Artigo - Diego Willams Santos Oliveira
Artigo - Diego Willams Santos Oliveira
Artigo - Diego Willams Santos Oliveira
ASCES-UNITA
CURSO DE DIREITO
CARUARU
2019
DIEGO WILLAMS SANTOS OLIVEIRA
CARUARU
2019
BANCA EXAMINADORA
__________________________________
_____________________________________
Primeiro Avaliador
_____________________________________
Segundo Avaliador
RESUMO
INTRODUÇÃO 6
CONCLUSÃO 30
REFERÊNCIAS 33
6
INTRODUÇÃO
afasta, porém, direitos e prerrogativas inerentes aos militares que estão inseridos
nesta sociedade.
O artigo em questão traz à baila os aspectos constitucionais e legais
consoantes ao processo administrativo disciplinar no âmbito da Polícia Militar de
Pernambuco, expondo sua relevância jurídica e importância para a Administração
Pública e, concomitantemente, para o bem-estar do agente público militar no
desempenho dos serviços públicos a ele inerentes de modo a evitar sanções
desproporcionais. O método de abordagem utilizado foi o de pesquisa exploratória
que segundo Gil (1999) tem como principal finalidade desenvolver, esclarecer e
modificar conceitos e ideias, com vistas na formulação de problemas mais precisos
ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores. E a técnica de pesquisa
bibliográfica que segundo Lakatos (1991) consiste em pré-fase que engloba a
leitura, com análise interpretativa textual no que diz respeito a toda pesquisa, é
elaborada com base em material já publicado, como, livros, artigos e material
disponível na Internet.
A base jurídica pesquisada foi a Constituição Federal, normas
infraconstitucionais e posicionamentos doutrinários. No entanto, houve ainda o
exame pormenorizado de aspectos legais específicos, os quais regem a matéria do
processo administrativo disciplinar na Polícia Militar de Pernambuco.
Vale destacar que a discussão e o fomento no tocante aos temas aqui
abordados revelará maior segurança para os operadores das ciências jurídicas e
aplicadores do direito teleologicamente na pacificação dos conflitos, haja vista a
escassez de material doutrinário referente ao tema.
estes são regidos por legislação própria, e até mesmo em sentenças judiciais se
emprega este conceito, embora não deixe de ser em parte verdadeiro, visto que os
militares realmente estão submetidos aos seus estatutos, regulamentos e códigos.
Nesse sentido se suscita de forma equivocada, que os militares estariam
separados de outras disciplinas jurídicas como o Direito Civil e Processo Civil. O que
na verdade se busca com esse argumento é justificar a imposição de limitações para
essa categoria de profissionais, e que, por muitas vezes até no meio laboral dos
próprios militares se difunde esse tipo de afirmação. O que restaria configurado
como um retrocesso e afronta ao Estado Democrático de Direito.
Apesar de que se vivencia, no Brasil, um regime democrático de direito, ainda
é muito corriqueiro notar o uso da argumentação de que os militares, de forma geral,
são regulamentados por legislação específica, e que de certo modo tem sua razão
de ser. No entanto, até determinado ponto de vista pode ser correta essa afirmação,
visto que, apesar de estarem submetidos a códigos, estatutos e regulamentos, em
hipótese nenhuma estas leis infraconstitucionais fundadas na hierarquia e disciplina
que são os pilares da vida castrense, terão o condão de se sobrepor a norma
fundante do ordenamento jurídico que é a Carta Magna, ou eliminar direitos
fundamentais e humanos que são garantidos a todos os humanos (os direitos
humanos), inclusive os membros das forças de segurança pública.
Imprescindível destacar aos que enveredam pelo caminho de tentar justificar
restrições aos agentes de segurança pública, fundados sob o argumento de que é
para a manutenção da hierarquia e disciplina ou pelo motivo de estarem os militares
submetidos a uma legislação específica, revela-se contrária aos fundamentos e
princípios constitucionais dos direitos fundamentais e humanos.
É fato que os militares, pelas especificidades peculiares de suas atividades
laborais, se impõem regulamentos específicos com bases na hierarquia e disciplina
e, por conseguinte se estendem seus conceitos e valores aos códigos disciplinares
de modo a adequar a vida na caserna. Todavia, a situação de estarem submetidos à
hierarquia e disciplina e seus estatutos que regulam os comportamentos no âmbito
militar, não formam elementos jurídicos hábeis suficientes para retirar dos militares
direitos garantidos na Constituição.
Nesse contexto, a hierarquia se traduz na distribuição de atribuições e
competências e funções de forma escalonada, assim sendo, quanto maior o grau
hierárquico, igualmente será maior a carga de responsabilidades. Já a disciplina
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Para obter uma melhor compreensão do tema, se faz mister entender esse
labor, que por diversas vezes a sociedade e a mídia em geral mistifica como heróis,
quando no exercício da profissão alcançam êxito nas missões bem executadas, e
verdugos quando no mau ou insuficiente desempenho de suas atividades.
Destarte, impende enaltecer que a Emenda Constitucional nº 18, de 5 de
fevereiro de 1998, estabeleceu status constitucional à hierarquia e disciplina e
modificou a categoria onde os militares antes eram considerados servidores
militares. No entanto, após a Emenda, foram incluídos em uma nova categoria de
agentes públicos que é a dos Militares, conferindo a estes maiores níveis de
responsabilidade, posto que estas instituições de segurança pública estadual
igualmente se fundam na hierarquia e disciplina como as forças armadas federais,
respeitando-se os regulamentos e estatutos de cada ente da federação (BISNETTO,
2017, p. 46).
Os policiais militares possuem natureza jurídica extremamente idiossincrática,
haja vista o estabelecido no artigo 144, §6º, da Constituição Federal, que afirma que
as Polícias Militares dos Estados são Forças Auxiliares e Reserva do Exército e
estão diretamente subordinadas aos Governadores de Estado. É oportuno pontuar
que a CF/88, apesar de ter garantido vários direitos fundamentais aos brasileiros, no
tocante aos militares cerceou alguns direitos por estarem inseridos na condição de
militar e impinge ordens específicas que não se aplicam a outro profissional. Neste
sentido, como exemplo, cabe trazer à baila o sacrifício da própria vida, a submissão
à hierarquia e disciplina, a vedação às atividades políticas, a proibição de
sindicalização e o direito de greve, além de impor regulamentos disciplinares,
legislação penal e processual especial.
Nesse diapasão, as instituições militares estão fundadas na hierarquia e
disciplina, o que exige uma interpretação quanto à realidade da vida na caserna da
instituição militar estadual, diante de sua atribuição constitucional às quais revelam
separação com o cotidiano da sociedade civil, como no caso de transgressão
disciplinar que é um instituto adstrito aos militares.
O item acima faz uma clara distinção entre os três institutos: o crime militar, a
contravenção e as transgressões disciplinares. Do referido artigo pode-se perceber
que certa indeterminação surge quanto ao que seria uma transgressão disciplinar.
Todavia, na prática da vida castrense, o conceito em síntese apertada demonstra
que é qualquer ato de indisciplina por parte do militar, bastando ao seu superior
entender que está configurada a transgressão.
Um limitador exsurge à discricionariedade da autoridade militar quanto à
subsunção do caso concreto, é o parágrafo único que delineia sua previsão legal:
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VALLA (2015)
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forma sucinta em cumprir a missão, ainda que com o risco da própria vida. Esses
valores devem ser seguidos por homens e mulheres submetidos ao regime militar
baseado na ética e no pundonor castrense. No tocante ao tributo acima citado, este
traduz-se na afirmação de forma solene onde se tomam por testemunha os símbolos
nacionais, as pessoas e autoridades presentes no ato de formatura ou conclusão de
curso. O juramento prestado por aquele que ingressa na instituição militar decorre
precipuamente da lei, tradição e influência histórica.
Sendo assim, todo e qualquer cidadão que devidamente preparado e
capacitado ingressar nas Forças Armadas ou Polícia Militar e Corpo de Bombeiros
Militar, tem o dever de prestar o compromisso de honra, no qual conscientemente
afirma ter ciência de suas obrigações e responsabilidades e expressa de maneira
livre e voluntária sua disposição indelével de bem e fielmente cumpri-los, mesmo
com o risco da própria vida. Estas declarações, realizadas de forma uníssonas por
aqueles que ingressam nas instituições militares, estão consubstanciadamente
carreadas de elevado valor patriótico nacional. O que gera uma compreensão exata
do nível de comprometimento, devoção, fidelidade, honra e dedicação exclusiva à
atividade laboral em defesa do Estado e das instituições.
O compromisso do policial militar está previsto em legislação própria, pois a
peculiaridade da profissão exige norma específica aplicada à vida na caserna para
preservação da instituição militar. É, por conseguinte, no Título II, Capítulo II, artigos
30, 31 e 32, da Lei Nº 6.783, de 16 de outubro de 1974, que dispõe sobre o Estatuto
dos Policiais-Militares do Estado de Pernambuco e dá outras providências. Nestes
termos estabelece:
CAPÍTULO II
DOS DEVERES POLICIAIS-MILITARES
Seção II
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Do compromisso policial-militar
propriedade dos cidadãos, seria um contrassenso retirar dos militares esse direito
básico e fundamental.
Outrossim, se a Constituição, de forma explícita garante às gestantes, presos
e aposentados o direito à integridade física (que, por óbvio se estende a qualquer
ser humano sob jurisdição nacional), como se exigir tamanho encargo dos agentes
militares que resguardam esse direito? Sendo assim, qualquer norma que determine
de forma expressa ou tácita a restrição do princípio fundamental da integridade física
deve ser considerada inconstitucional. Importante destacar que o princípio da
dignidade humana que se desdobra no princípio da integridade física, revela-se em
limitador estatal das exigências exacerbadas falsamente justificadas na hierarquia e
disciplina a título de manutenção das instituições militares.
A título de exemplo imagine-se um agente militar que deixa por qualquer que
seja a modalidade de culpa (stricto ou lato sensu) de utilizar equipamento necessário
ou utiliza equipamento de segurança (EPI) com defeito ou inadequado por falta de
conhecimento técnico específico no tocante aos diversos instrumentos utilizados em
missões pelas instituições militares, ou se submete a esforços físicos além de suas
condições físicas normais, o que no caso concreto, colocaria no mínimo em risco a
integridade física do agente.
Todo esse exemplo citado revela que premente se faz pela Administração
Pública militar uma rigorosa fiscalização e vigilância constante sobre os militares
administrados, com o fito de perquirir se todas as normas legais vigentes referentes
à segurança e integridade física do agente estão sendo garantidas.
Neste contexto, outro ponto que não pode deixar de ser abordado diz respeito
à execução da missão “mesmo com o risco da própria vida”. Contudo, como se exigir
legalmente que o militar oferte e sacrifique sua vida em favor de outrem? A leitura da
norma constitucional em uma interpretação literal de maneira perfunctória deixa
claro que todos são iguais perante a lei, sem haver qualquer distinção ou
discriminação de qualquer natureza, tutelando e garantindo a todas as pessoas o
direito à vida. Deste modo, a resposta ao questionamento acima é negativa; todavia,
o tema abordado será examinado de forma exauriente para melhor compreensão.
Alexandre de Moraes (2017) diz que: “O direito à vida é o mais fundamental
de todos os direitos, já que se constitui em pré-requisito à existência e exercício de
todos os demais direitos”. Por óbvio, não há como gozar, reaver, usar e dispor e
exercer tantos outros direitos, sem que primeiro se exerça o direito à vida; entretanto
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respeitar os direitos fundamentais e humanos para que não haja qualquer nulidade,
seja de cunho material ou processual no processo administrativo disciplinar,
evitando com isso vícios, e garantindo lisura e transparência do ato.
O poder disciplinar é uma prerrogativa interna outorgada à Administração
para os atos de seus agentes, podendo gerar sanções no tocante aos serviços que
de alguma forma são ofertados para a coletividade e violados pelo agente de
segurança pública.
É importante se fazer uma interpretação sistemática correlacionando o
processo administrativo disciplinar com os princípios do Direito Penal e Processo
Penal fundado no princípio da simetria, todavia, respeitando-se as peculiaridades de
cada matéria. A intenção não é de forma alguma de igualar processo penal e
processo administrativo, pois possuem naturezas distintas entre si, o que se almeja
com a aplicação da simetria processual é trazer maior plenitude das garantias
constitucionais no tocante à ampla defesa e contraditório.
Por essa razão a Carta Política no art. 5º, inciso LV, estabelece que:
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
AVENA, Noberto Cláudio Pâncaro. Processo penal. 9.ª ed. rev. e atual. Rio de
Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2017.
DUTRA, Luciano. Direito constitucional essencial. 3 ed. rev., atual. e ampl. – Rio
de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2017.
GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. Atlas, São Paulo,
1999.
MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 33. ed. rev. e atual. até a EC nº 95,
de 15 de dezembro de 2016 Atlas. São Paulo, 2017.
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OLIVEIRA, Erival da Silva. Direitos humanos. 2 Ed. Revista dos Tribunais. São
Paulo, 2011.
OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Curso de processo penal. 19 ed. rev. E atual. Atlas.
São Paulo, 2015.