Modulo 17

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ATUAÇÕES DOS ACTING - MESTRADO

Trata-se de um termo na psicanálise usado para indicar ações


impulsivas que uma pessoa pode ter e contradiz seu
comportamento comum. Muitas vezes essa expressão costuma
surgir agressivamente, sendo uma marca de emergência daquilo
que foi recalcado. Eu uma análise, é visto pelo psicanalista como
uma tentativa de ignorar a transferência inerente da terapia.

Em outras palavras, acting out em psicanálise descreve algo que


falha no indivíduo e ele precisa colocar para fora. Em algum
momento da sua vida ocorreu um processo de repressão que,
gradativamente, falhou em conter esse desejo escondido. Além
disso, a expressão pode até se referir à análise, mesmo que não
esteja no caminho do seu desenvolvimento propriamente dito.

Exemplo: uma pessoa que tem comportamentos passionais que


são resolvidos durante a análise. Tais comportamentos podem ser
entendidos como um prefácio de um contexto maior do analisado
durante a terapia. Em vista disso, o discurso do indivíduo já é o
mesmo discurso do analista, ainda que ele mesmo não tenha
percebido.
Acting out e transferência

De acordo com os estudiosos, o acting out não é nada mais do


que um aspecto da transferência durante a terapia. Esse mecanismo
é dependente do suposto saber que sustenta a transferência
considerando diretamente as impressões do analista.

Desse modo, Lacan propôs uma oscilação para descrever melhor


esse movimento que consiste na:

Transferência sem análise

Em suma, a falha ou ausência do analista que resulta nessa ejeção


por parte do analisado. Por exemplo, a relação entre Freud e Fliess
descrita nas cartas “Esboço de uma psicologia científica”. Freud
afirmava que a neurose obsessiva experimentada pela paciente era
resultado de um prazer sexual recriminado por ela mesma.

Precipitação

Quando a referência do analista é a única coisa que sustenta o


acting out de modo precipitado, resultando na transferência.

Sintomas, respostas e histórias

Assim como na psicanálise, o acting out na psicologia é visto como


ferramenta para o analista enxergar o que não é dito na análise.
Trata-se de um sintoma de conduta da própria análise, de modo a
ser uma consequência dos sintomas do analisado e do analisando.
Ou seja, o status da relação das trocas e estímulos existentes dentro
da terapia com o profissional e seu cliente.

Essa “passagem ao ato” é um meio de dizer a verdade instruindo


os presentes na terapia para aonde devem ir. Dito de outra maneira,
é uma resposta sem palavras para dar sustento ao significante a
partir de um comentário central. É uma imagem produzida no
inconsciente para o analisado contar uma história sem dizer
qualquer palavra.

Não existe o “Eu”

O acting out não está na ordem do significante, pois falha


simbolicamente por causa da ausência interpretativa e anula o
efeito significante. Por isso que os analistas afirmam que esse
fenômeno é da ordem do signo, representando qualquer coisa para
qualquer um. Logo, nós temos um enigma aqui e, portanto, um
sentido.

O sujeito acaba não falando do seu lugar, não se designando


como a entidade “eu”. Como ele não sabe o que diz fica
incapacitado de reconhecer o sentido real do que está oculto.
Uma ausência de palavras pode revelar um mundo

Se o indivíduo abandonar o seu lugar e discurso acaba produzindo


uma transferência selvagem sem palavras. Dito de outra forma, o
acting out foi criado quando o suposto saber que alimenta a
transferência deixa aparecer algo da realidade. Esse tipo de situação
acontece:

quando o analista sai da posição de ser um mestre;

quando o indivíduo acolhe o seu próprio sintoma e fala como


analisante;

no momento que ele passa o ato, abandonando a cena analítica


em favor da realidade do mundo.

A angústia e a realidade

Um dos princípios do acting out é evitar angústia diante do real


que passou pela falha do outro no campo analítico. O analista
quando falha uma interpretação sai do seu discurso analítico, e o
analisando, não podendo ficar sozinho no discurso, o segue. Logo, o
efeito da angústia do analisante, além de calar o seu discurso, impõe
motricidade dentro dessa cena.
A passagem ao ato surge como ultrapassamento da cena em
direção ao real, sendo ela criação do sujeito. Em linhas gerais, a
passagem ao ato é um mergulho no vazio.

Um exemplo disso é uma das pacientes lésbicas de Freud. Ao


passar com a amada na frente do pai, temos um ato de acting out.
Porém quando ela decide pular de um parapeito, observamos uma
passagem ao ato.

Princípio do prazer

Diante de uma grande perda e sem alguém para lhe dar uma
interpretação desse fato, uma pessoa pode aplicar o acting out no
princípio do prazer.

Por exemplo, uma criança pequena que perdeu a sua mãe e


associa esse evento com uma bobina e um carretel. A criança
estabelecerá que a bobina que foi rejeitada possa ser recuperada,
assumindo o simbólico para dominar o real.

Analistas afirmam que o acting out pode ficar situado entre o


discurso e o sem palavras. Sendo um ponto de verdade, é onde o
recalque do indivíduo reside e é dito, porém o recalcado acaba
morrendo. Assim como nessa Verneinung descrita acima, temos no
acting out a rejeição do dizer e recusa de resposta com linguajar
comum.

Considerações finais sobre acting out

A mecânica do acting out indica a libertação de um impulso no


indivíduo que difere de tudo o que ele faz conscientemente. Por
meio do não dizer, a pessoa resgata parte do que foi recalcado para
que o outro possa interpretá-lo. Ainda que seja um ato falho do
indivíduo, sua natureza de compromisso está esclarecida nas suas
formas características.

Além disso, esse mecanismo serve também para o terapeuta


entender o que está fora da análise e “costurar as bordas”. Ou seja,
tudo aquilo que não é mostrado ou que o paciente acaba
escondendo, mesmo sem ele saber disso. Para Freud, o paciente
deveria agir tão comum quanto fosse possível, manifestando apenas
as suas reações anormais na transferência.

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