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ATUAÇÕES DOS ACTING - MESTRADO
Trata-se de um termo na psicanálise usado para indicar ações
impulsivas que uma pessoa pode ter e contradiz seu comportamento comum. Muitas vezes essa expressão costuma surgir agressivamente, sendo uma marca de emergência daquilo que foi recalcado. Eu uma análise, é visto pelo psicanalista como uma tentativa de ignorar a transferência inerente da terapia.
Em outras palavras, acting out em psicanálise descreve algo que
falha no indivíduo e ele precisa colocar para fora. Em algum momento da sua vida ocorreu um processo de repressão que, gradativamente, falhou em conter esse desejo escondido. Além disso, a expressão pode até se referir à análise, mesmo que não esteja no caminho do seu desenvolvimento propriamente dito.
Exemplo: uma pessoa que tem comportamentos passionais que
são resolvidos durante a análise. Tais comportamentos podem ser entendidos como um prefácio de um contexto maior do analisado durante a terapia. Em vista disso, o discurso do indivíduo já é o mesmo discurso do analista, ainda que ele mesmo não tenha percebido. Acting out e transferência
De acordo com os estudiosos, o acting out não é nada mais do
que um aspecto da transferência durante a terapia. Esse mecanismo é dependente do suposto saber que sustenta a transferência considerando diretamente as impressões do analista.
Desse modo, Lacan propôs uma oscilação para descrever melhor
esse movimento que consiste na:
Transferência sem análise
Em suma, a falha ou ausência do analista que resulta nessa ejeção
por parte do analisado. Por exemplo, a relação entre Freud e Fliess descrita nas cartas “Esboço de uma psicologia científica”. Freud afirmava que a neurose obsessiva experimentada pela paciente era resultado de um prazer sexual recriminado por ela mesma.
Precipitação
Quando a referência do analista é a única coisa que sustenta o
acting out de modo precipitado, resultando na transferência.
Sintomas, respostas e histórias
Assim como na psicanálise, o acting out na psicologia é visto como
ferramenta para o analista enxergar o que não é dito na análise. Trata-se de um sintoma de conduta da própria análise, de modo a ser uma consequência dos sintomas do analisado e do analisando. Ou seja, o status da relação das trocas e estímulos existentes dentro da terapia com o profissional e seu cliente.
Essa “passagem ao ato” é um meio de dizer a verdade instruindo
os presentes na terapia para aonde devem ir. Dito de outra maneira, é uma resposta sem palavras para dar sustento ao significante a partir de um comentário central. É uma imagem produzida no inconsciente para o analisado contar uma história sem dizer qualquer palavra.
Não existe o “Eu”
O acting out não está na ordem do significante, pois falha
simbolicamente por causa da ausência interpretativa e anula o efeito significante. Por isso que os analistas afirmam que esse fenômeno é da ordem do signo, representando qualquer coisa para qualquer um. Logo, nós temos um enigma aqui e, portanto, um sentido.
O sujeito acaba não falando do seu lugar, não se designando
como a entidade “eu”. Como ele não sabe o que diz fica incapacitado de reconhecer o sentido real do que está oculto. Uma ausência de palavras pode revelar um mundo
Se o indivíduo abandonar o seu lugar e discurso acaba produzindo
uma transferência selvagem sem palavras. Dito de outra forma, o acting out foi criado quando o suposto saber que alimenta a transferência deixa aparecer algo da realidade. Esse tipo de situação acontece:
quando o analista sai da posição de ser um mestre;
quando o indivíduo acolhe o seu próprio sintoma e fala como
analisante;
no momento que ele passa o ato, abandonando a cena analítica
em favor da realidade do mundo.
A angústia e a realidade
Um dos princípios do acting out é evitar angústia diante do real
que passou pela falha do outro no campo analítico. O analista quando falha uma interpretação sai do seu discurso analítico, e o analisando, não podendo ficar sozinho no discurso, o segue. Logo, o efeito da angústia do analisante, além de calar o seu discurso, impõe motricidade dentro dessa cena. A passagem ao ato surge como ultrapassamento da cena em direção ao real, sendo ela criação do sujeito. Em linhas gerais, a passagem ao ato é um mergulho no vazio.
Um exemplo disso é uma das pacientes lésbicas de Freud. Ao
passar com a amada na frente do pai, temos um ato de acting out. Porém quando ela decide pular de um parapeito, observamos uma passagem ao ato.
Princípio do prazer
Diante de uma grande perda e sem alguém para lhe dar uma interpretação desse fato, uma pessoa pode aplicar o acting out no princípio do prazer.
Por exemplo, uma criança pequena que perdeu a sua mãe e
associa esse evento com uma bobina e um carretel. A criança estabelecerá que a bobina que foi rejeitada possa ser recuperada, assumindo o simbólico para dominar o real.
Analistas afirmam que o acting out pode ficar situado entre o
discurso e o sem palavras. Sendo um ponto de verdade, é onde o recalque do indivíduo reside e é dito, porém o recalcado acaba morrendo. Assim como nessa Verneinung descrita acima, temos no acting out a rejeição do dizer e recusa de resposta com linguajar comum.
Considerações finais sobre acting out
A mecânica do acting out indica a libertação de um impulso no
indivíduo que difere de tudo o que ele faz conscientemente. Por meio do não dizer, a pessoa resgata parte do que foi recalcado para que o outro possa interpretá-lo. Ainda que seja um ato falho do indivíduo, sua natureza de compromisso está esclarecida nas suas formas características.
Além disso, esse mecanismo serve também para o terapeuta
entender o que está fora da análise e “costurar as bordas”. Ou seja, tudo aquilo que não é mostrado ou que o paciente acaba escondendo, mesmo sem ele saber disso. Para Freud, o paciente deveria agir tão comum quanto fosse possível, manifestando apenas as suas reações anormais na transferência.