2024.07.23 - Contestação - RT - Vier

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EXMO. SR. DR.

JUIZ DE DIREITO DA 3ª VARA DO TRABALHO DE


TAGUATINGA/DF

Processo nº 0000728-82.2024.10.0103*

VIER CONSTRUÇÕES E INCORPORAÇÕES


LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob n.
13.096.402/0001-83 com sede na QE 30, Conjunto N, Casa 02 Guará II,
Brasília/DF – Cep nº 71.065-140, nos autos da RECLAMAÇÃO
TRABALHISTA, ajuizada por CONRADO MARQUES DO NASCIMENTO,
vem, por seus advogados, respeitosamente, à presença de V. Exa., com
fundamento no art. 847 da Consolidação das Leis do Trabalho, apresentar
sua CONTESTAÇÃO, de acordo com as razões de fato e de direito a seguir
deduzidas:

I. INTIMAÇÕES/NOTIFICAÇÕES/PUBLICAÇÕES

Inicialmente, a Reclamada requer que todas as


PUBLICAÇÕES E INTIMAÇÕES sejam realizadas via Diário Eletrônico da
Justiça do Trabalho e direcionadas, em nome de FRANCISCO ANTONIO
SALMERON JUNIOR, inscrito na OAB/DF sob o nº 33.896, com
escritório no SRTVS 701, Bl O, Ed. Multiempresarial, Salas 520/521, Asa Sul,
Brasília/DF – Cep nº 70.340-000, sob pena de NULIDADE, nos termos da
Súmula 427 do C. TST e do art. 39, do Código de Processo Civil, e artigo 18,
§2º, da Resolução nº 128 de 30 de agosto de 2013 do CONSELHO SUPERIOR
DA JUSTIÇA DO TRABALHO.

II. PETIÇÃO INICIAL

Em 17/06/2024, o Reclamante ajuizou a presente


ação, sob a narrativa de que teria sido admitido pela Reclamada VIER, em
15/09/2023, tendo sido demitido em 23/03/2024. Diz que exerceu
atividade de pintor sem registro de CTPS. Alega que não recebeu
corretamente as verbas rescisórias. Diz que sempre prestou serviços em
favor da Reclamada e realizava jornada das 7h às 19h de segunda a
domingo.

*
*As publicações devem ser feitas, obrigatoriamente, em nome de Francisco A. Salmeron Jr.
inscrito na OAB/DF sob o n. 33.896.
Pedidos. Requer em síntese: (i) benefícios da
justiça gratuita; (ii) fixação de remuneração em R$ 3.000,00; (iii) dano
existencial – ausência de folga aos domingos; (iv) vale transporte; (v)
gratificação natalina; (vi) adicional de insalubridade, além de adicional de
horas extras, (vii) dano moral; e 13º salário proporcional, aviso prévio
indenizado e reflexos; multas dos art. 477 e 467 da CLT; FGTS + multa 40%
e honorários advocatícios, declaração da rescisão indireta. Tudo acrescido
de juros e correções. Requer ainda benefícios da justiça gratuita.

Arbitrou à causa o valor de R$ 94.799,31


(noventa e quatro mil, setecentos e noventa e nove reais e trinta e
um centavos), pugnando ao final pela instauração de execução.

III. DA APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA ADSTRIÇÃO – LIMITAÇÃO


DOS VALORES DEFERIDOS AO PEDIDO NA INICIAL

Pelo princípio da adstrição, o Juízo deve decidir a


lide nos estritos termos da inicial, sob pena de configuração de julgamento
citra, extra ou ultra petita, por violação aos artigos 141 e 492 do CPC. O
artigo 840, § 1º, da CLT, por sua vez, é claro quanto a determinação de que
o pedido deve ser certo, determinado e com a indicação do seu valor.

A sentença não poderá condenar a Reclamada ao


pagamento de verbas superiores ao pedido na exordial. Este é
entendimento jurisprudencial:

“LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO. VALORES INDICADOS NA PETIÇÃO


INICIAL. O Tribunal Regional indeferiu o pedido da reclamada de
limitação do valor da condenação aos valores indicados na petição
inicial, sob o fundamento de que traduzem apenas uma estimativa para
fins de estabelecimento de valor de alçada do processo, tendo em vista
tratar-se de demanda sujeita ao rito ordinário. A causa apresenta
transcendência política, nos termos do art. 896-A, §1º, II, da CLT, uma
vez que é entendimento desta c. Corte que apresentado pedido
líquido e certo, fixando valores determinados a cada um dos
pedidos, a condenação em quantidade superior ao pleiteado
caracteriza julgamento extra petita. Demonstrado pelo
recorrente, por meio de cotejo analítico, que o eg. TRT incorreu
em ofensa ao art . 492 do CPC . Recurso de revista de que se
conhece e a que se dá provimento" (ARR-10567-02.2016.5.03.0138, 6ª
Turma, Relatora Desembargadora Convocada Cilene Ferreira Amaro
Santos, DEJT 28/06/2019). ”

Consectário lógico, eventual condenação deverá


ser limitada aos valores indicados na inicial, sob pena de ofensa ao princípio
da adstrição e nulidade por julgamento extra, citra ou ultra petita

IV. JUSTIÇA GRATUITA

Nos termos do artigo 337, inciso XIII, do Novo


Código de Processo Civil, a Reclamada impugna o pedido de justiça gratuita.

Requer-se digne a juntada dos últimos 6 (seis)


meses de extratos bancários da conta pessoal do Reclamante, na medida
que, conforme se explicará abaixo, o mesmo é TOMADOR DE SERVIÇO
possuindo, por via de consequência, subordinados a quem repassava
valores percebidos por razão das empreitadas contratadas.

Mas não é só.

O Reclamante, era prestador de serviços de


TERCEIRO, QUEM SEJA, GABRIELA MIRANDA DOS SANTOS MEI – CNPJ Nº
46.782.122/0001-88-(DOC.01) a qual, por sua vez, era contratada de
empreitadas junto a Reclamada.

A MEI Gabriela Miranda, é representada pelo


marido de sua única sócia, Sr. Britson dos Santos Soares, sendo este quem
contratou as empreitas do Reclamante.

Para que se tenha uma ideia, no período em que o


Reclamante prestou serviço ao terceiro – 13/10/2023 a 28/02/2024, o
Reclamado PERCEBEU VALORES REPASSADOS PELO SR. BRITSON NO MONTANTE
DE R$ 32.167,00 (TRINTA E DOIS MIL CENTO E SESSENTA E SETE REAIS)
(DOC.02).

Desta forma, impossível afirmar-se que o


Reclamante seja hipossuficiente.

Outrossim, a contratação de advogado não se


coaduna com a assertiva de que é incapaz de custear as despesas
decorrentes da prestação jurisdicional ora buscada, sendo forçoso concluir
que o Reclamante certamente pagará honorários advocatícios ao seu i.
patrono.

Logo, deve ser indeferida a concessão do benefício


em comento.

V. ILEGITIMIDADE DE PASSIVA

Diante da completa ausência de requisitos na


qualidade de empregadora do Reclamante, essa Reclamada É PARTE
ILEGÍTIMA PARA COMPOR O POLO PASSIVO. Conforme leitura da exordial, não
há qualquer justificativa plausível que explique a inclusão da Contestante
neste feito.

Veja V.Exa, que o Reclamante falha


miseravelmente ao tentar estabelecer qualquer conexão com a Reclamada.
Não há nos autos qualquer prova e/ou indício de contato direto do
Reclamante com a Reclamada. Nesta senda, não há qualquer comprovação
de eventuais pagamentos realizados em favor do Reclamante.

Ao contrário, todos os comprovantes ora anexados


(doc.02) demonstram sem sobra de dúvida que o Reclamante percebia
remuneração de outro tomador de serviço, qual seja, GABRIELA MIRANDA
DOS SANTOS MEI – CNPJ Nº 46.782.122/0001-88, NA PESSOA DE SEU
ESPOSO, Sr. Britson dos Santos Soares.
Para arremate, a Reclamada apresenta vasto
histórico de mensagens trocadas entre o Sr. Britson e o Reclamante
(doc.03),

Não é demais recordar que empregador é aquele


que (i) admite, (ii) assalaria e (iii) dirige o pessoal, mantendo-se, sempre,
única e exclusivamente, sobre a sua inteira responsabilidade, situação que
inexistiu entre o Reclamante e Reclamada.

Não há pertinência subjetiva da ação, já que não


houve relação de direito material entre a Contestante e o Reclamante, e
entre a Contestante.

Logo, deve ser reconhecida a ilegitimidade da


Contestante para figurar no polo passivo da ação, pelo que se requer a sua
exclusão da lide, nos moldes do artigo 485, inciso VI, do CPC.

VI. MÉRITO

Se superadas as preliminares acima destacadas, o


que não se espera, ainda assim, no mérito, não assiste razão ao
Reclamante. Vejamos:

VII. DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS

AUSÊNCIA DE VÍNCULO EMPREGATÍCIO – A REALIDADE DOS FATOS –


PROFISSIONAL AUTÔNOMO – HIPERSUFICIENTE

Da atividade. A Reclamada é empresa dedicada


a construção civil.

I. Ausência de vínculo de emprego. Não há


que se falar em reconhecimento de vínculo com a Reclamada, pois não
preenchidos os requisitos essenciais do vínculo emprego, nos moldes do
artigo 3º da CLT.

Os requisitos da relação de emprego devem estar


concomitantemente presentes para a caracterização do contrato de
trabalho, quais sejam: habitualidade, subordinação jurídica, onerosidade e
pessoalidade. O RECLAMANTE não preenche nenhum dos requisitos
legais acima assinalados, pelo que padece de qualquer direito na seara
trabalhista em face do pretenso vínculo laboral. Corrobora a jurisprudência:
“VÍNCULO DE EMPREGO. REQUISITOS CUMULATIVOS. Para a
caracterização do vínculo de emprego, é necessário o
preenchimento de requisitos cumulativos, a saber: ser pessoa
física que exerce atividades com pessoalidade, subordinação, não
eventualidade e onerosidade. Dessa forma, não há como se
deferir o vínculo de emprego caso ocorra a ausência de um dos
requisitos citados acima”.
(TRT-1 - RO: 00106455920155010017, Relator: JOSÉ LUIS
CAMPOS XAVIER, Data de Julgamento: 15/02/2017, Sétima Turma,
Data de Publicação: 29/03/2017).
“RELAÇÃO DE EMPREGO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS. NÃO
RECONHECIMENTO DO VÍNCULO EMPREGATÍCIO. Ausentes os
pressupostos jurídicos da relação de emprego contidos nos
artigos 2º e 3º da CLT, quais sejam, pessoalidade, habitualidade,
onerosidade e subordinação, há ser mantida a sentença que não
reconheceu o vínculo empregatício postulado”.
(TRT-17 - RO: 00007848620165170011, Relator: JAILSON PEREIRA
DA SILVA, Data de Julgamento: 10/07/2017, Data de Publicação:
28/07/2017).

Ou seja: o reconhecimento do vínculo de emprego


está ligado diretamente à presença dos elementos pessoalidade,
subordinação, onerosidade e não eventualidade na prestação de serviços. A
ausência de qualquer um dos requisitos afasta a possibilidade de existência
de tal sorte de relação.

Em pesquisas próprias, a Reclamada localizou que


o próprio Reclamante afirma exercer o labor de pintor de forma informal,
senão vejamos o relatório técnico de Inquérito Policial que levou o
Reclamado a ser preso, (Proc nº 0704894-46.2023.8.07.0019) senão
vejamos:
Outrossim, o Reclamante possui MEI, o que pode
ser verificado pelo comprovante abaixo:

De mais a mais, a Reclamada nega


veementemente o vínculo empregatício pleiteado, tendo em vista que, o
Reclamante nunca fora admitido, nem tampouco demitido, bem como,
impugna desde já, todos os pleitos pretendidos na inicial, em razão do
Reclamante nunca ter sido seu empregado, e ainda, não se enquadrar na
hipótese do art. 3º da CLT. A relação não lhe trouxe prejuízos, muito menos
vantagens às Reclamadas a justificar a forma de contratação em detrimento
ao reconhecimento de vínculo. Ao contrário! Confira-se:

A AUSÊNCIA DE REMUNERAÇÃO // PAGAMENTO DIRETO AO RECLAMANTE //


ONEROSIDADE.

II. Como já dito alhures, o Reclamante não


apresenta prova ou indício de recebimento de qualquer valor oriundo da
Reclamada, tendo assim, perdido a oportunidade de fazê-lo.
A Contrário sensu, são anexados todos os
comprovantes de pagamento realizados em favor do Reclamante, os quais,
invariavelmente têm origem da conta do prestador de serviços Sr. Britson
dos Santos Soares.

Isso se deve ao fato de que nunca houve qualquer


pagamento oriundo da Reclamada direito ao Reclamante, caindo por terra a
existência de vínculo trabalhista.

Outrossim, o próprio Reclamante solicitava ao Sr.


Britson o adiantamento de valores ainda não executados, tudo para poder
honrar compromissos que o Reclamante assumiu perante os prestadores de
serviço que este subcontratava. In verbis:

Portanto, de forma irrefutável, resta afastada a


alegação de que o Reclamante percebia qualquer tipo de remuneração
realizada pela Reclamada.

AUSÊNCIA DE CONTROLE DE JORNADA.


Na esteia da argumentação supra, também se
verifica ausente eventual controle de jornada do Reclamante.

III. Isso porque, o Reclamante jamais teve suas


empreitadas controladas/geridas pela Reclamada. A bem da verdade, da
análise das mensagens trocadas entre o Reclamante e seu tomador de
serviços – Sr. Britson – apura-se que o Reclamante, na verdade
subcontratava as empreitadas que lhe eram passadas.

Em diversas oportunidades, é possível observar


que o Reclamante mencionava a contratação de outros prestadores de
serviço para desenvolver os serviços que eram passados pelo Sr. Britson.

Em algumas oportunidades, inclusive, o Sr.


Britson, questiona a qualidade do serviço desempenhado pelos
subcontratados do Reclamante.

Em outras, o Reclamante sustentava que estaria


executando outras obras – sem qualquer vinculação com o Sr. Britson e/ou
com a Reclamada – e que, tão logo fosse possível, iria empenhar equipe
para realizar o que teria sido contratado com o Sr. Britson.

Vejamos transcrições de áudio do Sr. Britson em


relação a obra onde o Reclamado iniciou serviço na QL 2, vejamos:

Ou seja, o Reclamante nunca teve controle de


jornada, pelo simples fato que este definia a seu livre critério com quem
contrataria, e onde executaria serviços seja pelo seu labor e/ou pelo labor
de seus subcontratado.

Assim, resta impugnada o suposto controle de


jornada realizado pela Reclamada.

AUSÊNCIA DE SUBORDINAÇÃO.

IV. Repisa-se que o Reclamante nunca prestou


serviços diretos a Reclamada. Desta forma, não há qualquer comprovação
de subordinação entre as partes.

O Reclamante teve empreitada contratada pelo Sr.


Britson e as mensagens trocadas entre eles demonstram claramente o
modelo de subcontratação.

Vejamos a transcrição:

“Conrado você toma a decisão cabível que você achar melhor. Beleza? Na
QL 2 eu te notifique 3 semanas consecutivas vc falava: não, estou ocupado,
vamos ver se agente marca no final de semana e não ia. No outro estou
ocupado. Eu simplesmente coloquei outra pessoa para resolver. Por que eu
preciso entregar a obra, eu tenho um compromisso com meu cliente eu não
posso ficar esperando a boa vontade a disponibilidade do Conrado para
poder resolver, blz? No JK vc sabe o tanto de prejuízo que vc me deu com
material. Eu tive que comprar 3 vezes tinta pra mais por erro de pintor seu,
por serviço mal feito, massa mal feita (....) serviço mal feito por pintor seu!”
Assim temos a Ausência de subordinação, pois
o Reclamante jamais atuou na forma dos arts. 2º e 3º da CLT, sendo que
sempre atuou na qualidade de prestador de serviços subcontratado pelo Sr.
Britson. Nunca houve a alegada subordinação, nem do ponto de vista de
horários de trabalho nem tampouco supervisão técnica dos serviços
realizados.

A Reclamada não exercia poder disciplinar. O


Reclamante livremente recebia serviços dos Sr. Britson e outros, realizado
os serviços de forma direta e/ou através de novas subcontratações nos
horários e dias que bem entendia.

Os elementos dos autos demonstram que não


haver qualquer relação entre o Reclamante e Reclamada, quiçá
subordinação, sendo assim insuficiente se caracterizar a subordinação típica
da relação de emprego.

Resta, portanto, impugnada a alegação


de subordinação do Reclamante.

AUSÊNCIA DE PESSOALIDADE.

V. Tal como demonstrado alhures, o Reclamante


prestava serviços por intermédio de terceiras pessoas, tendo inclusive
subcontratado mão de obra para a realização das empreitas.

As mensagens ora juntadas, demonstram,


inclusive, reclamações do Sr. Britson acerca da qualidade dos serviços
prestados pelas pessoas subcontratadas pelo Reclamante. Vejamos
transcrição de áudio.

“ O bicho, você não me responde pô. Demora para ver a mensagem.


Amanhã vou dar um orçamento ali.”

O Reclamante, por sua vez, compromete-se a


consertar as imperfeições dos serviços falhos, o que já afasta de plano
qualquer alegação de pessoalidade entre a Reclamada e o Reclamante.

Resta, portanto, impugnada a alegação de


pessoalidade do Reclamante.

AUSÊNCIA DE HABITUALIDADE.

A eventualidade se extrai da própria necessidade


dos serviços prestados, em atividade da Reclamada, mas que não é
característica determinante de vínculo de emprego.

O próprio Reclamante em suas mensagens


destaca que por vezes se ausentava da prestação de serviços contratada
junto ao Sr. Britson, para executar serviços outros que havia contratado
com outras pessoas/empresas. Tal fato, muitas vezes, ocorria ao arrepio do
que havia sido combinado entre o Sr. Britson e o Reclamante. Vejamos:
“O Conrado, primeiro que estou ocupado estou resolvendo a questão do
Brasília como te falei. Tenho que resolver essa questão da tinta e do muro
lá. Eu preciso ir na obra ver como está, se está tudo pronto finalizado para
resolver com vocês. Entendeu? E outra coisa, segundo que eu preciso que
você resolva a questão da QL 2 como você vai querer fazer. O serviço está
lá para fazer, já foi pago você já recebeu aí você só cobrando, cobrando,
cobrando e nada de tocar no assunto de ir lá resolver o que você tem que
resolver, entendeu? Então assim, o combinado nosso era você voltar para
poder resolver as coisas, eu te paguei, você me falou que era para eu te
pagar antecipado que você iria voltar para poder resolver e até agora você
não deu nenhuma posição.”

https://drive.google.com/drive/folders/
1stq9KkR4BFt2iDMV_EBw8AK9RomU3_As

Ao contrário do alegado, as mensagens ora


juntadas comprovam a não existência de vínculo de emprego e controle de
horário. Isso só demonstra que a profissional de fato atuava como
subcontratado de um terceiro.... Eis massiva jurisprudência:

"AGRAVO EM RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELO RECLAMANTE.


ACÓRDÃO REGIONAL PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014,
MAS ANTES DA LEI Nº 13.467/2017. PEJOTIZAÇÃO. PRESTAÇÃO DE
SERVIÇOS MÉDICOS. AUSÊNCIA DE RELAÇÃO DE EMPREGO. APLICAÇÃO
DA TESE VINCULANTE FIXADA PELO STF NO TEMA 725 DE REPERCUSSÃO
GERAL. TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA RECONHECIDA. I. Foi dado
provimento ao recurso de revista da reclamada para afastar o
reconhecimento do vínculo de emprego com o reclamante, uma vez que
" as premissas fáticas indicadas no acórdão recorrido a fim de
caracterizar a relação empregatícia entre as partes não revelam haver
subordinação jurídica plena ", tendo o acórdão regional decidido na
contramão da tese de observância obrigatória fixada pelo STF. II. O
Supremo Tribunal Federal fixou a tese jurídica, consolidada em
30/08/2018, com o julgamento do RE nº 958.252, no Tema 725 da
Tabela de Repercussão Geral do STF, de que: " é lícita a terceirização ou
qualquer outra forma de divisão do trabalho entre pessoas jurídicas
distintas, independentemente do objeto social das empresas envolvidas,
mantida a responsabilidade subsidiária da empresa contratante ". III.
Decisão agravada mantida, com acréscimo de fundamentação. IV.
Agravo de que se conhece e a que se nega provimento " (Ag-RR-722-
03.2010.5.02.0002, 4ª Turma, Relator Ministro Alexandre Luiz Ramos,
DEJT 10/05/2024).

TERCEIRIZAÇÃO. ATIVIDADE MEIO OU FIM. TESE JURÍDICA


FIRMADA PELO STF NO RE N° 958.252 E NA ADPF N° 324.
EXISTÊNCIA DE DECISÃO PRECEDENTE - VIABILIDADE DO
QUESTIONAMENTO VIA RECURSO ORDINÁRIO - ARTIGOS 836 DA
CLT E 505 DO CPC. A partir de 30/8/2018, é de observância
obrigatória, aos processos judiciais em curso ou pendentes de
julgamento, a tese jurídica firmada pelo e. STF no RE n.º 958.252 e na
ADPF n.º 324. Assim, não há mais espaço para o reconhecimento do
vínculo empregatício com o tomador de serviços sob o fundamento de
que houve terceirização ilícita (ou seja, terceirização de atividade
essencial, fim ou finalística), ou, ainda, para a aplicação dos direitos
previstos em legislação específica ou em normas coletivas da categoria
profissional dos empregados da empresa contratante. (RO 0011609-
17.2015.5.03.0043 - 19/06/2019 – 5ª T – Rel. Julio Bernardo do Carmo

VI. Posto isso, imperativo se torna rejeitar o


pedido de reconhecimento do vínculo empregatício entre as partes. Tendo
em vista a ausência de contrato de trabalho entre as partes e como os
demais pedidos são decorrentes do vínculo empregatício, apresentando-
se como pedidos acessórios, devem ser igualmente julgados
improcedentes.

Ônus da prova. Pretende o reconhecimento do


vínculo de emprego e anotação da CTPS, com pagamento de verbas
decorrentes. Não tem razão. Em relação ao ônus probatório, o art. 818 da
CLT assim determina que a prova das alegações incumbe à parte que as
fizer. Essa orientação deve ser complementada pela regra inserta no art.
373 do CPC, que dispõe ser da autora o ônus de provar o fato constitutivo
do direito alegado em juízo (inciso I), e do réu o encargo de provar os fatos
impeditivos, extintivos ou modificativos do direito da autora, quando
suscitados na defesa (inciso II).

Conclusão. Por mais esse motivo, é de concluir, à


luz dos fundamentos acima destacados, que não houve relação de emprego,
porquanto ausente, in casu, os requisitos dos arts. 2º e 3º da CLT.

Aqui também deve ser ressaltado que o fato do


Reclamante prestar serviços em atividade fim não caracteriza qualquer
nulidade ou tentativa de fraudar direitos trabalhistas, com o consequente
reconhecimento de vínculo entre as partes.

VIII. CONTRATO DE TRABALHO

A Contestante não teve acesso às informações do


contrato de trabalho objeto da presente ação. Logo, a Contestante IMPUGNA
as alegações e valores fornecidos pelo Reclamante, visto que desprovidos
de qualquer tipo de prova, e do cargo e descrição de funções. Impugna a
alegação de prestação de serviços em seu favor, haja vista a ausência
de produção de qualquer prova.

Portanto, mais uma vez o Reclamante não cumpriu


o seu ônus probatório, nos termos dos artigos 373, I do CPC e 818, I da CLT,
pelo que a ação deve ser julgada improcedente em face da 3ª Reclamada

IX. ACÚMULO DE FUNÇÃO

Denotasse que o Reclamante exerce labor na


condição de pintor. Assim, inexistira em tese eventual acúmulo de função,
uma vez que a simples fato de realizar de reparos de gesso/massa corrida
em teto, não elenca ele na qualidade de pedreiro, sendo tais funções
inerentes a sua função de pintor.

VII. Por esta razão, aliada ao quanto já


demonstrado, impugna-se ao pleito inicial, posto que ausentes os requisitos
que justificariam o pedido de acúmulo de função.
X. REMUNERAÇÃO

Tal como explicitado, nunca houve qualquer tipo


de repasse de valores ao Reclamante, e/ou pagamento de verba salarial.
Desta forma, impossível auferir qual seria a suposta remuneração do
obreiro.

Entretanto, desde já se impugna a pretensão


inicial, uma vez que da análise da convenção de coletiva de trabalho,
juntada pelo próprio Reclamante, o salário base da categoria é de R$
2.200,00 (dois mil e duzentos reais). Sendo este o salário base da categoria.

XI. DA JORNADA DE TRABALHO

A Reclamada não impôs qualquer jornada ao


Reclamado, muito menos controlou ou impediu seu intervalo ou descanso
semanal. Ademais, as alegações sustentadas pela parte adversa são
inverossímeis.

O Reclamante quer fazer crer que trabalha de


forma ininterrupta, e não condizente com os locais onde a Reclamada
prestou serviço.

Esclarece-se:

A Reclamada presta serviços em Shopping Centers


e outros estabelecimentos Comerciais.

Assim não tarda muito para realizar que nesses


locais, o labor de prestadores de serviço tem que ocorrer de forma que não
influencie na atividade ordinária. Somente por tal razão seria impossível que
o Reclamante desenvolvesse a inverossímil jornada de trabalho que
sustenta.

Para ilustrar, pergunta-se, qual é o dia de maior


movimento em Shopping Centers? Domingo e feriados, obviamente.

VIII. Ou seja, em Shopping Center só se trabalha


a noite ou quando não há funcionamento e abertura aos clientes.

Desta forma, por óbvio, impugna-se a alegação de


inexistência de Folga aos Domingos, simplesmente porque a Reclamada
jamais prestou serviços aos domingos e feriados, e assim, não pode o
Reclamante, a relia da lógica, ter prestado serviços aos domingos.

Portanto, se a Reclamada for condenada ao


pagamento de horas extras pela redução parcial do intervalo intrajornada, é
de rigor reconhecer que não poderá reflexionar em outras verbas, dada sua
natureza indenizatória, e limitar-se ao tempo não usufruído do intervalo de
uma hora.

Resta, portanto, impugnada as alegações de (i)


horas extras; (ii) inexistência de folgas aos domingos; (iii) feriados
laborados; (iv) vale transporte; (v) vale alimentação; e (vi) gratificação
natalina.

“Ad argumentandum”, pelo princípio da


eventualidade, caso seja deferida alguma hora extra em favor do
Reclamante, deverá ser:

(i) observada a jornada de trabalho, sob pena de seu


enriquecimento ilícito, além de serem compensados os dias em
que a reclamante faltou (justificados ou não), usufruiu as férias ou
estava em benefício previdenciário;
(ii) em face da ausência do caráter de habitualidade de prestação
extraordinária, que não haja reflexos em DSRs e Feriados, férias
com adicional de 1/3, trezenos, e FGTS + 40%;
(iii) sejam deduzidos de eventual condenação os valores pagos
sob a mesma natureza;
(iv) aplicado o adicional único de 50% para todas as extras, salvo
no caso em trabalho em domingos e/ou feriados, que é de forma
dobrada;
(v) observada a evolução salarial obreira;
(vi) o divisor de 220 horas, para apuração do salário-hora, se a
reclamante for mensalista, devendo ser afastada a indicação de
divisor 180 horas;
(vii) seja observada a Convenção Coletiva de Trabalho desta
Reclamada
(viii) seja observado os dias e jornada que a reclamante
comprovar que prestou serviços em favor dessa Reclamada (dias
alternados).

Outrossim, indevidas horas extras, pois não


prospera a pretensão quanto aos reflexos. Por cautela, salienta-se que é
incabível o pleito de reflexos das horas extras acrescidas dos descansos
semanais remunerados e feriados sobre as férias com terço constitucional,
décimos-terceiros salários, aviso prévio, fundo de garantia do tempo de
serviço e verbas rescisórias por caracterizar dupla incidência.

XII. DO ADICIONAL DE INSALUBRIDADE

Sustenta o Reclamante que no exercício de suas


funções laborava em ambiente insalubre.

Aponta-se que os materiais que o Reclamante


afirmou fazer uso, são inerentes a prestação de serviços de pintor, não
havendo que se falar em eventual insalubridade. De qualquer forma, tal
ponto somente poderá ser dirimido através de perícia.

Apenas pelo princípio da eventualidade, requer-se


eventual condenação ao pagamento do adicional de insalubridade observe:
(i) os dias laborados, de modo a se excluir as faltas ao trabalho, férias e
outros afastamentos e o período em que restar comprovada a condição; (ii)
o percentual legal sobre o salário mínimo; (iii) pagamento proporcional ao
tempo despendido no cumprimento efetivo das atividades casualmente
tidas como insalubres (Lei n.º. 7.369/85, artigo 2º. cc. Dec. n.º 93.412/86);
(iv) dedução das parcelas pagas sob os mesmos títulos; (v) divisor 220; (vi)
aplicação da OJ 103 da SDI-1 do C. TST, sendo incabíveis reflexos do
adicional de insalubridade em DSR.

Isso posto, tem-se que deve ser julgado


improcedente o pleito e seus reflexos nas demais verbas, conforme artigo
92 do CC. Caso seja realizada perícia nas obras encampadas pela
Reclamada, requer a observância do artigo 790-B, da CLT, além da Súmula
nº 341, do TST.

Por eventualidade, ressalte-se que eventuais


honorários periciais devem ser arbitrados exclusivamente ao Reclamante,
uma vez que foi quem deu causa à realização de perícia, e a quem cabe o
ônus de comprovar o direito pleiteado (artigos 333, I, CPC e 818, CLT).

XIII. RESCISÃO INDIRETA

Sem prejuízos do exposto, não tendo a Reclamada


contratado o Reclamante, nem tendo participado da ruptura contratual, é
importante verificar que a causa de pedir é absolutamente inepta.

Ressalte-se que o ônus da prova cabe a quem


alega, conforme dispõe o artigo 818 da CLT e o artigo 373, I, do Código de
Processo Civil (CPC). Assim, suas alegações são desprovidas de qualquer
fundamento probatório. Improcedente o pedido, que deve ser entendido
como pedido de demissão ou rescisão antecipada do contrato.

XIV. DA MULTA DO ART. 467 E 477 DA CLT

Como já abordado em outros tópicos, também é


impossível a aplicação das multas previstas nos artigos 467 e 477
Consolidados, uma vez que o Reclamante nunca foi empregado da
Contestante e mesmo porque, “ad argumentandum”, a não existe
responsabilidade desta Reclamada.

Assim, caso não seja este vosso entendimento a


Reclamada esclarece que os artigos em comento tratam de multas, nas
hipóteses:

 de não serem quitados os títulos resilitórios no prazo legal, ora


previsto no § 6º, do artigo 477 Consolidado - a multa aqui é
equivalente a um salário do empregado;
 em caso de rescisão contratual, existindo controvérsia sobre o
montante das verbas rescisórias, o empregador é obrigado a pagar ao
trabalhador, à data do comparecimento na Justiça do Trabalho, a
parte incontroversa destas verbas, sob pena de pagá-las acrescidas
de 50%.

Desta forma, por se tratar de relação


controvertida, são indevidas as multas dos artigos 467 e 477 da CLT.

E mesmo que assim não fosse, a Contestante não


poderá arcar com referidas multas, nem de forma subsidiária, pois o
Reclamante não foi sua empregada, como já mencionado
XV. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

Apesar de não haver causa de pedir e pedido, em


caso de procedência do pedido, se devido for, deverão os honorários ser
fixados no percentual de 5% (cinco por cento) sobre o valor líquido da
condenação, pois o patrono do Reclamante não demonstra grau de zelo
profissional adequado, nos termos do artigo 791-A, caput e §2º, I, da CLT,
com redação inclusa por força da Lei nº 13.467/17.

Ainda, por cautela e amor ao argumento, se a


presente ação for julgada improcedente em relação à 2ª Reclamada, o
Reclamante deverá ressarcir a Peticionária de todas as despesas gastas
com infundada ação, o que incluiu honorários advocatícios, com juros e
correção monetária.

XVI. DESCONTOS DE INSS E IR

Deverá constar na r. sentença, no caso de


eventual condenação, sejam procedidos os descontos previdenciários e
fiscais, de responsabilidade obreira.

Invoca, para isso, a Súmula 368 e o Provimento


1/96, ambos do C. TST.

XVII. CORREÇÃO MONETÁRIA – VERBAS TRABALHISTAS

Os índices de correção monetária a serem


observados são os dos meses subsequentes, na forma do artigo 459, da CLT
e as Súmulas 200 e 381, do C. TST.

Não obstante tal consideração, a legislação em


vigor determina que seja atualizado o crédito trabalhista “entre a data do
vencimento da obrigação e seu efetivo pagamento” (artigo 39 da Lei nº
8.177/91), mesmo princípio fixado no direito civil (“... a contar do respectivo
vencimento...”, conforme disposto na Lei nº 6.899/81).

Logo, os índices legais de atualização são os


vigentes na data do vencimento da obrigação, com observância da Súmula
acima ventilada, sobre as parcelas vencidas mês a mês.

Por fim, o índice a ser utilizado é a TR, conforme


disposição do § 7º do artigo 879 da CLT, alterado pela Lei 13.467/2017.

XVIII. INCIDÊNCIA DE IMPOSTO DE RENDA SOBRE OS JUROS DE


MORA

Tendo vista palpitante discussão sobre o tema, a


Reclamada requer a expressa manifestação deste r. Juízo no tocante ao
questionamento em tela, ou seja, se haverá incidência de imposto de renda
sobre os juros de mora.
Tal fato encontra relevância para a 2ª Reclamada,
posto que, se for condenada, terá que efetuar a retenção do tributo, e
repassar o Reclamante o valor líquido a elas devido.

XIX. DA AUTENTICIDADE DOS DOCUMENTOS DA DEFESA

Em conformidade com o art. 830 da CLT


modificado pela Lei nº 11.925/2009, e com o art. 425, inciso IV, do CPC, o
patrono da Reclamada atesta a autenticidade de todos os documentos
juntados com a presente defesa, inclusive dos atos constitutivos e
procuração pública apresentados em audiência.

XX. REQUERIMENTOS FINAIS

Isso posto, a presente ação deverá ser extinta pela


inexistência de vínculo de trabalho entre as partes.

E, caso superado os requerimentos anteriores, seja


julgada a presente ação totalmente improcedente, condenando o
Reclamante nas cominações de estilo, inclusive honorários de sucumbência.

E, ad cautelam, na hipótese de ser julgada


procedente a ação, requer:

a) que todos os valores sejam apurados em regular liquidação de


sentença, com observância mês a mês dos valores percebidos
efetivamente pelo Reclamante, conforme os documentos
acostados nos autos;
b) a restrição aos pedidos e valores da preambular - na fase de
liquidação a execução não poderá ultrapassar o, valor atribuído à
causa;
c) evitar qualquer tipo de duplicidade de pagamento.

Protesta por todos os meios de prova em direito


admitidos, especialmente a juntada de novos documentos, depoimento
pessoal do Reclamante, sob pena de confissão, perícias, assistência técnica,
formulação de quesitos, oitiva de testemunhas etc.

Brasília, 23 de julho de 2024.

FRANCISCO A. SALMERON JR.


OAB/DF - 33.896

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