Aula 2 Primeiros Socorros-PDF-ALUNOS

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REAÇÕES

MEDICAMENTOSAS
PROFESSOR ESP. JOSÉ YTACIANO
Reação adversa a medicamento segundo a ANVISA é
qualquer efeito nocivo, não intencional e indesejado de uma
droga, observado nas doses terapêuticas habituais em
seres humanos para fins terapêuticos, profiláticos ou
diagnósticos. As reações adversas a medicamentos
classificam-se em previsíveis e imprevisíveis.
PREVISÍVEIS
São comuns, podem ocorrer em qualquer indivíduo e são
relacionadas à ação farmacológica da droga, são dose-
dependentes. Representam 75% das reações adversas a
medicamentos. Elas são divididas em quatro tipos:
• Toxicidade
• Efeito secundário ou indireto
• Efeito colateral
• Interação de drogas
IMPREVISÍVEIS
São incomuns, ocorrem em pacientes suscetíveis, não são
relacionadas a ação farmacológica da droga, depende da
resposta individual de cada um, de deficiências genéticas ou
resposta imunológica, são dose-independentes.
Representam 25% das reações adversas a medicamentos.
Elas são dividas em três tipos:
• Intolerância medicamentosa
• Reação idiossincrática
• Reação de hipersensibilidade ou alergia (15% das reações
alérgicas a medicamentos).
REAÇÕES DE HIPERSENSIBILIDADE
As reações de hipersensibilidade ou alergia a
medicamentos, segundo a WAO – World Allergy
Organization podem ser alérgicas ou não alérgicas,
conforme apresentem ou não mecanismo imunológico como
desencadeante. As reações a medicamentos na sua maioria
não são provocadas por mecanismos imunológicos,
consideradas portanto como reações de hipersensibilidade
não alérgica. Envolve anticorpo especifico ou linfócito T
sensibilizado, ocorre a liberação de mediadores diretamente
de mastócitos ou basófilos ou ativação do sistema
complemento. As manifestações clinicas são semelhantes a
de uma reação alérgica.
A reação adversa a medicamentos é adquirida. É possível
nunca ter sido alérgico a um medicamento e de repente se
tornar. Pacientes atópicos (com asma, rinite e/ou dermatite
atópica) podem apresentar reações IgE mediadas mais
graves. A via de administração parenteral, ou seja, por soro,
provoca reações mais intensas. A incidência de reação
alérgica ao medicamento é maior quando administrado de
forma intermitente. O uso contínuo está associado a menor
incidência de sensibilização alérgica.
Às vezes as drogas apresentam estruturas químicas
semelhantes e por este motivo dizemos que apresentam
reação cruzada, ou seja, podem provocar os mesmos
efeitos. Isso explica porque pode ser necessária a
suspensão de um grupo de medicamentos. Os fármacos que
mais provocam reações adversas são os antibióticos e os
anti-inflamatórios não esteroidais.
TIPOS
• Existem quatro tipos de reação causada por alergias
medicamentosas:
• Reação imediata tipo I: tem a participação do anticorpo IgE,
resultando num quadro clínico com rinite, asma, urticária,
angioedema (edema da derme profunda atingindo pálpebras e
lábios) e anafilaxia (em que o paciente pode apresentar coceira
na pele, vermelhidão, sensação de desmaio, falta de ar, chiado
no peito, queda de pressão, choque, náuseas, vômitos e
diarreia. A obstrução progressiva das vias aéreas e colapso
circulatório podem levar a coma e óbito)
• Reação tipo II: ação direta do anticorpo IgM ou IgG no tecido ou
órgão, com ativação do sistema complemento. Pode atingir
pele, pulmão, fígado, músculos, nervos periféricos e células
sanguíneas. Pode provocar anemia hemolítica, diminuição de
plaquetas e nefrite intersticial
• Reação tipo III: Envolve a formação de um complexo
antígeno-anticorpo que provoca lesão do tecido com
ativação do sistema complemento. O quadro clínico
envolve febre, urticária, presença de gânglios, inflamação
das articulações, vasculite e envolvimento renal
• Reação tipo IV: que é mediada por linfócitos T
sensibilizados com produção de linfocinas, como a
dermatite de contato.
CAUSAS
A alergia medicamentosa ocorre quando há envolvimento do
sistema imunológico, que interpreta o medicamento como
uma substância que causará algum dano ao corpo e o ataca.
Na primeira vez que isso ocorre, um anticorpo específico é
acionado, a partir da segunda exposição haverá uma
manifestação clínica.
FATORES DE RISCO
• Atopia (asma, rinite alérgica ou dermatite atópica),
havendo um aumento do risco de reações mais graves
• Reação alérgica a outros medicamentos: se um paciente é
alérgico a um medicamento, por exemplo anti-inflamatório,
pode ter o risco de ter alergia em relação a outro grupo de
estrutura química semelhante.
SINTOMAS DE ALERGIA MEDICAMENTOSA
• Os sintomas de alergia medicamentosa podem ser divididos de
acordo com as regiões que afetam:
MANIFESTAÇÕES NA PELE
• Urticária
• Erupções na pele (máculo- papulares ou vésico- bolhosas)
• Foto senssibilidade
• Eritema fixo
• Vasculite
• Dermatite de contato
• Dermatite esfoliativa
• Necrólise epidérmica tóxica (NET)
• Pustulose exantemática aguda generalizada (PEGA)
• Angioedema.
MANIFESTAÇÕES RENAIS
• Glomerulonefrite
• Síndrome nefrótica
• Nefrite intersticial
MANIFESTAÇÕES PULMONARES
• Infiltrados eosinofílicos
• Vasculite
• Fibrose intersticial
• Asma e rinite
MANIFESTAÇÕES NO FÍGADO
• Colestase
• Lesão hepato- celular
MANIFESTAÇÕES NO SANGUE
• Anemia hemolítica
• Trombocitopenia
• Agranulocitose
• Eosinofilia
MANIFESTAÇÕES SISTÊMICAS
• Anafilaxia
• Doença do soro
• Febre
• Síndrome Lupus-like
• Poliarterite
• Síndrome de hipersensibilidade
A anafilaxia é uma situação grave, que pode resultar em coma e
óbito, com sintomas de pele (urticária, angioedema, vermelhidão
no corpo, coceira nas mãos e no corpo, palidez, sudorese,
arrocheamento dos lábios e extremidades), do sistema
respiratório (tosse, sibilos, falta de ar, rouquidão, aperto na
garganta, espirros, coriza e entupimento nasal, lacrimejamento),
sistema cardiovascular (arritmia, taquicardia, tontura, fraqueza,
queda de pressão e dor no peito), sistema gastro- intestinal (dor
abdominal, náusea, vomito e diarreia). O paciente pode
apresentar perda de consciência, convulsões, podendo chegar a
um estado de coma e se não for socorrido rapidamente pode
chegar ao óbito.
As reações alérgicas podem ser imediatas (30 minutos até 2
horas após a administração da droga), aceleradas (2 a 48 horas
após a administração da droga) e tardias (48 horas após a
administração da droga).
ATENÇÃO
Buscando ajuda médica
Caso você tome um medicamento e apresente sinais de
alergia, procure uma ajuda médica o mais rápido possível.
SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA
• Se ocorrer uma reação anafilática, esta é uma situação de
emergência, que pode se desenvolver muito rapidamente.
Por isso, é importante buscar ajuda médica imediata assim
que a pessoa apresentar sintomas, principalmente na fase
inicial.
• Se você está com alguém que está sofrendo uma
anafilaxia, o primeiro passo é ligar para o Serviço de
Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) no número 192.
Enquanto a ajuda não chega, coloque a pessoa em uma
posição confortável, eleve suas pernas. A medicação
indicada é a injeção de epinefrina (adrenalina auto- injetável
intra- muscular na face lateral da coxa), que não está
disponível no Brasil e deve ser importada. Não se esqueça
de relatar ao médico da emergência que medidas você
tomou quando ele chegar ao local.
NA CONSULTA MÉDICA
• O profissional indicado para diagnosticar e orientar o
paciente com alergia a medicamentos é o alergologista.
• Estar preparado para a consulta pode facilitar o
diagnóstico e otimizar o tempo. Dessa forma, você já pode
chegar à consulta com algumas informações:
• Uma lista com todos os sintomas e há quanto tempo eles
apareceram
• Histórico médico, incluindo outras condições que o
paciente tenha e medicamentos ou suplementos que ele
tome com regularidade
• Se possível, peça para uma pessoa te acompanhar.
• O médico provavelmente fará uma série de perguntas, tais como:
• Quais são seus sintomas?
• Quando os sintomas começaram? Após quanto tempo da ingestão do
medicamento?
• Quanto tempo os sintomas duraram?
• Que novo medicamento você tomou? Quando você o tomou?
• Você parou de tomar essa nova droga?
• Que medicamentos sem prescrição médica você toma?
• Que fitoterápicos, vitaminas e suplementos você toma?
• Em que momento do dia você toma esses medicamentos?
• Você aumentou a quantidade de algum desses medicamentos
recentemente?
• Você tomou algo para melhorar seus sintomas? Que efeito teve?
• Você tem histórico de alergia medicamentosa? A quais medicamentos?
• Você tem rinite, asma, alergia alimentar ou outro tipo de alergia?
• Há histórico de alergias a remédios em sua família?
DIAGNÓSTICO DE ALERGIA MEDICAMENTOSA
• Os testes para detecção de alergia a medicamentos não
mostram eficácia e especificidade para todos os fármacos.
A maioria das reações a drogas não é dependente de
mecanismo IgE mediada, portanto não respondem a um
teste alérgico Muitas reações imunológicas são
provocadas por metabólitos e não pela droga principal.
Estes metabólitos são de difícil identificação.
Os testes mais utilizados são:
• Dosagem sérica de IgE específica
• Teste cutâneo de hipersensibilidade imediata
• Teste cutâneo intra- dérmico
• Teste de provocação
• Teste alérgico de contato
• Detecção de anticorpos IgE, IgM, IgG específicos
• Teste de ativação de basófilos
• Teste de proliferação linfocitária.
Muitos destes testes não são realizados em consultório,
porque necessitam de monitorização em ambiente
hospitalar. O que melhor caracteriza o diagnóstico é a
minuciosa história clínica. Os testes ficam reservados para
o paciente que não tem como substituir o medicamento.
TRATAMENTO DE ALERGIA MEDICAMENTOSA
• A medida mais importante é o afastamento do
medicamento suspeito. Como muitas vezes há reação
cruzada com outras drogas, portanto é necessário evitar o
grupo todo. O médico especialista deve orientar a
substituição por um fármaco semelhante.
• Alguns medicamentos podem ser usados para aliviar os
sintomas persistentes da alergia. Entre eles:
• Antihistamínicos
• Corticosteroides
• Broncodilatadores.
PROGNÓSTICO
O maior cuidado ao se ter uma alergia medicamentosa é
evitar o remédio que causa essa reação.
Prevenção
• Quando se tem uma alergia medicamentosa, a melhor
forma de prevenção é evitar o medicamento.
• Algumas atitudes que ajudam isso são:
• Informe todos os profissionais de saúde. Em consultas
médicas, sempre avise os especialista a qual princípio
ativo você é alérgico, para que ele possa receitar
medicamentos sem relação com eles
• Use um bracelete ou documento avisando sobre sua
alergia, isso irá ajudar os profissionais de saúde que o
atenderem em uma emergência
• Caso você tenha propensão a ter reações anafiláticas, seu
médico provavelmente receitará epinefrina de emergência,
que normalmente é auto- aplicável. Ande sempre com ela e,
quando começar a sentir os sintomas, aplique-a.

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