17.10 Depressão Pós Parto Paterna

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DO DISTRITO FEDERAL

SAÚDE DO HOMEM
DEPRESSÃO PÓS-PARTO PATERNA: uma análise comparativa com a materna

TAGUATINGA – DF
2024
Giovanna Vitória Pereira Amâncio (UL: 21107281)
Ivanete Lins da Silva (UL: 21106550)
Kelly Lins da Silva (UL: 21108459)
Rondineide Souza Santiago (UL: 21105134)
Saixa Gabryella Alves de Alencar (UL: 21108750)

DEPRESSÃO PÓS-PARTO PATERNA: uma análise comparativa com a materna

Monografia apresentada ao Centro Universitário


do Planalto – Uniplan, como parte das exigências
para a obtenção do título de Bacharel em
Enfermagem.

TAGUATINGA – DF
2024
Agradecemos a Deus, em primeiro lugar,
por ter dado vida, saúde e forças para a
conclusão desta jornada.
Ao orientador, por sua orientação,
paciência e apoio ao longo deste
percurso. Sua expertise e conselhos
foram fundamentais para o
desenvolvimento deste trabalho.

Aos colegas que estiveram ao lado,


oferecendo apoio moral e trocando ideias
valiosas. A colaboração de vocês foi
fundamental para superarmos os
desafios.
A nossa família, que sempre acreditou em
nós e incentivou em todos os momentos.
Agradecemos por estarem ao nosso lado.
Por fim, agradecemos a todos os
profissionais e a instituição que
contribuíram para a realização desta
monografia. Cada um de vocês fizeram a
diferença.
O papel do enfermeiro é não apenas
curar, mas, também, compreender o
sofrimento do outro.
Virginia Henderson
E tudo o que fizerdes, fazei-o de coração,
como ao Senhor e não aos homens.
Colossenses 3:23
RESUMO

Este trabalho visa explorar a depressão pós-parto paterna, fazendo uma comparação com a
depressão pós-parto materna, analisando suas origens, sintomas, efeitos na dinâmica familiar e
táticas de ação. Compreendendo a complexidade dessa situação, o objetivo é auxiliar na
compreensão mais aprofundada de como a depressão pós-parto impacta não só o pai, mas também
no relacionamento conjugal e no crescimento. O estudo tem como objetivo melhorar a detecção
antecipada, o tratamento eficiente e o apoio apropriado aos pais impactados, fomentando o bem-estar
familiar e a saúde mental dos pequenos. A estratégia integral sugerida engloba intervenções
terapêuticas, suporte social e programas de educação parental, destacando a importância crucial da
enfermagem no atendimento durante a depressão pós-parto paterna. Apesar da depressão pós-parto
materna ser mais comumente estudada e comprovada cientificamente, a depressão paterna também
é importante e suas semelhanças e diferenças em relação à condição materna precisam ser melhor
entendidas. O estudo também reforça a importância do aprimoramento constante de recursos e
táticas de intervenção para lidar com esses desafios de saúde, incluindo a promoção de um ambiente
familiar saudável. A metodologia consiste em uma revisão de literatura abrangente. Os resultados
demonstram que, apesar da depressão pós-parto materna ser mais frequentemente reconhecida, a
depressão paterna também é relevante e suas semelhanças e diferenças em relação à condição
materna precisam ser melhor compreendidas.

Palavras-chaves: Paternidade. Dinâmica Familiar. Tratamento. Depressão. Saúde


mental.
ABSTRACT

This study aims to explore paternal postpartum depression, comparing it to maternal postpartum
depression. We will analyze its origins, symptoms, effects on family dynamics, and action tactics.
Understanding the complexity of this situation, our goal is to help in a deeper understanding of how
postpartum depression impacts not only the father, but also the marital relationship and growth. The
study aims to improve early detection, efficient treatment, and appropriate support for affected fathers,
fostering family well-being and the mental health of children. The suggested comprehensive strategy
includes therapeutic interventions, social support, and parental education programs, highlighting the
crucial importance of nursing in the care during paternal postpartum depression. Although maternal
postpartum depression is more commonly studied and scientifically proven, paternal depression is
also important and its similarities and differences in relation to the maternal condition need to be better
understood. The study also reinforces the importance of constantly improving resources and
intervention tactics to deal with these health challenges, including the promotion of a healthy family
environment. The methodology consists of a comprehensive literature review. The results demonstrate
that, although maternal postpartum depression is more frequently recognized, paternal depression is
also relevant and its similarities and differences in relation to the maternal condition need to be better
understood.

Keywords: Parenting. Family Dynamics. Treatment. Depression. Mental Health.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 13
2.1 DEPRESSÃO PÓS-PARTO ................................................................................ 13
Definição ................................................................................................................... 13
Sintomas ................................................................................................................... 15
2.2 DIFERENÇAS ENTRE DEPRESSÃO PÓS-PARTO MATERNA E PATERNA ... 19
Aspectos culturais e sociais ...................................................................................... 19
Responsabilidades parentais e impacto na saúde mental ........................................ 21
2.3 CAUSAS DA DEPRESSÃO PÒS-PARTO PATERNA ........................................ 26
Fatores biológicos ..................................................................................................... 26
Fatores psicológicos.................................................................................................. 28
Fatores sociais e ambientais ..................................................................................... 30
2.4 IMPACTO DA DEPRESSÃO PÓS-PARTO NA DINÂMICA FAMILIAR .............. 32
Efeitos nos relacionamentos conjugais ..................................................................... 32
Consequências no bem-estar familiar ....................................................................... 34
2.5 INTERVENÇÕES E TRATAMENTOS ................................................................. 37
Tratamentos e apoio emocional ................................................................................ 37
Métodos de tratamento ............................................................................................. 39
2.6 CUIDADOS DA ENFERMAGEM ........................................................................ 41
O cuidado humanizado do enfermeiro na depressão pós parto ................................ 41
3 RESULTADOS ....................................................................................................... 45
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 56
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 59
11

1 INTRODUÇÃO

Durante a gestação e o pós-parto, ocorrem diversas transformações físicas,


emocionais e sociais que podem provocar instabilidade emocional e exigir
adaptação na identidade familiar dos pais. Com a chegada do bebê, novas
responsabilidades surgem, especialmente para a mãe e o pai, que passam a
desempenhar papéis primordiais nos cuidados com o recém-nascido. Essa transição
para a parentalidade, no entanto, pode desencadear quadros de depressão,
afetando a saúde mental dos pais e impactando a dinâmica familiar (CORDÁS;
EMÍLIO, 2017).
A depressão é um transtorno complexo, influenciado por fatores genéticos,
biológicos, ambientais e psicológicos. Sua incidência tem aumentado
significativamente nas últimas décadas em todo o mundo, sendo reconhecida como
uma condição debilitante que compromete não apenas a saúde mental, mas
também a saúde física, social e emocional dos indivíduos. No contexto pós-parto,
tanto a mãe quanto o pai estão suscetíveis a desenvolver depressão. Embora a
depressão pós-paterna tenha recebido menos atenção, ela é igualmente relevante e
merece destaque devido à sua prevalência e impacto na saúde mental e no bem-
estar familiar. Os pais costumam ser menos propensos a relatar seus sintomas ou
buscar ajuda. Compreender os fatores que contribuem para a depressão pós-
paterna e desenvolver intervenções eficazes é fundamental para promover o bem-
estar dos pais, o desenvolvimento saudável das crianças e a coesão familiar
(CORDÁS; EMÍLIO, 2017).
O objetivo deste estudo é investigar e compreender a depressão pós-parto
paterna, examinando suas causas, manifestações clínicas, impacto na dinâmica
familiar e estratégias de intervenção. Por meio de uma abordagem abrangente,
busca-se contribuir para o conhecimento científico sobre essa condição, visando
aprimorar a identificação precoce, o tratamento eficaz e o suporte adequado aos
pais afetados, promovendo assim o bem-estar familiar e o desenvolvimento
saudável da criança.
12

Os objetivos específicos incluem: analisar os sintomas e manifestações


clínicas da depressão pós-parto paterna, incluindo aspectos emocionais,
comportamentais e físicos; avaliar o impacto da depressão pós-parto paterna na
dinâmica familiar, examinando suas consequências nos relacionamentos conjugais,
na interação pai-filho e no bem-estar geral da família; propor recomendações para
aprimorar o suporte e a assistência aos pais afetados pela depressão pós-parto,
visando melhorar o acesso aos serviços de saúde mental e promover a saúde
emocional e o bem-estar familiar; e investigar os fatores de risco associados à
depressão pós-parto paterna, incluindo histórico de saúde mental, suporte social,
mudanças no estilo de vida e estresse relacionado à paternidade.
A metodologia proposta para esta pesquisa consistirá em uma abordagem
mista, combinando métodos bibliográficos e revisão de literatura, pois integra a
revisão de literatura com a análise das visões dos autores extraídas de artigos e
livros sobre o tema da depressão pós-parto paterna. Isso permite uma compreensão
abrangente do assunto, contemplando aspectos teóricos e científicos, bem como
perspectivas individuais dos pesquisadores.
Ao utilizar diversas fontes de informação, como PubMed, SciELO e Google
Acadêmico, o pesquisador pode obter uma visão aprofundada da depressão pós-
parto paterna, considerando fatores de risco, manifestações clínicas, impacto
familiar e estratégias de intervenção. No entanto, é importante reconhecer as
limitações de um estudo baseado apenas na literatura, destacando a necessidade
de complementar as informações com outras abordagens, como entrevistas,
observações ou estudos de caso, para uma compreensão mais completa e
contextualizada do fenômeno.
Assim, este trabalho tem plena consciência das limitações inerentes a um
estudo fundamentado apenas na literatura. O objetivo particular são as visões dos
autores, extraídas de artigos e livros, interligadas à revisão bibliográfica, que
desempenha um papel crucial nesse processo, fornecendo uma base sólida para a
compreensão do tema em questão. Ao integrar as visões dos autores com a revisão
bibliográfica, a pesquisa pode oferecer insights valiosos e contribuir
significativamente para o avanço do conhecimento nessa área específica
(MARCONI; LAKATOS, 2001, p. 85).
13

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 DEPRESSÃO PÓS-PARTO
Definição

A condição complexa e multifacetada da depressão tem um impacto


significativo na qualidade de vida e no bem-estar de uma pessoa. Além da tristeza
persistente, seus sintomas incluem manifestações físicas como dores de cabeça,
fadiga e problemas digestivos. Os sintomas podem variar bastante entre as pessoas
e mudar com o tempo, tornando o diagnóstico difícil (CORDÁS; EMÍLIO, 2017).
Os fatores biológicos, psicológicos e sociais são importantes na depressão
multifatorial. A Organização Mundial da Saúde (OMS, 2021) estima que a depressão,
uma das principais causas de incapacidade em todo o mundo, afeta mais de 264
milhões de pessoas em todo o mundo. As circunstâncias traumáticas, estresse
prolongado, predisposição genética e desequilíbrios químicos no cérebro são
algumas das possíveis causas. Além disso, fatores ambientais como discriminação e
falta de apoio social são essenciais para sua ocorrência e persistência (SERATI et
al, 2019).
Uma abordagem médica e psicossocial adequada é necessária para tratar a
depressão. É fundamental reconhecer a depressão como um problema de saúde
mental comum, pois milhões de pessoas a enfrentam e isso pode afetar suas
interações sociais, suas atividades diárias e sua saúde física. O uso de
medicamentos, terapia cognitivo-comportamental (TCC) e, mais recentemente,
terapias baseadas em mindfulness são exemplos de intervenções que podem
apresentar resultados positivos. Além disso, o suporte social é fundamental para o
tratamento eficaz da depressão, ajudando a mitigar o isolamento e promover a
recuperação (KENG et al., 2021).
O isolamento social e a perda de interesse em atividades que antes eram
agradáveis podem piorar a situação e dificultar a busca por ajuda. Portanto, é
fundamental criar planos completos para lidar com a depressão que levem em
consideração as consequências emocionais e físicas, como problemas de sono e
doenças cardiovasculares. A melhoria da qualidade de vida e do bem-estar das
pessoas afetadas depende de uma intervenção rápida e de um suporte adequado
(ZANELLO; BARRA, 2021).
14

Programas que promovem a resiliência e a saúde mental desde a infância são


cruciais para a prevenção da depressão em populações em risco, evidenciando que
intervenções precoces nas escolas podem ter um impacto significativo na saúde
mental dos jovens (GILLHAM et al., 2023).
Além disso, intervenções baseadas em evidências, como psicoterapia, terapia
cognitivo-comportamental e medicamentos antidepressivos, podem ser eficazes no
tratamento da depressão. No entanto, é importante que essas intervenções sejam
adaptadas às necessidades individuais de cada pessoa e que sejam oferecidos
suporte e acompanhamento contínuos ao longo do processo de tratamento
(SERATI; REDAELLI; BUOLI; ALTAMURA, 2019).
Abordar a depressão de maneira eficaz não apenas melhora o bem-estar
psicológico, mas, também, pode ter um impacto positivo na saúde física geral do
indivíduo. Essa abordagem holística é fundamental para garantir uma recuperação
completa e duradoura (GONÇALVES, 2018).
Além das medidas citadas, a psicoterapia tem se revelado um recurso valioso
no combate à depressão. Pesquisas recentes sugerem que métodos como a terapia
interpessoal (TIP) e a terapia dialética-comportamental (TDC) podem ser eficientes,
particularmente em grupos específicos, como adolescentes e indivíduos com
histórico de trauma (JORDAN et al., 2022).
A combinação de terapias medicamentosas e psicossociais não só aprimora
os resultados clínicos, como também incentiva uma maior adesão ao tratamento.
Por exemplo, o uso combinado de antidepressivos e Terapia Cognitivo-
Comportamental pode diminuir consideravelmente os sintomas depressivos e
aprimorar a qualidade de vida (MURRAY et al., 2021).
Além disso, as ações que envolvem atividades físicas têm se mostrado
promissoras. A prática regular de exercícios físicos está ligada à diminuição dos
sintomas depressivos e pode ser uma tática preventiva eficiente, estimulando a
produção de endorfinas e aprimorando a autoestima (MARTINS et al., 2020). O
hábito de praticar ioga e métodos de relaxamento também mostrou vantagens
notáveis na diminuição da ansiedade e depressão (SHARMA; HAJARE, 2022).
15

Outro ponto elementar é a questão da saúde mental em contextos laborais. A


depressão é uma questão em ascensão nas empresas, afetando diretamente a
produtividade e o bem-estar dos colaboradores. Programas de saúde mental laboral,
que englobam apoio psicológico e a criação de um ambiente propício, têm
demonstrado aumentar o envolvimento e diminuir o absenteísmo (WALKER et al.,
2023).
O estudo em saúde mental está se ampliando para abranger aspectos
culturais e contextuais, destacando a relevância de intervenções sensíveis ao
contexto cultural. É crucial identificar as diferenças culturais nas expressões e no
manejo da depressão para assegurar a eficácia dos cuidados e o respeito à
diversidade (KAZAK et al., 2023).
Portanto, o tratamento para a depressão deve ser individualizado e
multifacetado, englobando profissionais de saúde mental, suporte familiar e
comunitário. Esta perspectiva unificada é crucial para tratar as necessidades
individuais e fomentar uma recuperação mais eficaz (KAZAK et al., 2023).

Sintomas

Os sintomas podem incluir irritabilidade, mudanças de humor, ansiedade,


dificuldade para dormir, perda de interesse nas atividades cotidianas, sentimentos
de desamparo e dificuldade de se conectar emocionalmente com o bebê. A
depressão pós-parto paterna pode afetar negativamente o relacionamento do pai
com o filho e com a parceira, além de contribuir para o estresse familiar. Isso pode
resultar em dificuldades na comunicação, na divisão de tarefas e responsabilidades,
e na capacidade de proporcionar apoio emocional à parceira e ao bebê (DA ROCHA
ARRAIS, 2017).
Ao ponto que, a depressão paterna não tratada pode ter consequências
duradouras para o desenvolvimento emocional e social do bebê, aumentando o risco
de problemas comportamentais e de saúde mental no futuro. Portanto, é crucial que
os pais estejam cientes dos sinais e sintomas da depressão pós-parto e busquem
apoio e tratamento adequados, tanto para o seu próprio bem-estar quanto para o
bem-estar de suas famílias (DA ROCHA ARRAIS, 2017).
16

Os sintomas característicos da depressão estão presentes, tais como


desesperança, pessimismo, profunda tristeza, sentimento de culpa, fadiga, lentidão,
dificuldade de concentração e tomada de decisões, além de problemas de memória.
Também é comum observar desinteresse pelas atividades cotidianas e por aquelas
que antes eram prazerosas, como o sexo. Podem surgir sintomas físicos, como
dores crônicas, problemas digestivos e distúrbios do sono. O isolamento social e a
dificuldade de interação com familiares e amigos são frequentes, intensificando o
quadro de depressão e tornando ainda mais desafiador o enfrentamento da doença
(ZERACH; MAGAL, 2017).
O reconhecimento precoce desses sinais é fundamental para buscar ajuda
profissional e iniciar o tratamento adequado, que pode incluir psicoterapia,
medicamentos antidepressivos e mudanças no estilo de vida. O apoio emocional e o
envolvimento da família também desempenham um papel crucial no processo de
recuperação do indivíduo afetado pela depressão (ZERACH; MAGAL, 2017).
Para Brites (2016), alguns dos sintomas associados à depressão pós-parto
estão diretamente ligados ao estado de humor da puérpera. Mesmo em
circunstâncias favoráveis para desempenhar o novo papel de mãe, as mulheres
afetadas por essa condição podem sentir-se constantemente tristes e irritadas.
Essas emoções podem ser intensas e persistentes, mesmo quando tudo ao redor
parece estar indo bem. Emocionalmente abaladas, essas mães muitas vezes não
conseguem identificar a razão por trás desses sentimentos, o que aumenta ainda
mais o seu desconforto e angústia (ZERACH; MAGAL, 2017).
Pensamentos mórbidos ou suicidas, impaciência, irritabilidade e mudanças
abruptas de humor são frequentes. Manifestações psicossomáticas, como insônia ou
excesso de sono, distúrbios alimentares, dores de cabeça, problemas digestivos e
dores crônicas, também podem ocorrer. A presença de depressão no pai tende a
intensificar os impactos da depressão materna sobre o desenvolvimento infantil,
agravando ainda mais os efeitos dessa condição na criança (ZERACH; MAGAL,
2017).
17

É reconhecido que a privação de sono pode resultar em uma série de


problemas tanto emocionais quanto físicos. É importante destacar que a falta de
sono por si só não indica necessariamente a presença de depressão. Este é apenas
um sintoma que, quando combinado com outros e considerando diversos contextos,
pode sugerir a presença dessa possível condição de saúde. Outros sintomas de
depressão, como alterações de humor, perda de interesse em atividades antes
apreciadas, sentimentos de desesperança e dificuldade de concentração, devem ser
considerados em conjunto para uma avaliação mais precisa. A abordagem
multidisciplinar, envolvendo profissionais de saúde mental e sono, é fundamental
para diagnosticar corretamente e tratar tanto a privação do sono quanto a
depressão, garantindo assim o bem-estar físico e emocional do indivíduo (ZERACH;
MAGAL, 2017).
Uma das características mais marcantes da depressão é a perda de ânimo e
disposição para realizar atividades cotidianas, mesmo aquelas que antes eram fonte
de prazer. Isso pode levar a um ciclo de sentimentos negativos e isolamento social,
o que agrava ainda mais a condição e dificulta a busca por ajuda (ZANELLO;
BARRAL, 2021).
A profundidade dos efeitos da depressão torna imperativo o desenvolvimento
de estratégias abrangentes para lidar com essa condição. Além de causar
sofrimento emocional significativo, a depressão está associada a uma série de
complicações de saúde física, como distúrbios do sono, problemas digestivos, dores
crônicas e até mesmo maior susceptibilidade a doenças cardiovasculares. Portanto,
abordar a depressão de maneira eficaz não apenas melhora o bem-estar
psicológico, mas também pode ter um impacto positivo na saúde física geral do
indivíduo (FREITAS; VIEIRA; ALVES, 2020).
É importante reconhecer os sinais precoces da depressão pós-parto paterna e
buscar apoio profissional, pois o tratamento adequado pode melhorar
significativamente a qualidade de vida do pai, bem como promover um ambiente
familiar saudável para o desenvolvimento infantil. Além disso, é crucial entender que
a depressão pós-parto paterna não é uma condição transitória, mas sim uma
condição clínica que requer atenção e tratamento contínuos. Ignorar ou minimizar os
sintomas pode prolongar o sofrimento do pai e afetar negativamente toda a dinâmica
familiar (FREITAS; VIEIRA; ALVES, 2020).
18

É essencial que os pais tenham acesso a recursos de apoio e tratamento


adequados para lidar com essa condição de saúde mental, garantindo assim o bem-
estar de todos os membros da família a longo prazo (ZERACH; MAGAL, 2017).
Por fim, percebe-se que a depressão resulta em um aumento das sensações
de tristeza, afetando o humor e desencadeando uma série de sintomas físicos e
mentais que afetam o pensamento, os impulsos e a capacidade de o indivíduo se
envolver ativamente. Este transtorno está associado ao isolamento social e à
dificuldade em participar de atividades sociais e ocupacionais (BRITES, 2016).
19

2.2 DIFERENÇAS ENTRE DEPRESSÃO PÓS-PARTO MATERNA E PATERNA


Aspectos culturais e sociais

O quadro da depressão pós-parto também é afetado pela dinâmica familiar.


As mães podem se sentir sobrecarregadas emocionalmente se as responsabilidades
de cuidar de seus filhos forem divididas de forma desigual. As mulheres ainda são
vistas como as principais cuidadoras em muitas sociedades, o que pode causar
estresse e exaustão. A situação pode ser agravada se não houver envolvimento
paterno ativo, tornando as mães mais suscetíveis à depressão pós-parto. As
experiências de maternidade que se afastam do amor instintivo são caracterizadas
como uma forma anormal e adoecida de cuidar de um filho. Eles procuram encontrar
o problema, o desvio do instituído, ignorando todas as facetas sociais, culturais e
políticas dessa criação (CARVALHO et al, 2020).
A maioria das mulheres que dão à luz sofrem de depressão pós-parto (DPP),
uma condição complicada. Além de ser clínico, este fenômeno é fortemente
influenciado pelos elementos culturais e sociais que moldam a experiência de ser
mãe. A DPP não afeta apenas as mães, mas também a dinâmica familiar e o bem-
estar da criança, o que significa que eles precisam saber como agir corretamente
(SILVA et al, 2019).
O puerpério é uma fase contínua de mudança do estado de grávida para o de
mãe. É um período que envolve várias alterações físicas e psicológicas tanto na
mulher quanto no homem. Começa com a expulsão da placenta e se prolonga até
que todas as alterações se concluam, em um período médio de seis semanas
(SILVA et al, 2019).
No entanto, as alterações em todos os aspectos da vida feminina podem
continuar por até um ano após o nascimento do bebê. Durante este período de
transformações, as mulheres enfrentam desafios, a ansiedade relacionada à sua
saúde, à de seus familiares e à do bebê recém-nascido. Assim, essa etapa necessita
do suporte de profissionais qualificados para orientá-las sobre as mudanças que o
corpo, a mente e os aspectos sociais passarão. (ZANELLO, 2020).
20

Os contextos culturais influenciam a maneira como a depressão pós-parto


(DPP) é vista e percebida. Em muitas culturas, existe uma idealização da
maternidade, onde a figura da mãe é frequentemente associada ao sacrifício e à
felicidade. Essa expectativa pode fazer com que as mulheres se sintam culpadas por
não conseguirem aderir a tais padrões, o que dificulta que elas procurem ajuda.
Como afirmado por Ferreira et al. (2020), essa pressão social tem o potencial de
aumentar sentimentos de inadequação e solidão, o que torna a situação mais difícil
(FERREIRA et al, 2020).
A maneira como as pessoas percebem a saúde mental também é influenciada
pela cultura. Mulheres podem resistir a compartilhar suas experiências ou procurar
tratamento em comunidades onde os transtornos mentais são estigmatizados.
Estudos mostram que discutir problemas de saúde mental é visto como um sinal de
fraqueza em muitas culturas. Isso pode impedir a identificação e o tratamento
rápidos da depressão pós parto (SILVA et al, 2019).
Os fatores sociais, como a rede de apoio e a estrutura familiar, também
afetam a depressão pós-parto. Um fator de risco significativo foi identificado como a
falta de suporte social. O índice de depressão pós-parto das mães é mais baixo
quando contam com uma forte rede de apoio, composta por amigos e familiares. Por
outro lado, ficar sozinho e se isolar socialmente pode piorar os sintomas depressivos
(LEMOS et al, 2021).
A situação socioeconômica das mulheres desempenha um papel importante
na determinação. A depressão pós-parto é mais comum entre as mulheres que
vivem em situações de vulnerabilidade social e têm menos acesso a recursos e
serviços de saúde. A correlação entre condições socioeconômicas e saúde mental
mostra que políticas públicas devem levar em consideração essas disparidades
(OLIVEIRA et al, 2022).
O quadro da depressão pós-parto também é afetado pela dinâmica familiar.
As mães podem se sentir sobrecarregadas emocionalmente se as responsabilidades
de cuidar de seus filhos forem divididas de forma desigual. As mulheres ainda são
vistas como as principais cuidadoras em muitas sociedades, o que pode causar
estresse e exaustão. A situação pode ser agravada se não houver envolvimento
paterno ativo, tornando as mães mais suscetíveis à DPP (CARVALHO, 2020).
21

Responsabilidades parentais e impacto na saúde mental

A entrada na paternidade representa a adoção de um novo papel social,


repleto de experiências, emoções e desafios, incluindo uma significativa
responsabilidade emocional. Alterações na rotina e a carga financeira foram
identificadas como obstáculos comuns no exercício da paternidade. Essas
mudanças repentinas podem provocar sentimento de insegurança e ansiedade nos
pais, que muitas vezes se encontram diante de novas responsabilidades e
expectativas (FILHA et al, 2024).
A pressão para equilibrar as demandas do trabalho com o tempo dedicado à
família pode gerar conflitos internos e externos, contribuindo para o estresse e a
sobrecarga emocional. Além disso, a falta de preparo emocional e a ausência de
modelos de paternidade positivos podem tornar ainda mais desafiadora a transição
para o papel de pai. Portanto, é fundamental oferecer apoio e recursos adequados
aos pais durante esse período de transição, garantindo que eles se sintam
capacitados e apoiados para enfrentar os desafios e desfrutar das recompensas da
paternidade (FILHA et al, 2024).
Isso pode incluir programas de educação parental, grupos de apoio, serviços
de aconselhamento e políticas de licença parental que permitam aos pais dedicarem
tempo e energia ao cuidado de seus filhos. Ao reconhecer e abordar esses
obstáculos comuns, podemos ajudar os pais a navegar com mais confiança e
resiliência nessa jornada transformadora. A transição para a paternidade é
influenciada por uma série de fatores, incluindo aspectos sociais, econômicos,
familiares e, principalmente, individuais. Assim como o exercício da paternidade é
uma experiência subjetiva, os sentimentos associados a esse processo também
variam (FILHA et al, 2024).
Investir tempo no cuidado do filho, oferecer demonstrações de afeto e
carinho, são elementos fundamentais para promover uma relação familiar saudável,
além de contribuir para o desenvolvimento da personalidade da criança. Essas
interações diárias não apenas fortalecem o vínculo entre pais e filhos, mas também
fornecem à criança um senso de segurança emocional e apoio que são essenciais
para o seu bem-estar emocional e desenvolvimento saudável. Quando os pais estão
presentes e envolvidos na vida de seus filhos, isso cria um ambiente de confiança e
aceitação, no qual a criança se sente valorizada e amada. (FILHA et al, 2024).
22

Nesse contexto, ao explorar o significado da paternidade e os sentimentos


envolvidos, é possível observar nas narrativas dos indivíduos uma expectativa
positiva em relação à paternidade, embora em alguns casos também exista uma
mistura de emoções que incluem tensão e ansiedade (DA ROCHA ARRAIAS; DE
ARAUJO, ,2017).
Além disso, demonstrações consistentes de afeto ajudam a criança a
desenvolver habilidades sociais e emocionais, como empatia, comunicação e
resolução de problemas, que são essenciais para o seu sucesso futuro. Ao investir
ativamente no cuidado e na criação de seus filhos, os pais não apenas fortalecem os
laços familiares, mas também estabelecem as bases para um futuro brilhante e
promissor para seus filhos (DA ROCHA ARRAIAS; DE ARAUJO, ,2017).
Embora a Depressão Pós-Parto (DPP) esteja associada a alterações
biológicas e hormonais decorrentes da gravidez e do parto, também pode ser
influenciada por diversos outros elementos, tais como fatores psicológicos, sociais,
dinâmica familiar, características da criança, entre outros. Da mesma forma, a
qualidade do suporte social, o ajuste às novas responsabilidades parentais, e a
presença de conflitos conjugais também podem desempenhar um papel importante
na saúde mental pós-parto. Além disso, características específicas do bebê, como
problemas de sono, choro excessivo ou dificuldades de alimentação, podem
adicionar estresse adicional à nova mãe, aumentando o risco de depressão
(CORDÁS; EMÍLIO, 2017).
A depressão pós-parto costuma manifestar-se entre a quarta e a oitava
semana após o parto, podendo persistir por mais de um ano. Seus sintomas
englobam irritabilidade, choro frequente, sentimentos de desamparo e
desesperança, falta de energia e motivação, diminuição do interesse sexual,
mudanças nos hábitos alimentares e do sono, sensação de incapacidade diante de
novas situações e queixas psicossomáticas (ARAÚJO; CERQUEIRA-SANTOS,
2020).
É uma condição frequentemente subestimada e pouco compreendida, mas
que tem um impacto significativo na saúde e no bem-estar dos pais, bem como no
desenvolvimento infantil. Geralmente, ocorre nas semanas seguintes ao nascimento
do bebê, embora também possa surgir antes ou depois desse período (ALVARO,
2024).
23

Os pais podem experimentar uma variedade de sintomas, incluindo


irritabilidade, tristeza persistente, alterações de humor, perda de interesse em
atividades cotidianas e dificuldade de se conectar emocionalmente com o bebê.
Esses sintomas podem afetar negativamente o relacionamento do pai com o filho e
com a parceira, além de contribuir para o estresse familiar (ARAÚJO; CERQUEIRA-
SANTOS, 2020).
Os pais muitas vezes são levados a acreditar que a chegada de um bebê é
garantia de plenitude e realização, mesmo que estejam pouco conscientes - o que é
raro - do cansaço e dos desafios envolvidos na tarefa da paternidade. No entanto, a
construção desse papel pode exercer demandas significativas sobre o psiquismo,
podendo desencadear uma patologia que já estava presente, mas não manifestada
anteriormente (ARAÚJO; CERQUEIRA-SANTOS, 2020).
A estabilidade emocional é crucial para a figura paterna quando se depara
com uma série de desafios e emoções desencadeados pela chegada de um novo
membro na família. Esses desafios podem variar desde ajustes no convívio familiar
até mudanças na situação financeira, passando até mesmo por sentimentos de
abandono por parte da companheira (ALVARO, 2024).
Para tanto, a principal razão para a invisibilidade da depressão entre os
homens reside nas questões relacionadas à masculinidade, pois muitos deles
resistem a se permitir sentir-se vulneráveis e, acima de tudo, reconhecer que há algo
fora do comum em sua saúde mental (ALVARO, 2024).
O processo de formação da identidade masculina é influenciado pelo ideal de
eficácia, caracterizado pela virilidade sexual e pela produtividade no trabalho,
especialmente no que diz respeito à responsabilidade financeira, ou seja, os homens
se percebem como provedores do lar. Muitos homens resistem a expressar suas
vulnerabilidades e reconhecer suas necessidades de apoio emocional, pois isso
pode ser percebido como uma falha em relação ao ideal de masculinidade centrado
na eficácia e na responsabilidade financeira (ZANELLO, 2020, p.88).
Além disso, a depressão pós-parto paterna não tratada pode ter
consequências duradouras para o desenvolvimento emocional e social do bebê,
aumentando o risco de problemas comportamentais e de saúde mental no futuro
(BIEBEL; ALIKHAN, 2018).
24

Portanto, é crucial reconhecer e abordar os desafios enfrentados pelos pais


durante a transição para a paternidade, oferecendo apoio emocional, informação e
recursos adequados para garantir que eles sejam capazes de cuidar de si mesmos e
de seus filhos de forma saudável e positiva (ZANELLO, 2020, p.89).
O processo de formação da identidade masculina, influenciado por esses
ideais, pode dificultar ainda mais a busca de ajuda para problemas de saúde mental,
como a depressão pós-parto. A ênfase na virilidade sexual e na produtividade no
trabalho pode levar os homens a se concentrarem excessivamente em seu papel
como provedores do lar, enquanto negligenciam sua saúde emocional e seu bem-
estar (ZANELLO, 2020, p.89).
No entanto, é crucial reconhecer que a depressão pós-parto paterna não
tratada pode ter consequências significativas não apenas para os próprios pais, mas
também para o desenvolvimento emocional e social do bebê. Os pais desempenham
um papel crucial no ambiente familiar e no cuidado infantil, e sua saúde mental tem
um impacto direto no bem-estar da criança. Oferecer apoio emocional, informação e
recursos adequados para os pais durante a transição para a paternidade é
fundamental para garantir que eles sejam capazes de lidar de forma saudável e
positiva com os desafios emocionais e práticos que enfrentam. Isso não apenas
beneficia os pais individualmente, mas também contribui para a formação de
vínculos familiares fortes e saudáveis, promovendo o desenvolvimento positivo e
resiliente da criança a longo prazo (ALVARO, 2024).
A narrativa de paternidade, além de possibilidades de riqueza, abriga um
conjunto de desafios que demandam suporte e compreensão. O emprego dos pais
na educação social e emocional das crianças é incontestável, e o desempenho
dessa jornada depende da saúde mental dos pais. Porém, é possível contribuir
significativamente ao bem-estar das famílias ao promover um ambiente que valorize
a expressão emocional, o apoio social e a educação sobre as responsabilidades
parentais (ARAÚJO; CERQUEIRA-SANTOS, 2020).
Com base em tudo isso, fica claro que a paternidade é um processo
intrincado que ultrapassa as responsabilidades financeiras e as expectativas da
sociedade. Identificar a variedade de experiências vividas pelos pais e oferecer o
apoio necessário são etapas fundamentais para garantir que tanto os pais quanto os
filhos possam crescer de maneira saudável (FILHA et al, 2024).
25

Ao criar um ambiente onde os homens possam expressar suas emoções e


buscar auxílio, estamos não só favorecendo os indivíduos, mas também
estabelecendo um ambiente familiar mais harmonioso e positivo, contribuindo para
um futuro mais saudável para as gerações futuras (ARAÚJO; CERQUEIRA-
SANTOS, 2020).
26

2.3 CAUSAS DA DEPRESSÃO PÒS-PARTO PATERNA


Fatores biológicos

Durante o ciclo gravídico-puerperal, acontecem diversas e importantes


transformações biopsicossociais que impactam o corpo, a saúde mental e a função
sociofamiliar da mulher. É crucial levar em conta que a forma como ela vivencia
essas transformações influencia a relação entre mãe e bebê, bem como a
experiência da maternidade e paternidade (BRITES, 2016).
No âmbito biológico, a mulher grávida vivencia uma variedade de alterações
hormonais, fisiológicas e endocrinológicas no seu organismo durante os três
trimestres de gravidez. Essas alterações podem resultar, por exemplo, em aumento
de peso e necessidades nutricionais específicas. Ainda é necessária a
suplementação nutricional com ácido fólico, ferro, cálcio, além das vitaminas A, D, E,
C, B1, B2, niacina, B6 e B12. Além disso, a mulher pode exibir cansaço, insônia,
náuseas, vômitos, além de aversão e/ou desejo por determinados alimentos (DA
ROCHA ARRAIS, 2017).
No âmbito emocional, frequentemente, a família do recém-nascido vive
expectativas positivas. Contudo, existem desafios que provocam reações e emoções
variadas, tanto positivas quanto negativas, abrangendo alegrias, amor, esperança,
medo, ansiedade, insegurança, incertezas e culpa. Os obstáculos na esfera social
englobam problemas na rede de suporte, com apoio insuficiente de familiares e
amigos, relacionamento conjugal instável ou conturbado, falta de companheiro,
desafios no exercício da função materna devido à falta de experiências anteriores ou
experiências negativas, além de instabilidade financeira ou de emprego (DUNKER,
2021).
É fundamental que o casal se adapte a esta nova situação, já que essa
adaptação funciona como uma das principais fontes de suporte social e emocional. A
qualidade do apoio recebido afeta diretamente a habilidade da mulher em
desempenhar seu papel de mãe e estabelece a fundação para o estabelecimento de
laços emocionais entre pais e filhos. A rede social é crucial para a mulher em fase
pós-parto, já que a falta de suporte dessa rede pode resultar em uma função
materna insatisfatória (FILHA, 2014).
27

É recomendável que o casal se ajuste à nova circunstância, já que essa


adaptação atua como uma das principais fontes de apoio social e emocional para o
desenvolvimento do vínculo afetivo (ANTUNES, 2023).
Similarmente, os homens também experimentam alterações hormonais
notáveis após o nascimento do filho. As alterações nos níveis de testosterona e
ocitocina são fundamentais para a construção da relação paterna. A oxitocina,
frequentemente referida como "hormônio do amor", é essencial para estabelecer a
ligação com o bebê. Pesquisas indicam que baixos níveis de oxitocina estão ligados
ao crescimento dos sintomas depressivos entre os pais (ANTUNES, 2023).
Para além das alterações hormonais, a predisposição genética também
desempenha um papel crucial. Estudos indicam que mudanças nos genes ligados à
produção de dopamina e serotonina podem elevar a chance de ocorrer depressão
pós-parto em homens. Essa conexão entre genética e ambiente é crucial para
compreender a expressão da depressão pós-parto paterna. A detecção antecipada e
a assistência apropriada podem ajudar os pais a gerir essa situação, favorecendo,
assim, a saúde mental e emocional de toda a família (SANTOS; COSTA, 2023).
Além disso, a paternidade causa mudanças na estrutura e no funcionamento
do cérebro masculino. Após o nascimento do bebê, as alterações hormonais e
comportamentais afetam regiões do cérebro ligadas ao processamento de emoções,
tais como a amígdala e o córtex pré-frontal. Estes elementos neurobiológicos têm o
potencial de afetar a capacidade do pai de responder adequadamente às
necessidades emocionais do filho e da parceira, intensificando um ciclo de estresse
e depressão (BRITES, 2016).
Esses obstáculos podem ser intensificados pela ausência de comunicação ou
pela incapacidade emocional de gerenciar as novas obrigações, elevando o perigo
de desgaste na relação. A necessidade de cumprir as normas sociais pode provocar
um sentimento de inadequação, particularmente quando as realidades concretas
não correspondem ao que é esperado socialmente (ANTUNES, 2023).
Portanto, as mudanças que acontecem durante o período de gravidez e
puerpério são complexas e multifaces, abrangendo elementos biológicos,
emocionais e sociais. Tanto as mulheres quanto os homens lidam com desafios que
impactam sua saúde mental e a harmonia familiar (ANTUNES, 2023).
28

Entender essas dinâmicas e proporcionar o suporte necessário são


fundamentais para simplificar a adaptação à paternidade e fomentar um ambiente
propício para o crescimento do bebê (BRITES, 2016).

Fatores psicológicos

Pai e mãe enfrentam uma variedade de desafios psicológicos durante o


puerpério. Antes deste período, estes indivíduos tiveram que renunciar a inúmeras
necessidades pessoais para satisfazer as de um outro indivíduo. A complexidade
psicológica deste período pode ser experimentada de forma extremamente
exaustiva, favorecendo o surgimento de distúrbios, tais como distúrbios de humor
(DE SOUZA ANDRADE FILHO, 2019).
Desde o nascimento do bebê, a participação do pai tem ganhado maior
destaque, contudo, ainda existe uma escassez de informações sobre suas
ansiedades relacionadas à transição para a paternidade. Os distúrbios mentais
constituem uma grave questão de saúde pública e, na fase adulta, tanto em nações
desenvolvidas quanto nas emergentes, a ansiedade e a depressão afetam mais as
mulheres do que os homens. A maior fragilidade das mulheres está associada.
Principalmente, ao período reprodutivo, pois o pós-parto é marcado por mudanças
biológicas, psicológicas e sociais que podem predispor a mulher a desenvolver
psicopatias, como a depressão pós-parto (DE SOUZA ANDRADE FILHO, 2019).
O diagnóstico de depressão pós-parto deve ser realizado pelo médico
psiquiatra com a colaboração de um psicólogo. Durante o atendimento pré-natal, a
atuação do enfermeiro é particularmente importante para identificar sinais e
sintomas relacionados à enfermidade. Os sinais englobam irritabilidade, exaustão
intensa, afastamento emocional e dificuldade em estabelecer vínculos com o recém-
nascido. O isolamento emocional e a necessidade de sustentar a família podem ter
um impacto significativo na formação desse cenário (DE SOUZA ANDRADE FILHO,
2019).
Os distúrbios mentais que podem afetar uma mulher durante o período pós-
parto incluem: blues puerperal é comumente categorizado em três categorias: blues
puerperal, depressão pós-parto e psicose pós-parto. Blues puerperal é a
manifestação mais frequente e leve de depressão pós-parto. Esta, atinge 70% das
mães nos primeiros 10 dias após o parto (DE SOUZA ANDRADE FILHO, 2019).
29

A psicose puerperal é o distúrbio pós-parto mais severo, afeta uma em cada


mil mulheres e manifesta sintomas como delírios, insônia, agitação e ira. Está
relacionado ao distúrbio bipolar, produzindo oscilações entre a indiferença e a
agressão, tornando-se, portanto, uma situação de emergência médica
(GONÇALVES, 2018).
No período pós-parto, as mudanças biopsicossociais que o homem
experimenta são profundas e extensas, afetando sua saúde física, emocional e a
estrutura familiar. Essas transformações são fundamentais para a adaptação à
maternidade, porém também apresentam desafios consideráveis. A ansiedade sobre
a capacidade de cuidar do bebê e a insegurança em relação ao futuro podem
resultar em um estresse considerável (DUNKER, 2021).
Durante esse período, os homens muitas vezes têm problemas para assumir
ou expressar seus sentimentos, devido às expectativas culturais que lhes atribuem a
função de provedores robustos e resistentes. Esta repressão emocional pode
prolongar a dor e atrasar a procura por auxílio, intensificando os sintomas da
depressão (MENDES, 2019).
A depressão pós-parto pode manifestar-se através de tristeza, irritabilidade,
ansiedade, falta de motivação, problemas de concentração e sentimentos de
inadequação em relação ao novo papel. Numerosos pais vivenciam uma
combinação de felicidade e tensão, e a exigência de se tornarem provedores e
suportes emocionais pode intensificar tais emoções. Em situações mais sérias,
podem surgir pensamentos de se machucar ou magoar a família (ZANELLO, 2020).
Não só compromete a saúde do pai, como também pode impactar a relação
entre pai e filho e o relacionamento conjugal. Pesquisas indicam que a existência de
sintomas depressivos no genitor está ligada a um risco elevado de problemas
comportamentais e problemas emocionais na criança. Isso se deve ao papel crucial
do pai no envolvimento e suporte emocional do bebê (ALVARO, 2024).
Contudo, a qualidade da relação matrimonial também tem um papel
fundamental no bem-estar mental dos dois parceiros durante o período pós-parto.
Pesquisas indicam que casais que mantêm um diálogo franco e dividem as
responsabilidades do cuidado com o bebê tendem a passar por essa etapa de forma
mais saudável (DA ROCHA ARRAIS, 2017).
30

Por outro lado, casais que lidam com disputas conjugais ou que não
conseguem alcançar um equilíbrio na distribuição das responsabilidades parentais
apresentam maior risco de estresse emocional, incluindo a depressão pós-parto
(GONÇALVES; SANTOS, 2020).

Fatores sociais e ambientais

Um dos principais obstáculos enfrentados na paternidade é a busca do


homem por reconhecimento em seu papel de pai, exigindo que ele demonstre sua
capacidade e competência nessa esfera. É fundamental desconstruir a ideia
perpetuada ao longo das gerações de que o homem é exclusivamente provedor e
não se envolve nas responsabilidades domésticas e paternas. Isso representa um
aspecto sociocultural que demanda uma mudança urgente (DE SOUZA ANDRADE
FILHO, 2019).
É fundamental desafiar essas normas de gênero e promover uma visão mais
inclusiva e equitativa do cuidado parental, que reconheça e valorize o papel dos pais
no cuidado e na criação dos filhos. Isso envolve não apenas oferecer apoio prático e
emocional aos pais durante a transição para a paternidade, mas também promover
uma mudança cultural mais ampla que permita que os homens se sintam
confortáveis em buscar ajuda e compartilhar suas experiências emocionais durante
esse período desafiador (FITERMAN; CAMPOS MOREIRA, 2018).
De modo que, é preciso promover a desconstrução das normas de gênero e a
promoção de uma visão mais inclusiva e equitativa do cuidado parental é crucial
para enfrentar os desafios enfrentados pelos pais durante a transição para a
paternidade. Essa mudança cultural não apenas reconhece o papel fundamental dos
pais no cuidado e na criação dos filhos, mas também oferece um ambiente mais
acolhedor e solidário para que os homens expressem suas emoções e busquem
apoio durante esse período desafiador (DE SOUZA ANDRADE FILHO, 2019).
Uma abordagem eficaz para promover essa mudança cultural envolve educar
e conscientizar não apenas os pais, mas também a sociedade em geral, sobre a
importância da participação ativa dos pais na vida familiar. Isso pode ser feito
através de campanhas de conscientização, programas educacionais e políticas
públicas que incentivem e apoiem o envolvimento dos pais desde o início da vida de
seus filhos (DE SOUZA ANDRADE FILHO, 2019).
31

Além disso, quebrar estereótipos de gênero e normas culturais que limitam a


expressão emocional dos homens e reforçam expectativas irrealistas sobre seu
papel na família. Isso requer um esforço conjunto de indivíduos, comunidades,
instituições e governos para desafiar ativamente essas normas e promover uma
cultura de igualdade e respeito mútuo. Ao reconhecer e valorizar o papel dos pais
como cuidadores ativos e emocionalmente envolvidos, podemos criar um ambiente
mais saudável e sustentável para o desenvolvimento familiar. Isso não apenas
beneficia os pais e seus filhos, mas também contribui para uma sociedade mais
justa e igualitária, onde todos os membros da família têm a oportunidade de
prosperar e crescer plenamente (FITERMAN; CAMPOS MOREIRA, 2018, p.76).
Em relação às diferenças culturais e sua conexão com a depressão pós-parto
materna e paterna, acredita-se que a forma como diversas culturas encaram o
nascimento de um filho e interpretam suas consequências pode ter um efeito distinto
na saúde emocional de pais e mães, podendo, assim, afetar a incidência de
depressão pós-parto (FITERMAN; CAMPOS MOREIRA, 2018, p.76).
A depressão pós-parto em pais é uma situação que precisa ser tratada com
seriedade. A saúde mental dos pais é essencial para a harmonia familiar e o
crescimento dos filhos. Ao fomentar a identificação e o entendimento da depressão
pós-parto nos pais, podemos assegurar que eles obtenham o suporte necessário
para enfrentar os obstáculos da paternidade, contribuindo para um ambiente familiar
equilibrado e positivo (DE SOUZA ANDRADE FILHO, 2019).
É vital encontrar uma rede de suporte robusta, composta por familiares,
amigos e profissionais de saúde, para apoiar os pais durante o período de gravidez
e pós-parto. O apoio social pode reduzir o estresse e proporcionar um alívio para a
pressão do novo papel dos pais. Ademais, a existência de grupos de suporte para
pais e mães, onde possam partilhar suas vivências e sofrimentos, pode ser um
recurso eficiente na prevenção de transtornos mentais e no reforço dos vínculos
familiares (DE SOUZA ANDRADE FILHO, 2019).
32

2.4 IMPACTO DA DEPRESSÃO PÓS-PARTO NA DINÂMICA FAMILIAR


Efeitos nos relacionamentos conjugais

Os impactos da paternidade e maternidade nas relações conjugais são


intensos e variados, espelhando as complexas mudanças que acontecem durante a
gravidez e o período pós-parto. O nascimento de um filho pode intensificar a ligação
entre os parceiros, pois eles compartilham momentos de expectativa e a
responsabilidade compartilhada de cuidar do bebê recém-nascido. Esta vivência
pode fomentar um sentimento de união e cooperação, introduzindo novos aspectos
na relação, como a coparentalidade, fomentando uma compreensão mais profunda e
empatia entre os parceiros ao lidar com desafios em conjunto. A chegada de um
novo membro à família é um momento de grande alegria, mas também pode ser
desafiador, especialmente para os pais. Enquanto a atenção geralmente se
concentra na saúde mental da mãe após o parto, a depressão pós- parto paterna
recebe menos atenção, apesar de sua prevalência e impacto significativos
(MERCÊS; MOURA;OLIVEIRA, 2018).
Além disso, a falta de sono, as preocupações financeiras e as expectativas
não atendidas podem contribuir para o surgimento de sentimentos de ansiedade,
estresse e inadequação. É importante reconhecer que a adaptação à paternidade
pode ser desafiadora e que os homens não estão imunes aos impactos emocionais
desse processo. Promover um ambiente de apoio e compreensão para os pais
durante essa transição é essencial para mitigar o risco de depressão pós-parto
paterna e promover o bem-estar familiar (BIEBEL; ALIKHAN, 2018).
Devido a essas particularidades da relação inicial mãe-pai-bebê, o sentimento
de exclusão é frequentemente sentido pelos pais, desde a gravidez e persiste nos
primeiros meses de vida do bebê. Nesse período, o pai também não possui um
controle e envolvimento na rotina tão completo quanto a mãe, sendo deixado de
fora, principalmente, da amamentação do bebê (BIEBEL; ALIKHAN, 2018).
No entanto, a paternidade e a maternidade também podem ter consequências
adversas consideráveis. O estresse causado pela falta de sono, pressões
financeiras e exigências contínuas pode provocar tensão, levando a discussões e
conflitos (BIEBEL; ALIKHAN, 2018).
33

A interação entre os parceiros pode se tornar mais complicada quando a


fadiga e a escassez de tempo impedem conversas francas, resultando em
equívocos e sentimentos de negligência emocional. Ademais, é habitual que a
mulher assuma a maior parte das obrigações ligadas ao cuidado do bebê, o que
pode resultar em sentimentos de sobrecarga e mágoa, estabelecendo uma dinâmica
de desigualdade na distribuição de responsabilidades que afeta a relação (BIEBEL;
ALIKHAN, 2018).
O convívio familiar pode ser afetado pela necessidade de distribuir
responsabilidades e tempo entre os membros da família, além de adaptar-se à nova
dinâmica imposta pela presença do bebê. Isso requer flexibilidade, comunicação
aberta e apoio mútuo entre o casal para enfrentar essas mudanças de forma
saudável. À medida que os pais se esforçam para equilibrar as demandas da
paternidade com outras áreas de suas vidas, como trabalho e relacionamentos
pessoais, podem surgir desafios emocionais e conflitos. É importante que o casal
compartilhe suas preocupações e expectativas, mantendo linhas de comunicação
claras e respeitosas (DA ROCHA ARRAIS, 2017).
O cuidado é um conceito naturalizado que estabelece o homem como
principal provedor financeiro da família, enquanto sua contribuição para o cuidado
muitas vezes é negligenciada e invisibilizada. Assim, muitos pais estão em risco de
desenvolver depressão pós-parto devido à significativa mudança e ao impacto que o
nascimento de um filho tem em suas vidas. A pressão para se adequar a esses
padrões tradicionais de masculinidade pode dificultar a expressão de emoções
vulneráveis e a busca por apoio emocional quando necessário. Além disso, a falta
de reconhecimento social do papel dos pais como cuidadores ativos pode levar à
solidão e ao isolamento, contribuindo para o surgimento de problemas de saúde
mental (FITERMAN; CAMPOS MOREIRA, 2018).
A diminuição da quantidade de tempo que o casal dedica a si mesmo também
pode impactar a proximidade emocional. Com o nascimento do bebê, muitos casais
se deparam com a redução de momentos de intimidade, o que pode resultar em um
afastamento se não forem feitos esforços conscientes para preservar a ligação.
Neste cenário, o apoio social torna-se essencial. Redes de suporte, como parentes e
amigos, têm o potencial de reduzir a pressão sobre o casal, proporcionando suporte
prático e emocional (FITERMAN; CAMPOS MOREIRA, 2018).
34

O suporte recíproco entre os parceiros é crucial para enfrentar os obstáculos


da nova etapa, e a troca franca de sentimentos e necessidades é crucial para
promover a adaptação (FITERMAN; CAMPOS MOREIRA, 2018).
Os impactos da paternidade nos vínculos matrimoniais são intrincados e
divergem de casal para casal. Apesar de muitos casais lidarem com desafios
consideráveis, também existem chances para novas maneiras de conexão e
fortalecimento da relação. É crucial identificar e lidar com os desafios, enquanto se
celebra as alegrias da paternidade, para manter um vínculo saudável durante este
período de transformação da vida (FITERMAN; CAMPOS MOREIRA, 2018).

Consequências no bem-estar familiar

A transição da vida social para a paternidade pode ser uma experiência


assustadora para muitos homens. Ao longo de nove meses, gera a expectativa do
nascimento de um bebê, sabendo que suas vidas serão transformadas
completamente após o nascimento. Essa transição pode aumentar a vulnerabilidade
à depressão pós-parto paterna, especialmente devido ao aumento das
responsabilidades, mudanças de rotina e pressões sociais para desempenhar o
papel de pai de maneira ideal (BIEBEL; ALIKHAN, 2018).
É reconhecido que o papel do pai na dinâmica familiar tem evoluído ao longo
do tempo, refletindo as transformações históricas e sociais. Embora haja uma
expectativa crescente de que os homens desempenhem um papel mais ativo e
envolvido na paternidade, observa-se que a sociedade muitas vezes enfraquece
essa tendência ao impor obstáculos para sua plena consolidação (CUNICO; ARPINI,
2023).
O apoio mútuo e a colaboração nas tarefas do cuidado com o bebê podem
fortalecer o vínculo entre o casal e promover um ambiente familiar positivo e
acolhedor. Além disso, buscar ajuda externa, seja por meio de familiares, amigos ou
profissionais de saúde, pode oferecer suporte adicional durante essa fase de
transição. Ao enfrentar os desafios juntos e nutrir um ambiente de compreensão e
apoio, o casal pode fortalecer seu relacionamento e criar uma base sólida para o
bem-estar familiar a longo prazo (DA ROCHA ARRAIS, 2017).
35

As mudanças na situação financeira também são uma preocupação comum,


pois a chegada de um novo membro na família geralmente implica em novas
despesas, como cuidados com o bebê, itens essenciais e, em alguns casos, redução
ou pausa na renda devido à licença-maternidade. É importante que o pai busque
soluções práticas para lidar com esses desafios financeiros, como orçamentar de
forma cuidadosa, procurar por apoio governamental quando aplicável e, se possível,
explorar novas oportunidades de renda (HAHN-HOLDBROOK; CORNWELL-
HINRICHS,2018).
Manter o sentido de "masculinidade" é uma questão complexa e altamente
influenciada pelas interações sociais e pelas normas culturais. Ser homem, dentro
dessas construções sociais, frequentemente implica em assumir papéis de provedor
financeiro e sustentador do lar. Essa expectativa é historicamente enraizada e pode
gerar pressão sobre os homens para que sejam capazes de sustentar suas famílias
e lidar com as despesas financeiras que vêm com a chegada de um herdeiro
(FREITAS; SAHIUM; PITANGA, 2020).
A pressão vem da aceitação social de certas formas de "ser homem", que
muitas vezes estão ligadas à capacidade de prover e cuidar financeiramente da
família. Essa norma pode ser internalizada pelos homens, levando a sentimentos de
responsabilidade e expectativa em relação ao seu papel como provedor. Nesse
contexto, a transição para a paternidade pode ser particularmente desafiadora, pois
exige não apenas ajustes práticos, mas também uma revisão das expectativas
sociais e pessoais sobre o que significa ser um pai e um parceiro (FREITAS;
SAHIUM; PITANGA, 2020).
Os homens podem se sentir pressionados a equilibrar suas responsabilidades
financeiras com o desejo de estar presentes e envolvidos na vida de seus filhos.
Essa tensão entre as expectativas externas e internas pode aumentar o risco de
estresse, ansiedade e depressão pós-parto paterna. Portanto, é importante desafiar
as normas de gênero restritivas e promover uma cultura que valorize a diversidade
de papéis parentais, reconhecendo que o apoio emocional e o envolvimento ativo
dos pais são essenciais para o bem-estar da família como um todo (FREITAS;
SAHIUM; PITANGA, 2020).
36

No entanto, reconhecer que essas expectativas são construções sociais e não


representam a totalidade do que significa ser homem. A masculinidade é fluida e
diversa, e não deve ser definida exclusivamente pela capacidade financeira. É
fundamental desafiar e desconstruir essas normas de gênero, permitindo que os
homens se sintam livres para explorar e expressar uma variedade de papéis e
identidades masculinas (ZANELLO; BARRAL, 2021).
37

2.5 INTERVENÇÕES E TRATAMENTOS


Tratamentos e apoio emocional

Uma abordagem terapêutica mais apropriada para o tratamento da depressão


é aquela baseada no modelo cognitivo, juntamente com as ferramentas específicas
utilizadas nessa abordagem. Essas técnicas têm se mostrado eficazes para
promover a mudança de crenças e pensamentos automáticos que frequentemente
estão presentes em pessoas que sofrem de depressão (MERCÊS; MOURA;
OLIVEIRA, 2018).
Essa abordagem focada na cognição pode ajudar os pacientes a
reconhecerem e desafiar padrões de pensamento negativos, contribuindo para uma
melhora significativa no estado emocional e no funcionamento psicológico geral
(MERCÊS; MOURA; OLIVEIRA, 2018).
ma estratégia terapêutica eficaz para o tratamento da depressão é baseada
no modelo cognitivo, que emprega instrumentos específicos para fomentar
alterações nas convicções e nos pensamentos automáticos comumente encontrados
em pessoas com esse distúrbio. A terapia cognitivo-comportamental (TCC) vem
ganhando destaque como uma das abordagens mais eficientes neste cenário
possibilitando que os pacientes identifiquem e enfrentem padrões de pensamento
negativos, o que leva a avanços notáveis no seu estado emocional e na
performance psicológica como um todo (MERCÊS; MOURA; OLIVEIRA, 2018).
A Terapia Cognitivo-Comportamental se fundamenta na ideia de que
pensamentos, emoções e atitudes estão intrinsecamente ligados. Assim, ao tratar e
reorganizar padrões de pensamento prejudiciais, os pacientes podem vivenciar uma
mudança em sua saúde emocional. Esta metodologia se concentra na detecção de
pensamentos automáticos - conceitos que surgem de forma espontânea em
resposta a circunstâncias específicas - e na avaliação crítica dessas ideias. Com
isso, incentiva-se as pessoas a questionar a validade de suas convicções, trocando-
as por visões mais equilibradas e realistas (DA ROCHA ARRAIS, 2017).
38

Os métodos empregados na Terapia Cognitivo-Comportamental incluem o


registro de pensamentos, que possibilita aos pacientes registrarem seus
pensamentos negativos, particularmente em contextos desafiadores. Este treino
amplia a percepção dos padrões de pensamento e auxilia na identificação de
gatilhos específicos. Outra ferramenta crucial é a reestruturação cognitiva, que
consiste em examinar pensamentos disfuncionais e procurar provas que contrariem
tais convicções. A meta é incentivar a troca de pensamentos negativos por crenças
mais adaptáveis, resultando em uma regulação emocional mais eficaz (DA ROCHA
ARRAIS, 2017).
A técnica de exposição gradual pode ser empregada em pacientes que evitam
situações por causa de fobias ou ansiedade. Esta estratégia implica enfrentar essas
situações temidas de maneira gradual, possibilitando que os pacientes
experimentem suas emoções sem a necessidade de evitá-las. O desenvolvimento
de competências sociais também é um componente crucial da TCC, particularmente
para aqueles que encontram obstáculos nas interações sociais. Esta estratégia
aprimora a comunicação e a formação de vínculos, podendo potencializar o apoio
social e a autoconfiança. Outra tática em ascensão é a incorporação de práticas de
mindfulness à TCC. Essas práticas auxiliam os pacientes a adquirirem uma
percepção mais apurada de seus pensamentos e sentimentos, fomentando um
estado de tranquilidade e aceitação (DA ROCHA ARRAIS, 2017).
A Terapia Cognitivo-Comportamental não apenas é eficiente na diminuição
dos sintomas depressivos, mas também na prevenção de recaídas. Esta estratégia
permite que os pacientes se tornem mais cientes de seus processos de pensamento
e aprimorem habilidades de enfrentamento, promovendo uma resiliência emocional
que pode persistir a longo prazo. A habilidade de identificar e alterar padrões de
pensamento negativos é essencial para a recuperação da depressão, possibilitando
que as pessoas construam uma vida mais harmoniosa e gratificante (ZANELLO,
2020).
39

Métodos de tratamento

Assim como a mãe, o pai também enfrenta impactos significativos em sua


identidade pessoal quando se torna pai. Preocupações, angústias, inseguranças,
medos e ansiedades são comuns nesse período de transição para a paternidade. No
entanto, há uma falta de estudos abrangentes sobre essa nova identidade paterna e
as questões específicas que ela envolve, o que pode deixar os pais desamparados e
sem recursos para lidar com esses desafios de maneira eficaz (ZANELLO; BARRAL,
2021).
No que se refere aos possíveis tratamentos, é importante considerar a prática
regular de atividades físicas, além da adoção de uma alimentação equilibrada.
Adicionalmente, é fundamental o acompanhamento psicoterápico, visando abordar
aspectos afetivos e emocionais. Essas abordagens combinadas podem ser eficazes
no tratamento da condição, fornecendo suporte físico, emocional e psicológico
necessário para uma recuperação satisfatória (SILVA, 2018).
Os antidepressivos podem ser prescritos para ajudar a regular os
desequilíbrios químicos no cérebro que contribuem para a depressão, enquanto a
psicoterapia, como a terapia cognitivo-comportamental, pode ajudar os indivíduos a
desenvolver habilidades para lidar com pensamentos negativos e padrões
comportamentais prejudiciais. Além disso, programas de intervenção psicossocial,
como grupos de apoio, educação sobre saúde mental e intervenções baseadas na
comunidade, desempenham um papel crucial na promoção da resiliência e na
construção de redes de apoio sólidas. A prevenção primária e a detecção precoce
também são aspectos essenciais no manejo da depressão, pois podem ajudar a
interromper o ciclo de progressão da doença e minimizar seu impacto (FREITAS;
VIEIRA; ALVES, 2020).
Da mesma forma que nas depressões convencionais, o tratamento
recomendado para a depressão pós-parto envolve uma abordagem combinada de
acompanhamento psiquiátrico e psicológico. É essencial compreender as causas
subjacentes do problema, ao mesmo tempo em que se avalia a necessidade de
intervenção medicamentosa (FREITAS; VIEIRA; ALVES, 2020).
40

Esta abordagem visa evitar situações frequentes em que o paciente se torna


dependente de medicamentos, pois sua retirada resulta na recorrência dos sintomas,
ou quando o sofrimento é tão intenso que compromete a continuidade do tratamento
(SINGLEY et al, 2018).
A compreensão e o tratamento eficazes da depressão exigem uma
abordagem multidisciplinar e centrada no paciente, que leve em consideração não
apenas os aspectos biológicos, mas também os fatores psicológicos, sociais e
ambientais que influenciam a saúde mental. Ao reconhecer a complexidade da
depressão e abordá-la de forma holística, podemos avançar na promoção do bem-
estar mental e na redução do ônus dessa condição para os indivíduos e para a
sociedade como um todo FREITAS; VIEIRA; ALVES,2020).
No Brasil, o tratamento da depressão tem progredido, com o reconhecimento
cada vez maior da necessidade de estratégias que levem em conta as
particularidades culturais e sociais do país. É crucial a execução de programas de
saúde mental que levem em conta o contexto sociocultural do Brasil para garantir a
efetividade das intervenções. Promover a saúde mental nas comunidades,
particularmente em regiões vulneráveis, pode contribuir para diminuir o preconceito
e aprimorar o acesso ao tratamento (ANDRADE et al, 2022).
As redes de suporte social têm se revelado essenciais no controle da
depressão. A existência de um significativo apoio social está ligada a níveis
reduzidos de sintomas depressivos em adultos jovens. Isso enfatiza a relevância de
ações que estimulem a formação de redes sociais, particularmente durante períodos
de crise, como a pandemia de COVID-19, que agravou as condições de depressão e
ansiedade no país (GOMES et al., 2021).
A psicoterapia, particularmente a terapia cognitivo-comportamental, é eficiente
na diminuição dos sintomas depressivos, apresentando resultados positivos em
várias populações, incluindo jovens e adultos. As intervenções em contextos
escolares têm sido utilizadas como táticas de prevenção. Programas voltados para
a saúde mental nas instituições de ensino podem potencializar a resiliência dos
estudantes e diminuir os sintomas de depressão. Essas ações são essenciais, pois
criam um ambiente de suporte e proporcionam recursos para que os jovens superem
obstáculos emocionais. Santos; Almeida (2023).
41

2.6 CUIDADOS DA ENFERMAGEM

O cuidado humanizado do enfermeiro na depressão pós parto

A humanização no cuidado da saúde é primordial para sustentar a


preservação da autonomia do cidadão e viabilizar um ambiente hospitaleiro e
compreensivo. Os enfermeiros são atores elementares e que coadjuvam a
sociedade oferecendo suporte emocional e informativo, solicitando as necessidades
dos pacientes e de seus familiares (SAMPAIO et al, 2018).
A humanização se evidencia na particularidade da comunicação entre
profissionais de saúde e pacientes, motivando um diálogo aberto e respeitoso. Os
enfermeiros prestam um papel apreciável no cotidiano, cuidando, explicando
procedimentos e tratamentos de forma objetiva. Agregar o paciente no processo de
avanço da saúde é um estímulo de ultrapassar barreiras para os profissionais de
saúde. Isso carece de uma cognição intensa das premências individuais dos
pacientes, bem como, capacitar os pacientes com informações claras e acessíveis,
permitindo-lhes tomar decisões informadas sobre seu próprio cuidado (FARINATTI,
2014).
Ao longo da história, a enfermagem tem desempenhado um papel crucial no
cuidado com a saúde e o bem-estar das pessoas, desde os métodos rudimentares
das civilizações antigas até os avanços tecnológicos e científicos da era moderna. O
estudo da história da enfermagem revela como as técnicas, o conhecimento e o
cuidado ao paciente evoluíram, demonstrando a importância de os profissionais da
área estarem sempre atualizados. A prática da enfermagem está em constante
mudança devido à pesquisa e ao desenvolvimento de novas abordagens para o
tratamento dos pacientes. Essa evolução exige que os profissionais se mantenham
em constante aprendizado e adotem novas técnicas e informações para oferecer o
melhor tratamento possível (VERA; OLIVEIRA, 2018).
42

A enfermagem é uma área essencial na vida humana e que contempla


diariamente a luta pela vida, as etapas do nascimento, do envelhecimento e da
morte, sempre prestando assistência aos indivíduos e familiares. No ambiente
hospitalar, os enfermeiros são cruciais para propiciar um atendimento humanizado e
de qualidade, exprimindo confiança e respeito mútuo. Sua atuação é elementar na
coordenação dos cuidados de saúde em conjunto com outros profissionais
(FREITAS, 2020).
Na vida cotidiana, o acompanhamento médico é vital e gradualmente se
integra à rotina dos pacientes. O objetivo é prevenir, identificar e monitorar uma
variedade de doenças que podem surgir ou se agravar. A enfermagem tem sido
essencial no cuidado com a saúde e o bem-estar ao longo da história. Enfermeiros e
enfermeiras não apenas explicam procedimentos e tratamentos de forma clara, mas
também ajustam suas abordagens para atender às necessidades únicas de cada
paciente. A comunicação eficaz é um componente fundamental desse processo
(NASCIMENTO, 2019).
Os profissionais de saúde enfrentam o desafio significativo de incorporar o
paciente no processo de promoção da saúde. Isso requer uma compreensão
profunda das necessidades específicas dos pacientes, bem como uma escuta ativa
e uma comunicação clara. Os pacientes devem receber informações que sejam
compreensíveis e acessíveis, para que possam tomar decisões informadas sobre
seu próprio tratamento. O envolvimento dos pacientes em seu próprio cuidado vai
além da educação sobre suas condições de saúde. Inclui também a colaboração
com suas famílias para garantir um suporte abrangente e eficaz. Essa abordagem
centrada no paciente pode promover uma melhor comunicação entre pacientes,
famílias e profissionais de saúde, resultando em melhores resultados de saúde e
uma melhoria geral na qualidade de vida (FARINATTI, 2014).
O comprometimento dos pacientes em cuidar de si mesmo não se enquadra
apenas à educação sobre sua condição de saúde, mas também, cinge a cooperação
com familiares para asseverar um suporte extensivo e eficaz. Essa aproximação
centrada no paciente entre famílias e profissionais de saúde, intercorre em bons
efeitos de saúde e um aumento no bem-estar sempre com acolhimento integral,
subjetivo e singular, contribuindo significativamente para o bem-estar e a
recuperação do acometido (GUIMARÃES; HIRATA, 2020).
43

A assistência de enfermagem na depressão pós-parto paterna é necessária,


principalmente em um cenário onde o enfoque tradicional é frequentemente mais
direcionado à mãe e ao bebê. Contudo, é crucial reconhecer a fragilidade emocional
dos pais e a necessidade de um suporte apropriado para assegurar o bem-estar de
toda a família. A Depressão Pós-Parto Paterna (DPPP) está se tornando cada vez
mais reconhecida como uma questão de saúde mental relevante, impactando entre
4% e 25% dos recém-nascidos. A função dos enfermeiros é fundamental na
detecção antecipada e na gestão dessa condição (GUIMARÃES; HIRATA, 2020).
Os profissionais de enfermagem costumam ser os primeiros a interagir com
os pais logo após o nascimento do bebê, o que lhes dá uma posição estratégica
para identificar indícios iniciais de depressão. A assistência de enfermagem
direcionada ao DPPP deve abranger a observação atenta de sintomas que podem
ser discretos, como irritabilidade, exaustão severa, isolamento, falta de interesse nas
tarefas diárias e dificuldade em estabelecer vínculos emocionais com o bebê. Ao
notar essas alterações no comportamento do pai, o profissional de enfermagem
pode começar um diálogo franco e empático, proporcionando um ambiente protegido
para que o pai possa manifestar seus sentimentos e inquietações (SAMPAIO et al,
2018).
A análise do profissional de enfermagem precisa ser constante, levando em
conta tanto os fatores de risco psicológicos quanto sociais que podem favorecer a
depressão pós-parto paterna. Tais elementos abrangem questões conjugais,
ausência de apoio social, problemas financeiros, histórico de depressão e
expectativas irrealistas acerca da paternidade. Uma perspectiva integral, que
considere esses fatores, pode auxiliar na detecção antecipada de pais em risco e
oferecer as diretrizes adequadas para orientar profissionais de saúde mental, como
psicólogos e psiquiatras, quando for preciso (BIEBEL; ALIKHAN, 2018).
Os enfermeiros também podem fornecer orientação para o desenvolvimento
de estratégias de autocuidado e controle do estresse, tais como a realização de
atividades físicas, uma alimentação equilibrada, um descanso apropriado, além da
relevância de manter uma rede de suporte social. Ademais, estimular o pai a
participar ativamente no cuidado do bebê de forma prática e emocional pode
intensificar os laços familiares, o que pode, consequentemente, diminuir os sintomas
de depressão (GUIMARÃES; HIRATA, 2020).
44

A atuação dos profissionais de enfermagem pode não só aprimorar a saúde


mental dos pais, mas também fomentar um ambiente familiar mais harmonioso e
saudável, contribuindo para o crescimento emocional do bebê e para o bem-estar da
família em geral. É fundamental estabelecer uma sólida rede de apoio, já que o
isolamento social e a ausência de apoio apropriado são os principais elementos que
intensificam a depressão pós-parto, tanto em mães quanto em pais (GUIMARÃES;
HIRATA, 2020).
Outro ponto importante no atendimento de enfermagem à depressão pós-
parto masculina é o esclarecimento sobre a influência dos fatores socioculturais na
maneira como os homens encaram a paternidade e a saúde mental. As expectativas
sociais de que o homem seja o provedor principal, forte emocionalmente e resiliente,
podem impedir a manifestação de suas vulnerabilidades, fazendo com que muitos
pais reprimam seus sentimentos de angústia ou aflição. Os profissionais de
enfermagem, ao proporcionarem um ambiente de escuta empática e isenta de
julgamento, podem contribuir para a desconstrução desses estereótipos de
masculinidade, estimulando o pai a demonstrar preocupação e buscando auxílio
para suas questões emocionais (NASCIMENTO, 2019).
Assim, a humanização na enfermagem é uma prática que transcende a
técnica, baseando-se no respeito e na valorização do indivíduo em sua totalidade.
Ela enfatiza a relevância do atendimento focado no paciente, da comunicação franca
e da participação ativa de todos os participantes do processo de saúde. Ao adotar
essa estratégia, os profissionais de saúde buscam não só a recuperação física, mas
também o equilíbrio emocional e psicológico, assegurando que o paciente e sua
família sejam considerados e apreciados durante o tratamento (NASCIMENTO,
2019).
45

3 RESULTADOS

A possibilidade de medir a depressão através de parâmetros de autorrelato,


ao invés de diagnóstico clínico, pode gerar incertezas na determinação de uma
ligação entre a depressão pós-parto, seja ela materna ou paterna. A depressão pós-
parto não é um problema exclusivo das mães; os pais também podem passar por
esse desafio emocional, apesar de frequentemente sua vivência ser menosprezada
ou pouco debatida. A chegada de um filho é uma ocasião repleta de felicidades,
porém também acarreta alterações importantes que podem provocar estresse e
insegurança (Zanuzzi et al, 2024).
Os pais podem se sentir sobrecarregados com a nova responsabilidade,
atentos à saúde e ao bem-estar do bebê, e lidando com alterações na estrutura
familiar e nos vínculos. Ademais, a exigência social de que os homens sejam
robustos e resilientes pode complicar a procura por auxílio. É fundamental levar em
conta os indícios de depressão pós-parto paterna, como tristeza constante,
irritabilidade, problemas de concentração e diminuição do interesse em atividades
que antes eram gratificantes. O suporte emocional da parceira, amigos e parentes é
fundamental, assim como a disposição para dialogar sobre qualquer atitude ou
auxílio relacionado a este novo período na vida dos pais, da mãe e da família
(Zanuzzi et al, 2024).
Nesta análise bibliográfica, vários autores destacam a relevância da prática e
do papel da enfermagem no tratamento da depressão pós-parto paterna. Um
assunto frequentemente abordado e cotidiano na vida humana, devido às alterações
biopsicossociais que podem gerar altos níveis de estresse e vulnerabilidade à saúde
mental, especialmente quando as expectativas culturais e sociais sobre os papéis de
gênero entram em conflito com as demandas reais de maternidade.
Foram escolhidos 30 artigos de idiomas português e inglês que abordam essa
relevância, que estão organizados em três categorias temáticas: 1) paternidade, 2)
maternidade e paternidade e 3) enfermagem. Conforme tabela abaixo:
46

Autor/ Título Delineamento Resultados Categoria


Ano

Álvaro et al, Desafios da paternidade: transtorno Descritivo Apesar de parecer que o pai está mais envolvido nos 1
2024 pós-parto e o equilíbrio emocional na cuidados com o filho, existem poucos estudos sobre
perspectiva masculina suas inquietações relacionadas à paternidade e sua
participação no cuidado do bebê. Possíveis distúrbios
originados na paternidade podem impactar o homem em
diversas esferas, como familiar, social e profissional,
sendo que grande parte deles se manifesta
principalmente através do comportamento e instabilidade
emocional.
Antunes, 2023 Aspectos psicossocioculturais da Descritivo Os resultados desta pesquisa indicam que, além do 2
depressão pós-parto em mães latino- suporte médico, é essencial oferecer assistência
americanas: estudo de caso múltiplo psicológica e social às mães e aos pais, desde a
gravidez até os momentos após o parto, considerando a
influência do seu ambiente sociocultural. Este é um
caminho imprescindível para prevenir acidentes.
ou lidar com a DPP. No entanto, a prevenção da DPP vai
além de intervenções profissionais, exigindo o combate
às desigualdades sociais e de gênero, através de
alterações culturais e em políticas públicas que
considerem a mulher em seus direitos, particularidades e
múltiplas necessidades.
Araújo et al, Estudo Esta pesquisa revelou que é relevante para o 1, 2 e 3
2020. transversal profissional de saúde avaliar sintomas e a existência de
transtorno depressivo em grávidas, mães recém-paridas
e pais. A utilização de escalas, aliada à entrevista
estruturada, permite comparações e reflexões sobre os
resultados. Na maioria das intervenções, o cuidado com
esses atores diminui os sintomas de depressão,
incluindo no conteúdo: psicoeducação sobre depressão
pós-parto, estratégias de solução de problemas,
relaxamento, habilidades de comunicação com o
47

parceiro, rede de suporte e parentalidade.


Carvalho et al, A divisão do trabalho doméstico e a Descritivo As repercussões da DPP são alarmantes, impactando 2e3
2020 saúde mental das mães várias relações entre mãe e bebê e podendo levar a
danos no desenvolvimento infantil. A detecção precoce
enfrenta obstáculos devido à falta de capacitação dos
profissionais de saúde e à falta de instrumentos
apropriados. A pesquisa confirmou a predominância de
fatores psicossociais no desenvolvimento da depressão
pós-parto, além de fatores sociodemográficos. Portanto,
ressalta-se a necessidade imediata de estabelecer
estratégias preventivas e terapêuticas, treinando os
profissionais de saúde para detectar e tratar a depressão
de forma eficiente, favorecendo a saúde materna.
Cunico et al, A família em mudanças: desafios Descritivo Os achados da pesquisa acerca da paternidade 1
2023 para a paternidade contemporânea desvendam diversas dimensões relevantes ligadas às
transformações nas estruturas familiares e ao papel do
pai. O papel do pai passou de ser apenas um provedor
financeiro para um envolvimento mais emocional e ativo
na educação dos filhos, enfatizando a relevância de sua
presença nos estágios iniciais. Isso afetou o emocional
do pai, resultando em alguns casos em depressão pós-
parto paterna. Considerando que o afeto é
historicamente uma característica materna, assim como
o conhecimento acerca dos filhos. Portanto, recuperar a
presença do pai no contexto familiar, questionando sua
falta, é um desafio para pais, mães e todos os
envolvidos nas questões familiares.
Filha et al, Birth in Brazil II: a postartum Descritivo Os achados deste estudo têm a capacidade de orientar
2024 maternal, paternal and child health políticas de saúde e práticas assistenciais, auxiliando na
research protocol. melhoria do apoio às famílias no período pós-parto. Esta
perspectiva holística é crucial para fomentar um
ambiente saudável e receptivo. 2
Fiterman et al, O pai na gestação, no parto e aos Descritivo Os achados do estudo indicaram diversas tendências 1
2018 três meses de vida do primeiro filho significativas sobre a participação paterna em diversos
momentos da paternidade. Notou-se um crescimento
48

expressivo na participação dos pais durante os três


momentos envolvidos. Durante o último trimestre da
gravidez, os pais notaram um aumento na participação
em tarefas cotidianas, como cuidar do bebê, uma
semana após o nascimento e aos três meses.
Freitas et al, Melhores práticas de enfermagem na Descritivo As fontes de conhecimento identificadas foram a busca 3
2020 saúde da pessoa idosa por conhecimento com outros profissionais e o uso da
internet. A pesquisa destacou a importância de
estabelecer uma rotina de estudos estruturada e um
calendário de educação contínua sobre o tema do
envelhecimento. Conclui-se que os enfermeiros
executam ações que não são tão conhecidas e estão
atentos ao efeito de suas ações no usuário idoso. No
entanto, para que as práticas mais eficazes sejam
totalmente implementadas, é imprescindível a imersão
científica e metodológica dos profissionais e da gestão,
além da procura por conhecimento e valorização da
experiência, que já estão presentes.
Guimarães et O gênero do cuidado: desigualdades, Estudo O trabalho revitaliza e intensifica a discussão acerca do 3
al, 2020 significações e identidades transversal Cuidado como um valor universal, alicerce de uma nova
ordem moral. Os termos "circuitos e cadeias" são
utilizados como ferramentas para uma interação tanto
com a Sociologia das Emoções quanto com uma
Economia do Cuidado. Promove a discussão acerca da
consubstancialidade e das configurações mercantis e
relacionais do Cuidado.
Hahn- Economic and health predictors of Descritivo A prevalência mundial da depressão pós parto paterna é 1
Holbrook et al, national postpartum depression maior do que o anteriormente estimado e varia
2018 prevalence: a systematic review consideravelmente entre as nações. A grande parte da
variação nacional na prevalência de depressão pós-parto
paterna é explicada por diferenças na desigualdade de
riqueza e fatores de saúde materno-infantil. A depressão
pós-parto paterna geralmente é causada por efeitos
prejudiciais nas crianças.
Jordan et al, Therapeutic approaches to Estudo Com base nas coletas e nos resultados alcançados, 2
49

2022 depression in adolescentes: a meta- transversal destaca-se a relevância de formar um enfermeiro


analysis capacitado para identificar casos de puérperas com
Depressão Pós-Parto. Durante a pesquisa, constatou-se
que muitos enfermeiros enfrentam dificuldades para
reconhecer os sinais e sintomas de puérperas com
depressão pós-parto. O papel do pai é crucial para o
desenvolvimento da criança nascida de uma mãe com
depressão pós-parto, pois os bebês de mães deprimidas
demonstram menos contentamento ao interagir com a
figura materna, em comparação com os bebês de mães
sem sintomas depressivos.
Keng et al, Cultural sensitivity in metal health Descritivo Confirma-se que os fatores principais estão ligados a 2e3
2021 care: a necessity for effective elementos sociodemográficos, econômicos, sociais,
treatment. biológicos, além de fatores internos e externos. A
ausência de conhecimento e formação adequada dos
profissionais pode representar desafios a serem
superados nas consultas pré-natais e pós-parto.
Portanto, é crucial que os profissionais sejam treinados e
qualificados para reconhecer sinais e sintomas e
entender a Depressão Pós-Parto paterna e materna.
Martins et al, Physical Activity and mental health: a Descritivo Foram discutidos os possíveis distúrbios que podem 1,2 e 3
2020 review surgir durante a paternidade e como eles podem
impactar o homem em suas diversas esferas, seja
familiar, social ou profissional, sendo a maioria deles
evidentes através de comportamentos e instabilidade
emocional. Fatores que prejudicam este pai, incapaz de
gerir tais alterações físicas e mentais, sem o suporte da
família, tornam-se desafios complexos de serem
vencidos. Na sua maioria, enfrentam situações que
provocam alterações comportamentais ou psicológicas.
Especialmente psicólogos, pediatras, médicos de família
e ginecologistas precisam adotar uma perspectiva de
igualdade entre mãe e pai, permitindo que participem
juntos durante o pré-natal e o pós-parto.
Mercês et al, Terapia cognitivo-comportamental: Descritivo Com as recentes transformações, os homens enfrentam 2
50

2018 princípios e práticas um novo desafio: equilibrar a paternidade, a participação


ativa na vida dos filhos e o trabalho e a sua trajetória
profissional. Da mesma forma que a família requer um
pai mais presente, o ambiente de trabalho também
demanda um empenho maior, um desempenho superior
e o desenvolvimento do indivíduo. Portanto, essa
incessante procura desse indivíduo nessa divisão entre
as partes resulta em um esgotamento físico e emocional
para ele. Esta frustração por não conseguir cumprir gera
problemas em certas situações, assim como a agressão
física, como forma de manifestar os conflitos internos.
Moura et al, A importância do suporte social na Estudo Nossas descobertas indicam que a sensação de apoio 3
2021 prevenção da depressão pós-parto transversal social durante a gestação pode atuar como um fator de
proteção contra a depressão pós-parto. É possível
prevenir precocemente a depressão através de ações e
intervenções conjuntas durante a gestação. Os
especialistas em saúde materna e obstétrica, incluindo
médicos, psicólogos e enfermeiros, são os mais bem
equipados para evitar o surgimento da depressão pós-
parto, tanto em mulheres quanto em homens.
Murray et al, Global Burden of disease study: the Descritivo Pesquisas indicam que a função de ser pai está sempre 1
2021 impacto f depression. em mudança. Nota-se que o homem está sendo
solicitado a assumir uma nova postura. Nessa nova fase,
a sociedade e, especialmente, a mídia esperam dele um
pai mais dedicado às relações familiares. Não se aceita
mais que o pai apenas arque com as despesas do filho,
mas que ele dedique um tempo para estar com a criança
e se envolva em sua educação e cuidados cotidianos.
Santos et al, Hormonal changes and mental health Descritivo A depressão é o transtorno mental mais frequente, 1
2023 in fathers: implications for postpartum representando uma das maiores deficiências nos
depression programas de intervenção em saúde a depressão pré e
pós-natal, tanto em mulheres quanto em homens. Os
achados desta pesquisa indicaram contentamento com a
vida, vida sexual e saúde em geral, todos associados de
maneira forte e inversa à presença de depressão pós-
51

parto paterna.
Oliveira, 2022 Vulnerabilidade social e saúde Descritivo Os achados indicam que elementos tais como: etnia, 2
mental: a depressão pós parto em status socioeconômico, segurança alimentar, suporte
perspectiva. social e antecedentes de distúrbios psiquiátricos afetam
de maneira significativa o risco de depressão pós-parto
paterna e materna. A baixa renda e a incerteza financeira
estiveram fortemente ligadas a sintomas depressivos,
com maior incidência em mulheres.
áreas desfavorecidas.
Os antecedentes psiquiátricos surgiram como fatores
significativos de predição para o sofrimento psicológico
de longa duração. A conclusão é que a vulnerabilidade
social desempenha um papel significativo na DPP,
destacando a importância de políticas públicas e
intervenções específicas.
Serati et al, Factors associated with depression: Descritivo Os achados indicaram que os participantes do estudo 3
2018 a review possuem entendimento sobre o tema, destacando a
relevância da detecção antecipada e da identificação de
sinais de alerta. No entanto, observou-se uma escassez
de debates acadêmicos sobre o tema, e pouco
conhecimento sobre depressão pós-parto foi observado
durante os anos de graduação das entrevistadas. Além
disso, conclui-se que estabelecer um vínculo entre o
enfermeiro e o paciente é essencial para identificar os
fatores de risco, sinais e sintomas, auxiliando na
identificação e tratamento antecipado da depressão pós-
parto.
Sharma et al, Yoga as na adjunct therapy for Descritivo A prevenção da depressão pós-parto, tanto materna 2e3
2022 depression: a review quanto paterna, é o método mais eficaz para evitar tais
consequências. Isso é crucial para a formulação de
políticas públicas, pesquisadores e profissionais da
saúde. A realização de exercícios físicos também é
crucial para evitar a depressão pós-parto.
Silva et al, Estigmas associados à saúde mental Descritivo Informações da literatura indicam que os profissionais de 3
2019 e suas consequências na busca por enfermagem que trabalham na atenção primária são os
52

tratamento que apresentam os melhores indicadores de


desempenho.
As unidades básicas de saúde não estão equipadas para
oferecer um atendimento de qualidade, de maneira
eficaz, uma vasta gama de distúrbios mentais
relacionados à depressão pós-parto, tanto materna
quanto paterna. Os progressos teóricos recentes sobre o
assunto sugerem que o estigma não é apenas o
resultado de comportamentos psicológicos individuais,
mas também uma consequência da desigualdade social
e econômica, estabelecendo relações de poder e
controle na estrutura social.
Serati et al, Pharmacotherapy for depression: a Descritivo Vários homens terminam por se divorciar de suas 1e2
2019 comprehensive esposas ou, mesmo casados, experimentam muitos
conflitos após o nascimento de um filho. Embora
estejam contentes com a chegada do bebê, enfrentam
desafios com as alterações repentinas em suas rotinas e
a necessidade de abandonar certas atividades para
assumir a responsabilidade por suas decisões. Assim,
eles se sentem incapacitados para cuidar do próprio
filho. Esses comportamentos podem ser disfarçados por
algumas saídas. É importante ressaltar alguns distúrbios
que podem afetar alguns homens: Depressão Pós-Parto
(DPP), Síndrome de Burnout Parental, Síndrome de
Couvade e sintomas psicossomáticos.
Smith-Nielsen Consensus on the investigation of Estudo Pesquisas ressaltam a relevância de cuidar da saúde 1e2
et al, 2019 trombofilia in wonem and clinical transversal mental de ambos os progenitores. Sabe-se que uma
management relação saudável entre mãe e filho contribui para o
desenvolvimento físico e mental da criança, contudo, há
escassa informação sobre essa ligação na relação entre
pai e filho. Compreende-se que, após o nascimento do
bebê, os homens também podem enfrentar desafios
para estabelecer vínculos com ele. Em relação aos
fatores de risco e ao aparecimento dos sintomas, bem
como à análise da relação entre o pós-parto materno e
53

paterno, a Síndrome de Burnout se destaca, podendo


estar ligada tanto à mãe quanto ao pai.
Singley et al, Psycology of men e masculinity Descritivo Diferentemente de diversos estudos divulgados sobre os 1e2
2018 fatores ligados à depressão pós-parto (DPP) materna, há
escassa informação sobre o surgimento desses
sintomas nos pais. A depressão pós-parto em homens
ainda é um distúrbio pouco diagnosticado, devido ao seu
pouco conhecimento. Se ambos os pais manifestam
sintomas de depressão durante o período pós-parto, a
combinação da depressão materna e paterna pode
resultar em um risco ainda maior para o
desenvolvimento do bebê.
Stuart- Perinatal depression: an update and Descritivo Foram desenvolvidas e testadas diversas intervenções 3
Parrigon et al, overview cognitivo-comportamentais baseadas na internet, todas
2014 apresentando resultados encorajadores em relação à
viabilidade, aceitação e efetividade desse tratamento
para a depressão pós-parto. A maior influência futura virá
de assegurar a universalização da triagem e a
implementação e acessibilidade dos tratamentos
preventivos e agudos comprovadamente eficazes.
Walker et l, Workplace mental health programs: Descritivo Um dos principais motivos é o desequilíbrio hormonal 2
2023 outcomes and recommendations que se manifesta durante a gravidez, o nascimento e o
período pós-parto. Ao longo da gestação, a placenta
libera grandes quantidades de estrogênio e
progesterona. Depois do parto, com a remoção da
placenta, os níveis desses hormônios sofrem uma queda
acentuada, levando à redução da serotonina, o que pode
causar um efeito depressivo. Em conclusão, ressaltam-
se os elementos externos que favorecem o surgimento
da doença, incluindo a violência doméstica, violência
obstétrica prévia, ausência de suporte familiar, do
parceiro e amigo, estresse, dificuldades financeiras, falta
de planejamento da gravidez, restrições físicas antes,
durante e após a gestação, distúrbios psiquiátricos ou
histórico familiar.
54

Woolhouse et Depressive symptoms and intimate Descritivo Este estudo destaca os aspectos mais significativos do 3
al, 2016 partner violence in the 12 months papel da enfermagem na depressão pós-parto. É
after childbirth: a prospective responsabilidade do enfermeiro identificar os sinais e
pregnancy cohort study sintomas da depressão pós-parto durante as consultas
de enfermagem, a fim de tomar medidas apropriadas. A
família também deve ser apoiada, auxiliada e adaptada a
essa nova etapa.
Zanello et al, The physical health consequences of Estudo A depressão pós-parto em pais é uma enfermidade que 1
2021 depression transversal possui graves impactos sociais, psicológicos e
biológicos. Os médicos estão bem informados sobre o
possível efeito cardíaco dos antidepressivos tricíclicos,
porém, por muito tempo, negligenciamos as significativas
consequências físicas da depressão. Lidar com a
paternidade deixa marcas e que se não forem tratadas
levam a crises existenciais e de depressão.
Zanuzzi et al, O impacto da depressão pós parto Descritivo A depressão pós-parto, isoladamente, impacta o bebê de 1
2024 no desenvolvimento cognitivo infantil forma sutil. No entanto, quando combinada com vários
fatores ambientais e comportamento dos pais, o impacto
prejudicial pode ser amplificado, comprometendo o
rendimento em testes cognitivos, de atenção e de
aprendizado. Assim, entende-se que é crucial promover
um acompanhamento pré-natal que priorize a saúde
mental das grávidas, garantindo que qualquer sinal
psicológico negativo seja prontamente detectado e
receba o suporte necessário o quanto antes.
55

Zerach, 2017 Psycology of men e masculinity Descritivo Este estudo procurou entender o papel do psicólogo no 2e3
período puerperal e como sua prática profissional pode
auxiliar na redução do risco de depressão.
pós-parto para mulheres recém-paridas e seus
parceiros. Com base nos resultados alcançados, ficou
evidente que a cultura tem um impacto significativo na
maneira como cada mulher se prepara para a
maternidade, idealizando sua gravidez e pós-parto, o
que pode levar a uma depressão pós-parto.
Também se notou a escassez de literatura acerca do
sofrimento masculino neste cenário, bem como a
ausência de uma perspectiva individual para os pais. No
entanto, a contribuição da participante em relação às
estratégias empregadas para o profissional de psicologia
foi extremamente relevante.
exercer a função de agente de apoio psicológico no
cenário do pós-parto.
56

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A depressão pós-parto, seja por parte da mãe ou do pai, constitui um grande


obstáculo à saúde familiar, impactando diretamente a dinâmica emocional, social e o
crescimento infantil. Apesar da depressão pós-parto materna ter sido
extensivamente pesquisada e especializada, a depressão pós-parto paterna, mesmo
sendo menos discutida, é uma realidade que precisa de igual atenção. A mudança
para a paternidade, assim como para a maternidade, implica em profundas
mudanças biopsicossociais que podem provocar elevados níveis de estresse e
vulnerabilidade à saúde mental, particularmente quando as expectativas culturais e
sociais acerca dos papéis de gênero colidem com as necessidades concretas da
maternidade.
Embora a depressão pós-parto materna esteja comumente associada a
mudanças hormonais, esgotamento físico e emocional, e pressões sociais para que
a mãe assuma um papel ideal de cuidadora, a depressão pós-parto masculina é
comumente provocada por elementos como a pressão financeira, o receio de não
cumprir as expectativas tradicionais de masculinidade. Contudo, tanto a depressão
materna quanto a paterna compartilham o impacto intenso na família e no
crescimento das crianças, prejudicando a formação de laços afetivos e a saúde
emocional.
A análise comparativa entre a depressão pós-parto materna e paterna
evidencia não apenas variações nas causas e sintomas, mas também na maneira
como a sociedade aborda essas condições. Embora a depressão pós-parto materna
já possua protocolos claramente estabelecidos para identificação e tratamento, a
depressão pós-parto paterna ainda não possui reconhecimento oficial em diversos
sistemas de saúde. Essa demora no reconhecimento pode ser creditada a
construções sociais que costumam ocultar a vulnerabilidade do homem e minimizar
o efeito emocional da paternidade.
Neste cenário, a enfermagem tem um papel crucial ao oferecer apoio
emocional e psicológico tanto para mães quanto para pais, contribuindo para a
detecção antecipada de indícios de depressão. Os profissionais de enfermagem
desempenham um papel crucial no acompanhamento pós-parto, sendo aptos a
fornecer orientação, encaminhamento para especialistas em saúde mental e apoio
57

prático na assistência ao bebê. A humanização no atendimento se torna ainda mais


vital ao tratar das necessidades emocionais dos pais e eliminar estigmas sociais.
Assim, para lidar com a depressão pós-parto, tanto na mãe quanto no pai, é
necessária uma estratégia integrada e diversificada, que englobe o reconhecimento
da condição nos homens, intervenções personalizadas e políticas públicas de
suporte à família. As famílias devem ser percebidas como um sistema no qual o
bem-estar de cada integrante está conectado. Ao abordar de maneira integral as
condições de saúde mental relacionadas ao puerpério, conseguimos não só
favorecer a recuperação, mas também reforçar os laços familiares. Ao ampliar o
conhecimento sobre a depressão pós-parto paterna e compará-la à materna,
estamos dando um passo fundamental para a formação de uma sociedade mais
empática e inclusiva, que preza pela saúde mental de todos os integrantes da
família.
A depressão pós-parto, que afeta tanto mães quanto pais, é uma condição
que não deve ser subestimada, devido à sua elevada incidência e aos impactos
significativos que tem no bem-estar familiar e no crescimento das crianças.
Historicamente, a depressão materna pós-parto foi mais aprofundada e detalhada,
em grande parte por causa do efeito evidente das alterações hormonais e físicas
associadas à maternidade. No entanto, a paternidade também traz mudanças
importantes, muitas delas psicológicas e sociais, que podem provocar ou intensificar
estados depressivos em homens. Esta comparação entre a depressão pós-parto
materna e paterna evidencia não só diferenças na etiologia e nos fatores de risco,
mas também uma semelhança significativa: ambas prejudicam a relação familiar,
impactam o crescimento emocional dos filhos e estabelecem obstáculos para o bem-
estar dos pais.
Frequentemente, a depressão pós-parto materna está associada ao
esgotamento físico e emocional provocado pelas exigências do recém-nascido,
pelas alterações hormonais repentinas e pelo isolamento social que muitas mães
experimentam. Esses sentimentos são intensificados pela pressão para cumprir o
papel ideal de mãe. Em contrapartida, a depressão pós-parto dos pais, apesar de
menos debatida, não é menos relevante. Durante a transição para a paternidade, os
homens também se deparam com desafios consideráveis, particularmente em meio
a normas culturais que impedem que eles recebam compensação financeira e
resiliência emocional, ao mesmo tempo em que se dedicam ao cuidado do bebê.
58

Esta harmonização entre expectativas sociais e obrigações práticas provoca uma


grande tensão, frequentemente levando a estresse, ansiedade e depressão.
A identificação tardia da depressão pós-parto paterna ilustra a maneira como
a sociedade, historicamente, ignora a fragilidade dos homens e não proporciona
apoio apropriado para enfrentar as transformações emocionais decorrentes da
paternidade. A sociedade impõe obrigações severas aos pais, restringindo seu
espaço para se expressar.
Para lidar com a depressão pós-parto, tanto na mãe quanto no pai, é
necessária uma estratégia integrada e diversificada, que englobe o reconhecimento
da condição nos homens, intervenções personalizadas e políticas públicas de
suporte à família. As famílias precisam ser percebidas como um sistema onde o
bem-estar de cada integrante está conectado. Portanto, ao abordar de maneira
integral as condições de saúde mental relacionadas ao puerpério, conseguimos não
só favorecer a recuperação, mas também reforçar os laços familiares. Ao ampliar o
conhecimento sobre a depressão pós-parto paterna e compará-la à materna,
estamos dando um passo fundamental para a formação de uma sociedade mais
empática e inclusiva, que preza pela saúde mental de todos os integrantes da
família.
Portanto, é crucial que as entidades de saúde, incluindo os serviços de
enfermagem, se empenhem em criar programas que favoreçam a saúde emocional
de ambos os progenitores. Isso pode envolver a criação de grupos de suporte para
mães e pais, workshops sobre parentalidade positiva e campanhas de sensibilização
acerca da saúde mental na paternidade. É essencial a cooperação entre
profissionais de saúde, instituições de ensino e comunidades para estabelecer um
ambiente de apoio sólido. Unindo esforços, podemos contribuir para diminuir o
estigma ligado à depressão pós-parto masculina, possibilitando que os homens se
sintam mais à vontade para procurar auxílio e suporte. Dessa forma, estamos não só
zelando pelo bem-estar presente, mas também edificando um futuro mais saudável
e resiliente para as gerações futuras, onde a saúde mental é considerada e
apreciada por todos.
Por fim, acredita-se que os objetivos propostos foram alcançados. Como
afirmou James A. Duke, “o conhecimento é o primeiro passo para a prevenção,”
compreender e controlar os fatores que afetam a saúde é essencial para proteger e
promover o bem-estar humano.
59

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