhar suas funções de maneira eficiente.

Portugal:

Em Portugal, os funcionários públicos passam por uma formação mais estruturada e têm acesso
a programas de desenvolvimento contínuo. As escolas de administração pública e os cursos de
gestão pública são mais desenvolvidos, o que contribui para uma administração pública mais
capacitada.

A administração pública é essencial para a implementação eficaz das políticas governamentais e


para a prestação de serviços aos cidadãos. Entre os pontos mais pertinentes estão a eficiência,
que diz respeito ao uso racional dos recursos públicos; a transparência, fundamental para
garantir a confiança da população e combater a corrupção; a accountability, ou seja, a
obrigação dos gestores públicos de prestar contas de suas ações; e a descentralização, que
permite uma melhor adaptação das políticas públicas às necessidades locais, promovendo a
participação cidadã e uma gestão mais próxima das comunidades. Além disso, a burocracia,
estruturada em regras e hierarquias, visa garantir a imparcialidade e previsibilidade na
administração, embora precise ser constantemente reformada para evitar a rigidez e
ineficiência.

Conclusão

A comparação entre a Administração Pública de Moçambique e Portugal revela diferenças


significativas em termos de estrutura, eficiência e desafios enfrentados. Enquanto Moçambique
luta com os legados da colonização e da guerra civil, Portugal tem uma administração pública
mais consolidada, mas ainda enfrenta desafios de modernização e eficiência. A análise desses
sistemas permite uma melhor compreensão das dinâmicas de governança em contextos
distintos e oferece lições importantes para a melhoria contínua dos sistemas administrativos
em ambos os países.

Enquanto Portugal tem uma administração pública mais desenvolvida e estruturada,


influenciada por uma longa tradição de governança e uma integração europeia que promoveu
reformas contínuas, Moçambique ainda está em processo de construção de um sistema
administrativo robusto, enfrentando desafios significativos devido ao seu contexto histórico e
atual. As diferenças são marcadas principalmente pela capacidade institucional,
descentralização, e pelo nível de profissionalismo e meritocracia presentes nos dois países.

Referências:
Chiziane, M. (2019). Centralização e descentralização na administração pública moçambicana:
Desafios e perspectivas Maputo: Editora Nacional.

Ferreira, J., & Oliveira, P. (2016). Descentralização administrativa em Portugal: O papel das
autarquias locais*. Lisboa: Edições Acadêmicas.

Mabunda, A. (2019). A evolução histórica da administração pública em Moçambique: Da era


colonial ao pós-independência. Revista Moçambicana de Estudos Administrativos, 15(2), 45-67.

Matonse, J. (2020). Reformas na administração pública moçambicana: Influências externas e


desafios internos. Maputo: Universidade Eduardo Mondlane.

Menezes, C. (2020). Administração pública e guerra civil em Moçambique: Impactos e


reconstrução institucional. In R. Silva (Ed.), Governança em países pós-conflito: Casos da África
Subsaariana (pp. 123-145). Porto: Editora Africana.

Pereira, S. (2021). A corrupção e seus impactos na administração pública de Moçambique: Uma


análise crítica. Revista de Administração Pública Africana, 12(1), 89-102.

Rodrigues, T. (2015). A Revolução dos Cravos e a transformação da administração pública


portuguesa. Porto: Edições Lusíadas.

Rodrigues, V. (2018). Modernização administrativa em Portugal: Desafios e oportunidades no


contexto europeu. Lisboa: Universidade de Lisboa.

Santos, A. (2019). Transparência e accountability na administração pública portuguesa:


Evolução e impacto. Revista Portuguesa de Políticas Públicas, 24(3), 301-320.

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